democracia, descentralizaÇÃo, atores sociais e … · dos custos e de estabelecer uma...

51
DEMOCRACIA, DESCENTRALIZAÇÃO, ATORES SOCIAIS E GESTÃO LOCAL

Upload: lamtu

Post on 01-Dec-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

DEMOCRACIA, DESCENTRALIZAÇÃO, ATORES SOCIAIS E GESTÃO LOCAL

DESCONCENTRAÇÃO OU DESCENTRALIZAÇÃO ADMINISTRATIVA

A desconcentração implica restringir o conflito aos seus componentesadministrativos omitir o problema do déficit de legitimação.

Desconcentração é a delegação de competência sem deslocamentodo poder decisório.

Descentralização implica redistribuição do poder, umatransferência na alocação das decisões.

Descentralização interfere nos interesses dos grupos de poder Osprocessos descentralizadores constituem a transferência deautoridade no planejamento e na tomada de decisões.

Setor público processos descentralizadores tomaram a forma dorepasse desse poder decisório do nível nacional aos níveissubnacionais.

TIPOS DE DESCENTRALIZAÇAOI. Desconcentração. Deslocamento, desde os níveis centrais aoslocais, de certos graus de autonomia administrativa . Esta estratégia corresponde a uma iniciativa da esfera central para aliviar sua carga de trabalho.

2. Devolução. Definição de níveis subnacionais de governo comrelativa autonomia. Envolve uma reestruturação mais radical dos serviços , que está necessariamente ligada à reformulação dos mecanismos de financiamento.

PROBLEMA como estabelecer modalidades de financiamento que permitam autonomia aos níveis locais quando estes possuem bases tributáveis reduzidas, garantindo, ao mesmo tempo, volumes de produção capazes de minimizar os custos fixos?

A estratégia da devolução implica, forçosamente, num fortalecimento da capacidade de gestão local com o consequente aumento de autonomia. Porém, pode responder a uma demanda dos governos locais ou, como no caso da desconcentração, surgir comoiniciativa da administração central.

3.Delegação.Envolve a transferência de responsabilidades administrativas para organizações que se situam fora da estrutura do governo central e só estão indiretamente controladas por ele. Os governos podem considerar a delegação uma forma de evitar a ineficiência da gestão governamental direta, de aumentar o controle dos custos e de estabelecer uma organização ativa e flexível.

A responsabilidade máxima continua correspondendo ao nível central, mas seu agente possui amplas atribuições para levar a cabo suas funções e deveres específicos.

A delegação aparece como a alternativa mais adequada quando amotivação é melhorar a eficiência na administração dos serviçospúblicos.

4 Privatização. Supõe a transferência de funções e recursos a

organizações filantrópicas ou empresas privadas, sendo mantido um

relativo grau de controle governamental.

Esta modalidade de descentralização se vê impulsada nos países onde:

a) o setor público possui uma baixa capacidade instalada para a prestação de serviços em relação à demanda dos mesmos, sendo o setor privado responsável por boa parte dos atendimentos;

b) há necessidade de ampliação da cobertura sem disponibilidade de recursos para custea-la.

Década de 1980 teses descentralistas começam a ser defendidas por organismos internacionais como a ONU, o World Bank e a OPAS.

Diferentes usos ao conceito "descentralização"Algumascaraterísticas comuns:

a)Fortalecimento da esfera "local".

b)O problema da descentralização é de caráter político, a implementação eficaz e eficiente é de caráter administrativo:

c) Não é possível realizar o processo em si de forma isolada e só é viável em um processo geral de reforma.

d) A conceitualização dicotômica centralização X descentralização não têm poder explicativo frente aos dados empíricos.

Funções da descentralização do poder:

diminuir os efeitos negativos da burocracia,

respeitar prioridades e necessidades locais,

facilitar uma maior representatividade na formulação de decisões e uma maior eqüidade na alocação dos recursos,

aumentar a legitimidade e estabilidade institucional,

e mais importante: funcionalidade econômica da descentralização:

"..reduzir as deseconomias de escala próprias da superconcentração do processo decisório na capital nacional, a descentralização pode aumentar o número de bens e serviços públicos, bem como a eficiência de sua prestação a custos mais reduzidos"(Cheema & Rondinelli, 1983:17)

DELEGAÇAO DE FUNCOES SEM AUTONOMIA

Na descentralização funcional, ou por serviços, a transferência de competência é feita a favor de uma pessoa jurídica, mas as funções e serviços transferidos são funções que não saem de sua esfera de ação.

Trata-se de uma delegação que não tem a ver com a autonomia local. Pode até configurar uma estratégia de atomização na qual os estabelecimentos públicos ganhassem plena autonomia de gestão sem necessidade de se remeter à coordenação da autoridade local.

Na descentralização territorial, a transferência de funções ou competências do governo central para os órgãos e divisões territoriais só podem concretizar-se mediante disposições legais, na medida em que a própria constituição do país autorize." (Teixeira.1990. :84)

Tereza Lobo, 1989 distingue três vertentes da descentralização:

I - Horizontal (aquela praticada no sentido da administração direta para a indireta) é a descentralização funcional ou delegação, e refere-se à expansão das autarquias, fundações, empresas públicas, etc.

Ao mover-se como entidades subtraídas do espaço público, estas administrações indiretas podem escapar do controle social regendo-se por princípios mais similares aos da administração privada e, até constituindo um fenômeno de feudalização; ela é geradora de iniquidades desde o momento em que as folhas salariais destas instituições se afastam dos salários atribuídos às mesmas funções na administração direta.

Theresa Lobo, 1989

II - Vertical (deslocamento do poder entre os distintos níveis do governo) transferência de poder federal aos governos estaduais e municipais.

É necessário distinguir dois aspectos deste tipo de descentralização: o financeiro e o político-institucional.

O risco de uma descentralização estritamente financeira é que os repasses dos recursos mantendo a centralização do conhecimento científico-técnico, só beneficiam as unidades locais que tenham um aparelho técnico-burocrático desenvolvido. Embora possa haver uma descentralização formal dos recursos, na prática a sua distribuição não é equitativa.

Quanto à descentralização político-institucional, muitas vezes corre-se o risco de estar favorecendo sistemas clientelistas e personalistas significa a negação da cidadania.

Tereza Lobo, 1989

III - No plano da relação Estado-Sociedade A transferência do Estado para a sociedade civil é outro aspecto das políticas neoliberais

T.Lobo chama privatizantes aos movimentos que subtraem problemas do espaço público para o espaço privadomas há duas modalidades distintas neste sentido:

(i)uma comunitarista que defende uma maior articulação entre o Estado e as organizações da Sociedade Civil tais como associações de moradores e sindicatos;

(ii)e uma privatista que defende diretamente a privatização dos serviços públicos.

Descentralização como Estratégia Democratizadora: Pode-se considerar a descentralização como um processo associado à democratização?

A resposta não é direta e nem conclusiva Na definição dessa relação é preciso considerar a intermediação de outras duas categorias de análise: participação popular e controle social.

A única garantia de que a descentralização não está sendo formulada como uma forma de restrição do espaço público passa pela participação popular.

Pode-se identificar alguns condicionantes para a efetividade da participação:

I- A consolidação de uma prática participativa requer uma mudança na consciência.

II- Paralelamente, a participação política está condicionada pela igualdade de condições de acesso às políticas sociais o sucesso de qualquer projeto baseado na participação popular será relativo às condições de redistribuição da riqueza que ele venha a produzir.

A descentralização é condição necessária mas não suficiente para desenvolver a participação.

Em órgãos descentralizados a participação pode ser obstaculizada pela permanência de práticas autoritárias ou clientelísticas, ou pela distância que dispõe o domínio de um saber técnico-científico.

A descentralização é um requisito indispensável para estimular uma dinâmica participativa, baseada na possibilidade da difusão de informação, o estabelecimento de canais de comunicação entre eleitores e eleitos, técnicos e usuários, e a procura de mecanismos de articulação entre instituições representativas e organizações sociais.

Descentralização Como Estadualização e Como Municipalização

Theresa Lobo (1990) aponta cinco diretrizes do aspecto político-institucional da descentralização territorial:

1-Flexibilidade; 2-gradualismo; 3-progressividade para preservar a heterogeneidade das realidade estaduais e municipais;

4-transparência e 5-mecanismos de controle social, para promover democratização do Estado.

Uma das teses mais conhecidas sustenta que para aprofundar o processo descentralizador é requisito contar com esferas estaduais fortes e eficientes, especialmente quando se definiu ao "gradualismo" como um dos princípios básicos que norteiam o processo.

Existem variações nas referências à municipalização.

Para algunsmunicipalizar significa uma articulação das forças do município como um todo para a prestação dos serviços, ou seja prefeitura municipal e organizações da sociedade Civil como co-responsaveis pela prestação dos serviços.

Para outros, municipalizar pode querer dizer "preifeiturar" entendendo assim a exclusividade da administração municipal no processo.(Lobo, 1990:487)

Mas não apenas a municipalização tem sido defendida como instrumento para a descentralização.

Há uma corrente que prega, para certos casos e em determinadas circunstâncias, a estadualização. É importante lembrar que os governos estaduais também sentiram os efeitos danosos da centralização de recursos e encargos. É fundamental para recuperação do federalismo no país a reinserção dos estados no sistema também como agentes fortes e atuantes.

Uma federação polarizada, tendo como extremos um governo federal forte e um governo municipal forte, tende a ser tão desequilibrada como a que temos atualmente. Assim, o reforço dos governos estaduais passa necessariamente por uma estratégia de descentralização, que leve em conta o resgate do sistema

federalista no país". (Lobo .1990 :488)16

A concentração do poder na esfera estadual pode ser concebida como uma fase de uma descentralização mais profunda. Mas pode ser como ponto final do processo.

Parece ter consenso a ideia de que seria inoperante ou até disfuncional uma descentralização que partisse de uma concepção fragmentada, na qual não seja contemplada a totalidade do sistema político "A chave para determinar o sentido das propostas de descentralização está no sistema político nacional" (Coraggio. 1988) Apud: (Belmartino.1990 :37)

É indispensável a conformação de unidades territoriais com equivalente capacidade operativa, de maneira que se garantam níveis homogêneos de eficiência, eficácia e efetividade na gestão dos serviços públicos.

Em alguns casos, tem-se defendido a distritalização. A extensão do distrito seria definida visando garantir níveis similares de cobertura, resolutividade, integralidade, etc... O distrito pode ser maior que o município (nesse caso se propiciaria a conformação de consórcios municipais) ou menor (nesse caso se implementariam subdivisões administrativas).

Na oposição aos que defendem a descentralização como uma modalidade

técnica para resolver exclusivamente o déficit de racionalidade na organização dos serviços públicos, levantam-se ao argumentos municipalistas que resgatam o município como instância política mais próxima à população.

"É necessário superar a condição da administração local como organismo

dedicado exclusivamente a dispensar serviços à população. Os organismos locais além de uma maior autonomia devem ter a possibilidade de participar na tomada de decisões globais”

Descentralização como Deslocamento do Conflito

Uma das relações entre descentralização e democracia concebe a primeira como um instrumento de expansão da lógica democrática na medida em que amplia as possibilidades de negociação política no âmbito democrático. No entanto, como são ampliadas? Permitindo que o nível central se ocupe das tomadas de decisões correspondentes ao conflito central (implicando uma

hierarquização dos conflitos de forma clara e precisa) e gerando mecanismos de amortização dos conflitos. A descentralização seria, então, a multiplicação das instâncias de negociação e, portanto, de conciliação.

Descentralização Como Estratégia de Redução do Gasto Público

Em nome da "modernização" do Estado tem-se formulado processos centrífugos, baseados na ideia de que a descentralização permitiria uma redução, ou ao menos um maior controle, dos custos de produção dos serviços públicos.

A descentralização visando reduzir o gasto público e aumentar a eficiência na gestão dos serviços, pode propor:

a) a privatização dos serviços públicos,

b) a terceirização ou delegação de responsabilidades públicas a setores do mercado,

c) a cobrança de taxas para utilização dos serviços públicos.

As ações formuladas segundo esses princípios podem aumentar a iniquidade dos sistemas sociais regionais e opõem-se às expectativas de universalização dos direitos sociais. Trata-se de uma alternativa neoliberal de resposta à crise do Welfare State.

Descentralização como Desregulação

Há uma concepção garantista ligada aos princípios do liberalismo defendido por Locke para quem a Sociedade Civil é anterior ao Estado, e é preciso garantir a não intromissão do poder central nos interesses privados.

Nesse caso, descentralizar significaria a redução do poder regulatório do Estado em beneficio de um mercado supostamente auto-regulado.

Processos Participativos no Brasil: conselhos de gestão, orçamento

participativo, parceria entre governo e sociedade

A Constituição de 1988 consagrou o princípio da participação da sociedade civil em algumas políticas públicas, tais como saúde, assistência social, políticas urbanas e políticas para o meio ambiente, mas não instituiu, para elas, a forma “conselho”.

Esta foi instituída pelas legislações setoriais específicas tais como a Lei Orgânica da Saúde (LOS), a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Esses três, com o Conama, até o começo do governo Lula eram o núcleo dos conselhos nacionais. Depois, de 2003 a 2006 houve uma enorme ampliação do número dos conselhos nacionais .

IMPORTANTE esses são os conselhos organizadores de políticas sociais que contam com a participação da sociedade civil organizada

Conselhos nova modalidade de controle público sobre a ação governamental

experiências de inovação institucional que ampliam os espaços de deliberação pública

São estruturas jurídico-constitucionais de caráter permanente com representação paritária entre Estado e sociedade e com amplos poderes de controle sobre a política pública

práticas mais participativas e nova concepção de responsabilização

Têm as seguintes características:

i)surgiram por meio da ação do movimento da sociedade civil durante a Constituinte ou depois dela .

ii) implicaram a estruturação da participação nos três

níveis da Federação;

iii) articulam políticas participativas, estaduais e municipais, com o conselho nacional; e

iv) controlam, em geral, algum instrumento de

financiamento de políticas públicas.

Inovações dos conselhos

a)dimensão técnico-normativaconselhos setoriais paritários com poderes alocativos, deliberativos e regulatórios

b)ampliação da democraciaatuação em busca da equidade e efetividade

Conselhosrepresentam interesses coletivos na definição da agenda pública e na formulação e implementação de políticas públicas

diferem de movimentos sociais tem estrutura legalmente definida e institucionalizada visando a ação conjunta da sociedade e do Estado na elaboração e gestão de políticas públicas

Inovações dos conselhos

são canais de participação política, de controle público sobre a ação governamental, de deliberação legalmente institucionalizada e de publicização das ações de governo

Tem poder de agenda e podem interferir nas ações e metas dos governos e em seus sistemas administrativos

são mecanismos de ação coletiva que inserem temas e demandas na agenda governamental para que sejam processados como políticas publicas

tem dimensão jurídica

Capitais e cidades de grande porte têmuma forte estrutura conselhista implantada na área de políticas públicas.

Essa estrutura se expandiu ao longo da década de 1990, primeiro nas capitais e depois nas cidades de grande porte, onde ocorreu forte expansão no número de conselhos a partir de 2000.

Hoje, quanto ao número de conselhos existentes há uma tendência de homogeneização entre capitais e cidades com mais de 100 mil habitantes.

Essa expansão mostra também que, no que diz respeito à participação, a maior parte das cidades brasileiras utiliza conselhos em mais áreas de políticas públicas que aqueles exigidos pela lei.

IPEACONCLUSOES:

a) Houve, no Brasil, nos últimos 15 anos, uma enorme expansão da estrutura de participação social.

b)Os conselhos tem um papel positivo para o melhor funcionamento das administrações locais.

c)Na gestão das políticas sociais, temos indícios sugestivos de uma relação positiva entre cidades que praticam com maior intensidade as políticas participativas e o bom desempenho na implementação de políticas sociais nas áreas de saúde e educação.

IPEACONCLUSOES:

d) Houve uma melhoria significativa da administração fiscal nas cidades com uma maior presença das políticas participativas.

e)Nestas cidades a participação insere-se em um circuito

virtuoso entre demandas políticas e a melhor administração da coisa pública.

f)O aumento da receita tributária própria é a maneira mais adequada de melhorar a capacidade de investimento dos municípios e ter sob o controle da administração municipal os novos recursos.

• TIPOS DE CONSELHOS

• 1) os conselhos comunitários dos anos 1970, criados pelo próprio Executivo, para mediar suas relações com os movimentos e com as organizações populares e auxiliar na administração municipal.

• Os conselhos comunitários foram criados a partir de decretos governamentais. Eram espaços de negociação entre o movimento popular e certas áreas do poder público, sendo mais consultivos do que deliberativos. Atuavam como apaziguadores e, não raro, praticavam a cooptação de lideranças e incorporam apenas os setores organizados que apoiam os grupos que estão no poder. Eram de duração efêmera, segundo os mandatos eletivos de seus proponentes.

• TIPOS DE CONSELHOS

• 2) os Conselhos Populares dos anos 1980, construídos pelos movimentos populares ou setores organizados da sociedade civil em suas relações de negociação com o poder público.

• Tiveram grande repercussão na cidade de São Paulo nas áreas da Saúde e Habitação. Fundamentados nos princípios da autonomia e da autogestão, tinham a democracia de base como valor central. Os movimentos sociais de massa, não exclusivamente sindicais e nem exclusivamente político-partidários, eram elementos fundamentais para a construção dos conselhos populares representativos.

TIPOS DE CONSELHOS3) os CONSELHOS INSTITUCIONALIZADOS dos anos 1990 –Conselhos Temáticos Institucionalizados, Conselhos Tutelares e Conselhos Gestores - foram criados nos três níveis de governo, com possibilidade de participar da gestão dos negócios públicos, previstos na Constituição federal de 1988, surgidos por força de pressões e demandas da sociedade civil.•

Buscam disciplinar os preceitos constitucionais após a Constituição brasileira de 1988. Teoricamente não dependem da vontade dos governantes e abrangem todos os cidadãos.

Seu universo é composto de categorias sociais como idosos, crianças, mulheres, índios, etc e não de classes sociais, como os Conselhos Populares. Alguns são chamados de Conselhos Tutelares, como o das crianças e dos adolescentes.

Os Conselhos Temáticos Institucionalizados abrangem, além das estruturas organizadas por categorias sociais, os conselhos por áreas de gestão (setores das políticas públicas: saúde, transporte, educação, lazer, habitação, etc)e os conselhos tarifários (busca democratizar a gestão pública no estabelecimento de tarifas em geral: são as Câmaras Técnicas Setoriais.)

As funções atribuídas aos Conselhos Temáticos Institucionalizados, são o controle e fiscalização do poder executivo; e a participação no planejamento das políticas de gestão de bens públicos.

Conselhos Gestorescriam uma nova esfera social-pública ou pública não-estatalum novo padrão de relações entre Estado e sociedade, porque os Conselhos viabilizam a participação de segmentos sociais na formulação de políticas públicas e possibilitam à população o acesso aos espaços nos quais se tomam as decisões políticas.

Legislação desde 1996 preconiza o caráter deliberativo e paritário dos conselhos gestores.

Os conselhos profissionais - Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), Conselho Federal de Medicina (CFM) ,etc. são entidades de regulação e fiscalização de profissões de nível superiorSão juridicamente definidos como “autarquias corporativas”. Como autarquias, os Conselhos profissionais gozam de autonomia administrativa, contando com estrutura própria, estabelecida segundo regimento próprio.

Os Conselhos se distinguem das agências reguladoras independentes, porque não são entidades reguladoras, mas sim auto-reguladoras. Através delas, os representantes eleitos pelos membros de cada profissão regulamentada exercem, com base na lei, amplo poder regulatório-normativo, fiscalizatório e sancionatório – sobre a própria categoria.” Como órgãos de regulamentação e fiscalização do exercício profissional, compete aos Conselhos não apenas dispor sobre as condições desse exercício mas, também, aplicar as sanções no caso de descumprimento das normas estabelecidas.

• A OAB, embora seja uma entidade de regulação e fiscalização do exercício profissional, goza de um estatuto jurídico diferenciado em relação aos demais conselhos, sendo definida legalmente como “serviço público, dotada de personalidade jurídica e forma federativa” (Lei 8.906/94), não estando sujeita à fiscalização externa (Tribunal de Contas da União – TCU) como os demais Conselhos Federais de profissões.

• A OAB é também o único organismo mencionado explicitamente na Constituição Federal, inclusive como habilitado a propor Ações Diretas de Inconstitucionalidade junto ao Supremo Tribunal Federal. É mencionado, também, quando a Constituição estabelece como condição para a habilitação para o exercício de funções judiciais a inscrição do cidadão na OAB.

Funcionamento dos conselhos nacionais no governo Lula

1) O governo Lula aparece em uma posição de continuidade com as políticas de participação local que surgiram no Brasil na década de 1990. Ele potencializou a criação de novos conselhos e reforçou aqueles já existentes, oferecendo-lhes capacidade de influir mais nas respectivas políticas públicas.

2) não há ainda no governo federal um papel muito claro para os conselhos nacionais fora dos sistemas de gestão que incluem a saúde, a assistência social, a criança e o adolescente e o meio ambiente. Nestes casos, é possível perceber um papel muito claro dos conselhos nas políticas sociais. Nos outros casos, ainda está para ser atribuído um papel mais claro para os conselhos.

3)O governo Lula expandiu a forma conferência para o conjunto das áreas de políticas públicas. Até então, as agendas da sociedade civil no Brasil eram basicamente locais. As conferências nacionais iniciaram o projeto de consolidação de uma agenda nacional da sociedade civilem áreas como meio ambiente, saúde, segurança pública, entre outras. As conferências cumpriram o papel de estabelecer uma agenda mínima de negociação entre o Estado e a sociedade civil em áreas relevantes das políticas públicas.

4)Desde 2003, a participação passou a fazer parte do funcionamento cotidiano do governo federal no Brasil por duas vias principais: os conselhos e as conferências nacionais.

CONFERENCIAS NACIONAISApesar de terem alguns traços homogêneos (exemplo: exceto a I Conf. de Direitos Humanos, todas foram convocadas pelo Poder Executivo) há elementos de diferenciação, que variam de acordo com a tradição de participação da sociedade civil em uma área específica. Há profundas variações quanto a três critérios (i) a preparação das conferências em unidades da Federação, (ii)o caráter deliberativo ou consultivo da conferência, (iii)a existência e o número de resoluções. Nas áreas de saúde, assistência social e cidades essas conferências envolveram preparação em todos os estados da Federação e no Distrito Federal. Nos casos da saúde e da assistência social as conferencias produziram resoluções e foram deliberativas. No caso das cidades foram consultivas, ainda que o ministério tenha assumido o compromisso político de implementar as resoluções das conferências.

No tocante à democratização da relação do governo federal com a sociedade civil, avanços importantes foram feitos no estabelecimento de uma agenda comum na área de políticas sociaisgerada nas conferências nacionais, e avançou bastante, mas ainda falta uma maneira clara de o governo federal negociar a implementação da agenda que tem sido produzida pelas conferências. Portanto, os avanços são parciais.

Houve grande avanço do acesso da população de baixa renda a bens públicos, mas, diferente do que ocorreu em experiências locais, isso se deve antes de tudo a programas de transferência de renda.

Esses programas ainda contam com pouca participação dos beneficiários , apesar de ter havido tentativas de vincular transferência de renda e participação social.

Novas formas de participação

Fóruns civis não-governamentaissão compostos exclusivamente de representantes da sociedade civil, cujo poder reside na força de mobilização e da pressão, e, usualmente, não possuem assento institucionalizado junto ao poder público.

Os Fóruns constituem um tipo de prática participativa que, especialmente nos últimos anos, tem-se multiplicado no Brasil. Neles têm assento sujeitos múltiplos e diferenciados, normalmente sindicatos, movimentos sociais, organizações populares, ONGs, entidades profissionais, incluindo muitas vezes universidades, técnicos ou militantes avulsos e tendo como convidados parlamentares e órgãos públicos.

Ao mesmo tempo que do Fóruns se destacam pela independência em relação ao Estado, já que trata-se de iniciativas levadas a cabo pela sociedade civil, também se distinguem por menor sistematicidade que as ONGs e universidades.

São também novas formas de ação e de organização descentralizada, mais ágeis e informais, que interpelam os governos, desafiando-os e participando de elaborações de políticas públicas mais voltadas ao interesse comum.

Novas formas de participaçãoOrçamento Participativo (OP) é um mecanismo governamental de democracia participativa que permite aos cidadãos influenciar ou decidir sobre os orçamentos públicos, geralmente o orçamento de investimentos de prefeituras municipais, através de processos de participação cidadã. Esses processos costumam contar com assembléias abertas e periódicas e etapas de negociação direta com o governo. Muitas prefeituras adotaram a participação popular, como é o caso de Saint-Denis (França), Rosário(Argentina), Montevidéu (Uruguai), Barcelona(Espanha), Toronto (Canadá), Bruxelas (Bélgica), Belém(Pará), Santo André (SP), Aracaju (Sergipe), Blumenau(SC) , Belo Horizonte (MG) e Atibaia (SP), entre outras.

No BRASIL, o “Orçamento Participativo” passou a ser implementado por governos municipais comprometidos com programas democráticos e populares desde a década de 1980.

Constituiu-se em um processo de consultas e debates sobre o orçamento público municipal, por meio do qual a população de algumas cidades brasileiras, passou a discutir os problemas urbanos que afetavam as suas vidas, as prioridades de investimento do governo municipal e a decidir o que deveria ser feito, onde e quando.

Depois se organizaram grupos de acompanhamento da execução orçamentária e das obras realizadas com esses recursos. Esse procedimento se repetia a cada ano: realizavam-se assembleias nos bairros, nas regiões e no município, elegiam-se as prioridades e os delegados representantes de cada região.

• Um “Conselho Municipal de Orçamento” discutia então a que prioridades deveriam ser destinados os recursos disponíveis para o investimento e os delegados de cada bairro ou região acompanhavam e fiscalizavam a realização das obras aprovadas.

• Podem ser utilizadas diferentes metodologias em cada município em que o OP é executado. Em geral suas assembleias costumam ser realizadas em sub-regiões municipais, bairros ou distritos, em discussões temáticas e/ou territoriais, elegendo também delegados que representarão um tema ou território nas negociações com o governo.

Geralmente os delegados eleitos formam um Conselho que além de dialogar diretamente com os representantes da prefeitura sobre a viabilidade de executar as obras aprovadas nas assembléias, também irá propor reformas nas regras de funcionamento dos programas públicos e definirão as prioridades para os investimentos, de acordo com critérios técnicos de carência de serviço público em cada área do município.

Parceriasvínculos com outros níveis de governo ou com governos de outros municípios, como consórcios intermunicipais

Inclusão de novos atores na formulação e implementação de políticas públicas sociedade civil setor privado lucrativo e terceiro setor, conselhos gestores, etc

Três forças significativas criaram um espaço propício para o surgimento das parcerias :

A procura de capacidades à medida que os limites entre as organizações se tornam indefinidos;

Recursos escassos e a intensificação da competição por espaço além da crescente necessidade de intervenção na problemática social; e

A lacuna entre o que uma organização gostaria de realizar e o que, levando em conta a realidade e seus recursos próprios, pode realizar.

• Governo brasileirobuscou experiências já vitoriosas em outros países, de parcerias com investidores privados, utilizando um modelo mais avançado de contratação administrativa, com maiores garantias de retorno dos investimentos realizados, flexibilização na execução do contrato, repartição de riscos etc. Inglaterra, México, Chile, Portugal e outros países, tendo sido investidos bilhões de dólares em projetos nas áreas de transporte (rodovias, ferrovias, aeroportos, portos), saúde (hospitais), segurança pública (prisões), defesa, educação (rede de escolas) e gestão de patrimônio imobiliário público.

• Desde a sanção da Lei nº 11.079/2004, o Governo Federal vem buscando se utilizar das PPPs, principalmente nas áreas de infraestrutura e saneamento.

• Exemplos:PPP referente ao Projeto de Irrigação no semiárido Nordestino; o Ministério da Saúde anunciou a formalização de quatro novas parcerias com laboratórios privados para a nacionalização da produção de remédios contra a AIDS, artrite e mal de Alzheimer, que atualmente são importados. A primeira PPP desenvolvida pela União foi o Datacenter do Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.