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Depois da Segunda Guerra Mundial, a industrialização e a internacionalização da agricultura ocorreram à velocidade da luz. Ciclos naturais foram rompidos. A partir dessa época, tornou-se possível “praticar a agricultura” com pouquíssima terra (visível). Desde então, suínos e frangos são engordados na Europa Ocidental, principalmente “sem ocupação de terra”. A terra, a água e o petróleo vêm do exterior – na forma de soja para ração animal. Ração que se torna alimento da destruição. Tudo é desvinculado: o consumo crescente e os elementos da produção. O que é causa? O que é efeito? É como se uma tesoura fosse utilizada para retalhar a trama da realidade, tornando-a irreconhecível. Neste processo, 1962 é um ano divisor de águas 1962? Rachel Carson lançou seu polêmico livro Silent spring. “Primavera silenciosa”, devido ao avanço desenfreado da agricultura química. Sua obra foi praticamente o começo do movimento ambientalista na América do Norte. No mesmo ano, o julgamento do nazista Adolf Eichmann abriu os olhos do mundo para um fator do Holocausto que ainda não havia chamado muita atenção. Hannah Arendt esteve presente durante o julgamento e inquietou a opinião mundial com seu controverso livro Eichmann em Jerusalém – Um relato sobre a banalidade do mal. Duas mulheres no lado americano do Atlântico levantam suas vozes. Debate garantido! Até hoje. Do lado europeu, a agricultura se desvincula da terra, devido à Rodada de Dillon, do GATT (atualmente OMC – Organização Mundial do Comércio): um acordo no âmbito do comércio mundial, que coincide com o início da Política Agrícola Comum Europeia. Mais uma vez, no ano de 1962. Os acordos firmados em Dillon deram início ao fluxo destrutivo da soja: primeiro, a partir dos Estados Unidos; depois, com a “Revolução Verde”, a partir do Brasil, da Argentina, do Paraguai, da Bolívia. É nesse contexto histórico que o belga Luc Vankrunkelsven publica seu quinto livro sobre a interdependência Europa-Brasil-China. Ele apresenta os difíceis temas da dependência alimentar internacional e das mudanças extremamente rápidas no mundo agrícola na forma de crônicas, para que, em ambos os lados do oceano, um leitor-consumidor apressado também possa aprender e colaborar com o tão necessário movimento global por alimentos. SOJA: TESOURO OU TESOURA? Luc Vankrunkelsven PUBLICAÇÃO: REALIZAÇÃO:

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Page 1: Depois da Segunda Guerra Mundial, a industrialização e a ... · Depois da Segunda Guerra Mundial, a industrialização e a internacionalização da agricultura ocorreram à velocidade

Depois da Segunda Guerra Mundial, a industrialização e a internacionalização da agricultura ocorreram à velocidade da luz. Ciclos naturais foram rompidos. A partir dessa época, tornou-se possível “praticar a agricultura” com pouquíssima terra (visível). Desde então, suínos e frangos são engordados na Europa Ocidental, principalmente “sem ocupação de terra”. A terra, a água e o petróleo vêm do exterior – na forma de soja para ração animal. Ração que se torna alimento da destruição. Tudo é desvinculado: o consumo crescente e os elementos da produção. O que é causa? O que é efeito? É como se uma tesoura fosse utilizada para retalhar a trama da realidade, tornando-a irreconhecível.

Neste processo, 1962 é um ano divisor de águas

1962? Rachel Carson lançou seu polêmico livro Silent spring. “Primavera silenciosa”, devido ao avanço desenfreado da agricultura química. Sua obra foi praticamente o começo do movimento ambientalista na América do Norte. No mesmo ano, o julgamento do nazista Adolf Eichmann abriu os olhos do mundo para um fator do Holocausto que ainda não havia chamado muita atenção. Hannah Arendt esteve presente durante o julgamento e inquietou a opinião mundial com seu controverso livro Eichmann em Jerusalém – Um relato sobre a banalidade do mal. Duas mulheres no lado americano do Atlântico levantam suas vozes. Debate garantido! Até hoje.

Do lado europeu, a agricultura se desvincula da terra, devido à Rodada de Dillon, do GATT (atualmente OMC – Organização Mundial do Comércio): um acordo no âmbito do comércio mundial, que coincide com o início da Política Agrícola Comum Europeia. Mais uma vez, no ano de 1962.

Os acordos firmados em Dillon deram início ao fluxo destrutivo da soja: primeiro, a partir dos Estados Unidos; depois, com a “Revolução Verde”, a partir do Brasil, da Argentina, do Paraguai, da Bolívia.

É nesse contexto histórico que o belga Luc Vankrunkelsven publica seu quinto livro sobre a interdependência Europa-Brasil-China. Ele apresenta os difíceis temas da dependência alimentar internacional e das mudanças extremamente rápidas no mundo agrícola na forma de crônicas, para que, em ambos os lados do oceano, um leitor-consumidor apressado também possa aprender e colaborar com o tão necessário movimento global por alimentos.

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