decisao_11516723135201203

Upload: caio-vinicius-araujo-de-souza

Post on 01-Mar-2018

220 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 7/25/2019 Decisao_11516723135201203

    1/25

    S1-C2T1

    Fl. 2

    1

    1

    S1-C2T1MINISTRIO DA FAZENDA

    CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAISPRIMEIRA SEO DE JULGAMENTO

    Processo n 11516.723135/2012-03

    Recurso n Voluntrio

    Acrdo n 1201-001.404 2 Cmara / 1 Turma Ordinria

    Sesso de 06 de abril de 2016

    Matria Auto de Infrao

    Recorrente CAPITAL TRADE IMPORTAO E EXPORTAO LTDA.

    Recorrida FAZENDA NACIONAL

    ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURDICA - IRPJ

    Ano-calendrio: 2008, 2009, 2010, 2011

    SUBVENES CORRENTES PARA CUSTEIO. TRIBUTAO.

    So tributveis, como receitas, as subvenes obtidas pelo contribuinte para ocusteio de suas atividades, ainda mais quando no demonstrada qualquerexigncia concreta e especfica a ttulo de investimentos.

    ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL

    Ano-calendrio: 2008, 2009, 2010, 2011

    NULIDADE DO AUTO DE INFRAO. INOCORRNCIA.

    Somente ensejam a nulidade os atos e termos lavrados por pessoaincompetente ou com preterio do direito de defesa do contribuinte. Descabea alegao de nulidade quando no existirem no processo atos insanveis,ainda mais quando comprovado que a autoridade lanadora observou, duranteos trabalhos de auditoria, os procedimentos previstos na legislao tributria.

    MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL.

    O Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) consiste em mero instrumento decontrole interno, criado para a seleo e o planejamento das atividades defiscalizao da Receita Federal. No macula o lanamento efetuado aextenso dos efeitos previstos no Mandado de Procedimento Fiscal porque arelao jurdica instaurada entre a autoridade e o contribuinte no se inauguracom a expedio do MPF, mas com a cincia do incio dos procedimentos,nos termos do artigo 196 do Cdigo Tributrio Nacional, esta sim

    providncia essencial e inarredvel para a validade dos atos praticadosdurante a fiscalizao.

    ASSUNTO

    : NORMAS

    GERAIS DE

    DIREITO

    TRIBUTRIO

    Ano-calendrio: 2008, 2009, 2010, 2011

    PIS/COFINS. SUBVENES. INCLUSO.

  • 7/25/2019 Decisao_11516723135201203

    2/25

    Processo n 11516.723135/2012-03Acrdo n. 1201-001.404

    S1-C2T1Fl. 3

    2

    Caracterizado, de acordo com o permissivo legal vigente, o conceito dereceita bruta como acrscimo patrimonial, deve o montante ser tributado attulo de PIS e COFINS quando no h previso de excluso dos respectivosvalores das base de clculo dessas contribuies.

    MULTA. CARTER CONFISCATRIO.

    A vedao ao confisco pela Constituio Federal dirigida ao legislador,cabendo autoridade administrativa apenas aplicar a multa, nos moldes dalegislao que a instituiu.

    Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.

    Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar

    provimento ao recurso voluntrio.

    (documento assinado digitalmente)

    Marcelo Cuba Netto Presidente

    (documento assinado digitalmente)

    Roberto Caparroz de Almeida Relator

    Participaram da sesso de julgamento os conselheiros: Marcelo Cuba Netto,Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado, Joo Carlos de Figueiredo Neto,Ester Marques Lins de Sousa e Joo Otavio Oppermann Thome.

    Relatrio

    Trata-se de Auto de Infrao de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS, no valor totalde R$ 93.712.364,86, em razo de infraes legislao tributria praticadas pela contribuinteem epgrafe, nos anos-calendrio de 2008 a 2011, que, no perodo, optou pela sistemtica deapurao do lucro presumido.

    Como os fatos e a matria jurdica foram bem relatados pela deciso deprimeira instncia, peo vnia para reproduzir os seus principais trechos:

    De acordo com o termo de verificao e encerramento de ao

    fiscal (fls. 782/796) a autuao deve-se, em sntese, ao fato de ocontribuinte no ter oferecido tributao parte de subvenescorrentes recebidas do Estado de Santa Catarina,correspondentes a crditos presumidos de ICMS calculados

  • 7/25/2019 Decisao_11516723135201203

    3/25

    Processo n 11516.723135/2012-03Acrdo n. 1201-001.404

    S1-C2T1Fl. 4

    3

    sobre os valores das importaes para que a tributao efetivaficasse em 3,45%, no caso do regime Pr-Emprego, e 0,92%, nocaso do regime especial do art. 148-A do Regulamento do

    ICMS/SC. As subvenes foram lanadas contabilmente a dbito

    da conta 8042 ICMS a Pagar Passivo ObrigaesTributrias e a crdito da conta 9136 Comisso de Importao

    Ativo Contas a Receber.

    O valor oferecido tributao corresponderia a,aproximadamente, 30% do benefcio fiscal, enquanto adiferena, segundo o contribuinte, teria sido negociada erepassada aos seus clientes. Os valores repassados aos clientes,afirma o autuante, seriam uma mera liberalidade docontribuinte, que no poderia transacionar reduzindo o valordevido em impostos e contribuies federais.

    O autuante afirma, baseado em informaes do sujeito passivo,que os benefcios configuram subveno corrente para custeioou operao, circunstncia em que, sob a gide da legislaotributria federal, tm natureza de receita. Sob essedelineamento o tratamento dispensado pelo sujeito passivo matria no se conforma com o entendimento fiscal,considerando que os eventos foram consignados na escritacomercial a crdito de conta com natureza devedora, do AtivoCirculante, precisamente na rubrica intitulada COMISSO DE

    IMPORTAO, e no em conta de receita, situao em queefetivamente permaneceram margem da mensurao das basesimputveis das contribuies objetos do procedimento fiscal.

    Em relao ao PIS/Pasep e a Cofins, a partir de 28 de maio de2009, com a revogao do 1 do art. 3 da Lei n 9.718, de1998, promovida pelo inciso XII do art. 79 da Lei n 11.941, de27 de maio de 2009, para as pessoas jurdicas enquadradas noregime de apurao cumulativa, o crdito presumido do ICMSdeixou de ser considerado faturamento (receita bruta) e,consequentemente, deixou de integrar a base de clculo dasmencionadas contribuies.

    As diferenas a tributar so: (a) em 2008, R$ 8.244.936,08 e (b)em 2009, R$ 4.519.421,12.

    Em relao ao IRPJ e CSLL, as subvenes correntes paracusteio ou operao ICMS devem integrar como demaisreceitas as respectivas bases de clculo, conforme preceituam osarts. 392, 519 e 521 do RIR/99 e art. 36 da IN SRF n 93/97.

    As diferenas a tributar no IRPJ e CSLL so: (a) em 2008, R$11.123.001,61 (b) em 2009, R$ 13.211.728,38 (c) em 2010, R$40.999.137,48 e, (d) em 2011, R$ 75.887.064,73.

    Os valores oferecidos tributao pelo contribuinte (30%aproximadamente), conforme a DIPJ, foram submetidos aocoeficiente de 32% para a apurao do lucro presumido, porm,esta receita deve ser acrescentada base de clculo comodemais receitas, sem aplicao de qualquer coeficiente,conforme art. 521 do RIR/99.

  • 7/25/2019 Decisao_11516723135201203

    4/25

    Processo n 11516.723135/2012-03Acrdo n. 1201-001.404

    S1-C2T1Fl. 5

    4

    O contribuinte apresentou a impugnao de folhas 799 a 877,alegando, preliminarmente, a nulidade dos autos de infrao emrazo dos seguintes fatos:

    - desvio da finalidade do Mandado de Procedimento Fiscal, que,ao identificar como objeto da fiscalizao as contribuies parao PIS/Pasep e Cofins, lhe direcionou a atender as exignciasrelacionadas a essas contribuies, que tem conotaes bemdiversas do IRPJ e da CSLL. Ao no ser inicialmentecientificado do incio da fiscalizao para o fim de anlise destestributos em especial, no lhe permitiu elaborar melhoresrespostas e apresentar outros documentos que mais entendessenecessrios, o que caracteriza ntida violao ampla defesa.

    - ausncia de anlise pelo Autuante dos tratamentos tributriosdiferenciados TTDs posteriores ao Pr-Emprego, que se

    limitou unicamente a analisar esse regime, evidenciando erro naessncia do lanamento.

    - erro grosseiro quanto classificao do crdito presumido,confuso de documentos, informaes, critrios de avaliao queesvaziam a razo de ser da autuao.

    No mrito, alega que, mesmo na ausncia da anlise peloautuante dos contornos de cada regime, se faz necessria essaanlise.

    Em relao ao benefcio denominado pr-emprego afirma que,segundo a redao do art. 1 do Decreto Estadual 105/2007(SC), tinha o condo de atrair investimentos ao territriocatarinense, tais como projetos de implantao, expanso,reativao, modernizao tecnolgica, considerados prioritriosao desenvolvimento econmico, social e tecnolgico do Estado eque resultem em gerao e manuteno de empregos, bem comoos que consolidem, incrementam ou facilitam exportaes eimportaes, no tendo como destinao a reposio de custos,como faz crer o autuante.

    Alm disso, para receber o tratamento tributrio diferenciado deque diz respeito o referido benefcio fiscal a empresa deveapresentar projeto de implantao do investimento

    subvencionado, conforme previsto no art. 2 do referido Decreto.

    Alega que evidente que no se trata de benefcio concedidocomo forma de reposio de custeio, como buscou caracterizar a

    fiscalizao. Nesta linha, seguem os demais regimes especiais,todavia, com imposies mais severas, exigindo da empresamaior investimento para atender os requisitos bsicos para avalidade da concesso.

    Alega que, a partir de 09/2009, vigeu o tratamento tributriodiferenciado conhecido como Regime do 148-A, em remisso aodispositivo legal que subsidia o benefcio fiscal, o qual, assimcomo o regime anterior, visa ntida e formalmente o incentivo ainvestimentos como forma de fomento a economia local, o que

    pode ser constatado no protocolo de intenes firmado com o

  • 7/25/2019 Decisao_11516723135201203

    5/25

    Processo n 11516.723135/2012-03Acrdo n. 1201-001.404

    S1-C2T1Fl. 6

    5

    Estado de Santa Catarina (Parecer TTD n. 0916/2009 COGAT anexo impugnao fls. 886/897).

    Do referido termo extrai-se as seguintes caractersticas: (1)

    incrementar a atividade desenvolvida de industrializao,servios de logstica, comercializao de mercadorias, matriasprimas, produtos acabados e semi-acabados, importados doexterior do pas em volume no inferior a R$ 350.000.000,00(2) investir em tecnologia apropriada s suas atividades (3)

    gerar no mnimo vinte e cinco empregos diretos (4) utilizar emsuas atividades, sempre que possvel, insumos de origemCatarinense (5) contribuir ao fundo social (6) estimular emanter o desenvolvimento de uma economia de servios e

    gerao de emprego e renda no Estado de Santa Catarina e (7)manter seus estabelecimentos em Santa Catarina pelo prazomnimo de cinco anos. Essas premissas no deixariam dvidas

    quanto natureza jurdica do crdito presumido, que ,induvidosamente, incentivo investimento.

    Alega que, ainda que fossem crditos presumidos para custeio deoperao, da mesma forma no teriam natureza de faturamento,muito menos de receita, e menos ainda includo no rol restritivodo alcance da incidncia dos respectivos tributos, mormente

    porque no revelam capacidade contributiva, uma vez que notransitaram por conta de resultado, no viraram lucro e sequer

    foram distribudos aos scios.

    Alega que o Regulamento do Imposto de Renda (art. 443) exclui

    da base de clculo a subveno para investimento, o que reconhecido pela prpria Receita Federal por meio do ParecerNormativo CST n 112/78, que assentou o conceito parasubveno para investimento e que elas no devem sertributadas. Entendimento tambm firmado na Soluo de

    Divergncia COSIT 15/2003.

    Nessa linha a jurisprudncia do Superior Tribunal de Justia edo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF.

    Alega ser ilegal a incluso do PIS e Cofins dos perodos defevereiro de 2008 a maio de 2009 na autuao, pois,

    independentemente dos fatos geradores e sem adentrar nadiscusso sobre a natureza do crdito (se subveno paracusteio ou para investimento), certo que em nenhuma hiptese

    pode-se admitir a incidncia desses tributos sobre a concessopelos Estados Federados de crdito presumido de ICMS,conforme entendimento consolidado de nossos tribunais no

    sentido de que esse crdito no constitui receita tributvel, masrenncia fiscal com o fito de incentivar o desenvolvimentoregional e que, ao se admitir a tributao, seria o mesmo queadmitir a interferncia da Unio na competncia dos Estados,mormente mitigando a independncia destes frente a suasmedidas desenvolvimentistas.

    Alega que os requisitos para a classificao da subveno parainvestimento exarados no Parecer Normativo COSIT 112/78

    foram cumpridos: (a) a inteno do subvencionador de destin-

  • 7/25/2019 Decisao_11516723135201203

    6/25

    Processo n 11516.723135/2012-03Acrdo n. 1201-001.404

    S1-C2T1Fl. 7

    6

    las para investimento (b) a efetiva e especfica aplicao dasubveno, pelo beneficirio, nos investimentos previstos naimplementao ou expanso do empreendimento econmico

    projetado, e (c) o beneficirio da subveno ser a pessoa

    jurdica titular do empreendimento econmico.

    Alega que atendeu tambm as exigncias estabelecidas peloEstado de Santa Catarina, as quais podem ser encontradas nosrespectivos dispositivos legais. Como prova disso junta em anexo

    prova suficiente para caracterizao de cada ponto exigido. (a)Conforme a GFIP anexa, o nmero de empregos diretos formaisassumidos pela empresa, de 2010 para 2011, ultrapassouconsideravelmente o mnimo exigido pelo Estado, o quedemonstra o investimento no desenvolvimento doempreendimento, certo que essa evoluo se traduz nica eexclusivamente com o investimento (b) para o regime pr-

    emprego, alm dos requisitos como a manuteno e criao deempregos, a empresa apresentou projeto especfico deinvestimento, com cronograma, valores e metas de investimento,o que pode ser verificado no protocolo e projeto, ambos emanexo (c) os faturamentos mnimos exigidos, requisito estediretamente proporcional ao adjetivo investimento, tambm

    foram cumpridos, conforme documentos contbeis em anexo (d)contrataes de mo-de-obra e prestadores de servios locais,alm da utilizao exclusiva de portos e aeroportos localizadosno Estado.

    Alega violao do princpio da capacidade contributiva em

    razo da falsa presuno de disponibilidade econmica, pois oresultado prtico do crdito presumido nada mais nada menosdo que reduzir a carga tributria incidente em uma determinadaoperao, a qual resulta do confrontamento entre um dbito eum crdito. No h aquisio de disponibilidade reveladora decapacidade contributiva, mas simplesmente a reduo do ICMS.

    Alega que foi indevidamente descaracterizada a base de clculode 32% empregada pela empresa para as receitas de prestaode servios, tanto de assessoria nos procedimentos quanto dereceitas de comisso recebidas com base na intermediao deoperaes de importao, classificando-as como demais

    receitas. Incrivelmente o autuante buscou classificar essasreceitas como se fossem advindas de subveno para custeio, oque no se coaduna com a prtica.

    Alega que a multa de ofcio tem carter confiscatrio.

    Alega que o procedimento adotado pela fiscalizao viola osprincpios da razoabilidade e da proporcionalidade, por seremmedidas descabidas e incompatveis com a atividade vinculada aque se submete.

    Por fim, requer que sejam anulados os autos de infrao em face

    de serem constitudos com erros formais ou, alternativamente,que sejam julgados improcedentes em razo dos argumentosrelacionados ao mrito da autuao.

  • 7/25/2019 Decisao_11516723135201203

    7/25

    Processo n 11516.723135/2012-03Acrdo n. 1201-001.404

    S1-C2T1Fl. 8

    7

    O processo foi remetido, em diligncia, para que o autuante (a)informasse se nas bases de clculo utilizadas no lanamento

    foram considerados apenas valores oriundos do Pr-Emprego e(b) caso tivessem sido includos valores de outras origens que

    no o Pr- Emprego: (b1) informasse quais so esses regimes equais so os motivos pelos quais os benefcios fiscais recebidos

    pelo interessado com base neles foram considerados subvenescorrentes e (b2) juntasse tabela discriminando mensalmente osvalores recebidos pelo interessado com base em cada um dosregimes.

    Retornaram os autos com o Termo de Informao Fiscal (fls.1041/1044), onde o autuante afirma ter tratado dos regimes Pr-

    Emprego e do regime especial do Artigo 148-A do Anexo II doRICMS/SC, conforme constam nas diversas intimaes erespostas do contribuinte. Que o Termo de Verificao e

    Encerramento da Ao Fiscal apenas uma das vrias peasque compem o processo e tambm menciona todas as formas de

    subveno de ICMS, que o contribuinte informa depois dasintimaes. Que os Termos de Tratamento Tributrio

    Diferenciado encontram-se s folhas 653, 656, 661 e 783(conforme mencionado no Termo de Verificao e Encerramentoda Ao Fiscal) e tratam dos regimes Pr-Emprego e Especialdo Artigo 148-A, com incio dos benefcios em 08/2007 e09/2009 e 01/2012 (Pr Emprego).

    Em respostas aos questionamentos efetuados no pedido dediligncia, afirma que nas bases de clculos foram utilizados os

    valores do benefcio Pr-Emprego e Regime Especial do Artigo148-A do RICMS/SC.

    Alm disso, elaborou planilhas indicando os valores por tipo debenefcio fiscal e tambm por base de clculo de cada tributo(fls. 1042/1044).

    Finalmente, afirma que os dois regimes foram tratados comosubveno corrente.

    O contribuinte manifesta-se sobre a diligncia (fls. 1046/1051)reiterando seus argumentos sobre a nulidade da autuao por

    violao do princpio da motivao, da legalidade, da seguranajurdica, da ampla defesa e do contraditrio, porque, afirma, afiscalizao limitou-se anlise da natureza do regime Pr-Emprego.

    Reitera que todos os procedimentos elencados pela fiscalizaoforam efetuados anteriormente lavratura do auto de infrao,ou seja, no curso do procedimento fiscalizatrio, sendo que emmomento algum houve anlise da natureza dos demais regimesnas razes apresentadas no auto de infrao, como se pode

    facilmente avaliar de todo o teor do Termo de Verificao eEncerramento da Ao Fiscal, pelo qual observar-se- to

    somente meno e anlise referente ao Pr-Emprego.Encerra requerendo que sejam declarados insubsistentes osautos de infrao.

  • 7/25/2019 Decisao_11516723135201203

    8/25

    Processo n 11516.723135/2012-03Acrdo n. 1201-001.404

    S1-C2T1Fl. 9

    8

    Em sesso de 04 de setembro de 2014 a 1 a Turma da Delegacia deJulgamento de Porto Alegre, por unanimidade de votos, julgou improcedente a impugnao,mantendo, de forma integral, os lanamentos efetuados.

    Com a cincia da deciso, a interessada interps Recurso Voluntrio, no qualataca pontos da deciso de primeira instncia e repete, no mais, os argumentos da impugnao.

    Os autos foram encaminhados a este Conselho para apreciao e julgamento.

    o relatrio.

    Voto

    Conselheiro Roberto Caparroz de Almeida, Relator

    O recurso tempestivo e atende aos pressupostos legais, razo pela qual deleconheo.

    A pea recursal bastante extensa e aborda diversos pontos, que seroanalisados em tpicos, a seguir.

    1. Da nulidade dos Autos de Infrao

    Alega a Recorrente que a autuao deveria ter considerado todos os regimesde que era beneficiria, e no apenas o Pr-Emprego. Alm disso, aduz, como j fizera naimpugnao, que o MPF originalmente se referia ao PIS e Cofins, razo pela qual no poderiaabarcar crditos relativos ao IRPJ e CSLL.

    Diante das alegaes de nulidade, cumpre notar que no se verifica, nos autosqualquer das hipteses previstas no artigo 59 do Decreto n 70.235/72:

    Art. 59. So nulos

    I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente

    II os despachos e decises proferidos por autoridadeincompetente ou com preterio do direito de defesa.

    Como os atos e termos foram lavrados por pessoa competente, dentro doslimites legais e com a garantia ao mais absoluto direito de defesa, no h que se cogitar denulidade dos autos de infrao ou do procedimento das autoridades fiscais.

    Prova da inexistncia de qualquer prejuzo aos direitos do interessado so aspeas por ele acostadas ao processo, que rebatem todas as acusaes formuladas, o quedemonstra a plena compreenso das infraes imputadas.

    Em relao aos fundamentos utilizados pela fiscalizao, que no teriamcontemplado outros benefcios concedidos empresa, ressalte-se que a matria foi objeto de

  • 7/25/2019 Decisao_11516723135201203

    9/25

    Processo n 11516.723135/2012-03Acrdo n. 1201-001.404

    S1-C2T1Fl. 10

    9

    diligncia especfica, para manifestao do Fisco e consequente resposta da interessada, desorte que no se vislumbra, na espcie, qualquer nulidade.

    Por fim, no que tange ao alcance do MPF, a despeito do argumento veiculado

    pela Recorrente, assente neste Conselho, h tempos, o entendimento de que o Mandado deProcedimento Fiscal representa ato de controle interno da Receita Federal, com o objetivo de

    planejar e organizar as atividades de fiscalizao.

    O MPF, em nenhum momento, limita ou condiciona o lanamento efetuadopela autoridade fiscal, desde que atendidos os pressupostos de validade do artigo 142 doCdigo Tributrio Nacional.

    Nesse sentido, destacamos, entre muitas, as seguintes decises da CmaraSuperior:

    Cmara Superior de Recursos Fiscais. 1 Turma

    Acrdo n 40202187 do Processo 10120009665/2002-46

    23/01/2006

    NORMAS PROCESSUAIS MPF

    de ser rejeitada a nulidade do lanamento, por constituir oMandado de Procedimento Fiscal elemento de controle daadministrao tributria, no influindo na legitimidade dolanamento tributrio. Recurso especial negado. (grifamos)

    --

    Cmara Superior de Recursos Fiscais. 1 Turma

    Acrdo n 40105330 - Processo 13982001173/2001-70

    05/12/2005

    MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL - MPF

    O Mandado de Procedimento Fiscal institudo pela Port. SRF n1.265, de 22/11/99, um instrumento de planejamento e controledas atividades de fiscalizao, dispondo sobre a alocao damo-de-obra fiscal, segundo prioridades estabelecidas pelorgo central. No constitui ato essencial validade do

    procedimento fiscal de sorte que a sua ausncia ou falta daprorrogao do prazo nele fixado no retira a competncia doauditor fiscal que estabelecida em lei (art. 7 da Lei n2.354/54 c/c o Dec.lei n 2.225, de 10/01/85) para fiscalizar elavrar os competentes termos. A inobservncia da mencionada

    portaria pode acarretar sanes disciplinares, mas no anulidade dos atos por ele praticados em cumprimento aodisposto nos arts. 950, 951 e 960 do RIR/94. 142 do CdigoTributrio Nacional. O MPF, todavia, essencial validade do

    lanamento quando efetuado com fundamento na LeiComplementar n 105/2001 - Lei 9.311/96, art. 11, 3, novaredao dada pelo art. 1 da Lei 10.174, de 09.01.2001, e

    Decreto n 3.724, de 10.01.2001, por se tratar de normas

  • 7/25/2019 Decisao_11516723135201203

    10/25

    Processo n 11516.723135/2012-03Acrdo n. 1201-001.404

    S1-C2T1Fl. 11

    10

    formais ou procedimentais que ampliam o poder de fiscalizaocom aplicao imediata, alando fatos pretritos, consoante odisposto no artigo 144, 1, do Cdigo Tributrio Nacional.

    Recurso especial negado. (grifamos)

    Nesse contexto, afasto todas as alegaes de nulidade suscitadas pelaRecorrente, com fundamento na invalidade dos lanamentos por supostos vcios decorrentesdos Mandados de Procedimento Fiscal mencionados neste processo.

    2. Do Mrito

    Quando ao mrito, o ponto central em debate so os benefcios, a ttulo decrditos de ICMS, concedidos pelo Governo de Santa Catarina e autuados pela fiscalizao

    como receita do Contribuinte.A questo das subvenes gera debates acalorados, que movimentam a

    doutrina e a jurisprudncia nacionais, embora, na essncia, revelem grave patologia, ou seja,so a prova concreta da absoluta falta de coerncia e planejamento do sistema tributrio

    brasileiro.

    Como, no mbito deste Conselho, s nos cabe analisar os casos propostos luz da legislao, vejamos qual o fundamento legal para mais uma manifestao da infindvel"guerra fiscal" que assola as unidades da Federao.

    O caso em tela trata de benefcios concedidos por Santa Catarina, cujanatureza foi assim apresentada pelo Contribuinte, em resposta fiscalizao (verbis):

    Os crditos presumidos calculados esto amparados no Decreto105 de 14 de maro de 2007 e na Lei 13.992 de 15 de fevereirode 2007 no caso do Regime Especial Pr Emprego, no Artigo148A do Anexo II do RICMS/SC no caso do regime especial que

    substitui o Pro Emprego na Capital Trade. Ambos socalculados e apropriados como forma de reduo de custos daimportao, de modo a resultar em uma tributao efetiva de3,45% no caso do Regime especial Pr Emprego e 0,92% nocaso do Regime Especial 148A, a diferena entre o que

    destacado na Nota Fiscal e o que a empresa efetivamenterecolhe, so apropriados a ttulo de crdito presumido, meroredutor de custos da importao. (grifamos)

    incontroverso, portanto, que a prpria autuada entende que os benefciosatuam como redutores da carga tributria (custos) incidente nas importaes, que "travam" asalquotas nos ndices apontados, de forma que a diferena representa, na prtica, a rennciafiscal conferida por aquele ente federativo.

    E sobre tal diferena, considerada como receita da empresa, que se deitou afiscalizao para efetuar os lanamentos.

    Nesse contexto, convm destacar os argumentos do Fisco para a tributao, attulo de receita de PIS e COFINS, das diferenas de crdito aproveitadas pela empresa,acompanhados de planilha que integra o Termo de Verificao (fls. 784 e 785):

  • 7/25/2019 Decisao_11516723135201203

    11/25

    Processo n 11516.723135/2012-03Acrdo n. 1201-001.404

    S1-C2T1Fl. 12

    11

    Na planilha acima, foi descontado o valor que o contribuinte jofereceu tributao do PIS/COFINS. Estes valores estoregistrados na contabilidade em conta de Resultados 9159 -

    RECEITA DE COMISSO DE IMPORTAO, e tambm

    registrados nas memrias de clculo do PIS/COFINS, conformearquivo anexo Razo Comissao Importacao Receita Declarada2008 a 2011 fls.646 e Memoria Calculo PIS COFINS, fls.556 e Incentivos Fiscais Capital Trade fls.652. Fonte: Livro

    Apurao ICMS, fls.50, e informaes do contribuinte.

    O valor que o contribuinte ofereceu tributao uma parte,aproximadamente 30%, do benefcio fiscal Subveno Estadual.

    A diferena, no tributada, segundo a CAPITAL TRADE, ovalor negociado e repassados aos seus clientes.

    Convm lembrar que o valor negociado com seus clientes,

    uma liberalidade do contribuinte.Porm, no pode transacionar reduzindo o devido em impostos econtribuies federais.

    Conforme Termos de Concesso de Tratamento TributrioDiferenciado, do Estado de Santa Catarina, a CAPITAL TRADE titular e beneficiria desta Subveno Corrente.

    Estes valores de crdito presumido foram lanados nacontabilidade, sendo o dbito na conta contbil 8042 - ICMS a

    Pagar Passivo Obrigaes Tributrias e o crdito na contacontbil 9136 Comisso de Importao Ativo Contas a

    Receber.

    Anexo Razo dos lanamentos contbeis, conforme arquivoRazo ICMS a Pagar a Recolher 2008a2011, fls. e arquivoRazo Comissao Importao Ativo 2008 a 2011 fls.648 e 642.

    Mediante as anlises iniciais realizadas depreendeu-se que essesbenefcios configuram subveno corrente para custeio ouoperao, circunstncia em que os fatos, sob a gide dalegislao tributria federal, tm natureza de receita. Sob essedelineamento o tratamento dispensado pelo sujeito passivo matria no se conforma com o entendimento fiscal,

    considerando que os eventos foram consignados na escritacomercial a crdito de conta com natureza devedora, do AtivoCirculante, precisamente na rubrica intitulada COMISSO

    DE IMPORTAO, e no em conta de receita, situao emque efetivamente permaneceram margem da mensurao dasbases imputveis das contribuies objetos do procedimento

    fiscal. (grifamos)

    Quanto base para a tributao do IRPJ e da CSLL, os fundamentos dafiscalizao, apresentados em conjunto com as planilhas de fls. 786 e 787, foram:

    Na planilha acima, foi considerado o valor que o contribuinte jofereceu tributao e declarado na DIPJ. Estes valores estoregistrados na contabilidade em conta de Resultados 9159 -

    RECEITA DE COMISSO DE IMPORTAO, conforme

  • 7/25/2019 Decisao_11516723135201203

    12/25

    Processo n 11516.723135/2012-03Acrdo n. 1201-001.404

    S1-C2T1Fl. 13

    12

    arquivo anexo Razo Comissao Importacao Receita Declarada2008 a 2011 e Memoria Calculo IRPJ CSLL e Incentivos

    Fiscais Capital Trade, fls.642/646/611. Fonte: Livro ApuraoICMS, fls.50, e informaes do contribuinte.

    O valor que o contribuinte ofereceu tributao uma parte,aproximadamente 30%, do benefcio fiscal Subveno Estadual.

    A diferena, no tributada, segundo a CAPITAL TRADE, ovalor negociado e repassados aos seus clientes.

    Convm lembrar que o valor negociado com seus clientes, uma liberalidade do contribuinte.

    Porm no pode transacionar reduzindo o devido em impostose contribuies federais, at mesmo porque no h previsolegal para este tipo de deduo para a apurao do Lucro

    Presumido.Conforme Termos de Concesso de Tratamento Tributrio

    Diferenciado, do Estado de Santa Catarina, a CAPITAL TRADE titular e beneficiria desta Subveno Corrente.

    Estes valores de crdito presumido foram lanados nacontabilidade, sendo o dbito na conta contbil 8042 - ICMS a

    Pagar Passivo Obrigaes Tributrias e o crdito na contacontbil 9136 Comisso de Importao Ativo Contas a

    Receber. A partir de 2011, aps reestruturao no plano decontas, os lanamentos ficaram assim registrados: dbito naconta contbil 2.1.05.001.1541 ICMS a Recolher Passivo Obrigaes Tributrias e o crdito na conta contbil1.1.02.005.5023 Comisso de Importao Ativo Comissode Clientes.

    O contribuinte fez 05 lanamentos de diminuto valor, ACREDITO, em outras contas, porm tambm no foi oferecido tributao como receita.

    Anexo Razo dos lanamentos contbeis, conforme arquivoRazo ICMS a Pagar a Recolher 2008a2011, fls.648 earquivo Razo Comissao Importao Ativo 2008 a 2011 fls.642.

    Mediante as anlises iniciais realizadas depreendeu-se que essesbenefcios configuram subveno corrente para custeio ouoperao, circunstncia em que os fatos, sob a gide dalegislao tributria federal, tm natureza de receita. Sob essedelineamento o tratamento dispensado pelo sujeito passivo matria no se conforma com o entendimento fiscal,considerando que os eventos foram consignados na escritacomercial a crdito de conta com natureza devedora, do AtivoCirculante, precisamente na rubrica intitulada COMISSO

    DE IMPORTAO, e no em conta de receita, situao emque efetivamente permaneceram margem da mensuraodasbases imputveis das contribuies objetos do procedimento

    fiscal. (grifamos)

  • 7/25/2019 Decisao_11516723135201203

    13/25

    Processo n 11516.723135/2012-03Acrdo n. 1201-001.404

    S1-C2T1Fl. 14

    13

    Parece-nos, portanto, que os procedimentos para a apurao das basestributveis est correto, pois considerou os valores j declarados e oferecidos tributao,gravando apenas a diferena considerada omitida.

    Contudo, resta-nos, ainda, analisar a questo principal, qual seja, a naturezajurdica das subvenese os dispositivos legais a elas pertinentes.

    O Decreto Estadual (SC) n. 105/2007 regulamenta a Lei n. 13.992, do mesmoano, que instituiu o Programa Pr-Emprego, possibilitando o seguinte benefcio:

    Art. 8 Poder ser diferido para a etapa seguinte de circulao da entrada no estabelecimento importador, o ICMS devido porocasio do desembarao aduaneiro, na importao realizada

    por intermdio de portos, aeroportos ou pontos de fronteiraalfandegados, situados neste Estado, de:

    (...)

    III mercadorias destinadas comercializao por empresaimportadora estabelecida neste Estado

    (...)

    6 Na hiptese do inciso III do caput:

    II poder, quando autorizado pela resoluo de que trata o art.5, ser apropriado crdito em conta grfica, por ocasio da

    sada subseqente entrada da mercadoria importada, de modo

    a resultar em uma tributao equivalente a trs por cento dovalor da operao prpria

    Percebe-se, portanto, que as condies para o gozo do benefcio incluem alocalizao da empresa no Estado de Santa Catarina e a utilizao, nas importaes, de portos,aeroportos ou pontos de fronteira ali situados. O incentivo permite, ainda, que o crdito sejatomado integralmente, apesar de a alquota efetiva limitar-se a 3%.

    Discute-se, a partir da legislao, se seria o caso de uma subveno deinvestimentos, como aduz a Recorrente ou, ao revs, uma subveno de transfernciascorrentes, de natureza econmica, para cobrir despesas de custeio, como entendeu a

    fiscalizao.O conceito de subvenes pode ser encontrado no artigo 12, pargrafos 2o e

    3o, da Lei n. 4.320/64:

    Art. 12. A despesa ser classificada nas seguintes categoriaseconmicas:

    DESPESAS CORRENTES

    Despesas de Custeio

    Transferncias Correntes

    DESPESAS DE CAPITAL

  • 7/25/2019 Decisao_11516723135201203

    14/25

    Processo n 11516.723135/2012-03Acrdo n. 1201-001.404

    S1-C2T1Fl. 15

    14

    Investimentos

    Inverses Financeiras

    Transferncias de Capital(...)

    2 Classificam-se como Transferncias Correntes as dotaespara despesas as quais no corresponda contraprestao diretaem bens ou servios, inclusive para contribuies e subvenesdestinadas a atender manifestao de outras entidades dedireito pblico ou privado.

    3 Consideram-se subvenes, para os efeitos desta lei, astransferncias destinadas a cobrir despesas de custeio dasentidades beneficiadas, distinguindo-se como:

    I - subvenes sociais, as que se destinem a instituies pblicasou privadas de carter assistencial ou cultural, sem finalidadelucrativa

    II - subvenes econmicas, as que se destinem a empresaspblicas ou privadas de carter industrial, comercial, agrcolaou pastoril. (grifamos)

    Desde a edio da referida Lei, entende a doutrina mais abalizada que assubvenes so transferncias de patrimnio pblico para entidades privadas, que,supostamente, preenchem requisitos capazes de atender aos interesses pblicos.

    a lio, entre outros, de Modesto Carvalhosa, para quem as subvenes soajudas ou auxlios pecunirios, concedidos pelo Estado, em favor de instituies que prestamservios ou realizam obras de interesse pblico. (Comentrios Lei das Sociedades

    Annimas, v. 3, So Paulo, Ed. Saraiva, 1997, p. 603).

    O interesse pblico, no contexto dos autos, seria a fixao local da empresa ea realizao de atividades que contribussem para o desenvolvimento do Estado.

    No se pode olvidar, contudo, que esses benefcios so regionais e, em certamedida, ferem o princpio do pacto federativo, pois revelam a disputa entre os entes polticos,

    que buscam a qualquer custo deslocar atividades econmicas para os seus respectivosterritrios.

    Sob o ponto de vista contbil, o Conselho Federal de Contabilidade, aoaprovar a Norma Brasileira de Contabilidade, entende, luz da NBC TG 07 (citada, inclusive,

    pela fiscalizao), que a subveno governamental possui natureza de receita:

    Item 3: Subveno governamental uma assistnciagovernamental geralmente na forma de contribuio de naturezapecuniria, mas no s restrita a ela, concedida a uma entidadenormalmente em troca do cumprimento passado ou futuro decertas condies relacionadas s atividades operacionais daentidade. No so subvenes governamentais aquelas que no

    podem ser razoavelmente quantificadas em dinheiro e as

  • 7/25/2019 Decisao_11516723135201203

    15/25

    Processo n 11516.723135/2012-03Acrdo n. 1201-001.404

    S1-C2T1Fl. 16

    15

    transaes com o governo que no podem ser distinguidas dastransaes comerciais normais da entidade.

    E os itens 12, 15 e 21 da NBC TG 07 esclarecem a forma de contabilizao

    desses valores:

    12. Uma subveno governamental deve ser reconhecida comoreceita ao longo do perodo e confrontada com as despesas que

    pretende compensar, em base sistemtica, desde que atendidasas condies desta Norma. A subveno governamental no

    pode ser creditada diretamente no patrimnio lquido.

    (...)

    15. O tratamento contbil da subveno governamental comoreceita deriva dos seguintes principais argumentos:

    (a) uma vez que a subveno governamental recebida de umafonte que no os acionistas e deriva de ato de gesto embenefcio da entidade, no deve ser creditada diretamente no

    patrimnio lquido, mas, sim, reconhecida como receita nosperodos apropriados

    (b) subveno governamental raramente gratuita. A entidadeganha efetivamente essa receita quando cumpre as regras dassubvenes e cumpre determinadas obrigaes. A subveno,dessa forma, deve ser reconhecida como receita nademonstrao do resultado nos perodos ao longo dos quais a

    entidade reconhece os custos relacionados subveno que soobjeto de compensao

    (c) assim como os tributos so despesas reconhecidas nademonstrao do resultado, lgico registrar a subveno

    governamental que , em essncia, uma extenso da polticafiscal, como receita na demonstrao do resultado.

    (...)

    21. Em determinadas circunstncias, a subvenogovernamental pode ser outorgada mais com o propsito deconceder suporte financeiro imediato a uma entidade do que

    servir como incentivo para que determinados gastos sejamincorridos. Dita subveno pode ser outorgada exclusivamentea uma entidade em particular e no ficar disponvel para umaclasse inteira de beneficirios. Essas circunstncias podemensejar o reconhecimento da receita de subveno nademonstrao do resultado do perodo no qual a entidadequalificar-se para seu recebimento, com a divulgao adequadade forma a assegurar que os seus efeitos sejam claramentecompreendidos. (grifamos)

    Ressalte-se, por oportuno, que os pronunciamentos tcnicos do CPC sovinculantes e espelham, atualmente, as normas contbeis internacionais. Nesse contexto, odocumento em questo foi elaborado a partir do IAS 20 Accounting for Government Grantsand Disclosure of Government Assistance (BV2010), emitido pelo International Accounting

  • 7/25/2019 Decisao_11516723135201203

    16/25

    Processo n 11516.723135/2012-03Acrdo n. 1201-001.404

    S1-C2T1Fl. 17

    16

    Standards Board (IASB)e sua aplicao, no julgamento do Comit, produz reflexos contbeisque esto em conformidade com o documento editado pelo IASB.

    Portanto, luz dos entendimentos apresentados, parece-me induvidoso que as

    subvenes possuem natureza de receitas, ou seja, valores que as empresas recebem, ainda quemediante renncia fiscal, o que, certamente, lhes propicia benefcios que no so extensveis aoutras pessoas jurdicas.

    Na seara tributria, o entendimento exatamente o mesmo, conforme sedepreende da legislao do Imposto sobre a Renda, conforme veiculado pelo artigo 44, da Lein. 4.506/64:

    Art. 44.Integram a receita bruta operacional:

    I - O produto da venda dos bens e servios nas transaes ou

    operaes de conta prpriaII - O resultado auferido nas operaes de conta alheia

    III - As recuperaes ou devolues de custos, dedues ouprovises

    IV - As subvenes correntes, para custeio ou operao,recebidas de pessoas jurdicas de direito pblico ou privado, oude pessoas naturais. (grifamos)

    Idntico tratamento dispensado pelo artigo 392 do Regulamento do Impostode Renda, que assevera:

    Art. 392. Sero computadas na determinao do lucrooperacional:

    I- as subvenes correntes para custeio ou operao, recebidasde pessoas jurdicas de direito pblico ou privado, ou de

    pessoas naturais(Lei n 4.506, de 1964, art. 44, inciso IV)

    II- as recuperaes ou devolues de custos, dedues ouprovises, quando dedutveis (Lei n 4.506, de 1964, art. 44,inciso III)

    III- as importncias levantadas das contas vinculadas a que serefere a legislao do Fundo de Garantia do Tempo de Servio.(grifamos)

    Assim, entendo que os benefcios outorgados pelo Programa Pr-Empregoefetivamente se constituem, por meio dos crditos de ICMS, em subvenes para custeio daatividade das empresas alcanadas, de tal sorte que deve ser computados na determinao doresultado e includo na base de clculo do IRPJ e reflexos.

    Descabe o argumento de que seria uma subveno para investimentos e que,em razo disso, no seria passvel de tributao.

    Subvenes para investimentosocorrem com as transferncias de recursospara uma pessoa jurdica e tm por objetivo auxili-la na aplicao em bens ou direitos(aquisio de bens de capital, por exemplo) ou nos casos de implantao ou expanso de

  • 7/25/2019 Decisao_11516723135201203

    17/25

    Processo n 11516.723135/2012-03Acrdo n. 1201-001.404

    S1-C2T1Fl. 18

    17

    empreendimentos econmicos. A simples utilizao de portos ou aeroportos no contempla aespcie, at porque, para tanto no necessria qualquer expanso, investimento ouempreendimento, mas apenas o deslocamento das atividades logsticas e aduaneiras.

    Por outro lado, subvenes correntes para o custeio so transferncias derecursos para uma pessoa jurdica com o objetivo de auxili-la a fazer frente ao seu conjunto dedespesas operacionais.

    Cabe aqui enfatizar que o caso em tela difere daquele apreciado por estaTurma, quando do julgamento do processo n. 10920.724243/2012-51(DIAMOND BUSINESS TRADING S/A), com relatoria do Conselheiro Marcelo Cuba Netto.

    Naquela oportunidade a Turma decidiu, por maioria, que se tratava desubvenes para investimento e que o contribuinte havia preenchido os requisitos legais,conforme se pode depreender do voto do relator:

    Isso posto, com base no conceito geral de subveno (gnero)contido no art. 12, 2 3, da Lei n 4.320/64, e nascaractersticas especficas presentes na Lei Societria e no

    Decreto-lei n 1.598/77, possvel concluir com segurana queas subvenes para investimento:

    a) sendo espcie do gnero "subvenes", so dotaesoramentrias realizadas pelo Estado a entidades de direito

    pblico ou de direito privado, sem carter contraprestacional

    b) tais dotaes devem, necessariamente, ser registradas no

    patrimnio lquido da entidade beneficiria a ttulo de reservade capital, submetendo assim s limitaes contidas no art. 200da Lei Societria

    c) em razo de seu nomen jurisa ela atribudo, essas dotaestm como finalidade a realizao de investimentos por parte daentidade beneficiria, e

    d) so dotaes oramentrias que, inclusive, podem assumir aforma iseno ou reduo de impostos concedidas como estmulo implantao ou expanso de empreendimentos econmicos.

    Na hiptese dos autos, a prpria Recorrente afirma que os benefciosoriundos dos dois regimes, Pr-emprego e Artigo 148-A do RICMS/SC so decorrentes deoperaes de importao, atuam como redutor dos custos e so repassados, mediantenegociao, aos seus clientes.

    Como visto, a contribuinte, submetida sistemtica do lucro presumido,contabilizou os montantes em conta de ativo, como comisses de importao e no comoreserva de capital. Conquanto no sujeita ao regime das sociedades annimas, fato que osvalores no transitaram pelo resultado nem tampouco foram integralmente oferecidos tributao.

    E mais: a anlise dos atos concessrios dos benefcios demonstram, evidncia, que no houve qualquer condicionamento adicional, no sentido de expandirinvestimentos ou empreendimentos econmicos, mas apenas o bvio fato de que as

  • 7/25/2019 Decisao_11516723135201203

    18/25

    Processo n 11516.723135/2012-03Acrdo n. 1201-001.404

    S1-C2T1Fl. 19

    18

    atividades fossem mantidas no Estado de Santa Catarina e houvesse a gerao de 25 empregosdiretos, numa primeira etapa.

    Vale dizer, no houve a exigncia de qualquer investimento de carter

    econmico ou de expanso como contrapartida aos milhes de reais auferidos a ttulo decrdito presumido.

    Como bem destacado na deciso recorrida:

    Em nenhum momento ficou manifesta inteno dosubvencionador de que as subvenes fossem destinadas ainvestimento, restando suficiente para ele que o interessadoincrementasse o volume de importaes por qualquer meio(independentemente de haver investimento) e mantivesse vinte ecinco postos de trabalho. Alis, nesse tocante, no h sequer a

    exigncia de gerao de novos empregos, desde que ocontribuinte j tivesse esse nmero de empregados.

    H a imposio de outras condies para a concesso dasubveno, mas nenhuma delas exige o desenvolvimento deprojetos, aplicao de montantes de recursos e, principalmente,no especificam a origem dos recursos, que podem, destarte, virde qualquer fonte que no as subvenes.

    Nota-se que no Parecer TTD n 0916/2009 COGAT consta aobrigao de o contribuinte investir em tecnologia apropriada satividades-fim, de modo a contribuir criao de um plo deexcelncia do Estado de Santa Catarina no setor logstico.

    Entretanto, essa obrigao imposta de forma vaga, semnenhuma especificao de como se dariam esses investimentos.

    H, na verdade, para o incremento das importaes um vagocompromisso de investimento da empresa, sem que seespecifique quanto, com que e em que investir, situaoinsuficiente para caracterizar a inteno do subvencionador dedestinar a investimento as subvenes.

    O conjunto dos objetivos, dos compromissos e das obrigaescontidas nos documentos acima referidos, deixa claro que a

    inteno do Estado de Santa Catarina que o interessado noretire seus estabelecimentos de seu territrio antes de decorridoscinco anos, contados da data da concesso do benefcio fiscal,independentemente de fazer ou no investimentos, quer seja coma utilizao das subvenes ou de recursos de outras fontesquaisquer.

    Em nenhum momento ficou manifesta inteno dosubvencionador de que as subvenes fossem destinadas ainvestimento, restando suficiente para ele que o interessadoincrementasse o volume de importaes por qualquer meio(independentemente de haver investimento) e mantivesse vinte e

    cinco postos de trabalho. Alis, nesse tocante, no h sequer aexigncia de gerao de novos empregos, desde que ocontribuinte j tivesse esse nmero de empregados.

  • 7/25/2019 Decisao_11516723135201203

    19/25

    Processo n 11516.723135/2012-03Acrdo n. 1201-001.404

    S1-C2T1Fl. 20

    19

    H a imposio de outras condies para a concesso dasubveno, mas nenhuma delas exige o desenvolvimento deprojetos, aplicao de montantes de recursos e, principalmente,no especificam a origem dos recursos, que podem, destarte, vir

    de qualquer fonte que no as subvenes.

    Nota-se que no Parecer TTD n 0916/2009 COGAT consta aobrigao de o contribuinte investir em tecnologia apropriada satividades-fim, de modo a contribuir criao de um plo deexcelncia do Estado de Santa Catarina no setor logstico.

    Entretanto, essa obrigao imposta de forma vaga, semnenhuma especificao de como se dariam esses investimentos.

    H, na verdade, para o incremento das importaes um vagocompromisso de investimento da empresa, sem que se

    especifique quanto, com que e em que investir, situaoinsuficiente para caracterizar a inteno do subvencionador dedestinar a investimento as subvenes.

    O conjunto dos objetivos, dos compromissos e das obrigaescontidas nos documentos acima referidos, deixa claro que ainteno do Estado de Santa Catarina que o interessado noretire seus estabelecimentos de seu territrio antes de decorridoscinco anos, contados da data da concesso do benefcio fiscal,independentemente de fazer ou no investimentos, quer seja coma utilizao das subvenes ou de recursos de outras fontesquaisquer.

    A autuao seguiu, portanto, as orientaes exaradas pela prpria ReceitaFederal, que no Parecer Normativo COSIT n. 112/78 assim concluiu:

    Ante o exposto, o tratamento a ser dado s SUBVENESrecebidas por pessoas jurdicas, para os fins de tributao doimposto de renda, a partir do exerccio financeiro de 1978, faceao que dispe o art. 67, item I, letra b, do Decreto-lei n1.598/77, pode ser assim consolidado:

    I As SUBVENES CORRENTES PARA CUSTEIO OUOPERAO integram o resultado operacional da pessoa

    jurdica as SUBVENES PARA INVESTIMENTO, o resultadono-operacional

    II SUBVENES PARA INVESTIMENTO so as queapresentam as seguintes caractersticas:

    a) a inteno do subvencionador de destin-las parainvestimento

    b) a efetiva e especfica aplicao da subveno, pelobeneficirio, nos investimentos previstos na implantao ouexpanso do empreendimento econmico projetado e c) obeneficirio ser a pessoa jurdica titular do empreendimento

    econmico.

  • 7/25/2019 Decisao_11516723135201203

    20/25

    Processo n 11516.723135/2012-03Acrdo n. 1201-001.404

    S1-C2T1Fl. 21

    20

    III As ISENES ou REDUES de impostos s seclassificam como subvenes para investimento, se presentestodas as caractersticas mencionados no item anterior

    IV As SUBVENES PARA INVESTIMENTO, se registradascomo reserva de capital, no sero computadas na determinaodo lucro real, desde que obedecidas as restries para utilizaoda reserva

    V As ISENES, REDUES ou DEDUES do Imposto deRenda devido pelas Pessoas Jurdicas no podero ser tidascomo subveno para investimento

    VI O 2 do artigo 38 do Decreto-lei n 1.598/77 aplica-se atodas as pessoas jurdicas sujeitas tributao pelo imposto derenda com base no lucro real e

    VII As contas do ativo permanente e respectiva depreciao,amortizao e exausto, que registrem bens oriundos deSUBVENES, so corrigidas monetariamente nos termos dosartigos 39 e seguintes do Decreto-lei n 1.598/77.

    Diferente do caso ao norte mencionado, aqui no se condiciona, a partir doParecer n. 112/78, que os investimentos sejam feitos em ativo fixo, at porque se cuida, no

    presente processo, de subvenes para custeio.

    Correto, portanto, o tratamento tributrio dispensado s subvenes, quepossuem, em meu sentir, natureza de custeio, vale dizer, ressarcimento por custos de operaes

    realizadas pela empresa, como amplamente demonstrado nos autos.

    a lio, entre outros, de Ricardo Mariz de Oliveira (PIS/COFINS:incidncia ou no sobre crditos fiscais (crdito-prmio e outros e respectivas cesses. 10Simpsio Nacional IOB de Direito Tributrio, 2001, p. 45):

    De fato, a distino implcita feita por esta lei entre subvenespara investimento e subvenes para custeio de operaes, nosentido de que apenas as primeiras devem ser levadas reservade capital, tem uma razo de ser, e que a seguinte: as

    subvenes para investimento no integram a receita porqueelas no interferem diretamente com a apurao do lucro lquidoda pessoa jurdica, do qual a receita parte integrante, eis que

    se destinam ao fornecimento de fundos para financiaracrscimos ao Ativo Permanente, enquanto que as subvenes

    para custeio de operaes afetam diretamente o lucro lquido,eis que os custos e despesas que elas financiam so debitadosao lucro lquido. (grifamos)

    Nesse sentido manifesta-se a administrao tributria, nos casos relativos aotratamento dos crditos presumidos de ICMS na sistemtica do lucro presumido, a exemploda Soluo de Consulta DISIT/SRRF07 n. 65, de 24 de junho de 2013, que versa sobrehiptese idntica dos autos:

    ASSUNTO: Contribuio Social sobre o Lucro Lquido - CSLL

  • 7/25/2019 Decisao_11516723135201203

    21/25

    Processo n 11516.723135/2012-03Acrdo n. 1201-001.404

    S1-C2T1Fl. 22

    21

    EMENTA: BASE DE CLCULO. CRDITO PRESUMIDO DEICMS. BENEFCIO FISCAL. SUBVENO PARACUSTEIO. OUTRAS RECEITAS. INCIDNCIA. Integra abase de clculo da contribuio devida pelas pessoas jurdicas

    tributadas com base no lucro presumido a parte da receitatributria dispensada de recolhimento ou devolvida pelos

    governos estaduais aos contribuintes do ICMS a ttulo de crditopresumido, a qual configura receita de subveno para custeio.

    DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei n 9.249, de 1995, art. 20 Lei n9.430, de 1996, art. 29.

    ASSUNTO: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurdica - IRPJ

    EMENTA: LUCRO PRESUMIDO. BASE DE CLCULO.CRDITO PRESUMIDO DE ICMS. BENEFCIO FISCAL.

    SUBVENO PARA CUSTEIO. RECEITA. INCIDNCIA.Adiciona-se ao lucro presumido, para efeito de determinaoda base de clculo do imposto, a parte da receita tributriadispensada de recolhimento ou devolvida pelos governosestaduais aos contribuintes do ICMS a ttulo de crdito

    presumido, a qual configura receita de subveno para custeio.

    DISPOSITIVOS LEGAIS: Decreto n 3000, de 1999, artigos 392,I, e 521.

    O mesmo entendimento pode ser encontrado na Soluo de Consulta n.34/2012, da SRRF/5:

    Contribuio Social sobre o Lucro Lquido - CSLL.

    A receita decorrente de desconto no pagamento do ICMSdevido obtido em funo de programa de incentivo fiscal do

    Estado deve ser acrescida base de clculo da CSLL apuradacom base no lucro presumido.

    DISPOSITIVOS LEGAIS: Decreto n 3.000, de 1999 (RIR/1999),arts. 392 e 443 Parecer Normativo CST n 112, de 1978.

    Imposto Sobre a Renda de Pessoa Jurdica - IRPJ.

    A receita decorrente de desconto no pagamento do ICMSdevido obtido em funo de programa de incentivo fiscal do

    Estado deve ser acrescida base de clculo do IRPJ apuradocom base no lucro presumido.

    DISPOSITIVOS LEGAIS: Decreto n 3.000, de 1999 (RIR/1999),arts. 392 e 443 Parecer Normativo CST n 112, de 1978."(Soluo de Consulta 34/12, SRRF, 5 Regio Fiscal,24.08.2012)

    De se notar que as interpretaes transcritas esto de acordo com o dispostono artigo 521 do Regulamento do Imposto de Renda, que serviu de base para a autuao e trata

    do lucro presumido.

  • 7/25/2019 Decisao_11516723135201203

    22/25

    Processo n 11516.723135/2012-03Acrdo n. 1201-001.404

    S1-C2T1Fl. 23

    22

    No que tange aos lanamentos a ttulo de PIS e COFINS o entendimento omesmo, ao tempo da vigncia da Lei n. 9.718/98, que considerava que as bases de clculo doPIS e da COFINS eram definidas a partir do conceito de receita bruta.

    Assim, a fiscalizao autuou os perodos de 2008 e 2009 abrangidos pelaregra da Lei n. 9.718/98, mas excluiu dos autos qualquer montante posterior ao advento da Lein. 11.941/2009, que expressamente revogou o 1 do art. 3 daquele diploma legal e, comoconsequncia, limitou o conceito de faturamento para a receita bruta da pessoa jurdica, razo

    pela qual as receitas decorrentes de subvenes deixaram de ser includas nas determinao dasbases de clculos do PIS e da COFINS.

    O assunto, inclusive, j foi objeto de Soluo de Divergncia, exarada pelaCoordenao-Geral de Tributao (COSIT) da Receita Federal do Brasil:

    SOLUO DE DIVERGNCIA No 13, DE 28 DE ABRIL DE

    2011 - D.O.U.: 20.05.2011

    ASSUNTO: CONTRIBUIO PARA O PIS/PASEP

    EMENTA: Por absoluta falta de amparo legal para a suaexcluso, o valor apurado do crdito presumido do ICMSconcedido pelos Estados e pelo Distrito Federal constitui receitatributvel que deve integrar a base de clculo da Contribuio

    para o PIS/Pasep.

    A partir de 28 de maio de 2009, tendo em vista a revogao do1 do art. 3 da Lei n 9.718, de 1998, promovida pelo inciso XII

    do art.79 da Lei No 11.941, de 2009, para as pessoas jurdicasenquadradas no regime de apurao cumulativa daContribuio para o PIS/Pasep, por no ser considerado

    faturamento (receita bruta) decorrente da atividade exercida poressas pessoas jurdicas, o valor do crdito presumido do ICMSdeixou de integrar a base de clculo da mencionadacontribuio.

    DISPOSITIVOS LEGAIS: Art. 150 da Constituio Federal Art.97 da Lei N. 5.172, de 1966 (CTN) Arts. 2 e 3 da Lei N. 9.178,de 1998 Art. 1 da Lei n 10.637, de 2002 Inciso XII do art. 79da Lei n 11.941, de 2009 Arts. 392 e 443 do Regulamento

    aprovado pelo Decreto N. 3.000, de 1999 (RIR/99) e ParecerNormativo CST N. 112, de 1978.

    ASSUNTO: CONTRIBUIO PARA O FINANCIAMENTO DASEGURIDADE SOCIAL - COFINS

    EMENTA: Por absoluta falta de amparo legal para a suaexcluso, o valor apurado do crdito presumido do ICMSconcedido pelos Estados e pelo Distrito Federal constitui receitatributvel que deve integrar a base de clculo da Cofins.

    A partir de 28 de maio de 2009, tendo em vista a revogao do 1 do art. 3 da Lei No 9.718, de 1998, promovida pelo inciso XIIdo art. 79 da Lei No 11.941, de 2009, para as pessoas jurdicasenquadradas no regime de apurao cumulativa da Cofins, porno ser considerado faturamento (receita bruta) decorrente da

  • 7/25/2019 Decisao_11516723135201203

    23/25

    Processo n 11516.723135/2012-03Acrdo n. 1201-001.404

    S1-C2T1Fl. 24

    23

    atividade exercida por essas pessoas jurdicas, o valor do crditopresumido do ICMS deixou de integrar a base de clculo damencionada contribuio.

    DISPOSITIVOS LEGAIS: Art. 150 da Constituio Federal Art.97 da Lei N. 5.172, de 1966 (CTN) Arts. 2 e 3 da Lei N. 9.178,de 1998 Art. 1 da Lei N. 10.833, de 2003 Inciso XII do art. 79da Lei N. 11.941, de 2009 Arts. 392 e 443 do Regulamentoaprovado pelo Decreto N. 3.000, de 1999 (RIR/99) e Parecer

    Normativo CST N. 112, de 1978.

    Procedentes, pois, os lanamentos efetuados.

    Sobre a descaracterizao da base presumida de 32%, relativa s comissespela intermediao das importaes, alega a interessada que a fiscalizao incorreu em erro,pois foram tributadas integralmente as diferenas, a ttulo de subvenes, apuradas.

    Ressalte-se, de plano, que no h divergncia ftica, mas apenas quanto aopercentual a ser adotado, posto que a empresa escriturou no Razo esses crditos, mas aplicouo percentual de 32% para apurao do lucro presumido.

    Conquanto o contribuinte tenha declarado os valores e os submetido aopercentual de 32%, entendeu a fiscalizao, acertadamente, que as subvenes no seenquadram como prestaes de servios, mas sim compem a rubrica de outras receitas, quedevem ser tributadas integralmente, conforme determina o artigo 521 do RIR/99:

    Art.521. Os ganhos de capital, os rendimentos e ganhos lquidos

    auferidos em aplicaes financeiras, as demais receitas e osresultados positivos decorrentes de receitas no abrangidaspelo art. 519, sero acrescidos base de clculo de que trataeste Subttulo, para efeito de incidncia do imposto e doadicional, observado o disposto nos arts. 239 e 240 e no 3 doart. 243, quando for o caso (Lei n 9.430, de 1996, art. 25, inciso

    II). (grifamos)

    A documentao acostada aos autos nos leva a concluir que no se trata,efetivamente, de receitas relativas prestao de servios, mas sim das subvenes recebidas,de sorte que o procedimento de tributao integral, adotado pela fiscalizao, corresponde determinao legal.

    Portanto, ao contrrio do que aduz a Recorrente, existe regulamentaojurdica especfica quando ao tratamentos dos efeitos fiscais das subvenes recebidas porpessoas jurdicas submetidas tributadas pelo lucro presumido, sendo certo que estas devem seradicionadas base de clculo do perodo.

    Ademais, essa tambm a lgica no caso das sociedade por aes - o que nosfaz entender, em sentido amplo, a vontade do legislador -, a partir da introduo do artigo 195-A, efetuada pela Lei n. 11.638/2007 (destaque-se, para fins de esclarecimento, que as autuaesno presente caso correspondem aos anos-calendrio de 2008 a 2011):

    Art. 195-A. A assemblia geral poder, por proposta dos rgosde administrao, destinar para a reserva de incentivos fiscais a

    parcela do lucro lquido decorrente de doaes ou subvenes

  • 7/25/2019 Decisao_11516723135201203

    24/25

  • 7/25/2019 Decisao_11516723135201203

    25/25

    Processo n 11516.723135/2012-03Acrdo n. 1201-001.404

    S1-C2T1Fl. 26

    incrementar o volume de importaes em volume no inferior aR$ 350.000.000,00, no perodo de 12 meses a contar da data deconcesso do regime, e de R$ 500.000.000,00 nos 12 mesesseguintes (...)

    2. Tratamento Tributrio Diferenciado n 115000001384380 Termo de Concesso n 115000004484105 (fls. 661/672, e anexo impugnao fls. 926/937) consistindo em diferimento do ICMSdevido na importao, diferimento parcial nas operaesinternas subseqentes e crdito presumido nas operaes

    subsequentes importao e dispensa de apresentao degarantia do ICMS diferido. Data 27 de dezembro de 2011 vigncia a partir de 01/2012. Dentre as obrigaes especficasatribudas ao contribuinte, cabe destacar (i) obter um

    faturamento no inferior a R$ 250.000.000,00 (...) (grifamos)

    Como a prpria Recorrente afirma s fls. 64 do Recurso Voluntrio, aopostular o suposto efeito confiscatrio das autuaes, que a soma, durante 5 anos, dos valoresdistribudos a ttulo de lucros seria no mximo de 5 milhes de reais, o que seria"astronomicamente distante" de um resultado hipottico de 250 milhes, parece-me que oreconhecimento, pela interessada, do verdadeiro porte econmico da empresa fulmina a tesedefendida em memoriais. Some-se a isso a ausncia de qualquer clculo ou documentocomprobatrio apresentado junto com os memoriais.

    Foroso, portanto, afastar a pretenso da Recorrente sobre este ponto, assimcomo considerar plenamente jurdicos e conforme o ordenamento os lanamentos efetuados

    pela autoridade fiscal, bem assim a sistemtica de apurao neles utilizada.

    Ante o exposto CONHEO do Recurso e, no mrito, voto por NEGAR-LHEprovimento.

    como voto.

    (documento assinado digitalmente)

    Roberto Caparroz de Almeida - Relator