defesa prévia jeciana karla

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Page 1: defesa prévia JECIANA KARLA

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE SERRA TALHADA/PE.

PROC. Nº 002328-33.2011.8.17.1370

JECIANA KARLA DE MOURA TORQUATO, já qualificada nos autos da Ação Penal em epígrafe, por seu advogado ao final assinado, vem à presença de Vossa Excelência apresentar sua

DEFESA PRELIMINAR

com base no rito estabelecido pela Lei 11.719/2008 que introduziu alteração ao artigo 396 e 396-A do Código de Processo Penal, em face da denuncia formulada pelo Representante do Ministério Público como incursa nas sanções do Art. 55, da Lei n° 11343/2006, mediante os seguintes fatos e fundamentos a seguir aduzidos:

1. DOS FATOS

A denunciada encontra-se presa, por força de Mandado de Prisão, desde o dia 02 de setembro de 2011, por ter infringido o disposto no art. 33 da Lei n° 11343/2006, quando policiais encontraram a mesma, em data de 19.07.2011, acompanhada de seu esposo, supostamente vendendo a substancia conhecida por “crack”, sendo esta encontrada guardada em seu sutiã, quando os acusados se achavam na casa do genitor desta.

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Na peça acusatória, o Representante do Ministério Público imputa a denunciada a prática do crime descrito na denúncia, sob o fundamento de que supostamente teria praticado o crime previsto na legislação penal.

2. DOS FUNDAMENTOS

2.1. DA INFRINGÊNCIA DO ILÍCITO PENAL

Consta na inaugural acusatória que a denunciada teria praticado o fato, conforme descreve a denuncia de fls. 02/03 dos autos. A defesa entende que o MP, não esclareceu os fatos como se passaram, sequer levou em consideração as declarações da denunciada, ficando assim provado que nem a ora requerente nem seu esposo, o Sr. JOSÉ FERREIRA DA SILVA, praticavam o crime descrito na denúncia. O denunciado trata-se somente de usuário do entorpecente, sendo que a requerente sequer sabe quem é o fornecedor de tal droga, não restando provas que não houve dolo ou mesmo culpa no evento delitivo, a peça denunciatória não traz quais os motivos e circunstâncias poderiam que concluído as razões para responsabilizar a pessoa da acusada.

Assim a peça denunciatória é frágil e não merece acolhida pelas razões obvias, não devendo ser recebida por esta justa justiça.

Durante a instrução processual, através da prova a ser produzida, inclusive perícial, provará sua isenção do crime capitulado.

Esclarece ainda a denunciada que jamais teria motivos para cometer o crime descrito na peça denunciatória, pois não usa de meio ardil e nem de má fé.

O princípio da não-culpabilidade previsto na Constituição da República e o princípio da inocência estabelecido nas convenções internacionais conferem a Acusada segurança processual. O Ministério Público enfrenta o ônus de comprovar a materialidade e a autoria delituosa no que concerne a mercancia.

Não deve haver inversão do ônus probatório. A Acusada não carece provar inocência quanto a mercancia, pois que, assim não agia no momento de sua prisão.

Apesar de constatar, por meio de laudo pericial e termo de exibição e apreensão, a materialidade do crime de uso de entorpecente, não pode ser atribuída ao acusado uma condenação por tráfico, pois que a certeza subjetiva extraída da prova oral e limitada aos depoimentos dos policiais que

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averiguaram a possível ocorrência de mercancia de entorpecentes não vai além do fato de terem apreendido a substância.

Nesse sentido nossa jurisprudência é pacífica:

APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES. AUSÊNCIA DE PROVAS DA FINALIDADE DE COMERCIALIZAÇÃO. DESCLASSIFICAÇÃO PARA USO. REMESSA DOS AUTOS AO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL.“Inexistindo prova da mercancia das substâncias entorpecentes, e revelando as circunstâncias objetivas do fato a conduta de "guardá-las" para consumo próprio, prevista no artigo 28, da Lei 11.343/06, impõe-se desclassificar o crime de tráfico para o de uso daquelas substâncias, com a remessa dos autos ao Juizado Especial Criminal da comarca de origem, nos termos da nova Lei de Entorpecentes". (TJ-GO: Apelação Criminal nº 29.501-2/213 (200601607010), de Ipameri) 2ª Câmara Criminal – relator des. Aluízio Ataídes de Sousa.). (grifos nossos).

Segue outra jurisprudência:

APELAÇAO CRIMINAL. CRIME DE TRÁFICO DE ENTORPECENTES. DESCLASSIFICAÇÃO PARA USO. POSSIBILIDADE FRENTE AO CONJUNTO PROBATÓRIO DOS AUTOS. REMESSA DOS AUTOS AO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL.1. Havendo prova inidônea à certeza da configuração do crime de tráfico de entorpecentes, é de se desclassificar o delito para o uso, especialmente quando sobejam nos autos contexto fático probatório apto a comprovar que a pequena quantidade de substância estupefaciente encontrada em poder do réu tinha como destinação o uso próprio;2. Apelo conhecido e provido.(TJAC – Autos nº 2007.001694-9. Relator Arquilau Melo. Revisor Feliciano Vasconcelos. Julgado em 09 de agosto de 2007). (grifos nossos).

E mais uma no mesmo sentido:

APELAÇÃO CRIMINAL. ALEGAÇÕES. PROVAS. ASSOCIAÇÃO AO TRÁFICO. INEXISTÊNCIA DE TAL MAJORANTE NA NOVEL LEI.APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO IN DUBIO PRO RÉU.1. meras alegações, por mais respeitáveis que sejam suas origens, não produzem prova em juízo.2. a majorante prevista no art. 18, iii, da lei 6.368/76 não foi reproduzida na lei 11.343/06, o que constitui "novatio legis in mellius", não podendo, portanto, ser aplicada aos réus.3. inexistindo provas contundentes acerca da traficância exercida pelo réu, impõe-se a desclassificação de sua conduta de tráfico para uso de substâncias entorpecentes ilícitas, força do principio "in dubio pro réu". Recurso provido.(TJES – Ap. Crim. nº 35040035061 – vila velha - 7ª vara criminal – relator: pedro valls feu rosa – julgado em 01/08/2007 e lido em 08/08/2007). (grifos nossos).

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2.2. DA EXCLUDENTE DE ILICITUDE

Conforme acima exposto, em razão da presunção de inocência contida no texto constitucional é de se considerar a prova acusatória frágil diante dos fatos.

Para que seja consumado o tipo penal não basta apenas uma prova incerta, como é o presente caso. Outros requisitos serão necessários.

2.3. DA PRODUÇÃO DE PROVAS

A indiciada é pessoa de reputação ilibada, tem local de residência fixo, é honesta, trabalhadora, mãe de três filhos menores, sendo que a mais nova, na época de sua prisão, ainda era amamentada pela requerente e nem mesmo possuía 01 (um) ano de vida, e a requerente se encontra à disposição da Justiça a qualquer dia e hora.

Deseja arrolar como testemunhas para serem ouvidas em Juízo,cumpridas as formalidades legais, com propósito de atenuar suas razões de defesa.

i. LUIZ PEREIRA MAIA, residente e domiciliado na Rua São Pedro, n° 1213 – Borborema – Serra Talhada – PE; ii. PATRICIA DOS SANTOS MOREIRA, residente e domiciliada na Rua João Davi, n° 28 – Borborema – Serra Talhada – PE;iii. JOELMA MARIA DOS SANTOS FERREIRA, residente e domiciliada na Travessa Central, n° 247 – Borborema – Serra Talhada – PE;

3.DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, requer a Vossa Excelência:

a) a rejeitar a denúncia de fls. 02/03 contra a pessoa da denunciada, considerando que a prova corrobora para sua isenção penal, haja vista que é seu esposo quem somente é usuário de “crack”, não sendo nenhum dos dois traficantes, nem possuindo “boca de fumo, determinando a expedição do competente ALVARÁ DE SOLTURA;

b) caso seja entendimento pelo recebimento, que Vossa Excelência opine pela desclassificação do crime de tráfico de drogas para o de uso de entorpecentes, e que determine a remessa dos autos para que seja avaliada pelo Ministério Público a possibilidade de formulação de propostas de transação penal;

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c) protesta-se desde já, por todos os meios de provas admitidas em direito, notadamente pela oitiva das testemunhas, cujo rol segue anexo, e que devidamente intimadas, inclusive por precatórias comparecerão às audiências que forem designadas.

d) Perícias complementares e diligencias e investigações complementares.

Tudo como medida de INTEIRA E SALUTAR JUSTIÇA.

Serra Talhada/PE, 23 de março de 2012.

JAILSON ARAUJO BARBOSAOAB-PE 16.638