desafios à humanidade perguntas para a rio+20€¦ · o casamento iluminista entre progresso,...
TRANSCRIPT
Desafios à humanidadePerguntas para a Rio+20
Cristovam Buarque
Brasília - Setembro,2011
1
Desafios à humanidade Perguntas para a Rio+20
Cristovam Buarque
2
“Os homens de minha geração demonstraram que está ao
alcance do engenho humano conduzir a humanidade ao suicídio.
Espero que a nova geração comprove que também está ao
alcance do homem abrir caminho de acesso a um mundo em que
prevaleçam a compaixão, a felicidade, a beleza e a
solidariedade” (Celso Furtado)
3
Índice...
I - Recursos
1.1 Água, como conservá-la 1.2 Energia, para que e como produzir
II - Economia
2.1 Economia Natural: como dominá-la
2.2 Crescimento Econômico: até onde 2.3 Economia Consciente: como conseguir 2.4 Economia Verde: que limites tem 2.5 Desenvolvimento Sustentável: o que é e como 2.6 Decrescimento: por que e como construir 2.7 Economia Solidária: como fazer 2.8 Bancos: Como utilizá-los 2.9 Moeda: como reduzir a monetarização civilização 2.10 Dívida: como usá-las
2.11 Crescimento Destrutivo: como barra-lo
III - Padrões 3.1 Novos Indicadores para a qualidade de vida: como definir e disseminar 3.2 Padrões de Consumo: como modificar 3.3 Padrões de Produção e Distribuição: como conseguir uma eficiência inteligente e justa
IV – Saber
4.1 Ciência e Tecnologia: como subordina-las a valores éticos 4.2 Conhecimento: quando saberemos 4.3 Robotização: como beneficiar-se
4
V – Terra
5.1 Mudanças Climáticas: como evitar e adaptar-se 5.2 Biodiversidade: como manter 5.3 Animais: como respeitá-los 5.4 Lixo: como tratar 5.5 Desertificação: como regridir 5.6 Oceanos e Espaço: a quem pertencem
VI - Sociedade
6.1 Pobreza: como superar 6.2 Cidades: o que fazer 6.3 Trabalho: o que será 6.4 Saúde: como conquistar? 6.5 Desigualdade: como reduzir 6.6 Habitação: como fazê-la sustentável e para todos
6.7 Desemprego: como evitá-lo e conviver com ele 6.8 Transporte: como ser reduzir o tempo perdido 6.9 Alimento: como produzir para satisfazer às
necessidades, em equilíbrio ecológico 6.10 Droga: como evitar 6.11 Escravidão: como abolir 6.12 Crime: como controlar
VII – Política
7.1 Estados Inviáveis: como ser solidário com eles 7.2 Governança: como administrar as soluções
VIII – Demografia
8.1 Migração: como conviver 8.2 Envelhecimento: como funcionar com ele 8.3 Refugiados: como cuidar
5
IX - Cultura
9.1 Cultura: como ser um objetivo e manter a diversidade
9.2 Comunicação: como usar para a liberdade 9.3 Idiomas: como integrar sem destruir 9.4 Educação: a ponte entre classes e entre gerações 9.5 Universidade: como reinventá-la para uma qualidade
desencastelada X – Riscos
10.1 Vulnerabilidade: como evitar 10.2 Tráfico: como impedir 10.3 Desarmamento: como conseguir
XI – Filosofia
11.1 Felicidade: Como facilitar seu caminho 11.2 Condição humana: qual é 11.3 Utopia: Como sonhar 11.4 Tempo: o que fazer com ele
11.5 Valores morais: como evoluir 11.6 Ideologia: quais serão
XII Civilização
12.1 Civilização: para onde ir 12.2 Metamorfose civilizatória: como fazer 12.3 Novo Humanismo: Como definir 12.4 Retórica: como apresentar o caminho de um novo
humanismo.
6
Nota A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do
Senado, presidida pelo Senador Fernando Collor*, criou uma Subcomissão para acompanhar os trabalhos da Reunião Rio+20. O evento que acontecerá 20 anos depois da Eco-92, reunirá Chefes de Estado e de Governo para avaliar as últimas duas décadas e discutir o futuro da humanidade, nos seus aspectos ecológicos e sociais.
A Subcomissão quer fazer esse debate sobre os problemas previstos para o futuro. Esperamos que sirva para: em primeiro lugar, mobilizar a opinião pública, especialmente os jovens, para os riscos e as alternativas adiante; segundo, para elaborar propostas que sejam levadas ao governo brasileiro como base para o documento que será lançado na Reunião de Cúpula.
Embora os temas escolhidos tenham ficado restritos à agenda oficial das Nações Unidas, queremos ir além e debater outros temas. Esse pequeno documento apresenta, por isso, uma lista mais ampla desses temas-problema para que a discussão deles possa ser feita mesmo em ambientes externos à Subcomissão, especialmente nas Universidades e, ainda mais, entre os alunos do Ensino Médio.
Cristovam Buarque Presidente da Subcomissão Permanente de Acompanhamento da Rio+20 e do Regime Internacional sobre Mudanças Climáticas Brasília – Junho de 2011
* Cabe lembrar que o Senador Collor era o Presidente da República no
momento da realização da cúpula de 1992. Foi o Senador Collor quem sugeriu a idéia da “Rio+20” ao presidente Lula, que a levou às NNUU, onde foi aprovada.
7
Rio+20 2012 - Cúpula do Futuro O casamento iluminista entre Progresso, Democracia e
Justiça está ameaçado. Identificado com Crescimento Econômico, o Progresso apresenta limites ecológicos. Os recursos naturais não são suficientes para atender a todos os habitantes da Terra com os padrões de consumo dos ricos do mundo. Progresso e Justiça não conseguem manter o casamento. A alternativa de Crescimento pelo consumo nos padrões dos ricos para todos provocará o colapso ecológico.
Uma alternativa, que parece em marcha, seria manter o mesmo rumo do progresso-crescimento apenas para poucos. Incluir todos os habitantes do mundo no mesmo padrão dos ricos é impossível. Uma solução seria optar pelo Crescimento (a técnica), deixando de lado a justiça (a ética), para salvar o modelo da civilização excluindo parte substancial dos habitantes da Terra, eliminando-os dos benefícios do progresso. É a opção da exclusão social.
No lugar da Cortina de Ferro que separava países por regime político e social, forma-se uma Cortina de Ouro que separa pobres e ricos, serpenteando o Planeta, cortando países e separando populações. Internamente as populações de cada país se integram em um mesmo modelo global de consumo e cultura, formando um Primeiro Mundo Internacional dos Ricos; externamente, as populações se diferenciam em modelos diferentes de consumo e estilo de vida, formando um arquipelágo de comunidades pobres, formando um arqupipelogo de pobres, o Gulag Social liberal.
8
Cada país fica dividido em duas populações: os que estão
dentro da Cortina de Ouro e formam Primeiro Mundo Internacional dos Ricos e os que estão fora e formam o Social de Pobres Excluídos. Se não quisermos manter a exclusão por uma apartação - apartheid social, o caminho será reorientar o modelo de civilização, mudar valores, propósitos, meios de produção, gostos de consumo mentalidade; predominante e papel da tecnologia.
A chance para esta reorientação, a metamorfose do atual modelo em um novo, está na Reunião de cúpula de 2012, a “Rio+20”. Para esta reunião dar certo são necessárias: Disponibilidade de Infraestrutura, Presença de Chefes de Estado e Governo com representatividade e a elaboração de uma “Carta do Rio para o Mundo”. A sociedade civil pouco pode fazer pela Infraestrutura e a Representatividade, mas pode ajudar a debater os temas e elaborar propostas para cada problema que a humanidade enfrenta, qual o sistema civilizatório que poderá conduzir a humanidade de forma sustentável, capaz de elevar o bem estar de toda humanidade, mantendo o equilíbrio entre, os seres humanos e o resto da natureza.
Mas, este é um tempo predominantemente de perguntas e não de respostas é com a finalidade de provocar o debate, que apresentamos esta lista de perguntas.
9
I - Recursos 1.1 Água, como conservá-la
Crescimento demográfico, inclusão social, poluição industrial e urbana parecem ameaçar a disponibilidade de água no mundo potável. Já há sinais de uma “guerra Fria da Água entre países e povos.” É preciso definir regras que permitam a conservação e ao mesmo tempo a criação de técnicas para a recuperação da água.
Perguntas:
1. Em quanto tempo a água poderá ser recurso escasso, e quais os riscos de faltar água potável no futuro?
2. Como prevenir a escassez de água, como eliminar desperdício, como proteger a qualidade, como dessalinizar?
3. Que outras soluções técnicas? 4. Há risco de guerras futuras por água?
10
1.2 Energia, para que e como produzir A emissão de dióxido de carbono e a escassez de fontes
energéticas foram os primeiros sintomas da crise ecológica. A primeira, poluindo e ameaçando o ambiente; a segunda ameaçando a economia. A equação energética - menos consumo e novas fontes -, é um dos principais problemas para a construção do futuro da civilização.
Perguntas:
5. A saída está mais no aumento da oferta ou na redução da demanda?
6. É melhor explorar petróleo no Polo ou energia solar no Saara?
7. Temos falta de tecnologia, escassez de fontes ou excesso de consumo?
8. É mais grave, para a humanidade, a falta de energia no futuro ou a má distribuição do seu consumo no presente?
9. Onde, geograficamente, estão as fontes de energia no atual nível de conhecimento científico e tecnológico?
10. Onde, geograficamente, estarão as fontes de energia no nível esperado de conhecimento científico e tecnológico dentro de 30 anos?
11. Como ampliar a produção domésticas de energia?
12. Quais são os lobbies mais fortes na pressão dos petroleiros, os barrageiros, os carvoeiros ou os nucleares?
13. De acordo com a fonte quem são os beneficiados pelo aumento na oferta de energia, e quais são as vítimas, de acordo com a fonte?
14. Como definir um modelo produtivo e de consumo que exija menos energia?
11
15. Quais as fontes eficientes no sentido econômico, social, ecológico?
16. Como evitar os problemas provocados pelas grandes hidrelétricas?
17. Quais os riscos da energia nuclear?
18. Quais as possibilidades e como desenvolver as fontes eólica e solar?
19. Que outras fontes podem ser previstas?
12
II - Economia
2.1 Economia Natural: como dominá-la
A sobrevivência dos bichos se dá em uma interação direta com a natureza; a economia dos seres humanos se dá com a intermediação do trabalho e suas ferramentas para a produção de bens e serviços antes de serem consumidos.
A economia é o processo pelo qual a natureza, por meio do
trabalho humano, direto ou sob a forma de capital, transforma as pedras, as plantas e os animais nos produtos dos seres humanos. Esta economia natural tem sido o resultado do uso da inteligência para produzir com mais eficiência técnica, mas sem ética. A técnica foi se formando pelo processo natural, sem que os seres humanos construíssem objetivos definidos por uma vontade consciente do futuro em construção. O resultado é uma economia natural que trata a transformação das pedras, plantas e animais sem um propósito transcendente que vá além de manifestações puramente naturais; é o resultado da evolução natural que separam os seres humanos dos demais animais, dando-lhe uma mente lógica, mas não necessariamente consciente do propósito ao qual serve esta lógica; uma racionalidade sem valores morais mantém a humanidade usando seus cérebros sem orientação de propósitos que estejam além da simples lógica, orientação definida por valores morais. A evolução da economia levou a um imenso acumulo de riquezas
13
materiais, a redução das necessidades básicas e melhoria do conforto para uma parcela da população gerou sociedades vazias e natureza ameaçada.
Desde seu nascimento como consequência da revolução industrial, a ciência econômica vem dominando o imaginário dos seres humanos, tanto quanto a religiosidade dominou antes, desta vez como uma espécie de teologia do deus progresso baseado na produção de bens de consumo. Além do fracasso ontológico, esta teologia tem demonstrado também fragilidade epistemológica.
O uso de trabalho e ferramentas exige uma estrutura mental mais sofisticada, que pode ser chamada de racionalidade; mas esta forma de pensar é apenas o resultado do exercício natural do cérebro de cada ser humano, como é natural o cérebro limitado dos demais bichos.
O produto da economia produz mais do que a economia dos bichos, tem uma racionalidade na forma de produzir, mas visa basicamente o mesmo dos demais animais: atender necessidades, mesmo que seja o resultado de desejos que vão além da simples sobrevivência. O consumismo não passa de uma forma mais ampla e sofisticada da realização natural de qualquer espécie de animal; a demanda é apenas uma ampliação das necessidades que caracterizam o mundo dos seres vivos. Embora seja diferente por causa do uso de ferramentas, a economia dos seres humanos pode ser considerada diferente da economia dos demais animais apenas pelo tamanho de sua ganância.
Perguntas:
20. Como construir uma ciência da redução da escassez a da pobreza no lugar do aumento da abundância?
21. Qual a capacidade da lógica, captar a realidade do processo econômico, baseado na expectativa e desejo dos indivíduos?
22. Como incorporar a ética no sistema da ciência econômica?
23. Como valorizar os bens intangíveis da ética e da estética?
14
2.2 Crescimento Econômico: até onde
A idéia dos limites ao crescimento tem origem ainda no começo da civilização industrial, com as formulações de Robert Malthus. Segundo ele, a população crescia mais depressa do que a capacidade de produção de alimentos. O resultado seria a exaustão da evolução humana;ou o equilíbrio as custas de guerras, epidemias, fome, estancando o crescimento humano. Durante 200 anos, a realidade mostrou, pelo avança cientifico e tecnológico, que não havia limite para a humanidade. Não apenas ela podia fazer crescer a população, como também aumentar o consumo per capita, não apenas de alimentos, mas também de bens industriais. Por dois séculos, O malthusianismo virou sinônimo de fracasso do pensamento como conceito viciado. Foi a partir do final do século XX, no anos 70, que surgiu um novo livro malthusiano. Desta vez com o uso de instrumentos matemáticos refinados, dados estatísticos amplos e manuseio por computadores. O clube de Roma publicou o revolucionário relatório “Os limites do crescimento” Desde então, a realidade tem passado a percepção de esgotamento na capacidade de crescer: o crescimento parece ter chegado ao seu limite.
Perguntas:
24. Existe base científica para indicar os limites do crescimento?
25. Quais os entraves que provocam os limites ao crescimento?
26. Quais as direções para um crescimento alternativo?
15
2.3 Economia Consciente: como conseguir O crescimento econômico da civilização industrial é um dos
maiores feitos da lógica humana, mas uma lógica sem consciência; é o poder de organizar, de dar respostas a problemas sem escolher os problemas . O objetivo está determinado, com um propósito natural, como se a humanidade surgisse das bestas para agir usando poder de seu formidável cérebro, mas sem escolher o destino das ações, lógicas, mas inconscientes.
O futuro exige um crescimento baseado não apenas na lógica, mas também na consciência, não apenas orientando ações, mas também escolhendo o propósito delas. A economia consciente, ou humanista, diferente da economia natural ou animal, deve tratar o crescimento, não como o propósito do sistema econômico mas como uma das bases da economia que não provoque desemprego; use sem depredar a natureza; não considere os produtos-negativos, como armas e drogas nocivas; construa o bem estar, mais do que a soma dos valores dos produtos criados. Perguntas?
27. Como colocar a lógica da economia natural sob os propósitos de uma economia que propicie o bem estar, a justiça, o equilíbrio ecológico, a paz?
28. Como substituir o propósito animal do crescimento e do consumismo em um propósito humanista na relação dos seres humanos com as pedras, as plantas e os demais animais da natureza?
16
2.4 Economia Verde: que limites tem A proposta da economia verde tem consistido em continuar
crescendo a economia, fabricando os mesmos produtos, apenas substituindo os insumos fósseis por renováveis. Tudo indica que este modelo não bastará para reorientar corretamente os rumos da civilização.
Perguntas:
29. É possível crescer com economia verde, sem mudar padrões de consumo?
30. Quais estratégias serão capazes de executar a economia verde no mundo?
31. O que a economia verde oferece para outros objetivos tais como tempo livre, atividades lúdicas?
32. Apenas política de preços será capaz de reorientar a economia atual para a economia verde?
33. Que setores da ciência e da tecnologia devem ser incentivadas para promover um saber verde?
17
2.5 Desenvolvimento Sustentável: o que é e como O Desenvolvimento Sustentável tem sido apresentado
como a alternativa ao atual modelo predatório de desenvolvimento. O conceito, porém, ainda não está suficientemente consolidado, nem teoricamente, nem politicamente.
Perguntas:
34. O que significa desenvolvimento sustentável? 35. Qual a diferença entre Desenvolvimento Sustentável,
Economia Verde e Decrescimento? 36. Como combinar a sustentabilidade ambiental, com
justiça social e democracia? 37. Como será a passagem do desenvolvimento
econômico depredador para o desenvolvimento sustentável?
18
2.6 Decrescimento: por que e como construir Depois de pelo menos dois séculos do paradigma do
crescimento econômico como propósito, começa a surgir a proposta de promover o decrescimento do PIB, como forma de ampliar o bem estar e garantir o equilíbrio ecológico.
Perguntas:
38. Será possível aumentar o bem estar social e facilitar a busca da felicidade pessoal, com diminuição do PIB?
39. Como a diminuição da produção geral pode acontecer com elevação do consumo das camadas de baixa renda?
40. Como fazer decrescimento com inclusão social? 41. Como substituir os bens privados e materiais por bens
públicos e imateriais? 42. Como ser mais feliz consumindo menos? 43. Como decrescer a produção aumentando o nível de
ocupação dos adultos? 44. Como convencer a sociedade, secularmente viciada
no crescimento, que o decrescimento é uma proposta séria?
19
2.7 Economia Solidária: como fazer A economia de escala crescente e mercantilização liberal
têm sido instrumentos de exclusão social. Diversas experiências mostram as possibilidades de economia com cooperação produtiva, financiamento aos pequenos produtores e até mesmo moedas alternativas. É a economia solidária. Por meio delas é possível fazer inclusão social e mobilização econômica.
Perguntas:
45. Como montar redes de economia solidária, com micro-crédito, assistência técnica, cooperativismo, capazes de incorporar, pelo empreendedorismo, bilhões de excluídos, organizados em pequenas unidades de produção em redes?
46. Como, no lugar de excluir, globalizar os pequenos produtores?
47. Qual a capacidade competitiva da economia solidária no mundo global?
20
2.8 Bancos: Como utilizá-los O sistema financeiro tem se transformado em um elemento
de crise, ao invés de uma ferramenta para soluções. Estas crises são muitas vezes geradas fora do sistema financeiro, no setor produtivo. Para criar renda não disponível na maior dos consumidores, a economia segue a gerencia dos bancos e quebra o rigor de como os bancos devem ser geridos. Ao mesmo tempo que é preciso controlar o sistema financeiro, reduzir seu poder de mobilizar e desarticular as economias da sociedade inteira, será preciso controlar a voracidade consumista-produtiva.
Perguntas:
48. Como impedir o poder transnacional do setor financeiro e sua capacidade de arruinar economias e nações inteiras?
49. De que forma impedir as bolhas/ilusórias e de curto prazo?
21
2.9 Moeda: como reduzir a monetarização civilização
O dinheiro foi uma grande invenção da humanidade. Sem
ele o avanço civilizatório teria sido impossível, pela
impossibilidade do comércio nos níveis que ocorreu a partir do
mercantilismo, ajudando a fazer a revolução industrial. A
globalização está provocando a super-monetarização da
humanidade, mercantilizando a vida, os órgãos, a educação, a
saúde o tempo e todos os produtos, até aqueles mais sagrados
aos homens. A sociedade e a economia estão sofrendo um
overdose de moeda, de bancos e de dividas.
Perguntas:
50. Como aumentar a participação de bens e serviços
desmonetarizados na soma dos produtos da
sociedade?
51. Como medir valor sem monetarizar?
52. Como quebrar monopólio de algumas moedas sobre
as outras?
53. Como manter soberania em um mundo com moeda
comum?
22
2.10 Dívida: como usá-las
A humanidade conhece a divida desde há 5 mil anos, mas nunca ela foi tão ampla, nem tão profunda. Nuca tantos deveram tanto em tantas partes. O mundo atual é o munda da divida. O mercado da produção baseadad em bens de alto custo força o endividmento das pessoas como caminho necessário para realizar o consumo. Ao mesmo tempo, o papel do Estado na economia, na defesa, no estado-previdência exige endividamento dos Estados.
Perguntas:
54. Como desendividar famílias e Estados, ao nível do saudável?
55. Como tornar o sistema produtivo-consumidor para não ser necessário o elevado nível de endividamento?
56. Como mobilizar politicamente os trilhões de dólares congelados sob a forma de títulos da divida pública norte americana nas mãos de credores em todo o mundo.
23
2.11 Crescimento Destrutivo: como barra-lo
Para o incendiário, as cinzas são bonito produto de seu
trabalho; para o demolidor, o produto está no monte de
destroços. A economia natural provoca um crescimento que
apesar de todos seus bons produtos, se nega a perceber as
cinzas e os destroços de seu produto. O PIB, indicador do
crescimento, não considera os destroços, nem as cinzas de seu
processo. A economia do futuro precisa eliminar estes destroços
e cinzas sob a forma, que aparecem, por exemplo: no tempo
perdido pelas pessoas; na desarticulação das famílias;
endividamento de nações e empresas, indivíduos; na depredação
da natureza, no vazio existencial e na “irracionalidade” do
consumismo. Com a eliminação destas destruições, será possível
caminhar para uma economia construtiva.
Perguntas?
57. Quais impactos da economia natural podem ser considerados destroços?
58. Como reorientar a economia para eliminar os destroços que ela cria?
24
III - Padrões
3.1 Novos Indicadores para a qualidade de vida: como definir e disseminar
Sabe-se que o atual indicador de progresso, baseado no PIB, não significa uma elevação do bem estar; não leva em conta os impactos ambientais. A reorientação do modelo civilizatório exige um indicador que leve em conta a conservação da natureza, a criação do tempo livre, a valorização de bens e serviços públicos.
Perguntas:
59. Quais alternativas de indicadores existem hoje? 60. Como construir um indicador qualitativo? 61. Quais variáveis devem ser contempladas pelos novos
indicadores? 62. É possível quantificar um indicador que incorpore
todas as dimensões do bem estar? 63. Como medir, considerar e valorizar o tempo livre, as
atividades culturais, o lazer e as atividades lúdicas?
25
3.2 Padrões de Consumo: como modificar É impossível estender aos 7 bilhões de seres humanos com
baixa renda o atual padrão de consumo dos 1 bilhão de rendas altas e médias do mundo. O futuro requer harmonia entre os seres humanos e deles com a natureza, exigindo uma reorientação do padrão de consumo da humanidade.
Perguntas:
64. Ainda há dúvidas de que é impossível assegurar a todos os habitantes do Planeta o mesmo padrão de vida dos habitantes do primeiro mundo internacional dos ricos?
65. Como modificar o padrão de consumo voraz, baseado em produtos de obsolescência rápida que caracteriza o atual padrão de civilização?
66. Como reorientar o consumo de bens privados pelo uso de bens públicos, atendendo aos anseios das populações, tanto os incluídos quanto os excluídos?
67. Como convencer a humanidade a reorientar seus anseios para novos objetivos, tais como, tempo livre e atividades culturais?
26
3.3 Padrões de Produção e Distribuição: como conseguir uma eficiência inteligente e justa
O atual padrão busca uma eficiência de curto prazo, capaz de oferecer lucro mesmo que a produção de um produto exija deslocamento de matéria prima por centenas de quilômetros e o produto outras centenas até o local de encontro com o comprador. O futuro exige uma racionalidade espacial na mobilização dos insumos e dos produtos com formas inteligentes do ponto de vista ecológico e social.
Perguntas:
68. Quais experiências existem de logísticas capazes de descentralizar a produção e o consumo?
69. Como é possível casar a eficiência ecológica com a eficiência do mercado?
70. Como manter lucratividade reduzindo escala de produção e reduzindo mercantilização?
27
IV – Saber
4.1 Ciência e Tecnologia: como subordina-las a valores éticos
A crise ecológica é provocada pela economia conforme definida, mas realizada devido ao uso da ciência e da tecnologia pela política. O atual modelo civilizatório usa o avanço técnico como o vetor determinante do progresso, definindo a lógica econômica, que regula as decisões políticas, que manipula os objetivos sociais e ignora os valores éticos. O desafio é definir como o avanço técnico científico será instrumento para Novo Futuro. Uma nova civilização vai precisar inverter esta ordem de subordinação
De Para
Perguntas:
71. Será possível uma alternativa que subordine o avanço técnico a valores éticos?
72. Quais setores da ciência e tecnologia podem ser úteis na recuperação do meio ambiente poluído, reverter a tendência ao aquecimento global, enfrentar desigualdade?
73. E possível incorporar a ética na formação dos engenheiros e cientistas?
74. A velocidade do avanço técnico está sendo maior do que a velocidade de degradação ambiental?
28
75. Como impedir que a ciência médica seja usada para manipular geneticamente à espécie humana?
76. Como impedir que a ciência e a tecnologia sejam instrumentos de formação de preconceitos, contra raças, gênero e doentes?
77. Como viver numa sociedade tecnológica sem depender totalmente dela?
29
4.2 Conhecimento: quando saberemos
Na medida que o conhecimento avança, também avançam
as dúvidas sobre a capacidade do conhecimento explicar a
realidade.
Perguntas:
78. O que sabemos saber?
79. O que pensamos saber?
80. O que sabemos não saber?
81. É possível especular sobre o que nem sabemos saber?
30
4.3 Robotização: como beneficiar-se A automação é um assunto que domina os últimos dois séculos de história. A robotização vai dominar as próximas décadas. As possibilidades e os riscos do rápido processo de robotização trazem desafios técnicos, éticos, psicológicos. Por um lado as vantagens não apenas da substituição de trabalhos pesados e perversos, como também a simplificação da vida, tanto manual quanto intelectual. Ao mesmo o tempo, a robotização das vidas social e biológica, apresenta riscos consideráveis. Em primeiro lugar, o risco da substituição do trabalho humano gerando desemprego; em segundo lugar o risco da dependência do homem em relação às máquinas inteligentes. Mas, sobretudo do ponto de vista ético, a robotização apresenta um grande desafio. O uso de armas inteligentes, como os “dromes” colocam o desafio da guerra onde um dos lados dispensa soldados, atravessa fronteiras, uma guerra sem riscos de um dos lados. Mais desafiador, do ponto de vista ético é a possibilidade já em marcha do casamento entre a biotecnologia, a informática e a microeletrônica provocando o surgimento de seres humano-robóticos, misturando o corpo humano com peças artificiais produzindo os “ciborgs”.
Perguntas?
82. Que regras devem definir os limites eticamente toleráveis para o uso da robótica?
83. Como promover as pesquisas científicas que permitam ampliar as possibilidades de robóticas a serviço do homem?
31
V – Terra
5.1 Mudanças Climáticas: como evitar e adaptar-se A crise ambiental chegou a tal ponto que se considera que o
Planeta está atravessando uma nova Era Geológica: O Antropoceno, novo tempo geológico induzido pela inteligência e as mãos dos humanos. Mas, ao desequilibrar a ecologia, o poder da humanidade ameaça a própria humanidade. O grande desafio do futuro é saber como a civilização pode avançar sem provocar mudanças climáticas e desde já adaptando-se as mudanças que já ficaram irreversíveis.
Perguntas:
84. Que rigor científico têm as pesquisas sobre o impacto humano nas mudanças climáticas?
85. Ainda é possível retomar o equilíbrio, parando as mudanças climáticas, por uma reorientação o processo produtivo?
86. Quais conseqüências as mudanças climáticas trarão para a agricultura?
87. Em quanto tempo, a elevação do nível do mar vai afetar as populações litorâneas?
88. Há possibilidade de equilibrar a natureza usando uma engenharia ecológica?
32
5.2 Biodiversidade: como manter Nas últimas décadas, milhões de hectares de florestas foram
devastadas e este processo continua. Da mesma forma há milhões de espécies de animais em extinção. Esta depredação reduz o patrimônio da natureza e da cultura.
Perguntas:
89. A diversidade da natureza constitui parte da riqueza da civilização?
90. Como ampliar a ocupação territorial e a transformação da natureza em bens e serviços, mantendo a totalidade da biodiversidade, das florestas e espécies animais?
91. Como proteger as espécies animais, as florestas, os diferentes biomas?
92. Quais os direitos das demais espécies? 93. Faz sentido falar em um modelo biocêntrico
substituindo o antropocentrismo?
33
5.3 Animais: como respeitá-los
Tanto quanto o respeito à diversidade, pela defesa de cada espécie, evitando extinções, os seres humanos têm diante de si o desafio de definir o tratamento a ser dado a cada indivíduo de cada espécie. Como tratar o uso de animais como cobaias, objetos de circos e de zoológicos. Cada uma destas opções tem uma lógica própria com suas vantagens e desvantagens. Perguntas?
94. Como alimentar os seres humanos respeitando os outros animais?
95. É possível fazer avançar a ciência sem o uso de cobaias animais?
96. O futuro da alimentação estará em uma alternativa vegetariana ou química no lugar da carnívora?
34
5.4 Lixo: como tratar A civilização industrial chega ao século XX como a civilização
da produção e do lixo. Se por um lado ela apresenta um imenso PIB de novos produtos a cada ano, também apresenta um imenso “anti-PIB” não apenas sob a forma de depredação da natureza, mas também sob a forma do lixo criado no processo de produção e de consumo:resíduos nucleares, agrotóxicos, bens não degradáveis, desperdícios de consumo, lixo hospitalar. Todos os dias são bilhões de m3 que sujam, degradam, poluem as ruas, os rios e o ambiente em geral.
Perguntas:
97. Como tratar o lixo hospitalar, os resíduos das centrais nucleares, a biodiversidade submersa nos lagos das hidrelétricas e os desperdícios urbanos?
98. Como limpar cidades, mares, rios, espaço, montanhas do lixo jogado todos os dias?
99. Como transformar o “anti-PIB” em “PIB” pela reciclagem?
35
5.5 Desertificação: como regridir Uma características das ultimas décadas tem sido o avanço
de áreas desérticas sobre a superfície terrestre. Causada pelo descuido no manejo ecológico seja na agricultura seja pelo aquecimento global. As zonas desérticas já ocupam ao redor de 40% do solo de toda a Terra, onde vivem até 2 bilhões de pessoas. Nas últimas décadas esta área desértica tem avançado, pelo efeito do aquecimento global, de florestamento, mal uso do solo na agricultura. Esta marcha ameaça claramente o futuro da humanidade.
Perguntas:
100. Como definir regras internacionais que permitam impedir avança de desertificação pela agricultura?
101. Como recuperar áreas desérticas?
36
5.6 Oceanos e Espaço: a quem pertencem Nas últimas décadas, as explorações espaciais jogaram
milhares de objetos no espaço, formando um ameaçador lixo espacial jogados por agências estatais de grandes países e em breve também por empresas privadas. A exploração e o transporte de petróleo têm contaminado a água, matado animais e até ameaçado e extinguido espécies. Surge a possibilidade de exploração de petróleo nas calotas polares por empresas privadas. A continuação deste processo levará a uma privatização dos oceanos e do espaço comprados pelo mercado, usados e depredados no curto prazo.
Perguntas:
102. Como definir regras que assegurem o uso e a proteção do Espaço e dos Oceanos para toda a humanidade?
103. Como proteger os Oceanos das mudanças climáticas que estão descongelando calotas polares?
104. Como impedir o Espaço de ser plataforma para guerras do futuro?
37
VI - Sociedade
6.1 Pobreza: como superar
Nenhuma reorientação do modelo civilizatório se justifica se não for capaz de incorporar as massas pobres, erradicando-se o quadro de pobreza que compromete a vida, a dignidade e o bem estar de uma expressiva parcela da população humana. Isto vai exigir uma reorientação na forma de enfrentar o problema: da visão da pobreza como falta de renda, para a pobreza como falta acesso aos bens e serviços essenciais; da saída espontânea pela economia, para a saída por intervenção direta na garantia desse acesso, regras econômicas e programas sociais.
Perguntas:
105. É pobre quem tem baixa renda ou quem não tem acesso à segurança, educação, habitação e demais serviços essenciais, além de alimentação?
106. A solução para a pobreza está mais no aumento da renda privada de cada família pobre ou na oferta universal dos serviços públicos?
107. A pobreza é o resultado da baixa produção ou da má distribuição?
108. Como usar a economia para reduzir a pobreza? 109. A transferência de renda é um caminho para eliminar
a pobreza, ou o caminho está na garantia de bens e serviços públicos gratuitamente?
110. Qual o papel das transferências condicionadas de renda?
111. É possível um Plano Mashall Social Global para enfrentar a pobreza no mundo?
112. Como mobilizar a mão de obra pobre ociosa para produzir o que a população pobre precisa?
38
6.2 Cidades: o que fazer A maior parte da população vive hoje em cidades, em
concentrações de pobreza - violentas, sem habitação, água, saneamento, educação, saúde, transporte, com trânsito engarrafado -. As cidades do mundo são bombas programadas para explodir. É preciso desativar estas bombas.
Perguntas:
113. É possível promover desmigração das cidades ao campo?
114. Como fazer cidades mais inteligentes, eficientes, humanas, pacíficas?
115. Quais as boas experiências de administração de cidades no mundo?
116. Como equacionar problemas como transporte urbano e lixo, de forma compatível com o meio ambiente e com o aumento do tempo livre dos habitantes?
117. Como cuidar da imigração nas cidades?
39
6.3 Trabalho: o que será
Um dos sonhos da humanidade tem sido eliminar a necessidade de trabalho humano, substituindo-o pela ação de máquinas. Já estamos perto de conseguir isto, mas no lugar de livrar os homens do trabalho, os condenamos ao desemprego. É preciso imaginar o que será o trabalho humano no futuro, guerra entre “máquinas inteligentes e homens descartáveis.
Perguntas: 118. Que áreas do trabalho humano jamais serão
substituídas pelas maquinas inteligentes? 119. Como preencher o tempo dos “homens
descartáveis”?
40
6.4 Saúde: como conquistar?
Hoje, saúde é definida pelos médicos com base em
instrumentos e indicadores, e tratada por eles em acordo com
fabricantes de equipamentos e remédios. E tendo como
obrigação manter a vida, até o final, definida como batida de
coração e respiração do pulmão, mesmo estes mantidos
artificialmente, por máquinas. A redefinição da saúde é
necessária para o futuro.
Perguntas:
120. Até quando manter a vida de uma pessoa?
121. Como saber o momento em que a manutenção da
vida se transforma em um instrumento de ampliação
do lucro de empresas, de sofrimento de famílias e
diminuição da dignidade da pessoa?
122. Como redefinir o papel da medicina?
123. Como livrar o sistema de saúde do lucro de
fabricantes de remédios e equipamentos?
124. Como assegurar o mesmo direito de acesso à saúde a
cada ser humano?
125. Como impedir que tecnologias da saúde sejam usadas
para induzir uma mutação biológica que faça os
homens dessemelhantes?
126. Como chegar uma abordagem holística de saúde que
considere o meio ambiente?
41
6.5 Desigualdade: como reduzir A civilização industrial oferecia a certeza de redução na
desigualdade social e da renda. Ao longo de décadas, esta redução ocorreu nos chamados países desenvolvidos. As últimas décadas mostram que tem aumentado a desigualdade entre os mais pobres e os mais ricos, em escala global e dentro de quase todos os países. Ainda mais desigual tem sido a desigualdade no acesso aos serviços de saúde e educação. Embora o futuro não deva buscar a autoritária igualdade na renda e no consumo, pelo menos dois itens sociais devem ter acesso igual para todos: a educação e a saúde.
Perguntas:
127. Há o risco de que a desigualdade no acesso aos serviços de saúde possa quebrar o sentimento de semelhança entre os seres humanos?
128. A desigualdade no acesso aos serviços educacionais é o berço de todas as demais desigualdades sociais?
129. Como construir sistemas de atendimento à saúde e à educação que ofereçam a mesma qualidade a cada ser humano, independente da renda familiar e da economia do país onde vive a criança?
130. É mais importante erradicar a pobreza ou diminuir a desigualdade?
131. A distribuição de renda é o caminho a redução da desigualdade social?
42
6.6 Habitação: como fazê-la sustentável e para todos
Depois de dois séculos de civilização industrial, a humanidade está dividida entre os que não têm morada e os que usam a morada sem sustentabilidade. O futuro exige garantir moradia a todos os pobres e fazer sustentável a habitação onde vivem os ricos.
132. Que materiais de construção podem garantir a sustentabilidade ecológica?
133. Como formar arquitetos, engenheiros, urbanistas capazes de desenhar soluções sustentáveis?
134. Como resolver o problema da climatização sem o custo ecológico do ar condicionado?
135. Como fazer o tratamento dos resíduos domésticos de forma reciclável?
136. Como transformar as casas de consumidoras em geradoras de energia?
43
6.7 Desemprego: como evitá-lo e conviver com ele O avanço técnico já criou uma geração sem empregos. Em
alguns países da Europa, quase a metade dos jovens está fora da escola e do trabalho. O sonho do pleno emprego morreu.
Perguntas:
137. A solução está na redução da jornada e do período anual de trabalho?
138. Como conviver com o desemprego permanente de uma população já descartada do processo produtivo?
139. Como regulamentar o uso do avanço técnico para reduzir o desemprego?
140. Como garantir a vida aos desempregados?
44
6.8 Transporte: como ser reduzir o tempo perdido Ao longo de décadas, a redução no tempo de locomoção foi
uma das conquistas da civilização. Ela continua evoluindo, mas hoje a modernidade técnica sacrifica a modernidade-ética na definição dos meios de transportes, no setor urbano; e o transporte inter-urbano se faz com estradas que muitas vezes viola a natureza, e ameaça a sobrevivência de etnias. O futuro precisa evoluir ainda mais no sentido de reduzir o tempo gasto em locomoções, respeitando equilíbrio ecológico e a diversidade natural e étnica.
Perguntas:
141. Como tornar mais eficiente os sistemas de transporte urbano?
142. Como reduzir a necessidade de locomoção, tanto de pessoas quanto de mercadorias?
45
6.9 Alimento: como produzir para satisfazer às necessidades, em equilíbrio ecológico
A eliminação da vergonha da fome: no mundo de hoje e do futuro, a inclusão social e o crescimento demográfico vão exigir aumento de produção agrícola. Isto provoca o desafio de como aumentar a produção respeitando o meio ambiente, especialmente as florestas, como enfrentar a disputa da demanda por energia e, sobretudo, como administrar a oferta de alimentos não só pela comercialização. Também será preciso controlar o uso das arriscadas técnicas de manuseio genético que oferece grandes chances mas cujas conseqüências são ainda imprevisíveis.
Perguntas:
143. Como produzir mais alimentos? 144. Quais os riscos do manuseio genético? 145. Há possibilidade de produção de alimentos fora da
agricultura? 146. Quais as principais áreas geográficas de produção de
alimentos no futuro? 147. Como evitar a disputa entre alimentos e energia e
alimentos e florestas e biomas? 148. Como incentivar com eficiência os produtores locais,
próximos ao consumo?
46
6.10 Droga: como evitar O uso de drogas tem uma longa história. E está presente em
todas as sociedades, desde as mais primitivas. A diferença para hoje está na situação crônica, na generalização, na violência das drogas sintéticas e na violência do tráfico. Pode-se dizer que em sociedades antigas as drogas eram um complemento, sem a dependência, nem a concepção de usuário e usada por alguns, especialmente pela elevação transcendental e inspiração intelectual. Hoje ela é uma fuga aos problemas de sobrevivência e ao vazio existencial, é o escape do fracasso no desemprego na baixa na renda no consumo insuficiente e insatisfatório, na desagregação familiar. Junte-se a isto o crescente uso de drogas especialmente pelos jovens e o preconceito contra os usuários e a violência dos traficantes e o consumo da droga se faz um dos grandes desafios para o futuro da humanidade.
Perguntas:
149. Como definir drogas? 150. Como escolher entre a violência do tráfico ilegal e da
degradação pela legalidade? 151. Como superar “drogas positivas” como remédios,
vitaminas de “drogas negativas”? 152. O consumo de drogas decorre do vazio da droga do
consumo?
47
6.11 Escravidão: como abolir É surpreendente que em pleno século XXI, ao olhar para o
futuro, a humanidade tenha de enfrentar o desafio de abolir a escravidão. Mas este é um fato nos dias atuais. Dados de fontes diversas estimam que pelo menos 27 milhões de pessoas sobrevivem hoje em condições não apenas de pobreza, exclusão e desigualdade, mas no mais grave estado de escravidão, seja pelo trabalho forçado, pelo trabalho não remunerado, pelo trabalho em idade escolar, seja pelo uso da violência, seja pela condenação do trabalho doméstico, especialmente sexual,
Perguntas:
153. Como definir trabalho escravo? 154. Como fazer a escravidão ser considerada um crime
contra a humanidade? 155. Como promover a recuperação dos milhões que
vivem em escravidão?
48
6.12 Crime: como controlar
O nível de desenvolvimento de uma civilização pode ser
definido pelo nível da criminalidade em sua sociedade e pela
forma como ela combate o crime e trata os criminosos. Neste
sentido, a civilização industrial representa um avanço em relação
ao passado, mesmo assim o número de criminosos aumenta, em
muitos países o tratamento continua e a pena de morte ainda
existe. Nesse ano de 2011, pelo menos 1521 execuções por pena
de morte em 93 países.
Perguntas?
156. Como reduzir a criminalidade? 157. Como recuperar os criminosos? 158. Como tratar os condenados com dignidade? 159. Como definir corretamente o que é crime? 160. Como enfrentar o assunto da infração de menores?
49
VII – Política
7.1 Estados Inviáveis: como ser solidário com eles A globalização está inviabilizando pequenos Estados, alguns
por fragilidade política financeira ou econômica, outros ecológica. Pelo menos 30 pequenas nações sentem-se impossibilitadas de sobreviver com estabilidade social e econômica; outras correm o risco de desaparecer sob a elevação do nível do mar por força do aquecimento global ou da desertificação
Perguntas:
161. Internacionalizar estes países sob a proteção das Nações Unidas?
162. Anexar estes Estados a outros vizinhos maiores? 163. Garantir a soberania graças a fortes injeções de
recursos externos, tanto financeiros quanto técnicos e institucionais?
50
7.2 Governança: como administrar as soluções Talvez o maior problema para a humanidade, no futuro
próximo, é como fazer uma governança global com o poder político dividido por países. A democracia, criada em e Estado-Cidade, se adaptam ao Estados-Nação, mas não esta conseguindo evoluir para o Estado-Globo. Os políticos se reúnem para debater os problemas de longo prazo da humanidade pensando apenas nos seus eleitores nacionais. O grande desafio da governança no futuro é fazer com que políticos eleitos localmente, presos ao calendário da próxima eleição, sejam capazes de agir tomando decisões para todo o Planeta e a longo prazo.
Perguntas: 164. Como administrar o longo prazo e o planeta com a
democracia baseada no voto local entre eleições no curto prazo?
165. Qual organismo internacional poderá auxiliar o governo de soluções planetárias, apesar da soberania de cada país?
166. Até quando a soberania de cada nação deve se sobrepor aos interesses maiores da humanidade?
167. A solução vai estar em parâmetros éticos global, impostos sobre as políticas locais?
168. Quem decidirá ética global a definição de parâmetros éticos globais?
51
VIII – Demografia
8.1 Migração: como conviver O presente mostra uma transumância como em nenhuma
outra época, nem mesmo a migração forçada do tráfico negreiro. Esta migração desequilibra os imigrantes, seus países esvaziados, e também a sociedade dos países hospedeiros. É preciso, ao mesmo tempo, assegurar o direito à migração por vontade e eliminar a migração forçada por exílio e por razões econômicas ou ecológicas.
Perguntas:
169. Como permitir as migrações em um mundo dividido em fronteiras?
170. Como barrar as forças que provocam o exílio econômico, por falta de renda e por exigências ou riscos de projetos de infra estrutura?
171. Como tratar o exílio ecológico provocado por mudanças climáticas?
172. Como usar a riqueza dos países ricos para promover o emprego e a qualidade de vida dos países pobres, para reduzir a migração?
52
8.2 Envelhecimento: como funcionar com ele O alongamento da esperança de vida é objetivo central do
processo civilizatório. Agora, o envelhecimento se torna uma realidade e a sociedade não está preparada. Os sistemas de previdência e de assistência médica entram em crise, a ocupação dos cidadãos velhos vira um problema, sobretudo pela desarticulação da cultura de proteção familiar, simultânea com a falência do estado-previdência.
Perguntas:
173. Será necessário reduzir os benefícios previdenciários e aumentar a idade mínima para aposentadoria?
174. Como manter a qualidade dos serviços médicos e assistenciais?
175. Como ocupar ativamente aos idosos?
53
8.3 Refugiados: como cuidar As guerras, catástrofes, crises, obras, intolerâncias estão
provocando uma demografia de refugiados espalhados pelo mundo, sem pátria, sem inserções, sem futuro. Qualquer projeto para a humanidade exige um tratamento solidário com este contingente de dezenas de milhões de pessoas.
Perguntas:
176. Como evitar as forças que impelem a necessidade de refúgios, sob qualquer razão?
177. Como oferecer terra, pátria, documentos, emprego, renda e serviços sociais aos refugiados?
54
IX - Cultura 9.1 Cultura: como ser um objetivo e manter a diversidade
A globalização trás a imensa vantagem de fazer do Planeta uma província global, onde todos podem ter acesso à cultura de todas as partes, instantaneamente. Ao mesmo tempo, esta universalização ocorre como um trator demolindo em poucos anos culturas que se formaram e sobreviveram ao longo de séculos e até milênios. Esta demolição de culturas empobrece a humanidade.
Perguntas:
178. Como criar mecanismos de convivência entre diferentes tipos de civilização que existam?
179. Como proteger culturas locais, sem frear a marcha da boa universalização do acesso a todas as culturas?
180. Como usar a globalização para globalizar as culturas locais, no lugar de destrui-las?
55
9.2 Comunicação: como usar para a liberdade Talvez a maior conquista da globalização, foi ter integrado a
humanidade através das fronteiras. Graças a isto, salvo exceções, o homem passou a viver em um só mundo. Mesmo quando desigual socialmente os seres humanos estão hoje ligados pelos meios de comunicação. Mas no lugar destes meios servirem para ampliar a liberdade, eles são usados para padronizar e enganar, tais verbos anti-libertários. A sociedade moderna se transformou em um grande evento planetário, como um espetáculo. No meio deste espetáculo, o controle de notícias e as estratégias publicitárias espalham conhecimentos falsos e vontades de consumo criando necessidades. A humanidade está escravizada por um instrumento que se propõe a libertá-la: os meios de comunicação, induzindo necessidades e criando um mundo irreal.
Perguntas:
181. Como manter a liberdade sem deixá-la ser perniciosa, nem destrutiva, nem mentirosa, conforme os desejos dos donos dos meios de informação e dos meios publicitários?
182. Como frear a criação de necessidades que escravizam as pessoas e depredam a natureza?
183. Como mostrar ao mundo o mundo como ele é e não como vêem ou vêm de ser ou apenas querem entrar os que dirigem os meios de comunicação?
184. Como usar a mídia para integrar a mídia para integrar e informar e não para enganar?
185. Como os elevados custos das comunicação como tira-las de mãos privadas, sem deixá-las cair nas mãos de estados?
186. Como induzir a internet como o veiculo da globalização democrática?
56
9.3 Idiomas: como integrar sem destruir
A manutenção de idiomas faz parte da diversidade cultural.
Mas as línguas merecem uma preocupação especial de como
será possível salvar e conservar idiomas em mundo integrado na
simultaneidade hoje do inglês, amanhã do mandarim.
Perguntas:
187. Como salvar os idiomas moribundos?
188. Como abrigar as novas palavra que surgem a cada dia
sem destruir as línguas que as abrigam?
57
9.4 Educação: a ponte entre classes e entre gerações
Além de causas aleatórias, cada homem se diferencia pela
educação que recebe. A educação é o berço da desigualdade ou
pode ser o berço da igualdade e a base de qualquer utopia.
Perguntas:
189. Como assegurar acesso igual à educação para toda
criança do mundo inteiro, independente da renda do
país e da família e do local onde vive?
190. Como educar para a criatividade e a solidariedade, a
visão crítica, o sentimento estético, as valores éticos,
necessários à construção de uma sociedade planetária
e harmônica, entre os seres humanos e entre eles e a
natureza?
58
9.5 Universidade: como reinventá-la para uma qualidade
desencastelada
A universidade surgiu para desmosteirizar o conhecimento.
Ao longo dos séculos, o conhecimento avançou, livrando-se das
ilusões metafísicas e construindo modelos que descrevem a
realidade de forma cada vez mais acurada. A universidade foi
elemento determinante da criação e divulgação do
conhecimento. Mas ela chega no começo do século XXI
encastelada e encastelando seu conhecimento que fica atrasado
diante da velocidade como o conhecimento avança e se
dissemina.
Perguntas:
191. Como trazer o conhecimento externo para dentro da
universidade?
192. Como trazer para dentro da universidade os temas da
realidade?
193. Como fazer com que a universidade crie
conhecimento acompanhando a velocidade como o
conhecimento avança fora dela?
194. Como dar à universidade responsabilidade diante das
tragédias humanas?
195. Qual a melhor estrutura para universidade livrar-se da
prisão das categorias do conhecimento e passar ao
pensamento multidisciplinar?
59
X – Riscos
10.1 Vulnerabilidade: como evitar
Uma das maiores provas do fracasso da civilização industrial é como seus êxitos corrompem e são usados para ameaçá-la. A civilização industrial foi ou êxitosa que ficou incapaz de conviver com outras civilizações e induziu o terrorismo como forma de luta, ao mesmo tempo desenvolveu instrumentos poderosos que passaram a ser usados por estados e pessoas e seus valores éticos humanistas. A globalização e o poder de técnicas provocam uma grave vulnerabilidade ao redor do Planeta. A humanidade não deve aceitar viver sob a ameaça de armas de destruição em massa, nem por estados organizados, nem por grupos terroristas, e preciso de instrumentos que façam o mundo menos vulnerável, mais seguro, inclusive de doenças novas ou velhas, transmitidas pela migração, como também dos riscos da integração digital.
A primeira grande onda globalizadora provocou uma das mais catástrofes civilizatórias, pela disseminação nas Américas de doenças européias, e pelo uso de armas dos brancos destruindo povos e culturas indígenas. A globalização cria a vulnerabilidade, outra vez estamos diante dos riscos devido ao êxito da civilização.
Perguntas:
196. Como controlar as forças do terrorismo, sem restringir a liberdade pessoal, nem a soberania de cada nação?
197. Como eliminar as razões que induzem ao terrorismo? 198. Como fazer com que o mundo seja menos vulnerável
as doenças que transitam, pela facilidade do transporte?
199. Como proteger o meio ambiente, ameaçado pelo transporte de mercadorias, animais e vegetais?
200. Como proteger os sistemas que funcionam graças à informática vulnerável a vírus e hakers?
60
10.2 Tráfico: como impedir A globalização elevou o tráfico a níveis nunca antes vistos,
desde a escravidão. Agora, o comércio pernicioso se faz com pessoas - mulheres, crianças, trabalhadores – órgãos para transplante, armas, drogas. A humanidade precisa interromper todas estas formas de tráfico.
Perguntas:
201. Como impedir o tráfico humano, seja para prostituição, trabalho escravo, adoção ilegal de crianças?
202. Como regularizar a adoção internacional de crianças? 203. O que fazer para eliminar o tráfico de órgãos? 204. A discriminalização das drogas é o caminho ou no
lugar mais rigor no combate por meios mais eficazes?
61
10.3 Desarmamento: como conseguir O mundo gasta U$ 1,5 trilhão por ano com armas. Além da
ameaça que estes gastos significam, eles são retirados de investimentos que poderiam servir para a luta por um desenvolvimento harmônico se investidos em educação poderiam atender plenamente até dois bilhões de crianças na escola. A luta por uma civilização harmônica exige a conquista da paz pelo desarmamento.
Prova de que a economia dos homens tem sido uma economia natural é como os produtos das técnicas têm servido às guerras. A disputa humana se faz de maneira mais estúpida, tanto porque usam armas muito mais destruidoras e até mesmo autodestruidora, como também porque faz a disputa intra-espécie, no lugar de inter-espécies. Este clima natural de guerra, usando instrumentos técnicos gerais e sem ética, evoluiu tecnicamente regredindo eticamente, da espada à pistola, desta às bombas atômicas e bombardeios aéreos, até agora, as guerras cibernéticas e por meio de “dromes”, o auge da maldade fria de armas mobilizadoras sem nem ao menos necessidade de soldados. Além da falta de ética, as guerras canalizam imensos recursos financeiros, intelectuais, naturais, para a destruição no lugar da criação.
Perguntas:
205. Como conseguir levar adiante a conquista de acordo de paz universal?
206. Como reorientar o potencial armamentista, científico e industrial para a produção a serviço de um mundo em paz?
207. Como realizar o desarmamento total? 208. Como fazer um PIB-PAZ que não leve em
consideração as armas produzidas? 209. Como enfrentar a guerra cibernética e conseguir uma
cooperação para o desarmamento neste setor?
62
XI – Filosofia
11.1 Felicidade: Como facilitar seu caminho A Declaração de Independência dos Estados Unidos da
America considerava a busca da felicidade como um direito inalienável de cada cidadão. A revolução industrial substituiu este direito pelo consumo. Ford dominou Jefferson, no imaginário coletivo dos Estados Unidos da America, e esta idéia se espalhou pelo mundo. A crise do consumismo fez renascer a importância da busca da felicidade como uma alternativa ao consumo.
Perguntas:
210. É possível a felicidade sem aumento da produção e do consumo?
211. É possível um indicador de felicidade bruta de um povo?
212. Se o papel do político é eliminar os entraves que ocorrem no caminho da felicidade, quais ações um governo pode realizar para facilitar a busca da felicidade pelas pessoas?
63
11.2 Condição humana: qual é
Deve-se a Arthur Kostler, ainda nos anos 50, a idéia de que
o ser humano é resultado de uma mutação defeituosa: com um
cérebro lógico capaz de inventar técnicas com poder planetário e
de longo prazo, e um coração prisioneiro do imediato e do local.
Desta forma, a humanidade caminharia inevitavelmente para a
catástrofe e a autodestruição, como uma espécie animal suicida
historicamente. A crise atual não seria da economia, nem mesmo
da civilização industrial, nem mesmo da mentalidade
circunstancial do presente momento histórico, mas uma
característica biológica do animal homem, da própria
humanidade, da soma de seres humanos incapazes de
responsabilizar-se pelo Planeta onde vivem, pelo longo prazo,
pelos interesses das gerações futuras. Sob esta visão, a
humanidade seria fenômeno passageiro na história do universo,
a sobrevivência da espécie humana seria impossível e
desnecessária, não justificando qualquer esforço, e seu
desaparecimento seria normal do ponto de vista cósmico. Junte-
se a isto a previsão cientifica e visões algum momento, e ainda
mais o debate sobre a possibilidade ou não do livre arbítrio do
homem.
Perguntas:
213. A crise é das características da civilização ou da
essência da humanidade?
214. A minúscula dimensão do fenômeno humano, simples
poeira no conjunto das estrelas, justifica o esforço
para buscar a sobrevivência da espécie humana?
215. O que há de especial na espécie humana que
justifique a luta por uma reorientação do modelo
civilizatório?
64
216. O cérebro humano será capaz de adaptar-se para
controlar o poder planetário da humanidade?
217. Será possível controlar eticamente o poder da lógica
pondo-a a serviço de um projeto de longo prazo?
218. O poder científico aliado à voracidade do consumo faz
a humanidade carregar um meteoro interno capaz de
produzir o mesmo estrago daquele que atingiu a Terra
65 milhões de anos atrás?
219. Somos o meteoro de nós próprios?
65
11.3 Utopia: Como sonhar A revolução industrial transformou as especulações
literárias da renascença no sonho possível de utopias: fora aquela gerada do capitalismo pela evolução no mercado ou aquela construída pelo planejamento socialista. A realidade do século XXI mostrou que as duas formas de utopia fracassaram. A riqueza no capitalismo desequilibra a ecologia e aumenta a desigualdade e o vazio existencial, igualdade no socialismo limita a liberdade a não abole a pobreza e não satisfaz existencialmente.
Adota-se por isto a idéia do fim da história e a aceitação da tragédia civilizatória. Mas, a humanidade pode fazer ressurgir, redesenhando a possibilidade da utopia: não há mais a igualdade plena sem liberdade, mas a liberdade com desigualdade moderada; não mais a revolução por meio da política, mas pela garantia de acesso igual a educação, a saúde e no meio ambiente; não mais a desapropriação do capital, mas o limite ecológico ao consumo; não mais a promessa de riqueza para todos, mas garantia da abolição da necessidade essenciais para todos.
Perguntas:
220. A humanidade ainda precisa e pode sonhar como
utopia?
Space of tolerated inequality, established by individual talent and
persistence
Space of superfluous consumptionto be prevented by regulations
of environmental protection
Space of social exclusion to be prevented by social policies
Social protection net
Social ascension ladder
Limits to necessary consumption
66
221. A nova utopia deve se baseada ainda na economia ou
na educação?
222. Igualdade ou liberdade deve ser o principal objetivo
da utopia?
223. É possível liberdade com atendimento de
necessidades essenciais para todos?
224. É possível igualdade plena com liberdade?
225. Há razões novas para justificar a igualdade plena do
consumo?
67
11.4 Tempo: o que fazer com ele
Até a revolução industrial, os seres humanos eram prisioneiros da falta de consumo; depois, passaram a ser escravos do consumo. Duzentos anos depois, parte da humanidade permanece escrava da falta de consumo e outra parte prisioneira do consumo. Ambos grupos escravizados. Os prisioneiros da falta de consumo porque o tempo de cada um é gasto na luta pela sobrevivência, no trabalho apenas para sobreviver, muitas vezes no desemprego. Os outros trabalhando mais do que seria necessário, apenas para conseguir pagar dividas contraídas para poderem consumir mais. A humanidade do futuro não pode se contentar na aceitação da vida de escravos por falta de consumo, mas tampouco na ilusão da falsa abolição da escravidão por meio da escravidão a voracidade do consumo.
Perguntas:
226. Como subordinar o uso do tempo para financiar o consumo ao uso do tempo livre para atividades lúdicas?
227. Como subordinar a economia aos interesses de liberdade de cada pessoa no seu dia a dia?
68
11.5 Valores morais: como evoluir
Ao longo dos séculos, houve uma evolução de muitos
valores morais. No século XX, especialmente o direito das
”minorias” foi um avanço humanista no respeito às mulheres,
aos homossexuais, às etnias. E começa a surgir o direito das
futuras gerações usufruírem do patrimônio natural. Ao mesmo
tempo, não houve avanço na criminalização da desigualdade
social, no crime ecológico, nos crimes do sistema financeiro. A
globalização está criando novos valores morais na defesa de
interresses nacionais, do uso de biotecnologia manipulando a
vida, como escolha: do sexo do embrião, manutenção artificial
da vida, uso da robótica na construção do corpo e do cérebro,
indução de mutação biológica.
Perguntas?
228. Como construir um marco de novos valores morais para definir as relações entre os seres humanos e destes com o resto da natureza e das futuras gerações?
229. Como ampliar o conceito de crimes contra a humanidade para incluir os crimes do desenvolvimento econômico perverso?
69
11.6 Ideologia: quais serão
Depois da inesperada queda do Muro de Berlim, passou-se a
acreditar no “Fim da História” e “Fim das Ideologias”. O sucesso
do capitalismo / -global-consumista-tecnocratizado construiu a
ideia de que o mundo não precisava mais ideais – no sentido de
guia ideológico propondo utopias para o futuro. As sucessivas
crises do sistema financeiro e econômico dos últimos anos
trouxe outra vez a necessidade de sonhos e portanto de
ideologias. Mas, de um tipo diferente daquelas que
prevaleceram ao longo dos séculos XIX e XX, que estavam
prisioneiras dentro da economia e que se diferenciavam e
polemizavam sobretudo em propriedade dos meios de produção
e qual papel do Estado. As novas ideologias precisam ser mais
abrangentes do que o tema de economia, abraçar todos os
aspectos da civilização, e precisam se distanciar da preocupação
com a propriedade dos tradicionais meios de produção estatal
ou privado e considerar a destruição ampla do principal novo
meio de produção que é o conhecimento, e deve definir relação
correta não apenas entre seres humanos, mas também deste
com o resto da natureza.
Perguntas?
230. Porque os “isumos” do século XX fracassaram?
231. Quais as bases de uma nova utopia?
232. Como redefinir progresso, igualdade, liberdade?
233. Como construir uma teoria do valor que considere os
bens intangíveis da cultura e a natureza?
70
XII Civilização
12.1 Civilização: para onde ir
Não há dúvida que a humanidade deu grandes passos civilizatórios: há mais conforto, menos necessidades básicas, um aumento no número de coisas belas e o conhecimento da verdade. Se analisarmos civilização como aumento da convivencialidade, como menor temor do futuro, a civilização regrediu; se comparamos o uso (não a concepção) entre um arco e flexa e uma bomba atômica, a civilização degenerou. O mundo está aterrorizado com o terrorismo político, com as vulnerabilidades que surgem da inter-conectividade – comercial, migratória e digital – a convivência entre pessoas nas cidades e entre etnias tem se reduzido. Poder-se-ia dizer que a civilização como substantiva da sociedade avançou, mas ficou menos civilizada (como adjetivo social).
Perguntas:
234. Como definir civilização? 235. Como quebrar o sentimento ainda prevalecente, de a
que a humanidade sempre avança para melhor? 236. Como avançar a convivencialidade entre as pessoas,
as etinias, as nações? 237. Como reduzir o medo? 238. O que define grau de superioridade e evolução de
uma civilização? 239. O que leva a civilização ao colapso? 240. Como incorporar a natureza como parte do processo
civilizatório?
71
12.2 Metamorfose civilizatória: como fazer A mudança de rumo da civilização em direção ao futuro
onde todos estejam incluídos e a natureza seja respeitada, em harmonia social e ecológica, já não pode ser realizada com base nas revoluções testadas ao longo dos últimos séculos. Não se trata apenas de revolução, mas de uma metamorfose do atual modelo, para um novo padrão. Isto passa por uma mudança de mentalidade. O caminho está, portanto, na educação, especialmente das crianças e jovens.
Perguntas:
241. Como fazer um Plano Marshall Global para a Educação, que assegure educação com qualidade para todas as crianças do mundo oferecendo-lhes as mesmas oportunidades?
242. Como redefinir o conceito de riqueza e inverter a lógica: riqueza no lixo, fonte de energia no Sol sobre o Saara, potencial produtivo nas mãos dos desempregados?
243. Qual educação permitirá a mudança de mentalidade dos futuros adultos?
244. Como utilizar os mais modernos equipamentos pedagógicos, inclusive os novos conhecimentos da neurociência, sem afetar o âmago dos sentimentos que caracterizam o humanismo?
245. Como sair da sociedade do-ter para a sociedade do-
usar como forma de construir a sociedade do-ser?
72
12.3 Novo Humanismo: Como definir As humanidades nasceram na meia idade média como uma
volta às ideias do passado Greco-romano. O humanismo nasce no final da idade média, com o Renascimento, ainda que o termo possa ter esperado para só surgir no século XIX. O conceito e termo novo-humanismo, surge agora voltando para o futuro global, na formatação do projeto da civilização a ser construída pelo homo-global de nossos tempos.
A metamorfose civilizatória vai exigir a criação de um novo humanismo, como propôs a Sra. Irina Bukova, da Unesco no qual a harmonia prevaleça sobre o crescimento, a liberdade tolere a desigualdade na renda e no consumo, mas assegure igualdade no acesso aos serviços de saúde e de educação e a escola de qualidade equivalente para todos sirva com uma escada de ascensão, onde todos passam a evoluir de acordo com o talento, a persistência e a vocação. Este novo humanismo precisará basear-se na visão complexa, no lugar do simplismo da lógica tradicional, respeitando a diversidade, redefinindo riqueza.
Perguntas:
246. Como evoluir do pensamento lógico ao pensamento complexo?
247. Como definir riqueza? 248. Como implantar limites ecológicos para o consumo? 249. Quais instrumentos sociais para construir o limite
social abaixo do qual nenhum ser humano ficará excluído do acesso ao atendimento das necessidades básicas?
73
12.4 Retórica: como apresentar o caminho de um novo humanismo. Nas últimas décadas, dezenas de documentos vêm sendo assinados por governos, como resultado de Reuniões de Cúpula. Desde a Declaração dos Direitos do Humanos, das NNUU, caracterizado por um sentimento relacionado à convivência humana, os documentos internacionais foram decaindo na linguagem burocrática de acomodações para atender as reivindicações de cada governo e de cada grupo: perderam poesia, ficaram tecnocráticas, aborrecidas, sem capacidade de tocar na imaginação das pessoas especialmente dos jovens. O documento a ser emitido no Rio, em junho de 2012, corre o risco de ser mais um fraco texto da burocracia diplomática atendendo interesses imediatos, ou de ser um representante as vezes que chegam do futuro para humanidade.
Perguntas:
250. Como escrever um texto que sensibilize a opinião pública mundial e aponte o rumo para o futuro?
74
Senador Cristovam Buarque Ala Teotônio Vilela, Gabinete 10,
Anexo II - Senado Federal 70165-900 - Brasília, DF
Fones: (61) 3303-2281, fax (61) 3303-2874 [email protected]
www.cristovam.org.br