decreto-lei n.º 80/2015

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Revisão do Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de setembro

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  • Dirio da Repblica, 1. srie N. 93 14 de maio de 2015 2469

    n. 140/2014, de 16 de setembro, passam a ter a seguinte redao:

    Artigo 30.[...]

    1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .a) (Revogada.)b) (Revogada.)c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .d) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    2 Os diplomatas com as categorias de embaixador e ministro plenipotencirio passam disponibilidade na data em que perfizerem o limite de idade normal para a aposentao ordinria, nos termos legais.

    3 O disposto no nmero anterior no se aplica ao embaixador nomeado para as funes de secretrio--geral.

    Artigo 50.[...]

    O limite de idade dos funcionrios diplomticos para o exerccio de funes nos servios perifricos externos corresponde ao da idade normal para a aposentao ordinria, nos termos legais.

    Artigo 3.Norma revogatria

    So revogadas as alneas a) e b) do n. 1 do artigo 30. do Decreto -Lei n. 40 -A/98, de 27 de fevereiro, alterado pelos Decretos -Leis n.os 153/2005, de 2 de setembro, e 10/2008, de 17 de janeiro, pela Lei n. 55 -A/2010, de 31 de dezem-bro, e pelo Decreto -Lei n. 140/2014, de 16 de setembro.

    Artigo 4.Entrada em vigor

    O presente diploma entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicao.

    Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 2 de abril de 2015. Pedro Passos Coelho Maria Lus Casanova Morgado Dias de Albuquerque Rui Manuel Parente Chancerelle de Machete.

    Promulgado em 8 de maio de 2015.Publique -se.O Presidente da Repblica, ANBAL CAVACO SILVA.Referendado em 11 de maio de 2015.O Primeiro -Ministro, Pedro Passos Coelho.

    MINISTRIO DO AMBIENTE, ORDENAMENTODO TERRITRIO E ENERGIA

    Decreto-Lei n. 80/2015de 14 de maio

    Estabelecidas as bases gerais de poltica pblica de solos, do ordenamento do territrio e do urbanismo pela Lei n. 31/2014, de 30 de maio, o presente decreto -lei

    procede, no cumprimento do estabelecido no artigo 81. da referida lei, reviso do Regime Jurdico dos Instrumentos de Gesto Territorial.

    A lei de bases de poltica pblica de solos, do orde-namento do territrio e do urbanismo procedeu a uma reforma estruturante, tanto do ponto de vista dos contedos, no sentido de definir um conjunto de normas relativas disciplina do uso do solo, como do ponto do vista do seu sistema jurdico, com objetivo de traduzir uma viso conjunta do sistema de planeamento e dos instrumentos de poltica de solos, entendidos como os instrumentos por excelncia de execuo dos planos territoriais.

    Constitui objetivo daquela lei o enriquecimento do sis-tema de gesto territorial atravs da distino regimentar entre programas e planos, com fundamento na diferencia-o material entre, por um lado, as intervenes de natureza estratgica da administrao central e, por outro lado, as intervenes da administrao local, de carter dispositivo e vinculativo dos particulares. Assim, os instrumentos da administrao central passam a designar -se programas, no sentido de reforar o seu carter de meio de interveno do Governo na tutela de interesses pblicos de mbito nacional e regional.

    No obstante, o plano diretor municipal mantm -se como um instrumento de definio da estratgia municipal ou inter-municipal, estabelecendo o quadro estratgico de desenvol-vimento territorial ao nvel local ou sub -regional. Por outro lado, os planos territoriais passam a ser os nicos instrumentos passveis de determinar a classificao e qualificao do uso do solo, bem como a respetiva execuo e programao.

    Desta forma, devem ser integradas no plano diretor municipal ou intermunicipal e a adaptadas as orientaes de desenvolvimento territorial decorrentes dos programas de mbito nacional, regional e sub -regional.

    Pretende -se, com esta opo, introduzir uma regu-lamentao que permita salvaguardar os interesses dos particulares e a sua confiana no ordenamento jurdico vigente, na medida em que todas as normas relativas ocupao, uso e transformao dos solos, para poderem ser impostas aos particulares, devem estar previstas no mesmo regulamento.

    Por outro lado, privilegiando -se a concretizao da ava-liao das polticas de planeamento, prev -se a obrigato-riedade de fixao de indicadores destinados a sustentar a avaliao e a monitorizao dos programas e dos planos territoriais no respetivo contedo documental, de cujos resultados passam a depender diretamente os processos de alterao e reviso dos planos.

    Com o mesmo objetivo, clarifica -se o mbito das rela-es entre os diversos nveis de planeamento, estabelecendo--se um princpio de prevalncia cronolgica uniforme, com obrigatoriedade de atualizao e adaptao dos instrumen-tos anteriores.

    Reconhecendo -se que a falta de agilidade na trami-tao administrativa incompatvel com a urgncia de iniciativas, importante agilizar procedimentos, concertar posies e reforar a contratualizao e participao dos particulares nos processos de planeamento.

    Deste modo, o novo regime, procurando superar as situaes de impasse em fase final do acompanhamento da elaborao do plano diretor municipal, comete s co-misses de coordenao e desenvolvimento regional a elaborao de um nico parecer final que vincula toda a administrao central, o qual acompanhado pela ata da comisso consultiva.

  • 2470 Dirio da Repblica, 1. srie N. 93 14 de maio de 2015

    Prev -se, ainda, a disponibilizao de uma plataforma ele-trnica para efeitos de acompanhamento dos procedimentos de elaborao, alterao ou reviso dos planos diretores mu-nicipais. Garante -se, assim, maior eficincia dos servios da Administrao, impondo procedimentos desmaterializados e do conhecimento automtico de todos os intervenientes.

    Sendo certo que a uniformizao de procedimentos e de normas tcnicas constitui um fator essencial de simpli-ficao criada a Comisso Nacional do Territrio, que articula e avalia a poltica nacional do ordenamento do territrio, prope a aprovao de normas tcnicas no mbito do planeamento e emite pareceres e recomendaes sobre todas as questes relativas ao ordenamento do territrio e articulao com os instrumentos de ordenamento do espao martimo, por sua iniciativa ou a solicitao de outras enti-dades. Esta Comisso vem, ainda, suceder Comisso Na-cional de Reserva Ecolgica Nacional, nas suas atribuies.

    O novo regime jurdico dos instrumentos de gesto ter-ritorial garante uma efetiva articulao e compatibilizao dos programas e dos planos territoriais com os planos de ordenamento do espao martimo nacional, de modo a salvaguardar a interao mar -terra.

    O presente decreto -lei prev, no desenvolvimento da Lei n. 31/2014, de 30 de maio, a possibilidade das entidades intermunicipais, por vontade conjunta dos municpios cons-tituintes destas, e de municpios vizinhos, se associarem para definirem, de modo coordenado, a estratgia de desen-volvimento e o modelo territorial, as opes de localizao e de gesto de equipamentos pblicos e infraestruturas, aprovando conjuntamente programas intermunicipais de ordenamento e desenvolvimento, planos diretores, planos de urbanizao ou planos de pormenor.

    Um modelo coerente de ordenamento do territrio deve assegurar a coeso territorial e a correta classificao do solo, invertendo -se a tendncia, predominante nas ltimas dcadas, de transformao excessiva e arbitrria do solo rural em solo urbano. Com efeito, pretende -se contrariar a especulao urbanstica, o crescimento excessivo dos permetros urbanos e o aumento incontrolado dos preos do imobilirio, designadamente atravs da alterao do estatuto jurdico do solo.

    Institui -se um novo sistema de classificao do solo, em solo urbano e solo rstico, que opta por uma lgica de efetiva e adequada afetao do solo urbano ao solo parcial ou totalmente urbanizado ou edificado, eliminando -se a categoria operativa de solo urbanizvel. Em nome do prin-cpio da sustentabilidade territorial, a reclassificao do solo como urbano limitada ao indispensvel, sustentvel dos pontos de vista econmico e financeiro, e traduz uma opo de planeamento necessria, devidamente progra-mada, que deve ser objeto de contratualizao. Assim, institui -se a obrigatoriedade da demonstrao da sustenta-bilidade econmica e financeira da transformao do solo rstico em urbano, atravs de indicadores demogrficos e dos nveis de oferta e procura do solo urbano.

    Por forma a assegurar a execuo da operao urbanstica, o plano deve definir um prazo para a execuo da operao urbanstica, findo o qual a classificao pode caducar, no caso de a mesma no ser realizada. A reclassificao do solo como urbano implica a fixao, por via contratual, dos encargos urbansticos da operao e do respetivo prazo de execuo e a redistribuio de benefcios e encargos, considerando todos os custos urbansticos envolvidos na operao. Uma vez demonstrada a viabilidade econmica na transforma-o do solo rstico em solo urbano, o direito de construir

    apenas se adquire com a aprovao da programao e com o cumprimento dos nus urbansticos fixados no contrato.

    Em resumo, os programas e os planos territoriais in-tegram orientaes para a sua execuo, nomeadamente no que respeita identificao e programao das inter-venes consideradas estratgicas, com a estimativa dos custos individuais e dos respetivos prazos de execuo, ponderao da viabilidade jurdico -fundiria e da susten-tabilidade econmico -financeira das propostas, definio dos meios e dos sujeitos responsveis pelo financiamento e estimativa da capacidade de investimento pblico.

    Com a reviso dos instrumentos de gesto territorial a Administrao ganha novos meios de interveno pblica no solo, destacando -se a reserva de solo, a venda e o arren-damento forado de prdios urbanos, cujos proprietrios no cumpram os nus e os deveres a que esto obrigados por um plano territorial.

    As polticas pblicas devem ser direcionadas para a disponibilizao de um ambiente sustentvel e adequada-mente infraestruturado, exigindo -se uma correta progra-mao pblica das intervenes a efetuar pelos municpios, assente em dois princpios fundamentais: o princpio da sustentabilidade financeira e o princpio da incorporao dos custos. Deste modo, os municpios devem elaborar um plano de sustentabilidade urbanstica, que integra o pro-grama plurianual de investimentos municipais na execuo, na manuteno e no reforo das infraestruturas gerais e na previso de custos gerais de gesto urbana.

    Pretende -se, assim, iniciar um novo conceito e uma nova forma de gesto territorial, mais coerente, consequente e responsvel, e dotando -a da racionalidade coletiva que o ordenamento do territrio lhe confere, enquadrando as di-nmicas econmicas e sociais com efeitos espacializados.

    Foram ouvidos os rgos de governo prprio das Re-gies Autnomas e a Associao Nacional de Municpios Portugueses.

    Assim:No desenvolvimento do regime jurdico estabelecido

    pela Lei n. 31/2014, de 30 de maio, e nos termos das alneas a) e c) do n. 1 do artigo 198. da Constituio, o Governo decreta o seguinte:

    CAPTULO I

    Disposies gerais

    SECO I

    Disposies gerais relativas ao planeamento territorial

    Artigo 1.Objeto

    O presente decreto -lei desenvolve as bases da poltica pblica de solos, de ordenamento do territrio e de urba-nismo, definindo o regime de coordenao dos mbitos nacional, regional, intermunicipal e municipal do sistema de gesto territorial, o regime geral de uso do solo e o regime de elaborao, aprovao, execuo e avaliao dos instrumentos de gesto territorial.

    Artigo 2.Sistema de gesto territorial

    1 A poltica de ordenamento do territrio e de ur-banismo assenta no sistema de gesto territorial, que se

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    organiza, num quadro de interao coordenada, em quatro mbitos:

    a) O mbito nacional;b) O mbito regional;c) O mbito intermunicipal;d) O mbito municipal.

    2 O mbito nacional concretizado atravs dos se-guintes instrumentos:

    a) O programa nacional da poltica de ordenamento do territrio;

    b) Os programas setoriais;c) Os programas especiais.

    3 O mbito regional concretizado atravs dos pro-gramas regionais.

    4 O mbito intermunicipal concretizado atravs dos seguintes instrumentos:

    a) Os programas intermunicipais;b) O plano diretor intermunicipal;c) Os planos de urbanizao intermunicipais;d) Os planos de pormenor intermunicipais.

    5 O mbito municipal concretizado atravs dos seguintes planos:

    a) O plano diretor municipal;b) Os planos de urbanizao;c) Os planos de pormenor.

    Artigo 3.Vinculao jurdica

    1 Os programas territoriais vinculam as entidades pblicas.

    2 Os planos territoriais vinculam as entidades pbli-cas e, direta e imediatamente, os particulares.

    3 O disposto nos nmeros anteriores no prejudica a vinculao direta e imediata dos particulares relativamente s normas de interveno sobre a ocupao e utilizao dos espaos florestais.

    4 So nulas as orientaes e as normas dos progra-mas e dos planos territoriais que extravasem o respetivo mbito material.

    5 As normas dos programas territoriais que, em fun-o da sua incidncia territorial urbanstica, condicionem a ocupao, uso e transformao do solo so obrigatoria-mente integradas nos planos territoriais.

    Artigo 4.Fundamento tcnico

    1 Os programas e os planos territoriais devem ex-plicitar, de forma clara, os fundamentos das respetivas previses, indicaes e determinaes, a estabelecer com base no conhecimento sistematicamente adquirido:

    a) Das caractersticas fsicas, morfolgicas e ecolgicas do territrio;

    b) Dos recursos naturais e do patrimnio arquitetnico e arqueolgico;

    c) Da dinmica demogrfica natural e migratria;d) Das transformaes ambientais, econmicas, sociais

    e culturais;

    e) Das assimetrias regionais e das condies de acesso s infraestruturas, aos equipamentos, aos servios e s funes urbanas.

    2 Os programas e os planos territoriais devem conter os indicadores qualitativos e quantitativos para efeitos da avaliao prevista no captulo VIII.

    Artigo 5.Direito informao

    1 Todos os interessados tm direito a ser informados sobre a poltica de gesto do territrio e, em especial, sobre a elaborao, a aprovao, o acompanhamento, a execuo e a avaliao dos programas e planos territoriais.

    2 O direito informao referido no nmero anterior compreende as faculdades de:

    a) Consultar os diversos processos, designadamente, os estudos de base e outra documentao, escrita e desenhada, que fundamentem as opes estabelecidas;

    b) Obter cpias de atas de reunies deliberativas e cer-tides dos instrumentos aprovados;

    c) Obter informaes sobre as disposies constantes de programas e de planos territoriais, bem como conhecer as condicionantes, as servides administrativas e as restries de utilidade aplicveis ao uso do solo.

    3 As entidades responsveis pela elaborao e pelo depsito dos programas e dos planos territoriais devem criar e manter atualizado um sistema que assegure o exer-ccio do direito informao, designadamente atravs do recurso a meios informticos.

    4 A informao e os dados referidos no nmero an-terior devem ser disponibilizados em formatos abertos, que permitam a leitura por mquina, nos termos da Lei n. 36/2011, de 21 de junho.

    Artigo 6.Direito de participao

    1 Todas as pessoas, singulares e coletivas, incluindo as associaes representativas dos interesses ambientais, econmicos, sociais e culturais, tm o direito de participar na elaborao, na alterao, na reviso, na execuo e na avaliao dos programas e dos planos territoriais.

    2 O direito de participao referido no nmero an-terior compreende a possibilidade de formulao de su-gestes e de pedidos de esclarecimento, no mbito dos procedimentos previstos no presente decreto -lei, s en-tidades responsveis pelos programas ou pelos planos territoriais, bem como a faculdade de propor a celebrao de contratos para planeamento e a interveno nas fases de discusso pblica.

    3 As entidades pblicas responsveis pela elabora-o, alterao, reviso, execuo e avaliao dos programas e dos planos territoriais divulgam, designadamente atravs do seu stio na Internet, da plataforma colaborativa de gesto territorial e da comunicao social:

    a) A deciso de desencadear o processo de elaborao, de alterao ou de reviso, identificando os objetivos a prosseguir;

    b) A concluso da fase de elaborao, de alterao ou de reviso, bem como o teor dos elementos a submeter a discusso pblica;

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    c) A abertura e a durao das fases de discusso p-blica;

    d) As concluses da discusso pblica;e) Os mecanismos de execuo dos programas e dos

    planos territoriais;f) O regime econmico e financeiro dos planos terri-

    toriais;g) O incio e as concluses dos procedimentos de ava-

    liao, incluindo de avaliao ambiental.

    4 As entidades referidas no nmero anterior esto sujeitas ao dever de ponderao das propostas apresen-tadas, bem como de resposta fundamentada aos pedidos de esclarecimento formulados, nos termos previstos no presente decreto -lei.

    5 A abertura dos perodos de discusso pblica feita atravs de aviso a publicar no Dirio da Repblica, o qual deve prever o recurso a meios eletrnicos para par-ticipao na discusso pblica, designadamente atravs de plataforma colaborativa de gesto territorial.

    Artigo 7.Garantias dos particulares

    1 No mbito dos programas e dos planos territoriais so reconhecidas aos interessados as garantias gerais dos administrados previstas no Cdigo do Procedimento Ad-ministrativo e no regime de participao procedimental, nomeadamente:

    a) O direito de ao popular;b) O direito de apresentao de queixa ao Provedor de

    Justia;c) O direito de apresentao de queixa ao Ministrio

    Pblico.

    2 No mbito dos planos intermunicipais e municipais , ainda, reconhecido aos particulares o direito de promover a sua impugnao direta.

    SECO II

    Interesses pblicos com expresso territorial

    SUBSECO I

    Harmonizao dos interesses

    Artigo 8.Princpios gerais

    1 Os programas e os planos territoriais identificam os interesses pblicos prosseguidos, justificando os critrios utilizados na sua identificao e hierarquizao.

    2 Os programas e os planos territoriais asseguram a harmonizao dos vrios interesses pblicos com expresso territorial, tendo em conta as estratgias de desenvolvi-mento econmico e social, bem como a sustentabilidade e a solidariedade intra e intergeracional na ocupao e utilizao do territrio, assegurando a qualidade de vida e um equilibrado desenvolvimento socioeconmico s geraes presentes e futuras.

    3 Os programas e os planos territoriais devem esta-belecer as medidas de tutela dos interesses pblicos pros-seguidos e explicitar os respetivos efeitos, designadamente

    quando essas medidas condicionem a ao territorial de entidades pblicas ou particulares.

    4 As medidas de proteo dos interesses pblicos estabelecidas nos programas e nos planos territoriais cons-tituem referncia na adoo de quaisquer outros regimes de salvaguarda.

    Artigo 9.Graduao do interesse pblico

    1 Nas reas territoriais em que convergem interesses pblicos incompatveis entre si, deve ser dada prioridade queles cuja prossecuo determine o mais adequado uso do solo, em termos ambientais, econmicos, sociais e cul-turais.

    2 Excetuam -se do disposto no nmero anterior os interesses respeitantes defesa nacional, segurana, sade pblica, proteo civil e preveno e minimizao de riscos, cuja prossecuo tem prioridade sobre os demais interesses pblicos.

    Artigo 10.Identificao dos recursos territoriais

    Os programas e os planos territoriais identificam:a) As reas afetas defesa nacional, segurana e

    proteo civil;b) Os recursos e valores naturais;c) As reas perigosas e as reas de risco;d) As reas agrcolas e florestais;e) As reas de explorao de recursos energticos e

    geolgicos;f) A estrutura ecolgica;g) O patrimnio arquitetnico, arqueolgico e paisa-

    gstico;h) O sistema urbano;i) A localizao e a distribuio das atividades econ-

    micas;j) As redes de transporte e mobilidade;k) As redes de infraestruturas e equipamentos coletivos.

    Artigo 11.Defesa nacional, segurana e proteo civil

    1 Sempre que no haja prejuzo para os interesses do Estado, as redes de estruturas, de infraestruturas e dos sistemas indispensveis defesa nacional so identificadas nos programas e nos planos territoriais.

    2 O conjunto dos equipamentos, infraestruturas e sistemas que asseguram a segurana, a proteo civil e a preveno e minimizao de riscos, identificado nos programas e nos planos territoriais.

    Artigo 12.Recursos e valores naturais

    1 Os programas e os planos territoriais identificam os recursos e valores naturais e os sistemas indispensveis utilizao sustentvel do territrio, bem como estabe-lecem as medidas e os limiares mnimos e mximos de utilizao, que garantem a renovao e a valorizao do patrimnio natural.

    2 Os programas e os planos territoriais procedem identificao de recursos e valores naturais com relevncia

  • Dirio da Repblica, 1. srie N. 93 14 de maio de 2015 2473

    estratgica para a sustentabilidade ambiental e a solidarie-dade intergeracional, designadamente:

    a) Orla costeira e zonas ribeirinhas;b) Albufeiras de guas pblicas;c) reas protegidas e as zonas nicas que integram;d) Rede hidrogrfica;e) Outros recursos territoriais relevantes para a conser-

    vao da natureza e da biodiversidade.

    3 Para efeitos do disposto nos nmeros anteriores:a) Os programas territoriais definem os princpios e

    as diretrizes que concretizam as orientaes polticas re-lativas proteo e valorizao dos recursos e valores naturais;

    b) Os planos intermunicipais ou os planos municipais estabelecem, no quadro definido pelos programas e pelos planos territoriais cuja eficcia condicione o respetivo contedo, os parmetros urbansticos de ocupao e de utilizao do solo adequados salvaguarda e valorizao dos recursos e valores naturais;

    c) Os programas especiais estabelecem os regimes de salvaguarda, determinados por critrios de proteo e va-lorizao dos sistemas e valores naturais, por forma a compatibiliz -los com a fruio pelas populaes.

    Artigo 13.reas perigosas e reas de risco

    1 Os programas e os planos territoriais identificam e delimitam as reas perigosas e de risco, desenvolvendo -as e concretizando -as.

    2 Os planos territoriais delimitam as reas perigosas e de risco, identificam os elementos vulnerveis para cada risco e estabelecem as regras e as medidas para a preven-o e minimizao de riscos, em funo da graduao dos nveis de perigosidade e de acordo com os critrios a estabelecer pelas entidades responsveis em razo da matria.

    Artigo 14.reas agrcolas e florestais

    1 Os programas e os planos territoriais identificam as reas afetas a usos agrcolas, florestais e pecurios, designadamente as reas de reserva agrcola, de obras de aproveitamento hidroagrcola e de regime florestal.

    2 Os programas setoriais estabelecem os objetivos e as medidas indispensveis ao adequado ordenamento agrcola e florestal do territrio, equacionando as neces-sidades atuais e futuras.

    3 A afetao, pelos programas e planos territoriais, das reas referidas no n. 1 a utilizaes diversas da explo-rao agrcola, florestal ou pecuria tem carter excecional, sendo admitida apenas quando tal for comprovadamente necessrio.

    Artigo 15.reas de explorao de recursos energticos e geolgicos

    1 Os programas e os planos territoriais devem iden-tificar as reas afetas explorao de recursos energticos e geolgicos.

    2 Os planos territoriais devem delimitar e regulamen-tar as reas previstas no nmero anterior, assegurando a minimizao dos impactes ambientais e a compatibilizao de usos.

    Artigo 16.Estrutura ecolgica

    1 Os programas e os planos territoriais identificam as reas, os valores e os sistemas fundamentais para a proteo e valorizao ambiental dos espaos rsticos e urbanos, designadamente as redes de proteo e valori-zao ambiental, regionais e municipais, que incluem as reas de risco de desequilbrio ambiental.

    2 Os programas regionais, os programas especiais e os programas setoriais relevantes definem os princpios, as diretrizes e as medidas que concretizam as orientaes polticas relativas s reas de proteo e valorizao am-biental que garantem a salvaguarda e a valorizao dos ecossistemas.

    3 Os planos intermunicipais e municipais estabele-cem, no quadro definido pelos programas e pelos planos territoriais, cuja eficcia condicione o respetivo contedo, os parmetros e as condies de ocupao e de utilizao do solo, assegurando a compatibilizao das funes de proteo, regulao e enquadramento com os usos produ-tivos, o recreio e lazer, e o bem -estar das populaes.

    Artigo 17.Patrimnio arquitetnico, arqueolgico e paisagstico

    1 Os vestgios arqueolgicos, bem como os elemen-tos e conjuntos construdos, que representam testemunhos da histria da ocupao e do uso do territrio e assumem interesse relevante para a memria e a identidade das co-munidades, so identificados nos programas e nos planos territoriais.

    2 Os programas e os planos territoriais estabelecem as medidas indispensveis proteo e valorizao do patrimnio arquitetnico, arqueolgico e paisagstico, acautelando o uso dos espaos envolventes.

    3 No quadro definido por lei e pelos programas e planos territoriais, cuja eficcia condicione o respetivo con-tedo, os planos intermunicipais e municipais estabelecem os parmetros urbansticos aplicveis e a delimitao de zonas de proteo.

    Artigo 18.Sistema urbano

    1 Os programas e os planos territoriais caracterizam a estrutura do povoamento preconizada e estabelecem, no quadro da poltica de cidades, os objetivos quantitativos e qualitativos que asseguram a coerncia e a sustentabilidade do sistema urbano.

    2 Para efeitos do disposto no nmero anterior:a) O programa nacional da poltica de ordenamento do

    territrio, os programas regionais, os programas intermu-nicipais e os programas setoriais relevantes, definem os princpios e as diretrizes que concretizam as orientaes polticas relativas distribuio equilibrada das funes de habitao, trabalho e lazer, bem como otimizao de equipamentos e infraestruturas, e s redes de transporte e mobilidade;

    b) Os planos intermunicipais e municipais estabelecem, no quadro definido pelos programas e pelos planos terri-toriais cuja eficcia condicione o respetivo contedo, os parmetros de ocupao e de utilizao do solo adequados concretizao do modelo do desenvolvimento urbano adotado.

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    Artigo 19.Localizao e distribuio das atividades econmicas

    1 As condies e os critrios de localizao e a distri-buio das atividades industriais, tursticas, de comrcio e de servios, so identificadas nos programas e nos planos territoriais.

    2 O programa nacional da poltica de ordenamento do territrio, os programas regionais, os programas inter-municipais e os programas setoriais definem os princpios e as diretrizes subjacentes:

    a) localizao dos espaos industriais, compatibilizando a racionalidade econmica com a equilibrada distribuio de usos e funes no territrio e com a qualidade ambiental;

    b) estratgia de localizao, instalao e desenvolvi-mento de espaos tursticos, comerciais e de servios, com-patibilizando o equilbrio urbano e a qualidade ambiental com a criao de oportunidades de emprego e a equilibrada distribuio de usos e funes no territrio.

    3 Os planos intermunicipais e municipais estabele-cem, no quadro definido pelos programas e pelos planos territoriais, cuja eficcia condicione o respetivo contedo, as condies e os critrios e parmetros de ocupao e de utilizao do solo, para os fins relativos localizao e distribuio das atividades econmicas.

    Artigo 20.Redes de transporte e mobilidade

    1 As redes rodoviria e ferroviria nacionais, as estradas regionais, os portos e aeroportos, bem como a respetiva articulao com as redes locais de transporte e mobilidade, so identificados e definidos nos programas e nos planos territoriais.

    2 Para efeitos do disposto no nmero anterior, as entidades responsveis pelos vrios mbitos de interveno devem estabelecer procedimentos de informao perma-nentes que garantam a coerncia das opes definidas nos programas e nos planos territoriais.

    Artigo 21.Redes de infraestruturas e equipamentos coletivos

    1 As redes de infraestruturas e os equipamentos de nvel fundamental que promovem a qualidade de vida, apoiam a atividade econmica e asseguram a otimizao do acesso cultura, educao, justia, sade, segu-rana social, ao desporto e ao lazer, so identificadas nos programas e nos planos territoriais.

    2 Para efeitos do disposto no nmero anterior, os programas e os planos territoriais definem uma estratgia coerente de instalao, de conservao e de desenvolvi-mento das infraestruturas ou equipamentos, considerando as necessidades sociais e culturais da populao e as pers-petivas de evoluo econmicas e sociais.

    SUBSECO II

    Coordenao das intervenes

    Artigo 22.Princpio geral

    1 A articulao das estratgias de ordenamento territorial, determinadas pela prossecuo dos interesses

    pblicos com expresso territorial, impe ao Estado, s entidades intermunicipais e s autarquias locais, o dever de coordenao das respetivas intervenes em matria territorial.

    2 A elaborao, a aprovao, a alterao, a reviso, a execuo e a avaliao dos programas e dos planos territo-riais obriga a identificar e a ponderar, nos diversos mbitos, os planos, os programas e os projetos, designadamente da iniciativa da Administrao Pblica, com incidncia na rea a que respeitam, considerando os que j existem e os que se encontrem em preparao, por forma a assegurar as necessrias compatibilizaes.

    3 A coordenao entre entidades da Administrao Pblica constitui um imperativo de atuao, tendo em vista o desenvolvimento nacional, regional, sub -regional e municipal, comprometendo solues de compatibilizao expedita entre programas e planos territoriais, cuja apro-vao e entrada em vigor se sucedam no tempo.

    Artigo 23.Coordenao interna

    1 As entidades responsveis pela elaborao, aprova-o, alterao, reviso, execuo e avaliao dos programas e dos planos territoriais devem assegurar, nos respetivos mbitos de interveno, a necessria coordenao entre as diversas polticas com incidncia territorial e a poltica de ordenamento do territrio e de urbanismo, mantendo uma estrutura orgnica e funcional apta a prosseguir uma efetiva articulao no exerccio das vrias competncias.

    2 A coordenao das polticas nacionais consagradas no programa nacional da poltica de ordenamento do ter-ritrio, nos programas setoriais e nos programas especiais de ordenamento do territrio, incumbe ao Governo.

    3 A coordenao ao nvel regional, das polticas con-sagradas nos programas regionais, incumbe ao Governo, atravs das comisses de coordenao e desenvolvimento regional.

    4 A coordenao ao nvel intermunicipal, das polti-cas consagradas nos programas e nos planos intermunici-pais, incumbe s entidades intermunicipais ou ao conjunto de municpios associados para essa finalidade.

    5 A coordenao ao nvel municipal, das polticas consagradas nos planos municipais, incumbe aos muni-cpios.

    Artigo 24.Coordenao externa

    1 A elaborao, a aprovao, a alterao, a reviso, a execuo e a avaliao dos programas e dos planos ter-ritoriais requer uma adequada coordenao das polticas nacionais, regionais, intermunicipais e municipais com incidncia territorial.

    2 O Estado, os municpios e as associaes de muni-cpios tm o dever de promover, de forma articulada entre si, a poltica de ordenamento do territrio, garantindo, designadamente:

    a) O respeito pelas respetivas atribuies, na elaborao dos programas e dos planos territoriais nacionais, regionais, intermunicipais e municipais;

    b) O cumprimento dos limites materiais impostos interveno dos diversos rgos e agentes, relativamente ao procedimento de planeamento nacional, regional, in-termunicipal e municipal;

  • Dirio da Repblica, 1. srie N. 93 14 de maio de 2015 2475

    c) A definio, em funo das estruturas orgnicas e funcionais, de um modelo de interlocuo que permita uma interao coerente em matria de ordenamento territorial, evitando o concurso de competncias.

    Artigo 25.Articulao e compatibilidade dos programas

    e planos territoriais com os instrumentos de ordenamento do espao martimo nacional

    1 O disposto no presente decreto -lei no aplicvel ao ordenamento e gesto do espao martimo nacional.

    2 Sem prejuzo do disposto no nmero anterior, as regras e as diretrizes dos programas setoriais e especiais que abrangem zonas martimas devem ser integradas nos instrumentos de ordenamento do espao martimo.

    3 Os programas e os planos territoriais devem as-segurar a respetiva compatibilidade com os instrumentos de ordenamento do espao martimo nacional, sempre que incidam sobre a mesma rea ou sobre reas que, pela inter-dependncia estrutural ou funcional dos seus elementos, necessitem de uma coordenao integrada, devendo ser dada prioridade s solues que determinem uma utilizao mais sustentvel do espao.

    4 Os programas e os planos territoriais avaliam e ponderam as regras dos instrumentos de ordenamento do espao martimo nacional preexistentes, identificando expressamente as normas incompatveis que devem ser revogadas ou alteradas.

    CAPTULO II

    Sistema de gesto territorial

    SECO I

    Relao entre os programas e planos territoriais

    Artigo 26.Relao entre os programas de mbito nacional e regional

    1 O programa nacional da poltica de ordena-mento do territrio, os programas setoriais, os pro-gramas especiais e os programas regionais traduzem um compromisso recproco de compatibilizao das respetivas opes.

    2 O programa nacional da poltica de ordenamento do territrio, os programas setoriais e os programas especiais prosseguem objetivos de interesse nacional e estabelecem os princpios e as regras que devem ser observados pelos programas regionais.

    3 A elaborao dos programas setoriais e especiais condicionada pelas orientaes definidas no programa nacional de poltica de ordenamento do territrio.

    4 Os programas regionais prosseguem os objetivos de interesse regional e respeitam o disposto nos programas territoriais de mbito nacional.

    Artigo 27.Relaes entre programas e planos territoriais

    1 Os programas regionais definem o quadro estrat-gico a desenvolver pelos programas e pelos planos inter-municipais e municipais.

    2 Os programas e os planos intermunicipais, bem como os planos municipais devem assegurar a programa-

    o e a concretizao das polticas com incidncia terri-torial, que, como tal, estejam assumidas pelos programas territoriais de mbito nacional e regional.

    3 Os planos territoriais de mbito municipal devem atender s orientaes definidas nos programas intermu-nicipais preexistentes.

    4 A existncia de um plano diretor, de um plano de urbanizao ou de um plano de pormenor de mbito intermunicipal exclui a possibilidade de existncia, na respetiva rea de abrangncia, de planos municipais do mesmo tipo, sem prejuzo das regras relativas dinmica de planos territoriais.

    5 O plano diretor municipal define o quadro estra-tgico de desenvolvimento territorial do municpio, sendo o instrumento de referncia para a elaborao dos demais planos municipais.

    6 Sempre que entre em vigor um programa territorial de mbito nacional ou regional obrigatria a alterao ou a atualizao dos planos territoriais de mbito inter-municipal e municipal, que com ele no sejam conformes ou compatveis.

    Artigo 28.Atualizao dos programas e planos territoriais

    1 Os programas estabelecem o prazo para a atuali-zao dos planos de mbito intermunicipal ou municipal preexistentes, aps audio, respetivamente, da entidade intermunicipal ou de outra associao de municpios res-ponsvel pelo plano territorial a atualizar ou dos municpios abrangidos.

    2 Sem prejuzo do disposto no nmero anterior, a entidade responsvel pela elaborao do programa deve dar conhecimento, comisso de coordenao e desenvol-vimento regional territorialmente competente, dos prazos estabelecidos para a atualizao dos planos territoriais.

    3 A atualizao dos planos territoriais, decorrente da entrada em vigor de normas legais e regulamentares, obrigatria.

    4 A atualizao dos programas e dos planos territo-riais, que no implique uma deciso autnoma de planea-mento, segue o procedimento previsto no Artigo 121.

    5 Quando procedam alterao de programa ou de plano territorial preexistente, os novos programas e planos territoriais indicam expressamente as disposies incompatveis que determinam a sua alterao.

    Artigo 29.A falta de atualizao de planos territoriais

    1 A no atualizao do plano territorial, no prazo fixado nos termos do n. 1 do artigo anterior, determina a suspenso das normas do plano territorial, intermunicipal ou municipal que deviam ter sido alteradas, no podendo, na rea abrangida, haver lugar prtica de quaisquer atos ou operaes que impliquem a ocupao, uso e transfor-mao do solo.

    2 Para efeitos do disposto no nmero anterior, a co-misso de coordenao e desenvolvimento regional ter-ritorialmente competente deve emitir uma declarao da suspenso, a qual deve ser publicitada no Dirio da Rep-blica e na plataforma colaborativa de gesto territorial, no prazo de 10 dias a contar da data da suspenso.

    3 A suspenso prevista nos nmeros anteriores vigora da data da publicao da declarao de suspenso at atualizao dos planos territoriais.

  • 2476 Dirio da Repblica, 1. srie N. 93 14 de maio de 2015

    4 A falta de iniciativa, por parte da entidade intermuni-cipal, da associao de municpios ou do municpio, tendente a desencadear o procedimento de atualizao do plano ter-ritorial, bem como o atraso da mesma atualizao por facto imputvel s referidas entidades, determina a suspenso do respetivo direito de candidatura a apoios financeiros comuni-trios e nacionais, at data da concluso do processo de atua-lizao, bem como a no celebrao de contratos -programa.

    5 Para efeitos do disposto no nmero anterior, a comisso de coordenao e desenvolvimento regional territorialmente competente deve solicitar entidade in-termunicipal, associao de municpios ou ao municpio a apresentao, no prazo de 15 dias, de documentos que comprovem a iniciativa de atualizao do plano territorial e que o atraso deste procedimento no se deve a facto que seja imputvel quelas entidades.

    6 Na falta de apresentao dos documentos previs-tos no nmero anterior, a suspenso comunicada pela comisso de coordenao e desenvolvimento regional ter-ritorialmente competente s entidades intermunicipais, s associaes de municpios ou ao municpio, bem como s entidades gestoras de apoios financeiros nacionais e comu-nitrios, para efeitos da aplicao do disposto no n. 4.

    SECO II

    mbito nacional

    SUBSECO I

    Programa nacional da poltica de ordenamento do territrio

    Artigo 30.Noo

    O programa nacional da poltica de ordenamento do territrio estabelece as opes estratgicas com relevncia para a organizao do territrio nacional, consubstancia o quadro de referncia a considerar na elaborao dos demais programas e planos territoriais e constitui um instrumento de cooperao com os demais Estados -Membros para a organizao do territrio da Unio Europeia.

    Artigo 31.Objetivos

    O programa nacional da poltica de ordenamento do territrio visa:

    a) Definir o quadro unitrio para o desenvolvimento ter-ritorial integrado, harmonioso e sustentvel do Pas, tendo em conta a identidade prpria da sua diversidade regional e a sua insero no espao da Unio Europeia;

    b) Garantir a coeso territorial do Pas, atenuando as assi-metrias regionais e garantindo a igualdade de oportunidades;

    c) Estabelecer a traduo territorial das estratgias de desenvolvimento econmico e social;

    d) Estabelecer as grandes opes de investimento p-blico, com impacte territorial significativo, as suas prio-ridades e a respetiva programao, considerando, desig-nadamente, as estratgias definidas para a aplicao dos fundos comunitrios e nacionais;

    e) Articular as polticas setoriais com incidncia na organizao do territrio;

    f) Racionalizar o povoamento, a implantao de equi-pamentos estruturantes e a definio das redes;

    g) Estabelecer os parmetros de acesso s funes ur-banas e s formas de mobilidade;

    h) Definir os princpios orientadores da disciplina de ocupao do territrio;

    i) Concretizar as polticas europeias de desenvolvimento territorial.

    Artigo 32.Contedo material

    1 O programa nacional da poltica de ordenamento do territrio concretiza e articula as opes definidas nos demais instrumentos estratgicos de mbito nacional e define um modelo de organizao espacial que estabelece:

    a) As opes e as diretrizes relativas conformao da poltica de cidades, das redes, das infraestruturas e dos equi-pamentos de interesse nacional, bem como salvaguarda e valorizao das reas de interesse nacional em ter-mos ambientais, patrimoniais e de desenvolvimento rural;

    b) Os objetivos e os princpios assumidos pelo Estado, numa perspetiva de mdio e de longo prazo, quanto localizao das atividades, dos servios e dos grandes investimentos pblicos;

    c) Os padres mnimos e os objetivos a atingir em ma-tria de qualidade de vida e de efetivao dos direitos ambientais, econmicos, sociais e culturais;

    d) Os objetivos qualitativos e quantitativos a atingir em matria de estruturas de povoamento, bem como de implan-tao de infraestruturas e de equipamentos estruturantes;

    e) As orientaes para a coordenao entre as polticas de ordenamento do territrio e de desenvolvimento re-gional, tendo em vista objetivos de equidade social e de coeso territorial;

    f) Os mecanismos de articulao entre as polticas de ordenamento do territrio e de ambiente que assegurem as condies necessrias concretizao de uma estratgia de utilizao sustentvel e eficiente dos recursos naturais;

    g) As medidas de coordenao dos programas setoriais com incidncia territorial.

    2 O programa nacional da poltica de ordenamento do territrio pode estabelecer diretrizes aplicveis a de-terminado tipo de reas ou de temticas, com incidncia territorial, visando assegurar a igualdade de regimes e a coerncia na sua observncia pelos demais programas e planos territoriais.

    Artigo 33.Contedo documental

    1 O programa nacional da poltica de ordenamento do territrio constitudo por um relatrio e um programa de ao.

    2 O relatrio define cenrios de desenvolvimento ter-ritorial e fundamenta as orientaes estratgicas, as opes e as prioridades da interveno poltico -administrativa, em matria de ordenamento do territrio, sendo acompanhado por peas grficas ilustrativas do modelo de organizao espacial estabelecido.

    3 O programa de ao estabelece:a) Os objetivos a atingir numa perspetiva de mdio

    e de longo prazo, em consonncia com as orientaes estratgicas, as opes e as prioridades da interveno poltico -administrativa definidas no relatrio;

    b) Os compromissos do Governo em matria de medidas legislativas, de investimentos pblicos ou de aplicao de

  • Dirio da Repblica, 1. srie N. 93 14 de maio de 2015 2477

    outros instrumentos de natureza fiscal ou financeira, para a concretizao da poltica de desenvolvimento territorial;

    c) As propostas do Governo para a cooperao, no do-mnio do ordenamento do territrio, com as entidades intermunicipais, as associaes de municpios, os muni-cpios e as entidades privadas, incluindo o lanamento de programas de apoio especficos;

    d) A definio de prioridades e de hierarquias para as aes propostas, bem como a programao temporal da sua realizao;

    e) A identificao dos meios de financiamento das aes propostas;

    f) O quadro de referncia a considerar na elaborao, na alterao ou na reviso dos demais instrumentos de gesto territorial;

    g) O modelo de governao e a identificao das entida-des responsveis pela implementao das aes propostas, explicitando a necessria coordenao e articulao entre as diversas entidades;

    h) Os indicadores qualitativos e quantitativos que su-portem a avaliao prevista no captulo VIII.

    Artigo 34.

    Elaborao

    1 A elaborao do programa nacional da poltica de ordenamento do territrio compete ao Governo, sob coordenao do membro do Governo responsvel pela rea do ordenamento do territrio.

    2 A elaborao do programa nacional da poltica de ordenamento do territrio determinada por resoluo do Conselho de Ministros, da qual devem constar nomea-damente:

    a) Os princpios orientadores do programa nacional da poltica de ordenamento do territrio, bem como a meto-dologia definida para a compatibilizao das disciplinas dos diversos instrumentos de desenvolvimento territorial e para a articulao das intervenes de mbito nacional, regional, sub -regional e local;

    b) As competncias relativas elaborao do programa nacional da poltica de ordenamento do territrio;

    c) Os prazos de elaborao do programa nacional da poltica de ordenamento do territrio;

    d) A constituio e o funcionamento da comisso con-sultiva.

    Artigo 35.Comisso consultiva do programa nacional

    da poltica de ordenamento do territrio

    A elaborao do programa nacional da poltica de orde-namento do territrio acompanhada por uma comisso consultiva, criada pela resoluo do Conselho de Ministros referida no artigo anterior e composta por representantes das regies autnomas, das autarquias locais e dos inte-resses ambientais, econmicos, sociais e culturais rele-vantes.

    Artigo 36.

    Concertao

    1 O acompanhamento da elaborao da proposta de programa nacional de poltica de ordenamento do territrio inclui a concertao com as entidades que, no decurso dos trabalhos da comisso consultiva, formulem objees s orientaes do futuro programa.

    2 Elaborada a proposta de programa e emitidos os pa-receres da comisso consultiva e da Comisso Nacional do

    Territrio, o Governo promove, nos 20 dias subsequentes emisso destes pareceres, a realizao de uma reunio de concertao com as entidades que, no mbito das referidas comisses, tenham formal e fundamentadamente discor-dado das orientaes da proposta de programa, tendo em vista obter uma soluo concertada que permita ultrapassar as objees formuladas.

    3 Quando o consenso no for alcanado, o Governo apresenta a verso da proposta de programa a submeter a discusso pblica, optando pelas solues que considere mais adequadas e salvaguardando a respetiva legalidade.

    Artigo 37.

    Participao

    1 Emitidos os pareceres da comisso consultiva e da Comisso Nacional do Territrio, e quando for o caso, decorrido o perodo adicional de concertao, o Governo procede abertura de um perodo de discusso pblica, atravs de aviso a publicar no Dirio da Repblica e a divulgar atravs da comunicao social e do seu stio na Internet, do qual consta o perodo de discusso, a forma como os interessados podem apresentar as suas observa-es ou sugestes, as eventuais sesses pblicas a que haja lugar e os locais onde se encontra disponvel a proposta, o parecer da comisso consultiva, os demais pareceres emitidos e os resultados da reunio de concertao.

    2 A discusso pblica consiste na recolha de observa-es e sugestes sobre as orientaes da proposta de pro-grama nacional da poltica de ordenamento do territrio.

    3 O perodo de discusso pblica deve ser anunciado com a antecedncia mnima de 15 dias e no deve ser inferior a 30 dias.

    4 Findo o perodo de discusso pblica, o Governo pondera e divulga os respetivos resultados, designada-mente atravs da comunicao social e da sua pgina na Internet, e elabora a verso final da proposta a apresentar Assembleia da Repblica.

    Artigo 38.

    Aprovao

    1 O programa nacional da poltica de ordenamento do territrio aprovado pela Assembleia de Repblica, cabendo ao Governo o desenvolvimento e a concretizao do programa de ao.

    2 A lei que aprova o programa nacional da poltica de ordenamento do territrio deve:

    a) Identificar as disposies dos programas de mbito regional incompatveis com o modelo de ocupao espacial definido pelo programa nacional de poltica de ordena-mento do territrio;

    b) Consagrar os prazos e as formas de atualizao dos programas regionais preexistentes, ouvidas previamente as comisses de coordenao e desenvolvimento regional.

    SUBSECO II

    Programas setoriais e programas especiais

    Artigo 39.

    Programas setoriais

    1 Os programas setoriais so instrumentos progra-mticos ou de concretizao das diversas polticas com incidncia na organizao do territrio.

  • 2478 Dirio da Repblica, 1. srie N. 93 14 de maio de 2015

    2 Para efeitos do presente decreto -lei, so conside-rados programas setoriais:

    a) Os programas e as estratgias de desenvolvimento, respeitantes aos diversos setores da administrao cen-tral, nomeadamente nos domnios da defesa, segurana pblica, preveno e minimizao de riscos, ambiente, recursos hdricos, conservao da natureza e da biodiver-sidade, transportes, infraestruturas, comunicaes, energia e recursos geolgicos, cultura, sade, habitao, turismo, agricultura, florestas, comrcio e indstria;

    b) Os regimes territoriais definidos ao abrigo de lei especial;

    c) As decises sobre a localizao de grandes empreen-dimentos pblicos com incidncia territorial.

    Artigo 40.Contedo material dos programas setoriais

    Os programas setoriais estabelecem, nomeadamente:a) As opes setoriais e os objetivos a alcanar no qua-

    dro das diretrizes nacionais aplicveis;b) As aes de concretizao dos objetivos setoriais

    estabelecidos;c) A expresso territorial da poltica setorial definida;d) A articulao da poltica setorial com a disciplina

    consagrada nos demais programas e planos territoriais aplicveis.

    Artigo 41.Contedo documental dos programas setoriais

    1 Os programas setoriais estabelecem e justificam as opes e os objetivos setoriais com incidncia territorial e definem normas de execuo, integrando as peas gr-ficas necessrias representao da respetiva expresso territorial.

    2 Sempre que incidam sobre a mesma rea ou sobre reas que, pela interdependncia estrutural ou funcional dos seus elementos, necessitem de uma coordenao integrada, os programas setoriais identificam, ainda, o instrumento de ordenamento do espao martimo, bem como as respetivas medidas de articulao e de coordenao.

    3 Os programas setoriais so acompanhados por um relatrio do programa, que procede ao diagnstico da situao territorial sobre a qual intervm e fundamentao tcnica das opes e dos objetivos estabelecidos.

    4 Sempre que seja exigida a avaliao ambiental nos termos do artigo 3. do Decreto -Lei n. 232/2007, de 15 de junho, alterado pelo Decreto -Lei n. 58/2011, de 4 de maio, o programa setorial acompanhado por um relatrio ambiental, no qual so identificados, descritos e avaliados, os eventuais efeitos significativos no ambiente, resultantes da aplicao do programa, e as medidas de minimizao, tendo em conta os objetivos, e o mbito de aplicao territorial.

    5 Os programas setoriais incluem indicadores qua-litativos e quantitativos que suportam a avaliao prevista no captulo VIII.

    Artigo 42.Programas especiais

    1 Os programas especiais so elaborados pela admi-nistrao central e visam a prossecuo de objetivos consi-derados indispensveis tutela de interesses pblicos e de

    recursos de relevncia nacional com repercusso territorial, estabelecendo, exclusivamente, regimes de salvaguarda de recursos e valores naturais.

    2 Os programas especiais tm por objeto a orla cos-teira, as reas protegidas, as albufeiras de guas pblicas e os esturios.

    3 Consideram -se, ainda, programas especiais, os pla-nos de ordenamento dos parques arqueolgicos previstos na Lei n. 107/2001, de 8 de setembro, e no Decreto -Lei n. 131/2002, de 11 de maio.

    Artigo 43.Objetivos dos programas especiais

    Para os efeitos previstos no presente decreto -lei, os programas especiais visam, exclusivamente:

    a) A salvaguarda de objetivos de interesse nacional com incidncia territorial delimitada;

    b) A garantia das condies de permanncia dos sistemas indispensveis utilizao sustentvel do territrio.

    Artigo 44.Contedo material dos programas especiais

    1 Os programas especiais estabelecem regimes de salvaguarda de recursos e valores naturais e o regime de gesto compatvel com a utilizao sustentvel do ter-ritrio, atravs do estabelecimento de aes permitidas, condicionadas ou interditas, em funo dos respetivos objetivos.

    2 As normas que estabelecem aes permitidas, condicionadas ou interditas, relativas ocupao, uso e transformao do solo, devem ser integradas nos planos territoriais, nos termos do n. 5 do artigo 3.

    3 As normas de gesto das respetivas reas abrangi-das, nomeadamente, as relativas circulao de pessoas, veculos ou animais, prtica de atividades desportivas ou a quaisquer comportamentos suscetveis de afetar ou comprometer os recursos ou valores naturais a salvaguardar podem ser desenvolvidas em regulamento prprio, nas situaes e nos termos que o programa admitir.

    4 O regulamento a que se refere o nmero anterior est sujeito a discusso pblica e deve ser aprovado pela entidade responsvel pela elaborao do programa, no prazo de 30 dias a contar da data da publicao deste, sendo publicitado no seu stio na Internet e no dos municpios abrangidos.

    5 Sempre que incidam sobre a mesma rea ou sobre reas que, pela interdependncia estrutural ou funcional dos seus elementos, necessitem de uma coordenao integrada, os programas especiais identificam, ainda, o instrumento de ordenamento do espao martimo, bem como as res-petivas medidas de articulao e de coordenao de usos e atividades.

    6 As normas dos programas especiais que procedam classificao ou qualificao do uso do solo so nulas.

    Artigo 45.Contedo documental dos programas especiais

    1 Os programas especiais estabelecem as diretivas para a proteo e valorizao de recursos e valores natu-rais e definem normas de execuo, integrando as peas grficas necessrias representao da respetiva expresso territorial.

  • Dirio da Repblica, 1. srie N. 93 14 de maio de 2015 2479

    2 Os programas especiais so acompanhados por:a) Relatrio do programa, que procede ao diagnstico da

    situao territorial sobre a qual intervm e fundamentao tcnica das opes e objetivos estabelecidos;

    b) Relatrio ambiental no qual se identificam, descrevem e avaliam os eventuais efeitos significativos no ambiente resultantes da aplicao do programa e as alternativas razo-veis, tendo em conta os objetivos e o mbito de aplicao territorial respetivos, salvo o disposto na alnea g) do n. 1 do artigo seguinte;

    c) Programa de execuo e plano de financiamento;d) Indicadores qualitativos e quantitativos que suportem

    a avaliao prevista no captulo VIII.

    Artigo 46.Elaborao

    1 A elaborao dos programas setoriais e especiais determinada por despacho do membro do Governo compe-tente em razo da matria, em articulao com o membro do Governo responsvel pela rea do ordenamento do territrio, do qual deve constar, nomeadamente:

    a) A finalidade do programa, com meno expressa dos interesses pblicos prosseguidos;

    b) A especificao dos objetivos a atingir;c) A indicao da entidade, do departamento ou do ser-

    vio competente para a elaborao;d) O mbito territorial do programa, com meno ex-

    pressa dos municpios cujos territrios so abrangidos;e) O prazo de elaborao;f) As exigncias procedimentais ou de participao que,

    em funo da complexidade da matria ou dos interesses a salvaguardar, se considerem ser de adotar, para alm do procedimento definido no presente decreto -lei;

    g) A sujeio do programa a avaliao ambiental ou as razes que justificam a inexigibilidade desta;

    h) A constituio e o funcionamento da comisso con-sultiva, no caso dos programas especiais.

    2 A elaborao dos programas setoriais e dos progra-mas especiais obriga a identificar e a ponderar, os planos, os programas e os projetos da iniciativa da Administrao Pblica, com incidncia na rea a que respeitam, bem como os instrumentos de ordenamento do espao martimo, considerando os que j existem e os que se encontrem em preparao, por forma a assegurar as necessrias compa-tibilizaes.

    3 O prazo de elaborao dos programas setoriais e especiais pode ser prorrogado por uma nica vez, por um perodo mximo igual ao previamente estabelecido.

    4 O no cumprimento dos prazos estabelecidos de-termina a caducidade do procedimento de elaborao, devendo ser desencadeado um novo procedimento.

    Artigo 47.Avaliao ambiental

    1 A deciso a que se refere a alnea g) do n. 1 do artigo anterior pode ser precedida da consulta prevista no n. 3 do artigo 3. do Decreto -Lei n. 232/2007, de 15 de junho, alterado pelo Decreto -Lei n. 58/2011, de 4 de maio.

    2 Sempre que a entidade responsvel pela elaborao do programa solicite pareceres, nos termos do nmero

    anterior, estes devem conter, tambm, a pronncia sobre o mbito da avaliao ambiental e sobre o alcance da informao a incluir no relatrio ambiental, aplicando -se o disposto no artigo 5. do Decreto -Lei n. 232/2007, de 15 de junho, alterado pelo Decreto -Lei n. 58/2011, de 4 de maio.

    3 Os pareceres solicitados nos termos do presente artigo so emitidos no prazo de 20 dias, sob pena de no serem considerados.

    Artigo 48.Acompanhamento do programa setorial

    1 No decurso da elaborao do programa setorial, a entidade responsvel pela respetiva elaborao solicita parecer comisso de coordenao e desenvolvimento regional territorialmente competente, s entidades ou aos servios da administrao central representativas dos inte-resses a ponderar, bem como s entidades intermunicipais, s associaes de municpios e aos municpios abrangi-dos, os quais devem pronunciar -se no prazo de 20 dias, findo o qual se considera nada terem a opor proposta de programa.

    2 Na elaborao dos programas sujeitos a avaliao ambiental, caso no tenha sido promovida a consulta refe-rida no n. 1 do artigo anterior, deve ser solicitado parecer sobre o mbito da avaliao ambiental e sobre o alcance da informao a incluir no relatrio ambiental, bem como pareceres sobre a proposta de programa e sobre o respetivo relatrio ambiental, nos termos do n. 3 do artigo 7. do Decreto -Lei n. 232/2007, de 15 de junho, alterado pelo Decreto -Lei n. 58/2011, de 4 de maio, os quais devem ser emitidos no prazo de 20 dias, sob pena de no serem considerados.

    3 Quando a entidade competente para a elaborao do programa o determine, os pareceres previstos nos nme-ros anteriores so emitidos em conferncia procedimental, aplicando -se com as necessrias adaptaes o disposto no Artigo 84.

    4 A entidade responsvel pela elaborao do pro-grama pondera os pareceres referidos nos n.os 1 e 2, ficando obrigada a um especial dever de fundamentao, sempre que seja invocada a desconformidade com disposies legais e regulamentares ou a desconformidade com pro-gramas ou planos territoriais.

    5 O acompanhamento dos programas setoriais as-segurado mediante o recurso plataforma colaborativa de gesto territorial.

    Artigo 49.Acompanhamento e concertao dos programas especiais

    1 A elaborao tcnica dos programas especiais acompanhada por uma comisso consultiva, cuja compo-sio deve traduzir a natureza dos interesses ambientais, econmicos e sociais a salvaguardar, integrando represen-tantes de servios e entidades da administrao direta ou indireta do Estado, das regies autnomas, das entidades intermunicipais, das associaes de municpios e dos mu-nicpios abrangidos e de outras entidades pblicas cuja participao seja aconselhvel no mbito do acompanha-mento da elaborao do programa.

    2 A constituio da comisso consultiva deve inte-grar representantes do ordenamento e gesto do espao martimo, bem como da administrao porturia respetiva, sempre que o programa incida sobre reas que, pela sua in-

  • 2480 Dirio da Repblica, 1. srie N. 93 14 de maio de 2015

    terdependncia estrutural ou funcional dos seus elementos, necessitem de uma coordenao integrada mar -terra.

    3 Na elaborao dos programas especiais sujeitos a avaliao ambiental, caso no tenha sido promovida a consulta prevista no n. 1 do Artigo 47., deve ser solicitado parecer sobre o mbito da avaliao ambiental e sobre o alcance da informao a incluir no relatrio ambiental, bem como pareceres sobre a proposta de programa e respetivo relatrio ambiental, nos termos do n. 3 do artigo 7. do Decreto -Lei n. 232/2007, de 15 de junho, alterado pelo Decreto -Lei n. 58/2011, de 4 de maio, os quais devem ser emitidos no prazo de 20 dias, sob pena de no serem considerados.

    4 A comisso consultiva fica obrigada a um acompa-nhamento continuado, devendo, no final dos trabalhos de elaborao, formalizar um nico parecer escrito, assinado pelos representantes das entidades envolvidas, com meno expressa da orientao defendida.

    5 O parecer final da comisso integra a apreciao da proposta de programa e do relatrio ambiental.

    6 No mbito do parecer final, a posio da comisso de coordenao e desenvolvimento regional inclui obri-gatoriamente a apreciao da articulao e da coerncia da proposta com os objetivos, os princpios e as regras aplicveis ao territrio em causa, definidos por quaisquer outros programas e planos territoriais eficazes.

    7 comisso consultiva dos programas especiais aplicvel o disposto no Artigo 84., com as devidas adap-taes.

    8 A entidade responsvel pela elaborao do pro-grama especial pondera o parecer da comisso consultiva, ficando obrigada a um especial dever de fundamentao, sempre que seja invocada a desconformidade com dispo-sies legais e regulamentares, com programas ou planos territoriais ou com instrumentos de ordenamento do espao martimo.

    9 Elaborada a proposta de programa e emitido o parecer da comisso consultiva, a entidade responsvel pelo plano promove, nos 15 dias subsequentes emisso daquele parecer, a realizao de uma reunio de concer-tao com as entidades que, no mbito daquela comisso, tenham formal e fundamentadamente discordado das orien-taes da proposta de programa, tendo em vista obter uma soluo concertada que permita ultrapassar as objees formuladas.

    10 Quando o consenso no for alcanado, a comisso de coordenao e desenvolvimento regional submete a proposta a parecer da Comisso Nacional do Territrio, o qual tem carter vinculativo para a entidade responsvel pela elaborao do programa.

    11 O parecer previsto no nmero anterior pronuncia--se sobre os fundamentos dos pareceres desfavorveis e deve ser proferido no prazo de 30 dias a contar da data da receo do pedido, sob pena de se considerar favorvel proposta de programa.

    12 O acompanhamento dos programas especiais assegurado mediante o recurso plataforma colaborativa de gesto territorial.

    Artigo 50.Participao

    1 Concluda a elaborao do programa setorial ou especial e emitidos os pareceres previstos no artigo ante-rior ou decorridos os prazos fixados, a entidade pblica responsvel pela respetiva elaborao procede abertura

    de um perodo de discusso pblica da proposta de pro-grama, atravs de aviso a publicar, com a antecedncia de 5 dias, no Dirio da Repblica e a divulgar atravs da comunicao social e no respetivo stio na Internet.

    2 Durante o perodo de discusso pblica, que no pode ser inferior a 20 dias, a proposta de programa, os pareceres emitidos ou a ata da conferncia procedimental so divulgados no stio na Internet da entidade pblica responsvel pela sua elaborao e podem ser consulta-dos na respetiva sede, bem como na sede dos municpios abrangidos.

    3 Sempre que o programa se encontre sujeito a ava-liao ambiental, a entidade competente divulga o respe-tivo relatrio ambiental, juntamente com os documentos referidos no nmero anterior.

    4 A discusso pblica consiste na recolha de obser-vaes e de sugestes, sobre as solues da proposta de programa.

    5 Findo o perodo de discusso pblica, a entidade pblica responsvel pela elaborao do programa pondera e divulga os respetivos resultados, atravs da comunicao social e no respetivo stio na Internet, e elabora a verso final da proposta de programa para aprovao.

    Artigo 51.Aprovao

    1 Os programas setoriais e os programas especiais so aprovados por resoluo do Conselho de Ministros, salvo norma especial que determine a sua aprovao por decreto -lei ou decreto regulamentar.

    2 O diploma que aprova o programa deve:a) Identificar as disposies dos programas e dos planos

    territoriais preexistentes incompatveis;b) Consagrar as formas e os prazos de atualizao dos

    programas ou dos planos preexistentes, ouvidas as co-misses de coordenao e desenvolvimento regional e a entidade intermunicipal, a associao de municpios ou os municpios abrangidos.

    SECO III

    mbito regional

    Artigo 52.Noo

    1 Os programas regionais definem a estratgia regio-nal de desenvolvimento territorial, integrando as opes estabelecidas a nvel nacional e considerando as estrat-gias sub -regionais e municipais de desenvolvimento local, constituindo o quadro de referncia para a elaborao dos programas e dos planos intermunicipais e dos planos municipais.

    2 As competncias relativas aos programas regionais so exercidas pelas comisses de coordenao e desenvol-vimento regional.

    3 As comisses de coordenao e desenvolvimento regional podem propor ao Governo que o programa regional seja estruturado em unidades de planeamento correspondentes a espaos sub -regionais, designada-mente os correspondentes s reas geogrficas das en-tidades intermunicipais, integrados na respetiva rea de atuao e suscetveis de elaborao e de aprovao faseadas.

  • Dirio da Repblica, 1. srie N. 93 14 de maio de 2015 2481

    Artigo 53.Objetivos

    O programa regional visa:a) Desenvolver, no mbito regional, as opes cons-

    tantes do programa nacional da poltica de ordenamento do territrio, dos programas setoriais e dos programas especiais;

    b) Traduzir, em termos espaciais, os grandes objetivos de desenvolvimento econmico e social sustentvel es-cala regional;

    c) Equacionar as medidas tendentes atenuao das assimetrias de desenvolvimento intrarregionais;

    d) Servir de base formulao da estratgia nacional de ordenamento territorial e de quadro de referncia para a elaborao dos programas e dos planos intermunicipais e dos planos municipais;

    e) Estabelecer, a nvel regional, as grandes opes de investimento pblico, com impacte territorial significa-tivo, as suas prioridades e a respetiva programao, em articulao com as estratgias definidas para a aplicao dos fundos comunitrios e nacionais.

    Artigo 54.Contedo material

    Os programas regionais definem um modelo de orga-nizao do territrio regional, estabelecendo, nomeada-mente:

    a) A estrutura regional do sistema urbano, das infraestru-turas e dos equipamentos de utilizao coletiva de interesse regional, assegurando a salvaguarda e a valorizao das reas de interesse regional em termos econmicos, agr-colas, florestais, de conservao da natureza, ambientais, paisagsticos e patrimoniais;

    b) Os objetivos e os princpios assumidos a nvel re-gional quanto localizao das atividades e dos grandes investimentos pblicos, suas prioridades e programao;

    c) A incidncia espacial, ao nvel regional, das polticas estabelecidas no programa nacional da poltica de ordena-mento do territrio e nos planos, programas e estratgias setoriais preexistentes, bem como das polticas de rele-vncia regional a desenvolver pelos planos territoriais intermunicipais e municipais abrangidos;

    d) A poltica ambiental a nvel regional, incluindo a estrutura ecolgica regional de proteo e valorizao am-biental, bem como a receo, ao nvel regional, das polticas e das medidas estabelecidas nos programas e setoriais e especiais.

    Artigo 55.Contedo documental

    1 Os programas regionais so constitudos por:a) Opes estratgicas, normas orientadoras e um con-

    junto de peas grficas ilustrativas das orientaes subs-tantivas neles definidas;

    b) Esquema, representando o modelo territorial pro-posto, com a identificao dos principais sistemas, redes e articulaes de nvel regional.

    2 Os programas regionais so acompanhados por um relatrio do programa, que contm:

    a) A avaliao das dinmicas territoriais, incluindo a evoluo do uso, transformao e ocupao do solo, as

    dinmicas demogrficas, a estrutura de povoamento e as perspetivas de desenvolvimento econmico, social e cul-tural da regio;

    b) A definio de unidades de paisagem;c) Os estudos relativos caracterizao da estrutura

    regional de proteo e valorizao ambiental e patrimonial;d) A identificao dos espaos agrcolas, florestais e

    pecurios com relevncia para a estratgia regional de desenvolvimento rural;

    e) A representao das redes de transporte e mobilidade e dos equipamentos;

    f) O programa de execuo, que inclui disposies in-dicativas sobre a realizao das obras pblicas a efetuar na regio, a curto prazo ou a mdio prazo, indicando as entidades responsveis pela respetiva concretizao;

    g) A identificao das fontes e da estimativa de meios financeiros, designadamente dos programas operacionais regionais e setoriais.

    3 Os programas regionais so, ainda, acompanha-dos por um relatrio ambiental, no qual se identificam, descrevem e avaliam os eventuais efeitos significativos no ambiente resultantes da aplicao do programa e as alternativas razoveis, tendo em conta os objetivos e o mbito de aplicao territorial respetivos.

    4 Os programas regionais incluem indicadores qua-litativos e quantitativos que suportem a avaliao prevista no captulo VIII.

    Artigo 56.Elaborao

    A elaborao dos programas regionais compete s co-misses de coordenao e desenvolvimento regional, sob coordenao do membro do Governo responsvel pela rea do ordenamento do territrio, sendo determinada por resoluo do Conselho de Ministros, da qual deve constar, nomeadamente:

    a) A finalidade do programa, com meno expressa dos interesses pblicos prosseguidos;

    b) A especificao dos objetivos a atingir;c) O mbito territorial do programa, com meno ex-

    pressa dos municpios abrangidos;d) O prazo de elaborao;e) As exigncias procedimentais ou de participao que,

    em funo da complexidade da matria ou dos interesses a salvaguardar, se considere serem de adotar para alm do procedimento definido no presente decreto -lei;

    f) A sujeio do programa a avaliao ambiental ou as razes que justificam a inexigibilidade desta;

    g) A composio e o funcionamento da comisso con-sultiva.

    Artigo 57.Acompanhamento

    1 A elaborao dos programas regionais acom-panhada por uma comisso consultiva, integrada por re-presentantes das entidades e servios da administrao direta e indireta do Estado que assegurem a prossecuo dos interesses pblicos relevantes, designadamente, em matria de ordenamento do territrio, do ordenamento do espao martimo, do ambiente, conservao da natureza, energia, habitao, economia, agricultura, florestas, obras pblicas, transportes, infraestruturas, comunicaes, edu-

  • 2482 Dirio da Repblica, 1. srie N. 93 14 de maio de 2015

    cao, sade, segurana, defesa nacional, proteo civil, desporto, cultura, dos municpios abrangidos, bem como de representantes dos interesses ambientais, econmicos, sociais e culturais.

    2 Na elaborao dos programas regionais deve ser garantida a integrao, na comisso consultiva, das en-tidades s quais, em virtude das suas responsabilidades ambientais especficas, possam interessar os efeitos am-bientais resultantes da aplicao do programa, e que exer-cem na comisso as competncias consultivas atribudas pelos artigos 5. e 7. do Decreto -Lei n. 232/2007, de 15 de junho, alterado pelo Decreto -Lei n. 58/2011, de 4 de maio, e acompanham a elaborao do relatrio ambiental.

    3 A comisso fica obrigada a um acompanhamento continuado dos trabalhos de elaborao da proposta de programa, devendo, no final, apresentar um nico parecer escrito, com meno expressa das orientaes defendidas, que se pronuncie sobre o cumprimento das normas legais e regulamentares aplicveis e, ainda, sobre a adequao e convenincia das solues propostas.

    4 comisso consultiva dos programas regionais aplicvel o disposto no artigo 84. com as devidas adap-taes.

    5 O parecer final da comisso acompanha a proposta de programa, para efeitos de aprovao pelo Governo.

    6 O acompanhamento dos programas regionais assegurado mediante o recurso plataforma colaborativa de gesto territorial.

    Artigo 58.Concertao

    1 Elaborada a proposta de programa e emitido o parecer da comisso consultiva, a comisso de coorde-nao e desenvolvimento regional promove, nos 15 dias subsequentes emisso daquele parecer, a realizao de uma reunio de concertao com as entidades que, no mbito da comisso consultiva, tenham formal e funda-mentadamente discordado das orientaes da proposta de programa, tendo em vista obter uma soluo concertada que permita ultrapassar as objees formuladas.

    2 A comisso de coordenao e desenvolvimento regional pondera os pareceres referidos no nmero anterior, ficando obrigada a resposta fundamentada sempre que seja invocada a desconformidade com disposies legais e regulamentares e a desconformidade com programas e planos territoriais.

    3 Quando o consenso no for alcanado, a comisso de coordenao e desenvolvimento regional submete a proposta a parecer da Comisso Nacional do Territrio, o qual tem carter vinculativo.

    4 O parecer previsto no nmero anterior pronuncia--se sobre os fundamentos dos pareceres desfavorveis e deve ser proferido no prazo de 30 dias a contar da data da receo do pedido, sob pena de se considerar favorvel proposta de programa.

    Artigo 59.Participao

    1 A discusso pblica dos programas regionais rege--se, com as necessrias adaptaes, pelas disposies re-lativas ao programa nacional da poltica de ordenamento do territrio.

    2 Juntamente com a proposta de programa regional divulgado o respetivo relatrio ambiental.

    Artigo 60.Aprovao

    1 Os programas regionais so aprovados por reso-luo do Conselho de Ministros.

    2 A resoluo do Conselho de Ministros referida no nmero anterior deve:

    a) Identificar as disposies dos programas de mbito nacional, bem como dos programas e planos intermunici-pais e dos planos municipais preexistentes incompatveis com a estrutura regional, do sistema urbano, das redes, das infraestruturas e dos equipamentos de interesse regional e com a delimitao da estrutura regional de proteo e valorizao ambiental;

    b) Consagrar as formas e os prazos para a alterao dos programas e planos preexistentes, ouvidas previamente as entidades da Administrao Pblica responsveis pela elaborao do programa e as entidades intermunicipais, as associaes de municpios ou os municpios envolvidos.

    SECO IV

    mbito intermunicipal e municipal

    SUBSECO I

    Programas intermunicipais

    Artigo 61.Noo

    1 O programa intermunicipal o instrumento que as-segura a articulao entre o programa regional e os planos intermunicipais e municipais, no caso de reas territoriais que, pela interdependncia estrutural ou funcional ou pela existncia de reas homogneas de risco, necessitem de uma ao integrada de planeamento.

    2 O programa intermunicipal de elaborao facul-tativa e pode abranger uma das seguintes reas:

    a) A rea geogrfica que abrange a totalidade de uma entidade intermunicipal;

    b) A rea geogrfica de dois ou mais municpios ter-ritorialmente contguos integrados na mesma entidade intermunicipal, salvo situaes excecionais, autorizadas pelo membro do Governo responsvel pela rea do or-denamento do territrio, aps parecer das comisses de coordenao e desenvolvimento regional.

    Artigo 62.Objetivos

    Os programas intermunicipais visam:a) Articular a estratgia intermunicipal de desenvolvi-

    mento econmico e social, de conservao da natureza e de garantia da qualidade ambiental;

    b) Coordenar a incidncia intermunicipal dos projetos de redes, equipamentos, infraestruturas e de distribuio das atividades industriais, tursticas, comerciais e de ser-vios, constantes do programa nacional da poltica de or-denamento do territrio, dos programas regionais e dos programas setoriais e especiais aplicveis;

    c) Estabelecer os objetivos, a mdio e longo prazo, de racionalizao do povoamento;

    d) Definir os objetivos em matria de acesso a equipa-mentos e a servios pblicos.

  • Dirio da Repblica, 1. srie N. 93 14 de maio de 2015 2483

    Artigo 63.Contedo material

    Os programas intermunicipais definem um modelo de organizao do territrio abrangido, estabelecendo, no-meadamente:

    a) As grandes opes estratgicas de organizao do territrio e de investimento pblico, as suas prioridades e a respetiva programao, em articulao com as estratgias definidas nos programas de mbitos nacional e regional e a avaliao dos impactos das estratgias de desenvolvimento adotadas e desenvolvidas, atentas as especificidades e os recursos diferenciadores de cada territrio;

    b) As diretrizes e as orientaes para os planos territo-riais de mbito intermunicipal e municipal;

    c) As orientaes para as redes de infraestruturas, de equipamentos, de transportes e mobilidade e de servios;

    d) Os padres mnimos e os objetivos a atingir em matria de qualidade ambiental, de conservao da natureza e de valorizao paisagstica.

    Artigo 64.Contedo documental

    1 Os programas intermunicipais so constitudos por um relatrio do programa e por um conjunto de peas grficas indicativas das orientaes definidas.

    2 Os programas intermunicipais podem ser acompa-nhados, em funo dos respetivos mbito e objetivos, por:

    a) Planta de enquadramento abrangendo a rea de in-terveno e a rea envolvente dos vrios municpios inte-grados pelo programa;

    b) Identificao dos valores culturais, naturais e pai-sagsticos, bem como dos espaos agrcolas e florestais a proteger;

    c) Representao das redes de transporte e mobilidade e dos equipamentos pblicos de interesse supramunicipal;

    d) Programa de execuo, contendo disposies indica-tivas sobre a realizao das obras pblicas a efetuar, bem como dos objetivos e das aes de interesse intermunici-pal, indicando as entidades responsveis pela respetiva concretizao;

    e) Identificao das fontes e da estimativa de meios financeiros, atendendo designadamente aos programas operacionais regionais e setoriais.

    3 Sempre que seja necessrio proceder avalia-o ambiental nos termos do artigo 2. do Decreto -Lei n. 232/2007, de 15 de junho, alterado pelo Decreto -Lei n. 58/2011, de 4 de maio, os programas intermunicipais so ainda acompanhados pelo relatrio ambiental, no qual se identificam, descrevem e avaliam os eventuais efeitos significativos no ambiente resultantes da aplicao do programa e as alternativas razoveis, tendo em conta os objetivos e o mbito de aplicao territorial respetivos.

    4 Os programas intermunicipais incluem indicadores qualitativos e quantitativos que suportem a avaliao pre-vista no captulo VIII.

    Artigo 65.Elaborao

    1 A elaborao dos programas intermunicipais com-pete:

    a) Nas situaes previstas na alnea a) do n. 2 do Ar-tigo 61., comisso executiva metropolitana, nas reas

    metropolitanas, e ao conselho intermunicipal, nas comu-nidades intermunicipais;

    b) Nas situaes previstas na alnea b) do n. 2 do Ar-tigo 61., s cmaras municipais dos municpios associados para o efeito.

    2 A deliberao de elaborao do programa inter-municipal deve ser publicada no Dirio da Repblica e divulgada atravs da comunicao social e dos respetivos stios na Internet, pelas entidades intermunicipais, asso-ciaes de municpios e municpios envolvidos.

    Artigo 66.Avaliao ambiental

    1 A deliberao a que se refere o n. 2 do artigo an-terior deve indicar se o programa est sujeito a avaliao ambiental, ou as razes que justificam a inexigibilidade desta, podendo, para o efeito, ser precedida da consulta prevista no n. 3 do artigo 3. do Decreto -Lei n. 232/2007, de 15 de junho, alterado pelo Decreto -Lei n. 58/2011, de 4 de maio.

    2 Sempre que as entidades intermunicipais, as asso-ciaes de municpios ou os municpios solicitem pareceres nos termos do nmero anterior, esses pareceres devem conter, tambm, a pronncia sobre o mbito da avaliao ambiental e sobre o alcance da informao a incluir no re-latrio ambiental, aplicando -se o artigo 5. do Decreto -Lei n. 232/2007, de 15 de junho, alterado pelo Decreto -Lei n. 58/2011, de 4 de maio.

    3 Os pareceres solicitados ao abrigo do presente artigo so emitidos no prazo de 20 dias, sob pena de no serem considerados.

    Artigo 67.Acompanhamento, concertao e participao

    1 A elaborao dos programas intermunicipais acompanhada por uma comisso consultiva, aplicando -se ao acompanhamento, concertao e discusso pblica destes programas, as disposies relativas ao plano diretor municipal, com as necessrias adaptaes.

    2 No mbito do parecer final da comisso consultiva, a comisso de coordenao e desenvolvimento regional pronuncia -se obrigatoriamente sobre a conformidade com as disposies legais e regulamentares vigentes, a arti-culao e a coerncia da proposta com os objetivos, os princpios e as regras aplicveis no territrio em causa, definidos por quaisquer outros programas e planos terri-toriais eficazes.

    3 O acompanhamento dos programas intermunicipais assegurado mediante o recurso plataforma colaborativa de gesto territorial.

    Artigo 68.Aprovao

    1 Os programas intermunicipais so aprovados:a) Nas situaes previstas na alnea a) do n. 2 do ar-

    tigo 61., por deliberao do conselho metropolitano, nas reas metropolitanas, e da assembleia intermunicipal, nas comunidades intermunicipais;

    b) Nas situaes previstas na alnea b) do n. 2 do ar-tigo 61., por deliberao das assembleias municipais in-teressadas, mediante proposta apresentada pelas respetivas cmaras municipais.

  • 2484 Dirio da Repblica, 1. srie N. 93 14 de maio de 2015

    2 A deliberao referida no nmero anterior deve:a) Identificar as disposies dos planos intermunicipais

    ou municipais preexistentes, incompatveis com o modelo de organizao do territrio intermunicipal preconizado;

    b) Conter as formas e os prazos de atualizao dos planos intermunicipais ou municipais preexistentes, pre-viamente acordados com as respetivas entidades intermu-nicipais, as associaes de municpios ou os municpios envolvidos.

    SUBSECO II

    Planos intermunicipais e municipais

    DIVISO I

    Disposies gerais

    Artigo 69.Noo

    Os planos intermunicipais e municipais so instrumen-tos de natureza regulamentar e estabelecem o regime de uso do solo, definindo modelos de ocupao territorial e da organizao de redes e sistemas urbanos e, na escala adequada, parmetros de aproveitamento do solo, bem como de garantia da sustentabilidade socioeconmica e financeira e da qualidade ambiental.

    Artigo 70.Regime de uso do solo

    O regime de uso do solo estabelece as regras de ocupa-o, transformao e utilizao do solo e definido nos planos intermunicipais ou municipais, atravs da classifi-cao e da qualificao do solo.

    Artigo 71.Classificao do solo

    1 A classificao do solo determina o destino bsico dos terrenos, assentando na distino fundamental entre solo urbano e solo rstico.

    2 Os planos intermunicipais ou municipais classifi-cam o solo como urbano ou rstico, considerando como:

    a) Solo urbano, o que est total ou parcialmente urba-nizado ou edificado e, como tal, afeto em plano territorial urbanizao ou edificao;

    b) Solo rstico, aquele que, pela sua reconhecida apti-do, se destine, nomeadamente, ao aproveitamento agr-cola, pecurio, florestal, conservao, valorizao e explorao de recursos naturais, de recursos geolgicos ou de recursos energticos, assim como o que se destina a espaos naturais, culturais, de turismo, recreio e lazer ou proteo de riscos, ainda que seja ocupado por infraes-truturas, e aquele que no seja classificado como urbano.

    Artigo 72.Reclassificao para solo urbano

    1 A reclassificao do solo rstico para solo urbano tem carter excecional, sendo limitada aos casos de ine-xistncia de reas urbanas disponveis e comprovadamente necessrias ao desenvolvimento econmico e social e indispensabilidade de qualificao urbanstica, traduzindo

    uma opo de planeamento sustentvel em termos ambien-tais, patrimoniais, econmicos e sociais.

    2 Nos termos do disposto no nmero anterior, a re-classificao do solo como urbano deve contribuir, de forma inequvoca, para o desenvolvimento sustentvel do territrio, obrigando fixao, por via contratual, dos encargos urbansticos das operaes, do respetivo prazo de execuo e das condies de redistribuio de benef-cios e encargos, considerando todos os custos urbansticos envolvidos.

    3 A demonstrao da sustentabilidade econmica e financeira da transformao do solo deve integrar os seguintes elementos:

    a) Demonstrao da indisponibilidade de solo urbano, na rea urbana existente, para a finalidade em concreto, atravs, designadamente, dos nveis de oferta e procura de solo urbano, com diferenciao tipolgica quanto ao uso, e dos fluxos demogrficos;

    b) Demonstrao do impacto da carga urbanstica pro-posta, no sistema de infraestruturas existente, e a previso dos encargos necessrios ao seu reforo, execuo de novas infraestruturas e respetiva manuteno;

    c) Demonstrao da viabilidade econmico -financeira da proposta, incluindo a identificao dos sujeitos respon-sveis pelo financiamento, a demonstrao das fontes de fi-nanciamento contratualizadas e de investimento pblico.

    4 A reclassificao do solo processa -se atravs dos procedimentos de elaborao, de reviso ou de alterao de planos de pormenor com efeitos registais, acompanhado do contrato previsto no n. 2, e nos termos previstos no decreto regulamentar que estabelece os critrios uniformes de classificao e reclassificao do solo.

    5 O plano deve delimitar a rea objeto de reclas-sificao e definir o prazo para execuo das obras de urbanizao e das obras de edificao, o qual deve constar expressamente da certido do plano a emitir para efeitos de inscrio no registo predial.

    6 A reclassificao do solo que se destine exclusiva-mente execuo de infraestruturas e de equipamentos de utilizao coletiva obedece aos critrios previstos nos n.os 1 e 3 e processa -se atravs de procedimentos de elaborao, de reviso ou de alterao de planos territoriais, nos quais fixado o respetivo prazo de execuo.

    7 A alterao por adaptao, do plano diretor munici-pal ou do plano diretor intermunicipal, s deve ser realizada findo o prazo previsto no n. 5 e desde que executadas as operaes urbansticas previstas no plano, seguindo o procedimento referido no artigo 121.

    8 Findo o prazo previsto para a execuo do plano, a no realizao das operaes urbansticas previstas de-termina, automaticamente, a caducidade total ou parcial da classificao do solo como urbano, sem prejuzo das faculdades urbansticas adquiridas mediante ttulo urba-nstico, nos termos da lei.

    9 Nas situaes previstas no nmero anterior a c-mara municipal deve, no prazo de 60 dias, iniciar proce-dimento de alterao ou de reviso do plano, de forma a garantir a coerncia do modelo territorial.

    Artigo 73.Reclassificao para solo rstico

    A reclassificao do solo urbano como rstico pode ser feita a todo o tempo.

  • Dirio da Repblica, 1. srie N. 93 14 de maio de 2015 2485

    Artigo 74.Qualificao do solo

    1 A qualificao do solo define, com respeito pela sua classificao, o contedo do seu aproveitamento, por referncia s potencialidades de desenvolvimento do ter-ritrio, fixando os respetivos usos dominantes e, quando admissvel, a edificabilidade.

    2 A qualificao do solo urbano processa -se atravs da integrao em categorias que conferem a suscetibilidade de urbanizao ou de edificao.

    3 A qualificao do solo rstico processa -se atravs da integrao em categorias, designadamente as seguintes:

    a) Espaos agrcolas ou florestais;b) Espaos de explorao de recursos energticos e

    geolgicos;c) Espaos afetos a atividades industriais diretamente

    ligadas s utilizaes referidas nas alneas anteriores;d) Espaos naturais e de valor cultural e paisagstico;e) Espaos destinados a infraestruturas ou a outros tipos

    de ocupao humana, como o turismo, que no impliquem a classificao como solo urbano, designadamente per-mitindo usos mltiplos em atividades compatveis com espaos agrcolas, florestais ou naturais.

    4 A definio dos usos dominantes referida no n. 1, bem como das categorias relativas ao solo urbano e rstico, obedece a critrios uniformes, aplicveis a todo o territrio nacional, a estabelecer por decreto regulamentar.

    DIVISO II

    Planos municipais

    SUBDIVISO I