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  • FUNDAES DIRETAS Prova 4 18/10/2011 Maluhy&Co. pgina (local 1, global #1)ii

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    Jos Carlos A. Cintra | Nelson Aoki | Jos Henrique Albiero

    projeto geotcnicodiretas

    Funda

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    Jos Carlos A. Cintra | Nelson Aoki | Jos Henrique Albiero

    projeto geotcnicodiretas

    Funda

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    Copyright 2011 Oficina de Textos

    Grafia atualizada conforme o Acordo Ortogrfico da Lngua Portuguesa de 1990, em vigor no Brasil a partir de 2009.

    Conselho editorial Cylon Gonalves da Silva; Jos Galizia Tundisi; Luis Enrique Snchez; Paulo Helene; Rozely Ferreira dos Santos; Teresa Gallotti Florenzano

    Capa e projeto grfico Malu VallimDiagramao Casa Editorial Maluhy & Co.Preparao de texto Rena SignerReviso de texto Marcel IhaImpresso e acabamento

    Todos os direitos reservados Editora Oficina de TextosRua Cubato, 959CEP 04013-043 So Paulo SPtel. (11) 3085 7933 fax (11) 3083 [email protected]

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)(Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

    Bibliografia.ISBN 978-85-7975-035-9

    ndices para catlogo sistemtico:

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    Prefcio

    Em cada elemento isolado de fundao temos uma sapata, uma

    estaca ou um tubulo embutido no macio de solo, carac-

    terizando um todo constitudo de duas partes: o elemento

    estrutural de fundao (a sapata, a estaca ou o tubulo) e o

    elemento geotcnico (o macio de solo).

    Quando dizemos que os tipos mais comuns de fundao so as

    sapatas, as estacas e os tubules, empregamos uma figura de lingua-

    gem, a sindoque, um caso especial de metonmia, em que o todo

    substitudo pela parte.

    H diferentes formas de agrupar os vrios tipos de fundao. Uma

    delas leva em conta a profundidade da ponta ou base do elemento

    estrutural de fundao, o que d origem a dois grandes grupos: as

    fundaes rasas ou superficiais, como as fundaes por sapatas, e as

    fundaes profundas, como as fundaes por estacas ou tubules.

    Outra forma de classificar as fundaes considera o modo de trans-

    ferncia de carga do elemento estrutural para o macio de solo. No

    caso de sapatas, a carga transmitida unicamente pela base, o que

    resulta na fundao direta.

    Nas estacas, como ocorre transferncia de carga para o macio

    de solo por atrito lateral ao longo do fuste, temos uma fundao

    indireta, a nomenclatura empregada em Portugal, mas que no

    pegou no Brasil. Aqui ficamos mesmo com fundao por estacas.

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    No caso de tubules, os pneumticos no desenvolvem atrito lateral,

    devido ao processo executivo, e os executados a cu aberto costu-

    mam ter o atrito lateral desconsiderado por hiptese de projeto. As-

    sim, se as fundaes por tubules contam apenas com a resistncia

    de base, podem ser agrupadas no time das fundaes diretas.

    Portanto, h as fundaes por estacas e as fundaes diretas. O

    projeto geotcnico das primeiras foi contemplado em livro lanado

    em 2010, por esta mesma editora. Agora, temos a satisfao de pu-

    blicar esta segunda obra, completando o tema de projeto geotcnico

    de fundaes, de forma didtica, voltada para os estudantes de

    Engenharia Civil.

    Trata-se de uma reformulao de um livro de 2003, Tenso Admissvel

    em Fundaes Diretas, motivada pelas alteraes introduzidas pela

    norma de Projeto e Execuo de Fundaes, a NBR 6122, da ABNT,

    cuja nova verso entrou em vigor em 20/10/2010.

    Aproveitamos para incluir um nmero maior de exerccios resolvi-

    dos, para atender s sugestes de professores que adotam nossas

    publicaes em diversos cursos de Engenharia Civil no Brasil. Esses

    exerccios so praticamente os mesmos utilizados nas aulas de

    Fundaes ministradas na Escola de Engenharia de So Carlos, da

    Universidade de So Paulo.

    Os autores

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    Sumrio

    Introduo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

    Aes e solicitaes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

    Valores representativos, caractersticos e de clculo . 10

    1 Filosofias de projeto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131.1 Filosofia da solicitao admissvel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

    1.2 Filosofia dos valores de clculo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

    1.3 Relao entre as filosofias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

    1.4 Norma NBR 6122 da ABNT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

    1.5 Tenso resistente de projeto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

    2 Capacidade de carga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 212.1 Modos de ruptura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

    2.2 Teoria de Terzaghi . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

    2.3 Proposio de Vesic . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

    2.4 Outros mtodos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

    2.5 Solo estratificado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

    2.6 Solos colapsveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

    2.7 Prova de carga em placa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

    2.8 Fundaes por tubules . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

    2.9 Parmetros do solo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

    2.10 Sntese do captulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

    Exerccios resolvidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

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    Fundaes Diretas8

    3 Recalques . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 613.1 Recalques imediatos em MEH . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

    3.2 Recalques imediatos em areia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

    3.3 Prova de carga em placa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79

    3.4 Tolernica a recalques . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89

    3.5 Parmetros de compressibilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92

    3.6 Sntese do captulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93

    Exerccios resolvidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95

    4 Tenso admissvel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1074.1 Fundaes por sapatas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109

    4.2 Fundaes por tubules . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115

    4.3 Desempenho das fundaes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119

    4.4 Sntese do captulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119

    Exerccios resolvidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120

    Referncias bibliogrficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135

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    Introduo

    Anova norma de Projeto e execuo de fundaes da ABNT,

    NBR 6122/2010, traz alguns equvocos de terminologia

    e simbologia, quando comparada norma de Aes e

    segurana nas estruturas, a NBR 8681/2003.

    Por exemplo, a norma de fundaes, nos itens 3.29, 3.30 e 3.42,

    emprega a expresso aes em valores de projeto, quando deveria

    ser aes em valores de clculo. Nos itens 3.41 e 3.42, utiliza os sm-

    bolos Ak e Ad para os valores caractersticos e de clculo das

    aes, respectivamente, em vez de Fk e Fd. Ainda nesses dois itens,

    emprega indevidamente o termo aes, em vez de solicitaes.

    Por isso, nesta introduo, julgamos oportuno tratar dessa proble-

    mtica, para esclarecer eventuais dvidas. Tambm abordamos o

    conceito de valores representativos, caractersticos e de clculo, uma

    vez que a NBR 6122/2010 da ABNT contempla a possibilidade de

    elaborar projetos de fundaes diretas pela filosofia de valores de

    clculo (fatores de segurana parciais), alm de manter a filosofia de

    tenso admissvel (fator de segurana global).

    No primeiro captulo, explicamos essas duas filosofias de projeto e

    mostramos a relao entre elas. Na sequncia, temos os captulos

    de capacidade de carga e de recalques, preparatrios para o captulo

    de tenso admissvel, a filosofia de projeto de fundaes diretas

    preferida pelos geotcnicos.

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    Fundaes Diretas10

    AES E SOLICITAESA estrutura de um edifcio pode ser considerada um subsistema

    estrutural que inclui a infraestrutura (sapatas, tubules ou estacas),

    embutida no subsistema geotcnico. Esses dois subsistemas com-

    pem um sistema nico, sujeito a um conjunto de foras ativas

    externas, as chamadas aes, normalmente subdivididas em aes

    permanentes, variveis e excepcionais.

    A atuao dessas foras externas provoca o surgimento de foras

    reativas internas, e transmite tenses em cada seo da estrutura,

    cujas componentes so os esforos solicitantes, ou simplesmente

    solicitaes, que so: a fora normal, a fora cortante, o momento

    fletor e o momento toror.

    Para o engenheiro de fundaes, tm particular interesse as solicita-

    es que se desenvolvem nas sees de transio da superestrutura

    para a infraestrutura, as sees correspondentes ao topo das fun-

    daes, bem como os deslocamentos verticais para baixo dessas

    sees (os recalques das fundaes).

    As solicitaes constituem efeito das aes, pelo princpio de causa e

    efeito ou de ao e reao. As aes e sua quantificao so preconi-

    zadas em norma, considerada sempre a situao mais desfavorvel,

    enquanto as solicitaes, os deslocamentos e as deformaes so ob-

    tidos atendendo s condies de equilbrio esttico, por um processo

    de clculo que faz a anlise da interao solo-estrutura.

    Antigamente, sem essa anlise, a superestrutura era considerada

    separada e independente da infraestrutura, com a hiptese bsica de

    apoios indeslocveis. Nesse cenrio simplista, as reaes de apoio

    constituam foras reativas externas superestrutura, as quais, com

    o sentido contrrio, representavam foras ativas externas infraes-

    trutura, o que justificava usar a expresso aes nas fundaes.

    VALORES REPRESENTATIVOS,CARACTERSTICOS E DE CLCULO

    Comeando pelos valores de clculo, a citada norma de Aes e

    segurana nas estruturas, no item 4.2.3, preceitua que os valores de

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    Introduo

    11

    clculo Fd das aes so obtidos a partir dos valores representativos,

    multiplicando-os pelos respectivos coeficientes de ponderao .

    Logo, podemos considerar os valores representativos das aes os

    valores ainda no majorados pelos fatores de ponderao , o que

    est de acordo com o item anterior dessa norma ao mencionar que

    as aes so quantificadas por seus valores representativos. O item

    4.2.2 esclarece que h seis tipos representativos das aes: valores ca-

    ractersticos, valores caractersticos nominais, valores reduzidos de

    combinao, valores convencionais excepcionais, valores reduzidos

    de utilizao e valores raros de utilizao, os quatro primeiros para

    os estados-limites ltimos e os outros dois para os estados-limites

    de servio.

    Portanto, os valores caractersticos so um dos tipos de valores

    representativos. Os valores caractersticos das aes (Fk ) admitem

    diferentes definies, em funo da variabilidade de suas intensida-

    des (item 4.2.2.1.1). Por exemplo, nas aes variveis, correspondem

    a valores que tm de 25% a 35% de probabilidade de serem ultrapas-

    sados, enquanto para as aes permanentes o valor caracterstico

    o valor mdio, referente ao quantil de 50%.

    Vejamos, agora, a mesma terminologia em relao s resistncias.

    A NBR 8681/2003, no item 5.2.2, considera trs tipos de valores

    representativos: 1) a resistncia mdia (m); 2) os valores caracte-

    rsticos (k ), associados a uma determinada probabilidade de serem

    ultrapassados, no sentido desfavorvel para a segurana; e 3) a

    resistncia caracterstica inferior, admitida como o valor que tem

    apenas 5% de probabilidade de no ser atingido.

    Na escolha do valor representativo, o item 5.2.2.4 estabelece as

    condies para as quais esse valor dever ser tomado como o da

    resistncia caracterstica inferior e quando pode ser tomado como o

    da resistncia mdia.

    Todavia, ao definir a resistncia de clculo (d), o item 5.2.3.1 usa

    diretamente a resistncia caracterstica inferior (k) com o mesmo

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    Fundaes Diretas12

    smbolo de resistncia caracterstica que no vincula nenhum quan-

    til em particular:

    d =k

    m

    em que m o coeficiente de ponderao das resistncias.

    Se nas resistncias podemos considerar o valor caracterstico e o

    subscrito k inerentes ao quantil inferior de 5%, o mesmo no ocorre

    com as aes, cujos valores caractersticos no so relacionados a

    um quantil fixo.

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    13

    Filosofias de projeto 1

    Em uma fundao direta com dezenas de sapatas ou tubules, a

    capacidade de carga (r ) dos elementos isolados de fundao,

    isto , a tenso que provoca a ruptura do macio geotcnico,

    no ser a mesma, por causa da variabilidade do solo e dos

    diferentes tamanhos da base das sapatas ou tubules. Isso possibilita

    o tratamento matemtico de r como uma varivel aleatria e a

    construo do grfico da funo de densidade de probabilidade, R(R),

    em que trocamos o smbolo r por R, para haver uma representao

    geral de resistncia.

    Fig. 1.1 Distribuio normal dos valores de

    capacidade de carga

    Considerando que os valores de R obedecem a uma distribuio

    normal, semelhana do que ocorre com a tenso de ruptura

    compresso de corpos de prova de concreto, apresentamos a Fig. 1.1,

    com destaque para dois pontos dessa curva: o do valor mdio (Rmed),

    com 50% de probabilidade de ocorrncia de valores inferiores, e o

    do valor caracterstico inferior (Rk), com 5% de probabilidade de

    ocorrncia de valores menores.

    De modo anlogo, podemos considerar

    as solicitaes transmitidas ao solo pelas

    sapatas e tubules, em particular a fora

    vertical atuante na seo de contato da

    base da sapata ou tubulo com o macio

    de solo que, dividida pela rea da base,

    resulta em uma tenso , suposta uni-

    formemente distribuda. Os valores de ,

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    Fundaes Diretas36

    Fig. 2.11 Carga excntrica: rea efetiva

    (Meyerhof, 1953)

    Essa simplificao, a favor da segurana,

    significa considerar uma rea efetiva de

    apoio (A = B L), cujo centro de gravi-dade coincide com o ponto de aplicao

    da carga.

    2.4.3 Mtodo de Brinch HansenHansen (1970) considera dois efeitos na

    capacidade de carga: 1) o acrscimo de-

    vido a uma maior profundidade de as-

    sentamento da sapata; 2) a diminuio

    no caso de carga inclinada. Para isso, so

    introduzidos na frmula de capacidade

    de carga os chamados fatores de profun-

    didade (dc, dq e d ) e os fatores de incli-

    nao da carga (c, q e ).

    Dessa forma, a equao de capacidade de carga passa a ser:

    r = c Nc Sc dc c + q Nq Sq dq q +1

    2 B N S d

    cujos fatores de capacidade de carga, de forma, de profundidade e

    de inclinao da carga podem ser obtidos nos livros de Bowles (1988)

    e Velloso e Lopes (1996).

    2.5 SOLO ESTRATIFICADONo raro que o macio de solo se apresente estratificado em

    camadas distintas. Para tratar dessa condio, vamos revisar o

    conceito de bulbo de tenses, o que exige lembrarmos um pouco de

    propagao de tenses.

    2.5.1 Bulbo de tensesAlm dos mtodos vistos na Mecnica dos Solos, podemos admitir,

    para um clculo prtico e aproximado, que a propagao de tenses

    ocorre de uma forma simplificada, mediante uma inclinao 1:2

    (que corresponde a aproximadamente 27 com a vertical), conforme

    ilustrado pelas Figs. 2.12 e 2.13, em que z a distncia da base da

    sapata ao topo da segunda camada.

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    ii Capacidade de carga

    37

    Fig. 2.12 Propagao de tenses segundo uma

    inclinao 1:2 (adaptado de Perloff e Baron, 1976)

    Portanto, a parcela de tenso propa-

    gada distncia z aproximadamente:

    = B L(B+ z) (L+ z)

    Assim, profundidade z = 2B abaixo de

    uma sapata quadrada de lado B, a parcela

    propagada da tenso aplicada pela

    base da sapata dada por:

    = B2

    (B+ 2B)2=

    9= 10%

    o que justifica a utilizao de z = 2B como a profundidade do bulbo

    de tenses, pois na Mecnica dos Solos essa profundidade definida

    justamente como a que corresponde propagao de 10% de .

    Fig. 2.13 Parcela de tenso propagada

    Segundo Simons e Menzies (1981), clculos mais rigorosos para sa-

    patas flexveis, pela Teoria de Elasticidade, do os seguintes valores

    de profundidade do bulbo de tenses, em funo da forma da base

    da sapata:

    sapata circular: z = 1,5B

    sapata quadrada: z = 2,5B

    sapata corrida: z = 4,0B

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    Fundaes Diretas62

    Fig. 3.2 Prdios inclinados em Santos, SP

    Por isso, deve fazer parte da rotina de

    projetos de fundaes a estimativa dos re-

    calques e, mais do que isso, a adequao

    do projeto para que os recalques sejam

    inferiores aos valores admissveis.

    Definimos recalque de uma sapata como

    o deslocamento vertical para baixo, da

    base da sapata em relao a uma refe-

    rncia fixa, indeslocvel, como o topo ro-

    choso. Os recalques so provenientes das

    deformaes por diminuio de volume

    e/oumudana de forma domacio de solo

    compreendido entre a base da sapata e o

    indeslocvel.

    Alm do recalque total (ou absoluto)

    de cada sapata, temos o recalque di-

    ferencial (ou relativo) entre duas sapatas. Se o macio de solo

    fosse homogneo e todas as sapatas de mesmas dimenses

    e submetidos s mesmas cargas, os recalques seriam pratica-

    mente uniformes, mas a variabilidade do solo gera recalques

    desiguais. Alm disso, o tamanho das bases das sapatas em

    um edifcio pode variar muito, uma vez que as cargas nos pi-

    lares so diferentes, o que uma causa adicional de recalque

    diferencial.

    Recalques absolutos elevados, mas de mesma ordem de grandeza

    em todas as partes da fundao, geralmente podem ser tolerados,

    pois os recalques diferenciais que so preocupantes. Entretanto,

    os recalques diferenciais normalmente so maiores quando os

    recalques absolutos so maiores. Por isso, a magnitude do recalque

    absoluto pode ser aceita como uma medida indireta para o recalque

    diferencial.

    O recalque absoluto (), que d origem ao recalque diferencial e aos

    movimentos do edifcio, pode ser decomposto em duas parcelas:

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    iii Recalques

    63

    = c +

    em que c o recalque de adensamento e o recalque imediato.

    Na Mecnica dos Solos, estudamos o recalque de adensamento,

    tpico das argilas saturadas sob carregamentos permanentes, o

    qual resulta de deformaes volumtricas (diminuio do ndice de

    vazios). O adensamento se processa com a dissipao das presses

    neutras, lentamente no decorrer do tempo, pois a baixa permeabi-

    lidade das argilas dificulta a expulso da gua intersticial. Apren-

    demos a frmula terica de Terzaghi para o clculo do recalque

    final de adensamento, teoricamente a tempo infinito, bem como os

    procedimentos para o clculo do recalque parcial de adensamento,

    para um dado tempo t.

    No vamos revisar o clculo de recalque de adensamento, mas ele

    no pode ser ignorado no caso de fundaes diretas em argilas

    saturadas, a no ser que as sapatas ou os tubules sejam apoiados

    em argilas sobreadensadas, aplicando tenses inferiores ao valor da

    tenso de pr-adensamento.

    As fundaes diretas tambm sofrem recalques provenientes de

    deformaes a volume constante (sem reduo do ndice de vazios).

    Contrariamente ao adensamento, esse tipo de recalque se processa

    em tempo muito curto, quase simultneo aplicao do carrega-

    mento, em condies no drenadas. Por isso, denominado recalque

    imediato.

    Ao considerar um elemento de solo sob a base da sapata ou tubulo,

    o recalque imediato corresponde a uma distoro desse elemento,

    uma vez que no h diminuio de volume (nem diminuio de

    vazios). Por isso, alguns autores preferem a designao recalque de

    distoro.

    Por ser calculado pela Teoria da Elasticidade Linear, o recalque

    imediato tambm chamado de recalque elstico. Entretanto, os

    solos no so materiais elsticos e, em consequncia, os recalques

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    Fundaes Diretas11

    4

    4.1.3 Prova de carga em placaPara determinar a tenso admissvel em projetos de fundaes por

    sapatas, podemos realizar prova de carga em placa, segundo o item

    7.3.1 da NBR 6122/2010. Trata-se do ensaio realizado de acordo com

    a ABNT NBR 6489, cujos resultados devem ser interpretados de modo

    a considerar a relao modelo-prottipo (efeito de escala), bem como

    as camadas influenciadas de solo.

    Em relao ao fator de segurana a ser aplicado capacidade de

    carga obtida no ensaio de placa, a norma omissa, indicando apenas

    a reduo de 3,0 para 2,0 (item 6.2.1.1.1) no fator de seguraa a ser

    empregado tanto nos mtodos analticos como nos semiempricos,

    sempre que houver duas ou mais provas de carga, necessariamente

    executadas na fase de projeto.

    A seguir, veremos dois critrios para obter a tenso admissvel a

    partir do ensaio de placa.

    a) Interpretao da curva tenso recalqueNo Cap. 2, vimos a interpretao da curva tenso recalque paraa determinao da capacidade de carga (r ). Quando a curva se

    verticaliza no seu trecho final, temos a ruptura ntida, e a capacidade

    de carga dada pela interseco dessa vertical com o eixo das

    abscissas. No caso de curva aberta, a ruptura deixa de ser ntida

    e exige um critrio de ruptura convencional (arbitrrio). Se, por

    exemplo, a parte final da curva se transformar em linha reta no

    vertical, podemos considerar o ponto de incio desse trecho reto

    como o correspondente tenso de ruptura (convencional), pelo

    critrio de Terzaghi (1943).

    Definido o valor experimental da capacidade de carga, obteremos

    a tenso admissvel com a aplicao de um fator de segurana

    igual a 2:

    r

    2

    b) Critrio de Boston

    Para o caso de provas de carga sobre placa em areia, em que as

    curvas tenso recalque costumam ser abertas, Teixeira e Godoy

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    iv Tenso admissvel

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    (1996) relatam o uso no Brasil, desde 1955, do critrio de obras da

    cidade de Boston, EUA, desenvolvido para placa quadrada de 0,30m

    de lado, sem nenhuma adaptao para a nossa placa circular de

    0,80m de dimetro.

    Por esse critrio, consideramos dois valores de recalque (10mm e

    25mm) e as correspondentes tenses (10 e 25) na curva tenso

    recalque, e adotamos como tenso admissvel o menor dos doisseguintes valores:

    10252

    Esse critrio significa estabelecer um recalque admissvel () de

    10mm para a placa e um critrio de ruptura convencional em que

    a tenso de ruptura (r ) est associada ao recalque arbitrrio de

    25mm, correspondendo o denominador 2 ao fator de segurana.

    Segundo Teixeira e Godoy (1996), o valor 25 sempremais rigoroso

    do que 10.

    4.1.4 Verificao de recalquesAs tenses admissveis devem tambm atender ao estado-limite de

    servio, de acordo com o item 7.4 da NBR 6122/2010. Nesse caso, a

    tenso admissvel o valor mximo da tenso aplicada ao terreno

    que atenda s limitaes de recalque ou deformao da estrutura.

    Para o valor da tenso admissvel dos dois primeiros procedimentos

    (terico ou semiemprico), devemos calcular o recalque correspon-

    dente, atravs dos mtodos analticos vistos no Cap. 3 e, se for o

    caso, reduzir a tenso admissvel para que o recalque admissvel

    no seja ultrapassado.

    Para a tenso admissvel obtida pelo ensaio de placa, devemos

    verificar que o recalque extrapolado da placa para a sapata no

    atinja o valor do recalque admissvel.

    4.2 FUNDAES POR TUBULESDe modo semelhante s fundaes por sapatas, a tenso admissvel

    em fundaes por tubules deve atender o estado-limite ltimo e o

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