de lagos da beira à regaleira – por paulo andrade

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  • 7/24/2019 De Lagos da Beira Regaleira Por Paulo Andrade

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    PAULO ANDRADE

    SINTRA,

    2012

    DE LAGOS DA BEIRA REGALEIRA

    AS ORIGENSDE

    ANTNIO AUGUSTO CARVALHO MONTEIRO

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    DE LAGOS DA BEIRA REGALEIRA

    AS ORIGENS DE ANTNIO AUGUSTO CARVALHO MONTEIRO

    PAULO ANDRADE

    PREMBULO

    Este estudo uma smula da investigao (ainda no terminada) que realizmos aquandoda nossa visita a Lagos da Beira em 31 de Maro de 2012, em busca das origens de AntnioAugusto Carvalho Monteiro, o excntrico talvez extico mas por certo misterioso proprietrioda Quinta da Regaleira, em Sintra, que a mandou construir logo ao incio do sculo XX.Pensamos que s conhecendo as suas origens familiares e todo o ambiente que o rodeou,

    poderemos avanar definitivamente com concluses fidedignas sobre as verdadeiras motivaesque o levaram a construir a Manso Filosofalda Regaleira e a buscar determinados interessesno muito convencionais que marcaram a sua vida.

    Este estudo que agora expomos no seria possvel sem a preciosa ajuda do sr. Vitor

    Fernandes, residente em Lagos da Beira e grande divulgador da localidade na internet e emoutros meios de comunicao social, alm de ser o responsvel pela Biblioteca-Museu Tarqunio

    Hall, espao aprazvel de divulgao cultural e mdulo justo de homenagear o grande divulgadorda Histria local, o mesmo Tarqunio Hall, autor da Monografia de Lagos da Beira, que muitonos ajudou neste estudo com os seus conhecimentos. Foi a partir das nossas pesquisas na internetque chegmos aos vrios blogs da sua autoria, e posteriormente, atravs de uma rede social, aocontacto pessoal, tendo se produzido trocas de informaes muito interessantes cujo fim era avisita que realizmos, onde a simpatia e prestabilidade de todas as pessoas envolvidas, desde osresidentes locais at prpria Junta de Freguesia na pessoa do seu Presidente, dr. Jos AntnioGuilherme, foi uma constante. O nosso agradecido bem hajam todos pelas facilidades prestadas.Graas a estes contactos, conseguimos entrevistar dona Delfina da Conceio, senhora centenriaque teve a felicidade de conhecer pessoalmente Antnio Augusto Carvalho Monteiro, a qual foisem dvida um dos pontos altos da nossa visita. O que os estimados leitores iro ler em seguida o fruto do trabalho da nossa investigao, esperando que seja do vosso agrado.

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    HISTRIA (ABREVIADA) DE LAGOS DA BEIRA

    Comecemos, ento, pela Histria (abreviada) de Lagos da Beira abordando a origem doseu nome, vindo Francisco Correia das Neves, no seu livro Enquadramento histrico etoponmia do Concelho de Oliveira do Hospital, esclarecer que lagose lagares derivam do latim

    lacus, que significa lago, charco ou pntano. Pudemos comprovar que a povoao assentasobre lenis de gua e em tempos antigos formaram-se charcos e pequenos lagos alimentadospor inmeras nascentes, sendo fcil encontrar gua a pequenas profundidades.

    O nomeLagosaparece pela primeira vez nos documentos das Inquiries de D. AfonsoIII.Lagos da Beirachamou-se primeiro So Joo de Lagos, pelo menos at aoForalmanuelinode 15 de Maro de 1514. secular a devoo local a So Joo Baptista, sendo provvel que onome tenha sido dado pela Ordem Militar dos Cavaleiros de So Joo de Jerusalm, tambmconhecida por Ordem dos Hospitalrios, que nesta regio teve presena marcante a ponto deOliveira do Hospital herdar dela o nome. De referir, ainda, que o Julgado de Lagos da Beira

    pertenceu linhagem fidalga dos Freires de Andrade por doao de D. Joo I, em 1386. D. Joo

    I fora educado por um fidalgo da Galiza, de nome Nuno Freire de Andrade, que veia a solicitarpara o seu educando o cargo de Mestre da Ordem de Avis. Quando D. Joo I foi aclamado rei dePortugal, demonstrando grande gratido apressou-se a fazer grandes doaes e outras mercs famlia Freire de Andrade, dentre elas a aldeia de Lagos da Beira. Em 11 de Agosto de 1654, D.Joo IV criou no concelho a Casa do Infantado, com o objectivo de estabelecer baseseconmicas slidas e autnomas para o seu segundo filho, o Infante D. Pedro. Essa importanteorganizao passou a contemplar os segundos filhos dos monarcas que se seguiram, evitandoassim conflitos entre eles e os filhos primognitos, herdeiros naturais herdeiros da Coroa. A Casado Infantado foi extinta por decreto-lei de 18 de Maro de 1834, no perodo conturbado das lutasentre liberais e miguelistas.

    Um dos enigmas histricos para ns o braso de Lagos da Beira, pois nele revela-se aCruz ptea Templria e no a Cruz aspada Hospitalria, como seria de supor por quanto que jdescrevemos. No se encontrando na freguesia vestgios da Ordem dos Templrios, por querazo aparece o seu smbolo principal no braso da localidade? At este momento noconseguimos responder questo, comeando aqui os enigmas e perguntas sem resposta que nostm intrigado em Lagos da Beira.

    Braso de Lagos da Beira

    Aps este intrito Histria (abreviada) de Lagos da Beira, passaremos de seguida ao

    tema central deste estudo: Antnio Augusto Carvalho Monteiro, e todo o seu legado eascendncia familiar em Lagos da Beira. Para isso, comearemos exactamente pelas origens doseu apelidoMonteiro.

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    ORIGENS DO APELIDOMONTEIROE SEU LEGADO EM LAGOS DA BEIRA

    Por montaria designava-se no passado a caa que se fazia por montes e vales, e pormonteiro, naturalmente, o caador. Por monteiro tambm se designava o couteiro, que zelava

    pelas matas e coutos. Aos poucos, foi transformando-se num ofcio com regras fixas que

    conhecem-se bem atravs dos vrios livros de montaria portugueses da Idade Mdia, o maisfamoso deles sendo atribudo a el-rei D. Joo I. Dessa evoluo resultou uma distino socialentre os monteiros, distinguindo-se entre os que estavam ao servio das casas senhoriais e os queserviam a casa real. Se aqueles eram simples monteiros, estes ltimos classificavam-se emmonteiros menorese monteiros maioresou mores. Aos primeiros cabia-lhes guardar as matas eos coutos. Dependiam oficialmente do monteiro mor, oficial da casa real que superintendia todasas coutadas e tambm dirigia as caadas em que o rei participasse.

    Braso da famlia Monteiro

    O apelidoMonteirohoje usado em Portugal por variadssimas famlias, tem a sua origemno ofcio de que falamos, apelido esse que j se encontra num documento de 1096 do Mosteirode Lorvo. Segundo pode ler-se na Grande Enciclopdia Portuguesa e Brasileira, a famliaMonteiro provm de Rui Monteiro, monteiro mor de D. Afonso Henriques, que foi homem rico e

    poderoso morador em Penaguio, em cujo concelho possua bens, tendo a seu cargo o padroadode Santa Ovaia de Andufe. O bispo de Malaca, D. Joo Ribeiro Gaio, dedicou a esta famlia osseguintes versos:

    O que se chamou MonteiroFoi D. Pelayo de Peleja,Deste apelido primeiroCasou com D. Thereja,

    Foi um grande cavaleiro.

    Os Monteiro concentram-se no Norte do Pas como os primeiros que se conhecem desteapelido e a se mantiveram em sucessivas geraes. Tem-se assim Francisco Monteiro, cavaleiro

    fidalgo da Casa do rei D. Joo III, que prestou grandes servios na ndia, tanto no mar como emterra, participando na defesa e tomada de vrias fortificaes, especialmente a fortaleza de Pal.Tambm esteve no cerco de Diu com D. Joo de Castro.

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    O Monteirono Palcio da Regaleira

    Que se saiba, o prestgio da famlia Mendes Monteiro vem dos tempos ureos doConcelho de Lagos da Beira, extinto por decreto-lei de 6 de Novembro de 1836. Com base emdocumentos histricos fidedignos, o nome de Antnio Mendes Monteiro aparece comocomissrio da Parquia de Lagos da Beira, na acta da sesso de 10 de Outubro de 1836, e comovogal da Junta da Parquia, na acta da sesso de 27 de Agosto de 1838. Em 1 de Fevereiro de1840, Antnio Mendes Monteiro assinou o termo de juramento como regedor, funo que

    exerceu at 1846. Em 26 de Dezembro de 1846, Antnio Mendes Monteiro tomou posse comovogal da Junta da Parquia da Freguesia de Lagos da Beira, para servir no binio de 1847-1848.Porm, manteve-se como vogal nos anos subsequentes. E era ainda vogal o seu irmo FranciscoAugusto Mendes Monteiro, que compareceu a uma sesso extraordinria da Junta da Parquia daFreguesia de Lagos da Beira, realizada a 7 de Dezembro de 1856, para anunciar a generosaoferta da quantia de um conto e duzentos mil reis, para ser aplicada na construo da torre doedifcio da sua igreja matriz. Refira-se que na poca a quantia em questo era realmente umasoma vultuosa. Desde essa sesso, a famlia de Antnio Mendes Monteiro tornou-se ainda maisnotvel, no apenas pela vultuosa oferta que generosamente o seu irmo acabara de fazer, comoainda pelos sentimentos altrusticos e a grande generosidade dos seus sobrinhos, nomeadamenteAntnio Augusto Carvalho Monteiro. Antnio Mendes Monteiro inclusive continuaria comovogal da Junta da Parquia at sesso de 28 de Agosto de 1857. Dentre outros momentosimportantes na vida local tem-se a sesso de 11 de Novembro de 1881, onde criada em Lagosda Beira uma comisso promotora de beneficncia e ensino, de que faziam parte Joo ManuelMendes Monteiro e Joo Mendes Monteiro, dentre outros membros da famlia. Na sesso de 2 deJaneiro de 1886 da Junta da Parquia da Freguesia de Lagos da Beira, foi eleito presidente JosAntnio Mendes Monteiro, que se manteve at ao dia 20 de Janeiro de 1890. Em 27 de

    Novembro de 1910, Antnio Mendes Monteiro desempenhou as funes de regedor, e em 27 deJunho de 1920 desempenhou as de secretrio da Junta da Parquia, mantendo-se at finais de1921.

    Em seguida, abordaremos de forma mais pormenorizada a histria e o legado das duas

    personalidades desta famlia que consideramos as mais emblemticas de Lagos da Beira:Francisco Augusto Mendes Monteiro e, principalmente, o seu filho Antnio Augusto CarvalhoMonteiro.

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    FRANCISCO AUGUSTO MENDES MONTEIRO

    Nasceu em Lagos da Beira em 1816, e na sua rvore genealgica at ao sculo XVI todosos seus ascendentes so desta zona do Pas. Contraiu matrimnio com Teresa Carolina Alves deCarvalho do qual tiveram um filho, precisamente Antnio Augusto Carvalho Monteiro, e faleceu

    em Novembro de 1890 na sua Quinta do Vadre, em So Domingos de Benfica, Lisboa. Estaquinta que viria a pertencer ao seu filho Antnio Augusto Carvalho Monteiro, caracteriza-se,como em vrias outras propriedades desta famlia, por um prtico acastelado estando cercadacom um muro com ameias, o que lhe granjeou o nome Quinta da Torre.

    Francisco Augusto Mendes Monteiro

    Francisco Monteiro emigrou ainda jovem para o Brasil onde trabalhou como escriturrio,tendo conseguido enorme fortuna, diz-se, graas ao matrimnio com Teresa Carolina Alves deCarvalho, uma senhora de muitas posses, passando a partir da a ser apelidado Monteiro dosMilhes, alcunha que o filho herdaria. De regresso a Portugal, mais propriamente a Lagos daBeira, o seu nome ficaria ligado ampliao e renovao da sua igreja paroquial. Para esseefeito, ofereceu Junta da Parquia a quantia de um conto e duzentos mil reis (quantiaexorbitante para a poca) com o fim de restaurar o templo, sobretudo a sua fachada e edificar-seuma torre. To valiosa oferta ficou registada em acta da Junta referente sesso extraordinriade 7 de Dezembro de 1856. Antes desses aumentos a igreja possua uma dimenso modestssima,

    pouco maior que uma capela. Segundo o testemunho dos populares, a razo de levantar-se a torreprendia-se ao motivo de que tanto Francisco Augusto Mendes Monteiro como o seu filhoAntnio Augusto Carvalho Monteiro, pretendiam ver os sinos tocar na igreja desde as suas

    propriedades. O poder financeiro dos membros desta famlia era tanto e tamanho que o povo

    apelidou-os de Fidalgos, no s pela sua proximidade Igreja e Coroa mas tambm por issocomo indicativo de distintos, dizendo-se at hoje que tudo o que tenha muros de pedra em

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    Lagos da Beira era propriedade sua, mesmo desconhecendo-se quais foram os meiosburocrticos para a adquirir de tantos bens.

    I nsgnia da Ordem de Nossa Senhora da Conceio de Vila Viosa

    Francisco Mendes Monteiro foi comendador da Ordem da Nossa Senhora da Conceiode Vila Viosa, e muito provavelmente mordomo da Irmandade de So Miguel das Almas, queteve larga actividade e importncia em Lagos da Beira. Foi tambm grande amigo de D.Fernando II e quase de certeza mecenas de muitas obras de recuperao do patrimnio

    portugus, em boa hora encetadas pelo Rei-Artista. A ttulo de curiosidade, podemos informarque tanto Francisco Augusto Mendes Monteiro como o filho Antnio Augusto CarvalhoMonteiro, assim como D. Fernando II, fizeram parte da primeira direco do Jardim Zoolgicode Lisboa.

    ANTNIO AUGUSTO CARVALHO MONTEIRO

    Filho de Francisco Augusto Mendes Monteiro e de Teresa Carolina Alves de Carvalho,nasceu no Rio de Janeiro em 27 de Novembro de 1848 e faleceu no seu palcio da Quinta daRegaleira em Sintra, em 24 de Outubro de 1920, apesar de sempre ter considerado Lagos daBeira, a terra do seu pai, como a sua terra.

    Antnio Augusto Carvalho Monteir o

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    Sedento de cultura, formou-se em Direito pela Universidade de Coimbra, tendopertencido ao curso de onde saram poetas e escritores da estatura de Guerra Junqueiro, JooPenha, Gonalves Crespo e Hintze Ribeiro, dentre outros. Tendo herdado dos seus pais a fortunafabulosa feita tanto em terras do Brasil como em Portugal, herdou tambm o supradito apelido deMonteiro dos Milhes. No Palcio Quintela, na Rua do Alecrim, em Lisboa, organizou um

    verdadeiro museu de que ficaram famosas as suas coleces de borboletas, conchas, relgios,moblias e pratas artsticas. Conhecia a fundo o latim e os seus clssicos, sendo igualmente umestudioso das cincias da Natureza. Grande admirador de Lus de Cames sabia de cor Os

    Lusadas, canto a canto, estrofe a estrofe. Por isso custeou vrias obras do poeta imortal, sendoque o seu principal objectivo era divulgar a epopeia nacional, e at hoje a sua Camoniana amais completa que se conhece do tema.

    Edio de Os L usadas,de Lus de Cames, patrocinada por Carvalho Monteiro, destacando-se a sua assinatura

    A obra levada a efeito por Antnio Augusto Carvalho Monteiro em Lagos da Beira,bastante vasta como veremos em seguida, podemos resumi-la como provas dadas de amor ededicao terra, motivo que lhe granjeou a venerao e o carinho de quase santo pelosmoradores da freguesia. A reedificao da capela de So Roque, para a qual dispendeu contos dereis, levando a que como agradecimento das autoridades locais fosse dado o seu nome a uma das

    principais ruas da povoao, um exemplo de tais obras. Outro exemplo de dedicao foi custeardo seu bolso a concluso da estrada LageosaLagos da Beira.

    Carvalho Monteiro mandou construir a Manso Filosofal que o Palcio da Quinta daRegaleira, um regalo para os olhos e para o esprito onde se v revelada a manifestao noParaso Terreal que Sintra do Paraso Celestial que Deus, toda ela repleta de simbolismos

    hermticos (que tambm encontramos em Lagos da Beira) e gneros artsticos, onde se podemidentificar influncias templrias, gnsticas e alqumicas numa fuso original do Cristianismocom a Mitologia greco-romana, literalmente inspirada em Dante e Cames, sobressaindo de tudo

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    o intenso pendor aghartino bem patente nos imensos tneis e torres subterrneas da quinta.Tambm esteve igualmente ligado fundao do Jardim Zoolgico de Lisboa, na Quinta dasLaranjeiras do conde de Farrobo, onde se reproduziu o prprio den, o Jardim do ParasoTerreal, indo a vegetao, os animais e as pessoas misturar-se com construes de naturezaesotrica, como facilmente detectvel por quem possua os sentidos despertos, ou por outra,

    esclarecidos pela Tradio Inicitica das Idades.Apesar de ser imensamente rico materialmente, Carvalho Monteiro tambm o era

    espiritualmente, ajudando sempre de boa vontade quem dele se acercava com dificuldadesfinanceiras. Embora lhe sejam atribudas muitas filiaes esotricas, enfatizando as de carizmanico, estamos em acreditar que alm de conhecido como assumido catlico e monrquico,ter sustentado uma relao muito ntima com a chamada Ordem Espiritual de Portugal, amesma que Fernando Pessoa, no seu Tratado do Subsolo, apontou como a secreta OrdemTemplria de Portugal, ou seja, a Soberana Ordem de Mariz. Tal filiao espiritual apesar dereservada ou ntima sob a chancela do segredo e do silncio, mesmo assim no deixa de estar

    patente, envolta nos smbolos que mandou esculpir e pintar os quais sendo visveis contudo a

    interpretao certa mantm-se invisvel, no seu legado no s da Quinta na Regaleira mastambm, neste caso, em Lagos da Beira.

    Uma boa descrio do homem que foi Antnio Augusto Carvalho Monteiro, podemo-laencontrar nas palavras de Jos Joo da Fonseca, seu secretrio em Lagos da Beira, que a ele serefere de maneira feliz nos seguintes termos: Sua Excelncia era no s um carcter filantrpicoe altrusta, que albergava uma alma generosa e franca, mas tambm um sincero amigo daHumanidade enferma e desprotegida .

    De seguida, passaremos a tratar do legado patrimonial existente em Lagos da Beira.

    IGREJA MATRIZ DE SO JOO BAPTISTA

    Igreja muito antiga provavelmente remontando ao sculo XIII, tem como Orago So JooBaptista e foi sujeita a vrios restauros ao longo dos tempos, sendo que a iniciativa de um deles,

    j em Oitocentos, partiu precisamente de Francisco Augusto Mendes Monteiro. A igreja foiconstruda no local de uma primitiva ermida crist ainda do tempo dos mouros, sendo objecto dereformas no sculo XIX e no posterior.

    I greja de So Joo Bapti sta, destacando-se a sua tor re e a tela sobre oaltar-mor do Baptismo de Cristo.

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    Da construo manuelina restam as portas laterais, uma entaipada e outra em servio,vrias pedras lavradas, umas aproveitadas na sacristia e outras dispersas em volta do templo.Possui uma torre bolbosa oitavada assente ao meio da fachada. Os tectos so de madeira emarcos lisos com vrias pinturas, destacando-se a doBaptismo de Cristo, de balaustres, grinaldas evasos de acordo com a tradio artstica do sculo anterior. Igualmente de tradio setecentista

    so os retbulos. No central est uma enorme tela do Baptismo de Cristo assinada por A. F.Honorato, pintada em 1884. A escultura mais notvel a Virgem com o Menino (Senhora dasGraas), em que Ele segura uma grande pomba feita de calcrio, obra excelente do sculo XV. Otemplo ainda enriquecido por outras imagens, como a de So Joo Baptista, do sculo XVII,So Pedro, apresentando-se sentado no trono como sumo-pontfice, obra do sculo XVI, SantaRosa, So Sebastio, do sculo XVIII, So Roque, Rainha Santa Isabel e Arcanjo So Miguel,dentre outras.

    Cruzes Hospitalri as, uma esti li zada em vi tral na igreja e outra esculpida no exteri or dela

    Esmiuando um pouco mais o simbolismo patente na igreja, reparamos existir um vitralcom a cruz templria mas que a hospitalria estilizada, devendo estranhar-se isso por no existeregisto histrico da presena da Ordem do Templo nestas partes, ademais sendo bvio que ovitral no data mais que o sculo XIX. Este territrio e todo o concelho de Oliveira do Hospital

    pertenceu da Ordem dos Hospitalrios, o que est muito bem marcado pela inscultura da sua cruznas traseiras desta igreja. Ento, por que razo haver um vitral com uma pressuposta cruztemplria, a guisa de dar primazia ao sentido dessa Milcia de cavaleiros -monges como a

    primeira da Cristandade?

    Como referimos ao incio, houveram obras de restauro promovidas por FranciscoAugusto Mendes Monteiro, nomeadamente o levantamento da torre, sendo que, como tambm jreferimos, justificava isso porque tanto ele como o filho Antnio Augusto queriam ver da suacasa os sinos tocar!!!

    A torre possui 49 degraus, nmero deveras significativo no mundo dos smbolos, poissabemos que em diversas tradies iniciticas, muito particularmente a do Colgio a que estamosligados (Comunidade Tergica Portuguesa, mantenedora e promotora dos EnsinamentosTeosficos do luso-brasileiro Professor Henrique Jos de Souza), o nmero em questo

    representa os 49 Adeptos Independentes ou Iniciados Maiores das 7 Linhas do Pramantha ouCiclo de Evoluo Universal (sendo cada Linha constituda de 7 Adeptos ou Mestres Reais),perfazendo no todo o corpo da Grande Fraternidade Branca, no no sentido da cor da pela mas

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    pela luz espiritual que dos mesmos promana. Pelo que construiu de singular e legou posteridade, parece bem que Antnio Augusto Carvalho Monteiro e seu pai no eram alheios snoes e smbolos do mundo inicitico, ademais sabendo-se que o primeiro era interessado peloteosfico e de outras correntes similares. Alis, reiteramos, suposio forte a afiliao concretade Antnio Augusto supradita Ordem de Mariz, sendo que essa suposio torna-se mais

    evidente na capela de So Roque. A subida ao topo da torre pelos 49 degraus faz-se em caracol,cone muito comum na Quinta da Regaleira, pois tambm a subida, ou descida, pela torresubterrnea, vulgar e erroneamente, na nossa opinio, chamada poo inicitico (como comum chamar-lhe, apetecendo perguntar ao comum o que entende por inicitico?), tambmfaz-se em caracol. de anotar a existncia escultrica de um caracol na Quinta da Regaleira, no

    parapeito virado para a Rua de Pises, que juntamente com uma salamandra, um sapo e umatartaruga representam os 4 elementos naturais (ar, fogo, gua e terra). O caracol acaba assim porrepresentar o Caminho, lento mas seguro, da Iniciao Verdadeira.

    Percurso em caracol na torre da igreja de So Joo Baptistae na torr e subterrnea da Quin ta da Regaleir a

    Registamos no interior da igreja destacamos a quantidade de representaesiconogrficas de santos possudos de dplice sentido, o confessional e sobretudo o sapiencial outeosfico, como o Orago So Joo Baptista, a Rainha Santa Isabel, o Arcanjo So Miguel, SoRoque e So Sebastio, para s citar esses, a maioria intensamente ligado ao tema daEspiritualidade Portuguesa e assim, tambm, chamada Gnose Templria. No tecto destaca-se a

    pintura doBaptismo de Cristo, onde reparamos numa pequena gruta entre rvores, possivelmenterepresentativa dos segredos crpticos s acessveis aos Grandes Iniciados, como eram So JooBaptista e obviamente o seu Mestre, Jesus Cristo. Talvez se trate de uma representao velada da

    prpria Agharta, o Lugar dos Deuses por certo mtico mas j no tanto mitolgico, donde se dizque provm os Grandes Guias Espirituais da Humanidade. Soubemos igualmente da existnciade uma suposta cripta, concluindo pelas informaes recolhidas no local que a igreja foiconstruda em cima de um antigo cemitrio. Aps acedermos e consultarmos a planta do edifciofeita quando do seu restauro mais recente (1953), ficou-nos a hiptese de que a entrada para essa

    cripta seria onde est agora o baptistrio. Este um outro enigma local que continuaremos ainvestigar.

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    Escultur a da Rainha Santa Isabel e o Baptismo de Jesus no tectoda igreja paroquial de Lagos da Beir a.

    Uma das grandes surpresas que tivemos em Lagos da Beira foram as pinturas existentesna sacristia, sendo das mais belas que vimos at hoje das representaes de Cristo e Maria, almde outras como o painel da Irmandade de So Miguel, de que falaremos adiante. Na realidade,existem trs pinturas na sacristia (sendo a daIrmandade de So Migueluma quarta apesar de no

    se enquadrar no quadro comum, pois sabemos ser um painel processional que foi utilizado nasprocisses das festas religiosas da parquia, tal como uma outra da Crucificao de Jesus,igualmente exposta nesta sacristia): Nossa Senhora das Dores, chagada no peito pelastradicionais sete espadas, o Sagrado Corao de Maria, com o lrio branco (flor-de-lis) sobre ocorao flamejante (com forte simbolismo espiritual, por o lrio representar a pureza a qualquernvel, sendo ao nvel puramente inicitico a representao do prprio Governo Oculto do Mundo,da Excelsa Fraternidade Branca, da mesma Aghartaou Terra da Suprema Bem-Aventuranacujo significado etimolgico literalmente Corao Flamejante!), e aquela que chamou mais anossa ateno: a pintura do Cristo da Pscoa de Ressurreio, observado de formasurpreendente para ns por nunca o termos visto assim, com a cabea envolta num resplendorformado pela Cruz Templria! Mais uma vez, aparece de forma velada a Cruz da Ordem do

    Templo nesta igreja, agora com um cariz ainda mais apcrifo poraparecer coroando a cabeado prprio Cristo!

    Sagrados Coraes de Cri sto e Mar ia,imagens pascais da Ressurreio.Observe-se a Cruz Templria coroandoem resplendor a cabea do Senhor.

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    Desconhecemos quem seja o autor dessas pinturas e quem as encomendou, masconseguimos apurar que elas j existiam no tempo dos Fidalgos. Mais uma vez, no nos custaadmitir que a famlia Monteiro estivesse envolvida no processo, nomeadamente AntnioAugusto Carvalho Monteiro que, sabemos, era um grande aficionado pelo tema Templrio. Naverdade, o autor dessas pinturas foi deveras intudo celestialmente, por dotarem-se de uma rara

    belezaparecendo vivas e comunicativasquando se as observa de perto. Este outro assunto(de muito maior envolvncia) que continuaremos a investigar, procurando saber da autoriaefectiva das pinturas e dos seus donos efectivos, sendo j certo que as ofereceram igreja.Igualmente seria importante acedermos consulta do arquivo paroquial existente na sacristia,

    pois certamente seria uma mais-valia no aquilatar dos muitos pontos de interrogao quesubjazem sobre a famlia Monteiro e o seu legado em Lagos da Beira. Esperamos que asrespectivas autoridades competentes locais facilitem esse desiderato, que sem dvida serextremamente proveitoso a todos os nveis para a aldeia o esclarecimento destas dvidas.

    CAPELA DE SO MIGUEL

    Existem poucos dados disponveis sobre a capela de So Miguel, modesta de proporesreduzidas, onde se reunia a Irmandade de So Miguel das Almas que no sculo XIX tinha oencargo de zelar por ela, sendo a que se realizavam as cerimnias fnebres, donde os funeraissaam para muito prximo cemitrio da aldeia. No inventrio dos prdios urbanos pertencentes Junta da Parquia, datado de Setembro de 1878, consta o seguinte sobre este templozinho: Umacapela em sofrvel estado de conservao, com altar. No tem bens. Esta capela est a cargo daIrmandade de So Miguel, desta freguesia. Julga-se, segundo os relatos populares, a Irmandadecessou actividades h cerca de 40 anos atrs, e com o seu findar a capela ficou completamenteesquecida, ao abandono.

    Painel da I rmandade de So Miguel das Almase capela da Sua evocao.

    Nas procisses promovidas pela supradita Irmandade, perfilava na coreografia dasmesmas um painel processional que viemos a descobrir na sacristia da igreja matriz de So JooBaptista, precisamente o que representa So Miguel sobre oito irmos confrades da sua

    Irmandade, mas ningum conseguiu dizer-nos quem so esses retratados. No nos custa admitir,pela observao das pessoas retratadas na pintura, que uma dessas seja precisamente FranciscoAugusto Mendes Monteiro, embora no o tenhamos conseguido provar at ao momento.

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    O Arcanjo So Miguel o Chefe da Milcia Celeste e o Padroeiro da Ordem deCavalaria, magnificamente representado neste painel onde se v abenoando e protegendo os 8confrades da Irmandade da Sua evocao. Esotericamente, o 8 um nmero deveras possudo deforte carga simblica, cujo sentido Crstico f-lo smbolo da Ressurreio Final, motivo de tersido muito utilizado na arquitectura sagrada ocidental, particularmente nas antigas construes

    templrias. No entanto, aqui, os 8 confrades e o Arcanjo So Miguel protector da Igreja e daSinagogad-nos o nmero 9, que a Kaballah judaico-crist considera ser o nmero do Homem(ADM ouAdam), e igualmente o valor representativo do Adepto Perfeito, do Grande Iluminadoou Iniciado Verdadeiro, representado no Arcano 9 do Tarot, O Eremita.Tambm encontramosrepresentado e repetido o nmero 9 na torre subterrnea da Quinta da Regaleira, o vulgarmentechamado poo inicitico, pois nela, com 27 metros de altura (2+7 = 9), observamos 9 nveis(aluso s 9 regies representadas na Divina Comdia, de Dante Alighieri) percorridos em 153degraus (1+5+3 = 9). Isso demasiado sintomtico para ser simples acaso

    SOLAR DA FAMLIA AMARAL CABRAL

    Segundo as declaraes de dona Delfina da Conceio, existir neste solar setecentistaum busto de Antnio Augusto Carvalho Monteiro, o que faz pressupor ter havido ligaes muito

    prximas entre as duas famlias. Devido ser uma residncia particular nem sempre habitada pelosproprietrios, ainda no conseguimos confirmar a existncia do suposto busto, aguardando assimque logo seja possvel trazermos novidades sobre o mesmo. No exterior do solar destaca-se a

    presena de pressupostas figuras mitolgicas segurando os candeeiros da entrada, numa espciede figuras de convite, no entanto, e sendoo mais provvel, podendo ser somente paves, quealis esta renomada famlia de Lagos da Beira criava.

    SolarAmaral Cabral e os paves segurando os candeeiros

    Sendo paves, tambm nisso parece haver alguma relao com o simbolismo alqumico,posto que na iconografia alqumica a cintilante cauda do pavo (cauda pavonis) em muitostextos e imagens o signo visvel do processo pela qual substncias inferiores transformam-se emsubstncias superiores, representando a passagem do nigredo ao albedo, como se a cauda emleque do pavo representasse a aurora luminosa da purificao dos diversos elementos da obraalqumica. Sabendo-se do interesse de Antnio Augusto Carvalho Monteiro pela Alquimia, noser de estranhar que acaso partilhasse esse interesse com outras pessoas suas prximas, as quais

    bem poderiam ser alguns membros da famlia Amaral Cabral. No entanto, esta apenas uma

    suposio nossa, eventualmente podendo ser sustentada se confirmar-se a presena do dito bustode Carvalho Monteiro neste solar.

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    CASA CU ABERTO

    A casa Cu Aberto outro dos edifcios curiosos de Lagos da Beira. Construda pertoda igreja matriz e do solar Amaral Cabral, era propriedade de Joo Monteiro, primo de AntnioAugusto Carvalho Monteiro, que ganhou fortuna no Congo, em frica, sendo que durante algum

    tempo teve um estabelecimento comercial no piso inferior. Mas o que caracteriza este edifcio a sua fachada com azulejos decorativos onde sobressaem flores-de-lises azuis, e um relgio deponteiros circulares disposto no piso superior em posio assimtrica ao seu centro.

    Casa Cu Aberto decorada com flores-de-l ises azuis

    Realmente, no todos os dias que se encontra um edifcio inteiramente decoradoexteriormente com azulejaria onde pontifica a flor-de-lis, simblica da linhagem nobre, darealeza muito bem representada pela sua cor azul, prerrogativa de origem franca do sentido

    sangue azul. Mas, iniciaticamente, esse sangue azul ter muito a ver com o Sangreal ouSangue Real correndo nas veias desta famlia, por sabermos existir uma ligao familiar aosLusignan, estirpe de origem mtica fundada por uma fada,Melusina(aparecendo representada nacapela da Quinta da Regaleira), facto que remete, pelas vias do mito e do mistrio, para a

    pressuposta existncia de uma linhagem sagrada nascida do pressuposto consrcio amoroso entreJesus Cristo e Maria Madalena. O epteto Cu Aberto igualmente deveras interessante, porsugerir a pureza celeste, motivo reforado simbolicamente pelas flores-de-lises as quais,lembramos, so igualmente o smbolo da pureza, assim mesmo, pelos smbolos que a decoram,encomiando esta casa como possuda de uma espcie de funcionalidade psicopompa ou deligao aberta entre o Cu e a Terra, que alis uma das funes atribudas ao Arcanjo SoMiguel.

    Deusa Fortunano topo da casa Cu Aberto e no chamado Pteo dos Deuses da Regaleira

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    No topo do edifcio domina o escultrico decorativo da deusa Fortuna, o que de certamaneira est em conformidade com a tradio romana de tornar afortunada esta casa e todos osseus moradores. Tal deusa encontramo-la tambm no recentemente baptizado Pteo dosDeuses da Quinta da Regaleira. Parece-nos evidente que no s Antnio Augusto CarvalhoMonteiro mas igualmente outros familiares seus teriam interesses metafsicos.

    FONTE DE SO JOO

    Esta fonte datada de 1872 tem como principal ponto de interesse a semelhana com aFonte da Abundncia, na Quinta da Regaleira e que posterior, facto levando-nos a crer que,tambm nisto, a famlia Monteiro ter tido influncia na sua construo.

    Fonte de So Joo (Lagos da Beira) e Fonte da Abundnci a (Qui nta da Regaleir a)

    Tal hiptese corroborada pelo facto da nascente que alimenta a fonte ser originria deuma propriedade de Antnio Augusto Carvalho Monteiro, nomeadamente a Herdade deQuintais, de que falaremos mais adiante. A existncia de poos e nascentes que nunca secam emLagos da Beira, levam a supor a existncia de lenis freticos ou lagos subterrneos (a guisados famosos lagos de Somiedodescritos pelo grande tesofo e polgrafo espanhol, dr. MrioRoso de Luna), que fazem parte da sinaltica geotelrica presente nos chamados lugares

    msticos que a mesma alimenta, como,por exemplo, a Serra de Sintra.

    RUA DR. CARVALHO MONTEIRO

    A notoriedade de Antnio Augusto Carvalho Monteiro em Lagos da Beira tanta que auma das suas ruas principais foi dada o seu nome. curioso verificar que a rua inicia junto fonte de So Joo e termina, de forma ascendente, na capela de So Roque, podendo aquilatar-sehaver algum propsito escondido no trajecto desta via comeando em gua (fonte) e acabandoem rocha (Roque), ademais no existindo casualidades mas causalidades provocadas pelo

    propsito resguardado de quem assim quis. Na verdade e dentro de um propsito esotrico, essafonte alimentada pelas guas subterrneas da nascente, guas profundas inundando os abismos

    do seio da Terra, pode muito bem ser o ponto de partida do Iniciado, que foi Carvalho Monteiro,para a busca do VITRIOL alqumico, a visita ao interior de si mesmo e assim mesmo da Me-Terra, equivalendo ao Baptismo de Esprito Santo que sempre a purificao pelas guas,

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    subindo paulatinamente no caminho at alcanar a Realizao Espiritual, equivalendo feiturada Pedra Filosofal representada em So Roque na sua capela.

    Rua Dr. Car valho Monteir o e casa da sua famli a, de cujovarandim ele arrojava dinheiro ao povo em baixo.

    Nesta rua ainda existe a casa propriedade da famlia Monteiro, com o varandim donde,segundo alguns relatos populares, Antnio Augusto Carvalho Monteiro servindo-se de umutenslio usado para medir a quantidade de cereal, indiscriminadamente atirava dinheiro

    populao. Outros relatos afirmam que era apenas atirado com a mo como quem semeia, o queo povo chama rebatina (forma de espalhar as sementes nos campos). O curioso que,segundo apurmos, isso acontecia no Vero e num dia especfico, que ainda no nos foi possvel

    confirmar qual seria exactamente. Talvez que fosse no dia de So Joo BaptistaTudo isso vemdemonstrar as caractersticas de bondade e amor ao prximo de Carvalho Monteiro, o grande

    benfeitor de Lagos da Beira que muito contribuiu para a sua evoluo como freguesia.

    CAPELA DE SO ROQUE

    No inventrio dos prdios e outros bens pertencentes Junta de Freguesia da Parquia deLagos da Beira, datado de 6 de Maio de 1870, consta o seguinte: Capela de So Roque Umacapela em sofrvel estado material, em Lagos da Beira, e composta de um altar e sacristia; temum adro e um campanrio com sino pequeno. No tem bens.

    Da primitiva capela de So Roque que, segundo a tradio oral, situava-se no largo ounas imediaes da antiga praa, pouco se sabe, mas devia ser antiqussima (do sculo XV ouantes). Antnio Augusto Carvalho Monteiro, para alargar a sua propriedade de Quintais, fezrequerimento Junta para demolir a antiga capela mas comprometendo-se a construir uma nova.O pedido foi aceite e mandou edificar um novo templo, igualmente consagrado a So Roque.Ficou encarregado do projecto o famoso cengrafo e arquitecto Luigi Manini, o italianocomo conhecido em Lagos da Beira, igualmente responsvel por outros trabalhos de nomeada: oPalcio-Hotel do Buaco, o Teatro So Lus, em Lisboa, o prprio Jazigo da famlia de AntnioAugusto Carvalho Monteiro no Cemitrio dos Prazeres, tambm em Lisboa, o Palcio dosCondes de Castro Guimares, em Cascais, enquanto em Sintra na Quinta da Regaleira, doconsabido Carvalho Monteiro, no Cottage Sassetti, no Chalet Biester e no Chalet Mayer, etc.Tambm aqui, nesta aldeia beir, executou uma bela obra de arte digna de ser vista e apreciada,com uma envolvncia mstica muito prpria que caracteriza os seus trabalhos, muito mais aindaos realizados em parceria com Antnio Augusto Carvalho Monteiro, por mostrarem-se sempre

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    carregados de um aparente exotismo que realmente vem a ser esoterismo. Os trabalhos foraminiciados em 1900 e concludos em 1910.

    Exterior e interi or da capela de So Roque (Lagos da Beir a)

    Todavia, inexplicavelmente o novo templo apesar de pequeno demorou muito a serentregue concludo, a ponto de em sesso de 23 de Maro de 1919 o presidente da Junta deFreguesia de Lagos da Beira dirigir-se a Carvalho Monteiro pedindo-lhe, com o maior respeito,que se dignasse mandar entregar a nova capela Igreja e ao povo. No podemos indicar com

    preciso a data da sua entrega, porque lamentavelmente no consta do livro de actas da Junta de

    Freguesia. Igualmente no consta do livro de actas a inaugurao da capela, mas presume-se tersido em 1920. Realmente, no deixa de causar estranheza s ter sido inaugurada dez anos aps asua construo, precisamente no ano da morte do seu benemrito, ou seja, 1920. apontadacomo razo do facto o perodo conturbado da instaurao da Repblica em 1910 que teve comoconsequncia no Pas violentas convulses sociais, nomeadamente contra a Igreja e a Monarquiaenvolvendo atentados, assassinatos, perseguies e prises, como aconteceu a Antnio AugustoCarvalho Monteiro, que por ter defendido sempre o ideal monrquico acabou preso e julgado revelia no Tribunal da Boa-Hora, em Lisboa, e s posteriormente, acalmada a tempestaderevolucionria, ficariam reunidas as condies para a inaugurao desta capela. Mas fica no ar aquesto: porque 1920? Haver nisso algum simbolismo especial? Ser que Carvalho Monteirosabia que iria falecer em breve e pretendeu inaugurar a capela antes da sua passagem final? So

    questes que permanecem em aberto.

    No interior da capela podemos observar as imagens de alguns santos muito ligados sdevoes particulares de Antnio Augusto Carvalho Monteiro, que tambm encontramos naQuinta da Regaleira, como Santo Antnio (no como representado comummente com oMenino mas com a Cruz, trajando o hbito franciscano) e Santa Teresa de vila. Alm destes, hainda outros prendendo a nossa ateno, especialmente So Sebastio e So Roque. Tambmeste ltimo aparece representado aqui de forma diferente da habitual, porque ao invs e como uso na iconografia religiosa apresentar a perna esquerda desnuda, como se pode observar naoutra imagem de So Roque na matriz local, aqui apresenta a perna direita. Observa-se nisto osubentendido de um simbolismo inicitico, posto a perna direita (ou solar) destapada representar

    o acto de avanar a direito, com isso abrindo um mundo de possibilidades que s se criampela aco mental do idealista na matria imediata, ao invs da perna esquerda (ou lunar)desnuda expressiva da imobilidade, do que j se realizou e assim pertence ao passado. Tem-se,

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    pois, duas posturas antagnicas mas interdependentes, tal qual o Catolicismo com as suas duasleituras: a confessional (lunar) e a sapiencial (solar), ficando a catequese para os simples e ateologia, para no dizer gnose, para os sbios.

    So Roque na capela e na igreja matr iz de Lagos da Beira. Atentar nas pernas desnudas.

    So Sebastio, no mbito particular do simbolismo geral desta capela, deve ser

    observado como santo mrtir conectado ao rei martirizado D. Sebastio, expressando a religioptria ofendida e perigada com a nascente Repblica, isto por saber-se que Antnio AugustoCarvalho Monteiro perfilhava dos ideais sebsticos, sobretudo nas suas matizes espirituais ouiniciticas, no tanto na forma literal de regresso dum rei morto em Alccer-Quibir, mas com elerecrudescendo o mito do Desejado, mas antes e servindo-se da iconologia catlica para apontar oadvento do Encoberto, tema caro do Avatara futuro como Messias Redentor da Humanidade,assinalada at hoje carente de espiritualidade que torne realmente humana, levando assim a

    penetrar no tema subsequente do Imprio do Esprito Santo, o Quinto Imprio Portugus cantadopor Lus de Cames e prosado pelo padre Antnio Vieira, posto que para haver Imperador terantes de haver Imprio para governar. Estes ideais messinicos de Carvalho Monteiro so

    passveis de confirmao na vastssima simbologia presente na Quinta da Regaleira, e

    igualmente na vasta coleco de obras sebsticas e quinto-imperiais encontradas na suabiblioteca particular com mais de 32000 exemplares, actualmente propriedade da Biblioteca doCongresso de Washington, E.U.A., na qual imperam impressos, manuscritos e iconografias onde

    pontificam temas diversos, dentre eles o Templarismo, a Sebstica, a Camoniana e as CinciasNaturais.

    Deve-se igualmente realar no tecto da capela o pelicano alimentando os seus filhos,motivo que tambm encontramos entrada do Palcio da Regaleira, smbolo crstico de adoporosacruz mas de origem franciscana que o tradicional do Amor ou Caridade e Sacrifcio,alegorizado pelo mito do pelicano que d a sua prpria carne e sangue para alimentar a prole,caridade essa que tambm era exercida por Antnio Augusto Carvalho Monteiro, benfeitor nunca

    escusando ajuda a quem lha rogava, jamais saindo do halo de bondade e humildade que ocaracterizaram, predicados reveladores de pessoa espiritualmente elevada iguais aos dos raros

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    mas distintos confrades da supradita misteriosa Ordem de Mariz, a qual esteve sempre presenteacudindo encoberta aos destinos de Portugal desde a sua gnese.

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    Pelicano alimentando os fi lhos, na capela de So Roque e no Palcioda Regaleir a.

    Sabemos, pelas informaes internas disponibilizadas pela Comunidade TergicaPortuguesa, que Antnio Augusto Carvalho Monteiro e D. Fernando II de Saxe Coburgo-Gothaao tempo desempenhavam funes importantes nessa Ordem, e no de estranhar que houvesseamizade inter-famlias, particularmente atravs de Francisco Monteiro, partilha de ideais e at arealizao de empresas comuns, como foi a da fundao do Jardim Zoolgico de Lisboa. Na

    verdade, possivelmente a prova maior da sua afiliao efectiva Ordem Soberana onde s partcipe dela no o de fantasia voluntariosa que pretenda s-lo, mas o que realmente o seja pelaprova dada de valor e mrito seja a presena da cruz bordonada (pomme), que pelo seusimbolismo solar parente da Gr-Cruz da Ordem do Santo Graal que a mesma OrdemInterna exteriorizada, ainda assim interiorizada no seio da Instituiona capela de So Roque,igualmente avistada na capela da Quinta da Regaleira, ambas sob os altares, e assim tambm noJazigo da famlia Carvalho Monteiro, no Cemitrio dos Prazeres.

    Cruzes bordonadas sob os al tar es das capelas de So Roque e da Regaleir a

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    Ainda sobre o tema Ordem de Mariz, no deixa de ser curioso haver nas imediaes deLagos da Beira localidades possudas do topnimo So Paio(So Paio de Gramaos, So Paiodo Mondego, So Paio de Gouveia), cuja famlia San Payo ou Sampaio, sada da Moniz de

    Lusignan, tambm andou de ligaes com essa Milcia supra-secreta e supra-espiritual, diremosassim, e igualmente, pela proximidade ou vizinhana, quase de certeza com a famlia de

    Carvalho Monteiro. Para mais informaes sobre o assunto, aconselhamos a leitura do estudo danossa autoria publicado no link http://lusophia.wordpress.com/2010/08/22/ave-maris-nostra-o-legado-da-ordem-de-mariz-por-paulo-andrade/

    A ttulo de curiosidade, fica a seguinte informao: durante as nossas pesquisas para arealizao deste estudo, deparmo-nos com um inslito no Inventrio Artstico de Portugal, deVirglio Correia, 4. Volume, 1953, respeitante ao Distrito de Coimbra. Esse inslito est emconsiderar que em Lagos da Beira a capela de So Roque ser capela de So Jorge! Pensamosque no passou de uma errata do autor, pois no h qualquer informao que corrobore talidentificao, tampouco encontra-se no interior da capela alguma iconografia respeitante a SoJorge. No entanto, no deixa de ser curiosa a referncia a esse santo sabendo-se da sua

    importncia em determinadas correntes esotricas que, como j vimos, no eram indiferentes aAntnio Augusto Carvalho Monteiro. Fica a informao e o inslito da mesma.

    Referncia no I nventrio A rtstico de Por tugal capela de So Roque como sendo capela de So Jorge

    QUINTAIS

    Talvez a principal propriedade da famlia Mendes Monteiro, particularmente de AntnioAugusto Carvalho Monteiro, em Lagos da Beira, tenha sido a Herdade de Quintais, recuando aosculo XVI ainda que a sua parte habitacional e os respectivos portes de ferro sejam j dos finsdo sculo XIX, incios do XX. Foi o aumento dos limites do espao desta quinta que levou demolio da primitiva capela de So Roque, com posterior edificao de uma nova do mesmoOrago custeada por Carvalho Monteiro, como referimos anteriormente.

    Por to de Qui ntais e respectivas tor res

    http://lusophia.wordpress.com/2010/08/22/ave-maris-nostra-o-legado-da-ordem-de-mariz-por-paulo-andrade/http://lusophia.wordpress.com/2010/08/22/ave-maris-nostra-o-legado-da-ordem-de-mariz-por-paulo-andrade/http://lusophia.wordpress.com/2010/08/22/ave-maris-nostra-o-legado-da-ordem-de-mariz-por-paulo-andrade/http://lusophia.wordpress.com/2010/08/22/ave-maris-nostra-o-legado-da-ordem-de-mariz-por-paulo-andrade/http://lusophia.wordpress.com/2010/08/22/ave-maris-nostra-o-legado-da-ordem-de-mariz-por-paulo-andrade/
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    curiosa a histria dos seus proprietrios posteriores famlia Mendes Monteiro, quecontamos sucintamente. Havia em Lagos da Beira um rapaz chamado Antnio Gomes que eraum simples pastor. Pelo seu carcter taciturno, antiptico e rude, puseram-lhe a alcunha deLobo.Mas ele gostou tanto da alcunha que passou a assinar o seu nome como Gomes Lobo. Contratodos os interesses e expectativas familiares, veio a casar com uma rapariga de Aveiro muito rica

    e culta diplomada em farmcia, de nome Carminda Chaves Maia, e como se no bastasse a sortecontinuou a sorrir-lhe: apostou e ganhou um prmio de 600 contos na lotaria. A partir daqui, anarrativa da sua aquisio desta propriedade segue duas verses: uma, o de querer trazer a esposa

    para Lagos da Beira, ter comprado honestamente a quinta em meados de 1929/1930,possivelmente a Pedro Monteiro (filho de Antnio Augusto Carvalho Monteiro, o alcunhadoPedro dos Tostes por com ele ter-se desbaratado toda a fortuna do seu pai), por 30 contos deris, e a outra, a de que estando a herdade abandonada ter apresentado papis legais dando-lhedireito a ficar com ela. Por possvel herana no seria, pois no existe qualquer grau de

    parentesco com a famlia Monteiro. Actualmente a quinta habitada por uma filha de AntnioGomes Lobo, Isabel Chaves Maia Lobo e respectivo marido, mas a sua posse igualmente

    partilhada pelo seu irmo Joo Chaves Maia Lobo, residente em Lisboa. A forma como esta

    famlia veio a adquirir a Herdade de Quintais, ainda um mistrio (dos vrios) por resolver emLagos da Beira.

    A razo de contarmos essa histria motiva-se na tentativa de explicar as iniciais AGL(segundo a opinio geral) que se encontram forjadas no porto da quinta, e nisto comea oinslito aps sabermos, no decorrer das nossas investigaes, que esse porto e a respectiva torreso do tempo dos Fidalgos, e no entanto voz correnteas iniciais AGL significarem apenas

    Antnio Gomes Lobo. Mas se os portes so anteriores a Antnio Gomes Lobo, como podemeles aparecer com as suas iniciais?! Ser que sero mesmo as letras AGL, ou sero antes asiniciais ACL?...

    A sigla AGL ou ACL, na nossa opinio, no por to de Qui ntais, e uma das conchas da tor re

    A verdade que no pudemos aquilatar muito mais sobre esse enigma, apesar dos portesapresentarem o singular de outras curiosidades invulgares ao uso comum, como sejam dois

    pentagramas forjados neles (o pentagrama ou pentalfa alm de representar nos braos os 5elementos naturais terra, gua, fogo, ar e ter expressa igualmente o Homem em perfeitoequilbrio, alm de popularmente ser o signo salomnico esconjurador das ms influncias

    psicofsicas) e absolutamente idnticos ao que est na sada subterrnea da capela da Quinta daRegaleira, tambm em ferro forjado. J a presena da torre constitui o elemento maissignificativo desta propriedade, posto ser factor comum presente em todos os imveis da famliaCarvalho Monteiro, vendo-a dominando tanto na Quinta da Regaleira de Sintra como na

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    demolida Quinta do Vadre, em So Domingos de Benfica. A torre desta herdade de Lagos daBeira funcionava como cisterna ou depsito de gua (proveniente da nascente abundanteexistente a, indo igualmente alimentar a fonte pblica do povoado, como j referimos) e decorada por conchas incrustadas nela (que no sendo as conchas vieiras, simblicos do

    peregrino de Santiago de Compostela, alis, Oliveira do Hospital est dentro do mapa das

    peregrinaes santiaguistas, no entanto so conchas de mexilho, o que remete para o sentido depescador costeiro, que onde h esse bivalve, e no sentido mstico o pescador de perto oucosteiro aquele que est junto das almas e as abriga na Torre da F, dessedentando-as com agua da Vida que a Palavra Viva da Igreja de Cristo).

    Pentagramas nos portes de Quintais e no porto de acesso subter rneo capela da Qui nta da Regaleir a.

    A presena marcante da torre nas construes acasteladas da famlia Carvalho Monteirorecambia sempre e teimosamente para o mito de fundao da linhagem Lusignan (com a qual afamlia Carvalho Monteiro andou de proximidades) pela fada Melusina, que vivia num castelo eque da sua alta torre despediu-se dos filhos e do marido Raymond de Poitou, por este terquebrado a promessa de nunca v-la desnuda como mulher-sereia nas noites de sexta parasbado, lanando-se ao espao tomando a forma de um drago alado e desaparecendo para nunca

    mais voltar (para mais informaes, consultar http://pt.wikipedia.org/wiki/Melusina). O mitocorts dos Lusignan parece ter sido decalcado pelo cronista francs Jean dArras no sculo XIVdaquele outro mito bblico, considerado apcrifo na sinptica teolgica, da suposta descendnciasada do matrimnio entre Jesus Cristo e Maria Madalena, como tambm j referimos. Sendoassim, ser que o L encontrado nas inicias AGL ou ACL no ser designativo de Lagoense postoem relao com a sereia de Lusignan? Fica a pergunta no ar

    JAZIGO DA FAMLIA MONTEIRO

    O jazigo da famlia Monteiro possivelmente data de 1890, pois pode ler-se nele a

    inscrio 1890-A.M.M., sendo que A.M.M. deve indicar Antnio Mendes Monteiro. J noconserva a estrutura original e foi objecto de obras de melhoramento, dando-lhe um aspectocompletamente remodelado muito diferente do que era na origem, segundo pudemos apurar.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Melusinahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Melusinahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Melusina
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    Jazigo da famli a Monteiro com o retrato de Joo Monteir o e sua esposa, Rita Corr eia, no interi or

    Neste jazigo esto sepultados Maria Jesus Monteiro, av paterna de Carvalho Monteiro, e

    Joo Manuel Mendes Monteiro, seu primo, proprietrio do edifcio Cu Aberto, eprovavelmente tambm jazer a a sua esposa Rita Correia, posto haver uma fotografia de ambosno interior do mausolu.

    BIBLIOTECA-MUSEU TARQUNIO HALL

    A Biblioteca-Museu Tarqunio Hall(ocupando a casa onde viveu o grande investigador eescritor da Histria local, e que assim a autarquia encontrou uma forma justssima dehomenagear e perptuar o nome deste filho da terra) o principal plo cultural de Lagos daBeira, encontrando-se nela um rico esplio literrio de consulta acessvel a todos que requeiram,alm de uma exposio etnogrfica permanente de grande interesse. H tambm um vasto acervofotogrfico alusivo a acontecimentos e personalidades notveis locais, que ao longo da Histriaderam contributo importante para o desenvolvimento psicossocial de Lagos da Beira.

    Biblioteca-Museu Tarqunio H allonde est a foto de Jos Joo da Fonseca (ao centro) com a esposae um dos filhos, Virglio Hall

    Estranhmos no ver nenhuma fotografia da famlia Mendes Monteiro, mesmo sabendo-se da importncia dela na freguesia, algo que ningum nos conseguiu responder, e assim tem-se

    mais um inslito entre os vrios que viemos constatando sobre a mesma. No entanto, em umadas fotografias que observmos aparece um dos herdeiros que ficou com a maior parte dos

    bens de Antnio Augusto Carvalho Monteiro em Lagos da Beira, nomeadamente o professor

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    Jos Joo da Fonseca, pai de Tarqunio Hall. Ele fora uma espcie de feitor e secretrio deCarvalho Monteiro, e aos poucos foi ficando com quase todo o seu esplio. Com o falecimentode Jos da Fonseca, os seus bens (incluindo os que pertenceram a Carvalho Monteiro) foramrepartidos entre os filhos Virglio Hall e Tarqunio Hall, sendo posteriormente vendidos aentidades particulares.

    CONCLUSO

    Pensamos que a investigao realizada por ns em Lagos da Beira ser uma mais-valiacomo contributo para conhecer um pouco mais da enigmtica personalidade extica deAntnio Augusto Carvalho Monteiro, mesmo deixando muitas questes em aberto, algumasainda em processo de investigao passveis de outras que possam surgir. Acreditamos que estenosso modesto estudo possa servir de impulso para que outros, mais capacitados e com melhoresmeios que os nossos, venham a descobrir muito mais ainda e a corrigir eventuais erros de anliseda nossa parte quanto a este tesouro familiarque Lagos da Beira, pois, como referimos aoinicio, s conhecendo as origens e o ambiente envolvente poder-se- um dia a chegar a conhecer

    realmente quem foi Antnio Augusto Carvalho Monteiro. Nisto, da maior importnciainvestigar mais a pessoa de seu pai, Francisco Augusto Mendes Monteiro, e o seu trajecto devida, que consideramos ter tido importncia e influncia determinantes nos interesses do filho.

    Essa foi talvez a maior concluso desta investigao. Conclumos tambm, e este estudopretende prov-lo, que Antnio Augusto Carvalho Monteiro possua uma personalidade deinclinao sobretudo espiritual, era dotado de bondade e humildade invulgares, sempre pronto aajudar o prximo, fosse quem fosse, e nunca usou tampouco abusou do seu ttulo nobilirquico,Moo Fidalgo da Casa Real, para impor-se aos demais, muito pelo contrrio, contribuiusempre, generosa e anonimamente, para o crescimento humano e espiritual de todos,indistintamente. Pelos testemunhos que tivemos, no duvidamos da sua afiliao sincera ao

    Cristianismo catlico, mas igualmente no duvidamos de reservado ter apostolado oCristianismo gnstico, facilmente comprovvel pelas mensagens subliminares deixadas no seu

    patrimnio edificado, inclusive em Lagos da Beira. Isso manifesta-se pelos seus provadosinteresses esotricos, sobretudo a Alquimia e o Templarismo, e mais que tudo a sua visosebstica de Portugal como peanha do Quinto Imprio de Portugal, tudo resultando numareligio ptria, ou ptria religiosaque um dia, no passado histrico, foi bero Marizde umaTradio Supra-Sagrada de que Carvalho Monteiro pode muito bem ter sido o mais notveldifusor lusitano no sculo XX.

    Sr. Vitor Fernandes e D. Delf ina da Conceio, dois dos nossos colaboradores neste estudo

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    No poderemos concluir este estudo sem citar todos aqueles que nos ajudaram a realiz-lo, pois sem eles tal no seria possvel. Referimo-nos concretamente extrema amabilidade edisponibilidade de vrias personalidades de Lagos da Beira, nomeadamente o seu Presidente daJunta de Freguesia, dr. Jos Antnio Guilherme (pela simpatia e disponibilidade em receber-nos

    pessoalmente), Antnio Garcia de Brito Carumas (ancio de Lagos da Beira que nos contou

    pormenores sobre a vida dos Fidalgos), Antnio Pereira (que nos facultou vrias informaessobre a igreja matriz de So Joo Baptista, e sobretudo facilitou-nos o acesso aos tesourosexistentes na sacristia), Antnio Gomes Carvalho (que nos deu informaes sobre a Herdade deQuintais), D. Delfina da Conceio (a anci centenria de Lagos da Beira ainda com umamemria extraordinria, que teve o prazer de conhecer pessoalmente Antnio Augusto CarvalhoMonteiro, facultando-nos informaes e histrias muito curiosas sobre os Fidalgos,nomeadamente sobre o suposto busto de Carvalho Monteiro que existe no solar da famliaAmaral Cabral, e sobre a suposta existncia de uma esttua do mesmo em uma das suas casas emLisboa, desconhecendo ns tratar-se do Palcio da Rua do Alecrim ou se da demolida Quinta doVadre, em Benfica), e, claro (os ltimos so os primeiros!), o incansvel e prestvel a todosnveis senhor Vitor Fernandes, de quem j falmos no incio deste estudo, para o qual o melhor e

    mais sincero elogio que lhe podemos enderear, que sem ele nada teria sido possvel!

    Agradecemos, mais uma vez, a simpatia e colaborao disponibilizada por todos,esperando que voltemos brevemente a reencontrar-nos em Lagos da Beira, neste ou noutrocontexto, nunca esquecendo a amizade e a simpatia de quem tanto nos ajudou e esperando estar altura de poder retribuir tamanhas gentilezas.

    Terminamos, pois, reproduzindo o artigo que Vitor Fernandes publicou no Blog LB,Jornal de Lagos da Beira, noticiando a nossa visita a: http://lb-jflb.blogspot.pt/2012/04/investigacao-historica-em-lagos-da.html

    Quinta-feira, 5 de Abril de 2012INVESTIGAO HISTRICA EM LAGOS DA BEIRA

    No passado dia 31 de Maro, Lagos da Beira teve a visita de uma equipa deinvestigadores de Histria liderada por Paulo Andrade. Os objectivos eram conhecer as origensde Antnio Augusto Carvalho Monteiro, seu legado e sua importncia na freguesia. Tambm

    importava investigar possveis vestgios templrios na regio. O principal objecto de estudo foia capela de So Roque mandada construir por Carvalho Monteiro com projecto de Luigi

    Manini, arquitecto italiano autor do Palcio da Regaleira. Foram tambm de grande

    http://lb-jflb.blogspot.pt/2012/04/investigacao-historica-em-lagos-da.htmlhttp://lb-jflb.blogspot.pt/2012/04/investigacao-historica-em-lagos-da.htmlhttp://lb-jflb.blogspot.pt/2012/04/investigacao-historica-em-lagos-da.htmlhttp://lb-jflb.blogspot.pt/2012/04/investigacao-historica-em-lagos-da.htmlhttp://lb-jflb.blogspot.pt/2012/04/investigacao-historica-em-lagos-da.htmlhttp://lb-jflb.blogspot.pt/2012/04/investigacao-historica-em-lagos-da.htmlhttp://lb-jflb.blogspot.pt/2012/04/investigacao-historica-em-lagos-da.html
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    importncia os estudos feitos na igreja matriz e na quinta da famlia Maia Lobo. Tudo istoaliado a testemunhos das pessoas mais idosas da nossa terra que forneceram importantes dadosaos visitantes. No me cabe aqui revelar concluses e hipteses, mas adianto que os dadosrecolhidos constituiro um importante captulo da reedio actualizada de um livro sobre aQuinta da Regaleira e seu ilustre proprietrio.

    Foram as minhas publicaes em blogues e no facebook que atraram estes estudiosos, e quase certo que outros lhes seguiro o rasto. Sem qualquer ponta de imodstia, fico contentepor o meu trabalho de divulgao ter encontrado eco. Abre-se assim a possibilidade da obra deCarvalho Monteiro constituir um importante cartaz de turismo cultural para a nossa terra. Oscontactos vo continuar, at porque faz parte dos objectivos da Biblioteca-Museu o estudo

    profundo da nossa Histria.

    ADENDA

    Este estudo no teria sido possvel sem a ajuda dos nossos amigos senhores HugoMartins e Daniel Oliveira, que nos acompanharam na visita e investigao em Lagos da Beira,

    colaborando na recolha de dados, entrevistas, registos audiovisuais e fotogrficos, contandoainda com a colaborao do dr. Vitor Manuel Adrio, que posteriormente visitaria igualmenteLagos da Beira, como se pode confirmar pelo seguinte link: http://lb-

    jflb.blogspot.pt/2012/05/professor-doutor-vitor-adriao-visita.html

    BIBLIOGRAFIA

    Armorial Lusitano, por Afonso Eduardo Martins Zuquete. Edies Zairol Limitada, 4. edio,Lisboa, 2004.

    As origens dos apelidos das famlias portuguesas, por Manuel de Sousa. Sporpress, Mem-Martins, Algueiro.

    Benfica atravs dos tempos, por Padre lvaro Proena. Editora Ulmeiro, 2. edio, Lisboa,Junho 2004.

    Dicionrio ilustrado de smbolos, por Hans Biedermann. Editora Melhoramentos, So Paulo,1994.

    Inventrio Artstico de Portugal, por Verglio Correia. Volume IV, Distrito de Coimbra.Academia Nacional de Belas Artes, 1953.

    Lagos da Beira, Subsdios para a sua Histria, por Tarqunio Hall. Lagos da Beira,1997.

    Monografiasda Comunidade Tergica Portuguesa.

    Nomes de Portugal, por Lus Amaral. Edio do semanrio O Independente, 1998.

    Quinta da Regaleira, a Manso Filosofal de Sintra, por Vitor Manuel Adrio. EditoraOccidentalis, Lisboa, Maro 2007.

    Os jardins iniciticos da Quinta da Regaleira, por Jos Manuel Anes. squilo, EdiesMultimdia, 2. edio, Lisboa, Maio 2007.

    Sebstica manuscrita na Biblioteca do Congresso, por Manuel Joaquim Gandra. Centro ErnestoSoares de Iconografia e Simblica, Mafra, Abril de 2012.

    http://lb-jflb.blogspot.pt/2012/05/professor-doutor-vitor-adriao-visita.htmlhttp://lb-jflb.blogspot.pt/2012/05/professor-doutor-vitor-adriao-visita.htmlhttp://lb-jflb.blogspot.pt/2012/05/professor-doutor-vitor-adriao-visita.htmlhttp://lb-jflb.blogspot.pt/2012/05/professor-doutor-vitor-adriao-visita.htmlhttp://lb-jflb.blogspot.pt/2012/05/professor-doutor-vitor-adriao-visita.html
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    WEBGRAFIA

    http://www.geneall.net/P/per_page.php?id=30525

    http://lb-jflb.blogspot.pt/

    http://lusophia.wordpress.com/2010/08/22/ave-maris-nostra-o-legado-da-ordem-de-mariz-por-paulo-andrade/

    http://sintra-subterranea.blogspot.pt/2012/04/raizes-da-familia-carvalho-monteiro.html

    CRDITOS FOTOGRFICOS

    Paulo Andrade e Comunidade Tergica Portuguesa.

    http://www.geneall.net/P/per_page.php?id=30525http://www.geneall.net/P/per_page.php?id=30525http://lb-jflb.blogspot.pt/http://lusophia.wordpress.com/2010/08/22/ave-maris-nostra-o-legado-da-ordem-de-mariz-por-paulo-andrade/http://lusophia.wordpress.com/2010/08/22/ave-maris-nostra-o-legado-da-ordem-de-mariz-por-paulo-andrade/http://sintra-subterranea.blogspot.pt/2012/04/raizes-da-familia-carvalho-monteiro.htmlhttp://sintra-subterranea.blogspot.pt/2012/04/raizes-da-familia-carvalho-monteiro.htmlhttp://lusophia.wordpress.com/2010/08/22/ave-maris-nostra-o-legado-da-ordem-de-mariz-por-paulo-andrade/http://lusophia.wordpress.com/2010/08/22/ave-maris-nostra-o-legado-da-ordem-de-mariz-por-paulo-andrade/http://lb-jflb.blogspot.pt/http://www.geneall.net/P/per_page.php?id=30525