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LEONARDO HEIJI KUWABARA DEFINIÇÃO DE PROCESSOS E DE MODELOS DE DADOS PARA SISTEMAS PRODUTO-SERVIÇO (PSS) São Paulo 2015

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LEONARDO HEIJI KUWABARA

DEFINIÇÃO DE PROCESSOS E DE MODELOS DE DADOS PARA

SISTEMAS PRODUTO-SERVIÇO (PSS)

São Paulo

2015

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LEONARDO HEIJI KUWABARA

DEFINIÇÃO DE PROCESSOS E DE MODELOS DE DADOS PARA

SISTEMAS PRODUTO-SERVIÇO (PSS)

São Paulo

2015

Trabalho de Formatura apresentado

à Escola Politécnica da Universidade

de São Paulo para obtenção do

Diploma de Engenharia de Produção

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LEONARDO HEIJI KUWABARA

DEFINIÇÃO DE PROCESSOS E DE MODELOS DE DADOS PARA

SISTEMAS PRODUTO-SERVIÇO (PSS)

São Paulo

2015

Trabalho de Formatura apresentado

à Escola Politécnica da Universidade

de São Paulo para obtenção do

Diploma de Engenharia de Produção

Orientador: Prof. Dr. Eduardo de

Senzi Zancul

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FICHA CATALOGRÁFICA

Kuwabara, Leonardo Heiji

Definição de processos e de modelos de dados para

Sistemas Produto-Serviço (PSS) / L. H. Kuwabara São

Paulo, 2015.

117p.

Trabalho de Formatura – Escola Politécnica da

Universidade de São Paulo. Departamento de

Engenharia de Produção

1. Sistemas Produto-Serviço (PSS) 2. Internet das

Coisas 3. Modelo de Negócios

I. Universidade de São Paulo. Escola Politécnica.

Departamento de Engenharia de Produção

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Dedico este trabalho à minha

família, que sempre garantiu que os

únicos obstáculos em minha vida

fossem os meus próprios

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AGRADECIMENTOS

Ao Professor Doutor Eduardo de Senzi Zancul pela orientação dada durante o trabalho.

Aproveito também para agradecer a confiança de que me foi dada ao oferecer o tema

apresentado, mesmo tendo que realizá-lo durante sete meses em que estava no meu intercâmbio.

Aos colaboradores das empresas DEV Tecnologia e Rochmam, onde o Trabalho de Formatura

foi realizado. Em especial, à Silvia Takey, Diretora de Operações da DEV e mestranda do PRO,

que não só cooperou com toda a troca de informações, mas também se tornou uma segunda

orientadora para mim.

Aos meus pais, Yumiko e Julio, e minha irmã, Julyana, que sempre estiveram ao meu lado em

todos os anos de minha vida. Em especial, ao todo esforço que me foi dado para que minha

educação fosse completa, habilitando meu crescimento acadêmico, profissional e, acima de

tudo, pessoal.

Aos meus grandes amigos feitos durante a Escola Politécnica ou não, que tiveram papéis

diversos, impactantes e às vezes inesperáveis em todos os momentos de minha trajetória.

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You cannot predict the outcome of human development. All you

can do is, like a farmer, create the conditions under which it will

begin to flourish

(Ken Robinson)

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RESUMO

Este trabalho tem como objetivo a estruturação de processos que suportarão um modelo de

negócio ao realizar a implementação do PSS (Sistema Produto-Serviço) baseado na instalação

de um dispositivo de IoT (Internet das Coisas). Tal estruturação será baseado na aplicação de

metodologia de implementação de um PSS em uma fornecedora de máquinas de reciclagem de

solventes, a Rochmam. A implementação será habilitada pela utilização de um dispositivo de

Internet das Coisa (IoT), fabricado por uma empresa de tecnologia, a DEV Tecnologia e

financiada pela FAPESP através do módulo PIPE Fase 1 (Pesquisa Inovativa em Pequenas

Empresas).

Apesar da literatura ter alguns exemplos de metodologia e implementações de Sistemas

Produto-Serviço, o tema é bastante relevante no sentido de que o mercado de objetos conectados

é uma das maiores promessas de novas receitas num futuro próximo e certamente, ele afetará o

modelo de negócios de empresas que os utilizarem.

Particularmente neste Trabalho, o objetivo está vinculado ao atendimento de interesses em três

grandes dimensões: acadêmica, atrelado a aplicação da metodologia, descrição dos processos e

aumento do conhecimento literário; no habilitador do PSS, relacionado a DEV Tecnologia, que

tem interesse em dar continuidade com o projeto para um módulo PIPE Fase 2; e no usuário do

PSS, vinculado a Rochman, que deseja aprimorar suas operações e serviço ofertado.

Acredita-se que o Trabalho venha a contribuir nestas três dimensões e que a metodologia

utilizada neste estudo possa ser replicada em outras empresas e mercados.

Palavras-chave: Sistema Produto-Serviço, Internet das Coisas, Reciclagem de Solventes

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ABSTRACT

This work aims the process structuring that will support a business model that has just

implemented a PSS based on an IoT (Internet of Things) mechanism. This process will be based

on the implementation methodology of a PSS in a manufacturer of solvent recycling machines,

called Rochmam. This implementation will be supported by the utilization of an IoT device

manufactured by a technology company called DEV Tecnologia. This project, in particular, is

funded by FAPESP in the module PIPE Phase 1 (Innovative Research in Small Size

Companies).

Although the literature has some studies on the methodology and implementation of PSS, the

subject is relevant in the sense that the market of connected devices will capture a huge new

revenue pool in the near future and certainly will affect the business model of companies that

may be willing to use it.

Particularly in this work, the objective is linked to the meet of interests in three main

dimensions: academic, related to the methodology, the processes description and the increase

in the literacy; in the PSS enabler, related to DEV Tecnologia that has the interest in continuing

the project to a module PIPE Phase 2; and in the PSS user, related to Rochmam, that wants to

improve its operations and service offered.

It is expected that the work may contribute to these three dimensions and the methodology used

in this study could be replicated in other companies and different markets.

Keywords: Product-Service System, Internet of Things, Solvent Recycling

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Esquema de participantes do projeto PIPE ............................................................... 25

Figura 2: Expectativa de objetos conectados Previsão de mercados de IoT em 2020. Fonte:

PwC .......................................................................................................................................... 26

Figura 3: Temas da Revisão Bibliográfica com Autores. Fonte: Elaborado pelo autor ........... 31

Figura 4: Representação Ciclo de Vida. Fonte: Elaborado pelo autor ..................................... 33

Figura 5: Representação do seviço pay-per-wash da Electrolux. Fonte: Elaborado pelo autor

.................................................................................................................................................. 37

Figura 6: Criação de Valor segundo modelo de power-by-the-hour. Fonte: Elaborado pelo

autor, a partir dp wen sote http://www.rolls-royce.com/customers/civil-

aerospace/services/totalcare.aspx ............................................................................................. 38

Figura 7: Representação de B2B, B2C e B2B2C. Fonte: Elaboração do autor ........................ 44

Figura 8: Diagrama de Circuito Little Bits – Exemplo. Fonte: http:// http://littlebits.com/ ..... 47

Figura 9: Metodologia geral para utilização no projeto adotada. Fonte: ZANCUL et al, 2015

.................................................................................................................................................. 49

Figura 10: Canvas Business Model. Fonte: http://businessmodelgenerator.com .................... 51

Figura 11: Modelo de Cadeia de Valor proposto por Michael Porter. Fonte: Competitive

Advantage, PORTER, M. 1988 ................................................................................................ 69

Figura 12: Representação esquemática de parte da solução de IoT ......................................... 78

Figura 13: Diagrama de fluxo para o Cenário 1 para determinar parâmetros do experimento 80

Figura 14: Diagrama de fluxo para o Cenário 2 para determinar parâmetros do experimento 80

Figura 15: Diagrama de fluxo para o Cenário 3 para determinar parâmetros do experimento 81

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Figura 16: Diagrama de fluxo para o Cenário 4 para determinar parâmetros do experimento 81

Figura 17: Dashboard do teste realizado .................................................................................. 86

Figura 18: Leituras de temperatura e estado da máquina ......................................................... 86

Figura 19: Status de temperatura, abertura de tampa e nível de tanque ................................... 87

Figura 20: Gráficos de Temperaturas e Estados ...................................................................... 88

Figura 21: Gráfico de Nível ..................................................................................................... 89

Figura 22: Valores esperados de variáveis e entrada de dados para suas definições ............... 89

Figura 23: Resultados representados nos gráficos de Estado e Temperatura do Dashboard .. 92

Figura 24: Resultados representados nos gráficos de Nível do Dashboard ............................ 92

Figura 25: Sobretemperatura forçada (1/2) .............................................................................. 93

Figura 26: Sobretemperatura forçada (2/2) .............................................................................. 93

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Casos do uso de PSS. Fonte: Elaborado pelo autor .................................................. 36

Tabela 2: Casos de IPS2. Fonte: Elaborado pelo autor ............................................................ 40

Tabela 3: Casos de IoT. Fonte: Elaborado pelo autor .............................................................. 46

Tabela 4: FMEA - Notas atribuídas para critério de Severidade .............................................. 59

Tabela 5: FMEA - Notas atribuídas para critério de Ocorrência .............................................. 60

Tabela 6: FMEA - Notas atribuídas para critério de Detecção ................................................. 61

Tabela 7: FMEA - Notas e critérios definidos para avaliar o Risco ......................................... 62

Tabela 8: Análise FMEA para máquina de Reciclagem........................................................... 63

Tabela 9: Possíveis soluções para modos de falha utilizando IoT ........................................... 65

Tabela 10: Possíveis valores agregados aos clientes da ROCHMAM após a

implementação do PSS .......................................................................................................... 68

Tabela 11: Valores Adicionados à Cadeia de Valor da ROCHMAM com a implantação do

PSS ........................................................................................................................................... 72

Tabela 12: Valor capturado ao fidelizar um cliente ................................................................. 73

Tabela 13: Valores capturados com a constante Inovação ....................................................... 74

Tabela 14: Custos adicionais da ROCHMAM ao implementar o PSS .................................... 76

Tabela 15: Descrições por tipo de Estado da máquina no Dashboard...................................... 87

Tabela 16: Tipos de status do campo temperatura ................................................................... 88

Tabela 17: Tipos de status do campo de Tampa ....................................................................... 88

Tabela 18: Tipos de status do campo de Nível ......................................................................... 88

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Tabela 19: Resultados Cenário 1 para primeiro teste experimental ......................................... 90

Tabela 20: Resultados Cenário 2 para primeiro teste experimental ......................................... 91

Tabela 21: Resultados Cenário 3 para primeiro teste experimental ......................................... 91

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LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS

PSS: Sistema Produto-Serviço (Product-Service System)

IoT: Internet das Coisas (Internet of Things)

PIPE: Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas

PLM: Gerenciamento do Ciclo de Vida de Produto (Product Lifecycle Management)

B2B: Business to Business

B2C: Business to Consumer

B2B2C: Business to Business to Consumer

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 21

1.1 DEV Tecnologia ........................................................................................................ 21

1.2 Rochmam ................................................................................................................... 22

1.3 Contexto ..................................................................................................................... 23

1.3.1 Financiamento do Projeto......................................................................................... 23

1.3.2 Resumo dos Participantes......................................................................................... 24

1.4 Importância do Tema ................................................................................................. 25

1.5 Estrutura do Trabalho ................................................................................................ 27

2. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA ..................................................................................... 29

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................... 31

3.1 Gestão do Ciclo de Vida de Produtos ........................................................................ 31

3.1.1 Definição ............................................................................................................ 31

3.1.2 Fases do Ciclo de Vida ........................................................................................... 32

3.1.3 Sistemas de PLM ................................................................................................ 34

3.2 Product-Service System (PSS) ................................................................................... 35

3.2.1 Definição ............................................................................................................ 35

3.2.2 Casos ................................................................................................................... 36

3.2.3 Processos de Gestão de PSS ............................................................................... 39

3.3 Industrial Product-Service Systems (IPS2) ................................................................ 39

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3.3.2 Casos .................................................................................................................. 40

3.4 Custos de Transação .................................................................................................. 42

3.4.1 Definição ............................................................................................................ 42

3.4.2 Aplicação em PSS .............................................................................................. 42

3.5 Internet das Coisas (Internet of Things, IoT) ............................................................. 43

3.5.1 Definição ............................................................................................................ 43

3.5.2 Aplicação de IoT em processos de negócios ..................................................... 44

3.5.3 Casos .................................................................................................................. 45

4. METODOLOGIA ........................................................................................................... 49

5. ESTUDO DE CASO: APLICAÇÃO NAS EMPRESAS DEV / ROCHMAM .......... 51

5.1 Aplicação do Configurador de PSS ........................................................................... 51

5.2 Aplicação da análise FMEA ...................................................................................... 57

5.3 Avaliação Econômica da Implementação do PSS ..................................................... 66

5.4 Dispositivo de IoT ..................................................................................................... 77

5.4.1 Estrutura ............................................................................................................. 77

5.4.2 Procedimento para o Teste Experimental .......................................................... 79

6. RESUMO DE RESULTADOS DO TESTE EXPERIMENTAL................................ 85

6.1 Explicação do Dashboard ......................................................................................... 86

6.2 Resultados do Teste Experimental ............................................................................ 89

6.3 Avaliação dos Resultados .......................................................................................... 93

7. CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................... 95

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 97

ANEXO A: Transcrição Entrevista ROCHMAM – 05.03.2015 ............................................ 101

ANEXO B: Fotos do Painel da Máquina ............................................................................... 116

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21

1. INTRODUÇÃO

Este Trabalho de Formatura é um estudo realizado sobre o projeto realizado pela

empresa DEV Tecnologia em seu cliente, a empresa Rochmam. Ambas as empresas são

startups incubadas na Universidade de São Paulo. O projeto é financiado pela FAPESP e tem

parceria com o Departamento de Engenharia de Produção da USP e a Universidade Federal de

Santa Catariana.

Assim, neste capítulo, serão apresentadas as empresas e o contexto em que foi

desenvolvido o trabalho de formatura, o papel de cada participante do projeto, a importância e

a motivação para a sua realização e finalmente, como ele foi estruturado.

1.1 DEV Tecnologia

A DEV Tecnologia é uma empresa de tecnologia que oferece soluções completas para

o desenvolvimento de novos produtos tecnológicos e para Internet das Coisas (Internet of

Things). Ela está incubada no Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia – CIETEC,

que é parceiro e se localiza dentro do campus da Universidade de São Paulo – USP.

Ela atua em três grandes áreas:

I. DEV IoT/M2M (IoT: Internet of Things, M2M: Machine to Machine):

Soluções completas para Internet das Coisas

II. DEV Design: Desenvolvimento de novos produtos tecnológicos

III. DEV P&ID (Piping and Instrumentation Diagram/Drawing): Projetos e

equipamentos para P&ID sob medida

Como o tema do trabalho está ligado diretamente à primeira área de atuação (DEV

IoT/M2M), detalharemos apenas este setor.

No setor de IoT/M2M, a DEV Tecnologia oferece soluções completas para Internet das

Coisas, em que basicamente os objetos físicos estão conectados em rede e são acessados através

da Internet (veja definição completa no item 3.5 deste trabalho). A empresa especifica, projeta,

constrói e instala o hardware e software para o projeto e aplicação, desenvolvendo as seguintes

soluções:

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22

a. Dispositivos Conectados: Desenvolvimento de dispositivos de Projeto Produto

Eletrônico

b. Plataforma de Gestão de Rede IoT/M2M: gestão da rede de dispositivos através

de soluções de gerenciamento

c. Software de Aplicação: Desenvolvimento de softwares de aplicação em nuvem e

integração com sistema SCADA (Supervisory Control and Data Acquisition) e ERP

(Entreprise Resource Planning)

d. Instalação e Suporte de Rede: Instalação e suporte em campo para redes de

sensores sem fio

1.2 Rochmam

A Rochmam é o cliente da DEV Tecnologia em que foi desenvolvido o projeto estudado

por este Trabalho de Formatura. Ela é também um startup de tecnologia incubada na

Universidade de São Paulo que desenvolve e manufatura máquinas de reciclagem de solventes

e diluentes para diversas indústrias, como cosméticos, tintas, gráfica e químicas. Neste

contexto, solventes são uma modalide industrial de lixo e sua disposição incorreta no meio

ambiente possui efeitos adversos tanto no aspecto ambiental (poluição do ar e das águas) como

humanos (implicações respiratórias e de pele) (LAU e KOENIG, 2001).

O método mais comum de reciclagem é a destilação. Após o processo de filtração para

reter os materiais sólidos restantes, o solvente é enviado a uma máquina de destilação onde

sofrerá um aumento de temperatura até atingir seu ponto de ebulição. Dessa maneira, o solvente

passará para seu estado gasoso e os seus contaminantes permanecerão na máquina de destilação.

Assim, o gás será enviado para uma outra câmara, onde passará por um processo de

condensação, fazendo com que o solvente volte para sua forma líquida, mas desta vez, sem os

seus contaminantes (SHINOZAKI, 1987). O valor proposto neste sentido pela Rochmam é de

viabilizar a recuperação dos solventes e diluentes para reuso em processos industriais, assim

como separar resíduos danosos ao meio ambiente para um descarte correto.

O atual modelo de negócios da Rochmam é baseado na venda e aluguel das máquinas

de reciclagem. Para determinar o custo de aluguel ou venda da máquina, a empresa realiza uma

análise de custo/benefício em cada cliente para definir as especificações da máquina e

demonstra a viabilidade econômica de obtê-la (realização do investimento). A empresa possui

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23

um foco bem grande em qualidade e segurança, assim como um serviço ao cliente superior, o

qual faz com que ela se diferencie de seus competidores.

1.3 Contexto

A Rochmam é uma das poucas empresas brasileiras que manufatura máquinas que

oferecem a solução completa para a reciclagem de solventes e neste segmento específico, é uma

das líderes do mercado. Para a obtenção desta posição, a Rochmam sempre investiu no produto,

aumentando a qualidade e segurança dos usuários que o utiliza. Desse modo, ela necessita

sempre aprimorar os seus produtos para que ela não perca essa vantagem competitiva que tem

sobre seus concorrentes.

Uma das maneiras que ela visa a continuar inovando é o monitoramento e o controle

remoto de sua máquina, o que ajudaria a empresa a oferecer um nível de serviço maior aos seus

clientes, tal como o auxílio remoto aos operadores. Para isso, o conceito de IoT se encaixa

perfeitamente nos requisitos que a Rochmam busca.

Neste sentido, a DEV surge como uma habilitadora, desenvolvendo a solução de IoT.

O projeto então, se resume à DEV implementar em conjunto com a Rochmam uma

solução de IoT para sua máquina e numa segunda etapa, validar a alavancagem criada por este

diferencial. Na etapa de desenvolvimento e implementação, além de todo o desafio técnico de

criar o dispositivo de IoT e integrar com a máquina da Rochmam, é necessário que haja o

planejamento das mudanças no modelo de negócios da empresa.

A partir do momento em que o dispositivo de IoT começa a fazer parte da máquina da

Rochmam, novos processos ligados à manutenção, precificação, serviço ao cliente, etc., se

tornam necessários para justificar o investimento feito, objetivando o corte de custos e o

aumento de fluxo de receitas. Neste contexto, oportunidades e desafios surgem para aprimorar

o modelo de negócios da Rochmam.

1.3.1 Financiamento do Projeto

Como já dito, este projeto é financiado pela FAPESP na modalidade PIPE: Fase 1,

descrita a seguir.

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24

Segundo as normas para o Programa FAPESP PIPE (Pesquisa Inovativa em Pequenas

Empresas), disponíveis no em http://www.fapesp.br/58, o financiamento destina-se a apoiar a

execução de pesquisa científica e/ou tecnológica em pequenas empresas sediadas no Estado de

São Paulo. Os projetos de pesquisa selecionados para apoio no PIPE deverão ser desenvolvidos

por pesquisadores que tenham vínculo empregatício com micro ou pequenas empresas ou que

estejam associados a elas para sua realização.

Alguns exemplos dos objetivos do PIPE:

a) Apoiar a pesquisa em ciência e tecnologia como instrumento para promover a

inovação tecnológica, promover o desenvolvimento empresarial e aumentar a

competitividade de micro ou pequenas empresas;

b) Criar condições para incrementar a contribuição da pesquisa para o desenvolvimento

econômico e social;

c) Induzir o aumento do investimento privado em pesquisa tecnológica;

O Trabalho de Formatura foi realizado na Fase 1 do projeto, definido como “Análise de

Viabilidade Técnico-Científica”. Caso ela seja validada, o projeto pode passar para as fases 2 e

3, cujos objetivos são, respectivamente, o desenvolvimento da proposta de pesquisa e a

aplicação dos resultados visando a comercialização do produto ou processo que foi objeto da

inovação criada a partir das etapas anteriores.

1.3.2 Resumo dos Participantes

Além da DEV Tecnologia, Rochmam e FAPESP, existem mais duas partes envolvidas:

o Departamento de Engenharia de Produção da USP e a Universidade Federal de Santa

Catarina. Ambos possuem papel de auxiliar na definição de bases teóricas para suportar e

alavancar a realização do projeto.

Dessa forma, resumidamente, participam deste projeto:

DEV Tecnologia, representada por Silvia Takey, responsável pelo projeto,

Diretora de Operações da DEV e Mestranda no Departamento de Engenharia de

Produção da Universidade de São Paulo

Rochmam

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25

Departamento de Engenharia de Produção da Universidade de São Paulo,

representado por Eduardo de Senzi Zancul, professor do PRO e orientador deste

Trabalho de Formatura, e pelo autor deste trabalho, que atua em conjunto com

este professor

FAPESP

Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Figura 1: Esquema de participantes do projeto PIPE. Fonte: Elaborado pelo autor

No final do projeto, um dos objetivos principais da DEV com um suposto sucesso do

trabalho, é realizar a Fase II do PIPE, em que mais um investimento é oferecido pela FAPESP

para a empresa de tecnologia, mas dessa vez com o objetivo de viabilizar a implementação

comercial do projeto.

1.4 Importância do Tema

Segundo a empresa PricewaterhouseCoopers – PwC, consultoria de serviços

profissionais, é esperado que o IoT irá gerar um grande aumento nos objetos conectados e

aumento de receita em diversos setores industriais.

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26

Como visto na figura a seguir, estima-se que em 2020, cerca de 30 bilhões de objetos

estejam conectados, um acréscimo de mais de 500% em relação a hoje, além de um aumento

considerável no valor de diversos mercados.

Figura 2: Expectativa de objetos conectados Previsão de mercados de IoT em 2020. Fonte: PwC

Tendo em vista as previsões anteriores, fica claro que o IoT terá um grande impacto nos

próximos anos. Com isso, será necessário repensar diversos pontos dos atuais modelos de

negócio, segundo a nova lógica do IoT. Uma dessas áreas é o problema da transição de um

modelo centrado no produto (product-oriented) para um modelo centrado no serviço (service-

oriented).

Neste sentido, então, surgiu a oportunidade de detalhar tal mudança e descrever as

necessidades que se tem ao se passar por essa transição. Tal transição será, neste trabalho, a

implementação de um Sistema Produto-Serviço (Product-Service System ou simplesmente

PSS). O termo está mais bem descrito na seção 3.2 deste documento, mas em linhas gerais, ele

é um conjunto de produtos e serviços comercializáveis capaz de cumprir conjuntamente as

necessidades de um usuário. Dessa forma, o que é ofertado por uma empresa não é mais apenas

um produto ou um serviço, mas sim uma combinação desses dois fatores. De fato, veremos nos

próximos capítulos, que sua transição requer mudanças em diversos pontos das operações de

uma empresa.

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1.5 Estrutura do Trabalho

Este trabalho foi estruturado em sete partes. Na Definição do Problema, foi resumida

a problemática que motivou sua realização; na Revisão Bibliográfica, temos uma revisão do

estado da arte dos principais temas apresentados na parte prática; na Metodologia, resumimos

e explicamos como o problema foi abordado; na Modelagem do Processo de Implementação

de um PSS, explicamos como é o processo para implementar o PSS; no Estudo de Caso, foi

apresentado os detalhes da parte prática do trabalho e; no Resumo de Resultados e Conclusão,

explicou-se os principais resultados obtido e finalizamos o estudo.

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2. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

Como visto na sessão anterior, o surgimento e a evolução da importância do IoT será

extremamente relevante no mercado futuro. Com ele, novas empresas surgirão, tanto como

implementadoras quanto beneficiadoras da tecnologia. Ainda, empresas já existentes terão que

se reinventar para se adaptar ao novo ambiente de negócios que o tema vai começar a impactar,

para que continuem competitivas neste mercado tão dinâmico.

Como a Rochmam tem o interesse de manter sua posição de destaque neste mercado de

reciclagem de solventes e diluentes, ela tem a ambição de criar novas maneiras para aprimorar

seu modelo de negócio para beneficiar tanto seus clientes como também sua própria eficiência

interna.

A implementação do PSS habilitado por IoT então é um fator importante para que a

empresa atinja estes objetivos. Neste sentido, de maneira geral a Rochmam está em um

ambiente em que encontra diversos desafios (cenário retirado da entrevista realizada com a

Rochmam e transcrita no Anexo A):

a) Os clientes cada vez mais necessitam de serviços completos, em que suas operações

estejam cada vez mais integradas e facilitadas por terceiros.

b) Poucas empresas atuam no negócio da Rochmam, havendo espaço para novos

competidores entrarem neste mercado.

c) Como diversas peças das máquinas da Rochmam são bastante específicas ou

produzidas apenas fora do Brasil, o lead time de matéria-prima torna-se diversas

mais longo do que o previsto.

d) Os clientes têm necessidade de maior visibilidade do valor que a Rochmam pode

trazer com o serviço de reciclagem dos solventes.

Dessa forma, o PSS habilitado pelo IoT terá o papel de responder algumas das questões

que serão decisivas para o sucesso da Rochmam neste mercado dinâmico:

a) Como aprimorar relações que aproximem o seu cliente e os serviços da Rochmam?

Como habilitar e desenvolver melhores funcionalidades que beneficiem ambas as

partes?

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b) Como reafirmar a posição de destaque nesta indústria e criar barreiras de entrada

para que possíveis novos concorrentes tenham maiores dificuldades para ingressar

neste negócio?

c) Como aprimorar as relações com os fornecedores, garantindo que a Rochmam

sempre tenha o material necessário para realizar suas operações e processos de

manutenção?

d) Como garantir que os clientes tenham maior visibilidade dos benefícios econômicos

e ambientais que os produtos e os serviços da Rochmam vêm a gerar para suas

operações?

Dessa forma, o objetivo deste Trabalho de Formatura é estruturar processos que

suportarão um modelo de negócio ao realizar a implementação do PSS baseado na instalação

de um dispositivo de IoT, sendo a DEV e a Rochmam as empresas estudadas e tendo também

como fatores de sucesso atender os objetivos de ambas as partes: pelo lado da DEV, temos a

participação de uma Fase II do PIPE e pelo lado da Rochmam, atender os objetivos descritos

neste capítulo.

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Nesta sessão, explicamos resumidamente o estado da arte dos principais temas

apresentados neste trabalho. Partimos do mais amplo para o mais específico, passando então

pelos seguintes assuntos:

Figura 3: Temas da Revisão Bibliográfica com Autores. Fonte: Elaborado pelo autor

3.1 Gestão do Ciclo de Vida de Produtos

3.1.1 Definição

Gestão do Ciclo de Vida de Produtos ou Product Lifecycle Management (PLM) é, em

sua forma mais simples, um guia para o gerenciamento diário do ciclo de vida de um produto a

nível corporativo, em um negócio ou na área de desenvolvimento de produtos. Em geral, é a

compilação de regras, métodos, processos e orientações em como realizar essa gestão de

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produto na prática (SAAKSVUORI e IMMONEN, 2002), integrando as informações

fornecidas por pessoas, processos, tecnologias e qualquer outro aspecto, interno ou externo, que

impactem no ciclo de vida de um produto, desde a sua manufatura, desenvolvimento e

manutenção até a sua retirada do mercado e disposição (GRIEVES, 2006).

Especialmente em negócios em que o valor agregado está na manufatura, na alta

tecnologia e serviços industriais, o PLM vem ganhando grande importância. De fato,

atualmente, o PLM já é considerado uma prática necessária para que empresas se tornem mais

inovadoras e consigam confrontar os atuais desafios do mercado como customização e

rastreabilidade de produtos. Esta inovação não se resume simplesmente à criação de novos

produtos, mas também na melhoria de processos e nas diferentes abordagens que o PLM pode

ser usado para definir a estratégia de um negócio (ARBOR, 2003).

3.1.2 Fases do Ciclo de Vida

Um dos aspectos mais importantes de um PLM é a capacidade de gerenciar todas as

fases do ciclo de vida de um produto, desde a definição do conceito do produto, até a sua

manufatura e engenharia reversa. Podemos considerar que as fases de um PLM são cíclicas e

normalmente sequenciais, entretanto a sobreposição de fases é uma prática comum para

empresas que precisam reduzir o lead time de um determinado produto. Cada fase usa

diretamente as informações provindas das fases anteriores para produzir novas informações,

criando uma espécie de “espinha dorsal” da informação (CORALLE et al., 2013).

Muitos autores propuseram metodologias e processos para descrever as fases de um

modelo de PLM. Na área da engenharia mecânica, podemos encontrar modelos que constam

seis fases principais: identificação de uma necessidade, análise de tarefas, design do conceito,

concretização do conceito, detalhamento do conceito e implementação (HOWARD et al, 2008).

Já em sistemas mais amplos, que envolvem o desenvolvimento de softwares, engenharia

industrial e servitização, temos modelos com as seguintes etapas: identificação de uma

necessidade, análise de tarefas, design do conceito, concretização do conceito, detalhamento do

conceito, implementação, uso e fechamento (GERICKE e BLESSING, 2012).

Tendo em vista as diferenças encontradas, mesmo que pequenas, é importante definir

um modelo de fases que consigam se comunicar entre diferentes tipos de negócios. Com esse

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intuito, segundo o estudo de Qureshi et al. (2014), cinco estágios do PLM com suas respectivas

definições se destacam:

1. Estabelecimento uma necessidade: Iniciação do desenvolvimento de um processo a

partir de uma ideia ou uma identificação de necessidade ou de um problema;

2. Design: Desenvolvimento e design de um produto, indo da descrição inicial da

necessidade de produto ou processo até o desenvolvimento de soluções conceituais,

contendo seu detalhamento, refinamento e finalização da solução;

3. Implementação/Realização: Integração, manufatura, instalação, aprovação de testes e

lançamento do produto ou processo;

4. Uso/Suporte: Operação, monitoramento, manutenção do produto;

5. Fim de Vida: Reciclagem, disposição, atualização/melhoramento do produto.

Figura 4: Representação Ciclo de Vida. Fonte: Elaborado pelo autor

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3.1.3 Sistemas de PLM

Segundo Saaksvuori e Immonen (2002), os sistemas de PLM são um conjunto de

sistemas (softwares) que integram as funções de uma empresa. Essa integração é feita pela

conexão e pelo controle dos processos através da manutenção de dados do produto ou do

serviço. Desse modo, a tarefa dos sistemas de PLM é fornecer as condições necessárias para

que outros sistemas de dados separados possam estar sempre conectados. Esta integração de

dados é importante para que se possa ter uma visão da totalidade de vários processos dentro da

empresa.

Dentre os sistemas de PLM, encontramos em geral:

I. Gerenciamento de itens: O sistema controla o atual status do item, assim como

os processos de criação e manutenção;

II. Gerenciamento da estrutura do produto e manutenção: O sistema identifica

a atual estrutura do produto e como eles se conectam de maneira hierárquica;

III. Gerenciamento de acesso para usuários: O sistema controla os usuários que

podem gerar novas informações ou realizar tarefas como visualização, aceitação

e alteração de dados;

IV. Manutenção do estado de documentos e itens: O sistema mantém informação

sobre o estado de documentos e itens, como versões antigas e mudanças

realizadas;

V. Recuperação de Informações: O sistema recupera informações que foram

alteradas ou apagadas em determinado período de tempo;

VI. Gerenciamento de Configurações: O sistema permite realizar alterações nas

propriedades dos produtos de acordo com requisitos dos clientes;

VII. Gerenciamento de tarefas (mensagens): O sistema divide e comunica as

tarefas para as partes envolvidas;

VIII. Backup e histórico de log: O sistema automaticamente realiza cópias de backup

e também mantém um arquivo com os logs no sistema;

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3.2 Product-Service System (PSS)

3.2.1 Definição

Sistema Produto-Serviço ou PSS vem sendo definido como um conjunto de produtos e

serviços comercializáveis capaz de cumprir conjuntamente as necessidades de um usuário. A

proporção de produto/serviço varia de caso para caso, mas o sistema como um todo tem sempre

tem o objetivo de preencher os requisitos do cliente, gerando valor econômico para o fornecedor

(GOEDKOOP et al., 1999).

Do ponto de vista dos três mais importantes stakeholders do PSS, (consumidor,

fornecedor e sociedade), é possível explorar o interesse de implantar esse sistema para cada um

(MONT, 2006).

Para os fornecedores, significa uma maior responsabilidade e interesse de controlar o

ciclo de vida do produto. Para os consumidores, é uma mudança de hábitos de consumo,

substituindo a compra de produtos por compra de serviços. Para ambos, uma possível mudança

em relação à propriedade do produto ou uso.

Essas novas relações geram um impacto sobre a sociedade: uma menor utilização de

matéria-prima, uma redução de consumo (no sentido do produto físico), uma maior

produtividade e consequentemente, uma redução nos impactos ambientais.

Também podemos classificar o desenvolvimento de PSS em relação aos seus diferentes

objetivos:

I. A venda do uso do produto ao invés do produto em si;

II. A mudança para uma “sociedade de aluguel”;

III. A substituição de bens por máquinas que desempenham serviços;

IV. A mudança para uma sociedade mais voltada à manutenção e reparação;

V. A mudança em hábitos dos consumidores: de vendas para uma orientação em

serviço.

Tais objetivos levam a classificação do PSS em três tipos: orientados ao produto,

orientados ao uso e orientados aos resultados (TUKKER, 2005).

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O PSS orientado ao produto caracteriza o produto vendido com serviços adicionais,

como a manutenção ou a possibilidade de fazer um aprimoramento. O PSS orientado ao uso é

aquele em que o consumidor compra o direito de usar (pay per use), por um determinado

período de tempo ou unidade. E o último, o PSS orientado aos resultados, classificar um

determinado desempenho que o consumidor adquire. Como é possível analisar, cada tipo de

PSS transfere o risco para uma determinada parte: enquanto que o primeiro leva os riscos ao

consumidor e o último ao fornecedor, o PSS orientado ao serviço divide os riscos entre ambos.

3.2.2 Casos

Para melhor compreender o PSS em cada situação, alguns casos existentes foram

selecionados. Normalmente são empresas que se baseiam no sistema tradicional de vendas de

produto (em que a propriedade é transferida ao consumidor), mas possuem um ramo de negócio

que começou a seguir para o sistema Produto-Serviço. A seguir, são apresentados uma tabela

com o título e a bibliografia do tema, assim como uma breve descrição do PSS no caso.

Tabela 1: Casos do uso de PSS. Fonte: Elaborado pelo autor

Caso PSS Uso do PSS

Electrolux - Pay-Per-Wash System

OTTMAN et al, 2006

Transformação de um sistema simples de venda para

um sistema de remuneração por uso a cada lavagem

Brastemp - Filtro de água

DEMAJOROVIC, J. et MATURANA,

L., 2008

Adoção de um sistema em que o usuário paga pelo uso

do aparelho de filtro de água, enquanto que o produto

em si resta domínio do fornecedor, que precisa garantir

o seu funcionamento (manutenção)

Xerox - Pay-per-copy

XEROX PAYG PROGRAM, 2010

Sistema em que a Xerox fornece as impressoras e

cobra uma taxa fixa de impressão do usuário

Philips - Pay-per-lux

RAU, T, 2010

Sistema em que a Philips cobra por unidade de energia

utilizada de lâmpadas em alto desempenho

Rolls Royce - Power-by-the-hour

KNOWLEDGE AT WHARTON, 2012

A Rolls Royce fornece turbinas de avião e cobra pela

quantidade de quilômetros rodados, enquanto que a

própria empresa arca com as manutenções preventivas

Michelin - Pay-per-kilometer

MEDEIROS, J., 2013

A Michelin cobra as transportadoras pelo quilômetro

rodado com os pneus utilizados da empresa. Além de

tornar o preço justo pelo uso, a Michelin consegue

retornar o produto para reuso ou reciclagem

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Caso 1: Electrolux (pay-per-wash system)

No norte europeu, a Electrolux ofereceu aos consumidores opções de comprar a lavagem

ao invés da máquina de lavar em si. A empresa instala a máquina na casa do cliente e com o

auxílio de um aparelho de medição da energia utilizada pela máquina, ela consegue monitorá-

la a cada lavagem (inclusive a temperatura que o usuário escolheu). Nesse modelo de PSS, o

cliente poderia escolher comprar um plano mensal contendo um número específico de lavagens

ou pagar exatamente por cada uso. O modelo ainda existe na Holanda, entretanto, ele não se

tornou um sucesso por falta de uma campanha eficiente de marketing (OTTMAN et al., 2006).

Figura 5: Representação do serviço pay-per-wash da Electrolux. Fonte: Elaborado pelo autor

Caso 2: Brastemp (filtro de água)

Neste caso, a Brastemp, fornecedora de produtos de linha branca, fornece purificadores

de água para seus clientes através de um sistema de aluguel fixo mensal. Neste modelo de PSS,

a fornecedora ainda detém a propriedade do purificador, sendo que ela realiza a manutenção do

produto (DEMAJOROVIC, J et MATURANA, L., 2008).

Caso 3: Xerox (pay-per-copy)

Neste PSS, a Xerox fornece a máquina de impressão, isto é, ela não transfere a

propriedade para o cliente, e o cobra pelo seu uso. O pacote mais comum a ser oferecido é uma

cota mensal para o consumidor. Além dos benefícios de redução de custo, o cliente ainda

consegue monitorar melhor o gasto com impressões (XEROX PAYG PROGRAM, 2010).

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Caso 4: Philips (pay-per-lux)

Neste modelo de Produto-Serviço, a Philips fornece iluminação personalizada para

escritórios com demandas particulares de iluminação. O caso foi construído em uma agência de

arquitetura, em que os usuários necessitavam de diferentes níveis de iluminação de alto

desempenho ao longo do dia, uma vez que a luz natural atingia diferentes pontos ao decorrer

do tempo. A Philips então fornece as lâmpadas e realiza a manutenção ou troca de produto,

enquanto o usuário paga pela quantidade utilizada das lâmpadas (RAU, T., 2012).

Caso 5: Rolls Royce (turbina de avião, Power-by-the-hour)

Concebido em 1962, a ideia do Power-by-the-hour criada pela Rolls Royce é oferecer o

serviço de voar e não vender as turbinas. O mecanismo inteiro da turbina é fornecido pela Rolls

Royce que possui um medidor para indicar o tempo em que está ligado. O usuário paga somente

garante que o usuário não se depare com reparos ou custos adicionais não previstos

(KNOWLEDGE AT WHARTON, 2007).

O esquema a seguir mostra a proposta de valor definida pela Rolls Royce na utilização

deste sistema:

Figura 6: Criação de Valor segundo modelo de power-by-the-hour. Fonte: Elaborado pelo autor, a partir do website http://www.rolls-royce.com/customers/civil-aerospace/services/totalcare.aspx

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Caso 6: Michelin (pay-per-kilometer)

Neste caso, a Michelin oferece os pneus para caminhões e cobra pela quilometragem

rodada. A medição é feita através de um sistema de GPS. Para a Michelin, o ganho vem com a

possibilidade de recuperar os pneus usados, visando a estender seu ciclo de vida (como por

exemplo, através de recauchutagem). Para os usuários, o benefício vem de eles não precisarem

se preocupar com quando devem trocar os pneus (MEDEIROS, J., 2013).

3.2.3 Processos de Gestão de PSS

Segundo Tukker e Van Halen, 2005, o potencial do PSS para elevar a competitividade

e contribuir para um desenvolvimento sustentável fez com que diversas pesquisas fossem

criadas para sustentar metodologias que gerissem o modelo de sistema produto-serviço, sendo

os principais:

a) MEPSS (Methodology development and Evaluation of PSS, van Halen et al. 2005),

que foca na transição de indústrias da oferta de um produto para a oferta de um

serviço;

b) HiCS (Highly Customerised Solutions, Manzini et al.2004), especializado na oferta

de novos produtos-serviços;

c) ProSecCo (Product-Service Co-design), que sugere um modelo de co-criação entre

a oferta de um produto e um serviço e;

d) Homeservices, que busca analisar em que circunstâncias produtos-serviços são mais

propensos a serem aceitos pelos consumidores.

3.3 Industrial Product-Service Systems (IPS2)

3.3.1 Definição

IPS2 ou Industrial Product-Service Systems é caracterizado pela integração entre o

planejamento, desenvolvimento, aprovisionamento e uso e compartilhamento de um sistema

produto-serviço, aplicando-se unicamente em transações Business-to-Business (B2B) (MEIER,

H et al., 2010). Em maiores detalhes, o IPS2:

a) É um modelo de PSS que busca agregar valor em aplicações industriais;

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b) É um novo entendimento na integração e definição de funções entre produto e

serviço;

c) Busca uma maior sincronização entre o planejamento, desenvolvimento,

aprovisionamento e uso do produto;

d) Garante uma maior adaptabilidade na mudança de exigência dos consumidores e;

e) Busca criar uma empresa com maior foco em inovação com foco nos clientes e nos

resultados.

Desse modo, IPS2, assim como o PSS tem como objetivo principal a transição da

empresa em direção ao conceito de vender uma funcionalidade (serviço) em vez de vender um

produto.

3.3.2 Casos

Assim como foi realizado na seção anterior sobre PSS, apresentaremos a seguir alguns

casos que servem como exemplo de aplicação do IPS2. Primeiramente, foi feita uma tabela com

o título e a aplicação resumida do caso. Logo em seguida temos a descrição mais detalhada de

cada caso.

Tabela 2: Casos de IPS2. Fonte: Elaborado pelo autor

Caso IPS2 Uso do IPS2

Mori Seiki - Empresa de maquinário

japonesa

DORNFELD, D. et LINKE, B. (2012)

Oferece aos seus clientes, máquinas monitoradas pela

própria empresa, o que facilita a prevenção de erros.

Além disso, também baseia sua cobrança em

quantidade de uso e não pela venda direta da máquina

NIELS-SIMMONS - Empresa de

manufatura de maquinário industrial

alemã

DORNFELD, D. et LINKE, B. (2012)

Assim como a Mori Seiki, também fornece serviço de

monitoramento de suas máquinas. Ela realiza todo o

serviço pós-venda

SITEC Industrie-Technologie GmbH - Empresa de manufatura de máquinas

de montagem a laser

DORNFELD, D. et LINKE, B. (2012)

Ela fornece uma máquina que realiza operações com

laser para produção de outras máquinas ou estruturas.

Como é uma máquina muito específica para

determinadas operações, a empresa realiza o aluguel e

cobra pela performance.

Tetra-Pak - Empresa que fornece a

embalagem para produtos líquidos

MEIER, H et al. (2010)

A Tetra Pak fornece todo o processo industrial de

packaging de uma empresa e cobra pela utilização do

maquinário / serviço consumido

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Caso 1: Mori Seiki

A Mori Seiki é uma empresa de manufatura de maquinário industrial com sede no Japão.

Ela, como outras empresas de PSS, oferece o serviço de manutenção, customização e

treinamento para seus clientes. Através de um sistema de monitoramento, a Mori Seiki

consegue antecipar falhas na máquina e agir mais rapidamente para repará-la. Além disso, o

contrato é baseado em utilização de seu maquinário, de forma que o cliente paga uma taxa anual

pelo seu uso, o que garante também ao fornecedor um fluxo de caixa constante (DORNFELD,

D. et LINKE, B., 2012).

Caso 2: NIELS-SIMMONS

Assim como a Mori Seiki, a NIELS-SIMMONS, uma empresa de manufatura de

maquinário industrial alemã, também fez a transição para um modelo de IPS2. Ela oferece

serviços de monitoramento de suas máquinas, garantindo ainda serviços pós-venda como

manutenção preventiva e peças de reposição (DORNFELD, D. et LINKE, B., 2012).

Caso 3: SITEC Industrie-Technologie GmbH

A SITEC é uma empresa de manufatura que de máquinas de montagem à laser. O

modelo de IPS2 é constituído na cobrança apenas do uso e performance da máquina. Em outras

palavras, a SITEC fornece a máquina e cobra pelo resultado produzido e não pela sua obtenção

ou aluguel. Este tipo de contrato se torna muito útil nesse negócio, uma vez que a máquina

oferecida é bastante específica para determinadas operações, o que gera uma demanda

particular em um determinado período (DORNFELD, D. et LINKE, B., 2012).

Caso 4: Tetra-Pak

O caso da Tetra-Pak é um caso mais complexo de envolvimento do fornecedor de IPS2.

Anteriormente, a empresa tinha o objetivo de fornecer o produto de embalagem de produtos

líquidos. Atualmente, ela oferece todo o serviço de packaging na cadeia de suprimentos de seu

cliente, isto é, desde a instalação dos equipamentos de embalagem até a sua forma final para a

venda do produto. Dessa forma, ela tem a preocupação de trabalhar juntamente com os seus

clientes para diminuir o custo final do suppy chain da empresa, gerando economias para ambas

as partes (MEIER, H. et al, 2010)

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3.4 Custos de Transação

3.4.1 Definição

A teoria de Custos de Transação é definida por Ronald Coase (1937) como os custos

totais associados a uma transação, buscando executá-la com o preço mínimo possível. Ela supõe

que as empresas tentam minimizar os custos que têm com o mercado em que está inserido

através da realização de atividades in-house ou através de terceirização. Dessa forma, ela tenta

pesar cada alternativa para que no fim ela tenha o menor custo de transação possível.

Cada empresa, portanto, busca realizar suas atividades com custo inferior ao custo do

mercado. Tal suposição sugere que uma empresa que tenha custos inferiores aos seus

competidores terá sucesso em suas operações. Liderança em custo é uma das estratégias para

obter vantagem competitiva sob seus competidores (PORTER, 1985).

Os custos transacionais podem ser organizados em quatro grandes tópicos

(WILLIANSON, 1981):

Elaboração e negociação dos contratos

Mensuração e Fiscalização de direitos de propriedade

Monitoramento do desempenho

Organização de Atividades

A decisão de “fazer” ou “terceirizar” é tomada para definir a melhor estratégia em cada

área. Certos fatores como Risco, Oportunidades, Economia de Escala, Core Competencies e

Incerteza do Mercado têm impacto relevante nesta decisão.

3.4.2 Aplicação em PSS

Aplicar a teoria custos de transação em PSS significa utilizar os seus benefícios para

diminuir os custos de transação. O PSS adiciona novos fatores à, por exemplo, firmas que têm

como modelo de negócio a manufatura e a venda de um produto. Empresas que oferecem não

apenas o produto, mas também os serviços ligados a ele, entendem que os custos de produção

representam apenas uma parte dos custos envolvidos para deixar o produto-serviço disponível

aos seus clientes (GIARINI e LIEDTKE, 1998).

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Pode-se tomar como referência empresas que realizam a manutenção de seu produto-

serviço, como a NIELS-SIMMONS citada na seção 3.3.2. Tais tipos de empresa, por exemplo,

precisam realizar a decisão da terceirização ou não desse tipo de serviço.

Outro fator relevante do PSS ligado aos custos de transação é uma maior flexibilidade

na alteração do produto-serviço oferecido. Tendo a possibilidade de monitorar com maior

facilidade o desempenho e uso de seu produto-serviço, a empresa consegue se adequar mais

rapidamente às demandas de seus clientes, podendo replicar tal especialidade para diversas

áreas da empresa (manutenção, customização, vendas, etc.)

3.5 Internet das Coisas (Internet of Things, IoT)

3.5.1 Definição

Internet das Coisas ou Internet of Things (IoT) é definido como um novo paradigma em

que “coisas” ou objetos equipados com Identificação Rádio Frequência, etiquetas, sensores,

atuadores, etc. – através de um endereçamento único – são capazes de interagir entre si e

cooperar com seus vizinhos para chegar a um objetivo em comum (GIUSTO et al., 2010).

Internet of Things também pode ser definido de um ponto de vista mais técnico como

“uma rede de objetos interconectados com endereçamento únicos a partir de normas de

comunicações (INFSO, 2008); ou de um ponto de vista mais prático: “o IoT possibilita um

mundo onde os objetos podem se comunicar automaticamente entre si e com computadores,

fornecendo serviços para o benefício do ser humano” (DUNKELS, 2008).

Por outro lado, o IoT sozinho não tem a capacidade de transformar essa grande

quantidade de dados em conhecimento útil. Para isso, deve-se se apoiar em ferramentas de

análises de Big Data para traduzir os dados que o IoT tem a oferecer.

Desse modo, a Internet das Coisas tem um grande potencial para desenvolvimento na

indústria. De acordo com Prince et al. (2014), IoT irá criar novas formas de valor ao realizar

mudanças significativas no modo em que companhias e a indústria opera.

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44

3.5.2 Aplicação de IoT em processos de negócios

O mercado de IoT pode ser segmentado em três categorias:

1. Business to Consumer (B2C): pessoas conectadas, casas conectadas, carrors

conectados.

2. Business to Business (B2B): agronegócio conectado, edifícios conectados, indústria

conectadas.

3. Business to Business to Consumer (B2B2C): cidades inteligentes, objetos

conectados.

Figura 7: Representação de B2B, B2C e B2B2C. Fonte: Elaboração do autor

Dispositivos de IoT são normalmente reativos, isto é, eles estão constantemente

respondendo de acordo com os eventos que se passam no seu meio. Além disso, eles podem ser

dinâmicos e adaptativos, uma vez que sua reação muda conforme a situação em que está

presente. Toda essa informação capturada pelo dispositivo é armazenada para apoiar as decisões

do usuário, de uma maneira que a interação humana e o aplicativo é essencial para que o sistema

funciona eficientemente e que o sistema como um todo consiga se aprimorar com o tempo

(KROGSTIE, 2011).

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45

Um exemplo de solução em IoT no meio industrial é o monitoramento de fatores /

parâmetros, como a conservação da temperatura do meio em um armazém de produtos

perecíveis ou a vibração de motores numa usina (caso a vibração atinja um limite, o processo

cessa para evitar acidentes) (ATZORI et al., 2010).

Desse modo, um dos maiores objetivos e desafios do IoT é a criação de meios

inteligentes que estejam constantemente cientes das condições em que estão inseridos

(VERMESAN, 2011). Nesse sentido, não só a indústria será beneficiada, mas o

desenvolvimento de IoT irá incentivar o desenvolvimento de novas tecnologias para resolver

problemas na esfera pública como saúde, meio ambiente, segurança, energia, entre outros.

Encontram-se exemplos na literatura de modelagem de processos de negócios (Business

Process Modeling, BPNM) para aplicação de IoT:

Sperner et al., 2011, introduzem o conceito de combinação entre Entidade Física e

Entidade Virtual, criando uma Entidade Aumentada, que possui uma identidade única e

pode realizar tarefas específicas;

Chen et al., 2012, propõe a utilização da linguagem de IoT para capacitar três áreas

principais: serviço, sequenciamento e variáveis;

Li et al., 2013, propõe métodos de precificação de IoT de acordo com o processo e

resultado que ele gera, a partir do uso de teoria de jogos.

3.5.3 Casos

Como nas sessões anteriores (PSS e IPS2), serão apresentados exemplos de utilização

de IoT, com uma tabela resumida dos casos e logo em seguida, uma descrição detalhada de

cada um:

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46

Tabela 3: Casos de IoT. Fonte: Elaborado pelo autor

Caso IoT Uso do IoT

LittleBits Electronics - Empresa que

fornece peças eletrônicas para

montagem de aparelhos personalizáveis

FITZPATRICK, A. et ANEJA, A.

(2015)

A empresa fornece pequenas peças eletrônicas

que se encaixam entre si como se fossem "Legos".

As peças conseguem se conectar na internet e

desse modo o usuário consegue montar um

circuito personalizável e acessar sua

funcionalidade através da web

MyLively - relógio de pulso que se

conecta com outros objetos da empresa

BIGGS, J (2013)

A empresa fornece um relógio de pulso em que o

usuário consegue se conectar com outros

aparelhos fornecidos pela empresa. Assim, com

ambos conectados na rede, ele consegue acessar

as alterações de estado que aconteceram nestes

aparelhos através do relógio

Cisco, Cidade do Futuro Songdo -

Empresa auxilia no design do que seria

uma cidade do futuro, totalmente

conectada

LINDSAY, G. (2014)

A empresa auxilia no desenvolvimento de uma

cidade na Coréia do Sul, onde diversas

funcionalidades públicas estão conectadas na

rede, como a distribuição de água, trânsito e

hospitais

Caso 1: LittleBits Electronics

A LittleBits Electronics é uma empresa americana fundada através do MIT Media Lab.

Ela fornece um conjunto de componentes eletrônicos que podem se conectar como se fossem

“Legos” que podem se conectar entre si e com a internet de modo que o usuário pode monitorá-

los e controlá-los à distância. Assim, como a empresa fornece a matéria-prima para desenvolver

um sistema, cada usuário pode usar sua própria criatividade e criar o seu próprio mecanismo.

(FITZPATRICK, A. et ANEJA, A., 2015). O conceito principal, é conectar objetos não

conectados através dos componentes eletrônicos. Alguns exemplos de sistemas são os

seguintes:

1. Acionar máquina de café;

2. Alertar quando a temperatura da geladeira está acima de um limite (porta aberta);

3. Verificar e alertar se um remédio não foi tomado.

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47

O esquema a seguir é uma representação de um diagrama de circuito de um little bits.

Neste caso, ele representa um conjunto em que o som é o gatilho de transmitir as informações

para a rede (através do dispositivo designado CloudBit).

Figura 8: Diagrama de Circuito Little Bits – Exemplo. Fonte: http:// http://littlebits.com/

Caso 2: MyLively

Num modelo similar ao LittleBits, a empresa MyLively é um dispositivo em forma de

relógio de pulso que é conectado à internet e a outros dispositivos auxiliares que a empresa

fornece. Esses dispositivos auxiliares, também conectados à internet, enviam alertas de acordo

com eventos que ocorrem no meio que estão inseridos. Desso modo, é possível por exemplo,

monitorar quando algum objeto é movimentado (uma porta ou uma geladeira), alertar quando

uma medicação é tomada ou enviar uma mensagem quando um som específico é emitido (choro

de um bebê) (BIGGS, J., 2013).

Caso 3: Cisco – Cidade do Futuro Shongdo

Numa colaboração entre o governo sul coreano e a empresa de telecnogia Cisco,

Songdo, na Coréia do Sul, é uma cidade projetada inteligente, onde diversos sistemas são

monitorados em uma rede única. Semáforos, cursos de trânsitos, sistema de reciclagem,

transporte elétrico e aquáticos, disposição de lixo, distribuição de água e energia, segurança,

dentre diversos outros fatores, estão centralizados num sistema conectado único para otimizar

os recursos utilizados e a vida da população.

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48

De acordo com Wim Elfrink, vice-presidente em soluções industriais e tecnológicas da

Cisco, utilizar esse tipo de tecnologia não só para projetar produtos é pensar em como todos os

sistemas estão conectados e como habilitar o seu uso para aprimorar e mudar a vida em

sociedade nas cidades. (LINDSAY, G., 2014)

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49

4. METODOLOGIA

Geralmente, ferramentas de TI impactam diretamente os processos de negócio de uma

empresa. Neste estudo, o IoT é considerado um habilitador para ambos produtos e processos.

A figura a seguir apresenta uma visão geral da metodologia adotada (ZANCUL et al., 2015):

Figura 9: Metodologia geral para utilização no projeto adotada. Fonte: ZANCUL et al, 2015

Considerando tecnologias de IoT existentes, a Análise do modo e efeito de falha (ou

simplesmente FMEA) foi aplicado para identificar o que deveria ser monitorado à nível de

produto para minimizar as falhas potenciais do produto. O FMEA também contribui para que

possa se realizar uma priorização de quais são os pontos principais em que devem ser focadas

as atividades para que os riscos finais sejam reduzidos. Além disso, este passo ajuda a

identificar os tipos de tecnologias que deverão ser instalados no produto, uma vez que

determinadas soluções de IoT servem especificamente para solucionar necessidades específicas

de cada funcionalidade da máquina.

Em paralelo, com o objetivo de auxiliar a empresa do estudo de caso a decidir qual

estratégia de PSS seguir, foi aplicado o Configurador de PSS. Este Configurador busca ajudar

empresas a se posicionar corretamente com o PSS durante o processo de inovação. O

Configurador abrange passos que podem ser seguidos pelas empresas objetivando aprimorar o

atual cenário de negócios ou a criação de um novo negócio através da implementação de um

PSS (BARQUET, 2015).

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50

Segundo Barquet, 2015, a aplicação do configurador consiste na aplicação de oito

passos:

i. Entendimento do modelo de negócios da empresa em questão

ii. Escolha de uma proposição de valor (decisão de qual mix de produtos e serviços

deve ser oferecido aos clientes)

iii. Identificação do cliente alvo (compilação de dados do mercado para entender a

atual situação e a potencial evolução do mercado atraído pela criação do PSS)

iv. Caracterização da relação com os clientes (desenvolvimento de alternativas para

relacionar consumidores em diferentes fases do ciclo de vida do PSS)

v. Conciliação processos e alianças (identificação e definição dos processos de

PSS, atividades dos atores e maneiras em que o PSS deve ser oferecido)

vi. Identificação de recursos (mapeamento das necessidades requeridas para

executar o negócio, como conhecimento, tecnologias, competências e recursos

humanos)

vii. Definição de estrutura de custo

viii. Identificação de possíveis fluxo de receitas

Especificamente, damos atenção ao passo (v) em que os resultados gerarão a proposta

de PSS apoiado pela escolha das tecnologias de IoT.

Damos também, ênfase na viabilidade do negócio e, com o suporte do configurador do

PSS e do FMEA, apresentamos um subcapítulo dedicado a avaliação da implementação do

dispositivo de IoT, da integração com o PSS e da mudança do modelo de negócio. Finalmente,

considerando os processos de PSS habilitados pelo IoT a ser instalado nos produtos, a solução

proposta é implementada e avaliada.

Os resultados são apresentados em um capítulo único em que são destacados os

principais pontos observados e que servirão de base para determinar a continuação do projeto

numa possível fase 2 do PIPE-FAPESP. Além disso, também auxiliarão a gerar as conclusões

do Trabalho de Formatura, juntamente com as definições dos próximos passos a serem

seguidos, tanto pela Rochmam, quanto pela DEV Tecnologia.

Desse modo, nos tópicos a seguir, aplicaremos a metodologia na empresa em que se foi

realizado o Trabalho de Formatura.

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51

5. ESTUDO DE CASO: APLICAÇÃO NAS EMPRESAS DEV /

ROCHMAM

5.1 Aplicação do Configurador de PSS

Para aumentar o conhecimento sobre diferentes possibilidades de configurações de IoT

baseado em modelos de negócio de PSS para a Rochmam, o Configurador de PSS foi aplicado.

Para cada etapa do Configurador apresentado no capítulo de Metodologia, apresentaremos os

resultados da empresa do estudo de caso. Também foram realçadas as implicações que o sistema

de IoT pode causar.

i) Desenho do modelo de negócios

Por meios da estrutura proposta pelo Canvas Business Model (OSTERWALDER,

2004), uma descrição do atual modelo de negócio foi realizada (“as-is”), o qual representa

aquela que deve ser modificada com o IoT baseado nas características de PSS (“to-be”) foi

desenvolvido.

Antes de aplicar diretamente ao nosso caso, faremos uma breve introdução ao modelo

do Canvas Business Model:

Figura 10: Canvas Business Model. Fonte: http://businessmodelgenerator.com

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52

Ostewalder, 2004, propõe quatro segmentos principais em que um negócio pode ser

caracterizado. Elas são as seguintes:

I) Infraestrutura

a. Atividades Chave: as mais importantes atividades que a empresa realiza

para operar seu negócio.

b. Recursos Chave: os recursos necessários para criar valor ao cliente. Eles

podem ser considerados ativos da companhia, humanos ou não (físicos,

financeiros, intelectuais), que são necessários para sustentar e alavancar o

negócio.

c. Parceiros Chave: os parceiros são essenciais para viabilizar, otimizar e

diminuir os riscos da empresa. Os desenvolvimentos então de relações

fornecedor-comprador são essenciais para que a empresa consiga focar nas

suas atividades core e não desperdiçar seus recursos em outras funções.

Parceiros também podem ser considerados joint ventures ou alianças

estratégicas entre competidores ou não competidores diretos.

II) Oferta

a. Oferta de Valor: é o conjunto de produtos e serviços oferecidos pelo

negócio em que o cliente vê valor. Pode-se também definir como a

característica que diferencia a empresa de seus competidores. A proposta

fornece valor para o cliente através de vários elementos como desempenho,

customização, redução de custos ou acessibilidade. Neste mesmo sentido, a

proposta de valor pode ser então tanto quantitativa (e.g.: menor preço) ou

qualitativa (e.g.: marca).

III) Clientes

a. Segmentos de Clientes: são os diferentes clusters de clientes que podem ser

encontrados no negócio da empresa. Identificados os tipos de clientes, eles

podem ser diferenciados em segmentos baseados em suas necessidades ou

nos seus diferentes atributos. Assim, a companhia tem a possibilidade de

começar a focar essas características para poder oferecer produtos/serviços

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53

específicos e aprimorar sua proposta de valor. Alguns exemplos de

segmentação de clientes são faixa etária, poder de compra, gênero e

localização.

b. Canais de Vendas: uma empresa pode entregar sua proposta de valor por

diferentes canais. Canais eficientes podem difundir o valor proposto mais

rapidamente e de maneira mais barata para a empresa. Exemplos de canais

são a internet e lojas físicas, podendo ser operadas diretamente pela empresa

ou por serviços terceirizados.

c. Relacionamento com o cliente: para assegurar que a empresa possua

clientes fiéis e que promovam a empresa, é necessário que a companhia

identifique a melhor forma de se comunicar com eles. Dessa forma, ela

precisa entender quais são as melhores maneiras de se interagir com seus

clientes (e.g.: atendimento online, serviço telefônico, self service).

IV) Financeiro

a. Estrutura de Custos: descreve as consequências financeiras de operar

segundo um determinado modelo. Podemos classificar as características de

estrutura de custos de uma empresa segundo uma abordagem determinada

pelo custo (foca a minimização dos custos) ou pelo valor (se importa menos

com os custos e mais em criar valor aos seus clientes). Além disso,

considera-se também as definições de custo fixo/variável e direto/indireto.

b. Fluxos de Receitas: são as diferentes maneiras em que a empresa pode gerar

receitas. Elas podem vir diretamente de seus produtos ou serviços core ou de

atividades secundárias. Alguns exemplos são a venda direta de produtos,

taxa por tempo de uso, taxa pela assinatura e aluguel.

Agora, o objetivo é entender o modelo de negócios da Rochmam para que se possa

inseri-la em cada dimensão do Canvas Business Model. Para isso, foi realizada uma entrevista

com integrantes da empresa para entender melhor como ela funciona e as necessidades que ela

possui, visando especialmente a implementação do dispositivo de IoT que habilitaria a

utilização de conceitos do PSS.

A transcrição da entrevista se encontra no fim deste Trabalho, no Anexo A.

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54

I) Infraestrutura

a. Parceiros e atividades chave: os principais parceiros da empresa são os

fornecedores dos componentes da máquina. Eles são importantes para a

própria produção das máquinas assim como para o fornecimento das peças

de reposição, especialmente porque a Rochmam controla a cadeia de

suprimentos desde a compra das peças da máquina.

b. Recursos chave: uma das áreas mais importantes da Rochmam é o

departamento de vendas, uma vez que ele precisa comunicar muito bem os

benefícios do produto que a empresa oferece e fazer um trade-off com os

preços maiores do que a média do mercado

II) Oferta

a. Oferta de Valor: O valor do negócio é baseado em “Quanto os clientes

conseguem salvar através do processo de reciclagem de solventes com

segurança, ao invés de realizar a disposição por conta própria”. Se os clientes

perceberem a oportunidade de redução de custos com a máquina da

Rochmam, ambos irão ganhar. Dessa maneira, a empresa também irá ajudar

seus clientes a serem mais ambientalmente corretos, uma vez que não estão

realizando a disposição de maneira direta no ambiente.

A Rochmam é conhecida pela qualidade e segurança de seus produtos. Em

contrapartida, os seus preços são superiores a de seus competidores. Assim,

para manter esse status, a empresa precisa estar constantemente procurando

maneiras de aprimorar os seus produtos.

O serviço da Rochmam inclui: instalação, treinamento, manutenção, reparo,

atualização, otimização e aprimoramento, serviço técnico por telefone,

manutenção on-site, suprimento de peças de reposição, diagnóstico e

recomendações. No fim do ciclo de vida do produto, a máquina é retirada

também pela própria empresa que cuida de seu pós uso.

Os benefícios ofertados por essa proposta de valor são a redução de custo,

menor impacto ambiental, aumento de funcionalidade, melhoria em

segurança e qualidade.

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55

III) Clientes

a. Segmentos de Clientes: os clientes B2B (Business to Business) estão em

quatro setores industriais principais: mecânico/metal, impressão, mecânicas

e indústria de pintura.

b. Canais de Vendas: A Rochmam oferece dois tipos de contratos: um baseado

na venda das máquinas e o segundo baseado no aluguel das máquinas. O

processo de vendas é um processo regular de venda e o leasing é baseado em

quanto o cliente conseguiria salvar por mês. Os clientes normalmente

preferem realizar este leasing.

c. Relacionamento com Clientes: a empresa mantém relacionamento de longo

prazo com seus clientes baseado em oportunidades de redução de custo, que

vem do trade-off do armazenamento e disposição do solvente contra os

custos do processo de reciclagem da máquina.

IV) Financeiro

a. Estrutura de custo: Os custos mais importantes são os da produção da

máquina. O custo diário vem de serviço ao cliente.

b. Fluxos de receita: a receita vem praticamente de dois tipos de contrato que

a empresa oferece, que cobre a venda das máquinas e o seu leasing; outras

fontes menores de receita vêm das vendas de peças de reposição ou

manutenção corretiva que não estão cobertas no contrato inicial.

A análise do estado as-is do modelo de negócio conseguiu identificar oportunidades

considerando o IoT baseado na adoção de PSS para aumentar possíveis vantagens competitivas

da Rochmam. Ao aplicar o IoT, a performance das máquinas pode começar a ser mensuradas

durante a fase de uso do usuário, o que facilitaria a aquisição de dados, aprimorando uma

resposta mais eficiente às necessidades dos consumidores (como por exemplo, manutenção

preventiva e reparo). Além disso, esses mesmos dados podem ajudar a identificar

aprimoramentos nos produtos e consequentemente, um maior número de benefícios pode ser

oferecidos aos clientes. O monitoramento em tempo real também ajudaria a Rochmam a

melhorar o seu sistema de cobrança através de calcular o seu preço baseado na utilização da

máquina, ao invés de uma taxa fixa cobrada mensalmente, como é feito atualmente.

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56

Os próximos passos serão os reflexos das oportunidades de aprimoramentos

identificados na etapa (i):

ii) Configuração dos segmentos de clientes

Os segmentos de clientes continuam o mesmo do as-is do modelo de negócios.

iii) Configuração da proposta de valor

O produto do PSS é aprimorado com a adição do IoT, permitindo que a máquina esteja

conectada à web. A principal alteração desse fator no valor proposta se concerne na adição de

novos serviços que podem ser oferecidos pela Rochmam: monitoramento remoto, operação

remota e novos processos de manutenção. Dessa maneira, a empresa seria capaz de acessar e

configurar os parâmetros da máquina de acordo com as necessidades específicas de seus

clientes (e.g.: tipo e quantidade de solventes a ser destilado)

iv) Configuração do relacionamento com os clientes

No novo modelo de negócios com IoT / PSS, a comunicação com o cliente poderá ser

mais frequente e fácil, uma vez que a performance da máquina poderá ser monitorada através

do dispositivo de IoT. Considerando o contínuo monitoramento da máquina e as vantagens da

precificação baseada no uso, é natural que o modelo de vendas das máquinas venha a acabar.

v) Configuração da rede

Com a adoção do IoT, novos fornecedores do hardware de IoT, software e serviços

precisam ser adicionados ao modelo de negócio, uma vez que não há conhecimento interno em

relação a esses assuntos. Dessa interação, é esperado um alto nível de troca de informação entre

as partes envolvidas.

vi) Configuração dos recursos

Os funcionários atuais precisam estar totalmente treinados para suprir as necessidades

dos clientes, segundo os novos processos que serão criados com a implementação do PSS

(como, por exemplo, os processos de manutenção).

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57

vii) Configuração dos fluxos de receita

A empresa já realiza cobrança mensal das empresas que realizam o leasing de seu

maquinário. Entretanto, é esperado um fluxo de receita extra proveniente de clientes que

utilizam mais frequentemente as máquinas do que formalizado no contrato inicial.

viii) Configuração da estrutura de custo

Os investimentos iniciais considerado para realizar a transição do modelo de negócio

inclui o hardware de IoT e o desenvolvimento do software, além da implementação destes nas

máquinas. Novos custos recorrentes são esperados, como recursos humanos para realizar a

manutenção preventiva, monitoramento das máquinas, processamento dos dados recolhidos

pelo dispositivo e execução de mudanças e atualizações no software. Entretanto, custos com

serviço ao cliente e manutenção corretiva devem ser reduzidos.

5.2 Aplicação da análise FMEA

Como descrito no subcapítulo anterior, redução do custo de manutenção é chave para

que a lógica econômica da implementação do PSS faça sentido. Assim, para entender melhor

quais parâmetros poderiam ser monitorados para que se salvasse em custos, foi realizado uma

análise FMEA.

O FMEA é uma ferramenta utilizada para analisar os componentes de falha e identificar

os efeitos resultantes em um sistema de operação. A análise é caracterizada por possuir duas

sub-análises, a primeira sobre os modos de falha e a análise de seus efeitos e uma segunda, a

análise crítica.

Os principais benefícios do FMEA são os seguintes:

Diminuição da probabilidade de falhas durante o projeto;

Diminuição da probabilidade de falhas, a partir de uma previsão de que elas poderiam

acontecer;

Aumento da confiabilidade do produto/processo;

Diminuição dos erros.

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Para o preenchimento do FMEA, é necessário preencher os seguintes itens:

I) Função do Processo

II) Modo de Falha Potencial

III) Efeito da Falha Potencial

IV) Severidade

V) Causa Potencial da Falha

VI) Ocorrência

VII) Controle Atual de Prevenção

VIII) Controle Atual de Detecção

IX) Detecção

X) Risco

XI) Ação Preventiva Recomendada

Enquanto a maioria dos itens são de fácil entendimento, os itens IV) Severidade, VI)

Ocorrência, IX) Detecção e X) Risco são notas atribuídas de acordo com faixas pré-

determinadas. Para isso, são apresentadas a seguir as faixas juntamente com as notas que devem

ser alocadas:

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59

Severidade

Tabela 4: FMEA - Notas atribuídas para critério de Severidade.

Efeito Critério: Severidade de Efeito Índice de

Severidade

Falha pode afetar

Segurança e/ou

Requisitos

Regulamentares

O modo de falha potencial afeta a segurança na

operação do veículo e/ou envolve não conformidade

com a legislação governamental sem aviso prévio

(advertência / alarme)

10

O modo de falha potencial afeta a segurança na

operação do veículo e/ou envolve não conformidade

com a legislação governamental com aviso prévio

(advertência / alarme)

9

Perda ou

degradação da

função primária

Perda das funções primárias (Veículo inoperável não

afeta a segurança na operação do veículo) 8

Degradação das funções primárias (Veículo operável,

mas com níveis de desempenho reduzido) 7

Perda ou

degradação da

função secundária

Perda das funções secundárias (Veículo operável,

mas item (s) de conforto e conveniência inoperáveis) 6

Degradação das funções secundárias (Veículo

operável, mas item (s) de conforto e conveniência

operáveis com níveis de desempenho reduzidos)

5

Prejuízo /

Incômodo

Aparência ou Barulhos audíveis. Veículo operável,

item não adequado e notado pela maioria dos clientes

(mais que 75%)

4

Aparência ou Barulhos audíveis. Veículo operável,

item não adequado e notado por muitos clientes

(50%)

3

Aparência ou Barulhos audíveis. Veículo operável,

item não adequado e notado por diferentes clientes

(menos que 25%).

2

Nenhum efeito Sem efeito identificado 1

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60

Ocorrência

Tabela 5: FMEA - Notas atribuídas para critério de Ocorrência

Probabilidade de Falha Taxa de falhas possíveis Índice de Ocorrência

Muito Alta: Falhas

Persistentes

>=100 por mil

>= 1 em 10 10

Alta: Falhas Frequentes 50 por mil

1 em 20 9

20 por mil

1 em 50 8

10 por mil

1 em 100 7

2 por mil

1 em 500 6

Moderada: Falhas

Ocasionais

0,5 por mil

1 em 2000 5

0,1 por mil

1 em 10.000 4

Baixa: Relativamente

Poucas Falhas

0,01 por mil

1 em 100.000 3

<= 0,001 por mil

1 em 1000.000 2

Remota: Falha

Improvável

Falhas são eliminadas

através de controles

preventivos

1

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61

Detecção

Tabela 6: FMEA - Notas atribuídas para critério de Detecção

Oportunidade de

Detecção Probabilidade de Detecção

Índice de

Detecção Probabilidade

Nenhuma

oportunidade de

detecção

Nenhum controle no processo

atual; não pode detectar ou não é

verificado

10 QUASE

IMPOSSÍVEL

Não há

probabilidade de

detectar em

qualquer estágio

Modo de falha e/ou erro (Causa)

não é facilmente detectado 9 MUITO REMOTA

Detecção do

problema após o

processamento

Detecção do modo de falha após o

processamento pelo operador

através dos sentidos (visual, tato,

sons)

8 REMOTA

Detecção do

problema na fonte

Detecção do modo de falha no

posto de trabalho pelo operador

através dos sentidos (visual, tato,

sons) ou após o processamento

através de dispositivos atributos

(passa/não passa, verificação de

torque manual)

7 MUITO BAIXA

Detecção do

problema após o

processamento

Detecção do modo de falha após o

processamento pelo operador

através de dispositivos variáveis ou

no posto de trabalho através de

dispositivos atributos (passa/não

passa, verificação de torque

manual...)

6 BAIXA

Detecção do

problema na fonte

Detecção do modo de falha ou erro

(causa) no posto de trabalho pelo

operador através de dispositivos

variáveis ou por controles

automáticos no posto que irão

detectar peças discrepantes e

notificar ao operador (luz, buzina,

etc.). Performance do dispositivo

no setup e verificação da primeira

peça (para causas de setup

somente)

5 MODERADA

Detecção do

problema após o

processamento

Detecção do modo de falha após o

processamento por controles

automáticos que irão detectar peças

discrepantes e bloquear peças para

favorecer processamento

preventivo

4 MODERADAMENTE

ALTA

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62

Detecção do

problema na fonte

Detecção do modo de falha no

posto de trabalho por controles

automáticos que irão detectar peças

discrepantes e automaticamente

bloquear peças no posto para

favorecer processamento

preventivo

3 ALTA

Detecção de erros

e/ou prevenção de

problemas

Detecção de erro (causa) no posto

de trabalho por controles

automáticos que irão detectar erros

e prevenir peças discrepantes de

serem feitas

2 MUITO ALTA

Detecção não

aplicável;

prevenção de

falhas

Prevenção de Erro (causa) como

resultado do projeto do dispositivo,

máquinas ou peças. Peças

discrepantes não podem ser feitas

porque o item está sendo feito num

dispositivo a prova de erro

projetado para o processo/ produto.

1 QUASE

CERTAMENTE

Risco (multiplicação dos três critérios anteriores)

Tabela 7: FMEA - Notas e critérios definidos para avaliar o Risco

RPN Risco

0 até 120

Menor: nenhuma ação será tomada (ou

tomada a longo prazo com a ótica de

melhoria contínua)

121 até 250 Moderado: ação deve ser tomada - médio

prazo

250 até 520

Alto: ação deve ser tomada, validação

seletiva e avaliação detalhada devem ser

realizadas - curto prazo

521 até 1000

Crítico: Ação deve ser tomada, mudanças

abrangentes são necessárias. Talvez a

produção deva ser interrompida

A partir destes critérios, foi construída a tabela FMEA a seguir:

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63

Tabela 8: Análise FMEA para máquina de Reciclagem

ITEM/NOME/FUNÇÃO

DO PROJETO/

PROCESSO

MODO DE FALHA

POTENCIAL

EFEITO (S) DA

FALHA EM

POTENCIAL

SEV

ERID

AD

E

CAUSA (S)

POTENCIAL DA

FALHA

OC

OR

RÊN

CIA

CONTROLE ATUAL DE

PREVENÇÃO

CONTROLE

ATUAL DE

DETECÇÃO

DET

ECÇ

ÃO

RIS

CO

(R

PN

)

AÇÃO PREVENTIVA

RECOMENDADA

Configuração da Máquina (temperatura e tempo de

ciclo)

Configuração de temperatura e tempo de

ciclos errada

Não destila o suficiente, solvente

sem destilar

2 Mudou o solvente e

não mudou a

configuração

6 Teste, startup in loco Não há como detectar (10%

dos casos)

6 72 Formas de limitar a

configuração pelo operador

(difícil por ser analógico)

Resíduo ir sujo junto

com o solvente

destilado, danificar e entupir o equipamento

4 Operador muda a configuração de

temperatura e tempo

4 Teste, startup in loco Não há como detectar (90%

dos casos)

6 96 Possibilidade de verificar

qual a configuração

colocada pelo operador

Carbonizar e grudar o

resíduo 6 2 6 72

Formas de alterar a

configuração remotamente (difícil por ser analógico)

Tampa da máquina

Abertura da máquina

durante operação

Perda de solvente

evaporado 6

Esquecimento do

operador 2

6 sensores de temperatura e atua

como segurança e operação 6 72

Trava pneumática, muito

cara - não conseguir abrir a

tampa, só abrir quando temperatura está abaixo do

que x

Iniciar operação da

máquina com tampa

aberta

Operador aspira solvente

6 Esquecimento do

operador 2 6 72

OBS.: Não pode ter coisas elétricas a não ser no

painel, longe do vapor.

Perto do vapor só coisas pneumáticas

Abrir a tampa quando

conteúdo está quente

Vedação não aguenta temperatura, dilata e

não volta ao original

6 Esquecimento do

operador 4 Mais frequente 6 144

Sensor ótico (laser) à

distância para ver se tampa

está aberta ou fechada em determinado instante

Resíduo Contaminante

Acúmulo de resíduo

contaminante na máquina

Máquina entope 6

Operador não faz a

limpeza com frequência necessária

2 Recomendação, instrução

Em quatro

ciclos já não dá para operar

mais sem

limpeza, e o operador avisa

6 72

Medir o volume de

destilado na saída da

máquina - regra de três para saber quanto de

resíduo tem dentro da

máquina (Boia de nível no tambor de saída ou sensor

de fluxo)

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64

Partes mecânicas

lubrificadas Desgaste mecânico

Quebra de partes

mecânicas 1

Nível de lubrificante

abaixo do necessário 1

Mudança de propriedade do

óleo (relacionado a horas de utilização)

6 6

Pensar em formas

alternativas de dar a informação do horímetro

Óleo térmico dentro da máquina, resistência

imersa dentro do óleo nas

paredes da máquina

Óleo dilata com a temperatura e tem

pulmão, além de visor

de nível

Não destila bem, resta solvente não destilado

por não atingir

temperatura correta

2 Operador não troca o

óleo 6

Troca de óleo programada a

partir de horímetro (4000 horas)

90% das ocorrências, o

operador tem

que detectar

6 72

Hoje horímetro é similar a hodômetro analógico, tem

que ligar para perguntar

quanto estava o horímetro

Temperatura do óleo ligeiramente maior do que

o conteúdo

Vazamento de óleo 4

Operador trabalha com temperatura

maior do que o

especificado, (sobretemperatura) e

óleo expande mais do

que deveria, ou vedação da

resistência desgasta

4 Troca de vedação, limpeza 6 96 Pensar em formas de

acessar a informação do

nível de óleo

Componente mecânico

Ligar máquina

enquanto temperatura está alta

Estragar a guarnição 6 1

Operador não consegue acionar o descarregamento da máquina

antes do término ciclo de resfriamento

6 36

Sensores eletrônicos e

atuadores principais Vibração/Corrosão Leitura errada 6

Fim da vida útil do componente

eletrônico

1

Máquina não

funciona,

detecção de longe

6 36

Alarme Falso positivo do

sensor sonoro

Irrita o cliente (alarme

sonoro que não para

de tocar)

4

Sensores de mal

especificados para a

máquina

1 6 24

Seria interessante saber

quando um alarme foi

acionado

Vácuo Falta de vácuo dentro

da máquina

Pressão atmosférica -

aumenta temperatura,

depois vácuo volta e pode danificar a

máquina

2

Corta a força no compressor e não

tem ar para fazer o

vácuo.

2

Vacuômetro analógico com

visor para operador, acionamento automático

6 24

Verificar formas de

verificar o nível de vácuo dentro da máquina

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65

De maneira geral, todas as falhas são difíceis de detectar (e de fato, a Rochmam apenas

fica ciente do problema quando ele já é irreversível ou quando o cliente já está muito insatisfeito

com o funcionamento da máquina). Assim, como o IoT é baseado no controle e monitoramento

remoto de diferentes variáveis da máquina, ele tem o potencial de reduzir drasticamente esse

problema e poder detectar anteriormente as falhas que acontecem nas máquinas de seus clientes.

Com isso, é possível reduzir consideravelmente os custos de manutenção corretiva e diminuir

também as reclamações de seus usuários (aumentando o nível de serviço).

Alguns exemplos de como o dispositivo de IoT pode atuar nos fatores identificados pelo

FMEA:

Tabela 9: Possíveis soluções para modos de falha utilizando IoT

Modos de Falha Soluções de IoT Resultado esperado

Configuração da Máquina

(temperatura e tempo de ciclo)

Conexão de n-posições de

seletores para medição de

temperatura e tempo de ciclo Saber os parâmetros atuais e

poder modificá-los remotamente

Conexão de um display em que

o usuário pode controlar

Abertura da tampa antes do

processo de reciclagem terminar

Conexão de um atuador

pneumático com sensor

externo

Habilitar o travamento da tampa Conexão de atuador

pneumático com sensor interno

Conexão de uma trava elétrica

Sensores infravermelho Saber se a máquina está aberta ou

fechada em determinado momento

Acúmulo de resíduos dentro da

máquina Sensores de fluxo e nível

Saber a quantidade de resíduo na

máquina antes e após a reciclagem

Óleo não gera calor suficiente

para a reciclagem

Sensores de nível de óleo e

temperatura

Saber o volume de óleo na

máquina e temperatura

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66

Como o número de sensores afeta diretamente os custos da solução de IoT, o risco total

calculado com a análise FMEA (penúltima coluna à direita), foi utilizado como fator de

priorização para as especificações técnicas. Assim, foi possível identificar as oportunidades

mais críticas para o negócio da Rochmam acessando-o através da criação do mecanismo de IoT.

A seguir, apresentamos com ajuda do configurador de PSS e da análise FMEA, uma

avaliação econômica da implementação do PSS.

5.3 Avaliação Econômica da Implementação do PSS

Este capítulo tem o objetivo de avaliar a viabilidade econômica de se implementar o

PSS. Neste sentido, usaremos como referência o estudo de Arnold Tukker (Eight Types of

Product-Service System: Eight Ways to Sustainability? Experiences from Suspronet, 2004) no

qual é proposta uma metodologia para avaliar a geração de valores criados por um PSS em

comparação aos eventuais custos adicionais gerados ao fornecedor.

Para definir o sucesso econômico da realização de um novo negócio, é necessário

entender o seu potencial de criar e capturar novos valores comparados com os seus custos

adicionais. Para isso, usaremos o conceito de EVA (Valor Econômico Acrescentado) em que

Tukker resume em quatro itens principais na aplicação ao PSS:

I. Valor de mercado do PSS (tangível e/ou intangível);

II. Habilidade de criar e capturar valor (no presente e futuro);

III. Custos de Produção do PSS e;

IV. Investimento necessário para a implementação do PSS.

Assim, podemos determinar o valor econômico gerado através da soma dos itens I e II

e subtraindo o valor de III. O item IV não se encaixa em nosso caso, porque o projeto foi

financiado pela FAPESP. Para cada ponto acima, realizaremos um maior detalhamento sobre o

que ele representa e como ele pode ser mensurado.

I. Valor de Mercado do PSS (tangível e/ou intangível)

O valor de mercado do PSS é tudo aquilo percebido como valor pelo cliente, seja ele

físico (tangível) ou não (intangível). Os elementos tangíveis são tais como economia de matéria-

prima, energia, trabalho humano, etc.; já os intangíveis são segurança, experiências de bem-

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67

estar, realização pessoal, percepção de contribuir com o meio-ambiente, entre outros

(VEZZOLI et al., 2014).

Estes são os elementos em que o cliente perceberá como um valor adicional ao PSS e

assim estará mais disposto a adquiri-lo. Da mesma maneira, o fornecedor do PSS identificará

os mesmos elementos e poderá cobrar um extra sobre eles. No caso da Rolls Royce dado

anteriormente (Power-by-the-hour), por exemplo, o PSS instalado permite o monitoramento

das condições das turbinas do avião e prevê manutenções antecipadas, fazendo com que o

cliente não tenha que se preocupar com eventuais quebras ou custos adicionais de reparo.

No caso estudado, podemos lembrar que com o mecanismo de monitoramento, o

fornecedor (ROCHMAM) terá a possibilidade de prestar um serviço de manutenção à distância,

uma vez que poderá saber qual é o estado atual da máquina (como foi configurada ou a

composição da resina colocada para ser destilada).

A tabela a seguir exemplifica as maneiras em que o PSS desenvolvido agregaria valor

ao cliente e poderia ser explorado no momento da cobrança do serviço prestado ou produto

vendido:

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68

Tabela 10: Possíveis valores agregados aos clientes da ROCHMAM após a implementação do PSS

Valor Agregado ao

Cliente

Tipo de

Valor Descrição

Manutenção Preventiva à

Distância feita pelo fornecedor

Tangível

(manutenção)

Detecção antecipada de fatores que podem levar à falha

da máquina (ex.: configuração errada, parâmetros fora

do normal).

Manutenção Corretiva à

Distância feita pelo fornecedor

Tangível

(manutenção)

Detecção rápida do ponto de falha e menor tempo para

encaminhar solução, evitando agravamento do

problema.

Programação para diferentes

quantidades de resina

Tangível

(customização)

Possibilidade de destilação de qualquer quantidade de

resina, aumentando a flexibilidade de utilização da

máquina.

Programação para diferentes

tipos (composição química) de

resina

Tangível

(customização)

Possibilidade de destilação de outros tipos de resinas ou

líquido (desde que a máquina seja capaz de realizá-la),

aumentando a utilidade da máquina.

Menor uso de recursos para o

treinamento de uso da máquina

Tangível

(otimização de

recursos)

Necessidade baixa de treinar excessivamente um

operador da máquina, uma vez que ele poderá utilizar

uma ajuda à distância mais eficiente.

Informações sobre o uso da

máquina

Tangível

(informação)

O monitoramento da máquina poderá fornecer ao

consumidor informações (relatórios) sobre como está

sendo feito o uso da máquina (quanto, quando foi

usada).

Segurança na realização da

operação

Intangível

(aversão ao

risco)

A sensação de risco do cliente diminui, uma vez que a

máquina é monitorada pelo fornecedor.

Maior parceria entre cliente e

fornecedor (joint ventures)

Intangível (co-

criação)

Possibilidade de um maior trabalho conjunto entre

cliente e fornecedor (criação de novas soluções para

futuras necessidades)

Sensação de utilizar um produto

único

Intangível

(realização

pessoal)

Utilização de um produto único no mercado de alta

tecnologia

Produto "amigo do meio

ambiente"

Intangível

(responsabilidade

social)

Além do produto já ter um apelo ambiental por sua

funcionalidade, ele ganhará maior força ainda uma vez

que haverá um menor gasto de recursos para

manutenção.

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69

II. Habilidade de criar e capturar valor (no presente e futuro)

A habilidade de criar e capturar valor são definidos por Tukker como a capacidade do

fornecedor de entender o novo ambiente em que está inserido e a partir disso gerar valor em

seu negócio, não necessariamente gerando valor ao cliente. Tukker define três principais pontos

para isso:

1. Posicionamento estratégico na sua cadeia de valor;

2. Baixas barreiras para acessar ao serviço prestado e contribuição para fidelização do

cliente e;

3. Contribuição para contínua e rápida inovação.

A seguir, para cada tópico, estudaremos onde a ROCHMAM poderá capturar valor. No

fim de cada elemento, uma tabela será apresentada, resumindo as descobertas encontradas.

1. Posicionamento estratégico na sua cadeia de valor

Usaremos neste tópico a definição de cadeia de valor dada por Michael Porter em sua

obra “Competitive Advantage: Creating and Sustaining Superior Performance” (1985):

“Uma cadeia de valor representa o conjunto de atividades desempenhadas por uma

organização desde as relações com os fornecedores e ciclos de produção e de venda até à fase

da distribuição final”.

Figura 11: Modelo de Cadeia de Valor proposto por Michael Porter. Fonte: Competitive Advantage, PORTER, M.

1988

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70

A figura acima mostra as áreas mais comuns de uma cadeia de valor. A ideia agora é

definir em quais delas a implementação de um PSS pode gerar valor ao negócio. No caso da

Michelin (pay-per-kilometer), o PSS implantado permitiu não só uma nova forma de cobrança

eficiente de seus pneus, mas também garantiu que ela pudesse retirar os pneus na hora correta

de seu ciclo de vida para poder recauchutá-los corretamente, aprimorando o processo de

logística reversa.

No caso da ROCHMAM, podemos esperar os principais valores adicionados no fim da

cadeia, que também poderão impactar em melhoras em seu início.

Com a implantação do PSS, haverá a possibilidade de realizar cobranças mais eficientes

de seus clientes, de acordo com a necessidade que eles têm ou com o tipo de risco que estão

dispostos a correr com a obtenção do produto-serviço.

Por exemplo, atualmente no modelo de aluguel é cobrada uma taxa fixa mensal do

cliente, de acordo com um volume e um tipo de resina destilada, determinados antes de firmar

o contrato. Com o PSS instalado, é possível cobrar esse valor fixo mais um fator por volume

adicional utilizado (pay per service unit), um mix entre dois modelos propostos por Tukker:

PSS orientado ao uso (cobrança pelo aluguel) e ao resultado (cobrança pela unidade adicional

utilizada).

No setor de serviços, haverá uma diminuição na quantidade de visitas ao cliente para

realizar manutenção ou configuração de parâmetros na máquina, uma vez que eles poderão ser

feitos à distância. O fornecedor ganhará com a redução de custos para movimentação de

recursos humanos.

A manutenção à distância também colaborará para aumentar o nível de serviço prestado

ao cliente, uma vez que o fornecedor poderá se antecipar caso alguma peça esteja na iminência

de apresentar defeito, dando maior tempo para realizar sua reposição. O mesmo pode ser

aplicado à tecnologia: caso algum tipo de destilação não esteja sendo eficiente, o

monitoramento poderá garantir que o caso seja analisado mais rapidamente. Tudo isso colabora

para que o fornecedor tenha mais informações de como utilizará seus recursos (humanos ou

não) no futuro e possa se preparar para essa demanda.

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71

A ROCHMAM também terá maior poder de barganha (marketing), uma vez que seu

produto possui características únicas nesse tipo de mercado. Nesse caso, ela conseguirá ter um

maior apelo de propaganda, como “amiga do meio ambiente” ou “adaptada às necessidades do

cliente”.

Outro fator potencial para a empresa é a possibilidade de vender serviços adicionais. A

ROCHMAM, tendo a capacidade de monitorar a máquina, conseguirá manter dados sobre a sua

utilização e assim manter um banco de informações sobre ela. Tais informações podem ser

compiladas para gerar relatórios diários, semanais, mensais, por uso, etc. que poderão ser

enviados ao cliente com indicadores que possam lhes ser úteis. Por exemplo, nos dias atuais em

que a preocupação ambiental é cada vez maior, o relatório poderia conter a quantidade de água

que foi deixada de ser poluída ao usarem a máquina. Outros serviços adicionais poderão

aparecer de acordo com a necessidade dos clientes e um melhor entendimento do PSS aplicado

a esse negócio.

A tabela a seguir resume os valores adicionais à sua cadeia de valor que a ROCHMAM

pode encontrar com a implantação do PSS:

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72

Tabela 11: Valores Adicionados à Cadeia de Valor da ROCHMAM com a implantação do PSS

Valor Adicionado Posição na

Cadeia de Valor Descrição

Melhoramento do Modelo de

Cobrança Marketing & Vendas

Passagem de um modelo fixo de cobrança para um

modelo fixo + variável (pay per unit use)

Redução do número de visitas ao

cliente para suporte à máquina Serviço ao Cliente

Manutenção e programação da máquina feita à

distância

Maior visualização das

necessidades de peças de

reposição

Serviço ao Cliente,

Compras e Logística

Identificação de elementos a serem repostos com

maior antecedência através do monitoramento à

distância

Maior visualização de novas

demandas tecnológicas

Serviço ao Cliente,

Tecnologia

Identificação de novas soluções tecnológicas

através do monitoramento à distância

Poder de barganha em marketing Marketing & Vendas

Vender os serviços da empresa com um selo de

"amiga do meio ambiente" e "adaptada às

necessidades do cliente"

Serviços Adicionais Serviço ao Cliente

Venda de relatórios sobre o uso da máquina,

contendo informações relevantes ao cliente (como

volume de água não poluído)

Possíveis serviços adicionais de acordo com

necessidades específicas dos clientes

2. Baixas barreiras para acessar ao serviço prestado e contribuição para

fidelização do cliente

Tukker define este ponto como a facilidade em que o cliente consegue se comunicar

com o fornecedor e com isso, aprimorar a relação entre os dois. Quando um PSS é

implementado, especialmente quando o modelo é voltado para resultados ou para o uso, o

fornecedor deixa de vender o produto e passa a vender o serviço. Desse modo, o sucesso da

venda está diretamente vinculado com a qualidade do serviço, que está ligado à disponibilidade

de seu uso.

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73

O cliente então precisa do suporte do fornecedor, uma vez que ele monitora o serviço

prestado. É essa comunicação que precisa ser gerenciada, de uma maneira em que não haja

ruídos de comunicação (como uma demora em ser atendido), evitando assim um impedimento

do uso do serviço. No caso da ROCHMAM, essa comunicação é essencial quando o cliente

necessita de um suporte técnico para configurar a máquina.

Tendo as condições essenciais satisfeitas e um bom nível de serviço oferecido, esse tipo

de interação entre as partes gera uma maior fidelidade do cliente, uma vez que ele não é apenas

um comprador do produto, mas também interage pessoalmente com o fornecedor.

No mercado em que a ROCHMAM está inserida, não existe um concorrente direto que

realize um modelo de aluguel ou que possua uma proposta de PSS, entretanto é importante que

a empresa crie barreiras que impeçam que futuros entrantes ganhem a sua parte do mercado.

Em outras palavras, a ROCHMAM obriga as empresas que forneçam “a solução de despejar

resina de uma maneira ambientalmente correta” a investir mais se quiserem entrar neste

negócio.

Além disso, a fidelização do cliente (e consequentemente a garantia de sua satisfação)

aumenta as chances dos clientes existentes recomendarem a ROCHMAM para outros possíveis

consumidores (REICHHELD, 2003).

Tabela 12: Valor capturado ao fidelizar um cliente

Diminuição das barreiras

para acessar ao serviço Consequência Valor Capturado

Disponibilidade do uso do serviço

(i.e.: fácil comunicação entre

ROCHMAM e cliente)

Maior satisfação e

fidelização do cliente

Maiores barreiras para um cliente ser

"roubado"

Aumento da propaganda positiva pelo

usuário e consequente aumento do número

de clientes

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74

3. Contribuição para contínua e rápida inovação

O último item tratado por Tukker é novamente relacionado com a comunicação das duas

partes envolvidas. Diminuindo as barreiras de comunicação e acessando com maior facilidade

as necessidades dos clientes, o processo de inovação e aprimoramento do serviço oferecido é

mais eficiente, uma vez que ambos estão alinhados com a atual situação do cliente. Deste modo,

novas soluções são desenvolvidas de maneira mais contínua e ágil.

No caso da ROCHMAM, a tecnologia oferecida com o PSS garante que ela tenha os

dados necessários para desenvolver e propor novas soluções a partir de dados coletados

anteriormente pelo sistema de monitoramento da máquina. Desse modo, por exemplo, se um

cliente altera a periodicidade e o volume de resina a ser destilada a ROCHMAM pode oferecer

rapidamente soluções mais interessantes para ambas às partes, uma vez que ela possui os atuais

dados de como a máquina está sendo utilizada.

Novamente, a melhoria contínua dos processos e da tecnologia oferecida faz com que a

ROCHMAM crie barreiras maiores de entrada em seu mercado, seja para futuros concorrentes

que pretendam entrar neste negócio ou para atuais concorrentes que tentam ganhar a parte do

mercado da ROCHMAM.

Tabela 13: Valores capturados com a constante Inovação

Suporte à Inovação Consequência Valor Capturado

Monitoramento e armazenamento

de dados sobre o uso da máquina

Entendimento da atual

situação do cliente

Maiores barreiras para um cliente ser

"roubado"

Possibilidade de desenvolvimento de

soluções (tecnológicas ou de processo)

específicas para o cliente

III. Custos de Produção do PSS

Tukker define os Custos de produção do PSS em duas categorias:

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75

1. Custos tangíveis tradicionais (recursos humanos, tempo, custo de capital, etc.) e;

2. Riscos e incertezas.

Da mesma maneira como foi feita nos tópicos I e II, iremos passar por essas duas

categorias, introduzindo o seu conceito e aplicando ao contexto da ROCHMAM.

1. Custos tangíveis tradicionais

Os custos tangíveis tradicionais adicionados à implementação de um PSS são aqueles

em que o antigo modelo de negócio não possuía, mas agora com o modelo de produto-serviço

abrange. Normalmente, em PSS tradicionais, são atividades que eram realizadas pelo cliente,

mas que agora devem ser realizadas pelo fornecedor.

O exemplo clássico neste sentido é a manutenção do produto. No caso do filtro de água

da Brastemp, o modelo antigo de vendas de filtro de água compreendia a venda do equipamento

com uma determinada garantia de funcionamento (mas não havia cobrimento de sua

manutenção). Com o modelo de PSS, a Brastemp realiza a sua manutenção periódica, atividade

incluída no preço de utilização do serviço ofertado de “filtrar a água”.

No caso da ROCHMAM, então, devemos identificar as possíveis atividades que ela virá

a realizar a partir do momento em que vender o PSS e que não realizava anteriormente.

Como já apresentado nos itens precedentes, a manutenção à distância será realizada pela

ROCHMAM. Isso demandará que seus funcionários (recursos humanos) estejam aptos a

resolver os possíveis problemas de seus clientes (manutenção corretiva) e também deverão

reservar uma determinada quantidade diária de seu tempo de seu dia para trata-la (manutenção

preventiva). Por outro lado, a manutenção corretiva já era realizada anteriormente, mas de uma

maneira diferente. Portanto o único custo real adicional será em relação à manutenção

preventiva.

O PSS aplicado à ROCHMAM exige que ela possua uma ferramenta virtual que consiga

exibir o monitoramento feito em cada máquina que apresente este recurso. Haverá então um

custo de manutenção de uma ferramenta com tais características, inclusive que possa armazenar

uma determinada quantidade de dados (para mostrar um histórico de utilização).

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Como descrito nos possíveis valores adicionais que o PSS pode agregar, os serviços

adicionais também gerarão um custo extra à empresa. Enviar relatórios periódicos para o cliente

mostrando as características de uso da máquina irá gerar custos relacionados à mão-de-obra,

como formatação do relatório e envio por e-mail.

Por fim, acrescentam-se os custos que a ROCHMAM terá com a manutenção do

mecanismo de IoT criado pela DEV Tecnologia. Ela deverá alocar pessoas para realizar a gestão

do contato com a DEV para garantir que o mecanismo esteja funcionando dentro das

especificações, além de eventuais requisições de mudança de software ou exibição de dados

coletados.

A tabela a seguir resume os diversos custos adicionais que a ROCHMAM deverá possuir

ao implementar o modelo de PSS:

Tabela 14: Custos adicionais da ROCHMAM ao implementar o PSS

Custo Adicional Posição na

Cadeia de Valor Descrição

Manutenção Preventiva Serviços

A manutenção preventiva gerará demandas diárias de

controle dos status das máquinas que tiverem o PSS.

Recursos: Pessoas, Tempo

Ferramenta virtual de

exibição do status de

cada máquina

Tecnologia

O controle feito pelo mecanismo de IoT deverá ser traduzido

para uma ferramenta online em que a ROCHMAM poderá

ler os resultados do monitoramento

Banco de dados com o

histórico dos registros

das máquinas

Tecnologia

A manutenção de um banco de dados com os registros de

cada máquina será necessária para a realização de análises e

entrega de serviços para o cliente

Gestão DEV -

ROCHMAM

Operações, Serviços,

Tecnologia,

Compras

A ROCHMAM não detém o conhecimento necessário para

realizar alterações e reparos no mecanismo de PSS. Para

isso, uma pessoa deverá ser responsável pela comunicação

com a DEV

Serviços Adicionais Serviços,

Tecnologia

Os serviços adicionais oferecidos para os clientes exigirão

recursos humanos para geri-los. A entrega de relatórios, por

exemplo, necessitará de uma pessoa para compilá-lo e enviá-

lo

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2. Riscos e incertezas

Os riscos e incertezas definidos por Tukker são específicos para tipos de PSS orientados

para o resultado, nos quais prometem determinada produtividade da máquina.

No caso da ROCHMAM, o risco estaria envolvido caso a máquina não funcionasse

corretamente. Entretanto, isso já era previsto no modelo de negócio anterior (apenas o aluguel),

logo não vamos considera-lo como um custo adicional do PSS.

IV. Investimento necessário para a implementação do PSS

Em nosso caso, a implementação do PSS foi financiada pela FAPESP

5.4 Dispositivo de IoT

Neste capítulo daremos ênfase ao dispositivo em si de IoT.

5.4.1 Estrutura

O Dispositivo de IoT contará com uma arquitetura baseada nos seguintes elementos:

Hardware & Firmware

o Sensores

o Atuadores

o Comunicações

o Micro controladores

Middleware

o Cloud server

o MQTT protocol

o Banco de dados em séries de tempo

Application Software

o Web services (acesso através de um navegador)

o Dashboard

Remote Access

o Computador

o Tablet

o Smartphone

Por motivos de sigilo, apenas parte do design do dispositivo foi posto neste relatório,

apresentado a seguir:

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Figura 12: Representação esquemática de parte da solução de IoT

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79

5.4.2 Procedimento para o Teste Experimental

Após o desenvolvimento da estrutura do dispositivo de IoT, é necessário que os testes

sejam feitos para validar o seu funcionamento correto. Para estruturar o teste experimental, foi

utilizado o procedimento proposto por C.F. Jeff Wu e Michael Hamada, 2000, na obra

“Experiments: Planning, Analysis and Parameter Design Optimization”. Os autores sugerem

um guia de sete passos para compor um experimento: 1) formalização do objetivo, 2) escolha

do tipo de resposta, 3) escolha de fatores e níveis, 4) escolha do plano experimental, 5)

realização do experimento, 6) análise dos dados e 7) formalização de conclusões e

recomendações.

1) Formalização do Objetivo: o objetivo é definido como o objetivo final do

experimento. No nosso caso, ele é a validação do correto funcionamento do dispositivo

2) Escolha do tipo de Resposta: a resposta é definida como o tipo de resultado que

daremos para o experimento. Ele pode ser composto de várias respostas menores que irão

compor a resposta final do experimento. Em nosso experimento, a resposta é do tipo binária

(funciona corretamente ou não funciona corretamente) e a resposta final é o conjunto de

respostas que teremos de cada componente do dispositivo.

3) Escolha de fatores e níveis: os fatores são quais as variáveis durante o

experimento que se quer monitorar e níveis são os tipos de respostas dos fatores. Como

previamente, no item 2), já havíamos definido que as respostas seriam do tipo binária, não há

necessidade de se estudar os níveis.

Para a identificação dos fatores, os autores recomendam a utilização de um diagrama de

fluxo. Para o nosso caso, é necessário realizar mais de um cenário, uma vez que precisamos

considerar momentos em que a máquina de reciclagem apresenta ou não falhas (humanas ou

mecânicas). Além disso, num último momento, é preciso testar também testar a interface

(Application Software) entre o usuário remoto e o dispositivo:

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Cenário 1: Operador da máquina realiza todas as operações e máquina opera normalmente

Figura 13: Diagrama de fluxo para o Cenário 1 para determinar parâmetros do experimento. Fonte: Elaborado pelo

autor

Cenário 2: Usuário remoto realiza intervenção nos parâmetros da máquina

Figura 14: Diagrama de fluxo para o Cenário 2 para determinar parâmetros do experimento. Fonte: Elaborado pelo

autor

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81

Cenário 3: Máquina possui sobretemperatura e alarme do dispositivo é ativado

Figura 15: Diagrama de fluxo para o Cenário 3 para determinar parâmetros do experimento. Fonte: Elaborado pelo

autor

Cenário 4: Operador realiza intervenção manual para parada de emergência da operação de

reciclagem

Figura 16: Diagrama de fluxo para o Cenário 4 para determinar parâmetros do experimento. Fonte: Elaborado pelo

autor

Application Software: A interface entre o usuário remoto e a máquina deve conter as seguintes

características:

Gráficos com cada medida do dispositivo por minuto

Valores dos atuais ajustes de configuração da máquina

Número total de ciclos e operações-hora por período

Registro histórico com timestamps de quando o operador inseriu valores e manuseou a

máquina (ativações, desligamentos)

Registro histórico com timestamps de quando os alarmes foram acionados

Relatórios de economia por período (ex: cálculo de quanto solvente foi recuperado por

período, em volume e em valor)

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4) Escolha do plano experimental: os autores definem plano experimental como a

maneira que o experimento será conduzido. Uma das maneiras de realizá-lo é alterando as

variáveis experimentais e checar se os fatores ainda permanecem satisfatórios. No nosso caso,

a principal variável é o solvente que alterará consequentemente a temperatura e o tempo de

ciclo. Desse modo, pode-se validar a funcionalidade do dispositivo replicando o experimento

para diferentes tipos de solventes e verificando se os fatores são considerados satisfatórios em

todos os diferentes cenários.

5) Realização do Experimento: Durante a realização do experimento, os autores

recomendam utilizar uma “matriz de planejamento”. Essa matriz é basicamente um checklist

dos fatores apresentados no item 3. No nosso caso, foi utilizada a matriz a seguir.

Cenário 1

Evento na máquina Fator a ser testado Resultado Satisfatório

(Sim/Não)

Ligamento da Máquina

Ligamento do dispositivo e inserção

do dado no Middleware

Conexão entre Hardware e

Middleware

Conexão entre Middleware e

Application Software

Inserção da Resina

Medição do volume de resina

inserido e inserção do dado no

Middleware

Estabelecimento dos

Parâmetros

Leituras da temperatura, tempo e

número de ciclos inseridos pelo

operador e inserção dos dados no

Middleware

Inicialização do ciclo de

reciclagem

Leitura do início do ciclo e inserção

do dado no Middleware

Leitura de cada sensor do dispositivo

por minuto e inserção dos dados no

Middleware

Verificação do fechamento correto

da tampa da máquina

Término do ciclo de

reciclagem

Leitura correta do término do ciclo e

inserção do dado no Middleware

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Medição do volume de resina

restante e inserção do dado no

Middleware

Desligamento da máquina Leitura do desligamento da máquina

e inserção do dado no Middleware

Cenário 2

Evento na máquina Intervenção Fator a ser testado

Resultado

Satisfatório

(Sim/Não)

Estabelecimento dos

Parâmetros Intervenção remota

pela escolha dos

parâmetros através do

Application Software

Leituras da temperatura, tempo e

número de ciclos inseridos pelo

usuário e inserção do dado no

Middleware

Inicialização do ciclo

de reciclagem

Cenário 3

Evento na máquina Intervenção Fator a ser testado

Resultado

Satisfatório

(Sim/Não)

Inicialização do ciclo

de reciclagem Sobretemperatura

causada por erro na

máquina

Alarme de sobretemperatura é

acionado

Término do ciclo de

reciclagem

Inserção do evento "Alarme" no

Middleware

Cenário 4

Evento na máquina Intervenção Fator a ser testado

Resultado

Satisfatório

(Sim/Não)

Inicialização do ciclo

de reciclagem Intervenção Manual -

Parada de Emergência

Inserção do evento "Parada de

Emergência" no Middleware

Término do ciclo de

reciclagem

6) Análise dos Dados: A Análise de dados é uma avaliação de quão apropriado foi

o experimento, desenhando um paralelo entre as suposições iniciais e o experimento realizado.

Além disso, ele verifica se todos os fatores levantados puderam ser avaliados durante o

experimento.

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7) Formalização de conclusões e recomendações: Após a validação do

experimento realizada na análise de dados, é possível formalizar conclusões e recomendações

sobre os seus resultados. Elas precisam estar conectadas com os objetivos do experimento

formalizados no item 1). No nosso caso, a conclusão é a validação ou não da funcionalidade do

dispositivo e a recomendação os próximos passos a seguir de acordo com a conclusão tomada.

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85

6. RESUMO DE RESULTADOS DO TESTE EXPERIMENTAL

Após a construção do dispositivo de IoT, o painel da máquina foi montado e pode ser

visto no Anexo B.

Para realização do Dashboard, foi utilizado uma plataforma opensource chamada

Grafana, que permite a construção rápida de painéis de controle gráficos, porém é genérico e

de aplicação limitada. Os dados que estão atrelados ao Dashboard provêm do banco de dados

(série temporal) Influx DB, plataforma em que bancos de dados são armazenados na nuvem e

podem ser acessados através do Grafana.

Este capítulo foi dividido em três partes: I) Explicação dos elementos do Dashboard,

em que serão explicados os campos presentes no Grafana; II) Resultados do teste experimental,

em que serão mostrados os resultados do teste baseados no procedimento descrito no capítulo

anterior e III) Avaliação dos Resultados, em que os resultados serão comentados, juntamente

com seus pontos fortes e fracos, além de uma proposição de próximos passos.

No teste realizado, foi feito uma simulação do cenário 1 (com variações de cenários 2 e

3) apresentado no item 5.4.2. A imagem a seguir é o Dashboard geral do teste realizado:

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Figura 17: Dashboard do teste realizado. Fonte: Grafana

Entretanto antes de irmos diretamente para os resultados dos testes, explicaremos os

campos contidos no Dashboard.

6.1 Explicação do Dashboard

Figura 18: Leituras de temperatura e estado da máquina. Fonte: Grafana

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Na figura 18, à esquerda, temos os campos em que são apresentadas as últimas

temperaturas registradas pelo dispositivo de IoT. Cada temperatura refere-se a um determinado

elemento da máquina:

Temperatura 1: temperatura do topo da caldeira

Temperatura 2: temperatura de resistência

Temperatura 3: temperatura de saída do solvente

O campo Estado (à direita) descreve o estado atual do processo em que a máquina se

encontra, havendo oito possíveis variações:

Tabela 15: Descrições por tipo de Estado da máquina no Dashboard. Fonte: Elaborado pelo autor

Estado Descrição

0 Máquina Parada

1 Máquina Carregando

2 Aquecendo - Temperatura 1

3 Aquecendo - Temperatura 2

4 Resfriando

5 Sem Nível

6 Kit Nitro em funcionamento

7 Kit Nitro Desarmado

Figura 19: Status de temperatura, abertura de tampa e nível de tanque. Fonte: Grafana

Na figura 19, temos os campos relacionados aos status das variáveis temperatura (parte

superior da figura), de abertura de tampa (inferior direito) e nível do tanque (inferior esquerdo).

Para temperatura, temos dois tipos de status:

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Tabela 16: Tipos de status do campo temperatura. Fonte: Elaborado pelo autor

Status Descrição

0 Normal

1 Sobretemperatura

O status normal representa uma temperatura abaixo do nível esperado e

sobretemperatura, acima do nível esperado.

Para o status de abertura de tampa, temos dois possíveis status:

Tabela 17: Tipos de status do campo de Tampa. Fonte: Elaborado pelo autor

Status Descrição

0 Aberto

1 Fechado

E o mesmo acontece para o nível de tanque:

Tabela 18: Tipos de status do campo de Nível. Fonte: Elaborado pelo autor

Status Descrição

0 Abaixo do Nível

1 Nível Atingido

Abaixo do nível significa que a medição feita está abaixo de um nível esperado,

enquanto que o nível atingido indica que ele foi atingido.

Para temperatura e nível de tanque, as medidas são relativas a determinados parâmetros

determinados anteriormente pelo usuário.

Figura 20: Gráficos de Temperaturas e Estados. Fonte: Grafana

O gráfico de temperatura (à esquerda) mostra medições de temperaturas com intervalos

10 segundos, enquanto que o gráfico de estado (à direita) tem intervalos de um minuto.

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Figura 21: Gráfico de Nível. Fonte: Grafana

O gráfico de nível mostra medições de nível do líquido na máquina com intervalos de

10 segundos.

Figura 22: Valores esperados de variáveis e entrada de dados para suas definições. Fonte: Grafana

A figura 22 mostra a parte do painel onde os dados são inseridos para determinar

temperaturas máximas, tempo de aquecimento e tempo de resfriamento, além de deixá-los

disponíveis para visualização. Para o teste realizado, estas funcionalidades foram

implementadas, mas devido a um problema técnico estes valores de controle não aparecem em

um estado passado, isto é, eles apenas mostram os números atuais da máquina.

6.2 Resultados do Teste Experimental

O primeiro teste experimental foi realizado no dia 30 de outubro de 2015. O líquido

utilizado foi água, uma vez que não havia uma boia de nível (usada para mensurar o volume de

líquido dentro da máquina) a prova de explosão. Os resultados foram bastante satisfatórios,

apesar do líquido testado não ter sido um solvente típico utilizado para ser reciclado, o que

poderá ser realizado a partir do momento em que se consiga a boia de nível a prova de explosão.

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Como dito no começo do capítulo, foram simulados os cenários 1, com variações dos

cenários 2 e 3:

Cenário 1

Tabela 19: Resultados Cenário 1 para primeiro teste experimental. Fonte: Elaborado pelo autor

Evento na máquina Fator a ser testado Resultado Satisfatório

(Sim/Não)

Ligamento da Máquina

Ligamento do dispositivo e inserção

do dado no Middleware SIM

Conexão entre Hardware e

Middleware SIM

Conexão entre Middleware e

Application Software SIM

Inserção da Resina

Medição do volume de solvente

inserido e inserção do dado no

Middleware

SIM

Estabelecimento dos

Parâmetros

Leituras da temperatura, tempo e

número de ciclos inseridos pelo

operador e inserção dos dados no

Middleware

SIM

Inicialização do ciclo de

reciclagem

Leitura do início do ciclo e inserção

do dado no Middleware SIM

Leitura de cada sensor do dispositivo

por minuto e inserção dos dados no

Middleware

SIM

Verificação do fechamento correto

da tampa da máquina SIM

Término do ciclo de

reciclagem

Leitura correta do término do ciclo e

inserção do dado no Middleware SIM

Medição do volume de solvente

restante e inserção do dado no

Middleware

SIM

Desligamento da máquina Leitura do desligamento da máquina

e inserção do dado no Middleware SIM

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91

Cenário 2

Tabela 20: Resultados Cenário 2 para primeiro teste experimental. Fonte: Elaborado pelo autor Fonte: Elaborado

pelo autor

Evento na máquina Intervenção Fator a ser testado

Resultado

Satisfatório

(Sim/Não)

Estabelecimento dos

Parâmetros Intervenção remota

pela escolha dos

parâmetros através do

Application Software

Leituras da temperatura, tempo e

número de ciclos inseridos pelo

usuário e inserção do dado no

Middleware

SIM Inicialização do ciclo

de reciclagem

Cenário 3

Tabela 21: Resultados Cenário 3 para primeiro teste experimental Fonte: Elaborado pelo autor

Evento na máquina Intervenção Fator a ser testado

Resultado

Satisfatório

(Sim/Não)

Inicialização do ciclo

de reciclagem Sobretemperatura

causada por erro na

máquina

Alarme de sobretemperatura é

acionado SIM

Término do ciclo de

reciclagem

Inserção do evento "Alarme" no

Middleware SIM

Nas figuras a seguir, é possível ver visualmente as etapas em que aconteceram os

eventos e a justificativa de avaliar os resultados.

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Figura 24: Resultados representados nos gráficos de Nível do Dashboard

Figura 23: Resultados representados nos gráficos de Estado e Temperatura do Dashboard

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93

Para ilustrar melhor o que acontece no Dashboard durante o teste, tomemos como

exemplo as duas figuras que representam o evento da saída da sobretemperatura forçada que

acontece por volta das 00:50 na figura 23:

Figura 25: Sobretemperatura forçada (1/2)

A Temperatura 3, a 44.3º Celsius está acima da temperatura estipulada, 40º Celsius.

Desta forma, criou-se uma condição de sobretemperatura forçada, porque a temperatura atual é

maior que a temperatura esperada.

Figura 26: Sobretemperatura forçada (2/2)

Quando a temperatura fica abaixo dos 40º C estipulados, o status da temperatura retorna

ao Normal.

6.3 Avaliação dos Resultados

Apesar do cenário 4 não ter sido realizado (parada de emergência), os resultados foram

positivos no sentido de que as principais funcionalidades foram realmente testadas e foram

registradas no Dashboard. Além disso, também é possível conferir os resultados através de

arquivos em .csv, o que é de extrema importância para análise de maiores quantidades de dados.

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94

Alguns possíveis próximos passos agora, são realizar as alterações necessárias para

validar totalmente a funcionalidade do dispositivo. Nesse sentido, é possível:

Alterar o solvente/líquido a ser processado pela máquina, assim que uma boia de nível

a prova de explosão for adquirida;

Realizar o teste da parada de emergência;

Verificar a funcionalidade do banco de dados para diversos testes;

Avaliar a viabilidade da utilização da interface do Grafana.

Para a Rochmam, o teste foi bem avaliado e disseram estar bastante satisfeitos com o

painel na internet e que com certeza ele aprimorará consideravelmente a gestão dos serviços

que a empresa oferece.

Para a DEV Tecnologia, como já dito, o teste foi também bem avaliado e será possível

realizar uma submissão para a Fase II do PIPE que se destina ao desenvolvimento da proposta

de pesquisa propriamente dita (comercialização do produto).

Esta nova etapa, caso concretizada, viabilizaria a continuação dos aprimoramentos do

dispositivo e também poderia se colocar em prática a transição do modelo de negócios da

Rochmam.

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95

7. CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir de todo o processo de desenvolvimento do Trabalho de Formatura, juntamente

com os resultados obtidos nos testes descritos no capítulo anterior, podemos tirar algumas

conclusões, que estão relacionados com os objetivos descritos no Capítulo 2:

1. A elaboração dos processos necessários para a realização da transição de um modelo

de negócios foi realizada e suportada por diversos autores deste assunto, como

Goedkoop (1999), Mont (2005) e Tukker (2006). Neste sentido, também tivemos

que a aplicação do Configurador de PSS foi auxiliada pela autora da própria

ferramenta, Barquet, A. (2015) e os processos definidos e acordados conjuntamente

com a DEV e a Rochmam. Além disso, o presente Trabalho resultou na realização

do artigo ZANCUL et al. (2015), Business process support for IoT based product-

service systems (PSS), recentemente aceito para publicação no Business Process

Management Journal. Todos estes fatores em conjunto dão confiança suficiente para

dizer que o Trabalho atingiu o objetivo de descrição e modelagem dos processos

para transição de modelo de negócios baseado em PSS e suportado por IoT.

2. Do ponto de vista da Rochman, visto que os representantes da empresa ficaram

satisfeitos com os últimos testes e que acreditam fortemente que o dispositivo de

IoT irá melhorar a oferta de serviços ao cliente, é possível acreditar que o Trabalho

atingiu seu resultado. Entretanto, ainda não foi possível validar os processos

estudados, o que poderá ser visto numa possível Fase II do Projeto PIPE-FAPESP.

3. Do ponto de vista da DEV, já está ocorrendo a submissão para aceite da Fase II do

Projeto PIPE-FAPESP. Como ainda não houve a conclusão deste ponto, não é

possível afirmar que, nesta dimensão, o Trabalho atingiu seu objetivo, apesar de se

acreditar na efetivação para a Fase II (submissão suportada pelo artigo publicado e

também por um novo cliente em potencial que se interessou pela ideia).

Dessa forma, o autor considera que o Trabalho de Formatura teve sucesso na sua

realização e no atingimento de seus objetivos. Apesar de saber que o Trabalho possui certas

limitações, como por exemplo a especificidade do mercado de reciclagem de solventes no

Brasil, acredita-se que é possível utilizar de uma maneira genéricas as etapas realizadas aqui e

adapta-las para diferentes nichos de mercado.

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A metodologia de utilizar o Configurador de PSS para acessar o modelo de negócio, a

aplicação do FMEA para identificar os principais pontos a aprimorar a nível de produto e ter

como base para avaliação da implementação do PSS o estudo de Tukker (2005) para

identificar benefícios a níveis de processos, já garante sua replicabilidade inicial e partir daí,

pode ser feito algo mais específico para cada caso.

Em nosso estudo, fazia sentido continuar deste ponto com uma avaliação do dispositivo

de IoT para tomar conhecimento das possibilidades e limitações que se poderiam ter para

validar as oportunidades de negócio do PSS. Por fim, um teste experimental seria o ideal para

que se tivesse esta visibilidade, que acabou obtendo bons resultados e deu a confiança

necessária para submeter o projeto para a Fase II do PIPE.

Assim, os fatos particulares de que o Trabalho contribuiu de maneira conjunta nas três

dimensões principais previstas (acadêmica, DEV Tecnologia e Rochmam), já são sinais de que

a relevância do tema foi comprovada. Entretanto, diversos desafios ainda restam para cada um

desses agentes.

Para a DEV Tecnologia, a habilitadora do PSS, é importante continuar com o

aprimoramento de seus dispositivos e acúmulo de know-how para que ela possa oferecer

soluções mais completas e ágeis para seus clientes. Neste sentido, é essencial que ela continue

com o trabalho contínuo com seus clientes, para entender melhor as necessidades específicas

que cada mercado possui. Dessa forma, um novo cliente em um novo mercado seria bastante

interessante para poder entender melhor o quão replicável seus produtos e metodologias são.

Para a Rochman, o usuário do PSS, é necessário esforço para que ela seja flexível o

suficiente para realizar alterações em seu modelo de negócios. Novos processos serão criados,

alguns serão modificados e outros, extintos.

Para a esfera acadêmica, sugestões para próximos passos são as seguintes: estudar os

impactos da implementação do PSS e avaliar as alterações nas operações do provedor de PSS;

estudar junto com os clientes do provedor de PSS quais são os impactos frente à mudança da

relações com seu fornecedor; entender quais são os vínculos necessários que se criarão entre o

habilitador do PSS e o provedor de PSS e reavaliar que pontos deste presente Trabalho se

mostraram eficientes e como é possível aprimorar esta primeira fase de estudo.

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97

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ATZORI, L. et al. (2010). The internet of things: A survey. Computer networks, 54(15), 2787-2805

BARQUET, A.P.B. (2015). Creation of Product-service systems (PSS) proposals in the

fuzzy front-end. (Doctorate in Industrial Engineering). University of Sao Paulo, Brazil.

BARQUET, A.P.B. et al. (2013). Employing the business model concept to support the

adoption of product–service systems (PSS). Industrial Marketing Management, 42(5),

693–704.

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ANEXO A: Transcrição Entrevista ROCHMAM – 05.03.2015

1. (00:05) Quantas visitas vocês fazem a um cliente (por mês, por semana) com o

objetivo de prevenir, detectar ou corrigir uma falha ou programar uma máquina?

Não fazemos ainda visitas para manutenção preventiva por falta de um contrato de

manutenção, normalmente ela é somente corretiva. A detecção de falhas é feita

primeiramente por telefone e muitas vezes, é possível solucionar o problema apenas

dando instruções ao operador. (Algumas causas de falha são) formas de operação, a

troca de operador, falta de manutenção preventiva conforme indicado no manual (pelo

cliente).

Não sendo possível resolver o problema, existem duas maneiras para solucionar o

problema, dependendo da localização do cliente: podemos enviar um técnico ou

solicitar que o cliente envie a máquina para a nossa sede, para que possamos fazer um

orçamento de reparo e depois solicitar a aprovação deste orçamento de reparo.

Reforçamos que fazemos apenas manutenção corretiva, não preventiva.

2. (01:35) Quando vocês fazem o procedimento de detecção da falha (ao telefone),

vocês realizam algum tipo de checklist?

Não temos nenhum procedimento pronto, normalmente o fazemos de cabeça. Algumas

perguntas comuns são em relação à temperatura, tempo, etc.

3. (01:55) E vocês tem uma ideia de quantas vezes por mês, por ano, vocês precisam

enviar um técnico ao cliente ou receber a máquina para conseguir identificar o

problema?

Em torno de uma vez por semana. Nesses últimos tempos, temos recebido um maior

número de pedidos de visitas técnicas, porque também estamos realizando manutenção

de máquinas que não são nossas e certamente a tendência das visitas de manutenção é

de aumentar. E, em alguns casos, estamos até conseguindo cobrar pela visita.

A necessidade é tanta que estamos querendo realizar um plano para checar os clientes

que possuem uma máquina. A ideia seria de ligar para cada um e perguntar quanto tempo

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uma máquina está parada, se ela precisa de alguma peça de reposição, se o cliente tem

a necessidade de algum tipo de serviço. Entretanto, tudo isso ainda não ocorre.

4. (03:35) Vocês têm um período de garantia da máquina. Como funciona exatamente

a manutenção neste período? Vocês conseguem, por exemplo, cobrar pelo serviço

de manutenção caso ele esteja fora de um escopo de garantia?

Depende do problema. Existem certos casos que a garantia não cobre, por exemplo, um

mau uso da máquina, imperícia ou alguma falha em não seguir as instruções. Em relação

às peças, elas possuem garantias diferentes, inclusive em alguns casos precisamos

repassar a garantia do fornecedor. Realmente depende do que estiver dentro do

certificado de garantia: se estiver fora dele, o cliente tem que arcar com os custos da

manutenção.

5. (04:20) E esse certificado de garantia vocês possuem um padrão para todos os

clientes ou ele pode variar?

Ele é padrão para todos os clientes.

De repente podemos fazer uma análise dos termos para analisar o que está coberto

que gera custo para vocês e o que eventualmente pode ser cobrado por vocês.

6. (04:58) E qual é a proporção das visitas que vocês conseguem realizar uma

cobrança?

Quase nada, diria 1%. Muitas visitas corretivas faz realmente parte da adequação do

projeto, então a responsabilidade é nossa mesmo. Além disso, tem a questão de que o

cliente é importante para nós. Ás vezes você cobraria 200, 300 reais do cliente e o

desgaste gerado por isso é muito maior.

7. (05:55) Quando vocês dizem “adequação do projeto”, seria algum ajuste técnico

que vocês precisam realizar na máquina?

Não é sempre técnico. Por exemplo, algumas vezes é uma ocasião em que você

desenvolveu um fornecedor, entretanto depois de algum tempo ocorre alguma falha na

máquina e é preciso trocar uma determinada peça.

8. (06:08) E quais seriam os problemas mais frequentes que vocês observam? Vocês

comentaram sobre o mau uso por exemplo.

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Sim, o mau uso, diríamos que são 80%. Existem casos que usamos protótipos nos

clientes para que possamos testar o produto e esses apresentam maior falha técnica.

Entretanto, não é normal que a máquina apresente defeitos. Se ocorrer (uma falha

técnica) é mais provável que seja algo elétrico. O resto é mais uma questão de estrutura,

como a queima de um componente, corrosão.

9. (07:40) Em relação ao mau uso, o que normalmente ocorre? Ele coloca um efluente

inapropriado, ele configura a máquina incorretamente?

Existem muitas coisas que podem ocorrer. Por exemplo, às vezes ele deixa acumular

contaminante na máquina e ela acaba destilando menos do que o previsto, ou este

resíduo acaba queimando dentro da máquina. Existem coisas absurdas que eles fazem.

Regulação de tempo e temperatura é um problema bem recorrente. Alguns de nossos

concorrentes, por exemplo, não deixam esses parâmetros acessíveis, entretanto nós

acreditamos que eles devem ser configuráveis. Por um lado, para nós há um risco de que

ele pode alterar incorretamente os parâmetros; por outro, temos a vantagem de que ele

pode alterar para dissolver outro efluente ou quantidades diferentes. Definir tempo e

temperatura é interessantíssimo para nós. Poder regular e travar uma temperatura é vital.

O restante é saber como ele carregar a máquina, o que já não está muito sob o nosso

controle.

10. (09:40) FOTO (saco com resíduos da destilação)

(10:00) Um saquinho que ele deveria ter feito 2 ciclos na máquina, quatro no máximo,

mas ele deve ter feito uns 15 pra chegar nessa quantidade.

11. (10:14) E essa retirada (do resíduo do saquinho), vocês conseguem hoje detectar?

Não, hoje a gente não detecta nada. A máquina é basicamente manual, a gente não tem

como saber se ele abriu na temperatura certa... E o pior é que nem perguntando

conseguimos saber, porque você teria que falar com o operador. E ele também tem medo

de responder, porque a culpa pode ser dele.

Se você fizer a entrevista por telefone, é ainda pior, porque normalmente quem liga é

um gerente, um comprador, um supervisor e você não fala diretamente com o operador.

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E essa pessoa normalmente não entende o que acontece e mesmo repassando a pergunta

é difícil encontrar uma resposta exata, mesmo porque o operador geralmente diz que fez

como foi ensinado.

12. (11:30) Então a cada 2 a 4 ciclos o cliente teria que realizar a retirada (dos

resíduos)?

Depende do cliente. Tem como monitorar isso daí? Tem. Mas teríamos que ver onde a

gente vai chegar. Daria pra gente colocar um sensor pra medir o nível da caldeira e isso

seria excelente.

Aí o complicado também é pelo tipo de contaminante. Por exemplo, um cliente veio

falar comigo: “Só houve um probleminha pra mim que de ontem pra hoje a máquina

começou a mostrar carga completa”. E eu perguntei se ele foi checar. “A boia ficou

presa”.

De certa forma tudo está na mão do operador, tudo é muito manual. Se ele faz uma carga

e a boia não sobe de nível, a máquina não vai funcionar. A gente ainda tem algum

controle para que isso não aconteça, mas é muito pouco. Gostaríamos de ter mais. A

ideia seria um “Big Brother” do operador. E a questão nem é vigiá-lo para ver se ele faz

coisa errada, mas sim para auxiliar.

13. (13:15) Sim, vocês conseguem detectar antes do problema acontecer.

Exatamente. Hoje por exemplo, se o operador quiser ligar a máquina com a tampa aberta

ele liga. A máquina não vai destilar, não vai funcionar. Se hoje ele quiser, ele liga a

máquina com a temperatura alta e aí destrói a guarnição. Esse seria com certeza seria

um dos maiores ganhos que nós teríamos: conseguir travar que ele não abra a tampa.

A nossa maior preocupação com isso daí é o custo. Até levantamos o custo disso daí.

Você colocaria a trava na tampa, onde você tem contato direto com o solvente.

Obviamente teria que ser algo elétrico e ser à prova de explosão. É caríssimo, e aí ficaria

difícil competir com o preço do concorrente. A nossa máquina já tem mais “coisas” que

a dos concorrentes.

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Teve uma máquina que vimos que tinha carregamento automático. Eles colocaram uma

bomba pneumática e colocaram na parede. Tudo pelo visto foi fornecido pelo cliente,

como a mangueira. Perigoso!

Dá pra fazer muitas coisas de automação, mas a questão é o custo. O cliente vai querer

privilegiar o preço, então temos que sentar e fazer e o planejamento direitinho com ele

para saber o que ele quer e o que temos a oferecer. E mesmo assim é capaz que ele

compre “gato por lebre”.

14. (15:05) E hoje vocês possuem um registro dessas falhas, do que acontece em alguma

planilha ou seria algo mais informal? Só pra ter uma ideia se a gente conseguiria

calcular o máximo que poderia ser o custo de uma funcionalidade extra para dar

um retorno.

Sempre tentamos ter, mas é complicado as pessoas preencherem. A gente tem uma

planilha para ser preenchida, mas ela não é usada.

E de certa forma além de não fazer o registro da manutenção, ele retira uma peça do

estoque e não registra essa retirada, o que gera problemas de informação. E aí você não

pode lançar uma ordem de cobrança para o cliente, porque você nem sabe o que foi

usado. Uma bola de neve.

Entretanto, essa parte já está melhor, porque fizemos a pessoa fazer o procedimento

correto. Cada máquina tem seus componentes com seus respectivos fornecedores;

porque se trocamos de fornecedor ou peça, já temos um registro sobre.

15. (17:52) Mas das peças que vocês compram, imagino que vocês têm um registro.

Entretanto vocês devem comprar para fabricar também e imagino que as duas

coisas se confundam.

Sim, e isso ainda é uma questão que estávamos discutindo hoje com a nossa

contabilidade. Se hoje tivéssemos uma maneira de saber qual material vai para qual

destino. O problema é que devemos definir na entrada do estoque, fiscalmente falando.

Então as coisas realmente acabam se confundindo. A não ser que saibamos que vamos

fabricar uma máquina.

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E o pior é que não podemos vender uma peça que foi declarada como matéria-prima

como “revenda”, no caso para manutenção. Fiscalmente não se pode fazer isso.

16. (19:35) Mas quando vocês retiram uma peça do estoque, vocês não têm um registro

de se a peça foi para produção ou para manutenção?

Agora começamos a fazer. Realizamos um cronograma de produção e quando retiramos

do estoque para determinado fim, já damos baixa. Agora as máquinas tem um plano de

produção, mas o problema é saber usar.

17. (20:46) A gente pode ir aprofundando, saber o valor da peça e descobrir o que

causa o seu defeito. Claramente não de todas as peças, mas as mais financeiramente

relevantes. Porque aí conseguiríamos fazer um trade-off de “quanto a prevenção

desse dano pode gerar de valor”. De uma maneira geral, seria o valor da peça em

si e o que o operador faz que prejudique a peça.

Sim, exatamente. Temos situações em que, por exemplo, um tubinho derrete e a

máquina para de funcionar. O tubinho é barato e existem outras opções no mercado que

resistem mais ao calor.

18. (21:57) O que a gente pode fazer depois é uma análise FMEA, vocês chegaram a

fazer?

Sim, mas não para isso. Fizemos para a segurança do painel elétrico. Mas dá para fazer

sim. Com as falhas que a gente já teve, dá pra registrar e já fazer uma proposta de

melhoria.

19. (22:57) Sim, assim a gente já vai com uma análise estruturada para as ações.

Basicamente é fazer a mesma coisa, mas pensando mais nos erros de operação e

aparentemente é o que mais pode acontecer (80%). E para os outros 20% do que

for da máquina, talvez exista algum erro que a gente possa detectar antes. E o legal

da FMEA é que ela avalia o quão significante e o quão detectável. E aparentemente,

pelo volume de visitas, isso é algo que pode afetar bastante no resultado de vocês,

até na questão de poder cobra por um serviço de manutenção mais contínuo.

Até essa questão do serviço de manutenção, a gente não tem o contrato, mas tem cliente

que praticamente já pede isso para nós. E a gente fica de mãos atadas, porque nosso

efetivo de pessoa técnica para fazer essa visita periódica... Pessoas técnicas a gente tem

dois. Mas a ideia também seria de fazer uma assistência técnica autorizada, criando uma

rede com maior alcance, inclusive para fazer esse serviço de manutenção preventiva.

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20. (25:09) E esses técnicos que fazem a manutenção hoje em dia são autônomos que

você contrata por demanda.

Exatamente. E a ideia é contratá-los em posições estratégicas. Nós temos um no Sul e

um em São Paulo.

Quanto mais estruturado for o procedimento de manutenção, você consegue garantir o

que ele está fazendo.

21. (25:09) E ele cobra quanto a hora, só pra ter uma ideia?

Varia, a gente teria que fazer uma média dos últimos orçamentos que fizemos.

22. (25:50) E hoje como é feito o treinamento do operador da máquina? Vocês têm

algum gasto relevante com isso?

Quando a máquina é maior, de 60, 80, 100 litros, a gente costuma cobrar do cliente um

custo de instalação da máquina. O técnico vai lá, instala, testa e acompanha e faz um

primeiro uso junto com o cliente. O que é deficiente é que o técnico é um bom operador,

mas não é bom para passar um treinamento.

Por exemplo, a gente fez recentemente um treinamento à distância via Skype com um

cliente em que nós mesmos realizamos e foi ótimo.

Quando a máquina é pequena, aí fica mais complicado. Dependendo de onde o cliente

está e o preço que cobramos pela máquina o preço varia. A gente já pensou em criar

vídeo, mas não deu. São custos, tempo, investimentos e claro, precisamos ter uma

máquina conosco.

Se gente tivesse como checar os parâmetros da máquina à distância, daria pra fazer um

treinamento à distância muito mais eficiente. Em relação à instalação eles conseguem

fazer com um roteiro que a gente envia.

E assim, gostaríamos que o treinamento fosse melhor, mas é complicado.

23. (28:45) E de 0 a 5, como vocês acham que o cliente avalia os seguintes fatores no

momento da compra da máquina?

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Eu coloquei tudo 5 menos meio ambiente e sustentabilidade. Segurança, Preço e

Facilidade de Uso são bem importantes.

24. (25:50) Então você acredita que o cliente não se importa muito com

sustentabilidade?

Existem dois fatores. Quem olha o nosso projeto, pensa “é impossível alguém que não

queira comprar a nossa máquina”. “Eu gasto 5.000 reais por mês e com a máquina vou

passar a gastar 500”. E isso acontece, porque nem sempre quem avalia o negócio é o

dono da empresa. Às vezes o funcionário não vê o benefício para ele. A vantagem

econômica é bem relevante.

E a redução de custo pode chegar a números muito altos. Dependendo do solvente você

consegue a reduzir 90, 95% dos custos de despejo. E no fim as pessoas envolvidas no

processo não são os donos da empresa, então estão preocupadas com fatores como

sustentabilidade.

25. (32:06) Os clientes pedem para realizar a destilação de outros tipos de efluentes

depois de terem comprado a máquina? Em caso afirmativo, como é o

procedimento?

Os clientes sempre enviam as fichas informativas de segurança do solvente e dos

contaminantes. A engenharia química da ROCHMAM avalia a os equipamentos que ele

possui e avalia se pode destilar o produto com segurança e eficiência ou se terá que

adquirir outro acessório.

Se a destilação é apenas um caso de criar uma nova receita, a gente envia as instruções

com o tempo e temperatura.

26. (32:34) E na maioria dos casos é uma reprogramação ou vocês precisam ter

acessórios adicionais?

Na maioria dos casos é reprogramação, mas, por exemplo, para Tramontina é um

acessório. A gente fez um teste aqui e para o solvente que eles queriam usar, eles

precisariam de um acessório.

Vamos dizer que mais de 50%, bem mais inclusive, é apenas uma reprogramação de

tempo e temperatura que é aí a vantagem da gente deixar acessíveis os comandos da

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máquina para o operador. Até por telefone, podemos orientá-lo. Agora, alguns casos, o

produto até muda o conceito.

Alguns casos o cliente muda o conceito do produto. Eles mudam o processo produtivo

ou começam a produzir um novo tipo de produto. E digamos que neste caso de 5 a 10%

dos clientes entram nesse caso.

27. (33:55) Em geral, então, eles compram a máquina e a utilizam do jeito que está do

começo ao fim?

Sim, inclusive ele a utilizam sem se preocupar em como ela está funcionando. E essa é

a grande vantagem de poder monitorá-la. E quando ela quebra, ele fica “desesperado”,

porque ele começa a ver os custos que ele começa a ter com os solventes que não foram

destilados. E a partir daí, ele começa a ligar querendo consertar a máquina. E é

complicado, porque ele quer que conserte a máquina o mais rápido possível e muitas

vezes a gente precisa ter peça de reposição no estoque.

E nós gostaríamos criar um contrato de manutenção com um monitoramento, porque

isso aceleraria o nosso processo, um faturamento muito maior. Você consegue detectar

previamente e ter um estoque mínimo para isso. E isso ajudaria muito para auxiliar a

rede de assistência técnica.

Um cliente até nos pediu um contrato de manutenção. Nós fizemos e estipulamos um

preço X. Mas não sabíamos muito ao certo o que poderia estar incluso. Como não temos

nada desenhado em relação a isso...

28. (36:05) Depois que você consegue comprovar o valor das visitas de manutenção,

ficaria tudo mais fácil vender.

29. (36:26) Gostaríamos de entender melhor o modelo de cobrança.

(Documento mostrado com os modelos de cobrança e enviado por e-mail)

Inclusive esses documentos já mostram os mercados que atuamos e não estão todos aí.

30. (37:37) Deve haver ainda um mercado muito grande que ainda não consome o seu

produto.

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Com certeza. Existem mercados que a gente até mesmo se assusta e a gente precisa falar

não. Esses dias, teve um cliente que perguntou sobre urânio radioativo.

31. (38:16) E a locação, aqui está um período de curta duração, 1 ano e a outra...

Sim, é um ano e acima de um ano. O curto é abaixo de um ano. Porque existe o caso do

cliente que alugar para saber se funciona para eventualmente adquirir a máquina. Pra

gente também é interessante, porque a locação tem o objetivo de abrir para a venda. E

não tem problema para nós, já que ele paga esse “teste”.

Mas a nossa ideia aqui é insistir na locação. Torná-la mais atraente. Não somente com

o IoT, mas a gente também pensa em remodelar o modelo de cobrança para o cliente se

interessar mais pela locação.

32. (39:20) E nessa locação, você comentou que existe um preço fixo mensal, pelo que

eu entendi na última reunião.

Isso, a gente já fez alguns testes (em relação ao uso superar o que está no contrato), mas

é muito difícil. Mas a partir do momento que a máquina poder fazer essa medição, a

gente pode ter esse valor no fixo e no caso do cliente usar mais, a gente pode cobrar o

excedente. Como é o caso de cobrança de tarifa de luz de indústria. A demanda é

contratada, e se usar mais, existe um fator de cobrança.

Então o modelo de cobrança são vendas e locações. A gente faz o levantamento dos

dados para conseguir definir um saving ao cliente. Então de uma forma geral, a gente

tem essas duas planilhas, uma para definir o saving e outra para definir o payback.

No questionário, que a gente pode enviar para você também, tem quanto de solvente que

ele usa, quanto ele gera de resíduo, quanto ele paga para destinar esse resíduo, etc. Assim

a gente descobre quanto ele gasto com esse solvente. Em cima disso a gente determina

qual é a máquina que será ou vendida ou locada e traça o preço dela, seja mensal ou

anual, com o payback sendo em torno de seis meses a um ano.

Nós temos também uma planilha de custo-benefício de locação. Essa planilha mostra

quanto a locação vai reduzir o custo dele. Mesmo ele pagando a locação, qual a redução

que ele terá. Geralmente o que a gente tenta fazer é dividir o saving que ele teria. Por

exemplo, caso ele gaste 2.000 reais por mês com um solvente, a gente tenta locar a

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máquina por 1.000 reais. E se ainda a empresa for uma do tipo de lucro real e consiga

colocar a locação como despesa, ela irá economizar os 2.000 reais. E nesse caso a

manutenção também é nossa. Custo de óleo, vedação, etc. está tudo incluso.

33. (43:10) Geração de receitas com volume adicional utilizado.

Seria interessante, caso a caso, com cobrança do excedente de uso. Seria interessante

poder mostrar ao cliente quanto ele economiza ao mês de modo efetivo e online. Se a

gente conseguir além de enviar a fatura todo mês mostrando quanto ele realmente

economizou, isso facilitaria com que o nosso cliente visse que a nossa cobrança não é

um custo, mas um saving. Isso aconteceu: mudaram as pessoas e a equipe de um nosso

cliente que recebiam a nossa cobrança e eles nos viam como um custo. Hoje eles

preferem comprar o solvente de novo, etc.

34. (44:20) Esse report que ele tiraria do próprio sistema dele seria muito bom mesmo.

Vocês comentaram que precisam realizar compras de material para reposição em

caso de quebra e manutenção.

Sim e seria bastante desejável ter manutenções periódicas programadas para isso, mas a

gente não possui, até por uma questão de priorização, no caso, produção.

35. (44:30) Nesses casos de peças de produção, acredito que na análise FMEA vai

aparecer isso.

Sim, e a gente tem o problema também de algumas peças que possuem um lead time

longo, como as peças importadas ou peças feitas sob medida. A gente não se pode dar o

luxo de não possuir um estoque mínimo de alguma delas.

36. (46:15) Vocês fornecem relatório de produtividade, economia, tempo processado,

etc. após a instalação. Algum cliente já solicitou isso?

Não, mas ele iria adorar.

37. (46:35) E hoje ele monitora essa informação?

Não, são raros os casos. Esses relatórios periódicos para o cliente seriam um ganho

muito positivo para nós. Seria possível receber o relatório da máquina e enviar

diretamente ao cliente? Essa é a ideia; seria fantástico. E com certeza isso poderia ser

uma nova fonte de receita ou um diferencial para nós.

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Talvez a cada seis meses enviar um relatório comunicando quanto foi economizado ou

até mesmo quanto de solvente você deixou de despejar no meio ambiente. Parece

bobagem enviar algo assim, como um selo de responsabilidade ambiental, mas na

realidade tem um impacto muito positivo. Teve um caso em que enviamos um quadro

com este selo e no ano seguinte o cliente queria ganha-lo de novo.

Isso é interessante para poder consolidar a nossa empresa. Porque sempre aparece gente

nova e enviando esses relatórios periódicos a gente consegue sempre mostrar que nós

estamos gerando uma economia. E entra novamente na questão de novos funcionários

nos enxergarem como custos.

38. (49:52) Pelo que entendi então, hoje vocês têm uma estimativa de quanto eles estão

economizando. Entretanto, existe uma diferença entre falar quanto eles

economizam e enviar um relatório com essas informações?

Sem dúvida, seria fantástico. Além disso, seria muito interessante atualizar alguns

parâmetros, por exemplo, o preço dos solventes aumenta. Desse modo, a análise de

payback. Inclusive até como forma de poder justificar um possível ajuste do preço da

locação.

39. (51:00) Qual é atualmente a estrutura de custos da ROCHMAM?

A gente estava com uma estrutura inchada, no sentido de não ter as pessoas ideais em

determinados cargos. Eu exemplifiquei a estrutura que a gente estava e como ela é

atualmente (documento mostrado).

40. (52:10) E vocês possuem uma ideia de quanto vocês gastam percentualmente em

custo fixo e variável na produção da máquina?

A gente possui já o fixo, mas não temos bem traçado o custo variável. Entretanto, é

possível sim consegui-lo, pelo menos para esses dois últimos meses.

41. (54:20) E vocês sabem o número de clientes que vocês têm hoje? Basicamente, o

número de máquinas que vocês já venderam.

Agora nós não temos, mas podemos enviar por e-mail. Inclusive segmentado por tipo

de máquina e o preço de venda.

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42. (55:56) Então esse ano vocês possuem o objetivo de aumentar bastante a sua

receita.

Sim, com certeza. Inclusive, existe um tipo de receita que não comentamos que é a

distribuição de máquinas (maiores) que apenas distribuímos, isto é, recebemos como se

fosse uma comissão. Elas não são o escopo atualmente, mas no futuro acreditamos que

teremos essas máquinas maiores.

43. (56:24) E essas máquinas que vocês apenas revendem, vocês também têm

responsabilidade com a manutenção?

Sim, exatamente. No futuro é interessante, pois eventualmente teremos essas máquinas

maiores e também gostaríamos que elas possuíssem essa funcionalidade de

monitoramento.

A diferença entre uma máquina de 200 litros para uma máquina de 1.000 litros, por

exemplo, são clientes que têm esses processos como secundários e outros que possuem

como quase core business. Fábricas de tintam, por exemplo.

44. (57:34) E são nesses segmentos que vocês teriam um potencial maior.

Sim, e é aí também que a competição começa a ficar mais acirrada. Por esse motivo o

plano já é começar a aproximar desses fabricantes.

45. (57:53) E vocês têm uma meta de quanto vender esse ano?

A gente tem uma reunião depois dessa entrevista para falar sobre isso.

46. (58:08) Isso é ótimo, porque se houver realmente essa expectativa, a gente consegue

até verificar quanto o monitoramento pode impactar no resultado de vocês.

Exatamente.

47. (58:27) De repente com o monitoramento, há a necessidade de menos pessoas ou

uma pessoa pode lidar mais facilmente com mais clientes ao mesmo tempo.

Claro e vamos traçar desde os cenários até as metas.

48. (59:02) E vocês pretendem também atingir o mercado internacional também?

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Sim, mas não nesse primeiro momento. A gente talvez possa ter essa pretensão para

2016, por exemplo. Não é difícil e o monitoramento será muito mais legal e importante.

Quanto mais distante, o monitoramento precisa ser mais efetivo.

Mas de qualquer maneira, o Brasil já possui tamanho continental, e temos máquinas no

país inteiro. Temos máquinas no Piauí, no Rio Grande do Sul, então a gente precisa

conseguir monitorar.

A gente possui cliente que são mais próximos e eles enviam foto da máquina, a pessoa

te detalha o que aconteceu, etc. mas com o monitoramento, tudo ficaria mais fácil.

49. (1:00:02) Além da possibilidade de aumentar a capacidade de atendimento aos

cliente, capturar novos clientes.

Sim, inclusive se um cliente possui a nossa máquina e ela está parada, você não tem

como saber. Você só saberá disso se alguém ligar. Hoje não tem um efetivo que

consegue ficar verificando esse tipo de coisa. E conforme a gente aumenta o quadro de

máquinas, teoricamente ficaria mais difícil realizar esse tipo de monitoramento.

50. (1:01:00) - (1:05:30) “Conversa sobre a APEX”

51. (1:05:31) Normalmente vocês oferecem o produto ao cliente ou ele faz o contato

com a ROCHMAM?

Normalmente são os clientes nos procurando.

52. (1:06:00) Basicamente, então, quanto mais recursos vocês tiverem para produzir

mais, mais vocês conseguiriam vender.

Exatamente, não existe muita ação nossa para ir atrás do cliente, com exceção de feiras.

É muito difícil, não temos tempo para isso. E é uma venda que demora um pouco para

ser concretizada.

Entretanto, agora o nosso processo de venda começou a ficar mais rápido, até mesmo

porque os clientes já sabem o que vendemos. Então eles já possuem uma ideia do que

pedir.

53. (1:08:40) Então vocês já devem ter saído da fase de crescimento.

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54. (1:09:05) “Conversa sobre o cliente para testar a máquina”

55. (1:10:45) Se vocês já possuírem os dados técnicos da máquina, seria muito bom

para o desenvolvimento.

Sim. E nossa opção de projeto é muito mais eletromecânica do que eletrônica. Então já

é interessante entender essa fonte. Por exemplo, o nosso painel tem um caráter muito

mais robusto, pois está num ambiente “agressivo” com operadores, etc. Então é

importante saber o que vocês precisam de input para gente poder alinhar bem a máquina

com o projeto de vocês.

56. (1:12:40) A nossa ideia era aproveitar ao máximo as coisas que vocês já têm e fazer

o uso desses sinais como hardware para enviar pela internet para ter acesso. A

princípio, a gente não vai fazer para uma máquina que ainda não está pronta, para

poder minimizar os riscos de não saber as variáveis envolvidas.

E por exemplo, quando você fala de projeto futuro, para uma máquina que estamos

começando a fazer, para adaptar, o que vocês vão fazer?

57. (1:13:25) Acho que a gente já vai ter bastante informação sobre o projeto e a gente

vai conseguir dar os inputs necessários para incluir nessa nova máquina. E

eventualmente o que a gente pode tentar é um PIPE fase 2 para a máquina nova.

Porque a fase 2 tem mais dinheiro e a gente tem mais recursos para desenvolver

essa nova máquina. É uma opção também. Entretanto se vocês quiserem fazer na

máquina nova, a gente faz.

Não, acho que é mais prudente fazer na máquina já existente.

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ANEXO B: Fotos do Painel da Máquina

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