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Defeitos em Cristais Iônicos Prof Ubirajara Pereira Rodrigues Filho

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Defeitos em Cristais Iônicos

Prof Ubirajara Pereira Rodrigues Filho

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Defeitos

• Os defeitos perturbam a ordem a longa distância da rede cristalina e afetam as propriedades dos compostos cristalinos que dependem do volume, bulk, como por exemplo a condutividade iônica e a densidade volumétrica . A formação de defeitos é favorecido pelo aumento da Entropia do sistema, entretanto a formação de defeitos é desfavorável do ponto de vista da Entalpia, ∆H>0. O resultado liquido é que a concentração deles será tão menor quanto menor for a temperatura. O que nos leva a frase:

• Apenas em cristais ideais no zero absoluto não existem defeitos num cristal.

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Defeitos

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Causas

• Defeitos podem ocorrer devido a:– Formação de compostos não-estequiométricos e

soluções sólidas – defeito eletrônico– Aumento na Entropia durante a cristalização –

defeitos pontuais intrínsecos– Balanceamento da carga de impurezas retidas

mesmo depois da cristalização – defeitos pontuais extrínsecos

– Alta concentração de defeitos em compostos não-estequiométricos – defeitos do tipo cluster

– Superfícies e contornos de grãos – defeitos planares

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Defeitos Pontuais

• Tipos de Defeitos Pontuais– Vacância– Átomo intersticial– Átomo substitucional– Impureza– Centro Associado

• Notação de Kroger-Vink– Defeito A com carga efetiva b ocupando um sítio

cristalino a– Aa

b para vacâncias Vab

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Mapa de Defeitos Pontuais

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Defeitos Pontuais• Vacâncias e átomos intersticiais são partículas

que podem ocupar sítios na rede cristalina e possuem carga.

• Sítios são posições no cristal que podem ser ocupadas por átomos do composto, átomos intersticiais e vacâncias. Num composto binarioAB nos temos – AA e BB são o átomo A e o átomo B ocupando seus

respectivos sítios na rede e VA e VB são vacâncias nos sítios de átomo A e B respectivamente. Ai e Bisão os átomos nos interstício do átomo A e B respectivamente.

– Um cristal perfeito é cheio de vacâncias!!!

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O caso do NaCl com impurezas de Ca2+

Ca ··iViCl /

iNa ·ii-sitio

Ca ···ClV .

ClClClNa ··ClB-sitio

Ca ·NaV /

NaCl / /NaNaNaA- sitio

C átomo (Ca++)VacânciaB átomo (Cl–)A átomo (Na+)

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Defeito Schotky e Frenkel

• Presença de vacâncias de cátions e ânions em igual numero = defeito Schotky

• Um íon é deslocado para um espaço intersticial = defeito Frenkel

Ag+intersticial

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Frequência de Ocorrência de defeitos Schotky e Frenkel

• Schotky: estes defeitos são mais comuns e aparecem em maior freqüência em compostos com metais que podem apresentar maior numero de estados de oxidação. Os haletos de metais alcalinos possuem 10-12 mol dm-3 de defeitos a 130°C, enquanto o TiO possui 12 mol dm-3 de defeitos Schotky.

• Frenkel: defeitos deste tipo não levam a mudança na estequiometria do composto e são encontrados com maior freqüência em estruturas mais abertas, por exemplo a esfarelita e a wurtzita, onde o numero de coordenação é baixo e a estrutura é menos densa. Defeitos devido a cations são mais comuns que ânions pois os cations são menores. Defeitos com ânions são encontrados em comostos com estrutura tipo fluorita como a zircônia.

• Defeitos do tipo Frenkel não levam a mudança na densidade volumétrica do composto, enquanto defeitos do tipo Schotkyreduzem a densidade do material significativamente.

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Defeito Schotky e FrenkelDependência da Temperatura

( )

+−

=−

≈kT

gg

S

SS

VXVM

eNN

N

N

N 2

Em cristais com baixa concentração de vacâncias

Onde NS= qtde de defeitos VM e VX; N; N= qtdade de sítios na rede de catios e ânions em um mol; g0 é a energia livre de uma molécula num cristal perfeito e gVM e gVX são as energias livres de formação de V ’M e V .X.

H.Yanagida et al, The Chemistry of Ceramics, Wiley, 1996, pág. 60-61.

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Distribuição de DefeitosEfeito da Temperatura

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Lista de Defeitos Pontuais e as Reações geradoras

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Compostos Não-Estequiométricos

• Muitos compostos não podem ser expressos apenas por uma razão única entre cátions e ânions e por isto são chamados de não-estequiométricos. Exemplos destes compostos são os óxidos de metais de transição. Para expressar o desvio da composição estequiométrica usa-se a letra δ. Valores de δ para alguns compostos são dados na Tabela abaixo.

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Classificação de Compostos não-Estequiométricos

• Deficientes de Cátions: Cu2-δO, Ni1-δO – vacâncias de cátions

• Com excesso de cátions: Zn1+δO, Cd1+δO; cátions nos interstícios

• Deficientes de ânions: ZrO2-δ; PrO2-δ, vacâncias de ânions

• Com excesso de ânions: UO2-δ- ânions ocupando interstícios.

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Deficientes de Cátions

• Co1-δO:

[ ] [ ] [ ] [ ] [ ][ ] [ ] [ ]

( )

elétrica

4

:então osmajoritari defeitos os são V se

:então osmajoritari defeitos os são

V

;V;V

correto sitio no oxidoion um é O

2 carga com Co de vacânciauma é

21

6/1

3/1

321

''

Co

4/12/1

21

'

'''X

Co

'

3

''X

Co2

'2/1

1

X

Co

'''

'

X

O

2

2

2

2

adecondutividpe

PKKK

p

PKKp

Vse

VV

VKpVKpVPK

hVV

hVV

V

OVO

O

O

Co

CoCo

CoCoCoO

CoCo

Co

X

Co

X

Co

X

O

X

Co

==

==

==

++=

===

+=

+=

+

+→

µσ

δ

δ

δ

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Estrutura de Bandas Co1-δO

CoO é um semicondutor do tipo p e sua condutividade elétrica aumentam com a temperatura e PO2.

2p O2-

4s Co2+

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Excesso de CátionsZnO

( )

6/1

O

..

i

4/1

O

.

i

2/1

O

X

i

2

2

2

2

P

omajoritari defeito o é Zn

P

omajoritari defeito o é Znse

P

omajoritari defeito o é Znse

21

∝∝

∝∝

+→

n

se

n

OZnZnOX

i

δ

δ

δ

..

i

6/1

Znsão osmajoritari portadores os então

2

−∝∝ OPnσ

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Estrutura de Banda do ZnO

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Centros de Corcentro-F

Centros de cor são originados pelo tratamento dos cristais com radiação ou tratamento com gases fortemente oxidantes como os de metais alcalinos. Estes centros são vacâncias com elétrons aprisionados no poço de potencial feito pela eliminação do ânion. A cor destes centros advém de transições eletrônicas entre os níveis do elétron na caixa.

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Tipos de centro de Cor

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Placas de Imagem

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Soluções Solidas

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Critérios Solução Sólida

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Deslocamentos

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Cluster de DefeitosDefeitos pontuais que exibem ordem cristalograficamente a curta distância são chamados de clusters.

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Planos de Cisalhamento

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Condutividade Iônica e Eletrônica

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Dependência da Temperatura

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Condutividade Iônica e Eletrônica

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Bons condutores Iônicos

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Condutividade Eletrônica

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Catálise e DefeitosRedução de NO a N2 sobre Perovskita

Então, o número de vacância de íons O2- é dado por :

Pelo Princípio da Eletroneutralidade temos:

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Efeito do [VO] na Atividade Catalítica

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Mecanismo de Redução de NO sobre Perovskita Mista

Equação Global