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SBDG – Caderno 83 De que maneiras a astrologia contribui na leitura... 1 Curso de Formação Básica em Dinâmica dos Grupos São Paulo – SP Coordenação: Genira Rosa dos Santos, Mauro Nogueira de Oliveira De que maneiras a astrologia contribui na leitura e compreensão dos processos grupais ANGELA RURIKO SAKAMOTO DANIELA CURIONI FLÁVIA DA COSTA DE PAULA ROBERTO HIRSCH WOW SUELI MARIA PONDACO VIVIANE FONTÃO SOUBHIA

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SBDG – Caderno 83 De que maneiras a astrologia contribui na leitura... 1

Curso de Formação Básica em Dinâmica dos Grupos São Paulo – SP Coordenação: Genira Rosa dos Santos, Mauro Nogueira de Oliveira

De que maneiras a astrologia contribui na leitura e compreensão dos processos grupais

ANGELA RURIKO SAKAMOTO DANIELA CURIONI

FLÁVIA DA COSTA DE PAULA ROBERTO HIRSCH WOW SUELI MARIA PONDACO

VIVIANE FONTÃO SOUBHIA

SBDG – Caderno 83 De que maneiras a astrologia contribui na leitura... 2

O QUE É A VERDADE?

O que é a verdade? Contam as lendas que a verdade foi enviada por Deus ao mundo em forma de um

gigantesco espelho. E quando o espelho estava chegando sobre a face da terra, quebrou-se, partiu-se em inumeráveis pedaços que se espalharam por todos os lados.

As pessoas sabiam que a verdade era o espelho, mas não sabiam que ele havia se partido.

E por essa razão, as que encontravam um dos pedaços, acreditavam que tinham nas mãos a verdade absoluta, quando na realidade possuíam apenas uma pequena parte.

E quem deterá a verdade absoluta? A verdade absoluta só Deus a possui e a vai revelando ao homem na medida em

que este esteja apto para conhecê-la. Assim é que os inventores, os cientistas, os pesquisadores, vão descobrindo a cada

século novas verdades que se acumulam e fomentam o progresso da humanidade. É como se fossem juntando os pedaços do grande espelho e conseguissem abran-

ger uma parcela maior. E assim, a verdade é conquistada graças aos esforços dos homens e não por uma

revelação bombástica sem proveito para quem a recebe. Ademais, depois que a verdade é descoberta, ninguém pode encarcerá-la, nem

guardá-la só para si. Quem experimenta o sabor da verdade, não mais permanece o mesmo. Toda uma

evolução nele se opera e uma transformação radical e libertadora é inevitável. Por vezes a nossa cegueira não nos deixa vê-la, mas ela está em toda parte, laten-

te, dentro e fora do mundo e é, muitas vezes, confundida com a ilusão. Retida na cons-ciência humana, é, a princípio, uma chispa que as forças do autoconhecimento e do auto-aperfeiçoamento transformarão em uma estrela fulgurante.

A verdade emancipa a alma e a completa. Infinita, vitaliza o microcosmo e ex-pande-se nas galáxias.

Vibra na molécula, agiganta-se no espaço ilimitado, e encontra-se ao alcance de todos.

É perene e existe desde todos os tempos e sobreviverá ao fim das eras. A verdade é Deus. E para penetrá-la faz-se necessário diluir-se em amor como os

grãos de açúcar em um cálice de água em movimento. Só agora podemos compreender o motivo pelo qual Jesus calou-se quando Pilatos

lhe perguntou: “o que é a verdade?”

Autor Desconhecido

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................................4 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA – DINÂMICA E FORMAÇÃO

DE GRUPOS ..........................................................................................................4 2.1 Funcionamento e desenvolvimento do grupo ......................................................4 2.2 Suposto básico de bion...........................................................................................7 2.3 Abordagem do elemento humano.........................................................................8 2.4 Teoria de campo...................................................................................................11 3 BASE ASTROLÓGICA ......................................................................................12 3.1 Os Atores do Mapa ..............................................................................................13 3.2 Temperamento .....................................................................................................14 3.3 Personalidade .......................................................................................................16 3.3.1 A Essência do Grupo – o Sol .................................................................................16 3.3.2 Reações Emocionais – a Lua .................................................................................18 3.3.3 Comportamento Visível – Ascendente ..................................................................20 3.3.4 Objetivos de Vida – Meio do Céu..........................................................................21 3.4 Comunicação e Aprendizado ..............................................................................21 3.5 Expressão Afetiva e Relacionamentos................................................................22 3.6 Amadurecimento do Grupo ................................................................................23 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..............................................................................24 REFERÊNCIAS...............................................................................................................25 ANEXO 1 – MAPA NATAL DO GRUPO.....................................................................27 ANEXO 2 – QUADRO SINTÉTICO DO PRINCÍPIO DIMENSÕES DO ELEMENTO HUMANO – WILL SCHUTZ .........................................................28 ANEXO 3 – RESUMO DOS SIGNIFICADOS DOS PLANETAS .............................29 ANEXO 4 – RESUMO DAS CASAS ASTROLÓGICAS ............................................30

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1 INTRODUÇÃO

As organizações modernas, apesar de todo avanço tecnológico, continuam a de-pender do fator humano. O potencial do ser humano é despertado, considerando-se sua estória pessoal, sua autopercepção e as opções individuais na sua interação com os diver-sos grupos que convive. A velocidade e a dinâmica do contexto atual exigem que os indi-víduos se agrupem em busca da maximização do seu “bem-estar”, o processo passa a ser grupal.

Através da leitura e entendimento dos processos grupais, é possível coordenar, apoiar e desenvolver pessoas, atuando como facilitadores e contribuindo para o seu pró-prio amadurecimento grupal.

Nesse trabalho, a nossa proposta visa explorar como a astrologia pode contribuir no entendimento e leitura dos processos grupais. As nossas questões abrangem:

• a relação dos mapas individuais comparados ao mapa do grupo; • o mapa de um grupo como instrumento para apoiar na descoberta de possíveis

caminhos de crescimento e amadurecimento; • relação da análise e leitura do mapa com as situações vividas pelo grupo; e, • o uso do mapa como uma “bússola” para os coordenadores identificarem os cami-

nhos optados pelo grupo. Para explorar estas questões, utilizamos como objeto de estudo o décimo primeiro

grupo de formação de coordenadores de grupos da SBDG, iniciado em São Paulo capital, no dia 10/10/2003 e finalizado no dia 4/06/2005, tendo como coordenadores Mauro No-gueira e Genira Santos.

Nossa jornada no tema resgata os aspectos teóricos e técnicos da Dinâmica de Grupo, que durante o estudo do mapa foram sendo correlacionados aos fatos e vivências do grupo consideradas relevantes para embasar nossas hipóteses.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA – DINÂMICA E FORMAÇÃO DE GRUPOS

Neste capítulo, selecionamos algumas referências teóricas consideradas necessá-rias para embasar a análise dos aspectos do mapa astrológico do grupo. Suas correlações com os fatos observados foram realizadas ao longo dos capítulos 3 e 4.

2.1 Funcionamento e desenvolvimento do grupo

Segundo Fela Moscovici, as pessoas que compõe o grupo trazem individualmente seus valores, sua filosofia e orientação de vida. A medida que a interação é permitida, o conhecimento mútuo e a identificação de alguns pontos comuns servem de base para a elaboração de normas coletivas, tácitas e explícitas, que contribuem para a dinâmica do grupo.

Os seguintes aspectos devem ser considerados no estudo do funcionamento e de-senvolvimento dos grupos:

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• a análise da composição, estrutura e ambiente do grupo, considerando: as pessoas que o compõem, as posições relativas que elas ocupam, as relações entre si, o es-paço físico e o espaço psicosocial; e,

• identificação dos componentes que constituem forças em ação, restritivas ou im-pulsoras, que determinam os processos do grupo. Estes aspectos associados aos campos de forças do grupo (derivados dos concei-

tos de Kurt Lewin, vide 2.5), em que umas concorrem para movimentos de progresso e outras para dificuldades e retrocesso do grupo, contribuem para o estabelecimento da Cultura e do Clima do grupo, passando, então, a caracterizar o próprio ambiente e a ima-gem do grupo.

Os componentes que influenciam a definição de normas de funcionamento foram listados abaixo. As respostas às questões associadas a cada componente ajudam a enten-der o clima estabelecido no grupo.

Objetivos Há um objetivo a todos os membros do grupo? Até que ponto este objetivo é suficientemente claro, compreendido e acei-

to por todos? Até que ponto os objetivos individuais são compatíveis com o coletivo e

entre si? Motivação Qual o nível de interesse e entusiasmo pelas atividades do grupo? Quanta energia individual é canalizada para o grupo? Quanto tempo é efetivamente devotado ao grupo (em termos de freqüên-

cia, permanência, ausências, atrasos, saídas antecipadas)? Até que ponto a participação é plena e há dedicação espontânea nos pro-

cessos de grupo?

Comunicação Quais as modalidades mais características de comunicação no grupo? Todos falam livremente ou há bloqueios e receios de falar? Há espontaneidade nas colocações ou cautela deliberada? Qual o nível de distorção na percepção das mensagens? Há troca de feedback aberto e direto?

Processo decisório Como são tomadas as decisões no grupo? Com que freqüência as decisões são unilaterais, por imposição de quem

detêm o poder? É comum a decisão por votação, em que a maioria expressa a sua vontade? Quantas vezes o processo decisório é alcançado por consenso, permitindo

que todos se posicionem, com respeito mútuo? Qual a modalidade de tomada de decisão mais característica do grupo?

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Relacionamento As relações entre os membros são harmoniosas, propícias a cooperação? As relações harmoniosas são apenas superficiais, de aparente cordialidade,

ou permitem real integração de esforços e efetividade que levem à coesão do grupo?

As relações mostram-se conflitantes e indicam competição, clara ou vela-da entre os membros?

Até que ponto essas relações conflitivas tendem ao agravamento, podendo conduzir o grupo à desintegração?

Liderança Como é exercida a liderança? Quem a exerce? Em que circunstâncias? Quais os estilos de liderança mais usuais no grupo? Quais as relações entre líderes e liderados? Como se distribui o poder no grupo?

Inovação As atividades do grupo caracterizam-se pela rotina? Como são recebidas idéias novas, sugestões de mudanças nos procedimen-

tos? Até que ponto estimula-se e exercita-se a criatividade no grupo?

A cultura grupal, resultante da interação entre os membros do grupo, reúne os

produtos materiais e não materiais desse processo, tais como: objetos, documentos, obras de arte, conhecimentos, vocabulário próprio, experiências, sentimentos, atitudes, precon-ceitos, valores, normas de conduta, entre outros.

O clima do grupo, por sua vez, tem uma relação circular com os componentes do funcionamento e da cultura grupal, influenciando-os e sendo por eles influenciado cons-tantemente. O clima se refere às “condições atmosféricas” do espaço psicosocial, que afetam os membros do grupo durante o tempo que nele permanecem.

Em qualquer grupo podem ser observadas condições variáveis de calor humano, tensão, movimentos, equilíbrio, restrições, alegrias, insegurança e crises. Estas condições em conjunto formam a “atmosfera” responsável pelo que os membros do grupo sentem ao seu respeito. O clima do grupo pode variar desde sentimentos de bem estar e satisfação até mal estar e insatisfação, passando por gradações de tensão, estresse, entusiasmo, pra-zer, frustração, depressão, entre outros.

A energia mobilizada nos comportamentos individuais pode direcionar-se para re-sultantes ao longo de um contínuo. Este movimento estende-se desde o extremo da divi-são de forças, representada pela individualização de esforços e resultados, até o outro extremo do total dinâmico maior que a soma das parcelas, representado pela sinergia gru-pal. Todos esses fatores concorrem para a qualidade do comportamento ou desempenho grupal num determinado período.

Um grupo tem início, funciona durante algum tempo, modifica-se em sua estrutu-ra e dinâmica e continua modificando-se gradativamente, em maior ou menor grau e ve-locidade, ou fragmenta-se terminando como grupo original e/ou dando origem à outros grupos.

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2.2 Suposto Básico de Bion

A teoria de grupo segundo Bion, considera os seguintes termos: mentalidade gru-pal, cultura grupal, suposições básicas, grupo de trabalho e grupo de suposto básico.

Mentalidade grupal está formada pela opinião, vontade ou desejo unânimes do grupo em um dado momento. Os indivíduos contribuem para ela anônima ou inconscien-temente. A mentalidade grupal pode estar em conflito com os desejos, opiniões ou pen-samento dos indivíduos, produzindo-lhes desconforto, mal estar e outras reações.

A cultura do grupo é a resultante do interjogo entre a mentalidade grupal e os de-sejos do individuo.

Suposições básicas representam estados emocionais que levam o grupo a evitar o aprendizado pela experiência, aprendizado este que exige contato com a realidade e que pode ocasionar dor. Em outras palavras estes estados não são orientados para a realidade externa, mas para a fantasia interna, do tipo onipotente e mágica. Elas são inconscientes e opostas às opiniões conscientes e racionais dos membros que compõem o grupo.

Grupo de trabalho requer de seus membros capacidade de cooperação e esforço que se da por um certo amadurecimento. É um estado mental que implica contato com a realidade, tolerância, frustração e controle de emoções.

Grupo de suposto básico é a mentalidade grupal expressa através de três suposi-ções básicas, descritas a seguir:

• Suposição básica de dependência (sbD)

O objetivo essencial do grupo de dependência é atingir segurança e ter seus mem-bros protegidos por um indivíduo. É a crença de uma divindade protetora cuja bondade, poder, sabedoria não se põe em dúvida.

Quando o líder de tal grupo não satisfaz as expectativas como se espera, o grupo procura líderes alternativos.

• Suposição básica de luta – fuga (sbF)

A suposição é que o grupo se encontrou para se preservar e que isto só pode ser feito lutando contra alguém ou algo.

O objeto mau é externo e a única atividade defensiva diante dele consiste em des-truí-lo (ataque) ou evitá-lo (fuga). A ação é essencial para a luta ou para a fuga. Assim, o líder apropriado para este tipo de grupo é capaz de mobilizar o grupo para o ataque ou conduzir a fuga. Este grupo de suposição básica é “antiintelectual” e hostil à idéia de au-to-estudo.

• Suposição básica de acasalamento ou pareamento (sbA)

A suposição é que o grupo se encontrou para propósitos de reprodução, produzir o Messias, o Salvador. E em termos narrativos, a crença, coletiva e inconsciente, de que quaisquer que sejam os problemas e necessidades atuais do grupo, um fato futuro ou um ser ainda por nascer os resolverão, quer dizer, há esperança de tipo messiânico.

Embora o grupo enfoque o futuro, Bion chama a atenção para o presente, isto é, o sentimento de esperança é evidente no grupo de pareamento mesmo que quando outra evidencia não está clara.

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Figura 1 – Cultura de Grupo (Bion).

2.3 Abordagem do Elemento Humano

A proposta do modelo do elemento humano de Schutz consiste de teoria e méto-dos com o objetivo de aumentar a autopercepção, auto-aceitação e a auto-estima de forma a despertar e trazer a tona o pleno potencial do humano, tanto do indivíduo como dele como membro de um grupo. Para Schutz não há como desenvolver e/ou trabalhar grupos sem desenvolver o elemento humano: “What a wonderful irony. If we want to improve team performance, we must work on individuals” (Schutz, 1994, p. 117).

Os princípios associados ao Modelo Elemento Humano de Schutz são:

• Verdade – no ambiente onde impera a verdade os relacionamentos são simplifica-dos, claros e energizados.

• Escolha – o direito a escolha – meus pensamentos, sentimentos, memórias, saúde, tudo.

• Simplicidade – optar sempre pelo simples.

Atua na: Dependência Luta-fuga Acasalamento

/ Pareamento

Grupo de Trabalho

Grupo dos Supostos Básicos

Desconhecido e Temido – Inconsciente Instinto

CU

LTUR

A D

O G

RU

PO

A função do coordenador é auxiliar o grupo a perceber em qual espaço o grupo está atuando

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• Ilimitado – o ser humano não tem limites no seu potencial. Nosso único limitante são as nossas próprias crenças.

• Holismo – todos os aspectos da pessoa (pensamento, ambiente, sentimentos e o corpo) são inter-relacionados.

• Completude – a efetividade e o prazer são alcançados na conclusão de experiên-cias inacabadas.

• Dimensões – as dimensões básicas do funcionamento humano são a inclusão, con-trole e abertura.

• Auto-estima – todos os comportamentos derivam da auto-estima. Para Schutz é o core de cada pessoa, o centro de onde brota toda a criatividade, motivação e ques-tões de trabalho produtivo. Um grande objetivo para as organizações é otimizar a auto-estima de todos seus funcionários. Nas questões de desenvolvimento do grupo Schutz considera que o entendimento

das dimensões pode nos tornar mais tolerantes com o que acontece com o grupo e tam-bém nos auxilia a lidar de forma mais habilidosa com a evolução dos grupos. Ele agrupa as dimensões como descrito a seguir:

Inclusão No período inicial do desenvolvimento do grupo, a compatibilidade de inclusão é

muito importante. A fase de inclusão tem início na formação do grupo. É o olhar para o grupo e vislumbrar onde o indivíduo se encaixa no grupo. A principal questão dos mem-bros do grupo é “irão prestar atenção em mim ou serei ignorado?” A inclusão é a fase da associação entre as pessoas: o desejo de receber atenção, de ter espaço para interagir e ser único.

O comportamento nesta fase de inclusão é uma função de dois aspectos: racional e defensivo. O aspecto racional representa a preferência pelo contato com os outros e o aspecto defensivo representa a ansiedade em ser incluído, envolve resistência e rigidez. Segundo Schutz, quanto mais saudável for a auto-estima e maior for a autopercepção do membro, maior será o papel exercido pelo aspecto racional.

A base do comportamento de inclusão é o sentimento que acompanha a experiên-cia individual de significância: “Eu me sinto significante quando o outro existe para mim e é importante para mim e vice-versa”.

Controle Uma vez que os aspectos de inclusão estão resolvidos, ao menos temporariamen-

te, as questões de controle ganham relevância: liderança, determinação de procedimentos e medos de tomada de decisão e distribuição do poder. A questão é se o membro está confortável com o quanto de poder, responsabilidade e influência ele tem no grupo.

À medida que as relações começam a se desenvolver, as pessoas almejam diferen-tes papéis (líder, apoiador, brincalhão, oponente, conciliador) e começam as disputas de poder, competição e influência, que passam a ser as questões centrais. Aparecem nesta fase três perfis:

• abdicrata – postura defensiva e abdica do poder, quer uma posição de subordina-

ção, para se isentar de responsabilidades e obrigações. • autocrata – postura defensiva e dominante ao extremo, busca a dominação e a

competição. Tendem a assumir várias tarefas para mostrar a sua capacidade.

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• democrata – para estes, poder e controle não são considerados problemas, sen-tem-se confortáveis dando e recebendo ordens. Estes se sentem competentes e se-guros para confiar nos outros e tomar decisões. Abertura É o grau no qual cada membro está disposto a se abrir ao outro. A abertura varia

no tempo, entre os indivíduos e dentro das relações. É baseada na construção de laços mais profundos, sendo usualmente a última fase que emerge no desenvolvimento das relações dentro do grupo. A abertura, assim como a inclusão, relaciona os aspectos racio-nais e defensivos.

O aspecto racional resulta da preferência por abrir os aspectos da vida pessoal e o defensivo resulta do medo de se abrir e ser rejeitado, não amado. Para Schutz a abertura individual está associada a quanto o indivíduo gosta de si mesmo e da própria companhia, pois se isso é real, ela acreditará que quanto mais o próximo conhecê-la maior é a chance do outro gostar dela.

Nesta fase, tornam-se fundamentais outros princípios de Schutz como a verdade, escolha e auto-estima. Se a verdade pode ser dita e compartilhada, haverá espaço para que cada membro escolha o próprio caminho a ser tomado, criando espaço para aprendi-zagem, mudança e crescimento; caminhos estes que levam ao aumento da auto-estima, por conseqüência com grande possibilidade para a abertura no grupo.

Em síntese, a Inclusão envolve o quanto nós queremos nos encontrar com cada um do grupo, envolve a decisão de continuar ou não no relacionamento. As questões de Controle estão associadas com o grau que confrontamos o outro e o quanto estamos dis-postos a trabalhar a forma de nos relacionar. A medida que o relacionamento continua, a Abertura tem a ver com o grau no qual nos “abraçamos/acolhemos” um ao outro. Para Schutz nenhum dos princípios pode ser visto isoladamente ou de forma seqüencial, eles se intercalam e alternam, formando um todo sistêmico, cujo objetivo é apoiar a compre-ensão e desenvolvimento do Elemento Humano.

Schutz convida todos a explorarem o que acontece quando:

• diminuímos nossas barreiras defensivas e nos comunicamos aberta e honestamen-te um com o outro;

• diminuímos a nossa “culpa” e passamos a reconhecer e conspirar um com o outro para criar/inovar; e,

• diminuímos a autocrítica e permitirmos nos olhar internamente, nos conhecendo e reconhecendo o nosso melhor. Para ele, à medida que percebermos o tremendo poder da verdade, reconhecermos

nossa fantástica capacidade de determinar nossas próprias vidas e vencermos os nossos medos, olhando aberta e honestamente para nós mesmos, nós poderemos alcançar níveis ilimitados de produtividade e satisfação pessoal dentro das organizações, nas relações e com nós mesmos – atingindo a nossa real essência.

Vide quadro resumo no Anexo 2.

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2.4 Teoria de Campo

Teoria de campo é o nome dado à teoria criada por Kurt Lewin. Seu nome deriva da tese básica segundo a qual o comportamento é o produto de um campo de determinan-tes interdependentes, conhecidos como “espaço de vida” ou “espaço social”. As caracte-rísticas estruturais desse campo são representadas por conceitos da topologia e da teoria de conjuntos, e as características dinâmicas são representadas através de conceitos de forças psicológicas e sociais.

Para Kurt Lewin, a Teoria de Campo entende que o ser humano age num mundo de forças (vetores) com cargas (valências) positivas ou negativas. Assim, Lewin usa ter-mos como locomoção, vetor, valência, retrogressão, pouco comuns em outras obras de psicofisiologia. Para Lewin, a percepção de um objeto ou fenômeno pode dar nascimento a uma tensão psicológica (por exemplo, um desejo), ou pode comunicar-se com um esta-do de tensão já existente, de tal modo que esse sistema de tensão assuma com ele o con-trole da conduta motora.

Podemos considerar que a teoria de campo é um método de analisar relações cau-sais e construir teorias científicas, caracterizadas pelos seguintes atributos:

• Utilização de um método de construções, e não de classificações; • Interesse pelos aspetos dinâmicos dos acontecimentos; • Perspectiva psicológica e não física; • Análise iniciada pela situação como um todo; • Distinção entre problemas sistemáticos e históricos; • Representação matemática do campo.

Segundo a teoria de campo, é possível apreciar a ênfase posta por Lewin sobre a

necessidade de substituir em Psicologia, os conceitos de classe (que remetem a essências que determinariam, a priori, a direção e a qualidade dos vetores) por conceitos de campo ou série (construtivos, relacionados a leis). No caso dos conceitos de campo, cada vetor depende da inter-relação de vários fatores, que incluem o objeto – em nosso caso o do indivíduo – e seu ambiente.

Ao definir campo psicológico, Lewin usa a conceituação de um campo de forças que compreende a totalidade dos fatos coexistentes e mutuamente interdependentes. O campo psicológico consiste no espaço de vida considerado dinamicamente. Compreende tanto a pessoa como o meio, sem se esgotar na percepção que o indivíduo tem dele, pois envolve também variáveis não-psicológicas (biológicas, sociais e físicas), que incidem na zona de fronteira.

A Valência para Lewin corresponde às atrações e repulsões de objetos atuando como forças ambientais que guiam a conduta humana. Então essa conduta leva ao sacia-mento ou à resolução da tensão, de modo que haja aproximação de um estado de equilí-brio.

As características principais da teoria de campo de Lewin podem ser assim resu-midas:

• o comportamento é função do campo que existe no momento em que ele ocorre; • a análise começa com a situação como um todo, e da qual são diferenciadas as

partes concretas: (P) Pessoa e M (Meio);

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C = f (P.M) O comportamento (C), é função (f) ou resultado da interação entre a pessoa (P) e

o meio (M) Lewin fala que só os fatos concretos no espaço vital podem produzir efeitos. Fala

também do princípio de contemporaneidade, segundo o qual só os fatos presentes podem criar um comportamento atual. Além das noções de energia (força presente no ser huma-no localizada em algum sistema), devem ser considerados também os conceitos de tensão (estado alterado de uma região com relação a outra região), valência (valor que se dá a necessidade) e vetor (força que pode operar mudança e que possui direção, energia e pon-to de aplicação).

Ao apresentar os principais atributos da teoria de campo, não se pode omitir a im-portância de que se reveste, para Lewin, a distinção entre causalidade histórica e causali-dade sistemática, em suas vinculações como princípio de contemporaneidade do campo. A teoria de campo rejeita não apenas a explicação teleológica, como a explicação pelo passado: os fatos passados, não existindo atualmente, não podem ter influências presen-tes, a não ser de forma indireta. Não há dúvidas de que o campo passado é uma das ori-gens do campo presente – o que justifica a validade das pesquisas históricas.

3 BASE ASTROLÓGICA

O mapa astrológico é a representação gráfica do céu no momento de nascimento de uma pessoa, um grupo, empresa, evento, etc. Neste trabalho o foco do nosso estudo será o mapa astrológico do grupo SP 11, que teve seu início no dia 10 de Outubro de 2003, às 14:00 na cidade de São Paulo.

O mapa de uma pessoa nos indica seus potenciais, suas características inatas, seus desafios e formas de amadurecimento ao longo da vida. Ele funciona como um mapa de vida, que orienta o indivíduo a encontrar seu caminho, a entender os obstáculos a superar e como aproveitar melhor os recursos que já possui para enfrentá-los.

Já o mapa de um grupo representa mais do que a soma dos mapas natais de cada membro do grupo. Tem vida própria e um caminho de desenvolvimento. Como disse Fela Moscovici, temos que considerar o grupo como mais do que a somatória de seus mem-bros. Assim sendo, pode-se dizer que o mapa astrológico do grupo indica características próprias a este grupo, seus recursos (forças impulsoras) e suas limitações (forças restriti-vas); indica também os desafios a serem vencidos e os possíveis caminhos de amadure-cimento. Finalmente, pode-se dizer que ele indica pontos específicos ao grupo que, ob-servados pelos coordenadores e/ou pelos membros do grupo, podem acelerar o entendi-mento do funcionamento do grupo nas diversas esferas de sua atuação.

O mapa natal não deve ser entendido como algo fatalista ou determinista. Muito menos deve servir de desculpa para justificar o comportamento do grupo. Não deve exer-cer o papel de bode expiatório, mas pelo contrário, pode ser utilizado como uma ferra-menta na identificação de comportamentos, tensões e dificuldades. Ao identificá-las e trazê-las para a consciência do grupo, é possível trabalhar com as mesmas e minimizar a ocorrência de mecanismos de fuga, de defesa e de controle, observados com freqüência nos grupos.

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3.1 Os Atores do Mapa

Por ser a leitura de um mapa sistêmica e complexa, para efeito didáticos iremos fazer simplificações ao longo deste trabalho. Entretanto, é importante que se tenha um conhecimento mínimo de como funciona a relação entre o trinômio planetas-signos-casas, que são a base de sustentação de um mapa astrológico.

A astrologia usa os planetas como planos de energia e forças propulsoras que existem dentro de nós. Para entender melhor este funcionamento, podemos fazer uma analogia com uma peça de teatro. Neste contexto, pode-se dizer que o planeta é o ator; o signo é o papel por ele representado, e a casa astrológica, o cenário onde ele está atuando. Vejamos um exemplo: o planeta marte é o responsável pela energia de ação e iniciativa. Ele é o guerreiro. Se estiver no signo de Câncer, será um guerreiro menos agressivo, mais preocupado com o ambiente à sua volta do que somente com a sua vontade. E finalmente, suponhamos que este marte esteja na casa 3, a casa da comunicação, do aprendizado, do estudo básico. Neste cenário ele irá atuar, ou seja, será neste campo de atuação que a energia de iniciativa e de competição irá aparecer mais fortemente.

Vale ressaltar que os planetas não atuam sozinhos. Eles recebem influências de outros planetas. Estas influências são representadas no mapa astrológico pelos aspectos: trígono, sêxtil, quadratura, oposição e conjunção. Tais aspectos podem facilitar ou difi-cultar a expressão deste papel vivido pelo planeta. Normalmente as quadraturas e oposi-ções são tensões e conflitos internos que geram dificuldades. O trígono e o sêxtil são li-gações favoráveis, que denotam potenciais e caminhos facilitadores. E finalmente, as conjunções são neutras e seu potencial positivo ou tenso depende da natureza dos plane-tas em questão.

Os Anexos 3 e 4 exibem as tabelas que resumem o significado dos planetas e das casas, respectivamente.

Para que fosse possível realizar uma análise do mapa frente às vivências do grupo, fez-se necessário eleger alguns pontos a serem trabalhados e analisados. O mapa astroló-gico apresenta infinitas características de personalidade e comportamento, expressas nas diversas esferas de atuação – comunicação, expressão afetiva, relacionamentos, aspectos de grupo, aspectos inconscientes, medos, valores, filosofia e crenças, entre outros. Neste trabalho não pretendemos esgotar todos estes aspectos, mas sim selecionar aqueles que nos permitem fazer as correlações entre as teorias da Dinâmica dos Grupos com as vivên-cias e o movimento do grupo SP11.

Os temas presentes no mapa escolhidos para nossa análise foram:

• Temperamento – Indica o canal de expressão mais fácil para o funcionamento do grupo. Ele é identificado a partir da distribuição dos planetas nos tipos de signos – fogo, ar, água e terra. A concentração dominante em um dos elementos indica qual o temperamento do grupo, ou seja, sua função predominante. Vale ressaltar que o temperamento é o padrão básico, mas não é o único canal existente. É ape-nas uma simplificação para começar a entender a complexidade natural de todo e qualquer grupo.

• Personalidade – formada por quatro pontos básicos do mapa astrológico. São os quatro pontos mais importantes na análise de um grupo e revela muito sobre seu funcionamento:

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♦ Sol: essência do grupo, seu propósito principal, o potencial de crescimento e realização. O sol, quando realizado, é o astro com maior capacidade de gerar a sensação de plenitude e felicidade.

♦ Lua: aspectos emocionais, reações instintivas e mecanismos de defesa, história e passado, primeiras experiências.

♦ Ascendente: comportamento aparente, “máscara” usada pelo grupo para ser visto, atitudes visíveis.

♦ Meio do Céu: objetivos do grupo, para onde se deseja caminhar, rumo, conceito de sucesso.

• Comunicação e Aprendizado – identificados principalmente pelo planeta Mercú-rio e pelas casas 3 e 9.

• Expressão Afetiva e Relacionamentos – observados pelo planeta Vênus, pela casa 5 e pelo eixo dos relacionamentos (casas 1 e 7).

3.2 Temperamento

Leitura do Mapa – Temperamento AR O temperamento é a forma mais básica do grupo se manifestar. Representa o ca-

nal, a freqüência e o ritmo em que ele vive com mais naturalidade. Um temperamento AR representa a importância do PENSAR. Ele entende o mun-

do, as pessoas, as relações e até os sentimentos através da lógica, da racionalização, do pensamento. Tende a ser muito abstrato e aéreo; está sempre em busca de conceitos e novas idéias; em princípio, não tem preconceitos com relação à inovação e à criatividade intelectual.

Uma outra faceta é a tônica dos RELACIONAMENTOS, onde, o “outro” é im-portante e a sua opinião é levada em conta. Há uma preocupação em não desagradar, em ser “político” e em resolver os conflitos através da negociação e das trocas. As relações aqui são importantes porque o grupo aprende através da troca, da vivência com outras pessoas.

Palavra-chave = RAZÃO

SBDG – Caderno 83 De que maneiras a astrologia contribui na leitura... 15

Leitura no Grupo – Levantamento de Hipóteses A seguir, levantamos algumas atividades ou vivências do grupo que representam a

descrição do temperamento acima:

Atividade Fato Hipótese 13/Dez/2003 Auto-Percepção do Grupo: “qual a sua característica predominante: Pensar, Sentir ou Agir”?

Cada pessoa fez a sua escolha indivi-dual. Os resultados individuais foram validados pelo grupo, que chegou atra-vés do consenso na distribuição final: Grupo do “Pensar” – 10 pessoas Grupo do “Sentir” – 7 pessoas Grupo do “Agir” – 5 pessoas

H1: O grupo percebe que sua função predominante é o pen-samento.

Coordenações do Segundo módulo (maio/2004)

Os coordenadores começam a sinalizar a importância de não deixar os conteú-dos importantes para os 15 minutos finais.

H2: O grupo, através da disper-são, da racionalização e das justificativas, foge, pois não “quer entrar” em contato com os seus sentimentos, incômo-dos do momento e/ou outras questões que necessitam ser trabalhadas.

13/Dez/2003 Qual o papel que eu mais exercito do grupo? – o quanto permito tramitar/circular nos papéis.

A partir das forças restritivas e impulso-ras identificadas nas pessoas, houve a dificuldade em dar e receber feedback. Na maior parte das vezes, os mesmos vinham acompanhados de uma longa justificativa e ou elogios rasgados, como forma de compensação. Devido a esta dificuldade acima citada, surgiu uma nova atividade que solicitava a identifi-cação da circulação ou cristalização de papéis.

Evitando conflito e permane-cendo na zona de conforto, consigo: H3: Consigo garantir meu espaço no grupo. H4: Posso manter um “bom” nível de relacionamento.

Aqui cabe ressaltar a importância das forças da Teoria do Campo de Lewin (vide

2.4). Pode-se dizer, pela astrologia, que a função pensamento é predominante neste gru-po. O uso da razão é algo natural e até fácil para ele. Entretanto, se considerarmos esta função no contexto de todo o campo de forças do grupo, ela pode, em alguns momentos, se tornar uma força restritiva, que emperra e atrapalha o grupo a: amadurecer, trazer con-teúdos para a consciência e realizar análises mais profundas. Observamos isto em inúme-ras situações, quando o grupo deixou os conteúdos importantes, que realmente precisa-vam ser trabalhados, para os 15 minutos finais. Este é um exemplo claro do uso negativo deste potencial, o que não impede que o grupo o utilize, em outros momentos, como força impulsiva.

O aspecto do relacionamento, também característica do elemento AR, é explorado no tópico abaixo – Personalidade – item 3.2.1.

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3.3 Personalidade

A personalidade do grupo pode ser definida ao analisarmos quatro pontos princi-pais do seu mapa natal: Sol, Lua, Ascendente e Meio do Céu. Com base nestas quatro “funções” básicas podemos observar a base dos comportamentos e da estrutura de fun-cionamento do grupo, como descrito a seguir.

3.3.1 A Essência do Grupo – o Sol

O Sol, astro mais importante, o centro ao redor do qual giram os demais planetas. Ocupa posição dominante em um mapa, é um centro de consciência, o centro de luz, for-ça e energia.

Leitura no Mapa – Sol em Libra na casa 9 Aspectos do Sol: Oposição à Lua, Quadratura com Saturno, Sêxtil com Plutão

O Sol é o caminho para a realização do grupo, o que ele é de fato, como ele sente a vida e expressa sua personalidade e individualidade.

O Sol em libra é diplomático e harmônico. O caminho para sua realização se dá através dos relacionamentos, do equilíbrio, da harmonia e negociação entre os participan-tes. Ele sente a vida através da troca, do contato com as pessoas e se expressa através destas relações de forma diplomática. Vivido de forma positiva, ele considera a opinião do próximo, ponderando e avaliando antes de decidir. Porém, quando vivido de forma negativa, pode ficar “em cima do muro”, se deixar influenciar e não decidir nem agir de acordo com sua vontade; pode criar relações de co-dependência com os outros, chegando ao extremo de perda de sua identidade.

O desafio do sol em libra é encontrar a sua identidade através das relações que es-tabelece, mas não deixar de ser quem ele realmente é em função delas.

A casa onde ele se encontra, representa onde o grupo quer brilhar e ser reconheci-do, e também o lugar onde ele deixará sua marca por meio da expressão criativa e utiliza-ção da sua vontade.

O sol do grupo está na casa 9, ou seja, na casa dos saberes, da filosofia, dos estu-dos especializados e profundos, da ciência, dos sonhos e visões, das culturas estrangeiras, do comércio exterior. Fala das lições que aprendemos na vida. Assim, o grupo aprende, se realiza e encontra seu brilho e seu reconhecimento ao se aprofundar nos estudos das relações, no entendimento fundamentado das coisas. Para ele, a ética e os valores são muito importantes. Entender outras culturas, idéias e filosofias é um veículo que reforça sua identidade, que estimula seu conhecimento.

Os aspectos recebidos pelo sol são campos de energia que facilitam ou dificultam a sua expressão. O aspecto de Saturno é um limitador no que diz respeito a expressão afetiva, como veremos abaixo.

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Leitura no Grupo – Levantamento de Hipóteses Atividade / Movimento

Fato Hipótese

06/02/2004 Sessão de feedback – foram formados dois sub-grupos. Ambos tinham a tarefa de avaliar os membros do outro sub-grupo e dar a devolutiva individualmente.

Desconforto de alguns em ouvir feedback, e frustração de outros por não receber feedback mais profundos.

H.5: Dificuldade em dar feedback verdadeiros, principalmente os negativos, que pode estar asso-ciada à necessidade de ser “polí-tico”, de agradar a todos para ser aceito no grupo. Medo da rejeição.

1º Módulo – Outubro de 2003 a Abril de 2004

Grupo desde o primeiro encontro sente falta da teoria, da explicação metodológica, de realizar ativida-des mais direcionadas. Ainda ape-gado ao modelo de “sala de aula”, com expectativas do coordenador assumir o papel de “professor”. Feedback aos coordenadores no encontro de encerramento do pri-meiro módulo

H6: Necessidade do grupo de ter conhecimento teórico estrutura-do. H7: Espera que isso venha de al-guém (dependência)

Analisando a hipótese H6 desta tabela o fato foi um marco de evolução no grupo.

Pode-se arriscar dizer que o grupo saiu da fase de inclusão (vide Schutz, 2.3) neste en-contro, ou pelo menos, tirou o foco desta etapa. Para algumas pessoas foi muito difícil explorar o lado negativo do feedback. As pessoas do grupo ainda estavam se conhecendo e precisavam de apoio, se sentir parte, e serem aceitas. Somando esta fase de inclusão vivida pelo grupo com a sua natureza de libra, da necessidade do social, do equilíbrio, da valorização da harmonia e do consenso, pode-se afirmar que uma grande barreira foi ven-cida ao realizar esta sessão de feedback.

Aqui vale ressaltar alguns aspectos que dificultam a expressão positiva e cons-ciente desta identidade. Em alguns momentos o grupo pode reforçar negativamente a sua dependência em relação às outras pessoas e às opiniões alheias. De alguma maneira, há uma sensação de limitação e restrição que impede o grupo de ser original, autêntico. Pode ser o excesso de cobrança pela perfeição, pelo acerto, por ser o melhor, para receber a recompensa necessária. Pode ser a insegurança de ser “rejeitado” afetivamente pelos ou-tros ao expressar sua vontade. Pode ser alguma figura de autoridade que esteja dentro ou fora do grupo, que exerça o papel de “cobrador”, ou seja, do “pai” que chama o filho para a responsabilidade.

A questão da rejeição é um ponto forte no grupo, no que diz respeito à sua insegu-rança. A expressão livre do afeto e do carinho, o cuidar, o lado “maternal” do grupo, o contato e o toque são assuntos delicados e importantes para o amadurecimento do grupo. Há uma necessidade em aprender a fazer tudo isso, que vem acompanhada de medo e insegurança. Aprender a expressar seus sentimentos livremente, a se entregar, a vivenciar o toque e o emocional dentro do grupo é um desafio a seguir, um aprendizado do grupo rumo à sua maturidade. Aqui não adianta ser somente cordial e simpático, é preciso aprender a ser afetivo.

Já a hipótese H7 nos remete os suposto básico da dependência de Bion (vide 2.2). Pela sua natureza, o grupo apresenta um desejo de aprofundar seus conhecimentos, de

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fundamentar as teorias e ampliar seus saberes. Porém isto ainda não é vivenciado pelo grupo em sua plenitude. Como esta é uma questão forte para o grupo, de um desejo ainda não realizado, ele espera que isto venha “pronto”, que seja oferecido por alguma “divin-dade”, no caso, os coordenadores. Aí se estabelece uma relação de dependência entre o grupo e a figura da coordenação, que na fantasia do grupo os levará para o caminho da realização, no que diz respeito aos aprendizados teóricos.

Novamente, aqui encontramos o desejo pelo conhecimento, pelos estudos e pela razão como forma de expressão criativa da sua identidade.

3.3.2 Reações Emocionais – A Lua

Leitura no Mapa – Lua em Áries na casa 3 Aspectos da Lua: Oposição ao Sol, Sêxtil com Ascendente, Trígono com Plutão

A lua no mapa natal representa nossas necessidades emocionais, indica como de-senvolvemos nossos mecanismos de defesa e reações emocionais às situações externas. Ela indica o que o grupo precisa para se sentir seguro emocionalmente. Neste caso, a lua está em Áries, ou seja, suas reações emocionais tendem a ser explosivas, intensas e ins-tintivas, mesmo que não sejam explícitas. Normalmente, reage ao meio quando sente que sua identidade e/ou liberdade são ameaçadas. Há necessidade de se sentir em movimento, de competição, de novidades, iniciar coisas, e viver um ritmo dinâmico. Não espera, já quer logo atuar. Toda vez que isto é posto em xeque suas reações emocionais aparecem, normalmente de forma instintiva e até agressiva. Muitas vezes, o “querer fazer algo” para não ficar parado é uma defesa do grupo. A “não ação” o ameaça. Quando vivida de forma positiva, a lua em Áries possibilita crescimento, iniciativa, movimento, ousadia, pionei-rismo, competição saudável, coragem e tomada de decisões com prontidão. Porém, vivida de forma primitiva, leva à arrogância, ao domínio e disputa pelo poder, ao egoísmo cego, à violência, agressividade e intolerância.

O local onde a lua se encontra representa a área onde o grupo sente segurança e está sujeito às instabilidades. A lua em Áries está na casa 3, a casa da comunicação, dos estudos básicos, do meio ambiente mais próximo.

Sol e Lua no mapa de um grupo representam suas energias mais fortes, os pontos de sustentação, as energias dominantes. Vale ressaltar a oposição entre estes dois plane-tas. Uma oposição significa um desafio constante, indica onde é necessário fazer acordos para que se possa vivenciar bem uma situação. É um aspecto que tende a ser passivo e se o grupo não encarar o problema como tal, sempre o terá como um incômodo. Normal-mente o que acontece nestes casos é a oscilação entre um pólo e outro.

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Leitura no Grupo – Levantamento de Hipóteses Atividade Fato Hipótese Atividades do grupo que demonstram reação emocional com agressividade e espontaneidade.

Momentos de tensão, feedback ou reações instintivas a incômodos observados. – feedback “agressivo” e direto de um membro do grupo para outros dois (Encontro 15/10/2004); – reação de um membro do grupo tido com “calado” a outro, que o acusou de não ter participado com sua opinião até aquele encontro desde o início do grupo (Encontro 05/11/2004); – Discussão entre coordenação e um membro do grupo, que quase resultou na sua saída do grupo definitivamente. (Encontro 05/11/2004).

H8: O grupo tende a ser bonzinho até o momento em que é ameaçado, provocado ou cobrado. H9. Quando sente que precisa ser autêntico e expressar sua opinião individual e isto não é “respeitado”, reage de forma instintiva, com silêncio agressivo, falas ríspidas e atitudes invasivas.

10/10/2003 1ª Atividade do Grupo – TAVISTOCK

Grupo a todo momento ficava in-ventando coisas para ocupar o tempo. Sensação de desconforto com os silêncios, com o “não saber o que fazer”, e com a “omissão” dos coordenadores.

H10: Desconforto do grupo vem da ne-cessidade de estar atuando, fa-zendo algo, qualquer coisa. A rea-ção emocional a esta ameaça é a atitude (propor várias atividades), ou a agressão (brincadeiras irôni-cas com os coordenadores).

13/08/2004 Exclusão de um membro do grupo.

Votação para a exclusão de um dos membros do grupo que faltava com freqüência e pouco se expunha.

Este membro representava a falta de entrega e intimidade, o não comprometimento com o coletivo. H11: Autopreservação do grupo. H12: Eliminar aquilo que o grupo não quer ser.

19 / 09/ 2004 Atividade de competição para estourar os balões dos outros.

Grupo se permitiu entrar na brinca-deira e se divertir. Competição “saudável”. Contato com o lado lúdico e natural sem se preocupar com conteúdos teóricos, formas e explicações.

H13: Momento marcante em que o gru-po começa a vivenciar a sua “lua” de forma positiva: Movimento.

As emoções e reações do grupo se manifestam principalmente através da comuni-

cação e da fala, e não necessariamente da “disputa física”. O grupo se sente seguro quan-do lida com conhecimentos básicos, quando está no seu “meio conhecido”. Tem certa facilidade para se adaptar a diferentes situações, desde que isto não ameace a sua identi-dade. Há uma certa instabilidade e oscilação na forma de expressar suas emoções, de se comunicar com as outras pessoas.

Uma hora o grupo vive uma ponta e outra hora vive a outra, sem nunca chegar a um acordo ou meio-termo. Neste caso, as duas energias mais fortes do grupo estão em oposição – o sol e a lua – representando a polaridade entre o masculino e o feminino, entre a individualidade e a parceria, entre o passivo e o ativo. E o curioso é que esta dua-

SBDG – Caderno 83 De que maneiras a astrologia contribui na leitura... 20

lidade acontece no eixo do conhecimento (casas 3 e 9 – vide quadro 4). É aqui, na área do saber, que este dilema acontece.

A questão da fala e da comunicação é um fator de extrema importância para este grupo. Falar, saber das coisas, ter as informações que “se deseja”, “na hora que se dese-ja”, é um fator de segurança para o grupo. Quando isto é ameaçado, o grupo reage, entra em seus mecanismos de defesa, que podem ser manifestados pela lua em Áries (agressi-vidade, brigas, disputas, silêncio “vingativo”) ou pela racionalização do pólo oposto, o sol em libra!

3.3.3 Comportamento Visível – Ascendente

Leitura no Mapa – Ascendente em Aquário Aspectos: Conjunção com Urano, Sêxtil com Plutão, Sêxtil com Lua, Trígono com Sol

O Ascendente representa a nossa imagem, a forma como queremos ser vistos e como as pessoas nos vêem. O Aquário é o signo da comunidade e dos grupos. Passa uma imagem de grupo, de união, de vanguarda, modernidade, de ser alternativo e independen-te. Ao mesmo tempo, lógico e racional; preza suas idéias e não gosta de mudá-las, pois as considera muito boas, às vezes melhores que as demais. Por isso tende a defender seu ponto de vista e pode ser até radical. É muito dinâmico e agitado. Tem muita energia mental. Como recebe aspectos do sol e da lua, sua imagem também reflete muito clara-mente a dualidade entre o instinto e o social, descrita anteriormente. Em alguns momen-tos mostra o seu lado negociador, social, político e racional, em outros, mostra mais seu instinto, suas emoções intensas e individualistas.

Aquário fala de rompimentos com a busca de uma nova ordem. Revolucionários e com ações extremadas.

Leitura no Grupo – Levantamento de Hipóteses Atividade Fatos Hipótese Característica do grupo observada durante toda a formação: Dualidade e Polaridade

– O grupo dos que falam e o grupo dos que não falam; preferência por atividades racionais e emocionais; o gostar e o não gostar das atividades; ação e omissão.

H14: Dificuldade do grupo em encon-trar o caminho do “meio”, do equi-líbrio, de dar espaço para as dife-renças. Esta dualidade foi mais marcante no início da formação e a polaridade esteve presente durante toda a formação.

10/12/2004 Inicio das co-coordenações e propostas de atividades que proporcionavam a percepção de possibilidades não só polares.

O grupo fala sobre si, vivencia as dualidades e há menos cristalização de papéis.

H15: Circular nos papéis deixou de ser uma ameaça. H16: A “demora” na permissão do gru-po em viver a Abertura.

Aquário é um signo fixo o que significa dificuldade em ser flexível e continuar os

processos de mudanças. Cria um ideal e fica “congelado” nele. (Vide H16).

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3.3.4 Objetivos de Vida – Meio do Céu

Leitura no Mapa – Meio do Céu em Escorpião Assim como a casa 4 representa o nosso passado e a nossa origem (vide quadro

4), o Meio do Céu, que abre a casa 10, significa nosso futuro, o caminho que desejamos seguir, nosso objetivo de vida e realização. Analisadas em conjunto, as duas casas repre-sentam a estrutura do indivíduo – sua origem e seu rumo/futuro.

O signo de Escorpião fala de transformação. Deseja se aprofundar em seus conhe-cimentos e no entendimento do elemento humano. Busca a compreensão de como as pes-soas funcionam na sua complexidade, e principalmente nos aspectos psicológicos. Obser-va, analisa, procura as respostas que estão implícitas. É investigador nato, um estrategis-ta. Tem um tom de mistério e sedução. Por conhecer as pessoas e seus “pontos fracos” pode se tornar manipulador. Mas se usado positivamente, seu potencial transforma, reno-va, quebra padrões que já não servem mais. É um signo de intensidade. Tudo que é feito por ele é profundo, intenso e verdadeiro. Seu dilema é a entrega ou o controle. Quanto mais tenta controlar, mais difícil será sua transformação e renovação.

Assim levantamos a seguinte hipótese: o meio do céu em escorpião indica que es-te grupo se identifica com as questões do inconsciente, do humano e de suas transforma-ções. Seu papel social é transformar, romper paradigmas, se aprofundar naquilo que estu-da, renovar, reciclar, entender os aspectos humanos. É assim que ele deseja ser reconhe-cido, admirado, elogiado e respeitado. A renovação e a transformação, entretanto, passam por perdas, por mortes, rompimentos e renascimentos. E para este grupo, o sucesso signi-fica também vivenciar estes processos.

3.4 Comunicação e Aprendizado

Leitura no Mapa – Mercúrio em Libra na casa 8 Aspectos: Trígono com Netuno

Mercúrio representa a comunicação, como o grupo se expressa, se comunica, co-mo ele aprende e ensina, e quais são suas áreas de interesse e estudos.

O mercúrio do grupo está no signo de libra, reforçando todas as características do sol, também em libra. É fácil para este grupo trocar, socializar e usar o canal da razão. É assim que ele aprende, especialmente quando o assunto é racional e envolve o lado social. Um aspecto interessante é a posição do planeta mercúrio no mapa. Ele está na casa 8, a casa do inconsciente, do subjetivo, do sexo e da morte. Assim, pode-se afirmar que a co-municação do grupo também acontece nesta esfera. É comum que se fale sobre isto.

Um outro ponto que esta posição favorece, é o entendimento de assuntos nem sempre lógicos e concretos. Há certa facilidade para compreensão de assuntos subjetivos, de entender o subliminar, seja do grupo seja de seus membros. Entretanto, em alguns momentos, o conflito entre o lado lógico e racional e o lado sensível e abstrato pode en-trar em tensão.

O grupo tem interesse por assuntos do inconsciente, da mente humana, do funcio-namento das pessoas e da sociedade, por temas profundos e/ou ligados à transformação do ser humano.

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Uma hipótese que se levanta é que o grupo percebe e entende aspectos incons-cientes e subjetivos, mas nem sempre consegue trazê-los para a razão e explicação con-creta.

3.5 Expressão Afetiva e Relacionamentos

Leitura do Mapa – Vênus em escorpião na casa 9 Aspectos: – trígono Marte, trígono Urano

Vênus fala de como o grupo vive o seu lado social, o prazer, o feminino e como o grupo expressa seu afeto. Vênus está no signo de escorpião, um signo de intensidade, de entrega, de vínculo, porém, de receio e de controle. Com relação ao prazer, ao toque e ao afeto, vale ressaltar sua importância para este grupo. Ele precisa de afeto e que isto seja vivido de forma intensa e profunda. É erótico e sensual na sua expressão. Apresenta dese-jos ocultos, mistérios e tem medo de rejeição. Há medo de muito envolvimento e perda de controle e por isso oscila entre amor e ódio, entrega e controle.

Um dos canais para expressar o afeto vivido pelo grupo é o estudo, o aprendizado, a evolução em termos de conhecimento e de trocas sociais. Isto reforça todas as questões de sua personalidade já vistas anteriormente. Isto acontece, pois o planeta Vênus está na casa 9, a área do saber e do conhecimento. Ou seja, este grupo sente prazer e alegria em estudar, em se aprofundar nos assuntos, em fundamentar seu conhecimento e em se rela-cionar.

Outro ponto que reforça como funciona a expressão do afetivo neste grupo é a ca-sa 5, Esta casa, por natureza, fala da expressão dos nossos afetos. Para este grupo, o ca-minho mais fácil de expressar o que “sente” é através da “razão”. O toque e o contato físico não são tão comuns. Há medo e insegurança impedindo que isto aconteça. Há con-teúdos inconscientes, medo de perdas e rompimentos que dificultam este tipo de expres-são. Um dos caminhos de evolução do grupo é superar estas barreiras. Não será da natu-reza deste grupo a expressão constante, livre e intensa de afeto no sentido de toque, do sensorial, mas é importante que ele o faça, para seu amadurecimento, mesmo que seja de forma mais racional.

Leitura no Grupo – Levantamento de Hipóteses Atividade Fato Hipótese Característica do grupo observada durante o primeiro e segundo módulo. 05/11/2004 O que sinto em relação ao grupo e eu no grupo

– No início do grupo não havia qua-se nenhuma proposta de atividades que estimulassem o sensorial, o lúdico, o toque e a expressão do afeto. – reação explosiva de dois mem-bros do grupo frente a um feedback provocativo: “em 13 encontros vo-cês não se colocaram em nada/não tem opinião”.

H17: No início do grupo não havia inti-midade suficiente e durante o se-gundo módulo, havia muito contro-le. H18: Muitas vezes o afeto é demonstra-do por impulso, de forma explosiva e intensa. É como se o grupo fosse uma panela de pressão, que vai controlando, controlando e contro-lando, até que chega algum estí-mulo que faz com que esta energia contida se liberte.

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No início do grupo não havia muito espaço para atividades que estimulassem o toque, o sensorial, a expressão não verbal do afeto. Uma das hipóteses que levantamos é que o grupo ainda se encontrava na fase de inclusão, onde é preciso ser aceito pelo grupo e a intimidade pode ser ameaçadora, pode revelar coisas pessoais não tão agradáveis, o que corresponde a um risco dentro deste contexto. Levando-se em consideração os dados fornecidos pelo mapa astral de que o grupo não tem, na sua natureza, facilidade para en-trar neste canal cinestésico de expressão, esta fase ficou ainda mais forte. Após esta fase, o grupo entra na fase do controle. Somente quando o grupo chega na fase de abertura é que estes estímulos são recebidos com mais naturalidade e explorados mais intensamente pelo grupo. Isto foi observado principalmente após a metade do segundo módulo (vide Schutz 2.3).

3.6 Amadurecimento do Grupo

Normalmente, no mapa de uma pessoa, analisamos sua evolução e amadureci-mento através de duas etapas. A primeira delas, representada pelo ascendente e pela lua, indica os primeiros comportamentos da pessoa, os modelos que ela aprendeu no meio próximo, seu passado (origem/família) e como formou sua base emocional. Esta “heran-ça”, nos acompanha por muitos anos, mas o real desenvolvimento se dá quando conse-guimos viver nossa essência (o Sol) com consciência. A energia do SOL representa o que devemos buscar para nos sentirmos plenos. Muitas vezes, vivemos o sol, atuamos naque-la energia, mas sem consciência. Um sol “maduro” tem a consciência de quem ele é e atua na total plenitude desta energia. Uma pessoa leva muitos anos até que consiga atingir esta segunda fase. No caso do grupo, com um tempo de vida muito curto, não se pode garantir a veracidade desta afirmação.

O desafio deste grupo, em termos de desenvolvimento, será o de ir de um conhe-cimento mais básico e primário (que fornece a base) para um nível de aprofundamento, de questionamento, de buscar respostas fundamentadas. Existe uma zona de conforto no conhecimento “básico”, e por isso é necessário buscar sempre o “por quê” das coisas, o fundamento e a análise profunda. A razão e a lógica pautam as duas fases, mas na primei-ra o conhecimento é mais disperso, mais superficial, e na segunda fase, deve ser mais profundo e ter o caráter de pesquisa e investigação.

Um dos grandes dilemas do grupo é: ser eu mesmo e respeitar minha identidade, minhas idéias, ou ser político e fazer o que os outros querem para agradá-los e receber o afeto deles? Na primeira fase do grupo, onde se vive mais intensamente a Lua e o Ascen-dente, a questão da identidade, de ser autêntico e de estar em movimento, atuando, fazen-do algo, mesmo sem questionar o “por quê” é mais forte. Há também nesta fase uma pre-dominância do “não envolvimento”. É preciso preservar o espaço da individualidade e por isso não há vínculo ou entrega. O caráter “defensivo” é maior e há muito espaço para a razão. Na segunda fase, em que se vive mais conscientemente seu sol em libra e o meio do céu em escorpião, já aparece uma necessidade de intimidade, de estabelecer relações mais duradouras e com profundidade.

A questão do poder pode ser uma força propulsora dentro deste contexto. Num primeiro momento de vida do grupo esta busca de poder/conhecimento é algo mais indi-vidualista, relacionado aos projetos futuros individuais embora a imagem que o grupo passe seja de interesse coletivo (aspectos observados no grande sêxtil: lua-ascendente-

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plutão). Num segundo momento, a busca pelo poder ganha novo enfoque; aqui já é ne-cessário fundamentar o conhecimento para se obter poder de fato, mas agora no âmbito grupal; as relações se tornam mais importantes que o “eu” e o sentido de fraternidade do ascendente em aquário ganha verdadeira força (aspectos observados no grande sêxtil: ascendente-plutão-sol).

Leitura no Grupo – Levantamento de Hipóteses Atividade Fato Hipótese 13/Dez/2003 Identificar as forças restritivas e impulsoras do grupo.

Foram colocados papéis com estas forças no chão, em dois blocos: restritivas e impulsoras: Forças Restritivas: Falta de con-fiança, dar a abertura para falar, medos e pouco aprofundamento em alguns assuntos. Forças Impulsoras: Vontade de crescer e aprender; espaço para diferenças, alegria e humor.

H19: Forças restritivas são na verdade as tensões e os incômodos que fize-ram o grupo se movimentar durante toda a sua existência e reagir em busca de modificações destas for-ças. H20: Ao longo dos encontros, algumas destas forças restritivas foram se transformando em forças impulso-ras.

Característica do grupo observada durante o terceiro módulo.

Um dos membros comenta que não quer dormir no sítio durante o encontro de encerramento e o grupo “aceita” sem julgamento ou crítica. 28/04/2005 Alguns membros do grupo passam a comentar sobre seu “lado es-curo”. 19/03/2005

H21: Desejo de conhecimento que impli-ca em auto-conhecimento e auto-aceitação põe o grupo em movimen-to. O grupo opta pela experimenta-ção da fase de abertura. (Vide 2.3)

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O mapa astrológico pode significar muitas coisas. Segundo Liz Green, ele é um mapa da psique do indivíduo, um modelo de energias e comportamentos que o compõe. Ele representa o potencial do indivíduo. A palavra-chave é “potencial”. É como uma se-mente. Ela já contém dentro de si o ciclo completo de evolução que potencialmente vai gerar uma árvore: semente, muda, planta, árvore, flor, fruta e semente. Todavia, muita coisa pode acontecer com esta semente até que ela complete seu ciclo, e por isso a impor-tância da palavra “potencial”. Se eu ficar com esta semente na palma da minha mão, ela não irá crescer e nem completar seu ciclo. Mas se ela for plantada, nutrida e cuidada, po-de gerar uma árvore frondosa, que pode ou não, gerar frutos. E aí entra o livre-arbítrio e a opção de escolha (vide Schutz 2.3). Somos todos contemplados com nossos potenciais, mas o que fazemos com eles, é decisão nossa.

No caso de um grupo, o mapa natal nos indica seu potencial, sua natureza, seus valores, crenças, desejos inconscientes, limitações, forma de comunicação, expressão de afeto, relacionamentos, etc. Pode-se fazer uma analogia destas dimensões com o que Fela Moscovici chama de Cultura do Grupo – conjunto de características que influenciam e determinam o funcionamento e desenvolvimento dos grupos. Mas afinal, para que nos serve conhecer todos estes elementos através do mapa natal de um grupo?

SBDG – Caderno 83 De que maneiras a astrologia contribui na leitura... 25

Em primeiro lugar, ele pode ser uma ferramenta de apoio e orientação para os co-ordenadores. Ele pode sinalizar e indicar uma série de aspectos do grupo, que irão facili-tar a condução do mesmo. Ele nos ajuda a formular hipóteses sobre as seguintes questões: padrões que o grupo tende a formar; onde estão pautados seus valores; o que é necessário desenvolver; quais são seus pontos de limitação; quais são seus canais de comunicação mais evidentes; qual o grau de individualidade e de cooperação existente; onde estão os principais pontos de tensão; quais são os mecanismos de defesa mais comuns; as reações emocionais e a expressão do afeto e da emoção, e principalmente, alerta para os desafios do grupo e seu potencial de realização.

O conhecimento prévio destas questões permite ao coordenador atuar de forma mais orientada. Não deve ser usado como um limitador, que diminui as possibilidades do grupo e/ou do coordenador, mas pelo contrário, deve ser mais uma ferramenta para levan-tar hipóteses. O coordenador precisa respeitar o ritmo e as necessidades do grupo sem impor sua vontade ou sua visão. Neste contexto, a análise do mapa funcionaria como uma “bússola” que pode orientar o coordenador nos momentos de escolher caminhos a seguir com o grupo, nas técnicas propostas, na forma de interagir com as pessoas e nas sinaliza-ções que deve e pode fazer para auxiliar o crescimento do grupo.

O resultado que obtivemos com a análise do grupo SP 11 nos mostrou que existe correlação entre o potencial observado no mapa, os fatos vivenciados pelo grupo e a for-mulação de hipóteses.

Entretanto, é preciso frisar que este trabalho não pretende esgotar o assunto, mas sim abrir as possibilidades de novos estudos de caso, de novas experiências. Para que se desenvolva um modelo mais estruturado ou um padrão de leitura de mapa para grupos é preciso estudar outros cenários, fazer mais testes e ampliar o escopo de estudo.

“Considerando a hipótese de que o Grupo SP11 tivesse continuidade”, para que ele mantivesse seu processo de amadurecimento seria importante que ele se deixasse le-var também pelo seu lado sensível, não ficando tão preso ao seu lado racional. Isto ficou muito visível nos últimos encontros do grupo, e principalmente no último encontro, vivi-do e “sentido” intensamente por todos. Para o amadurecimento pleno seria preciso mais momentos como este, onde haja mais espaço para o sensível, para o afeto e para as trocas mais íntimas. Neste caminho de crescimento do grupo SP11 não adianta ser somente cor-dial e simpático é preciso ser afetivo”.

REFERÊNCIAS

BAREMBLITT, Gregório. Grupos: teoria e técnica. 2. ed. Rio de Janeiro: Graal, 1986.

BION, W.R. Experiências com grupos. Rio de Janeiro: Imago, 1970.

CARTWRIGHT, D.; ZANDER, A. A dinâmica de grupo. São Paulo: EPU, 1967.

CARUTTI, Eugenio; Las Lunas. Buenos Aires: Casa X1 Editorial, 1997.

DE CASTRO, Maria Eugênia; Astrologia e as dimensões do ser. São Paulo: Campus, 2002.

GREENE, Liz. Os astros e o amor. São Paulo: Cultrix, 1980.

GRINBERG, Leon; SOR, Dario; BIANCHEDI, Elizabeth Tabak. Introdução às idéias de Bion.

LEWIN, K. Problemas de dinâmica de grupo. São Paulo: Cultrix, 1970.

MOSCOVICI, Felá. Desenvolvimento interpessoal. Rio de Janeiro: José Olympio, 1994.

SAIDON, Osvaldo. Psicoterapia de grupo. São Paulo: Campus, série II, 1983.

SBDG – Caderno 83 De que maneiras a astrologia contribui na leitura... 26

SAPORTAS, Howard. As doze casas. São Paulo: Pensamento, 1985.

SCHEIN, Edgar H. Organizational Culture and Leadership: a Dynamic View. San Francisco: Jossey-Bass Publishers, 1985.

SCHUTZ, Will. The human element: productivity, self-esteem, and the bottom line. San Francisco, EUA: Jossey-Bass Publishers, 1994.

ZIMERMAN, D. E. Bion, da teoria à prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.

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ANEXO 1 – MAPA NATAL DO GRUPO

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ANEXO 2 – QUADRO SINTÉTICO DO PRINCÍPIO DIMENSÕES DO ELEMENTO HUMANO – WILL SCHUTZ

INCLUSÃO CONTROLE ABERTURA QUESTÃO Dentro ou Fora

(distinção) Topo ou base (dominância)

Aberto ou Fechado

COMPORTAMENTO COM O OUTRO

Inclusão Controle Abertura

COMPORTAMENTO CONSIGO MESMO

Sentir se vivo, intenso, com energia

Auto-determinação, escolha.

Auto-percepção.

EMOÇÃO BÁSICA

Significância Competência Qualidade que agrada, amabilidade.

INTERAÇÃO Encontros ou reuniões

Confronto Abraçar a causa, envolvimento.

MEDO INTERPESSOAL

Ser ignorado ou abandonado

Ser humilhado, exposto, vulnerável.

Ser rejeitado, não agradar, desprezado.

MEDO PESSOAL

Ser insignificante, sem importância ou inútil.

Ser incompetente, incapaz, embuste (impostor).

Não ser querido e amado.

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ANEXO 3 – RESUMO DOS SIGNIFICADOS DOS PLANETAS

PLANETA SIGNIFICADO / ARQUÉTIPO

POSITIVO NEGATIVO

Essência Revitaliza Egocentrismo Ego Dá reconhecimento Autoritarismo Personalidade Vitalidade Doença Expressão Ânimo

SOL

Pai Reação ao meio Sensibilidade Instabilidade Passado/ Origens Emotividade Desestabilização Instintos Proteção (Cuidado) Insegurança Mecanismos de defesa

LUA

Mãe Expressão intelectual Racionalizar Engano Comunicação Entender Dissimulação Habilidades Interpretar Mentira Decisões Comunicar Fofoca

MERCÚRIO

Racionalização Auto-Estima Prazer Futilidade Contato social e afetivo Proteção (Sorte) Luxúria Amor Beleza / Desejo Superficialidade

VÊNUS

Mundo Físico Sociabilidade Preguiça Energia / Ação Iniciativa Agressividade Iniciativa Impulso Acidentes Agressividade / Força Coragem Perigo Libido Atividade Nervosismo

MARTE

Impulso Ação Raiva Expansão Proteção Excesso Confiança Favorecer Negligência Fé / Valores Ampliar Desperdício JÚPITER

Fortuna Expandir Arrogância Responsabilidade Realizar Sensação de limitação Estrutura Dar forma Impedimento Deveres Estruturar Tristeza Realidade Amadurecer Autoritarismo

SATURNO

Consciência Medos Liberdade Liberta Rompimento Comunidade Renova Anarquia Inovação Revoluciona Atitudes drásticas Revolução Inova Tensão

URANO

Criatividade Cria Insatisfação Inspiração Dá compreensão Engano (Fraude) Sublimação Perdoar Falta de direção Sensibilidade Imaginar Decepção NETUNO

Perdão Sublimar Escapismo Poder Modifica Medo que paralisa Força Interna Transforma Pânico Magnetismo Elimina o que não serve Destruição Terror / Destruição Medo (que faz reagir) Derruba o necessário

PLUTÃO

Transformação

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ANEXO 4 – RESUMO DAS CASAS ASTROLÓGICAS

CASA ASTROLÓGICA

SIGNIFICADO

CASA 1 Isto faz meu tipo?

Maneira pela qual conhecemos a vida: imagem que valori-zamos da nossa percepção do mundo; imagem que passamos para o mundo através das nossas formas de expressão.

CASA 2 Isto me agrada?

Descreve aquilo que queremos possuir: valores, posse, di-nheiro e aspectos materiais.

CASA 3 O que posso dizer através disso?

Movimentação e busca do conhecimento e novas experiên-cias – mente concreta: estudos, expressão, linguagem e pe-quenas viagens.

CASA 4 Que lembranças isto evoca em minha alma?

Representa o lugar para onde vamos quando nos voltamos para dentro de nós: família, passados, origens, lar e alma.

CASA 5 Isto é mérito da minha conquista?

Reflete a necessidade de brilhar e criar algo – habilidade de produzir: expressão criativa, auto-expressão, esportes, re-creação, lazer, filhos, sedução (maneira como criamos o romance) e lúdico.

CASA 6 Como vai o andamento do dia-a-dia?

Necessidade de conectar corpo e mente: saúde, trabalho, serviço, ajustes às necessidades e rotinas.

↑1 A 6 CASAS INDIVIDUAIS ↓7 A 12 CASAS SOCIAIS CASA 7 O que o outro acha? O que ele quer comigo?

União de duas ou mais pessoas para atender um propósito, onde se aprende a cooperar com os outros: casamentos, par-cerias e sociedades.

CASA 8 Que perigo isto me oferece?

A casa dos bens/dinheiro do outro, tudo que vem do coleti-vo, aprender a compartilhar: casa das crises, sexo, regenera-ção e morte (transformação).

CASA 9 Como provar a veraci-dade desta afirmação?

Necessidade de uma visão mais ampla, busca respostas a respeito de “porquês e para quês” – mente superior: longas viagens (tudo que esta distante), filosofia, crenças e religião.

CASA 10 Qual o status/ valor social disso?

Necessidade de reconhecimento social e contribuição para a sociedade: papel social no mundo, realização, objetivos de vida e carreira.

CASA 11 Qual meu projeto de vida?

Pressão para tornarmos maiores do que somos: Grupos, amigos, esperanças e projetos futuros.

CASA 12 Qual o sentido disto acontecer agora?

Revela padrões, anseios, compulsões e opera em níveis abaixo do consciente: compaixão, espiritualidade e inimigos ocultos.