desafio do trabalho com hipertexto

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  • Trabalho apresentado no XVI ENDIPE Encontro Nacional de Didtica e Prtica de Ensino 23 a 26 de julho de 2012 FE/Unicamp Campinas/SP - Apresentao de Painel Eixo Temtico: 3 Didtica e prticas de ensino na realidade escolar contempornea: constataes, anlises e

    proposies. Disponvel em: http://www2.unimep.br/endipe/2095b.pdf Pgina 1

    DESAFIOS DO TRABALHO COM HIPERTEXTO NA ESCOLA:

    APONTAMENTOS SOBRE UMA ATIVIDADE PRTICA

    Dr. Luiz Fernando Gomes

    Dr. Maria Lcia de Amorim Soares

    Dr. Eliete Jussara Nogueira

    Universidade de Sorocaba Uniso Programa de Ps-Graduao em Educao

    RESUMO

    Este artigo apresenta os resultados de uma atividade prtica de retextualizao na

    qual alunas do 7 perodo de um curso de pedagogia reescreveriam textos

    impressos extrados de revistas semanais em hipertextos. O objetivo da atividade

    era propor a reflexo sobre algumas caractersticas da hipertextualidade e as

    consequncias da insero de links na leitura e produo de hipertextos. A

    questo de pesquisa que norteou essa atividade foi: quais seriam as possveis

    dificuldades, tanto para o professor quanto para os alunos, no trabalho com

    hipertexto no ambiente escolar? Compreendendo a amplitude dessa questo,

    procuramos restringir nossas anlises, nesse estudo, aos movimentos introdutrios

    do ensino de hipertexto, destacando as principais necessidades ou dificuldades

    que alunos e professores encontrariam. Os estudos sobre hipertexto (GOMES,

    2010, 2011, COSCARELLI, 2005 e BRAGA, 2006) revelam que a textualidade

    do hipertexto no fundamentalmente diferente daquela do texto impresso, mas

    que ela torna a leitura mais complexa e implica, seguramente, novas formas de ler

    e de escrever. As anlises das retextualizaes, juntamente com as anotaes de

    campo do professor mostram que o conhecimento dos quatro tipos bsicos

    estruturais de hipertexto fundamental para sua produo e que a as

    conseqncias retricas da insero de links e a quebra da linearidade na leitura

    no foram bem percebidas pelas alunas participantes, o que implica a necessidade

    de desenvolvimento de estratgias de ensino para esse fim. Para o professor,

    constatamos que o trabalho com hipertexto no cotidiano escolar demanda, alm de

    formao adequada, acesso a material didtico-pedaggico que o auxilie.

    PALAVRAS-CHAVE: Hipertexto. Retextualizao. Leitura e escrita. Letramento

    digital. Formao de professores.

    INTRODUO Os novos modos de produo textual tm se tornado um desafio para a

    escola que, de modo geral, ainda se atm ao trabalho com textos impressos,

    deixando de lado as prticas sociais de usos da escrita e os gneros discursivos

    que circulam na internet. Porm, crianas e jovens em idade escolar tm driblado

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    Trabalho apresentado no XVI ENDIPE Encontro Nacional de Didtica e Prtica de Ensino 23 a 26 de julho de 2012 FE/Unicamp Campinas/SP - Apresentao de Painel Eixo Temtico: 3 Didtica e prticas de ensino na realidade escolar contempornea: constataes, anlises e

    proposies. Disponvel em: http://www2.unimep.br/endipe/2095b.pdf Pgina 2

    a falta de acesso e, quer seja em lan houses ou em reas de acesso pblico,

    utilizam textos digitais em diversas situaes de comunicao, embalados,

    inclusive, pelos meios de comunicao, que atribuem a empregabilidade e o

    sucesso ao domnio das ferramentas informticas.

    Entretanto, mais que o acesso a tais ferramentas, o importante o uso que

    se faz delas. E, nesse caso, a escola tem um papel fundamental, qual seja,

    promover o letramento digital, que, esclareamos, vai alm de saber usar o computador, pois inclui o conjunto de prticas socialmente organizadas que fazem uso de sistemas simblicos e da tecnologia para atuar em contextos

    especficos (GOMES, 2011, p.14). Ocorre que essas prticas so mediadas pela escrita hipertextual, pois adentramos num sistema hipertextual sempre que nos

    conectamos internet e lemos algum tipo de hipertexto ao acessar qualquer portal

    de notcias, por exemplo, ou as redes sociais. Do mesmo modo, ampliamos os

    hipertextos quando comentamos uma matria no jornal online, quando postamos

    em blogs, contribumos com algumas linhas de algum verbete na Wikipdia, ou

    curtimos algo no Facebook. Construmos nossos prprios hipertextos, que podero ser estendidos por links de outros internautas, quando abrimos um blog,

    um site ou criamos uma comunidade virtual.

    Uma das dificuldades para o trabalho escolar com as linguagens e sua

    interface com a tecnologia est na formao de professores, uma vez que os

    currculos dos cursos de licenciaturas ainda no incluem, de forma ampla e

    consistente, questes tericas e, principalmente, prticas envolvendo o letramento

    digital e, mais especificamente, o hipertexto. No trabalhando com hipertextos

    nos cursos de licenciatura e no contando com a disponibilidade de material

    didtico e de apoio sobre o tema, os professores acabam por no inserir atividades

    de leitura e escrita de hipertextos em suas aulas.

    FUNDAMENTAO TERICA

    O hipertexto um texto exclusivamente virtual, cuja centralidade est nos

    links, ou seja, necessrio que o leitor clique nos links para que o hipertexto

    acontea. Sem os links, o hipertexto realiza-se apenas como texto. O link , portanto, uma rea dentro de um texto que a fonte ou o destino da ao de clicar. (GOMES, 2011, p.26) . Essa rea costuma ser destacada e, comumente uma palavra, uma imagem ou algum cone ou logomarca que identifique

    prontamente o ponto de chegada.

    Devido, talvez, nossa experincia como leitores de textos impressos,

    costumamos dar maior ateno ao texto que aos links, sendo estes vistos apenas

    como elementos de conexo. Na verdade, porm, eles fazem parte da organizao

    textual (alm da estrutural) e alteram o modo como os textos podem ser acessados

    e compreendidos, contribuindo, portanto, para a construo de novas relaes de sentido. Os links atuam tambm como diticos, como elementos de coeso textual

    e operam na continuidade dos sentidos e na progresso referencial.

    As funes dos links de partida e de chegada tambm precisam ser

    consideradas, para que se possam identificar seus efeitos denotativos, conotativos

    e ainda desfazer ambigidades (HISSA,2010). Alm disso, o formato dos links, a

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    Trabalho apresentado no XVI ENDIPE Encontro Nacional de Didtica e Prtica de Ensino 23 a 26 de julho de 2012 FE/Unicamp Campinas/SP - Apresentao de Painel Eixo Temtico: 3 Didtica e prticas de ensino na realidade escolar contempornea: constataes, anlises e

    proposies. Disponvel em: http://www2.unimep.br/endipe/2095b.pdf Pgina 3

    quantidade de links por pgina, ou mesmo a ausncia de links, tambm

    influenciam nos sentidos do texto.

    Vemos, portanto, que o texto com links amplia consideravelmente as

    possibilidades de escrita (hipertextual) e de construo de sentido, tanto pela

    variedade de links e de suas funes, quanto pela inmeras possibilidades de

    conexes entre textos dos hipertexto, o que acarreta a quebra da linearidade na

    leitura e transfere ao leitor a escolha dos caminhos de leitura a seguir. Embora a

    textualidade do hipertexto no seja fundamentalmente diferente daquela do texto

    impresso, ela torna a leitura mais complexa e implica, seguramente, novas formas

    de ler e de escrever (COSCARELLI, 2005).

    PROCEDIMENTOS DA PESQUISA

    Conforme comentamos na introduo desse artigo, os currculos dos

    cursos de licenciaturas ainda no incluem de forma consistente discusses tericas

    e atividades prticas sobre a escrita e a leitura hipertextuais. Nossa inteno com

    essa pesquisa foi descobrir quais seriam as possveis dificuldades, tanto para o

    professor quanto para os alunos, no trabalho com hipertexto no ambiente escolar.

    A pesquisa aqui relatada foi realizada em 2011, em um encontro de 4h/a

    com sete alunas do 7 perodo do curso de Pedagogia de uma universidade do

    interior do Estado de So Paulo. O encontro fazia parte de uma disciplina

    semestral intitulada Seminrios de Educao, na qual professores se revezavam

    para ministrar temas da atualidade no contexto educacional, compondo um

    panorama geral sobre questes educacionais emergentes.

    Em nosso primeiro contato com as alunas, soubemos que todas tinham

    experincia como professoras muitas delas estavam lecionando e sua faixa etria mdia era acima de 25 anos, aproximadamente. Ao serem questionadas,

    nenhuma delas relatou conhecer algo sobre hipertexto, embora tivessem noes de

    letramento (no o digital), pois este fora tema de concurso pblico do qual

    participaram naquele ano.

    Propusemos, ento, a atividade de reescrita do texto ao hipertexto. Nela as alunas deveriam selecionar um texto de alguma das revistas semanais levadas

    por ns e o reescrev-lo inserindo links. Enquanto as alunas folheavam as revistas

    em busca de textos, ns conversvamos com elas e anotvamos nossas conversas

    e tambm nossas dvidas e observaes sobre o que acontecia durante a atividade,

    num dirio de campo.

    Optamos pela utilizao de revistas impressas para a realizao dessa

    atividade por duas razes. A primeira era mostrar que se pode trabalhar com

    linguagens do meio digital em salas de aula comuns, pois acreditamos que a falta

    de acesso ao computador (na escola ou fora dela) no precisa, necessariamente,

    estar ligada excluso lingustica e comunicativa. A segunda que as alunas,

    conforme soubemos, lecionam em escolas que oferecem pouco ou nenhum acesso

    a laboratrios de informtica e, se nossa atividade implicasse, necessariamente, o

    uso de computadores, era quase certo que as alunas no levariam a experincia

    para suas prprias aulas.

    Os trabalhos de retextualizao foram discutidos em classe, no mesmo dia.

    Durante a discusso os referenciais tericos sobre o hipertexto foram apresentados

    e as alunas tiveram a oportunidade de compreender melhor as operaes que

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    Trabalho apresentado no XVI ENDIPE Encontro Nacional de Didtica e Prtica de Ensino 23 a 26 de julho de 2012 FE/Unicamp Campinas/SP - Apresentao de Painel Eixo Temtico: 3 Didtica e prticas de ensino na realidade escolar contempornea: constataes, anlises e

    proposies. Disponvel em: http://www2.unimep.br/endipe/2095b.pdf Pgina 4

    haviam realizado. Ao final, os trabalhos nos foram entregues, com vistas

    produo de um texto reflexivo sobre essa atividade.

    Os termos reescrita e retextualizao utilizados aqui como equivalentes,

    referem-se a um processo de transformao de uma modalidade textual em outra, ou seja, trata-se de uma refaco e uma reescrita de um texto para outro... (DELLISOLA, 2007, p.10). A retextualizao exige que o leitor compreenda o

    texto que deseja reescrever e seu exerccio requer a desconstruo de um texto e

    sua reconstruo, numa nova modalidade textual, o que permite o entendimento

    da constituio dos textos de ambas as modalidades (textual e hipertextual). De

    acordo com Braga e Ricarti (2005, p. 64), a retextualizao pode ser um caminho promissor para refletirmos sobre a leitura e a produo de hipertextos. Devido ao tempo disponvel, restringimos bastante o escopo de nossa

    pesquisa. No focalizamos a nova situao comunicativa implicada numa

    atividade de retextualizao e tambm no analisamos a relao impresso-

    hipertextual. Optamos por fazer uma anlise da percepo das alunas quanto aos

    tipos de hipertextos e as funes dos links enquanto organizadores do hipertexto e

    como elementos retricos do mesmo. Procuramos tambm observar se as alunas

    tomaram conscincia da emergncia de novos caminhos de leitura que a insero

    de links proporciona. A partir dessas observaes, espervamos tirar algumas

    indicaes sobre as necessidades metodolgicas para a insero de estudos de

    hipertexto na escola.

    ANLISE E DISCUSSO DOS DADOS

    Para as discusses e anlises, apresentamos os 7 trabalhos escaneados

    (Figuras 1 a 8, no final do trabalho) e nossos apontamentos de sala de aula feitos

    durante a atividade.

    To logo as revistas, tesouras e tubos de cola foram distribudos, as alunas

    comearam a buscar pequenos textos e a recort-los. A estratgia de todas elas foi

    a mesma: selecionado o texto, passaram a pic-lo, separando o ttulo, as

    informaes perifricas, geralmente em destaque de cor ou tamanho de fonte, os

    subttulos e os pargrafos dos textos. Interessante observar, ento, que o recorte

    das matrias no foi feito pelo sentido dos textos, mas seguindo ou desconstruindo- a diagramao da pgina em que foi publicado. Parece ter havido

    uma leitura holstica da diagramao da pgina, nesse momento, tendo o contedo

    ficado em segundo plano.

    Observando as alunas movimentando os textos recortados sobre a folha

    de papel sulfite onde seriam colados os pedaos, percebi que apresentavam a

    tendncia a organizar os recortes na sequncia cannica do impresso, com o ttulo

    no topo, ou no lado superior esquerdo da pgina (Fig. 1, Fig.4). Nesse momento,

    anotamos no dirio de campo que seria melhor termos, ao menos, desenhado na

    lousa os diagrama dos 4 modelos de hipertexto: linear, em rede, hierrquico e

    reticulado (Figs.9 a 12), pois como esperar que as alunas soubessem ou viessem a

    descobrir por si ss que os textos do hipertexto podem ser ligados e estruturados

    de, pelo menos, 4 formas diferentes e que essas formas implicam caminhos de

    leitura que o autor oferece ou no ao leitor?

    Se os 4 modelos de hipertextos se configuram por meio dos arranjos dos

    links, percebemos que tambm seria necessrio explicar os possveis caminhos da

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    Trabalho apresentado no XVI ENDIPE Encontro Nacional de Didtica e Prtica de Ensino 23 a 26 de julho de 2012 FE/Unicamp Campinas/SP - Apresentao de Painel Eixo Temtico: 3 Didtica e prticas de ensino na realidade escolar contempornea: constataes, anlises e

    proposies. Disponvel em: http://www2.unimep.br/endipe/2095b.pdf Pgina 5

    leitura sugeridos pelos links, como aqueles que levam o leitor, mas tambm o

    trazem de volta ao ponto anterior, de onde o leitor pode partir novamente,

    seguindo, agora, novo percurso. E novas questes surgiram, por exemplo, como e

    quais links explicar, pois sua tipologia pode ultrapassar a casa dos 75 (HISSA,

    2010) e, ainda, como identificar, junto aos alunos, os diferentes sentidos

    construdos com os links.

    Percebendo que a falta de explicao comprometeria a atividade, pedimos

    uma pausa s alunas e fizemos uma breve explanao sobre os tipos de

    hipertexto. Essa explicao ajudou as alunas a, refletindo sobre sua tipologia,

    montar hipertextos com o ttulo da matria posicionado no centro da folha e com

    vrios caminhos de leitura, como se pode ver nas Figuras 5,6,7 e 8. Observamos,

    ento, que houve uma conscientizao com relao forma cannica e linear da

    escrita em material impresso e sobre as possibilidades de explorao de novos

    modelos de organizao textual que surgem na escrita hipertextual. De fato, as

    Figuras 5 e 6 mostram trabalhos que extrapolam nossa proposta da atividade, pois

    h setas conectando outros textos da mesma revista cujos assuntos se

    relacionavam (na leitura das alunas).

    As alunas utilizaram canetas para fazer setas, que atuavam como links,

    indicando possveis caminhos de leitura entre os trechos recortados. Um problema

    surgiu quando perceberam que alm de ligar um pargrafo a outro, na sequncia

    em que se apresentavam no texto original, poderiam fazer a conexo a partir de

    uma palavra a outra em outro recorte. Nesse momento, perceberam que

    dependendo da palavra escolhida como link (chegaram a grifar as palavras, como

    se pode observar na Fig.7) a leitura poderia ser interrompida e o sentido do texto

    poderia mudar, pois as novas conexes tinham efeitos de sentido no previstos no

    texto original. Essa forma de ligao, porm, tornava-se mais fcil, quando a

    palavra remetia a uma imagem que j havia sido conectada ou implicada por meio de recursos tpicos do meio impresso, como o uso de itlicos e de cores a

    uma ilustrao perifrica do texto (Fig.2).

    Embora no seja possvel, nesse trabalho, em razo do espao e das

    limitaes dos dados, abordar questes de coeso e de coerncia textuais nos

    hipertextos produzidos pelas alunas, foi possvel perceber que algumas alunas

    colocaram setas ligando trechos recortados de maneira um tanto aleatria, como

    se v nas Figs. 4 e 7. Por outro lado, observando-se as Figuras 3 e 8, por exemplo,

    notamos uma tentativa de organizar rigidamente os caminhos de leitura, repetindo

    quase que as mesmas propostas de leitura dos textos impressos originais.

    Infelizmente, nossa pesquisa no permitiu avaliar se essa atitude estaria

    relacionada diretamente com a leitura que as alunas fizeram dos textos e da

    compreenso que deles tiveram ou se foi apenas uma artimanha para completar a

    atividade.

    CONSIDERAES FINAIS

    A pesquisa aqui relatada teve, como se pode observar, um carter

    exploratrio. Nossa inteno era entender quais seriam as possveis dificuldades,

    tanto para o professor quanto para as alunas, no trabalho com hipertexto no

    ambiente escolar. Procuramos sondar se seria possvel introduzir conceitos da

    escrita hipertextual sem uma discusso terica inicial, isto , partindo da prtica

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    Trabalho apresentado no XVI ENDIPE Encontro Nacional de Didtica e Prtica de Ensino 23 a 26 de julho de 2012 FE/Unicamp Campinas/SP - Apresentao de Painel Eixo Temtico: 3 Didtica e prticas de ensino na realidade escolar contempornea: constataes, anlises e

    proposies. Disponvel em: http://www2.unimep.br/endipe/2095b.pdf Pgina 6

    para o entendimento da teoria. Nossa hiptese era de que a introduo de

    conceitos tericos da rea da lingustica antes das atividades prticas poderia

    desestimular as alunas de pedagogia. De fato, pedimos uma avaliao, por

    escrito, ao final da aula e pudemos colher relatos positivos sobre nossa proposta.

    Da mesma forma, preocupava-nos condicionar as aulas de escrita digital

    com o laboratrio de informtica, pois nossa inteno era no colocar como

    interdependentes o acesso ao computador e a escrita digital. Assim, as alunas

    poderiam criar propostas de ensino de hipertexto mesmo em escolas onde o acesso

    fosse precrio ou inexistente, pois, embora, o hipertexto s exista no meio digital,

    os primeiros contatos com ele no precisam necessariamente incluir o uso do

    computador. Nossa expectativa foi recompensada: duas alunas escreveram no

    verso do trabalho, que j pensavam em aplicar essa mesma atividade em suas

    aulas.

    Percebemos, ao fim e ao cabo, que uma introduo sobre os quatro

    modelos de hipertextos imprescindvel, sob pena de o aluno repetir a formatao

    do texto tradicional. Quanto aos tipos de links, suas funes organizacionais e

    retricas, acreditamos que embora no seja fundamental uma apresentao antes

    das atividades, ela fundamental a posteriori. As alunas conseguiram utilizar uma

    certa variedade de links, mas no conseguiram ampliar seu leque de opes e nem

    explorar as possibilidades retricas de outros tipos de links, por no os

    conhecerem. Quer nos parecer que sem um conhecimento sistematizado desses

    elementos, que so centrais no hipertexto, fica muito difcil produzir e ler

    hipertextos de maneira segura. Notamos tambm que o conceito de linearidade

    precisaria ser desconstrudo e discutido nas aulas sobre hipertexto, pois o predomnio por sculos do texto impresso deixou traos da hegemonia da

    linearidade textual que dificulta a introduo de outras formas de arranjos

    textuais.

    Finalmente, mesmo para a realizao de nica atividade, notamos o quanto

    dificultoso preparar a aula e encontrar textos tericos e propostas didtico-

    metodolgicas que auxiliem e apiem o professor no ensino do hipertexto.

    Gostaramos de reforar que a insero de tecnologia no cotidiano escolar vai

    alm da aquisio de dispositivos digitais pelas escolas e pelo simples acesso aos

    dispositivos informticos, ela deve, no mnimo, ser acompanhada de cursos de

    formao de professores que considerem seriamente as questes de letramento

    digital dos professores e alunos.

    REFERNCIAS

    BRAGA, D. B. & RICARTI, I.L.M. Letramento na era digital: construindo

    sentidos atravs da interao com hipertextos. In: Revista da Anpoll, n. 18,

    pp.59-82, jan./jun.2005.

    COSCARELLI, C.V. Da leitura de hipertexto: um dilogo com Rouet ET alii. In:

    Interao na internet: novas formas de usar a linguagem. ARAJO, J.C. e

    BIASI-RODRIGUES, B. (Orgs.). Rio de Janeiro: Editora Lucerna, 2005, pp.109-

    123.

    DELLISOLA, R. L.P. Retextualizao de gneros escritos. Rio de Janeiro:

    Lucerna, 2007.

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    Trabalho apresentado no XVI ENDIPE Encontro Nacional de Didtica e Prtica de Ensino 23 a 26 de julho de 2012 FE/Unicamp Campinas/SP - Apresentao de Painel Eixo Temtico: 3 Didtica e prticas de ensino na realidade escolar contempornea: constataes, anlises e

    proposies. Disponvel em: http://www2.unimep.br/endipe/2095b.pdf Pgina 7

    GOMES, L. F. Hipertexto no cotidiano escolar. So Paulo: Cortez Editora,

    2011.

    ______ . Hipertextos multimodais: leitura e escrita na era digital. Jundia, Paco

    Editorial, 2010.

    HISSA, D. Uma proposta de classificao dos links hipertextuais a partir de

    critrio navegacionais e informacionais. In: Linguagem, Tecnologia e Educao.

    RIBEIRO, A.E., VILLELA, A.M.N., SOBRINHO, J.C. e SILVA, R.B. (Orgs.).

    So Paulo: Peirpolis, 2010, pp.204-210.

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    Trabalho apresentado no XVI ENDIPE Encontro Nacional de Didtica e Prtica de Ensino 23 a 26 de julho de 2012 FE/Unicamp Campinas/SP - Apresentao de Painel Eixo Temtico: 3 Didtica e prticas de ensino na realidade escolar contempornea: constataes, anlises e

    proposies. Disponvel em: http://www2.unimep.br/endipe/2095b.pdf Pgina 8

    Figura 1 Trabalho 1- Parte A Figura 2 - Trabalho 1- Parte B

    Figura 3- Trabalho 2 Figura 4 Trabalho 3

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    Trabalho apresentado no XVI ENDIPE Encontro Nacional de Didtica e Prtica de Ensino 23 a 26 de julho de 2012 FE/Unicamp Campinas/SP - Apresentao de Painel Eixo Temtico: 3 Didtica e prticas de ensino na realidade escolar contempornea: constataes, anlises e

    proposies. Disponvel em: http://www2.unimep.br/endipe/2095b.pdf Pgina 9

    Figura 5- Trabalho 4 Figura 6- Trabalho 5

    Figura 7- Trabalho 6 Figura 8 - Trabalho 7

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    Trabalho apresentado no XVI ENDIPE Encontro Nacional de Didtica e Prtica de Ensino 23 a 26 de julho de 2012 FE/Unicamp Campinas/SP - Apresentao de Painel Eixo Temtico: 3 Didtica e prticas de ensino na realidade escolar contempornea: constataes, anlises e

    proposies. Disponvel em: http://www2.unimep.br/endipe/2095b.pdf Pgina 10

    Figura 9 Hipertexto- modelo linear Figura 10 Hipertexto modelo hierrquico

    Figura 11 Hipertexto modelo reticulado Figura 12 Hipertexto modelo em rede

    Fonte das Figuras 9 a 11: GOMES, Luiz Fernando. Hipertexto no cotidiano

    escolar. So Paulo: Cortez Editora, 2011, p.52).