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TV Gazeta-ES | 2016 | ANO 02 Desafios e alternativas para a competitividade da economia capixaba

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TV Gazeta-ES | 2016 | ANO 02

Desafios e alternativas para a competitividade da economia capixaba

Carlos Fernando lindenberg netodiretor geral da rede gazeta

A essência da Rede Gazeta

Ser protagonista do desenvolvimento do Espírito Santo está na essência da Rede Gazeta. O engajamento nas

lutas da sociedade capixaba faz parte do nosso compromisso na busca de um futuro melhor. Este propósito norteia a produção das reportagens dos nossos veículos de comunicação e a criação de projetos, como o ES Competitivo, que têm como objetivo contribuir para a melhoria do ambiente de negócios e da qualidade de vida da nossa comunidade. O ES Competitivo 2016 está inserido nesse contexto: mobilizar os segmentos organizados da sociedade e estimular o de-bate sobre a construção do futuro desejado são os seus objetivos. O Brasil atravessa a maior crise eco-nômica de todos os tempos. O cenário de degradação das finanças públicas se espalha por todo o país, em todos os níveis da fe-deração. Serão necessários muitos anos de duros ajustes para retornarmos ao quadro de equilíbrio conquistado após o Plano Real.

Nesse cenário, o tema da competitivi-dade regional ocupa lugar estratégico no momento de retomada pós-crise. O Espírito Santo deve se preparar para aproveitar ao máximo seus diferenciais competitivos, agora realçados pelo protagonismo que estamos vivendo no panorama nacional pela boa gestão das finanças públicas estaduais. Isso é fator decisivo na atração de bons investimentos. A missão da Rede Gazeta é ajudar as pessoas a viver melhor, oferecendo serviços úteis, relevantes e confiáveis de informação, cultura e entretenimento, e estimular ações visando o desenvolvimento da economia, da cidadania e da sociedade. Ao realizar o ES Competitivo 2016, e consolidar, neste documento, as conclusões extraídas da participação da sociedade, acreditamos estar, mais uma vez, cumprindo a nossa missão e reafirmando a convicção de que, somando forças, somos capazes de construir um futuro melhor para as futuras gerações. s

Editorial

“A missão da Rede Gazeta é ajudar as pessoas a viver melhor, oferecendo

serviços úteis, relevantes e confiáveis de informação, cultura e entretenimento,

e estimular ações visando o desenvolvimento da economia, da

cidadania e da sociedade.”

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Opinião

Paulo HaRTuNG • governador do estado do espírito santo

Desafios à competitividade

Nas últimas décadas, o processo de globalização ganhou impulso inaudito com a utilização maciça das tecnolo-

gias digitais de informação e comunicação. Em termos de trocas articuladas por processos comunicacionais, como as operações de ne-gócios, por exemplo, o planeta se tornou uma “aldeia global”. Essa realidade oferece muitas oportuni-dades potentes e inéditas, mas igualmente coloca desafios graves e novos. Ou seja, se temos a globalização das oportunidades, te-mos também a mundialização da competição entre os agentes econômicos. Nesse cenário, a competição se torna um padrão nas relações produtivas, indo das cidades, passando por Estados, regiões, pa-íses, blocos e chegando aos continentes. E aqui surge a demanda também inédita de um atributo crucial na contemporaneidade, a competitividade. Segundo os dicionários, a competitividade é a “qua-lidade do que ou de quem é competitivo”. Ser competitivo hoje engloba uma série de atri-butos. Falando em termos de Brasil, e mais especificamente do Espírito Santo, vou destacar três pontos nos quais temos de investir o melhor de nossos esforços, seja como Governo, seja como setor produtivo, seja como sociedade em geral. O primeiro deles, e mais fundamental ten-do em vista a centralidade do capital humano, é a educação básica. Na “era do conhecimento”, a instrução de qualidade é um fundamento decisivo para a inserção competitiva no mun-do globalizado. O Brasil precisa investir com foco estratégico nos ensinos Fundamental e Médio. É pelo investimento na base que se constitui um alicerce robusto e preparado para os embates e as oportunidades do hoje.

Temos também a missão, como nação, de investirmos em infraestrutura econômica, fator que se apresenta como um grave gargalo ao nosso desenvolvimento competitivo. No caso do Espírito Santo, que conta com uma posição geográfica estratégica, resta trabalhar muito para ampliar e qualificar nossas rodo-vias, ferrovias, aeroportos, portos, sistemas de energia e plataformas de transmissão de dados e telecomunicações. E temos, ainda, a demanda pela consti-tuição de um eficiente e transparente marco regulatório que permita a atração de capital privado para viabilizar obras e serviços es-pecíficos, algo que o poder público sozinho não tem condições de fazer no ritmo e na quantidade de que necessitamos. Além disso, precisamos estabelecer um ambiente ins-titucional de credibilidade e confiabilidade, incluindo a regulação profissionalizada das

parcerias e concessões es-tabelecidas. Quero finalizar, registrando meus cumprimentos à Rede Gazeta pela segunda edição do Espírito Santo Competitivo, exatamente neste momen-to em que o País e o mundo

passam por momentos tão turbulentos e dinâmicos. Sempre é preciso agir estrate-gicamente, ainda mais em tempos de tra-vessia desafiante. Assim, tendo em vista o hoje e o amanhã, conclamo que a competividade se transforme numa meta mobilizadora de todos os capixabas.s

Conclamo que a competividade se transforme numa meta mobilizadora de todos os capixabas.

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SumárioSumário

A essência da Rede Gazeta

Editorial

03ES Competitivo Linhares

Os caminhos para aumentara competitividade do Espírito Santo10

ES Competitivo Colatina

Equilíbrio fiscal e governança: como fechar a conta?12

ES Competitivo Cachoeiro de Itapemirim

Inovação e Tecnologia: a base da competitividade no mundo digital globalizado

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Artigos

O Estado como organizador do desenvolvimento25Hub portuário capixaba: um espaço síntese de estratégias de desenvolvimento regional26Aumento da expectativa de vida e redução da força de trabalho: os desafios da previdência36

Gestão eficiente, nosso remédio para a crise37

Em tempos de crise, novas soluções45

46 Sustentabilidade x Competitividade

47 Competitividade econômica: fator de desenvolvimento para uma sociedade

Jornalista responsável: José Carlos CorrêaFotografias: Renato VicentiniTexto: Mile4 Assessoria de Comunicação - 3205-1004Editoração: Comunicação Impressa - 3319-9062Impressão: Gráfica GSA

Diretor Geral: Carlos Lindenberg Neto • Diretora Desenvolvimento Institucional: Letícia Lindenberg Diretor Executivo de Televisão G1/GE: Celso André Guerra Pinto • Diretor Regional Norte e Noroeste: Carlos Eduardo Pena Diretora Regional Sul: Maria Helena Vargas de Azevedo • Diretor Corporativo de Jornalismo: Abdo Chequer Bou-Habib Gerente Comercial TV Gazeta: Fernando Bohn Geller • Gerente de Marketing: Bruno Araújo Pereira • Analista de Comunicação: Deisy Pimentel Nespoli • Analista de Produto: Bruno Lyra • Jornalistas Mediadores: Mario Augusto da Silva Bonella e Tatiane Braga • Gerente de Relações Institucionais: Luciane Ventura • Editor Chefe Telejornalismo G1/GE: André Luiz de Faria Junqueira • Editor Chefe Redação Multimídia: André Hees de Carvalho • Editora Executiva da Redação Multimídia: Fernanda de Queiroz Castro Mocelin

Projeto de Marketing TV Gazeta-ES | 2016

O que os participantes falam sobre o ES Competitivo

Depoimentos16

Competitivo, sim!O Projeto08

Desafios à competitividadeOpinião05

Infraestrutura e Logística – Desafios e OportunidadesInvestir em infraestrutura:vital para a retomada econômica18

Equilíbrio Fiscal e Governança

Gestão pública eficiente para equilibrar as contas28Inovação e Tecnologia

Visão de futuro, tecnologia e inovação para embarcar na‘Economia 4.0 – a nova Revolução Industrial’38

Foto: Bernardo Coutinho

Fico imaginando um cenário em que empresários nacio-nais, em enorme proporção

baseados no Centro-Sul brasi-leiro, descobrem a oportunidade e benefícios de se reposicionar geograficamente para colher os frutos dos novos mercados emergentes do Nordeste e Cen-tro-Oeste brasileiro. Vejo também novos investidores atraídos pelo enorme potencial que representa o mercado brasileiro de hoje ou do futuro próximo buscando alter-nativas para entrar no país se be-

O Projeto

Competitivo, sim!

neficiando de preços depreciados dos ativos nacionais em meio a esta feroz crise que devora nossa capacidade produtiva e de gera-ção de renda. Muitas barganhas para quem é remunerado a taxas internacionais extremamente bai-xas, mas contidas pela delicadeza dos quadros político e econômico nacionais do momento. Em ambos os casos, em fun-ção de sua centralidade, vocação portuária, conjunto de benefícios fiscais e governança pública des-tacadamente mais eficiente no

cenário nacional, o Espírito Santo surge como uma opção natural de investigação para ancoragem do novo empreendimento. Contu-do, colocada a lupa das planilhas e planos, surgem as provas da eficiência logística, qualidade da mão de obra, qualidade insti-tucional e suas repercussões no ambiente de negócios, capacidade sistêmica de geração de novas tecnologias e inovação e, final-mente, mecanismos facilitadores e de fomento ao investimento. Será que passamos nas provas? Será

Foto: Gabriel Lordêllo

Foto: Gabriel Lordêllo

o Projeto es Competitivo mescla a visão de especialistas e autoridades, locais e nacionais, de forma a trazer novas visões e estimular os arranjos regionais

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visão de especialistas e autorida-des, locais e nacionais, de forma a trazer novas visões e estimular os arranjos regionais. As pau-tas deste ano trouxeram não só a oportunidade de discutir questões “quentes” como equilíbrio fiscal, oportunidades de investimento em concessões e parcerias pú-blico-privadas, como também a nova economia do conhecimento e o aparelhamento de pequenas e médias empresas no mundo das novas tecnologias e inovação. A Rede Gazeta, através de iniciativa da TV Gazeta, procu-ra dar ampla visibilidade a estas discussões em seu noticiário, prin-

cipalmente através do Bom Dia Espírito Santo, Jornal A Gazeta e rádio CBN, inclusive abordando e expondo novas opiniões e visões. Acreditamos que, assim, estamos exercendo nosso papel de instiga-ção do bom pensamento capixaba, envolvendo nossa sociedade no pensar de seu futuro e contribuin-do, junto com os parceiros do pro-jeto, para que construamos juntos um Espírito Santo cada vez mais competitivo, que proporcione mais oportunidades a quem aqui habita e investe, e que seja reconhecido no cenário nacional como uma referência de desenvolvimento e qualidade de vida. s

Celso guerra diretor-executivo da tV gazeta

que, roubando da fábula dos cor-redores e do leão, estaremos mais aptos que nossos concorrentes para atração destes investimen-tos? Pelo segundo ano, o projeto ES Competitivo busca alinhar um debate sobre estes temas em se-minários realizados em Cachoeiro de Itapemirim, Linhares e Cola-tina, e finalizando em Vitória, onde as principais conclusões e propostas são expostas. Nos debates, procuramos mesclar a

As pautas deste ano trouxeram não só a oportunidade de discutir questões “quentes” como equilíbrio fiscal, oportunidades de investimento em concessões e parcerias público-privadas, como também a nova economia do conhecimento e o aparelhamento de pequenas e médias empresas no mundo das novas tecnologias e inovação.

Foto: Edson Chagas

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ES Competitivo Linhares

Os caminhos para aumentar a competitividade do

Espírito Santo

Nesse primeiro encontro fo-ram debatidos três temas: “Infra-estrutura e logística: desafios e oportunidades”, apresentado pelo secretário estadual de Desenvol-vimento, José Eduardo Azevedo; “Sistema portuário: eficiência e perspectivas”, apresentado pelo presidente da Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa), Luiz Cláudio Santana Montenegro, e

pelo gerente Geral de Logísti-ca da ArcelorMittal, Alexandre Kalil; e “Concessões e PPPs (Parcerias Público-Privadas)”, abordado pelo professor de Economia da Fundação Getúlio Vargas, Gesner Oliveira. Como debatedores estiveram presentes o diretor da Federação das Indús-trias do Espírito Santo (Findes) e vice-presidente institucional do movimento empresarial Espírito Santo em Ação, Leonardo de Castro, e o presidente da Agência Reguladora de Águas do Espírito Santo, Antônio Júlio Castiglioni Neto. Para o diretor da Rede Ga-zeta Regional Norte e No-roeste, Carlos Eduardo

Paulo Hartung, governador do espírito santo

Carlos eduardo Pena, diretor da rede gazeta regional norte e noroeste

temas como infraestrutura e logística, sistema portuário, concessões e PPPs nortearam os debates no município

“Acho que a marca desse programa, “ES Com-petitivo”, precisa se

tornar a marca do nosso Espírito Santo, e uma meta mobilizadora para o povo capixaba”, afirmou o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, no primeiro en-contro do ES Competitivo, rea-lizado no município de Linhares, em 25 de outubro, no Days Inn Hotel. O projeto chega ao seu segundo ano buscando identificar e convergir ideias e estratégias capazes de tornar o Estado mais competitivo, com foco no atual cenário econômico do país.

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ES COmPETITIvO LInhARES

Data: 25/10/2016Local: Espaço de eventos do Days Inn HotelPalestrante: secretário de Estado de Desenvolvimento, José Eduardo Faria de Azevedo Painelistas: diretor-presidente da Companhia Docas do Espírito Santo, Luiz Cláudio Santana Montenegro; gerente Geral de Logística da ArcelorMittal, Alexandre Kalil; professor de Economia da FGV São Paulo, Gesner Oliveira; vice-presidente institucional do movimento empresarial Espírito Santo em Ação e diretor da Findes, Leonardo de Castro, e presidente da Agência Reguladora de Águas do Espírito Santo, Antônio Júlio Castiglioni Neto.

Pena, o ES Competitivo promove um amplo debate, compartilhan-do informações e conhecimen-tos. “Essa iniciativa nos ajuda, nos fortalece e nos torna mais competitivos nesse mercado tão complexo que temos hoje”, afir-mou. Um mundo sem fronteiras e integrado que, conforme disse a secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, “não nos dá o direito de errar”, reforçou Pena. O governador Paulo Har-tung, em sua fala na abertura do evento, disse que, para o Estado

ampliar sua competitividade no mercado é preciso estar atento para dois elementos fundamen-tais: a educação básica e a infra-estrutura. “A educação básica é necessária para a formação de ‘capital humano’ e temos a Escola Viva, que dialoga com esse tempo que estamos vivendo hoje”, disse. Sobre a infraestrutu-ra, ele destaca a necessidade de melhorar as rodovias, os ramais

gesner oliveira, professor de economia da Fundação getúlio Vargas

luis Cláudio santana Montenegro, diretor-presidente da Codesa

ferroviários, os aeroportos e os portos. E acrescenta: “o que es-tamos precisando aqui é de que o investimento privado ganhe coragem de investir em infraes-trutura e, para isso, precisamos ter uma ambiência jurídica está-vel”, afirmou. Na avaliação do secretário de Estado de Desenvolvimento, José Eduardo Azevedo, “a in-fraestrutura é um dos elementos principais na questão da com-petitividade” e o setor portuário merece atenção especial por ser “a âncora principal da logísti-ca”. Esse conceito foi reforçado pelo presidente da Codesa, Luiz Cláudio Montenegro, que expli-cou que a estrutura dos portos capixabas comporta um volume maior de atividades e que Bar-ra do Riacho pode se tornar um grande terminal portuário. s

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ES Competitivo Colatina

Equilíbrio fiscal e governança: como

fechar a conta?

“Para o Brasil voltar a crescer e a gerar em-pregos, é fundamental

retornar o equilíbrio fiscal, e para que nós possamos reorganizar as contas públicas, a previdên-cia é sem dúvida o nosso maior desafio”, disse o secretário de Estado da Economia e Planeja-mento, Regis Mattos Teixeira, durante o segundo encontro do ES Competitivo. Realizado em Colatina, no auditório da Mitra Diocesana, em 08 de novembro, o evento teve como tema principal “Equilíbrio fiscal e governança: como fechar

a conta?” e foi prestigiado pelo governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, lideranças polí-ticas da cidade e região, além de representantes do setor produtivo regional. Na abertura, o diretor execu-tivo da Rede Gazeta, Celso Guer-ra, explicou que as propostas do ES Competitivo, neste momento de complexidades que o país atravessa, buscam encontrar ca-minhos e mapear convergências para tornar o Espírito Santo mais competitivo. O governador Paulo Hartung abordou temas relevantes, como

o cenário atual da saúde. “Esta-mos dando um choque gerencial brutal na saúde. Mas esse não é um desafio pequeno”, afirmou, relatando que mais que os 12% de obrigação constitucional, o

Francisco José dias, gerente de Planejamento da sesa

Para conter o déficit da previdência e manter o funcionamento da saúde pública, com cada vez menos recursos da união, são exigidas medidas de gestão eficientes

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ES COmPETITIvO COLATInA

Data: 8/11/2016Local: Auditório da Mitra DiocesanaPalestrantes: secretário estadual de Economia e Planejamento, Regis Mattos Teixeira, e o gerente de Planejamento e Desenvolvimento da Secretaria de Estado da Saúde, médico sanitarista Francisco José Dias da Silva.

regis Mattos teixeira, secretário de estado de economia

e Planejamento

Estado investiu em saúde 19,2% de seus recursos nesta área, no mês de setembro. Ele também de-fendeu a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) dos gastos públicos, lembrando que o ajuste fiscal do Estado é elogiado Brasil afora, e em comparação ao qual, “a PEC é café pequeno”. Já o secretário Regis Teixei-ra disse que tornar a previdência sustentável é uma tarefa inadiá-vel, para evitar o que chamou de “explosão do déficit previdenci-

ário”, como aconteceu recente-mente na Grécia. “O diálogo que temos que ter com a sociedade é o de que estamos caminhando com o sistema previdenciário nesta mesma direção, mas ainda podemos evitar isso. É nisso que temos que trabalhar”, afirmou. Segundo ele, enquanto a previsão do déficit acumulado

do sistema previdenciário para 2016 é de R$ 300 bilhões, no Espírito Santo, o Fundo Finan-ceiro, que abrange cerca de 30 mil aposentados, está gerando um déficit anual em evolução, que em 2015 foi de R$ 1,4 bi-lhão. Para conter esses déficits, assegurou, o caminho é a reforma da previdência. No encontro com o empre-sariado de Colatina e região, o gerente de Planejamento e De-senvolvimento Institucionais da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), Francisco José Dias da Silva, chamou a atenção para a necessidade de ações eficientes em gestão, apontando várias iniciativas do governo, como a regionalização do atendimento de saúde. “No momento de crise em que estamos, o maior desafio que se tem na administração públi-ca, particularmente na saúde, é garantir o funcionamento pleno dos serviços, buscando todas as medidas de eficiência possí-veis”, disse. E completou: “com a regionalização, começamos a falar em escala suficiente para pensar em atenção integral de saúde, em atenção primária”. s

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ES Competitivo Cachoeiro de Itapemirim

Inovação e Tecnologia: a base da competitividade no mundo

digital globalizadoPara concorrer no mercado em nível regional, no país e no mundo, o empreendedor deve buscar recursos tecnológicos e inovação para ganhar escala e preços competitivos

“E stamos hoje na eco-nomia 4.0, um mundo da internet das coisas,

um mundo veloz, um mundo mais inteligente, mais dinâmico em que a competição se esta-belece em outros níveis”, disse o professor da Fundação Dom Cabral, Leonardo Araújo, em

do prefeito da cidade, Carlos Casteglione, outras lideranças políticas, empresários e repre-sentantes de organizações do setor produtivo regional. Nas palestras e painéis so-bre os temas “Inovação e Tecno-logia”, “Acesso e internalização de novas tecnologias – Pequenas e médias empresas” e “A nova economia: do digital ao criati-vo” ficou claro que a ‘revolução digital’ vem mudando o mundo e conceitos tradicionais de ne-gócios e empresas. “Estamos vivendo uma si-tuação muito peculiar na eco-nomia, tanto no país quanto no Estado, e mais do que nunca precisamos incentivar a inova-ção, buscar novas formas de compreender e realizar o que vimos realizando. E esta iniciati-va do ES Competitivo traz isso, tendo também a tônica da parce-ria entre o público e o privado e

sua palestra sobre “Inovação e Tecnologia”, fechando o circuito de workshops do ES Competiti-vo, em Cachoeiro de Itapemirim, no dia 25 de novembro. O encontro lotou o auditó-rio do Sest/Senat e contou com a presença do governador do Espírito Santo, Paulo Hartung,

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ES COmPETITIvO CAChOEIRO DE ITAPEmIRIm

Data: 25 de novembro de 2016Local: Auditório do Sest/SenatPalestrantes: Leonardo Araújo, professor da Fundação Dom Cabral; Durval Vieira de Freitas, presidente do Centro Capixaba de Desenvolvimento Metalmecânico (CDMEC); Renzo Colnago, diretor-presidente do Prodest; José Eduardo Azevedo, secretário de Estado de Desenvolvimento.

instituições para unirmos forças, vencermos os obstáculos e sair-mos deles mais fortalecidos”, comentou a diretora Regional da Rede Gazeta e presidente do Movimento Empresarial do Sul do Espírito Santo, Maria Helena Vargas. “Será que estamos de fato acompanhando tudo o que está acontecendo? Temos uma visão clara do que vem pela frente? Estamos começando a construir o futuro hoje?”. Os questiona-mentos foram feitos pelo pro-fessor Leonardo Araújo, que chamou a atenção para o avanço da ‘Economia 4.0’, ou quarta Revolução Industrial, baseada na tecnologia móvel. Para ele, ter uma visão clara de futuro e

investir em tecnologia e inova-ção são fundamentais para que se possa posicionar, antecipar ou acompanhar as transformações e oportunidades que estão sur-gindo, especialmente em relação às pequenas empresas. Essa avaliação foi comparti-lhada pelo presidente do Prodest, Renzo Colnago, que afirmou não ter dúvida de que “a tecnologia é a bola da vez e sempre existe uma possibilidade de digitalizar o negócio”. Citando casos de mudan-ças de conceitos empresariais, o presidente do Centro Capixaba de Desenvolvimento Metalme-cânico (CDMEC), Durval de Freitas, observou: “a maior em-presa de táxi no mundo, o Uber, não possui nenhum veículo na

sua frota e a maior empresa de mídia do mundo, o Facebook, não produz nenhum conteúdo”. Em sua apresentação, o governador Paulo Hartung sur-preendeu os participantes ao anunciar, em primeira mão, a possibilidade ‘real’ da constru-ção de uma ferrovia que pode-rá alavancar os novos projetos portuários. “O governo federal está topando. Na renovação da concessão da Vitória a Minas, ao invés de receber em dinheiro, se receberá na construção de um ramal ferroviário que saia de Vitória até a divisa com o Rio de Janeiro. Estou lutando muito por isso e, se conseguir, nós ar-ranjamos a âncora para aportar o novo ciclo de desenvolvimento no Sul do Estado, nossa terra”, revelou. s

Maria Helena Vargas, diretora regional da rede gazeta

durval de Freitas, engenheiro industrial-mecânico e presidente do CdMeC

renzo Colnago, diretor-presidente do Prodest

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Depoimentos

Geraldo MagelaPresidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Espírito Santo (CDL)“Considero o Projeto ES Competitivo de extrema importância para o Espírito Santo. Trazer debates com a relevância das pautas propostas e reunir a classe empresarial e o poder público numa discussão aprofundada como esta representa, sem dúvida, o melhor caminho para o desenvolvimento do Estado. Destaco, ainda, a interiorização desse projeto, oportunizando empreendedores de vários municípios se incluírem nessa iniciativa, bem como a preocupação em trazer à tona pontos igualmente fundamentais para o crescimento da nossa economia, como a sustentabilidade”.

Manoel Antônio GiacomimVice-presidente Regional da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) “A discussão no Projeto ES Competitivo em torno do equilíbrio fiscal com a iniciativa privada contribui para que a gente possa trabalhar dentro de uma condição financeira em que todos os nossos negócios tenham sobrevivência. O que estamos ouvindo aqui é de suma importância porque se nada foi feito, logo, ao se aposentar, a pessoa não terá como receber. Então tem que se avaliar bem essa situação, pensar na realidade e apoiar as mudanças para que possamos ter uma garantia de recebimentos”.

Tales Pena MachadoPresidente do Sindicato de Rochas Ornamentais (Sindirochas) e do Sicoob Credirochas “Fiquei muito otimista com o tema (Inovação e Tecnologia) para trazer informações aos empresários daqui da região. Estamos passando por um momento difícil na economia e essa é a hora em que o empresário tem que olhar pra dentro, trabalhar em cima da otimização, investir em novas tecnologias para produzir o mesmo e até mais, mas com mais qualidade e menos custos. Então, achei o tema muito apropriado para o momento e muito importante para a região”.

Adalto LemosVice-presidente da Associação Empresarial de Colatina e Região (Assedic) e diretor do Centro Universitário Uninter de Colatina “Aqui tomamos conhecimento de muitas informações como o déficit na previdência pública. E temos muitos questionamentos como o que, efetivamente, está sendo feito para se reverter esse cenário e investir em infraestrutura e melhoria da saúde e dos cuidados da população. Precisamos de mais eventos como este e com frequência. Que a Rede Gazeta sirva de exemplo para outras organizações movimentarem eventos que mobilizem a população e deem a ela oportunidade de participar mais efetivamente das decisões”.

Foto: Hissao

O ES Competitivo realizou seminários em Colatina, Linhares e Cachoeiro de Itapemirim. Veja o que os participantes falaram sobre o projeto.

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Luiz RigoniPresidente da Móveis Rimo“Vejo esse encontro do ES Competitivo como de grande importância. Quando o governador do Estado e vários dos seus secretários se dispõem a vir à nossa cidade para conversar e expor uma realidade, esse é realmente um fato muito importante. Estamos certos de que a falta de diálogo não leva a lugar algum. Vemos esse como um projeto muito rico e com certeza teremos benefícios com esses encontros”.

Luiz Carlos Bicalho NemerAdvogado, empresário de mineração“Este trabalho que está sendo feito pela Rede Gazeta é da maior importância não só pelo momento econômico que o país está vivendo hoje, mas também pela necessidade das empresas evoluírem, inovando a cada dia para que possam ter a sustentabilidade no mercado e se manter. Este evento é de grande importância e valor para as empresas. Também tem uma presença muito boa porque os empresários estão entendendo que precisam buscar novos conhecimentos, novas oportunidades e partir para novos desafios para que possam vencer esse momento difícil que o mercado está vivendo”.

Jersílio CyprianoEmpresário do transporte coletivo, diretor de Transportes da Região Sul do Setpes“O Brasil vive um momento de muita incerteza em que o empresariado está na berlinda, não sabe bem que rumo que irá tomar nem como aplicar seus investimentos, e acho que esta iniciativa em muito contribuirá para dar rumo aos nossos negócios que às vezes não vão muito bem e nos deixam em certo grau de vulnerabilidade. Eventos como esse nos dão esperança, afinal, a gente percebe que as grandes corporações comerciais e industriais estão, em função dessa crise, quase que em condição falimentar. Assim, esses eventos trazem oxigênio para tomarmos rumos e termos novas perspectivas”.

José Antônio Bof BuffonDiretor-Presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes)“A competitividade e a eficiência são questões que dependem de todo mundo, e não só da empresa, do governo ou da diversidade. Na verdade, depende de todo mundo que pode contribuir e deve contribuir. Quando coloca em pauta essa discussão, a Gazeta está lembrando às pessoas que isso é um desafio permanente. Por meio de seus interlocutores, dos palestrantes, ela também aponta canais, uma pauta, uma agenda que tem que ser assumida, enfrentada tanto pelo setor público quanto pelas empresas privadas e pelas instituições privadas como as federações e os sindicatos, e isso é muito importante. Se pegarmos casos de sucesso de um Estado, um país, uma cidade que tenha se desenvolvido e seja competitivo, veremos que isso aconteceu por alguma razão. Então, é importante quando um órgão de imprensa pauta isso na sociedade e evidencia a necessidade das pessoas refletirem sobre o assunto”.

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Infraestrutura e Logística – Desafios e Oportunidades

Investir em infraestrutura: vital para a retomada

econômicaa infraestrutura é uma das principais vertentes para a retomada do desenvolvimento e as concessões e PPPs se mostram como a grande oportunidade deste momento

“A infraestrutura se co-loca como uma das principais vertentes

para a retomada de uma agen-da de desenvolvimento para o nosso país. Acho que é dessa forma que precisa ser encarada”. A afirmação é do secretário de Estado do Desenvolvimento, José Eduardo Faria de Azevedo, em sua palestra sobre “Infraestrutura

e logística: Desafios e Oportu-nidades”. Para José Eduardo, a infra-estrutura é um dos elementos principais na questão da com-petitividade. “Ela tem um as-pecto relevante que é o de criar condições mais favoráveis para o empreendedorismo, de gerar ganhos de produtividade e de custos em todos os setores”,

disse, complementando que a infraestrutura já é, em si, uma grande geradora de emprego, renda e oportunidades. “Vivemos um momento de grande oportunidade, um mo-mento de muita demanda repri-mida, que é o sonho do empre-sário”, apontou o professor de Economia da Fundação Getúlio Vargas, Gesner Oliveira. Ele

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A tragédia dos gargalos da infraestrutura é, ao mesmo tempo, a grande oportunidade para se chegar ao salto da infraestrutura.

Gesner Oliveira, professor de Economia

O setor portuário é a âncora principal da logística. É a partir do porto que se organiza a infraestrutura para a competitividade.

José Eduardo Azevedo, secretário estadual de

Desenvolvimento

apresentou um quadro de dados da economia nacional e demons-trou que as concessões e parce-rias público-privadas (PPPs) em obras infraestruturais se mostram como a grande oportunidade nes-te cenário atual. Ele também re-alçou potencial para geração de emprego e renda, considerando: “O investimento em infraestru-tura é essencial para a retomada da economia”. O governador Paulo Har-tung citou o exemplo da parceria público-privada (PPP) de sane-amento da Serra, que, segundo destacou, “em um ano e meio já passou da metade do que a Cesan fez em 50 anos. É isso que nós estamos precisando”, disse ele. Hartung lembrou que o edital de PPP de saneamento de Vila Velha, em andamento, já teve cerca de 200 pedidos de consultas. O governador destaca que a melhoria da infraestrutura e a conquista de um ambiente ju-rídico institucional estável são essenciais para se alcançar com-petitividade e atrair o investimen-to privado. Ele reconheceu que é preciso melhorar as rodovias, a cobertura da malha ferroviária, o sistema aeroportuário, o for-necimento de energia elétrica,

a cobertura de transmissão de dados e a estrutura portuária, o que significa “um desafio enor-me”. Destacando ações da agenda do desenvolvimento, o secretário José Eduardo Azevedo disse que o governo tem buscado apoiar os investimentos privados, especial-mente no setor portuário. “O de-bate aqui foca os portos e, neles, o que temos de novidade impor-tante é que conseguimos superar alguns gargalos que vinham per-sistindo há muitos anos”. Para

ele, o Espírito Santo ficou para trás e isso foi muito ruim. “Nós ficamos apostando em um grande investimento público, de porto de águas profundas, quando podí-amos ter apostado e articulado mais a questão dos investimentos privados”, reconheceu. Para o secretário, a mudança da poligonal do Portocel, no pri-meiro semestre do ano passado, permitiu à Fibria desenvolver o projeto de ampliação portuária e à Codesa também trabalhar uma nova perspectiva de uso do porto. “Então, abriu-se naquela região uma perspectiva de investimento que não existia antes, o que é muito importante”, considerou. O secretário destacou que terminais portuários importantes para o Espírito Santo estão em fase de projeto, como o MLog, em Linhares; o Petrocity, em São Mateus, bem como a ampliação do Portocel, a ampliação e mo-dernização do Porto de Vitória e o projeto do Porto Central, em Presidente Kennedy, no Sul do Estado, este com uma dimensão bem mais significativa. “Esse conjunto de projetos privados tem tudo a ver com o que estamos falando aqui: com a regulação, com a estruturação de fundos de investimentos que possam ser

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de Vila Velha e é importante que a gente pense a possibilidade de ter um grande porto”, disse, acreditando ser possível a sua realocação para Barra do Riacho. Segundo ilustrou, Cingapura faz isso, rotineiramente, expandindo e otimizando o uso de sua área portuária. Além dessa oportunidade da repactuação, elencou outros fatores que favorecem a expansão

Infraestrutura e Logística – Desafios e Oportunidades

SP 88,9PR 76,9SC 74,3DF 66,8MS 65,1ES 62,6MG 57,5RJ 56,7RS 55,5MT 55PR 54,6GO 53,1PE 50,3CE 48,1PB 47,8AP 45,5AM 45RN 44,5TO 42,5BA 42,3PA 38,7RO 37,9MA 34,3PI 34,1AC 32SE 28,5AL 15,9

PILAR POS

Segurança Pública 11º

Infraestrutura 13º

Sustentabilidade Social 10º

Solidez Fiscal 11º

Educação 6º

Capital Humano 8º

Potencial de Mercado 14º

Sustentabilidade Ambiental 8º

Eficiência da Máquina Pública 1º

Inovação 13º

6ª POSIçãO

Qualidade das rodovias | Mobilidade urbana | Saneamento básico Voos diretos | Energia elétrica | Serviço de telecomunicações Custo de combustíveis

RAnkInG DE COmPETITIvIDADE DOS ESTADOS

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2016

Posição do ES em cada pilar, em relação ao Brasil

parceiros e sócios, porque essa é uma grande oportunidade para o nosso Estado”, disse. O diretor-presidente da Co-desa, Luiz Cláudio Santana Mon-tenegro, afirmou que a estrutura portuária construída no Estado comporta mais atividades do que tem hoje. “Podemos aprovei-tar essa infraestrutura existente como uma oportunidade nesse momento de crise”, avaliou. Para ele, o momento se mostra bas-tante favorável para transformar o Porto de Barra do Riacho “em um grande terminal portuário no Norte capixaba”, adiantando que a Codesa, como empresa de capital misto, tem interesse em participar, “desde que haja segurança jurídica para isso”.

Montenegro fez um alerta: “Temos que aproveitar esse mo-mento em que concessões serão repactuadas em mais 42 anos”, citando os casos das concessões de ferrovias como a Vitória a Minas e a Centro Atlântica que liga São Paulo ao Rio (e que faz parte do projeto da ferrovia ES-118 Vitória ao Rio de Janeiro) e também de terminais portuários. “Temos o terminal de containers

Conheço todos os projetos de portos do país, e o Porto de Barra do Riacho, é o melhor projeto portuário do Brasil.

Luiz Cláudio Montenegro, diretor- presidente da Codesa

Posição do ES no Ranking Nacional de Competitividade

20

A Findes tem trabalhado para os empresários do Estado se consorciarem e participarem dos editais de concessão de infraestrutura.

Leonardo de Castro, diretor da Findes

do terminal, como a ampliação do Portocel a partir de 2017, a infraestrutura logística regional já existente no entorno e a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) de Aracruz. “A ArcelorMittal possui dois terminais de uso privativos (TUPs) e um TPO – Terminal de Barcaças Oceânicas. Em 2015 os volumes transportados pelos portos brasileiros foram da or-dem de 1 bilhão de toneladas de produtos, dos quais 650 milhões foram através do TUPs (65% do volume). Então, são terminais de suma importância e reforçam a expansão do Portocel”, comentou o gerente Geral de Logística da ArcelorMittal, Alexandre Kalil. Para o gerente, o que dá sus-tentabilidade para atrair empresas é a logística nos três modais. “Porque é impossível falar do modal marítimo sem falar dos modais rodoviário e ferroviá-rio”. Kalil falou da experiência inovadora da ArcelorMittal com terminal de barcaça, relatando fluxo de barcaças, navios e com-boios a um volume da ordem de um milhão e 600 mil toneladas. “Isso equivale a 300 caminhões que estamos tirando das rodo-vias”, disse. Também citou as ativida-des da ArcelorMittal no Estado,

que, segundo ele, geram com-plexidade logística e atração de consumidores, como uma fábrica de ônibus em São Mateus, uma de fogões e armários de aço em Sooretama e uma de motores em Linhares. O diretor da Findes, Leonar-do de Castro, disse que os temas infraestrutura e logística vêm sendo discutidos tanto na Findes quanto no Sinduscon, no sentido de preparar o empresariado capi-xaba para as oportunidades que surgirão no setor. Ele também

reconheceu a importância do ES Competitivo fomentar a discus-são e buscar convergências em torno desses temas. Na sua visão, com o fato da sociedade agora estar mais aberta a atrair o capital privado, as concessões e as PPPs são ferramentas importantes para se conseguir conquistar essa deman-da e o equipamentos de compe-titividade para o setor produtivo capixaba. Mas, ponderou: “na constru-ção desse caminho de ampliar a utilização de concessões e PPPs, alguns pontos são extremamente relevantes, e o maior deles é o marco regulador do processo, é ter a segurança jurídica que faça com que o empresário se interes-se de fato pela oportunidade”. O diretor da Agência de Águas do Espírito Santo, Ju-lio Castiglioni, foi enfático ao afirmar que em um horizonte de 18 a 24 meses, não há nada que seja mais relevante que as oportunidades que vão surgir para investimentos em conces-sões e PPPs. “Porque de novo a demanda está aí está pressionada, a sociedade amadureceu e quer fazer essa ponte para o capital privado participar”.

A rodovia deve ter contato com a ferrovia e a ferrovia com o porto. Esses modais têm que ser integrados.

Alexandre Kalil, gerente Geral de Logística

da ArcelorMittal

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Infraestrutura e Logística – Desafios e Oportunidades

Embora esse cenário todo se torne muito atrativo para o em-presário, o diretor da Agência de Águas do Espírito Santo, Julio Castiglioni, ponderou: “o dinheiro só vai aonde ele percebe que haja segurança jurídica. Você pode ter a melhor margem do mundo, mas se não percebe consistência, regras claras, é preferível manter a apli-

cação em juro negativo”. Para ele, a atividade regu-latória praticada pelo Estado é desenvolvimentista, no sentido do termo. “A gente promove o desenvolvimento a partir de uma máxima que é muito cara na linguagem do empresariado: o que está combinado não sai caro pra ninguém”. Ele concluiu

dizendo que “não há como atrair investimento privado por meio de populismo tarifário”, citando eventos recentes nas áreas de energia elétrica e petróleo com “consequências nefastas”. Na sua visão, “agregar e ter a cultura de operar com consór-cio, diminui o risco, aumenta a chance de sucesso e cria uma pos-

PROGRAmA DE PARCERIAS DE InvESTImEnTOS (PPI) E SEuS ImPACTOS SãO FunDAmEnTAIS PARA REAquECER A ECOnOmIA

InvestImentos ConsIderados

Rodovias: R$ 6,3 bi Ferrovias: R$ 17,15 bi Aeroportos: R$ 8,4 bi Portos: R$ 1 bi Saneamento: R$ 25,8 bi Energia: R$ 8,3 bi

r$ 67 bi

metodologia Insumo-Produto - IBGe

r$ 19,4 bir$ 2,7 mir$ 187 bi r$ 28,7 bi

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Fonte: GO associados

PIB EMPREGO ARRECADAÇÃO SALÁRIOS

Infraestrutura e Logística – Desafios e Oportunidades

Sistema portuário: eficiência e perspectivas O Espírito Santo tem, no comércio exte-rior, a sua maior vocação, comprovada pela sua participação expressiva nas exportações e importações brasileiras. O complexo por-tuário do Estado, contudo, apesar de ser um dos maiores do país, precisa ser ampliado e aperfeiçoado, tendo os participantes do projeto “ES Competitivo 2016” formulado as seguintes propostas:

w Aproveitar as novas oportunidades decorren-

Dotar o Estado da infraestrutura e logística necessárias para promover o desenvolvimento é condição essencial para elevar o seu nível de competitividade. Mesmo as empresas que têm alta produtividade nos seus processos internos, acabam perdendo competitividade no rece-bimento de insumos e distribuição dos seus produtos. Os investimentos são necessários nas mais diversas áreas: rodovias, ferrovias, aeroportos, portos, energia e transmissão de dados. Todos eles já estão mapeados, a agenda de investimentos necessários é conhecida, mas falta viabilizá-los. Diante da ausência de recursos públicos disponíveis, a alternativa mais próxima é a atração de capital privado para realizar os projetos, transformando-os em promotores de desenvolvimento: os investimentos em infraestrutura criam condições para a viabilização de outros investimentos geradores de empregos e de avanços econômicos e sociais.

tes da mudança da poligonal do Portocel, em Barra do Riacho (Aracruz), que abrem novas perspectivas para ampliação das atividades da Fibria e Codesa.

w Empreender esforços visando a viabiliza-ção de um hub portuário capaz de atender às necessidades regionais e às demandas internacionais, e inserido nas rotas interna-cionais de transporte de forma competitiva, incluindo, além da excelência na tarefa tradicional de logística de transportes de cargas e pessoas, outros equipamentos

sibilidade de competição maior, porque a sociedade quer, ao final, um bom serviço com um preço competitivo”. O professor de Economia Gesner Oliveira disse que a chamada “tragédia dos gargalos da infraestrutura” é, ao mesmo tempo, a grande oportunidade para se chegar ao “salto da in-fraestrutura no Brasil”. E citou alguns exemplos, dizendo que o Brasil investe apenas 2% do PIB (Produto Interno Bruto) em infraestrutura (a metade da média mundial que é de 4%), enquanto a China investe mais de 8%. O professor disse que tam-

bém são notáveis as dificuldades de escoamento da produção até os portos, com uma malha ferroviá-ria que não chega até a fronteira agrícola. No caso da soja, compa-rou o custo com transporte deste produto para a Alemanha, sendo o custo do Brasil o dobro do custo dos Estados Unidos. “Isso inibe

e vai comprometendo a nossa competitividade. Daí a impor-tância das PPPs e concessões”, assinalou o professor, indicando como possibilidade de inves-timento para o setor privado, operações com ativos, as PPPs e concessões administrativas e patrocinadas, entre outras.s

Não há como atrair investimento privado com ‘populismo tarifário’. Vimos eventos recentes com consequências nefastas.

Julio Castiglioni, diretor da Agência de

Águas do Espírito Santo

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Infraestrutura e Logística – Desafios e Oportunidades

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agregadores de valor nas cadeias globais, tais como espaços para industrialização, logística reversa, depósitos temporários, espaços para a realização de negócios e lazer, instalações para o controle e utili-zação de regimes aduaneiros, entre outras atividades.

w Buscar articulações junto à União e agentes privados que possam viabilizar os investi-mentos em terminais portuários projetados para o Sul (Porto Central/Presidente Kenne-dy, Itaoca Offshore/Itapemirim, C-Port/Ita-pemirim) e Norte (Imetame/Aracruz, MLog/Linhares, Petrocity/São Mateus) do Espírito Santo.

w Se empenhar na viabilização da construção da ferrovia Vitória-Rio (EF 118), considerada de fundamental importância para inúmeros investimentos previstos na região Sul do Espírito Santo, entre os quais os terminais portuários projetados em Presidente Ken-nedy e Itapemirim.

w Buscar a redução de custos que possam tornar o processo brasileiro de cabotagem (navegação em águas costeiras) mais eco-nômico considerando a grande defasagem hoje existente em relação a custos praticados no mercado internacional.

Concessões e PPPs(Parcerias Público-Privadas) Diante da redução da capacidade de in-vestimento dos governos, a atração de capital privado é o caminho apontado para viabilizar os investimentos em infraestrutura que o Estado precisa para aumentar o seu nível de competitividade. As concessões e as Parcerias Público-Privadas (PPPs) têm demonstrado ser, nos mais diversos países do mundo, me-canismos fundamentais para fazer crescer a economia. Para tanto, os participantes do projeto “ES Competitivo 2016” alinharam as seguintes propostas:

w Aprimorar os marcos regulatórios das con-cessões e PPPs de modo a proporcionar segurança jurídica aos investidores e, ao poder concedente, que assegure o rigoroso

cumprimento dos compromissos assumidos pelas partes.

w Que o ambiente regulatório seja favorável e estável para ganhar confiabilidade junto aos investidores.

w Adoção de critérios técnicos para o preen-chimento dos cargos dirigentes das agências reguladoras, tornando-as imunes à influência da política partidária.

w Que as concessões e PPPs tenham gestão compartilhada, sendo concebidas e admi-nistradas pelos poderes públicos estadual e municipal, o que possibilita maior trans-parência e corresponsabilidades saudáveis.

w Simplificar os processos, reduzindo a buro-cracia, para criar um ambiente propício aos novos negócios e à atração de investimentos privados.

w Intensificar ações de diplomacia ativa, pro-curando atrair novos negócios especialmente os que estejam conectados com as cadeias produtivas mais dinâmicas do Estado.

w Dinamizar as ações dos programas Invest-ES e Compete-ES voltadas para a modernização, diversificação e aumento da competitividade dos setores produtivos do Estado.

w Promover articulações junto à União para viabilização da concessão das obras de du-plicação da BR-262.

w Dar prioridade, no orçamento estadual, a obras que melhorem a logística, facilitando o transporte de produtos.

w Estimular, entre as empresas capixabas, a formação de consórcios que possam ampliar o seu nível de competitividade na disputa de obras que venham a ser viabilizadas através de concessões e PPPs.

w Motivar os municípios a também aderirem ao modelo de concessões e PPPs na reali-zação de obras, com orientação da agência reguladora estadual.

Artigo

BRuNo FuNcHal • doutor em economia

O Estado como organizadordo desenvolvimento

O desenvolvimento de um Estado está intimamente relacionado ao seu ambiente de negócios. Existem

diversas dimensões que sinalizam ganhos potenciais em fazer negócios em uma deter-minada região: o baixo custo de transação; a qualificação da mão de obra; incentivos fiscais; etc. Com a tendência de redução dos incentivos fiscais, o peso de uma boa infraestrutura fica cada dia maior na atração de investimentos para os estados. Ao mesmo tempo que investimento em infraestrutura passa a ser “A ALTER-NATIVA” para atrair negócios, o papel do Estado passa a ser repensado, e em meio à grave crise fiscal que assola todo o país. Apesar de investimento em infraestrutura ser uma alocação óbvia, pois traz exter-nalidades positivas para toda a economia beneficiando muitas empresas e pessoas, estes investimentos não foram executados na velocidade como gostaríamos. De acordo com o ranking de competi-tividade, apensar da boa posição global do ES no ranking (em 6º lugar), infraestrutura é nosso Calcanhar de Aquiles. Olhando essa dimensão, estamos defasados, principal-mente se comparados com nossos pares, com grande atraso em mobilidade urbana e qualidade de rodovias. Essa má qualidade é um custo direto para as empresas que acabam arcando com custos maiores de transporte e pensam duas vezes em vir para nosso estado. O novo papel do Estado não é mais o de financiador desses investimentos, mas sim o de organizador, de forma a criar condições para que investimentos em in-fraestrutura sejam viabilizados no Estado. Diferentemente de outros investimentos,

investimentos em infraestrutura têm como característica sua longa maturidade e por isso precisa ser regulado pelo Estado. As formas de viabilizar tais investimentos são diversas como Concessões, Parcerias Público Privadas e Privatizações puras e simples. Os grandes benefícios em utilizar tais mecanismos é a ausência da necessidade de o Estado utilizar recursos públicos nesse processo, além da maior eficiência da gestão privada. Entretanto, não podemos ignorar os riscos que existem nesse processo e isso está intimamente ligado com a forma como os contratos serão escritos e geridos. Contratos de concessão e de PPPs precisam vincular o objetivo a ser alcançado, e defi-nido pelo estado, com o lucro da empresa concessionária. Temos visto no passado recente inúmeras tentativas fracassadas justamente por conta de contratos mal escritos. Outro elemento de igual importância é o respeito aos acordos firmados. O país em que vivemos tem o costume histórico de contestar acordos firmados quando acredita que a concessionária está ganhando muito. Ora, se o contrato de concessão estiver bem escrito, a empresa estaria tendo lucro se estiver entregando o que prometeu e isso é bom. O ruim é criar insegu-rança jurídica contestando acordos e quebrando con-tratos. Como resultado, esse comportamento só tende a encarecer futuros acordos de concessão ou reduzindo ganhos de outorga.s

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26

Artigo

hub portuário capixaba: um espaço síntese de estratégiasde desenvolvimento regional

OEspírito Santo nas suas duas pri-meiras ondas de desenvolvimento – a cafeicultura e a primeira in-

dustrialização – andou a reboque de fa-tores externos. Dessas experiências deve encontrar o saber necessário para agora protagonizar seu processo de inserção no comércio internacional. A conformação do Estado, estreito, com uma enorme face voltada para o mar, de águas tranquilas e profundas, estrategi-camente acomodado no meio do litoral do continente Sul-americano e limitando-se com Estados que precisam de saída para o mar, permite afirmar que sua vocação continua voltada para a comercialização de produtos e serviços do Brasil ou de qualquer parte do mundo, demandados pelas cadeias globais de valor.

Nesse sentido, se impõe congregar esforços para viabilizar um hub portuário capaz de ressignificar o espaço à luz das po-tencialidades do Estado, das necessidades regionais, e das demandas internacionais. Como a história parece indicar, o hub portuário é um dos espaços síntese de es-tratégias de desenvolvimento. Visto hoje como mais um dos equipamentos urbanos disponíveis para a coletividade produtora de riquezas ele é capaz de dinamizar projetos

estruturantes de crescimento, bem como de valorização do trabalho humano em suas diferentes capacidades. Foi assim que aconteceu ao redor do mundo onde portos naturais como Le Ha-vre, Roterdão, Shangai e Baltimore, por exemplo, se transformaram e transforma-ram positivamente seus entornos. Nesses portos, a intervenção intencional, racional e harmonizada dos governos e dos empre-endedores conduziu projetos que alargaram suas funções até os limites da capacidade de integrar o complexo produtivo da in-terlândia com as cadeias globais de valor, transformando-os em importantes hubs portuários internacionais. Grande parte das iniciativas bem suce-didas de re-conformação de portos partiu de grupos de empresários, apoiados pelas autoridades locais, sob administração de uma agência própria. Naturalmente, o primeiro movimento na transformação do porto em hub portu-ário é inseri-lo nas rotas internacionais de transporte de forma competitiva. Essa con-dição, essencial, se cumpre quando a infra--estrutura, a estrutura e a superestrutura do próprio porto e seu entorno econômico são adequados para garantir o menor ônus na produção e distribuição das mercadorias e serviços para as cadeias globais de valor. Cadeias globais de valor expressam a otimização do uso dos recursos disponíveis ao redor do mundo pela aproximação dos produtores e compradores num mercado internacionalizado. Esse movimento, por sua vez, possibilita que países antes isolados e

Construir um hub portuário com características de polo irradiador de desenvolvimento passa pela superação dos gargalos temporários, com visão regional e internacional ampla.

JudiTH MaRcoNdes • coNsulToRa aduaNeiRa

com baixa capacidade para impulsionar o próprio desenvolvimento se juntem aos elos produtivos da cadeia passando a usufruir dos avanços tecnológicos deri-vados do modo de produzir e distribuir a produção. Observa-se que as Cadeias Globais de Valor introduziram profundas modificações nas formas de governança, na distribui-ção dos investimentos internacionais, nas regras regulatórias de participação nos mercados, na movimentação de ca-pitais, nos serviços e equipamentos de transporte, dentre outras, sem deixar de se considerar as infindáveis discussões acadêmicas e políticas sobre as opções de produção e distribuição dos frutos dos avanços tecnológicos. Todas essas transformações origina-ram novas redes contratuais interligando formuladores das cadeias produtivas, em-preendedores, investidores, operadores de transporte, e atores das políticas nacionais de desenvolvimento, cuja funcionalidade precisa ser compreendida e enfrentada. Considerando essa nova rede con-tratual, o hub estratégico deve incluir, além da excelência na tarefa tradicional de logística de transportes de cargas e pes-soas, outros equipamentos agregadores de valor nas cadeias globais, tais como espaços para industrialização, logística reversa, depósitos temporários, espaços para a realização de negócios e lazer, instalações para o controle e utilização de regimes aduaneiros, enfim, tudo que é necessário para que a convergência dos interesses resulte na maior criação de riqueza possível, dado os recursos disponíveis. O como fazer está bastante claro nas experiências de sucesso ao redor do mundo: pesados investimentos com recursos que não oneram o orçamento público e criam muitos empregos, como as parcerias com investidores privados

nacionais e internacionais, regulação estável e previsível, e um sistema adua-neiro que não resulte em deseconomias na cadeia de valor. E para não perder o rumo, “começar pelo começo”, estabelecendo um modelo que contemple a diversidade dos portos do Estado, com calados que variam entre 6 a 15 metros, e a partir daí completar as ligações de um porto internacional com os demais portos e com a interlândia. Construir um hub portuário com ca-racterísticas de polo irradiador de de-senvolvimento passa pela superação dos gargalos temporários, com visão regional e internacional ampla. Algumas variáveis devem ser consideradas, como a produção dos estados fronteiriços que se pretende atender; a utilização dos fatores produti-vos do Estado; a capacidade de estabe-lecer cooperação para uma concorrência não predatória com o entorno geoeco-nômico, o que significa buscar parcerias com outros atores cujos objetivos sejam complementares, e por fim, escolher as redundâncias necessárias a consecução desses objetivos. É fato que em tempos de escassez de dinheiro (outros recursos estão disponíveis suficientemente) investimentos em polí-ticas de desenvolvimento que privilegiem o emprego produtivo e integrador é ainda a opção mais racional. Também não se há de desprezar a importância do Estado regulador, estável e previsível. É importante começar ainda a tempo de não perder essa terceira oportunida-de que a globalização oferece. Perdê-la significa ficar fora das rotas dos arranjos internacionais de produção e comércio, continuando como fornecedor de insumos básicos de baixo valor agregado, incluindo--se no nível mais baixo da tipologia atual dos países. s

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Equilíbrio Fiscal e Governança

E nquanto a Previdência Social vem perdendo sus-tentabilidade, acumulan-

do déficit e preocupação aos contribuintes até que se efetive a reforma, o cenário no siste-ma de saúde pública também reclama equilíbrio. Com uma participação cada vez menor da União no financiamento da saúde, os governos estaduais e municipais têm o desafio de custear e manter de pé o aten-dimento à população. Especialistas discutiram esses assuntos que estão no de-bate nacional e apontaram medi-

das de gestão para os enfrenta-mentos necessários. A resposta para a pergunta “Como fechar a conta?” está no equilíbrio fiscal e em práticas de governança, com gestão pública eficiente. “Para o Brasil voltar a cres-cer e a gerar empregos é fun-damental retomar o equilíbrio fiscal, e para que nós possamos reorganizar as contas públicas, a previdência é sem dúvida o nosso maior desafio”, consi-derou o secretário de Estado da Economia e Planejamento, Regis Mattos Teixeira. Para o gerente de Planeja-

mento e Desenvolvimento Insti-tucional da Secretaria de Estado da Saúde, o médico sanitarista Francisco José Dias da Silva, “no momento de crise em que a gente está, o maior desafio que se tem na administração pública, particularmente na saú-de, é garantir o funcionamento pleno dos serviços, buscando todas as medidas de eficiência possíveis”. Regis Teixeira disse que tornar a previdência sustentável

Gestão pública eficiente para

equilibrar as contasa previsão para o déficit previdenciário em 2016 é de r$ 300 bilhões, enquanto que o déficit do Fundo Financeiro do estado bateu a marca de r$ 1,4 bilhão em 2015

Não podemos ter área no governo que seja saco sem fundo. Tudo tem que ter, na organização fiscal, capacidade de pagamento.

José Eduardo Azevedo, secretário estadual de

Desenvolvimento

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é medida inadiável, sob pena de o país vir a conviver com algo parecido com o que houve recentemente na Grécia, “uma explosão do déficit previdenci-ário”. Mas, para ele, ainda dá tempo de reverter esse quadro, com a reforma da Previdência, assunto que está no debate na-cional. “O estabelecimento de uma idade mínima de aposentado-ria; de regras de transição e o respeito aos direitos adquiridos são fundamentais no contexto

desta reforma”, destacou Regis. O secretário explicou que isso vale tanto para o regime geral da Previdência, que abrange os funcionários da iniciativa privada (INSS), quanto para os integrantes dos regimes pró-prios da Previdência, que são os regimes dos servidores pú-blicos da União, dos Estados e dos municípios. “Em ambos os regimes nós temos um déficit muito grande e crescente no sistema previdenciário”, justi-ficou, apontando a necessidade urgente da reforma. A definição de uma regra de transição do modelo atual para

o que se pretende com a refor-ma torna-se fundamental para que, segundo ele, quem falta pouco tempo para se aposentar, por exemplo, seis meses, não tenha que trabalhar por mais 10 anos; podendo dar uma pe-quena contribuição “mas tenha a tranquilidade de que vai ter o seu direito de aposentadoria garantido”. Conforme explicou essa reforma é necessária con-siderando ser uma regra que, de tempos em tempos, precisa ser mudada. O secretário de Estado de Desenvolvimento, José Edu-ardo Azevedo, fez uma con-

A reforma previdenciária é tarefa principal a ser feita para que o país consiga reequilibrar seus orçamentos.

Regis Mattos Teixeira, secretário de Estado de Economia e Planejamento

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Fazer reforma da previdência é pensar no povo, no cidadão que está no mercado de trabalho e que precisará se aposentar e ter um direito efetivo.

Paulo Hartung, governador do Espírito Santo

textualização dos temas com o da competitividade no cená-rio atual. “A importância da competitividade é criarmos as condições adequadas para que possamos produzir bens e ser-viços com qualidade. Este é o nosso grande desafio”, disse. Azevedo destacou a relevância desses temas em discussão no ES Competitivo, observando que todos eles estão inseridos no rol de atributos de competitivi-dade, a exemplo dos atributos de solidez fiscal e responsabilidade social. Com base nesse rol situou o secretário, o Espírito Santo ocupa atualmente o 6º lugar em competitividade entre os 27 Estados brasileiros, no ranking do Centro de Liderança Pública de São Paulo (CLP). Contudo,

Equilíbrio Fiscal e Governança

30

disse que o Brasil ocupa a 80ª posição no mundo em compe-titividade. E, parafraseando o colega palestrante no workshop de Linhares, Gesner Oliveira, “se a gente comparar isso com o futebol, somos um Estado que está no G-6 da competitividade no Brasil e classificados para a Libertadores. Mas o Brasil está no Z-4, da segunda divisão do mundo em competitividade”. Para Azevedo, previdência e saúde pública são temas que têm

relevância e quesitos fundamen-tais para a competitividade. “O que espero da questão da Previdência é que, evoluindo a PEC dos gastos, o governo dê o segundo passo que é man-dar as medidas que reformem a Previdência Social”, disse o governador Paulo Hartung. Se-gundo comentou, quando esse modelo de previdência foi feito, a expectativa de vida era uma no Brasil mas hoje é outra. “O raciocínio é simples.

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ÍnDICE DE DESEmPEnhO SuSRanking IDSuS/Brasil 2012

Santa Catarina 6,29

Paraná 6,23

Rio Grande do Sul 5,90

Minas Gerais 5,87

Espírito Santo 5,79Tocantins 5,78

São Paulo 5,77

Mato Grosso do Sul 5,64

Roraima 5,62

Acre 5,44

Alagoas 5,43

Rio Grande do Sul 5,42

Bahia 5,39

Sergipe 5,39

Piauí 5,34

Pernambuco 5,29

Goiás 5,26

Maranhão 5,20

Ceará 5,14

Distrito Federal 5,09

Mato Grosso 5,08

Amapá 5,05

Amazonas 5,03

Paraíba 5,00

Rio de Janeiro 4,58

Rondônia 4,49

Pará 4,17Fonte: MS

As pessoas estão vivendo mais e melhor, e se estão vivendo mais, o cálculo atuarial fura. Ou seja, aquele fundo que foi criado para bancar a aposenta-doria num momento em que o trabalhador chegasse a seu mo-mento de descanso não suporta o tempo que esse trabalhador vai ficar na inatividade. É isso. É simples”, disse Hartung. Regis Mattos Teixeira ex-plicou que a expectativa de vida na década de 1940 no Espírito Santo era de 48 anos e agora é de 77 anos, e vai chegar até 2030 a 81 anos. “Estamos viven-do, graças a Deus e à ciência, cada vez mais, mas isso tem um custo para a previdência porque as pessoas ficam cada vez mais tempo recebendo os benefícios previdenciários”, explicou. Diante desse cenário, apon-tou a necessidade de fazer o que todos os países fazem de tempos em tempos, que é uma reforma que torne a previdência sustentável. Caso a reforma não seja feita logo, alertou: “o risco é daqui a pouco simplesmente não ter dinheiro para pagar os

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aposentados, o que aconteceu na Grécia recentemente. O aposentado chegou ao banco e não havia dinheiro para pagar”. Segundo Regis, a saída daquele país foi fazer uma reforma às pressas e com aposentadorias cortadas para em valores de 40 a 60% menores. Para o governador, a refor-ma ajuda a compor as contas públicas nacionais e, compondo as contas, o Brasil readquire credibilidade, mas, ele observa que há nesse cenário uma coi-sa que tem centralidade: “ou a gente lidera esse país coleti-vamente ou esse país não vai sair dessa dificuldade que está vivendo. Só tem um jeito agora. É a gente abraçar as reformas modernizadoras e transforma-doras do nosso país, até porque

não são só essas duas”. Hartung estimou que serão gastos cerca de 10 anos refor-mando o país, porque coisas que precisavam ser feitas não foram feitas, “os problemas fo-ram sempre empurrados com a barriga, mas este é um país absolutamente viável, desde que a gente consiga mobilizar, motivar, convencer as pessoas do rumo que a gente precisa dar para o país se cada um virar líder”, disse. Na sua visão, “o vazio de liderança no país e absolutamente brutal”. O gerente de Planejamentoda Sesa disse que a lógica his-tórica é de se lidar com a saúde no sentido negativo. Ou seja, só se busca assistência, e o sistema de saúde só se organiza para tratar pessoas doentes. Mas,

para ele, essa lógica deve ser mudada. É preciso pensar em produção de saúde. “Nós temos que acumular saúde no conjunto da população. Além de ajudar individualmente quando o ci-dadão está doente, a gente tem que construir condições para produzir saúde. Isso muda total-mente essa lógica e o raciocínio para direcionar recursos dentro do sistema”, aponta. Por falar em recursos, disse que na questão do financiamen-to do sistema de saúde, há um grave problema. “Embora dois terços dos tributos fiquem com a União, cada vez menos ela vem assumindo o seu compromisso de financiadora do sistema”. Conforme demonstrou, no Espí-rito Santo, os municípios estão alocando 22,5%, na média, dos

Equilíbrio Fiscal e Governança

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seus recursos próprios para fi-nanciar o sistema de saúde. Já no âmbito do Estado são aloca-dos 19% do total da sua receita própria para o financiamento desse sistema. E, enquanto em 2014 o Estado aportou R$ 1, 6 bilhão de recurso estadual, o repasse do governo federal foi da ordem de R$ 561 milhões. Já em 2015, o Estado aportou ain-da mais: 1, 7 bilhão, e a União menos que no ano anterior: R$ 542 milhões. “Temos um cenário de in-viabilidade de expansão do fi-nanciamento do sistema público de saúde no Brasil. Então, no curto prazo, o que temos que buscar? Medidas de eficiência. Temos que perseguir algumas questões nesse cenário de re-ceitas para a vigência da PEC que delimitará a recursos, com medidas de eficiência, e come-

çar a pensar em um modelo que reorganize esse sistema”, disse. Regis Teixeira também ex-pôs números para mostrar o ta-manho da gravidade do proble-ma da previdência. Segundo ele, a previsão do déficit acumulado dos chamados Sistemas Previ-denciários Combinados para este ano de 2016 atinge a casa dos R$ 300 bilhões. Conforme comparou, “isso representa duas mil vezes o orçamento anual da Prefeitura de Colatina, que é da ordem de R$ 140 milhões e cerca de 20 vezes o do Estado, que em 2017 deve ser de R$ 16 bilhões”. No que se refere à previ-dência estadual, explicou que o Estado possui o Fundo Pre-videnciário, que é um fundo de acumulação criado em 2004, e nele tem acumulado em tor-no de R$ 2 bilhões visando a

uma previdência sustentável no futuro. Mas, tem também o Fundo Financeiro que abrange praticamente a todos os apo-sentados, em torno de 30 mil e que tem cada vez menos contri-buintes. Este fundo está gerando um déficit anual em evolução, calculado no ano passado em R$ 1 bilhão e 400 milhões. Revelando esses números, voltou a citar o exemplo da Grécia: “o diálogo que temos que ter com a sociedade é o de que estamos caminhando com o sistema previdenciário nesta mesma direção. Mas nós ainda podemos evitar isso, e é nisso que temos que trabalhar”.s

DÉFICIT DA PREvIDÊnCIAPoder Executivo Estadual (R$ milhões)

Fonte: IPAJM| *Projeção

704

2010

868

2011

970

2012

1.105

2013

1.310

2014

1.399

2015

1.559

2016*

Temos que aproveitar esse período desafiador para fazer uso intensivo de ferramentas de gestão.

Francisco José Dias da Silva, gerente de Planejamento da Sesa

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Equilíbrio Fiscal e Governança

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Equilíbrio Fiscal e Governança

Os desafios da Previdência Os gastos dos governos com a previdên-cia sobem continuamente insuflados pelo aumento da expectativa de vida das pessoas decorrente dos avanços da medicina e da mudança de hábitos. A redução do índice de natalidade, por outro lado, aponta para uma diminuição gradativa da quantidade de pesso-as integrantes na População Economicamente Ativa em comparação com a quantidade de aposentados. O resultado dessa equação é o aumento do déficit das contas da previdência tanto no âmbito federal quanto nos Estados e municípios. No Espírito Santo, o déficit da previdência pública estadual dobrou em cinco anos: passou de R$ 704 milhões em 2010 para R$ 1,6 bilhão em 2016. A continui-dade desse quadro é insustentável do ponto de vista orçamentário apontando, em curto prazo, para a falta de recursos suficientes para pagar as aposentadorias.

Para enfrentar essas questões, os partici-pantes do projeto “ES Competitivo 2016” apresentaram as seguintes propostas:

w Realização de uma reforma modernizadora na Previdência Pública Estadual, de forma a garantir o equilíbrio sustentável entre a arrecadação e os gastos com as aposenta-dorias.

w Que esta reforma seja feita com urgência,

A crise econômica brasileira, considerada uma das maiores da sua história, tem sua origem no desequilíbrio das contas públicas. O Governo Federal perdeu a sua capacidade de inves-timento e o grau de investimento (selo de bom pagador), com reflexos diretos nos Estados, municípios e agentes privados. Além de questões de ordem conjuntural, relacionadas à má gestão dos recursos públicos, há problemas estruturais a serem enfrentados na busca pelo reequilíbrio orçamentário. Entre os problemas estruturais, dois são os que mais atormentam a União, os Estados e os municípios: os gastos crescentes com a previdência e o custeio dos serviços de assistência à saúde.

para que seus efeitos na redução da taxa de crescimento das despesas e no au-mento da arrecadação das contribuições previdenciárias sejam obtidos em curto prazo.

w Na reforma previdenciária deve ser estabe-lecida uma idade mínima para aposentado-ria, compatível com a nova expectativa de vida do capixaba (77 anos) e considerando que a média brasileira de idade em que as pessoas se aposentam (59,4 anos) é uma das menores em relação aos padrões in-ternacionais.

w Que sejam adotadas regras únicas para as previdências públicas e a privada (INSS), inclusive com relação aos benefícios con-cedidos aos segurados.

Saúde: Obrigações Constitucionais e Cus-teio: como fechar a conta? O custeio dos serviços de assistência à saúde no Brasil tem recaído, cada vez mais, nos Estados e municípios. A União tem, uni-lateralmente, reduzido a sua participação nos gastos com a saúde pública (de 72% em 1993 para 43% em 2013), sobrecarregando os orçamentos estaduais e municipais. A situação se agravou no último ano com a crise econômica: milhares de brasileiros deixaram de ser atendidos pelos planos de saúde privados e passaram a utilizar os

serviços do SUS, o Sistema Único de Saúde, aumentando os gastos dos governos estadu-ais e municipais em uma época de redução de arrecadação. O quadro dramático coloca em risco a qualidade dos serviços de saúde prestados à população. Para enfrentar es-sas questões, os participantes do projeto “ES Competitivo 2016” apresentaram as seguintes propostas:

w Promover articulações junto à União (mo-bilização em favor de um pacto federa-tivo) para que ela volte a ter uma maior participação no custeio da assistência à saúde, revertendo a tendência de transfe-rência desses encargos para os Estados e municípios, considerando que ficam com a União 2/3 dos tributos arrecadados no país.

w Dar ênfase ao planejamento buscando a efi-ciência em saúde, com boa gestão profissio-nal dos serviços clínicos, desenvolvimento de práticas de governança na contratação, gestão de custos e regulação (monitora-mento de contratos) eficiente.

w Descentralizar os serviços de Atenção Pri-mária à Saúde para racionalizar o atendi-mento, localizando-os mais próximos dos pacientes, com a consequente redução de custos.

w Promover a reorganização, com uma visão regional, da rede de prestação de serviços de saúde, inclusive com a integração do planejamento e da alocação de recursos da União, Estados e municípios, com vistas à melhoria do acesso da população aos serviços.

w Aperfeiçoar a gestão de recursos de forma a

ampliar a produtividade sem gerar aumento de despesas.

w Buscar ampliar os investimentos em pre-venção para, gradativamente, conseguir reduzir os gastos com a medicina curativa.

w Buscar conscientizar a população de que o dever do Estado de prestar assistência à saúde não exclui o dever das famílias e das empresas nesse mesmo sentido.

w Promover esforços para integrar as univer-sidades e as escolas técnicas na promoção de pesquisas aplicadas em saúde.

w Apropriar-se das inovações produzidas pelas novas tecnologias no campo da saúde em softwares, equipamentos, farmacologia e biotecnologia.

w Promover articulações com os poderes Le-gislativo e Judiciário visando a redução de conflitos de entendimento que resultem na judicialização de questões relativas à saúde que contribuem, de forma expressiva, para onerar o custeio da assistência à saúde.

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Artigo

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Aumento da expectativa de vida e redução da força de trabalho: os desafios da previdência

O sistema de previdência adotado em vários países, incluindo o Brasil, foi baseado em projeções demográ-

ficas e econômicas que acabaram por não se confirmar com o passar dos anos. Esse modelo, de repartição simples, em que as contribuições previdenciárias pagas pelos trabalhadores ativos destinam-se a cobrir os gastos com os benefícios dos inativos, tem apresentado desequilíbrios crescentes, induzindo um conjunto expressivo de países a fazerem uma reforma. Um dos principais impactos na previdên-cia brasileira vem da mudança demográfica pela qual o país passa: aumento de famílias com filho único; crescimento da participação das mulheres no mercado de trabalho, que-brando a regra da idade especial para elas; e elevação da expectativa da vida. Isso resulta num contingente menor da força de trabalho no mercado, levando, consequentemente, à diminuição do número de entrantes e ao aumento do número de pessoas recebendo benefícios previdenciários, bem como um maior tempo passado na condição de bene-ficiários. Segundo dados do IBGE (2015), a quan-tidade de jovens dependentes da população ativa vem caindo no Brasil, ao passo que o número de idosos vem subindo. A proporção atual indica que 1.000 pessoas em idade ativa têm que sustentar 112 idosos. Em 2000, esse índice era de 84. Já a projeção para 2050 prevê que 1.000 pessoas em idade ativa deverão sustentar 438 beneficiários da previdência. Outros pontos a serem considerados são a redução do quantitativo de postos formais

de trabalho e a migração do regime celetista para o de trabalhadores autônomos e em-preendedores. Com a soma destes e outros fatores, os problemas de financiamento da previdência se tornam cada vez mais pre-sentes. O total gasto só com o Regime Geral (INSS), que não contabiliza o sistema previ-denciário dos servidores públicos, passou de 4% do PIB na década de 90 para 7,4% em 2015. O rombo das previdências estaduais já chega a R$ 59 bilhões, segundo dados do Tesouro Nacional. Como as receitas previdenciárias não devem crescer no mesmo ritmo que as des-pesas, a tendência é de expansão do déficit. Para manter a sustentabilidade do sistema e também o equilíbrio fiscal do país e dos Estados, é praticamente consenso a neces-sidade de se repensar este modelo. Algumas alternativas estão sendo discutidas pelo Governo Federal e devem envolver todas as partes interessadas por se tratar de um tema tão importante. O mesmo movimento vem sendo feito por vários Estados brasileiros. Adiar uma alteração nas regras previ-denciárias agora significará lidar com um problema ainda maior no futuro. Este, sem dúvida, é um exercício de pensar no lon-go prazo e de exercer um modelo de pensamento sustentável. Entretanto, implica na necessidade de forte processo educacional e de mudança de modelo mental. s

Katia VasConCelos • Presidente da associação Brasileira de recursos Humanos – seccional espírito santo (abrH-es)

Artigo

Gestão eficiente, nosso remédio para a crise

Um dos nossos maiores desafios tem sido manter o serviço de saúde em funcionamento, mesmo diante da crise

econômica e da queda de receita nos últimos anos. Agrega-se a isso o problema do subfi-nanciamento. O governo federal tem reduzido sucessivamente a destinação de recursos aos Estados e municípios. Em 1993, a União era responsável por 72% do financiamento da saúde. Em 2013, a participação caiu para 43% e, desde então, só vem diminuindo. Embora o quadro seja desafiador, por dois anos seguidos, 2015 e 2016, a saúde teve garantido o maior orçamento do Estado. Hoje o Espírito Santo investe 19% da receita corrente líquida. É o terceiro Estado que mais destina recursos no setor, que tem aplicação média de 14%. Para enfrentar o desafio da escassez de recursos, desde o primeiro dia de trabalho, elevamos a qualidade da gestão, com ênfase em planejamento e organização adminis-trativa. Para conter os gastos, revisamos contratos, rompemos vícios administrativos e centralizamos os procedimentos de compras e almoxarifado. Hoje, não temos dívidas com fornecedores, um dos raros Estados brasileiros nessa condição. Em seguida, adotamos metas para hospitais e centros de especialidades. Introduzimos um sistema de gerenciamento para acompanhar o tempo de permanência dos pacientes nas UTIs e leitos hospitalares. Essas reformas estruturantes garanti-rão maior eficiência ao sistema. Outro passo importante será a reforma cultural, porque é preciso resgatar o conceito central do SUS: a sinergia entre os governos federal, estadual e municipal para reorganizar a prestação de serviço sob a ótica da regionalização e conectar a saúde primária e secundária. Além disso,

cumpre assegurar a parceria dos agentes do sistema. Precisamos fazer com que os fornecedores, médicos, enfermeiros e ges-tores municipais participem do esforço geral e que adotemos um novo conceito na área: promover saúde. Nesse sentido, estamos lançando a segunda etapa do Movimento 21 Dias, que adota a premissa de estímulo a hábitos saudáveis de vida. Nossa política de saúde tem ação direta sobre esse foco. Sem acrescentar um único centavo aos orçamentos do Estado e dos municípios, implantamos a primeira unidade de cuidado integral à saúde na região norte. Em breve, outras quatro unidades conforma-rão a Rede Cuidar, que garantirá consultas e diagnósticos nos quatro cantos do Estado, diminuindo a distância entre o cidadão e o atendimento de qualidade. Os prédios estão prontos, mas o que fará a diferença estará dentro deles. Os usuários terão acesso a um plano completo, que reforçará a importância do autocuidado, proporcionando acompanha-mento nutricional, psicológico e fisioterapêu-tico. O diagnóstico é que quanto mais atenção básica, menos gastos com atenção hospitalar. É assim que temos de gerenciar a saúde, com eficiência na aplicação dos recursos, trans-parência nos contratos de serviço, qualidade de gestão e a tradicional ab-negação dos profissionais da saúde. Com o apoio de todos, estamos enfren-tando a crise e ampliando o acesso do usuário ao serviço de saúde no Espírito Santo.s

RicaRdo de oliveiRa • secretário de estado da saúde do espírito santo

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Inovação e Tecnologia

visão de futuro, tecnologia e inovação para embarcar na ‘Economia 4.0 – a nova

Revolução Industrial’as empresas proativas têm capacidade de entender as ondas que estão chegando e se antecipar a elas usando da capacidade de lidar com riscos, erros e de inovar

“Estamos de fato acom-panhando tudo o que está acontecendo?

Temos uma visão clara do que vem pela frente? Estamos co-meçando a construir o futuro hoje?”, indagou o professor da Fundação Dom Cabral, Leonar-do Araújo, ao palestrar sobre o tema “Inovação e Tecnologia”, durante o terceiro workshop do ES Competitivo, em Cachoei-ro de Itapemirim. As perguntas provocativas sugeriam ao públi-co reflexões sobre seus papéis e posicionamentos diante das mudanças que acontecem no mundo, com o advento da cha-mada Economia 4.0 – ou a quarta Revolução Industrial, baseada na tecnologia móvel. Para Leonardo, ter uma visão de futuro e investir em tecnologia e inovação em meio a esta “revolução digital” é fun-damental para se posicionar, se antecipar ou acompanhar as transformações e as ondas de oportunidades que estão surgin-do no mercado. “Estamos hoje no mundo na Economia 4.0, um

há dúvida nenhuma. Inovação não é só para empresa grande. Ao contrário, começa com as pequenas”, afirmou. O presidente do CDMEC,Durval Vieira de Freitas, citou os casos da empresa Blockbuster para mostrar como o mundo está mudando velozmente “e quem não acompanhar as mudanças pode ‘morrer’”. Ele lembrou que a Blockbuster (locadora de filmes e games) em 2004 tinha um faturamento de 6 bilhões de dólares por ano, mas, com o sur-gimento da concorrente Netflix até 2009, começou a apresentar

mundo da internet das coisas, um mundo veloz, um mundo mais inteligente, um mundo mais di-nâmico em que a competição se estabelece em outros níveis”, disse Leonardo Araújo. Para ele, essas oportuni-dades estão surgindo em todos os níveis e, em especial para as pequenas empresas. “Tem milhares de oportunidades para elas. Veja o que está aconte-cendo no mundo das startups, no mundo das Fintechs. São as pequenas empresas de fato que vão mudar o mundo. Ninguém pode esquecer que a Apple co-meçou numa garagem. Então, as pequenas empresas podem revolucionar com essas novas tecnologias que existem. Não

A Revolução agora é assim. É exponencial. Significa que se colocar 2 elevado a 2 é 4; que elevado a 4 é 16, e se caminhar assim se chega rapidamente à lua e se for caminhar linearmente se chega muito atrasado.

Leonardo Araújo, professor da Fundação Dom Cabral

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uma queda pequena no fatura-mento e em 2010 desabou de vez. “Inovação é a capacidade de reconhecer e implementar oportunidades, rompendo com os padrões existentes”, dis-se Durval, citando exemplos de algumas das mudanças que estão acontecendo no mundo contemporâneo. “A eleição nos Estados Unidos: quem diria que o Trump iria vencer? As mídias sociais estão funcionando muito rapidamente. A maior empresa de táxi no mundo, o Uber, não possui nenhum veículo na sua frota. A maior empresa de mí-dia do mundo, o Facebook, não produz nenhum conteúdo; nós é

que trabalhamos para eles. Posicionando o Espírito Santo em números e referências, Durval destacou que o Estado é o segundo maior produtor de petróleo e gás; o terceiro maior produtor de aço do país, com a siderúrgica com melhor pro-dutividade no mundo, que é a ArcelorMittal Tubarão; tem uma planta de celulose que é referência e que começou todo o desenvolvimento da celulose no país passando por Aracruz e pela Fibria. “Temos um polo de alimentos com empresas de referência na área de laticínios, na área de chocolates, e na nos-sa pauta de exportação temos

no primeiro lugar o minério, no segundo o petróleo e no terceiro o granito, que é um negócio todo local e onde nós somos referên-cia no mundo. Agora, precisamos também melhorar a tecnologia desse produto. Devemos exportar este ano algo em torno de 800 milhões de dólares, mas pode-mos melhorar a tecnologia nas cadeias, tanto a montante como a jusante, e isso se faz melhoran-do a gestão das empresas. Tem muita coisa a ser feita”, disse, referindo-se ainda à questão de infraestrutura. Para o governador Paulo Hartung, de fato o mundo está mudando e tudo se conecta. Nes-

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o professor Leonardo Araújo, da Fundação Dom Cabral, ex-plicou que depois das três fases da Revolução Industrial, “agora estamos saindo do mundo linear para o mundo exponencial. Esta é a nova regra. Estamos no Mundo 4.0 – o mundo da tecnologia mó-vel. O mundo é mobile, o mundo hoje é celular. Muitas coisas que estão dentro do celular já foram faladas aqui: a internet das coisas e as coisas interligadas. Em 2020 teremos cerca de 30 bilhões de coisas interligadas. As geladei-ras, as televisões serão cada vez mais inteligentes, enfim, não sei onde vamos parar, mas esse é o mundo das coisas interligadas que continua”, disse o profes-sor, acrescentando: “Essa curva que temos que entender. É nes-ta curva que todas as empresas têm que se inserir, seja empresa prestadora de serviço, seja em-

Inovação e Tecnologia

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presa neste polo absolutamente avançado que se tem aqui das rochas ornamentais. É possível todo mundo entrar nesta onda da curva exponencial”. “Tecnologia é a bola da vez. E o que é um negócio digital? É quando você pega o mundo físico e o mundo digital e mescla, con-siderando as coisas, as pessoas e os negócios. Todo negócio pode ser digital. Não existe isso de dizer que fico só no offline, vide o Uber, o Contabilizei; sempre existe uma possibilidade de digi-talizar o negócio”, sustenta Ren-zo Colnago, diretor-presidente do Prodest. Para ele, este cenário de transformações exige compre-ensão. “A gente tem que en-tender que o mundo mudou e que as fórmulas prontas não

se contexto, o Espírito Santo precisa ser mais competitivo, investindo em educação básica, e em infraestrutura. “Falar em competitividade é falar em infra-estrutura; temos que melhorar a transmissão de dados no nosso Estado. Essa é uma estrada do nosso tempo. Temos que trazer o capital privado para as rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e transmissão de energia”, disse. Hartung também anunciou que com a renovação da concessão da Vitória Minas e a Vale construin-do o ramal ferroviário de Vitória à divisa com o Rio de Janeiro, “nós arranjamos a âncora para sustentar o novo ciclo de desen-volvimento que nós precisamos no Sul do Estado, nossa terra”. Para ele, essa ferrovia também alavancará portos já projetados para a região. Voltando à Economia 4.0,

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Se a gente tiver a perspectiva da ferrovia nós colocamos de pé uma estrutura portuária e nós ancoramos o desenvolvimento do Sul do Espírito Santo.

Paulo Hartung, governador do Espírito Santo

resolvem tudo”. No ambiente dos negócios, “é importante que a empresa entenda a sua oferta de valor para entender como en-tregar isso melhor”. E, trazendo para o contexto do governo, “é preciso entender qual a proposta de valor de entrega do serviço público e como tornar o serviço público uma experiência melhor para o cidadão”. Renzo afirma que o Governo do Estado tem trabalhado muito esse viés da inovação, desen-volvendo aplicações e sistemas para entregar melhores serviços à população. “Lançamos recen-temente um aplicativo chama-do ES na Palma da Mão, que facilita o acesso a serviços do governo pela população; estamos lançando agora em dezembro junto com a Secretaria de Con-trole e Transparência o novo

Portal Transparência, com mais informações e detalhamentos e com mais plataformas de dados abertos; estamos também lan-çando em dezembro um projeto de digitalização de processos e transformação digital da forma do servidor público trabalhar em parceria com a Secretaria de Meio Ambiente para acelerar o trabalho do governo e este sair da era analógica para a era digital, sair dos processos de papéis fí-sicos para os processos digitais”, assinalou. Para o secretário de Desen-volvimento José Eduardo Azeve-do, uma das questões importantes é ter a certeza absoluta de que as coisas estão conectadas. “Não dá para olhar o setor privado separa-do do poder público. Quer dizer, a gente tem que apostar e dar as mãos para podermos melhorar a

Temos que trazer novas tecnologias, temos que buscar novos investidores, e também desenvolver as empresas locais para se tornarem mais competitivas.

Durval de Freitas, engenheiro industrial-

mecânico; presidente do CDMEC

Fonte: FEF-ES 2012, adaptado de PINTEC/IBGE.(1) Percenteual relativo ao total de empresas que implementaram inovações.(2) Percenteual relativo ao total de empresas que implementaram inovações no Brasil.

EmPRESAS quE ImPLEmEnTARAm InOvAçõES, SEGunDO ATIvIDADES InOvATIvAS DESEnvOLvIDAS

Unidades da Federação

Atividade Interna de

P&DAquisição de

softwareAquisição de máquinas e

equipamentosTreinamento

Introdução das inovações tecnológicas no mercado

Projeto industrial e outras prep.

técnicas1 2 1 2 1 2 1 2 1 2 1 2

Amazonas 21,3 1,0 18,6 1,3 92,7 1,1 73,8 1,2 21,9 0,8 28,6 0,7Pará 5,5 0,4 3,0 0,3 98,0 1,7 63,5 1,6 12,1 0,6 41,3 1,5Bahia 19,8 2,1 17,1 2,6 85,4 2,2 67,4 2,4 27,4 2,0 52,8 2,8Ceará 27,9 2,4 18,4 2,3 84,0 1,8 54,2 1,6 33,1 2,0 32,0 1,4Pernambuco 8,7 1,0 10,6 1,7 83,8 2,3 51,6 2,0 15,7 1,3 43,1 2,5Espírito Santo 3,8 0,5 8,3 1,4 92,1 2,8 48,9 2,0 17,7 1,5 31,4 1,9Minas Gerais 13,6 7,2 11,4 8,6 84,0 10,9 55,6 9,9 23,1 8,7 36,3 9,7Rio de Jaeniro 27,6 6,2 17,7 5,7 73,5 4,1 50,9 3,9 26,8 4,3 37,1 4,2São Paulo 27,6 48,9 16,9 42,7 77,9 33,8 59,2 35,4 32,6 41,0 43,3 38,8Paraná 17,2 9,0 13,5 10,0 86,2 11,0 62,3 10,9 30,4 11,2 35,3 9,3Santa Catarina 16,0 7,0 10,6 6,6 86,2 9,2 60,7 8,9 26,7 8,3 37,6 8,3

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Inovação e Tecnologia

Inovação e Tecnologia

Acesso e Internalização de Novas Tecno-logias: P&M empresasw Considerando o avanço tecnológico cada

vez mais rápido e intenso, é preciso que os poderes públicos e a iniciativa priva-da se unam, assim como a academia e as empresas, para promoverem a cultura da

Para que o Espírito Santo aumente o seu nível de competitividade, é imprescindível que os agentes públicos e privados incorporem a cultura da inovação como fundamento número um para direcionar as suas ações. E a inovação está intimamente atrelada à utilização das novas tecnologias que se fazem presentes de forma cada vez mais intensa entre as pesso-as e as organizações. Independentemente do porte da empresa, inovação e tecnologia não podem ficar de fora de seus processos de produção e, principalmente, das suas estratégias. “Não é só ser digital, é ter uma estratégia digital”, aconselha o professor Luciano Araújo. É a era da indústria 4.0 que se baseia na tecnologia móvel, na internet das coisas (conexão dos dispositivos eletrônicos utilizados no dia a dia à internet), nos sistemas cyber-físicos (elos entre os mundos real e virtual) e na hiperconectividade. Considerando essas premissas, os participantes do “ES Competitivo 2016” apresentaram as seguintes sugestões para ampliar a competitividade do Estado:

inovação e tornarem mais competitivos os produtos e serviços capixabas.

w Adotar a cultura da inovação representa passar a pensar, de forma sistemática e organizada, em novas soluções para os problemas enfrentados, sejam eles rela-

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Com uso da tecnologia, o seu negócio pode não existir amanhã e também o seu emprego. A gente nunca para de aprender e nem fica parado no mundo em movimento.

Renzo Colnago, diretor-presidente do Prodest

nossa capacidade de produção, melhorar as condições do setor público. Temos empresas efi-cientes, temos o setor público eficiente, e poder conectar as nossas agendas para que nesse esforço conjunto a gente possa avançar na direção do desen-volvimento com consistência é o que precisamos estruturar aqui no nosso Estado. Precisa-mos também criar a cultura da

inovação”. Azevedo considerou ain-da que o debate em torno de Inovação e Tecnologia passa por esta questão: “No ranking da competitividade nacional é um dos itens onde o Espírito Santo mais pode avançar e os nossos desafios nessa área são muito grandes. Criar a cultu-ra da inovação, muito mais do que projetos, é fazer sempre

melhor, fazer com eficiência e usar a tecnologia para nos trazer as informações e os exemplos necessários para a gente poder trabalhar isso. Acho que essas duas coisas estão conectadas e ligadas diretamente à nossa capacidade de ser mais com-petitivos no futuro”.s

tivos ao mercado, sejam relacionados aos processos internos de gestão e produção.

w As empresas, independentemente do seu porte, devem procurar se atualizar com o que há de inovador na área em que atuam, participando de parcerias, eventos e fóruns de debates que digam respeito à utilização das novas tecnologias em favor do aumento da produtividade e do atendimento das expectativas dos consumidores.

w Como pré-requisito para que as organiza-ções em geral – e as empresas em particular – possam utilizar da tecnologia digital no aprimoramento dos negócios é essencial que seja ampliada a capacidade das redes de transmissão de dados em todas as regiões do Estado.

w As empresas devem abrir espaços para a atuação dos jovens, não para lhes dar po-der, mas para aproveitar ao máximo a sua capacidade de criação, entendendo que a juventude não é questão de idade, mas de ser receptivo às ideias inovadoras.

w As empresas, para terem êxito no universo digital, devem procurar ter gestores pro-ativos, que lidem com os erros de forma responsável (aprendendo com os erros), que busquem atuar de forma flexível e inovadora e que adotem um modelo de gestão volta-do para o futuro em que a aprendizagem contínua e o desenvolvimento de talentos estejam sempre presentes.

w As organizações devem procurar criar cen-tros de inovação voltados para estimular os funcionários a proporem novas soluções, disseminando na organização a saudável cultura da inovação.

A Nova Economia: do Digital ao Criativow É preciso compreender que o mundo está

completamente integrado, o que faz com

que os produtos e serviços do Espírito Santo disputem mercados com competidores de todo o planeta, já que a competição se faz, cada vez mais, em escala mundial.

w O capital humano é o grande diferencial que se reflete diretamente na produtividade e, consequentemente, na competitividade. Por isso, os investimentos em educação – como a implantação de escolas de tempo integral e com currículos inovadores – são fundamentais na construção de um futuro melhor.

w Que seja estimulada a utilização intensiva da tecnologia digital na gestão dos recursos disponíveis visando a redução de desper-dícios e produzindo ganhos de escala que resultem em diminuição de custos e au-mento da competitividade dos produtos e serviços.

w As empresas devem sempre lembrar que o cliente não é uma máquina e que, por isso, a adoção de novas tecnologias deve se dar com a sensibilidade que assegure o relacionamento cuidadoso, atencioso e respeitoso que ele merece.

w A adoção da tecnologia digital e da inte-ligência de dados, como forma de melhor atender à sociedade e aos objetivos da organização, deve ser buscada não só nas empresas, mas também nos poderes públi-cos e nas organizações não governamentais.

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Em tempos de crise, novas soluções

Fazer parte de um Estado que é exemplo em equilíbrio nas contas públicas, nos deixa cada dia mais certos de que este

é o caminho. Caminho da gestão intensiva, com foco no ajuste fiscal e políticas públi-cas voltadas para a melhoria da qualidade de vida do cidadão capixaba. A Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação Profissional do Espírito Santo tem um papel transversal dentro de grande parte dos projetos estruturantes do governo e atua no programa de Ocupação Social,

na Economia Criativa, na Economia Verde, na saúde, na educação, na segurança... Em tempos de crise, novas soluções para os mesmos problemas precisam surgir. E é neste ponto que temos que atuar. Entender as necessidades já existentes, analisar a situação financeira e orçamentária, reunir parceiros com objetivos em comum e bata-lhar por um Espírito Santo melhor, é o que precisamos fazer diariamente. Se quisermos deixar nossos ambien-tes de negócios cada vez mais propícios, precisamos promover a competitividade de nossas organizações. Desenvolver mecanis-mos que façam com que, cada vez mais, os empresários, os pesquisadores e os líderes tirem suas ideias do papel, promovendo a inovação e o empreendedorismo que sempre

Se quisermos deixar nossos ambientes de negócios cada vez mais propícios, precisamos promover a competitividade de nossas organizações. Desenvolver mecanismos que façam com que, cada vez mais, os empresários, os pesquisadores e os líderes tirem suas ideias do papel, promovendo a inovação e o empreendedorismo que sempre vão resultar num cenário mais competitivo.

Artigo

caMila dalla BRaNdão • secretária de estado de Ciência, tecnologia, inovação e educação Profissional

vão resultar num cenário mais competitivo. Cenário no sentido mais amplo da palavra: aquele que engloba desde os meios que aumentem o faturamento das organiza-ções até o número de empregos gerados, de impostos arrecadados e acesso a novos mercados. Se quisermos ter um destaque cada dia maior, precisamos criar fatos. Pro-var por A + B que, no Espírito Santo, existem iniciativas que englobam diversos setores e potencialidades para desenvolver novos projetos.

Historicamente, fo-mos a barreira verde que protegeu o ouro de Minas Gerais. Por isso, começamos a nos desenvolver bem mais tarde que nossos vizi-nhos. Estamos na re-gião Sudeste, porém a metade do nosso esta-do é Nordeste. A com-

petição tem que ser interna, ser um Estado melhor a cada dia. Não adianta comparar a nossa realidade com a de outros Estados (se bem que, falando em ajuste fiscal, vale a pena). Aqui no Espírito Santo é diferente. Mas agora, a diretriz é outra. É gestão públi-ca, planejamento com base e dados reais, sem problemas inventa-dos ou colocados por debaixo do tapete. Estamos trabalhando intensamente, com uma equipe extremamente qualificada e unida, com um objetivo em comum: ser um Espírito Santo melhor!s

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José aRMaNdo de F. caMPos • Conselheiro da arcelorMittal brasil

Artigo

Sustentabilidade x Competitividade

Nas discussões sobre como desenvol-ver planos e ações, de forma conver-gente, para dar melhores condições

de competitividade ao Espírito Santo, o tema da sustentabilidade não poderia fi-car de fora. Sustentabilidade definida aqui de forma íntegra e integrada, cobrindo os aspectos sociais, ambientais e econômicas, se quisermos ser bem simplistas na ampla gama de vertentes que o termo abriga. Fica longe o tempo dos que achavam que a busca da competitividade seria in-compatível com conceitos e práticas da sustentabilidade. Que a equação de custo/benefício pela adesão a políticas sustentá-veis e a adoção de ações alinhadas a essas políticas, trariam resultado de impacto nulo, se não negativo no “botton line” do resultado das empresas. E que, pelo mesmo motivo, viam no “desenvolvimento sustentável” nada mais que um apelo de marketing em-presarial. As oportunidades de ganhos através da implantação de projetos de melhoria de efi-ciência operacional começaram muito cedo a demonstrar que valia a pena “fazer mais com menos” e, num ambiente concorrencial sadio, o exemplo foi sendo transformado em contágio e daí para um movimento de manada foi um pulo. Felizmente, num ambiente globalizado e cada vez mais conectado, com acesso livre e praticamente ilimitado à informação, cresce a consciência, dentro e fora de empresas, Estados e países, a respeito do impacto e das consequências da nossa “pegada” no planeta. E vejam que as discussões nesse tema, muito acertadamente, transbordam as fronteiras nacionais ou regionais e ga-nham, quase que espontaneamente, a escala planetária.

E como podemos integrar a dimensão da sustentabilidade ao esforço para fazer do ES um Estado mais competitivo no conjunto da federação? Sem dúvida nenhuma, o melhor ca-minho está na combinação da inovação tecnológica com práticas que respeitem o meio ambiente, receita aplicável em qual-quer área de negócio, seja no campo ou nas áreas urbanas. No campo, a melhoria da produtivida-de, e por consequência da competitividade dos negócios, passa por atitudes e ações sustentáveis, que vão desde a preservação de áreas remanescentes da nossa Mata Atlântica passando por recuperação de áreas degradadas e pela utilização racional dos recursos de terra e água disponíveis. A partir daí poderemos reduzir riscos de perdas e, de fato, termos um agronegócio sustentável e competitivo, como por exem-plo, na fruticultura ou na cafeicultura, onde já somos fortes. Nas cidades e nos seu entorno, um novo modelo de planejamento que inclua ferramentas tecnológicas modernas que permitam melhorar a mobilidade urbana, a geração distribuída de energia, a desocu-pação das margens de córregos e rios, das encostas e, obviamente, de um sistema de esgotamento sanitário racional. Esse seria o conjunto de ações que dotaria o Estado de um ecos-sistema sustentá-vel e acelerador da competitividade que tanto almejamos.s

Artigo

Competitividade econômica:fator de desenvolvimento para uma sociedade

No mundo inteiro, os principais indi-cadores de competitividade consi-deram os aspectos de crescimento

econômico, combinados com medidores de desenvolvimento social. Grande parte das diferenças de desenvolvimento entre re-giões, às vezes de uma mesma unidade da federação, se explica pela competitividade de suas economias. Recentemente, o Brasil perdeu seis po-

sições no ranking das economias mais com-petitivas do mundo, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial, caindo da 75ª colocação em 2015 para a 81ª em 2016. Fatores como ambiente econômico, desenvolvimento do mercado financeiro, inovação e educação foram os responsáveis por essa queda. Em nosso país, o Centro de Liderança Pública (CLP), em parceria com a Economist Intelligence Unit e Tendências Consulto-ria, elabora o ranking de competitividade, composto por 10 fatores, entre os quais a infraestrutura, sustentabilidade social, sustentabilidade ambiental, solidez fiscal, educação, eficiência da máquina pública, inovação, entre outros. Com nota 62,6 (numa faixa de 0 a 100), o Espírito Santo obteve o 6º lugar no ranking em 2016. A nota média brasileira foi de 50,2.

Os fatores eficiência da máquina pública e solidez fiscal nos renderam notas máximas (100), o que comprova que o Estado vem cumprindo bem seu papel de bom gestor, fato já amplamente reconhecido pela opinião pública nacional. Para se consolidar como uma economia competitiva nacional e internacional, o nosso Estado tem avançado muito em desafios importantes, como a inovação, a tecnologia

e a infraestrutura logísti-ca, mas precisa ampliar as conquistas nessas áreas. Para citarmos dois exemplos, ainda em fase de projeto, temos a Fer-rovia EF 118, que fará a

ligação entre as cidades de Vitória e Rio de Janeiro, e a duplicação da BR 262, em toda a sua extensão, até o Estado de Minas Gerais. Colocar em evidência e estimular o de-bate sobre esses e outros desafios, tão relevantes para o avanço da nossa econo-mia, é o diferencial do ES Competitivo. Esse projeto da Rede Gazeta trouxe, na edição de 2016, temas que estão conectados com os nossos principais proje-tos e que irão subsi-diar a agenda pública e também privada de desenvolvimento.s

José eduaRdo azevedo • secretário de estado de desenvolvimento

Os fatores eficiência da máquina pública e solidez fiscal nos renderam notas máximas (100), o que comprova que o Estado vem cumprindo bem seu papel de bom gestor, fato já amplamente reconhecido pela opinião pública nacional.

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