decreto-lei n.º 18/2008 de 29 de janeiro 1 - o presente decreto-lei

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Decreto-Lei n.º 18/2008 de 29 de Janeiro 1 - O presente decreto-lei aprova o Código dos Contratos Públicos (CCP), que estabelece a disciplina aplicável à contratação pública e o regime substantivo dos contratos públicos que revistam a natureza de contrato administrativo. Trata-se do primeiro diploma com um tal duplo objecto no ordenamento jurídico português, assumindo-se, por isso, como um importante marco histórico na evolução do direito administrativo nacional e, em especial, no domínio da actividade contratual da Administração. Para além do objectivo de alinhamento com as mais recentes directivas comunitárias, a cuja transposição aqui se procede, o CCP procede ainda a uma nova sistematização e a uma uniformização de regimes substantivos dos contratos administrativos atomizados até agora. Em primeiro lugar, o CCP procede à transposição das Directivas n.os 2004/17/CE e 2004/18/CE, ambas do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Março, alteradas pela Directiva n.º 2005/51/CE, da Comissão, de 7 de Setembro, e rectificadas pela Directiva n.º 2005/75/CE, do Parlamento Europeu e da Comissão, de 16 de Novembro. A propósito do cumprimento desta obrigação comunitária, o CCP cria um conjunto homogéneo de normas relativas aos procedimentos pré-contratuais públicos, pelo que o seu conteúdo vai além da mera reprodução das regras constantes das referidas directivas. Na verdade, o CCP envolve não só a transposição e concretização dessas regras, na medida em que o legislador comunitário reservou para o legislador nacional, em vários domínios, uma margem de livre decisão (que importa exercer, nuns casos, em sintonia com a melhor tradição portuguesa e, noutros casos, rompendo com práticas do passado que se não justificavam ou careciam de ajustamentos), mas também a regulação de todos os procedimentos que não se encontram abrangidos pelos âmbitos objectivo e subjectivo das directivas, mas que não deixam, por isso, de revestir a natureza de procedimentos pré-contratuais públicos - pelo que devem beneficiar de um tratamento legislativo integrado. Em segundo lugar, o CCP desenha também uma linha de continuidade relativamente aos principais regimes jurídicos actualmente em vigor (em especial, os Decretos-Leis n.os 59/99, de 2 de Março, 197/99, de 8 de Junho, e 223/2001, de 9 de Agosto, que têm constituído a matriz da contratação pública portuguesa nos últimos anos), de forma a garantir segurança e estabilidade jurídica aos operadores económicos. Simultaneamente, o CCP representa um esforço de modernização, visível, aliás, a três níveis fundamentais: (i) no plano da investigação e desenvolvimento, o CCP prescreve que relativamente a contratos de valor igual ou superior a (euro) 25 000 000 o adjudicatário é obrigado a elaborar um ou vários projectos de investigação e desenvolvimento directamente relacionados com as prestações que constituem o objecto desse contrato, a concretizar em território nacional, pelo próprio ou por terceiros, de valor correspondente, em regra, a pelo menos 1 % do preço contratual; (ii) no plano da permeabilidade à evolução tecnológica e às possibilidades oferecidas pelas vias electrónicas, o CCP adequa o regime da contratação pública às exigências da actualidade, maxime às impostas pelo e-procurement e pelas novas exigências decorrentes da Estratégia Nacional de Compras Públicas Ecológicas; (iii) no plano da própria evolução jurídica e sua articulação com áreas conexas, o CCP procura, entre outras coisas, ajustar o regime da contratação e da execução dos contratos por ele abrangidos às técnicas de financiamento hoje em dia correntes, sobretudo no domínio dos contratos de concessão, avultando, naturalmente, as de project finance, acquisition finance e asset finance. Em terceiro lugar, o CCP - enquanto instrumento de codificação da disciplina aplicável à contratação pública e do regime substantivo dos contratos administrativos, motivado pela necessidade de uniformização de regras dispersas, de regulamentação de vazios jurídicos, de simplificação procedimental e de modernização legislativa - prossegue o

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  • Decreto-Lei n. 18/2008

    de 29 de Janeiro

    1 - O presente decreto-lei aprova o Cdigo dos Contratos Pblicos (CCP), que estabelece a disciplina aplicvel contratao pblica e o regime substantivo dos contratos pblicos que revistam a natureza de contrato administrativo. Trata-se do primeiro diploma com um tal duplo objecto no ordenamento jurdico portugus, assumindo-se, por isso, como um importante marco histrico na evoluo do direito administrativo nacional e, em especial, no domnio da actividade contratual da Administrao. Para alm do objectivo de alinhamento com as mais recentes directivas comunitrias, a cuja transposio aqui se procede, o CCP procede ainda a uma nova sistematizao e a uma uniformizao de regimes substantivos dos contratos administrativos atomizados at agora. Em primeiro lugar, o CCP procede transposio das Directivas n.os 2004/17/CE e 2004/18/CE, ambas do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Maro, alteradas pela Directiva n. 2005/51/CE, da Comisso, de 7 de Setembro, e rectificadas pela Directiva n. 2005/75/CE, do Parlamento Europeu e da Comisso, de 16 de Novembro. A propsito do cumprimento desta obrigao comunitria, o CCP cria um conjunto homogneo de normas relativas aos procedimentos pr-contratuais pblicos, pelo que o seu contedo vai alm da mera reproduo das regras constantes das referidas directivas. Na verdade, o CCP envolve no s a transposio e concretizao dessas regras, na medida em que o legislador comunitrio reservou para o legislador nacional, em vrios domnios, uma margem de livre deciso (que importa exercer, nuns casos, em sintonia com a melhor tradio portuguesa e, noutros casos, rompendo com prticas do passado que se no justificavam ou careciam de ajustamentos), mas tambm a regulao de todos os procedimentos que no se encontram abrangidos pelos mbitos objectivo e subjectivo das directivas, mas que no deixam, por isso, de revestir a natureza de procedimentos pr-contratuais pblicos - pelo que devem beneficiar de um tratamento legislativo integrado. Em segundo lugar, o CCP desenha tambm uma linha de continuidade relativamente aos principais regimes jurdicos actualmente em vigor (em especial, os Decretos-Leis n.os 59/99, de 2 de Maro, 197/99, de 8 de Junho, e 223/2001, de 9 de Agosto, que tm constitudo a matriz da contratao pblica portuguesa nos ltimos anos), de forma a garantir segurana e estabilidade jurdica aos operadores econmicos. Simultaneamente, o CCP representa um esforo de modernizao, visvel, alis, a trs nveis fundamentais: (i) no plano da investigao e desenvolvimento, o CCP prescreve que relativamente a contratos de valor igual ou superior a (euro) 25 000 000 o adjudicatrio obrigado a elaborar um ou vrios projectos de investigao e desenvolvimento directamente relacionados com as prestaes que constituem o objecto desse contrato, a concretizar em territrio nacional, pelo prprio ou por terceiros, de valor correspondente, em regra, a pelo menos 1 % do preo contratual; (ii) no plano da permeabilidade evoluo tecnolgica e s possibilidades oferecidas pelas vias electrnicas, o CCP adequa o regime da contratao pblica s exigncias da actualidade, maxime s impostas pelo e-procurement e pelas novas exigncias decorrentes da Estratgia Nacional de Compras Pblicas Ecolgicas; (iii) no plano da prpria evoluo jurdica e sua articulao com reas conexas, o CCP procura, entre outras coisas, ajustar o regime da contratao e da execuo dos contratos por ele abrangidos s tcnicas de financiamento hoje em dia correntes, sobretudo no domnio dos contratos de concesso, avultando, naturalmente, as de project finance, acquisition finance e asset finance. Em terceiro lugar, o CCP - enquanto instrumento de codificao da disciplina aplicvel contratao pblica e do regime substantivo dos contratos administrativos, motivado pela necessidade de uniformizao de regras dispersas, de regulamentao de vazios jurdicos, de simplificao procedimental e de modernizao legislativa - prossegue o

  • objectivo de introduzir um maior rigor e celeridade em matria de contratao pblica e de execuo de contratos administrativos, tendo em conta a relevncia da actividade administrativa contratualizada, bem como a indispensabilidade do controlo da despesa pblica. 2 - No que diz respeito disciplina aplicvel contratao pblica, destaca-se o respectivo mbito objectivo: a fase de formao dos contratos, qualquer que seja a sua designao e a sua natureza administrativa ou privada, a celebrar pelas entidades adjudicantes. A referida disciplina aplica-se, em especial, formao de contratos cujo objecto abranja prestaes que, designadamente em razo da sua natureza ou das suas caractersticas, bem como da posio relativa das partes no contrato ou do contexto da sua prpria formao, esto ou sejam susceptveis de estar submetidas concorrncia de mercado. Nesta clusula geral cabem os contratos tpicos regulados pelas directivas comunitrias, bem como os contratos de concesso de servios e de sociedade, em relao aos quais o CCP autonomiza, designadamente, o regime substantivo. Acresce, ainda, a este propsito, uma opo que se reveste de especial importncia: a inaplicabilidade das regras da contratao pblica fase de formao de contratos quando se verificarem os pressupostos de (i) a entidade adjudicante exercer sobre a actividade da entidade adjudicatria, isoladamente ou em conjunto com outras entidades adjudicantes, um controlo anlogo ao que exerce sobre os seus prprios servios e de (ii) a entidade adjudicatria desenvolver o essencial da sua actividade em benefcio de uma ou de vrias entidades adjudicantes que exeram sobre ela o referido controlo anlogo (a comummente designada contratao in house). Relativamente ao mbito subjectivo de aplicao das regras da contratao pblica, a novidade fundamental diz respeito rigorosa transposio da noo comunitria de organismo de direito pblico - introduzida de forma a acompanhar o entendimento que tem sido veiculado pela jurisprudncia comunitria e portuguesa. Promove-se, pois, a sujeio das entidades instrumentais da Administrao Pblica s regras dos procedimentos pr-contratuais pblicos. Concretamente, inclui-se no mbito subjectivo de aplicao qualquer pessoa colectiva que, independentemente da sua natureza pblica ou privada, tenha sido criada especificamente para satisfazer necessidades de interesse geral, sem carcter industrial ou comercial, e que seja financiada maioritariamente pelas entidades adjudicantes do sector pblico administrativo tradicional ou esteja sujeita ao seu controlo de gesto ou tenha um rgo de administrao, direco ou fiscalizao cujos membros sejam em mais de metade designados, directa ou indirectamente, por aquelas entidades. Acrescentando-se, a ttulo explicativo, que so consideradas pessoas colectivas criadas especificamente para satisfazer necessidades de interesse geral, sem carcter industrial ou comercial, aquelas cuja actividade econmica se no submeta lgica do mercado e da livre concorrncia. Em relao aos procedimentos pr-contratuais, o CCP procede a uma reduo do seu nmero e da sua diversidade, uniformizando a nomenclatura e regras procedimentais aplicveis. Concretamente, prevem-se apenas os seguintes procedimentos: ajuste directo, negociao com publicao prvia de anncio, concurso pblico, concurso limitado por prvia qualificao e dilogo concorrencial. Eliminam-se, desta forma, os procedimentos que se revelam menos consentneos com a concorrncia ou cujas diferenas em face dos demais no justificariam, apesar disso, a respectiva autonomizao (nomeadamente o concurso limitado sem apresentao de candidaturas ou sem publicao de anncio, a negociao sem publicao prvia de anncio e a consulta prvia). Por outro lado, o CCP rev em alta os limites relativos ao valor do contrato em funo do procedimento pr-contratual adoptado. Considera-se estratgico pr fim actual banalizao dos procedimentos de tramitao mais pesada e complexa (designadamente o concurso pblico e o concurso limitado). Para efeitos da

  • determinao do valor do contrato, consagra-se um sistema que impea as actuais disfunes relacionadas com o mtodo assente nas estimativas (que s excepcionalmente permitido). Assim sendo, afirma-se a regra de que a escolha do procedimento condiciona o valor do contrato a celebrar - entendido este ltimo como o valor mximo do benefcio econmico que, em funo do procedimento adoptado, pode ser obtido pelo adjudicatrio com a execuo de todas as prestaes que constituem o objecto contratual. Relativamente escolha dos procedimentos em funo de critrios materiais, o legislador nacional surge partida condicionado pelas directivas comunitrias - pelo menos acima dos limiares por elas previstos e para os contratos a elas sujeitos - restando, por isso, uma reduzida margem de opo legislativa. Adicionalmente, foram criadas regras especiais para a escolha do procedimento em funo do tipo de contrato a celebrar ou da respectiva entidade adjudicante. O presente Cdigo introduz uma maior exigncia ao nvel da qualificao dos candidatos, em sede de concurso limitado e de procedimento de negociao, criando dois modelos de qualificao: (i) o modelo simples, que corresponde verificao do preenchimento de requisitos mnimos de capacidade tcnica e de capacidade financeira fixados no programa do procedimento; e (ii) o modelo complexo, que assenta num sistema de seleco de um nmero pr-definido de candidatos qualificados segundo o critrio da maior capacidade tcnica e financeira, atravs da utilizao de um rigoroso modelo de avaliao das respectivas candidaturas. Ambos os modelos de qualificao garantem uma verdadeira e prpria avaliao das capacidades tcnica e financeira dos candidatos, implicando a emisso de um juzo valorativo sobre as mesmas - no se bastando apenas, como actualmente, com uma mera verificao documental. O CCP versa ainda, com inovao e rigor, sobre as regras essenciais atinentes metodologia de avaliao das propostas. Trata-se, como sabido, de uma vertente crucial no domnio da formao dos contratos pblicos. Na verdade, os factores que densificam o critrio de adjudicao constituem a pedra angular de qualquer programa de concurso, pelo que a sua enunciao e publicitao reveste-se de inegvel importncia, tanto para os concorrentes (que com base em tais factores delinearo, de uma forma ou de outra, a respectiva estratgia e apresentaro, de um modo ou de outro, os seus argumentos concursais) quanto para a entidade adjudicante (posto que luz desses factores que se h-de evidenciar a proposta economicamente mais vantajosa na ptica do interesse prosseguido). Do exposto resultam duas preocupaes conexas a que o CCP procura dar resposta cabal: (i) por um lado, imperioso garantir que a enunciao e publicitao dos factores e eventuais subfactores que densificam o critrio de adjudicao, bem como dos respectivos coeficientes de ponderao, se faa em moldes conformes com os princpios da igualdade, da concorrncia, da imparcialidade, da proporcionalidade, da transparncia, da publicidade e da boa f, parmetros que reconhecidamente dominam as tramitaes procedimentais pr-contratuais; (ii) por outro lado, fundamental assegurar a observncia daqueles mesmos princpios ao longo da fase de avaliao das propostas, assim como durante as diligncias que a preparam ou que se lhe seguem. Nesta linha, a metodologia de avaliao deve, desde logo, constar do programa do procedimento, nomeadamente com a enumerao dos factores e subfactores que densificam o critrio de adjudicao, acompanhados das respectivas ponderaes, no sentido de garantir os apontados princpios gerais. Alm disso, tanto para efeitos de admisso e excluso de candidaturas e de propostas, quanto para efeitos da sua avaliao e classificao, confere-se especial importncia aos respectivos aspectos que relevem dos mbitos social e ambiental - de resto, no seguimento das orientaes perfilhadas pelas directivas comunitrias que se transpem. Ou seja, desejvel que os requisitos mnimos de qualificao dos

  • candidatos, bem como os factores que densificam o critrio de adjudicao e ainda os aspectos vinculados do caderno de encargos dos procedimentos reflictam, ponderem e valorizem preocupaes sociais e ambientais relacionadas com o objecto do contrato a celebrar. Alis, a j referida Estratgia Nacional de Aco de Compras Pblicas Ecolgicas estabelece igualmente metas e objectivos para a Administrao, no que se refere introduo de critrios ambientais no procedimento de aquisio de bens e servios pelo Estado. Em relao s peas do procedimento, destaca-se a previso expressa de que as clusulas do caderno de encargos relativas aos aspectos da execuo do contrato submetidos concorrncia podem fixar os respectivos parmetros base a que as propostas esto vinculadas. Os parmetros base - que podem respeitar ao preo a pagar pela entidade adjudicante, ao prazo de execuo das prestaes objecto do contrato ou s suas caractersticas tcnicas ou funcionais - devem ser definidos atravs de limites mnimos ou mximos e funcionam como delimitadores da concorrncia, determinando a excluso das propostas cujas condies os ultrapassem. A este propsito merece especial destaque a figura do preo base, definido como o preo mximo que a entidade adjudicante se dispe a pagar pela execuo de todas as prestaes que constituem o objecto do contrato a celebrar. O preo base corresponde (i) ao valor fixado no caderno de encargos como parmetro base (ii) ao valor mximo do contrato a celebrar permitido pela escolha do procedimento (quando no efectuada em funo de critrios materiais), ou (iii) ao valor mximo at ao qual o rgo competente, por lei ou por delegao, pode autorizar a despesa inerente ao contrato a celebrar - consoante o que for mais baixo. O CCP prossegue o objectivo da simplificao da tramitao procedimental pr-contratual atravs da aposta nas novas tecnologias de informao. Introduz-se, a ttulo principal, uma adequada participao procedimental atravs de meios electrnicos. fundamental, num quadro em que o Governo pretende promover a desburocratizao, que a contratao pblica seja desmaterializada - o que obriga, entre outras coisas, criao de um sistema alternativo ao clssico papel, fundando as comunicaes em vias electrnicas. Desta forma, assegura-se ainda um importante encurtamento dos prazos procedimentais, tanto reais quanto legais. Por fim, o CCP acolhe a quase totalidade das mais recentes novidades introduzidas pelas directivas comunitrias em matria de contratao pblica, de entre as quais se destacam: o procedimento de dilogo concorrencial, os leiles electrnicos, os acordos quadro, as centrais de compras e os sistemas de aquisio dinmicos. O procedimento de dilogo concorrencial pode ser adoptado quando o contrato a celebrar, qualquer que seja o seu objecto, seja particularmente complexo, impossibilitando a adopo do concurso pblico ou do concurso limitado por prvia qualificao. Para este efeito, consideram-se particularmente complexos os contratos relativamente aos quais seja objectivamente impossvel definir (i) a soluo tcnica mais adequada satisfao das necessidades da entidade adjudicante com o contrato a celebrar (ii) os meios tcnicos aptos a concretizar a soluo j definida pela entidade adjudicante, ou (iii) a estrutura jurdica ou financeira inerentes ao contrato a celebrar. A adopo do procedimento de dilogo concorrencial destina-se, assim, a permitir entidade adjudicante debater, com os potenciais interessados na execuo do contrato a celebrar, os aspectos carecidos de definio. Destaca-se, a este propsito, que a impossibilidade objectiva de definir os referidos aspectos no pode, em qualquer caso, resultar da carncia efectiva de apoios de ordem tcnica, jurdica ou financeira de que a entidade adjudicante, usando da diligncia devida, possa dispor. O leilo electrnico constitui uma fase facultativa a que entidade adjudicante pode recorrer nos procedimentos de concurso, quando esteja em causa a formao de contratos de locao ou de aquisio de bens mveis ou de contratos de aquisio de servios. O leilo electrnico destina-se a permitir aos concorrentes melhorar,

  • progressivamente, os atributos das suas propostas, relativos a aspectos da execuo do contrato a celebrar submetidos concorrncia pelo caderno de encargos - desde que este fixe os parmetros base desses aspectos e desde que tais atributos sejam definidos apenas quantitativamente e a sua avaliao seja efectuada atravs de uma expresso matemtica. De acordo com os imperativos comunitrios, no decurso do leilo electrnico, a entidade adjudicante no pode divulgar, directa ou indirectamente, a identidade dos concorrentes que nele participam. O CCP acolhe tambm a figura do acordo quadro a celebrar pelas entidades adjudicantes, isolada ou conjuntamente, com uma nica entidade (quando se encontrem suficientemente especificados todos os aspectos da execuo dos contratos a celebrar ao seu abrigo) ou com vrias entidades (quando o acordo quadro tenha por objecto a aquisio futura de diferentes lotes ou quando os aspectos da execuo dos contratos a celebrar ao seu abrigo no estejam todos contemplados ou no se encontrem suficientemente especificados). Acrescenta-se que, em qualquer caso, a celebrao de um acordo quadro deve mostrar-se adequada aos fins a prosseguir pela entidade adjudicante, bem como ao tipo de obras, bens ou servios em causa, sendo vedada a sua utilizao nos casos em que impea, restrinja ou falseie a concorrncia. O CCP prev ainda que as entidades adjudicantes possam criar centrais de compras, igualmente sujeitas s disposies do presente Cdigo, destinadas a: (i) adjudicar propostas em sede de procedimentos pr-contratuais destinados formao de contratos de empreitada de obras pblicas, de locao ou de aquisio de bens mveis e de aquisio de servios, a pedido e em representao das entidades adjudicantes; (ii) adquirir bens mveis ou servios destinados a entidades adjudicantes, nomeadamente por forma a promover o agrupamento de encomendas de bens ou servios; (iii) celebrar acordos quadro, tambm designados por contratos pblicos de aprovisionamento, que permitam a posterior formao de contratos ao seu abrigo, por ajuste directo, por parte das entidades adjudicantes. O CCP recebe ainda a figura de origem comunitria designada por sistemas de aquisio dinmicos. Tratam-se de sistemas totalmente electrnicos destinados a permitir s entidades adjudicantes a celebrao de contratos de aquisio de bens ou de servios de uso corrente, entendendo-se por tal aqueles bens e servios cujas especificaes tcnicas so estandardizadas. Por fim, consagrou-se a possibilidade de a entidade adjudicante recorrer, nos concursos pblicos ou nos concursos limitados por prvia qualificao cujo anncio no tenha sido publicado no Jornal Oficial da Unio Europeia, bem como nos procedimentos de formao de contratos de concesso de obras pblicas ou de concesso de servios pblicos, a uma fase de negociaes, aps uma primeira avaliao das propostas. 3 - Quanto matria relativa ao regime substantivo dos contratos pblicos, a primeira nota que importa realar prende-se com a circunstncia da parte iii do CCP apenas se aplicar aos contratos pblicos que revistam a natureza de contrato administrativo, deixando-se, desta forma, margem do mesmo instrumentos contratuais cuja fase de formao se encontra sujeita s regras estabelecidas na parte ii do CCP. Assinalada a inexistncia de sobreposio de mbitos objectivos de aplicao entre as partes ii e iii do CCP, importa ter presente a segunda opo de fundo relativamente parte iii e que se relaciona com o facto de esta assentar numa estrutura bipartida. Assim, por um lado, integra a parte iii do Cdigo um ncleo de normas comum a todos os contratos que revestem a natureza de contrato administrativo (revogando-se, deste modo, os artigos 178. a 189. do Cdigo do Procedimento Administrativo) - ttulo i da parte iii - e, por outro lado, nela especialmente regulada a disciplina jurdica aplicvel a certos tipos contratuais em particular - ttulo ii da parte iii: empreitada de obras pblicas, concesso de obras pblicas e de servios pblicos, aquisio e locao de bens mveis e aquisio de servios.

  • O regime estabelecido na parte iii do Cdigo reflecte ainda uma filosofia de reforo claro e deliberado da autonomia contratual das partes, denotando-se, neste contexto, uma predominncia evidente de normas de carcter supletivo. Outra marca das grandes opes estruturais relativas parte iii prende-se com a tendncia desregulamentadora (visvel, nomeadamente, no domnio das empreitadas de obras pblicas) que acompanha, alis, a ptica anteriormente realada. No que concerne ao ttulo i da parte iii do Cdigo (Contratos administrativos em geral), a primeira nota vai para a preocupao de preservao do quid specificum dos contratos administrativos, perceptvel atravs dos seguintes aspectos: (i) recorrente apelo aos imperativos de interesse pblico (por exemplo, na modificao e resoluo contratuais); (ii) manuteno de importantes poderes do contraente pblico durante a fase de execuo do contrato administrativo; (iii) criao de figuras como a da partilha de benefcios; (iv) criao de regras especiais para as situaes de incumprimento do contraente pblico; (v) introduo de normas que versam, directa ou indirectamente, a repartio de risco entre as partes contratantes. Numa lgica de maior rigor na gesto dos recursos pblicos, a regulamentao do ttulo i da parte iii imprime, igualmente, uma maior responsabilizao de todos os intervenientes nas relaes contratuais administrativas. Assim, foram criadas regras de incentivo boa gesto de recursos financeiros pblicos e privados (como as normas relativas aos adiantamentos de preo, reviso de preos e liberao da cauo) e regras relativas repartio de responsabilidade durante a fase de execuo (destaca-se, quanto a este aspecto, o regime do incumprimento contratual, da cesso e da subcontratao). Por ltimo, de entre as principais inovaes do CCP, no pode deixar de se destacar a criao de regulamentao adequada de alguns aspectos das tcnicas de project finance, acquisition finance e asset finance, que se cruzam com a actividade de contratao pblica. Na verdade, esta tcnica de obteno de recursos financeiros para financiamento de projectos, recorrentemente utilizada na Europa e em Portugal (especialmente quando associada a parcerias pblicas-privadas consubstanciadas em contratos de concesso) e sem a qual muitos avultados investimentos ao servio do desenvolvimento do Pas no teriam sido possveis, no encontrava qualquer reflexo ao nvel da legislao ordinria, o que gerava um conflito entre as tcnicas contratuais ditadas, sobretudo, pela prtica do project finance e as regras legais relativas contratao pblica, de raiz essencialmente comunitria. O novo CCP veio, assim, pr um termo diviso entre a prtica e a legislao no que respeita a alguns fenmenos generalizados com o project finance e combinou a necessria rigidez das normas destinadas salvaguarda da concorrncia garantida pela parte ii do Cdigo com as recorrentes garantias exigidas pelas entidades financiadoras do projecto que, no sucesso deste vem a fonte quase exclusiva de retribuio do investimento suportado. Destaca-se, portanto, a este respeito, o enquadramento legal atribudo aos direitos de step in e step out, a regulamentao das alteraes societrias e o regime construdo a propsito do exerccio do direito de sequestro da concesso (este ltimo j no ttulo ii da parte iii do Cdigo). 4 - A abrir o ttulo ii da parte iii do Cdigo (Contratos em especial) encontra-se o captulo referente ao contrato de empreitada de obras pblicas - que se mantm, naturalmente, como um contrato administrativo por determinao da lei - resultante de uma reduo substancial do ttulo iv (Execuo da empreitada) do Decreto-Lei n. 59/99, de 2 de Maro. Essa reduo fruto, em primeiro lugar, de se considerar como uma soluo menos boa a disciplina minuciosa do contrato de empreitadas de obras pblicas, como vem sendo tradicional entre ns h vrias dcadas. Essa disciplina minuciosa contribuiu para a cristalizao de um regime que se deveria pretender dinmico, transformou a lei em contrato normativo e, sobretudo, retirou aos sujeitos das relaes contratuais um espao de deciso que deveria ser deles por excelncia. A reduo operada resulta ainda, em segundo lugar, da ideia rectora do CCP,

  • particularmente do objectivo de o construir sobre ttulos e captulos equilibrados e com uma estrutura to homognea quanto possvel e, ainda, do objectivo de remeter para a respectiva parte geral (ttulo i da parte iii) tudo o que se deva considerar prprio da teoria geral dos contratos pblicos e no tanto exclusivo dos contratos de empreitada de obras pblicas. Assim, regista-se desde j que uma parte importante do aludido ttulo iv do Decreto-Lei n. 59/99, de 2 de Maro, surge com uma nova sistematizao no ttulo i da parte iii do Cdigo, sendo que muitas outras regras inscritas naquele diploma deixam de ter reflexo legal no Cdigo, passando o respectivo contedo a depender da autonomia do dono do concurso - que as acolher, ou no, no caderno de encargos - e, ainda que com todas as limitaes de que a mesma consabidamente padece, da liberdade contratual das partes - que as inseriro, ou no, no clausulado contratual. Como principais linhas de fora do captulo das empreitadas de obras pblicas, sublinham-se as seguintes: (i) abandono da tradicional tricotomia empreitada por preo global, por srie de preos ou por percentagem, sem prejuzo de a entidade adjudicante poder desenhar as empreitadas com qualquer desses figurinos; (ii) clarificao do mecanismo de representao das partes e reforo dos poderes do director de fiscalizao da obra (antigo fiscal da obra); (iii) uniformizao do regime de garantias administrativas do empreiteiro relativamente a eventos que devam ser formalizados em auto; (iv) previso de um observatrio das obras pblicas, ainda que dependente de lei especial que o crie e discipline, atravs do qual se monitorizaro os aspectos mais relevantes da execuo dos contratos de empreitadas de obras pblicas; (v) consagrao da regra de que incumbe ao dono da obra (e, no caso de empreitadas integradas em concesses, ao concedente, salvo estipulao em contrrio) o procedimento administrativo de expropriao, constituio de servides e ocupao de prdios necessrios execuo dos trabalhos, ficando igualmente sob sua responsabilidade o pagamento das indemnizaes devidas; (vi) previso da regra segundo a qual as expropriaes devem estar concludas, na sua totalidade, antes da celebrao do contrato, salvo quando o nmero de prdios a expropriar associado ao prazo de execuo da obra tornem esta obrigao manifestamente desproporcionada; (vii) circunscrio dos casos em que se admite consignao parcial; (viii) racionalizao, por via de limitaes acrescidas por comparao com o que resultava do Decreto-Lei n. 59/99, de 2 de Maro, do regime dos trabalhos a mais, que passam a depender de pressupostos mais apertados e deixam de incluir os trabalhos necessrios ao suprimento de erros e omisses; (ix) redefinio do regime da responsabilidade por erros e omisses, que passa a assentar na regra de que o empreiteiro assume tal responsabilidade quando tenha a obrigao contratual ou pr-contratual de elaborar o programa ou o projecto de execuo, excepto quando aqueles erros ou omisses sejam induzidos pelos elementos elaborados ou disponibilizados pelo dono da obra; (x) limitaes acrescidas em matria de subempreitadas; (xi) reformulao substancial do regime de garantia da obra, que passa a variar consoante se trate de defeitos relativos a elementos construtivos estruturais (10 anos), a elementos construtivos no estruturais ou a instalaes tcnicas (5 anos) ou a equipamentos afectos obra mas dela autonomizveis (2 anos); (xii) previso de um relatrio final da obra; (xiii) clarificao do regime de extino do contrato pelo dono da obra e pelo empreiteiro. Naturalmente que a disciplina do contrato de empreitada de obras pblicas beneficia ainda das linhas de fora do regime substantivo geral dos contratos administrativos vertido no ttulo i da parte iii do CCP. 5 - No que respeita ao regime substantivo dos contratos administrativos, reala-se ainda que o CCP contm, pela primeira vez em Portugal, uma disciplina geral sobre concesses de obras pblicas e de servios pblicos, sendo que a maior parte das regras so comuns a estes dois tipos contratuais. Note-se ainda que as disposies

  • gerais em matrias concessrias so subsidiariamente aplicveis ao contrato de concesso de explorao de bens do domnio pblico. A regulamentao em causa inspira-se amplamente na prtica contratual existente entre ns neste domnio, solidificada sobretudo desde o incio dos anos 90 do sculo passado. Em geral, deixa de ser necessria lei de habilitao especfica para cada concesso e o legislador preserva a autonomia das partes para a disciplina especfica de cada relao concessria. Para alm disso, a regulamentao aplicvel s concesses norteada, como se viu supra, pela preocupao de adequao s tcnicas, hoje em dia comuns, de project finance, acquisition finance e asset finance. Quanto a aspectos a valer igualmente para as concesses de obras e para as de servios pblicos, realam-se os seguintes: (i) prev-se que o prazo de vigncia do contrato deve ser fixado, por princpio, em funo do perodo de tempo necessrio para amortizao e remunerao, em normais condies de rendibilidade da explorao, do capital investido pelo concessionrio; (ii) o contrato deve implicar uma significativa e efectiva transferncia do risco para o concessionrio; (iii) os direitos e as obrigaes do concedente e do concessionrio com base legal so clarificados; (iv) estabelece-se que o contrato pode atribuir ao concessionrio o direito a prestaes econmico-financeiras pelo concedente, mas apenas se as mesmas no ofenderem as regras comunitrias e nacionais de concorrncia, forem essenciais viabilidade econmico-financeira da concesso e no eliminarem a efectiva e significativa transferncia do risco da concesso para o concessionrio; (v) consagra-se um regime uniforme de sequestro, resgate e resoluo pelo concedente. A regulao de aspectos especficos de um e de outro tipo contratual relativamente reduzida, seja porque as disposies gerais consomem o essencial, seja porque o ttulo i da parte iii aplicvel e dispensa, neste captulo, disciplina mais exaustiva. 6 - No campo da aquisio e locao de bens e aquisio de servios, o primeiro tpico a destacar prende-se com a incluso dos contratos de aquisio de bens mveis, de locao de bens e de aquisio de servios no rol dos contratos administrativos por determinao legal. Todos os contratos desse tipo celebrados por um contraente pblico passam a ser considerados contratos administrativos e a seguir o regime especial estabelecido neste captulo e no ttulo i da parte iii. Merece ainda meno o facto de a definio de aquisio de bens mveis incluir os contratos que envolvem a aquisio de bens que vo ser fabricados pelo contraente particular, que normalmente so tratados como contratos de aquisio/fornecimento, mas que, de acordo com a orientao tradicional, integrar-se-iam no conceito de empreitada (civil). Correspondem tais contratos aos contratos de fabrico. Neste domnio, consagra-se um conjunto reduzido de normas injuntivas especiais aplicveis execuo de contratos administrativos com este objecto, designadamente, normas relativas a (i) conformidade dos bens a fornecer; (ii) obrigaes do fornecedor em relao aos bens entregues; (iii) resoluo pelo contraente pblico, estabelecendo-se, aqui, um prazo especial de trs meses de mora na entrega dos bens findo o qual o contraente pblico pode resolver o contrato. Consagra-se, por outro lado, um conjunto (mais alargado) de normas supletivas especiais aplicveis execuo de contratos administrativos com este objecto, designadamente: (i) normas relativas ao acompanhamento do fabrico; (ii) local e condies de entrega de bens; (iii) encargos gerais do fornecedor, com licenas, taxas, impostos, prestao de caues, etc.; (iv) continuidade de fabrico; (v) direitos de propriedade industrial; (vi) resoluo pelo fornecedor, estabelecendo-se que esta no determina a repetio das prestaes j realizadas. Por ltimo, estende-se a aplicao a este contratos de aquisio de bens mveis o disposto na lei que disciplina os aspectos relativos venda de bens de consumo e das garantias a ela relativas, no que respeita responsabilidade e obrigaes do fornecedor e do produtor e aos direitos do consumidor.

  • Quanto ao contrato de locao de bens mveis que revista natureza de contrato administrativo, estabelece-se um conjunto de normas injuntivas, especiais relativamente ao regime da locao estabelecido no Cdigo Civil: (i) indemnizao por mora do contraente pblico nos pagamentos; (ii) cedncia do gozo e sublocao do bem locado; (iii) resoluo pelo contraente pblico, estabelecendo-se, aqui, um prazo especial de trs meses de mora no cumprimento de obrigaes de manuteno ou reparao pelo locador, findo o qual o contraente pblico pode resolver o contrato. Prev-se ainda, supletivamente, um conjunto de obrigaes de reparao e manuteno que impendem sobre o locador privado. Por fim, a disciplina do contrato de aquisio de servios assenta fundamentalmente numa remisso, com as necessrias adaptaes, para o disposto em sede de contratos de aquisio de bens mveis. Foram ouvidos os rgos de governo prprio das Regies Autnomas, a Associao Nacional de Municpios Portugueses, a Ordem dos Arquitectos, a Autoridade da Concorrncia e as associaes representativas do sector da construo. Foi promovida a audio da Associao Nacional de Freguesias e da Ordem dos Engenheiros. Assim: Nos termos da alnea a) do n. 1 do artigo 198. da Constituio, o Governo decreta o seguinte:

    CAPTULO IDisposies gerais

    Artigo 1.Aprovao

    1 - aprovado o Cdigo dos Contratos Pblicos, que se publica em anexo ao presente decreto-lei e que dele faz parte integrante. 2 - O Cdigo dos Contratos Pblicos procede transposio das Directivas n.os 2004/17/CE e 2004/18/CE, ambas do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Maro, bem como da Directiva n. 2005/51/CE, da Comisso, de 7 de Setembro, e ainda da Directiva n. 2005/75/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 16 de Novembro.

    Artigo 2.Publicitao da actualizao dos limiares comunitrios

    O Governo, por portaria dos ministros responsveis pelas reas das finanas e das obras pblicas, publicita os valores actualizados a que se referem: a) As alneas a) e b) do artigo 16. da Directiva n. 2004/17/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Maro; b) As alneas a), b) e c) do artigo 7. da Directiva n. 2004/18/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Maro.

    Artigo 3.Anncios

    1 - Os anncios a publicar no Dirio da Repblica, nos termos previstos no Cdigo dos Contratos Pblicos, so enviados Imprensa Nacional-Casa da Moeda, S. A., atravs de meios electrnicos, conforme o formato e as modalidades de transmisso indicados no portal do Dirio da Repblica Electrnico. 2 - A publicao dos anncios referidos no nmero anterior deve ser efectuada em tempo real, no caso dos concursos pblicos urgentes e, nos demais casos, no prazo mximo de vinte e quatro horas.

    Artigo 4.Portal dos contratos pblicos e plataformas electrnicas utilizadas pelas

    entidades adjudicantes

    1 - Por portaria conjunta dos ministros responsveis pelas reas das finanas, das obras pblicas e da cincia e tecnologia, so aprovadas as regras de constituio, de

  • funcionamento e de gesto de um portal nico da Internet dedicado aos contratos pblicos. 2 - A utilizao de plataformas electrnicas pelas entidades adjudicantes para os efeitos previstos no Cdigo dos Contratos Pblicos deve obedecer a requisitos e condies a definir por portaria conjunta dos ministros responsveis pelas reas das finanas, das obras pblicas e da cincia tecnologia. 3 - A portaria referida no nmero anterior define ainda as regras de funcionamento das plataformas electrnicas utilizadas pelas entidades adjudicantes, as obrigaes a que as mesmas se encontram sujeitas, bem como as condies de interligao com o portal nico da Internet referido no n. 1 para os efeitos do disposto no artigo 465. do Cdigo dos Contratos Pblicos.

    CAPTULO IIDisposies complementares

    Artigo 5.Alterao ao Decreto-Lei n. 33/99, de 5 de Fevereiro

    Os artigos 1. e 2. do Decreto-Lei n. 33/99, de 5 de Fevereiro, passam a ter a seguinte redaco:

    Artigo 1.mbito objectivo

    O presente decreto-lei estabelece a disciplina da contratao pblica aplicvel formao dos contratos pblicos abrangidos pelo disposto na alnea b) do n. 1 e no n. 2 do artigo 296. do Tratado da Comunidade Europeia.

    Artigo 2.mbito subjectivo

    1 - O presente decreto-lei aplica-se aos contratos referidos no artigo anterior celebrados pelo Ministrio da Defesa Nacional ou pelas entidades do sector empresarial do Estado que prossigam atribuies do Ministrio da Defesa Nacional. 2 - O presente decreto-lei aplica-se, ainda, aos contratos referidos no artigo anterior, relativos a aquisies destinadas Guarda Nacional Republicana, nos termos definidos na Lei da Defesa Nacional e das Foras Armadas e no respectivo estatuto orgnico.

    Artigo 6.Alterao Lei n. 18/2003, de 11 de Junho

    O artigo 45. da Lei n. 18/2003, de 11 de Junho, com as alteraes introduzidas pelo Decreto-Lei n. 219/2006, de 11 de Fevereiro, passa a ter a seguinte redaco:

    Artigo 45.Sanes acessrias

    1 - Caso a gravidade da infraco e a culpa do infractor o justifiquem, a Autoridade da Concorrncia determina a aplicao, em simultneo com a coima, das seguintes sanes acessrias: a) Publicao no Dirio da Repblica e num jornal nacional de expanso nacional, regional ou local, consoante o mercado geogrfico relevante em que a prtica proibida produziu os seus efeitos, a expensas do infractor, da deciso de condenao proferida no mbito de um processo instaurado ao abrigo da presente lei; b) Privao do direito de participar em procedimentos de formao de contratos cujo objecto abranja prestaes tpicas dos contratos de empreitada, de concesso de obras pblicas, de concesso de servios pblicos, de locao ou aquisio de bens mveis e de aquisio de servios ou ainda em procedimentos destinados atribuio de licenas ou alvars, desde que a prtica que constitui contra-ordenao punvel com coima se tenha verificado durante ou por causa do procedimento relevante. 2 - A sano prevista na alnea b) do nmero anterior tem a durao mxima de dois anos, contados da deciso condenatria.

    Artigo 7.

  • Alterao ao Decreto-Lei n. 12/2004, de 9 de Janeiro

    Os artigos 24., 29. e 37. do Decreto-Lei n. 12/2004, de 9 de Janeiro, passam a ter a seguinte redaco:

    Artigo 24.Deveres no exerccio da actividade

    1 - ........................................................................... 2 - ........................................................................... a) (Revogada.) b) (Revogada.) c) (Revogada.) d) (Revogada.) e) (Revogada.) f) ............................................................................. g) ............................................................................ h) ............................................................................ i) (Revogada.) j) ............................................................................. 3 - ........................................................................... 4 - ...........................................................................

    Artigo 29.Forma e contedo

    1 - ........................................................................... 2 - Incumbe sempre empresa que recebe a obra de empreitada, ainda que venha a celebrar um contrato de subempreitada, assegurar e certificar-se do cumprimento do disposto no nmero anterior. 3 - Nos contratos de subempreitada celebrados com terceiros, a obrigao prevista no nmero anterior incumbe ao subempreiteiro. 4 - A inobservncia do disposto no n. 1 do presente artigo determina a nulidade do contrato, no podendo esta ser invocada pela parte obrigada a assegurar e a certificar-se do seu cumprimento. 5 - As empresas so obrigadas a manter em arquivo os contratos celebrados em que so intervenientes pelo perodo de cinco anos a contar da data da concluso das obras.

    Artigo 37.Contra-ordenaes

    1 - ........................................................................... 2 - ........................................................................... a) ............................................................................ b) ............................................................................ c) ............................................................................ d) ............................................................................ e) ............................................................................ f) ............................................................................. g) As infraces previstas no artigo 456. do Cdigo dos Contratos Pblicos, caso tenham sido praticadas no mbito do procedimento de formao ou da execuo de contrato cujo objecto abranja prestaes tpicas dos contratos de empreitada de obras pblicas, incluindo aquelas realizadas ou a realizar no mbito de concesses. 3 - ........................................................................... a) (Revogada.) b) (Revogada.) c) (Revogada.) d) (Revogada.)

  • e) (Revogada.) f) ............................................................................. g) ............................................................................ h) ............................................................................ i) ............................................................................. j) ............................................................................. l) ............................................................................. m) ........................................................................... n) ............................................................................ o) ............................................................................ p) As infraces previstas no artigo 457. do Cdigo dos Contratos Pblicos, caso tenham sido praticadas no mbito do procedimento de formao ou da execuo de contrato cujo objecto abranja prestaes tpicas dos contratos de empreitada de obras pblicas, incluindo aquelas realizadas ou a realizar no mbito de concesses; q) Violao do disposto no n. 2 do artigo 383. do Cdigo dos Contratos Pblicos; r) Violao do disposto no n. 1 do artigo 384. do Cdigo dos Contratos Pblicos; s) Subcontratao, sem autorizao do dono da obra ou com oposio deste, nos casos previstos no n. 2 do artigo 385. e no artigo 386., ambos do Cdigo dos Contratos Pblicos; t) No comparncia no local, na data e na hora indicadas pelo dono da obra para a consignao da obra, nos casos previstos na alnea b) do n. 1 do artigo 405. do Cdigo dos Contratos Pblicos. 4 - ........................................................................... a) ............................................................................ b) ............................................................................ c) ............................................................................ d) ............................................................................ e) ............................................................................ f) ............................................................................. g) Violao do disposto no n. 5 do artigo 29.; h) Violao do disposto no n. 4 do artigo 384. do Cdigo dos Contratos Pblicos; i) Violao do disposto nos n.os 3 e 4 do artigo 385. do Cdigo dos Contratos Pblicos. 5 - ..........................................................................

    Artigo 8.Alterao ao Decreto-Lei n. 25/2007, de 7 de Fevereiro

    1 - O artigo 10. do Decreto-Lei n. 25/2007, de 7 de Fevereiro, passa a ter a seguinte redaco:

    Artigo 10.Poder de direco, superintendncia e tutela

    A GeRAP est sujeita aos poderes de direco, de superintendncia e de tutela dos membros do Governo responsveis pelas reas das finanas e da Administrao Pblica, nos termos dos seus estatutos e do regime jurdico aplicvel ao sector empresarial do Estado. 2 - O artigo 2. dos Estatutos da Empresa de Gesto Partilhada de Recursos da Administrao Pblica, E. P. E., publicados em anexo ao Decreto-Lei n. 25/2007, de 7 de Fevereiro, passa a ter a seguinte redaco:

    Artigo 2.Poder de direco, superintendncia e tutela

    1 - A GeRAP est sujeita aos poderes de direco, de superintendncia e de tutela dos membros do Governo responsveis pelas reas das finanas e da Administrao

  • Pblica, nos termos dos seus estatutos e do regime jurdico aplicvel ao sector empresarial do Estado. 2 - ........................................................................... 3 - O poder de direco sobre a GeRAP compreende o poder de emitir ordens ou instrues relativamente prestao de servios partilhados, bem como de definir as modalidades de verificao do cumprimento das ordens ou instrues emitidas.

    Captulo IIIDisposies transitrias

    Artigo 9.Modo de apresentao das propostas e das candidaturas em suporte papel

    1 - Durante o perodo de um ano a contar da data da entrada em vigor do presente decreto-lei, a entidade adjudicante pode fixar, no programa do procedimento, que os documentos que constituem a proposta ou a candidatura podem ser apresentados em suporte papel. 2 - No caso previsto no nmero anterior, os documentos que constituem a proposta ou a candidatura devem ser encerrados em invlucro opaco e fechado, no rosto do qual deve ser escrita a palavra Proposta ou Candidatura, indicando-se o nome ou a denominao social do concorrente ou do candidato ou, se for o caso, dos membros do agrupamento concorrente ou candidato, e a designao do contrato a celebrar. 3 - O disposto no nmero anterior aplica-se s propostas variantes, devendo no rosto do respectivo invlucro ser escrita a expresso Proposta variante n..... 4 - O invlucro que contm os documentos que constituem a proposta ou a candidatura pode ser entregue directamente ou enviado por correio registado, devendo, em qualquer caso, a recepo ocorrer dentro do prazo e no local fixados para a apresentao das propostas ou das candidaturas. 5 - A recepo dos invlucros deve ser registada, anotando-se a data e a hora em que os mesmos so recebidos e, no caso de entrega directa, a identidade das pessoas que a efectuaram, sendo entregue a estas um recibo comprovativo dessa entrega.

    Artigo 10.Fornecimento das peas do procedimento

    1 - Quando, nos termos do disposto no artigo anterior, os documentos que constituem a proposta ou a candidatura possam ser apresentados em suporte papel, os interessados podem solicitar, em tempo til, que lhes sejam fornecidas, pela entidade adjudicante, cpias das peas do procedimento, mediante o seu prvio pagamento, ao preo do seu custo, as quais lhes devem ser entregues ou enviadas, em suporte papel ou em ficheiro informtico, no prazo mximo de trs dias a contar da data de recepo do pedido. 2 - Os servios da entidade adjudicante devem registar o nome e o endereo dos interessados que solicitem o fornecimento das peas do procedimento. 3 - Quando no seja cumprido o disposto no n. 1, o prazo fixado para a apresentao das propostas ou das candidaturas deve ser prorrogado, a pedido dos interessados, por perodo equivalente, no mnimo, ao do atraso verificado.

    Artigo 11.Acto pblico

    1 - Quando os documentos que constituem a proposta ou a candidatura possam ser apresentados em suporte papel, todos os procedimentos de formao de contratos pblicos, excepto o ajuste directo, integram um acto pblico que tem lugar no dia til imediatamente subsequente ao termo do prazo fixado para a apresentao das propostas ou das candidaturas. 2 - Por motivo justificado, pode o acto pblico realizar-se dentro dos cinco dias subsequentes ao indicado no nmero anterior, em data a determinar pelo rgo competente para a deciso de contratar.

  • 3 - A deciso de alterao da data do acto pblico deve ser imediatamente notificada a todos os interessados que tenham adquirido as peas do procedimento e a estas deve ser junta cpia daquela deciso. 4 - sesso do acto pblico pode assistir qualquer interessado, mas nele apenas podem intervir os concorrentes ou os candidatos e os seus representantes, estes ltimos desde que devidamente credenciados. 5 - Os concorrentes, os candidatos, bem como os seus representantes podem, durante a sesso do acto pblico, examinar os documentos apresentados no prazo fixado pelo jri e reclamar da lista de concorrentes, nos termos do disposto no artigo seguinte.

    Artigo 12.Formalidades do acto pblico

    1 - O presidente do jri inicia o acto pblico identificando o procedimento atravs de referncia ao respectivo anncio. 2 - Em seguida, so abertos os invlucros que contm os documentos que constituem as propostas ou as candidaturas pela ordem da respectiva recepo, procedendo-se leitura da lista dos concorrentes ou dos candidatos, elaborada pela mesma ordem. 3 - Cumprido o disposto no nmero anterior, o jri solicita aos representantes dos concorrentes ou dos candidatos as respectivas credenciais. 4 - O interessado que no tenha sido includo na lista dos concorrentes ou dos candidatos pode reclamar desse facto, devendo para o efeito apresentar o recibo referido no n. 5 do artigo 9. ou documento postal comprovativo da tempestiva recepo do seu invlucro exterior. 5 - Apresentada reclamao nos termos do disposto no nmero anterior, o jri interrompe a sesso do acto pblico para averiguar o destino do invlucro. 6 - Se o invlucro no for encontrado, o jri fixa ao reclamante um novo prazo para a apresentao da respectiva proposta ou candidatura, informando os presentes da data e da hora em que a sesso ser retomada. 7 - Se o invlucro for encontrado antes do termo do prazo referido no nmero anterior, d-se imediato conhecimento do facto ao interessado, procedendo-se abertura daquele logo que retomada a sesso do acto pblico. 8 - Cumprido o disposto nos nmeros anteriores, o presidente do jri encerra o acto pblico, do qual elaborada acta que deve ser sempre assinada pelo secretrio e pelo presidente do jri.

    Artigo 13.Comunicaes e notificaes

    1 - Quando os documentos que constituem a proposta ou a candidatura possam ser apresentados em suporte papel, as notificaes previstas no Cdigo dos Contratos Pblicos podem ser efectuadas atravs de correio ou de telecpia. 2 - No caso referido no nmero anterior, as comunicaes entre a entidade adjudicante ou o jri do procedimento e os interessados, os candidatos, os concorrentes ou o adjudicatrio podem ser feitas pelos meios nele referidos.

    CAPTULO IVDisposies finais

    Artigo 14.Norma revogatria

    1 - So revogados: a) O artigo 138. do Decreto-Lei n. 498/72, de 9 de Dezembro; b) Os artigos 10. a 15. do Decreto-Lei n. 390/82, de 17 de Setembro; c) O captulo iii da parte iv do Cdigo do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n. 442/91, de 15 de Novembro; d) O Decreto-Lei n. 59/99, de 2 de Maro; e) O Decreto-Lei n. 196/99, de 8 de Junho;

  • f) O Decreto-Lei n. 197/99, de 8 de Junho, com excepo dos artigos 16. a 22. e 29.; g) O n. 9 do artigo 107. do Decreto-Lei n. 555/99, de 16 de Dezembro; h) O Decreto-Lei n. 223/2001, de 9 de Agosto; i) O Decreto-Lei n. 104/2002, de 12 de Abril; j) Os artigos 14. a 17. e 24. a 31. do Decreto-Lei n. 185/2002, de 20 de Agosto; l) O Decreto-Lei n. 245/2003, de 7 de Outubro; m) As alneas a) a e) e i) do n. 2 do artigo 24. e as alneas a) a e) do n. 3 do artigo 37., ambos do Decreto-Lei n. 12/2004, de 9 de Janeiro; n) O Decreto-Lei n. 1/2005, de 4 de Janeiro; o) O artigo 13. do Decreto-Lei n. 233/2005, de 29 de Dezembro; p) O artigo 11. do Decreto-Lei n. 50-B/2007, de 28 de Fevereiro. 2 - igualmente revogada toda a legislao relativa s matrias reguladas pelo Cdigo dos Contratos Pblicos, seja ou no com ele incompatvel. 3 - Ressalvam-se do disposto no nmero anterior os actos legislativos que consagrem regimes transitrios em matria de contratao pblica. 4 - Permanecem transitoriamente em vigor, com as necessrias adaptaes, os diplomas regulamentares, incluindo as portarias, que tenham sido aprovados ao abrigo dos actos legislativos revogados por efeito do disposto nos n.os 1 e 2, desde que necessrios aplicao do Cdigo dos Contratos Pblicos e que com ele sejam compatveis.

    Artigo 15.Remisses para a legislao revogada

    Todas as remisses para as disposies legais e para os actos legislativos revogados nos termos do disposto no artigo anterior consideram-se feitas para as correspondentes disposies do Cdigo dos Contratos Pblicos.

    Artigo 16.Aplicao no tempo

    1 - O Cdigo dos Contratos Pblicos s aplicvel aos procedimentos de formao de contratos pblicos iniciados aps a data da sua entrada em vigor e execuo dos contratos que revistam natureza de contrato administrativo celebrados na sequncia de procedimentos de formao iniciados aps essa data, salvo o disposto no n. 2 do artigo 18. 2 - O Cdigo dos Contratos Pblicos no se aplica a prorrogaes, expressas ou tcitas, do prazo de execuo das prestaes que constituem o objecto de contratos pblicos cujo procedimento tenha sido iniciado previamente data de entrada em vigor daquele.

    Artigo 17.Acompanhamento da aplicao do Cdigo dos Contratos Pblicos

    1 - A partir da entrada em vigor do Cdigo dos Contratos Pblicos, devem ser recolhidos os elementos relativos sua aplicao, nomeadamente para a introduo de eventuais alteraes que se revelem necessrias. 2 - Para efeitos do disposto no nmero anterior, nomeada, por portaria conjunta dos ministros responsveis pelas reas das finanas e das obras pblicas, uma comisso de acompanhamento da aplicao do Cdigo dos Contratos Pblicos, a qual integrar, designadamente, representantes da Administrao Pblica e das organizaes representativas das principais actividades econmicas envolvidas.

    Artigo 18.Entrada em vigor

    1 - O presente decreto-lei entra em vigor seis meses aps a data da sua publicao. 2 - A revogao dos artigos 260., 261., 262., 263. e 264. do Decreto-Lei n. 59/99, de 2 de Maro, produz efeitos no dia seguinte ao da publicao do presente

  • decreto-lei, no sendo os mesmos aplicveis aos contratos j celebrados, sem prejuzo dos processos de conciliao pendentes quela data.

    Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 20 de Setembro de 2007. - Jos Scrates Carvalho Pinto de Sousa - Manuel Lobo Antunes - Fernando Teixeira dos Santos - Manuel Pedro Cunha da Silva Pereira - Henrique Nuno Pires Severiano Teixeira - Rui Carlos Pereira - Jos Manuel Vieira Conde Rodrigues - Rui Nuno Garcia de Pina Neves Baleiras - Manuel Antnio Gomes de Almeida de Pinho - Jaime de Jesus Lopes Silva - Mrio Lino Soares Correia - Jos Antnio Fonseca Vieira da Silva - Antnio Fernando Correia de Campos - Jorge Miguel de Melo Viana Pedreira - Jos Mariano Rebelo Pires Gago - Maria Isabel da Silva Pires de Lima - Augusto Ernesto Santos Silva.

    Promulgado em 3 de Janeiro de 2008. Publique-se. O Presidente da Repblica, Anbal Cavaco Silva.

    Referendado em 4 de Janeiro de 2008. O Primeiro-Ministro, Jos Scrates Carvalho Pinto de Sousa.

    ANEXOCDIGO DOS CONTRATOS PBLICOS

    PARTE Imbito de aplicao

    TTULO IDisposies gerais

    Artigo 1.mbito

    1 - O presente Cdigo estabelece a disciplina aplicvel contratao pblica e o regime substantivo dos contratos pblicos que revistam a natureza de contrato administrativo. 2 - O regime da contratao pblica estabelecido na parte ii do presente Cdigo aplicvel formao dos contratos pblicos, entendendo-se por tal todos aqueles que, independentemente da sua designao e natureza, sejam celebrados pelas entidades adjudicantes referidas no presente Cdigo. 3 - A parte ii do presente Cdigo igualmente aplicvel, com as necessrias adaptaes, aos procedimentos destinados atribuio unilateral, pelas entidades adjudicantes referidas no artigo seguinte, de quaisquer vantagens ou benefcios, atravs de acto administrativo ou equiparado, em substituio da celebrao de um contrato pblico. 4 - contratao pblica so especialmente aplicveis os princpios da transparncia, da igualdade e da concorrncia. 5 - O regime substantivo dos contratos pblicos estabelecido na parte iii do presente Cdigo aplicvel aos que revistam a natureza de contrato administrativo. 6 - Sem prejuzo do disposto em lei especial, reveste a natureza de contrato administrativo o acordo de vontades, independentemente da sua forma ou designao, celebrado entre contraentes pblicos e co-contratantes ou somente entre contraentes pblicos, que se integre em qualquer uma das seguintes categorias: a) Contratos que, por fora do presente Cdigo, da lei ou da vontade das partes, sejam qualificados como contratos administrativos ou submetidos a um regime substantivo de direito pblico; b) Contratos com objecto passvel de acto administrativo e demais contratos sobre o exerccio de poderes pblicos; c) Contratos que confiram ao co-contratante direitos especiais sobre coisas pblicas ou o exerccio de funes dos rgos do contraente pblico;

  • d) Contratos que a lei submeta, ou que admita que sejam submetidos, a um procedimento de formao regulado por normas de direito pblico e em que a prestao do co-contratante possa condicionar ou substituir, de forma relevante, a realizao das atribuies do contraente pblico.

    Artigo 2.Entidades adjudicantes

    1 - So entidades adjudicantes: a) O Estado; b) As Regies Autnomas; c) As autarquias locais; d) Os institutos pblicos; e) As fundaes pblicas, com excepo das previstas na Lei n. 62/2007, de 10 de Setembro; f) As associaes pblicas; g) As associaes de que faam parte uma ou vrias das pessoas colectivas referidas nas alneas anteriores, desde que sejam maioritariamente financiadas por estas, estejam sujeitas ao seu controlo de gesto ou tenham um rgo de administrao, de direco ou de fiscalizao cuja maioria dos titulares seja, directa ou indirectamente, designada pelas mesmas. 2 - So tambm entidades adjudicantes: a) Quaisquer pessoas colectivas que, independentemente da sua natureza pblica ou privada: i) Tenham sido criadas especificamente para satisfazer necessidades de interesse geral, sem carcter industrial ou comercial; e ii) Sejam maioritariamente financiadas pelas entidades referidas no nmero anterior, estejam sujeitas ao seu controlo de gesto ou tenham um rgo de administrao, de direco ou de fiscalizao cuja maioria dos titulares seja, directa ou indirectamente, designada por aquelas entidades; b) Quaisquer pessoas colectivas que se encontrem na situao referida na alnea anterior relativamente a uma entidade que seja, ela prpria, uma entidade adjudicante nos termos do disposto na mesma alnea; c) As associaes de direito privado que prossigam finalidades a ttulo principal de natureza cientfica e tecnolgica, desde que sejam maioritariamente financiadas pelas entidades referidas no nmero anterior, estejam sujeitas ao seu controlo de gesto ou tenham um rgo de administrao, de direco ou de fiscalizao cuja maioria dos titulares seja, directa ou indirectamente, designada pelas mesmas; d) As associaes de que faam parte uma ou vrias das pessoas colectivas referidas nas alneas anteriores, desde que sejam maioritariamente financiadas por estas, estejam sujeitas ao seu controlo de gesto ou tenham um rgo de administrao, de direco ou de fiscalizao cuja maioria dos titulares seja, directa ou indirectamente, designada pelas mesmas; 3 - Para os efeitos do disposto na subalnea i) da alnea a) do nmero anterior, so consideradas pessoas colectivas criadas especificamente para satisfazer necessidades de interesse geral, sem carcter industrial ou comercial, aquelas cuja actividade econmica se no submeta lgica do mercado e da livre concorrncia.

    Artigo 3.Contraentes pblicos

    1 - Para efeitos do presente Cdigo, entende-se por contraentes pblicos: a) As entidades referidas no n. 1 do artigo anterior; b) As entidades adjudicantes referidas no n. 2 do artigo anterior sempre que os contratos por si celebrados sejam, por vontade das partes, qualificados como contratos administrativos ou submetidos a um regime substantivo de direito pblico.

  • 2 - So tambm contraentes pblicos quaisquer entidades que, independentemente da sua natureza pblica ou privada, celebrem contratos no exerccio de funes materialmente administrativas.

    Artigo 4.Contratos excludos

    1 - O presente Cdigo no aplicvel aos contratos a celebrar: a) Ao abrigo de uma conveno internacional previamente comunicada Comisso Europeia, e concluda nos termos do Tratado que institui a Comunidade Europeia, entre o Estado Portugus e um ou mais Estados terceiros, que tenham por objecto a realizao de trabalhos destinados execuo ou explorao em comum de uma obra pblica pelos Estados signatrios ou a aquisio de bens mveis ou de servios destinados realizao ou explorao em comum de um projecto pelos Estados signatrios; b) Com entidades nacionais de outro Estado membro ou de um Estado terceiro, nos termos de uma conveno internacional relativa ao estacionamento de tropas; c) De acordo com o procedimento especfico de uma organizao internacional de que o Estado Portugus seja parte. 2 - O presente Cdigo no igualmente aplicvel aos seguintes contratos: a) Contratos administrativos de provimento e contratos individuais de trabalho; b) Contratos de doao de bens mveis a favor de qualquer entidade adjudicante; c) Contratos de compra e venda, de doao, de permuta e de arrendamento de bens imveis ou contratos similares; d) Contratos relativos aquisio, ao desenvolvimento, produo ou co-produo de programas destinados a emisso por parte de entidades de radiodifuso ou relativos a tempos de emisso.

    Artigo 5.Contratao excluda

    1 - A parte ii do presente Cdigo no aplicvel formao de contratos a celebrar por entidades adjudicantes cujo objecto abranja prestaes que no esto nem sejam susceptveis de estar submetidas concorrncia de mercado, designadamente em razo da sua natureza ou das suas caractersticas, bem como da posio relativa das partes no contrato ou do contexto da sua prpria formao. 2 - A parte ii do presente Cdigo tambm no aplicvel formao dos contratos, independentemente do seu objecto, a celebrar por entidades adjudicantes com uma outra entidade, desde que: a) A entidade adjudicante exera sobre a actividade desta, isoladamente ou em conjunto com outras entidades adjudicantes, um controlo anlogo ao que exerce sobre os seus prprios servios; e b) Esta entidade desenvolva o essencial da sua actividade em benefcio de uma ou de vrias entidades adjudicantes que exeram sobre ela o controlo anlogo referido na alnea anterior. 3 - A parte ii do presente Cdigo no igualmente aplicvel formao dos contratos, a celebrar pelos hospitais E. P. E.: a) De empreitada de obras pblicas cujo valor seja inferior ao referido na alnea c) do artigo 7. da Directiva n. 2004/18/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Maro; b) De locao ou de aquisio de bens mveis e de aquisio de servios cujo valor seja inferior ao referido na alnea b) do artigo 7. da Directiva n. 2004/18/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Maro. 4 - Sem prejuzo do disposto no n. 2 do artigo 11., a parte ii do presente Cdigo no igualmente aplicvel formao dos seguintes contratos: a) Contratos que devam ser celebrados com uma entidade, que seja ela prpria uma entidade adjudicante, em virtude de esta beneficiar de um direito exclusivo de prestar o

  • servio a adquirir, desde que a atribuio desse direito exclusivo seja compatvel com as normas e os princpios constitucionais e comunitrios aplicveis; b) Contratos mediante os quais qualquer das entidades adjudicantes referidas no n. 1 do artigo 2. se obrigue a alienar ou a locar bens mveis ou a prestar servios, excepto quando o adquirente ou o locatrio tambm seja uma entidade adjudicante; c) Contratos cujo objecto principal consista na atribuio, por qualquer das entidades adjudicantes referidas no n. 1 do artigo 2., de subsdios ou de subvenes de qualquer natureza; d) Contratos de sociedade cujo capital social se destine a ser exclusivamente detido pelas entidades adjudicantes referidas no n. 1 do artigo 2.; e) Contratos de aquisio de servios financeiros relativos emisso, compra, venda ou transferncia de ttulos ou outros instrumentos financeiros, nomeadamente os contratos relativos a operaes de obteno de fundos ou de capital pela entidade adjudicante, bem como os contratos a celebrar em execuo das polticas monetria, cambial ou de gesto de reservas e os de aquisio de servios de carcter financeiro prestados pelo Banco de Portugal; f) Contratos de aquisio de servios que tenham por objecto os servios de sade e de carcter social mencionados no anexo ii B da Directiva n. 2004/18/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Maro, bem como os contratos de aquisio de servios que tenham por objecto os servios de educao e formao profissional mencionados no referido anexo, que confiram certificao escolar e ou certificao profissional; g) Contratos que se destinem satisfao de necessidades de uma entidade adjudicante cujos servios se encontrem instalados em territrio de Estado no signatrio do Acordo sobre o Espao Econmico Europeu, desde que celebrados com uma entidade tambm nele sediada; h) Contratos a celebrar, ao abrigo de um acordo de cooperao para o desenvolvimento, com uma entidade sediada num dos Estados dele signatrios e em benefcio desse mesmo Estado, desde que este no seja signatrio do Acordo sobre o Espao Econmico Europeu; i) Contratos abrangidos pelo disposto na alnea b) do n. 1 e no n. 2 do artigo 296. do Tratado da Comunidade Europeia, desde que a respectiva formao seja regulada por lei especial. 5 - formao dos contratos referidos na alnea f) do nmero anterior aplicvel o disposto nos artigos 49. e 78. 6 - formao dos contratos referidos nos n.os 1 a 4 so aplicveis: a) Os princpios gerais da actividade administrativa e as normas que concretizem preceitos constitucionais constantes do Cdigo do Procedimento Administrativo; ou b) Quando estejam em causa contratos com objecto passvel de acto administrativo e demais contratos sobre o exerccio de poderes pblicos, as normas constantes do Cdigo do Procedimento Administrativo, com as necessrias adaptaes. 7 - Quando a entidade adjudicante seja uma das referidas no n. 1 do artigo 2., formao dos contratos referidos nos n.os 1 a 4 ainda aplicvel, com as necessrias adaptaes, o disposto nos captulos viii e ix do ttulo ii da parte ii do presente Cdigo.

    Artigo 6.Restrio do mbito de aplicao

    1 - formao de contratos a celebrar entre quaisquer entidades adjudicantes referidas no n. 1 do artigo 2., a parte ii do presente Cdigo s aplicvel quando o objecto de tais contratos abranja prestaes tpicas dos seguintes contratos: a) Empreitada de obras pblicas; b) Concesso de obras pblicas; c) Concesso de servios pblicos; d) Locao ou aquisio de bens mveis;

  • e) Aquisio de servios. 2 - Quando a entidade adjudicante seja uma das referidas no n. 2 do artigo 2. ou o Banco de Portugal, a parte ii do presente Cdigo s aplicvel formao dos contratos cujo objecto abranja prestaes tpicas dos contratos enumerados no nmero anterior.

    TTULO IISectores da gua, da energia, dos transportes e dos servios postais

    Artigo 7.Entidades adjudicantes nos sectores da gua, da energia, dos transportes e

    dos servios postais

    1 - So ainda entidades adjudicantes: a) Quaisquer pessoas colectivas no abrangidas pelo artigo 2., ainda que criadas especificamente para satisfazer necessidades de interesse geral, com carcter industrial ou comercial, que exeram uma ou vrias actividades nos sectores da gua, da energia, dos transportes e dos servios postais e em relao s quais qualquer das entidades adjudicantes referidas no artigo 2. possa exercer, directa ou indirectamente, uma influncia dominante; b) Quaisquer pessoas colectivas no abrangidas pelo artigo 2. que gozem de direitos especiais ou exclusivos no atribudos no mbito de um procedimento de formao de contrato com publicidade internacional e que tenham por efeito:

    i) Reservar-lhes, isolada ou conjuntamente com outras entidades, o exerccio de uma ou vrias actividades nos sectores da gua, da energia, dos transportes e dos servios postais; e

    ii) Afectar substancialmente a capacidade de quaisquer outras entidades exercerem uma ou vrias dessas actividades; c) Quaisquer pessoas colectivas constitudas exclusivamente por entidades adjudicantes referidas nas alneas anteriores ou que sejam por elas maioritariamente financiadas, estejam sujeitas ao seu controlo de gesto ou tenham um rgo de administrao, de direco ou de fiscalizao cuja maioria dos titulares seja, directa ou indirectamente, designada por aquelas entidades, desde que se destinem ao exerccio em comum de actividade nos sectores da gua, da energia, dos transportes e dos servios postais. 2 - Para os efeitos do disposto na alnea a) do nmero anterior, considera-se que uma entidade adjudicante pode exercer influncia dominante quando detiver, nomeadamente, a maioria do capital social, a maioria dos direitos de voto, o controlo de gesto ou o direito de designar, directa ou indirectamente, a maioria dos titulares de um rgo de administrao, de direco ou de fiscalizao.

    Artigo 8.Contraentes pblicos nos sectores da gua, da energia, dos transportes e dos

    servios postais

    So ainda contraentes pblicos as entidades adjudicantes referidas no artigo anterior sempre que os contratos por si celebrados, a cuja formao seja aplicvel a parte ii do presente Cdigo, sejam, por vontade das partes, qualificados como contratos administrativos ou submetidos a um regime substantivo de direito pblico.

    Artigo 9.Actividades nos sectores da gua, da energia, dos transportes e dos servios

    postais

    1 - Para os efeitos do disposto no presente Cdigo, consideram-se actividades nos sectores da gua, da energia, dos transportes e dos servios postais: a) A colocao disposio, a explorao e a alimentao de redes fixas de prestao de servios ao pblico no domnio da produo, do transporte ou da distribuio de gua potvel, electricidade, gs ou combustvel para aquecimento; b) As relativas explorao de uma rea geogrfica com a finalidade de:

  • i) Prospectar ou proceder extraco de petrleo, gs, carvo ou outros combustveis slidos; ou

    ii) Colocar disposio dos transportadores areos, martimos ou fluviais quaisquer terminais de transporte, designadamente aeroportos, portos martimos ou interiores; c) A colocao disposio e a explorao de redes de prestao de servios de transporte pblico por caminho de ferro, por sistemas automticos, por elctricos, por trleis, por autocarros ou por cabo, sempre que as condies de funcionamento, nomeadamente os itinerrios, a capacidade de transporte disponvel e a frequncia do servio, sejam fixadas por autoridade competente; d) A prestao de servios postais; e) A prestao de servios de gesto de servios de correio, anteriores ou posteriores ao envio postal; f) A prestao de servios de valor acrescentado associados via electrnica e inteiramente efectuados por essa via, incluindo os servios de transmisso protegida de documentos codificados por via electrnica, os servios de gesto de endereos e os servios de envio de correio electrnico registado; g) A prestao de servios financeiros, nomeadamente servios de seguros, servios bancrios, servios de investimento e servios relativos emisso, compra, venda ou transferncia de ttulos ou outros instrumentos financeiros ou ainda ao processamento de ordens de pagamento postal, ordens de transferncia postal ou outras similares; h) A prestao de servios de filatelia; i) A prestao de servios que combinem a entrega fsica ou o armazenamento de envios postais com outras funes no postais. 2 - Para os efeitos do disposto na alnea d) do nmero anterior, consideram-se servios postais os que consistam na aceitao, no tratamento, no transporte e na distribuio de quaisquer envios postais, incluindo os servios que sejam e os que possam ou no ser reservados ao abrigo do disposto no artigo 7. da Directiva n. 97/67/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 15 de Dezembro. 3 - As actividades referidas nas alneas e) a i) do n. 1 s so consideradas para os efeitos nele previstos desde que os respectivos servios sejam prestados por uma entidade que preste igualmente, em condies no expostas concorrncia em mercado de acesso no limitado, os servios referidos na alnea d) do mesmo nmero. Artigo 10. Actividades excepcionadas nos sectores da gua, da energia e dos transportes 1 - Exceptua-se do disposto na alnea a) do n. 1 do artigo anterior a actividade de alimentao de redes fixas de prestao de servios ao pblico no domnio da produo, transporte ou distribuio de gua potvel ou de electricidade quando: a) A produo de gua potvel ou de electricidade pela entidade adjudicante seja necessria ao exerccio de uma actividade diferente das referidas no artigo anterior; b) A alimentao daquela rede dependa apenas do consumo prprio da entidade adjudicante e no tenha excedido 30 % da produo total de gua potvel ou de electricidade dessa entidade, consoante o caso, tomando por referncia a mdia dos trs ltimos anos, incluindo o ano em curso. 2 - Exceptua-se igualmente do disposto na alnea a) do n. 1 do artigo anterior a actividade de alimentao de redes fixas de prestao de servios ao pblico no domnio da produo, transporte ou distribuio de gs ou de combustvel para aquecimento quando: a) A produo de gs ou de combustvel para aquecimento pela entidade adjudicante seja a consequncia inevitvel do exerccio de uma actividade diferente das referidas no artigo anterior;

  • b) A alimentao daquela rede se destine apenas a explorar de maneira mais econmica a produo de gs ou de combustvel para aquecimento e no represente mais de 20 % do volume de negcios da entidade adjudicante, tomando por referncia a mdia dos trs ltimos anos, incluindo o ano em curso. 3 - A prestao de um servio de transporte pblico por autocarro exceptua-se do disposto na alnea c) do n. 1 do artigo anterior quando outras entidades possam tambm exercer livremente essa actividade, nas mesmas condies, quer num plano geral quer numa zona geogrfica especfica.

    Artigo 11.mbito da contratao nos sectores da gua, da energia, dos transportes e dos

    servios postais

    1 - A parte ii do presente Cdigo s aplicvel formao dos contratos a celebrar pelas entidades adjudicantes referidas no n. 1 do artigo 7. desde que: a) Esses contratos digam directa e principalmente respeito a uma ou a vrias das actividades por elas exercidas nos sectores da gua, da energia, dos transportes e dos servios postais; e b) O objecto desses contratos abranja prestaes tpicas dos seguintes contratos:

    i) Empreitada de obras pblicas cujo valor seja igual ou superior ao referido na alnea b) do artigo 16. da Directiva n. 2004/17/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Maro;

    ii) Concesso de obras pblicas; iii) Concesso de servios pblicos; iv) Locao ou aquisio de bens mveis cujo valor seja igual ou superior ao

    referido na alnea a) do artigo 16. da Directiva n. 2004/17/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Maro;

    v) Aquisio de servios cujo valor seja igual ou superior ao referido na alnea a) do artigo 16. da Directiva n. 2004/17/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Maro. 2 - A parte ii do presente Cdigo sempre aplicvel formao de contratos, a celebrar por quaisquer entidades adjudicantes, quando estes digam directa e principalmente respeito a uma ou a vrias das actividades por elas exercidas nos sectores da gua, da energia, dos transportes e dos servios postais, nos seguintes casos: a) Contratos de aquisio de servios de carcter financeiro prestados pelo Banco de Portugal; b) Contratos relativos aquisio, ao desenvolvimento, produo ou co-produo de programas destinados a emisso por parte de entidades de radiodifuso ou relativos a tempos de emisso. 3 - A parte ii do presente Cdigo sempre aplicvel formao dos seguintes contratos, a celebrar pelas entidades adjudicantes referidas no n. 1 do artigo 7., quando estas exeram uma ou vrias actividades no sector da gua: a) Contratos relacionados com projectos de engenharia hidrulica, de irrigao ou de drenagem, desde que o volume de gua destinada ao abastecimento de gua potvel represente mais de 20 % do volume total de gua fornecida de acordo com aqueles projectos ou por instalaes de irrigao ou de drenagem; b) Contratos relacionados com a rejeio ou o tratamento de guas residuais.

    Artigo 12.Extenso do mbito da contratao nos sectores da gua, da energia, dos

    transportes e dos servios postais

    formao dos contratos a celebrar pelas entidades adjudicantes referidas no n. 2 do artigo 2. que exeram uma ou vrias actividades nos sectores da gua, da energia, dos transportes e dos servios postais so aplicveis as regras especiais previstas no presente Cdigo relativas formao dos contratos a celebrar pelas entidades

  • adjudicantes referidas no n. 1 do artigo 7., desde que esses contratos digam directa e principalmente respeito a uma ou a vrias dessas actividades.

    Artigo 13.Restrio do mbito da contratao nos sectores da gua, da energia, dos

    transportes e dos servios postais

    1 - A parte ii do presente Cdigo no aplicvel formao dos seguintes contratos referidos nos artigos 11. e 12.: a) A executar num pas terceiro, desde que tal execuo no implique a explorao fsica de uma rede pblica ou de uma rea geogrfica no interior do territrio da Unio Europeia; b) A celebrar por uma entidade adjudicante cuja actividade esteja directamente exposta concorrncia em mercado de acesso no limitado, desde que tal seja reconhecido pela Comisso Europeia, a pedido do Estado Portugus, da entidade adjudicante em causa ou por iniciativa da prpria Comisso Europeia, nos termos do disposto no artigo 30. da Directiva n. 2004/17/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Maro; c) A celebrar entre uma entidade adjudicante abrangida pelas alneas a) ou b) do n. 2 do artigo 2. e uma empresa sua associada ou uma entidade abrangida pela alnea c) do mesmo nmero, da qual aquela entidade adjudicante faa parte; d) A celebrar entre uma entidade adjudicante abrangida pela alnea c) do n. 2 do artigo 2. e uma entidade abrangida pelas alneas a) ou b) do mesmo nmero ou uma empresa associada a esta ltima; e) A celebrar entre uma entidade adjudicante abrangida pelas alneas a) ou b) do n. 1 do artigo 7. e uma empresa sua associada ou uma entidade abrangida pela alnea c) do mesmo nmero, da qual aquela entidade adjudicante faa parte; f) A celebrar entre uma entidade adjudicante abrangida pela alnea c) do n. 1 do artigo 7. e uma entidade abrangida pelas alneas a) ou b) do mesmo nmero ou uma empresa associada a esta ltima. 2 - Para os efeitos do disposto nas alneas c) e e) do nmero anterior, as entidades referidas na alnea c) do n. 2 do artigo 2. ou na alnea c) do n. 1 do artigo 7. devem ter sido criadas para desenvolver a sua actividade no sector da gua, da energia, dos transportes ou dos servios postais durante um perodo mnimo de trs anos e os instrumentos jurdicos que as constituem devem estabelecer que as entidades que dela fazem parte as integrem durante, pelo menos, o mesmo perodo. 3 - O disposto nas alneas c) a f) do n. 1 s aplicvel desde que, pelo menos, 80 % da mdia do volume de negcios da empresa associada nos ltimos trs anos, em matria de obras, de bens mveis ou de servios, consoante o caso, provenha da realizao dessas obras, do fornecimento desses bens ou da prestao desses servios entidade qual aquela se encontra associada ou, caso a empresa associada esteja constituda h menos de trs anos, desde que esta demonstre, nomeadamente por recurso a projeces da sua actividade, que o respectivo volume de negcios credvel. 4 - Quando as obras, os bens mveis ou os servios sejam, respectivamente, realizadas, fornecidos ou prestados entidade adjudicante por mais do que uma empresa associada, a percentagem referida no nmero anterior calculada tendo em conta o volume total de negcios, em matria de obras, de bens mveis ou de servios, de todas as empresas associadas.

    Artigo 14.Empresa associada

    Para os efeitos do disposto no artigo anterior, considera-se empresa associada qualquer pessoa colectiva cujas contas anuais sejam consolidadas com as da entidade adjudicante nos termos do disposto na Stima Directiva n. 83/349/CEE, do

  • Conselho, de 13 de Junho, ou, no caso de a entidade adjudicante no se encontrar abrangida pela referida directiva: a) Qualquer pessoa colectiva sobre a qual a entidade adjudicante possa exercer, directa ou indirectamente, uma influncia dominante em virtude, nomeadamente, de deter a maioria do capital social, a maioria dos direitos de voto, o controlo de gesto ou o direito de designar, directa ou indirectamente, a maioria dos titulares de um rgo de administrao, direco ou fiscalizao; b) Qualquer pessoa colectiva que possa exercer, directa ou indirectamente, uma influncia dominante sobre a entidade adjudicante, em virtude de qualquer uma das situaes referidas na alnea anterior; c) Qualquer pessoa colectiva que, conjuntamente com a entidade adjudicante, esteja sujeita, directa ou indirectamente, influncia dominante de uma terceira entidade, em virtude de qualquer uma das situaes referidas na alnea a).

    Artigo 15.Comunicaes Comisso Europeia

    1 - Nos casos previstos nas alneas c) a f) do n. 1 do artigo 13., as entidades adjudicantes devem comunicar Comisso Europeia, a pedido desta, as seguintes informaes: a) A identificao das entidades adjudicantes e das empresas associadas em causa; b) A natureza dos contratos celebrados e o respectivo preo contratual; c) Outros elementos que a Comisso Europeia considere necessrios para provar que as relaes entre as partes nos contratos celebrados preenchem os requisitos de que depende a aplicao do disposto no artigo 13. 2 - As entidades adjudicantes devem comunicar Comisso Europeia, a pedido desta, os contratos celebrados ao abrigo do disposto na alnea a) do n. 1 do artigo 13. ou os que no digam directa e principalmente respeito a uma ou a vrias das actividades exercidas por essas entidades nos sectores da gua, da energia, dos transportes e dos servios postais.

    PARTE IIContratao pblica

    TTULO ITipos e escolha de procedimentos

    CAPTULO ITipos de procedimentos

    Artigo 16.Procedimentos para a formao de contratos

    1 - Para a formao de contratos cujo objecto abranja prestaes que esto ou sejam susceptveis de estar submetidas concorrncia de mercado, as entidades adjudicantes devem adoptar um dos seguintes tipos de procedimentos: a) Ajuste directo; b) Concurso pblico; c) Concurso limitado por prvia qualificao; d) Procedimento de negociao; e) Dilogo concorrencial. 2 - Para os efeitos do disposto no nmero anterior, consideram-se submetidas concorrncia de mercado, designadamente, as prestaes tpicas abrangidas pelo objecto dos seguintes contratos, independentemente da sua designao ou natureza: a) Empreitada de obras pblicas; b) Concesso de obras pblicas; c) Concesso de servios pblicos; d) Locao ou aquisio de bens mveis; e) Aquisio de servios;

  • f) Sociedade. CAPTULO II

    Escolha do procedimento e valor do contrato

    Artigo 17.Noo

    1 - Para efeitos do presente Cdigo, o valor do contrato a celebrar o valor mximo do benefcio econmico que, em funo do procedimento adoptado, pode ser obtido pelo adjudicatrio com a execuo de todas as prestaes que constituem o seu objecto. 2 - O benefcio econmico referido no nmero anterior inclui, alm do preo a pagar pela entidade adjudicante ou por terceiros, o valor de quaisquer contraprestaes a efectuar em favor do adjudicatrio e ainda o valor das vantagens que decorram directamente para este da execuo do contrato e que possam ser configuradas como contrapartidas das prestaes que lhe incumbem. 3 - No caso de se tratar de um contrato de empreitada de obras pblicas, o benefcio referido no n. 1 inclui ainda o valor dos bens mveis necessrios sua execuo e que a entidade adjudicante ponha disposio do adjudicatrio. 4 - Caso no se verifique qualquer das situaes referidas nos nmeros anteriores considera-se o contrato sem valor.

    Artigo 18.Escolha do procedimento

    Sem prejuzo do disposto nos captulos iii e iv do presente ttulo, a escolha dos procedimentos de ajuste directo, de concurso pblico ou de concurso limitado por prvia qualificao condiciona o valor do contrato a celebrar nos termos do disposto nos artigos seguintes do presente captulo.

    Artigo 19.Escolha do procedimento de formao de contratos de empreitada de obras

    pblicas

    No caso de contratos de empreitada de obras pblicas: a) A escolha do ajuste directo s permite a celebrao de contratos de valor inferior a (euro) 150 000 ou, caso a entidade adjudicante seja o Banco de Portugal ou uma das referidas no n. 2 do artigo 2., de valor inferior a (euro) 1 000 000; b) A escolha do concurso pblico ou do concurso limitado por prvia qualificao permite a celebrao de contratos de qualquer valor, excepto quando os respectivos anncios no sejam publicados no Jornal Oficial da Unio Europeia, caso em que s permite a celebrao de contratos de valor inferior ao referido na alnea c) do artigo 7. da Directiva n. 2004/18/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Maro.

    Artigo 20.Escolha do procedimento de formao de contratos de locao ou de aquisio

    de bens mveis e de aquisio de servios

    1 - No caso de contratos de locao ou de aquisio de bens mveis e de contratos de aquisio de servios: a) A escolha do ajuste directo s permite a celebrao de contratos de valor inferior a (euro) 75 000, sem prejuzo do disposto no n. 4, ou, caso a entidade adjudicante seja o Banco de Portugal ou uma das referidas no n. 2 do artigo 2., de valor inferior ao referido na alnea b) do artigo 7. da Directiva n. 2004/18/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Maro; b) A escolha do concurso pblico ou do concurso limitado por prvia qualificao permite a celebrao de contratos de qualquer valor, excepto quando os respectivos anncios no sejam publicados no Jornal Oficial da Unio Europeia, caso em que s permite a celebrao de contratos de valor inferior ao referido na alnea b) do artigo 7. da Directiva n. 2004/18/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Maro. 2 - Quando a entidade adjudicante seja o Estado, a escolha dos procedimentos referidos na alnea b) do nmero anterior, cujos anncios no sejam publicados no

  • Jornal Oficial da Unio Europeia, s permite a celebrao de contratos de locao ou de aquisio de bens mveis e de contratos de aquisio de servios de valor inferior ao referido na alnea a) do artigo 7. da Directiva n. 2004/18/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Maro, excepto se se tratar de: a) Contratos de locao ou de aquisio de bens mveis excepcionados pelo anexo v da Directiva n. 2004/18/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Maro, a celebrar no domnio da defesa; b) Contratos de aquisio de servios que tenham por objecto:

    i) Servios de investigao e desenvolvimento; ii) Servios de transmisso de programas televisivos e de emisses de rdio,

    servios de interconexo e servios integrados de telecomunicaes; ou iii) Servios mencionados no anexo ii-B da Directiva n. 2004/18/CE, do

    Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Maro. 3 - formao dos contratos referidos nas alneas do nmero anterior aplicvel o disposto na alnea b) do n. 1. 4 - No caso de se tratar de contratos de aquisio de planos, de projectos ou de criaes conceptuais nos domnios da arquitectura ou da engenharia, a escolha do ajuste directo s permite a celebrao, pelas entidades adjudicantes referidas no n. 1 do artigo 2., de contratos de valor inferior a (euro) 25 000.

    Artigo 21.Escolha do procedimento de formao de outros contratos

    1 - No caso de contratos no referidos nos artigos anteriores, excepto se se tratar de contratos de concesso de obras pblicas, de contratos de concesso de servios pblicos e de contratos de sociedade: a) A escolha do ajuste directo s permite a celebrao de contratos de valor inferior a (euro) 100 000; b) A escolha do concurso pblico ou do concurso limitado por prvia qualificao permite a celebrao de contratos de qualquer valor. 2 - Para a formao de contratos sem valor, excepto se se tratar de um dos contratos mencionados no nmero anterior, pode ser adoptado qualquer um dos procedimentos nele referidos.

    Artigo 22.Diviso em lotes

    1 - Quando prestaes do mesmo tipo, susceptveis de constiturem objecto de um nico contrato, sejam divididas em vrios lotes, correspondendo cada um deles a um contrato separado, a escolha, nos termos do disposto nos artigos anteriores, do ajuste directo, do concurso pblico ou do concurso limitado por prvia qualificao cujo anncio no seja publicado no Jornal Oficial da Unio Europeia, s permite a celebrao do contrato relativo a cada lote desde que: a) O somatrio dos preos base dos procedimentos de formao de todos os contratos a celebrar, quando essa formao ocorra em simultneo, seja inferior aos valores mencionados, respectivamente e consoante os casos, nos artigos 19., 20. e 21.; ou b) O somatrio dos preos contratuais relativos a todos os contratos j celebrados e dos preos base de todos os procedimentos ainda em curso, quando a formao desses contratos ocorra ao longo do perodo de um ano a contar do incio do primeiro procedimento, seja inferior aos valores mencionados, respectivamente e consoante os casos, nos artigos 19., 20. e 21. 2 - Quando seja possvel prever o somatrio dos preos contratuais dos lotes correspondentes aos vrios contratos, j celebrados e a celebrar ao longo do perodo de tempo referido na alnea b) do nmero anterior, a escolha, nos termos do disposto no