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PROIBIDA A VENDA Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança” – Ano 19 – nº 127 Distribuição Gratuita DESTAQUES Casamento | Gravidez | Brigas no Lar Pecado por Pensamentos. Adultério Tributo a Kardec | A Parábola do Credor Sem Compaixão Livros: Amor e Sabedoria de Emmanuel; Todo Dia: Noite Delphine Gay ou Madame de Girardin

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Page 1: Delphine Gay ou Madame de GirardinSigamos lendo, estudando e entendendo a codificação básica da Doutrina Espírita para que possamos ampliar nosso conhecimento e ter argumentos

PROIBIDA A VENDA

Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança” – Ano 19 – nº 127Distribuição Gratuita

DESTAQUESCasamento | Gravidez | Brigas no LarPecado por Pensamentos. AdultérioTributo a Kardec | A Parábola do Credor Sem CompaixãoLivros: Amor e Sabedoria de Emmanuel; Todo Dia: Noite

Delphine Gayou Madame de Girardin

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Editorialeditorial

Publicação TrimestralDoutrinária-espírita

Ano 19 – nº 127Órgão divulgador do Núcleo de

Estudos Espíritas “Amor e Esperança”CNPJ: 03.880.975/0001-40

Inscrição Estadual: 146.209.029.115

Seareiro é uma publicação trimestral, destinada a expandir a divulgação daDoutrina Espírita e a manter o intercâmbio entre os interessados em âmbito mundial. Ninguém está autorizado a arrecadar materiais em nosso nome, a qualquer título. Conceitos emitidos nos artigos assinados refletem a opinião de seu respectivo autor. Todas as matérias podem ser reproduzidas, desde que citada a fonte.

Direção e RedaçãoRua dos Marimbás, 220

Vila GuacuriSão Paulo – SP – Brasil

CEP: 04475-240Tel: (11) 2758-6345

E-mail: [email protected]: www.espiritismoeluz.org.br

Conselho EditorialReinaldo Gimenez

Rosangela Araújo NevesSilvana S.F.X. Gimenez

Vanda NovickasWilson Adolpho

RevisãoConselho Editorial

Jornalista ResponsávelEliana Baptista do Norte

Mtb 27.433

Diagramação e ArteReinaldo Gimenez

Silvana S.F.X. Gimenez

Imagem da CapaRetrato de Delphine de Girardin (1824). Disponível

em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/fa/Louis_Hersent_-_Delphine_de_

Girardin.jpg> Acesso em: 26 dez. 2016.

Tiragem9.000 exemplares

Distribuição Gratuita

Hippolyte Léon Denizard Rivail nasceu na França em outubro de 1804. Foi discípulo do notável educador e pioneiro na reforma educacional Johann Heinrich Pestalozzi.

Sob o pseudônimo de Allan Kardec, trouxe-nos a Codificação Espírita.Tarefa incumbida pelos Espíritos Superiores, pois lhe caberia a missão de

trazer ao mundo a maior reforma religiosa de todos os tempos!Com sua imensa bagagem de reencarnações passadas, Kardec não se

omitiu em aceitar a árdua tarefa da Codificação.Estudioso sobre vários assuntos, já possuía anotações ao que se referia à

constituição do Universo.Com o aparecimento das “mesas girantes”, passou a empenhar-se sobre o

estudo das comunicações com o além-túmulo.Frequentava várias reuniões mediúnicas para confirmar o fenômeno

mediúnico.Possuía muitos estudos e orientações definidas sobre as Leis Morais.Tudo isso revolucionava seus pensamentos e para conseguir coordenar

suas ideias, pediu ao Alto, em fervorosas preces, como trazer tudo aquilo ao conhecimento do mundo.

E os Espíritos Superiores lhes atende de imediato, surgindo assim O Livro dos Espíritos, sublime obra que responde, logo em seu primeiro capítulo, sobre a existência de Deus!

Não vamos citar aqui as tantas outras obras do Codificador, pois nos cabe, se nos denominamos Espíritas, conhecê-las!

Infelizmente, nos dias atuais, muitos dirigentes de diversas instituições Espíritas, talvez pela ignorância de não estudarem as obras básicas do Codificador, dizem que Kardec está ultrapassado. Ora, dizer que Kardec e sua Codificação estão ultrapassados equivale a dizer que as operações básicas da Matemática também estão!

Básica vem de base, de estrutura principal! Primordial!Sigamos lendo, estudando e entendendo a codificação básica da Doutrina

Espírita para que possamos ampliar nosso conhecimento e ter argumentos suficientes para avaliar e separar o “joio do trigo” e, principalmente, utilizar este conhecimento para nosso enriquecimento moral, partilhando com aqueles que nos cercam, partilhando com nosso próximo!

Equipe Seareiro

ÍNDICEGrandes Pioneiros: Delphine Gay ou Madame de Girardin - p. 3Cantinho do Verso em Prosa: Rogativa - pg 10Contos: A Parábola do Credor Sem Compaixão - p.12Aos Jovens: Brigas no Lar - p.13Canal Aberto: Revista Espírita - Fez-se Luz - p. 13Pegadas de Paulo de Tarso: A Morte de Estevão - p. 14Kardec em Estudo: Pecado por Pensamentos. Adultério - p. 15Clube do Livro: Amor e Sabedoria de Emmanuel; Todo Dia: Noite - p. 16Homenagem: Tributo a Kardec - p.17Livro em Foco: Plantão da Paz - p.18Família: Casamento - p. 18Aborto: Gravidez - p. 19Aconteceu NEEAE: Confraternização de Natal - p. 19

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3Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas “Amor e Esperança”

Grandes Pioneirosgrandes pioneiros

Delphine Gay ou Madame de Girardin

Quem foi Delphine Gay?

Esse nome, pouco mencionado nos meios espíritas, foi de uma grande defensora das obras de Allan Kardec!

Século XIX. Na França os salões aristocráticos da época abriam-se para os literatos renomados do sexo masculino, tais como, Victor Hugo, Lamartine, Musset, Alfred de Vigny, Honoré de Balzac, Théophile Gautier, Alexandre Dumas e muitos outros. O preconceito fazia com que as mulheres escritoras e poetisas não pudessem mostrar, através da arte, seus dotes artísticos, pois, de imediato, eram apontadas como fúteis ou levianas.

As jornalistas, porém, faziam-se presentes e ousavam confrontar essa sociedade machista, por meio das matérias publicadas pelos periódicos, que também lutavam contra esse absurdo preconceito contra as mulheres, às quais não deixavam de ser boas esposas e mães dignas.

O nosso Criador, Pai da Humanidade, faz com que, vagarosamente, o ser humano evolua trazendo, através da reencarnação, aqueles que possam ajudá-Lo a vencer os vícios de muitos séculos. E assim, Delphine veio ao mundo, no dia 26 de janeiro de 1804, completando a alegria do casal Jean Sigismond Gay e Marie Françoise Sophie Nichault de La Valette. Dona Marie era frequentadora assídua dos belos saraus realizados nos salões da aristocracia francesa, principalmente, as festas realizadas por Madame Ricamier.

E dona Marie sonhava em tornar sua bela filha numa gloriosa mulher, reconhecida por toda França. Só que a Espiritualidade havia dado a oportunidade a Delphine de ensinar, pelo desenvolvimento de sua inteligência, o caminho do Amor.

Delphine cresceu tornando-se uma bela jovem, educada sob os olhos protetores dos pais. Impressionava a todos pela sua inteligência e forte personalidade.

— Nossos estudos, dizia aos colegas da escola, devem se voltar sempre com objetivos elevados, porque creio que não nascemos para viver sob o comando do inútil. Deus não perderia seu tempo em criar coisas tão belas na Natureza inultelmente. Ele espera algo de bom dos seres criados para evoluírem durante a existência terrena.

Dona Marie convenceu seu esposo, o senhor Jean Sigismond, a mudar a residência fixada em Aix-La Chapelle, província de Saint-Adalbert, onde nascera Delphine, para o centro dos encontros dos nomes famosos da época. Seu interesse era o de apresentar Delphine para a sociedade parisiense, embora não compartilhasse com os ideais da jovem. Porém, ela queria que Delphine brilhasse nos saraus.

A mudança aconteceu e, aos dezesseis anos, foi ela apresentada à sociedade de Paris. Delphine a todos encantava com seus gestos elegantes em meio a alguns traços de timidez.

Os dons intelectuais dessa mulher, ousada para a época machista, não a impedia de levar ao público seus ideais nas composições poéticas, nas comédias, tragédias, novelas e crônicas que, além de serem editadas nos periódicos europeus, eram interpretadas por ela e outros artistas teatrais.

Como pioneira do jornalismo do humor, na França, assinava suas edições com o pseudônimo de Vicomte de Launay. Tudo isso ela foi conquistando com o passar do tempo, mas, seu ideal maior ainda não aflorara. Seu espírito não havia encontrado respostas às indagações de algo, que ela ainda não definia, embora sua certeza da existência de Deus.

Em 1822, pleno verão europeu, Delphine recebeu um prêmio acadêmico com um poema intitulado, Les Soeurs de Saint Camille, As irmãs de Santa Camila. Alfred de Vigny

Lamartine

Victor Hugo

Musset

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Estava presente nesse evento Alfred de Vigny, escritor literato, que desde que vira o surgimento da bela adolescente e, agora transformada numa personalidade tão admirável, apaixonou-se perdidamente por ela. O afeto retribuído encheu o coração de Delphine, que tudo transportava para suas crônicas, agora com experiência no amor sentido por alguém.

Vigny, embora tendo Delphine como sua amada, tentava dissuadi-la em continuar se defrontando com a sociedade. Ele queria que Delphine vivesse só para ele. Ela jamais aceitaria ser submissa a quem quer que fosse. Esses atritos geraram profundos desentendimentos entre eles. A mãe de Vigny aproveitou da ocasião e proibiu o filho a seguir com esse relacionamento, pois, dizia que seu filho amado e pertencente à sociedade da alta aristocracia francesa, deveria ter uma esposa à altura do seu padrão social e econômico.

Aconteceu o rompimento e Delphine amargou solitária sua dor que a acompanhou até o fim de sua existência física. Seus versos eram cheios de mágoas através do romantismo que a inspirava, revelando seu sofrimento por um amor incompreendido.

Reunindo seus versos, em 1824 publica uma obra que intitulou de Essais Poétiques e, logo após, Nouveaux Essais Poétiques, que foi considerado um clássico pelo estilo elegante que Delphine utilizou nessas publicações, tão bem aceitas pelo público e críticos da época.

Tempos depois, Delphine veio a conhecer o senhor Émile de Girardin, fundador do Jornal La Presse e muito famoso, considerado o Napoleão da imprensa francesa. Também era jornalista e político, sendo deputado em Bourganeuf, Creuse.

Girardin admirava os dotes físicos e intelectuais da moça. Sabedor do rompimento do namoro com Vigny, aproximou-se de Delphine, expondo seus ideais em fazê-la sua esposa. Embora surpresa, mas conhecendo Girardin nos saraus e sua capacidade nobre em suas atitudes, aceitou o pedido e no dia 1° de junho de 1831 o matrimônio aconteceu.

Uma festa muito concorrida, com a presença da elite francesa.

Após a pomposa cerimônia, Delphine volta aos seus ideais, agora como jornalista, escrevendo com assiduidade no periódico La Presse, pertencente a ela e a seu marido, juntando seus interesses. Delphine também se dedicou à carreira política. Suas crônicas ficaram conhecidas como Lettres Parisiennes (Cartas Parisienses). Elas eram escritas sob uma visão crítica da época. Apresentava um aspecto dirigido aos trabalhos realizados na área política, numa linguagem maliciosa e de alfinetadas aos “senhores sábios” e aproveitadores, pela posição exercida perante o povo francês. E, inspirada nesse campo político, escreveu as poesias: L´Epêtre, À La Chambre, La Diatribe contre Le Général Cavaignac. Publicou vários romances como: Le Lorgnon Marguerite, Contes d´une vieille fille à sés neveux, entre outros. As obras dramáticas fizeram parte dessa produção literária, tão bem aceitas por seu particular amigo Honoré de Balzac, como: Cléopâtre, C´est La faute du mari, LadyTartuffe e outros. Como prova de grande amizade por Balzac, que era fre-quentador assíduo de seus saraus, ela dedicou-lhe um exemplar simples de sua autoria, cheio de humor, intitulado La canne de Monsieur de Balzac. Este, retribuindo ao gesto fraterno da amiga, dedicou-lhe um exemplar, Albert Savarus, com a dedicatória: comme un témoignage d´affectuosa admiration, (como um testemunho de afetuosa admiração).

O sucesso de Delphine se fazia por toda a França, tanto que foi aclamada por todos os escritores e críticos como a Musa da Pátria; Mas, aos poucos, Delphine começou a sentir uma tristeza que se avolumava com o passar dos dias. E o que mais colaborou com esse estado de desânimo foi saber, através dos laudos médicos, que era estéril e que por esse e outros comprometimentos, não poderia ser mãe. E para completar seu estado físico e mental, veio a ter conhecimento que seu marido, Émile de Girardin, a traia, mantendo relacionamentos escusos, mas, obscurecidos pelos homens da época, como fato natural dos homens franceses.

Era uma casa abençoada,Não tinha teto, não tinha nada.

Pedimos sua ajuda para continuarmos construindo a sede do nosso Núcleo de Estudos. Precisamos de qualquer tipo de colaboração, desde materiais de construção a apoio �nanceiro.O óbolo da viúva é sempre bem-vindo!O terreno onde está sendo construída a nossa casa �ca na rua dos Marimbás, 220 - Vila Guacuri - São Paulo - SP.Ninguém podia entrar nela não,

porque precisamos da sua colaboração! Sua doação pode ser feita em nome do Núcleo de Estudos Espiritas Amor e EsperançaCNPJ: 03.880.975/0001-40 - Banco Itaú S.A. - Agência 0257 - C/C 46.852-0

Émile de Girardin

Théophile Gautier

Honoré de Balzac

Alexandre Dumas

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5Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas “Amor e Esperança”

Delphine fora feliz no casamento, porque Girardin não a impedia na realização de seus caprichos, porém, o amor de sua vida viera na adolescência, o poeta e literato Alfred de Vigny. Apesar de ter acompanhado o encontro e o casamento de Delphine, Vigny continuou a frequentar o salão aristocrático de Delphine. Ele também conservava uma paixão secreta por ela, mas, não gostava de vê-la a receber elogios e cobiças de outros homens que a devoravam com os olhos maliciosos.

Vigny acompanhava de longe o desencanto e o semblante amargo daquela que transmitia alegria e otimismo por onde passava. Os poemas escritos por ela, nessa época, traduziam seu estado emocional, tais como: Découragement (Desânimo) e Désenchantement (Desencanto). Mas, o poema que mais definiu a vida interior da poetisa foi La Nuit (A Noite). Eis o primeiro verso:

Eis a hora em que cai o véu.Sim, o dia esconde meus tormentos;Meu coração, à primeira estrela no céu,Abre-se como uma flor do firmamentoÓ noite solitária e profunda...

O poema Ilm´aimait tant (Ele me amava tanto) tocou a sensibilidade do compositor clássico Franz List, que elaborou uma bela partitura musical, executada com muito sucesso pelo próprio pianista Franz List e, também, por outros concertistas da época, nos muitos saraus da sociedade francesa. Essa composição de List ficou conhecida mundialmente.

Delphine recebia muito carinho de seus amigos, todos estavam muito preocupados, pois, a separação conjugal do casal já havia repercutido por todos os salões da burguesia francesa.

Sempre que possível, George Sand a visitava e comentava a nova distração que, há algum tempo, se espalhava pela sociedade parisiense.

Delphine interessou-se pelo fato e George Sand contou-lhe que era um fenômeno que fazia as mesas falarem, mas, que embora já tivesse testemunhado o acontecimento, ainda não conseguira entender como isso se processava. Delphine atenta disse-lhe que já tivera notícias sobre esse assunto, mas, sua cabeça estava voltada ao forte desejo de ser mãe. E pediu à

amiga que fosse testemunha do projeto que ela iria realizar.

George Sand soube, então, que Delphine, sabedora do relacionamento de seu marido com uma parisiense, Thérésa Caburrus, do qual havia nascido um filho e que estava abandonado, resolvera adotá-lo. George aprovou a ideia, mas, pediu-lhe cautela e a aconselhou a procurar uma orientação, e quem sabe, dizia, as mesas girantes não poderiam ajudá-la? O assunto ficou sem resposta.

Dias depois, Delphine voltava para seu lar, acompanhada pelo pequeno menino, com cinco anos de idade, atendendo pelo nome de Alexandre Girardin. O pequeno fora abandonado porque a mãe fugira para a Inglaterra, pois queria continuar a ser livre, sem compromissos e muito menos maternais. Isto não fora fácil para Delphine, mas, seu coração, na ânsia maternal, assim que abraçou o menino, sentiu-lhe a tristeza e a carência de amor. Ambos se completavam. Alexandre recebeu a melhor educação possível e tornava a vida de Delphine menos sofrida.

Os amigos aplaudiram seu procedimento. E ela, em agradecimento, dedica à Maria de Nazaré lindos versos, que foram publicados no Journal dês Demoiselles, Paris, Bureau du Journal:

C’est le jour vú Marie (É o dia em que Maria)

Enfant le souver (Deu à luz o Salvador)

C´est le jour vú jê prie ( É o dia em que eu oro)

Avec plus de ferveur (Com muito mais fervor)

E assim segue até o final dos versos, nos quais Delphine procura se desabafar com a Mãe Santíssima, expressando sua dor.

Passados esses acontecimentos e sempre acompanhada por seus amigos, agora determinada a conhecer os fenômenos tão acirrados das mesas girantes, passou a estudá-los.

Percebeu que havia algo muito sério nessas manifestações. Passou a estudar as respostas vindas de acordo com as perguntas feitas. Sim, pensava, há de fato seres extraterrestres que se comunicavam com os vivos. Através de Alexandre Dumas, Théophile Gautier, George Sand, Franz List e outros que se interessavam pelas pesquisas sérias, ela soube que um professor

Franz List George Sand Allan Kardec

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francês também estava frequentando reuniões desse tipo, chamado Hippolyte Léon Denizard Rivail.

Delphine veio a encontrá-lo numa dessas reuniões de estudos e ambos teceram vários assuntos sobre esse fenômeno que assombrava Paris, no século XIX. Delphine ouviu com atenção as ponderações do professor Rivail, que a esclarecia:

“Via eu, naquelas aparentes futilidades, no passatempo que faziam daqueles fenômenos, qualquer coisa de sério, como que a revelação de uma nova lei, que tomei a mim estudar a fundo”.

Ouvindo-o, Delphine continuou suas indagações, mas, a pedido do próprio Rivail, ela sentiu que realmente era preciso muito estudo e como recomendou Rivail, paciência e observação. Nunca brincar com aqueles que procuravam dialogar e contribuir para esclarecimentos ainda tão novos para a Humanidade. Ela ainda aguardava as últimas recomendações do professor:

“A evocação, pelo o que me é dado a sentir, deve ser feita sempre em nome de Deus, com respeito e recolhimento. Só assim poderemos obter respostas sérias e proveitosas” (Allan Kardec).

Delphine, após o encontro com o professor Rivail, passou a estudar suas obras. Procurava reunir os amigos não mais nos saraus elegantes dos salões parisienses, mas em seu salão. A única finalidade era o de entender e estudar o fenômeno em torno das mesas girantes. Tanto foi a sua dedicação e divulgação desse início tão difícil do Espiritismo que Kardec, lá pela metade do século XIX, homenageou-a, dando às mesas girantes o nome de “Mesa-Girardin”.

Delphine nada mais fazia sem consultar os Espíritos, que se manifestavam através das mesas girantes.

Tornou-se uma excelente médium e como seu grande amigo, Victor Hugo, estava exilado em Jersey, ilha próximo à França, contava-lhe todos os acontecimentos em longas correspondências. Muita preocupação tinha para com o amigo Victor Hugo, que fora exilado por não concordar com os terríveis flagelos políticos e outros interesses que o envolveram junto às autoridades francesas. E depois outro trágico acontecimento familiar quando, sua filha Léopoldine e o marido Charles Vacquerie, morreram afogados no Rio Sena, em Villequier. Isto fez com que Delphine se dedicasse mais ainda nos estudos sobre as mesas girantes.

Ela precisava levar ao amigo Victor Hugo, algo que o consolasse. Porém, seu afinco em obter respostas sensatas sobre acontecimentos de tantas tragédias, chegou a trazer muitas preocupações aos seus amigos. Alexandre Dumas, George Sand e outros insistiam para que viesse a produzir alguma coisa em livros ou peça teatral, para que se distanciasse um pouco das mesas girantes. Conseguiram convencê-la e surgiu a obra: La joie fait peur (A alegria dá medo), uma comédia em um só ato, que causou enorme sucesso, pois, foi grande a repercussão em toda à França. Tornou-se esta obra num romance cujo tema era o de um morto que retorna à vida através da reencarnação. Delphine era respeitada porque cada vez mais transmitia sua perseverança e fé com a mediunidade que se descortinava aos mais altos horizontes espirituais.

A saúde de Delphine começou a enfraquecer, sentindo muitas dores estomacais. O médico da família constatou um câncer no estômago. Mas isto não a desaminou, continuou as consultas às mesas girantes, sempre com seus fiéis amigos amparando-a, com tantos desvelos, que chegou a incomodá-la a tal ponto

Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança”REUNIÕES: 2ª, 4ª e 5ª, às 20 horas

2ª, 3ª e 6ª, às 14h30domingo, às 10 horas

PASSE: se inicia 30 minutos antes das reuniõesARTESANATO: sábado, das 13h30 às 16h30

ATENDIMENTO ÀS GESTANTES: nas reuniões de 2ª e 6ªATENDIMENTO PEDIÁTRICO: quinzenalmente, aos sábados, a partir

das 13h30EVANGELIZAÇÃO INFANTIL: ocorre em conjunto com as reuniõesRECONSTRUÇÃO EDUCATIVA: Reforço Escolar, Inglês e

Evangelização Infantil aos sábadosSITE: www.espiritismoeluz.org.br - você poderá obter informações sobre o

Espiritismo, encontrar matérias sobre a Doutrina e tirar dúvidas sobre o Espiritismo por e-mail. Poderá também comprar livros espíritas e ler o Seareiro eletrônico.

TERAPIA DE APOIO ESPIRITUAL AOS DEPENDENTES QUÍMICOS E DOENTES EM GERAL: 6ª, às 19h30

TRATAMENTO ESPIRITUAL: 2ª e 4ª, às 20 horasTREINO MEDIÚNICO: 5ª, às 20 horas

Rua dos Marimbás, 220 – Vila Guacuri – São Paulo – SP - Tel.: (11) 2758-6345 - [email protected] - www.espiritismoeluz.org.br

DIA LIVROS ESTUDADOS

2ªO Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec; Livro da Esperança – Emmanuel; O Céu e o Inferno – Allan Kardec; Missionários da Luz – André Luiz*

3ªO Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec; Livro da Esperança – Emmanuel*; O Consolador – Emmanuel*; O Livro dos Espíritos – Allan Kardec

4ªSeara dos Médiuns - Emmanuel*; O Livro dos Médiuns – Allan Kardec; Das Leis Morais - Roque Jacintho

5ªO Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec; Mecanismos da Mediunidade – André Luiz*

6ªO Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec; Livro da Esperança – Emmanuel*; Missionários da Luz – André Luiz*; Convite – Roque Jacintho

Domingo O Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec; Livro de mensagens de Emmanuel*

*Livro psicografado por Francisco Cândido Xavier

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7Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas “Amor e Esperança”

que Delphine pediu-lhes um tempo para que pudesse estudar a Doutrina Espírita em paz.

O ano de 1853 começara. Já no início, isto é, em janeiro, Delphine recebeu uma carta de seu grande amigo, Victor Hugo. Dizia-se saudoso e a convidava para ir à Jersey compartilhar um pouco de seu exílio e contar-lhe sobre as consultas às mesas girantes, que o deixara curioso, para acreditar nesses fenômenos estranhos.

Mas, acima de tudo, ele precisava abraçá-la para aplacar a dor que sentia em seu coração, pelos últimos acontecimentos terríveis que aconteceram em sua vida. Delphine não se fez de rogada e, embora os amigos querendo impedi-la de viajar, pela sua saúde abalada, ela tudo ignorou e partiu ao encontro do amigo. Queria envolvê-lo na nova ciência e estava preparada para reunir-se com toda família de Victor Hugo. E no dia 6 de setembro de 1853, Delphine desembarcou na ilha de Jersey.

A chegada à Jersey foi de muita alegria para Victor Hugo e família. Delphine também estava feliz, apesar da enfermidade que a tornava um pouco abatida, fisicamente. Espiritualmente estava repleta de vontade, queria, de imediato, começar as reuniões em torno das mesas girantes.

Victor Hugo mostrava-se feliz por receber a amiga de longa data, mas, a euforia em realizar a reunião com as mesas girantes o deixava encabulado. Seria mesmo real? Ele não acreditava no fenômeno, porém, Delphine o impelia a crer que sua filha responderia às perguntas que ela faria. A ansiedade era tanta que, findo o jantar, Delphine pediu a todos os presentes que a acompanhassem no preparo da reunião. A primeira tentativa fora em vão, não houve respostas da mesa. Inconformada, Delphine concluiu que talvez a mesa usada não possuísse as características dos modelos aos quais estava acostumada utilizar. Pedindo desculpas aos componentes da reunião, dirigindo-se a Victor Hugo, informou que iria comprar uma mesa de três pés, porque o peso do móvel também seria mais compatível e a mesa usada tinha a forma quadrada e contrariava aos fluidos emanados pelos espíritos.

No dia seguinte, numa loja de brinquedos infantis, ela encontrou uma mesinha redonda, com uma coluna terminando com três pés, comprou-a e voltou para a residência de Victor Hugo que a recebeu com certo sorriso de quem vê uma criança feliz por ter ganho um presente novo. Ele estava esperando o resultado de tanto esforço da querida amiga e torcia para que Léopoldine, sua amada filha, viesse consolá-lo e trazer a grande notícia de que a morte realmente não existe, como Delphine tentava convencê-lo. Por isso, Victor Hugo também desejava que a mesa, girando ou não, trouxesse essa alegria ao seu saudoso coração, mas, a dúvida ainda permanecia em sua mente, tão acostumada a profundos acontecimentos a serem estudados pela ciência.

Delphine conseguiu reunir Victor Hugo e seus familiares, os senhores Auguste Vacquerie, o General Le

Flô, Kesler, os irmãos Allix e Leguevel. Todos estavam ansiosos, mais levados pela curiosidade do que realmente pretendia Delphine.

Ela rogava a Jesus ser possível a comunicação de Léopoldine para reviver a fé no coração de seu amigo Victor Hugo. Embora o móvel fosse novo, os primeiros resultados foram nulos. A mesa girante não correspondia aos esforços de Delphine. Mas, ela não desanimava e pedia a todos que tivessem paciência, era preciso esperar, porque Deus saberia a hora exata para que os espíritos pudessem se comunicar. Para que as pessoas pudessem entender mais o fenômeno mediúnico, ela se baseava nos estudos feitos por Kardec e contava que as mesmas suspeitas e não aceitação dos que ali estavam presentes fora a mesma atitude de Allan Kardec, quando seu amigo, o senhor Fortier, trouxera-lhe a novidade do que acontecia em todos os salões parisienses, de que as mesas falavam. Logicamente que Kardec, um professor renomado, não acreditaria num fato que, a seu parecer, seria impossível e ridículo. Não aceitando essa hipótese, afirmou ao senhor Fortier: “Só acreditarei se me provarem que a mesa tem cérebro para pensar e nervos para sentir e possa tornar-se sonâmbula” (Obras Póstumas).

Delphine continuou a explicar as experiências que Allan Kardec efetuou, por longo tempo, participando de muitas reuniões. Até que no ano de 1855, comparecendo à casa da senhora Roger, viu pela primeira vez, em sua frente, os fenômenos acontecerem.

As mesas giravam, saltavam e corriam de um lado para o outro. Porém, Kardec continuou seus estudos sobre esses fenômenos, participando das reuniões realizadas em casa do senhor Baudin. Ele tinha duas filhas médiuns, que através da mesa girante, respondiam às questões feitas por Kardec.

Observou Kardec que as meninas colocavam os dedos em cima da mesinha e esta se movimentava indicando as frases relacionadas às letras, pelas batidas dadas. Kardec teve, então, a oportunidade de verificar que ali havia uma inteligência presente e que, evidentemente, não eram respostas das mentes das meninas Caroline, de dezesseis anos, e Juliem, de quatorze anos. Havia, sim, a presença de seres além-túmulo. Com essas explicações, Victor Hugo e os demais assistentes sentiram que Delphine demonstrava conhecer profundamente o assunto e, com isso, os levou a se concentrarem para que a reunião chegasse a bom termo.

Delphine, após suas explicações aos componentes da reunião, conseguiu êxito e, finalmente, as respostas começaram a surgir para espanto de todos.

Finalmente, Léopoldine se comunica, para alegria de Victor Hugo, que dirige-se à ela:

— Filha, vês o sofrimento dos que te amam?— Sim.Nesse ponto, Delphine pergunta-lhe:— Quem és?

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— Filha.— E de quem és filha?— Victor Hugo.— E qual é o teu país?— França.Delphine continua:— Quem te envia a nos responder?— O bom Deus.— És feliz?— Sim, num ambiente de luz.— Sabes definir tua volta?— Sim, para logo.Depois de um longo silêncio, a mesa cessou as

batidas. Esse diálogo, com muitas indagações e respostas surpreendentes para os assistentes e, mais ainda para Victor Hugo, fora emocionante. Todos estavam aos prantos.

A partir do acontecimento do fenômeno mediúnico, Victor Hugo não tinha como duvidar, sua amada filha estava viva, não para o mundo físico, mas, para a Eternidade. Sua vida mudou e o levou a estudar a “Doutrina dos Espíritos”, dizia convicto.

Delphine estava feliz, cumprira o que havia prometido a si mesma.

Partiria bem sucedida em seu ideal. Agora voltaria ao seu lar e seria eternamente grata a Deus e aos estudos de Allan Kardec, que ainda pesquisava os fenômenos das mesas girantes. Como seu estado físico estava se agravando, Delphine tinha receio que talvez não houvesse tempo para levar ao professor Kardec os resultados de sua viagem, exclusivamente voltada para as mesas girantes.

A tristeza pesava no semblante de Delphine. Seu sorriso desaparecera porque seus grandes amigos já não estavam presentes para as reuniões das mesas girantes. Victor Hugo fora da França, assim como, Balzac, Lamartine, Auguste Vacquerie, Gautier e outros. Agora, ela tinha a companhia dos Espíritos que, através das mesas, se comunicavam e procuravam orientá-la pelas respostas às questões de suas dúvidas sobre a

vida no além-túmulo. Entre esses, estavam Molière, Shakespeare, Galileu, Ésquilo, a senhora de Servigné e outros.

Tempos depois, Delphine recebeu de Victor Hugo uma carta que a deixou muito contente. Nessa missiva ele contava que seu entusiasmo com as mesas girantes foram de imensa satisfação porque, junto de amigos e familiares, o fenômeno continuou a acontecer.

E ele afirmava:

— Como eu gostaria de estar à sua frente e beijar-lhe as mãos, pelo bem estar que nos trouxe com essas manifestações. Eu, que pouco acreditava, tenho tido revelações surpreendentes com relação aos problemas no exílio. Tenho refletido muito com as respostas dadas às minhas indagações. O senhor Auguste Vacquerie, pai do meu genro, Charles Vacquerie, desencarnado com minha filha Léopoldine, afogados no rio Sena, vai publicar essas experiências, obra essa que dará o nome de Les Miettes de L´Histoire.

Dobrando as folhas da carta Delphine chorou, por sentir paz no coração de Victor Hugo.

A enfermidade se agravava dia a dia e Delphine definhava a olhos vistos. Os últimos dias de sua existência física foram de muita dor e solidão. Ela já não conseguia falar com os espíritos através da mesa girante e os participantes não queriam incomodá-la, achavam que ficar ao redor da cama poderia dar a ela uma impressão nada agradável. Seria impossível não demonstrar a tristeza que todos sentiam. Mas, Delphine encontrava-se tranquila quanto à sua passagem para o mundo espiritual. Afinal, ela não fora a grande divulgadora das mesas girantes? Portanto, continuaria a ser aquela que, através das mesas girantes, tornar-se-ia a mensageira da esperança e do futuro espiritual. E, aos cinquenta e um anos, no dia 29 de junho de 1855, Delphine de Girardin despediu-se da vida física.

A repercussão do desenlace de Madame Delphine de Girardin, em Paris, foi de muito pesar.

As duas faces distintas dessa dama francesa como jornalista, escritora e poetisa, passaram a ser notadas, do antes e do depois da Doutrina Espírita fazer parte de sua vida.

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9Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas “Amor e Esperança”

A admiração pela personalidade sempre correta dessa mulher ficara clara em seus objetivos de levar as pessoas a crerem na continuidade da vida após a morte física. Foi pelo seu entusiasmo pelas mesas girantes, que esse fenômeno tornou-se conhecido em sua profundidade e não como mero passatempo nos salões aristocráticos de Paris. O amigo e fiel admirador de Delphine, o escritor Gautier, que havia prefaciado Obras Completas de Delphine, escreveu para o periódico parisiense:

“A morte de Madame de Girardin foi uma grande perda para o teatro. Perdoada pela emoção de seus primeiros passos, ela conquistara sua forma e sabia comandar, sem embaralhar os fios das marionetes que compõem a comédia humana... Que tesouro de observações, que figuras de ricos assuntos, que escrínio de palavras espirituosas, que estojo de flechas cortantes ela possuía ainda para gastar quando a morte veio escrever fim no meio da página!” (Paris - 1860-1861. Única edição de Oeuvres Complètes de Mme. De Girardin, com prefácio de Théophile Gautier).

Depois de sua passagem para a Eternidade, as consultas às mesas girantes continuaram durante todo o período do segundo império. Algumas vezes, Madame de Girardin era convidada a se fazer presente em algumas reuniões mediúnicas, como o fez em referidas comunicações coletadas por Allan Kardec, que publicou-as em O Evangelho Segundo o Espiritismo e na Revista Espírita de Paris -1860.

O trecho comentado por Madame de Girardin em O Evangelho Segundo o Espiritismo está no capítulo V, Bem Aventurados os Aflitos, no item 24, A Verdadeira Infelicidade. Kardec reconhecendo a importância de Madame de Girardin como médium fiel à Doutrina Espírita, cita em O Livro dos Médiuns, no item 144, de Mesa-Girardin, pela utilização da mesma em suas consultas aos desencarnados.

Outro fato interessante a ser notificado é que, no processo de sua desencarnação, a família de Victor Hugo havia se transferido para a Ilha de Guernesey e, desde a visita de Delphine em seu lar, Victor Hugo e seus familiares prosseguiram com as reuniões mediúnicas. Embora distantes, Delphine e Victor Hugo estavam sempre unidos pela profunda amizade e os reencontros em muitas reencarnações passadas. Isto fez com que Delphine viesse se comunicar através da mesa girante, o seu desencarne. A noite era fria e o relógio marcava dez horas da noite, em Paris, onde ela se despojava de seu corpo carnal. O fato trouxe profunda dor à família de Victor Hugo. Embora não querendo acreditar no acontecimento, a notícia chegou no dia seguinte, com uma carta comunicando a sua desencarnação.

Sobre esta informação que fora publicada no jornal Le Gaulois, no dia 10 de janeiro de 1906, o senhor E.Blum, em memórias, comenta sobre a comunicação dos Espíritos através das mesas girantes e o fato da comunicação da morte de Madame de Girardin, no lar de Victor Hugo, na mesma hora de seu desenlace, em Paris.

O mesmo comentário, com grande estudo sobre o tema, está no livro No Invisível, de Léon Denis. Ele comenta a veracidade do fenômeno pelas mesas girantes e a afinidade dos Espíritos, para com a vivência entre os semelhantes, durante os reencontros no plano carnal.

Os fenômenos causados pelas mesas girantes continuaram e Madame de Girardin, através de vários médiuns, fez-se presente por muitas mensagens que foram espalhadas pelos salões aristocráticos de Paris. Suas palavras sempre eram dosadas e coerentes com o Plano Espiritual, ora dóceis e conselheiras, ora enérgicas e chamativas para com as responsabilidades ao trabalho educativo e cristão, para com o Evangelho de Jesus.

Eis algumas frases que se tornaram celebres de Madame de Girardin:

“Se cada um de nós se propusesse a tornar um pouco mais suave a vida de algumas pessoas que de nós dependem, o grande problema do bem-estar universal estaria resolvido”;

“Deus é um Senhor equânime que recompensa cada um segundo suas obras, e, sobretudo, segundo seus sofrimentos”.

Também o amigo e poeta Alphonse de Lamartine rendeu homenagens a Delphine, após seu desenlace, escrevendo em sua crônica:

“Ela tinha o coração seco, mas, bom; a secura de coração dava mais liberdade às suas amizades... era incapaz de bajular, mesmo seus amigos...”.

Foram muitas homenagens feitas a ela, como:

Jean Balde, biógrafo famoso, publicou um livro intitulado Mme. Girardin, salientando a herança literária deixada por ela.

Émile Faquet comenta seu valor como jornalista e grande presença aos escrever suas deliciosas crônicas sobre o cotidiano.

Henri Malo, em seu livro La Glorie Du Vicomte de Launay, exalta a figura de seu personalismo, autêntico e de firmeza em sua crença espiritual.

Seus contemporâneos, todos, traduziam a honradez de seu caráter, a bondade permanente, a fidelidade em suas amizades e o pouco interesse ou algo oculto sobre seus feitos literários.

O crítico Arsène Houssaye escreveu em sua obra, Les Confessions, Souvenirs d’un demi-siècle, que por mais de cinquenta anos a memória de Madame de Girardim foi deixada e levada pelas “águas do rio Letes”, isto é, pelo rio mitológico do esquecimento. Só mesmo a partir de 1980 é que o nome de Delphine de Girardin, vem a ser lembrado com o aparecimento da obra Lettres Parisiennes, em seu texto integral. Obra essa, publicada em dois volumes, pelas edições do Mercure de France, com o prefácio e anotações de Anne Martin-Fugier.

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10

• MALGRAS, J. Os Pioneiros do Espiritismo. Ed. DPL, 2002.• SCHNEIDER, Maria do Carmo Marino. Mme. de Girardin – A Musa

da Pátria. 1. ed. Ed. CELD, 2011.• KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 24 ed. Ed. IDE, 1992.• KARDEC, Allan. Obras Póstumas. 24 ed. Rio de Janeiro. Ed. FEB,

1964.• Imagens, acesso em: 9 jan. 2017:

• https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d5/Hippolyte_L%C3%A9on_Denizard_Rivail.jpg

• https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/1/19/Auguste_Vacquerie_01.jpg/800px-Auguste_Vacquerie_01.jpg

• https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/e/ee/George_Sand.PNG/800px-George_Sand.PNG

• https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/ff/Liszt_1858.jpg• https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/22/Lamartine_1836.

JPG• https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/0/05/Alfred_de_

Musset.jpg/800px-Alfred_de_Musset.jpg• https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/8/89/Alexandre_

Dumas_Nadar.jpg/800px-Alexandre_Dumas_Nadar.jpg• https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/e6/Honor%C3%A9_

de_Balzac_%281842%29_Detail.jpg• https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/7c/Victor_Hugo.jpg• http://www.devoir-de-philosophie.com/images_dissertations/182995.jpg• https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f3/Vigny_Maurin.

jpg?1482780627659• https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/e/e9/

Th%C3%A9ophile_Gautier_vers_1855_par_Nadar.jpg/640px-Th%C3%A9ophile_Gautier_vers_1855_par_Nadar.jpg?1482780693207

Bibliografia

Em 1988, Fujumi Ito defendeu uma tese de literatura na Universidade Nancy II, sobre o tema Madame de Girardin e o jornalismo (sem publicação).

Atualmente, em 2003 surgiu uma biografia mais completa sobre Delphine, apresentada por Madelaine Lassère, intitulada Delphine de Girardin - Journaliste et femme de lettres au temps du romantisme.

O valor literário dessa mulher vem sendo resgatado ao longo do tempo, mas, sem ocupar ainda o lugar por seu trabalho valioso como médium, uma das figuras mais importante, como mulher, no cenário rude da França, em sua época, no início difícil da Doutrina Espírita Cristã.

Eloisa

RogativaCantinho do Verso em Prosacantinho do verso em prosa

Esse apelo se faz muito atual nesta fase em que vivemos no planeta Terra.

Países em conflito, corações endurecidos, mortes, violência e o nosso país em meio às divergências político-econômicas, no qual a credibilidade dos que governam não se faz presente e, a Natureza, exaurida pelos desmandos, escasseia seus recursos.

O mundo, apesar da evolução tecnológica e humana que alcançamos, necessita e muito da misericórdia do Pai. E Deus que nos enviou o Cristo, há mais de dois mil anos, continua velando por todos nós.

Apesar de todos os desatinos que cometemos Jesus, nosso Mestre e irmão, incansavelmente, zela pelo orbe

terrestre, pois, sabe que, embora ainda sejamos crianças espirituais, chegará o dia em que amadureceremos para as verdades eternas, compreendendo e aprendendo que só venceremos com a união e o bem querer ao próximo.

Continuemos a rogar por todos, para que, juntos em pensamento, formemos uma atmosfera salutar, auxiliando a recomposição de todo o planeta.

SofiaBibliografia: ESPÍRITOS DIVERSOS. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. Vereda de Luz. Ed. GEEM.Imagem: Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com/_PLC7wWw_pN4/SuMO_kE5ASI/AAAAAAAAAqY/LT0SDU2L9RA/s1600/simplicidade.jpg> Acesso em: 3 jan. 2017.

Volta, ainda, Senhor, à sombra densaE acende a Tua luz eterna e puraNos caminhos de treva e desventura,Dominados de dor e de descrença!...

Não repares, Jesus, a pedra, a ofensa...Vem, mesmo assim, às sendas de amarguraE estende as mãos à mísera criaturaQue se perde, sem rumo, em noite imensa!

Nas estradas de lágrimas e dores,Eis que esperam por Ti os sofredores,Sequiosos do pão que os reconforte.

Ainda uma vez, perdoa Mestre Amado,E atende ao velho mundo atormentadoNo torvelinho de miséria e morte.

Auta de Souza

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RASTROS DE DORROMANCE ESPÍRITA288 páginas14 X 21 cmISBN 9788573416

Século XVI (Espanha): os desvarios de Joana, a Rainha Louca; o sofrimento na casa dos Castilhos, com a trágica morte de Dom Fernando; o drama de Domingues, o curandeiro cristão, condenado injustamente pelo Tribunal da Inquisição; a traição e as maldades de um clérigo sedento de riqueza e poder... Século XVIII (Espiritu-alidade): a difícil luta pelo refazimento; o auxílio aos que se encontravam perdidos nos abismos, vítimas de si mesmos, sofrendo nas Cavernas da Dor; o reencontro entre os personagens, um compromisso assumido... Século XX (Brasil): em novo corpo; com incompreendidos e estranhos pressentimentos; lado a lado, vítimas e algozes tentando transpor as barreiras do infortúnio e da dor, para restabelecerem o equilíbrio; com o auxílio daqueles que muito os amam! Somente o trabalho no bem possui a força de nos transformar, fortalecendo os vínculos com os que se empenham em nosso auxílio.

DESENVOLVIMENTO MEDIÚNICOSÉRIE DOUTRINÁRIA320 páginas14 x 21 cmISBN 9788565125086

O que é mediunidade? Crianças podem ser médiuns? Minha mediunidade é missão ou expiação? Posso ter vários dons? Como posso utilizar minha mediunidade gra-tuitamente, com humildade, caridade e amor? Tire suas dúvidas com mais esta importante e esclarecedora obra de Roque Jacintho. Um livro onde cada página lhe trará o conhecimento e a paz para o melhor desenvolvimento mediúnico. Todos somos médiuns! Os Espíritos que se comunicam, ajustam-se ao grau mental do medianeiro e, ainda mais, ao seu nível moral. O médium poderá fazer-se medianeiro de orientação renovadora, quanto porta-voz de mensagens perturbadoras.

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LANÇAMENTOS DA LUZ NO LARConfira os livros de Roque Jacintho!

LUZ NO LAR

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Leornardo era um rei que governava um país grande e rico.

Ele tinha muitos funcionários.

Cada funcionário exercia tarefas no governo daquele país.

Um dia, o rei Leornardo chamou os seus funcioná-rios para prestarem contas de seus empréstimos, pois era necessário pagar suas dívidas.

Após um balanço, o primeiro que deveria prestar contas seria Guilhermo, o tesoureiro. Ele devia ao rei a grande quantia de dez mil “talentos”, nome da moeda daquela época.

Guilhermo havia gastado tudo que possuia e agora não tinha possibilidade de pagar sua dívida.

O rei Leornardo, atendendo o costume da época, sentenciou que Guilhermo fosse preso e que a sua esposa, seus filhos e seus bens, fossem vendidos para pagamento da dívida.

Ouvindo o julgamento do rei Leornardo, Guilhermo ajoelhou-se e suplicou, entre lágrimas e lamentações:

— Senhor, tem piedade, tem paciência comigo. Eu trabalharei e te pagarei tudo.

O rei Leornardo encheu-se de compaixão por aquele homem que estava na miséria por ter gastado desequi-librantemente seu dinheiro e perdoou a sua dívida.

Guilhermo saiu do palácio real com o coração aliviado pelo perdão do rei e pensou: agora sou pobre, reduzido à miséria, mas, estou em liberdade e feliz por ter minha esposa, meus filhos e minha casa. Trabalharei para viver, trabalharei muito.

Saindo do palácio, retornando para casa, Guilhermo encontrou Alfredo, um pobre funcionário do rei, a quem, há muito tempo, ele havia emprestado uma pequena quantia de cem “denários”.

Guilhermo, agora estava na miséria e a poucos passos dele, estava alguém que lhe devia um pouco de dinheiro.

Esquecendo-se do perdão do bondoso rei Leornardo, Guilhermo avançou para o pobre homem e, segurando-o, sem a menor piedade, gritou:

— Alfredo, você me deve dinheiro. Paga os cem denários, agora e sem demora!

Alfredo, conseguiu ajoelhar-se diante de Guilhermo e chorando, sem forças, suplicou:

— Senhor, tem piedade, tem paciência comigo. Eu trabalharei e te pagarei tudo.

Mas, Guilhermo que era um homem sem compaixão, não atendeu as súplicas de Alfredo e mandou prendê-lo até que lhe pagasse a dívida.

Guilhermo esqueceu-se de que, momentos antes, ele estava na mesma situação, com uma dívida muito maior e fora perdoado pelo rei Leornardo.

Neste local passavam alguns oficiais que tinham presenciado o perdão que o rei Leonardo dera para Guilhermo. Eles ficaram profundamente tristes pela violência sofrida por Alfredo, que mesmo suplicando por misericórdia, estava sendo levado para a prisão por uma dívida tão pequena e por ordem de quem havia sido perdoado por uma dívida tão grande.

Os oficiais retornaram ao palácio e informaram ao rei Leornardo tudo que viram e ouviram.

Leonardo, imediatamente mandou que seus soldados fossem buscar Guilhermo.

Quando ele chegou diante do trono, muito amedrontado e acovardado, o rei lhe disse:

— Guilhermo, você é malvado! Eu perdoei a tua dívida porque me suplicou! Você deveria, igualmente, ter compaixão de teu devedor, como eu tive de você! Mas, como é malvado e não teve misericórdia de teu próximo, não merece ser perdoado! Irá para a prisão até pagar tudo que me deve.

Contoscontos

A Parábola do Credor Sem Compaixão

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13Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas “Amor e Esperança”

***

Quando formos ofendidos, precisamos lembrar que devemos perdoar.

Recordemos da parábola, comparando assim: qualquer ofensa, por maior que seja, não passa de cem denários; já a nossa dívida para com Deus é muito maior, é de dez mil talentos!

A todo instante ofendemos a Lei Divina com as nossas rebeldias, tanto na reencarnação atual, quanto

nas anteriores. Mas, Deus com Sua Misericórdia infinita, sempre nos oferece novas oportunidades para nos corrigirmos e buscarmos a perfeição de nossos espíritos.

Perdoemos! Sempre!

SilvanaBibliografia: TAVARES, Clovis. HISTÓRIA QUE JESUS CONTOU. Adaptação do capítulo 26 “A Parábola do Credor Incompassivo”. Ed. Lake.Imagem: Disponível em: <https://ministeriotatyamaral.wordpress.com/2012/07/08/a-parabola-do-credor-incompassivo/> Acesso em: 23 set. 2016.

Você tem presenciado tantas brigas e discussões dentro do lar! Isso causa tristeza na alma, pois, sabemos que não deveria ser assim.

Aspiramos por um lar feliz, onde a paz e o respeito deveriam reinar sempre.

Você que vive em meio a essas turbulências todas, pare, pense, reflita sobre as consequências desastrosas que acontecem. Está em suas mãos a mudança desta situação; nos momentos de cólera, não repita o que já está cansado de ver e ouvir.

Nesta hora pare, respire fundo e peça a Deus, nosso Fortalecedor, o amparo e a calma, porque, numa discussão, ganha ou sai vencedor aquele que consegue conter seus sentimentos, controlar sua mente e cala-se diante das palavras que, lançadas com ódio, podem causar dores irreparáveis. Você, que vive a tudo isso, pode e deve mudar o rumo da sua vida, procurando vivenciar o amor e a paz.

Você pode mudar o seu destino, só depende de você.

Sê abençoado, criado e guiado por Deus nosso Pai.

Tânia

Aos Jovensaos jovens

Brigas no Lar

Revista Espírita - Fez-se Luzcanal aberto

Este espaço é reservado para respondermos às dúvidas que nos são enviadas e para publicações dos leitores.Agradecemos por todas as correspondências e e-mails recebidos. Reservamo-nos o direito de fazer modificações nos textos a serem publicados.

Canal Aberto

Foi dado fim, por minha parte, a leitura (estudo) da Revista Espírita – Ano 1 de 1858 (Editora FEB) de Allan Kardec.

Diante do turbilhão de fenômenos acontecidos naquela época, onde inúmeras pessoas questiona-vam, traçavam opiniões, cada qual a seu modo, Kardec, com sua genialidade, tratou os fatos com sabedoria, explicando tudo de forma clara e racional, conforme os ensinos trazidos pelos Espíritos Superiores.

Com o propósito de oferecer ao público respostas concretas sobre o progresso da nova Ciência que por hora se fundava; de abrir um espaço, uma Tribuna Livre, para todos quantos quisessem trocar informações a respeito dos assuntos em voga; de ligar por um laço os que compreendiam a Doutrina Espírita no seu verdadeiro valor moral: a prática do bem, a caridade Evangélica… Fez-se luz à Revista Espírita – Jornal de Estudos Psicológicos.

Todo o seu conteúdo é grandioso, cito, em particular, o material exposto no número 2 (fevereiro de 1858), onde trata das diferentes ordens de espíritos, a Escala Espírita, pois, compreendendo bem a referida escala, entenderemos por que cada indivíduo age de uma maneira, uns propensos ao bem e outros ainda não, tudo

conforme a sua posição moral – intelectual.

Tudo muito claro para aquele que tem olhos de ver...

Concluindo, proponho a todos, militantes espíritas ou não, ao estudo da obra mencionada, em todos os seus volumes, visto que, com certeza, enriquecerá o nosso conhecimento e engrandecerá a nossa alma, fazendo-nos enxergar o mundo com outros olhos.

Bom estudo!Carlo A. Sobrinho – Rio de Janeiro – RJ

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14

Após a partida de Jesus do mundo físico, o número de devotos ao cristianismo crescia consideravelmen-te, embora o preconceito e os desentendimentos entre esses e os cristãos helenistas, vindos da antiga Grécia. O povo hebreu também se manifestava contra algumas regras que os discípulos e os cristãos queriam impor, diante de pessoas carentes que precisavam de socorro de todos os gêneros.

A divergência surgiu porque o povo hebreu obedecia a uma lei já prescrita por Moisés, para que esse entendi-mento fosse realizado por uma equipe de sete pessoas, lideradas por um ser de boa índole e cheio de sabedoria e fé sobre a Lei de Deus.

As discussões geravam em torno de quem teria essa capacidade!

Os apóstolos sabiam da existência desse condutor fiel e já conhecido do povo, apenas esperavam vencer o prazo estipulado pelo povo hebreu. E na data fixada, após os entendimentos com os escolhidos foram estes levados à presença do povo, sendo apontado como o primeiro cristão digno de levar essa importante tarefa de assistência aos necessitados, a eminente figura de Estevão. Ele falava à multidão e pregava como Jesus. Através de sua mediunidade, muitos se curavam. Ele sabia resistir à influência do mau e às perseguições dos sacerdotes, que nas sinagogas pregavam contra Jesus e seus adeptos.

Embora as divergências, o trabalho de Estevão e seus indicados, na assistência ao povo sofrido, se desenvolvia cada vez mais acentuado pelo incentivo e carinho de Estevão ao administrar, não só pão do corpo, mas, o passe que reerguia as energias do espírito combalido.

Essas manifestações começaram a incomodar o sinédrio. Os doutos da lei, entre eles Saulo de Tarso, sentiam-se prejudicados, pois o povo voltava a reviver e salientar novamente a figura de Jesus, pela presença ousada desse cristão, que antes parecia inofensivo, mas, agora representando um grande perigo para os crentes dos deuses idolatrados por muitos e, contrarian-do a lei de Moisés.

Os sacerdotes das sinagogas foram convocados a comparecer ao sinédrio e resolverem a prisão de Estevão e seus auxiliares. Juntos do Sumo Sacerdote e de Saulo

de Tarso combinaram de espalhar ao povo que muitos viram e ouviram as blasfêmias e as fraudes praticadas por Estevão e os discípulos, colocando injúrias contra Moisés e que Jesus viria destruir os lugares santos e tudo quanto Moisés deixara ao povo. Isto foi passado a homens que, subornados pelos sacerdotes, espalharam essas calúnias ao povo hebreu e aos escribas. Estes, indignados, avançaram contra Estevão, que atendia aos necessitados. Mas, como o combinado, Saulo de Tarso aparece com os soldados do sinédrio e prendem Estevão por dano às leis mosaicas.

A multidão quer o apedrejamento imediato de Estevão, mas, Saulo pede calma, porque tudo deveria ser ocorrido junto ao sumo sacerdote. Estevão elevou seus pensamentos a Jesus e, com a serenidade própria de quem nada tem a temer, entregou-se aos soldados que amarraram suas mãos e o levaram ao sinédrio.

Perante ao sumo sacerdote, Saulo, mostrando sua satisfação pelo dever cumprido, pergunta rispidamente a Estevão:

— E então, você confirma sua lealdade a esse carpinteiro nazareno, ou desmente, com provas, que tudo isso que falam a seu respeito é mentira? Anda, fale algo em sua defesa...

Como resposta, Estevão, intuído pelas vozes do Alto, assim se pronunciou, lembrando as palavras de Moisés:

— A qual dos profetas vocês respeitaram quando anunciaram a vinda do justo e do qual, todos vocês se tornaram traidores e homicidas? O justo virá sobre a proteção de Abraão e se apresentará aos filhos de Israel (Atos dos Apóstolos).

E Estevão, mediunizado, vai até o lado de fora e continua, agora falando diretamente à multidão que se acotovelava diante do sinédrio:

— Eis que vejo os céus se abrirem e o filho do homem em pé, estará à direita de Deus.

A multidão está dividida, uns com pedras para serem atiradas contra Estevão e outros chorando e pedindo paz para Estevão, porém havia gritos de cólera entre os que foram subornados.

Saulo, enraivecido, grita para Estevão:

— Vamos, é sua última chance… você renuncia a esse falso profeta?

— Nada me fará renunciar à Divina luz da Verdade, vinda pelo Mestre Jesus. Morrer por Ele é uma glória, quando O vimos ser crucificado numa cruz por ensinar o amor para a Humanidade inteira.

E as vozes dos mais enfurecidos gritavam:

Pegadas de Paulo de Tarsopegadas de paulo de tarso

A Morte de Estevão

ACEITAMOS SUA COLABORAÇÃOSua doação é importante para o custeio da postagem do Seareiro e

pode ser feita em nome doNúcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança” – CNPJ: 03.880.975/0001-40

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15Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas “Amor e Esperança”

— Morte ao traidor! Então, as pedras começaram a ser lançadas sobre o corpo de Estevão. Saulo, de imediato, ordenou aos soldados que levassem Estevão e o amarrasse ao tronco, para dar início àquele horrível espetáculo. Foram chamados os executores represen-tantes das diversas sinagogas da cidade, como repúdio ao endemoniado causador e infame caluniador de Moisés.

O mártir do “Caminho”, expressão dada a todos os seguidores de Jesus, sentia o descompasso de seu coração. Seu tórax abria-se em chagas e suas costelas fraturadas pelas pedradas e seu rosto coberto de sangue, começaram a vislumbrar, pelo olhar espiritual, duas mãos a aliviarem as chagas abertas; e suas narinas se envolveram em doce aroma que o levaram a se tornar confortado, como a transportá-lo na fase tranquila de sua infância, quando Abigail sua querida irmã, o embalava, suavemente, com as palavras:

— Dorme bela criança, nada tema porque “O Senhor é meu pastor. Nada me faltará.” (Salmo XXIII de Davi).

Com essas doces recordações, Estevão viu os Amigos Espirituais o envolverem em preces. Sentiu seu desligamento carnal e, com os olhos marejados de lágrimas, viu Jesus acariciando-lhe a fronte, na qual, a última pedrada abrira uma flor de sangue.

O corpo de Estevão foi levado para o templo de orações, onde os amigos e seguidores de Jesus, do “Caminho”, esperavam para os agradecimentos e louvores àquele que seguiu e doou-se inteiramente a Jesus.

ÉricaBibliografia: MÍNIMUS. Síntese de o Novo Testamento. 3. ed. Ed. Rio de Faneiro: FEB, 1950.EMMANUEL. Paulo e Estêvão. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. Ed. Rio de Faneiro: FEB.

Adulterar significa, em termos gerais, modificar, corromper.

Kardec explica que essa passagem deve ser analisada no sentido geral de nossos atos.

Como estão os nossos pensamentos? O que fazemos com a nossa capacidade de mentalização, para onde a dirigimos?

No uso diário e integral de nossa existência estamos utilizando a mente, o pensamento, que é o nosso Eu.

Podemos enganar e dissimular o que somos perante todos, mas, espiritualmente, não tem como disfarçar. Estamos à mostra, porque o que se vê é o Espírito e não a massa corpórea que constitui a nossa identidade na Terra.

O pensamento gera formas fluídicas que podem estar sendo direcionadas para o bem ou para o mal.

Se Deus nos criou, em essência, para o bem, ao utilizarmos o pensamento de forma diversa, estamos adulterando-o e nos inclinando para atitudes negativas.

Tudo começa com o pensamento, mesmo que não tenhamos essa consciência.

Às vezes podemos achar que foi tudo tão rápido e que não deu tempo de pensar. Mas, na verdade, o

pensamento foi um ato reflexivo de nossas tendências, da maneira de agir a qual já nos condicionamos, pelo exercício constante, por vezes, seculares.

Ao emitir pensamentos de malícia, raiva, ódio, inveja, cobiça, emitimos ondas magnéticas com fluidos deletérios, pervertidos de vibrações indesejáveis para quem a emitimos ou para quem é prejudicado, mesmo que indiretamente por elas, como por exemplo, na traição.

Portanto, não nos iludamos ao achar que só pensar não prejudica. Mera ilusão.

Para nos alertar da responsabilidade do pensamento, Jesus ilustrou o ato de adultério, comumente conhecido entre um casal.

Mas, hoje, com mais maturidade espiritual, podemos conceber a fundo as verdades do Cristo, esclarecidas pelo codificador, Allan Kardec.

Afinal, foi esse o objetivo de seu trabalho, trazer o Cristianismo Redivivo, para que nos aprofundássemos em sua essência, buscando a Luz que Jesus deixou há mais de dois mil anos.

RosangelaBibliografia: KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Roque Jacintho. 8 ed. São Paulo: Luz no Lar..

Kardec em Estudokardec em estudo

Pecado por Pensamentos. AdultérioO EvangElhO SEgundO O ESpiritiSmO

Capítulo VIII, Item 5 - Bem-aventurados os puros de coração“Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. — Eu, porém, vos digo que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela (Mateus, Capítulo V, Versículos 27 e 28).”

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Clube do Livroclube do livro

Amor e Sabedoria de Emmanuel;Todo Dia: Noite

AMOR E SABEDORIA DE EMMANUELClovis Tavares

IDEDiscorre, de forma

despretensiosa, conforme narra o próprio autor, Clóvis Tavares, sobre a figura do Espírito Emmanuel: suas reencarnações como Públio Lentulus, senador romano, como Nestório, escravo judeu e, como o Padre Manuel da Nóbrega;

bem como, sobre suas obras literárias, utilizadas para estudo e compreensão da doutrina, até hoje.

Há uma “suíte fotográfica”, ao final da obra, expondo algumas imagens muito interessantes.

Propõe a prática da leitura de pequena mensagem salutar, como gota homeopática, antes do repouso noturno. O que não impede a leitura diurna, se assim o quiserem!

São mensagens extraídas de diversos

outros livros já publicados, objetivando auxílio na condução de nosso caminhar diário, através da sabedoria e bondade dos Amigos Espirituais.

TODO DIA: NOITEFrancisco C. Xavier

Espíritos DiversosIDE

Amor e Sabedoria de Emmanuel, juntamente com o mini livro de cabeceira (ou de bolso, se assim o preferirem), intitulado Todo Dia: Noite, de autoria de diversos Espíritos e psicografado por Chico Xavier, foi

casadinha literária enviada aos associados do Clube do Livro Espírita “Joaquim Alves (Jô)”.

Vamos saber mais!

Mas não pára aqui. Quem gosta de romance? No Clube do Livro Espírita “Joaquim Alves (Jô)” tivemos a grata satisfação de receber a obra Rastros de Dor, de autoria de Roque Jacintho, reeditada e com capa belissima-mente renovada, representativa do tema.

Inspirado pela Espiritu-alidade, o autor aborda a época desoladora que sofreu a Humanidade - a Inquisição, dividindo a obra em três partes – século XVI – Espanha, século XVIII – na Espiritualidade e século XX – reencarne no Brasil.

Para quem gosta de estudar a nossa história, o Clube enviou As Chaves do Reino - Seguindo os passos de Anchieta, um in-teressante romance histórico

de L. Palhano Júnior, bem como, os belíssimos romances, Elizabetta de La Paz, no qual o autor, o Espírito Nathanael, narra, entre outros, a histórica e cruelmente conhecida “Noite de São Bartolomeu”, por meio da psicografia de Helaine Coutinho Sabbadini, e, por último, citamos a obra Amor & Traição, romance espírita de autoria do Espírito Jair dos Santos, psicografado por Umberto Fabbri, abordando temas atuais e, infelizmente, triviais, dessa nossa jornada, ainda em estágio evolutivo, tais como, aborto, traição, paixão e apego material.

São gêneros para todos os gostos. O importante é procuramos nos esclarecer com discernimento e embasamento cristão, “separando o joio do trigo”. E, principalmente, nos instruirmos.

Viver é preciso e estudar também é preciso!! Vamos ler?

Rosa

Toda a renda obtida com a venda dos livros é revertida para as obras sociais do Nucleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança”.

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17Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas “Amor e Esperança”

Lyon, 3 de outubro de 1804.Nasce Hippolyte Léon Denizard Rivail que mais tarde

adotaria o pseudônimo de Allan Kardec, filho de Jean Baptiste-Antoine Rivail (Juiz) e de Jeanne Duhamel.

De 1819 a 1850, Hippolyte Léon Denizard Rivail empenhou-se na educação de um grande número de crianças e jovens parisienses, conforme as práticas pedagógicas desenvolvidas por ele, após seus estudos no Instituto de Yverdon, junto a Pestalozzi.

De acordo com historiadores e biógrafos de Kardec, foi em Yverdon que se lhe afloraram as características e ideias pedagógicas, isto é, observação atenta e meticulosa, exigidas mais tarde nos preceitos da doutrina espírita e que faziam dele um pensador prudente e profundo.

Tratava-se de uma pedagogia inteligente, não atrofiadora das mentes juvenis. Conforme destaca o biógrafo Jean Vartier: “Pestalozzi pode ser considerado o pai espiritual de Rivail, da mesma forma que Jean-Jacques Rousseau foi o pai espiritual de Pestalozzi”.

No entanto, somente em 1855 Hippolyte presenciou, pela primeira vez, o fenômeno das mesas que giravam, saltavam e corriam, em uma reunião na casa da Sra. Plainemaison. Kardec observou que eram formas inteligentes de respostas aos questionamentos, constituídas por meio de pancadas e, ao mesmo tempo, ali presenciou alguns ensaios de escrita mediúnica com o auxílio do primitivo processo da “cesta-de-bico” (corbeille-touple).

Porém, foi na casa da família Baudin, que encontrou o ambiente ideal para prosseguir seus estudos. Por meio da observação, comparação e julgamento dos fatos, sempre perseverando com os cuidados que uma pesquisa criteriosa exige, Hippolyte Léon Denizard Rivail concluiu que eram os Espíritos daqueles que morreram, a causa inteligente dos efeitos provocados pelas mesas e deduziu as leis que regem esses fenômenos e suas consequências filosóficas na doutrina da esperança, das consolações e da solidariedade universal.

A origem do nome Allan Kardec deve-se à revelação de um espírito ao Codificador que o conhecia de remotas existências, como um druida, sendo uma delas passada no mesmo solo da França. É muito difícil avaliar porque lhe teria agradado o nome Allan Kardec, porém nota-se a coincidência entre certos princípios do druidismo e a obstinação de Kardec em mostrar que o espiritismo não se resume a uma simples religião, mas sim, trata-se de um substrato sólido, que serve de apoio a todas as religiões e que seria a formulação de uma ética de solidariedade entre os homens e a ideia da imortalidade da alma.

Por outro lado, para Kardec todas as religiões são possuidoras de verdades e as submete a uma crítica racional, tirando-lhes o encanto dos mistérios e fazendo do sobrenatural o natural, desmistificando a comunicação com o mundo espiritual.

“Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão face a face, em todas as épocas da humanidade. Para crer não basta ver, é preciso sobretudo compreender.” Assim, o que de fato propõe Kardec é uma nova ciência, pois considera os fenômenos sem o reducionismo da ciência positivista e tampouco das limitações de um empirismo puro e simples.

Desse modo, como se tratam de fenômenos mediúnicos, considera o espírito encarnado no papel de pesquisador e o espírito desencarnado no de interlocutor, sendo ambos, ao mesmo tempo, sujeito e objeto do conhecimento.

“Infelizmente, em todas as épocas, as religiões foram instrumentos de dominação.”(Allan Kardec, A Gênese, 1868). Com Kardec não há negação das religiões, da ciência, da filosofia e da possibilidade de verdades pelo dogmatismo de alguns, bem como das transformações sociais; mas é possível ter fé sem opressão, ter certezas sem absolutismo, pensar sem sistema e mudar a sociedade sem radicalismos.

“Fora da Caridade não há salvação.” Igualdade dos homens perante Deus, a liberdade da consciência, a tolerância e a benevolência mutuas. O Espiritismo é uma doutrina de equilíbrio, de bom senso, de verdades pedagógicas, que educam a alma se ela quiser se educar por sua própria vontade e os povos podem se educar se eles usarem sua liberdade para aderir ao impulso evolutivo. Não é a doutrina totalitarista que quer salvar o mundo de forma mágica. É, antes de tudo, evolucionista e considera a liberdade individual e coletiva, com a certeza da existência do espírito.

Logo, “A educação, s e for bem compreendida, será a chave do progresso moral.” (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, 1857); trabalha-se na Doutrina Espírita a tríade que resume os princípios fundamentais de uma pedagogia espírita: a educação pela liberdade, a educação pela ação e a educação pelo amor.

Portanto, “O Espiritismo (...) instituirá a verdadeira religião, a religião natural, a que parte do coração e vai direto a Deus, sem se deter às abas de uma sotaina ou nos degraus de um altar.”(Um espírito, Obras Póstumas, 1890).

José CarlosImagem: Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/ 9/9b/Allan_Kardec_L%27Illustration_10_avril_1869.jpg>. Acesso em: 9 jan. 2017.

Homenagemhomenagem

Tributo a Kardec

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A tarefa não é simples, pois exige respeito, humildade, paciência, perdão, dentre outras virtudes, mas focaremos nestas citadas.

Temos de ser humildes, pois se há um problema a culpa é do casal, por deixarem a discussão se agravar.

O orgulho ferido é contrário à caridade e à mencionada humildade. Procurar a solução para o desentendimento é dever cristão daqueles que possuem a responsabilidade de um lar, portanto, deve ser feita uma análise do problema aceitando as críticas construtivas e, assim, o casal buscar delinear um breve recomeço.

Necessário se faz a compreensão entre os cônjuges, respeitando-se um ao outro, porque cada um tem seus defeitos como qualquer ser humano; mudanças repentinas não existem.

A evolução de cada ser humano, para melhor, é lenta, mas, não estacionar nos erros cometidos para que o acerto aconteça é necessário, aproveitando a reen-carnação e lembrando os ensinamentos de Jesus, que adverte em Seu evangelho: “Não façais aos outros o que não quereis que os outros vos façam, mas fazei, ao con-

trário, todo o bem que esteja ao vosso alcance fazer”.As brigas constantes entre os casais, por vezes,

geram palavras contidas de ódio e nutrem vingança. É necessário perdoar, e perdoar quer dizer esquecer as mágoas, isto é, não voltar sempre a questões passadas. O que passou... passou!

A vida a dois exige paciência e renúncia, pois cada um traz delitos do passado e a reconciliação é ponto fundamental para ambos.

Quantos males não estão aí para serem sanados? O casal poderá vencer a desarmonia e seguir ao encontro de momentos de paz e felicidade, buscando junto ao coração de Jesus, as bênçãos deste lar cristão.

Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XVII, Sede Perfeitos, item 3 – O Homem de Bem, está a receita de como amar ao próximo, indo ao encontro da caridade vivida em família e na coletividade, para sua evolução.

Embora não exista uma receita genérica para um casamento perfeito, nem para resolver os problemas, existe um guia para nos auxiliar no dia a dia, com en-sinamentos que foram todos exemplificados por Jesus, e este guia chama-se O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO.

Ângelo

Casamentofamilia

Família

... A ignorância que o crucificou a Ele, Jesus – e armou os circos do martírio durante quase trezentos anos a quantos lhe proclamassem as boas novas ainda é a mesma que hostiliza hoje a verdade, onde quer que a verdade se encontre...

Se há uma verdade cruel, essa é uma!Se temos uma certeza é a de que Jesus está de

plantão sempre!Emmanuel, através da psicografia do sempre amado

Francisco Cândido Xavier, nos traz, também, a certeza de que há sempre alguém a nos auxiliar através de nossos pais, dos amigos espirituais e de tantos outros que são colocados em nossa passagem terrestre. E nem nos damos conta que esse é o plantão divino, mas, ainda, pela nossa pequenez precisamos, em nossos rogos, que Jesus se apresente resolvendo nossas questões e, de imediato.

O Plantão de Paz nos alerta sobre a tolerância para todos os minutos de nossa vida; nos fala sobre a liberdade, que ainda exercemos com excessos; questio-na-nos se verdadeiramente somos fiéis às leis do Cristo.

Registra, ainda, esse manancial de sabedoria, em suas primeiras páginas, o questionamento: Plantão de Paz? Dirá o leitor amigo. Por quê?

Deixamos tal resposta a cada um, para que busque na centelha divina, que nos é doada por Deus, o que nos

falta para atendermos ao chamado do nosso meigo Mestre Jesus e, se ainda lhe faltar condições para responder a essa pergunta, com certeza suas respostas estarão à disposição dos leitores no Plantão de Paz.

Não busquemos apenas a paz, que falta-nos tanto, mas, principalmente, o entendimento sobre as lições exemplificadas pelo Mestre Jesus para que essa paz se torne eterna, evitando assim, que tenhamos que amargar dores profundas.

Resta-nos o convite para uma leitura com temas de nosso cotidiano, de forma muito agradável, terminado com mais um pequeno trecho desse plantão: “... A Terra está registrando o que fazes. Não manches o livro que o Pai nos confiou.”.

Aos plantonistas, o nosso muito obrigado!Vano

Livro em Focolivro em foco

Plantão da Paz

PLANTÃO DA PAZFrancisco Cândido Xavier

EmmanuelGEEM

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19Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas “Amor e Esperança”

No dia 18 de dezembro de 2016 o Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança” realizou a confraterni-zação de Natal, quando frequenta-dores e trabalhadores comparece-ram, munidos de muita alegria, para uma comemoração cristã.

Neste dia, além de serem feitos comentários sobre o significado do Natal, por vários dos tra-balhadores presentes, tivemos a alegria de ouvir uma mensagem psicofônica de nosso

querido Roque Jacintho, que nos falou sobre a disciplina com amor e da importância do trabalho na Seara de Jesus.

Depois de um delicioso lanche servido aos presentes, foram entregues as cestas de Natal para as 120 famílias assistidas pela casa, durante todo o ano.

Agradecemos a todos que colaboraram durante o ano de 2016 e rogamos preces e vibrações positivas para que possamos continuar, em 2017, a realizar os diversos trabalhos desenvolvidos pela casa.

Equipe Seareiro

Aconteceu NEEAEAconteceu NEEAE

Confraternização de Natal

A adolescência é uma fase de descobertas às quais nos fascinam, confundem, desesperam, completam. Hoje, nota-se muita gravidez na adolescência.

O seu corpo ainda está em formação, a mente nem sempre certa, ora de um jeito, ora de outro, o coração se apaixona aqui e ali, parece que a gente vai morrer se não ficar com aquela pessoa. É a fase dos impulsos que nos acometem a grandes atitudes que ainda não sabemos avaliar suas consequências e, por vezes, nos entregamos de corpo e alma e acabamos grávidas. Agora vem o grande problema, contar pra família? Será que vão entender? O pai da criança é tão jovem quanto você, e agora, como irão fazer? Era uma gravidez que foi planejada? Tirar a criança para tentar sanar o problema? Doar assim que nascer?

São tantas as dúvidas que, para pouca idade, parece um problemão sem solução. Nessa hora é preciso ir na contramão. Ao invés do desespero, tentar manter a calma, respirar fundo e tentar resolver e responder todas essas questões que aqui se apresentam.

Vamos tentar responder juntas?Vamos lá: Será que vão entender? No primeiro

momento, assim como foi para você, é um choque grande, pois ninguém esperava, mas, tente manter a calma que esse é só o primeiro momento, logo aceitarão.

E o pai da criança? Tente conversar com ele e apresentar a situação como ela é, se ele gostar de você, realmente, compreenderá a situação. Afinal, vocês dois

são responsáveis por isso, no entanto, a reação dele pode não ser a esperada, portanto, apegue-se a Jesus, rogando forças para que tudo dê certo.

A gravidez foi planejada? De certo que não, porém nem tudo o que acontece é sempre planejado, mas a gravidez já está aí. Agora é encontrar forças para seguir adiante junto a Jesus, que Ele jamais nos abandona.

Abortar, resolve? Claro que não, lembre-se: você carrega em seu ventre um ser, uma vida, que depende de você, hoje essa criança pode parecer que lhe é um grande problema mas, com o tempo, você perceberá que não é bem assim.

O aborto é impedir o nascimento de uma vida, isso não é certo, aprenda a amá-la e jamais perca a fé em Jesus, que tudo sabe, tudo vê e que jamais abandona.

Doar? Como doar um filho com quem nos comprometemos, provavelmente, na Espiritualidade? Como dar um ser vivo?

Não! Apesar de toda dificuldade, assuma seu filho, a quem Deus te confiou e ore a Jesus, que lhe mostrará o caminho.

Tenha força e coragem que essa fase passará.A família, provavelmente, num primeiro momento,

reagirá de forma negativa. Não se deixe abater, aguente firme e lembre-se de que nada acontece por acaso.

Desde o ventre, ore com seu bebê, ame-o, dedique-se a ele, a fase difícil há de passar e em breve verá que a coragem e a força assim, como o amor de Jesus, sempre estiveram presentes em sua vida.

Amor à vida sempre, aborto jamais!!!!

Marise

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Gravidez

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