de longe; noites africanas langorosas, alda lara

19

Click here to load reader

Upload: catiasgs

Post on 24-Jun-2015

1.934 views

Category:

Documents


4 download

TRANSCRIPT

Page 1: De Longe; Noites Africanas Langorosas, Alda Lara

Literaturas De Língua Portuguesa

ANGOLA

ALDA LARA

Page 2: De Longe; Noites Africanas Langorosas, Alda Lara

Introdução

Este trabalho vai serapresentado no

âmbitoda disciplina deLiteraturas de Língua

Portuguesa,disciplina essa a serfrequentada no 12º

anono curso de Línguas eHumanidades, na

Escola Secundária D. Afonso Henriques

Page 3: De Longe; Noites Africanas Langorosas, Alda Lara

Literatura Angolana

A literatura em Angola nasceu antes da descolonização no ano de

1975.A escrita angolana construiu-se a partir da negação contra ocomplexo sistema de contradições da sociedade colonizada. Mas o projecto de uma ficção que conferisse ao homemafricano o estatuto de soberania surge em 1950.  Depois depassado a alegria dos primeiros anos da independência edepois do fracasso da experiência socialista e de guerras civisdevastadoras, acontece às injustiças do presente.  Tanto,porque, não havia competência para levar adiante aindependência com certa modernidade.

Page 4: De Longe; Noites Africanas Langorosas, Alda Lara

A literatura de Angola muitas vezes traz muito realismo em suas imagens do preconceito, da dor causada pelos castigos corporais, do sofrimento pela morte dos entes queridos, da exclusão social. Porém, essas imagens, são revestidas pela beleza que frequentemente nos passam as grandes obras artísticas.  Era uma forma que os angolanos mostravam que estavam adaptados aos valores da cultura e da civilização, sendo capazes de agir de uma forma mais civilizada e coerente com os valores sociais que eram próprios dos colonizadores.

Page 5: De Longe; Noites Africanas Langorosas, Alda Lara

A palavra literária desempenhou em Angola um

Importante papel na superação do estatuto de

colónia. Presente nas campanhas libertadoras foi

responsável por ecoar o grito de liberdade de

uma nação por muito tempo silenciado, mas

nunca esquecido. O angolano vive, por algum

tempo, entre duas realidades, a sociedade

colonial europeia e a sociedade africana; os seus

escritos são, por isso, os resultados dessa tensão

existente entre os dois mundos, um com

escritos na nascente da realidade dialéctica, o

outro com traços de ruptura.  Assim, com

essa conturbada duplicidade, o escritor africano,

à medida que se vai consciencializando, vai

recorrendo aos seus ancestrais, à infância, em

busca do eu, da sua geração, de maneira

harmoniosa, na pátria mãe, Angola-África.

http://pt.shvoong.com/social-sciences/political-science/1874922-passado-presente-na-literatura-angolana/

Page 6: De Longe; Noites Africanas Langorosas, Alda Lara

Alda Lara

Alda Lara, seu nome completo, Alda Ferreira

Pires Barreto

de Lara Albuquerque, nasceu em Benguela,

Angola, a 9 de

Junho de 1930 e faleceu em Cambambe a 30

de Janeiro de

1962. Era casada com o escritor Orlando

Albuquerque.

Em Lisboa esteve ligada a algumas das

actividades da Casa

dos Estudantes do Império. Declamadora,

chamou a

atenção para os poetas africanos. Depois da

sua morte, a

Câmara Municipal de Sá da Bandeira, actual

Lubango,

instituiu o Prémio Alda Lara para poesia.

Orlando

Albuquerque propôs-se editar-lhe

postumamente toda a

obra e nesse caminho reuniu e publicou um

volume de

poesias e um caderno de contos.

http://www.sanzalangola.com/lit0212.php

Page 7: De Longe; Noites Africanas Langorosas, Alda Lara

DE LONGE

Não chores Mãe… Faz como eu, sorri!Transforma as elegias de um momentoem cânticos de esperança e incitamento.Tem fé nos dias que te prometi.

E podes crer, estou sempre ao pé de ti,quando por noites de luar, o vento,segreda aos coqueiros o seu lamento,Compondo versos que eu nunca

escrevi…

Page 8: De Longe; Noites Africanas Langorosas, Alda Lara

Estou junto a ti nos dias de braseiro,no mar…na velha ponte…no Sombreiro,em tudo quanto amei e quis p’ra mim…

Não chores, mãe!...A hora é de avancadas!...

Nós caminhamos certos, de mãos dadas,

e havemos de atingir um dia, o fim…

Page 9: De Longe; Noites Africanas Langorosas, Alda Lara

AnáliseAs temáticas presentes no poema são: esperança,fraternidade e lugares de afecto. Poema dividido em três partes, sendo a primeira estrofe aprimeira parte do poema, a segunda quadra e o primeiroterceto a segunda parte e a terceira parte é a últimaestrofe.Na primeira parte o sujeito poético pede á mãe parasorrir e continuar com as esperanças na promessa dosujeito poético. Na segunda parte, o sujeito poéticoconvence a mãe de que nunca a irá abandonar e fazreferência aos lugares que ambas amaram: “no mar”, “na

velhaponte” e “no Sombreiro”.

Page 10: De Longe; Noites Africanas Langorosas, Alda Lara

Na terceira parte, o sujeito poético pede novamente ámãe para não chorar e de que um dia irão alcançar o quedesejam juntas. “Nós caminhamos certos, de mãosdadas,/e havemos de atingir um dia, o fim…” (VV.13 e 14)Caracterização do “eu”: corajoso, esperançoso, fiel ásua palavra, lutador, sorridente e optimista, “Faz como eu,sorri!”, “Tem fé nos dias que te prometi”.Caracterização do “tu”: desmotivado, triste epessimista. “Transforma as elegias de um momento/emcânticos de esperança e incitamento”, “Não chores, Mãe!”

Page 11: De Longe; Noites Africanas Langorosas, Alda Lara

Relação “eu”/”tu”: relação de mãe e filha. A filha dáesperanças e forças á mãe de que juntas irão

alcançar oque desejam.Recursos Estilísticos: Exclamação, “Faz como eu, sorri!” O sujeito

poético transmite força á mãe numa tentativa de aliviar o sofrimento.

Metáfora, “quando por noites de luar, o vento,/segreda aos coqueirais o seu lamento,/compondo versos que eu nunca escrevi”. Reforça a ideia de que o “eu” estará sempre presente,.

Page 12: De Longe; Noites Africanas Langorosas, Alda Lara

Apóstrofe, “Não chores, mãe!...” Percebemos que o sujeito poético dirige-se á mãe pedindo-lhe para não chorar mais.

Estrutura externa: o poema é constituído por quatro

estrofes, duas quadras e dois tercetos. Esquema rimático,

abba/abba/ccd/ccd. Rima interpolada e emparelhada nas

quadras, e emparelhada nos tercetos.

Page 13: De Longe; Noites Africanas Langorosas, Alda Lara

“Noites africanas langorosas”Noites africanas langorosas,esbatidas em luares…,perdidas em mistérios…Há cantos de tunguruluas pelos

ares!...

Noites africanas endoidadas,onde o barulhento frenesi das

batucadas,põe tremores nas folhas dos

cajueiros…

Page 14: De Longe; Noites Africanas Langorosas, Alda Lara

Noites africanas tenebrosas…,povoadas de fantasmas e de

medos,povoadas das histórias de

feiticeirosque as amas-secas pretas,contavam aos meninos brancos…

E os meninos brancos cresceram.e esqueceramas histórias…

Page 15: De Longe; Noites Africanas Langorosas, Alda Lara

Por isso as noites são tristes…endoidadas, tenebrosas langorosas,mas tristes…como o rosto gretado,e sulcado de rugas, das velhas

pretas…,como o olhar cansado dos colonos,como a solidão das terras enormesmas desabitadas…

É que os meninos brancos…esqueceram as histórias,com que as amas-secas pretasos adormeciam,nas longas noites africanas…

Os meninos brancos… esqueceram!...

Page 16: De Longe; Noites Africanas Langorosas, Alda Lara

AnáliseO tema deste poema é Terra-África.Poema dividido em duas partes, sendo a primeira parteque vai da primeira estrofe até á terceira, e a segunda aquarta estrofe até sétima.A primeira parte descreve o aspecto positivo das noitesafricanas, e a segunda a parte negativa.O aspecto negativo se África foi influenciado pelo facto deas crianças brancas se terem esquecido das histórias queas amas-secas pretas lhes contava à noite, histórias essasque simbolizavam a beleza da terra, das tradições e detoda a cultura africana, que outrora davam vida ao mítico e áfantasia.

Page 17: De Longe; Noites Africanas Langorosas, Alda Lara

A África temida e respeitada foi agora abandonada pelascrianças que se tornaram adultas, e embora a beleza daterra continue intacta, o passar do tempo levou osmistérios e tudo o resto, deixando para trás uma onda detristeza e solidão.

Caracterização de África: “noites langorosas”, misteriosa,

natural, intimidante e mítica.

Recurso estilísticos: Exclamação, “Há cantos de tunguruluas pelos ares!...”. Anáfora, no inicio de cada estrofe da primeira parte,

“Noites africanas langorosas”, “Noites africanas endoidadas”, “Noites africanas tenebrosas”. Esta anáfora descreve e reforça os aspectos positivos de África.

Page 18: De Longe; Noites Africanas Langorosas, Alda Lara

Comparação, “como o rosto gretado,/e sulcado de rugas, das velhas pretas…,/como o olhar cansado dos colonos,/como a solidão das terras enormes/mas desabitadas…”. A tristeza das noites de África está a ser comparada ao envelhecimento do povo, ao cansaço dos colonos e á solidão das terras.

Estrutura externa: sete estrofes, com versos irregulares,

sem esquema rimático e métrica livre.

Page 19: De Longe; Noites Africanas Langorosas, Alda Lara

Trabalho realizado por:

Anna Miranda nº4

Helena Morais nº8

Vera Barbosa nº18