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CURSO DE FERIAS PARA APERFEIÇOAMENTO DE PROFESSORES DE GEOGRAFIA DO ENSINO MÉDIO JANEIRO DE 1967

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CURSO DE FERIAS PARA

APERFEIÇOAMENTO DE PROFESSORES DE

GEOGRAFIA DO ENSINO MÉDIO

JANEIRO DE 1967

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ÍNDICE

A necessidade da aplicação da Metodologia da Geografia no Ensino e na Pesquisa . Prof . Antônio José de Mattos Musso ........................

Sugestões metodológicas para o Ensino da Geografia . Prof . Carlos Goldenberg ..................................................................

A correlação entre a História e a Geografia . Prof . Emmanuel Leontsinis Aplicabilidade do Livro. Leituras Geográficas no Ensino da Geografia - Prof .

Ângelo Dias Maciel ......................................................... Elementos de Cartografia . Prof.8 Izabel Klausner ......................... Conceitos sôbre o Ensino da Geografia Pr0f.a Maria Magdalena Vieira

Pinto ........................................................................ A Agricultura na Faixa Tropical - Prof . Orlando Valverde ............... As Indústrias no Brasil - Prof . J . Cezar de Magalhães ...................... As Indústrias no Mundo - Prof . J . Cezar de Magalhães ..................

Relação entre a estrutura geológica do Brasil e os minerais - Pr0f . Othon Henry Leonardos ...........................................................

Economia Mineral do Brasil - Prof . Othon Henry Leonardos ............ A Geografia Política e a Geopolitica - Prof . Emmanuel Leontsinis ........

Fronteiras - seu conceito - Prof . J . Cezar de Magalhães .................. Fronteiras do Brasil - Prof . J . Cezar de MagalBes ........................ Problemas de Pressões Demográficas e Espaços Vazios - Prof . Ney Strauch Geografia e Planejamento - Prof . Pedro Pinchas Geiger .................... O Relêvo do Mundo - Pr0f.a Maria Francisca Thereza Cardoso ........... 0 s minerais da Região Nordeste e sua importância na Economia do Brasil - Prof . Antonio Teixeira Guerra ........................................

Construção e Interpretação de Gráficos Econômicos - Prof . Ângelo Dias Maciel .......................................................................

Leitura de Cartas - Prof . Antônio Teixeira Guerra ........................... Utilização de fotografias aéreas na Geografia - Prof . Carlos de Castro

Botelho ...................................................................... Utilização de cartazes no Ensino da Geografia - Prof . Francisco Barbosa

Leite ........................................................................ Elementos de Cartografia de Atlas Geográfico Escolar - Proi . Ary de Almeida Velho Mundo - Prof . Carlos Marie Cantão ............................... Mundo Novissimo - Prof . Carlos Marie Cantão ..........................

Interpretacão do Livro Exercícios e Práticas de Geomorfologia - Pr0f.S Celeste Rodrigues Maio ............................................................

Lagos, lagoas e lagunas do Brasil - Prof . Antônio Teixeira Guerra ........ PROVAS

Metodologia ..................................................................... Cartografia ...................................................................... Geografia Física ................................................................ Geografia Econômica ........................................................... Trabalhos Práticos .............................................................. Geografia Humana e Política ..................................................

REGULAMENTO

Resolução que fixa o número e o valor das bolsas de estudo ................ Participantes do Curso ......................................................... Deveres e Direitos dos Alunos ................................................ Relação dos Professôres ........................................................ Distribuição do Tempo ......................................................... Relação do Corpo Discente ..................................................... InstruçOes Reguladoras da Excursão ..........................................

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METODOLOGIA

A necessidade da aplicação d a metodologia da Geografia n o ensino e n a pesquisa. Prof. Antônio José de Mattos Musso

Sugestões metodológicas para o ensino da Geogra- fia. Prof. Carlos Goldenberg

A correlação entre a História e a Geografia. Prof. Emmanuel Leont,sinis

A aplicabilidade tío livro "Leituras Geográficas" n o ensino da Geografia. Prof. Ângelo Dias Maciel

Elementos de Cartografia. Prof." Izabel Klausner.

Conceitos sobre o Ensino da Geografia. Pr0f.a . . . . Maria Magdalena Vieira Pinto

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A NECESSIDADE DA APLICAÇÃO DA METODOLOGIA DA GEOGRAFIA NO ENSINO E NA PESQUISA

Prof. ANTONIO JOSÉ DE MATTOS MUSSO

1 - Introdução. 2 - Metodologia da Geografia, princípios que orientam o racio-

cínio geográfico. 2.1. A Geografia faz parte das ciências Naturais e Sociais. 2.2. Os seis princípios que conduzem o raciocínio geo-

gráfico 2.3. O princípio do tipo 2.4. " " da localização e extensão 2.5. " " da associação 2.6. " " da evolução 2.7. " " da comparação 2.8. " " da causalidade

3 - A observação direta 4 - A observação indireta 5 - Conclusão:

5.1. A aplicação da metodologia da Geografia no ensino. 6 - A aplicação da metodologia a pesquisa geográfica. 7 - Bibliografia

A necessidade da aplicação da metodologia da Geografia ao ensino e a pesquisa geográfica.

i . INTRODUÇÃO

1 .1 . O tema que iremos examinar é bastante extenso, admitindo um sem número de variações, todavia, escolhemos os pontos que nos parecem de maior im- portância para sua aplicação no curso secundário ou mesmo em um nível mais elevado de ensino.

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1.2. A moderna Geografia, por incrível que nos pareça, continua em pleno século XX, como uma ciência mal compreendida pela grande maioria das pessoas, isso porque, ou tomam-na apenas como um estudo de nomes de acidentes geográficos (nomenclatura), super- fícies, populações e outros suplícios da memória, ou então, como se ela fora uma espécie de lição de coisas, sem levar em conta o extraordinário impulso que esta ciência teve, no decorrer de pouco mais de um século.

1 . 3 . No Brasil, o progresso da Geografia em determinado setor foi bastante apreciável, mercê da excelente contribuição de notáveis cientistas nacionais e estran- geiros, que tantos serviços prestaram e vêm prestando ao progresso da Geografia em nosso País.

1 .4. De outro lado, merece um realce especial, a admirável cooperação das instituições, como os Institutos Histó- ricos e Geográficos, a Sociedade Brasileira de Geo- grafia, o Serviço Geográfico e Geológico de São Paulo, o antigo Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil, hoje integrando como Divisão de Geologia e Minera- logia o Departamento Nacional da Produção Mine- ral, as Associações dos Geógrafos Brasileiros, com uma contiribuição das mais brilhantes, o Instituto Brasilei- ro de Geografia da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, um dos grandes esteios da Geografia no território nacional, as Faculdades de Fi- losofia o Museu Nacional e tantas outras não menos importantes instituições.

1.5. Hoje a Geografia é uma ciência que está à serviço do homem, servindo à coletividade, como base do ensino, de pesquisas, planejamentos de grande envergadura, bem como, constitui fator indispensável para a inte- gração do homem ao meio pátrio e internacional.

1.6 . Apesar do que acabamos de relatar a Geografia con- tinua - como dissemos de inicio - mal compreendida do grande público, muito embora, seja incomensurável o esforço e a esplêndida atuação do Instituto Brasileiro de Geografia e das entidades apontadas, através de congressos, cursos de aperfeiçoamento para professô- res de todo País, conferências, divulgação de trabalhos executados por seus proficientes técnicos, através de suas preciosas publicações, indispensáveis aos profes- sores de Geografia e demais especialistas.

1 .7 . Torna-se necessário portanto, insistir no excelente trabalho que vem executando o IBG, as instituições de caráter geográfico e geológico, a atualização, sem-

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pre que passível, dos currículos F! programas, a fim de que, o educmdo, em especial, tenha um contato mais direto com a realidade dos fatos geográficos, suas correla~ões e resultantes, desta forma sinta uma vi- vência mais real dêsses fatos e dêles saiba tirar partido em benefício da sua formação e portanto, da melhor adaptação e utiliz-ação do aeio em que vive.

1.8. Coadjuvando êsse mqmo tmbalho cabe a nós profes- sares, a tarefa de divulgar 4s métodos aplicados pela moderna Geografia e através dêles conduzir o racio- cínio do aluno, ensin8hdo-o a pensar geogràficamente e portanto, a estudar a Geografia, do mesmo modo utilizando esta metodologia nó preparo das nossas aulas, nas nossas pesquisas de laboratório ou de campo enfim aos trabalhos. Nessa forma a geografia é uma ciência a serviço do homem e sem essa metodologirt cabos na velha geografia.

2, METODOLOGIA DA GEOGRAFTA: Princípios que orientam o raciocínio geográfico. .

2.1. A Geografia faz parte das Giencias Naturais e Sociais apoiando-se, portanto, na observação direta e indireta dos fen&- menos.

Emprega, ainda, a análise, a síntese além da hipótese, no estudo dos fatos que são vistos à luz dos principios que iremos examinar, terminando por demonstra-los, isto é: descrevê-las racio- nalmente.

2.2. Com esta finalidade, baseia-se em seis princípios que conduzem o raciocínio geográfico:

2.3. O princípio do tipo 2.4. '* " da localização e extensão; 2.5. " '> da associação; . 2.6. " H da eyolução; 2.7. " " da comparação; 2.8, " 9, da causalidade;

2.3. Princípio do tipo: ao observar um4 paisagem devemos nos preocupar com o que 6 típico, com o que é normal e caracte- riza esta paisagem. Exemplos :

a - Cidade do Rio de Janeiro tem como características geo- rnorfológicas, as serras e maciços arquemos com os seus morros de formas arredondadas (agulhas, pontões, abóbadas) separados por largas planlcies quaternárias que se debruçam sobre o mar;

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?

na &@o Sul dPbi a tfm Èta paisagem vegetal;

d - o planalto da Bocaina que #se alonga na direção NE-SW entre o vale do Paraiba e a Serra do ,Mar caracteriza-se por ser um extenso planalto (três blocos falhados) basculado para o mar

' apresentando um relêvo dissecado, com ondulações suaves nas partes mas altas, coberto por matas e campos naturais de altitude,

e - O Corcovado, com a imagem do Cristo Redentor, só a fotografia, mesmo sem os dizeres, seria suficiente para identificar o Rio - de Janeiro.

2.4 . Princípio da localização e extensão: verificando o que é típico, procuramos localizar e traçar os limites do fato geográfico, cartografando-o, representando-o em um mapa.

aste principio responde às perguntas: onde e até onde. Um fato deixa de ser geográfico, quando não forem conhe-

cidos: o seu domínio próprio e não puder ser cartografado. A Geografia está indispensavelmente ligada a Cartografia.

Exemplos : a - onde e até onde (limites) se situam as restingas na

Região Leste? b - Onde e até onde se estende o trecho em meandros, que

apresenta o rio Paraíba do Sul? c - Onde e até onde se situam os grandes derrames, os

maiores do mundo, de lavas basálticas, 'de idade tribssica, no Brasil?

d - Onde e até onde se situam 03 principais depósitos de zircônio em nosso País.

e - O pau brasil, onde e ate onde se estendia esta riqueza que deu origem ao nosso primeiro ciclo econômico?

2.5. Princípio da assobiação ou correlação: a Geografia só interessa os fatos em grupo. O fato isolado é uma abstração isso porque, bles nunca se apresentam isolados na Natureza e sim as- sociados e atuando uns sôbre os outros - correlação.

A habilidade do Geógrafo está em saber até que ponto os fatos atuam uns sabre os outros e suas conseqüências (ver princípio da causalidade).

Parte dêsse princípio a noção de paisagem, isto é: as carac- terísticas detesminantes de uma região.

Dizia o Professor Francis Ruellan: uma paisagem é um meio, um ambiente, que comporta numerosos fenômenos associados entre si, e o modo como êles se associam, lhes dando a sua indivi-

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dualidade. Todo meio é complexo e nunl estudo geográfico, um fato só interessa, na medida que êle está ligado a outros.

Quer isto, dizer que, anzlisados os fatos geográficos procuramos as relações, as conexões entre êstes fatos.

Exemplos : a - Por que o povoamento brasileiro custou a galgar o inte-

rior do País? b - Como explicar as diferenças entre a mata amazônica e

a mata atlântica? c - Quais as razões que explicam a localizacão de Volta

Redonda? d - Qual a influência que tem o Sol sobre a Terra? e - Como explicar o esgotamento dos solos em certas re-

giões?

2 . 6 . Princípios da Evolução: todo fato geográfico se modi- fica através do tempo. Por isso, se deve estudar os fatos atuais e procurar as suas ligacões através do tempo: o que foi, o que é, possivelmente o que será, procurando por tanto, as suas fases evolutivas. Nasce daí a noção de ciclo.

Exemplos a - O ciclo econornico do açúcar, sua influência na economia

brasileira, preparando outros ciclos econômicos. b - O ciclo da borracha, a era de ouro da Amazônia c - Vassouras, a primeira cidade do café, hoje centro turís-

tico. d - Os rios têm o seu ciclo evolutivo (Morris Davis), e o

ciclo evolutivo das lagunas fluminenses.

2 . 7 . Princípio da comparação ou da Geografia Geral: é ne- cessário comparar o's fenomenos análogos, que se passam em di- versas regiões da Terra, a fim de que possamos estabelecer leis gerais.

Exemplos : a - o estudo do aproveitamento das nossas florestas de

pinheiro (silvicultura) como se faz na Finlândia, Suécia, Noruega, Alemanha etc;

b - a cultura do trigo nos Estados Unidos da América do Norte, no Canadá, na Argentina, no Brasil;

c - estudo comparativo da zona equatorial brasileira e africana;

d - influência da laterização dos solos na África e no Brasil; e - a criação do bicho da sêda no Brasil e em outros países.

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2 .8 . Princípio da causalidade (causa e efeito) : todo fato geográfico tem uma causa física ou humana e uma conseqüência.

Êste princípio é o porquê da Geografia e veio dar-lhe o seu moderno caráter científico.

Todo fato tem uma causa e seu efeito; Alexandre de Humboldt aplicou-as a Geografia, tornando-a uma disciplina explicativa.

Exemplos : a - Por que o Rio de Janeiro ainda não possui um metro? b - Por que a seringueira do Brasil foi suplantada pela da

Malásia? c - Qual a causa do rebaixamento dos solos de cultivo e

suas conseqüências? d - Como explicar as formas do relêvo granito gnáissico do

Rio de Janeiro? e - Quais as conseqüências que teve para o nordeste a cons-

trução da usina hidrelétrica de Paulo Afonso?

Êste conjunto de princípios, cuja importância nunca será por demais ressaltar, nos levam ao método geográfico, que é comple- mentado com a observação direta e indireta dos fenômenos.

3 . A OBSERVAÇÃO DIRETA

3 . 1 . É o contato com a Natureza, com o meio, e a maneira mais eficaz de fazer Geografia, no dizer de Cholley.

3 . 2 . A Geografia parte da observação; é preciso saber ver, sentir e contar (descrever), ter intuição e distinguir no conjunto dos fatos, aquêles mais significativos, aplicando, para êste fim, os princípios da Geografia.

3 . 3 . As excursões de estudo, sua importância.

4 . A OBSERVAÇAO INDIRETA

4 .1 . I3 um auxiliar poderoso da observação direta; na im- possibilidade de nos utilizarmos das duas, o que seria o ideal pois viria facilitar o nosso trabalho, faremos isso da observação indireta.

4 .2 . Bste tipo de observação é feita, dentre outras, através de uma, boa bibliografia; no curso secundário ensinaremos ao aluno como usar honestamente esta bibliografia, pois isso é impor- tante para a sua própria formação; gravuras, fotografias, diafilmes, slides, fotografias aéreas, desenhos, blocos, diagramas, maquetes, globos, cartas, mapas, atlas.

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4 . 3 . Aplicando com objetividade os métodos da Geografia, visualizando, objetivando o quanto possível o ensino desta ciência - embora não desconhe~a as dificuldades em se obter material didático - procurando um contato mais direto com a Natureza, através de excursões, de estudos, visitas, mostrando a aplicacão imediata dos fenômenos (causa e efeito), poderemos imprimir um maior ritmo de entusiasmo e aproveitamento ao ensino da Geo- grafia.

5. CONCLUSÁO

5.1. Justifica-se, pois, a necessidade imperiosa da aplicacão da metodologia da Geografia ao ensino e a pesquisa geográfica.

5.2. No ensino - fugindo a improvisacão, ao acaso, diz Challaye: as autodidatas seguem um rnétodo por intuição, indi- cado por um dom natural, o talento as faz descobrir um caminho.

5.3. Mostremos o que pode realizar a Geografia, como ci- ência, aplicando o seu método próprio; examinando os fatos estudados e estruturando as nossas aulas, raciocinando a luz dos princípios que acabamos de mencionar, desta forma, estaremos fugindo da Geografia, há muito ultrapassada, de citacões de fatos sem correlação, sem resultantes.

6 . NA PESQUISA GEOGRÁFICA

6.1. Da mesma forma torna-se indispensável o emprêgo do método geográfico, utilizando-se a observacão direta e indireta dos fenômenos, começando pela segunda, indo ao campo e trazendo os elementos observados para serem analisados a luz do método geográfico. Sem esta disciplina de pesquisa, de raciocínio, não faremos um estudo geográfico, mas quando muito, uma descrição por vêzes bem feita mas jamais um estudo geográfico, científico.

6.2. É a metodologia, e não será demais repeti-lo, que dá a Geografia uma grande expressão como ciência e como poderosa fôrça de pesquisa, de planejamento e previsão, proporcionando grandes realizacões. Vide artigo sobre "A Geografia aplicada na conservação dos recursos naturais básicos", tendo em vista o poder nacional e a seguranca nacional escrito pelo Professor Antônio Teixeira Guerra e publicado na Revista Brasileira de Geografia Ano X X V I I I - janeiro-marco de 1966, n.0 1, págs. 57 a 60.

Por ser a geografia uma ciéncia de correla$óes de fatos cabe a ela o primeiro phsso, nos diversos tipos de planejamento.

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6 . 3 . Não queremos com o que acabamos de expor, no curso secundário fazer Geógrafos, mas, pelo menos conhecedores cons- cientes do meio em que vivemos, para melhor desfrutá-lo em benefício do nosso imenso e desconhecido Brasil, e pelo mesmo motivo, em benefício do mundo no qual habitamos e cujo espaço e o tempo se encurtam cada vez mais, em função das grandes velocidades que hoje o homem alcança, nos foguetes teleguiados, nas espaçonaves, nos jatos; por estas e outras razões, devemos com urgência, conhecer melhor o planêta em que vivemos e dessa forma, colaborar, através da Geografia para um mundo que melhor se compreenda.

7 . BIBLIOGRAFIA

- BLACHE: Paul Vida1 de La Princípios de Geografia Humana Edições Cosmos - Lisboa

- BRUNHES : Jean La Geographie Humaine - Edition Abrégeé - Presses Universitaires - France (págs. 1 a 14).

- CHOLLEY: Andre Guide de l'étudiant en Géographie Presses Universitaires - France

- DELGADO DE CARVALHO: Carlos Miguel A excursão geográfica (Guia do Professor) IBGE-CNG - Rio de Janeiro.

- GEFFONTAINES : Pierre Qu'est-ce, que la Géographie Humaine Boletim Geográfico do Conselho Nacional de Geografia, n.0 3 - págs. 13-17. Rio de Janeiro

- FREEMAN: Otis W. Raup; H. F. Essentials of Geography Prefácio ,Mc Graw - Hill Book Comp. Inc. Cosmos

- MARTONNE: Emmanuel de Panorama da Geografia Geografia Física - vol. I - Ed. Cosmos Lisboa.

- MONBEIG: Pierre Papel e valor do ensino da Geografia e sua pesquisa - IBGE - Conselho Nacional de Geografia.

- PASTORE: Lorenzo Dagnino La Ciencía Geográfica Ediciones Geográficas Argentina - Buenos Aires

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- RUELLAN: Francis Os métodos modernos do ensino da Geografia Biblioteca Geográfica Brasileira Publicacão n.0 2 da série B. IBGE - Conselho Nacional de Geografia Rio de Janeiro.

- RUELLAN: Francis O trabalho de campo nas pesquisas originais de Geografia Regional. Separata da Revista Brasileira de Geografia - Ano VI, n.0 1 - Rio de Janeiro.

- SCHNASS: Franz y Rude Ensefianza de la Geografia. Iden de la História y Educación Civica - Editorial Labor S.A. - Barcelona, Madrid, Bue- nos Aires, Rio de Janeiro. *

- STERNBERG : Hilgard O'Relly Contribuicão ao estudo da Geografia de Pierre Deffontaines Ministério da Educacão e Saúde - Servico de Documen- tação - Rio de Janeiro.

- THRALLS: Zoe A. O ensino da Geografia - Tradução de Dalibay Sperb - Ed. Globo.

- UNESCO L'enseignement de la Géographie Petite guide a I'usage des maitres vers la compréhension internacional - Paris.

- UNESCO Y su programa - VII.

La enseiíanza de Ia Geografía a1 servicio de la compreen- sión internacional.

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SUGESTõES METODOLÓGICAS PARA O ENSINO DA GEOGRAFIA

Prof. CARLOS GOLDENBERG

1 . A GEOGRAFIA COMO CIÊNCIA NATURAL E SOCIAL E SEUS OBJETIVOS FACE AOS DA EDUCAÇÃO SECUN- DARIA.

1.1. Fazer com que os alunos conheçam e apreciem as influências recíprocas entke o meio físico e os sêres vivos.

Dizem que o homem tem dois inimigos físicos indomáveis quando procura alargar o ecúmeno.

Os lugares onde a vida por demasiado exuberante, se enfra- quece, ou sejam as regiões intertropicais. Estamos assistindo, desde já, a dominação do deserto, quer nas zonas semi-áridas até bem pouco completamente inaproveitáveis, quer do deserto do Colorado (EEUU), quer no deserto de Neguev (sul de Israel), hoje abri- gando uma população de 100 000 habitantes, numa área de 14 024 km2, quer no próprio Saara (na atualidade um vasto campo mi- neral a prosperar, a explotar e a industrializar, contando hoje com uma população de 2 000 000 de habitantes) .

As regiões estão sendo estudadas minuciosamente, e 14 países possuem terras na Antártica. O Brasil, país tipicamente tropical, é o 8.0 do mundo e o mais populoso da América Latina.

Todos os sêres sofrem a influência do meio; sob essa palavra devem ser compreendidos não só os fatores cósmicos como outros. Os vegetais que não se podem mover, fixados como estão no solo, são verdadeiras fotografias climáticas. Quem quer que olhe para um mapa da distribuição da temperatura e das chuvas, e examine, em seguida, a disseminação das associações vegetais desde a tundra até a floresta amazônica - verá como êsses mapas se superpõem por coincidência. Mas, já os animais têm automobi- lidade. Nas épocas pré e proto-históricas, o homem teria sido excessivamente irrequieto e nômade, precisamente para fugir ao "meio" contra o qual não podia lutar.

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As migrações de animais, em geral, e do homem mais parti- cularmente, têm causas tipicamente geográficas. Geográficas são também por outro lado, as adaptações que sofrem animais e povos quando acabam vencendo o pêso do meio físico.

O homem, animal inteligente, engendra meios de combater o que há de inospitalidade no ambiente que o cerca e não raro consegue ser o vencedor.

Essa inospitalidade pode ser combatida desde já, em certos pontos da terra, pela educação e pela técnica.

1.2. Dar o conhecimento geográfico da produção e distri- buição da riqueza.

Depois do estudo do meio físico, isto é, do cenário em que o homem é chamado a viver, somos levados a examinar de que modo êle explora e explota estas terras e seus recursos.

A Geografia humana não é mais uma enumeração de fatos mais ou menos interessantes, julgados úteis a conhecer e tidos por exatos: tal cidade tem tantos mil habitantes; tal país tantas tone- ladas de trigo etc., nem unia disciplina de frases circunstanciadas sem base geográfica, tais como: "Na América Central, a República de Cuba, grande produtora de fumo e açúcar ou ainda o café é cultivado em larga escala no norte do Paraná" etc.

As proposições não geográficas se tornam geográficas quando envolvidas em relações recíprocas, que podem ser de causa e efeito; ou de simples interdependência. Ex: no sertão nordestino, a agri- cultura é realizada nas serras cristalinas e nas chapadas permeá- veis, porque estas recebem maior quantidade de chuvas ou pelo menos maior unidade do que a parte baixa do sertão; uma vez que as poucas massas de ar que conseguem ultrapassar a Borborema, (que barra as massas de ar vindas do Atlântico, possibilitando chuvas ao longo do litoral), são barradas pelas citadas elevacóes (chuvas de relêvo). Após a Borborema, encontramos o sertão nordestino que se apresenta plano, interrompido apenas por dois tipos de elevações: as serras cristalinas e as chapadas permeáveis.

1 . 3 . Focalizar a íntima interdependência social e econômica dos diferentes povos; fazer sentir que o aluno integra a grande comunidade humana, compreendendo outros povos, outras socie- dades, outras nações, despertando o sentimento de respeito mútuo, de solidariedade humana e internacional. A Geografia ensina, de certa forma, uma moral.

Ela demonstra ao mesmo tempo, a grandeza e a pequenez do homem; ensina, além disso, uma moral de responsabilidade. Cada geração inscreveu sobre a terra a sua obra Geográfica, obra de organização, de progresso. O homem é, de certo modo, responsável pela terra; êle não deve degradá-la. 'Cada um de nós trabalha

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para que esta terra seja menois áspera, mais humana. Assim é, indiscutivelmente, uma moral de fraternidade o que ensina a geografia humana, e aí está toda a sua grandeza.

1 .4 . A preparação da inteligência do educando para a compreensão da influência da Geografia sobre as mais importantes atividades sociais.

Depois do estudo do meio físico, isto é, do cenário em que o Homem é chamado a viver somos levados a examinar de que modo êle explora e explota estla terra e seus recursos.

Antes porém, da visão de seu trabalho e dos resultados por me10 dêle obtidos, precisamos saber de que modo o Homem se apresenta sobre a superfície da terra, como forma seus grupos, suas sociedades, como organiza sua vida coletiva, como se desloca, no espaço, como progride na cultura e de que modo vive. São estas as feições de uma das partes mais modernas dos estudos geográ- ficos: é a denominada geografia Humana, que nos prepara a interpretar mais satisfatòriamente a exploração e a explotação econômica do Globo pelo Homem.

1.5. Fazer o aluno perceber, localizar, correlacionar e inter- pretar os fatos geográficos através dos hábitos de atenção, obser- vação, pesquisa e técnica. São precisamente as capacidades de observação que a Geografia pode desenvolver; poderia dizer-se, sem exagêro, que a Geografia é a arte de saber ver: saber ver uma paisagem, um mapa, uma fotografia. Êsse estudo analítico das paisagens ou de suas reproduções, que é feito por uma leitura atenciosa e precisa, constitui um excelente exercício de observa- ção; os alunos aprendem, assim, a constatar as semelhanças e diferenças depois de um exame metódico.

Quanto mais estiverem habituados a êsse exercício tanto melhores serão os resirltados em seus trabalhos escolares, e tanto melhor adquirirão hábitos mentais que, fora da escola e da Geo- grafia, lhes serão valiosos.

O Professor de Geografia também tem uma outra função muito importante: ajudar a formação cívico-moral do aluno. Digo bem a formação cívico-moral. Qual o professor do curso secun- dário, a não ser o professor de Geografia, que vai ensinar ao aluno, por exemplo, que a gente do Nordeste está lutando contra um certo meio geográfico que, por determinados fatores, estão lutando contra a sêca? Que esta zona do Nordeste apresenta um problema de importância nacional. O problema das cheias do Amazonas. Quem vai ensinar ao futuro cidadão brasileiro que um dos pro- blemas mais important~s de seu Pais é o da defesa do solo, bem como, quem ensinará as condições apropriadas para o desenvolvi- mento da produção agrícola, e as possibilidades de industrialização

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do País? Será naturalmente o professor de Geografia que irá en- sinar os problemas de importância econômica do Brasil no seu conjunto.

1.6. Despertar o patriotismo consciente fundamentado na razão.

1.7. Que os alunos ao terminarem o curso possuam, para sempre, interêsse por esta matéria e que sejam inteligentemente sensíveis aos "conios" e porquês" de um mundo que está em contínua transformacão.

Criticamos a aprendizagem da Geografia do Mundo por me- norização, porque quando nossos alunos chegarem a ser adultos encontrar-se-ão numa situacão diferente. Fazendo-se pé firme na causalidade no ensino fica-se livre desta crítica, porque o seu fim é criar pensadores geográficos ao invés de memorizadores. Se, por intermédio da experiência escolar ensinam-se aos alunos, a se deleitarem em busca de atividades de causas, de fenômenos, o processo terá a tendência a continuar.

1 .8 . Contribuir para a realização dos objetivos da Escola Média: desenvolvimento integral da personalidade do aluno, visando a adaptá-lo ao meio físico e social, da melhor maneira pos- sível, de forma a capacitá-lo para a continuidade do progresso humano.

Uma missão especial no ramo que nos interessará a formação do aluno cidadão. Esta alta função deve ser desempenhada com amor, clarividência e aptidão. São e serão os discípulos os homens de amanhã e sobre eles recairão a responsabilidade da formação mental e cívica de nossa Pátria.

Em resumo, isso equivale a repetir que o ensino da Geografia, como de outras disciplinas, deve ser praticado em um ritmo que os espíritos dos alunos possam acompanhar; como não são nem sábios nem técnicos que se pretende formar no ensino médio, o professor deve esquematizar, esclarecer e cultivar a humildade intelectual. Seu papel, é preciso repetir, é contribuir a formação de intelectos suficientemente guarnecidos, versados no manejo do pensamento e dotados de métodos para manejar êsse pensa- mento. É por isso que o curso de Geografia não pode ser organizado para alunos de 11 a 16 anos como o seria para especialistas. Sente- -se frequentemente que os professôres se deixam levar por seus gostos pessoais e, ultrapassam seus alunos; é um grande perigo esquecer que a Geografia não pode senão ser modesta no conjunto do curso médio, que os alunos têm muitos outros ensinamentos a receber, que cada professor não é senão um elemento entre outros.

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2. INTERPRETAÇÃO DOS PROGRAMAS DE GEOGRAFIA

2.1. A Diretoria do Ensino Secundário elaborou, através da Campanha de Aperfeiçoamento e Difusão do Ensino Secundário, um relatório, a propósito da posição da Geografia no ensino, em face da Lei de Diretrizes e Base.

este documento foi enviado ao Conselho Federal de Educação, o qual adotou as sugestões apresentadas pela Comissão designada pela CADES, destacando-se as seguintes:

2.1. - 1) que a primeira série ginasial seja considerada, com efeito e de fato, o ponto inicial para os demais estudos geo- gráficos e, assim, sejam desenvolvidos estudos de iniciação geográ- fica, com abundantes exemplificaçóes brasileiras;

2.1. - 2) que a segunda série seja dedicada ao estudo da geografia do Brasil, objetivando sua caracterização regional;

2.1. - 3) que na 3." série seja estudada a organização política e econômica do mundo em suas diferentes áreas geogrh- ficas;

2.1. - 4) que o ensino da Geografia no curso colegial abranja, para 1.0 ano, uma visão da Geografia humana e econô- mica do Brasil, e, para o 2.0 ano, o estudo das principais potências e dos blocos regionais.

Embora o Conselho Federal de Educação tenha estabelecido a amplitude e o desenvolvimento da Geografia dentro do sistema de ensino médio, não obriga, entretanto que os professôres inter- pretem as mesmas, como normas ou programas.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (promul- gada a 20/12/61) entre outras vantagens, trouxe autêntica des- centralização do ensino possibilitando largueza de interpretaqão didática.

3 . PRINCÍPIOS BASICOS DA GEOGRAFIA

3.1. No ensino da Geografia é necessária a aplicação de um certo número de conhecimentos adquiridos, os quais são chamados de princípios básicos da Geografia (atividade, localizaçáo delimi- tação, correlação e causalidade).

3.2. Atividade

Quando encaramos qualquer fato que se passa na terra e queremos estudá-lo, temos que ter em mente que, nela, tudo está

1 Os membros desta Comissão foram os professôres: Carlos Goldenberg, Emanuel Leontsinis, Maria Magdalena Vieira Pinto, João Carlos Fernandes Cantuária, Nilo Ber- nardes, Carlos Marie Cantão, Maurício Santos, Tharceu Nehner e Clovis Doctori.

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em atividade, que está permanentemente se transformando, em- bora sua aparência, as vêzes, seja imutável. Convém, assim, ter sempre em mente a constante evolução dos fatos geográficos. Todo o fenômeno geográfico tem uma idade, quer se trate de uma montanha, quer de um litoral, de uma indústria ou de um poder econômico. O relêvo que temos sob os nossos olhos é apenas o resultado de um passado que deverá ser evocado de relance; fazendo fundo a um rio, perfilam-se como uma imagem superposla, seu regime, suas variaçiões no tempo e no espaço etc.

33 na Geografia humana e econômica que a idéia de evolução deve predominar (cidades nasceram, cresceram, brilharam e desa- pareceram; certa área já foi coberta de floresta, como a própria toponímia prova, derrubada a mata, cultivaram-na, hoje acha-se revestida por campos onde pasta o gado de corte).

Os fatos geográficos são fatos em constantes transformagões e como tal devem ser ensinados.

3.3. Localixação

Para que um estudo de fatos tenha caráter geográfico é necessário que êsses fatos existam em algum lugar (dado o dina- mismo da ocorrência geográfica, podem os fatos ser chamados de fenômenos ou acontecimentos. Só podem ser considerados geográficos os fenômenos passíveis de fixação em certo e deter- minado lugar.

Assim, quando estudamos, por exemplo, a localização das florestas, na superfície do globo estamos fazendo geografia mas, quando estudamos as raízes, os caules etrc., estamos em pleno campo da história natural. Não compete ao professor de Geografia ensinar a estrutura das plantas que germinam na superfície da terra, as múltiplas variedades de uma espécie vegetal, as famílias a que pertencem etc., mas sim as associações vegetais de um dado meio-geográfico, o proveito que os homens e os animais tiram dessas associações, quais as conseqüências resultantes de sua destruição (desflorestamento) etc.

É necessário localizar os fatos explicados aos alunos: tratando- -se de um pôrto, qual a sua posição, seu sítio, sua função, suas relações marítimas etc. De chuvas no Brasil: a proposição, um movimento de convecção de massas de ar saturadas que determina precipitação, seria uma proposição meteorológica; mas, o encontro de massas de ar do Atlântico com a parte oriental do planalto brasileiro, que determina chuvas ao longo do nosso litoral é uma proposição geográfica.

3.4. Delimitação

Quando analisamos um fenômeno qualquer, dizemos que o fenômeno se passa em algum ponto. Mas fenômenos verificam-se

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em áreas e não em pontos. Assim, devemos fazer uma delimitacao da área. A propósito do princípio anterior e dêste, diz R. Clozier: "A geografia retém a localização e a delimitação dos fatos. Assim a delimitação da área geográfica do trigo, os contornos que traçam seus limites indicam suas exigências e suas condições de vida".

Os princípios da localização e da delimitação adquirem plena significação com a utilização do mapa geográfico que nada mais é do que a localização e a delimitação das áreas terrestres e aquosas, e dos fenômenos físicos e humanos.

3 . 5 . Correlação ou conexão

Quando estudamos uma paisagem geograficamente, em prj- meiro lugar, consideramos a atividade, depois sua localização e a delimitação. Mas isso não é suficiente, pois uma área de florestas compactas e área de clima equatorial, é área de abundantes chuvas. Ex: floresta Amazônica.

Na superfície da terra os fenômenos não estão destacados uns dos outros. Disse Vida1 de La Blache que "São precisos mil fenômenos para explicar um".

A Floresta Amazônica, a do Congo e a da Indonésia estão i na mesma latitude porque estão sob certo tipo de clima (equato-

rial), com certa quantidade de chuvas (abundantes durante o i ano todo), que possibilitam o desenvolvimento dessas florestas.

Para estudarmos a serra do Mar devemos compará-la com a cordi- lheira dos Andes, com as Montanhas Rochosas etc.

Num mapa de relêvo no qual se representam as isoietas, a correlação entre o relêvo e a quantidade anual de chuvas logo se evidenciará.

Só se avaliará a riqueza de uma terra confrontando-a com outra menos fértil; a exuberância de uma cidade considerando-se a tranquilidade de outra etc.

É da comparação entre o que foi visto no lugar e que existe fora dêle que nascem os "porquês".

3 . 6 . Causalidade

É o princípio que dá, finalmente, caráter científico a Geo- grafia. Todo fenômeno geográfico tem suas causas: a extensão de um bairro urbano, a localização de uma fazenda, certa forma de vale, certo progresso de cultura, certa forma agrícola (no Japão, país muito montanhoso, o arroz, produto básico de sua alimentação é cultivado em terraços, porque aquêle alimento deve ser cultivado em terrenos que possam ser inundados, consequen- temente planos etc . )

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Concluindo, podemos dizer que a Geografia é a ciência que estuda a distribuição sobre a superfície da terra dos fenômenos físicos, biológicos e humanos, procurando localizar, delimitar, correlacionar e explicar as causas dêsses fenômenos.

Assim, é necessário que o ensino aplique, o quanto possível, idéias de evolução, localização, delimitação, correlação e causa- lidade.

4 . SUGESTÕES METODOLÓGICAS PARA O ENSINO DA GEO- GRAFIA NA I.", 2." E 3." SÉRIES.

4.1. - 1.a série - O método de ensino da Geografia na pri- meira série é de grande importância, pois, se impingirmos a alunos que se iniciam no curso médio uma série de dados, de fatos e hipóteses sem nenhuma base, aquêles logo no início do curso passarão a ter ojeriza pela disciplina.

Deve-se partir de uma idéia simples, riliotivadora e dentro das possibilidades de compreensão dos alunos, ampliando-a progres- sivamente em todos os sentidos da aprendizagem. No ensino da Terra como membro do sistema Solar devemos chamar a atenção que ela mantém com o Sol e a Lua relações importantes ligadas as condições em que vivemos.

O estudo do Equador, dos meridianos e dos paralelos deve ser realizado demonstrando-se sua utilização na separação de hemisférios, cálculos da longitude e latitude, fusos horários divisão da terra em zonas climáticas etc.

Na 1.a série ginasial assume grande importância a interpre- tação de mapas pelos alunos, o que terá utilidade para todo o curso. Diz o professor James B. Vieira Fonseca que "os alunos devem aprender a ler um mapa como o colega de línguas consegue ler um texto". Na realidade, sendo o mapa. uma forma de simbo- lismo, precisa ser interpretado, e ao mestre de Geografia cabe a função de educar o estudante, capacitando-o a tirar do mapa tudo quanto nêle se acha contido.

Para a consecução dêsse objetivo, deve-se assim proceder: a ) Dizer quais os tipos de cartas, física, política etc., e a

significação simples de cada uma. b) Partir da planta da cidade tendo em mira a relação

existente entre as dimensões representadas na carta e as dimen- sões reais do terreno - é a escala, - para progressivamente atingir-se desde o cálculo da distância da, residência ao colégio, até o cálculo da separação entre países, d~: quantos metros serão necessários para se atravessar um país no seu trecho mais largo, e compará-lo com outro país etc.

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c) Convenções - As convenções cartográficas são símbolos empregados nas cartas para indicar construções e acidentes exis- tentes no terreno. Geralmente constituem desenhos simples, semelhantes aos acidentes e construções que representam, e a turma deve ser treinada na procura do significado dêsses desenhos, e não na sua memorização. A sua fixação será alcançada com a frequência do trabalho. Fazer ver aos alunos que nos mapas físicos, cada cor ou totalidade representa determinada zona da altitude, e que as cores geralmente usadas são verde para as planícies (sendo que quando o mapa tiver duas tonalidades de verde, a mais escura representa as partes abaixo do nível do mar, e as mais claras as planícies), e o castanho ou marrom para as elevações, cujas tonalidades vão-se tornando mais fortes à medida que a altitude aumenta.

Da mesma maneira, o azul que representa os oceanos, vai- -se tornando escuro, a medida que as profundidades aumentam. As cartas possuem uma legenda, indicando a correspondência entre as cores e altitudes e as profundidades.

Salientar as curvas de nível (linhas que unem pontos de mesma altitude) e que são tiradas, como se tivéssemos vendo uma elevação do alto.

Existindo na natureza algumas formas de relêvo semelhantes, umas ao cone (picos), outras a hemisférios (mamelões), outras ao tronco de cone (planaltos, mesetas) etc., torna-se fácil repre- sentar por curvas de nível as formas geométricas as quais se assemelham. Pelo uso constante das curvas de nível facilmente se constatará, através das mesmas, ou pela confecção de perfis simples, a forma do relêvo representado. Interpretar os mapas de isarítimas (isotermas, isoietas etc.), pontinhos e setores.

Quanto ao estudo da terra e seus elementos, as discussões devem ser superficiais, demonstrando-se as grandes relações entre os elementos.

Devemos passar rapidamente sobre os assuntos que não têm aplicações no Brasil; deixemos o estudo mais detalhado das ge- leiras aos estudantes suíços e o exame circunstanciado dos Vulcões aos japonêses e aos equatorianos. Insistamos, em compensação, sobre climatologia tropical, sobre as condições das zonas semi- -áridas do Globo, sobre tipos de formação litorânea etc.

No estudo da litosfera devem ser evitadas as hipóteses sobre a constituição do núcleo da terra sobre as eras em que surgiram as montanhas etc. É muito mais importante demonstrar a desi- gualdade e a posição do relêvo no mundo (através das curvas de nível, da confecção de perfis ao longo dos paralelos e meridianos pelo levantamento do relêvo, através do processo da cartolina), comentando as conseqüências resultantes dessa desigualdade e posição, no povoamento, nos transportes, no clima (semelhança

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po mapa, entre as manchas que indicam as máximas de chuva, e os altos relevos; localização de cidades); as modificaçóes a que está constantemente sujeito; os solos e sua utilização; a importân- cia das ilhas (escalas abrigos, portos etc).

Não se recomendam no estudo da Atmosfera, as teorias sobre a sua divisão, os tipos de nuvens, a citação de detalhes técnicos, os cálculos complexos de todos os elementos atmosféricos etc. Mas, sim, a utilização das conclusões dêsses cálculos na interpre- tação de mapas pluviométricos, barométricos, isotérmicos etc. a fim de, levando em consideração também, os fatores do clima, fixar tipos de clima do qual dependem, em última análise, as culturas, o gênero de vida do homem do campo, as associações vegetais etc.

No que tange a hidrosfera, deve-se fugir da citação de todos os sêres orgânicos que vivem nas águas oceânicas etc. Deve-se dar ênfase ao papel que as águas (oceanos, rios, lagos) representam para o homem, (transporte, importância dos canais; comércio; energia elétrica; alimentação; localização de cidades; irrigação e tc . ) .

Depois do estudo do meio físico, isto é, do cenário em que o Homem é chamado a viver, somos levados a examinar de que modo êle explota e explora estas terras e seus recursos.

Antes, porém, da visão de seu trabalho e dos resultados por meio dêle obtidos, precisamos saber de que modo o Homem se apresenta sobre a superfície da terra. Com referência ao ensino dos grupos humanos, deve-se levar em consideração os seguintes aspectos :

1 - No que tange à População do globo, realçar em que condições esta cresce (em número) ou se desloca (imigração, colonização). Isto não significa a simples citação de dados numé- ricos, mas sim a localização e a delimitação baseadas nas circuns- tâncias de clima, de topografia, de economia, em que se produ- ziram. (Como o meio influi na distribuição da população e como o homem se adapta ao meio. )

2 - Não se deve ensinar, aos alunos, a classificacão de etnias baseadas no tipo do queixo, do nariz, dos cabelos etc. porque êste assunto não pertence a Geografia, mas sim a Antro- pologia. É mais racional demonstrar que etnias são grupos huma- nos que diferem por certos caracteres hereditários, onde a cor da pele é o que mais chama a atenção, sendo que os culturais não servem para definir etnias (hoje substitui-se o têrmo raça por etnia) .

É claro que podemos classificar grupos humanos pelos carac- teres culturais, e falar, por exemplo, em povos nômades e seden-

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tários monoteístas e politeístas, monogâmicos ou poligâmicos etc. Mas estaremos então distinguindo culturas e não etnias.

De fato o que importa em Geografia, estudando o homem, não é saber a sua formação craniana, a cor de seus cabelos etc. o que tem valor é saber as razões do estado de sua cultura.

3 - Realçar que um homem sòzinho dificilmente pode prover- -se de alimento, roupas e abrigo, pois usa diariamente alimentação, roupas, veículos e variadíssimos utensílios que por seu exclusivo esforço, nunca poderia obter; que todo o progresso humano depen- de de vivermos em grupos, pois um indivíduo tem pouca impor- tância a não ser como membro da sociedade; os homens vivem juntos e não podem viver a parte, e que, portanto, a conduta cooperativa dos homens é objetivamente mais importante que os atos e os pensamentos de um indivíduo; que há em conseqüência um "querer-viver" em coletividade ao qual se deu o nome de "instinto gregário", que leva os homens a um sistema de relações que constitui a organização social. Por seu lado, esta organização supõe a existência de instituições (povos, nações etc.), os tipos que a sociedade modela para o govêrno, das várias instituições; que em nossa época, particularmente, a interdependência dos homens e das nações aumenta de maneira notável.

O nascimento de cidades segundo os elementos geográficos. Realizar estudo geográfico sobre uma cidade é tarefa complexa. Requer análise minuciosa do próprio aglomerado urbano desde sua origem e sítio, passando por sua posição, evolução e conse- qüente ampliação da área urbana, até suas funções e sua estru- tura urbana atual. Mas, além disso, é indispensável, para o bom êxito dêsse estiudo, situar a cidade na região em que se desenvolver e a qual pelo desempenho de sua prápria função urbana, está intimamente ligada.

Será também preciso atribuir uma parte muito importante ao regime de alimentação: horário e sobretudo quantidade e qua- lidade. Escreveu-se que a maioria dos homens é subalimentada; concebem-se as conseqüências econômicas de um tal regime. A importância que ocupa a alimentqão no trabalho dos homens é singularmente variável; para muitos povos está aí o esforço maior, as vêzes o único. Esta alimentação é raramente regular e em muitas regiões ela muda conforme as estações, se bem que em nossos dias os progressos da indústria alimentar, tenha alcan- çado um bom nível.

4 - O ensino das línguas não deverá ser feito sob o ponto de vista de todas as suas classificações (talvez seja função do pro- fessor de Português) porque, em si, as línguas não constituem um fenômeno geográfico, mas a sua distribuição e expansão é que pertencem a Geografia Humana, por que são possibilitadas, até

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certo ponto, pelos meios geográficos. Daí a citação que as distân- cias, os obstáculos e a diversidade dos ambientes históricos e geo- gráficos não permitiram que se desenvolvesse entre os homens uma língua universal; as influências do meio geográfico (mon- tanhas, planícies, vales, proximidades dos mares etc); a distri- buição geográfica das línguas, tendo em vista que é frequente existir uma ligação entre línguas e povos.

"1ao e a Não há relações diretas e necessárias entre a reli," Geografia, mas há casos em que a vida religiosa é influenciada pelo meio físico. Algumas religiões se prestam a uma interpretação regionalista. Certas religiões do globo ultrapassam consideravel- mente os quadros étnicos, isto é, os grupos, as regiões, os países. Sua expansão e distribuição em determinado momento histórico. Sob êsses aspectos é que se deve considerar o ensino das religiões.

5 - Há homens que vivem em casas de campo, nas monta- nhas, em malocas, em ocas, em palafitas, em tendas, em casas de gêlo etc. O local que se habita, ou habitat, apresenta problema que o ser tem de resolver para subexistir e escolher os tipos de atividade que deve desenvolver. Em cada Região, em cad

a

época, a habitação é uma solucão que revela o estado de cultura e uma adaptação ao meio. Sôbre êstes conceitos e aspectos é que deve girar o ensino da habitacão.

A habitação deve ser estudada quanto ao seu local e a sua repartição e serão assim abordadas as formas de povoamento rural em primeiro lugar, ora vilas construídas no sentido do compri- mento, alongadas acompanhando a estrada, ou o rio, ora vilas nodulares, redondas, organizadas eni torno de uma praça central, como em certos países eslavos, ou simplesmente trepadas no alto de urna montanha, com ruas íngremes e tão estreitas que as casas, as vêzes, as recobrem como se encontram frequentemente na zona mediterrânea; ou ainda vilas em tabuleiros de xadrez, testemunhas de uma colonização estudada e regulada. E, por outra parte a variedade dos povoamentos dispersas: casas totalmente isoladas no meio do seu domínio, com um só proprietário, como as fazendas ou pequenas aldeias minúsculas originárias muitas vêzes de uma família-tronco e dirigindo um conjunto de campos em vias de funcionament,~.

Demonstrar como as facilidades de circulação dos homens e das idéias vão multiplicando os contatos, vencendo distâncias, obstáculos e preconceitos sociais.

6 - O estudo da Circulação da Agricultura e Pecuária e da Indústria e Comércio não pode ser feito independentemente um do outro uma vez que estão intimamente ligados. O seu ensino não significa o inventário da produqão dos países em trigo, cevada, aveia, batatas, carne, carvão, ferro etc., e a conjugá-lo a algumas

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informações sôbre ferrovias e marinhas mercantes, mais interes- sante seria dizer aos alunos onde encontrar êsses dados para a con-

/ fecção de gráficos simples, que são de grande valia para compre- ender-se a afirmação dos textos (queda da exportação de trigo, queda da produção de ferro etc.) através da organização de um bom questionário que explorará tudo o que afirmam os traçados. Quanto à agricultura e a pecuária, não se trata de agrologia, nem de zootécnica, mas das ligações fundamentais que existem entre a Geografia física (solo e clima) e a Geografia humana (grupos ' sociais) por meio da produção, tanto agrícola como animal.

Devemos mostrar, geograficamente, as causas das lutas pelo aumento da produção de bens, como se deu a transformação da paisagem, (um dos elementos que a humanidade melhor submeteu e domesticou foi o do mundo vegetal e, sobretudo a floresta; ela cedeu seu solo para a cultura das plantas escolhidas pelos homens e grupadas nesses estranhos quadrados chamados campos e a primeira agricultura é quase sempre uma agricultura silvestre; ela forneceu com seus frutos, um maná alimentar que tantas civilizações coletoras utilizaram; a árvore deu, também, esta po- tência extraordinária que é o fogo; a floresta forneceu ao homem a energia do fogo e permitiu a luta contra o frio; ela também facilitou a conquista de um outro elemento, a água. Devemos-lhe, ainda, tantas construções, casas, veículos, tantas indústrias como a do papel, do carvão vegetal etc. O homem reduziu o revesti- mento florestal em tais proporções que hoje na maior parte das regiões cogita-se do Reflorestamento) ; que proveitos o homem tira do solo, o habitat dos produtos agrícolas (principais produtos de clima tropical etc), favorecendo o comércio; o mesmo para as plantas industriais; as condições de clima e vegetação necessárias a criação de gado variando desde as estepes semi-áridas até os campos tropicais úmidos, e de que modo as necessidades da ali- mentação humana têm influído de modo decisivo sôbre o apro- veitamento das condições naturais para adaptação das espécies animais a criar, nos diferentes meios; os têxteis de origem animal, e sua importância; a pesca como atividade econômica em tôdas as latitudes, e como um incentivo, na História da Humanidade, que fêz do homem um navegante explorador, um comerciante, um con- quistador de terras; os gêneros de vida; a evolução dos métodos de trabalho e suas conseqüências. Em todas as regiões em que se es- palharam, no meio de todas as batalhas que empreenderam, os ho- mens levam vidas muito diferentes. Elas diferem sobretudo pelo seu regime de trabalho. A principal diferenciação entre os homens reside na sua organização do trabalho. A vida repousa sôbre o tra- balho; o que faz viver as massas humanas é menos a densidade das riquezas do que a densidade do trabalho.

Daí a importância da pesquisa em cada país, dos horizontes de trabalho, estabelecer a série das ocupações do ano o que se po-

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deria chamar os trabalhos e os dias, é uma pesquisa formidável para o professor de Geografia. As pessoas humildes, sobretudo, que fazem a massa, estão prêsas ao trabalho; a falta de trabalho e as crises castigam-nas; sobre elas pesam, essencialmente as conse- qüências das super-populações, dos desempregos das emigrações de massas definitivas ou temporárias. São elas que praticam essa espécie de esclarecimento especial que conduz a descoberta de uma infinidade de pequenas profissões complementares (pequeno comércio ou artesanato que foram a origem de grandes indús- trias); a necessidade de conservação e melhoria dos solos (adu- bação, irrigação etc.), de que maneira o homem explora o subsolo, os tipos de indústrias e as razões de sua localização, as causas do estabelecimento de certas estradas (caminhos, rodoviárias, ferroviárias etc., e rotas marinhas e fluviais; os portos e os canais, influência no comércio, a circulação dos indivíduos, das mercado- rias e das informações na multiplicação das oportunidades de contatos econômicos e sociais entre os homens); a evolução e os principais centros comerciais e industriais do mundo (cada centro industrial ou comercial do mundo tem o seu passado, a sua histó- ria, e a sua significação econômica, recursos naturais, facilidades de comunicação e transportes etc.) .

Uma Geografia da energia que o homem doméstico criou para facilitar a exploração da terra. A princípio êle não teve a sua dispo. sição senão as suas forças musculares. Para libertar-se do seu castigo, êle se serviu parceladamente ou ao mesmo tempo, dos elementos mais diversos: músculos dos animais domésticos para o transporte, a tração ou mesmo como motor. A utilização do vento também pelas velas das embarcações, e por moinhos para diversos fins. A madeira foi durante séculos o grande combustíveI que fazia funcionar as primeiras fábricas, a ponto das indústrias dos séculos XVII e XVIII se fixarem muitas vêzes nas zonas flo- restais, As florestas estavam a ponto de desaparecer ao pêso da grande indústria nascente. No momento em que por uma feliz coincidência o carvão substituiu a madeira nas fornalhas, poste- riormente a energia desloca-se para os óleos e petróleos minerais. A maravilhosa transformação das quedas de água em força elétrica, tão facilmente transportável marca uma nova etapa nesta Geografia da energia e nos achamos na eminência de novas fontes de força, com a utilização das calorias marítimas e das energias atômicas .

Para formar uma idéia mais viva e real é evidente que o interêsse pessoal que surge diariamente na produção e no con- sumo pode servir de ponto de partida para um estudo racional das ditas riquezas, além da aplicação de cartogramas em setores, pontos etc. (cartas industriais superpostas as de densidades de população, produtos agrícolas sobre um fundo climático etc.) .

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Vide os globos, mapas, gráficos e cartogramas no ensino da Geografia, de nossa autoria, in: A Sala de Geografia, publicação da CADES.

4 . 2 . - 2." Série - Para o ensino da parte física do Brasil, nossas sugestões são as seguintes:

Posição na América do Sul e no Mundo; problemas e vanta- gens da extensão; terras em várias latitudes (vários tipos de cli- mas, vários tipos de vegetação, possibilidades agrícolas dife- rentes); os três trechos do litoral e suas características; impor- tância de sua extensão; influência no povoamento;

O Brasil não é um país de serras: comparar com os Andes, apenas 3% acima de 900 metros de altitude, escarpas de planalto, ler o mapa físico; planaltos e planícies; planaltos: divisão, loca- lização, denoininação, influência no clima, na vegetação, na hidro- grafia, dificuldade de penetração, ocupação humana, recursos minerais, transporte; planícies: localização, atividades humanas.

Os Grandes (5) tipos de clima: causas, características, dis- tribuição geográfica, influência do relêvo, possibilita vários tipos de associações vegetais e de produtos agrícolas; procura de pro- dutos tropicais, colonização.

Vegetação: vários tipos de climas, vários tipos de vegetação, distribuição das grandes paisagens vegetais, aproveitamento industrial extrativo .

Demonstrada a base física do País, passa-se ao ensino da parte humana e da parte econômica.

Quanto à Organização Política e Administrativa, devem ser considerados os seguintes aspectos: a citação das etapas da evo- lução política do Brasil, a nossa forma de govêrno, as Entidades que compõem a União (Estados, Territórios e o Distrito Federal), ressaltando-se a presença de Estados de grande extensão terri- torial, como por exemplo, o Estado do Amazonas em cuja área cabem os Estados de São Paulo, Minas Gerais, Bahia e quase todo o Rio Grande do Sul, e os problemas resultantes dessas ex- tensões; os Estados e Territórios subdivididos em ~unic ípios e êstes em Distritos, as Cidades e as Vilas.

A importância e as conseqüências das cotas municipais do impôsto de renda e da constante descentralização administrativa; o poder executivo, os órgãos ministeriais de natureza consultiva, deliberativa, de pesquisa etc., o veto - o poder legislativo; Con- gresso Nacional - o poder judiciário; a administração de ~ n t i - dades da União e dos Municípios; a Constituição Brasileira.

No que diz respeito ao tópico da População Brasileira, devem ser ressaltados os seguintes fatos:

Com seus 80 milhões de habitantes o Brasil ocupa, presente- mente, o oitavo lugar entre os países de maior efetivo demográfico

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do mundo, sendo o mais populoso entre os países de cultura latina, - que o forte excedente dos nascimentos sobre os óbitos constitui fator primordial do desenvolvimento da populaçáo do Brasil, cabendo a imigração exterior um papel secundário.

Irregular distribuicão da população brasileira pois, se tomar- mos por base, para medida do grau de penetração do nosso povoa- mento, uma faixa ao longo de toda a costa, com uma profundidade da ordem de 100 km ("faixa litorânea") verificaremos que ela abrange a área de 656 241 km' correspondendo a apenas 7,7% da superfície do Brasil, mas a,presentando 36% do número global de habitantes do País, englobando 566 Municípios, isto é, a q u ~ r t a parte de sua totalidade, ao passo que o Norte e o Centro Oeste, que representam apenas 7% do total Nacional (para o estudo dêsses aspectos é indispensável a utilização do Cartograma da Den- sidade de Populacão do Brasil, onde os fatos citados se realçam vi- sivelmente como, por exemplo, a linha de 0,s hab./kmQstabele- cendo o limite entre a região povoada e a praticamente despovoada. dentro do País, ocupando esta cêrca de 2/3 do território Nacional, facilitando a interpretacão das causas dessa irregular distribuicão da população brasileira), as frentes pioneiras; as migrasoes inter- nas e suas características; que a mesti~agem não acarreta nen11.l- ma "degenerescência", sendo pelo contrário formadora de t i ~ o s resistentes que estão possibiiitando a construção de unia ci~rili- zação nos trópicos. Quanto a parte econômica cremos que os aspectos mais importantes devem girar sob a nocão dos vários aspectos da produção e da distribuição, expostos em têrmos de nossos cursos atuais e de nossas necessidades de consumo, a diver- sificação e os problemas da agricultura (erosão, mecanizacão, concorrência africana etc.), a exploração vegetal, animal e mine- ral (base física e problemas) ; a deficiência dos transportes, causas e influências; histórico e localização das indústrias (concentra-se na "faixa litorânea" a parte mais importante da indústria brasi- leira: três quartas partes do número de empregados e quase dois terços do número e.e empregadores industriais), agricultura x indústria; a composição de nossas trocas comerciais com o Exte- rior refletindo a estrutura da economia brasileira.

A confecção e a interpretação de graficos e cartogramas com- pletarão o ensino dessa parte economica.

A etapa posterior consiste em demonstrar os aspectos que fazem com que as Regiões Norte, Meio Norte, Nordeste, Leste, Sul e Centro Oeste sejam consideradas grandes regiões geográficas mencionando-se o critério didático e o critério geográfico na sepa- ração das Regiões. Considerada essa etapa inicial, convém estabe- lecer uma rápda comparação entre a base física e humana das Regiões através de esquemas e mapas regionais.

Logo surgirão os desequilíbrios das economias regionais.

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Daí a criação de Órgãos de Valorização Regional no sentido de promover a recuperação e o desenvolvimento da maior parte do território nacional de modo a proporcionar o bem-estar de consideráveis massas humanas.

A seguir considera-se os grandes problemas regionais e as tentativas de suas soluções, através de órgãos de Planejamenio Regional, tais como SUDAM (Superintendência do Desenvolvi- mento da Amazônia); SUDENE; CHESF; Comissão da Bacia Paraná-Uruguai etc., interpretando-se os tópicos principais do plano de ação dêsses Órgãos - ressaltando-se como êles influem, possibilitam e estão sendo utilizados pelo homem na sua tentativa de adaptação e utilização dos recursos econômicos, de cada Região.

4 . 3 . - Na terceira série ginasial segue o programa o ensino dos Continentes. É, talvez, na afirmação do Professor JAMES B. VIEIRA FONSECA, "das três séries de ginásio, a que apresenta maiores extensões de possibilidades a integração dos alunos nos problemas da humanidade".

Seu ensino não significa dar informações, mais ou menos interessantes, sôbre acidentes físicos, sobre as superfícies, os habi- tantes, as produções etc., de cada continente, mas sim a imagem mais exata possível do "mundo atual" através de um conjunto de noções que deve ser leve - dadas as possibilidades de absorção da mente infantil - mas que contenha o indispensável e o que é verdadeiramente geográfico, acêrca do Continente.

O Professor deve visar, inicialmente, no estudo dos Conti- nentes, a preparação dos elementos que constituirão as grandes Regiões, objetivo atual da moderna Geografia.

É comum numerosos professôres afirmarem que não conse- guem "dar" o programa, deixando de lecionar a África e a Asia.

Em conseqüência, diminuto conceito do mundo pode ser aprendido pelos alunos levando em consideração que a Africa vem participando ativamente dos problemas atuais do mundo (canal de Suez - aliança de Países - movimentos de independência - concorrência aos produtos brasileiros e k . ) , e que a Ásia para o estudante de cultura ocidental é uma grande lição sob vários pontos de vista, geograficamente falando, e porque, como disse J. RUSSEL SMITH, a "Ásia está pegando nas ferramentas e meca- nismos inventados no Ocidente começando a reconstruir o seu velho continente, na redescoberta de potências mundiais".

Sugerimos, então, o seguinte sistema que vem sendo por nós executado com real proveito. O estudo em conjunto dos conti- nentes, realizado através dos seguintes aspectos:

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I - DAR A DIVISÃO POLÍTICA

1. Características Gerais dos Continentes

a) América do Norte - b) América Central - c) América do Sul - d) Europa - e) Ásia - f ) África - g) Oceania - h) Regiões Polares.

2 . Relêvo dos Continentes

a) América do Norte - b) América Central - c) América do Sul - d) Europa - e) Ásia - f ) África - g) Oceania - h) Regiões Polares.

E pelo mesmo sistema seriam ensinados os demais tópicos da parte física, 3-Clima, 4-Vegetação, 5-Hidrografia.

A etapa inicial consiste em fazer a turma "ler" o mapa para o estabelecimento de correlações e diferenças entre os Continentes (localização, formas, tipos de litoral etc.), e das conseqüências resultantes.

As Características Gerais (localização, formas, tipos de litoral etc.) ; o Relêvo; o Clima; a Vegetação e as Águas Correntes descri- tas com poucas nocões que procuram caracterizá-las sem lhes atribuir feições de nomenclatura, isto é, a simples enumeração de nomes, mas obedecendo aos princípios básicos da Geografia. É antes um quadro descritivo das condições gerais do conjunto.

Êste sistema permite ao professor ensinar comparativamente os diversos aspectos físicos dos Continentes, o que não acontece, frequentemente, no ensino de Continente por Continente.

EXEMPLOS: - O professor após ter ensinado o relêvo das Américas onde planícies e os planaltos estão localizados entre as cadeias de montanhas que estão próximas do litoral (ocidental e oriental), no sentido geral N-S, e o relêvo da Europa, onde a disposição do relêvo já é outra, pois as cadeias de montanhas estão no sentido L-W, existindo entre uma e outra planícies, demons- trando as influências exercidas por estas disposições.

Nas Américas, do Norte e do Sul, facilita a penetração de ventos, dificulta a comunica~ão no sentido L-W etc.

Na Europa, impede a penetração de ventos frios do Norte e dificulta a comunicação no sentido N-S, donde a presença de vários túneis.

Da mesma maneira, após o ensino da hidrografia dos Conti- nentes, o professor demonstrará a influência da disposição do relêvo (rios de planalto, de planície, de grande ou pequena exteri- são etc.), e do clima (período de congelamento-cheias etc.), no curso dos principais rios dos Continentes.

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Os capítulos referentes a Geografia Humana devem obedecer, também, o mesmo processo sugerido para a parte física dos Con- tinentes, levando-se em consideração, voltamos a repetir, os prin- cípios básicos da Geografia.

NOÇÓES DE GRANDES REGIÓES GEOGRÁFICAS

De fato, levar a criança a pensar no plano universal, é ensiná- -la a compreender outros povos, outras sociedades, outras ativi- dades, a conhecer gêneros de vida diversos dos que lhe são peculia- res; é forçá-la a ultrapassar o limitado horizonte local, a situar seu próprio país entre os Estados do mundo, a ter consciência que ela e sua pátria são fragmentos de uma comunidade. Para uma formação desta ordem não basta possuir um mínimo de conhecimentos geográficos, mas é necessário completá-los com métodos adequados de investigação geográfica e de trabalho. Nesta se vê como nas demais é de grande importância a elaboração de gráficos e de cartogramas.

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A CORRELAÇÃO ENTRE A HISTÓRIA E A GEOGRAFIA

Prof. EMMANUEL LEONTSINIS

A História é a Geografia do passado e como tal seu estudo não só é necessário, como impres- cindivel aos futuros professôres de Geografia, dai aproveitarmos alguns dos conceitos emitidos pelo mestre " L y n White Jr." n a obra "Frontiers of Knowledge", no capitulo institulado:

A Evo lu~ão do Passado

A História também tem a sua história e, atualmente, ocorrem mais fatos nos calmos gabinetes dos historiadores do que a maioria das pessoas poderia suspeitar. Em verdade, a História está evoluindo com tanta rapidez que sobrepuja nossa capacidade de absorvê-la.

Isso foi reconhecido pela primeira vez nos dias que correm, sendo a quantidade de fatos históricos recém-descobertos simples- mente opressiva. O Leste e o Sul da Ásia, a Riíssia e a América pré-colombiana não podem mais ser encarados pela civilizaçiio ocidental apenas como bons assuntos para notas ao pé da página. Porém, nem mesmo ARNOLD TOYNBEE conseguiu analisar real- mente todo o material recém-encontrado. E mesmo o mais espe- cializado historiador sente a grandeza do trabalho que está por fazer.

Para tornar ainda mais complexa a situação, as ativas pás dos arqueólogos estão arrancando do solo não apenas objetos, mas civiliza.ções inteiras, completamente desconhecidas até há poucos anos atrás. Em 1900, os hititas nada mais representavam além de um nome da Bíblia. As selvas do Cambeja foram revolvidas para que surgissem a luz as surpreendentes ruínas do ANKOR VAT e da desaparecida civilização do KHMER. O fanatismo dos mulçumanos ainda impede a realização de escavações nas ruínas de Sabá, ao sul da Arábia, cuja rainha dizem ter visitado Salomão

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há três mil anos atrás. Mas, no vale do rio Indo, diversas cidades, talvez tão antigas quanto a Babilônia e o Egito, surgiram do pó. Em Creta e no Egeu os minoanos deixaram a escuridão.

Em 1953, um arquiteto britânico que durante a I1 Guerra Mundial trabalhara na decifração de códigos usados por espiões nazistas encontrou a chave da escrita minoana. Recentes estudos sobre os celtas e os germânicos estão modificando os nossos conhe- cimentos sobre o que os romanos encontraram quando, em sua marcha para o Norte, ultrapassaram os Alpes. Na América, vesti- gios das civilizações asteca e pré-asteca, inca e pré-inca, por vêzes magnificentes, mas sempre curiosas, surgem em embaraçosa con- fusão.

Em realidade, não sabemos o que fazer com toda essa História que hoje possuímos.

Mas, atualmente, os historiadores não se entusiasmam apenas com a imensa quantidade de descobrimentos no tempo e no espaço. Mais fascinante que tudo é a invenção de novos meios para pesquisar o passado. Surgiram novos métodos para interpretar e compreender os traços deixados por velhíssimos feitos, pensamen- tos e paixões. A qualidade da História também está evoluindo.

O atual desenvolvimento das Ciências Naturais colocou novas e poderosas ferramentas no equipamento dos historiadores. Em 1949, foi aperfeiçoando um contador que possibilitava medir a quantidade de radioatividade remanescente em pedaços de car- bono com até 25 000 anos de idade. Em 1953, nas Universidades de Chicago e Manitoba, foram aperfeiçoados dois tipos de conta- dores luminosos, os quais possivelmente poderão determinar a idade de objetos com aproximadamente 45 000 anos, superando assim contadores em uso que determinam a idade sòmente até 30 000 anos.

Conquanto alguns enigmas resistam a essas máquinas, espe- cialmente os que se relacionam com a idade de materiais prove- nientes de regiões úmidas, podemos agora tomar pequenos pedaços de madeira, resíduos de carvão vegetal usado em antiquíssimos acampamentos, uma lasca de osso ou uma tira de pano retirada de uma tumba e tentar saber sua idade. Talvez dentro de dez anos, tenhamos, pela primeira vez no mundo, uma cronologia universal que fará a conexão dos fatos que se desenrolaram em regiões, das quais subsistem escritos com os que ocorreram em outras áreas mais amplas, mas dos quais nos faltam tanto documentw, quanto datas.

Os documentos escritos nunca são idênticos em inteligência ou em vitalidade. Para uma exata compreensão dos fatos histó- ricos devemos considerar os bárbaros, embora iletrados, mas não necessàriamente estúpidos e incultos, tão importantes quanto os povos mais civilizados. Sem dúvida êsses últimos, se um dia se

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vissem subjugados pelos bárbaros, seriam levados a modificar sua arte e sua ordem social para agradar ao gôsto dos seus novos senhores. Perspecbivamente isto já nos ajudou a compreender que enquanto os atenienses estavam construindo o Partenon, os tem- plos e as tumbas do monte Alban, próximo a Oaxaca, também estavam sendo erguidos; que, enqurtnto AUGUSTO se vangloriava de ter encontrado uma Roma de tijolos e tê-la transformado numa cidade de mármore, a grande pirâmide do sol, que se ergue em Teotihuacan, perto da cidade do México, já era antiga e se submetia a reformas.

Dos primórdios da agricultura aos dias atuais, os cientistas aprofundaram-se, tanto no estudo das plantas que o desenvolvi- mento da Botânica veio proporcionar processos de evidência his- tórica inteiramente novos. Os estudos sobre o pólen fossilizado estão lançando nova luz sobre a História da Europa setentrional. Da Irlanda a Finlândia existem pântanos de turfa e, anualmente, uma nova camada de musgo ali se deposita. Quando a brisa sopra, o pólen das plantas vizinhas voa e é lançado no pântano, aumen- tarido o musgo. Êsse pólen, apesar de sua delicadeza, é tão bem preservado que a espécie de cada grão pode ser identificada, mi- lhares de anos depois, através de microscópios. As variações do cliina local podem ser descobertas pelas modificacões que produ- zem em certas árvores e plantas que circundam os pântanos, modificações essas que se estendem também ao pólen que se irá depositar ao nível da turfa. A idade dêsses níveis pode ser cons- tatada com precisão de maneira que assim desvendamos milhares de anos da história climática das regiões adjacentes ao mar Báltico e ao mar do Norte.

Um dos mais impressionantes resultados dêsse estudo foi a descoberta de que no ano 1300 ocorreram grandes e desastrosas variações climáticas que tornaram a lavoura tão difícil que duran- te as três gerações seguintes milhares de vilas no norte da Europa foram abandonadas. Embora essa mudanca do clima não possa ser inteiramente culpada pela terrível transforniação intelectual operada no século XIV, que é reconhecido como uma ipoca de tumultos, agonias e deportações, ela naturalmente contribfiiu para isso. Todavia, a cuidadosa contagem dos grãos de pólen fossilizado nos forneceu nova percepção de sofrimento e descon- tentamento dos camponeses do norte, dos seus azares econômicos e conseqüentes neuroses de seus senhores feudais.

Os botânicos também reabriram antigas controvérsias desco- brindo boas evidências de que nos primórdios dos tempos, a Asia e a América do Sul formavam um só continente. O Comandante da expedicão KON-TOM1 popularizou o fato de que a batata-doce, uma planta do Novo Mundo, foi encontrada pelos primeiros explo- radores brancos em toda a Polinésia, naturalmente levando-se em conta o seu nome indígena. O inhame, originário das fndias

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Orientais, era conhecido do Caribe ainda de COLOMBO, enquanto a abóbora, que é nativa da fndia, foi encontrada em túmulos peruanos anteriores a 1000 A.C. Uma certa espécie de algodão cor^ treze cromossomos longos foi cultivada, inicialmente, na Índia. Posteriormente foi levada para a América, onde se cruzou com uma outra espécie de algodão que possuía treze cromossomos curtos. O híbrido parece ter sido levado em direção ocidental., para as ilhas do Pacífico, antes ainda de os europeus cruzarem, pela primeira vez, essas águas.

Certas coisas comuns a Ásia e ao Novo Mundo foram há muito observadas (como, por exemplo, dardos, zarabatanas, motivos de decoração, brinquedos com quatro rodas, ábacos, hieróglifos, o zero etc.), muito embora a maioria dos historiadores tenha consi- derado isso como pura coincidência. Mas como um botânico já comentou "as plantas não são construções da mente". Sua vadia- gem para a frente e para trás, através do Pacífico, uma vez pro- vada, reabre a questão acima. A história da civilização do gênero humano pode ter mais unidade do que até aqui se julgou possível.

O atual desenvolvimento dos estudos históricos, entretanto, apenas em pequena parte é devido as novas técnicas e tipos de evidência fornecidos pelas Ciências Naturais. Idéias novas podem ser instrumentos de pesquisa mais importantes que um contador Geiger ou um microscópio eletrônico. E elas estão desabrochando.

Só recentemente os historiadores se aperceberam dos longos anos durante os quais êles se ativeram a documentos. Os registros escritos, dos quais anteriormente dependiam, com raríssimas exceções, eram produto das classes superiores e refletiam apenas seus interêsses e os fatos aos quais atribuíam importância. A arte de escrever foi inicialmente dominada apenas por uns poucos sacerdotes e governantes. Gradualmente, através dos séculos, a maior parte da nobreza e alguns dos grandes comerciantes pene- traram no círculo encantado dos "HISTORIADORES" mas o que realmente sabemos - e nos têrmos dos documentos escritos o que podemos saber - sobre nove décimos da população, mesmo das sociedades letradas, até tão tarde - quanto ao século XVIII - a não ser que eram iletrados e sem voz. Só após a Revolução Fran- cesa e a Americana é que as grandes massas se articularam e surgiram decididamente nos documentos históricos.

O mesmo ocorreu com os Estados Geográficos, daí a dificul- dade de se poder associar a História a Geografia como um todo e também de separá-las como pretendem outros.

A GEOGRAFIA ,MODERNA

A Geografia deixou de ser uma obra de erudição no serviço da História; deixou de ser, a maneira antiga, um conjunto de

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conhecimentos práticos, uma enumeração mais ou menos ordenada de montanhas, de rios ou de cidades. Já não é um agregado de nomes e de números, assim como a História já não é um amontoa- do de datas. Verificada pelo contato das ciências, animada pelas relacões dos exploradores, estimulada pelos progressos da Geologia, a Geografia colocou-se ao lado da investigacão científica e a ela compete, não só descrever e inventariar, mas raciocinar e explicar.

Atacando de frente os "enigmas do Universo", a Geografia sujeitou-se, portanto, as exigências da Ciência. Causas diversas, mas convergentes, orientaram-na por esta nova via: progresso da cartografia, esforço inovador de Humboldt e de Ritter, explo- rações continentais, organização de um ensino geográfico uni- versitário. Mas estas causas não intervieram todas ao mesmo tempo, a Geografia não se libertou de uma só vez. O conhecimento racional da superfície terrestre foi tão lento e progressivo como as laboriosas etapas do descobrimento da Terra. Compreendemos assim melhor a elaboração da ciência geográfica, pois, segundo o método cartesiano, "a natureza das coisas é bem mais difícil de conceder quando as vemos nascer pouco a pouco, do que quando as consideramos apenas já feitas".

A, CARTOGRAFIA E A GEOGRAFIA MATEMATICA

Cartografia beneficiou-se diretamente da precisão das medidas geodésicas. Foram estas medições que permitiram o estabeleci- mento da primeira carta em grande escala (carta topográfica) de um país: a carta da França por Cassini de Thury, estabelecida na escala de uma linha por 100 toezas (1:86 500) e concluída em 1815. Ela provocou a emulação dos outros países. Ora, a fixação do canevas destas cartas topográficas levanta grande núrnero de problemas e foi assim que a ciência das projeções se tornou exata. A superfície esférica da Terra não pode ser transposta diretamente sobre um plano sem sofrer uma deformação; esta transposição implica na determinacão das projegões, isto é, a construção em plano do sistema das coordenadas terrestres, meri- dianos e paralelos, êstes sistemas de projecões - equiângulos equidistantes ou equivalentes foram codificados, em meados do século XIX, por Germain e Tissot.

Os levantamentos de precisão (planinietria e nivelamento) podiam, daí em diante, ser transcritos cartograficamente. E com- preendemos agora o aparecimento dêsses notáveis instrumentos de trabalho que são as cartas na escala de 1:80 000 da França, de 1 : 100 000 do império alemão, de 1 : 63 360 (uma polegada por milha) das Ilhas Britânicas etc.

Estas cartas são depois completadas ou substituídas por car- tas de escala maior. Por exemplo, para a França, a carta de

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1 :500 000 em curvas nível, feita sobre levantamentos de 1 : 10 000 e de 1:20 000, obra-prima de Cartografia, aliás inacabada. A foto- grafia aérea veio ajudar as operações de nivelamento, quer para os relevos de alta montanha, quer para os planos cadastrais.

Mas os levantamentos de precisão e as cartas de grande escala não se estendem ao mundo inteiro, nem mesmo a toda a Europa; uma parte dos continentes asiático e africano é conhecida apenas por levantamentos de exploração ou de descobrimento. O conhe- cimento cartográfico do Globo está longe de ser integral. Contudo, êle chega-nos para realizarmos hoje a interpretação geral do relêvo terrestre. Com efeito, as cartas publicadas permitiram revelar as modalidades da superfície terrestre; as mesmas formas de terreno reproduzem-se em série, segundo a natureza das rochas e dos climas, e agregam-se em famílias morfológicas, cuja repe- tição e generalização as cartas mostraram - tanto mais que as cartas topográficas se encontram agora reforçadas pelas cartas geológicas.

Estas cartas geológicas em que figuram a idade e a natureza dos terrenos, são, para as cartas topográficas, o que um retrato é para a sua reprodução fotográfica. Elas permitem, portanto, inferir os elementos de uma descrição explicativa da superfície repre- sentada. Um exemplo basta para o mostrar.

No momento em que Guilherme Delisle suprimia das cartas as figuras errôneas e em que Cassini iniciava a elaboração da carta de França surgia uma dessas concepções geográficas caras aos espí- ritos apaixonados por generalidades fáceis e cuja aparente sim- plicidade ia fazer perder, por muito tempo, o benefício das reali- dades que as cartas começavam a revelar. O autor desta teoria era o próprio genro de Delisle, Philippe Buache. Numa memória a Academia das Ciências, de 15 de Novembro de 1752, exprime-se dêste modo: "O que até hoje se conheceu das cadeias de monta- nhas não chega para determinar a série ininterrupta dos lugares mais elevados da Terra; para chegar a êsse conhecimento, julguei dever servir-me dos índices fornecidos pelos rios. Náo se pode duvi- dar da ligação e da relação existentes entre as montanhas e os rios". Exagerando então o rigor das relações que ligam o relêvo e a hidrografia e partindo do conhecido para o desconhecido com uma temerária simplicidade, Buache traçava aquilo a que dava o nome de "vigamento do Globo" pela simples inserção de cadeias de montanhas entre os diversos sistemas fluviais. Assim, o relêvo continental e mesmo a topografia submarina encontravam-se reduzidos a uma série de alviolos ou bacias fluviais enquadrados por elevações que constituíam a linha de divisão das águas. Bste êrro iria pesar, durante mais de um século, sobre o ensino da Geografia, mesmo após o aparecimento da carta geológica, de que Dufrénoy e Elie de Beaumont foram os autores em França.

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No primeiro volume da Explicação da Carta Geológica da França, êstes dois sábios revelavam a existência de regiões morfológicas despercebidas ou esquecidas, tais como a Bacia Parisiense e o Maciço Central; a primeira deixava de estar atrofiada numa pode- rosa bacia do Sena e o segundo erguia no coração da França uma poderosa massa que não se fracionava já arbitràriamente em vários domínios fluviais. Criaram, dêste modo, uma nocão geográ- fica essencial, a das regiões naturais; por outro lado, observaram a correspondência da topografia com o subsolo e deduziram daí as conseqüências sobre a vida e a atividade humana. Como verda- deiros iniciadores, êles traçavam o caminho à verdadeira Geografia, a que assenta, sem qualquer idéia preconcebida, sobre a própria observação do solo.

A explicação da Carta Geológica aparecia em 1841. Em 1845, Humboldt começava a publicação do seu grande tratado da física do Globo, o Cosmos.

OS FUNDADORES DA GEOGRAFIA MODERNA - HUMBOLDT E RITTER

Os fundadores da Geografia moderna são Alexandre de Hum- boldt e o seu compatriota e contemporâneo Karl Ritter.

De todas as obras de Humboldt, a mais conhecida e signifi- cativa é o Cosmos, onde descreve o Universo, o céu, o globo ter- restre, a sua forma, densidade, estrutura, o vulcanismo etc. Esta obra, incompleta, em quatro grandes volumes que apareceu de 1845 a 1858, envelheceu já, mas não deixou de ter interêsse. Ver- dadeira enciclopédia viva, Humboldt quis meter tudo no seu livro e daí o fato de o leitor se encontrar em presença de um texto prodigiosamente denso, interrompido com frequência por chama- das e notas, por vêzes excessivamente longas e reunidas no fim do volume. Mas lê-se com proveito e Humboldt exerceu uma influ- ência fecunda sobre a Geografia; os quadros de observação que criou, "êle avulta em mobilizar os fatos e em convertê-los em fórmulas correntes e em dados comparáveis entre si" (Vida1 de La Blache). Em vez de estudar em si próprio e isoladamente os fenômenos climáticos, botânicos ou geológicos, êle examina-os nas suas relações recíprocas e na sua repartição, isto é, segundo o princípio de coordenação que está na base da investigação geo- gráfica; como êle próprio .declara, prefere "a ligação dos fatos anteriormente observados ao conhecimento dos fatos isolados, mesmo que êstes sejam novos". Ao mesmo tempo, Humboldt foi o inspirador dêsse notável documento cartográfico que é o Atlas Fisico de Berghaus, onde êste generalizou a representacão das temperaturas por meio de cartas isotérmicas.

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Karl Ritter, na Ciência Comparada da Terra, ultima os prin- cípios tão brilhantemente apresentados pelo seu compatriota. Mas, ao passo que Humboldt terá sido um sábio e um viajante, servido por um notável sentido de observação, Ritter possuía uma cultura histórica e filosófica; com o primeiro, as ciências naturais tinham sido postas ao serviço da Geografia, com o segundo é a História que vem em seu auxílio.

A ciência comparada da Terra, com as suas penetrantes observações, tal como a noção de posição geográfica, procura, não sem certo rigor excessivo, discernir as relações do homem com o solo e a influência das condições naturais sobre o desenvolvimento das sociedades. Ritter compôs também uma monumental Geo- grafia, verdadeira soma de erudição e de crítica, mas que ficou incompleta.

Graças a Humboldt e a Ritter, ficam estabelecidos os prin- cípios da Geografia moderna: 1.0 determinar a coordenação, "as conexões superficiais entre os três estados da matéria - ar, terra e água - para os explicar traçando de novo o encadernamento dos fatos e precisando o ponto da sua evolução"; 2.0 localizar os fenô- menos, mostrar a sua extensão, colocá-los no seu quadro espacial.

Em conclusão os fenômenos que as outras ciências dissociam pela análise ou pela experimentação, encara-os a Geografia na ordem concreta das coisas, n a sua diversidade complexa, na sua realidade em constante mudança, pois a Natureza, como o declara Ritter, não é uma mecânica morta. Dêste modo, a Geografia é levada a utilizar os resultados das ciências da Natureza e do Homem, a servir-se dos dados da Geologia, Botânica, Meteorologia, História e da Estatística.

É êste o significado da obra de Humboldt e de Ritter, cuja importância tanto maior se torna quanto mais as circunstâncias são favoráveis aos trabalhos geográficos. Ambos morreram em 1859, isto é, na época em que a unidade italiana e alemã vão per- mitir o estabelecimento da carta de 1: 100 000, dêstes dois estados, n a época da fase mais ativa das grandes explorações continentais (Livingstone e Barth na África, Prejevalsky n a Ásia), época em que se fundam as sociedades de Geografia que vão popularizar êste novo ramo do saber humano.

Contudo, a Geografia só poderia conservar a sua individua- lidade pela realização de um programa bem definido e, êste pro- grama só o ensino universitário poderia formular e aplicar. Êste ensino, porém, ia dar as investigações um impulso, se não diver- gente, pelo menos diverso segundo os estados. Poucas ciências existem em que o caráter nacional seja tão marcado como na Geografia; pode-se assim falar de uma escola geográfica francesa, de uma escola geográfica alemã, americana etc.

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AS ESCOLAS DE GEOGRAFIA - GEOGRAFIA GERAL E REGIONAL

A escola geográfica alemã foi a primeira escola organizada, diretamente inspirada por Ritter, dedicou-se sobretudo à Geografia geral, a investigação sistemática das condições que a distribuição dos fenômenos na superfíce do Globo, tanto em Geografia física (Morfologia de A. Penck, Climatologia de J. Hann), como em Geografia humana (Antropogeografia e Geografia Política de Fr . Ratzel) .

Pelo contrário, a preocupação regional é a característicz. mais visível, se não a mais profunda, da escola geográfica francesa. O seu fundador, P. Vidal de La Blache, historiador de inteligência viva e penetrante, dotado de um espírito realista, inimigo de todo o dogmatismo, foi o animado de notáveis trabalhos cujos autores, Emm. de Martonne, A. Demangeon, R. Blanchard, J. Sion M. Sorre, R. Mbsset, A. Cholley e tantos outros, por desconfiança a priori e pelos quadros já feitos, preferiram consagrar-se, princi- palmente, as regiões francesas. Contudo, esta atitude intelectual não lhes fêz esquecer a Geografia geral e a Geografia humana, sobretudo com o próprio Vidal de La Blache, J. Brunhes, A. Deman- geon e A. Siegf'ried, assim como a Morfologia, com Emm. De Martonne, H. Bulig e G. Chabot.

A escola geo,gráfica americana especializou-se na evolução do relêvo do solo. Esta tendência manifestou-se sob a influência de geólogos-mineralogistas como Barrel e Gilbert, exceIentes obser- vadores, que foram atraídos cada vez mais para o estudo das relações entre a geologia e os processos fisiográficos e climáticos. Mas foi W. M. Davis quem imprimiu a escola americana o seu cunho próprio; foi êste astrônomo, que se tornou geógrafo graças as viagens que lhe infundiu o rigor lógico das deduções matemá- ticas, em particular pelas suas exposições teóricas sobre a pene- planície (superfície de erosão continental) e o ciclo de erosão; D. W. Johnson adotou um método análogo para o estudo das plataformas de desgaste marinho.

Apesar dêste espírito de escola, os congressos internacionais de Geografia (Cairo 1924, Cambridge 1928, Paris 1931, Varsóvia 1934, Amsterdã 1938) mostram bem a solidariedade entre os sábios estrangeiros. O campo de investigação mantém-se o mesmo e dispõe-se em dois grupos de estudos; a Geografia geral e a Geogra- fia regional.

A Geografia geral procura aprender o que há de permanente e de regular nos fatos terrestres, de os esclarecer uns pelos outros de maneira a explicar-lhes as condições. Cada fenômeno quer se trate de rios ou de habitações, de correntes marítimas ou de mi- grações humanas, de associações vegetais ou de estabelecimentos

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industriais, deve ser encarado não apenas em si próprio mas como parte de um todo; êste sentido da repetição regular dos fenômenos de superfície e da sua comparação está na base da explicação geográfica.

a) A Geografia física geral comporta: a ) a geografia climá- tica que estuda sobretudo os tipos de tempo, os ciclos de estações e as regiões de climas, b) a geografia morfológica que estuda a formação do relêvo pela erosão normal (ação das águas correntes mais ou menos dirigida pelas influências estruturais ou tectônicas: erosão glaciar, erosão eólia e erosão marinha), c) a geografia botânica e zoológica.

A Geografia humana geral tem como problema primordial determinar a extensão da espécie humana e, por conseqüência examinar o povoamento com as suas variações de densidade. Es- tuda, em seguida, as paisagens determinadas pelo habitat (agru- pamentos rurais e urbanos), pelos fenômenos de população (agricultura, indústria etc.), e pelos gêneros de vida.

A Geografia econômica geral estuda, por um lado, as matérias- -primas e as fontes de energia (produção, indústria, comércio) e, por outro, os problemas postos pela utensilhagem, pelas técnicas e pelas trocas.

b) As combinações locais dos fatos estudados pela Geografia geral varia a Geografia do seu conteúdo "regional", isto é, afasta- -se da própria concepção de Geografia.

,Mas esta contradição é apenas aparente. É certo que a Geo- grafia se inspira, como as outras ciências naturais, na idéia da unidade terrestre, mas isto unicamente para se libertar de um empirismo acidental; ela orienta sempre a sua investigação para os variados aspectos que, segundo os lugares, a face da Terra apresenta e tem "por missão especial estudar como as forças físicas e biológicas, que regem o mundo, se combinam e se modi- ficam, ao se aplicarem às diversas partes da superfície do Globo. A Geografia segue-as nas suas combinações e interferências" (Vida1 de La Blache) .

A outra objeção é a seguinte: a Geografia explicativa é apenas uma ciência parasitória que vai buscar os seus elementos de determinação nas disciplinas vizinhas; por si própria é incapaz de formular leis.

Na verdade, o objeto da Geografia decompõe-se em fatos que isolados e estudados separadamente dizem respeito a outras investigações. "Por mais consciensiosamente que eu estude a erosão de uma falésia, as características de um determinado vento local ou as cheias de um rio, conservar-me-ei geólogo meteoro- logista ou engenheiro-hidrógrafo, e o meu trabalho não ganhará um valor geográfico, se eu não ligar os fatos observados às leis gerais da erosão marinha, dos movimentos da atmosfera e de

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regime dos rios" (Emm. De Martonne). Mas esta situacão no cru- zamento de várias ciências, provoca as vêzes conflitos da atribui- cão e de delimitação, em particular com 8, Geologia e com a Sociologia, e numerosos são os geólogos e sociólogos que estão prontos a declarar que não há Geografia, mas apenas geógrafos.

Resumamos, rapidamente, êste debate acêrca dos limites da Geografia.

a) Geografia e Geologia - Acontece com o relêvo o mesmo que com a história dos homens: o presente tem demasiadas liga- gões com o passado geológico para poder ser expllicado com êle. Por isso, desde que os geógrafos procuram estudar uma paisagem morfológica não como uma paisagem lunar, os geólogos têm de ser considerados por êles como iniciadores. Mão poderemos concluir daqui que a Geografia física constitui um ramo da, Geologia?

A Geologia tem direito de prioridade sobre a Geografia e, além disso, um campo de investigação nitidamente definido; estuda as rochas, a sua estratigrafia e a sua formacão tectonica, a dinâmica interna (vulcanismo, tremores de terra etc . ) , a dinâmica e, em particular, a ação das águas correntes, dos glaciares.

Ora, dinâmica é estudada igualmente pela Greografia sob o nome de erosão fluvial, glacial, marinha etc. NãLo haverá aqui um duplo emprêgo e não será a Geografia apanhada em flagrante delito de ultrapassagem de limites?

Vale mais um exemplo do que uma longa discussão teórica e o das montanhas francesas vai-nos permitir estabelecer a sepa- racáo entre as duas disciplinas.

No exame do relêvo das montanhas francesas, o geólogo trata- -lhe a História, reconstitui tôdas as fases tectônicas, as eras e os períodos sucessivos, as condições de formacão das rochas, quer elas expliquem ou não as formas do relêvo atual; êste é invocado ocasionalmente, apenas como controle das hipóteses mais veros- símeis. O geógrafo, por sua vez, constata, em primeiro lugar, o estado atual, isto é, três tipos de relêvo: 1) altas cadeias aciden- tadas, os Pireneus e os Alpes; 2) maciços a maneira de planalto, Ardenas e Bretanha; 3) montanhas intermediárias, Jura, Vosgos, Macico Central, que, pelo seus planaltos ou pelas suas formas pesadas, se ligam aos maciços, mas que, pelos seus desnivelamentos, lembram as cadeias; êle descreve estas diferentes montanhas, precisa a sua topografia e explica-a apontando os traços da sua evolução anterior, mas esta só é invocada na medida em que faz compreender os fatos constatados.

Portanto, enquanto o geógrafo se detém sobiretudo na com- preensão das paisagens morfológicas, o geólogo pretende estudar a gênese das deslocacões da superfície terrestre; as duas ciências podem e devem prestar-se recíprocos serviqos, sem lhes ser neces- sário invadir o domínio alheio. Um exemplo: geólogos (Depérêt,

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Chaput) trouxeram uma importante contribuição ao estudo do terraços fluviais; verificaram a existência nos vales franceses, de quatro terraços em andares diferentes; ora, as maraínas da ultima glaciação (glaciação de Wurm) chegam frequentemente aos baixos terraços fluviais; daí concluíram uma relação entre os terraços e as fases glaciárias e, sobre estas bases, estabeleceram a sua cronologia do Quaternário. Por sua vez, um geógrafo (H. Baulig), retomando a análise morfológica dos terraços, verifica que a sincronização dos estádios glaciários e dos terraços fluviais, lògicamente verossímil é inválida pelos fatos; com efeito, durante a fase glaciária, verifica-se a formação de um depósito de terras fluvio-glaciárias, na parte superior dos vales, mas na parte inferior a descida do nível do mar, provocada pela imobilização da enorme massa de água congelada nos glaciares, determina um desgaste do vale; portanto, na parte inferior, o terraço corresponde a uma fase interglaciária, quando a fusão dos gelos liberta a água e, por conseqüência, faz subir o nível da base marinha (glácio- -eustatismo) .

Um outro exemplo é-nos fornecido pelas categorias separadas das classificaçóes sociológicas, tais como o estado pastoril ou o estado agrícola. Estas categorias estão longe de corresponder a contrastes tão acentuados na natureza e os geógrafos mostram que, na verdade, os gêneros de vida são combinações variadas de ati- vidades, que incluem ao mesmo tempo a cultura das terras e a criação de animais, mais ou menos influenciadas pelas condições locais. O papel dos geógrafos é, portanto, o de revelar estas con- dições. Mas, inversamente, não devem esquecer nunca que elas não são as únicas; por exemplo, os regimes agrários estudados na Europa, assim como as técnicas rurais descobertas na Africa (Frobenius), excedem os limites das regiões naturais e não se ligam apenas a causas físicas.

Geografia humana e Sociologia podem coexistir e bom é que os seus pontos de vista se mantenham diferentes, mesmo quando os seus campos de estudo são contíguos. "Na complexidade dos fenômenos que se entrecruzam na Natureza, não deve haver uma , só maneira de abordar o estudo dos fatos; é útil que êles sejam ' encarados sob ângulos diferentes. E se a Geografia se apropria de certos dados que trazem um outro sêlo, nada há nesta apro- priação que possa classificar-se de anticientífico" (Vida1 de La Blache) .

A AUTONOMIA DA GEOGRAFIA

A posiçao da Geografia define-se portanto. As suas investiga- ções incidem, ao mesmo tempo, sobre fatos que observa direta- mente e sobre resultados que outras ciências obtiveram aplicando aos fatos a observação e a experiência. Mas a Geografia não utiliza

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êstes resultados isoladamente: restabelece-os no seu ambiente natural, coloca-os na ordem concreta das coisas; precisa, portanto, a inesgotável variedade das combinaqões de que resultam as paisagens morfológicas, as paisagens botânicas, os gêneros de vida dos grupos humanos. Assim, a convergência e a interdependência dos fatos de ordzm diversa: climática, biológica etc., dominam a investigacão geográfica e conferem-lhe a sua originalidade.. . e a sua utilidade. Com efeito, o que a Geografia pode trazer ao tesouro comum das ciências com as quais mantém relaqões, é "a aptidão a não fragmentar o que a Natureza junta" (Vida1 de La Blache).

E esta contribuiqão é fecunda; a Geografia inspira, por sua vez, novos meios de acão as outras ciências. "Tôda ciência, ao abordar o problema da extensão de um fenômeno, se aproxima da Geografia. A superfície terrestre é um maravilhoso laboratório; observando aí a área de extensão de um fenômeno e as suas varia- ções locais, podem-se apreender, por vêzes, ao vivo, as suas causas e as suas cons~quências" (Emm. De Martonne). Dêste modo,

OS OU a Geografia Botânica ou Zoológica revelou úteis conexõ, divergências pelo agrupamento regional de fenômenos abstrata- mente isolados do seu ambiente complexo; a Geografia linguística ajudou a renovar a ciência da linguagem; existem, também, curio- sos e instrutivos exemplos de cartografia que tiveram influência sobre a arqueologia medieval, sôbre os partidos políticos em Franca e noutros países.

Como se vê, a Geografia, largamente devedora das outras ciências, presta os seus serviços sob uma outra forma.

A Geografia coloca-se, portanto, entre as ciências da Natureza e nas do Homem; a sua autonomia não poderá ser contestada.

A GEOGRAFIA HISTÓRICA

Notas:

No estudo do "PRESENTE HISTÓRICO" o Geógrafo deve tratar de retroceder até o presente que tenha existido, seja de mil ou dois mil anos. Deve conseguir pensar a Geografia, isto é a Geografia dessa época como completa; como tal deve tratá-la e restaurá-la. Sir HALFORD MACKINDER.

Os estudos geográficos e históricos são afins. Entretanto mar- cham separados. Tanto o geógrafo como o historiador sabem que seus estudos são interrelacionados e que cada um dêles pode em certos problemas buscar esclarecimentos no outro.

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O historiador na sua tentativa de explicar a localização de acontecimentos passados; os contrastes em sistemas agrários, as migrações dos povos, as origens e crescimento das cidades, a estratégia naval e militar, e os meios de comunicação e os transpor- tes são problemas cuja solução exige um conhecimento de base geográfica. Por sua vez, o geógrafo interessado no transcurso do presente, encontra-se òbviamente com problemas para os quais a história tem a solução.

O FATOR GEOGRÁFICO NA HISTÓRIA A GEOGRAFIA DA HISTÓRIA A GEOGRAFIA É COM EFEITO INSEPARAVEL DA "HISTÓRIA" QUE A PRODUZIU. Sir HAEFORD MACKZNDER disse: a Geogra- fia da Grã-Bretanha é de fato um intrincado (complexo) produto de fatos históricos e Geológicos. O mapa é um documento social (Geógrafo Russo Mikailov) . As linhas do mapa são a Escritura da História - Notas de Emma- nud Leontsinis - Palestra do CNG em 16/1/1967.

GEOPOLÍTICA

Estudo da História e da Política atendendo à influência dos fatores geográficos. GEOPOLÍTICA: nada tem a ver com o futuro. Seu objetivo consis- te em determinar e apurar as realidades telúricas que se encon- tram na base de manifestações políticas econômicas. -

BIBLIOGRAFIA

G. BAUER - E1 Estudio de La História. CHOLLEY - Géographie Guide de L'Etudiant;. L. GUDES - Didática - a Metodologia da História. SW. WOOLDRIDGE e W. GORDON EAST - Significado y propósito de

la Geografia. CA. FISHER - Economic Geography in a Changing World. W . G. EAST - The Geography Behind History. L. FEBRE - La Terre et L'Evolution Humaine: Introdution Gé0-

graphique a L'Histoire. C. M. DELGADO DE CARVALHO - Didática das Ciências Sociais.

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APLICABILIDADE DO LIVRO LEITURAS GEOGRAFICAS NO ENSINO DA GEOGRAFIA

Prof. ÂNGELO DIAS MACIEL

O manual "Leituras Geográficas", editado pelo Instituto Bra- sileiro de Geografia em 1965, é uma coletânea de textos geográficos, sucintos e objetivos, selecionados pelos Professores DELGADO DE CARVALHO e THEREZINHA DE CASTRO, nomes mais do que conhecidos no campo da Geografia, os quais, como podemos verificar no "Preâmbulo" do livro, procuraram reunir temas geo- gráficos concernentes as primeiras séries. O espírito da coletânea é o que tem como objetivo a complementacão do tiinomio do ensino moderno - o aluno, o mestre e o compêndio - motivando, incentivando, correlacionando ou fixando os ensinamentos adqui- ridos pelo aluno, com o auxílio do mestre e do compêndio. A sua leitura pode ser dirijida e fracionada, dentro de cada parte do programa, ou efetuada de um só fôlego, coni o que se procurará dar uma idéia geral, rápida, do que ocorre em outras terras (o que, como, e porque ocorre), possibiiitando uma ampla visão dos diferentes assuntos, se bem que sucintamente.

Dentro da idéia básica de utilização das "Leituras Geográ- ficas" passo a passo com a matéria lecionada podemos assinalar e destacar exemplos aos quais podem recorrer os Professbres de Geografia, que, por sua vez, poderão alargar o campo das leituras geográficas selecionando, êles mesmos, assuntos de interêsse geo- gráfico em livros, revistas, jornais etc. etc. As ilustrações contidas no livro poderão ser acrescidas de outras, como, e principalmente, fotografias e mapas, comparando e desenvolvendo o tema.

É evidente que cada professor poderá utilizar-se das "Leituras Geográficas" a sua maneira, mas sempre dentro do espirito da didática moderna - motivando, incentivando, correlacionando e fixando.

Como sugestão prática tomamos a liberdade de aconselhar, por exemplo, a sua utilização dentro do roteiro "motivacão - correlação - fixação", recorrendo-se, para o exemplo tomado à

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Leitura de n.0 87 (pág. 180 do livro), dentro do programa da 1." série ginasial e do estudo dos CLIMAS.

Assim é que, se formos ministrar aulas concernentes a tipos de clima como o DESÉRTICO e o POLAR, e suas conseqüências geográficas, poderemos seguir um roteiro simples e prático, a saber:

1) Uma aula sobre o Clima Polar, na qual se recorrerá a técnica comum de motivação (uma fotografia de um livro ade- quado, como "The Pobes", da revista LIFE, ou outro semelhante) ; explanação da matéria (caracterização dos fatos principais, dis- tribuição espacial) com destaque para o tipo de ação humana em tal clima (binômio meio-físico/'homem, dependência do homem quanto a natureza), descrevendo e ilustrando a vida em tais áreas, fechando a aula na habitação típica esquimó, que é o IGLU (de- senho no Quadro-Negro ou fotografia do Iglu incentivarão a classe), explicando forma, material .usado, valor prático etc.. . .

2) A aula seguinte, sobre Clima Desértico, poderá ser, então, ministrada partindo da Leitura Silenciosa do texto n.0 87, "OÁSIS NO SAARA", pág. 180 de "Leituras Geográficas". Ao aluno será pedido, então que:

a ) Leia atentamente o texto,

b) Assinale no texto (sublinhando) os elementos que se encontram nesse tipo e não se encontram no clima polar,

c) Explique sucintamente o que entende por cada um dos elementos assinalados (aos quais poderá ser dado um limite mínimo e máximo - 3 e 5, p. ex.),

d) Procure destacar que semelhança existe entre um deter- minado elemento contido no texto e outro estudado na aula anterior.

Finalmente, caberá ao professor terminar a aula, fixando-a com os traços característicos do tipo climático, e que se traduzem numa situação como a descrita por Jean Brunhes no trecho lido. A complementaçáo da aula servirá, evidentemente, para verifica- ção das explicações dadas pelos alunos para os elementos assina- lados. Este trecho poderá ser, também, utilizado para uma verifi- cação de aprendizagem, invertendo-se a ordem acima descrita.

Procurando tornar esta aula a mais prática possível pode- ríamos nós mesmos seguir, rapidamente, o roteiro sugerido, partindo do pressuposto de que já houvesse sido ministrada uma aula sobre o Clima Polar.

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Para tal, leiamos rapidamente o texto referido no Livro . . "Leituras Geográficas" (n.0 87, pág. 180).

. . . e destaquemos os elementos característicos de clima desértico, anotando-os.

. . . . . . bem como a semelhança que se nota em determinado elemento dêsse clima e do clima polar, qual seja:

Outros exemplos poderiam ser destacados e examinados, mas a exiguidade do tempo disponível não o permite. Podemos, tão sòmente, enumerar alguns, como:

n.O 6 - MAGNETISMO TERRESTRE - complementação do texto com a utilização de um planisfério no qual se marcaria a LINHA ISOGoNrCA ZERO, descrita a

"grosso modo".

n.0 7 - A TERRA É REDONDA - conjugação do texto com as modernas viagens orbitais, com fotografias tiradas por astronautas em suas cápsulas espaciais.

n.0 20 - OCEANOGRAFIA - desenvolvimento do tema a partir da ilustração (correntes), identificando-as em mapas maiores e destacando suas ações e importância.

Essas "Leituras Geográficas" têm, assim, importância no desenvolvimento dos estudos geográficos, ajudando a despertar os interêsses latentes dos alunos, e muitos autores recorrem a êsses tipos de leituras, como bem o faz, por exemplo, o Professor Aroldo de Azevedo nos seus livros didáticos, com real proveito.

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ELEMENTOS DE CARTOGRAFIA

Prof .a IZABEL KLAUSNER

Sugestões para a organixação de uma Unidade sobre Cartografia no Curso Secundário.

1. Poucos professôres de Geografia preocupam-se em dar aos seus alunos, as noções básicas cartográficas que lhes possibilitem a utilização de um Atlas Escolar. O motivo invocado é que êsse assunto não aparece nos programas escolares (quando muito, na 1." série ginasial). Os professôres porém, têm liberdade na orga- nização do seu plano de Curso, que não deve ser confundido com o programa do livro didático adotado.

2. Não é preciso ressaltar a importância da presença perma- nente do Atlas nas aulas de Geografia, pois o mapa "é um instru- mento de observação indireta" e os estudos geográficos não podem muitas vêzes ser feitos pela observação direta. "O mapa tem como função contribuir para a visualização de regiões extensas e distan- tes" (Thralls, Zoe A. - "O Ensino de Geografia" - USAID 1965).

3 . Essas noções cartográficas podem ser distribuídas em aulas que focalizem os conceitos geográficos de:

a) proporção (distância e dimensão) b) orientação (dire~ões) c) localização (exata e relativa)

4. Como sugestão apresentamos a distribuição abaixo, dos assuntos e números de aulas correspondentes:

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A - Escala cartográfica 2 aulas B - Orientação e localização do fato geográ-

f ic;d :

a) Processos de orientação (Rosa-dos-ventos) . . . 1 aula . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . b) Linhas imaginárias 1 aula

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . c) Zonas terrestres 1 aula

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d) Coordenadas geográficas: latitude e longitude 2 aulas e) Fusos horários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 aulas f ) Projeções cartográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 aula

C - Convenções cartográficas (análise dos sím- bolos) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 aulas

5. Para facilitar o trabalho do professor e do aluno, o Atlas deve ser do mesmo autor para toda a turma.

1.a AULA:

Aula no Curso Secundário sobre COORDENADAS GEOGRÁFICAS: Latitude e Longitude

I - Objetivos:

1 - Habilitar o aluno a localizar com exatidão qualquer ponto da superfície da Terra.

2 - Desenvolver no aluno habilidade de relacionar fatos e lugares.

3 - Dar habilidade de usar a latitude de uma região ou país a fim de chegar a conclusões referentes as con- dições climatológicas.

4 - Dar habilidade de calcular as distâncias angulares de uma região ou país.

I1 - Motivacão inicial:

Narrar aos alunos, que o célebre escritor Júlio Verne, baseou uma de suas obras - "Os filhos do Capitão Grant" na falta de localização exata de um ponto através das coordenadas geográ- ficas.

Resumindo o enrêdo: - O iate de um "lord" escossês fazia uma viagem de experiência, no canal do Norte, quando o vigia deu sinal de tubarão, próximo ao barco, o qual foi pescado e aberto. Com surprêsa encontrou-se uma garrafa dentro do tubarão, contendo três mensagens: uma em inglês, outra em alemão e outra em francês. A água que penetrara na garrafa, apagara muitas palavras das mensagens mas entendia-se que era um pedido de socorro de náufragos que haviam chegado a uma terra a 37011' de latitude austral mas faltava a longitude. O "lord" resolve procurá-los, em companhia de dois filhos do capitão Grant (um dos náufragos). Primeiramente dirigiram-se para a Amé- rica do Sul e chegando ao litoral do Chile, na altura do paralelo mencionado nas mensagens (379, atravessaram os Ancles e os

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Pampas, em linha reta, nada encontrando. Resolveram prosseguir a viagem, agora em direção a Austrália, passando pela Ilha de Tristão da Cunha e litoral meridional da África. Após atravessarem o sul da Austrália sem sucesso, foram impelidos para a Nova Zelândia, sempre arrastando os maiores perigos e contratempos. Resolvem desiludidos, atravessar o Pacífico e alcançar novamente o litoral da América do Sul e voltarem a Escócia pelo Atlântico. Por fim numa tarde, divisam um rochedo perdido no Oceano Pacífico, fora das rotas - a ilha Maria Teresa ou Tabor a 1530 de longitude oeste, onde encontraram o capitão Grant e dois ma- rinheiros, após nove meses de procura, por não saberem a longi- tude do ponto de naufrágio.

I11 - Desenvo Lvimento

1 . Latitude.

A - Conceito: Latitude de um lugar é a distância em graus que vai dêsse lugar ao Equador.

B - Contagem: a) Linha de partida: O Equador que tem o

valor de 00 de latitude. b) Tipos de latitude: - Latitude norte - contada do Equador (Oo)

ao pólo norte (900); - Latitude sul - contada do Equador (00) ao

pólo sul (900).

Ilustrar as explicações com um desenho do Globo Terrestre com os paralelos.

2 . Longitude: A - Conceito: Longitude de um lugar é a distância

em graus que vai dêsse lugar ao Meridiano de Greenwich (ou Meridiano Internacional de Referência).

B - Contagem: a) Linha de partida: o Meridiano de Greenwich

que tem o valor de 00 de longitude. b) Tipos de longitude: - Longitude oriental - do Meridiano de Gre-

enwich (00) até o ante-meridiano (1800) para leste;

- Longitude ocidental - do Meridiano de Greenwich (00) até o ante-meridiano (1800) para oeste.

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Ilustrar a explicação com o desenho do Globo Terrestre com os meridianos. Depois mostrar o desenho do Globo Terrestre com os paralelos e meridianos, formando uma rêde que tornará possível a localização exata de um ponto qualquer.

LOCALIZAÇÃO DE PONTOS NUM ESBÔÇO DE "CANEVAS":

Observações para o professor:

a ) Os alunos traçarão no caderno, uma rêde de paralelos e meridianos, como no desenho abaixo onde serão marcados pontos cujas coordenadas serão dadas pelo professor.

b) O professor fará o mesmo, no quadro negro, ou poderá levar uma cartolina com a rede prèviamente traçada.

c) Chamar a atenção dos alunos para a coIocação dos valores crescentes dos graus, em relação ao Equador e ao Meri- diano de Greenwich.

d) Mandar-colorir em cores diferentes, as linhas de partida para a contagem da latitude e longitude, por exemplo, o Equador em vermelho e o Meridiano de G., em verde.

e) Dar exemplos de localização de pontos nos quatro qua- drantes

Pontos: A - 400 lat. N; 100 long. W (ocidental) B - 50 lat. N; 550 long. W (ocidental) C - 200 lat. N; 400 long. L (oriental) D - 300 lat. N; 300 long. L (oriental) E - 50 lat. S; 150 long. L (oriental) F - 350 lat. S; 200 long. L (oriental) G - 200 lat. S; 400 long. W (ocidental) H - 300 lat. S; 500 long. W (ocidental) I - 00 lat.; 00 long. J - 00 lat.; 500 long. W (ocidental)

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f ) Chamar alunos ao quadro negro para localizar pontos dados pelo professor, isto é, com latitude e longitude de- terminadas.

g ) Levar os alunos a reconhecerem em que zonas terrestres se localiza o esboço traçado e que continentes e oceanos abrange. Usar o Planisfério da pág. 17 do Atlas Geográ- fico Escolar, onde os alunos delimitarão com lápis prêto, ou de cor, a área abrangida pelo exercício.

h) Localizar nos mapas dos continentes, os acidentes geo- gráficos que coincidam com os pontos marcados na gratícula do quadro negro. O cuidado a tomar será em relação as diferenças entre a projeção da gratícula e as projeções dos mapas consultados no Atlas.

Correspondência entre os pontos marcados no "canevas" do quadro-negro e os mapas consultados (no Atlas Geog. Escolar):

A - ponto no Atlântico perto do litoral de Portugal - consultar a pág. 50 (Europa).

B - ponto próximo à cidade Paramaribo (A. do Sul) pág. 59.

C - ponto próximo à cidade de Meca (Asia) - pág. 59.

D - ponto entre o Cairo e Alexandria (África) pág. 59.

E - ponto próximo à cidade de Leopoldville (Afri- ca) pág. 59.

F - cabo das Agulhas (África) - pág. 59. G - ponto próximo à Vitória (Brasil--AmBrica do

Sul) pág. 18. H - ponto próximo ao litoral do Rio Grande do Sul

(América do Sul) - pág. 18. I - ponto no golfo da Guiné (África) pág. 59. J - ponto na ilha Caviana (Brasil - América do

Sul) pág. 18.

4. EXERCICIOS NOS MAPAS DO ATLAS GEOGRÁFICO ES- COLAR :

A) Consultando a pág. 34 do AGE (BRASIL. Norte Físico- -político) . a) Dar as coordenadas aproximadas de MANAUS (AM) :

R. - 30 lat. S; 600 long. W. Observação: No quadro interno do mapa há sub-

divisão das quadrículas em segmentos que valem 2.0 cada um.

b) Dar as coordenadas aproximadas de RIO BRANCO (ACRE) : R. - 100 lat. S. S; 680 long. W.

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B) Consultando a pág. 36 do AGE (BRASIL. Meio Norte e Nordeste físico-político) . a) Dar as coordenadas aproximadas da ponta Seixas

(PB) : R. - 70 lat. S; 350 long. W.

Observação: Os alunos poderão compreender o motivo do ponto extremo Leste do Brasil possuir longitude Oeste. Chamar a atenção para o fato dos pontos ex- tremos leste e oeste serem citados apenas com sua longitude e os pontos extremos norte e sul, apenas com sua latitude.

b) Dar as coordenadas aproximadas de AREIA BRAN- CA (RN) : R. - 50 lat. S; 370 long. W.

C) Consultando a pág. 38 do AGE (BRASIL. Leste físico- -político).

a) Dar as coordenadas aproximadas de SALVADOR (BA) : R. - 130 lat. S; 380 30' long. W.

b) Dar as coordenadas aproximadas de BELO HORI- ZONTE (MG) : R. - 200 lat. S; 440 long. W.

D) Consultando a pág. 42 do AGE (BRASIL. Sul fisico- -político).

a) Dar as coordenadas aproximadas de FLORIAN6- POLIS (SC) : R. - 270 30' lat. S; 480 30' long. W.

b) Dar as coordenadas aproximadas de SANTA VIT6- RIA DO PALMAR (RS) : R. - 330 30' lat. S; 530 30' long. W.

5. Cálculo das distâncias angulares do Brasil:

A - Para se calcular a distância angular Norte-Sul, soma-se a latitude do ponto extremo norte com a latitude do ponto extre- mo sul do Brasil, porque são latitudes de tipos diferentes: 50 16' 19" lat. N + 330 45' 09" lat. S = 39O 01' 28" lat.

B - Para se calcular a distância angular Leste-oeste, dimi- nui-se a longitude do ponto extremo Leste da longitude do ponto extremo Oeste do Brasil, porque são longitudes de mesmo tipo: 730 59' 32" long. W - 340 45' 54'' long. W = 39O 13' 38" long.

C - Para se calcular a diferença entre as distâncias angu- lares, subtrai-se o total da latitude do total da longitude: 390 13' 38" longitude - 390 01' 28" latitude = 00 12' 10". Isso demonstra que o Brasil é um pouco mais largo do que comprido.

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2.a AULA:

Aula do Curso Secundário sobre ESCALA CARTOGRÁFICA:

I - Objetivos:

1. Dar noção ao aluno, de proporção (distância e di- mensão) pois extensas áreas são reduzidas (inclusive a superfície total do globo terrestre) mantendo-se as proporções, nos mapas.

2 . Dar habilidade ao aluno de ler as distâncias reais diretamente, nos mapas, pela escala gráfica.

3 . Dar habilidade de calcular as distâncias reais, nos mapas, por meio da escala numérica.

4. Dar habilidade de calcular a redução que uma distân- cia que o terreno sofre ao ser representado num mapa (achar a escala).

5. Dar habilidade de calcular a distância que encontrará num mapa, conhecendo a distância verdadeira e a redução que essa distância sofreu (isto é, conhecendo a escala).

6 . Dar habilidade de construir uma escala gráfica a partir de uma escala numérica e vice-versa.

7 . Dar habilidade de localizar pequenas áreas, em escala grande, em grandes áreas, em escala pequena.

I1 - Motivação Inicial:

Mostrar a planta da cidade, onde o aluno mora, e chamar a atenção, de que toda a cidade está representada naquele mapa, mantendo as proporções certas na redução da área real.

I11 - Desenvolvimento:

1. Conceito:

Escala é a relação que existe entre a distância real e a dis- tância no mapa.

2. Tipos de esca2a mais usados nos Atlas:

A - Escala Numérica: é a escala representada por uma fra- ção ordinária, cujo numerador é a unidade e o denominador, um número qualquer superior a unidade, o qual mostra quantas vêzes o mapa foi reduzido.

1 Ex: --- OU 1/50 O00 O00 OU 1 : 50 O00 O00

50 O00 O00

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B - Escala Gráfica: é a representada por uma reta gradua- da, cujos segmentos têm determinado valor.

A esquerda do zero, divide-se o segmento chamado talão, em valores menores do que o dos intervalos.

3 . Problemas sobre escala: A - Elementos dos problemas são representados pelas letras:

E = escala D = distância no terreno (real ou verdadeira) d = distância no mapa (gráfica)

B - Processo mnemônico para as fórmulas dos 3 tipos de problemas: As letras de triângulo no sentido horizontal, multiplicam-se e no sentido vertical, dividem-se.

C - Achar a distância no terreno (D) conhecendo-se a escala (E) e a distância no mapa (d):

a ) A fórmula neste tipo de problema será:

b) Exemplos:

1.0) Qual é a distância verdadeira, em linha reta, entre São Pedro d'Aldeia e Cabo Frio, sabendo-se que a folha CABO FRIO, do IBGE, está na escala 1: 50 000

Resposta: A distância é de 9,250 km

Observação: Nesse exemplo, como a escala é grande (topográ- fica) os erros das medições diretas não são grandes. As distâncias reais a serem calculadas não sofrerão

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erros grandes, pois 1 cm vale 500 metros ou 0,5 km. Porém ao se medirem distâncias diretas em cartas geográficas, como por ex., cartas na escala de 1 : 190 000 000 (planisférios) , os erros serão enor- mes, pois no exemplo citado, 1 cm do map& valerá 1900 km e 1 mm de mapa, 190 km.

2.0) Qual é a distância real, entre a Fábrica Nacional de Alcalis e a cidade de Cabo Frio, percorrendo-se a estrada (em amarelo) que existe entre êsses dois locais, sabendo-se que a escala da folha CABO FRIO, do IBGE, é de 1:50 000? Resposta: 11,150 km.

Observação: d é o resultado da soma dos três segmentos da estrada (5,3 cm + 7 cm -+- 10 em).

3.0) Exemplo baseado no Atlas Geográfico Escolar (MEC-2." edição-1962) : Consultar a pág. 44 do AGE (BRASIL, Centro Oeste físico-político) e calcular a distância real, em linha reta, entre Corumbá e Cáceres, em Mato Grosso.

Resposta: A distância é de 323,750 km

D - Achar a distância no mapa (d), conhecendo-se a escala (E) e a distância no terreno (D):

a) A fórmula neste tipo de problema será:

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b) Exemplos:

1.0) Qual a distância no mapa (em linha reta), entre a ponta da Prainha e o farol da Lajinha, situados no litoral fluminense, sabendo-se que distam entre si 6 550 metros e a escala do mapa é 1: 50 000?

Resposta: A distância é de 13,l cm (confirmar a resposta na folha CABO FRIO).

2.0) Exemplo baseado n a pág. 42 do AGE (MEC-1962, 2.9 edição) (BRASIL. Sul f ísico-político) :

Qual a distância no mapa, em linha reta, entre Pôrto Alegre (RS) e Uruguaiana (RS) , sabendo-se que a escala é de 1 : 6 500 000 e a distância real 565,5 km?

Resposta: A distância é de 8,7 cm (confirmar a resposta na página do Atlas, citada).

E - Achar a escala ( E ) , conhecendo-se as distâncias no mapa ( d ) e n o terreno ( D ) :

a) A fórmula neste tipo de problema será:

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b) Exemplos:

1.0) Qual é a escala do mapa em que a extensão da praia de Cabo Frio, no Estado do Rio de Janeiro, é de 17,2 cm, sabendo-se que a extensão real é de 8,6 km?

Resposta: A escala é 1 : 50 000 (confirmar a resposta na folha CABO FRIO).

Observação: Nos problemas de escala trabalhamos com o deno- minador das escalas. Igualmente, no tipo de pro- blema acima, calculamos o denominador da escala.

2.0) Exemplo baseado na pág. 34 do AGE (MEC-1966, 2.a edição) (BRASIL. Norte físico-político) :

Qual é a escala do mapa em que as cidades de Manaus (AM) e Tabatinga (AM) distam entre si 9,7 cm, sabendo-se que na realidade estão separadas por 1115,5 km, em linha reta?

Resposta: A escala é 1 : 11 500 000 (confirmar a resposta na página do Atlas, citada).

4. Transformação de uma escala gráfica em escala numérica:

Para se transformar uma escala gráfica em escala numérica, mede-se a extensáo da reta, que representa a escala gráfica num mapa, a partir de zero para a direita, encontrando-se um certo número de centímetros (ou milímetros) que equivalerão a um certo número de quilômetros (ou metros). .

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Partindo-se do princípio de que uma escala numérica repre- senta 1 cm (ou 1 mm) é igual a um número x de quilômetros (ou metros), arma-se uma regra de três, com o número de centímetros encontrados na reta graduada e o valor real que representa (em quilômetros ou metros) no terreno.

1.0 Exemplo: Baseado na pág. 19 do AGE (MEC-1962, 2." edição) - mapa AMÉRICA DO SUL:

Medindo-se a escala gráfica encontramos que 5 cm repre- sentam 1000 km:

portanto,

logo, 1 cm = 200 km = 20 000 000 cm, e a escala numérica será:

1:20000000

2.0 Exemplo: Baseado na pág. 34 AGE (MEC-1962, 2." edição) - mapa-BRASIL. Norte físico-~olitico: ~edindo-se a escala gráfica entontramos que 5,3 cm representam 600 km:

portanto,

logo, 1 cm = 113,2 km = 11 320 000 cm, e a escala numérica será:

1 : 11 500 000 (por aproximação)

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5. Transformação de urna escala numérica em escala gráfica:

Transforma-se em quilômetros (ou metros) a distância real representada no 2.0 têrmo da relação de uma escala numérica, e teremos o valor que 1 mentimetro no mapa vale, na realidade, em quilômetros ou metros.

Exemplo da folha CABO FRIO:

1 : 50 000, onde 1 cm (no mapa) = 500 metros (no terreno).

Após, constrói-se uma escala gráfica, traçando-se um seg- mento da reta horizontal, subdividido em intervalos que terão o valor expresso na escala numérica.

No exemplo citado acima, 1 cm = 500 m, podemos traçar a escala gráfica da seguinte forma:

Exemplo baseado na pág. 38 do AGE (MEC-1962, 2." edição) - mapa BRASIL. Leste físico-político:

Escala numérica - 1:7 500 000, logo 1 cm = 75 km.

Podemos traçar a escala gráfica da seguinte forma:

ou, também, como abaixo:

O intervalo com o valor de 100 km (como aparece na pág. 38 do AGE) consegue-se, partindo do valor de 1 cm da escala numérica, da seguinte maneira:

100 x 1 x = = 1,33 cm (valor do intervalo da escala

75 gráfica = 100 km)

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6. Localixaçáo de pequenas áreas e m escala grande, e m grandes áreas e m escala pequena:

aste é um exercício que se deve fazer com os alunos para lhes dar a habilidade de localizar, por exemplo, uma planta de cidade no mapa do estado respectivo, ou trechos de estados em escala grande no mapa do país ou continente, em escala pequena. "Mapa de escala grande, representando trechos específicos, são frequen- temente usados em jornais quando se trata de distinguir lugares importantes", como zonas de terremotos, conflitos, turismo e outros fatos.

Exemplo: A folha CABO FRIO, 1:50 000, pode ser localizada na folha RIO DE JANEIRO - SE, 1: 500 000, IBG.

BIBLIOGRAFIA

"Guia Metodológico para Uso do Atlas Geográfico Escolar" - MEC, 1963 - págs. 32-33. "Curso de Informações Geográficas" - IBGE, 1964 - págs. 185 a 190. "Curso de Férias para Professores" - IBGE, 1965 - págs. 259 a 261. "Curso de Férias para Professores" - IBGE, 1966 - págs. 7 a 16 e págs. 20 a 25. THRALLS, Zoe A. - "O Ensino da Geografia" - USAID, 1965 - Rio.

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CONCEITOS SOBRE O ENSINO DA GEOGRAFIA

1 . Introdução

Sendo a Educação um processo dinâmico, qualquer tentativa de valorizar determinada técnica, nos parece prejudicial, porque significa mais uma tentativa de estabelecer limites e valores, os quais poderão rapidamente, se transformar em mais u m a "regra didática": "se não fizer assim, não está certo.. ." etc.

O conceito de Educação, no mundo objetivo e apressado que vivemos, não se pode prender a detalhes, limites ou regras que impeçam as'modificações que a evidência apontar e a experiência exigir. (1) *

Se não é bom que o processo educativo se limite a uma hierarquização mais ou menos formal de certas técnicas, é acon- selhável também, que excessivo uso de nomenclatura didática (diferentes palavras significando a mesma coisa), seja devidamente revisto.

Habitualmente empregamos com objetivos diferentes expres- sões como técnicas, processos, métodos. Se nos dermos ao trabalho de procurar o significado dessas palavras, observaremos uma notável coincidência entre elas. (2)

Sabemos que a maneira de ensinar engloba uma apreciável soma de conhecimentos, que utilizados para orientar o estudo de determinado assunto, resulta, simplesmente, num processo de aprendizagem. Quanto mais adequada for a orientação, mais atuante será a aprendizagem e mais significativas as informações recebidas.

Por mais simples que seja o processo, êle adquire outras pespectivas com o uso: seja a simplificação ou o aperfeiçoamento

I * ) As chamadas remetem a bibliografia e ilotas no fim do capitulo.

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de acordo com certas exigências materiais e locais. O resultado é que também o seu campo de ação forçosamente passa a ser mais amplo, e sua classificação mais variada.

A técnica consiste enfim, no modo através do qual, conseguimos objetivar claramente o que pensamos. Ela é um meio para se alcançar determinado fim. Melhor até dizer que a técnica é sempre o exercício de um método.

E por isso as atividades educativas obrigatòriamente dinâ- micas não podem aceitar formalismos seja o da hierarquização de trabalho ou do emprêgo excessivo de adjetivos, sob pena de com- prometerem a objetividade do ensino.

O importante no ensino é compreender o sentido atual da geografia e desenvolver no ensino um trabalho de aprimoramento; reformulando conceitos se necessário, inspirando-se em experiências adquiridas por outros, onde ficou demonstrado seu valor. A imita- ção puramente mecânica seria insuficiente e até nefasta. É bem mais interessante pesquisar pessoalmente, os meios que melhor se adaptarem as condi~ões locais e elaborar finalmente um plano de trabalho que melhor convenha as atitudes e aspirações dos alunos.

Trataremos aqui dos métodos de observação direta e observação indireta, procurando demonstrar a aplicação de um em funcão do outro. Pois se é certo que os princípios gerais (seja da Geografia ou da Educação) têm um valor universal, a aplicação dêsses princípios impõe a seleção de procedimentos e métodos que deverão aplicar-se a um plano local que procure satisfazer inteligentemente as necessidades do ensino com os recursos de que dispomos. (3)

2. Os métodos de ensino da geografia

O ensino da geografia envolve basicamente dois métodos dis- tintos: os que so fundamentam na observação direta que abrange todas as atividades do campo, e os de observação indireta que correspondem as investigações realizadas com o material didá- tico. (4)

2 . 1 Observação direta

Consiste em obter informações geográficas através da observa- ção precisa dos fatos. &te trabalho, compreende três pontos principais: a observação, a descrição e a interpretação. Segundo êste método, os alunos aprendem a observar os fatos com precisão e a desconfiar de generalizações fáceis. Além disso, o trabalho

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direto com a natureza, revela diferenças notáveis no modo de viver dos habitantes de um mesmo país, isto é adaptações ou reaçóes a ambientes geográficos diferentes.

2 . 2 Observações indiretas

O aluno deve adquirir plena consciência do meio ambiente que o cerca, e através do método de observação indireta êle vai começar a compreender as relações distintas naquele -meio am- biente.

S claro que tal atitude será grandemente facilitada quando o aluno estiver familiarizado com os trabalhos de observação direta, ou sejam: excursões, trabalhos no terreno, observações e de interpretações de mapas e gráficos e trabalhos de observações com diferentes instrumentos.

A observação indireta é o trabalho realizado na sala de aula, que visa proporcionar as condições necessárias para o perfeito trabalho na natureza. Assim, é necessário desenvolver a percepção para as relações geográficas, seja através do mapa, gravuras, dados estatísticos ou textos. Acresce que esses recursos, são igualmente empregados quando se deseja que o aluno aprenda a tirar conclus'óes sobre regiões que são impossíveis de serem observadas diretamente, por serem distantes.

Através desse método, não será difícil ao aluno definir e entender conceitos abstratos, partindo de imagens concretas. Por ex: a gravura de uma rodovia, evocará a atividade econômica dos grandes centros de comunicações, os quais serão definidos e localizados.

3 . Conclusão

Não importa a região ou tema de geografia que será tratado com os alunos, nem o método que se utilize. O mais importante, antes de tudo, é não esquecer que o ensino da geografia, deve basear-se em quatro princípios fundamentais:

1 - A GEOGRAFIA ESTUDA ESSENCIALMENTE OS FE- NÔMENOS VISÍVEIS: a geografia descreve os aspectos reais e atuais da'superfície da terra. Se interessa também por fatores "invisíveis" (psicológicos, políticos, religiosos) na medida em que se explicam fatos visíveis.

2 - A GEOGRAFIA SE PREOCUPA CONSTANTEMENTE COM A LOCALIZAÇÃO E A EXTENSA0 DOS FENO- MENOS QUE ESTUDA: primeiro porque uma de suas

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tarefas consiste em "cartografar" o mundo e, segundo porque nesta análise de localização dos fatos surgem os problemas e os elementos de explicação.

3 - A GEOGRAFIA ESTUDA COM ESPECIAL CUIDADO AS RELAÇÕES ENTRE FENÔMENOS E EM PARTICULAR,

AS RELAÇÕES ENTRE FENÔMENOS QUE PERTEN- CEM A DIFERENTES CATEGORIAS: sem inclinar-se a favor ou contra o determinismo, a geografia analisa o jogo de influências recíprocas das condições naturais e dos grupos humanos.

4 - A GEOGRAFIA DEVE APRESENTAR-SE NOS DIFE- RENTES NÍVEIS DE ENSINO DE UMA ÚNICA MA-

NEIRA: isto é, como uma ciência atual e prática, como uma ciência aplicada.

BIBLIOGRAFIA

(1) NEILL, A. S. "Liberdade sem excesso" (1967). Bste extraordi- nário educador, que pôs em prática, de maneira simples e direta, os conceitos de educação, revolucionando técnicas acadêmicas, assim se expressa nesta questão de limitar o processo educativo: organização onificada é a morte para o pioneirismo. "Cf. Liberdade sem mêdo" (1960). Ambos os livros, editados pela Record, S. Paulo.

(2) Como exemplo, verifique a sinonímia das expressões abaixo enumeradas; tôdas elas significando uma só coisa: maneira de ensinar: 1. MEIOS - Processos ou técnicas eficientes para realizar

alguma coisa. 2. MÉTODO - Processo ou técnica de ensino. Modo de

proceder no ensino.

3. PRÁTICA - Aplicação da teoria. Exercício. Rotina, uso da experiência.

4 . PROGRESSO - Maneira de ensinar. Técnica. Segui- mento.

5 . TÉCNICA - Conjunto de processos de uma arte. Prá- tica. EM RESUMO: Método e processo são semelhantes e são

estatísticos. (Cf. Enciclopédia do Ensino e Pequeno Dicionário da Língua Portuguêsa - A. B. Holanda, Cia. Ed. Nacional, 1963).

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(3) Sobre as fontes de documentação no ensino da geografia veja da Coleção UNESCO na série Programas e Métodos de Ensino, o livro dirigido pelo Prof. Benoit Bronillette "Método para o ensino da geografia" - Paris, 1967.

(4) A investigação geográfica se baseia essencialmente numa atitude científica diante do conhecimento, isto é: na observa- ção que mais tarde se fixa por escrito e se interpreta a inter- pretação pode ser mais uma arte que uma ciência, no sentido de que muitos fatos observados admitem uma diferenciação qualitativa melhor que quantitativamente. Norman J. Graves, na obra citada, pág. 101.

(5) Veja o capitulo de Normam J. Graves na obra citada (item 3) sobre o método de observaçáo indireta no ensino de geografia, onde o autor documenta ao texto, excelentes exercícios práticos.

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GEOGRAFIA ECONBMICA

A agricultura na faixa tropical - Prof. Orlando Valverde. As indústrias no Brasil - Prof. J . Cezar de Maga- lhães. As indústrias no Mundo - Prof. J . Cesar de Ma- galhães. Relucão entre a estrutura geológica do Brasil e os minerais - Prof. Othon Henry Leonardos Jr. Economia mineral do Brasil - Prof. Othon Henry Leonardos.

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A AGRICULTURA NA FAIXA TROPICAL

Prof. ORLANDO VALVERDE

A faixa tropical é a zona do planêta que displõe de maior área de terras; entretanto, seus solos têm sido trabalhados por sistemas agrícolas (definir) predatórios: uns extensivos outros intensivos (definir) .

Roça

rí: o sistema mais extensivo do mundo.

Denominação nos trópicos :

Milpa, na América Central Conuco, na Venezuela Lugan, no Sudão Tavy, em Madagáscar Ladang, na Malásia Taungya, na Birmânia Rây, no Vietnã Caifígin, nas Filipinas

- Características: derrubada, queimada, semeadura, colheita. Abandono após redução da safra. Não usa adubos, nem arado, nem animais de trabalho.

- Instrumentos: machado, foice, enxada ou bastão de cavar. - Objetivo da produção: subsistência, daí a adoção de culturas

consorciadas e de ciclo curto. Exceções: - Produtos comerciais : - arroz, no Maranhão; - porcos, no oeste do Paraná e alto Ribeira do Iguape. - Cultura permanente:

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- algodão, no centro-norte de Goiás. Religião e shijting cultivat- ion.

- Discussão sobre os defeitos do sistema. Conclusão: adaptado ao meio e a falta de capitais, quando não é ultrapassado um limite crítico de densidade demográfica. Qual é êsse limite?

- Van Beukering: ilhas externas da Indonésia (família = 5 pessoas, sustentadas por I ha. de cultivo), 50 hab. 1 km2.

- Waibel, planalto Meridional do Brasil (família = 5 a 7 pessoas, sustentadas por 5 ha. de cultivo), 5 a 13 hab. 1 km2.

- O. Valverde: Bragantina.

Medidas para corrigir seus efeitos perniciosos:

- O taungya - foreitry system (Birmânia, 1851, Dietrich Bra- dis) ;

- árvores de valor comercial no meio dos ladangs (fndias Orien- tais Holandesas).

SISTEMAS ,MONOCULTURAIS

- Culturas voltadas para os grandes mercados externos, das zonas temperadas: "plantativos" (impérios coloniais) .

- Plantation é um grande empreendimento simultâneamente agrícola e industrial, dirigido por pessoas com cultura técnica, o qual, com grande aplicação de mão-de-obra e de capitais, vende um produto agrícola de vultosa demanda, processado ou semiprocessado, para os grandes mercados. (12, portanto, mais que um simples sistema agrícola; é uma forma de economia.)

A industrialização acarreta divisão do trabalho e monocultura. Esta é devida à maquinaria especial cuja, compra e instalação requerem capital avultadíssimo. - Conseqüências : - Rápido esgotamento dos solos (donde, necessidade de aduba-

ção) ; - fragilidade da estrutura econômico-social: sensibilidade extre-

ma aos fatores meteorológicos (ex: geadas no café) ; às doenças e pragas (o boll weevil ou "coruquerê", nos algodoais nortie- -americanos); o mosaico, nos canaviais de todo o mundo) ; as perturbações políticas (Haiti, Indonésia, Vietnam) ; aos novos inventos técnicos (açúcar, no Nordeste do Brasil; anil) e às flutuações de preços nos mercados (algodão no Maranhão) . Daí resulta uma grande instabilidade das plantations, quer no tempo (Ceilão, século XIX: canela, café, quinina, chá e borra- cha) quer no espaço (café, no sudeste do Brasil).

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- O problema da mão-de-obra nas plantations foi resolvido de maneira brutal, com o tráfico de escravos negros e de coolies chineses.

-- Pierre George distingue dois tipos de plantations:

1 - o da especulação espontânea, empreendida pela popula- ção autóctone, ou nacional, de um país (exemplos: café, açúcar e cacau, no Brasil);

2 - o da especulação autoritária, introduzida no meio colonial pela classe dirigente colonizadora, em seu proveito (exemplos: borracha, na Indonésia e Malásia; banana, na América Central; açúcar, em Cuba pré-revolucioná- ria) .

Conseqüências do predomínio das do 1.0 tipo: formas precoces e estáveis de independência política (Brasil, E.U.A.) ; - 2.0 tipo: intervencão profunda do capital estrangeiro na política interna do país, daí resultando: .- longa submissão colonial ou semi-colonial (exs: Malásia, Guia-

na Inglêsa, países centro-americanos) ; .- reações tardias e violentas: Cuba, Indonésia.

JARDINAGEM DE TIPO ORIENTAL

- Culturas nas planícies: - Junto a casa, horta com abóbora, pepino, plantas condimenta-

res, pomar e amoreiras; cânhamo. - Nas encostas suaves, culturas sêcas (não irrigadas) : soja, trigo,

cevada, milho alvo. - Na planície aluvial: arroz de brejo.

Grandes culturas: arroz, amoreira (para sêda), chá, bambu. Habitat concentrado : aldeias cerradas, por causa dos trabalhos de irrigação e da defesa.

- Nas montanhas habitadas (ex: Javá), terraceamento para arroz do brejo: antieconômico (trabalho humano praticamente sem preço) ;

- focos de malária (viveiros de anofelinos nos interstícios das pedras das muralhas de arrimo).

- Extremo fracionamento das propriedades: - China do Norte (culturas sêcas) : 45 acres, em média; (1 acre

= 0,4047 haj . - baixo Yang-tsê (arroz) : média = 30 acres. - Japão: mais da metade tem menos de 5 acres;

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- delta do Fonkin (Vietnam do Norte) : em média 1 hectare é dividido em 6 parcelas.

- O animal como concorrente do homem; aplicação sobretudo de estêrco humano, trabalho manual. Tese de Gourou: civilização do vegetal, situação irreversível.

- Reforma agrária chinesa (refutação dessa tese) : a maior do mundo, afetando 500 milhões de pessoas. Pragas sociais fora da lei: arrendamentos, impostos, usura. Medidas imediatas :

- confisco das propriedades dos que não as exploram (menos as dos camponeses ricos, que vivem do trabalho assalariado) ;

- abolição das dívidas. - Outras medidas: - aumento da área cultivada; - aumento da produtividade : - seleção de sementes; - diversificação das culturas (novas espécies) ; - incentivo à cooperação, sem abolir a propriedade privada; - industrialização. - Características do sistema : - não emprega o arado; - não emprega o gado (pelo menos, obrigatòriamente) : - búfalos (pastando nas beiras de estradas, cemitérios e monta-

nhas despovoadas) ; - porcos, gansos e galinhas; - cão (comestível nas épocas de fome). - Emprega estêrco de várias qualidades: humano, vegetal e vasas. - Esquema teórico:

A agricultura nos trópicos úmidos se resumiria a plantations e a jardinagem de tipo oriental, ou as roças. Os dois primeiros com sistemas intensivos de agricultura e sobrecargas humanas; o último, com vazios demográficos. Todos, entretanto, predatbrios. Sòmente o primeiro seria uma típica lavoura comercial, porque dirigida pela técnica da civilização ocidental, de climas temperados. - Pequena lavoura comercial: - África: - Nigéria: amendoim, algodão (e extração de óleo de dendê).

No norte, os Haussá associando a cultura com a pecuária. Con- tr8le absoluto do comércio comptoirs.

- Kênia: os Kikuyu associando a lavoura a pecuária leiteira. - Sistemas intensivos de agricultura no Brasil:

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AGRICULTURA ASSOCIADA A PECUÁRIA

FUMO :

- No oeste do RecÔncavo baiano. - Em Santa Cruz do Sul (com adubo orgânico e químico, asso-

ciado à pecuária leiteira). - O "Cultivo em currais", na Bragantina e Guajarina.

"SISTEMA PAULISTA"

- Adubação química dos produtos valorizados (algodão, batata inglêsa, amendoim), com outras culturas em rotação, aprovei- tando o efeito residual da adubação (milho, feijão, mandioca).

- Planalto paulista, Norte do Paraná e outros pequenos locais dispersos.

CULTURAS PERMANENTES, ADUBADAS E IRRIGADAS

- Novas culturas de café, nas zonas velhas, associadas a avicul- tura e a pecuária leiteira.

CULTURAS SBCAS PERMANENTES, ADUBADAS

- Pimentais de Tomé-Açu (Pará) : - solos pobres. - condições para o êxito da colonização agrícola na tierra cali-

ente:

1 - produto comercial valorizado 2 - sistema agrícola racional e intensivo 3 - boa organização cooperativa 4 - acesso ao mercado.

PECUÁRIA

- adaptação das raças bovinas de corte e de leite ao meio tropical. - A "praga do Oceano índico", o bovino sem valor comercial,

indicativo apenas do nível social. - Brasil: seleção econômica de raças zebuínas aos pastos tropicais.

CONCLUSÃO

O principal obstáculo ao êxito da colonização agrícola nos trópicos não depende sòmente de sistemas agrícolas racionais e intensivos, mas de libertar-se do controle da comercialização dos principais produtos por grandes firmas estrangeiras.

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AS INDÚSTRIAS NO BRASIL

I - A evolução industrial

Ao contrário da Geografia Agrária, cuja evolução pode ser estudada desde os primórdios da colonização quando as primeiras áreas produtoras de açúcar se estruturaram, a Geografia das in- dústrias no Brasil é um fato relativamente recente, pois só a partir do Império começamos a ter realmente algumas fábricas, enquanto nos períodos anteriores o que existia era a indústria artesanal de feições essencialmente agrícolas, isto é, o pouco que se elaborava era produzido mesmo nas fazendas.

Antes que ocorresse na Europa a Revolução Industrial, não se podia ter no Brasil um processo de formqáo industrial e, mesmo após a mecanização das indústrias na Europa, a Inglaterra liderou de tal forma o comércio dos países de estrutura colonial que as tarifas preferenciais que lhe foram concedidas pelos governos portuguêses (D. João VI) e brasileiro (império até as Tabelas Alves Branco) impediam o movimento de indústrias importantes.

Os períodos de evolução industrial brasileira podem ser divi- didos :

1 - 1850 - 1890 quando surgem as primeiras instalações de fábricas têxteis e de alimentos, principalmente estas que tendiam mais generalizadamente ao pequeno mer- cado consumidor brasileiro.

2 - 1918 - 1925 - quando por influência de capitais in- glêses e belgo-luxemburgueses instalam-se respectiva- mente no território brasileiro frigoríficos e metalúrgicas.

3 - 1926 - 1931 - aumentam as indústrias de transfòr- mação (usinas de açúcar, frigoríficos e curtumes) e produção de artigos de largo consumo imediato, fabri- cados com matéria-prima nacional (tecidos, produtos alimentares, artigos para fumantes, bebidas, vestuário).

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4 - 1940 em diante - começam a se estruturar em linhas gerais as bases de um sudeste industrial no qual Rio de Janeiro e São Paulo exercem papel relevante.

A expansão do mercado interno, provocado pelo crescimento vegetativo da população e a dificuldade de comerciar com o exterior, em virtude da Segunda Guerra Mundial, possibilitam a instalação de numerosos gêneros industriais, inclusive indústrias de base como as siderúrgicas e outros bens de produção como tornos (1955: 7 000 unidades, 1958: 17 000); aumenta-se para êste parque indus- trial nascente a importação de máquinas operatrizes (1955: 13 milhões de dólares, 1956: 30 milhões).

Com a melhoria do padrão de vida do homem brasileiro nas grandes cidades, há correlativamente um aumento nos bens de consumo, representados por aparelhos elétricos e fios artificiais, ao passo que a agricultura passa a se entrosar cada vez mais com as indústrias. I

I1 - Fatôres da industrialixaçáo.

O têrmo industrialização deve ser empregado num sentido restrito e não amplo. Devemos entendê-lo como significando que a "atividade industrial tende a ser o elemento dinâmico motor da economia nacional; que a produção se volta essencialmente para o mercado interno em expansão; que as chamadas indústrias de base e equipamento têm um desenvolvimento relativamente maior; que a indústria orienta atividades agrícolas e extrativas, o que influi enormemente no comércio, inclusive deixando de depender das matérias-primas nacionais para importar do estrangeiro". (*)

Por esta definição observa-se que as iniciativas industriais anteriores a Segunda Grande Guerra Mundial, pouco possuíam de caráter de industrialização, apenas caracterizando-se como ati- vidades embrionárias.

Entre os fatores que propiciaram a industrialização no Brasil temos :

1 - Fatores Geográficos a - posição dos portos b - mão-de-obra c - matérias-primas d - transportes e - energia elétrica

* Estudos para a Geografia no Brasil Sudeste - Grupo de estudos de Geografia de Indústrias da Divisáo de Geografia do Conselho Nacional de Geografia, in Re14sta Brasi- leira de Geografia, ano XXV, n.O 2, pág. 163.

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2 - Fatores de ordem político-financeira a - flutuações cambiais b - capitais estrangeiros e nacionais c - proteçáo oficial a indústria d - inflação como fator positivo

A posição dos portos como Recife, Salvador, Vitória, Rio de Janeiro e Santos, faz convergir para as cidades que os abrigam, indústrias ligadas diretamente a importação, como as refinarias de petróleo, moageiras, estaleiros navais.

O pôrto do Rio de Janeiro, em especial, servindo como expor- tador de ouro no período colonial, veio estruturar a primeira área industrial do Brasil, pois da cidade do Rio de Janeiro partiam os primeiros caminhos que atingiam as Minas Gerais como o caminho de Garcia Pais. Mais tarde o café se utilizaria dos caminhos antes preparados, aproveitando agora as estradas de ferro que os acom- panhou em linhas gerais.

A expansão do café pelo vale do Paraíba, propiciou a ligação ferroviária entre as duas principais cidades do Sudeste que vieram a constituir os primeiros centros industriais do Brasil: São Paulo e Rio de Janeiro.

A mão-de-obra disponível provinha do campo, em procura de melhores oportunidades nas grandes cidades e a medida que o País se industrializava, maiores eram os contingentes de trabalhadores a serem requisitados em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Ao lado desta mão-de-obra proveniente do campo, a indústria requisitava, também, operários das próprias cidades, liberadas do comércio ou dos novos contingentes de população jovem que começava a trabalhar.

Esta mão-de-obra, ao mesmo tempo que atua como operária, constitui pela sua expressão numérica, mercado consumidor de importância, ao lado de outros componentes das funções terciárias.

Além dos fatores acima analisados, três outros, agindo prati- camente interligados, vieram a favorecer a industrialização no Brasil, muito especialmente da Região Sudeste: as matérias-pri- mas, as estradas de ferro e o grande potencial hidráulico, represen- tado pelas quedas e volume de água dos rios que percorrem o sudeste brasileiro.

Para as indústrias de base, encontramos no Quadrilátero Ferrífero jazidas de ferro, manganês e calcário que misturados com carvão mineral ou vegetal, possibilitaram as siderúrgicas do Vale do Rio Piracicaba, rio das Velhas e as do Vale do Paraíba, em Volta Redonda. Do ponto de vista das indústrias que utilizam matéria-prima vegetal, destacam-se as indústrias têxteis que ela- boram o algodão cultivado em várias regióes do Brasil.

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As estradas de ferro que se ramificaram pela região sudeste, onde são mais numerosos em função do transporte do café, são utilizados para o transporte das matérias-primas pesadas e para a interligação das áreas produtoras com os centros consumidores.

O potencial hidráulico resultante não só do relêvo movimen- tado do Sudeste e do volume de água abundante, originário das fortes chuvas de clima tropical, propiciou desde cedo a construção de hidrelétricas que na primeira fase correspondiam em linhas gerais a usinas pequenas "a fio de água" e na atualidade, às grandes usinas com reservatórios imensos como Furnas e Três Marias.

Entre as medidas de caráter oficial e particular que vieram incentivar os fatores pròpriamente geográficos, temos as flutua- ções cambiais que atuaram de certa forma positivamente, pois a queda do cruzeiro, pagava-se menos pelos produtos de exportação, o que obrigava os produtores a aplicarem dinheiro em atividades industriais, ao contrário do câmbio valorizado que incentivava a exportação de produtos agrícolas.

O capital estrangeiro que começou a entrar maciçamente após a Primeira Grande Guerra Mundial, apresenta duas fases caracte- rísticas: a primeira, quando são eminentemente inglêses, aplica- vam-se em estradas de ferro, portos, serviços hidrelétricos, frigorí- ficos e em algumas atividades siderúrgicas isoladas como na Belgo- ;Mineira em Monlevade.

A segunda fase representa capitais americanos que se aplicam preferentemente em indústrias de transformação como refinações de milho, fabricação de leite em pó, fios plásticos, óleos vegetais etc. e mais recentemente na indústria automobilística.

Os capitais nacionais, quer os particulares, quer os estatais, sempre muito insuficientes, estão aplicados em diversos gêneros; o particular provém especialmente da atividade cafeeira e da vocação industrial dos imigrantes como Martinelli, Matarazzo ou de um pioneiro mineiro como Bernardo Mascarenhas em Juiz de Fora.

O capital estatal liga-se à fase intervencionista do govêrno na economia nazional, arrastando grandes sacrifícios, representados pela descrença de uma elite acomodada nas iniciativas nacionais e pelo asfixiamento promovido pela política econômica interna- cional.

Em campos menos seguros, onde a iniciativa privada consi- derava os lucros incertos, o Govêrno Federal construiu a Compa- nhia Siderúrgica Nacional, a PETROBRÁS e a ELETROBRÁS etc.

~ l k m da implantacão direta, o Govêrno auxiliou os industriais brasileiros para que levassem avante os seus empreendimentos industriais. A êste auxílio, liga-se em parte a política inflacionária, na esperança de que o dinheiro derramado viesse a ser compensado pelas novas producóes industriais.

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Ainda vamos encontrar nos grandes conflitos mundiais um fator de aceleração do processo industrial, pois o País não podendo importar da Europa e dos Estados Unidos da América do Norte produtos industrializados, em virtude do bloqueio econômico, pro- cura fabricá-los localmente.

I11 - Localixação e distribuição das indústrias.

O fato industrial caracteriza-se sempre pela concentração, isto é, sòmente em alguns pontos da superfície terrestre ou do território dos países é que êle se verifica. O Brasil não foge a regra.

A localização e a distribuição das indústrias se processam segunda uma hierarquia que vai desde um entrelaçamento muito dinâmico até um simples núcleo industrial; desta forma temos o complexo industrial, a região industrial e os centros industriais conforme a classificação de Chardonnet em Les Grands types des complexes industriels. (*)

Conforme êstes conceitos e pelos estudos já publicados sobre as indústrias no Brasil, analisemos em seguida estas diversas áreas.

1 - Complexo industrial da área metropolitana de São Paulo.

Corresponde a uma área externa em torno do núcleo gerador da cidade de São Paulo, envolvendo os municípios de São Paulo, Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Dia- dema, Mogi das Cruzes, Mauá, Cubatão, Guarulhos, Ribeirão Pires, Poá, Ferraz de Vasconcelos, Franco da Rocha, Barueri e Suzano.

Caracteriza-se pela diversificada quantidade da produção, havendo dentro do complexo a mais variada presença de gêneros industriais.

É por excelência um centro polindustrial, isto é, no quai a mão-de-obra empregada não ocupa isoladamente - num gênero único industrial - mais do que 50% de toda a mão-de-obra utilizada no complexo.

Na paisagem industrial distingue-se a localização de estabe- lecimentos menores na área de São Paulo, enquanto na periferia da cidade aparecem as grandes fábricas ocupando os subúrbios e as cidades satélites, pois aí podem seus proprietários obter terrenos mais baratos; não dificultam, por outro lado o crescimento vertical da metrópole paulista.

Com exceção do 'gênero editorial e gráfico, essa área do com- plexo industrial de São Paulo figura em primeiro lugar em todos

* As definiçóes dêstes conceitos estão citadas em nossa aula sobre "Indústria Brasi- leira e seus problemas" publicada, in "Curso de Informações Geogr&ficas". p&g. 169 - 180, 1964 e transcrita sem o nosso nome no Curso de Férias para professôres - ano de 1965, pág. 120 - 130.

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os outros gêneros industriais, reunindo uma massa operária de mais de 500 000 operários que pode-se deslocar com relativa faci- lidade por causa do nó ferroviário e rodoviário que a cidade de São Paulo dispõe, de forma que o movimento pendular operário é feito entre a capital e os centros vizinhos.

Na área dêste complexo industrial são fabricados tecidos de ' lã, fios artificiais, linhas, malhas, produtos químicos e farmacêu- ticos, plásticos, desinfetantes.

Pelo alto desenvolvimento que a indústria química alcançou, êste complexo comanda neste setor todas as indústrias no Brasil.

Nas cidades satélites temos a indústria de material de trans- porte, responsável pela produção de automóveis e auto-peças. Encontramos a Mercedes Benz, Willys, DKW-Vemag e Volkswagen.

Estas indústrias que estão no A.B.C. compreendem ainda má- quinas de escrever e aparelhos elétricos (R.C.A. Victor, Walita, Arno etc.).

2 - Região industrial da Paulista no trecho Jundiai-Piracicaba.

Representa um extravasamento da área industrial do complexo industrial de São Paulo e está ligado a ela pelas modernas ferrovias e rodovias como, por exemplo, a Estrada de Ferro Santos, Jundiaí e a Via Anhanguera. Ao longo dêsses eixos e nos centros da própria região (Jundiaí, Campinas, Americana, Piracicaba) distribuem-se os gêneros mecânica, química, farmacêutica, metalúrgica etc.

Nesta região que ocupa mais de 50 000 operários, destaca-se, também, a produ~ão de material destinado a mecanização da lavoura.

3 - Trecho paulista do vale do Paraiba.

Corresponde a antigos centros têxteis que passaram a receber novas fábricas como conseqüência de expansão do parque indus- trial paulista na direção da Rodovia Dutra e da Estrada de Ferro Central do Brasil. Fábricas modernas são encontradas na paisa- gem como a Elgin, em Mogi das Cruzes e a Olivetti, em Guarulhos.

4 - Área de Sorocaba.

Corresponde a uma área que se desenvolveu muito com a produção cafeeira e que em seguida aplicou capitais na indústria têxtil, passando posteriormente a contar com novos gêneros in- dustriais em função da proximidade de São Paulo.

A medida que nos afastamos de São Paulo e da região Santos- Jundiaí, penetramos na direção do interior de São Paulo numa

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área de caracterização agrícola onde as sedes municipais são muitas vêzes centros industriais, isto é, conforme Chardonnet, cidades que possuem apenas um núcleo industrial. Avultam nestas cidades as fábricas de produtos alimentares como os de Barretes, Araraquara, Jaú, Ribeirão Prêto, Taquaratinga.

5 - Complexo industrial-portuário do Rio de Janeiro.

Conforme se aprecia pela definição, está o Rio de Janeiro na mesma ciassificação da área de São Paulo e corresponde a segunda área industrial do País, ocupando mais de 250 000 operários.

Difere essencialmente do primeiro, em virtude de ser um com- plexo industrial portuário e por ser històricamente a primeira regiao industrial do País.

uma área que apresenta, também, variada produção e esta- belecimentos que vão desde os pequenos até os grandes, ocupando mais de 1 500 operários.

O desenvolvimento das indústrias ao longo do pôrto possibi- litou a instalaçao da indústria petroquímica em Duque de Caxias, a construção naval em alguns pontos da Baía de Guanabara (Caju, ilria ao Viana, ilha das Cobras).

O complexo corresponde a área da Guanabara, acrescida dos subúrbios satélites de Nova Iguaçu, Caxias, São Gonçalo já per- tencentes ao Estado do Rio de ~aneiro.

6 - Area industrialixada do vale do Paraiba.

O aparecimento das indústrias neste trecho deve-se a presença do importante eixo rodo-ferroviário que une as duas grandes metrópoles brasileiras, Rio de Janeiro e São Paulo, tendo-se desen- volvido extraordinariamente, em virtude da instalação no vale do rio Paraíba do Sul, da Companhia Siderúrgica Nacional em Volta Redonda que por ser uma indústria de base, está estruturando um novo complexo industrial em torno da cidade de Volta Redonda e demais cidades vizinhas.

7 - Zona metalúrgica de Minas Gerais.

Esta zona difere essencialmente dos complexos industriais do Rio de Janeiro e São Paulo por ter-se organizado inicialmente com a indústria de base representada pelas indústrias que puderam expandir-se em função das imensas jazidas de ferro, manganês e calcário do Quadrilátero Ferrífico.

As principais siderúrgicas dessa zona são a Companhia Side- rúrgica Belgo-Mineira em João Monlevade, a Cia. Ferro Brasileiro

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de Caeté, a Usiminas em Ipatinga e a Acesita na localidade do mesmo nome nas proximidades de Coronel Fabriciano.

Esta área está interligada pela ferrovia Central do Brasil e por uma moderna rodovia, a Belo Horizonte, que organiza agora um novo complexo industrial com características de metrópole poliindustrial.

Esta área industrial se completa com Contagem, Santa Luzia e Lagoa Santa ocupando o conjunto mais de 30 000 operários.

8 - Zona da Mata de Minas Gerais e trechos fluminenses serranos. (*)

São centros que representam ou a expansão da área industrial do Rio de Janeiro, ou núcleos de uma velha indústria têxtil insta- lada com capitais oriundas da agricultura ou de capitais acumu- lados n a metrópole carioca.

São considerados do ponto de vista de uma classificação in- dustrial, como satélites, e no que se refere aos centros serranos, a localização das indústrias tem suas causas na abundância de água para a tinturaria e caldeiras das indústrias e, também, para a producão de energia hidrelétrica.

A proximidade com o Rio de Janeiro, o clima úmido dos vales e a qualificação de mao-de-obra de origem européia são outras causas do seu desenvolvimento industrial.

9 - Área industrial de Cz~ritiba.

Caracteriza-se pela íntima ligacão com o parque industrial paulista do qual é uma continuação, pois são muitos os capitais paulistas empregados na área.

O principal gênero é o da indústria madeireira que emprega 2 305 operários, seguindo-se os têxteis, usinas de açúcar e de álcool, máquinas de beneficiar arroz, café, e cereais e aIgodão.

Está sendo organizada uma região industrial com espaço geo- gráfico muito semelhante ao paulista, no qual o pôrto de Para- naguá, a semelhança do de Santos, também fica separado do núcleo maior pela serra do Mar.

A energia elétrica que tem sido até agora muito deficiente, é obtida em grande parte na hidrelétrica de Guaricana, no vale do rio Cachoeira.

As ligacões com as outras regiões do Sul do País, São PauIo, norte do Paraná, Joinvile, Florianópolis, são atendidas mais ren-

* P ; ~ o estudo detalhado de Petrópolis sugerimos o ilosso trabalho: a Função Indiistrial de Petrópolis, publicado na Revista Brasileira de Geografia, Ano XXVIII, n.0 1, págs. 19-35.

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tàbilmente através de rodovias, uma vez que a ferrovia apresenta muita morosidade.

10 - Zona industrial de origem alemã e m Santa Catarina: Blu- menau, Brusque, Joinvile:

A indústria foi organizada com capitais de pioneiros de origem aiemã e recebeu mão-de-obra liberada dos campos, aproveitando a água e a energia elétrica do vale do Itajaí. Seu crescimento se deve ao nascimento do mercado consumidor brasileiro. - --

Hermann Hering, Paul Werner, Gustavo Schlosser, Carlos Renaux são vários pioneiros que possibilitaram o crescimento de Brusque e Blumenau.

"É preciso lembrar que Blumenau é um dos principais centros de preparação do tabaco no Brasil, produz a totalidade das gaitas de boca nacionais, uma parte considerável de acordeões, 20% das pás nacionais assim como uma parte dos teares de que necessita e outras máquinas." (*)

11 - Area metropolitana de Pôrto Alegre e outras regiões gaúchas.

A industrialização no Rio Grande do Sul vem-se processando em tôrno de Pôrto Alegre onde se encontram mais de 35 000 pessoas trabalhando nas indústrias; destacam-se os gêneros metalúrgico, alimentar, mecânico, têxtil e o ramo dos vestuários.

Uma excelente posição geográfica no estado facilitada pela influência em toda a bacia do Jacuí-Guaíba através da navegação fluvial ainda auxiliada pelas ferrovias, além da presença do porto, possibilitaram a Porto Alegre estruturar uma área metropolitana com os subúrbios industriais de Canoas e Esteio à qual vêm ligar-se os centros de Nôvo Hamburgo (material de couro, metalúrgicas) São Leopoldo e Caxias do Sul (metalurgia, indústria de madeiras, têxtil), Bento Gonçalves (vinhos).

Mais ao sul, a cidade do Rio Grande especializa-se, juntamente com Pelotas, na preparação de carnes para exporta(;ão. No interior distribuem-se frigoríficos da Armour em Santana do Livramento, Swift em Rosário do Sul, Cespal em Bagé.

Além destas regiões, duas outras áreas apresentam maior in- dustrialização fora do conjunto do suleste e do sul do Erasil: são os centros de Recife e Salvador que estão estruturando uma região industrial em torno de suas cidades próximas e se beneficiando não só com os novos fornecimentos de energia hidrelétrica de P a ~ l o

* Armen Mamignonian - Estudo Geográfico das Indústrias de Blumenau, in "Revista Brasileira de Geografia", Ano XXVII, n.O 3, pág. 393.

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Afonso, mas também com a localização da área em torno de 2 bons portos, aos quais se ligam boas vias de transporte que colocarn Salvador e Recife em contato com uma vasta hinterlândia.

IV - A implantação industrial e seus problemas. (:$)

Se, por um lado, as dimensões continentais do Brasil oferecem ao processo de desenvolvimento industrial fatores positivos, não é menos verdadeiro que essa mesma extensão territorial propor- ciona problemas aos quais se ligam outros de fundo sócio-econô- mico-político.

cumpre apreciar inicialmente a desarticulação entre a fase de industrialização e a estrutura social do campo, pois esta impos- sibilita a aquisição de bens industriais; a desorganização na evo- lucão industrial é uma conseqüência da juventude do parque industrial brasileiro, de forma que surgiram certos gêneros sem que outros os completassem harmônicamente. Por outro lado, as matérias-primas nem sempre chegam com facilidade até aos cen- tros produtores; o petróleo nacional é insuficiente e há fome de energia elétrica. Nas fábricas há material obsoleto e a instabilidade financeira provoca concordatas e fechamentos de emprêsas.

Concluindo sobre a análise das indústrias no Brasil, verifica-se que o processo de industrialização processa-se no sudeste, onde encontramos 84% dos capitais aplicados, 84,5% da energia elétrica consumida e 79% do valor da produção industrial e 73,3 C/c da mão- -de-obra empregada no Pais.

Só nos ÚItimos anos, graças a uma política protecionista do Govêrno, é que o parque industrial brasileiro conseguiu ganhar maior independência, sendo instaladas indústrias de base como as de cimento, siderúrgicas e petrolíferas, as quais requisitaram imensas fontes de energia que estão sendo fornecidas nelas ~ i e a n - tescas barragens ultimamente construídas: Furnas, Três Marias, Peixotos, Barra Bonita e Urubupungá, esta em fase de conclusão.

O processo industrial provoca o gigantismo das aqlomeracões urbanas de onde parte novo dinamismo industrial que se vai re- fletir inclusive nas paisagens rurais próximas onde se introduzem arados, fertilizantes e passa-se a usar técnicas modernas como os cursos de nível.

Em nosso processo de industrialização náo se pode esquecer o caráter da economia de país subdesenvolvido que caracteriza o Brasil; desta forma, nossa indústria é ainda essencialmente de transformação e seus capitais pertencem na maior parte a emprê- sas estrangeiras.

a. Para melhor análise llesta parte veja-se nossa aula sobre Problemas da Indústria Brasileira, op. cit. págs. - 169-180.

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Apesar do esforço da burguesia nacional para ampliar o parque industrial brasileiro, observa-se que o subdesenvolvimento econômico do País impede que a maioria do povo brasileiro usufrua dos bens materiais produzidos pelas indústrias.

'V - Bibliografia

1 - CARNEIRO, José Gonçalves 1965 "Brasil econômico - a Indústria", in "Curso de

férias para professôres" págs. 117-130 - Rio de Ja- neiro, IBGE - CNG.

2 - GEIGER, Pedro Pinchas

1965 "As atividades industriais", in "Geografia e Atlas 1lust;rado Delta", Vol. I1 - O Brasil, págs. 272-284, Rio de Janeiro, Editora Delta S. A.

3 - MAGALXÃES, José Cezar de

1961 "Recursos Energéticos", in Boletim Geográfico, Ano XIX, n.0 161, págs. 195-237 - Rio de Janeiro, IBGE - CNG.

1964 "A Indústria Brasileira e seus problemas", in "Curso de Informações Geográficas, págs. 169-180, Rio de Ja- neiro, IBGE - CNG.

1965 "Implantação Industrial", in "Grande Região Leste", págs. 379 a 436, Rio de Janeiro, IBGE - CNG.

1966 "A Função Industtrial de Petrópolis", in "Revista Brasileira de Geografia, Ano XXVIII, n.0 1, págs. 19-35, Rio de Janeiro, IBGE - CNG.

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1960 "A Indústria em Brusque (Santa Catarina) e suas conseqüências sobre a vida urbana", in "Boletim Carioca de Geografia", Ano XIII, ns. 3 e 4, págs.-46-82, Rio de Janeiro, A.G.B.

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5 - MATOS, Dirceu Lino de

1958 "O Parque Industrial Paulistano", in "A Cidade de São Paulo" Estudo de Geografia Urbana, Vol. 111, págs. 5-98, São Paulo, Companhia Editora Nacional.

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6 - PETRONE, Pasquale

1963 "As Indústrias Paulistanas e os fatores de sua expan- são", in. Boletim Paulista de Geografia", n.0 14, págs. 26-37, São Paulo, A.G.B.

7 - PETEY, Beatriz Celia C. de Mel10

1964 "Industrializa~ão", in "Enciclopédia dos Municípios Brasileiros - Conclusões Geográficas - Principais problemas da Geografia do Brasil", Vol. XIII, págs. 451-501. Rio de Janeiro IBGE - CNG.

8 - Vários autores (Grupo de Geografia das Indústrias)

1963 "Estudos para Geografia das Indústrias do Brasil Sudeste", in "Revistist Brasileira de Geografia, ano XXV n.0 2, págs. 155-265, Rio de Janeiro, IBGE - CNG.

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AS INDÚSTRIAS NO MUNDO

Prof. J. CEZAR DE MAGALHÃES

As origens da atividade industrial

Quando estudamos a geografia das indústrias, uma de nossas primeiras indagações é a de saber porque a concentração indus- trial verificou-se inicialmente na Europa Centro-ocidental.

Por que não nas terras da bacia do Mediterrâneo? Por que não na Africa, Asia ou na União Soviética?

Em cada uma destas partes da superfície terrestre há recursos minerais e vegetais que oferecem as mesmas possibilidades ou ainda maiores do que aquelas existentes no ocidente europeu.

Logo, teremos que encontrar outro fator para explicar a pri- meira concentração industrial.

Observe-se que na Idade Antiga a civilização greco-romana possibilitava aos povos do Mediterrâneo utilizar a metalurgia, porém os povos bárbaros que viviam em parte nas terras hoje industrialmente evoluídas da Europa Ocidental não dispunham de condições culturais para utilizar os recursos naturais locais que mais tarde fariam a fortuna da Europa.

Verifica-se mesmo que esta área do mundo exportava minerais e outros produtos para a bacia do Mediterrâneo. Assim, portos e caminhos terrestres possibilitavam que os romanos importassem estanho das Cassiterides já antes visitadas pelos fenícios, estanho e chumbo da Cornuália, âmbar das costas do mar do Norte e do mar Báltico.

Por isso, antes de procurarmos as causas do processo indus- trial e simplesmente nas condições naturais de uma região dzve- mos achá-las também no seio de uma civilização do interior do qual estão os melhores técnicos, os inventores, enfim, o espírito criador que emigrará para outras regiões por imposição ou por assimilação.

Desta forma o homem ao realizar as suas migrações levava para outros cantos uma soma de conhecimentos transmitidos paulatinamente de povo a povo.

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Coube em grande parte aos romanos levar os melhores conhe- cimentos das civilizações mediterrâneas para a Europa Centro Ocidental. Na Idade Média, numa cidade onde tiveram grande influência, Mogúncia, foram encontrados artesãos orientais que vieram praticar sua arte nesta cidade e nestas áreas latinlzadas.

Com a sedentarização dos povos bárbaros, êles começam a aplicar melhor a técnica da metalurgia, explorando os centros mineiros nas montanhas do Harz, do Erzegebirge, do Siegerland e do Alto Palatinato.

A maior densidade popuIaciona1 numa área relativamente pequena, na qual diversos rios paralelos desembocavam no mar do Norte relativamente próximos como o Reno, o Weser e o Elba, além do fato de se encontrar a pequena distância do coiitinente uma grande ilha, a Inglaterra, favorecem a existência de uma navegação marítima também aproveitada pelos normandos que vasculhavam as costas da Inglaterra, Holanda, Alemanha, Dina- marca, Noruega e Suécia.

As condições particulares de navegação nos dois mares, Mancha e Báltico e o abrigo para portos em costas recortadas e nos estuários dos rios, repetiam em grande parte as condições físicas favoráveis que encontramos na Grécia e que lhe possibili- taram a expansão colonial grega.

Sempre retirando do desenvolvimento comercial a possibili- dade de sua afirmação, a indústria vê nascer na bacia do Escalda e no Baixo Reno um primeiro setor industrial dependente de matérias-primas da Europa Temperada.

Forma-se, então, a conhecida região industrial de Flandres que trabalha com lã importada da Inglaterra, madeira do Alto Reno, materiais de construção procedente do Médio Reno e mineral do Harz.

A indústria que se organizou em corporações, recebia contri- buições não só da Europa do Norte (âmbar e peles) mas também os produtos mediterrâneos e orientais que chegavam do sul. A localização fazia-se em função das praqas comerciais ao largo da rota do Mediterrâneo, isto é, ao longo das vias que cruzavam a Europa, assim como nos terrenos mineiros das montanhas e em alguns territórios especificamente agrários dedicados a criação da ovelha e ao cultivo do linho.

Um mapa (*) da Idade Média mostra como estavam distri- buídos os centros comerciais e industriais ora em análise.

As matérias-primas empregadas são a lã, a sêda, a linha e o fustão.

Prodotti industrie e comc-rci dell'Italia, Francia, Inghilterra e Europa centrale 1 x 1 Medio Evo, zn "Atlante Storico I1 - Medio Evo, pág. 14.

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Os principais centros produtores de lã estão na Inglaterra e na França, cujas principais cidades são York, Londres, Bruges, Gand, Antuérpia. A lã é encontrada ainda no nordeste italiano em tôrno de Pisa e Livorno; ao norte, em Milão e Parma e no Médio Reno, nas proximidades de Colônia.

Ao contrário dos centros produtores de lã mais concentrados, vamos encontrar diversos centros de sêda espalhados pela Europa continental, Florença, Bolonha, Milão, Veneza, Beauçaire, Lion, Tours, Augsburge, Ulm, Nuremberg, Colônia.

O linho é fabricado especialmente em Constança (Suíça), Duisberg, Osnabruek, ainda na Flandres e na Prússia litorânea, em Braunsberg.

Centros de mineração de ferro são encontrados nas encostas meridionais dos Alpes, nas proximidades do Ruhr, a prata apre- senta uma distribuiçáo muito espalhada nos maciços enquanto o carvão é assinalado na bacia do Ruhr.

Bstes núcleos industriais já possibilitam, portanto, antes de 1453, uma indústria artística variada, centros bancários como na Flandres, comércio de grãos, construção naval, comércio de peles e vidraçarias.

As relações entre a Itália do Norte, desde então a mais indus- trial, e a Europa Ocidental, são feitas por vias comerciais que atravessando os Alpes atingem o vale do Ródano e daí ao do Sena, o vale do Reno e do Danúbio. Ao longo dêsses rios localizam-se as feiras comerciais que duram às vêzes 45 dias, como as da região da Champanha e que possibilitam as trocas comerciais e industriais entre norte e sul do Continente.

-- Com o dinheiro acumulado, proveniente do artesanato da Idade Média reunido às grandes somas que foram colocadas na Europa Ocidental, provenientes do ouro e prata trazidos do novo continente, gera-se o capitalismo e êste proporcionará a Europa e ao mundo uma revolução econômica.

Ble será o responsável pelas invenções mecânicas que ocor- rem na Inglaterra e cujo início vamos encontrar na aplicação do vapor de água para movimentar os teares.

As invenções de Watt, Cartwright, Papin etc. correspondem, portanto, a uma pressão do dinheiro sobre a estrutura econômica de então já tornada obsoleta.

Londres como foco do comércio marítimo, a estabilidade polí- tica da Inglaterra, os recursos em carvão e ferro e a umidade do clima inglês favorável à tecelagem possibilitaram a Revolução Industrial na Grã Bretanha.

As indústrias deixam de ser locais para se tornarem regionais, nacionais e internacionais e quanto à localização adquirem maior independência, pois sendo movidas à água ficavam na estrita

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dependência do rio e agora com o vapor de água podem ficar mais afastadas dêle, e mais tarde com a eletricidade, a libertação será quase total e a localização passará a ser em função da mão-de-obra e dos mercados consumidores.

Com a Revolução Industrial surge no mundo a era moderna da industrialização. Da Europa Ocidental parte para os demais continentes o fluxo industrial. Mais uma vez a experiência contida nos valores culturais da huma.nidade irá realizar uma viagem para possibilitar a ampliacão do fato industrial.

As caracteristicas das grandes regiões industriais

As regiões industriais em todo o mundo apresentam o que Erich Otrembra (*) chama de estilo industrial, isto é, individua- lidades que as diferenciam entre si e cujas causas são dadas por êste autor como: combinacão de diferentes elementos estruturado- res do espaço industrial, sociedade industrial, magnitude da explo- tacão, recursos técnicos, amor ao trabalho e finalidade.

1 - Regiões industriais da Europa ocidental

Estas áreas que compreendem países como a Alemanha, França, Itália, Inglaterra, Bélgica, Luxemburgo, Holanda, carac- terizam-se pela suficiência de energia hidrelétrica, mas possuem escassas fontes de matérias-primas minerais, pois se há abundância de carvão na Alemanha, falta contudo, na Franca e o petróleo, que corresponde a uma nova fonte moderna no processo industrial, é importado na maior parte de outros continentes.

Há uma sólida relacão de dependência de matérias-primas agrárias e industriais em virtude do alto grau de técnica que tanto a agricultura como 11 indústria alcancaram através da evolução histórica da Europa.

Êste estágio de adiantamento técnico reflete na mão-de-obra que apresenta forte luta para alcançar uma oportunidade de tra- balhar e uma vez obtido emprêgo êste tem que ser realizado com o maior amor, pois isto constitui não só uma garantia de sobrevi- vência para operário como a própria sobrevivência da indiístria européia que luta contra a concorrência externa, graças à sua qualificação. Esta luta conduziu a um alto grau de racionalizacão na produção e a um sentimento de rígida observância do tempo para a maior produtividade.

A qualificação da mão-de-obra da Europa Ocidental é o resul- tado de uma longa vida histórica como apreciamos anteriormente e que possui seus alicerces na formação artesã e na capacidade de invencão e apurada técnica.

Eiich Otrember - Geografia Geneial Agiaria e Indust r ia l , pág. 277.

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Uma pequena área geográfica habitada por diversos povos e uma densidade populacional que é uma das maiores do mundo, exigiram para que o processo industrial triunfasse nessa parte do mundo que houvesse uma participação importante da organiza650 do trabalho e de distribuição das fábricas de forma que papel sa- liente neste setor tiveram as corporaç8es da Idade Média e ainda da Idade Moderna e apos a sua abolição com a introducão do libe- ralismo economico chegou-se a uma gigantesca associaçgo onde se assinalam uma diversidade de produção industrial que tende cada vez mais a concentração espacial em virtude da concentração financeira das emprêsas. Nesta concentração, lugar especial vem cabendo a planificação, controlada por uma autoridade superior que pode ser os dirigentes das emprêsas, o Govêrno ou instituições extranacionais como o M. C. E. e a C. E. C. A.

Neste sentido procura-se uma localização que seja atendida por uma rêde de transporte cada vez mais eficiente que possibilite não só abastecer maiores massas humanas, como possibilitar des- locamentos pendulares de operários de cidade a cidade, região a região, país a país.

A harmonia da indústria dentro do espaço econômico é a finalidade ansiada. Mantêm-se a planificação do espaço e o res- peito A paisagem para conservar ou para fomentar esta harmonia em consonância com a capacidade industrial e evitar uma situação de desequilíbrio.

Esta harmonia necessita ser testada a cada momento, em virtude da amplitude do fato industrial no mundo e também em função da evolução da técnica, isto é, há necessidade de manter e conquistar novos mercados, introduzir máquinas mais modernas nas fábricas e atender a substituição histórica das fontes de ener- gia, passando-se do carvão para o petróleo, o que exige a colocação de refinarias no litoral ou junto aos rios que comportem tonelagem pesada como é o Reno.

2 - Regiões industriais norte-americanas

Caracterizam-se por ser uma criação européia, isto é, repre- sentam um transbordamento do processo da Europa Ocidental mas apresentam individualidades marcantes que têm suas origens nas condições físicas do novo Continente e no caráter essencial- mente jovem da população norte-americana.

As bases em matérias-primas, principalmente de recursos minerais são muito mais ricas que as da Europa, principalmente em petróleo e ferro, mas em virtude da grande expansão que vem alcançando a indústria norte-americana, há importação de países da América Latina como a importação de petróleo da Venezuela.

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Êstes recursos gigantescos aliados a potencialidade demográ- fica conduzem esta indústria a possuir um pessoal que não se detém diante de nada, apenas se preocupando com o lema "Time is money".

Mas como não houve tempo histórico suficiente, a base social é inferior a européia, pois não foi trabalhada pacientemente no artesanato como aquela; disto resulta que a preparacão dos pro- dutos não alcança a qualificação dos países europeus, vence-se pela quantidade para vender ao mundo inteiro; desta forma, há uma montagem em cadeia. Pierre George (:I:) sintetiza muito bem

' êste novo estilo industrial no mundo:

"a indústria americana é o resultado de uma formidável improvisação num meio novo, desprovido de tradição comercial e de artesanato local, onde a audácia aproxima- -se do banditismo e onde quedas estrondosas frequente- mente concluíram aventuras prodigiosas".

Com a finalidade de se atingir a uma grande produção, deu-se ao operário o método de Ford, no qual não se pede ao mesmo que pense para produzir, pois há outros encarregados disto; a êle pede-se apenas que produza.

A produção é obtida por um baixo custo no que se refere a obtenção de matérias-primas, sendo isto conseguido graças ao excelente grau de mecanização; desta forma, o minério do lago Superior (Mesabee) é extraído a céu aberto por possantes esca- vadeiras, o que elimina o custoso processo das galerias; outra vez será beneficiado por ocasião de seu transporte, pois a navegação lacustre em direção aos altos fornos das margens do Eriê e da Pensilvânia é mais barata que o transporte ferroviário. -- Outra característica da produção norte-americana, vista em

caracteres globais, é que na Europa a agricultura adquire uma forma de base alimentar, isto é, procura-se obter os produtos perto dos centros consumidores, enquanto na América do Norte a agri- cultura assume aspectos essencialmente industriais, isto é, produz- -se longe para abastecer mercados distantes: isto decorre da grande área dÕ país, diversa, portanto, da pequena área da ~ u r o f a Oci- dental.

Finalmente quanto à loca;iza@o das indústrias norte-ame- ricanas, deve-se notar cjue ela pode expandir-se daquele primeiro núcleo do nordeste para áreas ao sul da bacia do Mississipi, para o sudoeste, para o litoral do Pacífico, para a Região dos Grandes Lagos. Há, em virtude do vasto território norte-americano, certa descentralização, enquanto a indústria da Europa Ocidental, pelo seu pequeno espaço, orientou-se para forte concentração.

* Pierre George - Geografia Industrial do Mundo, págs. 67-68.

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3 - Regiões industriais soviéticas

Embora sendo mais recentes que as norte-americanas, derivam como aquelas de um extravasamento do núcleo primitivo europeu- -ocidental.

Diferem essencialmente dos outros estilos industriais, pois, enquanto a América e Europa ocidental giraram com o seu capital em moldes de sistema capitalista, na Europa Oriental a indústria foi estruturada em bases socialistas, abolindo-se a tradição e a iniciativa privada, esta inteiramente substituída pela direção estatal.

Há igualmente, como no agrupamento norte-americano, uma sólida base de recursos naturais, mas ao contrário dêle, o nível de vida da população é baixo, a fim de se aproveitar melhor a inversão de capitais na produção de base e de material de guerra, pois, a URSS teve que enfrentar a agressão nazista e faz face atualmente aos imprevistos da guerra fria.

Diversamente da Europa Ocidental, existe falta de harmonia na estrutura e no espaço, isto é, as indústrias não estão ainda sòlidamente relacionadas e uma área geográfica apresenta grande diversidade de potencial em relação a outra, de forma que há grandes emprêsas nas zonas de máxima concentração, correspon- dentes aos velhos núcleos europeus não anteriormente industria- lizados como o núcleo de Moscou.

Em virtude dos amplos espaços, ocorreu um movimento dinâ- mico em direção ao leste, procurando equilibrar o espaço industrial soviético.

4 - Regiões industriais asiáticas meridionais e orientais

Caracterizam-se pelas formas próprias de explotação e pelas formas modernas européias, isto é, a um longo passado de indús- tria artesanal veio superimpor-se a Revolucão ~ndustrial Européia.

As grandes massas demográficas asiáticas não se caracterizam, até as conquistas européias, por movimentos comerciais que fize- ram, por exemplo, a fortuna da Europa Ocidental; elas eram essen- cialmente caseiras e na Índia e China havia íntima união de economia agrária com a industrial, sendo esta união representada pelo )algodão e pela sêda. Em cada casa rural a roça era o símbolo do estilo industrial artesanal.

Ao lado desta generalizada atividade, o sentimento artístico era altamente cultivado e os povos asiáticos, principalmente o chinês, passaram a ter grande preocupação com as obras de deta- lhe, feitas com cuidado e paciência.

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H satisfação eeonomica não é o que interessa mais, de forma que o valor do trabalho e medido pelo tempo invei'cido e não pelos benefícios materiais trazidos.

Os produtos manufaturados: bordados, fazendas, tapeçarias, pinturas em laca, porcelana, atendiam a soberania feudal impe- rante e aos ricos comerciantes que se encarregavam da circulação dos produtos.

Os resultados da Revolujão Industrial vêm-se sobrepor a esta estrutura, primeiramente no Japão, após a abertura, a força, de seus portos aos ocidentais e depois na China e india com os inglêses.

A localização passa a ter valor fundamental em função dos princípios tradicionais de procura de matéria-prima, enquanto antes o artesanato estaya espalhado pelo campo diferentemente da Europa medieval quando era em grande parte urbano.

5 - As regiões industriais coloniais

Quando escasseiam na Europa os recursos em matérias-primas e quanao a concorrência entre os prcdutores os obriga a procurar e abrir novos mercados, surgem para os países da América Latina, África e Ásia uma oportunidade de industrializacão.

O processo industrial entrará enião em contacto com povos nativos que vivem em economia de troca.

Corno não interessam realmente às matrizes que exportam capitais, o desenvolvimento industrial destas áreas no sentido de sua independência economica, as indústrias que se instalam têm por objetivo obter a primeira, industrializacão das matérias-primas com a finalidade de exportá-las pzra as áreas altamente indus- trializadas. Neste sentido, as empresas têm suas sedes nas matrizes e são dirigidas por especialistas que estão nas grandes cidades mundiais ou que são enviados às filiais.

Há realmente um forte desequilíbrio na estrutura, pois não existe uma sequência entre os gêneros e ramos industriais, pois há as fábricas de transformação mas não existe muitas vêzes a de meios de producão.

A mão-de-obra recrutada entre emigrados do campo ou nas cidades ressente-se de especializaçáo e como é abundante e mal paga, justifica a instalação de novas fábricas em países tropicais e subtropicais.

Nos países de estrutura comercial agrária alimentada com a exportacão de um produto rei como café, cacau, borracha, acumularam-se alguns capitais que possibilitaram o aparecimento de um parque industrial que se desenvolve principalmente por ocasião de grandes guerras mundiais, pois, aproveita-se da impos-

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sibilidade do abastecimento de produtos pelas grandes áreas indus- triais. Nesta ocasião vendem artigos de consumo e com os capitais adquiridos procuram investir nas indústrias de meios de produção.

Nestes países, tem capital importância a orientação que seus governos tomam, pois, sem um esforço sobre-humano não há saída para o subdesenvolvimento.

A principal característica econômica é o atraso geral do nível de vida da população, especialmente daqueles que contribuem com seu esforço para a prosperidade dos industriais, os operários.

O processamento de novas relações industriais no mundo contem- porâneo e suas resultantes.

Com a irradiação do movimento industrial da Europa Centro- -ocidental para o oeste, atingindo a América do Norte, para leste, penetrando na atual União Soviética, para a Ásia, alcançando o Japão e ainda em direção a algumas áreas esparsas do mundo subdesenvolvido ou ainda especialmente para a Austrália, vieram surgir relações novas que interessam a localização das indústrias, a sua estrutura em função das técnicas mais aprimoradas e das novas fontes de energia e ainda a sua organização financeira pro- piciando a existência de concentrações verticais, horizontais e a constituição de monopólios.

Apesar de o fato industrial sobre toda a superfície terrestre apresentar-se com características de concentração em relação as outras atividades econômicas, êle se dilatou de seu foco original em direção as regiões acima indicadas.

A principal característica atual do processo industrial é a concorrência que obriga cada região a se especializar para enfren- tar os mesmos mercados ou defender um dêles anteriormente conquistado das investidas de um novo produtor. Neste sentido a luta oferece, as vêzes os resultados mais negros para a humani- dade, a Guerra. Desta forma surgem problemas para os países industriais. A Inglaterra, por exemplo, que iniciou a Revolução Industrial, despovoou de tal forma seus campos em função dos novos centros urbanos que surgiam, que hoje, de cada 100 inglêses econômicamente ativos, sòmente 6 vivem do trabalho da terra, de forma que a venda de produtos industriais para garantir o abastecimento de gêneros alimentícios adquire para êste país um caráter de luta pela sobrevivência, sobrevivência esta tanto mais difícil quanto mais tem que enfrentar a concorrência alemã, ame- ricana e japonêsa. O carvão, que a fêz potência no século XIX, caiu demasiado na exportação; vários países do mundo produzem tecidos de algodão, o que redundou no fechamento de várias fábricas nas cidades inglêsas.

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O equipamento moderno da América e condições favoráveis da produção de ferro fundido e de aço do Ruhr dobraram a fabri- cação de metais e as indústrias secundárias inglêsas ligadas a metalurgia e à tecelagem como olarias, tinturarias, fábricas de máquinas de tear e fiar sofrem com esta queda.

A fim de manter a liderança industrial, os velhos países industriais da Europa instalam novas indústrias como, por exem- plo, a mesma citada Inglaterra que criou no sul do país e no nordeste indústrias químicas baseadas no petróleo, ainda indústrias automobilísticas, aparelhagem elétrica etc.

Quando a defesa não se torna suficiente apenas com a criação de novas indústrias, proporcionam acordos de que resultam os monopólios, as instituições que suspendem as fronteiras econo- micas como na Europa Ocidental industrial.

No fim do século XIX, a economia capitalista européia é uma economia de mercados nacionais e internacionais e registra os primeiros meios de superprodução. A concorrência se transpõe sobre o plano de rivalidade econômica entre estados, implicando numa pressão crescente das direções econômicas sobre o aparelho político do govêrno dos estados.

Uma das formas para eliminar a concorrência é a formação dos monopólios que permite às grandes empresas afastar dos mercados os mais fracos ou ainda absorvê-los.

BIBLIOGRAFIA

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RELAÇÃO ENTRE A ESTRUTURA GEOLÓGICA DO BRASIL E OS MINERAIS

Prof. OTHON HENRY LEONARDO$ JUNIOR

Existe um velho ditado inglês sobre minério que diz: "O minério está onde êle está". De um certo modo êle implica em que a causa do minério se encontrar em um lugar, é indecifrável. Mo- dernamente, os geólogos têm-se empenhado nas jazidas minerais. Por que o minério está onde êle está? Os controles estruturais- -estratigráficos são sem dúvida decisivos na localização do minério. Êles ~ o d e m agir isoladamente ou associados a contrôles físicos e químicos, que, por sua vez, dividem-se em controles regionais ou de detalhe.

CONTROLES REGIONAIS

MOVIMENTOS OROGÊNICOS. A grande maioria dos depósitos minerais ocorrem em regiões que foram berço de movimentos oro- gênicos (p.e. Urais). Nestas regiões ocorrem espêssa sedimentação, movimentos crustais, falhamentos e instruções de rochas ígneas que trouxeram os fluidos mineralizantes. No Nordeste do Brasil a área de dobramentos do Xisto Seridó tem produzido depósitos de tantalita, columbita, scheelita, cassiterita, berilo etc.

INSTRUÇÕES MAGMÁTICAS. Como as instruções magmáticas são as fontes das soluções mineralizantes, é evidente que, em escala regional, estas instruções são localizadoras de minério.

ROCHAS MAGMÁTICAS E MINÉRIOS ASSOCIADOS

Tipo de rocha Minério Associado Exemplo Granito e pegmatito Tungstênio Prov. da Borbo-

Estanho rema Ipameri, Go; Ron- dônia

Granodiorito e Cobre Chile, EUA Tonalito ,Molibdênio Climax, Colorado

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Gabro - Norito Cobre Diabásio (?) Prata, Cobalto

e Níquel Rochas alcalinas Zircônio

Carbonatitos Nióbio e Tório Cromo,

Peridotito-Piroxenito (Serpentinito) Níquel e Amianto

Kimberlito-Eclogito Diamante

Caraibas, Bahia

Cobalt, Ontário Pocos de Caldas, MG Araxá, NIG

Niquelândia, GO; Liberdade, MG etc. África

FALHAS REGIONAIS. As grandes falhas regionais servem de con- duto das soluções mineralizadoras (p.e. sistema de falhas do Mother Lode of Gold, Califórnia, EUA.)

GEOSSINCLINAIS. Geossinclinais são cinturões móveis entre massas rígidas continentais (V. Krumbein e Sloss. 1958) onde espêssa acumulação de sedimentos é seguida por levantamento, dobramento, falhamento e invasão de corpos niagmáticos. Assim a associacão de depósitos minerais com montanhas é uma asso- ciação com pretéritos geossinclinais. Os geossinclinais são também locais de depósitos sedirilentares importantes. A delimentacão dos geossinclinais brasileiros é de suma importância na pesquisa de depósitos minerais e, felizmente, já começa a ser revelada através dos trabalhos do geógrafo e geólogo Fernando F. M. de Almeida. Aos geossinclinais, estão frequentemente relacionados cinturões de serpentinito, com jazidas importantes de níquel, cromo, cobalto cobre, platina e amianto (p.e. cinturão de serpentinito na zona central de Goiás, com concorrência significativas de amianto e dos metais acima mencionados, salvo platina).

BACIAS DE DEPOSIÇÁO. Muitos depósitos seciimentares econô- micos são encontrados em bacias de deposi~ão de escala muito menor que os geossinclinais, Tais bacias delimitam camadas de carvão e minérios de ferro, manganês, fosfato, enxofre, sais, argilas etc. No Brasil os depósitos de óleo estão relacionados a estas bacias.

INCONFORMIDABE. Superfícies de erosão indicadas por incon- formidade são lugares favoráveis a depósitos de bauxita, ferro e manganês.

CONTROLES DE DETALHE. Os contrôles de detalhe são os responsáveis diretos por o rniiiério "estar onde ele está". Abertura nas rochas, intersecáo de falhas, zonas de brechiacão, cobertura impermeável numa camada porosa etc. são exemplos de estruturas de detalhe que servem de localizadores diretos de depósitos mine- rais.

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OS DEP6SITOS MINERAIS E AS ESTRUTURAS BRASILEIRAS Graças a contribuição recente no campo da tectônica de

Fernando de Almeida, Wilhelm Kegel e outros, tem sido possível delinear as principais feições estruturais que se relacionam com a mais importante época metalogenética no Brasil. Tal época coin- cidiu com a Orogenia Assíntica ou Baikaliana e se efetivou até o início do Neogênico, quando se deu a cratonização dos geossincli- nais e paleozóicos. A definição tão precisa quanto possível dêstes geossinclinais apresenta chave sòmente para o conhecimento da evolução da plataforma brasileira como também seleciona áreas promissoras para a pesquisa de jazidas minerais.

Segundo Fernando de Almeida (1967), as faixas orogênicas Baikalianas do centro-oeste brasileiro assinalam uma generalizada oocrrência de ouro. Sua zona axial, em Goiás, apresenta minerali- zação de estanho e se relaciona as instruções ultrabásicas que são representadas por um cinturão de serpentinitos que se estende por mais de 500 km. Esta faixa é mineralizada com níquel, cobre, cobalto e cromo além de constituir a mais importante faixa de amianto no Brasil. As bordas dos cratons do Guaporé e do São Francisco apresentam grandes concentrações detríticas de dia- mante e parecem possuir significante mineralizqão de chumbo, zinco, cobre, vanádio, como indicam os detritos mineiros de Januária e Vazante.

A última fase metalogenética no Brasil está relacionada com a reativação Wealdeniana (V. Almeida, 1967) que se manifestou até durante o Terciário com instruções de rochas alcalinas. A estas, minérios de nióbio, zircônio, urânio e tório e jazidas de apa- tita e bauxita estão associados. No Nordeste do Brasil invasões

/ marinhas e vulcanismo básico-alcalino foram conseqüências desta reativação. As invasões marinhas deram origem a jazidas de calcário, salgema, sais de potássio, gêsso e fosforita enquanto o vulcanismo foi responsável pelas jazidas de bentonita de Cam- pina Grande, formada possivelmente pela alteração de cinzas vulcânicas.

LEITURA RECOMENDADA:

ALMEIDA, F. F. M. de (1967) - Origem e Evolução da Plataforma Brasileira. Conferência pronunciada na Soc. Bras. Geol. em 18/1/1967. Rio de Janeiro (no prelo).

BATEMAN, A. M. (1955) - Economic Mineral Deposits, John Wiley 2nd ed.

FRÓES ABREU, S. (1960) - Recursos Minerais do Brasil. Min. Trab. Ind. Com. Inst. Nac. Tec., Rio de Janeiro.

KRUMBEIN, W. C., and S~oss , L. L. (1958) - Stratigraphy and Sedimentation. Freman and Co.

NEWHOUSE, W. H. (1942) - Ore Deposits as Related to Structural Features. Princeton, University Press.

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ECONOMIA MINERAL DO BRASIL

Prof. OTHON HENRY LEONARDO

A cobiça dos metais e pedras preciosas levaria os aventureiros europeus a se apossarem cedo das terras do Novo Mundo. A colo- nização do México e do Peru no século XVI é motivada pela prata dos Astecas e pelo ouro dos Incas. Outro teria sido o panorama político do Brasil se Américo Vespúcio, ao constatar com os nossos Tupis e Tapuias, que não havia aqui "nem ouro", nem prata, nem coisa de "metal".

Esta assergão é válida para os primeiros tempos coloniais até que entradas descobrem nas quebradas do Espinhaço, o ouro acumulado pelas águas correntes no decorrer da história geoló- gica. E como os bandeirantes se deixavam levar tão-sòmente pela ambição, ignorando as bulas de Alexandre VI, empurram o Meri- diano de Tordesilhas até as águas andinas. Sem o ouro, o Brasil teria atravessado os séculos sem conhecer nada mais que a sua periferia.

Toma-se a carta geológica e logo a primeira vista ressalta que as grandes linhas de penetração e a conquista de Minas Gerais, Bahia, Goias e Mato Grosso correspondem exatamente as faixas proterozóicas mineralizadas. É sobre os alinhamentos das séries Minas e Lavras que se desenvolvem os distritos auro-diamantíferos balisados pelas vilas setecentistas de Sabará, Ouro Prêto, Mariana, Sêrro do Frio, Tejuco, Grão Mogol, Paracatu, Santa Luzia, Vila Boa de Goiás, Traíras, São Félix, Cuiabá, Poconé, Cáceres, Dia- mantino etc.

Vale recordar com Stefan Zweig que, durante o fastígio da mineração do ouro e do diamante em meados do século XVIII Minas Gerais, Vila Rica e Vila do Príncipe fascinavam o mundo pela prodigalidade de suas lavras, enquanto Nova York não tinha ainda qualquer expressão geográfica. A história confirmaria, porém, que é efêmera a riqueza baseada unicamente na indústria extrativa. Assim, as mil toneladas de ouro e as arrôbas de diamante arrancadas pelos faiseadores e grimpeiros de nossos aluviões na fase colonial, serviriam apenas a glória de Pombal, a reconstrução

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de Lisboa após o terremoto de 1755, e às orgias estéreis do Rei Fidelíssimo. Não se cogitou de, com êsse ouro, construir indústrias ou uma única universidade no Brasil. Queimam-se os teares bra- sileiros e fechem-se as escolas - ordenava D. Maria I , a Louca!

Tremendo é o contraste, neste sentido, entre a evolução do Brasil e a dos Estados Unidos. Tiveram os americanos a ventura de só descobrirem o ouro do Oeste após a independência. E, com seu pragmatismo calvinista, souberam aproveitá-lo no erguimento do mais vasto império econômico.

Na realidade, outros fatores que convergiram para o desen- volvimento espetacular da América do Norte na segunda metade do século XIX não aparecem em nosso quadro geográfico. Os aspectos fisiográfico e climático formam entre os mais importantes.

Três costas e extensíssima rêde de rios navegáveis facilitam o acesso às grandes planícies drenadas pelo Mississipi, Missouri e Ohio. Nelas se localizam, ao lado das faixas do carvão e do petró- leo, os cinturões do trigo e do milho responsáveis pela fartura americana. Climas análogos permitiriam a fácil transferência dos suecos, holandeses, inglêses, franceses, italianos, espanhóis e por- tuguêses para as áreas homólogas ultramarinas.

I3 óbvio que o escandinavo que se fixou no Minnesota de modo algum poderia ter vindo ocupar o vácuo que até hoje caracteriza a hiléia amazônica!

Não só o Brasil tropical mas toda a faixa que dá a volta do planêta entre os círculos de Câncer e de Capricórnio resistiu a implantação de civilizações mais avançadas, como as conseguidas no Canadá, África do Sul, Sul da Austrália e Nova Zelândia.

A pobreza dos solos tropicais é bem conhecida. Calor exces- sivo queimando todo o humus. Solos lixiviados ao extremo pelas chuvas abundantes e mal distribuídas: aguaceiros estivais alta- mente destrutivos, seja pela erosão que provocam nas encostas, seja pelas inundações nos fundos dos vales. Proliferacão explosiva das pragas. E assim tudo mais.

A adubação nos trópicos é, econômicamente, quase proibitiva. E agricultura sem adubação é sinônimo de miséria e degradação.

Vencemos a batalha sesquicentenária da sobrevivência no Império e República a custa do café: artigo de alto preço que não pode ser produzido nas zonas de clima temperado. Mas, para plantar os cafeeiros, tivemos que destruis as melhores matas e, em curto prazo, exaurimos a "mina" de húmus florestal. Na sua transgressão sobre as matas, os cafèzais foram deixando para trás terras sugadas, aproveitadas numa segunda etapa como pastos. Devido porém à falta de cuidado a que se deve ajuntar o processo das queimadas, a degradação do solo prosseguiu aceleradamente dando lugar às vossorocas e ao abandono quase total das velhas fazendas das serras do Mar e Mantiqueira.

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O panorama agropastoril que sucedeu a mineração não foi, portanto, mais feliz do que esta. Procurou o govêrno imperial incentivar as lavras, facilitando as concessões mineiras. Mas, a despeito do interêsse demonstrado pela iniciativa privada, não conseguiu muita coisa. Como fatores negativos podem ser arro- lados: deficiência de estudos geológicos pela falta de técnicos e pelas dificuldades intrínsecas da prospecção; grandes distâncias separando as minas dos mercados; escassez de transporte; pequeno mercado interno desencorajando iniciativas de maior vulto; exi- guidade de capital de aventura. Acrescente-se a isto, a escassez de combustível. Nossas jazidas de carvão estão localizadas no extremo sul, da maneira mais excêntrica para seu aproveitamento econômico e em condições gerais adversas. Trata-se, ademais, de um mau combustívei, com baixo poder calorífico, alto em umidade, cinzas e enxofre, e com as piores características de lavabilidade.

Entregando de mão beijada a propriedade do subsolo ao superficiário, a Constituição de 1896 acabou de vez com a mine- ração.

A Revolucão de 1930 tentou sanar o mal através do CCdigo de Minas "Juarez Távora", de 1934, que restituiu ao poder público o direito de autorizar a pesquisa e conceder a lavra a quem demons- trasse capacidade técnica-financeira para executar a mineração. Êsse regime salutar propiciou a descoberta, em curto prazo, de inúmeras jazidas e incentivou o desenvolvimento das lavras. Mas, no trópico, tudo degrada depressa, e mais do que tudo, a política. Calamitosamente a Assembléia Constituinte introduziu na Carta de 1946 o direito de preferência ao superficiário para a exploracão do subsolo.

Falta, como se vê, entre nós, a mentalidade mineira que res- ponde pelo sucesso da mineração em outros países, como a Suécia, Canadá, Estados Unidos, África do Sul, Rodésia, Austrália, Nova Zelândia, Nova Caledônia etc.

O que se vê aqui é exatamente o oposto: o clamor demagógico contra a mineracão, que não é encarada como um bem comum, mas como um privilégio antipático a provocar o grito moleque do "tasca o balão". Outra coisa não têm sido as campanhas es- querdistas consagradas nos "slogans" de "o petróleo é nosso"; "exportar minério de ferro é deixar buracos", retirar a monazita das praias e industrializá-la, mesmo no País, 6 "explorar", "miné- rio não dá duas safras"; etc.

Onde está a verdade em relação a economia mineral do País? Tomemos o "Anuário Estatístico do Brasil" que está saindo

neste momento do prelo e examinemos os dados relativos a pro- dução de bens minerais e seu comércio exterior.

O Brasil exportou em 1965 minerais no valor de . . . . . . . . . . . Cr$ 266 558 124 000,00, sendo Cr$ 244 155 235 000,OO relativos a minérios de ferro e manganês.

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Os restantes Cr$ 18 402 889 000,OO incluem como itens prin- cipais :

Quartzo ............................. 4764744000 ................................ Mica 2148192000

Scheelita ............................ 1411824000 ............................ Tantalita 1 231 615 000 Diamante ........................... 1190697000 Magnesita ........................... 979 789 O00 Granito ............................. 621 965 O00 Berilo industrial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 537 748 O00 Espodumênio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 433 161 O00 Ametista ............................ 404 394 O00

.............................. Citrina 315 939 O00 ............................... Ágata 285 430 O00

Contra a exportação no valor de Cr$ 266 558 124 000,OO temos nesse mesmo ano de 1965 o total de importação de bens minerais no valor de Cr$ 447 467 007 000,00, ou seja um deficit em nossa balança comercial de Cr$ 180 908 883 000,00, que representa a ex- poliação brasileira no subsolo alheio.

Note-se bem que não se trata de produtos manufaturados. Só de combustíveis o Brasil importou em 1965 o total de

12 287 971 toneladas no valor global de Cr$ 407 727 435 000,OO. O maior item foi o do petróleo bruto: 10 247 324 toneladas no valor de Cr$ 281 136 673 000,OO.

Nossa produção de petróleo em 1965 foi de 5 460 354 m3, dos quais 5 427 912 m3 produzidos pelos campos da Bahia. Mas, porque o resto do mundo não tem a mentalidade brasileira, também o petróleo dos outros países "é nosso"! Neste momento, o Presidente da Petrobrás, o ilustre Engenheiro Irnack Carvalho do Amara1 acha-se na Rússia negociando a compra de mais petróleo para o Brasil.

Mas não são apenas os combustíveis que nos faltam. Conforme Glycon de Paiva, dos 300 minerais que caracterizam

as necessidades de uma civilização adiantada, só produzimos atual- mente meia centena. Os 250 restantes vamos buscar no estrangeiro.

este é o retrato sintético de nossa economia mineral nos dias que correm. Para compreender as causas, mister se faz analisar a situação das nossas minas, o estado atual das pesquisas e as perspectivas geológicas.

As nossas primeiras escolas de geologia foram fundadas há um decênio e já diplomaram cêrca de 700 geólogos. O Govêrno Revolucionário instituiu um "Plano Mestre Decenal para a Ava- liação dos Recursos Minerais do Brasil", que está sendo iniciado. Se quisermos, poderemos dentro do próximo quinqüênio mudas radicalmente o panorama mineiro do Brasil. E com isto a econo- mia geral do País.

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GEOGRAFIA HUMANA E POLÍTICA

A Geografia Política e a Geopoíitica - Prof. Emmanuel Leontsinis.

Fronteiras - seu conceito - Prof. J . Cezar de Magalhães

Fronteiras do Brasil - Prof. J . Cezar de Magalhães.

Problemas de pressões demográficas e espaços vazios - Prof. Ney Strauch.

Geografia e Planejamento - Prof. Pedro Pinchas Geiger .

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A GEOGRAFIA POLÍTICA E A GEOPOLÍTICA

Prof. EMMANUEL LEONTSINIS

Não espanteis essa lebre! Só Deus sabe até onde nos poderá levar! CITADO - por Y. M. GOBLET, op. "O CREPOSCULO DOS TRATADOS".

GEOGRAFIA POLÍTICA - Conceito antigo: estuda a populaçao da terra e sua divisão em estados e nações.

Conceito atual: estuda as relações entre o estado e o meio-geográfico.

Examinemos a palavra "GEOPOLÍTICA" criada por RUDOLF KJELLEN, Professor de ciências políticas e estatais da Universi- dade Gotemburgo-Suécia, cujo livro "DER STAAT ALS LEBENS- FORM" (O Estado como forma de vida") publicado em 1917, teve grande êxito n a Alemanha.

Seguiu-se KARL HAUSHOFER com sua revista ZEITSCHRIFT FURGEOPOLITIK, derivou suas idéias do inglês (SIR HALFORD NIACKINDER, "TERRA CORAÇÁO" ou HEARTLAND) .

A GEOPOLÍTICA com roupagem germânica converteu-se numa Emprêsa de Propaganda e Educação Nacional (PANGER- MANISMO) .

ISAIAH BOWMAN - Definiu a "GEOPOLITIK" como uma ilusão, um embuste, uma apologia do latrocínio.

Ainda assim, pode ser considerada como uma extensão ou aplicações da Geografia Política às Relações Externas dos Estados ou Nações.

Êsse estudo apresenta dois caminhos ou processos de inves- tigação :

1.0 Os fatores atuantes da Geografia Atual na Ação Política.

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2.0 O significado da Geografia atrás, como um "BACK- GROUND" de situações, problemas e atividades políticas.

A Geopolítica atua sobre as regiões culturais e as regiões físicas; modificações sobre a Geografia Regional

OBJETIVOS DA GEOGRAFIA POLÍTICA:

Estuda: 1 - Extensão territorial dos Estados 2 - Posição Geográfica 3 - Facilidades de transporte 4 - Composição Étnica 5 - 9 , nacional 6 - > > linguística 7 - Nível !Cultural material 8 - Grau desenvolvimento

OBJETIVOS DA GEOPOLÍTICA:

Estuda: 1 - O espaço e sua importância 2 - Maior ou menor força de expansão do Estado 3 - Das possibilidades que se abrem para tal expansão 4 - Do número de habitantes que nêle se aloja 5 - Noção de espaço vital (LEBENSRAUM) 6 - Conformação territorial dos Estados 7 - Idade dos Estados: infância - maturidade -

adolescência - velhice 8 - Fins político-econômicos dos Estados

A Geografia Política é um dos ramos da Geografia, destinado ao estudo das relações entre o Estado e o meio geográfico. No passado, seu objeto era muito modesto, cingindo-se ao exame das formas de govêrno e, as vêzes, ao potencial militar dos países. A partir de fins do séc. XIX e sobretudo, no decorrer do séc. XX, seu campo ampliou-se consideràvelmente, refletindo a situação in- ternacional dêsse agitado período da História Contemporânea e merecendo as preferências de autores procedentes do Mundo Germânico. Chega a confundir-se, em muitos pontos, com a Geo- política, ramo da Ciência Política, tamanhas são as relações existentes entre ambas.

B o menos geográfico dos ramos da Geografia, porque se limita a explicar ou justificar, através dos fatores geográficos, os acon- tecimentos históricos e os vaivéns da política internacional, sem poder levar em conta o estudo da paisagem. Seu conceito ainda é incerto, pouco precisa sua esfera de ação e traiçoeira sua biblio- grafia, já que esta espelha, muitas vêzes, o ponto de vista de uma potência ou determinada ideologia política.

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EVOLUÇÃO - Coube a um notável geógrafo alemão, FRIE- DRICHRATZEL, dar novo sentido a êste ramo da Geografia, abrindo-lhe horizontes, através de estudos publicados na última vintena do séc. XIX, particularmente sua "Geografia Política" (1897).

Em 1904, o inglês HALFORD MACKINDER, em artigo publi- cado na Revista da Royal Geographical Society de Londres, defen- deu a idéia da existência de um eixo geográfico da História. A nova tese, que quase não teve repercussão no Mundo Britânico, viu-se aproveitada e largamente desenvolvida pelo Major-General KARL HAUSHOFER, na década de 1920-30, dentro da Geopolítica. Tam- bém publicou HALFORD MACKINDER em 1919, o livro intitulado "Democrat Ideais and Reality" ("Ideais Democráticos e Reali- dade"), da mesma forma aproveitado pelo imperialismo alemão. Alarmado com o fato de estarem sendo suas idéias utilizadas pela potência rival de sua pátria, introduziu alteracões substanciais em sua doutrina, embora sem modificar seus postulados (1943).

Para MACKINDER, o Velho Continente assemelha-se a uma "ilha" imensa, a Ilha do Mundo (World Island), que congrega a esmagadora maioria da população mundial e em torno da qual se estende uma só massa líquida - o Oceano do Mundo (World Ocean), repleto de "ilhas" menores, como a América e a Austrália. Naquela Ilha do Mundo situa-se o eixo do mundo ou a Terra-cora- ção (Heartland), centro geopolítico da Terra, por êle localizado, em 1904, em plena Sibéria, mas transferido, em 1943, para a Rússia Européia. Assim raciocinando, colocou o eixo do poder mundial entre o Vale do Volga (Rússia) e o do Missuri (E. U. A.) represen- tando a Grã-Bretanha papel semelhante ao da Ilha de Malta no Mar Mediterrâneo, e aparecendo como a cabeça-de-ponte da Ilha do Mundo.

Dentro de tais fundamentos, MACKINDER formulou três famosos postulados: (1) quem domina a Europa Oriental domina a Terra Coração do Mundo; (2) quem domina esta última domina a Ilha do Mundo; (3) quem domina a Ilha do Mundo domina o mundo todo. Pela mesma época RUDOLF KJELLÉN lançou os fundamentos da Geopolítica, tornando-se mais complexo o assun- to e mais difícil a exata delimitacão do campo da nascente Geo- grafia Política.

Nesse ínterim, nos E.U.A. dois nomes se projetaram: o Almi- rante ALFRED THAYER MAHAN, que, na última década do séc. XIX, procurou ressaltar a influência do poder marítimo da His- tória; e ISAOAH BOWMAN, que publicou, em 1928, "The New World", obra de capital importância para a compreensão dos grandes problemas político-econÔmicos surgidos em conseqüência da I Guerra Mundial. De outra parte, os Geógrafos franceses, sempre na primeira linha em todos os setores da Geografia, sen- tindo o faccionismo das doutrinas defendidas no mundo germâ-

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nico, mantiveram-se em posiçáo reservada, quando não de inte- rêsse ou de crítica. Preferiram limitar-se a abordar problemas decorrentes da situação geográfica ou referentes às fronteiras e à colonização. Dentro dêste espírito, CAMILLE VALLAUX foi o pioneiro, publicando "La Mer" (1908) e "Le Sol et l'État (1911) ". Mais tarde, em colaboração com JEAN BRUNHES, escreveu "La Géographie de 1'HistoireV, com o subtítulo Géographie de la Paix et de la Guerre Sur Terre et Sur Mer (1924). Na década de 1930-40, GEORGES HARDY ei JACQUES ANGEL publicaram estudos a respeito da colonização e das fronteiras. Na década de 1940 e na de 1950, Y. M. GOBLET e JEAN GOTTMANN trouxeram suas contribuições, sempre daquele ponto de vista discreto e desapai- xonado.

A partir de 1940, o assunto passou a merecer a atenção dos geógrafos dos E.U.A., onde foram publicadas numerosas obras, que procuram interpretar geogràficamente o panorama político do Mundo. O mesmo sucedeu na Espanha, na Itália e, mesmo, no Brasil, onde EVERARDO BACKHEUSER ocupa posição muito especial.

Em conseqüência de todas essas contribuições, alguns temas definiram-se com certa precisão: (a) as idéias a respeito do espaço e da posição; (b) as fronteiras e as zonas de fricção (v. FRON- TEIRAS) ; (c) a idade dos Estados; (d) os fins político-econdmicos dos Estados; (e) o expansionismo colonial. (V. COLONIZAÇÁO).

O ESPAÇO E A SUA IMPORTÂNCIA - A partir da publicação dos trabalhos de RATZEL, os geógrafos e os politicos alemães pro- curaram acentuar a importância que têm, para qualquer país, o espaço que ocupa e a posição em que se encontra.

A nogão de espaço depende de uma série de circunstâncias, principalmente: (a) da maior ou menor força de expansão do Estado; (b) das possibilidades que se abrem para tal expansão; (c) do número de habitantes que nêle se aloja. O número de habi- tantes e, sobretudo, a densidade demográfica comandam, imperio- samente, a ampliação do espaço e regulam a intensidade da força expansionista. Baseada neste fato foi que nasceu a noção do espaço vital (LEBENSRAUM), tão explorada pelos autores do imperia- lismo alemão, largamente utilizada pelo Japão em sua expansão no Extremo Orientk e pela Itália fascista.

Da idéia de espaço passa-se a da conformação territorial, como natural conseqüência da expansão daquele. Dentro da multiplici- dade de formas apresentadas pelos diferentes países do mundo, algumas existem que são consideradas fundamentais, justificando a classificação dos Estados em quatro categorias: (1) maciços ou compactos; (2) alongados, tanto no sentido das latitudes como no das longitudes; (3) recortados; (4) fragmentados ou descontínuos. Dessas diferenças podem decorrer certas vantagens ou desvanta- gens, que o passado e o presente parecem confirmar.

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Os Estados maciços ou compactos caracterizam-se por sua maior coesão política; Suíça, França, Uruguai, e o próprio Brasil incluem-se1 nesta categoria.

Já os Estados alongados apresentam maiores desvantagens, principalmente os que o são no sentido das latitudes (como é o caso do Chile), em virtude dos contrastes ocasionados pelos dife- rentes tipos de climas; todavia, se lutam com dificuldades para sua coesão política, dispõem de vantagens do ponto de vista eco- nômico. Quando o alongamento se verifica no sentido das longitu- des, como acontece em relação a U.R.S.S. e aos E.U.A., a coesão poderá ser mais facilmente mantida.

Os Estados recortados possuem vantagens e desvantagens, sobretudo se tais recortes correspondem ao litoral, como acontece com a Grécia, a Itália e os Países Escandinavos; podem transfor- mar-se elm potências marítimas, mas são extremamente vulneráveis devido a extensão de suas fronteiras oceânicas. Os Estados frag- mentados ou descontínuos lutam, sem dúvida alguma, com todas as desvantagens decorrentes dessa descontinuidade; é o caso, p.ex,, do Paquistão.

IMPORTÂNCIA DA POSIÇÁO. Em estreita correlaçáo com as características do espaço, a posição apresenta inegável importân- cia. Em Geografia Política, o têrmo não corresponde sòmente a posição astronômica, pelas coordenadas geográficas (latitudes e longitudes); abrange também a posição política, decorrente da situação ocupada dentro do continente de que o país faz parte; e a posição geográfica, apresentada pelas condições naturais de relêvo, clima, vegetação, hidrografia. Dêsse conjunto de fatores depende, principalmente, a classifica$ão dos Estados em quatro tipos: (a) interiores; (b) marítimos; (c) centrais; (d) periféricos.

Os Estados interiores ou mediterrâneos, não banhados pelo mar, podem dispor de vias que os levam com facilidade às águas oceânicas, como é o caso do Paraguai, da Hungria ou da Suíça, mas também podem encontrar-se enclausurados por obstáculos naturais, a exemplo do Nepal de Butan, localizados na Cordilheira do Himalaia, e do Afganistão, dentro do Maciço do Hindu Kusch ei seus contrafortes.

Os Estados marítimos correspondem a maioria dos países do Globo. Todavia, não basta para caracterizá-los o contato com as águas do mar; necessário se torna um amplo ou fácil acesso ao litoral e seu aproveitamento como "janela" para o exterior. Quando êsse acesso é difícil ou escasso, são classificados com centrais a exemplo do que sucede com o Ira,n, isolado tanto do Mar Cáspio como das águas do Gôlfo Pérsico, por barreiras montanhosas, e do que acontecia com a PolÔnia antes da I1 Guerra Mundial, com seu estreito corredor ligando-a ao Mar Báltico.

Estados periféricos típicos devem ser considerados o Chile, a Itália e a Grécia, além de todos os países insulares. Tudo isso levou

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os geógrafos alemães a preocuparem-se muito em determinar os coeficienteis de continentalidade e de maritimidade dos Estados, correspondentes aos quocientes da divisão da área total pela ex- tensão das costas, a fim de fixar-lhes o papel geopolítico.

A IDADE DOS ESTADOS. A importância do espaço e da posição, assim como a evolução e os tipos de fronteiras, além da existência ou não de zonas de atrito dependem estreitamente da idade do Estado, dentro do ponto de vista geopolítico. Na verdade, a Geografia Política admite a existência de um ciclo vital dos Es- tados, comparável com o da vida humana, se bem que com a possi- bilidade de reiniciar-se o ciclo.

Coube a SAMUEL VAN VALKENBURG dedicar especial aten- ção ao assunto, classificando os países em quatro diferentes idades : (a) infância; (b) adolescência; (c) maturidade; (d) velhice.

Quando um Estado está na infância, sua preocupação única consiste e m consolidar sua estrutura interna e "pôr a casa em ordem". Por isso mesmo, não apresenta nenhuma tendência ao expansionismo territorial e conserva-se voltado para dentro de suas prtprias fronteiras, a braços com os seus problemas. Seria o caso da maior parte dos países da América Latina, exceto, o México, o Chile, a Argentina e o Brasil, já a caminho da adolescência; como também, dos novos países da África, tornados livres a partir de 1959-60.

A adolescência ou a mocidade caracteriza-se1 por irrefreável dinamismo, que se reflete na expansão territorial e na obtenção de novas áreas de influência. A U.R.S.S. representaria, muito bem, essa fase do ciclo vital, na qual também poderiam ser incluídos a China comunista e, mais problematicamente, a Arábia Saudita, a Turquia, o Iraque, a Etiópia e a Africa do Sul.

Na maturidade, o Estado já não mais deseja expandir-se terri- torialmente; muito pelo contrário, preocupa-se em assegurar a posse de seus domínios, em aproveitá-los por todas as maneiras e em defendê-los contra possíveis agressões. É a idade em que o Estado toma uma posição francamente defensiva, manifesta-se em favor da segurança e da cooperação internacional, transforma- -se em defensor da paz mundial e1 sòmente lança mão da força quando ameaçado em sua integridade territorial ou em seus vitais interêsses político-econômicos. É o caso da Grã-Bretanha, França, E.U.A., Canadá, Austrália, entre outros.

Quando um Estado atinge a velhice ou decrepitude, entra em decadência política. Enfraquecido, não tem ânimo para se defender contra os ataques ou influências externas, podendo assistir à pró- pria desintegração interna. Transforma-se na prêsa fácil e inerme das potências imperialistas; e, se um sangue novo não lhe for injetado, ocasionando seu rejuvenescimento, acabará por ser riscado do mapa das nações livres. Passa, então, a figurar no vasto

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"cemitério" dos Estados mortos e a pertencer exclusivamente as páginas da História, a exemplo do que aconteceu a tantos outros, através dos séculos. O Iran, o Afganistão e o Tibet figurariam nessa triste fase.

FINS POLÍTICO-ECONÔMICOS DOS ESTADOS. Sob a influ- ência das condições citadas, o Estado passa a ter uma série de fins político-econômicos, cuja realização, consciente ou inconsciente, pode transformar-se em verdadeiro programa de ação, no cenário internacional.

Coube a ARTHUR DIX classificá-los em seis categorias: (1) domínio da totalidade de uma bacia hidrográfica; (2) uma saída até o mar; (3) vários acessos ao mar; (4) domínio das costas opostas; (5) construção de vias férreas transcontin?ntãis; (6) arredondamento da esfera de domínio. Estas são as esseneias para DIX.

O domínio da totalidade de uma bacia hidrográfica constitui aspiração natural do Estado que, sendo adolescente, possw a foz, as seções navegáveis e, menos frequentemente, o curso superior de um grande rio. Na Africa, a Bélgica conseguiu dominar prati- camente a bacia do Congo, hoje em poder da República Federal do Congo. O Egito deseja controlar a totalidade da bacia do Nilo, em detrimento do Sudão, da Etiópia e de Uganda; os inglêses aspiram, de longa data, dominar a totalidade da bacia do Zambezo, em prejuízo de Moçambique; a Nigéria tentará, mais cedo ou mais tarde, controlar os cursos médio e superior do Niger, hoje ocu~iados pela República Sudanesa. Na Ásia, o problema já foi prkticament? resolvido, achando-se as grandes bacias fluviais, dominadas pelos países em que se situam. Na Europa, a Polônia já conseguiu con- trolar a totalidade da bacia do Vístula; mas as do Reno e do Danúbio, repartidas por vários países, continuam a constituir uma fonte de problemas políticos. Na América do Norte, os E.U.A. dominam a totalidade da bacia do Mississipi-Missuri; resta saber o que virá acontecer com as do São Lourenço e do Colorado, per- tencentes a primeira ao Canadá e a segunda ao México, além dos trechos incluídos nos E.U.A. Na América do Sul, dentre oi grandes rios, apenas o São Francisco tem um só senhor (o Brasil), sendo de prever-se alterações futuras, quanto as fronteiras políticas, em relação às áreas incluídas nas bacias do Orenoco, Amazonas, Paraguai, Paraná e Uruguai.

Obter uma saída até o mar representa aspiração quase gene- ralizada e tem sido motivo de inúmeros conflitos armados ou de soluções visivelmente artificiais, como a representada pelo chamado corredor da Polônia, criado após a I Guerra Mundial e hoje desa- parecido.

Na América do Sul, as fronteiras da Bolívia não devem ser consideradas definitivas, porque êste país perdeu o acesso ao oce- ano Pacífico, em conseqüência da guerra travada com o Chile, na

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segunda metade do séc. XIX: a mesma gravidade não apresenta, pelo menos nas circunstâncias atuais, a situação do Paraguai, já que dispõe de uma artéria navegável (rios Paraguai e Paraná), que o põe em contato com o Atlântico, através da Argentina.

Na Europa, 0 caso da Suíça pode ser considerado excepcional, desde que, por motivos vários, parece realmente não aspirar a uma saída para o Mediterrâneo. Em contrapartida, a antiga Sér- via, país interior, veio a transformar-se na atual Iugoslávia, país marítimo; e, em relação aos Estados interiores da Europa Central, Tchecoslováquia, Áustria, Hiingria, embora disponham da via do Danúbio, bem conhecida é a instabilidade de suas fronteiras, a partir do desmoronamento do antigo Império Austro-Húngaro.

Na África, as antigas repúblicas do Transvaal e do Orange, que não possuíam saída para o Oceano fndico, foram absorvidas pela África do Sul; a Etiópia obteve o desejado acesso ao Mar Ver- melho, depois da I1 Guerra Mundial, com a anexação da Eritréia; a República do Congo continua dispondo do corredor que os Belgas tinham conseguido assegurar, para atingir o Atlântico; mas o novo mapa político do continente mostra um número elevado de países interiores, República Sudanesa, República do Níger, República Voltaica, República do Tchad, República Centro-Africana, cujas fronteiras longe estão de se tornar estáveis.

Na Ásia, excluídos os casos especiais das Repúblicas integradas na U.R.S.S., apenas a Jordânia certamente deseja uma saída até o mar, uma vez que os quatro outros países interiores existentes, Afganistão, Nepal, Butan, Mongólia, não têm possibilidades de fazê-lo, o que significa uma ameaça a sua existência.

Uma vez obtida essa saída e tornando-se forte, o Estado passa a aspirar a vantagem de vários acessos ao mar. Foi dentro dêsse objetivo que o antigo Império Russo, em sua expansão territorial, conseguiu alcançar o Mar Negro, o Báltico, o Oceano Ártico e o Oceano Pacífico. Também assim os E.U.A., quando procuraram atingir o Golfo do México (Luisiânia) e as costas do Pacífico (Califórnia). Mas outros exemplos existem, embora de natureza diferente: a mesma aspiração levou a Grã-Bretanha a procurar controlar o Canal de Suez, de 1875 até 1956, quando o Egito o ocupou; e os E.U.A. a construir o Canal de Panamá (1904), man- tendo-o sob seu controle.

O domínio das costas constitui o alvo natural do Estado ex- pansionista, sempre desejoso de transformar as águas em uma espécie de lago exclusivamente seu. Foi êste o sonho da ~ u é c i a em relação ao Mar Báltico, no passado, sem falar no Império Romano, que fêz do Mediterrâneo seu mar interno. Em época recente, o mesmo sucedeu a Itália em relação ao Mar Andriático, a Grécia quanto ao Egeu, a U.R.S.S., quanto ao Mar Negro, ao ~ a p ã o em relação ao mar de seu nome. Num campo muito mais vasto, a Grã-Bretanha quase conseguiu, antes de romper a I1 Guerra

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Mundial, transformar o Oceano índico em um enorme lago britâ- nico.

As vias férreas transcontinentais são instrumentos poderosos não apenas para a circula@o das riquezas e intercâmbio de pes- soas, como para assegurar o do domínio ou, pelo menos, fortalecer a influência política do Estado em relação as áreas atravessadas. Gracas à Union Pacific e a Canadian Pacific, os E.U.A. e o canadá fortaleceram a coesão e a unidade de seus extensos territórios, durante e depois da conquista e do povoamento das regiões centro- -ocidentais. O mesmo sucedeu na Austrália, onde Sydney está unida a Perth, na costa ocidental pela Transaustraliana. A Tran- siberiana (1891-1917), com seus 1 400 km, concorreu para a conso- lidação do domínio russo sobre a Sibéria, da mesma forma que idêntico papel representaram a Transcaucasiana, a Transcaspiana, a Transaraliana nas áreas meridionais da U.R.S.S., situadas entre o Cáucaso e o Planalto de Pamir. Antes da I Guerra Mundial, a Alemanha tentou construir uma via férrea unindo Constantinopla (Istambul) a Bagdad, com objetivos puramente político-econô- micos; a chamada E. P. de Bagad veio a transformar-se na atual Transassiática. A.E.F. do Leste Chinês, conhecida pelo nome de Transmandchuriana, foi, durante muito tempo, objeto da rivali- dade russo-japonêsa. Na África, CECIL NHODES sonhou consolidar os domínios britânicos da metade oriental do continente, através da E.F. do Cabo ao Cairo. De sonho também não passou o projeto da Transaauiana, destinado a fortalecer o domínio da França na África Ocidental.

O arredondamento da esfera de domínio, finalmente, leva o Estado, em pleno fastígio de poder, a preferir dominar em forma de círculos esquematizados, tanto mais numerosos e amplos quanto maior seja seu poderio, assegurando-lhe um campo extenso para expansão político-econômica, inclusive zonas de tráfico e bases estratégicas, Imprescindíveis a consumação de seus planos de im- perialismo. A história está repleta de exemplos: é o caso, entre tantos outros, da pequenina Macedônia ao tempo de ALEXANDRE MAGNO, da Roma de Césares, do Império Mongol de GENGHIS- -KHAN e de TAMELIÃO, da Espanha de CARLOS V e de FELIPE 11, da Rússia e de PEDRO, O GRANDE, da França de NAPO- LEÃO, da Grã-Bretanha, sob o reinado da RAINHA VITÓRIA, da Alemanha de HITLER, da Itália de MUSSOLINI, da U.R.S.S. de STALIN e de KRUCHT'CHEV.

A GEOGRAFIA POLÍTICA E SEU CONCEITO. Por incrível que pareça, FRIEDRICH RATZEL não se preocupou em definir a Geografia Política ao escrever sua "Geografia Política". Todavia, deu a entender que deveria estudar os Estados como entidades geográficas, vinculadas ao solo terrestre. Um de seus discí- pulos, ARTHUR DIX, ao publicar sua "Geografia Política", em 1922, considerou-a como a que "estuda a sede e a esfera do poderio

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dos Estados", esclarecendo que seu campo de observação constitui a superfície da Terra, considerada como área de atividade das so- ciedades humanas e como cenário em que se desenvolve a vida dos povos organizados em Estado; daí ocupar-se das "relações das coletividades políticas com o espaço que habitam e a área de trá- fego".

Dentro dessa mesma ordem de idéias 0. WHITTLESRY em "The Earth and the State" (A Terra e o Estado, 1944), afirmou que a Geografia Política deve limitar-se a dar atenção ao "grau de correspondência entre os tipos de Estados e os tipos de meios na- turais, quer quando haja coincidência, quer quando se registre completa discrepância entre ambos".

O desenvolvimento da Geopolítica provocou confusão quanto ao conceito de Geografia Política, ameaçando sua própria exis- tência. Passou-se a afirmar que a diferença entre ambas era uma questão de aplicação: a Geografia seria dinâmica, ao passo que a Geografia Política seria estática, segundo esclarecia LAUTRH- SACR. Procurando esclarecer a dúvida, SIEGFRID PASSANGE afirmou, em 1935, que a Geografia Política deveria "ocupar-se dos vínculos geográficos da História Política estatal de acordo com os vínculos geográficos da Política".

Na Itália, LUIGI DE MARCHI (1937) acentuou o caráter pró- prio da Geografia Política, cujo objetivo consiste em "pesquisar e fixar as condições naturais que possam ter exercido e continuem a exercer uma influência direta sobre a evolução política: (a) a análise geográfica do Estado, no passado como na atualidade; (b) o aspecto geográfico das relações entre os Estados."

Por isso mesmo, não pode ser confundida nem com a Geopo- lítica, como da Política, nem com a Geografia Histórica, que só se refere ao passado, nem, ainda, com a Geo-História, que estuda, através do prisma geográfico, as sociedades históricas organizadas sobre determinado espaço natural.

BIBLIOGRAFIA

GEOGRAFIA POLÍTICA: HANS W. WEIGERT & VILHJALMUR STEFANSSON, "New compass of the world (Nova York)"; DER- WENT WHITTLESEY, "The Earth and the State" (Nova York) ; SAMUEL VAN VALKENBURG, "Elements of Political Geography" (Nova York) ; 5. VICENS VIVES, "Tratado General de Geopolítica" (Barcelona); LUIGY DE MARCHI, "Fondamenti di Geografia Política" (Pádua) ; EVERARDO BACKHEUSER, "A Geopolítica Geral e do Brasil" (Rio de Janeiro); RUSSEL H. FIFIELD & G. ETZEL PEARCY, "Geopolitics in Principie and Practice" (Boston) ; JEAN GOTTMANN, "La Politique des États et leur Géographie" (Paris); LEWIS M. ALEXANDER "World Political Patterns" (Chicago) ; ROBERT STRAUSZ-HUPÉ, "Geopolítica - La Lucha por e1 Espacio y e1 Poder" (México).

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FRONTEIRAS

Prof. J. CEZAR DE MAGALHÃES

I - A fronteira - Seu conceito

A fronteira no dizer de Ratzel não é uma simples linha divi- sória senão uma ampla zona onde se concentram as forças dos estados colidentes .

O sentimento de separação inerente nos povos faz parte da personalidade de cada um e por maiores que sejam nossas dispo- sições de viver em coletividade, de dividir com nossos parentes e irmãos as propriedades de que dispomos ou usufruimos, sempre há o individual que não desejamos ver atingido; desta forma em nossa casa queremos o nosso quarto, o nosso escritório, da mesma forma que temos o nosso edifício, a nossa rua, o nosso bairro e numa escala demasiado grande chega-se ao nosso país, ao nosso mundo.

A idéia de limite faz parte da necessidade de conhecer o todo, de individualizá-lo. Assim como os objetos, assim com o território. Na Bíblia temos uma primeira notícia de limite quando o pri- meiro casal da humanidade é obrigado a deixar o Paraíso. Onde êle terminava? Onde a primeira dupla atravessava as suas fronteiras?

O estudo da evolução das fronteiras mostra-nos que elas não só foram compreendidas como uma necessidade mas que em certos momentos endeusadas, conduziram a tremendas guerras e a dis- torções que estão longe de colocar êste componente de estado dentro dos seus reais limites.

Apesar do encurtamento do mundo, da aproximação dos povos pelos novos transportes rápidos e pelos eficientes meios de comu- nicação, as fronteiras conservam seu valor; não são contudo uma limitação entre os povos, apenas uma afirmação de onde começa e onde acaba a posse de cada povo.

Surgiram como uma contingência étnica separando povos que, diferentes entre si, trataram pela separação de se defenderem ou de preservarem sua individualidade.

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I1 - História da fronteira politica

Os povos pré-históricos não conheceram naturalmente a fron- teira como a concebemos hoje em dia, apenas tinham como frontei- ra entre si um amplo espaço natural que constituía sua área de caça e pesca; outras limitações naturais encontrariam com o mar por serem inacessíveis eram considerados como deuses por êstes ou uma montanha que os separavam de outras terras; alguns até por serem inacessíveis eram considera,dos como deuses por êstes povos fetichistas ou ainda como morada dos deuses.

Se por uma lado não tinham o conhecimento da fronteira com o sentido jurídico que lhe emprestamos hoje, compreendiam por um instinto de defesa que cabia preservar seu território das investidas das tribos vizinhas.

Quando os povos por volta do IV milenário se tornam seden- tários, principalmente ao longo das bacias do Nilo e da Mesopotâ- mia, a prática da agricultura os obrigou a instituírem mais preci- samente os limites e no Egito, por exemplo, a divisão política em "spats" ou, sejam nomos, corresponde a uma primeira fronteira ou, mais precisamente a um limite separando estas unidades go- vernadas pelos MONARCAS. A própria raiz SP da palavra Spat na língua egípcia corresponde a dividir.

O estudo dos povos mediterrâneos e dos que viviam na Europa como os da Africa e Ásia e que formam o berço da civilização mostra que já se distribuíam segundo territórios mais ou menos delimitados e os acordos já fazem referências, como por exemplo o tratado de paz assinado em 580 A. C. por Ciáxeres, rei da Média e Allyates, rei da Lídia que fixou os limites entre seus reinos no curso do rio Halis, no planalto de Anatólia.

A fronteira tornava-se, contudo, mais impositiva quando cum- pria defender uma cultura contra povos cujos estágios de evolucão punham em perigo sua estabilidade.

Neste momento não só cumpre estabelecer mais precisamente a separação entre êstes povos, como fortificar a fronteira a fim de impedir a penetração do invasor.

Dois exemplos são conhecidos na história da humanidade a - êste respeito: o primeiro é o Império Romano quando enfrenta as hordas bárbaras, fortificando as linhas hidrográficas do Reno e do Danúbio, firmadas como fronteiras naturais e, portanto, capazes de barrar pela massa líquida a penetração dos germanos e outros grupos.

O outro exemplo vamos encontrá-lo na longa muralha Chinesa (2 200 km) construída pelo imperador Cheng no ano 215 A. C. para defender o povo chinês, essencialmente habitante da planície, do avanço do mongol montanhês. Ainda os romanos, não confiando

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simplesmente na geografia física como elemento estratégico in- transponível, lançam mão de muros e paliçadas (Valas da Ingla- terra, muros de Adriano) e Campos Decumatos.

Esta forma de fazer a defesa contra atacantes foi muito usual na Idade Antiga prolongando-se ainda por toda a Idade Média. Todos conhecem os exemplos dos muros de Atenas não só para defendê-la como para pô-la em contato seguro com o Pireu (muros mandados construir por Péricles) .

A concepção de fronteira modifica-se bastante na Idade Média embora sua materialização não se modifique, isto é um acidente natural. principalmente o rio ou os muros de uma cidade ou o cas- telo fortificado continue a separar o território.

A concepcão é que se torna diferente, pois tendo desaparecido o estado, instituição jurídica que comporta um território definido com capital e govêrno soberano, substituído pelo feudo que im- plicava numa relação pessoal de vassalo para suzerano, transfor- mava o território amplo, teòricamente unido em torno do suze- rano-mor, que era o rei, numa colcha de retalhos em que cada parte era um feudo a cujo senhor feudal, e não a qualquer soberania, se devia obediência.

Era principalmente nos diversos castelos que se fazia a defesa e a Espanha antes da unificação foi pontilhada por estas constru- ~ õ e s que se colocavam a cavaleiro dos vales para impedir a invasão dos reinos cristãos por parte dos muçulmanos.

A organização política européia veio a alterar-se profundamen- te quando no final da Idade Média, diversas causas históricas jo- garam por terra o feudalismo, possibilitando aos reis, com o au- xílio dos burgueses, a implantação do Estado Moderno, cuja ca- racterística maior era o absolutismo dos reis.

Na organização dêste estado figuravam como elemento de capital importância as fronteiras naturais do país, únicas ca- pazes de realmente garantirem a soberania do Estado.

Bste conceito foi usado pela primeira vez em 1659 no Tratado dos Pirineus e aplicava além do conceito clássico do limite fluvial, a nova teoria das cristas divisórias, pois a jovem cadeia pirenaica, com sucessivas cristas no sentido norte-sul do continente, prestava- -se, segundo Richelieu, admiravelmente para separar os reinos es- panhol e francês.

Após a instituicão do Estado-Moderno nos séculos XVII e XVIII não houve posteriormente grandes modificações no conceito de estado e sua organização; as modificações se operaram mais pre- cisamente nos regimes, isto é, passou-se do regime absoluto para o regime democrático, que surge na França com a Revolução Fran- cesa.

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A concepção de nacionalidade, ainda um tanto quanto per- turbada pela demasiada fidelidade à pessoa do rei (I'État c'est moi), firma-se na Idade Contemporânea onde se procura colocar as nacionalidades dentro de uma mesma fronteira.

Após as campanhas napoleônicas, operam-se diversas modifi- cações no mapa europeu. É preciso lembrar que neste meio tempo, entre os meados do século XVIII e inicio do século XIX, ocorre a Revolução Industrial que irá gerar novas forças políticas, trans- formando algumas nações em potências que, ao se expandirem para fora da Europa, criarão conflitos entre elas no próprio con- tinente europeu e nas colônias que ocuparam a Ásia e a África.

A importância da fronteira avulta nesta fase; sucedem-se as agressões, as guerras e os tratados de paz utilizarão agora melho- res conhecimentos cartográficos para fazer as delimitações. Pro- liferam então as fronteiras geométricas, especialmente nas áreas onde faltam populações e tradição histórica como nos EUA, na Austrália e na África.

I11 - Classificação de fronteiras

.As fronteiras são classificadas pelos autores especializados de formas as mais diversas conforme alguns elementos básicos. Porém eles são em geral o aspecto morfológico, isto é, que classifica as fronteiras segundo seu aspecto físico e o aspecto genético, isto é, que utiliza como elemento chave para classificação o dinamismo do povo que compõe a nação e secundàriamente o Estado, de for- ma que a existência da fronteira é uma conseqüência do núcleo geo-histórico que a transforme num orgão periférico.

A - Classificação pelos elementos físicos

1 - demarcação de uma fronteira por cadeias montanho- sas - a separação pode ser feita pela linha de águas, isto é, pelas cabeceiras dos rios ou pela linha de cristas. Exemplo: fronteiras entre Canadá e Alasca, Argentina e Chile, Espanha e França, fndia e China.

2 - demarcação de u m a fronteira por rios e lagos - em- bora seja usual a utilização do talvegue como a linha de separação entre duas soberanias, é utilizado tam- bém o recurso de considerar apenas as margens, fican- do a massa líquida como área neutra. A fronteira pelo talvegue é muito usual e praticamente todos os paises do mundo têm uma parte de sua fronteira demarcada desta forma. Exemplos: Brasil-Argentina; Alemanha- França; Tailândia-Laos; URSS-China; República Sul Africana - Rodésia do Sul.

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3 - demarcação de uma fronteira por florestas, pântanos e desertos - hoje em dia não constituem separação realmente porque linhas geométricas passam por cima dêles mas nos primórdios da civilização e n a Idade Média, quando não existia a linha de fronteira, separa- vam germanos de romanos (Floresta Negra), deserto de Sahara separando as culturas da Africa negra e branca. Os pântanos de Pripet entre Polônia e URSS, foram realmente separadores dêstes estados. Povos das savanas da Africa separados dos povos do litoral pela floresta equatorial.

4 - demarcação de uma fronteira por elementos geomé- tricos - uma linha reta ou curva, um arco de cículo, pontos, graus (latitude e longitude), são utilizados em áreas despovoadas ou como resultantes de tratados. Exemplo: Tratado de Tordesilhas (Meridiano), fron- teira ao norte da Flórida (latitude), estabelecida em 1795 entre Espanha e EUA, fronteiras dos estados do este dos EUA, da Austrália, da Argentina (linhas retas), fronteira do sudoeste de Nevada, Arkansas e Oklahoma (oblíquas), paralelo 38 (Coréia do Norte e Coréia do Sul), paralelo 17 (Vietnã do Norte e Vietnã do Sul) .

B - Classificação segundo o aspecto dinâmico

Quanto ao estágio de evolução, Jean Brunhes e C. Vallaux classificam as fronteiras em:

1 - esboçadas - são aquelas que ainda não adquiriram ca- racterísticas definitivas por lhes faltarem, de um ou de ambos lados, populações bastante cultas, ou numero- sas, que as povoem. Exemplos: fronteiras entre o Brasil norte, Peru e Colômbia.

2 - fronteiras vivas - quando são efetivamente ocupadas. Com atividades econômicas intensas ou certas rivali- des podem gerar atritos chegando à condição de fron- teira de tensão. Exemplos: fronteiras européias em geral.

3 - Fronteiras mortas - quando a área de confrontação entrou em período de desaparecimento, por ter sido, pouco a pouco, abandonada pelo povo que a tonificava. Exemplo : Império Otomano.

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J. G. Pounds em Political Geography apresenta a classifica- ção de Richard Hartshorne que é, também, uma classificação evolutiva . 1 - fronteiras antecedentes - são aquelas que precedem o

desenvolvimento dos padrões culturais. Ao se expandi- rem, as sociedades se ajustam às fronteiras, que ad- quirem assim uma sanção histórica e pragmática, Exemplo: fronteira entre Canadá e EUA e entre Ca- nadá e Alasca.

2 - fronteiras conseqüentes - são estabelecidas quando os padrões culturais já tinham sido formados e de um modo geral elas procuram limitar maiores ou menores divisões das regiões naturais e culturais. Exemplo: fronteiras da Europa, fronteira entre Paquistão e In- dostão.

fronteiras superimpostas - foram estabelecidas como fronteiras subsequentes depois de G território ter sido povoado e desenvolvido mas ao contrário das anteriores, elas ignoram completamente as características étnicas e culturais da área dividida. As fronteiras do Império Austríaco antes de 1915 pertencem a êste tipo; elas afastaram romenos da Romênia, poloneses da Polônia, sérvios da Sérvia, italianos da Itália. Muitas das fron- teiras coloniais da kfrica pertencem a êste tipo espe- cialmente as de Gana, Togo, Daomé, Nigéria e Cama- rões. Cada uma delas separa um ou mais territórios tribais. As fronteiras resultantes das linhas de trégua, estabelecidas após as hostilidades, também pertencem a esta categoria. Exemplo: fronteiras entre Holanda e Bélgica, Coréia do Norte e Coréia do Sul, Vietnã do Norte e Vietnã do Sul, fronteira em torno de Gaza e a oeste da Jordânia.

4 - fronteiras relíquias - são linhas fronteiriças que foram abandonadas por motivos históricos diversos mas que deixaram gravadas na paisagem as influências dos povos que se retiraram. Hartshorne exemplifica com a Alta Sibéria, estudando as arquiteturas das casas e dos edifícios públicos os quais diferem entre si em virtude dos períodos que estiveram sob 3 domínio germânico OU russo. Evidências de arquitetura turca nos Bálcãs e da arqui- tetura espanhola na América do Norte do sudoeste servem para mostrar que estas áreas formavam a linha avançada de uma importante política de fronteira.

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Esta presença pode não ter mais nenhuma importância como é o caso da influencia russa na Alta Sibéria mas é uma forte expressão na paisagem polonesa do oeste ainda impregnada de costumes germânicos. Segundo J. Vicens Vives ('$) as fronteiras apresentam a seguinte classificacão:

1 - Fronteiras e m formacão - são àquelas nas quais a existência de núcleos geo-históricos ativos evaluem no sentido de formar uma, só fronteira que limita uma na- cionalidade; exemplos : Alemanha, Itália e Iugoslávia costituíram estados diversos composto por uma mesma nacionalidade sendo esta rospons&vel pela formagão dos atuais estados âlemão, italiano, e iugoslavo.

2 - fronteiras estáveis - são aquelas que resistem a uma longa existência histórica; no conceito de C. Vallaux corresponde k frmteira moita. Corresponde exatamen- te as características de um núcleo geo-histórico. Exemplo : Suíca, Bélgica.

3 - fronteiras de ~egressão - correspondem às formacões políticas não estáveis. Depois de haver servido de mar- cos a um estado, se convertem em elementos de um passado que já não responde àIs exigências de novas for- mas de vida. Em geral essas fronteiras foram fruto de extensão bélica e de conquistas rnantidas pela força. Exemplo: Inipério Carolíngio, Turco, Austro-húngaro.

IV - Análise dos estudos de frnnteira

Na realidade não existem fronteiras no sentido de uma linha imutável, com características próprias e que sejam responsáveis por uma filosofia política de estado, capazes neste sentido de justi- ficar uma política de guerra.. .

A escola alemã, baseando-se nas obras de Ratzel (Bolitische Geographie) formou mestres como Waushofer que aplicou ao estudo das fronteiras um sentido de geopolitica, isto é, de justificar uma agressão de um estado contra outro no sentido de que um dêles alcançasse as suas fronteiras naturais. Haushofer em "Der Grezen" deteve-se no estudo de fronteiras culturais (idioma, direito, religião, indumentária) e defendendo tudo que fosse gerinânico chegou a defesa de "Lebensraum" (teoria do espaco vital) na qual se justi-

* J. Viceiis Vives: Tratado General de Geopolitica, pág. 178.

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ficava a agressão pela Alemanha a fim de que ela anexasse todos os territórios que significassem suas fronteiras culturais.

Para Jacques Ancel (Géographie des Frontières) não há fron- teiras naturais, nem linha fronteiriça (linha cartográfica), nem fronteira histórica no sentido ortodoxo, isto é, imutável. Para êle a "fronteira é uma isóbara política que fixa durante certo tempo equilíbrio entre duas pressões: equilíbrio de massas, equilíbrio de f Ôrças."

Chega-se à conclusão que a fronteira deve ser considerada como uma periferia de tensão cultural - tensão que pode ser cria- dora e não necessàriamente bélica, portanto agressiva.

Desta forma a verdadeira fronteira é aquela até onde chega a influência irradiante do núcleo geo-histórico, isto é, daquele primi- tivo núcleo onde se formou a nacionalidade de um povo (fle de la Cité, na França, Londres no Tâmisa, principado de Moscou etc.). Ora, neste sentido, embora permaneçam ainda hoje as fronteiras com seus marcos físicos ou cartográficos separando administrati- vamente unidades de um mesmo país ou soberania, verifica-se que a influência de cada estado vai muito mais longe, sobrepondo-se a êstes limites para entrar em confronto com outra área. Os exem- plos da vasta influência dos EUA, e da URSS são bastante claros, chegando,-se até as fronteiras ideológicas e econômicas.

Nesse sentido a fronteira ultrapassa o seu significado político para adquirir uma expressão econômica e não se torna falso falar em fronteira do dólar, da libra e talvez do rublo.

No campo cultural da mesma forma vamos encontrar a irra- diação de um núcleo central gerador. Hoje fala-se de uma cultura de civilização ocidental para se opor a uma civilização oriental.

Apelando para o conceito de fronteira como uma periferia da tensão cultural chegam os tratadistas de geografia política à con- clusão do mito das fronteiras naturais, isto é, que um acidente natural não constitui realmente uma barreira.

O mar, considerado pelos geopolíticos como a melhor barreira para a defesa do estado, tem sido atravessado nos vários períodos históricos; os romanos os atravessaram e chegaram a Zama para destruir Cartago, os aliados nas duas guerras mundiais para com- bater a Alemanha, de forma que na realidade não é o mar que é a barreira mas a potencialidade de cada estado.

Quanto ao papel isolador das montanhas, observe-se que as mesmas possuem passos que permitem sua travessia como o fizeram Anibal e Napoleão através dos Alpes; muitas vêzes diversos povos ocupam uma mesma montanha praticando nas suas encostas a transumância.

Os rios muito utilizados como fronteiras, possuem em suas margens povos que apresentam como característica serem bilín-

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gues pela necessidade de se intercomunicarem. Uma grande bacia pelos múltiplos aproveitamentos (irrigação, navegação, energia hi- dráulica e hidrelétrica) necessita de unificação e não de separação.

A vegetação exerce realmente poder separador muito mais im- portante que se lhe atribui e na Polônia houve época em que 68,4% de suas fronteiras eram feitas pela vegetação, assim como a imen- sa Floresta Negra separava os germanos dos romanos.

Finalmente nos dias atuais, principalmente após a invenção do avião e agora com os balísticos intercontinentais, qualquer fronteira é vulnerável no sentido estratégico. Não é pelo contrário o seu franqueamento que reduz um povo a derrota e temos casos recentes de povos que lutaram contra grandes potências obtendo finalmente sua independência como os argelinos e os indochineses contra a ocupação francesa.

Quando em algumas horas deixamos as terras tropicais do Rio da Janeiro para pousar no inverno novaiorquino ou parisiense, quando se fala desta cidade para os diversos pontos do muito como se falássemos para nosso vizinho, verificamos que a situação polí- tica do mundo deverá sofrer em alguns anos verdadeiras revolu- ções, pois algo mais grandioso que o isolamento dos povos se pre- para para ceder lugar a um espírito universal.

A história política tem demonstrado que não é possível pensar que a evolução se deteve em nossa era. Parece-nos que as fronteiras peimanecem ainda mais como uma forma de administração do que como de separação e uma quota importante na manutenção dêste statu que deve-se ao conceito de nacionalidade que encontra suas raízes nas diferencas étnicas, religiosas e antropológicas, for- çando os povos ainda, por tradição, a se manterem estanques quando todos fazem parte de uma mesma essência, a humana, que requisita por conseqüência substancialmente as mesmas neces- sidades.

Assim, como aprendemos hoje com certa curiosidade que os povos bárbaros não tinham território fixo ou, que o conceito de soberania não era válido para a Idade Média, o que dirá no futuro a humanidade quando nos estuda, hoje em dia divididos em es- tados separados por fronteiras?

V - Bibliografia

1 - ANCEL, Jacques 1938 "Géographie des Frontières", 209 págs., Paris Libraire Gallimard

2 - BACKEUSER, Everardo 1952 "Geopolítica Geral e do Brasil", 275 págs. - Vol. 178-179. Rio de Janeiro, Biblioteca do Exército.

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3 - BARAINE, Raymond v

1956 "Institutions Internationales - Première Année - Nouveau programme", 123 págs., Paris, Libraire Générale de Droit et Jurisprudence.

4 - GOTTMANN, Jean 1952 "La Politique des États e1 leur Géographie", 228 págs., Paris, Libraire Armand Colin.

5 - MAULL, Otto 1960 "Geografia Política", 524 págs., Barcelona Ediciones Omega.

6 - POUNDS, Normann J. G. 1963 "Political Geography", 422 págs. N. Y., Mcgraw Hill Series in Geography

7 - VIVES, J. Vicens 1950 "Tratado General de Geopolítica", 230 págs., Barcelona, Editorial Teide

8 - WHITTLESEY, Derwent 1948 "Geografia Política" 676 págs., México, Fondo de Cultura Económica.

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FRONTEIRAS DO BRASIL

Prof. J. CEZAR DE MAGALHÃES

I - O espaço nacional

1 - extensão: 8513844km2

2 - posição: centro-oriental na América do Sul N - 50 16' 19" lat. Norte - Serra

do Caburaí S - 330 45' 10'' lat. Sul - Arroio

Chuí L - 340 47' 41" lat. WGr. - Ponta

do Seixas W - 730 59' 32" long. WGr. - Serra

de Divisor

3 - Área em relacão aos grandes estados

a - URSS - 22 403 000 krn2 b - Canadá - 9 974 375 km2

c - China - 9 761 012 km2 d - Brasil - 8 513 844 km2

e - EUA - 7 827 976 km2 f - Austrália - 7 704 159 km2

Deffontaines: "O Brasil se apresenta logo à pri- meira vista como um Estado gigan- te, um verdadeiro continente, uma nação continente."

Supan : "pode realizar uma política de ex- pansão, colonizar e prosperar em paz, êle cresce por dentro".

Não tem nenhuma parte verdadeiramente anecumê- nica.

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4 - Vantagens e desvantagens da extensão territoria1

a - Vantagens

ai - variedade de quadros naturais, con- trastes humanos e econômicos

a, - possui espaço vital para uma ocupação do grande crescimento vegetativo da população

a, - do ponto de vista estratégico facilita em tempo de guerra recuo do govêrno e das forças da defesa.

b - Desvantagens

b, - difusão dos recursos aplicados pela União nas várias partes do território nacional.

b2 - diferenças econômicas nas várias re- giões: emigração das populações de certas áreas para outras.

b3 - difícil o aproveitamento das riquezas - caso da localização da Usina de Volta Redonda.

bq - dificuldades na fixação do homem - o oeste está longe dos pontos principais de escoamento da produção e dos cen- tros de intercâmbio internacional.

b5 - maiores responsabilidades do govêrno na manutenção da soberania nacional.

5 - A geografia física e humana do estado brasileiro

a - As fronteiras brasileiras separam da América do Sul um conjunto físico constituído de 3/4 dos planaltos e 1/4 de planícies - em ne- nhuma parte o relêvo é agressivo como nos Andes ou nos Alpes, não conhecemos calores de abrasar nem frios enregelantes, nem de- sertos nem chuvaradas catastróficas.

b - O Brasil é o maior pais tropical de popula- ção branca

b, - 36 milhões de brancos enfrentam a tropicalidade do país - a hostilidade do ambiente é apenas um preconceito.

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b2 - grande densidade demográfica no lito- ral e escassez no interior.

bS - é uma população escassa e heterogênea b, - concentração demográfica nas cidades b, - baixo nível da população brasileira,

áreas de fome, lamentável estado sani- tário, analfabetismo.

c - O Brasil continua a ter n a agricultura a base de sua economia - economia do tipo colo- nial - fornecedora de matérias-primas.

c, - 50% da população ativa ligada a agri- cultura, pecuária e silvicultura.

c, - produção de culturas tropicais: café, arroz, milho, cacau

c:, - cultura pela enxada c, - um dos maiores rebanhos do mundo c, - do ponto de vista industrial, problemas

no carvão, aproveitamento irrisório das reservas do minério de ferro, pequeno aproveitamento de petróleo, capitais modestos, dependência dos centros ex- ternos, falta de técnicos.

d - O Brasil dispõe de u m a rêde de transportes insuficiente

d, - 1960: 38 399 km estradas de ferro d2 - 1960: 476 938 km de rodovias

E.U.A. - ferrovia: 362 000 km. rodovia: 15 500 000 km.

d, - traçados antieconômicos, bitolas dife- rentes, aparelhamento obsoleto, rodo- vias com traçado irregular e de terra batida.

e - O Brasil por suas diferenças regionais, as- semelha-se a u m império colonial

e, - região principal, um centro vital, uma espécie de terra coração - triângulo Guanabara - Minas Gerais, São Paulo.

e2 - situações proeminente do ponto de vista político - capitais do Sudeste e isoladamente Salvador e Recife.

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e, - o restante do território assemelha-se a colônias.

e, - o maior equilíbrio econômico entre as regiões possibilitaria ao govêrno maior acêrto nos auxílios as realidades regio- nais.

I1 - As fronteiras 1 - conceito: é uma faixa e não apenas uma linha 2 - as nossas fronteiras possuem configuração homo-

gênea, isto é, as fronteiras marítimas equivalem as terrestres.

3 - quanto a extensão são contudo bem diferentes

a - terrestres: 15 719 km b - marítimas: 7 408 km c - demarcam estados de áreas desiguais -

causa ocupação demográfica diferente

c, - litoral muito dividido c, - interior - menor divisão - territórios

4 - formação histórica - conquista do espaço

a - ação diplomática

a, - tratado de Tordesilhas - antes da des- coberta

a2 - tratado de Madri u Santo ~ldefonso - após a ocupação espanhola - conse- qüência da ação dos bandeirantes. Principio do Uti-Possidetis

b - ação guerreira

bi - construção de fortes e presídios mili- tares: São Joaquim Príncipe da Beira, São José de Macapá.

b2 - defesa no litoral - expulsáo de france- ses, inglêses e holandeses.

b, - defesa no interior - luta contra os espanhóis, auxílio dos indígenas, fron- teira Sul.

c - ação missionária

cl - aldeiamentos indígenas - religião ca- tólica e defesa da terra contra os es- panhóis.

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d - acão dos desbravadores

dl - ocupacão do Acre

e - acão diplomática republicana Barão do Rio Branco

el - problemas de fronteiras com a Bolívia, Guianas Francesa e Inglêsa e territó- rio das Missões.

f - açáo de descolamentos espontâneos

f, - levas migratórias em direção as terras desocupadas da Amazônia e do oeste da Região Sul.

5 - Participacão do relêvo e da hidrografia n a delimi- tação e demarcação das fronteiras

Obs.

1 - hidrografia mais usada nas fronteiras do Sul equanto o relêvo é mais usado nos limites

2 - comentar a política do domínio da foz dos rios

3 - o limite cartográfico predomina nas áreas vazias

a - Região Norte

a, - fronteiras relêvo : divortium aquarum -

Maciço das Guianas: Brasil e Guianas, Brasil e Venezuela Serra do Dhisor:

Acre do Peru.

hich-ografia : Oiapoque : Amap$ da Guiana Francesa

Javari Ama.zonas do Peru

Abunã Acre e Amazonas do Peru

Guaporé Rondônia da Bolívia

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a, - limites: fluvial - Araguaia - Pará de Goiás Jari - Amapá do Pará.

b - Região Nordeste

b, - limites

relêvo : Mangabeiras, Tabatinga, G u r g u é i a, Marrecas (cuestas, chapadas e ser- ras), Maranhão de Goiás, Piauí da Bahia, Pernam- buco da Bahia. Serra Grande

Piauí do Ceará Ibiapaba

Piauí do Ceará Araripe

Pernambuco do Ceará Apodi

Ceará do Rio Grande do Norte

b, - fronteiras

hidrografia: Gurupi - Maranhão do Pará

Tocantis Maranhão de Goiás

Parnaíba Piauí do Maranhão

São Francisco Pernambuco da Bahia Alagoas de Sergipe

c - Região Leste

cl - limites:

reíêvo : Espigão Mestre - Bahia Bahia de Goiás

Serra do Mar São Paulo do Estado do Rio

Mantiqueira São Paulo de Minas Gerais

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c- - fronteiras:

hidrografia : Paranaíba - Minas Ge- rais de Goiás

Grande Minas de São Paulo

Garinhanha Minas de Bahia

São Francisco já citado

d - Região Sul

d, - fronteiras

reiêvo : coxilhas - Rio Grande do Sul do Uruguai

hidrografia: Paraná - Paraná do Paraguai Iguaçu Paraná da Argentina

Uruguai Rio Grande do Sul da Argentina

Jaguarão Rio Grande do Sul do Uruguai

d, - limites

relêvo : planalto sul - mineiro Minas Gerais e São Paulo

hidrografia : Uruguai e Pelotas : Rio Grande do Sul e Santa Catarina

Iguacu Santa Catarina do Paraná

Paranapanema e Ribeira Paraná de São Paulo

Grande São Paulo de Minas Gerais

Paraná Mato Grosso de Paraná e São Paulo

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e - Região Centro-Oeste

ei - fronteiras

relêvo : Serra do Arnambaí: Mato Grosso do Paraguai

hidrografia : Paraguai - Mato Grosso da Bolívia e do Paraguai

Apa - Mato Grosso do Paraguai

e, - limites

relêvo : Espigão Mestre - Goiás da Bahia

hidrografia : Paranaíba - Minas Ge- rais de Goiás Tocantins Goiás do Maranhão

Araguaia Goiás do Pará Goiás do Mato Grosso

Paraná já citado

6 - Prolongamento da soberania nacional - o mar e O ar

a - fronteira marítima: 6 milhas ir 30 km.

ai - uso de navios mercantes e de guerra ("uso inocente")

a, - mar internacional para atingir Fernan- do de Noronha, ilha de Trindade e Abrolhos

a, - ausência de disputas no Atlântico Sul entre países da África e Brasil

Obs. : decreto 28 840 de 8-11-1950 instituiu a fronteira pela plataforma continen- tal. Durante a guerra houve acordo com

países americanos, não respeitado para considerar como mar territorial uma distância de 300 km.

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b - fronteira aérea

bi - diz respeito a soberania subjacente a toda a coluna atmosférica, tendo por base a respectiva área territorial - Uso inocente do espaco aéreo.

b2 - o espaço aéreo é quase impossível de ser controlado na era dos foguetes.

7 - Ocupação das faixas de fronteira

a - a maior parte das fronteiras está em forma- ção

ai - grau enorme de desocupação a2 - principais cidades: Macapá, Boa

Vista, Pôrto Velho a, - centros de dinamizacão entre Oiapo-

que e Sul de Mato Grosso: Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. Cidade de Co- rumbá: E. F. Noroeste do Brasil, E.F. B.B.

b - maior dinamixação entre Corumbá e Jagua- rão

b, - cidades importantes: Ladário, Pôrto Murtinho, Foz do Iguaçu, São Luís Gonzaga, São Borja, Itaqui, Uruguaia- na, Quaraí, Livramento, Jaguarão - existência de estrada de ferro.

c - fronteira viva no sul

c, - ocupacão histórica - campos de gado; maior número de cidades; lado a lado

d - atividades econòmicas nas faixas de fronteira

dl - extrativismo da madeira, borracha e poaia - norte e Centro Oeste, oeste do Paraná e Santa Catarina

d2 - criação de gado - sul de Mato Grosso e Rio Grande do Sul

d, - navegabilidade e potencial hidráulico

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I11 - Conclusões

1 - há um imenso espaço por conquistar - equilibrar o Brasil Atlântico e o Brasil interior - função da nova capital - política de integração das popula- ções isoladas

2 - só a federação pode atender a imensidão geográ- fica

3 - recursos desconhecidos em proveito da população que cresce

4 - as unidades políticas não têm c mesmo poder eco- nômico

5 - talvez necessidade de uma redivisão política 6 - passar-se-á da adolescência geopolítica para o es-

tágio de grande potência 7 - o estado brasileiro é um exemplo de convivência

racial para o mundo.

IV - Bibliografia

1 - ALBUQUERQUE, Manuel Maurício de 1960 "Expansão territorial do Brasil", in "Atlas do Brasil".

2.a tiragem, págs. 3-8, Rio de Janeiro, IBGE. CNG.

2 - AZEVEDO, Aroldo e outros 1964 "Brasil - a terra e o homem - Vol. I - as bases fí-

sicas", 571 págs. São Paulo, Cia. Editora Nacional.

3 - BACKEUSER, Everardo 1952 "Geopolítica Geral e do Brasil", 275 págs. Vol. 178-179,

Rio de Janeiro, Biblioteca do Exército.

4 - BARAINE, Raymond 1956 "Institutions Internationales - Première Anée-

-nouveau programme", 123 págs., Paris, Librairie Générale de Droit et Jurisprudence.

5 - COUTO E SILVA, Golbery 1957 "Aspectos geopolíticos do Brasil", 81 págs., Rio de Ja-

neiro, Editora da Biblioteca do Exército.

6 - DIAS, Demóstenes de Oliveira 1956 "Formação territorial do Brasil", 137 págs., Rio de Ja-

neiro.

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7 - GOTTMANN, Jean 1952 "La Politique des États e1 leur géographie", 228 págs.,

Paris, Librairie Armand Colin

8 - MAGALHÁES, J. Cezar de 1958 "Algumas noções sobre geografia polítima", in Revista

Brasileira de Geografia, Ano XX, n.0 2, págs. 230-238, Rio de Janeiro, IBGE. GNG.

9 - 1963 "Organização político-administrativa brasileira", in "Boletim Geográfico", Ano XXII, n.O 176, págs. 620-631 - Rio de Janeiro, IBGE. CNG.

10 - MEIRA, Matos 1952 "Aspectos geopolíticos de nosso território", in "Bole-

tim Geográfico" Ano X, n.0 106, págs. 48-49, Rio de Janeiro. IBGE. CNG.

11 - MUSSUMECI, Victor 1963 "Organização social e política", 238 págs., Rio de Ja-

neiro, Editora do Brasil S. A.

12 - SILVA, Moacir Malheiros Fernandes 1942 "Geografia das fronteiras no Brasil", in "Revista Bra-

sileira de Geografia", Ano IV, n.0 4, Rio de Janeiro IBGE. CNG.

13 - SOUTO Mayor, Ariadne com a colaboração de J. Cezar de Ma- galhães e Manuel Maurício de Albuquerque. 1964 "Formação territorial do Brasil", in "Enciclopédia

dos Municípios Brasileiros - Conclusões geográficas Principais problemas da Geografia do Brasil", Vol. XIII págs. 19-32, Rio de Janeiro - IBGE. CNG.

14 - TAVARES, A. de Lyra 1956 "Território Nacional - soberania e domínio do Esta-

do", 262 págs., Rio de Janeiro, Biblioteca do Exército.

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PROBLEMAS DE PRESSÕES DEMOGRÁFICAS E ESPAÇOS VAZIOS

Prof. NEY STRAUCH

1 - Introdução

A arte de medir o número de pessoas é recente em grande parte do mundo. Nos tempos antigos algumas nações já o faziam, mas sòmente nos dois últimos séculos é que surgiram estatísticas satisfatórias sobre a população de grande área do globo. Ainda assim podemos considerar que tais estatísticas são incompletas para grande parte da América Latina e pràticamente inexistentes na maior parte da Ásia e da África. Atualmente, 1/4 da população do mundo não está sujeita a recenseamentos mas deve-se frisar que e m 1 800 a proporção era de 4/5.

Tais observações denotam que as avaliações relativas principal- mente aos séculos XVII e XVIII têm base especulativa, determina- das em médias de nascimentos e óbitos (índices de natalidade e mortalidade), duração média do homem em cada época e as dedu- ções aproximadas nas grandes calamidades.

Apesar das deficiências acima apontadas algumas idéias gerais podem ser explanadas com relativa segurança:

1.0 - Houve um crescimento acelerado da população mun- dial nos últimos três séculos. A partir do século XVII a média do crescimento anual foi de 5 por I 000 e au- mentou em 1900 para 8 por 1 000. Tal crescimento não deve ter ocorrido em qualquer outra época da histó- ria. Para se ter uma idéia concreta do que representa o fato, basta lembrar que considerando a média de crescimento obtida desde 1850 e aplicando-se ao início da era cristã, uma população inicial de apenas . . . . . . 10 000 000 contaria agora com mais de 50 vêzes a presente população do mundo.

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2 .O - Todas as regiões do mundo têm participado dêste cres- cimento mas êle foi particularmente marcado na Eu- ropa e Europa de além-mar, especialmente antes de 1900.

3 . O - Dêste 1900 a média de crescimento tem declinado na Europa, América do Norte e Oceania, mas na África, Ásia, América Central e do Sul tem havido forte ace- leração na média de crescimento.

As tendências atuais, se bem que passíveis de erros quando aplicadas como leis, permitem uma idéia mais ou menos lógica quanto às futuras áreas de alta densidade de população do globo, o que não deverá ser confundido como afirmação de que serão elas as futuras áreas de pressão demográfica.

Para a Terra, como um conjunto, há cêrca de 42 pessoas por milha quadrada, mas, em têrmo de terra arável, o valor sobe a 500. E óbvio, portanto, a grande desigualdade na distribuição das terras produtivas.

Os melhores dados sobre a utilização da terra, no presente, são os do Anuário da FAO, baseados em informações de 158 uni- dades políticas. Essa publicação dá um total mundial de terra ará- vel e pomares de 1230 000 000 de hectares, ou seja 8% da super- fície das terras; pastagens e campos cobrem 2 167 000 000 de hec- tares ou 15%. Em têrmos de per capita êstes valores representam 1.3 e 2.4 acres respectivamente. LAUTENSACH acredita que 18% das terras são cultivadas, o que parece valor muito alto, 29% está em florestas, 21741 são estepes e 25% são terras inúteis. Segundo PILSSON e HARPER podem ser registrados como área de culturas para, alimentos 1 520 000 000 de acres ou seja, 4% dos Continentes.

A publicacão já mencionada considera a existência de terras seu uso mas potencialmente produtivas que infelizmente não são conhecidas igualmente para todas as partes do globo. Numa primeira avaliação, deve ser da ordem de 10% em relação às terras aráveis e de pastagens atuais, grande parte delas situadas nas re- giões tropicais. A estimativa de ROBERT SALTER conclui pela existência de 900 000 000 de acres na África e América do Sul, . . 100 000 000 de acres em Madagáscai, Sumatra, Bornéo e Nova Guiné como reservas ainda potencialmente utilizáveis.

Numa populacão em crescimento haverá sempre necessidade de mais alimentos. A fonte mais fácil será o aumento do rendi- mento das terras de culturas já existentes, já que as terras econô- micamente utilizáveis em relação aos grandes centros populacio- nais parecem ter atingido um limite. Acontece que muitas áreas de produção agrícola atual estão dando sinais de intenso esgota- mento, não só nos Estados Unidos como na China. Muitos já falam na provável explora(;ão das florestas da Amazônia e do Congo.

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Conforme diz CRESSEY, geógrafo americano, "até que con- quistemos o Ártico e os Trópicos é bem possível que o mundo esteja próximo do limite de totais de acres cultiváveis". É possível que a situação já seja crítica; a população mundial cresce de 1% por ano enquanto a área cultivada está em declínio. O ponto crítico está aí: se mais alimentação é necessária não há possibilidade de extensas terras agrícolas de valor. A terra boa está praticamente toda em uso e os mapas que limitam as terras utilizáveis não podem ser estendidos muito mais.

Quanto alimento pode a terra suprir com melhoramentos ra- zoáveis?

Atualmente, metade da população do mundo vive em perma- nente estado de fome. SALTER estima que se todas as terras de cultura atuais dessem rendimentos possíveis, haveria uma pro- dução de 2070 além dos atuais, mas o custo em dinheiro seria enor- me. Além disso, se há 1 000 000 000 avaliáveis em potencial nos tró- picos e 300 000 000 de acres de solos frios provàvelmente prestáveis a agricultura então o mundo pode dobrar a sua produção de ce- reais, triplicar seu suprimento de frutas e vegetais e aumentar 50% do seu suprimento de carne.

A população atual do mundo excede 3 bilhões. O máximo de população que a Terra poderá suportar depende do padrão de vida e outros fatores imprevisíveis. Os dados de SALTER, do máximo de suprimento de alimentação, indicam possível duplicação da popu- lação; FAWCET sugere quase 3 vêzes a presente, isto é, 7 ou 8 bilhões.

Ao que parece, dentro dos padrões atuais, as possibilidades de produzir alimentos permitirão a existência da população que deverá ter a Terra no fim dêste século.

Infelizmente, as áreas onde a produção pode ser aumentada não correspondem as áreas presentes de excesso de população.

"13 duvidoso se nós podemos cultivar logo as bacias do Amazo- nas e Congo ou o norte do Canadá e Sibéria, mas se nós pudermos, as áreas superpovoadas da China, Índia e Europa deverão ter aces- so a essas fontes de alimento." (GEORGE CRESSEY).

2 - Pressões Demográficas e Vaxios Demográficos

2 . 1 - A relatividade dos conceitos

Para os objetivos de nossa aula, a compreensão dos dois con- ceitos que exprimem situações extremas é considerada de impor- tância primordial. O primeiro fato, pressão demográfica, reflete uma conseqüência do excesso de população ou superpopulação em determinada área; o segundo, nada t e m de dinâmico. Quando ca- racterizado é apenas a constatação de um território ou região que

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apresenta população muito reduzida em comparação as possibilida- des que oferece. Os dois fatos, existência de pressões demográficas de um lado e regiões potencialmente ocupáveis de outro parecem se completar numa sequência lógica de raciocínio. E quanto maior fôr a pressão demográfica, mais cobiçados serão os vazios demo- gráficos.

Confessamos de antemão uma dúvida. É possível constatar a existência de pressões demográficas mas talvez incorrêssemos em êrro se tentássemos especular em torno do seu processo. Existe pressão demográfica quando se evidencia um excesso de população em relação cis disponibilidades de recursos mínimos e oportunida- des de alcançar meios de subsistência numa determinada região e por período de tempo relativamente longo. Desta conceituação estão eliminados os casos de crises econômicas que redundem em desemprêgo por tempo limitado ou períodos de insuficiência resul- tantes de calamidades imprevisíveis. Da mesma forma a pressão demográfica só pode ser caracterizada em períodos históricos li- mitados já que a evolução da tecnologia em todos os campos da ati- vidade huma.,a tem modificado substancialmente os padrões de sobrevivência dos povos: O que hoje é considerado como excesso de população certamente não o será em futuro não muito distante. Nota-se, pois, o perigo de cometer erros grosseiros se desejamos es- tabelecer valores para determinar quando e onde ocorrerão pres- sões demográficas. Êste não é um fato quantitativo de forma abso- luta mas um conceito qualitativo onde são considerados, de um lado, as qualidades humanas, suas possibilidades de produzir em função de atitudes e habilidades (aspectos culturais) e de outro lado a capacidade do meio natural que pode ser bastante modifi- cado pela atuação do homem. Os primitivos indígenas habitantes das "prairies" da América do Norte sofreram o fenômeno da pressão demográfica quando se deu a destruição indiscriminada dos búfalos e eram apenas alguns milhares de indivíduos. Hoje, com a técnica da agricultura racional esta mesma região alimenta milhões de pessoas daquele país e do exterior e são consideráveis as possibili- dades de desenvolvimento da sua capacidade de produção agrícola.

Esta idéia da relação entre o homem e a terra veio modificar profundamente o conceito de superpopulação. Segundo ela, uma alta densidade pode indicar superpopulação mas mesmo uma re- gião de baixa densidade de população pode ser superpovoada. Existem áreas densamente povoadas onde as populações vivem sob constante pressão demográfica como é o exemplo da região do arroz do SE da Ásia, assim como podem ser prósperas e com alto padrão de vida como no NE dos Estados Unidos e certas regiões industriais da Europa. Da mesma forma, áreas de população rarefeita podem- -se apresentar com baixíssimos padrões de vida como os encon-

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tramos generalizadamente no interior do Brasil ou com um elevado "standard", no caso, os exemplos da Suécia e da Austrália.

Outro aspecto a ser considerado e que não tem qualquer sig- nificação num mapa de densidade de população é o conceito de capacidade interna e externa. O primeiro representa-se pela ava- liação dos recursos da terra na região ou país e muda de tempos em tempos. O conceito de capacidade externa está relacionado ao complexo sistema de trocas. A Inglaterra é um interessante exem- plo do país que firmou a sua capacidade externa em terras dis- tantes. Apenas 30% do consumo da ilha inglêsa são produzidos na própria ilha. A diminuição de seus mercados seria um fator básico para o aparecimento da pressão demográfica.

A Holanda, antes da perda da Indonésia, possuía uma capaci- dade física interna estimada para 120 habitantes por milha qua- drada, enquanto a densidade era de 540 habitantes. Não ocorria entretanto o fenômeno de pressão demográfica em virtude da sua capacidade externa baseada principalmente na Indonésia. A perda daquela colônia deu como resultado a quebra do equilíbrio antes existente, manifestando-se, de imediato, excesso de população.

\Com estas considerações é fácil de concluir que o número de habitantes e a relação com o número de quilômetros quadrados perde muito do seu significado. Atualmente, uma região só pode ser considerada superpovoada se a capacidade interna e externa é inadequada para satisfazer as necessidades da população ali ra- dicada. Pela mesma razão seria precipitado concluir que uma região é um vazio demográfico porque as densidades aí registradas são baixas.

2 .2 - Areas de ocorrência de Pressões demográficas e Vazios demográficos.

Com relação ao primeiro dos fenômenos, Pressões demográfi- cas, relatórios de órgãos internacionais, particularmente da ONU e da FAO permitem estabelecer suas áreas de ocorrência na atuali- dade e algumas previsões de valor relativo para o futuro.

Uma vista geral sobre o mapa da populaçâo no globo mostra- ria de imediato e desigualdade da sua distribuição. Para caracteri- zá-la basta que se diga que aproximadamente a metade da popu- lação da terra se concentra em apenas 5 das áreas continentais e, contrastando com isso 57% das áreas continentais contêm menos de 5 % da população mundial.

A forma comum para descrever os padrões mundiais de dis- tribuição da população procura identificar três tipos:

a) - as grandes áreas de concentração; b) - as áreas menores de concentração; e c) - os grandes espaços relativamente vazios.

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FAWCETT identificou quatro áreas principais de concentração de população: - Extremo Oriente, Índia, Europa e o leste da Amé- rica do Norte.

PRESTON JAMES reconhece duas principais áreas de concen- tração: a) - o Sudeste da Ásia onde metade da população mundial está tempestuosamente amontoada em menos de 1/10 da área habitável da terra; e b) - a Europa, onde aproximadamente 1/5 da população global ocupa menos de 1/20 da área de terras habi- táveis.

ERICH ZIMMERMANN identifica três centros principais de concentração: a) - o sudeste da Ásia - China, Índia, Japão, Coréia e Java; b) - as áreas industrializadas do oeste e centro da Europa - Bélgica, Países Baixos, Grã-Bretanha e Alemanha e ainda partes da França, Tchecoslováquia e Itália; e c) - as áreas industriais do NE dos Estados Unidos.

Segundo êle há diferenças fundamentais entre êsses centros que explicam a existência dos excessos de população. Assim é que os centros de concentração demográfica do Sudeste da Ásia coin- cidem com a faixa de monções, zona de abundante alimentação por acre, mas de absoluta falta de energia inanimada. Enquanto isso, na Europa e no Nordeste e Leste dos Estados Unidos a presença de fontes de energia, carvão, petróleo e força hidráulica permitiu o aparecimento do "Robot" que na multiplicação do trabalho e da produção anula, em parte, os efeitos da concentração demográfica,

Assim, para aquêle autor, a diferença entre a Europa e a Amé- rica do Norte é uma questão de grau enquanto entre o Leste e o Oeste a diferença é de espécie, marcada pelo uso ou não da energia inanimada.

Entre as áreas menores de concentração que possam interessar a êste capítulo deve-se considerar o leste europeu e parte do Me- diterrâneo, a planície e delta do Nilo, a costa da Guiné na África, a população agrupada do sudeste da Austrália, os agrupamentos da América Central e o sudeste da América do Sul.

A visão global da distribuição da população e particularmente das áreas de concentração é, ainda, excessivamente complexa. Con- quanto caracterizada por um considerável grau de estabilidade no seu conjunto tem sido frequentemente modificada em seus detalhes e em dado período de tempo podem suceder mudanças de importân- cia considerável.

Os fatores que determinam os padrões de distribuição da po- pulação e conseqüentemente do aparecimento da áreas de pressão demográfica são complexos e variados. Não poderíamos tratá-los aqui. Basta que se lembre que três são realmente capitais: os fatô- res geográficos (clima, relêvo, solo, outros recursos físicos e as re-

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lações de espaço); os fatores culturais, incluindo as atitudes e as habilidades do povo, suas atividades econômicas e técnicas e sua forma de organização social; e, os fatdres demográficos, conside- rando principalmente as diferenças das médias de nascimentos e óbitos entre as várias áreas e ainda as correntes migratórias.

Considerando apenas o futuro imediato tentaremos analisar as áreas de alta densidade de população que apresentam ou poderão apresentar, dentro dos prazos críticos, fenômenos de pressão de- mográfica.

Entre as regiões do globo que se destacam pelo alto índice de fertilidade de seu povo está a Ásia. Até o fim do século passado o grau de natalidade elevado era em parte compensado por altos va- lores na mortalidade. Em que pêse as deficiências que se acumulam nos países asiáticos, a média de óbitos vem-se reduzindo paulati- namente, enquanto a natalidade permanece elevada e em certos países até em crescimento.

Um estudo recente das Nações Unidas para o conjunto de regiões compreendidas, pela África, Oriente próximo, Ásia-Central e Extremo Oriente, excetuando o Japão, estabelece que a média do crescimento da população para o período de 1950-1980 não ex- cederá a 1,3C/o por ano nem será inferior a 0,770. Se a populaçãa destas regiões crescer nestas médias aumentará de 1 387 milhões em 1950 para entre 1710 milhões e 2 043 milhões em 1960. O valor mais alto deriva das reduções crescentes na média da mor- talidade e pequenas mudanças na de nascimentos; o valor mais baixo foi baseado na manutenção na atual média de mortalidade e nenhuma mudança na de natalidade.

A falta de valores adequados concernentes a população da China coloca a dúvida sobre todas as estimativas da população na Ásia em geral nos tempos atuais. As estimativas recentes referentes a China variam largamente em parte pela variedade de definições sobre os limites do país. WILLCOX estimou-a, em 1937 em 350 bilhões para as 18 províncias. A Liga das Nações deu uma estima- tiva de 450 milhões para toda a China em 1933 enquanto TACHEN, em 1946, na base de censos e investigações, considerou uma redu- ção para 400 milhões em vista de fomes generalizadas, pesadas perdas de guerra e distúrbios internos.

A mais recente estimativa, de o,utubro de 1950, dá a popula- ção chinesa de 475 milhões de habitantes.

Ainda que o índice de mortalidade, particularmente nas áreas já saturadas, continue dos mais elevados de toda a Ásia o cres- cimento da população chinesa é mais ou menos constante e é de esperar para 1980 não menos de 550 milhões de habitantes.

O crescimento da população na moderna Índia, em contraste com a China, mostra uma tendência gradual para crescer acelera-

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damente por um longo período. De 1650 a 1871 a média de cresci- mento anual foi de 3,5 por mil. Daí até 1921 esta média se elevou a 8 por mil e no período de 1921-1941 atingiu o valor médio anual de 12 por mil. Assim é que as avaliações para o futuro situam a Índia, juntamente com o Paquistão em situação ímpar no que diz respeito a população. DAVIS predisse 550 milhões em 1970 e 790 milhões no ano 2000. O maior aumento foi predito por HILL que considera provável uma população de 650 milhões em 1970. Deve-se considerar que tais estimativas não levam em conta a possibili- dade de novas calamidades como a fome e as epidemias.

Valores semelhantes e superiores são registrados para as de- mais áreas do continente asiático. No Japão a população cresceu de 56 milhões em 1920 para 73 milhões em 1940, refletindo um cres- cimento médio anual de 15,3 por mil. Não foram incluídos aí os milhões de famílias que foram "emigradas" para os territórios do império em formação. Os mesmos padrões de alta média de nasci- mento e queda nas médias de óbitos, com a conseqüente elevação dos índices de aumento natural, são encontrados também nas de- mais áreas do Sul e Leste da Ásia tais como no Ceilão, onde a po- pulação multiplicou, entre 1871 e 1948; na Malaia, onde a média de crescimento natural nos últimos anos tem sido da ordem de 24 por mil e nas Filipinas, Tailândia e Coréia, de 20 por mil.

Numa visão geral, pode-se considerar que a Ásia não soviética teve um aumento de aproximadamente cinco vêzes a população existente há 300 anos atrás. O crescimento dêstes três últimos sé- culos parece ter sido mais rápido do que foi o do milênio prece- dente.

O que isto representa para os povos asiáticos? Os estudos realizados pela FAO em 1950 assinalavam que a

Ásia continental tinha atingido praticamente o limite máximo de utilização das terras agrícolas assim mesmo aceitando o baixo padrão de vida das áreas de concentração demográfica. Uma idéia comparativa pode ser aqui considerada. Segundo avaliação de PEARSON e HARPER, nas condições atuais da técnica da produção de alimentos, se todo o m u n d o vivesse n o padrão de vida dos asiáti- cos a presente produqão mundial poderia suportar aproximada- mente 3 bilhões de pesssoas. Se todo mundo tivesse os padrões ali- mentares da Europa haveria alimentos apenas para a presente po- pulaçáo do Globo, enquanto nos padrões da América do Norte

. poderiam ser alimentados menos de 1 bilhão de pessoas, ou seja ape- nas 40 % da população atuaí.

Mesmo considerando a possibilidade de que algumas regiões como as planícies da Índia e os vales do rio Vermelho e Yang Tsee Kiang na China venham a obter rendimentos maiores do que os já existentes, dos mais altos do mundo, o crescimento da população

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que é esperado aí será sempre de tal ordem que se agravará a pressão demográfica já existente. Os 100 milhões de acres possíveis ainda de serem utilizados nas áreas de Madagáscar, Sumatra, Bornéo e Nova Guiné poderão suportar mais 40 milhões o que pro- vavelmente será coberto pelas suas próprias populações em cresci- mento.

Os técnicos da FAO deixam antever, mesmo nas áreas tropi- cais, um possível aumento de rendimento por acre até chegar ao limite de um habitante por acre. Apesar disso o sudeste da Ásia permaneceria com fortes pressões demográficas. As possibilidades de industrialização na China e Índia a fim de ampliarem sua ca- pacidade externa não parecem distantes principalmente na pri- meira, mas dificilmente seus resultados far-se-ão sentir antes de 1980.

Muitos países da Europa são tidos nos tempos modernos como regiões de permanente pressão demográfica. Realmente, alguns dêles o foram como a Inglaterra, a Irlanda, a Alemanha, a Itália e alguns países escandinavos e não fora assim não teriam êles dado ao Novo Mundo cêrca de 60 milhões em pouco mais de um século.

Com excessão da Irlanda, da Itália e Portugual, que possivel- mente continuarão sendo países emigrantistas, não pròpriamente em virtude de pressões demográficas mas pela existência de ele- mentos menos capacitados técnicamente para a concorrência as fontes de trabalho, os demais países parecem ter atingido os seus ''ótimos de população". Tal situação parece ter sido atingida pela estabilização no crescimento da população através da baixa ferti- lidade e mortalidade. O crescimento natural na Europa assim como no Norte da América e domínios britânicos na Oceania será pro- vavelmente bem mais baixo na segunda metade do século XX do que foi nos primeiros cinquenta anos. Para alguns países como a França parece que sòmente a imigração é a perspectiva consi- derada para aumentar a população do país.

Da mesma forma, para países como a Inglaterra, a Bélgica, a Alemanha e o grupo escandinavo foram assinaladas pequenas diminuições na população a partir de 1940 e 1950 resultado do ín- dice de natalidade mais baixo do que o de mortalidade. Para o con- junto de nações do Norte, Oeste e centro da Europa apenas os Países Baixos apresentam regular crescimento de população se- gundo as perspectivas estabelecidas por NOTESTEYN, mas a ten- dência atual é a de cessar o crescimento por volta de 1970. O au- mento da população da Itália será da ordem de 12 milhões.

O período de guerra e pós-guerra determinou nos países euro- peus em geral, e nos beligerantes em particular, um súbito au- mento das taxas de natalidade o que parecia destruir as proje- ções cuidadosamente estabelecidas. Já em 1950, entretanto, essas taxas decaíam para se aproximar novamente dos valores normais.

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nando pressões. Por outro lado, no Novo Mundo, a terra era gra- tuita ou de baixo custo para imigrantes e grandes as oportunida- des de emprêgo com bons salários para os trabalhadores urbanos. A expansão da indústria européia estabeleceu um crescente mercado para as matérias-primas produzidas além-oceano e isto estimulou uma crescente demanda de mão-de-obra nos países de imigração. Os incentivos a migração cresceram com o desenvolvimento dos meios de transportes. O número, tamanho e velocidade dos transa- tlânticos foi enormemente aumentado; novas estradas e ferrovias traziam os emigrantes do interior da Europa para os portos e os transportavam dos pontos de desembarque para o interior dos ter- ritórios em fase de povoamento e colonização.

3 . 2 - Pressão Política como conseqüência de Pressão Demo- gráfica

O exemplo mais gritante que se conhece faz parte da história do Fascismo. A Itália, quando Miissolini sonhava no restabeleci- mento do Império Romano aliou êsse objetivo político a uma situa- ção de fato. O país era enfraquecido pela enorme pressão demográ- fica existente e o meio normal para reduzi-la, a emigração, era proibida pelo Govêrno que visava então a não sacrificar o potencial humano para a guerra já planejada. Através de medidas prepa- ratórias com o fim de criar o estado de tensões com a Abissínia estabeleceu-se a situação desejada e aquêle país africano foi in- vadido e ocupado após heróica resistência. Mussolini estabeleceu então um plano de colonização daquelas terras, particularmente do seu trecho setentrional, constuindo uma estrada de ferro de Djibouti a Adis Abeba e iniciando o povoamento da região com ita- lianos que representavam excesso de população na península.

Também na Alemanha durante o Nazismo, a possível existên- cia da pressão demográfica no país foi utilizada como arma de pro- paganda de Hitler. As ameaças em nome do "espaço vital" não foram de certo ainda esquecidas.

Devem ainda ser lembrados os casos do Japão e da Palestina, por todos conhecidos.

3 . 3 - Pressão Demográfica e a atuação de Organixações In- ternacionais.

Os períodos de após a guerra determinam sempre pressões de- mográficas de maior ou menor durasão. A Europa, campo princi- pal das últimas grandes guerras, apresenta os mais típicos exem- plos. Tais situações de desequilíbrio procuram ser solucionadas através de órgãos especiais, tais como os Comitês Internacionais de Emigracão .

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Preferimos entretanto particularizar um exemplo que interes- sou ao Brasil e ficou conhecido como o Caso dos Assirios.

O fato passou-se em 1933 e teve ampla repercussão na época. Tratava-se de fazer emigrar para o Brasil, por decisão da Liga das Nações, e interêsse da Inglaterra, 14 000 assírios de origem ar- mênica. Eram êles constituídos de tribos nômades, saqueadores que pelo mal comportamento tinham sido deportados do Iraque. A Inglaterra exercia mandato sobre o Iraque mas não desejava os bandoleiros em seus territórios coloniais. Daí o ajuste feito com a Liga das Nações que os apresentou ao mundo como grupos exceden- tes de agricultores e criadores, solicitando ao Brasil que os rece- besse na qualidade de imigrantes, correndo parte das despesas de transportes e localização no norte do Paraná por conta das nossas autoridades. O "negócio" quase chegou a se concretizar não fossem os estudos realizados por membros de nosso Parlamento e, depois, pelo Itamarati, o que determinou o recuo do Poder Executido, já então esclarecido sobre o assunto.

5 - Conclusões

a) - O desequilibrio entre a crescente população do globo e as possibilidades de ampliar as áreas de produção de alimentos faz antever, para o futuro, pressões demográficas de grande am- plitude.

b) - A complexidade dos fatores que atuam no processo de relações do homem com a terra não permite uma indicação segura sobre as áreas de pressões demográficas em potencial.

c) - Nos tempos atuais as pressões demográficas identificadas são as do Sul e Sudeste da Asia, fndia e China e América Central.

d) - O Brasil, possuidor de vazios demográficos relativos deve estabelecer um povoamento pelo menos pioneiro nestas regiões com elementos nacionais. Uma política de esclarecimento deve-nos mostrar, em seus relatórios técnicos à ONU, UNESCO, FAO etc., que já sofremos pressões demográficas regionais (zona da mata do Nordeste) e que o índice de crescimento da população brasileira ao lado da tecnologia pouco desenvolvida tornará essas áreas abso- lutamente necessárias, ao país, em futuro próximo.

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GEOGRAFIA E PLANEJAMENTO

Prof. PEDRO P I N C ~ W GEIQER

1 - Qualquer bom trabalho de Geografia que conduza ao co= nhecimento dos espaços geográficos e de seus processas de ela- boração, serve ao planejamento uma vez que êste objetiva a vaio- rização de características do espaço e sua reorganização.

Até há pouco, as ciências ecopômicas e sociais se concentravam no estudo da estruturação vertical dos fenômenos, mas, atualmente também a estruturação horizontal, isto é, a localização e &nsão ganham importância. A regionalização passou a ser um tema que estreita as relações da Geografia com as outras ciências sociais.

2 - a) Dis O Prof. BERNARD KAYSER que a Geografia par- ticipa no planejamento segundo três óticas:

a) - o meio; b) - as localizações; C) - as situações.

O geógrafo é capaz de estudar o meio no qual o homem evolui, considerando as condições naturais e históricas, o geógrafo localiza os diversos fenômenos observados, dá a sua extensão e distribuição; finalmente, o geógrafo descreve as formas de utilização dos espaços pelo homem, sua organização, como resultantes de combinações, originais para cada caso, de fatares e condições. Da convergência dos fenômenos naturais, sociais, econômicos, políticos, históricos, da ação de suas forças interdependentes, resultam situaçóes es- pecificas que caracterizam espaços diferenciados e regiW:Cabe ao geógrafo indicar o valor hierárquico das forças em ação e a dinâmica que o espaço ou região considerada possuem.

b) - Alguns trabalhos geográficos, ou de ciências do sistema geográfico, ou, segundo outros, de ciências afins à Geografia, se dedicam a aspectos do "meio" ou a "localização" de fenômenos. Por exemplo, estudos geomorfológicos ou climáticos, de localizhição in-

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dustrial ou de jazidas minerais. Tais trabalhos podem servir de documentos'para o planejamento e alcançar eventualmente grande valia em planejamentos setoriais ou físicos. No entanto, os estudos pròpriamente geográficos dão ênfase ao exame das "situa- ções" e ao fazê-lo, abordam também obrigatòriamente,, o "meio" e as "localizações". estes terão um valor mais profundo para o plane- jamento .

3 - A Geografia como ciência regional, ao descrever a orga- nização regional de um país, fornece elementos para o xplaneja- mento global, nacional que visa ao desenvolvimento equilibrado das diversas partes do território nacional. O geógrafo surge então como "o filósofo do espaço" (Kayser) .

No interior de um país as regiões são partes vivas de um todo. O desenvolvimento no interior de cada região vai influir no proces- so geral do país e o desenvolvimento do país no seu conjunto influi na evolução regional. Assim, para o planejamento, o estudo regional deve atender aos seguintes objetivos e servir para os seguintes fins :

a) - Definição das regiões existentes, sua caracterização, descrição de sua vida interna e de suas relações com a vida do país; indicação das tendências dinâmicas das regiões, seus potenciais, forças de expansão, freios e pontos de estrangulamento. O plane- jamento atende ao desenvolvimento interno das regiões, forpecendo estímulos as forças de expansão, ou, freiando tais forças quando levam a crescimentos exagerados, prejudiciais ao conjunto do país; atua sobre elementos de freiagem da vida regional, ou introduz novos elementos de ativação da vida regional. ale deve atender, pois, ao tipo de região que está tratando.

Uma das formas da atuação do planejamento reside em criar condições de evolução de uma região de tipo menos evoluído por outro, mais evoluído. Quando já existe rêde urbana de relativa im- portância, isto se faz pela consolidação de centros de polarização já existentes, transformados em pólos de crescimento.

Noutras regiões, onde a polarização praticamente não existe ou é muito fraca, cria-se uma nova cidade para servir de centro de polarização ou de pólo de crescimento. Daí se conclui a impor- tância dos estudos geográficos dos arcabouços urbanos dos países. Nas regiões organizadas é o planejamento fisico e o arrumamento do espaço que ganham muitas vêzes importância fundamental para o bem-estar das populações que lá se enccntram. Nas regiões já de- senvolvidas, a política de descentralização dos pólos de crescimento já eongestinonados leva a formação de novos núcleos, saté:ites in- dustriais, residenciais e outros.

b) - Utilização do conhecimento das carackrístcas regionais no traçado da política geral econômica, no que diz respeito aos pro-

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blemas setorais, particularmente os locacionais. A escolha de posi- ções e sítios para os empreendimentos industriais, agrícolas, ou de setor terciário,, se fundamentam em características geográficas. Para êste trabalho são de grande valia a descriqão de espaços homo- gêneos e polarizados.

c) - Uma política locacional planejada repercute no desen- volvimento da vida regional; tanto pode ativar a dinâmica regional, simplesmente, como pode ser fator de criação de novos espaços di- ferenciados que podem evoluir para regiões. Não terá sido êsse o processo da evolução da região de Belo Horizonte? Além desta in- fluência indireta, é possível seguir uma política deliberada de or- ganização de vida regional em certas áreas. O estudo dos espaços homogêneos e polarizados pela Geografia permite fornecer elemen- tos para a fixação de regiões-programa, áreas de implantação de planejamento integrado. A escolha de regiões-programa deve re- sultar de um confronto entre os objetivos específicos do planeja- mento econômico geral e as condições geográficas do território.

4 - O trabalho contínuo dos geógrafos se constitui numa con- tribuição voluntária para o planejamento. No entanto, é cada vez mais frequente a solicitação expressa do trabalho do geógrafo para programas específicos de planejamento. Neste caso, as posicões as- sumidas pela Geografia podem ser as seguintes:

a) - Os responsáveis pelo planejamento já consideram a Geografia relativamente importante, mas ainda a subestimam ou desconhecem seu conteúdo completo. Isto se traduz numa atitude que é a de pedir a Geografia que apenas participe através da des- crição do "meio" e de trabalhos de "localização". Desconhece-se seu labor fecundo de descrever "situações", cu então se atribui a esta atividade, uma pretensão do geógrafo em prever, substituir outros especialistas. Isto não passa de uma incompreensão, tanto em relação ao trabalho de geógrafo como ao dos outros especialis- tas. No entanto não deixar de ser verdade que, quando o geógrafo não compreende bem o sentido da descrição de "situaçóes", real- mente acaba invadindo o terreno de outras ciências.

Se o geógrafo perceber que existe incompreensáo e que a sua participacão em trabalho de tal natureza poderá servir como um meio de esclarecimento e de conquista de posicão, justifica-se a aceitação de tal tipo de trabalho. Ele procurará valorizar seu tra- balho e tentará aproveitar as oportunidades para demonstrar tam- bém o papel que a Geografia pode desempenhar como ciência de "situaçóes".

b) - É dada ao geógrafo a oportunidade de êle mesmo traçar a sua contribuição ao planejamento. O ideal seria, pois, a realiza- ção do trabalho segundo as três óticas mencionadas. No entanto o comum no Brasil é que seja o prazo fixado relativamente curto e

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que 0 técnico descanse para os trabalhos de "localização", uma vez que 0s estudos que exprimem a "situação", mais complexos, exigem mais pesquisas e mais tempo.

c) - Há casos em que os geógrafos se incumbem de fazer de seu trabalho não sòmente o diagnóstico de uma área ou região, como também a indicação da prognose ou da direção geral do pla- nejamento. Quer-nos parecer que nem sempre a contribuição da geografia pròpriamente dita, descrevendo "situações", consegue completar o trabalho da diagnose que muitas vêzes envolve com- plexos problemas da estruturação vertical dos mecanismos econô- micos, sociais e políticos. A diagnose pode resultar de um trabalho de equipe, interdisciplinar, quanto mais, a prognose. A verdade é que a apreensão conipleta de uma "situação" é por demais compie- xa, principalmente, quanto mais complexa for a região e não h& porque não atingir todos os seus aspectos através da cooperac~o interdisciplinar .

5 - Isto nos leva ao problema dos limites da Geografia no planejamento e da responsabilidade do geógrafo.

No reconhecimento do espaço objeto do planejamento, a Geo- grafia tem seu campo específico e sua tarefa é descrever a orga- nização dêsse espaco. Um bom trabalho geográfico pode atingir a diagnose, isto é, apontar os problemas sócio-econômicos daquele espaço em relação ao desenvolvimento geral da unidade política a que êle pertence. Já foi dito que a diagnose pode resultar de trabalho interdisciplinar .

Dependendo da experiência do geógrafo, e dos outros técnicos e do tipo do planejamento aquêle poderá ter papel maior ou menor, inclusive liderando a equipe interdisciplinar. Realizado o estudo geográfico de uma área, o geógrafo sentirá o quanto atingiu no conhecimento daquela unidade; a validade de uma opinião sua, sobre o que se pode fazer no planejamento, dependerá da profundi- dade alcançada e de sua capacidade intelectual geral, de seus co- nhecimentos da vida sócio-econômica do país. O que não deve é achar que, pelo fato de fazer Geografia, está automàticamente ha- bilitado a indicar certo os caminhos do planejamento.

O trabalho geográfico é contínuo e o exame das tranforma- ções do espaço, inclusive sob os efeitos de planejamentos, conlerc- -lhe um papel permanente, inclusive .ia conceituação do planeja- mento .

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TRABALHOS PRÁTICOS

O Relêvo do Mundo - Prof." Maria Francisca Thereza Cardoso

Os minerais da Região Nordeste e sua importância n a Economia do Brasil - Prof. Antônio Teixeira Guerra

Costrução e Interpretação de gráficos econômicos - Prof. Ângelo Dias Maciel.

Leitura de Cartas - Prof. Antônio Teixeira Guerra

Utilixação de Fotografias aéreas n a Geografia - Prof. Carlos de Castro Botelho

Utilixação de cartazes no ensino da Geografia - Prof. Francisco Barboza Leite.

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O RELÊVO DO MUNDO

I - Características gerais do relêvo do mundo

1 - As desigualdades da superfície da litosfera constituem o re- lêvo terrestre, que é o traço mais sensível da paisagem e aquêle que lhe dá maior variedade.

2 - Como as maiores depressões da Terra estão cobertas pelos oceanos, é o nível médio do mar que se toma como base para classificação do relêvo, em positivo e negativo.

3 - O relêvo apresenta grandes contrastes em suas paisagens, o que se pode observar no mapa de relêvo do mundo. Se 14(/0 das terras do globo ultrapassam 2000 m, 25% estão situadas abaixo de 200 m. Ao lado de superfícies baixas ligeiramente onduladas, situa- das quase sempre a margem dos mares e lagos, as planícies, outras superfícies planas, surgem cm altitude mais elevadas - os planaltos. Os rios, percorrendo êstes últimos constróem vales profundos, permanecendo, no entanto, planos - os in- terflúvios. Os planaltos, pela altitude em que se encontram, diferem bastante entre si. Alguns são muito elevados como o do Tibé, na Ásia, que se eleva a 5 000 m. Outros vão-se des- tacar por serem muito extensos. A África quase toda pode ser considerada como um planalto. Outras paisagens enriquecem a variedade do relêvo terrestre. Com suas formas ligeiramente arredondadas, suaves e de fraca altitude, as colinas diferem totalmente das paisagens montanhosas. As montanhas oferecem sempre contrastes impressionantes entre os cumes denteados, cobertos de neve e de gêlo e os va- les encaixados com fortes declives. Mas, estas mesmas mon- tanhas podem aparecer sob a forma de cadeias e alongadas

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como os Pirineus, Alpes e as Rochosas, ou surgir como blocos compactos, os maciços.

4 - Além de paisagens diversificadas, o relêvo apresenta grandes desníveis. Ao lado de altitudes majestosas são encontradas também depressões consideráveis. Vejamos alguns exemplos: Na Ásia, 70 cumes do Himalaia ultrapassam 7 300 m, sendo que dêstes, 12 conseguem atingir altitudes superiores a 8 000 metros. Na América, o Aconcágua ultrapassa de muito 6 500 m, o Kilimandjaro, na África, 5 800 e o Monte Branco, pico culminante da Europa apresenta 4 807 m. Ao lado destas elevações surgem regiões situadas abaixo do nível do mar. O mar Morto, na Palestina, encontra-se a 397 metros abaixo do nível do mar Mediterrâneo, o mar Cáspio a 26m abaixo do mar Negro e o vale da Morte, nos Estados Unidos, a 82 m abaixo do nível do mar.

5 - Bste relêvo que nos inipressiona em seus contrastes, quando comparado a massa do globo terrestre tem a sua importância bastante diminuída. Assim, nivelendo-se os continentes e re- partido-se uniformemente sobre toda a sua extensão os ma- teriais que formam as saliências, as terras emersas se eleva- riam a 720 m apenas acima do nível dos mares. Em compensa- ção, nos oceanos, os fundos que ultrapassam a 5 000 metros ocupam mais de 1/4 do solo submarino. Se igualássemos o fundo dos mares de maneira a dar uma profundidade unifor- me, esta seria de 3 800 m. Entre o pico mais elevado do globo e a fossa mais profunda dos oceanos tem-se um desnível de 10 km, ou seja 1/300 do raio terrestre. Isto quer dizer que sobre um globo de 1 m de diâmetro o Everest terá menos de 1,5 mm e a fossa mais profunda menos de 2 mm. Em relação a massa total do globo terrestre, os relevos da litosfera têm menos importância que as rugosidades da casca de uma laranja em relacáo à fruta.

I1 - A estrutura do Relêvo

asse conjunto de rwntrâncias e saliências da crosta terrestre pode ser grupado em quatro grandes domínios estruturais.

1 - Os Escudos

Os escudos podem ser observados no hemisfério norte, nas la- titudes mais altas: os escudos escandinavos, o siberiano e o cana-

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dense. Os escudos nas latitudes tropicais ocilparn extensões mais vastas: quase toda a África, na Asia, a Arábia e o Decã, na Amé- rica, uma parte do Brasil e das Guianas; e Acstrália ocidental.

Os Escudos aparecem hoje aos nossos olhos como vastas su- perfícies, planícies ou planaltos, fornnadas dl: rochas cristalinas, podendo algumas vêzes apresentar uma cobertura horizontal de arenito. São terrenos antiquíssimos e o seu aspecto atual resulta de uma erosão multi-secular ininterrupta. A destruição das rochas cristalinas deu origem a areias grosseiras que o vento e as águas correntes transportaram para regiões mais baixas. Lá, essas areias, lentamente consolidadas, resultaram em arenitos que mas- caram as rochas cristalinas sobre extensões consideráveis, no Decã, na África Ocidental e no deserto de Gobi.

Sendo rígidas as rochas cristalina:;, os movimentos da crosta fraturaram os escudos, sem os dobrar. Fraturas essas, seguidas, algumas vêzes, de atividade vulcânica. Na África oriental e na Ásia Ocidental uma série de fossas se alinham sobre 6 000 km de comprimento, desde o Zambeze até a Síria. Perto dessas fossas, grandes vulc6es (Kilimadjaro, 6 010 m) ediflcararn-se e vastas corridas de lavas se espalharam como sobre o planalto da Etiópia e do Decã.

Êstes escudos apresentam-se geralmente levantados em seus bordos, em barreiras montanhosas e, assim sendo, a erosão pode ocasionar aspectos de montanhas jovens em relevos desgastados, tal como nos Alpes Eseandinavos. IÊste levantamento dos bordos também pode ser observado na África do Sul, é deprimida em seu centro e levantada em seus bordos.

2 - As Bacias Sedimentares

São regiões onde os escudos são deprimidos em bacias e onde as caniadas sedimentares da cobertura são conservadas sobre es- pessuras notáveis. O abaixamento de uma parte do escudo leva à formação de bacias e como nelas se acumulam sedimentos, recebem o nome de bacias sedimentares. Geralmente as bacias estão cncai- xadas nos escudos. A bacia da Sibéria ocidental está alojada no escudo siberiano; as bacias do Saara setentrional e a bacia do Congo são partes deprimidas do escudo africano. Toda espécie de materiais se acurnula nas bacias sedimentãres. As da África Central e da Ásia Central ernersas desde a era primária e submeti- das depois a um clima árido sáo revestidas de depósitos de arenito continental. Muitas bacias sofreram invasões marinhas repetidas: o mar penetrou muitas vêzes na Bacia pârisiense; na era secundária e na era tercihria êle depositou camadas muito variadas de cal- cário, de argilas ou de areias.

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A espessura dos sedimentos acumulados rias bacias é muito variada. Quando é fina a película dos depósitos que recobre o es- cudo antigo dá-se o nome de plataforma. A grande planície russa é uma plataforma de camadas primárias escondendo um escudo pouco profundo. Ao contrário, o abaixamento de certas bacias per- mite que elas acolham enormes espessuras de materiais: na parte meridional da planície do Mississipi, por ocasião de pesquisas de pe- tróleo, o escudo não foi atingido até 8 000 m de profundidade.

3 - As cadeias de mon'tanhas

(regiões de dobramentbs recentes, correspondendo geralmente aos grandes sistemas de montanhas do mundo)

As formas vigorosas das cadeias de montanhas se opõem com- pletamente a monotonia dos escudos e a tranquilidade das bacias sedimentares. As cadeias são constituídas de sedimentos que se do- braram e se alçaram.

As primeiras cadeias: a mais antiga é o conjunto das cadeias americanas que se desenvolvem sobre 19 000 km, do Alasca a Terra do Fogo: as Montanhas Rochosas e os Andes. Uma de suas origi- nalidades é o lugar que ali tomam grandes planaltos como o da Grande Bacia, nos Estados Unidos, e o da Bolívia, entre cordilheiras paralelas.

As cadeias eurasiáticas são estiradas do Atlântico aos mares da China. Elas compreendem notadamente os Alpes e o Hilamaia. O Vulcanismo desempenha aí um papel menos importante que nas cordilheiras do Novo Mundo. O traçado das cadeias do Velho Mun- do é muito mais arqueado, desenhando, muitas vêzes, semicírculos. Elas cercam altos planaltos. Na Asia, o da Anatólia, o Irã, o Tibé. Ali se encontram as mais altas montanhas (Everest - 8 840 m) .

As cadeias de montanhas apresentam estruturas muito varia- das, resultantes das diferentes condições de sua formação (resul- taram de diferentes crises de orogenia). Algumas são simples enru- gamentos de camadas sedimentares colocadas sobre um escudo antigo pouco profundo. Tal é o caso das montanhas do Jura, na França. Outras, de estrutura mais complicada, já apresentam frag- mentos dos escudos antigos, sobrelevados e misturados no meio de rochas sedimentares violentamente dobradas. É o caso dos Alpes. Em outros lugares, no decorrer dêstes movimentos responsáveis pelo levantamento destas montanhas, vulcões entraram em ativi- dade e suas edificações se justapõem e se superpõem aos relevos oriundos dos dobramentos. Os andes ilustram o presente caso.

As cadeias de montanhas são relativamente jovens. O levanta- mento de várias delas teve início nas eras secundária e terciária, segue-se ainda em nossos dias e tremores de terra as agita frequen-

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temente. A medida que se formam, estas cadeias são atacadas e es- culpidas por uma erosão tanto mais eficaz quanto os relevos ele- vados provocam precipitações abundantes de chuva e de neve.

Poderíamos ainda acrescentar certas formas de relêvo ainda mais jovem que as cadeias de montanhas. São as guirlandas insu- lares, consideradas como cadeias em vias de formação. A guir- landa do Pacífico compreende as Filipinas, Riou-Kiou, Hondo, as Curilas, o Kantchatcka, as Aleutas. A guirlanda da Insulíndia se desenvolve de Sumatra as Molucas. No Atlântico, duas guirlandas. o arco das Antilhas e o arco de Sanduiche do Sul. Sismas e vulcões atestam a mobilidade destas regiões.

4 - Formas intermediárias entre escudo e cadeias

Ai, os blocos de rochas antigas, consolidadas devido a pressões tectônicas particularmente fortes e recentes, foram levantadas a altitudes bem elevadas. Assim, são regiões de montanhas elevadas. No centro da Ásia, os escudos mongóis e chinês foram profunda- mente deslocados nas vizinhanças das cadeias terciárias (o Tian- Chan: maciço velho recentemente levantado).

I11 - Sistema de Erosão

A superfície da Terra está em perpétua transformação. O re- lêvo que se observa é "o que permanece" como resultado da ação dos agentes do modelado. As modificac$Íes operadas no relêvo são constantes, apesar de não as percebermos fàcilmente. Durante toda sua vida um homem pode observar unicamente algumas mu- danças muito pequenas no relêvo de uma região. Sòmente quando se produzem movimentos súbitos é que se pode observar certas modificações, mas, mesmo assim, locais. As grandes mudanças do relêvo têm ocorrido através dos milhões de anos da ampla história geológica da Terra. Segundo vai-se formando pela ação dos proces- sos internos, é atacado pelas forças que atuam no exterior. O relêvo de uma região é assim o resultado da ação combinada das forças internas e externas, as quais se mantêm ativas desde que teve início a solidificação da crosta terrestre, as primeiras construindo-o e as segundas, modificando-o. Com rapidez ou lentidão, conforme os lu- gares e circunstâncias, a superfície dos continentes acha-se sub- metida a uma ação de desgaste. Em outras palavras, a erosão. "Assim como um pedaço de mármore toma forma sob os dedos do escultor, assim a superfície dos continentes toma forma e é mode- lada sob a ação da erosão."

É preciso distinguir os grandes sistemas de erosão que predo- minam nos diversos lugares do globo terrestre. Os sistemas de

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erosão dependem do clime. Conforme o clima haverá um agente de erosão principal e outros secundários. Os diferentes sistemas de erosão provocam diversos tipos de modelados.

1 - Regiões submetidas ao modelado fluvial

Correspondem a duas grandes zonas climáticas: a zona tempe- rada úmida e a zonaintertropical quente e úmida. Nestas zonas as precipitações são suficientes para manter uma drenagem perma- nente. (Chama-se, porém, a atenção para o fato de haver diferen- ças sensíveis entre as duas zonas.)

Como já foi dito existe um agente principal. No caso, os cursos d'água. Realizam três trabalhos principais: o desgaste ou a erosão, o transporte dêste material e a acumulação. Mas, no modelado flu- vial surgem fatores secundários: a desagregação mecânica e a de- composição química. Ambas provocam o aparecimento de um man- to de decomposição. Se o terreno for horizontal, êste manto perma- nece; se o terreno apresentar declive pode ocorrer o deslizamento, o "creeping", o escoamento difuso.

O resultado dessa colaboração entre o agente principal e os secundários é a criação de vales e planícies.

2 - Regiões submetidas ao modelado árido

Nessas regiões o modelado fluvial encontra-se excluído, uma vez que não há o escoamento contínuo. O vento, cuja ação não se acha prejudicada pela vegetação, desempenha nessas regiões pa- pel essencial. Como agente secundário: a amplitude térmica diurna. (A extensão desértica mais vasta é constituída pelo grupo Saara-Arábia-Golfo Pérsico-Thar na América do Norte, o deserto se limita a Califórnia mexicana, ao baixo Colorado e ao sul da Grande Bacia; na América do Sul, uma estreita faixa; na Austrália ocidental e Central.)

3 - Regiões submetidas ao modelado glacial e peri-glacial

Correspondem ambos aos sistemas de erosão de regiões frias. O primeiro é aquêle domínio ocupado e esculpido pelos glaciais prò- priamente ditos. A ação dominante do gêlo não se limita à alta mon- tanha da zona temperada, mas também à fímbria setentrional dos continentes (lògicamente a Antártida será também incluída). O grande continente norte americano, metade da Escandinávia, e cêrca de 1 / 3 da URSS possuem um relêvo onde o gêlo desempenhou o papel de agente principal.

O outro tipo, o peri-glacial é aquêle das regióes cujo solo, parte do ano, não se acha recoberto pelo gêlo. Hoje em dia a ex-

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tensão das geleiras é pequena. Somente 7% da superfície dos con- tinentes. Mas, no princípio da era quaternária não era assim. Ela foi marcada por um extraordinário desenvolvimento da glaciação (grandes regiões da A. Norte e Eurásia e também montanhas da zona temperada). As marcas que deixaram são adnda perfeitamente Visíveis.

Assim, os sistemas de erosão são as combinações onde predo- mina, segundo os domínios climáticos, tal ou qual fator. Não se pode compreender as formas durante o qual êsse se exerceu. Mas, e preciso ainda saber qual o material rochoso que a erosão ataca. E, aqui, o que mais importa não será tanto o tipo de rocha classi- ficada segundo a sua origem (magmática, sedimentar e metamór- fica), mas principalmente o seu comportamento diantte dos agentes modificadores do relêvo. Se ela é mais ou menos rígida, se é mais ou menos plástica importará muito para as deformações oriundas dos movimentos tectônicos. E, será de primeirríssima importância conhecer se a rocha é do tipo das rochas granitóides, se é imper- meável, se é permeável pouco ou muito solúvel. Isto porque os agentes erosivos agirão de maneira completamente diversa, con- forme for o caso.

IV - Influência do relêvo sobre o quadro físico e as atividades do homem

Afirmamos ser o relêvo o traço mais sensível da paisagem. Vimos, no decorrer de nossa aula, como o clima influi no modelado, uma vez que os agentes de erosão (o principal e os secundários) variam de acordo com o clima.

Assim, claro está que o clima exerce influência no relêvo, mas o relêvo, por sua vez, exerce influência no clima e, através dêle, nos outros componentes do quadro físico. Assim, vejamos: sabemos que os dois elementos mais importantes do clima, a tem- peratura e a chuva, sofrem influência muito grande do relêvs. A primeira, diminuindo a medida que a altitude se acentua e a se- gunda sofrendo modificações em sua distribuição, conforme a localização das áreas montanhosas, interceptando ou não o deslo- camento das massas de ar carregadas de umidade. A maior ou me- nor pluviosidade, por sua vez, reflete-se nos tipos de vegetação, nos solos e nas atividades do homem. Como exemplo poder-se-ia citar a cordilheira dos Andes, no sul do Chile, interceptando as massas úmidas vindas do Pacífico. Na encosta voltada para o ocea- no, devido a maior pluviosidade surge uma vegetação de floresta que facilita uma exploracão madeireira. Na outra vertente, já no planalto da Patagônia, o índice pluviométrico é bastante baixo, sur- gindo uma área semi-árida, onde os solos são pedregosos e o homem cria extensivamente o seu gado. Exemplos outros, numerosos, po- deriam ser citados.

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O relêvo tem ainda importância ímgar na circulação de ho- mens e mercadorias, uma vez que êle facilita ou dificulta a cons- trução de estradas. Os problemas enfrentados pelas rodovias e fer- rovias são bem diversos nas zonas planas e naquelas montanhosas. Sem dúvida, nestas últimas, as obras de arte numerosas encarecem e conseqüentemente dificultam a comunicação.

E, finalmente, se recorrêssemos a história veríamos que o re- Iêvo já influiu no povoamento de muitas regiões. A planície que se prolonga da Europa pela Ásia facilitou sobremodo a penetração de grandes levas de grupos asiáticos no território europeu. Muitos outros exemplos encontraríamos se percorrêssemos toda a história.

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OS MINERAIS DA REGIÃO NORDESTE E SUA IMPORTÂNCIA NA ECONOMIA DO BRASIL

Prof. ANTONIO TEIXEIRA GUERRA

1 . Introducão 2 . Os principais recursos minerais

Petróleo no Recôncavo. Sal no litoral do Rio Grande do Norte. Província da Borborema - xilita, berilo. Gipsita (Ceará e Pernambuco) Magnésia (Ceara) Calcário (Paraíba e Pernambuco) Fosforita (Pernambuco) Mármore (R. G. do Norte) Amianto (Alagoas) Outros recursos

3 . O valor dos recursos minerais n a economia do Brasil (Exame do Quadro do Anuário Estatístico do Brasil)

4 . Conclusões 5. Bibliografia.

1 . Introducão

- Que se deve entender por Nordeste? -- Grande Região Nordeste (do Meio Norte ao norte da Balhia) - Visão panorâmica da situação do Nordeste no campo dos

recursos minerais. - Valor da producáo mineral (ver quadro síntese)

2 . Os recursos minerais e a geologia

A producão mineral dessa região é, de modo geral, aiiida in- cipiente devido, em parte, a falta de técnicas mais modernas para

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a sua pesquisa e as extensas áreas de constituição de rochas pré- cambrianas. Exceção deve ser feita à extração do petróleo do Re- côncavo Baiano.

O estudo da geologia regional, além de explicar a fisionomia do relêvo, também dá informes valiosos quanto as ocorrências de jazidas minerais de importância para o homem. Pode-se, neste par- ticular, dizer-se que há um determinismo geológico.

Olhando-se, em conjunto, o panorama mineral do Nordeste Oriental, na zona cristalina, verifica-se que a mineração é difusa e não favorece o trabalho em massa com maquinaria de alta pro- dução. Daí a implantação do sistema de garimpagem ao invés de minas organizadas com aparelhagem mecânica.

A maior produção provém do desmonte de rochas resistentes, submetidas a moagem manual e lavagem em batéia com água es- cassa e trazida de longe.

2.1. Petróleo no Recôncavo Baiano

A exploração do petróleo é uma atividade industrial de grande significado na região do Nordeste e abre horizontes à economia re- gional.

O Recôncavo baiano é a região produtora, por excelência, se- gundo-se as áreas de Sergipe (Carmópolis) e Alagoas.

Na pesquisa do petróleo, desde 1925, era discutida a possibili- dade da existência dèste recurso na região. Sòmeiite a partir de 1936, alcançou-se resultados mais satisf atórios.

Em 1932, Oscar Cordeiro - Presidente da Bolsa de Mercado- rias da Bahia, foi informado do aparecimento de petróleo em Ca- cimbas, na obtenção de águas para uso doméstico na localidade de Lobato.

Auxiliado pelo Engenheiro Manoel Ignácio Bastos, mandou abrir um poço de 5 metros de profundidade e esbarrou numa cama- da de arenito com pequena exsudação de óleo.

Em 1935 e em 1936 foram feitas pesquisas na área e chegou-se à conclusão de existência do petróleo - foram perfurados os poços 153 (22 metros de profundidade) e 153A (71 metros) que confir- maram a presença de um arenito impregnado de óleo. Na terceira tentativa realizada em 1938 com sonda mais possante a 214 metros de profundidade encontrou-se um leito de arenito muito impregna- do de óleo. A data de 21 de janeiro de 1939 é considerada oficial- mente como a da descoberta do petróleo no Brasil.

Estrutura da bacia - a bacia do Recôncavo foi considerada por Derby e Branner como sendo uma bacia de camadas em sincli-

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nal, de pequena espessura sedimentar. Atualmente, sabe-se que é um g a b e limitado a leste pela falha de Salvador e a oeste pela falha de Maragogipe. Contém mais de 4 000 metros de sedimentos predominantemente de idade cretácea.

Em 1939 tais esforços foram coroados de êxito com a abertura do poço de Lobato, próximo a Salvador. O petróleo acha-se associa- do aos arenitos cretáceos da série Bahia.

Os principais campos produtores são: Água Grande (51%), Buracica (1 1% ) , Taquipe (17 % ) , Candeias (1 1 % ) , Dom Joáo (8%), Mata Grande (1%) e outros (1 %) .

O petróleo em Alagoas encontra-se nas camadas do cretáceo, que ali se apresentam-com a estrutura de blocos falhados e que pouco se estendem para o interior do continente ocupando grande área na plataforma continental.

Principais campos produt,ores - Tabuleiro do Martins e Co- queiro Sêco. No estado de Sergipe destaque especial deve ser dado ao campo de Carmópolis.

A produção total de petróleo no Brasil foi em 1965 - 5 460 354 m3 - 683 133 000 m3 de gás natural.

POSSIBILIDADES DE PETRÓLEO FORA DA AREA DO RECÔNCAVO

1. Bacia do Maranhão - considerada pelo geólogo Plummer, como um possível campo da categoria de um novo Texas. Todavia, até o presente momento não forneceu nenhum poço produtivo, en- quanto os estudos mais modernos revelaram no litoral daquele Es- tado a Bacia de Barreirinhas, que é ainda uma esperança promis- sora.

2. Bacia de Barreirinhas - retém a maior espessura sedi- mentar já encontrada nas bacias de nosso Pa,is.

2 .2 . Sal no litoral do Rio Grande do Norte

É de grande importância a produção salineira de todo Nor- deste. Todavia, é no litoral do Rio Grande do Norte onde vários fatores favoráveis influem na localização do imenso parque sali- neiro.

Área das salinas do R. G. do Norte é o triângulo compreendi- do pelas cidades de Macau - Areia Branca - Mossoró, ocupando os baixos vales afogados dos rios: Piranhas ou Açu e Apodi ou Mossoró.

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A topografia de relêvo horizontal - suave ao longo dos rios, permitindo que a influência da maré se faça sentir bem para dentro das embocaduras. As marés são relativâmente altas.

As salinas se localizam as margens dos rios o que torna fácil o transporte do produto.

As condições climáticas, com chuvas concentradas no outuno e a secura do ar nos outros meses são elementos importantes para os salineiros. A água se evapora com rapidez, permitindo a cristaliza- ção do sal. Nesta área se registra o maior coeficiente de evaporação.

As salinas do Nordeste não são, em geral, mecanizadas, por isso, empregam processos primitivos para o beneficiamento do sal. Entre êles está o uso dos moinhos impulsionados a energia, eólia, que jogam as águas das "levadas" para os "cercos" e "chocadores".

Não fazem o aproveitamento das águas residuais (águas- -mães) da salinação que é importante na industrialização de cro- mo, potássio, soda cáustica, magnésio e adubos. O alto valor aqui- sitivo de tais produtos barateará o custo da produção de sal, que é ainda alto pela não modernização dos processos industriais.

A riqueza mineral que pesa atualmente de maneira positiva na economia nordestina, excluindo-se o petróleo do Recôncavo, é o sal. O produto oriundo do litoral do Rio Grande do Norte é o de melhor qualidade, sendo exportado para o sul do País.

O preço do sal no Brasil está entre os mais caros do mundo. Assim o sal produzido no Rio Grande do Norte (1966) sai por Cr$ 10.000 a tonelada e chega a cidade do Rio de Janeiro por Cr$ 64.000. Vejamos o quadro que ilustra estas afirmativas.

Sal de Areia Branca e Macau - preço CIF - Rio a granel (1)

PAR CELAS --

Custo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Embarque . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Frete . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Impostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Lucro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

TOTAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

1 Vide - Artig.0 publicado em Visúo, 2-12-1966. págs. 36/37.

Cr$ t.

10.080

10.071

28.967

11.963

3.215

64.296

/c -

15,i

15,í

45,O

18,G

5 ~ 0 -

100,O

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Para se ter uma idéia de quanto êste preço é elevado no co- mércio internacional (cêrca de 30 dólares por tonelada), enquanto o sal importado da Europa chega ao Rio de Janeiro por 12 dólares CIF. C. industrial estrangeiro que opera com sal mais caro paga cêrca de 5 dólares por tonelada.

ELEMENTOS REGIONAIS DA PAISAGEM SALINEIRA:

Levada - canos alongados que conduzem a água aos tanques

Cercos - o mesmo que tanques

Chocadores - dos cercos são levados para os "chocadores" e pos- teriormente para os cristalizadores ou baldes.

Serrotes - Pirâmides trapezoidais onde o sal é posto a curar sobre os aterros.

Aterros - o mesmo que eiras ou caminhos

QUALIDADES OU TIPO DE SAL

O sal no mercado não é vendido sob padronização e análise. O sal bruto produzido no R. G. do Norte é superior ao das outras procedências.

O sal de primeira contém mais de 97% dde Na C1 e menos de de sais de magnésio; é considerado de segunda o que contém

entre 94 e 9 7 q . Principais portos de embarque de sal: Areia Branca, Macau,

Fortaleza, Aracati, Camocim e Natal.

QUADRO DE PRODUÇÃO

Quantidade Valor

Cr$

Maranhão (4.0 lugar) . . . . . . . . . . . . 54.165 t 390.017.000

Piauí . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28.535 " 205.452.000 Ceará (3.0 lugar) . . . . . . . . . . . . . . . . 135.394 " 974.837.000 R. G. do Norte (1.0 lugar) . . . . . . . . 818.645 " 894.244.000 Paraíba . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 847 " 18.295.000 Pernambuco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 455 " 9.828.000

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- O município de maior produção de sal é Macau no Rio Grande

do Norte. A produção do R. G. do Norte, corresponde a cêrca de 63 %, enquanto a do Ceará não vai além dos 10 %.

2.3. Província d a Borborema - xilita, columbita, berilo e tantalita.

2 . 3 . 1 . Xilita - extraída de depósitos aluviais junto às jazidas nos contactos dos xistos Seridó com len- tes calcárias nêle encaixadas.

O principal município produtor de Xilita é Currais Novos, ao sul do R. G. do Norte.

Durante a última guerra mais de duzentas jazidas de Xilita foram encontradas no Nordes. O distrito de tungstênio do Nor- deste constitui possivelmente a maior reserva dêste minério no he- mistério ocidental.

A Xilita é um tungstato de cálcio cuja área geográfica mais importante é a da província pegmática da Borborema.

O Nordeste é responsável por mais de 90% da produção bra- sileira de tungstênio.

O mercado interno só pode absorver uma parte muito pequena da nossa produção de tungstênio, e os grandes compradores são praticamente dois países: Estados Unidos da América do Norte e União Soviética.

2 .3 .2 . Columbita, berilo e tântalo - extraído dos peg- titos que formam os "altos" da Borborema. A exploração dêsses pegmatitos portadores de be- rilo, tântalo, columbita, cassiterita, quartzo e mica foi muito ativa no período da 2." Grande Guerra. Foram trabalhados uns quatrocentos pegmatitos.

Atualmente, a produção é pequena e ainda está no domínio da garimpagem. Bsses minerais são aplicados em especialidades meta- lúrgicas e ocorrem muito raramente no mundo.

O Brasil é o maior produtor de berilo. Grande parte da pro- dução foi exportada para os Estados Unidos, França, Alemanha e Itália.

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O Berilo (Bea - Al, - Si, - Ois) é um dos novos metais de grande procura pela indústria, tendo grande emprêgo na liga com o cobre (98% de Cu e 2 % Be) . O berilo é também empregado nos reatores nucleares. O maior produtor de berilo é o estado de Minas Gerais (437 t.). No Nordeste apenas o R. G. do Norte com 1 t.

O minério de tântalo, embora já conhecido e mesmo trabalha- do no Brasil, desde 1926, só no decorrer da Segunda Grande Guer- ra teve seu surto econômico, pois, foi coiisiderado um mineral es- tratégico. A sua ocorrência se faz nos pegmatjtos da Borborema, como minério acessório.

2.4. Gipsita

É na grande região Nordeste onde se localizam os maiores pro- dutores de gipso do Brasil, sendo o Ceará, Pernambuco e o Rio Grande do Norte os três maiores produtores. No Nordeste há re- servas de gipso praticamente inesgotáveis.

As jazidas de gêsso, do Ceará, estão relacionadas a formação geológica de Araripe, porque se formaram à custa da evapora- ção das águas do mar cretáceo que existia no sul do Ceará, o mesmo ocorre com as de Pernambuco (Araripina). O gipso é um sulfato hidratado de cálcio.

As minas de gipsita de Mossoró, que fornecem a maior parte do gêsso necessário a indústria nacional, provêm de camadas horizon- tais, situadas logo abaixo do manto de depósito da formação de bar- reiras. Foi esta a área pioneira da exploração de gêsso em nosso País.

O gipso da área da chapada do Araripe no Ceará é transporta- do pela estrada de ferro até o pôrto de Fortaleza onde é beneficiado e embarcado para o sul do País.

No Rio Grande do Norte é no município de Mossoró onde se verifica a extração do gipso. Êste é transportado em estrada de ferro até Areia Branca, onde é embarcado com destino ao Rio de Janeiro e São Paulo.

No Estado de Pernambuco, o gipso é explorado na região de Araripina, na parte ocidental do estado. Desta área segue em fer- rovia até Juazeiro e depois pelo rio São Francisco até Pirapora e dai a Belo Horizonte ou por caminhão diretamente para o Rio de Janeiro e São Paulo.

O gipso é utilizado na produção de gêsso e também de cimento para dar pega. Sob a forma pulverizada pode servir como fertili- zante na correcão do pH dos solos.

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2.5. Magnesita

13 no vale do Jaguaribe no estado do Ceará onde se localiza a área de maior produção do Nordeste.

As jazidas de magnesita no Ceará foram pesquisadas pela Magnesium de Brasil S. A. e divulgados os dados em 1950. Os de- pósitos de magnesita constituem vários milhões de toneladas e si- tuam-se a margem da Rêde de Viação Cearense, cêrca de 400 km do pôrto de Fortaleza.

A magnesita é calcinada localmente, sendo exportada a mag- nésia cáustica para a indústria de refratários e produtos magnesia- nos. A produção é toda vendida nas praças do Rio de Janeiro e São Paulo.

Na bacia sedimentar Maranhão-Piauí, as ocorrências de cal- cários parecem não ter importância. Porém, nas áreas cretáceas do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Sergipe são co- nhecidas possantes seções de calcários, com excepcional significado econômico.

Os afloramentos mais importantes do ponto de vista econômico se localizam na costa da Paraíba e de Pernambuco, onde a rocha é extraída para produção de cimento.

Do ponto de vista geográfico, é nos municípios de João Pessoa (Paraíba) e de Paulista (Pernambuco), que se localizam as duas mais importantes fábricas de cimento da área. Os totais da produ- ção em 1965 foram: Pernambuco 316 836 t de cimento correspon- dentes a Cr$ 12 715 584 000 e a Paraíba chegou à pequena cifra de 130 328 t perfazendo a quantia de Cr$ 5 428 801 000.

2.7. Fosforita

É na zona costeira de Pernambuco (Olinda), que êste impor- tante recurso mineral foi descoberto. A jazida de fosfato parece ter origem orgânica sendo seu depósito de caráter continental. A maioria da jazida encontra-se acima do nível do mar. O produto beneficiado na usina de Fosforita de Olinda tem 30 a 35% de P e W 5 .

Foi sondando um manacial de água radioativa, que o químico Dr. Paulo Duarte, em 1951/52, verificou e estudou a ocorrência de fosfato natural do município de Olinda, a seis quilômetros de Recife.

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A produção de fosforita de Olinda teve início em 1957. A fos- forita depois de concentrada é moída finamente e vendida para aplicação direta no solo ou fabricação de superfosfatos. O estado de Pernambuco é o maior centro produtor brasileiro dêste recurso mineral.

2.8. Mármore

A extração de mármore é feita com certo destaque no estado do Rio Grande do Norte, onde a produção foi de 1.599 t, sendo os municípios de São Tomé e São Rafael os mais importantes. En- quanto nos outros estados é bem menor a produção. Alagoas que figura em segundo lugar extraiu apenas 35 t . A produção de már- more rendeu Cr$ 30 728 000, dos quais Cr$ 280 000 foi de Alagoas. Como se pode ver, são cifras bem modestas.

2 . 9 . Amianto

Tem também o nome genérico de asbesto. É uma variedade de fibrosa de anfibólio, pobre em alumina, de grande interêsse eco- nômico pelo seu emprêgo como isolante térmico e elétrico. O estado de Alagoas é o segundo estado em produção (71 900 t . ) , logo após o estado da Bahia.

2.10. Outros recursos

Diatomito - nos estados do Ceará e Rio Grande do Norte as jazidas são da ordem de milhões de toneladas, ocupando o fundo de lagoas, sujeitas a regime intermitente de sêca. Em Recife (Pernam- buco), situam-se as jazidas de Dois Irmãos, lavradas em escala industrial e com beneficiamento de minério, com calcificação e classificação por peneiramento e ciclonagem.

Ametista - há pequena extracão no município de Batalha (Piauí) .

Diamante - é explorado em Gilbués (Piauí) .

Rutilo - explorado na parte oeste do município de Inpeden- dência (Ceará) .

Barita e fluorita - explora-se um veio de barita na Paraíba, encaixada no quatzito nas proximidades de Várzea; e a fluorita teve producão ativa alguns anos atrás, hoje está praticamente extinta na Paraíba.

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3 . O valor dos recursos minerais na economia do Brasil ECONOMIA MINERAL DO NORDESTE

(Dados comparativos de estados não pertencentes à grande Região Nordeste).

I I

Berilo. . . . . . . . . . . . . . . . . . Minas Gerais (1."). ..... 92.240.000* { I Rio Grande do Norte (3) 1 437 1 1 140.000

RECURSOS MINERAIS

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

G&sso Ceará (2). 23.954 95.109.000 Maranhão (3). . . . . . . . . . 1 20.zOOl 410.080.000 Rio Grande do Norte.. . 2.180.000

UNIDADE FEDERAÇ~O

Fosforita.. . . . . . . . . . . . . . . .

I

Magnesita. . . . . . . . . . . .

Amianto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Pernambuco (1). . . . . . . . 105.644.000

Pernambuco (1). . . . . . . . 1 :::::;I 115.736.000

Bahia (1). . . . . . . . . . . . . . 1 981.529. OOO* 118'868( 34.843.000 . . . . . . . . . . . . . . . 5.774

PRODUÇÃO

. . . . . . Minas Gerais (1). . . . . . . . . . . . . . . . 18.222 449.718.000*

. . Mármore. Rio Grande do Norte.. 30.448.000 Alagoas. . . . . . . . . . . . . . . . 1 1 280.000

Quantidade t.

83.617 71.900

Mica.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . I Ceará (3). . . . . . . . . . . . . . I 12 1 1.200.000

Valor

209.043.000* 183.800.000

Rutilo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

. . . . . . . . . . . . . Goiás (I."). Ceará (2). Piauí (3). . . . . . . . . . . . . . .

Sal . . . . . . . . . . . Marinho.

Fonte: Anuário Estatístico 1966

Petróleo - 5.427.913 m3 - Recôncavo 32.442 m3 - Sergipe e Alagoas

5.460.355 m3 Gás natural - 683.133.370 m3

Os estados assinalados (*) não foram computados no total.

. . . . . . . . . . . . . Rio Grande do Norte (1) Ceará (3). Maranhão (4). . . . . . . . . .

. . . . . . . . . . . . . . Piauí (5). Sergipe . . . . . . . . . . . . . . . .

Xilita . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Total da produção

- -~ - - -

Rio Grande do Norte ...

mineral.. . . . . . . . . . . . . . .

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4.1. Nos dois extremos do Nordeste Oriental se localizam os recursos minerais que mais contribuem para a econo- mia da Região:

4.1.1. Sal no litoral do Rio Grande do Norte.

4.1.2. Petróleo no Recôncavo da Bahia.

4.2. A economia mineral do Nordeste teve certo explendor na época da Segunda Guerra Mundial por causa da extra- ção dos minérios de interêsse estratégico na província pegmatítica da Borborema.

4.3. É no Nordeste Oriental que se localiza a maior provin- cia gipsosa.

4.4. Grande parte da produ~-áo mineral do Nordeste é ori- unda do emprêgo da técnica rotineira - Sistema de Garimpagem.

4 .5 . Grande perspec1;iva na pesquisa de novos campos de pe- tróleo na bacia sedimentar do Meio-Norte - especial- mente no Maranhão.

5. Bibliografia

5.1. Abreu, Sylvio Froes - "Nordeste do Brasil", in "Boletim Geográfico" A. I, ns. 4 e 5.

- "Fundamentos geográficos da mineração brasileira", in "Revista Brasileira de Geografia", A. VII, nú- mero 1 - Março de 1945.

- "Problemas do sal", in "Boletim Geográfico", A. XXII, n.0 180, págs. 357/367.

- "Recursos Minerais do Brasil" Vol. I, 305 págs.

5.2. Ma.yor, Ariadne Soares Souto "O sal no Rio Grande do Norte", in "Revista Brasileira de Geografia" A. XIV, n.0 3, págs. 339,1353.

5.3. Oliveira, A. I. & Leonardos, O. H. "Geologia do Brasil" - 1943.

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5 .4 . Olivero, H. Leonardos - "A fosforita de Olinda uma grande oportunidade para a agricultura do Nordeste", in "Engenharia, Mineração e Metalurgia" n.0 94, de- zembro de 1951.

5.5. IBGE/CNG - "Grande região do Meio-Norte e Nordes- te" - Vol. I11 da Geografia do Brasil. Capítulo XII - "Indústria Extrativa Mineral", págs. 365/399.

- "Grande Região Nordeste" Volumes 111, IV e V da "Enciclopédia dos Municípios Brasileiros".

5 .6 . SUDENE - "Diagnóstico preliminar da economia do Nordeste" (Recursos minerais do Nordeste) - 214 págs. 1958.

5 .7 . "O fosfato de Olinda", in "Boletim Geográfico", núme- ro 181, págs. 471/481.

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CONSTRUÇÃO E INTERPRETAGÃO DE GRÁFICOS ECONÔMICOS

Prof. ANGEM DIAS MACIEL

Algumas considerações preliminares se tornam necessárias antes de entrarmos na construção de interpretação de gráficos econômicos, pois é mister que se tenha as noções básicas indispen- sáveis para a execução prática de gráficos, antes de se procurar analisar dados específicos, como é o caso dos dados econômicos.

Assim, rapidamente, examinaremos as finalidades, os princí- pios, os tipos de gráficos comumente utilizados em estudos estatís- ticos, bem como um dos problemas principais que é a escolha das escalas. Temos, pois :

Finalidade - basicamente, é a de apresentar dados numéricos em forma visual.

O gráfico serve para representar dados estatísticos de maneira simples, facilmente legíveis e sob forma interessante, tornando claros os fatos que se encontram marcados numa relação numérica, ou possibilitando comparações imediatas pela visualização dos di- versos elementos estatísticos.

O gráfico visa a poupar tempo e esforço na análise de quadros e tabelas estatísticas, retratando os fenômenos no tempo e no es- paço, pois além de mostrar as suas ocorrências no passado e no presente, ou estimá-las para o futuro, êle também nos dá a sua localização especial com o mapeamento dos dados, e esta é a parte que mais interessa aquêles que estão, de uma forma ou de outra, ligados a Geografia.

Princípios d o Gráfico - Forma básica: derivada da referência de "pontos" e "eixos" formados por duas linhas perpendiculares, ao longo das quais se dispõem escalas de valores.

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x = eixo das abcissas y = eixo das ordenadas

Normalmente utiliza-se o 1.0 Quadrante (valores positivos). Comparações ou lançamentos positivos e negativos podem ser feitos com a utilização dos Qnadrantes 1.0 e 4.0. Raramente usa-se o 2 .O Quadrante e quase não se usa o 3.0 Quadrante (duas escalas negativas) . Tipos de Gráficos - lineares; de barras; de áreas; de volumes; car- togramas; de correlação e de cálculos. A escolha das escalas - Os valores das escalas requerem um estudo cuidadoso, de molde a que se tenha a visualização mais perfeita do fenômeno a ser representado. Podemos recorrer a valores decimais, ou seus múltiplos (como é o caso das escalas percentuais), a raízes quadradas dos valores (para gráficos de área), ou a raízes cúbicas dos valores (para gráficos de volume), ou, ainda, para escalas lo- garítmicas (quando os valores extremos se distanciam demasiada- mente). Podemos, também, variar os valores das origens, não par- tindo sistematicamente de Zero.

Nos casos específicos de dados econômicos deve-se ter um cui- dado maior ainda na escolha das escalas, pois, via de regra, a dis- paridade entre os valores a representar faz com que uma escala mal escolhida traduz erroneamente um fenômeno.

O I0 2 0 30 40 50 60 70 80 90 100 D E C I M A L t

I

I ? 20 39 4 9 5 6P 7p 80 9? 100 ''O

I I I

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Finalmente, temos que considerar o tipo de material necessa- rio, deixando de lado o material de desenho pròpriamente dito. Compreende :

Papel quadriculado, papel milimetrado, papel logarítmico, Ábacos (áreas e volumes), transferidor de percentagem, etc., etc.

Ainda dentro da idéia inicial de fornecer as bases elementares para um estudo mais pormenorizado apresentamos abaixo um "Gráfico-padrão", referente a um elemento econômico extraído do Anuário Estatístico do Brasil - 1965, com os elementos básicos e suas definições.

GRÁFICO PADRAO ( E l e m e n t o s b á s i c o s ) ~ ; t u ~ o do g r ó f i ~ ~

Escala v e r t i c a l B R A S I L

I PPODUTO NACIONAL-19491'60

C r # 100 000 000 I

/ 1949 5 0 51 5 2 5 3 5 4 5 5 56 5 1 58 59 6 0

O r i g e m A N O S

Fon te : I B G E - FGV \Esca la horizontal

~ n u á r i o E s t a t í s t i c o - 1965

Pg . 308

DEFINIÇÕE$ G~aticula - (rêde de malhas) - quadriculado, trama, tracejado, reticulado etc. - é a base de gráfico (fundo ou parte central), sobre a qual se desenham as curvas,

as barras, etc. Escalas - Horizontal (eixo das abcissas, ou dos X) : marcada sôbre o eixo horizontal.

Vertical (eixo das ordenadas, ou dos Y); marcada sôbre o eixo vertical. Titulo - Cabecalho explicativo, sucinto, de que representa o gráfico. Deve dizer "o que"

representa, o "onde" do fenômeno e "quando" ocorreu. Fonte - Referência imprescindivel sôbre a origem dos dados.

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Vistos todos êstes elementos imprescindíveis e básicos para um estudo analítico de levantamentos estatísticos examineramos, a seguir, o problema específico dos Gráficos Econômicos. 'Como pon- to de partida podemos iniciar êste exame com o estudo dos gráficos econômicos inseridos no já citado Anuário Estatístico de 1965, base dêste estudo. Numerando os gráficos do Anuário referentes a "Si- tuação Econômica", folha por folha, a partir de 1, temos:

Gráficos de barras - pedem uma leitura atenciosa pois, para diversos produtos e uma só unidade várias são as escalas ver- ticais. Gráficos de barras, figuradas - boa a idéia, persisitindo o problema da variação das escalas. Idem 2, variando, aqui, a unidade. Idem 2, porém, sem problemas (um só elemento, uma só es- cala) . Idem 4. Idem 2. Idem 1. Idem 4, anotando, porém, que a variação de cores a Unidades Federadas distintas, o que está pouco claro. Idem 1, sem problemas. Idem 2, sem problemas. Boa a idéia da representação figurada, faltando, entretanto, o valor de cada unidade (de cada veículo) . Certa dificuldade na comparação pelo fato de não terem sido desenhados os dois gráficos no mesmo sentido. Idem 4 . Idem 4. De barras, sem os problemas do gráfico 12. Idem 1. Idem 11. Idem 3 . Idem 1.

Examinados e criticados êsses gráficos vemos que todo o cui- dado deve ser observado quanto a maneira de representar os dados, pois, como dissemos anteriormente, a finalidade básica do gráfico é a de representar dados numéricos sob a forma visual, mas facil- mente legíveis e imediatamente comparáveis.

Como estas aulas são essencialmente práticas, nada melhor que efetuar praticamente o estudo. Com base nos elementos for- necidos inicialmente e recorrendo ao material própio, procuremos, pois, representar um dos fenômenos econômicos levantados esta- tisticamente pelo Anuário Estatístico.

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Exemplo de gráficos econômicos:

Anuário de 1965 - pág. 91.

AGRICULTURA - Principais Culturas

Área Cultivada - 1964

1. Recorrendo-se ao ábaco de ÁREAS ( ) temos, por exemplo:

U V A - 67 575 h0

2 . Recorrendo-se a escala logarítmica, para os mesmos valores:

1

C A F E E M G R Ã O

U V A

- Como os valôres a representar sáo exageradamente diferenciados, isto é, os valôres maiores são miiito maiores que os valôres menores, recomenda-se o uso da escala loga-

rítmica, a fim de possibilitar uma representação mais fácil de todos os dados.

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M I N E R A Ç ~ O E EXTRAÇÃO DE PRODUTOS M I N E R A I S

Produção de Manganês p o r UF. 1962

1 O

I BRASIL A P M T BRASIL A P M 1

- Comparando-se os dois gráficos vemos: No l . O , numa escala decimal, nota-se uma visivel difereiica entre os valóres repre-

sentados, assinalando, realmente, a grande producáo do Amapá, no total do Brasil, e a pequena produção de Mato Grosso, no mesmo total.

No 2.", numa escala logaritmica, nota-se, ainda, a grande producáo do Amapá, mas, a parte que aumentada, maior do que é, realmente. A. representacão nesse 2.0 gráfica só se justificaria se o interêsse fosse o de ressaltar a producáo matogrosseilse de man- ganês, dentro de uma base matemàticamente correta.

Com isso, podemos concluir que deve haver o máximo cuidado no que diz respeito a maneira de representar graficamente os dados econômicos, pois uma mesma tabela estatística pode dar diferen- tes tipos de representacão, dependendo do interêsse que se tenha.

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LEITURA DE CARTAS

1. Generalidades

1 . 1 Denominação e numeração das folhas 1.2 Localização da folha 1 .3 Articulação da folha 1.4 O quadro interno é dividido em graus e minutos 1 .5 Moldura

2 . Escalas

As quatro folhas ora em estudo apresentam diferentes escalas a saber:

2.1 Folhas: Araruama, Cabo Frio e Três Rios - 1: 50 000 2.2 Manaus: 1:1000000 2.3 Observar no rodapé das cartas:

2.3.1 Escalas (numérica e gráfica) 2.3.2 Convenções

3 . Sistema de projeção

3 . 1 Projeção policônica da Carta Internacional ao Milioné- simo folha Manaus: nessa projeção o Globo é dividido em tores de 40 de latitudes.

3.2 Projeção Universal Transversa de Mercator - UTM - folhas: (Cabo Frio, Ararauama e Três Rios). Esta pro- jeção é utilizada principalmente nas cartas topográficas estando o cilindro na posição transversa e secante em dois pontos a 180 km do meridiano central, para reduzir os erros inerentes a esta projeção. Muitos países adotam sistema para cartas topográficas.

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4 . Convenção

4 . 1 Convenção da Carta ao Milionésimo.

4 . 1 . 1 Localidades 4 . 1 . 2 Limites 4 . 1 . 3 Vias de Comunicação 4 . 1 . 4 Abreviaturas 4 . 1 . 5 Elementos básicos 4 . 1 .. 6 Documentação 4 . 1 .7 Relêvo e aspecto do solo 4 . 1 . 8 Navegação 4 . 1 .9 Hidrografia 4 . 1 . 1 0 Escalas das cores hipsométricas e batimétricas 4 . 1 . 1 1 Obras de arte 4 . 1 . 1 2 Diversos

4 . 2 Convenção das cartas topográficas

4 . 2 . 1 Convenção das folhas Cabo Frio e Araruama

5 . Leitura de Cartas

5 . 1 Orientação da carta no Gabinete 5 . 2 Elementos da folha "Três Rios" - Paisagem física.

5 . 2 . 1 Curvas de nível

5 . 2 . 1 . 1 Equidistância 5 . 2 . 1 . 2 Pontos cotados 5 . 1 . 1 . 3 Curvas mestras 5 . 2 . 1 . 4 Serras-Direções-Topografia

movimentada

5 . 2 . 2 Rêde Hidrográfica

5 . 2 . 2 . 1 Direção do rio Paraíba do Sul 5 . 2 . 2 . 2 As direções dos rios no sudeste da

folha 5 . 2 . 2 . 3 Ilhas - Bancos de areia

5 . 2 . 3 Vegetaçáo

5 . 2 . 3 . 1 Mata - Floresta 5 . 2 . 3 . 2 Macega 5 . 2 . 3 . 3 Culturas permanentes 5 . 2 . 3 . 4 Culturas temporárias

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5.2 .4 Paisagem cultural (elementos)

5.2.4.1 Habitat disperso - sedes de Fazendas Três Rios

5.2.4.2 Agrupamentos urbanos - Paraíba do Sul

5.2.4.3 ' Vias de comunicação - convenção - correlaçâo entre o habitat urbano e rural

Folha Cabo Frio

5.3.1 Qual o paralelo de menor latitude? 5.3.2 Qual o meridiano de maior longitude? 5 .3 .3 Em que setor da carta se encontra o trecho mais

pantanoso? 5.3.4 Qual a distinção entre os rios e os canais tra-

çados na carta? 5.3.5 Qual a distinção entre os canais e as adutoras? 5.3.6 Qual a distinção entre as convenções que repre-

sentam as cidades e os trechos de salinas? 5 .3 .7 Qual a altitude do morro da Atalaia? 5.3.8 Qual a direção geral do morro do Forno? 5.3.9 Qual a direção geral da praia do Maçambaba? 5.3.10 Se você tivesse que formular uma hipótese, no to-

cante a área que possui solos com maior quanti- dade de húmus, comparando o trecho de Arrastão das Pedras e o rio Papicu, qual seria a sua opi- nião e por quê?

5.3.11 Qual a direção geral da serra de Sapiatiba? 5.3.12 Que você está vendo, no tocante a cobertura ve-

getal na parte noroeste? 5.3.13 Qual a característica da batimetria ao sul da

praia da Maçambaba? 5.3.14 Compare o tracado da isóbata de 10 metros do

litoral da Maçambaba e da praia de Cabo Frio. 5.3.15 Qual a equidistância das curvas de nível? 5.3.16 Na serra de Sapiatiba qual das vertentes é a mais

ravinada? 5.3.17 Qual é uma curva de nível? 5.3.18 Qual a distância em linha reta, ao longo do me-

ridiano que passa pela ponta do Boquinã até a curva de nível de 100 metros do morro do Forno em sua parte norte?

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6.1 Orientação da folha 6 .2 Cores hipsométricas 6.3 Direcão dos rios

6.3.1 Rios de meandros 6.3.2 Ilhas aluviais 6.3.3 Paranás

6.4 Lagos

6 .4 .1 Lagos em crescente 6.4.2 Lagos de várzea 6.4.3 Lagos de terra firme

6 .4 .3 .1 Lagos de terra firme ligados a varia- ção do nível dos mares

6.4.3.2 Lagos de terra firme ligados à tecto- nica

6.4.4 Lagos de ilhas.

I Esta folha está em fuiirão das aulas "Lagos do Brasil"

186

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UTILIZAÇÃO DE FOTOGRAFIAS AÉREAS NA GEOGRAFIA

Prof. CARLOS DE CASTRO BOTELHO

FUNDAMENTOS DA UTILIDADE FOTOGRAFIA AÉREA:

1 - A área da superfície da terra na fotografia o foto-inter- pretador tem sob os olhos, sujeita a observação, uma área sempre maior que aquela que teria se estivesse no campo. A área dominada será sempre uma função da escala da fotografia.

Exemplos: fotografias de 23 x 23 cm em escalas variáveis de 1:10 000 a l:70 000.

1: 10 000 - Área do terreno igual a 5,29 K m v 2 300 X 2 300 m) 1:20 000 - Área do terreno igual a 21,16 Km2 1 4 600 x 4 600 m) 1:30 000 - Área do terreno igual a 47,61 Km" 6 900 x 6 900 m) 1 :40 000 - Área do terreno igual a 84,64 Km" 9 200 9 200 m) 1:70 000 - Área do terreno igual a 259,21 Km"l6 100 x 16 100 m)

Depreende-se que a fotografia, segundo a escala permite o re- lacionamento entre objetos e suas vizinhanças. Esta possibilidade não se restringe a uma fotografia ou par isolado mas vai muito além, pois tem-se uma cobertura composta de fotografias ou pares sucessivos. Leve-se em conta também que da cobertura da foto aérea costróem-se mosaicos.

2 - A análise estereoscópica de fotografias. A superposição de fotografias sucessivas proporciona a obtenção de imagem tri- -dimensional da superfície da terra e de objetos sobre ela. A este- reoscopia dá a ilusão de profundidade, graças a qual o interpreta- dor toma conhecimento da forma completa do objeto e pode, se estiver munido de aparelhagem adequada, executar medidas que completam a análise.

3 - A fotografia é uma imagem fixa, fiel e de um dado mo- mento da superfície. O observador não precisa movimentar-se para

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tomar conhecimento da paisagem. No próprio gabinete êle toma contacto com a região através de uma visão mais ampla e fiel. Nesse particular êle já observa com fidelidade a paisagem numa escala que pode ser definitiva e dessa forma a fotografia dá-lhe a exata medida do que pode ser cartografado. Se a mesma área é fo- tografada em mais de uma ocasião ela adquire outra qualidade: é comparativa, portanto, de um interêsse fundamental para os es- tudos de evolução.

OBSERVAÇÁO: Estas noções serão acompanhadas de: fotografias, foto-índice, mosaico e estereoscópio.

ROTEIRO OU MÉTODO DA FOTO-INTERPRETAÇÃO EM GERAL

1.0) Exame da documentação: compare-se a fotografia aérea com uma radiografia qualquer. Se não conhecemos o corpo hu- mano, anatomia, constituição e composição, funções e relações dos órgãos, qual seria o valor, a utilidade da radiografia? A resposta é óbvia. O mesmo em relação à fotografia aérea. 12 importante que o foto-interpretador familiarize-se com a literatura sistemática e regional. Assim como atitude inicial é fundamental à pesquisa bi- bliográfica.

2.0) A documentação fotográfica: no Brasil as companhias particulares especializadas informam a pedido e os Ministérios Mi- litares e o Conselho Nacional de Geografia estão habilitados a res- ponder sobre o estado atual da cobertura aerofotográfica do ter- ritório nacional. Além da cobertura em si é preciso conhecer as ca- racterísticas das fotografias com vistas a grandeza e complexidade da região interessada e os fatores sistemáticos atuante. Filme, pa- pel, câmara fotográfica, escala, são algumas das qualidades que devem ser consideradas. Alguns exemplos: para estudos de dre- nagem fotografias infravermelho; para detalhes morfológicos, como as conseqüências de oscilações climáticas e eustáticas, fotografias em escala de 1: 10 000 ou maior ainda; para vegetação, infraver- melho ou fotos em cor.

3.0) Preparação das fotografias: organização da cobertura para facilidade e uso eficiente. Ordem de sucessão das fotografias, orientação, determinação da escala média, construção de mosaicos foto-índices, localização na carta etc.

4.0) Interpretação preliminar: nesta fase dá-se início a iden- tificação, delimitação, relações etc. dos fatos fotografados. Deve-se começar pelos mais simples, cuja identificação seja de tal ordem que errar é praticamente impossível. Exemplos: identificar a mata

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e seu contacto com o campo; o traçado da rêde hidrográfica; as roças, as habitações, praias, dunas, cidades, estradas etc.

5.O) Plano de trabalho: Determinar qual a atitude a tomar, qual a orientação a seguir, o que fazer daqui em diante. Prever para o futuro. Traçar inclusive o roteiro mais eficiente a cumprir no estudo de campo.

6.0) Trabalho de campo: com as fotografias estudadas e ano- tadas o foto-interpretador executa mais que o próprio controle do que foi feito no gabinete. Ble continua a foto-interpretação em ní- vel mais elevado.

7.0) Interpretação final: decorrência lógica da conclusão do trabalho de campo. Exame mais rigoroso e seguro do objetivo em mente.

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UTILIZAÇÃO DE CARTAZES NO ENSINO DA GEOGRAFIA

Prof. FRANCISCO BARBOZA LEITE

A solicitação visual de aspectos que facilitem a memorização, encontra no cartaz uma preciosa ajuda. No ensino da Geografia, como de resto nas atividades didáticas onde ri50 se disponha de meios para caracterizar com suficiência o objeto de um conceito, recorrer à ilustração tornou-se uma prática de ilimitados proveitos. Excluindo a imagem projetada, que torna mais complexo e one- roso o processo, nem sempre as escolas possuindo a aparelhagem exigida, o cartaz se impõe, então, familiarizando o aluno com soli- citações que o atraem atuando sobre os sentidos com indiscutíveis resultados.

Excluindo a natureza intrínseca do cartaz, qualquer tema pode ser abordado, valendo para matérias diferentes, tratamentos aná- logos; desde que, e, principalmente no cartaz didático, sejam ob- servadas as normas que se seguem :

1 - o cartaz deve ser objetivo - quanto aos conceitos emiti- dos e soluções gráficas apresentadas;

2 - simples, quanto a técnica escolhida e adequação dos meios disponíveis;

3 - e atraente, quanto ao aspecto formal, considerados os va- lores cromáticos e seus efeitos psicológicos.

Na elaboracão do cartaz, se destacam três elementos, nesta ordem :

TEMA, MENSAGEM (palavras e imagens) e TÉCNICA (impres- são ou colagem), sendo ainda, MISTO, o cartaz de sequências literárias e ilustrações, e GRÁFICO, ou constituído só com legendas. São três as funções do cartaz: DE MOTIVAÇÃO, quando enuncia um problema, sem entretanto desenvolver outras questões em relação ao apêlo que coloca, limitando-se a criar uma nocão de expectativa, ansiedade ou curiosidade;

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DE ENSINO OU DOUTRINAÇÃO, quando exige concordância entre os elementos motivadores e informadores, postulando conceitos sobre necessidades, ajustando causas e efeitos, de maneira irrecorrivel; de DIVULGAÇÃO, quando abrange ge- neralidades e subdivide-se em tópicos que se alinham para ofe- recer maior soma de informações. Em referência a visualização dos têrmos de um cartaz, é neces-

sário que se considere certos princípios estéticos que mencionare- mos a seguir:

PROPORÇÃO CENTRO DE REFERÊNCIA RITMO EQUILÍBRIO

Proporção: Compreende-se aqui a relação entre as partes que di- videm um plano ou o espaço, estabelecendo-se um es- calonamento de valores (imposição visual de formas ou tons) que ressalte os elementos essenciais à leitura.

Centro de referência: corresponde ao destaque exigido pelo tema, efeito que se consegue dosando to- nalidades ou formas inscritas no plano, de tal modo que, àquele se reservem cores ou formas mais nítidas ou tensas.

Ao ritmo: deve-se o encadeamento dos detalhes ou formas em eixos com direção definida e contínua, alterando-se áreas que encontrem apoio tonal ou gráfico em pontos diferentes da divisão do plano.

No equilíbrio: reside a força do conjunto, as áreas ocupadas con- trabalançando-se áreas vazias, ou, a uma cor suave e em grande extensão, correspondendo uma cor intensa, mas em reduzido volume.

Na leitura visual residem, ainda, os elementos básicos compre- endidos através de TEXTURA, quando aproveita-se a densidade de cores ou rugosidade da superfície impressa em relação a expres- são; VALORES, quando os elementos gráficos sujeitam-se a uma dosagem que restringe ou amplia, por imposição da mensagem, a natureza comum a dois objetos; COR, pela importância na distri- buição de tons diferentes num mesmo plano; FORMA, pelo con- dicionamento requerido ao plano, de áreas com dimensões diferen- tes, mas ajustadas ao contexto da mensagem: LINHA, no favore- cimento dos contornos pela sutileza no entrosamento de eixos e formas envolvidas.

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Ritmo

O cartaz utilizado na motivação de temas em aula, no caso da Geografia, particularmente, deve ser seriado, acompanhando tó- picos em que o professor desenvolva raciocínios e oferecendo maior enfatização aos detalhes. Numa sucessão de quadros em que o tema seja clima, por exemplo, poderá conter diferentes gravuras que com- preendam faixas atingidas pelo verão ou o inverno, e que provo- quem comentários capazes de levar os alunos a conclusão de de- terminados efeitos da chuva ou do calor sobre a alteração sofrida pelas culturas. O contraste entre diferentes regiões, o comporta- mento humano, o tratamento do solo etc., criam choques que o professor complementa com comentários paralelos e pequenas alu- sões literárias no cartaz, tornando mais profunda a impressão re- tida visualmente pelos alunos.

Como o cartaz, nesse caso, não tem autonomia suficiente, fun- cionando meramente como provocador de reações, o professor deve

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reunir as sucessivas pranchas correspondentes a uma aula, em um álbum prèviamente preparado, tendo duas folhas de compensado ou papelão duro, como capas: transformando-o, dêsse modo, em álbum-seriado, com a vantagem de não deixar danificarem-se as folhas laboriosamente preparadas.

I3 da maior conveniência o professor instituir um banco de gravuras entre os alunos. Na primeira etapa faz-se uma coleta de cartolina, cola sintética, lápis-atômico, recortes coloridos e gra- vuras. A montagem dos cartazes vem a seguir atribuindo-se a um aluno a guarda do acervo.

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C A R T O G R A F I A

Elementos de cartografia do Atlas Geográfico Esco- lar - Prof. Ary de Almeida

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ELEMENTOS DE CARTOGRAFIA DO ATLAS GEOGRÁFICO ESCOLAR

Prof. ARY DE ALMEIDA

A - A elaboração do Atlas Geográfico Escolar teve como es- copo principal atender ao currículo do Curso Médio. Com a fina- lidade de dar uma orientação metodológica, foi organizado o "Guia Metodológico para uso do Atlas Geográfico Escolar", obra de grande valia para os professôres de Geografia, pelas inúmeras su- gestões que contém.

I - O Atlas Geográfico Escolar

Em sua primeira parte podemos observar uma série de mapas- -mundi, salientando os principais aspectos da Geografia Física, Humana e Econômica.

Com o uso dos planisférios podemos orientar os alunos no de- senvolvimento duma série de idéias :

1 - Oceanos e Mares: as correntes marinhas e a amenizacão do clima da Europa; as correntes frias e os desertos; as correntes frias, a plataforma continental, os bancos e as zonas de pesca;

2 - Caracteríticas climáticas: Isotermas de janeiro a julho, Iosiota e correntes marinhas, Tipo de Clima. Mostrar a interde- pendência dêsses fenômenos sempre destacando o caso brasileiro etc.

I1 - O Brasil Geral e Regional

Procurou-se mostrar o Brasil dentro da Aniérica do Sul. Para melhor compreensão de diversos problemas de Geografia geral, como clima, vegetacão etc. devemos considerar toda a América do Sul.

No Brasil - parte regional - os diversos aspectos focalizados sempre foram precedidos de mapas físico-políticos.

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Algumas critícas que se fazem ao Atlas, referem-se à dificul- dade que se encontra ao se procurar correlacionar fenômenos em duas Regiões Geográficas com escalas diferentes.

As diferenças de escala são conseqüência da diferença de for- ma e tamanho das Regiões Brasileiras. 13 bom lembrar entretanto, que os estudos intra-regionais são perfeitamente possíveis com o uso dos mapas regionais do Atlas Geográfico Escolar (1).

I11 - Parte Regional Geral.

Nessa última parte procurou-se focalizar os diversos continen- tes destacando-se, apenas, a parte físico-política dum modo gerqJ e só, excepcionalmente, em algumas áreas mais importantes a parte econômica.

B - Representação Cartográfica

I - O mapa ou a Carta podem ser definidos como a represen- tação total ou parcial da superfície curva da terra sobre uma su- perfície plana.

Para a elaboração dum mapa devemos lançar mão de três elementos fundamentais - a projeção, a escala e as convenções.

1 - A PROJEÇÃO

Sem encontrarmos maiores considerações sobre o problema das projeções, para não fugirmos ao tema da aula, podemos defini-la como - "uma rêde de paralelos e meridianos sobre a qual podemos compilar um mapa" (2) .

No Atlas Geográfico Escolar apenas alguns tipos de projeção foram usados visando a atingir determinados objetivos.

Não sendo a esfera uma superfície desenvolvível, como o cilin- dro ou o cone, a passagem dos elementos da superfície da terra para um plano não se faz sem deformações. Essas deformações são maiores ou menores quando empregamos tal ou-qual projeção. Mas dum modo geral elas deformam do centro para a periferia dos mapas. Todos sabemos que algumas projeções guardam as áreas (equivalentes) outras os ângulos (conformes) e outras as distân- cias (eqüidistantes). Como não há projeção que preserva essas três propriedades, cabe ao cartógrafo escolher aquela que melhor atenda aos objetivos do mapa em questão. Assim, podemos dizer

1 Recomendamos ainda o uso do caderno de cartografia feito pelo CNG para O MEG. 2 LEVI MARERO - La Tierra e sus Recursos.

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que não há projeção melhor ou pior; boa é toda aquela que bem atende a finalidade para a qual foi construída.

Analisemos algumas projeções do Atlas em questão. Pág. 15 - Fusos horários e Tráfego Marítimo.

Projeção cilíndrica de Marcator = desenvolvida dum cilindro, tangente no caso, mas também pode ser secante a esfera. Os me- ridianos são retas paralelas e guardam seu espaçamento verdadeiro sobre o equador. Os paralelos aumentam o espaçamento a medida em que se afastam do equador.

Essa projeção exagera muito as superfícies das altas latitudes pois enquanto o equador aparece em sua verdadeira grandeza, os pólos que são um ponto estão representados com o mesmo tamanho do equador. Por êsse motivo para se medir qualquer distância sobre êsse mapa deve-se usar uma régua apropriada para cada la- titude. Projeção conforme.

Pág. 4 e 5 - Oceanos

Projeção da Mollveide - Paralelos retos e menos espaçados próximo dos pólos; meridianos elípticos com espaçamento constan- te e verdadeiro sobre o equador - é uma projeção equivalente: isto é, que conserva as áreas.

Algumas críticas são feitas a essa folha e são principalmente: bifurcação da América do Sul e uma sensível diminuição em longi- tude do continente africano.

12 sempre bom lembrar que o objetivo do mapa é mostrar os diversos oceanos em suas reais proporções.

Pág. 6 e 7 - S e 9

Projeção de Eckert - Equivalente.

Usada nos planisférios de temperaturas, chuvas, Estrutura Geológica e Vegetação.

Nessa projeção os pólos têm a metade do tamanho do equador, os paralelos são linhas retas e os meridianos são linhas curvas. Por ser uma projeção equivalente nos permite comparar áreas próximas ou distantes do equador.

Pág. 10-11 - Planisfério - Divisão Política - Projeção poli- cônica, usada também para os mapas do Brasil e das Regiões Brasileiras.

Os paralelos são círculos não concêntricos e cujo espaçamento é verdadeiro sobre o meridiano central. Os meridianos são cursos com espeçamento constante e verdadeiro sobre todos os paralelos.

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2 - A ESCALA

Toda representação como toda imagem guarda uma certa re- lação com a figura ou com o objeto representado. A esta relação é que denominamos escala.

Há diversas maneiras de representar uma escala.

a) Escala numérica, ou fração representativa entre cl objeto representado e o mapa.

1 Ex. : Escala . --- ou 1:50 000.

50 O00

b) Escala explícita ou centímetro por quilômetro. Indica um número de quilômetros representados por um cm no mapa.

Ex.: 1 cm = 1 km 1 cm = 100 000 cm Escala - 1: 100 000.

c) Escala Gráfica - representa as distâncias do terreno sobre uma linha reta graduada sobre a carta.

Êste tipo de escala tem a vantagem de se poder ampliar ou reduzir o mapa por processos fotográficos sem que a escala seja alterada.

Resumindo, todos os problemas sobre escala podem ser resol- vidos de forma bastante simples:

Três elementos devem ser considerados D = Distância verdadeira (no terreno) d = Distância no mapa E = Escala do mapa

Assim temos:

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Com relação a escala os mapas são classificados em: geográ- ficos, cartográficos, topográficos e cadastrais.

No Atlas Geográfico Escolar foram usadas, apenas, as escalas geográficas; isto é: menores de 1:100 000. Em vista disso foi ne- cessário proceder-se a uma generalização acentuada em todos os mapas.

3 - AS CONVENÇÕES

Por convenções compreendemos os símbolos (figuras) ou co- res, escolhidos para representar determinados fatos.

No Atlas Geográfico Escolar procuramos

- sempre que possível, adotar quer as convenções mais usa- das em Atlas Internacionais, quer as que o uso continuado fez prevalecer em nossos mapas.

- O cartógrafo ao compilar um mapa, seleciona e generaliza os elementos mais importantes e que por isso deverão ser representados considerando a escala e a finalidade do mesmo.

- O mapa não é, como muitos pensam, uma fotografia do terreno; enquanto que certos elementos que aparecem ví- siveis no terreno são representados e até exagerados em suas verdadeiras proporções outros tão ou mais visíveis não o são. Alguns fafos de Geografia Humana não visíveis no terreno são representados com destaque enquanto outros são abandonados.

- As convenções são, por assim dizer, a linguagem do mapa. - Quando visitamos um país de língua estranha, se quiser-

mos ser entendidos devemos aprender a língua. Assim de- vemos proceder aos lermos um mapa. É imprescindível que se compreenda as convenções e estas serão de comple- xidade diferente quando a escala fôr diferente.

Zx.: Num mapa na escala de 1:20 000 000 uma estrada repre- sentada com um traço de 0,5 m será de 10 km de largura. Por êsse exemplo inde-se compreender que a grossura da estrada é apenas uma conve~ -%o. Outros exemplos semelhantes poderiam ser citados.

AS CONVEPU'GÕES VARIAM COM A ESCALA DO MAPA

- O uso da cor propicia maior clareza na leitura dos mapas. Assim o uso de determinadas cores já está consagrado: o prêto para a rêde, as cidades etc.; o azul para a hidrografia; o vermelho para os caminhos, rodovias etc; em sépia se- riam representadas as curvas de nível.

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- O relêvo pode ainda ser representado das seguintes manei- ras : Curva de nível Hachuras Sombreado Côres hipsométricas ou batimétricas.

- No planisfério de temperaturas (pág. 6) o tom azul desta- ca as áreas frias (altas pressões) e o vermelho as áreas quentes (baixas pressões). Ainda utilizando cores diferen- tes, quer em pontos maiores ou menores, quer em círculos, as cores são usadas com grande vantagem nos encartes Brasil-Criação, Industrial animal (págs. 26-27) ou em outros mapas dêste Atlas.

"Distinguimos leitura de interpretação. Ler cartas significa conhecer-lhe as convenções, as generalizações aplicadas nas dife- rentes escalas, e, sobretudo "sentir" a 3." dimensão através de cur- vas de nível."

"Ler é apenas ver as formas, interpretá-las é explicar essas for- mas. O estudo de uma carta deve resultar duma descrição explica- tiva, para descrever é preciso, em primeiro lugar, ler perfeitamente a carta; para explicar é preciso ter conhecimentos de Geografia Geral" (3) .

3 Prof. JQSETE LENS CESAR - Curso de férias para professôres - CNG - 1963.

202

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GEOGRAFIA FÍSICA

Velho Mundo - Prof. Carlos Marie Cantão

Mundo Novissimo - Prof. Carlos Marie Cantão.

Interpretação do livro '5Txercicios e Práticas de Geo- morfologia" - Pr0f.a Celeste Rodrigues Maio

Lagos, lagoas e lagunas do Brasil - Prof. Antônio Teixeira Guerra.

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VELHO MUNDO

Prof. CARLOS MARIE CANTÃO

1. Introdução. 2. Eurásia :

2.1 Posição e superfície 2.2 Estrutura e relêvo 2.3 Litoral 2.4 Clima 2 .5 Veget ação 2.6 Hidrografia 2.7 Aspectos antropogeográficos

3. África:

3.1 Posição e generalidades 3 . 2 Estrutura e relêvo 3.3 Clima 3.4 Vegetação e fauna 3.5 Hidrografia 3.6 Aspectos antropogeográficos.

DESENVOLVIMENTO

1 . Introdução

As terras em volta do Mediterrâneo constituiram até a aber- tura do canal de Suez, inaugurado em 1869, um grande bloco con- tinental de 82 500 000 km: isto é, 56,8970 da parte emersa do pla- nêta. Os gregos, não obstante a pequena área conhecida, percebe- ram que era possível distinguir, neste conjunto, três porções: a Europa, a Ásia e a Líbia, correspondendo esta ao que, mais tarde, se chamou África.

Ao corpo asiático prendiam-se, como duas imensas penínsulas, a África (30 000 000) e a Europa (10 000 000) ; a primeira, sepa- rada por um istmo de 112 km de largura e a segunda, por 2 400 km, entre o mar de Cara e o mar Cáspio.

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De ambos os lados do Suez, alongando-se por larga faixa, idên- ticos são os traços da paisagem. A transição entre a Ásia e a Europa pròpriamente ditas é, do mesmo modo, bastante lenta. As estepes e planícies russas foram consideradas asiáticas até os meados do sé- culo XVIII. Só, então, começou a ser hábito considerar os Urais como a fronteira entre a Ásia e a Europa.

A expressão "Velho Mundo" justifica-se sob o ponto de vista histórico. Na época atual, no sentido de "continente", devemos falar em Eurásia e ~ f r i c a .

De pouco mais de dez séculos para cá, a Europa avantajou-se a Asia. Tomou, em suas mãos, de modo decisivo, o facho da Civili- zação e, a partir do sec. XV, expandiu-se levando a todo o Mundo, inclusive a Ásia, antiga mestra, sua cultura, hábitos, costumes e povos.

Sob o ponto de vista cultural, pode-se usar a expressão "conti- nente europeu". Ela representaria erro crasso sob o ponto de vista físico.

Nos cem minutos que nos cabem neste Curso, devemos apreciar o Velho Mundo e o Novíssimo Mundo. Trataremos da matéria na seguinte ordem:

1." aula - Eurásia; 2.a aula - África e Oceânia.

2. Eurásia : fisiografia

2 . 1 Posição e generalidades

A maior parte da Eurásia fica entre o Círculo Polar Ártico, que atravessa ambas as divisões dêste continente, e o Trópico de Câncer. Pequena porção estende-se ao norte do Círculo Polar. A Asia alonga-se para o sul, chegando a transpor a linha equatorial. Três são, por conseguinte, as zonas pelas quais a Eurásia se estende: Zona Glacial Ártica, abrangendo pequena porção da Europa e da Ásia: Zona Temperada do Norte, a que corresponde a maior parte: e apenas trecho da Ásia na Zona Tórrida.

De tal posição, combinada com a distância aos oceanos e mares, condições de relêvo, cobertura vegetal, natureza das rochas e cor- rentes marinhas decorrem numerosas áreas climáticas. Com elas se relacionam outros aspectos. Resulta, então, uma grande varieda- ,

de de tipos de solo, vegetação e gêneros de vida.

2.2 Estrutura e relêvo

Na Europa predominam as planícies e planaltos baixos: na Asia, planaltos de forte altitude e montanhas muito elevadas. Cêr- ca de 225/300 do território europeu estão abaixo de 500 metros;

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apenas 3/300 erguem-se a mais de 1 0 0 0 metros. As terras que ex- cedem a 1 000 metros representam, na Ásia, 1/3 da sua superfície. O ponto culminante da Europa é o monte Branco, com 4 810 me- tros, na convergência das fronteiras da França e Itália. Na Ásia, muitos picos atingem a mais de 7 000 metros. O Everest, na fron- teira do Nepal com a China, chega a 8 882 metros.

Tôdas as convulsões terrestres deixaram marcas na Eurásia. Há indícios de várias emersões e imersóes na mesma área, fases de erosão intensa, sedimentação prolongada e rejuvenescimento.

Certas áreas da Eurásia remontam ao precâmbrico. Restos do dobramento huroniano ainda se observam nas ilhas Hébridas, Es- cócia, arquipélago Lófoten, sul da Suécia e Finlândia, Sibéria Central.

No início do paleozóico, isto é, no cambriano, havia dois con- tinentes separados por um mar pouco profundo: o páleo-ártico, a que pertenciam as dobras referidas acima; e um outro que abran- gia grande porção da parte asiática da URSS, centro e sul da Ásia. O mar invadiu, em seguida, algumas áreas do continente páleo- -ártico e desagregou rochas que originaram areias transformadas, durante o devoniano, em arenitos vermelhos graças a sais de ferro (old red sandstone) .

A Terra foi sacudida por forças poderosas durante o devoniano. Apareceram as chamadas cadeias caledonianas, ainda visíveis na Escócia e Escandinávia.

No início do Carbonífero havia três continentes: um consti- tuído pela Escandinávia, Groenlândia e Canadá; outro, pela Sibé- ria e parte da China; e outro, pela fndia, Arábia, norte da Aus- trália, África do Sul (continente de Gondwana). Entre as massas continentais do Norte e de Gondwana existia um mar transversal (Tétis). Dêle emergia uma grande ilha, que corresponderia a Itália, Bálcãs e Sul da Rússia. Aos poucos, o mar transversal foi diminuin- do de profundidade.

Dêle sairam o País de Gales, a Holanda, a Normândia, as Ar- denas, o Planalto Central Francês, os Vosgos, os Urais, formando ilhas. Às dobras dêste período, conhecidas pela denominacão de hercinianas, correspondem relevos suaves mas bem perceptíveis: o maciço Armoricano, o Planalto Central Francês, os Vosgos, as Ardenas, o maciço Renano, o Harz, a Floresta Negra, o Erzgebirge, o Riesenbegirge, os montes Sudetos, o Altai e outras cadeias asiá- ticas.

As terras que emergiram cobriram-se de vegetação luxuriante. Seus restos, acumulados em estuários e lagunas, originaram jazidas carboníferas.

A era mesozóica assistiu a invasão do mar em muitas áreas. Quando êstes fundos vieram novamente a superfície, estavam

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revestidos de restos de animais marinhos, origem das rochas calcárias tão comuns na Eurásia.

No terciário, novas convulsóes manifestaram-se. O fundo do mar transversal (Tétis ou Mesogéis) dobrou-se formando as mon- tanhas jovens do sul da Europa, centro da Ásia e norte da Africa. As forças que agiram fortemente sobre o geossinclinal originaram os Alpes, os Pirineus, os Apeninos, o Cáucaso, o Elburz, o Himaláia e outras cadeias e englobaram, nas novas dobras, fragmentos dos maciços antigos e planícies sedimentares.

Ao sul do Himaláia estende-se o Decá, fragmento do continente de Gondwana.

As forças que levaram o fundo do mar de Tétis agiram sobre os antigos maciços fraturando-os, aumentando a sua altitude e, em certos casos, determinando afundamentos que constituiram mares adjacentes.

A Escandinávia, mais elevada, tornou-se, no pleistocênio, grande centro de irradiação de geleiras. Os Alpes e os Pirineus

também se cobriram de gêlo de maneira muito mais intensa do que no período atual. Quando as geleiras decairam de importância, começou uma elevação de conjunto das áreas que correspondiam a calota escandinava. Êste movimento de surreição continua nos nossos dias.

Tanto na Escandinávia, como nos Alpes e Pirineus encontram- -se formas típicas da ação das geleiras, tais como vales em manje- douras, circos, depósitos morênicos, lagos, etc.

2 . 3 Litoral

Enquanto houve grande quantidade de gêlo, o pêso da suas camadas provocou o abaixamento da linha de costa. Muitos vales ficaram abaixo do nível do mar. Com a elevação das temperaturas, a água invadiu-os transformando-os em golfos profundos, estreitos e ramificados: são os fjords, numerosos na Noruega.

As áreas reduzidas a planícies cobertas de gêlo, originaram outro tipo de costas: os skajers da Suécia e Finlândia. Como no caso dos fjords, são costas recortadas e precedidas de ilhas. Há costas glaciárias também na Polônia, Alemanha e Dinamarca.

Na Eurásia observam-se muitos outros tipos de costas. Desta- quemos as rias, correspondentes a vales fluviais invadidos pelos oceanos, comuns na Galiza, Bretanha, Irlanda; os churoum (sing.: cherm) , tipo especial de rias do mar Vermelho formadas por longas baías de entrada estreita, com profundidade que diminui gradativa- mente, sem rio no fundo do braço principal nem nos laterais; as costas estruturais, afetando formas diversas segundo o ângulo for- mado pelo elemento estrutural com a margem (Dalmácia, Grécia, Ásia Menor) ; as costas de tômbolos ou flechas (Itália, Asia Menor) ;

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falejas (Grã-Bretanha) ; dunas (mar de Gasconha) ; restingas (Alemanha), costas de coral (Oceano Índico) .

O litoral da Eurásia é bastante recortado, sobretudo na parte européia, cujo perímetro, sem incluir as ilhas, se avalia em 80 000 km.

2.4 Clima

Na Ásia, a inluência do mar, não obstante os recortes, é bem menos acentuada do que na Europa. As enormes distâncias que separam dos oceanos o interior, a imensa barreira formada pelo sistema da Alta Ásia Central e a forma de planaltos elex~ados e de grande superfície contribuem para tornar mais rigorosas as feições climáticas.

O nordeste da Sibéria caracteriza-se pelos invernos excessiva- mente frios. Em Verkoiansk e Oimekon a mínima vai a - 760 C. As amplitudes térmicas de 650 C são freguentes. Estamos, então, diante de um clima polar. O mesmo se verifica nas montanhas mais elevadas.

O oeste da Sibéria apresenta clima continental rigoroso (-170 e + 220 C), com poucas chuvas.

A Ásia Central, da Mongólia a Arábia, e o interior da Ásia Ocidental, possuem clima árido. Os verões são muito quentes (+ 30° C a + 340 C). Os invernos, rigorosos na Mongólia e Tur-

questão; brandos, no Irão, e pouco acentuados, na Arábia. Do Amur a Índia, o fator climático mais importante 6 o vento,

que traz grandes chuvas no verão. Chama-se clima das monções. A terra se aquece e resfria mais rapidamente do que o mar. Por conseguinte, no verão, o continente está mais aquecido do que o oceano; no inverno, verifica-se o oposto. O continente, no estio, é um centro de baixas pressões relativas e o oceano, um centro de altas pressões. Os ventos sopram do mar para terra e, como passam sobre água, impregnam-se de umidade. Ao depararem com as mon- tanhas, provocam chuvas torrenciais. No Assa atingem, em média, a 12 metros por ano. No inverno, o continente está muito frio; o oceano apresenta temperaturas mais elevadas, funcionando, pois, como centro de baixa pressão. O ar desloca-se do interior para o litoral. Não se pode impregnar de umidade porque atravessa uma área continental. A monção de inverno é, por êste motivo, um pa- ríodo de extrema secura.

A temperatura é baixa na Mandchúria e China do Norte (- 5O a - 60 C). Na península de sudoeste, os invernos são brandos; na Insulíndia, Ceilão, Índia, e Paquistão, quase não se percebem.

O litoral da Anatólia, a Síria, Israel e todo o sul da Europa, incluindo Portugal, dispõem de clima mediterrâneo : invernos mode- rados, verões quentes, chuvas na estações intermediárias, sobretudo no outono.

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A área européia limitada por um triângulo cujos vértices são a foz do Bidassoa, a do Volga e a do Cara, é de clima continental menos rigoroso do que o oeste da Sibéria. Caracteriza-se por inver- nos fortes e longos e verões curtos e quentes. As chuvas são, sobretudo, no verão.

A porção que fica a noroeste do triângulo citado possui clima oceânico. Invernos temperados e chuvosos, nevoeiros durante muitos dias, ausência de sol por vários meses, verão sêco e quente.

O norte da Escandinávia e da Rússia dispõem de clima frio, assim como as montanhas. A neve e o gêlo são frequentes.

As águas quentes que vão da América elevam as temperaturas do litoral das Ilhas Britânicas, Noruega e península de Cola.

2.5 Vegetação

Relacionadas com os tipos climáticos, temos as seguintes pai- sagens vegetais :

Tundras - ao longo do Glacial Ártico. Compõem-se de musgos, líquens, árvores anãs, flores de cores vivas no verão. Constituem uma zona de caça e pesca. O animal típico é a rena. Vivem aí os lapões, samoiedas, iacutes. Taiga - floresta de coníferas (pinheiros, abetos, bétulas), As populações vivem da caça e da exportação de madeira. Estepes - vegetação baixa, com predominância de gra- míneas. Populações nômades. Desertos e semi-desertos - centro d a Ásia e Arábia. Al- guns povos nômades. Florestas mistas de coníferas e latifoliadas (pinheiros, car- valhos, tílias, olmos) - na China do Norte e interior da Rússia, Polônia e Alemanha. Florestas latifoliadas - Europa Ocidental e Central, margem asiática do mar Negro, parte da Coréia e do Japão. Florestas subtropicais de folhas perenes - China do Sul. Florestas pluviais - Insulíndia, península Indo-chinesa, sul da Birmânia e bacia do Ganges. Florestas subtropicais de folhas caducas - fndias e Tai- lândia. Vegetação de savanas - parte da Índia. Vegetação mediterrânea - costa da Anatólia e sul da Eu- ropa, incluindo Portugal.

2 .6 Hidrografia

~ntimamente relacionada com os climas é a hidrografia. A Ásia possui grandes regiões endorreicas. Correspondem a parte sul da URSS e Ásia Menor.

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Para o mar Glacial Ártico correm grandes rios: Obi, Jenissei, Lena, Petchora. Para o Pacífico váo: o Amur, o Hoang-ho, o Yang- -tse-Kiang, Si-Kiang, o Mekong. Para o Indico: o Saluã, o Irauadi, o Bramaputra-Ganges e o Indus. Para 0 mar de Azov: o Don. Vã0 ter ao Negro: o Dnieper e o Danúbio; ao Adriático: o Pó; ao Mediterrâneo ocidental: o Ródano, o Ebro. Desembocam no Atlântico: o Guadalquivir, o Guadiana, o Tejo, o Douro, o Garona. Para a Mancha: o Sena; para o Mar do Norte: o Tâmisa, o Reno, o Wesser, o Elba; para o Báltico: o Oder, o Vístula, o Duna, o Neva, o Luléia. Tern~inani no mar Cáspio: o Volga e o Uraí; no mar de Aral: o Sir-Dária e o Amu-Dária; no Lob-noor, o Tarim.

2.7 Eurásia : aspectos antropogeográficos.

A Eurásia é o continente mais povoado. Vivem na Ásia 1721 milhões de homens e na Europa, 56 milhões, perfazendo cêrca de 80% da populacáo mundial. A taxa de crescimento é muito alta na China, Índia, URSS, Indonésia e outros países. Exemplifiquemos dizendo que na China nascem, por ano, 15 milhões de crianças, o que corresponde a um índice de natalidade de 337 por mil. A mor- talidade é de 17 por mil apesar de não serem boas as condições higiênicas da maior parte do país. A densidade média corresponde a 72 h;km2.

Na Índia, a densidade média eleva-se a 147 h,'kni? No Japão, a 255; na Coréia do Sul, a 282. Em Formosa, a 314. Nas Filipinas é 106; em Israel, 109; e no Paquistão, 102.

Na Europa possuem alta densidade média: Holanda - 379; Bélgica - 301; Reino Unido - 217; Luxemburgo - 123; Alemanha - 151; Itália - 164; Tchecoslováquia e Hungria - 108; Portugal - 100.

A população distribui-se de modo multo irregular. Existem áreas totalmente desabitadas, sejam pelas condições naturais, sejam por hábito e tradicões (China) ou, ainda, porque não foram apro- veitadas (URSS). Noutras a populacão se concentra de modo acentuado, alcançando a mais de 1000 h/km2 em zona rural. Isto acontece no baixo curso dos rios chineses, nos quais se chega a viver permanentemente em embarcaqões (sampanas) .

As áreas onde se concentra maior densidade são: o Japão, a costa chinesa e ao longo do Yang-tse-Kiang, o vale do Ganges e costa do Decã, parte do Ceilão e do Paquistão Oriental. Coincidem com as áreas mais bem servidas de chuvas.

Esta imensa população da Eurásia distribui-se entre as três grandes racas. A Europa, a Arábia, o Irã, a Síria e Israel são ha- bitados quase exclusivamente por indivíduos da raça branca. Na fndia e no Paquistão também é elevado o número de representantes desta raça. No Extremo Oriente, na Ásia de Sudeste e no Centro

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e Norte da Ásia domina a raça amarela. Na Índia e em pequenas áreas da Insulíndia encontram-se populações negras.

A Ásia é a terra no nascimento das grandes religiões: bra- manismo, budismo, cristianismo e judaísmo. Na Europa é o cristia- nismo a religião mais professada.

Quanto as línguas, 92% da população européia falam línguas indo-européias. Na Ásia, a variedade é muito grande. Há línguas monossilábicas, aglutinantes e flexionadas, entre as quais muitas pertencem ao grupo indo-europeu.

Na Ásia, o gênero de vida principal é a agricultura, mas grande parte da população se entrega a criação. A mineração ainda tem pouca importância e as outras formas de indústria são de pequena monta, salvo no Japão, parte da China e da Índia.

Os processos agrícolas são, geralmente, rudimentares. O sis- tema de jardinagem caracteriza o Extremo Oriente. A proporção das terras cultivadas é elevada se considerarmos o volume da pro- dução. O arroz, o trigo, o milho, o sorgo, o algodão, a juta, o chá, a cana-de-açúcar e a seringueira, além dos legumes, figuram como os vegetais mais cultivados.

A extração de madeiras tem importância. As espécies principais de gado são: o ovino, o caprino, o muar,

o asinino e o suíno. Há criação de camelos, elefantes, bicho da sêda e abelhas.

Figuram como importantes minerais: o petróleo, o carvão, o cobre, o estanho e o antimônio.

Na Europa, a agricultura também tem grande importância mas há países em que a indústria representa papel muito mais destacado. Os processos agrícolas são variados. A agricultura ra- cional dá altos rendimentos em alguns países. Contam-se entre as plantas mais cultivadas: o trigo, as batatas, a vinha, árvores fru- tíferas, aveia, cevada, beterraba, oliveira.

O gado vacum é o criado em maior escala. Entre os minerais destacam-se: o carvão, o ferro, o cobre, a

bauxita, o mercúrio. O aproveitamento hidrelétrico atingiu a alto indice.

Os países de maiores indústrias são: Reino Unido, Alemanha, URSS, França, Holanda, Itália, Bélgica, Suíça, Suécia.

As vias de comunicação são variadas e numerosas na Europa e ainda insuficientes na Ásia.

3 . África: fisiografia

3.1 Posição e generalidades

A África, com 30 000 000 km2, é dividida pelo equador em partes aproximadamente iguais. Suas terras estendem-se até 370 lat. M

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e 340 lat. S. Ficam, pois, em três zonas: a Tórrida, a Temperada do Norte e a Temperada do Sul. Os quadros clímato-botânicos suce- dem-se simètricamente em relação a linha equatorial.

Nenhum continente é táo maciço quanto o africano. Para cada quilometro de costas corresponde uma área de 1 070 km" enquanto que para a Ásia esta relação é de 1:700; para a América do Sul, 1 : 681; para a Austrália, 1 :420; para a América do Norte, 1 :407; e para a Europa, 1 : 120.

Frequentes são as barras, as embocaduras de rios representadas por estreitos estuários e deltas pantanosos e as elevações paralelas a linha de costas. Os cursos de água devido a disposição do relêvo apresentam rápidos e cachoeiras que impedem ou dificultam a na- vegação; raros são os rios navegáveis. Na zona equatorial encon- tram-se densas florestas e nas tropicais vastos desertos.

Todos êstes fatores agiram no sentido do isolamento. A África, salvo o Egito e algumas áreas costeiras, manteve-se durante largo tempo a margem da História mundial.

Só no século XIX foi possível ser atravessada pelos europeus (Caillé, Speke, Grant, Barth, Livingstone, Serpa Pinto, Silva Pôrto, Stanley e outros) .

A dominação política européia firmou-se, fixada pelo Con- gresso de Berlim, de 1885.

A introdução da hábitos, costumes e técnicas da Europa e os seus interêsses comerciais e políticos abalaram, em muitos casos, a vida dos negros, mas a organização tribal e o regime de clãs mantiveram-se.

Em 1914, só a Etiópia e a Libéria conservavam a independên- cia. O Egito tornou-se livre em 1922.

Após a I1 Guerra Mundial as idéias de emancipação surgiram por toda a parte, levando em poucos anos à independência quase todas as terras africanas dominadas pelos franceses, inglêses, ita- lianos e belgas. Os espanhóis mantêm alguns territórios. Os por- tuguêses ainda possuem áreas consideráveis. Em ambos os casos, as colônias foi conferida certa autonomia, tranformando-se em províncias ultramarinas.

3 . 2 Estrutura e relêvo

Houve, nos primeiros tempos da história, da crosta um grande continente que, mais tarde, se dividiu em Continente Australo- Indo-Malgaxe e Continente Africano-Brasileiro. O segundo frag- mentou-se em África e Brasil.

A África e a ilha de Madagáscar são, portlanto, terras antiquis- simas, que se mantiveram exondadas, exceto pequenas áreas inva- didas pelo mar no mesozóico e no terciário.

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Sujeitos à forte erosão pluvial e eólia, reduziram-se os relevos, convertendo-se em peneplanícies donde se destacam de vez em quando, blocos formados de granitos e outras rochas duras desnu- dadas. Restos de dobras huronianas, ealedonianas e hercinianas podem ser percebidos em diversas áreas.

Ao sul de uma linha que vai do golfo de Gabés à cidade de Agadir, nenhum traço de enrugamentos recentes. Em Marrocos, Tunísia e Argélia a terra se dobrou durante o terciário. Englobou algumas áreas antigas, rejuvenescendo relevos hercinianos (pla- naltos de Muluia, Orânia e Constantina).

As forças que originaram os dobramentos terciários do Maghreb agiram sobre o escudo rígido provocando fraturas e deslocamentos que, em muitos casos, criaram lagos e vulcões. As ilhas do mar da Guiné, a área vulcânica de Camarões e o lago Chade relacionam-se com êstes fenômenos, mas o campo de fraturas mais importante, aliás o maior do mundo, fica na parte leste do continente. As áreas afundadas eorrespondem ao mar Vermelho, aos lagos de Niassa, Tanganica, Vitória, Alberto Eduardo, etc., ao vale do Nilo desde Cartum. A cadeia Arábica e os vulcões Quilimandjaro (6 010 m) e Quênia (5 600) decorrem dêstes movimentos.

Do Cairo a In Salah existe uma série de depressões acompa- nhadas em grande parte por abruptos correspondentes a fraturas. Tais são as falejas da parte sul da Marmárica e Cirenaica, a Hamada E1 Homra, Tinr'ert e Tadmait. As fraturas puseram em contato com a superfície, lencóis dágua que originaram os im- portantes oásis de Siuá (antigo Júpiter Amon), Djerabub, Audjila e Tidikelt.

Blocos antigos foram levantados no meio do Saara. Constituem os maciços vulcânicos do Tibesti, Air e Hogar.

A mesma paisagem de peneplanícies com horsts e montanhas residuais encontra-se até o sul. Os planaltos, às vêzes, são tão ni- velados que os rios se dividem em braços, originando áreas panta- nosas e grande número de curvas. Os fenômenos de captura de cursos d'água são frequentes.

A África do Sul é uma bacia limitada a sudeste pelos montes Drakenberg e a oeste pelas cadeias da Damaralândia e da Nama- qualândia. A parte deprimida forma o deserto de Calaari.

A ilha de Madagáscar, com superfície equivalente à de Minas Gerais, é constituída sobretudo pelo planalto de Imerina, que desce em degraus de falha para leste e de modo mais suave para oeste. É: cortada por várias falhas que permitiram a saída de lavas for- madoras dos maciços de Tsaratanana e Ancarata.

As fendas e fraturas encheram-se, muitas vêzes, de material metálico de alto valor: ouro, prata, cobre, estanho, chumbo, zinco, etc.

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Em chaminés vulcânicas ocorrem diamantes. Riquezas de grande importância na época atual são: o rádium

e o uraniufn.

3 . 3 Clima

A posição astronômica explica a predominância de climas quentes. O litoral pouco recortado, não facilitando a penetração da influência marítima, e o relêvo de fracas altitudes, salvo em pequenas regiões, contribuem para reforçar os efeitos da posição. AS zonas climáticas distribuem-se paralelamente a linha equatorial.

Na bacia do Congo e costa do mar da Guiné, o clima é equa- torial. Amplitudes diárias pequenas, calor e umidade constantes e elevados.

De um lado e outro desta zona, encontra-se clima tropical: duas estações anuais, uma sêca e outra chuvosa. As amplitudes diárias já se começam a perceber.

Seguem-se, de ambos os lados, áreas desérticas ou semi-desér- ticas. Ausência quase completa de chuvas, enormas diferencas entre a média diurna e a noturna.

No Noghreb ou Maghreb (Marrocos, Argélia e Tunísia) e no extremo sul, clima mediterrâneo. A costa oeste da República Sul- Africana é banhada por uma corrente fria que traz da Antártida focas, otárias, pinguins e outros animais.

3 . 4 Vegetacão e fauna

A vegetação está na dependência direta das faixas climáticas. Na bacia do Congo e litoral da Guiné, rica floresta pluvial, habitat de macacos e outros animais que vivem sobre árvores e nos rios e pântanos. Os pigmeus são homens característicos desta região..

Envolvendo a área de florestas, aparecem savanas e estepes in- terrompidas, as vêzes, por capões de mato e florestas-galerias. O baobá é árvore característica das savanas africanas. Estas faixas são bem habitadas pelos negros, que se entregam à agricultura; e animais de grande porte, como as girafas, os gnus, as zebras, etc.

No Saara, no Calaari e Namib, as condições são bem hostis à vida. A quantidade de chuva, inferior a 200 milímetros por ano, determina o aparecimento do deserto. A vegetação, quando há, é escassa e, se consegue sobreviver, é devido à transformaqão das folhas em órgãos diminutos ou em espinhos, as raízes extrema- mente longas para alcanqarem o lençol d'água que se encontra, muitas vêzes, a profundidades consideráveis. São plantas rasteiras para resistirem aos ventos. Algumas mantêm-se quase totalmente enterradas. Mas se cai alguma chuva, desenvolvem-se rapidamente,

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realizando, em poucos dias, todo o ciclo vegetativo. No Saara, os muçulmanos usam o têrmo "acheb" para as plantas dêste tipo. É: uma denominação genérica.

Nos pontos do deserto em que aparece água, seja em virtude de afloramento do lençol subterrâneo, seja pelos rios que descem das montanhas ou procedem de outras áreas mais chuvosas, a ve- getação desenvolve-se, os animais vivem bem porque não Ihes faltam pastos e o homem pode sedentarizar-se. Uma planta, ori- unda da Ásia - a tamareira - auxilia sobremodo a vida humana.

No Moghreb e na República Sul-Africana, levada pelo homem europeu, há vegetação do tipo mediterrâneo.

Nas altas montanhas de nordeste, as paisagens vegetais rela- cionam-se com a altitude.

3 .5 Hidrografia

Alguns rios são de grande comprimento: o Nilo, com 6 700 km, o maior do mundo; o Congo (4 200), o Níger (4 200) e o Zambese (2 600). A disposição do relêvo em planaltos e com escarpas mais ou menos abruptas cria rápidos e cachoeiras, que interrompem ou impossibilitam a navegação. O fato de correrem em áreas niveladas é outro obstáculo para a navegação, porque as águas se espraiam, ficando um nível baixo, e formam pântanos invadidos pela vege- tação.

Muitos rios não alcançam o mar. No Saara e no Moghreb há vales em que só corre água após as chuvas; são chamados "uedes". Enchem-se rapidamente e infiltram-se com facilidade.

"Ueds" e rios de caráter permanente têm sido utilizados em larga escala para irrigação de culturas.

Quando o desenvolvimento técnico alcançar a níveis mais ele- vados, a África deverá ter grande produção de energia elktrica. A sua riqueza potencial figura como a maior do mundo.

3.6 Aspectos antropogeográficos

Avalia-se a população africana em 260 milhões, isto é, quase metade da européia. A densidade não chega a 10, sendo, pois, o continente de mais baixo índice demográfico depois da Austrália.

Mais de 30 h/km2 apresentam: Ruanda, Eurundi, Egito, Tu- nísia, Uganda, Zanzíbar, Nigéria, Serra Leoa, Gâmbia e pequenos

: enclaves noutros países. A Mauritânia e a República do Níger são os países menos povoados, o primeiro com apenas 0,5 h/km2 e o segundo, com 2 .

No Egito, Marrocos, Argélia, Tunísia e parte do Saara domina a raça branca. Os negros formam a maioria do resto da África.

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MUNDO NOVÍSSIMO

Prof. CARLOS MARIE CANTÃO

1. Posição e generalidades 2 . Austrália

2 . 1 Posição 2 . 2 Estrutura e relevo 2 . 3 Litoral 2 . 4 Clima 2.5 Vegetação 2 . 6 Hidrografia 2 . 7 Aspectos antropogeográficos

3 . Bibliografia

DESENVOLVIMENTO

1 . Posição e generalidades

O Mundo Novíssimo ou Oceânia é constituído pela Austrália (7 000 000 km2) e milhares de ilhas espalhadas pelo Oceano Pací- fico. Perfazem estas terras 8 500 000 km-u, aproximadamente 1/6 da parte emersa do planêta. Representa restos de um antigo con- tinente que sofreu fraturas, originando mares pouco profundos (Arafura, Geral) e fossas de 8 000, 9 000 e mais metros de profun- didade. Muitas ilhas, geralmente de reduzida superfície, surgiram do próprio oceano, pela acumulação de lavas e construções cora- líneas.

A Oceânia divide-se em:

I - Australásia:

1 - Austrália com a Tasmânia (Domínio da Comuni- dade Britânica - Capital : Camberra) ;

2 - Nova Zelândia (Domínio da Comunidade Britâ- nica - Capital: Wellington, na Ilha do Norte).

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I1 - Melanésia:

1 - Nova Guiné - dividida politicamente em:

a) Iriã (parte ocupada pela Indonésia - Capi- tal : Sukarnpura) ;

b) Nova Guiné Australiana (Fideicomisso da ONU - Capital: Rabaul) ;

c) Papuásia (parte da Federação Australiana) ;

2 - Arquipélago de Bismark (incluído no Fideicomisso da Nova Guiné Australiana).

3 - Arquipélago de Salomão e Santa Cruz (com exce- ção das ilhas de Bougainville a Buka, incluídas na Nova Guiné Australiana, todas pertencem ao Reino Unido e têm a capital em Tulagi) .

4 - Arquipélago das Novas Hébridas (Condomínio Franco-Britânico, tendo por capital Vila, na ilha Efate) .

5 - Arquipélago da Nova Caledônia (Território de U1- tramar da República Francesa - Capital: Numéia na ilha Nova Caledônia).

I11 - Micronésia :

1 - Arquipélago das Marinhas ou dos Ladrões (Admi- nistrado em fideiconiisso da ONU pelos Estados Unidos, salvo a ilha de Guam, que lhes pertence - Capital: Carapá, na ilha Saipã) ;

2 - Arquipélago de Palaus (Administrado em fideico- misso da ONU pelos Estados Unidos - Capital: Korer, na ilha de Palau) ;

3 - Arquipélago das Carolinas (Administrado em fidei- comisso da ONU pelos Estados Unidos - Capital: Nã Matel, na ilha Ponapé) ;

4 - Arquipélago Marshall (Administrado em fideico- misso da ONU ou pelos Estados Unidos - Capital: Jaluit) ;

5 - Arquipélago de Gilbert e Ellice (colônia do Reino Unido - Capital: Tarawa;

IV - Polinésia:

1 - Arquipélago de Viti ou Fidji (Colônia do Reino Unido - Capital: Suva, na ilha de Viti Levu);

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2 - Arquipélago de Tonga ou dos Amigos (Reino pro- tegido pelo Reino Unido - Capital: Nukaolofa, na ilha do Tongatabu) ;

3 - Arquipélago de Samoa ou dos Navegantes, compre- endendo: Samoa Ocidental - independente, sob a forma monárquica (Capital: Ápia, na ilha Opu- hu) e Samoa Oriental (Estados Unidos - Capital: Pago-Pago, na ilha de Tutuila) ;

4 - Arquipélago das Espórades Equatoriais ou Ilhas da Linha e Arquipélago Fênix (Condomínio dos Esta- dos Unidos e Reino Unido);

5 - Arquipélago de Wallis e Ilha de Futuna (Território de Ultramar da República Francesa) ;

6 - Arquipélago das Marquesas, Arquipélago de Taiti, Arquipélago de Sota-Vento, Arquipélago Tuamotu, Arquipélago Gambier, Ilhas Austrais ou Tubai (Território de Ultramar da República Francesa -

Capital: Papiti, na ilha de Taiti) ; 7 - Ilha de Pascua, Ilha de Sala y Gomez e Arquipé-

lago João Fernandes (Chile) ; 8 - Arquipélago de Havaí ou Sandwich (Estado da Fe-

deração Americana desde março de 1959 - Capi- tal, Honolulu) .

Na Oceânia há 81% de mares e apenas 19% de terras. Os dois trópicos atravessam esta parte do mundo. O arquipélago de Havaí e algumas ilhas da Micronésia ficam ao norte do Tr6pico de Câncer; grande parte da Austrália, a Nova Zelândia, a ilha de Pascua e al- gumas outras da Polinésia situam-se ao sul do Trópico de Capri- côrnio.

Do tota1 das terras da Oceânia, 3/4 correspondem ao hemisfé- rio sul e ficam fora das grandes rotas comerciais.

O arquipélago entre 100 lat. N e 150 lat. S têm calor constante e uniforme, sem diferenciação de estacões, chuvas abundantes, céu nublado, atmosfera carregada de eletricidade, tempestades violentas. Possuem clima equatorial

No Havaí, Marianas, Nova Caledônia e Fidji já se notam duas estações: verão quente e úmido; inverno quente e sêco. Gozam de clima subtropical.

À Nova Zelândia e sul da Austrália corresponde clima tem- perado.

De modo geral, a Oceânia é salubre. Desconhece-se a febre amarela e o impalu

d

ismo só existe na Nova Guiné, Bismark e Novas Hébridas. Ocorrem, porém, com frequência, a lepra e a ele- fantíase.

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Os ciclones assolam Samoa, Tonga, Fidji, Novas Hébridas, Nova Caledônia e a costa nordeste da Austrália.

Os tremores de terra e as erupções vulcânicas são fenômenos comuns. Frequentemente aparecem e desaparecem novas ilhas.

Os recifes de coral formam a nota mais coracterística da Oceâ- nia. Por toda a parte onde as águas oferecem condições de tempera- tura e salinidade, desenvolvem-se coralíneos e algas calcárias. A Grande Barreira, a leste da Austrália, tem 2 400 km de compri- mento e uma largura que atinge a 150 km na parte sul. Outro importante recife-barreira encontra-se na Nova Caledônia. Tem 830 km de comprimento.

Há recifes-franja em muitas ilhas, mas a forma mais típica é o atol, isto é, o recife circular possuindo uma laguna.

Os corais vivos só se encontram até algumas dezenas de metros. Devido aos movimentos de ascensão e descida do leito submarino, podem os recifes por êles construídos ser encontrados acima das águas ou a centenas e mesmo milhares de metros de profundidade.

O bater das vagas contra os recifes vai fragmentando-os, re- duzindo-os a pequenos blocos e, afinal, a grãos, que acabam por acumularem-se e constituirem um solo onde se fixam a Ipomea e outras plantas baixas e, mais tarde, os coqueiros.

A posição astronômica, as temperaturas elevadas e as chuvas abundantes concorrem para apressar esta evolução.

A vegetação das ilhas de origem continental é constituída de florestas espêssas e mangues: a das ilhas oceânicas apresenta-se muito mais pobre, representada sobretudo por coqueiros, pandanos, fruta-pão, bananeiras, inhame, batata-doce, taro, ipomea, miki- -miki, arbusto de flores brancas chamado cientificamente Pemphis acidula. Na Nova Zelândia destacam-se: o pinho kauri (Dammara australis), a faia antártica (Notofagus menxiesia) fotos arborescen- tes, o cânhamo Phermium tenaz e outros vegetais. Ao apreciarmos a Austrália faremos referências a sua flora.

A fauna da Oceânia apresenta como traços mais gerais o en- domismo e o arcaísmo. Existem aves terrestres de grande beleza só conhecidas nesta parte do mundo, as vêzes exclusivas de deter- minada ilha. Mais de 50 espScies de aves da Nova Caledônia só aí se encontram. No arquipélago de Sandwich vivem mais de 300 es- pécies de moluscos do gênero Achatinella, as vezes exclusivas não de uma ilha mas de certo vale. A Austrália e a Nova Guiné pos- suem os únicos representantes atuais da classe dos monotremos: o ornitorrinco (Ornythorhynchus anatinus) , exclusivo da Austrá- lia, e os equidnas. Os marsupiais só perduram na Austrália (150

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espécies), Nova Guiné, arquipélago de Salomão, Insulíndia e Amé- rica. A Nova Guiné e a Austrália, embora tão próximas, possuem di- ferentes espécies de lagartos. O quivi (Apteryx) é ave exclusiva da Nova Zelândia, assim como os papagaios quéia (Nestor notabilis) e caca (Nestor rneridionalis) .

A adaptação ao meio físico é notável. O peixe Ceratodus forsteri, de Queensland, possui pulmões e brânquias, podendo re- sistir a longa sêca australiana. É uma espécie que no mesozóico existia em todo o mundo. O sáurio Moloch horridus possui junto a cabeça uma protuberância esponjosa capaz de absorver a umi- dade da noite. Certas rãs e tartarugas do oeste da Austrália, ao chegar o fim das chuvas, absorvem o máximo q-de podem de água e, em seguida, envolvem-se de barro ficando como bolas até o apa- recimento das novas precipitações. Algumas aves não voam ou têm v60 difícil. Sirvam de exemplos: a ave-lira (Menura superba), o emu (Dromaeus novae hollandiae) o casuar (Casuarus galeatus) .

Idênticamente a flora e a fauna, há grupos humanos quase exclusivos da Oceânia. Constituem verdadeiras relíquias etnográ- ficas. Parecem ter vindo da Ásia em vagas sucessivas.

Na Austrália há negróides que permanecem no período paleo- lítico. Altos, olhos enterrados, sobrancelhas salientes, sistema pi- loso muito desenvolvido, cor carregada, cabelos encaracolados. Ocupam atualmente os desertos e certo número de reservas. Em passado longínquo, devem ter vivido na Malásia, Indo-China, índia e, talvez, extremo sul da América Meridional.

Na Nova Guiné ocidental encontram-se representantes de um povo pigmeu (1,45 m) : são os Tapiro, que se entregam exclusiva- mente a coleta vegetal (inhame, taro, etc.). Há traços dêstes ne- gritos na Micronésia e Novas Hébridas.

Os melanésios são negróides, porém mais adiantados do que os da Austrália. Estão no período neolítico, assim como os poliné- sios, indonésios e malaios, que pertencem ao grupo amarelo.

Os melanésios são cor de chocolate. O tipo Papu encontra-se na Nova Guiné. Altura média, cabelos crespos, fronte fugidia, ar- cadas superciliares proeminentes, nariz largo e convexo com a ponta de bico. O tipo Melanésio pròpriamente dito é de pequeno porte, pele mais clara, cabelos ondulados, fronte arredondada, nariz lar- go mas não adunco, arcadas superciliares pouco salientes. O Neo- Caledoniano caracteriza-se por uma saliência na glabeia e afun- damento na base do nariz, o que denota parentesco com os Negros Australianos e a raça extinta da Tasmânia.

A raça melanésia também ocupou área muito mais vasta. Na península indo-chinesa persiste em pequeno número. Em muitas ilhas da Polinésia há indivíduos que deixam perceber bem a sua

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ascendência melanésia. No povoamento de Madagáscar êles tiveram papel de destaque. Rivet defendeu a identidade dêste tipo com o da Lagoa Santa. Indígenas da Baixa-Califórnia, Colômbia, Equador, Argentina também apresentavam traços de melanésios.

Os indígenas da Oceânia dispõem de canoas compridas e es- treitas, cavadas em troncos de árvore, com balanceiros ou batan- gas. que lhes dão grande estabilidade, e velas formadas de esteiras. Algumas podem transportar 150 a 180 pessoas e, às vêzes, são duplas. Com elas os melanésios puderam conhecer área tão vasta dos Oceanos Pacifico e Indico.

O indígena Polinésio é de pele clara e cabelos lisos. Encontra- -se de Havaí a Nova Zelândia e de Samoa a ilha de Pascua. Deve ser a resultante do cruzamento de amarelos (malaios) brancos e negróides.

Os Chamorro das Marianas e, provavelmente, os micronésios, em geral, parecem provir de indonésios. Misturam-se, segundo a área, com melanésios, negritos, polinésios e malaios.

Estas populações indígenas, curiosas sob muitos aspectos, estão em via de extinção. Basta citar alguns números para compreendê- -lo: os micronésios são apenas 90 000; os polinésios, 300 000; os negros da Austrália, 60 000. Os negros da Tasmânia, que eram cêrca de 20 000 quando Cook descobriu a ilha, em 1777, desapare- ccram por completo. O último homem morreu em 1869 e a última mulher, em 1877.

A decadência é anterior a chegada dos europeus. Guerras, ca- nibalismo, esterilidade natural, fraco índice de natalidade, maior número de homens do que o de mulheres são os motivos apontados. Os europeus, com o álcool, a arma de fogo, a varíola, recrutamento forçado para trabalho aumentaram os fatores de mortalidade. Os maioris da Nova Zelândia, depois de um período de decréscimo, em que baixaram a 36 000, em 1936, começaram a aumentar. Vivem em reservas, com terras próprias onde cultivam milho e tubérculos e fazem criação de gado. Agora são 190 000.

A população atual da Oceânia, incluindo os brancos muito numerosos na Austrália e Nova Zelândia, pode, em números re- dondos, ser calculada em 14 000 000, o que dá uma densidade média pouco inferior a 2 habitantes por quilômetro quadrado.

Os indígenas vivem da pesca, coleta de vegetais, plantação de côco, taro, fruta-pão, ba t ak doce, inhame, bananas, criação de porcos. Os Chamorro das Marianas cultivam arroz. Os brancos da Austrália e Nova Zelândia têm grande criação de carneiros (19 para cada neo-zelandês e 14 para cada habitante da Austrália) e bovinos (3 para cada neo-zelandês e 1,7 para cada australiano). Cultivam cereais, plantas forrageiras, frutas. A mineração é va-

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riada e importante na Austrália. A hulha, o linhito, o ouro e o calcário são apreciáveis na Nova Zelândia. A Nova Caledônia re- presenta o terceiro produtor mundial de níquel: extrai também cromo e manganês. Na Micronésia e em Tuamutu faz-se explota- ção de fosfatos e na Nova Guiné, petróleo.

2 .1 Posição

O continente australiano fica inteiramente no hemisfério sul, atravessado mais ou menos ao meio pelo Trópico de Capricórnio.

2.2 Estrutura e relêvo

A Austrália é um continente velho, sob o ponto de vista geo- lógico. A parte ocidental, reduzida a uma peneplanície de 200 a 400 metros, está emersa desde o precambriano. Era primitivamente contornado a oriente por urna série de ilhas que, mais tarde, foram soldadas vindo a formar as chamadas Terras Altas do leste.

O velho núcleo deixa perceber marcas do dobramento huro- niano e dos dobramentos paleozóicos. São elevações isoladas que, em certos casos, excedem a 1000 metros (Cadeias Darling, Mac Donnell, Musgravo, etc.)

O dobramento herciniano foi acompanhado de glaciação. Provam-na rochas estriadas e blocos arredondados que se encon- tram no oeste, centro e sudeste do continente. Também originou fraturas, que, em muitos casos, se enche-m de material metálico de valor econômico e provocaram derramamentos de lavas.

No mesozóico, o mar invadiu a parte central da Austrália, depositando argilas e marnas ainda muito abundantes entre os creeks Diamantina e Cooper. Retirou-se, em seguida, deixando co- linas de arenito cuja desagregação fornece material para as dunas do deserto Sturt Stony.

Nova invasão do mar ocorreu no comêço do terciário. A ela. se relacionam as argilas de Murray-Darling e a meseta calcária de Nullaber, onde há delinas e sumidouros.

O dobramento alpino rejuvenesceu as montanhas da parte leste, produziu elevação geral do continente e formou fraturas que permitiram o aparecimento de campos basálticos, no leste e no oeste, e cones vulcânicos no Estado de Vitória.

A velha peneplanície ergueu-se, na parte leste, a 1000, 1 500, 2 000 metros. São as chamadas Terras Altas; montes Pirineus, Alpes Australianos, montanhas Azuis. No maciço de Kosciusko chegam a 2 211 metros (pico de Towsend, o mais alto da Austrália).

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A glaciação do pleistocênio teve menos importância do que a do final do paleozóico.

Ao terminar o terciário ou no princípio do quaternário houve afundamentos. A Tasmânia separou-se do Continente. A leste afun- dou uma faixa que passou a mar pouco profundo, facilitando a formação da Grande Barreira de recifes coralíneos. Ao norte consti- tui-se o estreito de Torres, que isolou a Nova Guiné. Os golfos do Spencer e São Vicente correspondem a áreas afundadas.

As cadeias que acompanham a costa leste, em virtude do seu próprio rejuvenescimento, que modificou o nível de base dos rios, passaram a ser trabalhadas de modo intenso pela água. As geleiras de pleistocênio também agiram. Formaram-se, assim, em tempo reduzido, gargantas profundas que dividiram o conjunto.

A vertente oeste é mais suave. A leste, devido a falhas longitu- dinais, a terra decai em degraus. Os cursos dágua descem, então, em cascatas. São rios com volume apreciável porque cor- respondem a parte em que os ventos úmidos do Pacífico, intercep- tados pela barreira montanhosa, provocam chuvas abundantes.

A vertente voltada para o interior é mais suave mas o terreno das Planícies Centrais, extremamente poroso, provoca a sua in- filtração e desaparecimento rápido.

As feições topográficas da Austrália relacionam-se com a gran- de antiguidade do seu território e com o clima que se vem tor- nando mais sêco há milhares de anos. No planalto de oeste há grandes extensões desérticas: Warburton, Gibson, Vitória. Parte das Planícies Centrais são semi-desertos.

2 . 3 Litoral

Considerado em conjunto, é pouco recortado. O golfo Austra- liano, acompanhado por uma escarpa calcária retilínea de 650 km de comprimento e 100 a 150 metros de altura; o golfo de Carpontá- ria, circundado de mangues; a baía de Noventa Mil, no Estado de Vitória, e a de mesmo nome, na AustrBlia Ocidental, com praias arenosas; a cesta granítica entre os cabos Leeuxin e do Natura- lista; as colunas basálticas de Burnbury e outros trechos são pouco favoráveis ao estabelecimento humano. Do estreito de Torres ao cabo Sandy estende-se a Grande Barreira, recife atravessado por alguns passos (Trindade, Endeavour, etc.) , descoberto na mar6 baixa, distante em alguns trechos apenas 2 km do continente. Na Austrália Ocidental ficam os abrolhos de Heutman e no golfo de S. Vicente, pequenos outros recifes coralíneos. A costa sudeste possui alguns recortes apreciáveis: as baías de Port Jackson e Port Phillip, onde se localizam Sydney e Melbourne, respectivamente.

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Os golfos de Spencer e São Vicente são de origem tectônica. Entre o cabo Howe e o cabo Wilson há cestas de lido. Na península de Arnheim, amplas rias.

2.4 Clima

A posição da Austrália, aliada ao relêvo reduzido, explica os climas quentes e secos que aí d0minam.A parte norte está sob a influência de monções. Chega a receber, no verão, 3 000 mm de chuvas. No centro, as precipitações são muito raras e as amplitudes de temperatura, acentuadas. Em Alice Springs, quase sob o trópico, a temperatura se eleva a 470 durante o dia e cai a 50, a noite.

No sul, as temperaturas são mais equilibradas e as chuvas, em geral, mais abundantes.

Ao norte, leste e sudeste, junto ao mar, é onde se observa a maior quantidade de chuva.

Podemos distinguir na Austrália: um clima tropical, um clima nonçônico, um clima desértico, um clima temperado oceânico e um clima mediterrâneo.

2 . 5 Vegetação

O endemismo é o traço mais característico, da flora australia- na. Calcula-se que 85% das espécies lhe sejam peculiares.

As plantas estão bem adaptadas ao meio físico. Para evitar o desperdício de água, têm raízes muito longas; folhas grossas e carnudas, cobrindo-se de cuticula protetora contra a transpiração; filamentos, espinhos, sistema piloso. Nas árvores, as fôlhas dis- põem-se perpendicularmente ao solo, a fim de diminuir a superfície exposta ao sol. Muitas exsudam resinas e óleos. A mesma espécie muda de aspecto conforme viva em área mais ou menos úmida.

A floresta pluvial encontra-se na parte norte e nordeste. Bam- bus, palmeiras, pandanos, figueiras, lianas, orquídeas são as plantas mais comuns.

Em volta do golfo de Carpentária, mangues. No sudeste e na Tasmânia há florestas subtropicais e de zona

temperada, com gigantescos Eucalyptus amygdalina (mais de 100 metros de altura) , araucárias, faias, fetos arborescentes pal- meiras (Livistona australis) .

Vegetação mediterrânea encontra-se a sudoeste e na região dos golfos de Spencer e São Vicente. Caracteriza-se pelo jarrah ou caoba australiana (Eucalyptus marginata) , karri (Eucalyptus di- uersicolor) , casuarinas, xantorréias (gramínea arborescente que serve para combustível e fornece uma substância amarela que se usa para verniz).

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Nas planícies de Nova Gales e Queensland há savanas (bush), formadas de árvores muito rarefeitas (open forest) e estepes com árvores constituindo agrupamentos aqui e ali (grassland). As acá- cias, as casuarinas, as grass trees (Kanthorrhoea), o kurrajong ou árvore-garrafa (Sterculia rupestris) , e Eucalyptus globulus são os vegetais típicos. Após as chuvas, o solo cobre-se de verde: erva de canguru (Kangaroo grass, Anthristiria ciliata). Onde o solo é salgado, desenvolvem-se vegetais halófitos (saltbush) , de coloração verde azulado devido aos cristais de sal que absorvem. Servem para alimentar carneiros.

No interior encontram-se semi-desertos e desertos, êstes ulti- mos em menor extensão. A vegetação desta área chama-se genè- ricamente, sorub. Existe o malle sorub, formado de eucaliptos anões (Eucalyptus dumoso e Eucalyptus oleosa), que se desenvolvem muito próximos uns dos outros: o mulga scrub, composto de acá- ceas espinhentas; e o scrub spinifex, formado pela erva porco-espi- nho ou spinifex (Triedia hirsuta, na Austrália Meridional e Triodia irritam, na Austrália Ocidental), que forma moitas de 50 a 1,50 m de diâmetro. Possui espinhos que penetram nos animais e no ho- mem provocando dores fortissimas.

2.6 Hidrografia

As condições de clima e a natureza do solo justificam a po- breza de Austrália em águas correntes superficiais. Só na zona das monções e na costa leste existem rios que atingem o mar per- manentemente. O interior da Austrália forma áreas endorreicas com 4 000 000 krn2.

O rio Murray mede 2 766 km e o Darling, seu afluente, 3 124. Mas êste Último fica, na estiagem, transformado num rosário de lagos. E o próprio Murray, as vezes, não chega à foz.

Os rios temporários chamam-se creeks. Os lagos elevam-se a 763, na maioria pequenos e com regime

muito irregular. Os principais correspondem a zona tectônica que fica em continuação aos golfos de Spencer e São Vicente. São: o Eyre, o Torrens, o Gairdner e o Gregory.

Há abundância de lençóis dágua. Calcula-se que êles cores- pondam a uma superfície de 2 500 000 km2. A principal das bacias artesianas fica em Queensland. É conhecida por Grande Bacia Australiana.

Existem, ainda, a Bacia do Murray; a Bacia do Eucla, na meseta Mullabor; a Bacia do Deserto, a Bacia do Noroeste e outras na Austrália Ocidental.

Discute-se quanto à origem da água dos lençóis: será decor- rente de chuvas do passado ou será água juvenil, proveniente da constituição das rochas?

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2.7 Aspectos antropogeográficos

A população absoluta da Austrália é de quase 11 milhões. Dêstes, 99% são de raça branca, sobretudo de origem britânica (95%). A densidade média corresponde a 1,3.

A Austrália manteve-se pràticamente britânica em virtude das medidas contra a imigração. Queria-se a todo custo evitar a en- trada de amarelos e melanésios. Para isso, manteve-se proibida a entrada de estrangeiros até 1939. No ano de 1945 foi criado o Ministério da Imigração, que permite o ingresso de certo número de estrangeiros por ano. Chegaram, assim, italianos, holandeses e franceses mas o número total não é grande.

A população concentra-se nas cidades (69 % ) . Seis centros urbanos (Sydney, Melburne, Adelaide, Porth e Newcastle) perfazem 51% do total urbano. Nos arredores dos pontos citados, o índice de- mográfico eleva-se a 50 h/km" Afastando-se dos mesmos e em al- gumas outras "ilhas", a densidade varia entre 5 e 50. O restante do país tem menos de 5, às vêzes menos de 1 h/km2.

Não obstante tão alta porcentagem de população urbana a ex- portação do país provém dos campos na base de 85%. Isto é possível devido à alta cultura do povo (98% de alfabetizados) e aos aprimorados processos de trabalho.

A produção agrícola é apreciável: trigo (mais de 6 000 000 t), aveia (mais de 1000 000 t ) , cevada, batatas, milho, arroz, cana- -de-açúcar, vinha. Muito mais importante, porém, é a atividade pastoril. A Austrália figura, em primeiro lugar, em número abso- luto, na criação de carneiros (e, em segundo, em comparação com o número de habitantes). O seu rebanho eleva-se a mais de . . . . 152 000 000 de cabeças.

Quando aos bois, as estatísticas indicam mais de 17 000 000 de cabeças.

As indústrias derivadas dos produtos agropecuários adquiri- ram importância há muitos anos. Destacam-se: a cerveja, o vinho, o açúcar e os derivados do leite.

Durante a I1 Guerra Mundial, a Austrália desenvolveu a in- dústria de material bélico. A indústria pesada é, atualmente, a que absorve maior número de operários.

Aço, cimento, ácidos, automóveis, tecidos figuram entre as indústrias principais. Para êste desenvolvimento fabril conta com indústria mineira apreciável: hulha, linhito, ferro, chumbo, zinco, etc. e energia elétrica.

A importância da Austrália no mundo atual é imensa, se le- varmos em conta a sua reduzida população, pouco maior do que a da cidade de Tóquio.

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3 . Bibliografia

ALLAIN, Maurice - Géographie Universelle - Vol. IV - Libr. Aristide Quillet .

BLACHE, P. Vida1 - Gallois, L. - Géographie Universelle - Tome X - Libr. Armand Colin.

GQRDEJUELA, A. Nelson R. de - Geografia de Australia y Nueva Zelandia - Biblioteca de la Iniciación Cultural - Editorial Labor, S.A.

GUERRA, Antônio Teixeira - Enciclopédia Delta-Larousse - Vol. I - Editorial Delta S.A.

LESTER, P. - Millet, J. - Les races humaines - Lig. Armand Colin.

POUQUET; Jean - Les déserts - Col. "Que sais-je?" - Presses Uni- versitaires de France.

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INTERPRETAqAO DO LIVRO

EXERCÍCIOS E PRATICAS DE GEOMORFOLOGIA

Publicação dividida em três partes:

I . Convenções 11. Desenhos 111. Fotografias

I) As convenções abrangem assuntos de topografia, geologia, geomorfologia, petrografia, botânica, geo- grafia humana e econômica. Devem ser lidas sempre, para que se empregue com melhor adequação quando da elaboração de ilustrações.

11) Desenhos - figuras I - I1 - VI - VI1 - VI11 - XIV - XVI (observar os desenhos)

Desenho a ) - Issstasia (significa equilíbrio)

O encaminhamento dos sedimentos se processa da esquerda para a direita, conforme as setas no desenho, provocando acúmulo a direita. O pêso exercido pelas diversas camadas sedimentares, ou mesmo pelo gêlo, influi na crosta terrestre (sial) que se aprofunda motivando, também, pressão sobre o magna (sima). este tenta escoar para os lados favorecendo agora uma pressão em sentido in- verso, isto é, de baixo para cima, comprovado pelo levantamento da costra neste local.

Desenho b ) - Pormenor do fenômeno da isostasia

Uma área deprimida, central, sofre a pressão de cima para baixo. O m a p a , ao fugir do centro de maior força, soergue as duas partes laterais - " fenômeno de compensação isostática".

Se, entretanto, desaparece a pressão central - dos sedimentos carreados ou geleiras fundidas - o material que escapara para os lados, tende a ocupar o seu antigo local. É um movimento de re-

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I I S O S T A S I A ~ s e ô ç o T E C T ~ N I C O D A C A L Á B R I A

I

I

/ Linhos de fratura

b C

I+ +]Granito

Basolto

FIGURA I

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torno lento, causado pelas correntes convectivas. Dá-se, a êsse fato, o nome de "restabelecimento do equilíbrio isostático" isto é, o magrna ocupa a sua antiga posição, o que é, aliás, muito relativo.

Níveis elevados encontram-se em várias partes do mundo pro- vando efeitos isostáticos.

1. Entre Nova York (O metros) e Rio São Lourenço (150 m) (comparação)

2 . Escócia - 30 metros 3. Terras de Fernando José - 330 metros

Desenho c ) - "Esbôço Tectônico da Calábria"

Alpes e Apeninos = comandam a topografia da Itália Alpes - ao norte; Apeninos: norte (rochas friáveis); Centro (calcários resistentes); sul (muito complexo, cujo

maior significado é na Calábria e na Sicília).

1) Em torno de Potenxa está a Basilicata: dominada pelo em- bassamento cristalino e terrenos secundários muito meta- morfisados. Rêlevo de colinas - Grande dobramento - Falhas tangenciam o mar de Tarento - Grande erosão.

2) Cadeia Costeira do mar Tirreno - estreito "horst" - dobramentos - movimentos tangenciais.

3) Calábria - movimentos tangenciais e verticais pliocêni- cos e falhas em várias direções: N - NE - S - SW - grande diferença do restante dos Apeninos.

- Maciço de Sila - a leste - grande bloco, com restos de uma paisagem antiga preservada.

- Serra de São Bruno e Aspromonte: embasamento cris- talino soerguido e interrompido por falhas.

4) Sicília - norte (sinuosa) ; sul e centro: relêvo de colinas suaves, como na Basilicata; nordeste e sudeste: planalto sedimentar fraturado; oeste: relêvo calcário. Os blocos falhados ligam-se, em suas orientações, ao Norte Africano. O relêvo do Sul da Itália explica-se, também, por ser in- tegrante da grande área instável do Mediterrâneo em al- guns trechos, associado ao norte africano.

FIGURA I1 - Desenho a) - metamorfismo de contato Metamorfismo - grandes transformações sofridas pelo efeito

de rocha intrusiva. Tipos de metamorfismo - variados - causado por calor, gases,

soluções emanadas da rocha intrusiva. Quando existe alta tempe-

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Metornorfisrno de Gontoto Geg. Longwell-Knopf-Flint)

Uma r o c h a de i n t r u s ã o em parte desnudada-

6UIR LAMDAS

molhes de resist6hc;a

guirlondas ontigos

guiriondos de i lhos o u depressões submarinos

- - - -

FIGURA I1

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ratura nas grandes massas magmáticas, sem alterar a composição química das rochas, diz-se que o metamorfismo é termal. Quando êste existe, pela presença ou também contato do magma, o me- tamorfismo é de contato. . .

Em torno da rocha intrusiva existe uma faixa (representada por pontilhado no desenho) chamada auréola de contacto.

Nas rochas graníticas a auréola é extensa podendo atingir quilômetros de largura; nos sills e diques é bem menor: atinge metros, a partir do contato.

Explicação :

1) Os granitos têm efeitos metamórficos maiores porque o seu magma sendo ácido, é mais rico em gases e mais quimica- mente ativo do que outros magmas. Os granitos formam batolitos e dão forma em domo (como na figura). - Rêde hidrográfica é radial, como se observa, dirigindo-

-se os rios, em várias direções.

Conclusões :

- Quanto > a rocha intrusiva > grau de metamorfismo.

- Quanto > a temperatura inicial e

- Quanto <a velocidade do resfriamento> grau de meta- moriismo.

Desenho b ) - "Guirlandas" da Ásia

Arcos tectônicos convencionais sem nitidez absoluta que se su- cedem de norte para sul da Ásia.

Dois núcleos de rochas antigas - Planalto Siberiano e na fndia.

1) Planalto Siberiano - norte do lago Baical - antigo cen- tro de rochas cristalinas e cristalofilianas que não foi muito abalado pelos movimentos tectônicos formadores das "guirlandas". Modelado de colinas cobertas por rochas sedimentares. Altitude: 200 até 1000 metros de altura, no máximo.

2) Primeira "guirlanda" - ao sul do lago Bacia1 - êste arco copia a posição do planalto siberiano - é um alinhamento montanhoso, com grande área de terrenos paleózoicos: 200 a 3 000 metros no máximo: Montes Baical.

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3) Segunda "guirlanda" - as "guirlandas" separam-se por bacias que funcionam como vias de passagem.

É: formada por terrenos secundários e terciários, em quase toda a extensão; altitudes de 500 a 3 000 metros de altura, no máximo: Montes Urais, Altai.

4) Terceira "guirlanda" - Sudeste do mar Cáspio até a Mandchúria - terrenos paleozóicos - maciços tabulares, com predominância de altitudes entre 1 000 a 3 000 metros - grandes desertos - Limite sul dos glaciais.

5) Quarta "guirlanda" - linha interrompida no desenho - toda a Asia Central e parte insular. Dobramentos recentes - secundários e terciários. Continentes: relêvo muito elevado descontínuo, separado por bacias fluviais (hindugangética, por exemplo) Altitudes são superiores a 3 000 metros de altitude, abai- xando para 1000 metros, na Birmânia e 500 metros até menos nas planícies. Oceano - penínsulas longas, estreitas, como Borneo; pro- longamento até a Coréia.

6) Quinta "guirlanda" - desenho pontilhado - desde a Asia Menor, vertente meridional do Hirnalaia, baixando de 1000 metros para O metros e inferior a O metros no oceano - são alinhamentos vulcânicos, independentes das fossas - é o "círculo de fogo do Pacífico", grande área instável da Terra.

7) fndia - rochas do embasamento cristalino, com gnaisse principalmente ao sul onde estão cobertos pelo paleozói- co e muito perturbado pelos derrames de trapp-Leste = al- titudes de O a 1000 metros, muito fraturado; Oeste = Decã = mesetas de 500 a 3 000 metros de altitude. Outrora a fndia era separada do restante da Asia e foi ligada pelos sedimentos da planície hindu - gangética.

- As "guirlandas" foram alteradas por vários ciclos de erosão; as geleiras espalhavam-se pelo centro e deixa- ram, após fases de glaciação e degêlo, vários alinha- mentos de morainas, entre as elevações. São os "rios de pedras" da Ásia.

As "guirlandas" suscederam-se, portanto, em épocas geo- lógicas diferentes e têm altitudes, formas topográficas e petrografia diversas umas das outras com grande com- plexidade, não correspondendo, assim, a nitidez que, por- ventura, pudesse transparecer o significado dêste termo empregado por Suess em suas obras.

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. EVOLUÇÃO DO RELÊVO EM ESTRUTURAS DOBRADAS

(d ) De,. M11t.. W d . b p L . .

FIGURA VI

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3) FIGURA VI - Evolução do relêvo e m estruturas dobradas Forças que provêm do interior da terra ao encontrarem rochas

plásticas dão na superfície um dobramento, isto é, o terreno se dobra, como assinala a figura (a). As partes elevadas são as anti- clinais onde estão algumas ravinas; as partes baixas são as sin- clinais onde se acumulam os sedimentos carreados das vertentes. Observar a estrutura dobrada dêsse relêvo. Na figura (b), observa- -se que o ravionamento está mais acentuado, tendo erodido as ca- madas superiores do relêvo. O topo das anticlinais estão rebaixados.

Na figura (c) a modificação do relêvo é mais acentuada; há maior desgaste das anticlinais que se aprofundam cada vez mais. Notar que as sinclinais se mantêm e, aos poucos, tendem a apresen- tar maior altitude do que as anticlinais erodidas (observar na ex- tremidade direita do desenho que as elevações e a camada cinza foram demolidas). Finalmente, na figura (d) estão as provas de uma inversão de relêvo = partes côncavas tornam-se convexas e vice-versa.

A posição central de uma camada preservada da antiga sincli- na1 pode ser considerada "suspensa".

4) FIGURA VI1 - Relêvo de falha Quando as forças internas encontram terrenos resistentes êstes

se fraturam e deslisam, originando um relêvo da falha. Na natureza em determinado local abalado por fraturas, difi-

cilmente há uma só falha. O terreno geralmente se fratura em várias direções, ocasionando vários tipos de falhas. Ao seu con- junto dá-se o nome de "rêde de falhas" ou "feixes de falhas" como se percebe no bloco diagrama.

FL = contato entre a parte elevada e a que deslisou FiF1' = falha normal, vertical = o bloco foi fraturado no

sentido vertical e o abaixamento acompanhou-o F, = falha normal inclinada = linha de fratura é incli-

nada e o bloco desceu neste sentido. D - bloco que afundou S - bloco que se manteve na mesma posição

FS - falha com escarpa que ainda não foi erodida F, - falha inversa - o bloco fraturado elevou-se sobre

outro bloco = acavalamento. FLS - frente dessecada de bloco falhado acavalado

Fi - falha motivada por deslocamento horizontal (obser- var a posição do dique, testemunhando o movimento)

d - dique (importante fator de identificação das falhas)

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rn A -1 e Li, ,i 2 n w m LL L= LL

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5) FIGURA VI11 - Evolução do Relêvo Falhado

- As falhas dão relêvo de formas rígidas.

Desenho (a') - no alto, à esquerda = diversas falhas se apre- sentam mostrando vertentes íngremes, dominadas no alto por re- lêvo tabular, com cornijas nítidas. Pequenos córregos esboçam-se nas encostas. Notar a correspondência das camadas entre os blocos superiores e os inferiores: pilar e fossa.

Desenho (b ) - em baixo, à esquerda = encostas em evolução - cornijas em recuo, talvegues perdem altura pela sedimentação crescente. Mesetas ao fundo reduzem-se, em extensão.

Desenho ( c ) - no alto, à direita = desaparecimento total do relêvo tabular e cornijas; divisores de água rebaixados - rêde de drenagem mais organizada; aparecimento de um relêvo de colinas.

Desenho ( d ) - em baixo, à direita E peneplanização consu- mada - drenagem difícil - talvegues e antigas encostas quase a se confundirem - modificação total da paisagem.

6 ) FIGURA XIV - Morfologia Glac iár i~

A morfòlogia glaciária corresponde as grandes latitudes ou grandes altitudes.

Vale glacial e m U - ("en auge" ou em mangedoura) - A neve ao cair se deposita, mas nem sempre se funde, dependendo das con- dições gerais da região. Se ela se deposita, sobrevindo novas quedas, dar-se-á a acumulação crescente e uma geleira pode surgir. O gêlo, assim, comprime as partes laterais do terreno e do fundo, êste au- xiliado pela corrosão das morainas de fundo.

O fundo do vale permanece plano e as vertentes, verticais - A profundidade dos vales em U depende da massa de gêlo que, quanto maior, maior pressão exercerá e favorecerá conseqüente aprofundamento.

Formação dos lagos glaciais - à direita, as geleiras se cortam em "crevasses" (fissuras no gêlo) que predispõem os blocos ao des- locamento e fusão. A água escoa para as partes baixas depositan- do-se nas depressões formadas anteriormente. De outro modo, alguns cordões de morainas também cercam, às vêzes, essas de- pressões, favorecendo a existência dos lagos glaciais.

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Evolucão da Erosão numa ~alésia I

FIGURA XVI

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Geleira e m perfil - uma "crevasse" maior no alto, provoca escoamento da água para baixo, motivando, no fundo, as panelas; há escoamento no sentido horizontal também, resultando uma "corrente subglacial" que se espalha na planície. O final da geleira é marcado pela moraina terminal. Entre a corrente subglacial e as morainas de fundo, observa-se o esker = depósito formado por cascalho e areias aluviais, subglaciais.

asses sedimentos apresentam 5 a 200 km de comprimento com 10 a 100 metros de altura - quando sobrevém o degêlo, o esker mantém-se apenas como um depósito, como se observa na figura.

7) FIGURA XVI - Evolução da erosão numa falésia

Falésia - Forma de relêvo litorâneo dessimétrico, modelado pela ação abrasiva das águas do mar.

Primeira figura - estratificaçáo nítida das rochas sedimenta- res. A frente da falésia está em contato direto com as águas do mar. Observar de frente e em perfil.

Segunda figura - as vagas ao se quebrarem nos altos-fundos, se atrasam em relação às outras que se sobrepõem, ocasionando um choque ao bater na frente da elevação. Forma-se, na base da falésia, uma canelura que em prosseguimento, amplia-se originando a "gruta de ressaca" (observar o desenho em perfil). A parte superior do relêvo cai por desequilíbrio, motivado também pelas águas de infiltração das chuvas.

O material jacente ao sopé da falésia é retomado pelas vagas que o transforma em seixos e areias. Uma plataforma, então, se esboça, à frente da falésia, já mais distanciada do mar. asse plano cobre-se do material desagregado - é a "plataforma de abrasão marinha". A falésia perdendo distância ao mar alarga essa plata- forma; no momento em que as vagas não mais a tocam ela é uma '(falésia mortaJ

J, como se vê na última figura.

As falésias apresentam algumas diferenças de forma, segundo a ronstituição petrográfica, inclinação das camadas, etc.

111) Fotografias - Fig. VI11 n.0 2 - Fig. V n.0 3 - Fi- gura IX n.0 1 - Fig. IX n.0 2 - Fig. XIV n.O 2 - Fig. n.0 11 - Fig. VI n.0 1 - Fig. XII n.0 1 - Figu- ra XV n.0 1 - Fig. XII n.0 2 - Fig. XVI n.0 4 - Fig.12.

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FIGURA VI11 - N." 2

Dissecação de blocos falhados - erosão antrópica

USINA DE FONTES - Estado do Rio de Janeiro.

- Escarpas com sulcos profundos, evidenciando dissecação causada pela ocupação humana.

É um vale tectônico, com falhamentos, integrantes do relêvo da "serra" do Mar que é orientada NE-SW; associa-se a um grande eixo do relêvo semelhante ao tipo apalachiano.

Ao fundo, na topografia, relêvo ondulado de colinas.

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FIGURA V - N.' 3

Entalhamento da borda de um planalto

GUIRATINGA - Estado de Mato Grosso

A topografia caracteriza-se por grande horizontalidade evi- denciada nos rebordos dos chapadóes. São arenitos, calcáreos, fo- lhelhos e siltitos datados do permiano (série Aquidauana) .

A grande permeabilidade dos arenitos favorece o aprofunda- mento dos rios ao longo dos quais desenvolve-se a mata galeria.

No alto, domina o campo cerrado. Diáclases favorecem existência de desníveis e, conseqüente,

corredeiras, como a evidente no primeiro plano da foto.

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FIGURA IX - N.0 1

DepressGIo de Patos, no Estado da Paraiba

Relêvo evoluído em clima semi-árido, por processo de pedipla- naqão. Contraste paisagístico - vertentes desnudas e grandes planuras. O embasamento cristalino é fortemente condicionado aos fortes raios solares. A desagregação mecânica se processa gra- -dativamente, deslocando blocos encosta a baixo. É o recuo das ver tentes. Os rios de regime torrencial conduzem êsses depósitos para o sopé, modelando-os, ao polir as arestas.

Todo o material em conjunto, é denominado "raiías" (seixos rolados, recém-desagregados, limonita, etc.) e é típico das regiões de clima semi-árido ou árido.

Enke as partes elevadas e a depressão semi-árida existe uma linha de ruptura, portanto, formando um ângulo, denominado "knick". - Toda essa formação é integrante da antiga extensão do

Planalto da Borbo rema, hoje, muito seccionado, pelos efeitos cli- máticos atuais e pelos paleoclimas de condições semi-áridas acen- tuadas ou mesmo hridas, alternadas, durante o fleistoceno.

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FIGURA IX - N." 2

"Inselbergue na depressão de Patos - RaraibaJJ

A fotografia anterior mostra como se comportam as rochas cristalinas diante do clima semi-árido, na vertente ocidental da Borborema.

Observam-se nesta figura, os mesmos processos em fase mais evoluída, deixando entrever uma relíquia da anitiga extensão - um "inselbergue" (montanha-ilha) .

Gsse relêvo-testemunho pode-se reduzir a um matação e se, a esfoliação prosseguir tornar-se um lajedão, ao inível da planura arenosa.

É o fim do inselbergue.

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FIGURA XIV - N.' 2

V a ~ v i t o s evidenciando glaciaçáo

MUNICÍPIO DE ITU - Estado de Sã0 Paulo

Trata-se de pedreira de varvitos, rochas sedimentares de 0ri- gm lacustre-glacial, donde se exwaem lajes Para ~ o n ~ t r u ~ ~ o .

eles se formam a frente das geleiras.

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FIGURA 11 + Estratificação rz'tmica dos varvitos

MUNICÍPIO DE ITU - Estado de São Paulo

Pormenor da pedreira de varvitos. Notam-se sucessões de ca- madas claras e escuras. As primeiras, são de granulação mais gros- seira do que as outras e correspondem aos depósitos durante a fase do degêlo, portanto, verão. Os estratos escuros têm granulação fina, contendo argilas depositadas durante a fase da glaciaçáo, portanto, inverno. Nota-se a alternância dessas camadas claras e escuras.

Indícios que comprovam (no local) a origem dêsses varvitos:

1. Ripple marks 2 . Pistas que denunciam rastos de animais 3 . Entratificações entrecruzadas = correntes de direções di-

ferentes 4. Seixos = tipo moraina (observar na fotografia)

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FIGURA VI - N.0 1

Varvitos dobrudos

MUNICIPIO DE PORTO FELIZ - Estado de São Paulo

Notar as dobras nas camadas claras e escuras; Notar também as falhas (esquerda, na fotografia, em diago-

nal) e fraturas. A tensão provocada pelo glaciar explica essas ocor- rências. É, portanto, de origem adiasbrófica êsse dobramento e fa- lhamento.

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FIGURA XII - N.0 1

Meandro do rio Teles Pires

Limites entre os Estados do Pará e Mato Grosso

Os rios de planície caracterizam-se pela presença de meandros que, em certos trechos, recebem o acumulo crescente dos sedimen- tos arenosos e argilosos formando verdadeiras praias fluviais como se vê na fotografia - a floresta equatorial domina esta planície que se perde na horizontalidade.

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"Baías" e "Cordilheiras" n o Pantanal Matogrossense"

A fotografia apresenta um trecho de uma das maiores planícies de nível de base do mundo que, no período das cheias, apresenta-se quase totalmente inundada pelas águas do rio Paraguai e de seus afluentes.

Em alguns lugares, aparecem depressões cobertas de água - "as baías" - e pequenas elevações - "as cordilheiras".

As primeiras são lagoas que, em certos casos, apresentam-se com elevado teor salino, concentrados por evaporação. Estas "salinas" são de origem quaternária atual .

Essa ocorrência tem suscitado discussões entre os geólogos. Alguns apresentam hipótese de serem elas resultantes do recortamento de meandros; outros admitem a origem eólea e outros ainda afirmam ser ~rovenientes da acomodação, por colmatagem das diversas aluviões, na - . - Ôcasião das cheias.

A origem marinha para as "salinas" é difícil ser aceita porquanto nela ainda não foram encontrados fósseis que assegurem tal hipótese. As "baías'' têm dimensões que variam entre metros quadrados e mais de 12 quil6metros.

As "cordilheiras", como se vê na fotografia contornando a grande "baía" do centro, ficam a salvaguarda das inundações, constituindo um refúgio para o gado, nesse período.

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FIGURA XII - N.0 2

Desbarrancamento n a ilha do Careiro

MUNICÍPIO DE CAREIRO - Estado do Amazonas

A ação mecânica exercida pelas águas fluviais amazônicas, nas cheias, predispõe os barrancos ao desmoronamento. Fenômenos de infiltração e capilaridade associam-se a pressão das águas que, solapando as margens, o deslizamento sobrevém de imediata. Essas aluviões, causadas pelas "terras caídas" são retomadas pela cor- renteza que as acumulam em outros setores do curso fluvial.

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FIGURA XVI - N." 4 + Planície de restingas

(foto aérea)

MUNICÍPIO DE BARRA DE SAO JOÃO - Estado do Rio de Janeiro

A fotografia caracteriza-se pela presença de restingas que a domina totalmente. Sucessões de cordões acham-se intercalados por trechos deprimidos. A esquerda, no alto da figura, divisa-se uma restinga limitando o bordo de uma lagoa, havendo uma outra a leste dêste último acidente. Ambas podem ser consideradas res- tingas fossilizadas que se prederam, outrora, as bases de falésias assinaladas na foto por convenções desenhadas num quadrado. Nota-se a linha que existe entre êsses símbolos, correspondente à extensão dessas "falésias mortas". Suas origens associam-se à for- mação "barreiras" .(plioceno ou holoceno?)

A lagoa mencionada é o local de um dos "deltas fósseis" do rio São João. Observar um canal de escoamento que toma a direção de outra lagoa mais ao sul. A primeira lagoa mencionada é tem- porária, possuindo águas sòmente nas grandes chuvas porque é muito arenosa.

O segundo "delta-fóssil" desta extensão encontra-se à direita, na fotografia tomando direção oblíqua.

Acha-se coberto por vários cordões de restingas, mais recentes. que o próprio delta; a vegetação também o encobre; deve ser da mesma época, ou, mesmo, mais antigo do que o precedente.

O restante da fotografia mostra, com maior clareza, as suces- ~ õ e s das antigas linhas de praia cada vez mais recentes em direcão ao mar, isto é, na parte mais baixa da ilustração, onde termina pela presença dos manguezais, testemunho das proximidades da linha costeira.

Esta planície, assim formada, motivou o desvio da barra do rio São João que se encontra hoje mais a leste.

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FIGURA 12

Estratificação entrecruxada

RIACHÃO - Estado do Piauí

Observar as camadas do arenito Riachão (paleozoico), em sen- tidos diferentes: a inferior e a superior são oblíquas; a do centro é horizontal. Seixos típicos de rio são visíveis a esquerda na fotogra- fia, comprovando a origem deltaica dessa formação no interior do Piauí. A própria reconstituição geológica regional auxilia a inter- pretação da figura. As transgressões marinhas iniciaram-se no de- voniano, a partir da base cristalina da "Serra" Grande ou Ibiapaba, procedendo assim a um entulhamento sedimentar até o eixo fluvial do rio Parnaíba.

I3 um exemplo de sinclinal no Brasil, com terrenos cada vez mais recentes de leste para oeste, colmatando e desviando as anti- gas embocaduras fluviais.

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LAGOS, LAGOAS E LAGUNAS DO BRASIL

Prof. ANTONIO TEIXEIRA GUERRA

1 . Introdução

Até o presente momento são poucos os estudos referentes aos lagos de nosso país. Esta situaçáo está ligada ao fato das bacias lacustres ocuparem uma extensão muito peq.uena, quando com- parada à nossa hidrográfica e à extensão territorial do país.

Há certa problemática, quanto ao uso dos têrmos: lagos e la- gunas. Quanto aos lagos, êstes são definidos como depressões dos solos cheios de água.

A laguna é designação dada as depressões pouco profundas, de água salgada ou salobras, localizadas na zona costeira e sepa- rada do mar por cordões arenosos ou restingas, contando uma ou mais aberturas que permitem a livre circulação das águas mari- nhas.

As lagoas são depressões de formas variadas e cheias de água doce ou salgada, geralmente na zona costeira.

Vejamos a seguir alguns dados comparativos entre a extensão de nossos lagos, lagoas e lagunas e os de outros países:

OS GRANDES LAGOS

Área Km2

440.000

82.500

67.000

66.000

59.525

58.000

33.000

I País

. . . . . . . . . . . I - Mar CBspio.. -

.. . . . . . . . . . . . . . 2 - Superior..

3 - Vitória.. . . . . . . . . . . . . . . . .

4 - Aral.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . --

. . . . . . . . . . . . . . . . . 5 - Huron..

6 - Michigan.. . . . . . . . . . . . . . . - 7 - Baical.. . . . . . . . . . . . . . . . . .

. . . . . . . . . . . . . . . . Rússia - Irã..

. . . . . . . . . . . . . . E.U. - Canadá..

Tanganica .- Uganda - África - Quênia.. . . . . . . . . . . . . . . . . .

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Rússia..

. . . . . . . . . . . . . . . . E. U. Canadá..

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . E. Uilidos..

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Itússia..

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Os dados referentes as áreas lacustres de nosso país são ainda muito escassos. Mas, a titulo de informação vamos dar alguns:

ÁREA DAS LAGOAS BRASILEIRAS

Rio Grande do Sul: Lagoa dos Patos - 9.850 Km2 " Mirim - 2.847 " " Mangueira - 815 "

" Itapena - 120 "

Guanabara : Camorim - 11 Km2

Marapendi - 3 Km2

R. Freitas - 3 Km2

Rio de Janeiro: Feia - 328 Km2

Araruama - 207 KmZ

Saquarema - 36 KmZ

Alagoas : Jequiá - 20 Km2

Poxim - 10 Km2 Manguaba ou do Sul - 57 Km2

Mundaú ou do Norte - 30 KmZ

- 117 Km2

2 . Origem dos Lagos

Ao longo do litoral brasileiro aparecem várias lagoas e lagunas de barragem. Estas são de diversos tipos. A variação do nível dos mares é de grande importância na explicação de vários lagos das terras firmes da Amazônia, ou ainda das áreas dos tabuleiros terciários de Alagoas e do Espírito Santo. A decomposição química também constitui outro elemento de real importância para ex- plicar o aparecimento de vários lagos da zona calcária do estado de Minas Gerais. Finalmente, há lagos conseqüentes das forças endógenas (tectônica antiga e recente) - exemplo: os antigos lagos da fossa tectônica do Paraíba, os lagos do baixo planalto na área do baixo rio Negro e do Pantanal Matogrossense.

Vamos procurar particularizar êste assunto fazendo um rápido estudo de algumas áreas lacustres integrantes da paisagem brasi- leir a.

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2 . 1 Lagos da Amaxônia - lagos de várxea e lagos de terra firme

2.1.1 Lagos de várxea

Ocupam depressões da planície aluvial, isto é, áreas ainda não colmatadas inteiramente pelo material das enchentes, no processo normal da construção das várzeas amazônicas. Frequentemente êles correspondem a meandros abandonados ou a porções de longos trechos de paranás e mesmo de antigos leitos do Amazonas e seus afluentes abandonados na planície de inundação.

Os lagos de várzea, em sua maioria, são depressões rasas si- tuadas nas planícies marginais ao leito do rio, que se enchem de águas de inundação. Os lagos de várzea se localizam também na parte central das ilhas aluviais, como o lago dos Reis, na ilha do Careiro, situada na foz do rio Negro. Outro exemplo é do lago Pi- racacira na Ilha Grande do Tapara.

Deve-se ainda destacar os lagos de várxea que se localizam entre a faixa da várzea do rio principal e a base da escarpa do baixo planalto terciário, como o enorme lago Grande do Curai (ou de Vila Franca), na várzea do Baixo-Amazonas, entre a foz do Tapajós e a divisa para o Amazonas.

2.1 .2 Lagos de terra firme

São massas d'água que se encontram dentro de grandes trin- cheiras com dezenas de quilômetros de largura, cavadas pela ero- são no planalto terciário. Os lagos de terra firme são massas d'água represadas pelas restingas de aluviões - ex. lago Tefé, Coari e Mamiá. Êstes lagos são embocaduras afuniladas que podem ser desdobrados em duas ou mais bocas.

O escavamento da maioria dêsses lagos de terra firme se en- contra relacionado a outro nível de base geral. Isto significa que o escavamento dos mesmos deu-se por ocasião de uma regressão marinha, seguida de transgressão cujo nível das águas foi inferior, em valor, ao do recuo. Conseqüentemente, houve um afogamento na drenagem dos rios da Amazônia (1).

2.1 .3 Lagos tectônicos no trecho compreendido entre o baixo Rio Negro e o rio Amaxonas.

A observação da padronagem da rêde hidrográfica e de algu- mas bacias lacustres, levou o Prof. Hilgard O'Reilly Sternberg a identificar vários lagos nas proximidades de Manaus como oriun-

1 Antônio Teixeira Guerra - "Vales submersos na Amazonia" - p8gs. 41-43 - In "Tipos e Aspectos do Brasil" - 8." edicáo.

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dos de movimentação tectônica. Muitos lagos de terra firme for- mam ângulos quase retos ou "joelhos de fratura", ocupando linhas de falhas ou vales tectônicos posteriormente alongados e aprofun- dados pela erosão e finalmente invadidos e afogados pela água do Amazonas. Cita-se os seguintes exemplos: Lago Grande de Mana- capuru, Anamã, Badajós, Piorini, Miná.

Em síntese, pode-se dizer que houve o aprofundamento dos vales do Amazonas e afluentes, causado por um movimento positivo da região; a êsse movimento seguiu-se um, em sentido inverso, porém, de menor amplitude ocasionando o abaixamento do nível de base e a invasão dos vales inferiores pelas águas.

Quanto aos chamados lagos de erosão são mais comuns e nu- merosos no caso dos lagos com a forma de crescente. Êstes resul- tam de meandros abandonados. Outro tipo de lagos de erosão são os resultantes da acumulação de águas em depressões do ter- remo por ocasião do transbordamento do rio.

3 . Lagos de barragem d a "REGIÃO DOS LAGOS DO AMAPA"

A região dos Lagos do Amapá está compreendida entre os rios Amapá e Araguaia. Esta região é muito baixa, estando os pontos mais altos quase ao nível do mar. Pequenas lombadas, isto é, os "tesos" ou "firmes", e os "altos dos baixios", isto é, os lagos e suas margens, constituem os traços físicos dominantes destas áreas.

Bsses lagos constituem depressões ainda não entulhadas, situa- das na planície flúvio-marinha, formada pelos sedimentos carrea- dos pelos tributários diretos do Atlântico - rios: Araguari, Amapá e Flechal, Urassá e pela formidável massa de argila, lançada pelo rio Amazonas no Oceano e desviada para o Norte, pela corrente Norte-Equatorial. Como exemplo pode-se citar: Lago Novo, Duas Bocas, Comprido, Mutuca, Piratuba, Cujubim. Êstes lagos são de- vidos às flechas sucessivas de lama que barraram vários lagos neste trecho.

4. Os lagos d a Amaxônia e a pesca

Os lagos são excelentes pesqueiros, principalmente na época da vazante, pois grande parte dos peixes, refugiados nos lagos de várzea durante as cheias, não conseguem voltar ao rios de onde vieram. A fauna ictiológica como: tucumaré e pirarucu tem acen- tuado valor econômico. O lago Arari, na ilha de Marajó (tem 4 a 6 km de largura e 18 km N-S 100 km2) - é famoso pela sua piscosidade e pela atividade pesqueira. Na margem sudoeste do lago localiza-se a cidade de Genipapo cuja vida econômica gira em torno da pesca.

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5. Litoral de lagoas do Estado de Alagoas (Da Ponta Verde até o Ponta1 do Coruripe)

As lagoas do litoral alagoano são autênticos rios invadidos pelo mar. Três tipos de lagoas existe neste trecho da costa brasi- leira.

5 . 1 Lagoas oriundas de estuários de rios maiores

Fechados por restingas e cordões litorâneos, como a lagoa do Norte ou Mundaú, Lagoa Manguaba ou do Sul e Roteio.

A lagoa do Mundaú ou do Norte é a mais importante do Estado e foi outrora a foz do rio Mundaú. A barragem foi feita pela res- tinga de Maceió.

A lagoa Manguaba ou do Sul - foi O estuário do Rio Paraíba- -do-Meio sendo a maior lagoa do Estado.

Estas duas lagoas são ricas em peixes e alguns crustáceos (su- ruru). Elas servem de via de comunicação por meio de lanchas e canoas.

Lagoa do Roteio ( 8 Km" é formada por um cordão de recifes de arenitos que fecha quase totalmente a embocadura do rio São Miguel. Esta lagoa é rica em camarão.

5 .2 Lagoas formadas por rios tapados por terraços marinhos

Chegando suas águas ao mar através de um canal como o Ni- quin, de Jequiá e Poxim.

A lagoa do Jequiá é a terceira do Estado em área. Parece um tronco de árvore com poucos galhos formados pela rêde hidrográfi- ca. A barragem foi feita por um terraço flúvio-marinho, e liga-se ao mar por um rio-canal que se organiza na extremidade sul da lagoa.

5 . 3 Lagoas oriundas de estreitos e profundos vales de riachos de pequeno curso

Originários dos tabuleiros e tapados pela praia, no trecho das falésias do Jequiá, Doce, Pacas, Comprida, Mangues, Taboada, Azêda e Jacarecica.

Êstes tipos de lagoas são explicadas, em parte, pelo fato do mar ser um agente mais poderoso, fechando assim a boca do rio. As águas são compelidas então a procurar uma saída atrás desses depósitos. São verdadeiras lagunas invadidas pelo mar. As línguas de restingas, os recifes, os terraços de acumula@io flúvio-marinhos e a construção de praias, serviram de elementos para a formação dessas lagoas costeiras.

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Ao examinar-se um mapa, nota-se a distribuição dos lagos nas costas de Alagoas, com o eixo longitudinal perpendicular à linha da costa. Todos êsses lagos separados do mar por tabuleiros baixos de areia solta que geralmente é acumulada em compridas e es- treitas línguas.

É comum, na paisagem costeira de Alagoas, o aparecimento de rios de foz barrada por cordões arenosos transformado em lagoas perpendiculares a linha do litoral. Para a formação dêsses cordões litorâneos muito contribuem os ventos alíseos.

5.4 Lagoas das margens do São Francisco

São resultantes dos processos erosivos do rio, e, também de seus depósitcs nos terraços marginais, sempre aprisionando, depois de invadir, o trecho da confluência de seus tributários.

São típicos lagos de várzea. De penedo para jusante os lagos são resultantes dos afogamentos das marés na extensão arenosa e cheias de alagados entre as antigas linhas paralelas de praia.

5 . 5 Lagoas das terras interiores

Resultam de acumulações de águas durante a estação chuvosa em pequenas depressões, ou de formações de cabeceiras de alguns rios menores.

6 . Lagos formados por barragem eólea - Estado da Bahia

As grandes dunas do litoral, especialmente no nordeste e no leste, causam, frequentemente, a obstrução dos pequenos cursos d'água que buscam alcançar o mar, dando origem a várias lagoas. Neste tipo inclui-se a lagoa de Abaeté, próximo a Itapoã, na Bahia,

7 . Lagoas do litoral do Espírito Santo

As lagoas da planície costeira do norte do Espírito Santo po- dem ser filiadas a dois tipos principais:

7 .1 Lagoas alimentadas também pela rêde potâmica e len- çóis subterrâneos.

7 . 2 Estas últimas têm vida mais longa, as vêzes, estão sendo intensamente colmatadas pelos aluviões dos rios ou pelo formidável desenvolvimento do placton vegetal. A êste segundo grupo per- tencem as lagoas " em rosário" ligadas entre si e alinhadas por dezenas de quilômetros, indo ter a um rio grande, ou a uma lagoa ligada diretamente ao oceano. Como exemplos estão: Lagoa do

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Cupido, Pau Atravessado, Suçuarana, e Durão. Estas lagoas são do tipo de barragem e formadas por línguas de restingas (2).

7 . 3 Lagos do litoral do Espírito Santo, no baixo Rio Doce

Distinguir-se-ão os lagos da zona de restingas - planície pe- riòdicaniente inundada, dos lagos da zona dos tabuleiros.

As margens do Rio Doce, a juzante de linhares, são baixas e inundadas periòdicamente. Na paisagem, fazendo-se um perfil entre a pequena escarpa sedimentar dos tabuleiros c a linha do litoral, vê-se urna sucessão de cordões de areia que se estendem, as vêzes, por vários quilômetros. Entre as línguas das restingas encontram- -se regiíjes inundadas e extensas lagoas.

A formação dessas lagoas de barragem prende-se a gênese os cordões arenosos de idade helosênica. As partes mais deprimidas do solo ficam cheias de água durante a estação chuvosa e prin- cipalmente por ocasião das enchentes. O enbulhamento dessas de- pressões do solo converte em pouco tempo as lagoas em extensos pântanos, graças a deposição de sedimentos argilosos e acumula- ção da matéria orgânica trazida pelos rios. Dêsse modo, podem se distinguir neste trecho da costa dois tipos de lagoas:

1 -- Formadas por acumulação de água das chuvas; 2 - ali- mentadas pelos rios e lençóis subterrâneos.

As lagoas existentes nos tabuleiros - são devidas a dissecação que produziu uma série de vales que separam elevações alongadas. A forma das lagoas nos tabuleiros é bastante singular, correspon- dem ao curso de um rio, por vêzes importantes, mas, em geral, re- lativamente pequeno. Elas são, quase sempre, alongadas, cheias de braços os quais se relacionam com os afluentes. Estas lagoas são testemunhos de uma fase de afogamento da costa, após um trabalho de erosão fluvial que se fêz muito abaixo do nível atual. Em virtude dos rios que vêm ter as mesmas não transportarem muitos aluviões, elas não foram colmatadas, restando esta estranha paisagem lacustre. Ex. : Lagoa de Juparanã, Juparanã,Mirim, Pal- mas, Pulminhas.

8. Laiyoa do Estado do Rio de Janeiro e Guanabara

8 . 1 Lagoa da Baixada Campista

Lagoa Feia - antiga baía, hoje tranformada em lagoa com a criação do delta do Paraíba. A lagoa Feia é um amplo reservatório,

( 2 ) Sylvio Froes Abreu, "Feiç6es morfológicas e demográficas do litoral do Espírlto Santo" - Revista Brasileira de Geografia - A. V., n . O 2 - págs. 215-234.

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regulador das águas da planície. O nível da lagoa é controlado pelo canal da Flexa e com a desobstrução dos vertedouros naturais.(3)

8 . 2 As lagoas de Araruama, Saquarema e Maricá

A faixa sedimentar que separa a laguna do mar revela a exis- tência de duas direções de restingas. Uma, cuja sedimentação é de oeste para leste e outra sudeste para noroeste nos esporões. Dêsse modo, vê-se na faixa entre a laguna de Araruama e o mar restingas cortadas por dunas formadas pelos ventos de nordeste. O canal de Itajuru liga a lagoa de Araruama ao mar.

Saquarema - a gênese deve-se aos mesmos fenômenos que originaram a de Araruama. Uma língua de areia vinda da Ponta Negra progrediu até o rochedo de Nazaré fechando as antigas en- seadas, formando as lagoas de Uruçanga, Jardim, Boqueirão e de Fora, ligadas primitivamente entre si numa só laguna. O canal de escoamento está sempre barrado pelas marés.

Maricá - Cêrca de 20 quilômetros de restingas - barra a an- tiga enseada.

Evolução dos lagos do litoral Fluminense - todas essas la- gunas tendem a desaparecer, aterradas com descargas dos rios que recebem. Aos poucos irão passando a pantanais, e, posteriormente a grandes campinas onde as águas reduzidas concentrar-se-ão em pequenas lagoas e charcos esparsos.

Os Esporões - existentes na lagoa de Araruama tenderão ao fracionamento da grande lagoa, a semelhança de Saquarema e Maricá.

Os esporões são formados pelas correntes secundárias existen- tes no interior da lagoa.

Na planície das restingas que barraram ao sul as antigas en- seadas, deve-se destacar o mecanismo das correntes marinhas, in- clusive as correntes secundárias internas das lagoas. Na paisagem morfológica outro elemento a ser destacado é o das dunas, cujos corredores podem ser confundidos com verdadeiras restingas.

8 . 3 Lagoas de barragem da Guanabara

Ao sul do maciço da Tijuca e da Pedra Branca existiram várias enseadas que foram colmatadas em parte. Nesse processo evolutivo

( 8 ) AL.BERTO RIBEIRO LAMEGO - "Geologia das quadriculas de Campos, Sáo Tome, Lagoa Feia e Xexé" Boletim n.0 154, Divisão de Geologia e Mineralogia.

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de formação das lagoas deve-se salientar a justaposição de restin- gas sucessivas, da,ndo aparecimento a lagoa Rodrigo de Freitas, dacarepaguá e Cainorim.

9. Lagos tectônicos colmatados ( S . Paulo)

A bacia de Taubaté no vale do médio Paraíba do Sul foi no terciário um extenso lago onde se depositaram vários tipos de rochas. Destaque deve ser feito aos foihelhos oleíteros de Tremembé.

Hoje, tem-se naquela área, outrora ocupada por um lago de origem tectônica, .uma extensa planície - bacia terciária de Tau- baté.

Em direcão a juzante, surge outro lago colmatado que consti- tui hoje a bacia terciária de Rezende.

10. As lagoas de Minas Gerais

Há um bom número de pequenas lagoas na área calcária do vale do São Francisco.

Estas lagoas tiveram nos locais de colinas, onde houve a lenta dissolução dos calcários e a migracão parcial ãas substâncias dis- solvidas, arrastadas pelas águas e em parte redepositadas em outras baixadas - são lagos de erosão.

Como exemplo cita-se Lagoa Santa. Há duas lagoas uma de curta extensão - a lagoa do Sumidouro e outra a Lagoa Santa pròpriamente, situada no centro da cidade. Outras lagoas do mu- nicípio de Lagoa Santa: Lagoa Olho D'água e Poço Azul.

11. Sistema lagunar da píanicie costeira do Rio Grande do Sul

Há vários tipos de lagoas, cuja explicação se liga a formacão da costa quaternária.

11 .1 As grandes lagunas

Patos, Mirim e Mangueira -- costa baixa do tipo lagunar, desde o cabo de Santa Marta para o Sul. A lagoa dos Patos está ligada à lagoa Mirim pelo cana! de São Gonçalo. A lagoa dos Patos com 9 850 KmWe superfície aproximadamente possui ao norte um vasto estuário (Guaíba), onde vêm reunir-se as águas dos rios Jacuí e Cai. A lagoa dos Patos liga-se ao oceano pelo canal do Norte.

A lagoa dos Patos com o estuáxio do Guaába, e talvez a Lagoa Mirim, formavam baía,s que foram barradas no quaternário re-

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cente por cordões arenosos. A lagoa Mirim verte para a dos Patos pelo canal de São Gonçalo.

Estas águas das lagunas são coletoras dos principais rios da vertente atlântica: Jaguarão, Piratini, Camaquá, o Guaíba e outros menores.

11.2 Os lagos do litoral norte

Relacionam-se as rochas mais antigas (arenito Botucatu) . Ex.: Lagoa dos Barros, Itapeva e Quadros.

Genèticamente, êles estão ligados a sedimentos mais antigos (arenito Botucatu) e foram modificados pela ação do vento. A Lagoa do Barros tem sòmente a profundidade de 10 metros sendo semelhante a uma grande panela.

Estas lagoas têm rochas mais antigas a oeste e nelas desembo- cam alguns rios.

11 . 3 Lagos cordiformes

Lagoa Pinguela, Palmital e Malva - êstes tipos de lagos estão situados próximo a linha da costa. Foram descritos pela primeira vez por Patrick Delansey em 1960. fistes lagos estão alinhados de tal forma que apresentam a ponta do coração voltado para o sul. Acredita-se que tenham sido formados em áreas de drenagem incerta. Os ventos sopram com mais constância de NE.

11.4 Lagos e m rosário

Situam-se na retaguarda do campo de dunas. São alimentados por chuvas e água doce. Os lagos dêsse tipo aparecem no trecho entre Cidreira e Rio Grande no campo de dunas. Como exemplo citamos: lago dos Peixes e Rincão dos Veados.

Origem e evoluçáo das lagoas da costa do Rio Grande do Sul

As lagoas do litoral gaúcho estão submetidas a seguinte evo- lução: em primeiro lugar, as vagas que incidem obliquamente sobre a costa onde constróem restingas, que isolam do mar uma laguna paralela a costa, de forma alongada. Um exemplo dêste estágio juvenil é a lagoa de Mangueira.

A tendência normal das forças exógenas nesta costa é para o entulhamento das lagoas e lagunas tranformando-se em banhados e posteriormente em planície. A ação eólea do pampeiro e do car-

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pinteiro da praia, tem dupla ação na colmatagem das lagunas. Estas, funcionam normalmente como bacias de decantação, prin- cipalmente para o material carreado pelas águas continentais.

12. Lagoas do Pantanal de Mato Grosso

Na grande planície sedimentar do sudoeste do Estado de Mato Grosso vê-se várias formas de lagoas. De acordo com o Prof. Hilgard O'Reilly Sternberg diversos aspectos desta planície decorrem da evolução meândrica do Rio Paraguai. É o caso das depressões cir- culares ou elíticas separadas por tratos de terrenos mais elevados as "cordilheiras". As lagoas ou lagos em forma decrescente ou ferradura são resultantes de sacados.

Outros dão a origem das baías como sendo devida a evolução por acomodação do material aluvial carregado nas cheias. Outros acrescem a influência da deflação.

Hilgard O'Reilly Sternberg põe em destaque, em certos casos, a padronagem ortogoral nas direçóes NE-SW e NW-SE, na região da Corixa Grande, Lagoa Uberaba - sugerem a possibilidade de que os grandes blocos abaixados e limitados por falhas. Estas con- tinuaram atividades mesmo no holoceno, atingindo a superfície recém depositada do entulhamento panteneiro.

Deve-se ainda salientar o fato de algumas das lagoas do Pan- tanal possuírem água salobras. E, não raro há n a borda das mesmas certa concentração de sal, que por ocasião das sêcas, ser- vem de lambedouro para o gado. Do ponto de vista científico ainda não foi bem explicada a origem da salinidade de certas lagoas.

A rêde de drenagem na planície apresenta numerosos casos de anastomose, existindo um sem número de baías e "corixos" de escoamento intermitente.

A importância política das logas de Mandioré, Guaíba-Mirim e Uberaba.

CONCLUSÕES

1. Grande predomínio dos lagos, lagoas e lagunas de bar- ragem. A explicação do fato pode ser dada:

1.1 Erosão fluvial realizada em função de um outro nível de base mais baixo que o atual.

1 . 2 Transgressão marinha afogando as antigas embo- caduras

1.3 Depósitos de sedimentos barrando a antiga foz de rios

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2 . Lagos, lagoas e lagunas de barragem produzidos pelo crescimento, ou melhor justaposição de cordões arenosos, e argilo-arenosos fechando antigos golfos, baías, angras e enseadas.

3 . Lagos de erosão - recostarnento de meandros, decomposi- ção quirnica e deflação.

4. Lagos produzidos pela ação das forças tectônicas. Êstes são os que ocupam pequena área.

5. Destaque, no campo econômico, deve ser dado às conchas lacustres, por causa da pesca e da extraçáo de sal.

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P R O V A S

Metodologia

Cartografia

Geografia Física

Geografia Econômica

Trabalhos Práticos

Geografia Humana e Política

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METODOLOGIA

Nome . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Grau . . . . . . .

1. a Questão - Em relação ao ensino da Geografia a Diretoria do Ensino Secundário, sugeriu ao Conselho Federal de Educação :

a) que na 1 .a série sejam desenvolvidos . . . . . . . . . .

. ........ b) que a segunda série seja dedicada ao

c) que na 3 .a série seja estudada . . . . . . . . . . . . . .

2 . a Questão - O estudo do equador, dos meridianos e do parale- los deve ser realizado demonstrando-se sua utiliza- ção.

3 .a Questão - Qual o processo mnemônico para as fórmulas dos três tipos de problemas sobre escalas?

4.a Questão - Quanto menor o denominador de uma escala, maior será a escala. Exemplifique, didaticamente, para o aluno essa afirmação.

5.a Questão - Coloque nos locais devidos as seguintes proposi- ções: extensão territorial dos Estados; o espaço e sua importância; conformação territorial dos esta- dos; posição geográfica; nível cultural material, maior ou menor força de expansão do Estado.

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Objetivos da Geografia Política Objetivos da Geopolítica

1. 1.

2. 2 .

6." Questão - Num mapa físico, como por exemplo o do Brasil na escala de 1:5 000 000, explique como se ensina a . reconhecer as zonas de relêvo e de profundidades.

7." Questão - Levando em consideração o livro "Leituras Geo- gráficas", a aula sobre clima desértico poderá ser

...... ministrada partindo-se do texto intitulado

8.a Questão - Como usar o livro "Leituras Geográficas" numa verificação da aprendizagem?

9.a Questão - Construir uma escala gráfica e 'explicar como en- sinar a um aluno a medir a extensão de um rio através desta escala.

10.a Questão - Complete a seguinte frase: O Brasil possui vários tipos de climas que possibilitam vários tipos de paisagens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . e de

prõdutos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

CARTOGRAFIA

Nome . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Grau . . . . . . .

1 . a Questão - Qual a distância gráfica entre duas cidades lo- calizadas a 20 (vinte) quilômetros uma da outra num mapa de 1 : 5 000 000?

2 .a Questão - Qual a extensão do raio médio da Terra?

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3." Questão - Que é escala de um mapa?

4." Questão - Grifar a palavra que completa a seguinte frase:

A projeção de Mecator é do tipo

cônica - azimutal - cilíndrica - policônica

5.a Questão - Qual a escala, de um mapa do Brasil: cuja dis- tância gráfica do eixo E-W (4 328 Km), corresponde a 1,08 m, ou seja 108 centímetros?

6 .a Questão - Dar exemplo de uma escala explícita.

7." Questão. - Que aparelho simples é utilizado para leitura das fotografias aéreas?

8.a Questão - É possível achar-se a escala de um mapa utili- zando-se apenas o canevá? Justifique.

9.a Questão - Na escala de 1:52 000, a quantos metros corres- ponde a distância gráfica A-B, de 2 cm (duas sedes de fazenda) ?

10 .a Questão - Na projeção cônica, como se dispõem os meridia- nos? Faça um breve esquema.

GEOGRAFIA FÍSICA

. . . . . . . Nome . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Grau

1. a Questão :

Como se formam os lagos de terra firme da Amazônia?

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2 .a Questão:

Caracterize de modo sintético o relêvo do oeste da Amazônia.

3.a Questão:

Por que a expressão "Europa é uma península da Ásia"? Justifique.

4 . a Questão :

Qual a idade dos terrenos onde se encontram os filões aurí- feros no Brasil?

5. a Questão :

Como se caracteriza geogràficamente a Oceânia?

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

6 . a Questão:

Faça o esquema de uma falha.

7 . a Questão :

Que se entende por restinga?

8. a Questão:

Qual a característica dos elementos climáticos do Brasil na faixa do Equador?

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8.1 - Quanto à temperatura

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

8.2 - Quanto à umidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

8 .3 - Quanto à pressão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8.4 - Quanto ao regime de chuvas

9 . a Questão :

Que significa isostasia?

1 0 . a Questão:

Que é varvito? Qual o tipo de clima que o forma?

GEOGRAFIA ECONOMICA

Nome . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Grau . . . . . .

1 .a Questão - Definir "Plantation".

2 . a Questão - Que significa as expressões

a) Milpa

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . b) Ladang

3 .a Questão - Qual a usina hidrelétrica de maior potência ins- talada? Em que rio se localiza?

. . . . . . . . . . . . . . . . . . Usina . . . . . . . . . . . . . . . . . . ; Rio

4." Questão - Os saltos do Urubupungá, serão aproveitados . . . . . . . . . . . . . . . através das usinas hidrelétricas de

. . . . . . . . . . . e de . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5.a Questão - Por que o fato industrial localizou-se inicialmen-

te na Europa Centro-Ocidental? ,e - - . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

6 . a Questão - Compare as regiões industriais colonais com as da Europa Temperada

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7 .a Questão - Qual a participação da energia elétrica na evolu- ção dos complexos industriais do Sudeste do Brasil?

8 .a Questão - Cite algumas diferenças entre o complexo indus- trial de São Paulo e o complexo industrial do Rio de Janeiro.

9 .a Questão - Complete:

Rochas Magmáticas e Minérios Associados

Tipo de Rocha Minério Associado Exemplo

Granito e pegmatito -

Gabro - Norito -

Rochas alcalinas -

Carbonatitos -

TRABALHOS PRATICOS

Nome . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Grau . . . . . . .

1." Questão - Do exame dos dados estatísticos dos Recursos Minerais do Nordeste, tire duas conclusões que julgar importante:

2." Questão - Identificar os seguiintes elementos geográficos na Fôlha Cabo Frio - 1 : 50 000.

1.1 Equidistância das curvas de nível .......... 1 .2 Convenção de salinas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.3 Qual a cor das isobatas

1.4 Qual a convenção que aparece em grande área do setor Nordeste? .........................

3 .a Questão - Sobre que elementos se configura o relêvo para a confecção de um estereorama?

4.a Questão - Qual a importância do estereorama no ensino da Geografia?

Questão para a Prova de TRABALHOS PRATICOS, parte do Prof. Ângelo Dias Maciel.

REPRESENTE gràficamente os valores concernentes a RENDA NACIONAL e a RENDA PESSOAL constante da tabela "CONTAS NACIONAIS E INSUMO - PRODUTO - I Produto Nacional, Renda Nacional e Renda Pessoal - 1949/'60", publicada no Anuá- rio Estatístico do Brasil - 1965, à página 308, obedecendo aos que se pede:

- Título do gráfico; escalas horizontal e vertical; unidade; fonte.

- Represente linearmente (em curvas) e em duas con- venções diferentes.

GEOGRAFIA HUMANA E POLÍTICA

. . . . . . . Nome . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Grau

1." Questão - Por que existem fronteiras?

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.a Questão - Qual a classificação de fronteiras de Hartshone?

em que está baseada? Justifique.

3 .a Questão - Explique a participação do relêvo e da hidrografia n a demarcação das fronteiras e dos limites do Sul do Brasil

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4." Questão - Por que é importante para o Brasil sua fronteira marítima?

5. a Questão - Qual o sítio, a posição e função de Volta Redonda?

6 ." Questão - A maior parte da população brasileira concetra- -se na região denominada:

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Região

7 ." Questão - Qual a diferença entre limite e fronteira?

8. a Questão - Considerando a sua cidade de origem (mencioná- -la), dê o sítio e a posição da mesma.

9 .a Questão - Complete a frase: Num rio LINDEIRO é o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . do rio que separa dois países.

10.a Questão - Complete a seguinte frase: A Zona Fronteira do Brasil, correspondente a uma faixa de . . . . . . . . . . . . km, a partir do limite.

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R E G U L A M E N T O

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Documento n.0 1

RESOLUCJÃO N.0 696, DE 22 DE NOVEMBRO DE 1966.

Fixa o número e o valor das bôlsas de estudo do Curso de Férias de 1967.

O DIRETÓRIO CENTRAL do Conselho Nacional de Geografia, no uso de suas atribuições,

considerando que a Resolução n.0 618, de 29 de dezembro de 1961, do Diretório Central, instituiu, em caráter permanente, o Curso de Férias, destinado aos prafessôres de Geografia do Ensino Secundário, a realizar-se no período das férias escolares de janeiro- -fevereiro;

considerando o artigo 2.0 da referida Resolução,

RESOLVE :

Art. 1.0 - O Curso de Férias, destinado aos Professôres de Geografia do Ensino Médio, será realizado durante o mês de ja- neiro de 1967.

Art. 2.0 - Serão concedidas 30 (trinta) bolsas de estudo na importância de Cr$ 300 000 (trezentos mil cruzeiros) cada uma aos candidatos selecionados pela Secretaria-Geral, dentre os indi- cados pelos Diretórios Regionais.

Art. 3.0 - Aos Professôres será concedida uma gratificação pro labore de Cr$ 20 000 (vinte mil cruzeiros).

Parágrafo único - Para efeito de remuneração serão consi- deradas como aulas práticas os Seminários e as projeções de filmes e diapositivos.

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Art. 4.0 - Aos funcionários que prestarem colaboração na parte administrativa do Curso será paga uma gratificação especial a critério da Secretaria-Geral.

Art. 5.0 - A presente resolução entrará em vigor na data de sua aprovação, revogadas as disposições em contrário.

Rio de Janeiro, em 22 de novembro de 1966, Ano XXXI do Instituto.

Conferido e numerado: as.) Renée Nogueira da Matta, Chefe do Gabinete do Secretário-Geral; visto e rubricado: as.) Eng. René de Mattos, Secretário-Geral; publique-se: as.) Gen. Aguinaldo José Senna Campos, Presidente.

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Documento írt.0 2

PARTICIPANTES DO CURSO

A) Diretor

Professor ANTONIO TEIXEIRA GUERRA, Diretor da Divisão Cultural (DCI) do Conselho Nacional de Geografia do IBGE..

3) Diretor de Ensi.no

Professor CARLOS GOLDEMBERG, Chefe da Seçáo de Di- vulgação Cultural (DCl/SDC) do Conselho Nacional de Geografia do IBGE.

C) Secretários Professora EVA MENEZES DE MAGALHÃES, Encarregada do

Setor de Assistência ao Ensino (DCl/SDCas) da Divisão Cultural do Conselho Nacional de Geugrafia, do IBGE.

Professor NYSIO PRADO MEINICKE, Encarregado do Setor de Intercâmbio Cultural (DCl/SDCi) da Divisão Cultural do Con- selho Nacional de Geografia do IBGE.

D) Professôres (V. Documento n.0 4)

Aldemar Barbosa Alegria Filho Ângelo Dias Maciel Antônio Teixeira Guerra Ary de Alrneida Armando Sócrates Schnoor Carlos de Castro Botelho Carlos Goldenberg Carlos Marie Cantão Celeste Rodrigues Maio Emmanuel Leontsinis Eva Menezes de Magalhães Francisco Barbosa Leite

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Hilda da Silva Isabel Klausner José Cezar de Magalhães Jorge Stamato Lysia Maria Cavalcanti Bernardes Maria Francisca Thereza Cavalcanti Maria Magdalena Vieira Pinto Ney Strauch Ney Rodrigues Inocêncio Nilo Bernardes Nysio Prado Meinicke Orlando Valverde Othon Henry Leonardos Othon Henry Leonardos Junior Pedro Pinchas Geiger Rodolpho Pinto Barbosa

E) Corpo Discente (V. Documento n.0 6)

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Documento n.0 3

DEVERES E DIREITOS DOS ALUNOS

1 - Serão exigidos 3/4 de frequência em todas as atiuidades do Curso (aulas, visitas, seminários, excursões e seminários) .

2 - Aos bolsistas é obrigatória a prestação das provas e com- parecimento as visitas, excursões e seminários.

3 - Aos alunos aprovados (com nota igual ou superior a 40 (quarenta) pontos por matéria e 50 (cinquenta) pontos na global), que tenham a frequência exigida, serão conferidos certificados de aprovação.

4 - Aos alunos aprovados nos três primeiros lugares serão oferecidas, como prêmios, publicações do CNG, escolhidas entre as mais recentes e de maior interêsse para o Ensino da Geografia.

5 - Receberão apostilas de todas as aulas dadas, após a rea- lização da última de cada série.

6 - Poderão apresentar críticas e sugestões, visando à melhor organização e realização de cursos posteriores.

DESENVOLVIMENTO DO CURSO

A) - Distribuição dos assuntos

O Curso de Férias, compreenderá aulas, seminários, projeção de diapositivos, visitas e excursão, distribuídas conforme o Progra- ma Geral.

B - Programa Geral

C - Distribuição do tempo (V. Documento n.0 5)

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E - Locais:

1 - Abertura e encerramento do Curso de Férias, serão efetua- dos na Escola Nacional de Ciências Estatísticas - Avenida Presi- dente Wiison, 210.

2 - As aulas, seminá.rios e projeções serão realizadas no mesmo local.

3 - A Secretaria do Curso de Férias funcionará na Divisão Cultural do Conselho Nacional de Geografia (Av. Beira-Mar, 436 - 13.0 andar - Telefone 22-7947 - Castelo) .

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Documento n.0 4

RELAÇÃO DOS PROFESSQRES

(Endereces - Títulos principais)

Professor ALDEMAR BARBOSA ALEGRIA FILHO

Rua Rosa Kattemback, n.0 24 - Niterói, R J .

- Cartógrafo do Conselho Nacional de Geografia do IBGE. - Membro da Sociedade Brasileira de Cartografia. - Curso de Topografia, do Instituto de Orientação Pedagógica

e Profissional.

Professor ÂNGELO DIAS MACIEL

Rua Humaitá n.0 18 - apto. 407. - Licenciado e Bacharel pela Faculdade Nacional de Filoso-

fia da Universidade do Brasil. - Professor contratado da Faculdade de Filosofia, Ciências e

Letras da Universidade do Estado da Guanabara. - Chefe da Seção de Cálculos da Divisão de Geografia do Con-

selho Nacional de Geografia do Instituto Brasileiro de Geo- grafia e Estatística.

Professor ANTONIO TEIXEIRA GUERRA (+ 1-10-1968)

Rua Caruso n.O 64 - casa 1 - Tijuca - GB - Bacharel licenciado em Geografia e História pela Faculda-

de Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil. - Geógrafo do Conselho Nacional de Geografia do IBGE. - Diretor da Divisão Cultural do Conselho Nacional de Geo-

grafia.

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- Curso de Especialização no exterior (França). - Diplomado pela Escola Superior de Guerra. - Sócio efetivo da Associação dos Geógrafos Brasileiros. - Professor do Ensino Secundário do Estado da Guanabara. - Professor de Geografia da Faculdade Fluminense de Geo-

graf ia. - Professor da Escola de Geologia. - Membro de Delegações Oficiais Brasileiras em Reuniões In-

ternacionais sobre assuntos Geográficos. - Autor de vários trabalhos técnicos publicados pelo Con-

selho Nacional de Geografia e outras instituições.

Professor ARMANDO SÓCRATES SCHNOOR

Rua Almirante Tamandaré n.0 20 - apto. 203 - Flamengo - Guanabara. - Professor catedrático de Escultura da Universidade Fede-

ral do Rio de Janeiro (antiga Universidade do Brasil). - Professor de Cartografia de UEG. - Cartógrafo do Conselho Nacional de Geografia. - Assessor da Delegação do Brasil na Conferência Internacio-

nal da Carta do Mundo ao Milionésimo - 1962, em Bonn (Alemanha).

- Representou o Brasil na Conferência em Edinburg para a escolha das gamas hipsométricas para a Carta do Mundo ao Milionésimo - 1964.

- Observador no Congresso Internacional de Aerofotograme- tria - 1964 - em Lisboa, como funcionário do CAG.

Professor ARY DE ALMEIDA

Rua Nossa Senhora de Lourdes n.0 84 - apto. 301 - Grajaú - Guanabara. - Licenciado em Geografia pela Faculdade Nacional de Fi-

losofia da Universidade do Brasil. - Cartógrafo do Conselho Nacional de Geografia. - Professor de Geografia Física da Faculdade de Filosofia

Gama Filho.

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- Professor de Geografia de Ensino Médio do Estado da Gua- nabara.

- Sócio da Associação dos Geógrafos Brasileiros. - Autor de vários trabalhos técnicos pubiicados pelo Conse-

lho Nacional de Geografia.

Professor CARLOS DE CASTRO BOTELHO

Rua das Laranjeiras n.0 356 - apto. 501 - Laranjeiras - Guanabara.

- Bacharel e Licenciado em Geografia e História pela Facul- dade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil.

- Geógrafo do Conselho Nacional de Geografia, do IBGE - Professor de Geografia Física da Faculdade de Filosofia,

Ciências e Letras da Universidade do Rio de Janeiro. - Autor de vários trabalhos técnicos publicados pelo Conse-

lho Nacional de Geografia e outxas instituições.

Professor CARLOS GOLDENBERG

Rua Luís Barbosa n.0 68 - apto. 306 - Vila Isabel - GB. - Bacharel licenciado em Geografia e História pela Facul-

dade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasa. - Geógrafo do Conselho Nacional de Geografia do IBGE. - Chefe da Seção de Divulgação Cultural da Divisão Cultu-

ral d:, Conselho Nacional de Geografia. - Professor de Didática Especial da Geografia dos Cursos da

CADES. - Colaborador em várias comissões sobre ensino da Geografia

e Didática da Geografia. - Professor de Geografia, do Ensino Médio do Estado da Gua-

nabara.

- Autor de vários trabalhos técnicos publicados pelo Conse- lho Nacional de Geografia e outras instituições.

Professor CARLOS MARIE CANTÁO

Rua Silveira Martins n.0 164 - apto. 306 - Botafogo - GB. - Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito da Univer-

sidade do Brasil.

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- Licenciado em Geografia pela Faculdade de Filosofia, Ciên- cias e Letras da antiga Universidade do Distrito Federal.

- Professor de Geografia do Colégio Pedro 11. - Professor Titular de Geografia Física da Pontifícia Uni-

versidade Católica do Rio de Janeiro. - Professor de Geografia Econômica do Brasil da Fundação

Getúlio Vargas. - Professor Associado de Geografia Humana da Faculdade de

de Filosofia, Ciências e Letras do Instituto Santa ú'rsula. - Orientador de Cursos da Campanha de Aperfeiçoamento e

Difusão do Ensino Secundário do MEC. - Secretário Geral do Conselho Estadual de Educação da

Guanabara. - Curso de Especialização no Exterior. - Autor de vários trabalhos técnicos publicados por várias

instituições.

Professora CELESTE RODRIGUES MAIO

Rua Lóssio n.O 50 - Tijuca - GB.

- Bacharel e Licenciada em Geografia e História pela Facul- dade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil.

- Geógrafo do Conselho Nacional de Geografia do IBGE. - Encarregado do Setor de Geomorfologia da Divisão de

Geografia do Conselho Nacional de Geografia. - Regente da Cadeira de Geografia Física, da Faculdade de

Filosofia de Campo Grande. - Professora do Ensino Técnico do Estado da Guenabara. - Estágio de geologia e sedimentologia na Universidade de

São Paulo. - Autora de trabalhos técnicos, com publicações pelo Conse-

lho Nacional de Geografia e por outras instituições. - Curso de Orientação Educacional. - Sócio efet,ivo da Associação dos Geógrafos Brasileiros. - Sócio efetivo da Sociedade Brasileira de Geologia. - Sócio da Sociedade Brasileira de Geografia. - Autora de trabalhos técnicos pelo Conselho Nacional de

Geografia e outras instituições.

Professor EMMANUEL LEONTSINIS

Rua Jardim Botânico n.0 315 - Jardim Botânico - GB .

- Professor Catedrático do Colégio Pedro 11.

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- Titular (Catedrático Interino) da Faculdade Fluminense de Filosofia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (1958,'1962).

- Assistente de Geografia Física da Faculdade de Filosofia da Universidade do Estado da Guanabara.

- Titular (Catedrático de Geografia Física) da Fundação Universitária Campograndense (Faculdade de Filosofia).

- Titular de Geografia dos Cursos do DASP. - Professor de Didática Especia,l da Geografia dos :ursos da

CADES. --

- Membro de Delegações Oficiais brasileiras em reuniões in- ternacionais sôbre assuntos geográficos.

- Membro da Sociedade Geográfica Americana (Washington, DC) .

- Autor de vários trabalhos técnicos publicados por várias instituições.

Professora EVA MENEZES DE MAGALHÃES

Rua Xavier da Silveira, 15 - apto. 502 - Copacabana - GB.

- Licenciada em Geografia e História pela Faculdade de Fi- losofia Santa Úrsula.

- Geógrafo do Conselho Nacional de Geografia do IBGE. - Encarregada do Setor de Assistência ao Ensino da Divisão

Cultural do CNG. - Professôra de Geografia do Ensino Médio do Estado da Gua-

nabara. - Autora de vários trabalhos técnicos publicados pelo Conse-

lho Nacional de Geografia.

Professor FRANCISCO BARBOSA LEITE

Rua General Câmara, 564 - apto. 102 - Duque de Caxias - Rio de Janeiro. - Instrutor de Técnicos Áudio-Visuais de Cursos do MEC

para professôres normais, em várias capitais do país. - Autor de "Imagem e Palavra - a sirnbiose feliz", edição

do Serviço Nacional de Educação Sanitária - MSM, no prelo.

- Autor de trabalhos publicados na Revista Brasileira de Geo- grafia - Seção "Tipos e Aspectos do Brasil".

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- Editor de revistas de Arte na Guanabara e Jornalista mi- litante no Estado do Rio.

- Desenhista e Pintor, com Medalha de Ouro e outros diplo- mas de mérito, conferidos por instituições do país e do Ex- terior.

- Orientador de atividades artísticas da Escola Normal Santo Antônio, em Duque de Caxias, Estado do Rio.

- Assistente de Pedagogia Aplicada a Nutrição do Instituto de Nutrição - Universidade do Brasil.

- Sócio contribuinte da Associação dos Geógrafos Brasileiros - Desenhista de ilustração do CNG. - Encarregado do Setor de Ilustrações da Seçáo de Publica-

ções da Divisão Cultural do Conselho Nacional de Geo- grafia.

Professora HILDA DA SILVA

Avenida Pasteur, 399 - Botafogo - GB. - Geógrafo do Conselho Nacional de Geografia - Bacharel e Licenciada em Geografia e História pela Ponti-

fícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. - Curso de Especialização no Exterior (França). - Membro de delegações oficiais brasileiras a reuniões inter-

nacionais sobre assuntos geográficos. - Sócia cooperadora da Associação dos Geógrafos Brasileiros. - Autora de artigos técnicos publicados pelo Conselho Nacio-

nal de Geografia. - Chefe da Seção Regional Leste da Divisão de Geografia. - Professora de Geografia do Ensino Méaio do Estado da

Guanabara.

Professora IZABEL KLAUSNER

Rua Belisário Augusto n.0 91 - apto. 404 - Icaraí - Niterói - Rio de Janeiro. - Bacharel e licenciada em Geografia e História pela Facul-

dade Fluminense de Filosofia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.

- Professora de Geografia do Ensino Normal, no Estado da Guanabara.

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- Coordenadora de Geografia da Escola Normal Carmela Dutra, do Estado da Guanabara.

- Primeira colocada no Curso de Informações Geográficas do Conselho Nacional de Geografia, em 1965.

- Primeira colocada no Curso de Férias do Conselho Nacio- nal de Geografia, em 1966.

Professor JOS* CEZAR DE MAGALHÃES FILHO

Rua Esteves Júnior, 36 - apto. 503 - São Salvador - GB. - Licenciado em Geografia e História pela Faculdade de Fi-

losofia da Pontifícia Universidade Católica do Rio da Ja- neiro.

- Geógrafo do Conselho Nacional de Geografia do IBGE. - Secretário do Comitê Executivo do I1 Congresso Brasileiro

de Geógraios . - Professor de Geografia e História da Campanha Nacional

de Educandário's Gratuitos. - Professor de Geografia do Ensino Médio do Estado da Gua-

nabara.

- Autor de vários trabalhos técnicos publicados pelo Conse- lho Nacional de Geografia e outras instituições.

Professor JORGE STAMATO

Rua Cedro, 17 - Gávea - GB. - Licenciado em Geografia e História pela Faculdade de Fi-

losofia da Universidade do Brasil. - "Curso de Altos Estudos Geográficos" da mesma Faculdade,

em 1956. - Professor responsávei pela Cadeira de Geografia Física da

Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.

- Chefe do Departamento de Geografia da mesma Faculdade.

- Professor do Externato Pedro I1 (sede) . - Professor da Escola de Artes Gráficas da Imprensa Nacio-

nal (DIN). - Ex-professor de várias escolas do Estado da Guanabara. - Ex-professor de Geografia dos Cursos do Departamento Es-

tadual de Serviço Público do Estado d~ Rio da Janeiro.

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Professora LYSIA MARIA CAVALCANTI BERNARDES

Rua Ribeiro de Almeida, 44 - apto. 102 - Laranjeiras - GB. - Bacharel e Licenciada em Geografia e História pela Fa-

culdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil.

- Geógrafa do Conselho Nacional de Geografia, do IBGE. - Diretora da Divisão de Geografia do Conselho Nacional de

Geografia. - Professora de Metodologia da Geografia da Faculdade Na-

cional de Filosofia da Universidade do Brasil. - Sócia Efetiva da Associação dos Geógrafos Brasileiros.

- Autora de vários trabalhos técnicos publicados pelo Con- selho Nacional de. Geografia, Associação dos Geógrafos Bra- sileiros e outras instituições.

Professôra MARIA FRANCISCA THEREZA CAVALCANTI CARDOSO

Rua Antônio Basilio, 137 - apto. 103 - Tijuca - GB. - Bacharel e Licenciada em Geografia e História pela Fa-

culdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil.

- Geógrafo do Conselho Nacional de Geografia do IBGE. - Professora de Geografia do Ensino Médio do Estado da

Guanabara . - Sócia-Cooperadora da Associação dos Geógrafos Brasileiros.

- Autora de vários trabalhos técnicos publicados pelo Conse- lho Nacional de Geografia.

- Chefe da Seção Regional Nordeste, do Conselho Nacional de Geografia.

Professora MARIA MAGDALENA VIEIRA PINTO

Rua Voluntários da Pátria, 283 - apto. 305 - Botafogo - GB.

- Bacharel e Licenciada em Geografia e História pela Fa- culdade de Filosofia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

- Geógrafa e Assessora Técnica da Divisão Cultural do CNG.

- Professôra titular de Geografia Humana e Didática Espe- cial de Geografia da Faculdade de Filosofia da Universi- dade Católica de Petrópolis .

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- Colaboradora da CADES em vários cursos e comissÓes sÔ- bre ensino da Geografia e Didática da Geografia.

- Curso de aperfeiçoamento em Geografia, no Exterior (Sor- bonne-Franca) . - Autora de vários trabalhos técnicos publicados pelo Con- selho Nacional de Geografia e outras instituições.

Professor NILO BERNARDES

Rua Ribeiro de Almeida, 44 - apto. 102 - Laranjeiras - GB. - Licenciado em Geografia e História pela Faculdade Nacio-

nal de Filosofia da Universidade do Brasil. - Geógrafo do Conselho Nacional de Geografia, do IBGE.

- Professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

- Professor Catedrático do Colégio Pedro 11.

- Diretor do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Ja- neiro.

- Presidente da Comissão de Geografia do Instituto Pan- Americano de Geografia e História.

- Sócio Efetivo da Associação dos Geógrafos Brasileiros. - Autor de vários trabalhos técnicos publicados pelo Conse-

lho Nacional de Geografia e outras instituições.

Professor NYSIO PRADO MEINICKE

Estrada do Cafundá, 250 - Jacarepaguá - GB. - Bacharel e Licenciado em Geografia e História pela Facul-

dade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do Es- tado da Guanabara.

- Geógrafo do Conselho Nacional de Geografia do IBGE. - Encarregado do Setor de Intercâmbio Cultural da Seção de

Divulgação Cultural da Divisão Cultural. - Encarregado do Setor de Biogeografia de Seção de Estudos

Sistemáticos da Divisão de Geografia. - Tesoureiro da Associacão dos Geógrafos Brasileiros. - Professor de Geografia da Campanha Nacional de Edu-

candários Gratuitos. - Autor de vários trabalhos técnicos publicados pelo Conse-

lho Nacional de Geografia.

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Professor ORLANDO VALVERDE

Rua Gustavo Sampaio, 194 - apto. 205 - Leme - GB

- Licenciado em Geografia e História pela Faculdade Nacio- nal de Filosofia da Universidade do Brasil.

- Curso de Especialização na Universidade de Wisconsin (EUA)

- Geógrafo do Conselho Nacional de Geografia, do IBGE. - Vários trabalhos técnicos publicados pelo Conselho Nacio-

nal de Geografia e outras instituições.

Professor OTHON HENRY LEONARDOS

- Engenheiro-Geógrafo - Professor de Geologia do Museu Nacional, 1939, aposen-

tado em 1955. - Diretor da Escola Nacional de Geologia, 1958-63.

- Professor da Escola Nacional de Geologia, 1958. - Membro da Comissão do Plano-Mestre Decenal de Avalia-

ção dos Recursos Minerais. - Assessor de Minerais Estratégicos do Conselho de Seguran-

ça Nacional, 1946-55. - Professor catedrático de Geologia, Universidade do Distri-

to Federal, 1939-57. - Professor de Geologia Econô-mica na Escola Fluminense de

Engenharia, 1953-55. - Membro titular da Academia Brasileira de Ciências. - Membro do American Institute of Mining and Metallurgy

(vice-presidente para a América do Sul e de outras insti- tuições) .

- Publicou mais de duas centenas de trabalhos relativos a geologia, petrografia, economia mineral e metalurgia.

Professor PEDRO PINCHAS GEIGER

Rua Almirante Tamandaré, 50 - apto. 803 - Flamengo - Guanabara . - Bacharel e Licenciado em Geografia e História pela Facul-

dade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil.

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- Geógrafo do Conselho Nacional de Geografia do IBGE. - Professor de Geografia do Ensino Médio do Estado da Gua-

riabara . - Sócio Efetivo da Associação dos Geógrafos Brasileiros. - Especialização no Exterior (França e Estados Unidos da

América do Norte) . - Membro de Delegações Oficiais brasileiras em Reunipes

Internacionais sobre Assuntos Geográficos. - Autor de vários trabalhos técnicos publicados pelo Conse-

lho Nacional de Geografia e outras instituições.

Professor RODOLFO PINTO BARBOSA

Rua Pareto, 42 - apto. 402 - Tijuca - GB. - Cartógrafo do Conselho Nacional de Geografia, do IBGE. - Primeiro colocado no Curso de Aperfeiçoamento de Car-

tógrafos do CNG (1943) . - Curso de Especialização Cartográfica nos Estados Unidos

(U.S. Coast and Geodetic Survey) . - Assessor da Delegação Brasileira a IX Reunião Pan-Ameri-

cana de Consulta de Cartografia, Buenos Aires (1961). - Delegado do Brasil a Conferência Técnica das Nações Uni-

das (ONU) sobre a Carta Internacional do Mundo ao Mi- lionésimo, Bonn, 1962.

- Assessor Técnico do Departamento de Planejamento da SUNAB .

- Autor de vários trabalhos técnicos publicados pelo Con- selho Nacional de Geografia e outras instituições.

Professor NEY STRAUCH

Rua Antônio Basílio, 124 - apto. 601 - Tijuca - GB. - Bacharel e licenciado em Geogra,fia e História pela Facul-

dade de Filosofia da Universidade do Brasil. - Curso de Especialização na Universidade de Syracuse, EUA. - Diversos cursos de caráter técnico especializado na Brasil. - Curso da Escola Superior de Guerra. - Geógrafo do Conselho Nacional de Geografia. - Sócio efetivo da Associação dos Geógrafos Brasileiros e

membro honorário da Sociedade Argentina de Estudos Geo- gráficos.

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- Delegado do Brasil em diversas reuniões de consulta do Instituto Pan-Americano de Geografia e História e Con- gressos Internacionais de Geografia da UGI.

- Vários trabalhos técnicos e de divulgação geográfica pu- blicados pelo Conselho Nacional de Geografia e Editores Brasileiros.

- Professor convidado nas Universidades de Buenos Aires, do Litoral, de Córdoba e de Cuyo, na República Argentina.

- Diretor do Centro de Estudos Brasileiros, em Buenos Aires, por designação do Ministério das Relaqões Exteriores.

Professor OTHON HENRY LEONARDOS JUNIOR

Divisão de Geologia - DNPM Av. Pasteur, 404.

- Geólogo pela Escola Nacional de Geologia

- Master of Science pela Universidade de Califórnia. - Membro do Geological Society of America. - Membro da Mineralogia Society of America. - Membro da Ameriean Assoeiation for Advancement of

Science.

- Membro da Sociedade Brasileira de Geologia. - Membro da Sociedade Brasileira de Paleontologia. - Professor-Assistente de Petrologia da Escola de Geologia da

UFRJ. - Geólogo-Assistente do Departamento Nacional da Produ-

ção Mineral.

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Documento n.O 5

DISTRIBUIJÃO DO TEMPO

DTAS

_ --_-

I I il-i IM C C. G. F. Quinta-feira T4cnica da verifi- Uso de hlatcrial Como se faz iiin Coiiio se ia7, um As Ainbricas

cação da apreridi- Diditico. >lapa. hlapa.

HORAS

9 30 - 10 20 10 30 - 1 1 20 14 00 - 14 50 15 00 - 15 50 16 00 - 18 50 ____________-____ __ 3

Têrça-feira

4 (lilarta-feira

-----

I C T.1'. G.E. G.H.P. Sexta-feira O Estágio Atual e Ijeituia de hIapas Agricultura iia Fai- Agriciiltura na Fai- Origeni das cidades

os Tipos de >ia- FisicosdoBIiindo. r a Tropical. xa Tropical. I e os sítios. pas.

Prof. Rodolfo Bar- Pr0f.n Alaria Fran- Prof. Valrcrde Prof. Talverde P r ~ f . ~ Hilda I L~nsa cisca

-

S Atlas Nacional d o

I3rasil

ProE.:' Lysia

-

Jl Plariejaiiiento do EnsinodaGeogra- fia.

Prof. hlusso

9 Segunda-feira

10 Têrça-feira

ABERTUILB

Af Planejamento do EnsiriodaCeogra- fia.

Prof. BIusso

G. F. Bases Físicas do Brasil (Com rela- c io entre os h- pectos Físicos).

Prof. Botelho

G.F. Lagos d o Brasil

Prof. Guerra

G.P. Bases Físicas do

13rasil (Com rela- ção eritre os As- pectos Físicos).

Prof. Botelho

O qiie é o CNC ?

_ G. P

O \-elho e o Sovis- sinio Coritinente.

rrof. Cantão

C.P. Bases 1;isicas do Brasil (Com rela- ç%o entre os As- pectos Fíicosj.

Prof. Bote1110

G.B. Lagos do Hrasil

Prof. Giierra

S Atlas Sacioiial do

Hrasil Pr0f.a 1,ysia

G.F. O Velho e o Sovis- simo Continente.

Prof. Cantão -e- -- --

C'. E. FatôresGeográficos daEcorio~iiiado Brasil.

Prof. lioteilio

G. 1I.P. Origem daseidades e os sítios.

Prof:' Hilda

G. E. FatGres(:eográficos da Economia do Brasil.

Prof. Boteliio

C UtilizaçXo dos Ma-

pas.

Prof. Sehnoor -

G. H.P. (!lassificacáu das cidades e funções.

Prof.8 Lysia

G.P. Iiiterl>retaç,íodoli- vro "~~xercicios e prlticas d e Geo- rnorfoloeia".

Pr0f.n Celeste

G. H.1'. Classificayão das ei- dades e funções.

Pr0f.s Lysia

S Divisão Regiorialdo

Brasil.

Prof. Nilo

T . P . Coiistrução de 11:s- tereoramas.

Profs. Barboza I.eite . Eva

S DivisXo Regiorial do

Brasil.

Prof. Si lo

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Domingo 22 I I LIVRE ----

DIAS

- -- - - -- - 12

Quinta-feira

- - - - - -- -- 13

Sexta-feira

14 Sábado

15 Domingo

16 Segunda-feira

17 Têrça-feira

18 Quarta-feira

19 Quinta-feira

20 Sexta-feira

- -- -- - 21

Sábado

T.P. I n t e r p r e t a ç Z o Quantitativa dos Recursos Minerais d o N o r d e s t e (Anuário Estatis- tico do Brasil).

T.P. I n t e r p r e t a ç a o

Quantitativa dos Recursos Minerais d o N , o r d e s t e (Anuirio Estatis- tico do Brasil).

- 9.30 - 10.20 --

G.H.P. Geografia da Popu- hção - Explos8o Demográfica- Si- tuaçáo do Brasil.

Prof. Strauch - -

M GeografiaPolíticae Geopolítica.

Prof. Leontsinis

-

M Sygestões Metodo- logicas para o en- sino da Geografia.

Prof. Goldenberg

G.E. Energia Edrelétri-

ca no Brasil.

Prof. Goldenberg

T.P. Leitura de Cartas 1:50 O00 1:lOO O00 1:l O00 O00 Frof. Guerra

G.H.P. GeografiadasFron- teiras.

Prof. José Cezar

G.H.P. Geografiadas Fron- teiras do Brasil.

Prof. José Ceaar

T.P. Localizar no Mapa do Brasil . . . 1:5 000 000, as principais Usinas Hidrelétricas.

10.30 - 11.20

G. H.P. Geografia da Popu- laçào - Explosão Demográfica- Si- tuação do Brasil.

Prof. Strauch -

C Cartas Temáticas

Prof. Rodolfo Bar- bosa

M Sugestões hlelodo- lógicas para o en- sino da Geografia.

Prof. Goldenberg

G.E. Energia Hidrelétri-

ca no Brasil.

Prof. Goldenberg

T. P. Leitura de Cartas 1:50 O00 1:lOO O00 1:l 000 O00 Prof. Guerra

S Geografia e Plane-

jamento. Prof. Geiger

- G.H.P.

Geografiadas Pron- teiras do Brasil.

Prof. José C e m

mentário interpre-

T.P. Identificar no Ma-

padoBrasi1 . . 1:5 000 000, as principais ferrovias e rodovias iCo-

I Frof. Guerra 1 Prof. Guerra 1 Prof. Goldenberg

HORAS

14.00 - 14.50

C Cartas Topográfi- cas, Pianimétricas e blosaicos.

Prof. Schnoor --

G.F. Interpretaç2o do Livro "Exercícios epráticasde Geo- morfologia".

Pr0f.n Celeste

--____--__ e x c r m s à o

- LIVRE

- M

Correlar20 entre o Ensino da Geo- grafia e o da His- tória.

Prof. Leontsinis

G.E. Recursos Minerais doBrasi1. Relação entre a estrutura geológica do Bra- si1 e os Minerais.

Prof.LeonardosJu- nior

G.E. Economia Mineral do Brasil

Prof. Leonardos

S Geografia e Plane-

jamento. Prof. Geiger

T.1'. Elementos de Car- tografia do Atlas Geográfico Esco- lar.

Prof. Ary

LIVRE

M Aplicabilidade do li-

vro Leituras Oeo- gráficas.

15.00 - 15.50 ---__ G.E.

Indhtr ia no Mun- do e no Brasil.

Prof. José Cezar

M Projeção de "Sli-

des" sobre a Geo- grafia da Guana- bara.

Prof. José Ceaar

_____

T.P. Construção de Es- tereoramas.

Profs.BarbozaI.ei- te - Eva

C Os Atlas.

Prof. Rodolfo Bar- bosa

G.E. Transportes no Bra- sil

Prof. Ney Inocên- cio

T.P. C o ~ s t r u ç ~ o de Es- tereoramas.

Profs. BarbozaLei- te - Eva

-- M

Ensino das Coorde- nadas Geográficas e das Escalas.

Pr0f.a Izabel

16.00 - 16.50 - G.E.

Indhtr ia no Afundo e no Brasil.

Prof. José Cezar -----

M Projeçãode"S1ides"

sobre a Geografia da Guanabara.

Prof. José Cezar

I____

-

T.P. Construç~o de Es- tereoramas.

Profs. Rarboza Lei- t e - Eva ---

Visita ao Sr. Presi- deutedoIBGE eao Sr. Becretário-Ge- ral do CNG

G.E. Transportes no Bra- sil

P o f . Ney Inocên- c10

T.P. Construção de Es-

tereoramas. Profs. Barboaa Lei- te - Eva

---A--

M Ensino das Coorde- nadas Geográficas e das Escalas.

Prof.2 Izabel

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HORAS

9 3 0- 1 0 . 2 0 1 0 . 3 0- 1 1 2 0 1 4 0 0- 1 4 5 0 1 5 0 0- 1 5 5 0 1 6 . 0 0- 1 6 . 5 0

PROVA PROVA PROVA

OESERVAÇÕL'E: (li) - i\letodologia (S) - Seminário (C) - Cartografia

(G.B.) - Geografia Física (G.K.) - Geografia Econômica (T.P.) - Trabalhos Práticos

(G.H.P.) - Geogralia Humana e Política

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Documento n.0 6

RELAÇÃO DO CORPO DISCENTE

(*) Ibéria Nascimento Galvão Rua Hamilton Silva, s , 'n Macapá - Amapá

Amazonas

(*) Delfim Manuel de Souza Filho Av. Humaitá; 245 Manaus - Amazonas

(") Maria da Conceição da Silva Torres Rua Xavier de Mendonça, 62

- - Manaus - Amazonas id '

(*) Pedro Silvestre Filho Rua 10 de julho, 843 Manaus - Amazonas

Pará

Maria Tereza Pena de Vasconcellos Av. Ceará, 16 Balém - Pará

Ceará

(:3) Rossicler Oliveira Chacon (Irmã Vicência) Praça Figueira de Melo, 55 Fortaleza - Ceará

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Rio Grande do Norte

(*) Dione Maria de Farias R. Goncalves Lêdo, 714 Natal - Rio Grande do Norte

(9 Itália Dalva de Carvalho Av. Floriano Peixoto, 284 - Petrópolis Natal - Rio Grande do Norte

Paraíba

Ronaldo Ramalho Rua GervAsio Bonavides, 83 João Pessoa - Paraíba

(*) Ana Maria Teixeira Lopes Av. Capitão José Pessoa, 445 João Pessoa - Paraíba

(*) Elza Freire Rodrigues Av. Anísio P. Borges, 101 Santa Rita - Paraíba

(") Maria Desilda da Costa Rua Marcos Barbosa, 216 João Pessoa - Paraiba

(:::) Maria de Fátima A. Santos R. Mons. Almeida, 701 - Jaguaribe João Pessoa - Paraíba

(:i:) Maria do Socorro Diniz Rua Senador João Lira, 200 João Pessoa - Paraíba

Pernambuco

Doralice da Rocha Costa R. Amélia, 99 - Espinheiro Recife - Pernambuco

Bahia

(*) Dalva Araujo Pimenta R. Belarmino Barreto, 18 Salvador - Bahia

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Minas Gerais

(*) Adhemar Luciano Ferreira R. Brito Melo, 190 Belo Horizonte

(*) Jacinta Clara de Oliveira R. da Baía, 1192, apto. 509 Caratinga - Minas Gerais

(*) Maria Mazzarello Martins (Irmã) Av. Contorno, 8902 Belo Horizonte - Minas Gerais

Rache1 Silvia de Barros Jardim R. Tiradentes, 115 Juiz de Fora - Minas Gerais

Brasiíia

(*) Dora Vianna da Cunha Quadra Nb - 14 - Lote 18 Taguatinga - DF.

(*) Ester de Sena Bonfim Q. 7 - Conj. B - Lote 24 Sobradinho - D.F.

(*) Otávio Lira Filho Av. W 3, Q 36 - Casa 310 Brasília - DF.

(:k) Vera Lúcia Ribeiro Quadra NA 5 - Lote 5 Taguatinga

Rio de Janeiro

Heraldo Mesquita Souza Caixa Postal 12 Bom Jardim - Rio de Janeiro

Iracema Santos Silveira R. Galvão, 448 - Barreto Niterói - Rio de Janeiro

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Lidia Circolani Rua São Lourenco, 142, c/3 Niterói - Rio de Janeiro

(*) Nilson Liguori Sant'Anna Lote 26 - São José de Imbassaí Maricá - Rio de Janeiro

São Paulo

(:!) Guiomar de Castilho Rocha (Irmã Maria Lília) R . Arlindo Luz Ourinhos - São Paulo

(9 Ignes Gelinsky Praça Altino Arantes, 163 Avaré - São Paulo

Paraná

(*) Aura Paula Soares da Costa R. Jorge Lawda, 938 Curitiba - Paraná

!*) Cleide Caressato Rua José de Alencar, 950, apto. 4 Curitiba - Paraná

(*) Masako Osaki Rua Des. Hugo Simas, 2525 (C.P. 90) Curitiba - Paraná

Anastácia Faiion R. Dr. Rufino Maeiel, 1051 Mandaguari - Paraná

Santa Catarina

(::) José Jorge Escola de Aprendizes - Marinheiros Florianópolis - Santa Catarina

(*) Osmarino Dadan Hotel Metropol Florianópolis - Santa Catarina

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Rio Grande do Sul

(*) Eri Genoino Mocelin R. Dr. Nascimento, 577 Rio Grande - Rio Grande do Sul

(*) Jorge Nelson Santos da Silva Edif. Vienei, apto. 6

Osório - Rio Grande do Sul

Vania Regina P. Pinto Rua General Niederaner, 1252, apto. 5 Santa Maria - Rio Grande do Sul

Guanabara

Carmozina Cardozo Zuzart Rua Prof. Sebastião Fontes, 90, apto. 102 Guanabara

Joel de Lima P. Castro Rua Maxwell, 406 Guanabara

Edna Leda de Jesus R. Visconde de Pirajá, 468, apto. 801 Guanabara

Maria Cecília da Cunha Vasques Rua Anajás, 171 Vaz Lobo - Guanabara

Maria de Oliveira Rua Curuzu, 23, c. 2 São Cristóvão

Maria Lucia Rego Costa R. Pedro América, 378, c. IV Catete - Guanabara

Sonia dos Santos Silva Rua Prof. Lafayete Cortes, 127, apto. 203 Guanabara

Victoria Alzuguir R. Delgado de Carvalho, 58, apto. 201 Tijuca - Guanabara

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Documento n.0 7

INSTRUÇÕES REGULADORAS DA EXCURSÃO (Dia 14-1-1967)

1 - GENERALIDADES

Conforme o previsto no programa geral realizar-se-á no dia

i 14 de janeiro a excursão a pontos de interêsse Geográfico do Estado da Guanabara.

2 - FINALIDADES

2.1 Correlacionar os aspectos físicos com os aspectos huma- nos.

2.2 Dar aos Professôres uma noção de como se faz um es- tudo geográfico local.

2.3 Oportunidade para elaboração de um relatório de in- terêsse geográfico sobre a excursão realizada.

3 - ORGANIZAÇÃO

3.1 Dirigentes : Prof. JOSÉ: CEZAR DE MAGALHÃES, Prof. CARLOS GOLDENBERG, Prof." EVA MENEZES DE MAGALHÃES, Prof. IR10 BARBOSA DA COSTA.

3.2 Distribuição do tempo

3.2.1 As 7,30 horas, reunião dos participantes - Lo- cal: Ar. Beira-Mar- 436 (CNG)

3.2.2 As 8,00 horas, partida do mesmo local. Ônibus da USE - TURISMO.

3.2.3 As 12,30 horas, almôçs - (Pedra de Guaratiba) 3.2.4 As 17,OO horas - chegada (CNG)

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4 - ASPECTOS A OBSERVAR:

4.2.1 Um trecho da área industrial da Guanabara (bairros S. Cristóvão e Maria da Graça) - Mos- trar um bairro em área de degradação e trans- formação - Passado e Presente de São Cristo- vão. MACIÇO DA TIJUCA.

4.2.2 MACIÇO DA TIJUCA

Visão Panorâmica de um bairro da Zona Norte - Baixada de Jacarepaguá: Formação de lagoas como Tijuca - Jacarepaguá - Marapendi - Formação de Restinga - Como se processa a erosão em lençol (Enxurradas). Problemas dos desmoronamentos e suas ligações com o desflo- ramento - Clima Tropical - sítios de veraneio.

4.2.3 MIRANTE DE SANTA CRUZ

Elementos Físicos - baixada, maciço Gericinó e Pedra Branca - mostrar organização de uma antiga área de habitat rural - ocupação do es- paço agrário - nova área Industrial - Cosigua e Termo-elétrica de Santa Cruz - Términa Ma- rítimo.

4.2.4 BARRA DE GUARATIBA

Formação de restinga - BALNEARIO

5 - PRESCRIÇÕES DIVERSAS

5.1 Recomenda-se levar lápis, caderneta de apontamentos e pequeno lanche.

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8 QUADRO DE NOTAS

Curso de Férias para professôres de Gteografia .. 3atSei10 . 14m

Nascimeato G d v u (AP) ......... 75 ... %Delfim Manuei de Sowa Fiiho (AM) 74

8Msris da Conwi@ío da 8ilm Toma (AM) 53

............. Bihrestre Filho (AM) W &Maria Terem Pena de Vasconoellm (TA) 75

.......... bibioh O~veira~Gbacon (CE) 80 .............. 7-Dione Marii Farias (RN) 83

......... â-itaia D h de Cmiho (RN) 40

........ ?Ana Maria Teixeh Lopes (PB) 46 I&Eh Fre'i Rodriguea @Ti) ............. 56

Deailda da Costa @Ti) .......... 60 ....... . I&bMa de PQtima A b n t a i (PB) 100

........... IgMaria do Socorro Dinis (TB) 58 ................ 14!RonaldP Ramalho (F'B) 83 ............... Ibpaalios da &oaha Costa 84

................. 16paiw Araujo Pimenta 75 ........ 17-~dhemai Ludano Ferreira (MG) 46 ......... 18Jaointa Clars de Oliveira (MG) 40

19-Fhbd m a de Barrcu Jardim N G ) ... 100 20-Dora v i da Cunha (DF) ........... 83 2i-Ester de &na Bwfim (DF) ............ 44 22-0t6vio Lira Fiiho (DF) ................ 60 ZSVera LGaia Ribeiro (DF) ............... 83 M e r d d o Mesquita Souza (RJ) .......... 64, 5

46-h+ma Santos 8iveira (RJ) ........... 93

26-Lidia Circodani (RJ) .................... 57 !t i-Nin Liguori B a n t ' h íFU) ......... 48 28&iomai d a Castuho Rocha (8P) ........ 45 2%4m Pa+ Boares da Costs @R) ..... 46 W%de Carmto (PR) ................. 58 81-Mako Osaki (PR) ................... 78 8%+mt& Farion P R ) ................. 60

83-Wa G e h k p (8P) ................... 40

3 4 J d Jorge (8C) ............... .. ..... 55 $b*aRno Dsdab (SC) ................. 56 86-Eri Genoino Mooeüin (R8) ............. 03 87Jorge Nalaon Santas da 8i (RS) ..... 95

3gVanía R k g b P . Pinto (R8) ............ 97 â%&a Cardoso Zuzart (GB) ........ 66 ((Moel de Lima P . Castro (GB) .......... 50

&-Maris Cecilia da Cimha Vaa- (GB) . . 45 42Maria de Oliveira (GB) ................ 84 4ô-Maria Lúoia R&go Costa (GB) .......... - 59 44-Bonk dm h t o a 8i (GB) ........... 68 46+ctória Ahgub (GB) ................. 80

Meto- Geografi~ dologia íííica ...

00 75 70 95 55 50 55 60

85 05 80 70 65 75 80 45 70 60 80 90 80 70 90 85 55 75 95 100 80 75 65 60

90 75 85 80 90 100 85 85 80 45 50 80 88 80

85 50 65 75 80 60

80 85 90 85 95 65 80 80

100 80 90 70 40 45 85 85 75 75 85 56

05 90 75 85

80 70 65 40 . 80 60

90 85 80 100 85 81 86 70

Geografia Deo- eoonbmica

poitcber ..- 70 79 87 71 31 61 91 67 77 58 85 75 91 69 78 63 80 69 83 70 76 65 81 70 82 57 87 77 77 52 87 64 86 79

80 61 100 76 89 66 77 67 66 91 i@ 8Q 89 76 83 66 84 62 84 62 80 56 84 68 80 68 91 80 62 69 58 58 82 77 72 79 74 75 83 73 79 79, 5 78 69 70 72 71 74 95 84 92 70 66 77 a 40