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Implantação de um viveiro-escola para a produção de mudas de espécies florestais nativas para a restauração de Reservas Ecológicas da USP do campus “Luiz de Queiroz” e Estações Experimentais de Ciências Florestais Piracicaba Maio de 2013 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA “LUIZ DE QUEIROZ” Departamento de Ciências Florestais

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Implantação de um viveiro-escola para a produção de mudas de espécies florestais nativas

para a restauração de Reservas Ecológicas da USP do campus “Luiz de Queiroz” e

Estações Experimentais de Ciências Florestais

Piracicaba

Maio de 2013

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA “LUIZ DE QUEIROZ”

Departamento de Ciências Florestais

2

Título do projeto: Implantação de um viveiro-escola para a produção de mudas de espécies

florestais nativas para a restauração de Reservas Ecológicas da USP do campus “Luiz de

Queiroz” e Estações Experimentais de Ciências Florestais

Pesquisador responsável: Prof. Dr. Pedro H. S. Brancalion – Departamento de Ciências

Florestais (ESALQ/USP)

Equipe executora: A equipe executora conta com 8 professores, 2 engenheiros, 2 técnicos de

nível superior, 2 funcionários, 2 alunos de pós-graduação e 18 alunos de graduação. Serão

envolvidos 3 departamentos e 7 laboratórios, todos da ESALQ/USP, e 2 grupos de estágio da

graduação, com alunos dos cursos de Engenharia Agronômica, Engenharia Florestal, Biologia e

Gestão Ambiental, conforme relação abaixo:

Nome Vinculação Função no projeto

Docentes

Pedro H. S. Brancalion Professor Doutor do LCF/ESALQ/USP Pesquisador responsável

Coordenador do GT de Uso do Solo na ESALQ/USP

Coordenador do Laboratório de Silvicultura Tropical do

LCF/ESALQ/USP

Coordenador do Grupo de Adequação Ambiental

(GADE) da ESALQ/USP

Edson Vidal Professor Doutor do LCF/ESALQ/USP

coordenação do trabalho dos alunos do

GEPEM no viveiro

Coordenador do Laboratório de Silvicultura Tropical do

LCF/ESALQ/USP

Coordenador do GEPEM (Grupo de Estudos e

Pesquisas em Manejo de Florestas Tropicais) da

ESALQ/USP

coordenação do trabalho dos alunos do

GEPEM no viveiro

José Leonardo Gonçalves Professor Titular do LCF/ESALQ/USP coordenação do trabalho dos funcionários

do viveiro florestal do LCF

Coordenador do Laboratório de Ecologia Aplicada

Coordenador do viveiro de espécies exóticas do

LCF/ESALQ/USP

Ricardo Ribeiro Rodrigues Professor Titular do LCB/ESALQ/USP Auxílio na escolha das espécies a serem

produzidas

Coordenador do Laboratório de Ecologia e Restauração

Florestal

Vinícius Castro Souza Professor Associado do LCB/ESALQ/USP Auxílio na identificação das espécies a

serem produzidas

Coordenador do Laboratório de Sistemática

Ana D. L. Coelho Novembre

Professora Associada do LPV/ESALQ/USP

Auxílio na tecnologia de sementes de

espécies nativas

Apoio técnico

José Amarildo da Fonseca

Responsável técnico do viveiro de espécies exóticas do

LCF/ESALQ/USP coordenação das atividades do viveiro

Biól. Elza Martins Ferraz Coordenadora técnica do Laboratório de Biologia

Reprodutiva e Genética de Espécies Arbóreas do

LCF/ESALQ/USP

coordenação da análise de sementes

Eng. Ftal. João Carlos Teixeira

Mendes Engenheiro responsável pela EECF de Anhembi

responsável pelo uso das mudas na EECF

de Anhembi

3

Eng. Ftal. Rildo Moreira e

Moreira Engenheiro responsável pela EECF de Itatinga

responsável pelo uso das mudas na EECF

de Itatinga

Funcionários

Donizete Aparecido Sabino Funcionário do viveiro do LCF/ESALQ/USP Produção de mudas de espécies nativas

Natanael da Silva Duarte Funcionário do viveiro do LCF/ESALQ/USP Produção de mudas de espécies nativas

Alunos de pós-graduação

Ricardo Gomes César

Vanessa Jó Girão

Mariana Bettinardi

Alunos de mestrado do PPG em Recursos Florestais Responsáveis pelo uso de mudas em

plantios de enriquecimento na Mata da

Pedreira e matas-de-brejo

Grupos de estágio de

graduação

Grupo de Adequação Ambiental

(GADE)

17 Alunos de graduação em Engenharia Florestal,

Engenharia Agronômica, Biologia e Gestão Ambiental Produção de mudas de espécies nativas

Grupo de Estudos e Pesquisas

em Manejo de Florestas

Tropicais (GEPEM)

7 Alunos de graduação em Engenharia Florestal,

Engenharia Agronômica, Biologia e Gestão Ambiental Produção de mudas de espécies nativas

Unidade USP: Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”

4

Resumo: Os programas de adequação ambiental do campus “Luiz de Queiroz” e das Estações

Experimentais de Ciências Florestais, que abrigam mais da metade da área de Reservas

Ecológicas da USP, têm demandando um grande número de mudas de espécies florestais nativas,

as quais têm sido adquiridas em viveiros comerciais. No entanto, é possível produzir essas

mudas na própria Universidade, por meio da implantação de um viveiro-escola, o qual

possibilitaria obter mudas na quantidade, diversidade e qualidade demandada por ações de

restauração florestal, para fins paisagísticos e de arborização, e para atividades de pesquisa,

reduzindo custos e criando um ambiente didático para a realização de aulas práticas, cursos de

capacitação e atividades de educação ambiental. Diante do exposto, esse projeto objetiva a

implantação de um viveiro-escola para a produção de mudas de espécies florestais nativas para a

restauração de Reservas Ecológicas do campus “Luiz de Queiroz” e Estações Experimentais de

Ciências Florestais de Anhembi e Itatinga. Esse viveiro seria instalado no Departamento de

Ciências Florestais da ESALQ/USP, que já conta com área apropriada para esse fim, e seria

gerido em conjunto por docentes, alunos de graduação e pós-graduação, engenheiros e

funcionários da Universidade. Com um orçamento de R$ 49.485,00, a implantação de um

viveiro-escola trará como potenciais resultados o fornecimento de mudas para as atividades de

restauração florestal, a capacitação de alunos da ESALQ e de funcionários e gestores de todos os

campi da USP para a produção de mudas de espécies florestais nativas e a instalação de uma

unidade piloto para o planejamento do suprimento de mudas para a restauração de todas as

Reservas Ecológicas da USP.

1. Introdução

O processo histórico de conversão de ecossistemas nativos para uso agropecuário resultou

na degradação de áreas ambientalmente frágeis das propriedades rurais, como margens de cursos

d’água, nascentes e áreas declivosas, bem como na ocupação indevida de áreas com baixa

aptidão agrícola, tal como com solo pedregoso, encharcado ou em relevo acidentado (Dean

1996). Como a maior parte dos campi e estações experimentais da Universidade de São Paulo

foram estabelecidos em antigas propriedades rurais, essa realidade de uso não planejado do solo

e degradação dos recursos naturais é infelizmente uma realidade também dentro das áreas da

universidade.

Nos últimos anos, a pressão cada vez maior da sociedade para uma melhor gestão do uso

do solo, principalmente no que se refere à conservação e recuperação de matas ciliares

(Rodrigues & Leitão-Filho 2004), bem como a atuação mais efetiva do Ministério Público e dos

5

órgãos ambientais, resultaram em Termos de Ajustamento de Conduta firmados com a USP.

Além dos compromissos legais, a USP tem um compromisso ético com a melhor gestão do uso

do solo em seus campi, pois a formação plena de profissionais capacitados para enfrentar os

desafios da sustentabilidade no mundo moderno deve passar não apenas pela formação

acadêmica, mas por exemplos concretos de ações voltadas para a sustentabilidade dentro da

universidade.

Nesse contexto, insere-se o Programa de Adequação Ambiental do campus “Luiz de

Queiroz” (ESALQ) e das Estações Experimentais de Ciências Florestais (EECF) da USP.

Instalado em 1901 em uma antiga propriedade rural, o campus da ESALQ refletia uma ocupação

do solo igual ou até pior planejada do que a da maior parte das propriedades rurais da região:

áreas de experimentação que se estendiam até as margens dos cursos d’água e entorno de

nascentes, degradação dos remanescentes florestais nativos por incêndios, deriva de herbicida e

invasão por gado, e ocupação não planejada de áreas com baixa aptidão agrícola, que deveriam

ser foco de ações de conservação e recuperação ambiental. O mesmo se repetia nas EECF de

Anhembi e Itatinga, que foram implantadas em áreas anteriormente ocupadas por plantações de

eucalipto e pastagens. Como a ESALQ e suas áreas experimentais associadas formam

principalmente profissionais voltados para a agropecuária, estava evidente que a universidade

deveria dar o exemplo na gestão do seu território.

Assim, a partir do Plano Diretor Socioambiental da ESALQ, foi estabelecida uma linha

de ação para reorganizar o uso do solo no campus e recuperar Áreas de Preservação Permanente

e de Reserva Legal, a fim de atender a um TAC instaurado em 2003 pelo Ministério Público

estadual, bem como para reverter parte do processo histórico de degradação a que essas áreas

foram submetidas. Em cerca de seis anos, esse plano resultou num aumento de 51% na cobertura

florestal da ESALQ (Figura 1). Nas EECF, esse trabalho já foi iniciado, mas encontra-se ainda

em fase inicial para que se possa fazer uma primeira avaliação.

Como a maior parte das áreas degradadas da ESALQ e EECF possui baixa resiliência em

função do uso agropecuário anterior, são necessários plantios mistos de espécies arbóreas nativas

para a restauração florestal dessas áreas. Adicionalmente, a baixa cobertura florestal da paisagem

regional limita a chegada de sementes de espécies nativas mais finais da sucessão ecológicas às

áreas em recuperação, sendo necessário o uso de plantios de enriquecimento em áreas onde a

regeneração natural está sendo conduzida e fragmentos florestais degradados estão sendo

manejados como estratégia de restauração ecológica. Em decorrência dessas ações, tem havido

uma grande demanda por mudas de espécies florestais nativas por parte da Universidade.

6

Figura 1: Variação da cobertura

florestal resultantes de ações de

restauração ecológica em diferentes

zonas do campus “Luiz de Queiroz” da

Universidade de São Paulo, em

Piracicaba-SP.

Diante do exposto, esse projeto objetiva a implantação de um viveiro-escola para a

produção de mudas de espécies florestais nativas para a restauração de Reservas Ecológicas da

USP do campus “Luiz de Queiroz” e Estações Experimentais de Ciências Florestais.

2. Justificativa

2.1.Geral

Conforme exposto no item anterior, hoje há uma grande demanda por mudas de espécies

florestais nativas nos programas de adequação ambiental da ESALQ e das EECF. Somadas, as

áreas do campus da ESALQ (914,15 ha), da EECF de Anhembi (663,49 ha) e de Itatinga (2.224

ha) ocupam cerca de metade do território da USP. Juntas, os remanescentes de vegetação nativa

e em processo de restauração dessas três áreas (1.001 ha) respondem a mais da metade da área

das recém-estabelecidas Reservas Ecológicas da USP (1.945,3 ha). Atualmente, essa demanda

tem sido suprida pela compra de mudas de viveiros florestais comerciais da região, a qual tem

trazido os seguintes problemas: 1) a morosidade para a compra das mudas por parte da

Universidade tem atrasado os plantios e dificultado que as ações de restauração ocorram no

período chuvoso, mais favorável ao estabelecimento das mudas; 2) são comuns os casos em que

são adquiridas mudas de espécies exóticas, muitas delas invasoras, não regionais e de qualidade

insatisfatória para a restauração; 3) dificuldade de aquisição de espécies menos comuns nos

7

viveiros, demandadas por projetos de pesquisa e ações direcionadas de conservação, tal como a

reintrodução de espécies ameaçadas de extinção; 4) um grande volume de recursos tem sido

destinado à compra de mudas, podendo-se economizar recursos públicos com a produção dessas

mudas na Universidade. Por exemplo, a restauração de 65 ha na ESALQ, conforme apresentado

na tabela 1, trouxe um custo aproximado de R$108.290,00 em mudas, considerando o plantio de

1.666 mudas por ha e o custo médio de R$1,00 por muda; 5) embora os alunos estejam muito

envolvidos no planejamento, implantação e condução de ações de restauração florestal, eles não

estão se envolvendo com a produção de mudas, dada a falta de infraestrutura adequada para essa

atividade na ESALQ; e 6) a falta de um viveiro florestal especializado na produção de mudas de

espécies nativas impede a realização de aulas práticas, cursos de extensão e atividades de

educação ambiental sobre essa temática. Dito isso, acredita-se que a implantação de um viveiro-

escola melhore a qualidade das ações de restauração florestal e promova ações de ensino,

pesquisa e extensão na USP.

2.2. Atendimento ao objetivo geral do Edital

Acreditamos que o presente projeto atenda de forma plena o objetivo geral do Edital 2013

da Superintendência de Gestão Ambiental da USP - “apoiar financeiramente projetos de ensino,

pesquisa, extensão e gestão acadêmica que promovam a sustentabilidade socioambiental nos

campi da USP” -, conforme detalhado abaixo:

Ensino: A produção de mudas de espécies florestais nativas é uma atividade relativamente nova,

tendo apresentado grande crescimento nos últimos anos. No Estado de São Paulo, a produção

passou de 11 milhões de mudas/ano em 2003 para 33 milhões de mudas/ano em 2008 (114

viveiros) e 42 milhões de mudas/ano em 2010 (211 viveiros) (Brancalion et al. 2012). Esse

crescimento tem certamente aumentado a demanda por profissionais qualificados para a

produção de mudas de espécies florestais nativas, atividade que difere em muito da produção de

mudas de espécies exóticas. Embora as disciplinas de graduação (LCF 0493 - Silvicultura de

Espécies Nativas, LCF 0720 - Viveiro Florestal, LCF 0637 - Manejo de Florestas Tropicais, LCF

LCF0681 – Biologia e Produção de Sementes Florestais, e LCF 0621 - Implantação e

Regeneração de Plantações Florestais) e pós-graduação (LCF 5880 – Restauração Ecológica, e

LCF 5862 - Adequação Ambiental de Unidades de Produção, com Ênfase para a Restauração de

Áreas Degradadas) da ESALQ associadas ao tema tenham se valido de visitas a viveiros

comerciais para aulas de campo, a falta de um viveiro florestal para espécies nativas dentro da

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ESALQ dificulta a realização de estágios, de trabalhos práticos ao longo das disciplinas e de

cursos sobre o tema.

Pesquisa: Conforme discutido no item anterior, tem havido um grande crescimento da produção

de mudas de espécies nativas no estado de São Paulo, que por sua vez tem evidenciado a

carência de conhecimento sobre essa atividade. Dada a complexidade inerente à coleta,

beneficiamento, armazenamento, quebra de dormência e germinação de sementes de centenas

espécies nativas, bem às técnicas de produção de mudas de um número tão grande de espécies,

muitas espécies deixam de ser produzidas nos viveiros ou são geradas mudas de qualidade muito

inferior às demandadas pela restauração florestal. Por exemplo, praticamente não se produzem

mudas de espécies de Cerrado nos viveiros comerciais em função da falta de conhecimentos

sobre o manejo das espécies desse bioma. Assim, há grande demanda por pesquisas na produção

de mudas de espécies nativas. Nesse contexto, a falta de um viveiro florestal especializado na

produção de espécies nativas dificulta a realização de pesquisas, tanto de graduação como de

pós-graduação, relacionadas a essa temática. Adicionalmente, o viveiro florestal constitui a fonte

de material biológico para os mais diversos tipos de pesquisas em que são demandadas mudas de

espécies nativas, e certamente pode contribuir para o desenvolvimento de vários projetos de

pesquisa na Universidade associados à ecologia, conservação e restauração de florestas.

Extensão: Com base nos mesmos argumentos apresentados nos itens anteriores, a demanda atual

por mudas de espécies nativas tem aumentado a necessidade de atividades de extensão sobre o

tema. Há muitas pessoas interessadas em montar viveiros de mudas nativas, desde empresários a

produtores rurais, ou mesmo em se capacitar para trabalhar em viveiros já existentes. A

existência de um viveiro-escola na ESALQ possibilitaria a realização de atividades de extensão

universitária, capacitando pessoas externas à universidade interessadas nessa atividade.

Adicionalmente, essas atividades de capacitação podem se estender a gestores e profissionais de

outros campi da USP envolvidos na implantação de ações de restauração florestal em resposta às

demandas da Universidade, principalmente no que se refere à recuperação de suas Reservas

Ecológicas.

2.3. Atendimento às linhas norteadoras do Edital

Acreditamos que o presente projeto atenda de forma plena todas as 6 linhas norteadoras

apresentadas no Edital, conforme justificado na sequência:

9

- Linha 1. promover ações de conservação dos recursos naturais da Universidade: A produção

de mudas de espécies nativas é etapa essencial dos programas de recuperação dos fragmentos

florestais inseridos no território da Universidade e de conservação de sua biodiversidade, pois

possibilita o estabelecimento de corredores ecológicos, a reintrodução de espécies vegetais

ameaçadas e atrativas da fauna, a proteção do solo e dos recursos hídricos e a recriação/melhoria

de habitat para a fauna nativa.

- Linha 2. promover um ambiente saudável e a segurança ambiental dentro dos campi: As Áreas

de Preservação Permanente são reconhecidas não só pela importância ambiental, mas também

pela vulnerabilidade a distúrbios naturais, com enchentes, no caso de margens de cursos d’água,

e escorregamentos de terra, no caso de encostas e topos de morro. Dessa forma, a remoção de

atividades humanas desses locais e a reocupação do espaço com vegetação nativa, com as mudas

produzidas no viveiro-escola, reduzirá os riscos decorrentes desses distúrbios, bem como

melhoraria a qualidade ambiental do campus, purificando o ar, atenuando a temperatura,

aumentando a beleza cênica, protegendo os cursos d’água e minimizando problemas decorrentes

de enchentes.

- Linha 3. promover o uso racional de recursos: Sendo a ESALQ e suas estações experimentais

associadas centros de referência em agropecuária com influencia direta nas práticas dos

agricultores, que são gestores de recursos naturais por excelência, a produção de mudas de

espécies nativas e seu consequente uso nas ações de restauração florestal faz parte de um

conjunto de ações voltadas para a sustentabilidade da produção agropecuária, com reflexos

diretos no uso racional de recursos como o solo, a água e a biodiversidade, tanto dentro da

Universidade como nas áreas externas.

- Linha 4. educar visando à sustentabilidade: Conforme já discutido em itens anteriores, o

viveiro-escola proposto nesse projeto pode servir como uma sala de aula a céu aberto para

diversas práticas educacionais, desde ações de educação ambiental para crianças até disciplinas

de pós-graduação. A produção de mudas de espécies nativas, incluindo aquelas ameaçadas de

extinção, faz parte de um conjunto de iniciativas voltadas para a sustentabilidade no meio rural e

urbano, e por isso deve ser reforçada dentro da Universidade.

- Linha 5. construir, de forma participativa, a Universidade sustentável: A construção de uma

Universidade sustentável começa pela gestão racional de seu território. No caso particular da

USP, a maior parte de seu território constitui-se de áreas agrícolas, haja vista a influência

territorial do campus da ESALQ e estações experimentais associadas e do campus de

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Pirassununga, ambos ligados às Ciências Agrárias. Dessa forma, a restauração florestal de áreas

ambientalmente sensíveis e importantes para a biodiversidade, bem como aquelas com baixo

potencial produtivo, constitui-se numa das principais estratégias para tornar a USP mais

sustentável, pressuposto este reforçado pela criação recente das Reservas Ecológicas da USP.

Para que essa construção seja participativa, é preciso que toda a comunidade participe, ou pelo

menos conheça, cada etapa associada a esse processo de recuperação de áreas degradadas na

Universidade, sendo a produção de mudas de espécies nativas uma dessas etapas.

- Linha 6. conduzir a Universidade para torna-se um modelo de sustentabilidade para a

sociedade: Dentro do que foi apresentado nos itens anteriores, a maior parte do território da USP

não apresenta um uso do solo minimamente compatível com as recomendações técnicas para a

sustentabilidade ambiental, nem mesmo com os mínimos requisitos legais estabelecidos pela

legislação ambiental brasileira. Nesse contexto, a punição da Universidade por crimes

ambientais, como já ocorreu no passado, certamente limita a pretensão em ser um modelo de

sustentabilidade para a sociedade. Da mesma forma, o uso inadequado do solo por alunos,

técnicos e professores, por exemplo, ao implantar experimentos em Áreas de Preservação

Permanente, bem como a impressão geral da comunidade da USP de que nem mesmo a

Universidade cumpre a legislação ambiental, são sérios problemas a serem enfrentados para que

a USP se torne um modelo de sustentabilidade. A produção de mudas de espécies nativas, como

parte das estratégias de restauração ecológica, certamente pode contribuir nesse sentido.

2.4. Diretrizes atendidas

Das 20 diretrizes apresentadas no Edital, acreditamos atender total ou parcialmente pelo

menos 8 delas:

- Diretriz I. divulgar amplamente e promover o aperfeiçoamento e a aplicação da legislação

ambiental à qual os campi estão sujeitos: Destaca-se no conjunto de instrumentos legais aos

quais os campi da USP estão submetidos a nova Lei Florestal, que substituiu a partir de 2012 o

Código Florestal de 1965. Por meio dessa lei, áreas definidas como de Preservação Permanente,

bem como de Reserva Legal, devem ser conservadas e recuperadas. O cumprimento integral

dessa legislação pelo campus da ESALQ e estações experimentais associadas certamente

contribuirá com a divulgação dessa lei na sociedade e, principalmente, entre os demais campi da

USP. Adicionalmente, existem perspectivas de que os trabalhos de restauração florestal

desenvolvidos na ESALQ contribuam com o aperfeiçoamento da legislação vigente. A ESALQ

11

teve um papel decisivo nas discussões acerca da elaboração da nova lei florestal, com a atuação

destacada de diversos professores nos debates públicos sobre as propostas de mudanças da lei e

como membros do grupo de trabalho sobre o tema da Sociedade Brasileira para o Progresso da

Ciência, que teve destacada importância na melhoria do projeto de lei. Como símbolo dessa

participação efetiva da instituição, foi realizada na ESALQ uma reunião de trabalho de alguns

docentes com quatro senadores da República – Sen. Aloysio Nunes, Sen. Blairo Maggi, Sen.

Rodrigo Rollemberg e Sen. Tião Viana –, voltada para a discussão técnica de alguns pontos

polêmicos propostos pelo projeto de lei. Sendo assim, acreditamos que a instalação de um

viveiro-escola na ESALQ contribua para a geração de conhecimento para a sustentação de novos

instrumentos legais voltados para o uso sustentável dos recursos florestais.

- Diretriz II. implementar mecanismos de inclusão do tema “sustentabilidade ambiental” em

toda a Universidade: O reforço dos programas de adequação ambiental proporcionado pelo

estabelecimento de um viveiro florestal contribuirá certamente para a inclusão desse tema na

Universidade. No caso da ESALQ, em particular, o cumprimento da legislação ambiental e a

consequente recuperação de áreas degradadas é ainda um tema controverso, pois em muitos

casos resulta na perda de áreas experimentais dos departamentos. Assim, a discussão resultante

das negociações com os departamentos, mostrando todo o processo de restauração, da produção

da muda ao plantio, pode contribuir nesse sentido.

- Diretriz IV. conscientizar o público interno sobre a importância e as alternativas para a

conservação dos recursos naturais na Universidade, tais como: a vegetação e a fauna

remanescentes, os corpos d’água, o solo e o subsolo: É evidente o atendimento dessa diretriz

pela presente proposta, pois o suporte às ações de restauração florestal proporcionado pela

disponibilidade de mudas com a diversidade e qualidade necessárias certamente contribuirá para

readequar o uso do solo, reduzindo os impactos ambientais das atividades de pesquisa nos

recursos naturais, protegerá o solo e os corpos d’água e auxiliará na conservação da flora e da

fauna.

- Diretriz VI. recuperar áreas degradadas, promovendo: a descontaminação do solo, a

despoluição das águas e a restauração dos ecossistemas naturais dos campiI: Novamente, trata-

se de uma diretriz com relação direta com a presente proposta. Conforme já comentado, a

degradação histórica das áreas a serem recuperadas no território da USP comprometeram o

aproveitamento do potencial de auto-recuperação da vegetação, sendo hoje demandado um

grande número de mudas para a restauração dos ecossistemas naturais dos campi.

12

- Diretriz XI. estabelecer mecanismos de controle de populações de espécies invasoras dentro

dos campi: Uma das principais formas de introdução de espécies vegetais exóticas em

ecossistemas naturais tem sido, infelizmente, a restauração ecológica (Bessão 2012). Em função

de falhas na identificação botânica, descuido ou mesmo falta de conhecimento técnico, muitas

espécies exóticas são produzidas nos viveiros florestais e comercializadas para uso em ações de

restauração florestal. A implantação de um viveiro florestal no campus da ESALQ permitirá um

maior controle sobre as espécies que serão produzidas e utilizadas nas ações de restauração

florestal, reforçando assim os mecanismos de prevenção de introduções de espécies invasoras.

- Diretriz XVI. implementar projetos paisagísticos que readequem a arborização e enriqueçam a

diversidade biológica nos campi, com espécies nativas regionais: É sabido que projetos

paisagísticos e de arborização se valem, principalmente, de espécies exóticas. Parte desse

problema é resultante da baixa disponibilidade de mudas de espécies nativas adequadas a esses

projetos. Assim, com a implantação de um viveiro-escola de espécies nativas, será possível

planejar, junto aos gestores das áreas verdes, a produção de espécies nativas regionais para uso

em projetos paisagísticos e de arborização.

- Diretriz XVII. implementar programas de educação ambiental em todos os campi da

Universidade: Os viveiros de espécies nativas são também excelentes locais para a realização de

atividades de educação ambiental, principalmente de crianças e jovens, pois nesse ambiente é

possível vivenciar toda a fase inicial do ciclo de vida de uma planta, mostrando as estratégias

adaptativas relacionadas à dispersão de sementes e germinação, e às curiosidades botânicas das

espécies, como cheiros, espinhos, exsudações, interações com animais, etc.

- Diretriz XX. divulgar amplamente as iniciativas adotadas para promover a sustentabilidade

ambiental nos campi da USP: Por fim, com o atendimento da legislação ambiental e extensa

recuperação de áreas degradadas no campus da ESALQ e estações experimentais associadas,

será possível ter resultados que mereçam ser divulgados. O aumento da cobertura florestal do

campus da ESALQ em 51% nos últimos 5 anos já é um fator relevante para a divulgação, mas

acreditamos que o estabelecimento desse viveiro possa reforçar ainda mais esses números e,

consequentemente, ampliar o papel dos campi da USP como exemplos de sustentabilidade

ambiental. Para que se amplie a divulgação de iniciativas de sustentabilidade ambiental nos

campi da USP, é preciso primeiramente reforçar essas iniciativas.

13

2.5. Contrapartidas

Serão apresentadas nesse item algumas contrapartidas para o desenvolvimento da

presente proposta de projeto, visando reforçar o potencial de integração desse projeto a outras

iniciativas em andamento na Universidade.

2.5.1. Apoio de projeto de pesquisa

A presente proposta receberá o apoio financeiro do projeto “Restauração da Mata da

Pedreira: Desenvolvimento de métodos de manejo e criação de uma unidade demonstrativa e de

pesquisa permanente para a ampliação da conservação da biodiversidade e da geração de

serviços ambientais em fragmentos florestais degradados”, o qual foi aprovado na chamada 1 -

Propostas Individuais, do Edital MCT/CNPq/CT-Agronegócio Nº 26/2010 Reflorestamento em

áreas degradadas visando restauração ambiental, serviços ecológicos e outros usos, no valor de

R$ 99.860,60. Esse projeto conta hoje com a colaboração de 9 professores da ESALQ, 4 alunos

de mestrado e dois de iniciação científica. Como esse projeto demandará mudas para plantios de

enriquecimento na Mata da Pedreira, o maior remanescente florestal da ESALQ, os insumos para

a produção de mudas poderão ser adquiridos com recursos desse projeto.

2.5.2. Envolvimento do Grupo de Adequação Ambiental (GADE) e do Grupo de Estudos e

Pesquisas em Manejo de Florestas Tropicais (GEPEM)

O GADE conta com 13 alunos, sendo 8 deles bolsistas da Prefeitura do campus “Luiz de

Queiroz”. Trata-se de um grupo de estágios criado para auxiliar no processo de adequação

ambiental do campus da ESALQ, aproveitando-se dessa demanda para capacitar futuros

profissionais para a área de restauração florestal. Outro grupo de estágios que participará do

projeto é o GEPEM, com 5 alunos, criado para dar suporte às ações de manejo de florestas no

campus. Os alunos desses dois grupos serão os responsáveis pela produção das mudas, como

parte das atividades de estágio, juntamente com funcionários do viveiro florestal de espécies

exóticas, não sendo necessária a alocação de recursos para o pagamento de bolsas.

2.5.3. Apoio dos funcionários do viveiro florestal de espécies exóticas do LCF/ESALQ/USP

O Departamento de Ciências Florestais (LCF) da ESALQ/USP conta hoje com 3

funcionários dedicados à produção de mudas de espécies florestais exóticas, principalmente

eucalipto, os quais tem grande experiência na produção de mudas florestais. A chefia do LCF, os

coordenadores do viveiro e os próprios funcionários se dispuseram a auxiliar na produção de

14

mudas de espécies nativas para atender às demandas dos programas de adequação ambiental da

ESALQ e das estações experimentais. Esses funcionários orientação o trabalho dos alunos no

viveiro, dando suporte à tomada de decisão no dia a dia da produção de mudas.

3. Material e métodos

3.1. Áreas que receberão as mudas produzidas no viveiro-escola

3.1.1. Campus “Luiz de Queiroz”

Em meados de 2003, foi instaurado pelo Ministério Público um Termo de Ajustamento

de Conduta (protocolo número 120/2002) com a ESALQ, com objetivo de restaurar áreas de

Reserva Legal e de Preservação Permanente degradadas dentro do perímetro do campus,

promovendo sua adequação ao Código Florestal vigente à época. Neste mesmo ano, foi criado o

Grupo de Adequação Ambiental (GADE), um grupo de extensão universitária vinculado à

Prefeitura do campus da ESALQ com responsabilidade de promover adequação do Campus

junto às obrigações do TAC. Assim, ESALQ realiza desde 2003 ações de restauração florestal

em seu campus. Apesar dos avanços já obtidos, ainda há muito a ser feito. Há APPs cujas faixas

de recuperação precisam ser ampliadas, áreas de baixa aptidão agrícola que precisam ser

recuperadas, corredores ecológicos que precisam ser implantados, áreas já em processo de

restauração que precisam de ações corretivas com o plantio de novas espécies e remanescentes

de florestas que demandam plantios de enriquecimento, sendo todas essas atividades grandes

demandadoras de mudas de espécies nativas, principalmente de espécies encontradas com menor

frequência em viveiros comerciais. Diante do exposto, a implantação de um viveiro de produção

de mudas de espécies florestais nativas no campus da ESALQ em muito contribuirá para o

desenvolvimento de seu programa de adequação ambiental.

3.1.2. Estação Experimental de Ciências Florestais de Anhembi e de Itatinga

A EECF de Anhembi localiza-se 90 km do Campus da ESALQ em Piracicaba. A sua área

total é de 663,49 ha, constituída por 2 glebas que foram doadas à USP pelas Centrais Elétricas do

Estado de São Paulo (CESP), resultado de desapropriações de terras que ocorreram nas margens

do rio Tietê na década de 1960 para a formação da represa de Barra Bonita/SP. A EECFA foi

fundada em 1974, portanto há 38 anos, tendo como razão principal a necessidade da ampliação

de áreas experimentais para o curso de engenharia florestal que estava iniciando naquela época

na ESALQ/USP. Na EECF de Anhembi existem 263,5 ha de áreas protegidas,

predominantemente de Floresta Estacional Semidecidual, bioma Mata Atlântica, sendo 130,6 ha

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de APP e 132,9 ha de RL, já averbados em cartório (Figura 2A). Já a EECF de Itatinga localiza-

se 170 km do Campus da ESALQ em Piracicaba e a sua área total é de 2.224 ha. Trata-se de um

horto florestal remanescente da extinta Ferrovia Paulista S.A. (FEPASA) e que foi incorporada à

USP em 1988. Na EECF de Itatinga existem 565,8 ha de áreas protegidas, predominantemente

do bioma Cerrado, sendo 141,9 ha de APP e 423,9 ha de RL (Figura 2B).

Figura 2: Imagem aérea identificando os diferentes usos do solo na Estação Experimental de Ciências Florestais de

Anhembi (A) e de Itatinga (B), onde nota-se a locação das áreas de preservação permanente e de reserva legal, que

são áreas de Reserva Ecológica da USP.

Apesar de grande parte das áreas destinadas às Reservas Ecológicas na EECF de

Anhembi, aproximadamente dois terços, constituir um mosaico de vegetação que varia de

estágio inicial a avançado de desenvolvimento, em geral, a vegetação apresenta-se com baixa

diversidade florística. Esse fato se deve à baixíssima cobertura florestal remanescente na região

da Estação Experimental há 38 anos, quando se iniciaram os plantios de restauração (Figura 3).

Na EECF de Itatinga há uma área destinada à restauração da vegetação de cerrado, que se

encontra atualmente com baixa densidade e diversidade de indivíduos lenhosos nativos e

predomínio de gramíneas invasoras. Para resgatar a diversidade do cerrado original da região, é

fundamental que se promovam plantios de enriquecimento e de adensamento usando espécies

arbóreas e arbustivas típicas de cerrado, principalmente das espécies ameaçadas de extinção e

mais sensíveis à degradação. Apesar do aumento significativo da vegetação ao longo dos anos, a

reduzida cobertura florestal nativa da paisagem acarretou em poucas fontes de sementes e,

consequentemente, promoveu o estabelecimento de reduzida diversidade de espécies nativas na

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área, principalmente no que se refere a espécies mais sensíveis à degradação. Para resgatar e

elevar o índice da diversidade florística e funcional das áreas, resgatando parte da biota regional

e auxiliando a dinâmica florestal, é fundamental o enriquecimento das Reservas Ecológicas com

o plantio de espécies mais finais da sucessão, principalmente dos grupos funcionais mais

afetados pela degradação. Outra ação recomendada para a restauração da vegetação nativa é o

adensamento das áreas que se encontram no estágio inicial de sucessão, visando suprir áreas não

cobertas pela regeneração natural.

Figura 3: Imagem aérea da Estação Experimental de Anhembi-LCF/ESALQ mostrando a evolução da sua cobertura

vegetal ao longo dos 38 anos de existência: A) Em 1972 predominava-se a ocorrência de capoeiras e pastos sujos; e

B) Nota-se que em 2006 a situação já era bastante diferente, com predomínio de cobertura florestal e vegetação

secundária em regeneração.

3.2. Área de instalação do viveiro-escola

A área a ser utilizada para a implantação do viveiro possui cerca de 400 m² e faz parte

do viveiro florestal do Departamento de Ciências Florestais da ESALQ/USP. Esse setor do

viveiro era dedicado no passado à produção de mudas de espécies florestais nativas, mas devido

à falta de um professor dedicado ao tema, esse setor do viveiro foi sendo gradativamente

abandonado, não tendo sido incluído em uma reforma recente realizada no setor de espécies

exóticas. Em virtude de problemas na drenagem, irrigação e sustentação dos tubetes, esse setor

encontra-se praticamente abandonado (Figura 4). Com a contratação em fevereiro de 2011 do

Prof. Pedro H. S. Brancalion, proponente desse projeto, coordenador do GADE e do GT Uso do

Solo da ESALQ, houve a retomada de tentativas de se produzir mudas de espécies nativas no

local para suprir os programas de adequação ambiental da instituição, mas as limitações de

infraestrutura impediram a produção regular de mudas. Há que se considerar que serão

aproveitadas as bombas e tubulação do sistema de irrigação do viveiro de exóticas e os suportes

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de bancadas já existentes no viveiro, economizando recursos para a implantação do viveiro.

Dessa forma, dispõe-se hoje de uma área adequada e já disponível para a instalação do viveiro,

sendo necessário apenas os recursos financeiros para reformar e ampliar a infraestrutura

existente para possibilitar a produção de mudas de espécies florestais nativas.

Figura 4: Infraestrutura atual do

viveiro de produção de mudas

florestais nativas, na qual as

bancadas de suporte de mudas

encontram-se deterioradas. O

desenvolvimento de plantas

aquáticas no terreno evidencia

problemas de drenagem.

3.3. Infraestrutura proposta para o viveiro-escola

Conforme detalhado no orçamento, propõe-se para a instalação do viveiro-escola: 1)

instalação de um sistema de drenagem e de irrigação; 2) reforma das bancadas de sustentação

dos tubetes; 3) instalação de uma casa de sombra, coberta com sombrite, para a transferência das

plântulas recém transferidas para os tubetes; e 4) instalação de uma estufa, coberta com plástico,

para a germinação das sementes (Figura 5).

Figura 5: Layout do

viveiro proposto para

a produção de mudas

florestais nativas para

atender às demandas

de restauração

florestal.

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Cabe ressaltar que o viveiro será planejado para produzir mudas em tubetes, de diferentes

tamanhos (56, 150 e 250 cm³), e sacos plásticos, buscando representar a diversidade de sistemas

de produção de mudas de espécies nativas e, assim, criar um ambiente didático para o ensino e

cursos de capacitação.

3.4.Cursos de capacitação em produção de mudas florestais nativas

Após a implantação do viveiro, será iniciado um curso de capacitação em produção de

mudas de espécies florestais nativas, ministrado pelo prof. Pedro H.S. Brancalion, para os

estagiários do GADE e GEPEM. Esse curso consistirá de aulas teóricas e práticas, com trabalhos

referentes às diversas etapas da produção de mudas, a serem acompanhadas pelos alunos. Esse

curso de capacitação será iniciado no viveiro florestal BioFlora, localizado em Piracicaba-SP,

que produz cerca de 4 milhões de mudas de espécies nativas por ano, para que os alunos estejam

preparados para iniciar a produção de mudas assim que o viveiro estiver pronto.

Ao final do projeto, será oferecido um curso de capacitação em produção de mudas de

espécies florestais nativas para funcionários e gestores de todos os campi da USP envolvidos

com a gestão de áreas verdes. Esse curso será realizado no viveiro escola e terá duração de dois

dias, sendo ministrado pelo prof. Pedro H.S. Brancalion com a monitoria dos alunos dos grupos

de estágio GADE e GEPEM. Serão oferecidas 20 vagas.

3.5.Gestão do viveiro

Uma vez capacitados, esses alunos estabelecerão uma rotina de trabalho no viveiro para a

produção de mudas, utilizando parte do tempo dedicado ao estágio para essa atividade. O

trabalho será tutorado pelos funcionários do viveiro florestal de espécies exóticas do

LCF/ESALQ/USP e coordenado pelo prof. Pedro H.S. Brancalion, contando com a contribuição

dos profs. Edson Vidal, José Leonardo Gonçalves, Luciana Duque Silva, Ricardo Ribeiro

Rodrigues, Vinícius Castro Souza e Ana Novembre.

3.6. Uso das mudas

As mudas produzidas durante os 12 meses de vivência do projeto serão usadas em ações

de restauração florestal no campus da ESALQ e nas EECF de Anhembi e Itatinga. O

planejamento da implantação das mudas nas áreas de restauração contará com o auxílio do Eng.

João Carlos Teixeira Mendes e Eng. Rildo Moreira e Moreira, responsáveis pela gestão das

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EECF de Anhembi e Itatinga, respectivamente, e do mestrando Ricardo Gomes César,

responsável pelo enriquecimento da Mata da Pedreira, principal fragmento florestal da ESALQ.

4. Resultados esperados

Espera-se que a realização da presente proposta resulte nos seguintes resultados: 1)

produção de mudas de espécies nativas em quantidade, diversidade e qualidade demandada por

ações de restauração florestal, para fins paisagísticos e de arborização e para atividades de

pesquisa no campus da ESALQ e nas EECF de Anhembi e Itatinga; 2) redução dos problemas de

invasão biológica resultantes do uso inadequado de espécies exóticas em plantios de restauração;

3) fortalecimento do papel de conservação da biodiversidade dos projetos de restauração florestal

conduzidos pela Universidade, resultado da produção e uso orientado de espécies ameaçadas de

extinção; 4) criação de um ambiente didático para a realização de aulas práticas, cursos de

capacitação e atividades de educação ambiental; 5) capacitação de alunos de graduação da

ESALQ e de funcionários de todos os campi da USP para a produção de mudas de espécies

florestais nativas; 6) reforçar as ações de planejamento do uso do solo e recuperação de áreas

degradadas já iniciadas nas unidades acima mencionadas, promover a sustentabilidade ambiental

nos campi da USP; e 7) a instalação de uma unidade piloto para o planejamento do suprimento

de mudas para a restauração de todas as Reservas Ecológicas da USP.

5. Cronograma de execução

Atividades Bimestres

1 2 3 4 5 6

implantação do viveiro-escola X X

curso de capacitação para os estagiários do GADE e GEPEM X X X

uso do viveiro-escola para realização de aulas práticas de

disciplinas de graduação e pós-graduação X X X X

produção de mudas de espécies florestais nativas X X X X X

relatório parcial X

expedição de mudas para uso nas ações de restauração

florestal na ESALQ e EECF de Anhembi e Itatinga X X

curso de capacitação para os funcionários de outros campi da USP X

relatório final X

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6. Orçamento

Obtivemos um orçamento para a execução dos serviços necessários para a realização da

reforma do viveiro, incluindo o material e todas as demais despesas, junto à empresa

especializada Reobra Ltda (CNPJ 17.116.563/0001-42). Esse orçamento será utilizado como

base para a contratação posterior do serviço, caso o presente projeto seja aprovado.

7. Referências bibliográficas

Dean, W. A ferro e fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira. São Paulo:

Companhia das Letras. 1996.

Brancalion, P.H.S.; Viani, R.A.G.; Aronson, J.; Rodrigues, R.R.; Nave, A.G. Improving planting

stocks for the Brazilian Atlantic forest restoration through community-based seed harvesting

strategies. Restoration Ecology, v.20, p.704-711, 2012. 484p.

Rodrigues, R. R. ; Leitão Filho, H. F. Matas Ciliares: Conservação e Recuperação. 3ed. São

Paulo: EDUSP/FAPESP, 2004. 320p.