demografia e migração - european commission · quota continue a diminuir. contudo, e tal como...

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quota continue a diminuir. Contudo, e tal como acima refe- rido, esta tendência tem ainda um longo caminho a percor- rer em muitas regiões, nomeadamente nas menos desen- volvidas. De facto, até nas regiões mais prósperas o emprego no sector dos serviços continua a aumentar. Na UE, entre 1990 e 1999, o emprego nos serviços aumentou em cerca de 12 milhões de postos de trabalho, enquanto que nos restantes sectores diminuiu 9 milhões. Boa parte deste declínio ocorreu durante os anos da recessão, em inícios dos anos 90, muito embora durante o período de re- cuperação – desde 1994 – o emprego no sector agrícola tenha continuado a diminuir (em cerca de 1,3 milhões de postos de trabalho), enquanto que na indústria não sofreu grandes alterações. Nas regiões menos desenvolvidas continuar-se-á a assistir a uma transferência em larga es- cala de mão-de-obra da agricultura, embora não se venha necessariamente a verificar uma perda de empregos na in- dústria. De facto, em algumas regiões, particularmente na- quelas em que se situa abaixo da média da UE, o emprego na indústria transformadora poderá mesmo aumentar, tal como se tem vindo a verificar nos últimos anos. Por outro lado, nas regiões industriais centrais, o emprego na indús- tria transformadora poderá, em muitos casos, diminuir, pelo menos em termos da sua quota do total, embora em algumas delas tenha já ocorrido uma transferência para actividades de elevado valor acrescentado, como a seguir se verá. A restruturação do emprego nos próximos anos deverá ser ainda maior nos países candidatos, onde, em muitas regiões, os postos de trabalho continuam concentrados na agricultura e/ou na indústria. Sublinhe-se, neste contexto (ver mapas do emprego e pro- dutividade por sector), que nas regiões mais prósperas da UE o processo de transferência do emprego para fora da indústria e, em menor grau, da agricultura, não foi neces- sariamente acompanhado por idêntica diminuição na quo- ta de valor acrescentado gerado por esses sectores. De facto, em muitos casos, a produtividade tem aumentado significativamente na indústria, tal como o emprego se tem concentrado em actividades de elevado valor acrescenta- do, o que demonstra o potencial para manter um pequeno, mas altamente competitivo, sector da indústria transforma- dora como um elemento-chave da economia regional. Transferências de actividade dentro dos sectores tão importantes quanto as transferências entre eles Uma das principais causas do menor desenvolvimento económico nas regiões menos prósperas da UE é a con- centração de actividades em sectores de baixo valor acrescentado (embora se deva sublinhar que a produtividade no mesmo sector pode variar significativa- mente de zona para zona da União). Isso dá origem a di- ferenças tanto de eficácia no desempenho das mesmas actividades, como no grau de concentração em áreas de maior ou menor valor acrescentado dos sectores mais amplamente considerados. Por exemplo, o sector dos serviços às empresas e dos ser- viços financeiros apresenta um valor acrescentado relati- vamente elevado por pessoa empregada nos países da coesão (tal como em alguns países candidatos), o que re- flecte, em parte, a existência de taxas de juro elevadas (que fazem subir o valor acrescentado dos serviços finan- ceiros) e de pouca concorrência, mas talvez também a na- tureza sub-desenvolvida desses serviços em relação à procura potencial. Por outro lado, a indústria transformado- ra que, na maior parte dos países, detem um nível acima da média de valor acrescentado por pessoa empregada, apresenta um nível relativamente baixo de produtividade nos três países da coesão (bem como na maioria dos paí- ses candidatos). Tal discrepância reflecte, em parte, uma tendência dos sectores de alta tecnologia e elevado valor acrescentado da indústria transformadora para se con- centrarem nos Estados-Membros mais prósperos 4 . Na agricultura o valor acrescentado, em todos os sectores, por pessoa empregada é de cerca de 80%-90% da média da UE nos países prósperos, mas somente de 40% em Espanha, 25% na Grécia e apenas de 13% em Portugal (16% na Áustria). (Este valor é ainda mais baixo nos países candidatos.) Tais valores reflectem tanto a necessidade de uma diversificação nas actividades de maior valor acres- centado, como o significativo potencial de crescimento a longo prazo da produtividade neste sector. Demografia e migração A população na UE deverá diminuir ... No início de 2000, a população da UE era de 376 milhões de habitantes, substancialmente menos do que a China (1,2 mil milhões) ou a Índia (mil milhões), mas bastante mais do que os EUA (272 milhões) ou o Japão (126 mi- lhões). Partindo do princípio de que as taxas de natalida- de e de mortalidade e da imigração se mantêm, a popula- ção deverá aumentar muito lentamente entre 2000 e 2005 (apenas 0,2% ao ano) e quase não crescer (menos de 0,1% ao ano) desde aí até 2022, altura em que se espera que comece a diminuir. Daí que, em 2010, se preveja que a população atinja os 385 milhões, e que em 2015 esteja pouco acima (388 milhões). A partir de 2008 a população deverá começar a dar indícios de declínio, mas isso será durante alguns anos compensado pela imigração líqui- da. 41 I.4 Factores determinantes da convergência real

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quota continue a diminuir. Contudo, e tal como acima refe-rido, esta tendência tem ainda um longo caminho a percor-rer em muitas regiões, nomeadamente nas menos desen-volvidas. De facto, até nas regiões mais prósperas oemprego no sector dos serviços continua a aumentar. NaUE, entre 1990 e 1999, o emprego nos serviços aumentouem cerca de 12 milhões de postos de trabalho, enquantoque nos restantes sectores diminuiu 9 milhões. Boa partedeste declínio ocorreu durante os anos da recessão, eminícios dos anos 90, muito embora durante o período de re-cuperação – desde 1994 – o emprego no sector agrícolatenha continuado a diminuir (em cerca de 1,3 milhões depostos de trabalho), enquanto que na indústria não sofreugrandes alterações. Nas regiões menos desenvolvidascontinuar-se-á a assistir a uma transferência em larga es-cala de mão-de-obra da agricultura, embora não se venhanecessariamente a verificar uma perda de empregos na in-dústria. De facto, em algumas regiões, particularmente na-quelas em que se situa abaixo da média da UE, o empregona indústria transformadora poderá mesmo aumentar, talcomo se tem vindo a verificar nos últimos anos. Por outrolado, nas regiões industriais centrais, o emprego na indús-tria transformadora poderá, em muitos casos, diminuir,pelo menos em termos da sua quota do total, embora emalgumas delas tenha já ocorrido uma transferência paraactividades de elevado valor acrescentado, como a seguirse verá.

A restruturação do emprego nos próximos anos deveráser ainda maior nos países candidatos, onde, em muitasregiões, os postos de trabalho continuam concentradosna agricultura e/ou na indústria.

Sublinhe-se, neste contexto (ver mapas do emprego e pro-dutividade por sector), que nas regiões mais prósperas daUE o processo de transferência do emprego para fora daindústria e, em menor grau, da agricultura, não foi neces-sariamente acompanhado por idêntica diminuição na quo-ta de valor acrescentado gerado por esses sectores. Defacto, em muitos casos, a produtividade tem aumentadosignificativamente na indústria, tal como o emprego se temconcentrado em actividades de elevado valor acrescenta-do, o que demonstra o potencial para manter um pequeno,mas altamente competitivo, sector da indústria transforma-dora como um elemento-chave da economia regional.

Transferências de actividade dentrodos sectores tão importantes quantoas transferências entre eles

Uma das principais causas do menor desenvolvimentoeconómico nas regiões menos prósperas da UE é a con-centração de actividades em sectores de baixo valoracrescentado (embora se deva sublinhar que a

produtividade no mesmo sector pode variar significativa-mente de zona para zona da União). Isso dá origem a di-ferenças tanto de eficácia no desempenho das mesmasactividades, como no grau de concentração em áreas demaior ou menor valor acrescentado dos sectores maisamplamente considerados.

Por exemplo, o sector dos serviços às empresas e dos ser-viços financeiros apresenta um valor acrescentado relati-vamente elevado por pessoa empregada nos países dacoesão (tal como em alguns países candidatos), o que re-flecte, em parte, a existência de taxas de juro elevadas(que fazem subir o valor acrescentado dos serviços finan-ceiros) e de pouca concorrência, mas talvez também a na-tureza sub-desenvolvida desses serviços em relação àprocura potencial. Por outro lado, a indústria transformado-ra que, na maior parte dos países, detem um nível acima damédia de valor acrescentado por pessoa empregada,apresenta um nível relativamente baixo de produtividadenos três países da coesão (bem como na maioria dos paí-ses candidatos). Tal discrepância reflecte, em parte, umatendência dos sectores de alta tecnologia e elevado valoracrescentado da indústria transformadora para se con-centrarem nos Estados-Membros mais prósperos4.

Na agricultura o valor acrescentado, em todos os sectores,por pessoa empregada é de cerca de 80%-90% da médiada UE nos países prósperos, mas somente de 40% emEspanha, 25% na Grécia e apenas de 13% em Portugal(16% na Áustria). (Este valor é ainda mais baixo nos paísescandidatos.) Tais valores reflectem tanto a necessidade deuma diversificação nas actividades de maior valor acres-centado, como o significativo potencial de crescimento alongo prazo da produtividade neste sector.

Demografia e migração

A população na UE deverá diminuir ...

No início de 2000, a população da UE era de 376 milhõesde habitantes, substancialmente menos do que a China(1,2 mil milhões) ou a Índia (mil milhões), mas bastantemais do que os EUA (272 milhões) ou o Japão (126 mi-lhões). Partindo do princípio de que as taxas de natalida-de e de mortalidade e da imigração se mantêm, a popula-ção deverá aumentar muito lentamente entre 2000 e 2005(apenas 0,2% ao ano) e quase não crescer (menos de0,1% ao ano) desde aí até 2022, altura em que se esperaque comece a diminuir. Daí que, em 2010, se preveja quea população atinja os 385 milhões, e que em 2015 estejapouco acima (388 milhões). A partir de 2008 a populaçãodeverá começar a dar indícios de declínio, mas isso serádurante alguns anos compensado pela imigração líqui-da.

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I.4 Factores determinantes da convergência real

Contudo, as tendências da população variam marcada-mente entre as diferentes partes da União. Enquanto quena maior parte das regiões continua a crescer, noutras –nomeadamente a Espanha, Itália, Alemanha e PaísesNórdicos – ela está já a diminuir (ver Mapa A.11). Entre2000 e 2010, mais regiões da Alemanha e da Itália deve-rão apresentar um declínio, para além de outras em Fran-ça, Reino Unido e Áustria. Por outro lado, a população de-verá continuar a aumentar a um ritmo relativamenteelevado em várias regiões do sul de Espanha, sul deFrança e Grécia, bem como em partes da Alemanha, Paí-ses Baixos e Reino Unido.

Prevê-se que, em 2025, quase 90 das cerca de 200 re-giões – definidas a nível de NUTS 2 e representando me-tade de toda a população a viver na UE – comecem a sen-tir o declínio da população, incluindo todas as italianas, etambém várias regiões em praticamente todos os Esta-dos-Membros.

… tal como acontece nos países candidatos

As tendências demográficas são ainda mais negativasnos países candidatos. Enquanto que na maior parte dos12 países a população aumentou a uma taxa relativamen-te elevada nos anos 70 e 80, devido às elevadas taxas defertilidade e ao aumento da esperança de vida, nos anos90 as taxas de fertilidade diminuiram drasticamente e aesperança de vida diminuiu. Além disso, verificou-se umaemigração significativa, com apenas a República Checa,Malta e Chipre a registarem imigração líquida entre 1990e 1999 (ver Mapa A.12).

Como resultado, o crescimento da população começoujá a diminuir na maior parte dos países. Em 8 desses 12, apopulação diminuiu durante os anos 90. Entre 1995 e1997 diminuiu em 32 das 52 regiões, definidas a nível deNUTS 2, e verificou-se uma emigração líquida em 31 de-las. Assim, é provável que, no espaço europeu mais alar-gado incluindo esses países e os actuais Estados-Mem-bros da UE, o declínio da população se venha a verificarainda antes do prazo acima indicado. (As projecçõespara os 12 países baseiam-se em estimativas da ONU5.)

Regiões com população em declínio

As tendências demográficas são afectadas pelo desen-volvimento económico e social. Os fluxos migratórios, emparticular, estão relacionados com diferenças regionaisnas condições do mercado de trabalho – as pessoas dei-xam as zonas de baixo crescimento para irem para asque oferecem mais oportunidades de emprego e, a longoprazo, essas diferenças acabam por afectar também astaxas de natalidade e de mortalidade.

As regiões em declínio na UE são, pois, caracterizadaspor baixos níveis de salários, desemprego elevado e umagrande proporção da população activa empregada naagricultura e na indústria (ver Gráfico A.9). Além disso,elas tendem a ter um número relativamente reduzido dejovens e uma baixa densidade populacional, espelhandoa natureza rural de muitas delas. Existem, porém, notáve-is excepções, uma vez que várias regiões densamentepovoadas (por exemplo, Bruxelas e Attiki, onde se locali-za Atenas) também conheceram, nos últimos anos, umaredução nas suas populações. De facto, a tendênciapara a ‘suburbanização’ – a saída dos centros das cida-des para os subúrbios e regiões vizinhas, muitas vezesdescrito como ‘expansão urbana’ – é manifesta em váriase importantes conurbações por toda a Europa.

O envelhecimento da população acelerará na UE ...

A população da UE está a envelhecer rapidamente. Combaixas taxas de natalidade, a proporção de jovens commenos de 15 anos diminuiu durante vários anos e deverácontinuar a diminuir no futuro, descendo de 17% em1998, para 14,5% em 2025. Pelo contrário, a proporçãode pessoas com 65 ou mais anos tem aumentado consi-deravelmente, prevendo-se que continue a aumentar aum ritmo ainda mais acelerado depois de 2010, às medi-da que a geração do baby-boom for atingindo essa ida-de. Assim sendo, a proporção deverá aumentar dos cer-ca de 16% da população total em 1998, para 22% em2025. Além disso, dentro deste grupo, o número relativode pessoas com 80 ou mais anos tem aumentado aindamais rapidamente.

Tais tendências terão importantes consequências nossistemas de segurança social e de tributação em toda aUE. Mais especificamente, as previsões apontam paraum número cada vez maior de pessoas além da idade dereforma que terão que ser suportadas por aqueles queestão empregados. Todos os Estados-Membros terão umaumento da taxa de dependência da terceira idade (rela-ção entre as pessoas com 65 e mais anos e a populaçãoem idade activa, considerada aqui entre os 15 e os 64anos), embora seja provável que o seu impacto varie con-sideravelmente de Estado para Estado. Prevê-se que osaumentos mais marcados se venham a verificar na Itália,Suécia, Finlândia e Alemanha, e os menos marcados naIrlanda, Portugal e Luxemburgo.

É provável que a tendência seja semelhante, ainda quemenos acentuada, para a taxa de dependência geral – ototal das pessoas abaixo e acima da idade activa em rela-ção às em idade activa – apesar das previsões de diminu-ição do número de crianças6 (Mapa 10). Presentemente,existem na UE cerca de 49 potenciais dependentes paracada 100 pessoas em idade activa; em 2025 elas deve-rão atingir as 58. Prevê-se que estes números venham a

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I.4 Factores determinantes da convergência real

ser particularmente elevados na França, Suécia e Finlân-dia.

A passagem à reforma da geração do baby-boom, aliadaà diminuição do número de jovens, deverá levar à redu-ção da população em idade activa da UE a partir de 2010,prevendo-se que a quebra seja dos actuais cerca de 251milhões, para 243 milhões em 2025. Ao mesmo tempo,aumentará a média de idade da população entre os 15 eos 64 anos.

… tal como nos países candidatos

O ritmo de envelhecimento da população de uma Uniãoalargada (isto é, incluindo os países candidatos e os ac-tuais Estados-Membros) poderá eventualmente ser me-nos acelerado, mas muito pouco. Na maior parte dos paí-ses candidatos, as políticas activas dos anos 70 e 80 parapromover o crescimento da população inverteram-se nosanos 90. Embora a média de idade das suas populaçõesseja actualmente inferior à da UE, é provável que aumen-te rapidamente durante os próximos 25 anos, à medidaque a diminuição das taxas de fertilidade forem reduzin-do o número de jovens com menos de 15 anos em todosos países, exceptuando Malta. Assim, estima-se que, em2025, a proporção de jovens na população total seja ain-da menor do que na actual UE.

Por outro lado, a proporção das pessoas com 65 anos oumais nestes países é, em média, menos do que na actualUE. Assim sendo, as taxas de depência da terceira idadesão igualmente inferiores e, em muitas regiões, mesmomuito inferiores, às dos Estados-Membros da União, ex-cepção feita para a Irlanda (ver Mapa 10).

O número relativo de pessoas idosas irá também aumen-tar significativamente, muito embora, em 2020, apenas aRepública Checa deva atingir valores superiores à médiada UE. Mesmo assim, tanto a taxa média de dependênciada terceira idade, como a taxa média global de depen-dência deverão situar-se apenas marginalmente abaixoda UE alargada, tal como já referido.

O mesmo se aplica em relação ao declínio esperado napopulação em idade activa, que se deverá começar a ve-rificar mais ou menos ao mesmo tempo tanto nos paísescandidatos como na actual UE. Prevê-se que, até 2009, onúmero de pessoas com idades compreendidas entre os15 e os 64 anos aumente ligeiramente em relação aos ac-tuais 72 milhões, diminuindo depois para 66 milhões em2025. A população em idade activa numa União alargadadeverá, portanto, atingir um pico de 328 milhões em2010, decrescendo para 309 milhões em 2025. Tal comona UE, a média de idade da população entre os 15 e os 64anos deverá também aumentar nos países candidatos,

muito embora a um ritmo ligeiramente mais lento do quenos Estados-Membros actuais.

A mão-de-obra da UE tendea diminuir e a envelhecer ...

As tendências da população activa acima descritas terãoinevitavelmente consequências no crescimento e na es-trutura etária da mão-de-obra na UE, embora se antevejaque tal situação venha a ser influenciada tanto pelas mu-danças da participação, como pela evolução demográfi-ca. Por seu lado, estes serão determinados por uma sériede factores económicos e socias, nomeadamente a dis-ponibilidade de empregos, mas também pelo desenvol-vimento do sector da educação, das acções sociais deapoio às mulheres empregadas, da disponibilidade deestruturas de cuidados infantis, da idade legal de refor-ma, dos planos de pensões, da estrutura dos agregadosfamiliares, etc...

A manterem-se as actuais tendências demográficas e departicipação na UE, a mão-de-obra deverá aumentar até2010, altura em que deverá atingir os 183 milhões7. A par-tir daí ela deverá começar a decrescer, atingindo os cer-ca de 175 milhões em 2025. É, contudo, provável que oinício desse declínio varie consideravelmente de regiãopara região (Mapa 11). Seja como for, as previsões apon-tam para uma diminuição, em 2025, do número de pesso-as economicamente activas em quase todas as regiõesda UE, embora com intensidades bastante variadas. Asregiões mais particularmente marcadas pelo declínio de-verão ser as da Itália, Alemanha e Espanha, com uma di-minuição de mais de 1 milhão de trabalhadores cada.

Devido às tendências demográficas e às possíveis mu-danças na participação, o número relativo de pessoascom 50 e mais anos deverá aumentar da actual média decerca de 20%, para 30% em 2020, em todos os Esta-dos-Membros. Nos Países Nórdicos, onde não são espe-radas grandes mudanças na participação, o aumentodessa proporção deverá ser relativamente pequeno, en-quanto que na Itália e em Espanha, onde as taxas de na-talidade são baixas e os níveis de participação das mu-lheres poderá sofrer uma subida considerável, ela deveráaumentar substancialmente.

… o que poderá ter consequênciaseconómicas profundas

Como já anteriormente referido, estas tendências pode-rão ter consequências económicas de grande impacto,principalmente para a sustentabilidade dos sistemas deprotecção social e de saúde, que estarão cada vez maissujeitos a fortes pressões devido ao aumento do númerode idosos. Daí a necessidade de uma atenção redobradana possibilidade de aumentar a participação dos mais

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I.4 Factores determinantes da convergência real

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I.4 Factores determinantes da convergência real

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I.4 Factores determinantes da convergência real

Guyane (F)

Guadeloupe

(F)

Martinique

(F)

Réunion

(F)

Canarias (E)

Açores (P)

Madeira

(P)

Períodos

Não antes 2025

Entre 2015 e 2025

Entre 2005 e 2015

Entre 1995 e 2005

0 100 500 km

11 Declínio previsto da mão-de-obra

velhos, bem como das mulheres, que serão uma fonte es-sencial para o crescimento da mão-de-obra no futuro.

Tal possibilidade chama igualmente a atenção para oproblema de manter, actualizar e expandir as competên-cia das faixas da população em apreço, o que é já hojeum problema devido ao envelhecimento da populaçãoactiva. A prossecução de políticas de reforma antecipa-da, levadas a cabo por vários países, fez com este pro-blema fosse sendo ignorado. A isto acresce a percepçãogeneralizada de que a participação em formação porparte de trabalhadores mais velhos é relativamente bai-xa, quaisquer que sejam as circunstâncias, o que fazcom que os próprios empregadores se sintam relutantesem efectuar os necessários investimentos. Tal relutânciatende ainda a ser reforçada pela percepção de dificulda-de dos processos de formação e de os trabalhores adqui-rirem novas competências. Estas dificuldades poderão,contudo, ser consideravelmente ultrapassadas se a for-mação desses trabalhadores se tornar parte integranteda formação ao longo da vida, o que, por seu lado, signifi-caria que as pessoas passariam a adquirir novas compe-tências ao longo da sua vida profissional, estando, por-tanto, já habituadas a isso. Este tipo de evolução, queexige uma mudança de atitudes e das práticas laborais, éessencial se se quiser utilizar eficazmente o potencial dostrabalhadores mais velhos – vital para os produtores daUE se manterem competitivos no mercado global.

Igualmente importante é a necessidade de assegurarque as mulheres – e mesmo os homens – que voltam a in-gressar no mercado de trabalho, depois de um períodode ausência por razões familiares, tenham acesso à for-mação de que necessitam para actualizar as suas com-petências e aprender novas metodologias de trabalho,por forma a que, por um lado, possam encontrar empre-gos adequados e, por outro, possam contribuir eficaz-mente para o desenvolvimento da economia europeia.

As perspectivas de uma diminuição do número de jovenspoderá ter como consequência a redução dos níveis dedesemprego dos jovens, muito embora, a longo prazo, taldependa mais das competências deles e da taxa de au-mento de empregos do que dos números em si. A diminu-ição do número de jovens a entrar no mercado de traba-lho tem sido acompanhada pelo aumento dos quecontinuam a estudar ou estão na formação profissionalinicial durante mais tempo. Numa economia baseada noconhecimento é essencial que esta tendência se mante-nha. Ao mesmo tempo, o crescente reconhecimento deque a formação no posto de trabalho é tão importantecomo o ensino formal significa que, em vários países, aparticipação dos jovens na mão-de-obra está a aumen-tar, e isto porque eles conseguem combinar a continua-ção dos estudos com um emprego remunerado.

Quaisquer que sejam as medidas a tomar para aumentara participação – nomeadamente das mulheres, trabalha-dores mais velhos e jovens – a sua amplitude dependerá,em última análise, da taxa de crescimento do empregoque, por seu lado, tende a depender do ritmo do desen-volvimento económico. (O processo, há que sublinhá-lo,não se desenvolve apenas num sentido. Quer isto dizerque as pessoas com mais competências e mais empre-endedoras que entram no mercado de trabalho poderãotambém contribuir para promover a competitividade e ocrescimento económico.) São estes factores que irão de-terminar se o desemprego na União diminui ou se aumen-ta outra vez, não obstante a redução no número de jovensem idade activa.

Em várias partes do norte de Itália, por exemplo, prevê-seque, a manterem-se as anteriores tendências, a força detrabalho venha a diminuir significativamente no futuro. Defacto, começam já a surgir faltas de mão-de-obra. Contu-do, a longo prazo, se se conseguir sustentar um cresci-mento económico e uma criação líquida de emprego ele-vados, talvez seja possível atrair mais pessoas –principalmente mulheres, cuja participação está, na mai-or parte das áreas, bastante abaixo da média da UE –para a mão-de-obra e, assim, suprir as faltas. (A partici-pação das mulheres no norte de Itália aumentou substan-cialmente nos últimos 10-15 anos, enquanto que no sul,onde a criação de emprego tem estado em baixa, prati-camente não se alterou).

O possível aumento da imigraçãonão deve ser sobrevalorizado ...

Estudos recentes mostram que é pouco provável que sevenham a verificar fluxos migratórios em grande escalados países candidatos, pelo que tal factor não deverá sersobrevalorizado na agenda do alargamento. Porém, umavez que o processo de convergência do rendimento percapita dos PEC para os níveis da UE será longo, é quasecerto que os fluxos migratórios desses países irão au-mentar logo que a livre circulação seja possível. As esti-mativas apontam para uma imigração líquida para a UEque poderá ascender às cerca de 335 mil pessoas duran-te o ano imediatamente após a eliminação das barreirasàs entradas, mas esse número deverá diminuir para as150 mil durante a década seguinte8. Nessa altura, o nú-mero de cidadãos dos PEC a residir na UE poderá atingiros 2,9 milhões e, 10 anos mais tarde, 3,7 milhões, atingin-do um pico de 3,9 milhões 30 anos após a entrada em vi-gor da livre circulação de trabalhadores. Isto implica umcrescimento do número de cidadãos dos PEC a residirnos actuais Estados-Membros da UE de 0,2% da popula-ção total em 1998, para apenas 1% daqui a 30 anos. Combase nestas estimativas, são, portanto, completamenteinfundadas as suspeitas de que os imigrantes dos PECpossam vir a inundar o mercado de trabalho da UE.

46

I.4 Factores determinantes da convergência real

As entradas de cidadãos dos PEC deverão ser principal-mente em direcção à Alemanha e à Áustria, onde os nú-meros são já elevados. As estimativas apontam para cer-ca de 65% para a primeira, e 12% para a segunda. Dentrodestes países, as regiões mais procuradas serão as re-giões fronteiriças e os centros de maior actividade econó-mica: na Alemanha, as regiões do sul com fronteiras coma República Checa (mais do que os novos Länder) e, naÁustria, as regiões a leste. As regiões com fronteiras comos PEC deverão também sentir um aumento temporárioda imigração e dos pendulares. Tal concentração pode-rá, contudo, dar origem a tensões sociais nas áreas afec-tadas.

… mas poderá atenuar as faltas de mão-de-obra

A conclusão mais interessante e porventura mais impor-tante dos estudos recentes é que, ao contrário da UE,muitos dos PEC deverão conhecer, durante a próximadécada, um aumento significativo da população dos jo-vens entre os 20 e os 35 anos. Isto representa uma opor-tunidade para a UE alargada, uma vez que permitirá aosempregadores contratarem pessoas jovens e com níveisde formação mais elevados. É que, a manter-se o actualritmo de recuperação económica, é bem provável que afalta de competências adequadas se venha a fazer sentirde forma mais premente.

Existem, de facto, situações de falta de mão-de-obra emactividades menos especializadas em várias regiões daUE, mesmo em algumas onde o desemprego é relativa-mente elevado. Os imigrantes poderão, pois, ajudar a su-prir as lacunas nestas áreas. Importa, contudo, realçar anecessidade de, simultaneamente, introduzir medidasque promovam a integração desses imigrantes nas co-munidades onde estão inseridos, por forma a evitar que,do ponto de vista social, eles se tornem excluidos.

A este respeito, uma recente comunicação da Comissãosobre a Política Comunitária de Imigração (COM(2000)757)propôs a adopção de uma política de imigração controla-da como uma das respostas possíveis aos problemascolocados pelas tendências demográficas e sublinhou ocontibuto potencial da imigração para a EstratégiaEuropeia de Emprego.

Muito embora a emigração de jovens possa, a curto e mé-dio prazo, pôr em causa o potencial de desenvolvimentodas regiões de onde saem – principalmente porque ogrupo dos que emigram poderá incluir um número des-proporcionado de jovens com níveis mais elevados deformação – o seu posterior regresso, com os conheci-mentos e o know-how adquiridos, poderá dar um impor-tante contributo para o desenvolvimento nos PEC.

Também é improvável que o alargamento coloqueproblemas aos mercados de trabalho da UE

É pouco provável que a livre circulação de mão-de-obravenha, em termos globais, a ter um grande impacto nosmercados de trabalho da UE, muito embora possa afec-tar diferentes Estados-Membros de forma diversa, de-pendendo das circunstâncias epecíficas de cada um de-les. Actualmente, os PEC são pequenos em termoseconómicos, o que significa que o aumento das importa-ções desses países poderá, até certo ponto, afectar ospreços de bens nos mercados, bem como os salários e oemprego. Um estudo recente, por exemplo, indica que sea imigração atingisse uma média de 200 mil imigrantes aoano durante os próximos 15 anos, os salários diminuiriammenos de 1%9. Nas regiões fronteiriças, contudo, os im-pactos poderão ser maiores tanto no mercado de traba-lho, como nos sectores mais expostos à concorrênciadas importações dos PEC, muito embora daí possamigualmente advir vantagens potenciais devido à proximi-dade de novos mercados.

Investimento

Investimento: a chave docrescimento dos países candidatos

Os indicadores do investimento são um bom barómetrodo potencial de crescimento de uma economia10 (ver Grá-ficos A.10 e A.11). O investimento (tal como é medidoatravés da formação de capital fixo bruto) é mais elevadoem relação ao PIB nos países candidatos do que nos ac-tuais Estados-Membros da UE – 25% do PIB, contra 20%em 1998. É essencial que este diferencial seja mantido,ou mesmo aumentado, se os países candidatos quiserematingir as taxas de crescimento elevado necessárias parapoderam chegar ao nível das outras economias da UE. Oinvestimento elevado não é, em si, garantia de sucesso –ele tem que dirigido e combinado com o progresso tecno-lógico (ver adiante) – mas é uma condição necessária.

No entanto, o nível de investimento difere significativa-mente entre os países candidatos. Na República Checa,na Eslováquia e na Polónia o investimento chega a atingiros 30% do PIB. Por outro lado, nos países com os níveismais baixos de PIB per capita, o investimento é, geral-mente, muito menor (apenas cerca de 11,5% do PIB naBulgária em 1998).

Na União, Portugal, o país que apresenta o segundo maisbaixo nível de PIB per capita, tem o investimento mais ele-vado em relação ao PNB (28%), enquanto que em Espa-nha e na Grécia, assim como na Irlanda, ele se situa bas-tante acima da média da UE. Por outro lado, a Suécia, que

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I.4 Factores determinantes da convergência real