debates multidisciplinares marcam iv encontro de economia

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Matheus Albergaria de Magalhães - Fator Econômico, n.20, p.4-5, Setembro-Dezembro 2013.

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Page 1: Debates Multidisciplinares marcam IV Encontro de Economia

4 CORECON/ES

Encontro

Microeconomia, inovação e crédito, macroeconomia, comércio inter-

nacional e política econômica, economia agrícola, meio ambiente e energia, mer-cado de trabalho e bem-estar, economia regional e urbana, finanças e economia do setor público e métodos quantitativos. Estes foram os temas debatidos no IV Encontro de Economia do Espírito Santo, realizado nos dias 4 e 5 de novembro, no Hotel Quality Aeroporto, em Vitória, pelo Conselho Regional de Economia do Espírito Santo (Corecon-ES).

Para impulsionar os debates, Ma-theus Albergaria de Magalhães, econo-

Debates multidisciplinares marcam IV Encontro de EconomiaEconomistas defendem pluralidade de conhecimentos na abordagem econômica

mista, professor de Economia e espe-cialista em pesquisas governamentais do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), proferiu a palestra de abertura do Encontro, propondo o desafio de se pensar a economia e o desenvolvimento capixaba com uma visão empresarial.

Os economistas Marco Antônio Ro-cha Lima Guilherme, da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefa), Ana Carolina Giuberti, professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), e Al-berto Borges, secretário de Finanças da Prefeitura Municipal de Vitória (PMV), participaram da mesa-redonda em torno

do tema “Finanças Públicas do Espírito Santo”.

A palestra de encerramento ficou por conta do economista Arlindo Villas-chi, professor da Ufes, que avaliou os elementos dinâmicos e os desafios con-temporâneos da economia capixaba.

Com debates desafiadores, os ex-positores propuseram que as discussões das questões econômicas abordadas no Encontro passem a ganhar maior visibi-lidade perante a população e a contar com a contribuição de pesquisadores de outras áreas de conhecimento, permi-tindo análises multidisciplinares.

Finanças públicas e desafios contemporâneos

Especialistas analisaram a dívida pública do Estado e dos municípios

Na mesa-redonda em torno do tema “Finanças Públicas do Espírito Santo”, a professora Ana Carolina Giu-berti alertou que não é claro qual gasto público gera desenvolvimento. O ideal é fazer um estudo regional para que isso seja definido. Já o economista Marco Guilherme informou que, no que diz respeito à dívida pública estadual, o Espírito Santo hoje é o quarto estado brasileiro menos endividado. A dívida pública capixaba está sob controle, ga-rantiu ele.

Alberto Borges, secretário de Fi-

nanças da PMV, informou que as cidades capixabas vivem hoje um dos piores e mais dramáticos momentos de sua história. O cenário econômico brasileiro está muito ruim e, no que diz respeito à arrecadação municipal, a queda está sendo drástica devido à baixa arreca-dação do ICMS Fundap e do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), que está praticamente parado.

“Hoje, mais do que nunca, as admi-nistrações municipais têm de trabalhar a qualidade de seus gastos”, concluiu Borges.

Uma introdução aos modelos DSGE neo-key-nesianos (Dinâmico Estocástico de Equilíbrio Geral, na tradução de Dynamic Stochastic Ge-neral Equilibrium) foi abordada no minicurso ministrado pelo professor Eurilton Araújo, no IV Encontro de Economia. PhD em Economia pela Northwestern University, professor da Fucape Business School e pesquisador do Banco Central do Brasil, ele é estudioso das áreas de Economia Monetária, Macroeconomia Internacional e Macroeconometria Aplicada.

modelos DSgE em foco no IV Encontro de Economia

Page 2: Debates Multidisciplinares marcam IV Encontro de Economia

Ousadia para propor caminhos diferentes

Abergaria sugere visão empresarial para a gestão da economia capixaba

Biodiversidade é ativo que deve nortear a política econômica do Estado, para Villaschi

Ao tratar do tema “Espí-rito Santo S.A.”, na abertura do IV Encontro de Economia, o especialista em pesquisas governamentais Matheus Al-bergaria de Magalhães defen-deu o desenvolvimento eco-nômico do Espírito Santo de forma multidisciplinar, multi-profissional e multi-institucio-nal. “Afinal, a realidade atual impõe novos desafios e novas oportunidades tanto para os economistas quanto para os cientistas sociais aplicados que analisam a economia capixaba”, argumentou ele.

Em sua palestra, Maga-lhães chamou a atenção para o fato de que “se não aten-tarmos para o caráter comum

e as ligações existentes entre decisões individuais e cole-tivas do Estado, poderemos assistir a uma Tragédia dos Comuns nos próximos anos”.

IndesejadosIsso significa que os

recursos comuns, quando explorados de forma indivi-dualista e predatória, podem levar a resultados sociais in-desejados. Magalhães propôs então que, ao invés de o Esta-do ser visto como um recurso comum (não excludente, mas rival), ele passe a ser enxer-gado como uma empresa de sociedade anônima, uma S.A.

Pensando o Espírito San-to como uma S.A., os agentes

e as instituições locais passam a levar em conta o interesse coletivo, com foco em ações de médio e de longo prazo. É importante que os economis-tas sigam em estudos e em pesquisas além dos temas recorrentes na sociedade (commodities, incentivos fis-cais, grandes projetos, entre outros), que tenham foco no desempenho econômico de longo prazo, mas com uma visão de economia como ci-ência social de amplo alcance.

Magalhães defende que, assim como os economistas, os cientistas sociais aplicados mudem o foco e trabalhem com mais interação, junto com outros atores da socie-

O Espírito Santo enfren-ta o desafio de pensar novas trajetórias de desenvolvimen-to, elaborar políticas públicas ousadas, que valorizem os maiores atributos do Estado: sua diversidade étnica e seus recursos naturais, com des-taque para a biodiversidade de sua costa. O alerta foi do economista e professor do Programa de Mestrado em Economia da Ufes Arlindo Villaschi, ao abordar o tema “Elementos Dinâmicos e De-safios Contemporâneos da Economia Capixaba”.

Tomando como refe-rencial teórico os estudos de Joseph Schumpeter, Chris-topher Freeman e Ignacy Sachs, o professor se referiu a Margarido Torres – que já alertava, no início do século passado, sobre a ameaça à manutenção da biodiversi-dade do território capixaba –, a Augusto Ruschi – que

chamava a atenção para as desvantagens da monocul-tura – e a Jones dos Santos Neves, que advertia sobre os riscos da especialização insustentável.

Para ele, os estudiosos da economia capixaba devem valorizar a interação do co-nhecimento e traçar novas opções de desenvolvimento que evitem a insustentabili-dade e que busquem o dife-rente: “Temos de construir uma alternativa que não seja a exportação de minério de ferro, que não esteja basea-da em bens não renováveis, que garanta a manutenção da qualidade de vida. Enfim, criar algo que esteja além, para da-qui a 50 anos, quando, talvez, não tivermos mais minério de ferro para exportar”.

Villaschi questionou: “Como garantir a biodiver-sidade de nossa costa se for construída a quantidade de

portos anunciada? Para que mais portos, se não há nenhu-ma indicação de saturação das instalações hoje existen-tes entre Ubu e Regência? Se fizermos mais portos, não teremos biodiversidade. Sa-bemos bem o impacto gerado por um simples píer”.

ReferênciaO professor apontou

formas de elaboração de políticas econômicas capa-zes de tornar o Estado uma referência internacional a partir da valorização dos as-pectos naturais e da cultura e do conhecimento gerados pela diversidade étnica. Citou como exemplo a área da Ilha de Trindade – maior do que a de Fernando de Noronha –, que poderia ser transformada em unidade de conservação e atrair investimentos em turis-mo científico, sem prejuízo à manutenção da qualidade de

dade na construção de proje-tos conjuntos. Dessa forma, o Espírito Santo terá uma eco-nomia pensada de maneira multiprofissional, multidis-ciplinar e multi-institucional. Um pensamento coletivo em prol do desenvolvimento eco-nômico capixaba.

Espírito Santo S.a.

vida no litoral capixaba. “Se não fizermos algo diferente, não seremos referência. O que fazemos de diferente? Seremos referência expor-tando minério?”.

Para a elaboração dessas políticas, Villaschi avalia ser necessário que os estudiosos da economia capixaba sejam humildes, para interagir com outros de áreas distintas da ciência, bem como para propor caminhos diferentes daqueles tradicionalmente apresentados.

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