declarações do arguido

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  • 8/19/2019 Declarações Do Arguido

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    Declarações do arguido – art 140º O arguido é livre de prestar declarações ou não.Caso não queira pode assim remeter-se ao silêncio, sem que a sua atitude o possaprejudicar, quer assim no âmbito da livre apreciação das provas, quer no da aplicação demedidas de coação ou de garantia patrimonial, quer no da escola e  determinação damedida da pena.O silêncio do arguido poder! tra"er-le desvantagens se as suasdeclarações forem importantes para o esclarecimento de factos o qual lhe sejamfavoráveis. #ogo, não é, porem, nessa perspetiva que se a$rma, com base no direito

    proclamado no art %&' n'& al. d( e no art )*)'n'&, que o silêncio do arguido não o podedes+avorecer.#ogo, as declarações do arguido constituem um meio de prova, nãoobstante le assistir o re+erido direito ao silêncio e não estar obrigado a +alar verdade, semque o uso de qualquer destas prerrogativas o possa prejudicar.

    s declarações do arguido, estãolegalmente vocacionadas para o serviço da sua prpria de+esa. sso não signi$ca que,decidindo este a prest!-las, que não vena o que este declarar servir de prova contra elemesmo. questão é que le seja assegurado o direito ! in+ormação, o qual constitui umdos elementos mais importantes do seu estatuto processual.

    /empre que o arguido prestar declarações,mesmo que se encontre preso ou detido, deve encontrar-se livre na sua pessoa, salvo se

    +orem necess!rias medidas para prevenir o perigo de +uga ou atos de violência. O arguidopreso deve ser presente ! autoridade judici!ria ou ao rgão de policia criminal semalgemas ou outro sistema qualquer de prisão nos membros. s declarações pro+eridaspelo arguido é correspondentemente aplic!vel o disposto nos artigo 12º e 1!º, e0cetoquando a lei dispuser de +orma di+erente. O arguido não presta

     juramento, pois este não est! comprometido com a verdade. 1ste tem o dto ao silênciosobre a matéria de culpa e, mesmo que seja improprio di"er que go"a de dto 2 mentira, éseguro di"er que esta le não acarreta responsabilidade penal, como acontece com atestemuna, a parte civil e o assistente.

    "er#o as declarações do arguido meio admiss$vel de prova contra o seu

    coarguido% podendo o tri&unal valori'a(las)3m arguido que decide prestardeclarações pode de maneira direta ou indiretamente contribuir para prova incriminatriade outros arguidos. admissão do depoimento incriminatrio de um arguido comrelação a coarguidos, observadas as regras processuais de produção de prova,nomeadamente, o principio do contradit*rio, não atinge os dtos de de+esa destes.

    4oi assim em especialatenção 2quele principio do contradit*rio% que o 5ribunal constitucional, no acrdão de&*.67.87, declarou por sua ve" inconstitucional a norma retirada com re+erencia aos artigos, &))',)*)',)*9' do C::, no aspeto em que con+ere valor de prova as declaraçõespro+eridas por um coarguido em preju;"o de outro coarguido quando, a instancias desteoutro coarguido, o primeiro se recusa a responder, no e0erc;cio do dto ao silencio. 1m

    situações deste tipo, $ca assim, com e+eito gravemente prejudicado o dto do arguido aoe0erc;cio do contraditrio, e portanto, justi$ca-se% a n#o valoraç#o das declaraçõesincriminat*rias do coarguido+

    itos de interessesnormalmente envolvidos, mas assim também, a di+erença de regime, no que di" respeito aocompromisso com a verdade, e0istente entre as declarações do arguido e as dos outrosparticipantes ?partes civis, testemunas e assistente(.

    @o tocante a, há quem avance com a chamada doutrina da corro&oraç#o .Oprinc$pio da corro&oraç#o , uma regra pratica. 1ste princ;pio visa a +ormação ou ore+orço da convicção do jui" acerca dos +actos que são objeto da prova. #ogo, é umprinc;pio que se deve aplicar, com maior ou menor ên+ase, não s as declarações docoarguido, mas também, a todas as demais provas, principalmente 2s prestadas por

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    declarações. 1ste não restringe nem condiciona, o principio da livre apreciação da prova,que signi$ca que o jui" quando decide sobre a matéria de +acto, apenas tem como guia asua pessoal convicção sobre o valor das provas produ"idas, estando a convicção +undadanas regras da lgica, da e0periencia e dos conecimentos técnico-cient;$cos pertinentes, elivre de provas vinculadas, ou provas legais, provas impostas por uma disposição e0pressade lei para a e0istência do +acto ou provas cuja +orça de convencimento esteja $0ada por lei. - con.ss#o do arguido s* tem

    valor pro&at*rio especi.co, qual prova legal de alcance limitado, nos termos do artigo!44º, quando sendo esta reali'ada em audi/ncia. con.ss#o que , prestada noinqu,rito ou na instruç#o  é livremente apreciada, nos termos do artigo 12º, parae+eitos de acusação ou de pronAncia. 5al como as declarações não con+essrias. Com arevisão processual de B6&), o : alargou a relevância probatria das declarações,con+essrias ou não prestadas pelo arguido em inquérito ou instrução, através damodi$cação dos artigos %*',&*&' e )97'. Com a entrada em vigor da mencionada revisão,as declarações do arguido% prestadas nas fases preliminares do processo% jápoder#o ser valoradas em julgamento% mesmo que o arguido% a$% se remeta aosilencio% e o&servadas que sejam% na prestaç#o dessas declarações algumasformalidades em mat,ria% designadamente% de direç#o do ato% informaç#o e

    registo+

    Doje em dia um dos princ;pios jur;dicos relativos 2 prova ;nsita no nosso :rocesso :enal é oprinc;pio da imediação ?art. )99.' do C::( 1m oposição a um processo penal submetidopredominantemente ao princ;pio da escrita, o princ;pio da imediação, como também entreaquele e as coisas e documentos que irão servir para +undamentar uma decisão sobre amatéria de +acto. O acolimento deste princ;pio revelou-se um enorme progresso nesteramo do direito j! que a descoberta da verdade e a consequente reali"ação da justiça sãomais +acilmente ating;veis com a vigência deste princ;pio. 1 +acilmente percebemos porquêEno que respeita 2s declarações dos intervenientes processuais, s através de um contactodireto com eles podemos avaliar a credibilidade de um depoimento e também estudar a

    personalidade do arguido através da vo", da prontidão na resposta, das emoções, emsuma, da linguagem do comportamento. Contudo, e0istem e0ceções. 1 é sobre uma daseceções ao princ$pio da imediaç#o que recai esta alteração ao Cdigo.

    tualmente, no artigo !+º do 3*digo derocesso enal permite-se que as declarações +eitas pelo arguido durante o desenrolar doprocesso, na +ase de inquérito eFou na de instrução, sejam lidas em audiência de

     julgamento, desde que ele prprio o solicite ou, quando tiverem sido +eitas perante um jui",aja contradições ou discrepâncias entre elas e as +eitas em julgamento. /e o prprioarguido, em audiência de julgamento, solicita ao jui" que se leiam as suas declaraçõesprestadas anteriormente ?perante um jui"(, é normal que se possa complementar aapreciação +eita pelo jui", em julgamento, 2s declarações do arguido com aquela leitura.

    Guantos mais elementos dispuser o jui" para a descoberta da verdade melor,evidentemente. Como acontece também com a segunda e0ceção ?Hcontradições oudiscrepânciasI(E ! declarações prestadas na audiência que, e0atamente por não irem, na;ntegra, ao encontro das prestadas anteriormente, são complementadas com a leituradestas Altimas. /e atentarmos bem, podemos a$rmar que nestes casos, não obstantee0istirem e0ceções ao princ;pio da imediação, ele est! sempre presente. sto porque comas declarações do arguido na audiência cumpre-se o princ;pio. 1 com a leitura dedeclarações prestadas anteriormente complementa-se o princ;pio e0atamente come0ceções deste. as ele est! sempre presente, a não ser, naturalmente, no caso em que oarguido se remete ao silêncio. @este caso, atualmente é imposs;vel a leitura das suasdeclarações anterioresE não ! a sua solicitação, nem discrepâncias ou contradições.

    -s declaraçõesprestadas pelo arguido antes do julgamento podem ser usadas como prova) -con.ss#o no julgamento implica automaticamente uma condenaç#o) -sdeclarações prestadas pelo arguido antes do julgamento s* podem ser usadas

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    como prova em casos ececionais. :ara a sentença, s valem as provas que tiveremsido produ"idas ou e0aminadas em audiência. ?art.)99'F&( decisão $nal tem de assentar,na maior medida poss;vel, em prova produ"ida diretamente perante o tribunal. sdeclarações prestadas pelo arguido antes do julgamento s podem ser lidas na audiência e,portanto, valer como prova se o prprio o solicitar ou se tiverem sido prestadas perante ummagistrado do inistério :Ablico ou um jui" de instrução na presença do de+ensor e oarguido tiver sido in+ormado de que, se optar por não e0ercer o direito ao silêncio, as suas

    declarações poderão ser utili"adas no processo como prova. ?art.)97'( @o que di" respeito2 con$ssão, +oi em tempos encarada como a J prova rainhaKE a con$ssão do suspeito seriaprova cabal da sua culpa e procurava-se alcanç!-la a qualquer custo, muitas ve"es comemprego de tortura. 5odavia, uma con.ss#o% mesmo espont5nea% pode n#ocorresponder 6 verdade7 pense-se, por e0., no caso de um pai que, para proteger o $lo,con+essa a pr!tica de um crime. :or essa ra"ão, a lei condiciona a capacidade probatria dacon$ssão 2 veri$cação de e0igentes requisitos. /e o arguido con+essar apenas parcialmenteou com reservas, ou se o tribunal suspeitar da liberdade ou da veracidade da con$ssão, ouse o crime +or punido com pena de prisão superior a 9 anos, ou se ouver outros arguidos enem todos con+essarem, o tribunal tem de decidir se a produção de prova deve ou não terlugar e em que medida quanto aos +actos con+essados. 4ora desses casos, a con.ss#o

    condu' 6 aplicaç#o do direito% que em princ$pio levará a uma condenaç#o , salvoquando os +actos con+essados, no entender do tribunal, não constitu;rem crime.