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1 Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

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Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

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Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

ExpedienteAutores:

Adriano da Costa Valadão, Mestre em Ciências Sociais Aplicadas, militante do Movimento dosTrabalhadores Rurais Sem Terra.

Carlos Neudi Finkler, Setor de Produção, Cooperação e Meio Ambiente - Setor de ProduçãoCooperação e Meio Ambiente - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

Cassemiro Chebinski, Engenheiro Agrônomo, Setor de Produção, Cooperação e Meio Ambiente -Setor de Produção Cooperação e Meio Ambiente - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

Cinara Fátima Benetti Pinto, Médica Veterinária, Setor de Produção Cooperação e Meio Ambien-te - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra;

José Maria Tardin, Técnico Agropecuário, Setor de Produção Cooperação e Meio Ambiente -Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra;

Priscila Facina Monnerat, Engenheira Florestal, Setor de Produção Cooperação e Meio Ambiente- Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra;

Silvana dos Santos Moreira, Engenheira Agronoma, Setor de Produção Cooperação e Meio Ambi-ente - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

Lílian Garcia Faria, Zootecnista, Setor de Produção, Cooperação e Meio Ambiente - Movimentodos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

CRIAÇÃO, ARTE FINAL E DIAGRAMAÇÃO:Lance Livre Design, Produções e Editora Ltda., fone: (0xx41) 3229-3784.

E-mail: [email protected]ÃO:

Editora Gráfica Popular Ltda., fone: 3346-0034.E-mail: [email protected]

Site: www.jornadadeagroecologia.com.brE-mail: [email protected]

Junho de 2006

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Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

SumárioCarta da 4ª Jornada Paranaense de Agroecologia ....................................................... 6Manifesto da Américas .............................................................................................. 14A necessidade de cooperação na produção ecológica .............................................. 18Agroecologia: A organização camponesa reconstruindo o sustento da vida e a transfor-mação da sociedade ................................................................................................... 21Agronegócio e destruição da natureza ...................................................................... 26Sustento familiar: A despensa da família camponesa ............................................... 29Agroflorestas .............................................................................................................. 40A agroecologia e suas técnicas .................................................................................. 43Plantas companheiras e antagonistas: ....................................................................... 45As Sementes São Patrimônio dos Povos a Serviço da Humanidade ....................... 52Sem Sementes, a Mulher e o Homem não vão Enraizar na Terra. Com as Sementes e asCriações Crioulas, a Mulher e o Homem vão Fecundar a Terra e Multiplicar a Vida. .. 54O Manejo Ecológico de Solos ................................................................................... 74Plantas de cobertura da terra e adubação verde..................................................... 77Cooperação para a Vida: ........................................................................................... 79Adubos verdes de inverno ......................................................................................... 79Adubos verdes de verão ............................................................................................ 84A utilização de pedras na agroecologia ..................................................................... 92Adubos e caldas: ........................................................................................................ 93Qualidade da água ..................................................................................................... 94Nutriçao da vida da terra e das plantas ..................................................................... 94Sugestão para o Aproveitamento do Esterco e da Urina: ......................................... 95

O adubo da Independência ...................................................................................... 97Húmus de Minhoca .................................................................................................100Urina de vaca leiteira ...............................................................................................102Biofertilizantes - adubo foliar caseiro .....................................................................104Biofertilizante Super Magro: ...................................................................................105Biofertilizante Super Magro: ...................................................................................107

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Fermentado Biotecnológico: ....................................................................................108Biofertilizante para Batatinha ..................................................................................108A fórmula do Juca ...................................................................................................109Biofertilizante de plantas ......................................................................................... 110

Biogeo .................................................................................................................... 110Sugestão de receita para 1.000 litros de fermentado: .............................................100Urina de vaca leiteira ............................................................................................... 111

Caldas para proteção das plantas ........................................................................... 113Pasta Bordalesa .......................................................................................................120Controle biológico...................................................................................................123Criação de bovinos para o sustento familiar ...........................................................125Frango caipira, uma fonte de alimentos e de renda ................................................132Criação de suínos na pequena propriedade ............................................................140Bibliografia ...............................................................................................................145

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Construindo um Projeto Popular e Soberano para aAgricultura Familiar e Camponesa

Nós, 6.000 participantes do 4º En-contro da Jornada de Agroecologia, reu-nidos em Cascavel - Paraná - Brasil rea-firmamos nosso compromisso com aAgroecologia, continuando nossa luta poruma Terra Livre de Transgênicos e semAgrotóxicos e conquistando aimplementação de um Projeto PopularSoberano para a Agricultura Camponesae Familiar, fundamentado naAgroecologia.

A Jornada de Agroecologia é umespaço de expressão de vários movimen-tos sociais da agricultura familiar e cam-ponesa, organizações da sociedade civil,técnicos e acadêmicos e se insere no gran-de movimento de lutas dos povos contraa mercantilização da vida, comprometen-do-se a construir uma nova sociedadecapaz de satisfazer suas necessidades atu-ais e garantir as necessidades das gera-ções futuras.

A Terra, a Água, as Sementes e todaa Biodiversidade se constituíram histori-camente como patrimônio comum dospovos. Interagindo com a natureza e de-

safiada pela sobrevivência, a humanida-de forjou seu próprio conhecimento so-bre as espécies agrícolas, animais e flo-restais, gerando ampla e diversificadaoferta de alimentos e outros gêneros in-dispensáveis à sua perpetuação.

A instituição da propriedade da ter-ra pelo capitalismo, iniciou o processo deapropriação privada da natureza, sua con-tínua degradação, a escravidão e explo-ração dos povos, rompendo os milêniosde convivência equilibrada das popula-ções com seu ambiente.

A partir do século XX, a intensifi-cação deste sistema perverso se manifes-tou na agricultura com a introdução e di-fusão global do uso de agrotóxicos, ferti-lizantes químicos, sementes híbridas emáquinas, com o objetivo de atender aosinteresses e necessidades do complexoagroindustrial monopolizado pelas gran-des empresas transacionais.

Em seu estágio atual, a estratégiado Imperialismo, sob hegemonia do ca-pital especulativo e dos Estados Unidos

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da América, caracteriza-se pela necessi-dade de domínio e mercantilização detodas as dimensões da vida. Este movi-mento se manifesta de maneira concretaatravés dos Estados militarizados, promo-tores das guerras e da apropriação pelastransnacionais de todas as reservas natu-rais estratégicas e do controle dos alimen-tos e da biodiversidade. Entre suas ne-fastas conseqüências destaca-se a cres-cente exclusão social de amplas parcelasda humanidade, em uma lógica associa-da à violação dos direitos dos pobres, àprivatização da vida e à acumulação dariqueza, e à contínua degradaçãoambiental transferindo os malefícios paraa sociedade. Ao eximir-se dos custos so-ciais e ambientais, o capitalismo conduza humanidade à sua autodestruição, re-velando sua incompatibilidade econômi-ca com a dimensão ecológica e social.

No Brasil, esta estratégia éimplementada pelo agronegócio exporta-dor submisso às transnacionais que con-trolam as tecnologias agropecuárias,como as sementes transgênicas, o comér-cio e o transporte desses produtos nomercado global ao mesmo tempo em quedesnacionalizam a economia, concentramrenda e terra, geram aumento da violên-cia contra trabalhadores rurais e destro-em o meio ambiente.

A mídia de uma forma geral, articu-lada com o grande capital, tenta cons-truir uma imagem de eficiência doagronegócio, encobrindo ainsustentabilidade social, ambiental, eco-nômica e cultural da agricultura conven-cional, resultante do latifúndio e da lógi-

ca de produção em grande escala, para oequilíbrio da balança comercial brasilei-ra.

A agricultura convencional perde acada ano, 20 toneladas de solo por hec-tare cultivado. Para cada quilograma desoja produzida, são perdidos 10 quilosde solo, que vão para os rios, assoriando-os e contaminando-os com agrotóxicos,eliminando a fauna e flora e envenenan-do a água que é o bem mais precioso dahumanidade. Cada centímetro de soloperdido demora mais de 300 anos paraser formado.

As propriedades acima de 200 hec-tares representam apenas 5,3 % dos es-tabelecimentos agrícolas, mas ocupam70,8 % da área agrícola do país e empre-gam somente 12,7 % da mão-de-obra domeio rural, o que demonstra a suainsustentabilidade social. Na década de90, o latifúndio do agronegócio desem-pregou mais de 13 % dos trabalhadoresdo meio rural, enquanto, apesar da crise,o conjunto da economia gerou um cres-cimento de 1 % de novos postos de tra-balho.

O valor bruto da produçãoagropecuária gerado pelo agronegóciobrasileiro é de apenas R$ 224,86/ha/ano,demonstrando a sua insustentabilidadeeconômica. O agronegócio tem usadodados da agricultura familiar, especialmen-te das grandes cooperativas, que tem emtorno de 80 % de sua produção oriundada agricultura familiar, para mascarar averdade de sua ineficiência.

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O aumento da produção de grãos ede carnes do Brasil, nos últimos anos,tem sido sustentado pela expansão dafronteira agrícola à custa da grilagem deterras públicas, da violência, do trabalhoescravo e da destruição de ecossistemase biomas importantes como o cerrado ea mata Atlântica e atualmente a produ-ção de soja tem feito grande pressão so-bre a floresta amazônica e especialmen-te sobre agricultores familiares e povosda floresta que trabalham com pequenasáreas.

Em contrapartida a agricultura fa-miliar e camponesa é responsável por 67% da produção de feijão, 59 % da pro-dução de suínos, 52 % da produção deleite e 49 % da produção de milho.

Os estabelecimentos agrícolas meno-res que 100 ha são responsáveis por 75 %das receitas geradas pela agricultura brasi-leira, demonstrando a importância de ter-mos políticas públicas que incentivem aagricultura familiar e camponesa e reali-zem uma ampla reforma agrária.

Dados do IBGE mostram que osestabelecimentos que possuem áreas me-nores que 200 ha representam 93,8 %dos estabelecimentos agrícolas e detémapenas 29 % das terras do Brasil, mas,ao contrário, o latifúndio do agronegócio,emprega 87,3 % da mão-de-obra do meiorural.

Outro dado alarmante é que todoano deixam de existir noventa mil esta-belecimentos agrícolas, que são incorpo-rados pelo grande latifúndio.

Rompendo com esta lógica, portodo o planeta os povos se levantam anun-ciando que é possível construir um mun-do sustentável, fundado em relações desolidariedade, justiça, democracia, paz eem uma economia ecológica.

No Brasil lutamos pela construçãoda sustentabilidade do desenvolvimentotendo na agroecologia uma realidade vivae nas práticas dos povos indígenas, ribei-rinhos, quilombolas, extrativistas, serta-nejos, camponeses, agricultores familia-res, posseiros e sem-terras das mais dife-rentes etnias e culturas.

A agroecologia se caracteriza pelasua alta capacidade de preservar e repro-duzir a vida e nesta perspectiva, só é pos-sível ser construída com base nas rela-ções de gênero e geração sendo que esteprincípio deve orientar as políticas públi-cas.

Reafirmamos nesse 4º Encontro daJornada de Agroecologia, na cidade deCascavel, a continuidade de nossas açõescomuns, articuladas em torno de um novojeito de viver que se expressa na propos-ta da agroecologia, como:

Conquistar políticas públicas queviabilizem o projeto popular e soberanode uma agricultura camponesa e familiarecológica. Neste 4º Encontro da Jornadade Agroecologia, a partir da construçãode um debate amplo com todos os parti-cipantes, destacamos como pontosprioritários para a construção de umaPolítica de Agroecologia:

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1) Tecnologia de produção agroe-cológica:

Desenvolvimento tecnológico emagroecologia implica em superar distin-ção e isolamento do ensino, pesquisa,extensão e agricultores(as), por uma abor-dagem sistêmica, das políticas que impli-quem numa interação horizontal entretécnicos e agricultores experimentadores.

Propomos:I. Instalar um colegiado de gestão

de políticas e recursos, com po-der deliberativo, e participaçãoparitária entre organizações derepresentação dos agricultores fa-miliares e instituições públicas.

II. Ampliar, simplificar e desburo-cratizar o financiamento públicopara implementação de serviçosa serem realizados por organiza-ções da agricultura familiar e or-ganizações da sociedade civil.

III. Fomento à experimentação; àsatividades formação: dias de cam-po, intercâmbios, cursos, seminá-rios, oficinas; às publicações, re-cursos audiovisuais e deinformática.

IV. Reeducação dos profissionais doserviço público quanto à compre-ensão da abordagem sistêmica emagroecologia e em experimentaçãoparticipativa.

V. Criar um programa de desenvol-vimento tecnológico e fomentopara formas alternativas de gera-ção de energia.

2. Transgênicos:I. Realização de campanhas públi-

cas educativas sobre os perigos

dos transgênicos para a saúde, omeio ambiente, a economia e asoberania alimentar .

II. Manter a proibição no Brasil douso e manipulação da tecnologiaterminator ( tecnologia de restri-ção da capacidade de expressãogenética), levando esta posição aoconvênio de diversidade biológi-ca, que estará sendo reavaliado naCOP 8 que estará acontecendo noBrasil em 2006, e a todos os ou-tros fóruns internacionais perti-nentes.

III. Manter com todas as forças oParaná como área livre detransgênicosExigir a rastreabilidade dos pro-dutos transgênicos e aplicar ime-diatamente a lei de rotulagem dosprodutos que contenhamtransgênicos, como medidas queimpedem a contaminação genéti-ca.

IV.Suspender todo e qualquer tipode política pública que esteja sen-do utilizada para a produção detransgênicos.

V. Proibir a aquisição de transgêni-cos em todos os programas deabastecimento alimentar e às ins-tituições públicas

VI. Aprovar leis municipais criandoáreas livres de transgênicos

VII. Sobretaxar os produtostransgênicos

VIII.Instalação de uma CPI no Con-gresso Nacional e investigaçãopela polícia federal e ministériopúblico do contrabando de semen-tes transgênicas para o Brasil.

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3. Agrotóxicos:I. Moratória de registro de agrotóxi-

cos e revisão geral da carta deregistros.

II.Proibição da propaganda deagrotóxicos e fiscalização rigoro-sa em relação à utilização erotulagem adequada, informandoa população sobre seus perigos etratamentos em caso de contami-nação

IV. Incluir nos currículos dos pro-fissionais da área de saúde a for-mação sobre agrotóxicos e sobreos tratamentos dos malefícios poreles causados

V. Realização de análises de monito-ramento de resíduos de agrotóxi-cos nos alimentos pela ANVISA

VI. Exigir da ANDEF a formação ecapacitação adequada de todos osagricultores usuários de agrotóxi-cos

VII. Intensificação da fiscalização dalei de regulamentação do trata-mento e reciclagem das embala-gens de agrotóxicos

VIII. Criação de um programa es-pecial de saúde do(a) trabalha-dor(a) rural

IX. Criação de um programa de pes-quisa pública para avaliação dosefeitos dos agrotóxicos, na saúdehumana e no meio ambiente, cus-teados por um fundo mantido pe-las empresas fabricantes.

X. Suspender e proibir todo tipo desubvenção às indústrias deagrotóxicos, executar as dívidaspúblicas das empresas fabrican-

tes de agrotóxicos e destinar aofundo de apoio à agroecologia debase familiar

XI. Revogação do artigo 39 da lei11.105/05 (Lei de Biossegurança)

4. Educação no campo e culturastradicionais e camponesas

I. Suprir as necessidades das esco-las de formação em agroecologiaexistentes com convênios com asorganizações da agricultura fami-liar

II. Criar novas escolas de formaçãoem agroecologia em convênio comas organizações da agricultura fa-miliar

III. Incluir a agroecologia no currí-culo das escolas rurais e das pe-quenas cidades

IV. Reeducação para os educado-res da rede pública, em agroeco-logia e pedagogia de formação daconsciência cidadã

V. Permitir o acesso amplo e demo-crático ao conhecimento e à in-formação, com a implantação debibliotecas e acesso às formas decomunicação eletrônica

VI. Criar um amplo programa de es-tímulo ao resgate, revalorizaçãoe expressão da cultura campone-sa.

5. Recursos naturais:

a) Terra:I) realizar ampla e massiva reforma

agrária, respeitando as diferentes

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formas tradicionais de ocupaçãoe uso sustentável da terra

II) delimitar o tamanho máximo dapropriedade rural, nos moldes doque propõe a Campanha pelo Li-mite da Propriedade Rural.

b) Água:I) assegurar o acesso à água a toda

a população, através de serviçospúblicos de qualidade;

II) assegurar em lei quem a águapermaneça sendo um bem públi-co, proibindo-se a privatização dosserviços de abastecimento e sa-neamento.

III) Rever a legislação, para que aágua seja considerada não um re-curso econômico, mas um direitohumano fundamental e ainda ga-rantir a efetivação da participaçãoe controle social na gestão da po-lítica da água

IV) investir no fortalecimento dosórgãos ambientais que fiscalizamo uso e a qualidade da água

V) criar um programa de moni-toramento da qualidade da águaquanto à resíduos de agrotóxicose outras substâncias químicas

VI) desenvolver a educação para ouso sustentado da água

VII) Implementar Programas deRecuperação e Proteção dos Riose Nascentes.

c) biodiversidadeI) apoiar as organizações da agri-

cultura familiar para estruturarprograma de resgate, conserva-ção, multiplicação e uso susten-

tado da agrobiodiversidade e me-lhoramento genético de varieda-des crioulas

II) assegurar e apoiar o livre inter-câmbio da agrobiodiversidade en-tre agricultores familiares

III) rever a lei de patentes, proibin-do o patenteamento de seres vi-vos

IV) implantar a fitoterapia na redepública de saúde

d) florestasI) implementar com máxima urgên-

cia a política de criação e consoli-dação das unidades de conserva-ção da Florestas com Araucáriase Campos Naturais no Paraná eem Santa Catarina

II) criar mecanismos de compensa-ção ambiental para a conservaçãode florestas nativas

III) desenvolver ampla e intensacampanha educativa sobre ade-quação ambiental das áreas deprodução familiar em relação àsáreas de reserva legal e preserva-ção permanente

6) CréditoI) criar um fundo nacional para a

agroecologia a ser gestionado porum colegiado paritário entre re-presentação governamental e dasociedade civil

7) Infra-estrutura ruralI) criar um amplo programa de infra-

estrutura rural, garantindo à agri-cultura familiar: estradas, energiaelétrica, abastecimento de água e

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saneamento, rede escolar e deatendimento à saúde, rede de co-municação, moradia e outras ins-talações.

8)Beneficiamento, Agroindustria-lização e Comercialização

I) ampliar, fortalecer e diminuir aburocracia dos programas de com-pras governamentais de produtosda agricultura familiar agroecolo-gica.

II) Implantar o Programa de Me-renda Escolar Ecológica em todaa rede pública de educação.

II) implantar infra-estrutura públicapara a comercialização direta dosprodutos dos agricultores familia-res.

III) garantir preços mínimos e com-pra dos produtos da agriculturafamiliar e formação de estoquesque garantam a segurança e so-berania alimentar da população.

IV) viabilizar os meios para as or-ganizações da agricultura familiarpromover programa de formaçãoem gestão de empreendimentoseconômicos de beneficiamento,procesamento e comercialização.

V) Manter a possibilidade legal decomercialização pelas Associa-ções.

Reafirmamos, por fim, os compro-missos históricos da Jornada deAgroecologia:

1. Lutar contra todas as formas demercantilização da vida, buscan-do garantir que a terra, a águas,

as sementes e toda a Biodiversi-dade sejam patrimônio da huma-nidade, a serviço dos povos;

2. Conquistar de forma definitiva amanutenção do Paraná como ter-ritório livre de transgênicos .

3. Promover campanhas de infor-mação sobre os malefícios dosagrotóxicos e exigir uma revisãogeral da carta de registro dosagrotóxicos e propor legislaçõesde restrição de uso.

4. Massificar a organização do povopara a conquista da ReformaAgrária.

5. Fortalecer e ampliar a Campa-nha "Sementes: Patrimônio daHumanidade", lutando pelo direi-to de todos os camponeses e cam-ponesas produzirem suas semen-tes 'varietais', preservando eviabilizando a produção própria desementes como garantia do prin-cípio da soberania alimentar, eimpedindo que as empresastransnacionais obtenham o con-trole oligopolista da produção e dacomercialização de sementes;

6. Lutar contra a privatização emercantilização das águas, defen-dendo o seu valor biológico e sa-grado, implementando propostasde proteção e recuperação dosrios e nascentes, denunciando apoluição, a degradação e odesmatamento.

7. Promover uma campanha nacio-nal e internacional de descrimi-nalização dos militantes da Jorna-da de Agroecologia promovidajudicialmente pela Monsanto S/A,

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e conquistar sua condenação pe-los crimes que atentam contra aBiodiversidade e a Soberania Na-cional, nos termos que propõe o

Realização:AOPA, AS-PTA, ASSESOAR, Associações e STR`S, CAPA, CPT, CRESOL/

BASER, DESER, FEAB, FETRAF - SUL/CUT, Fórum Centro,Fórum Centro-sul,Fórum Oeste, Fórum Sudoeste, IAF, Instituto Equipe, MAB, MPA, MST, REDEECOVIDA, RURECO, PJR, MMC, Terra de Direitos.

Terra Livre de Transgênicos e sem AgrotóxicosPlenária do 4º Encontro da Jornada de Agroecologia,

No outono de Cascavel, Paraná, Brasil,25 a 28 de maio de 2005.

Convocamos todos para participar do processo de construção coletiva e cotidia-na da Jornada de Agroecologia, rumo a seu 5º Encontro em 2006.

Tribunal Popular e Internacionalsobre os Transgênicos (Porto Ale-gre, 11 de março de 2004).

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Manifesto da AméricasEm defesa da natureza e da diversidade biológica e cultural

Vivemos num sistema econômicodominante que há séculos se propôs ex-plorar de forma ilimitada todos osecossistemas e seus recursos naturais.Esta estratégia trouxe crescimento eco-nômico e o que se chamou de “desen-volvimento” para algumas nações, e pri-vilegiou o consumo e o bem estar socialde uma parcela muito pequena da huma-nidade. E excluiu infelizmente, das con-dições mínimas de sobrevivência as gran-des maiorias da humanidade.

O custo desse sistema de explora-ção da natureza e das pessoas, junto aoconsumismo desenfreado foi pago pelosacrifício de milhões de trabalhadorespobres, camponeses, indígenas, pastores,pescadores, e outra s pessoas pobres dasociedade, que entregam suas vidas a cadadia. E pela agressão permanente da na-tureza que foi e continua sendo sistema-ticamente devastada. Sua integridade e adiversidade de formas de vida, que são osustento da biodiversidade estãoameaçadas. E se a natureza de nossoplaneta está ameaçada, está ameaçada aprópria vida humana, que depende dela.Até a Avaliação Ecosistêmica do Milêniofeita pela ONU e divulgada em 2005 re-conhece que “as atividades humanas es-tão mudando fundamentalmente e, emmuitos casos, de forma irreversível a di-versidade da vida no planeta Terra. Es-

tas taxas vão continuar ou se acelerar nofuturo”. Nesse importante reconhecimen-to da crise planetária, é também funda-mental reconhecer que não são todas asatividades humanas prejudiciais, mas so-bretudo aquelas guiadas pela volúpia delucro das corporações transnacionais.

Por causa da dramaticidade destasituação sentimos a necessidade de afir-mar alternativas que assegurem um futu-ro de esperança para a vida, para a hu-manidade e para a Terra. Precisamos pas-sar de uma Sociedade de Produção In-dustrial, consumista e individualista, quesacrifica os ecosistemas e penaliza as pes-soas, destruindo a sócio-biodiversidade,para uma Sociedade de Sustentação deToda a Vida, que se oriente por ummodo socialmente justo e ecológicamentesustentável de viver, cuida da comunida-de de vida e protege as bases físico-quí-micas e ecológicas que sustentam todosos processos vitais, incluídos os huma-nos.

Como habitantes do continente ame-ricano temos a consciência de nossa res-ponsabilidade universal. Por nós passatambém o futuro da Terra. Os paísesamazônicos e andinos, por exemplo,como Colômbia, Equador, Peru, Bolívia,Venezuela e Brasil são territóriosmegadiversos. Não apenas pela presença

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de riquíssimos ecosistemas, mas tambémpela presença de muitos povos indígenas,camponeses, quilombolas e outras comu-nidades locais, que desde séculos e milê-nios souberam viver em co-habitaçãoentre a biodiversidade e a sociodiversi-dade. A floresta amazônica presente emnossos paises representa um terço das flo-restas tropicais do mundo e abriga maisde 50% da biodiversidade. Nela existempelo menos 45.000 espécies de plantas,1.800 espécies de borboletas, 150 espé-cies de morcegos, 1.300 espécies de pei-xes de água doce, 163 espécies de anfí-bios, 305 espécies de serpentes, 311 es-pécies de mamíferos e 1.000 espécies deaves.

Por causa desta riqueza, a AméricaLatina está sendo objeto da cobiça dos“neoliberais-globaiscolonizadores” atravésda ação insana de dezenas de empresastrasnacionais, principalmente dos paisesdo norte global. Eles praticam vastamentea biopirataria. Outrora era a corrida aoouro e à prata, hoje é a corrida aos re-cursos genéticos, farmacológicos e aossaberes tradicionais e locais, todos estra-tégicos para o futuro dos negócios domercado mundial. E ainda querem nosimpor leis de patentes e de proteção aseus lucros fantásticos.

Queremos fazer frente, de formadecisiva, a este processo de espoliação.Propomos políticas consistentes que vi-sem:

1.Conservar a diversidade bioló-gica e cultural de nossos ecossistemas,quer dizer, cuidar o conjunto dos orga-

nismos vivos em seus habitats e tambémas interdependências entre eles dentro doequilíbrio dinâmico, próprio de cada re-gião ecológica e das características sin-gulares das espécies, assim como ainteração social e ecologicamente sus-tentável dos povos que vivem na região.

2. Propomos políticas articuladasque visem a garantir a integridade e abeleza dos ecossistemas e os povos quecuidam e dependem dela

Isso implica a manutenção das ca-racterísticas que asseguram seu funcio-namento e mantém a identidade do servivo e do conjunto vivo seja em seu as-pecto territorial, biológico, social, cultu-ral, paisagístico, histórico e monumental.A preservação da diversidade biológica ecultural, da integridade e da beleza dossistemas ecológicos dão sustentabilidadeàs múltiplas funções ambientais e aosbenefícios que o ser humano obtém parasi para as futuras gerações. Entreoutros: água potável, alimentos, medici-nas, madeiras, fibras, regulação do cli-ma, prevenção de inundações e doenças.Ao mesmo tempo que constituem as ba-ses do sustento da recreação, da estéticae da espiritualidade assim como o supor-te da conformação do solo, a fotossíntesee o ciclo de nutrientes, entre outras fun-ções vitais para o sustento de toda a hu-manidade.

3.Nos opomos resolutamente àintrodução de espécies exóticas, ina-dequadas aos nossos ecossistemas.Como aconteceu em muitos biomas coma introdução de plantações homogêneas,

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industriais, do eucalipto, pinus, etc. quedestroem os ecossistemas naturais e le-vam a fortes impactos sociais aos povosque moram nessas áreas, Levam o lucro,os dólares, a celulose, o carvão, águasugada, e deixam a degradação e a po-breza.

4. Nos opomos resolutamente aintrodução de organismos transgêni-cos no ambiente, seja na agricultura, nasplantações, na pecuária ou qualquer ou-tros cultivos no meio ambiente, já quealem de não ser necessários, não servempara nada, a não ser para o lucro de umaspoucas empresas transnacionais. Trazemriscos potenciais a saúde das pessoas e amodificações permanentes e irreversíveispara a natureza e aos ecossistemas. Nosopomos enfaticamente a introdução deárvores transgênicas, que significam umperigo ainda maior, devido entre outrascoisas a que o pólen, tem a possibilidadede disseminação ao longo de milhares dequilômetros, contaminando inevitavel-mente outras florestas, incluindo as flo-resta nativas, com multiplicação de im-pactos sobre a flora, os insetos e outroscomponentes da fauna, afetando tambémo sustento dos povos indígenas, pesca-dores, camponeses, quilombolas e outrascomunidades locais.

5. Combatemos decididamente assementes Terminator porque elas aten-tam contra o sentido da vida e de suareprodução, pois se trata de uma semen-te suicida que visa beneficiar apenas asgrandes empresas transnacionaiscontroladoras das sementes e manter osagricultores sob sua dependência.

6. Nos opomos à tentativa dogoverno imperial dos Estados Unidose de suas empresas transnacionais, quequerem nos impor o tratado da ALCA(Acordo de Livre comercio das Améri-cas); tratados bilaterais, chamados deTLC (tratados de livres comercio); trata-dos de garantia de investimentos estran-geiros, ou através de acordos de cúpulascosturados sem nenhuma participaçãopopular na Organização Mundial do Co-mércio-OMC. Esses acordos colocamainda em maior risco, a nossa natureza,nossa agricultura, nossos serviços e ascondições de vida de nossa população,pois priorizam apenas os interesses dagarantia de lucro.

7. Manifestamos nosso apoio e anecessidade de reconhecer os povos ecomunidades que durante séculos e mi-lênios tem desenvolvido a biodiversi-dade agrícola, através da adaptação ecriação de sementes que constituem asbases de toda a agricultura e alimen-tação da humanidade. Para manteressas bases de sustentação e essa enor-me riqueza de biodiversidade agrícolae alimentar, é preciso reconhecer e afir-mar os direitos dos camponeses, indí-genas, pastores, pescadores, quilombo-las, à terra, ao território e aos recur-sos naturais, para que possam prosse-guir essa tarefa crucial para a huma-nidade de conservação das sementescrioulas e nativas, que só podem sermultiplicadas a nível local e diverso.

Combatemos aquelas empresas quebuscam o controle sobre as sementes con-tra toda a tradição dos povos que cuida-

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ram zelosamente das sementes e sempreas entenderam como fontes de vida quejamais devem se transformar em merca-doria.

Por fim, externamos nosso desejode que estes propósitos redundem em be-nefício para nossos povos, da soberaniaalimentar, ou seja o direito que todos ecada povo tem de produzir seu próprioalimento, em condições saudáveis e so-

cialmente justas e em equilíbrio com anatureza. Defendemos aqueles que tra-balham no campo, nossos agricultores ecamponeses. Defendemos seu direito deviver no modo camponês e assim garan-tem o sustento de nossas populações.Esse modo de produção contribui decisi-vamente para dar sustentabilidade ao nos-so Planeta e ao desenvolvimento integral,imprescindível para garantia do futuro dahumanidade.

1. Hugo Chavez, Presidente da República Bolivariana da Venezuela.2. Roberto Requião, Governador do Estado do Paraná3. Leonardo Boff, escritor e teólogo, Brasil4. Marina Silva, Ministra do Meio ambiente do governo do Brasil. (? No confirmada)5. Dom Pedro Casaldaliga, bispo e poeta, BRASIL6. Monja Coen, Monja primaz da comunidade Zen Budista no Brasil7. João Pedro Stedile, MST e da Via Campesina, Brasil8 Temístocles Marcelos Netto, séc. nac. meio ambiente da CUT, Brasil9. Letícia Sabatela, atriz, Movimento humanosdireitos, de artistas brasileiros, Brasil10. Aníbal Quijano, cientista social, Peru11. Noam Chomsky, lingüista, MIT, Estados Unidos.12. Peter Rosset, Phd em soberania alimentar. Estados Unidos13. Pat Mooney, Grupo ETC, especialista no estudo das conseqüências dos OGMs e

novas tecnologias, Canadá14. Silvia Ribeiro, pesquisadora do grupo ETC, México,15. Eduardo Galeano, escritor, Uruguay16. Hebe de Bonafini, Madres de Plaza de Mayo, Argentina17. Atílio Boron, cientista social, Clacso, ARGENTINA18. Violeta Menjivar, prefeita de San salvador, EL SALVADOR19. Chamille Chalmers, campanha Jubileu sur, HAITI20 Ramon Grosfoguel, Porto Rico21. Doris Gutierrez, diputada no congresso nacional. Honduras.

Dia 20 de abril de 2006

De Curitiba, capital do estado do Paraná, construindo uma América livrede transgênicos e de agressões ao meio ambiente.

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22. Mônica Baltodano, ex-comandante Sandinista. Nicarágua23. Ernesto Cardenal, poeta, sacerdote e ex-ministro da educação Nicarágua24. Gioconda Belli, poetisa, Nicaragua25. Raul Suarez, pastor Batista, e deputado na assembléia do poder popular. Cuba.26. Miguel Altieri, PDH em agroecologia. Univ. Califórnia. CHILE.27. Fernando Lugo, bispo católico. Paraguay.28. Blanca Chancoso, Confederacion de naciones Indígenas-CONAIE. Equador

Seguem-se outras assinaturas

A necessidade de cooperação na produção ecológica

Não é necessário explorar aagroecologia neste pequeno texto porqueeste tema vem a muito tempo sendopesquisado com muita seriedade por vá-rios autores nacionais e internacionais.

O objetivo aqui é provocar para quena discussão entre os camponeses e cam-ponesas se discuta a questão da coopera-ção agrícola entre as famílias e pessoasque no seu dia-a-dia fazem a produçãoecológica nas suas unidades de produçãoem suas comunidades.

Também queremos chamar a aten-ção de técnicos, agentes comunitários eprincipalmente dos militantes e dirigen-tes dos movimentos sociais que compõema Via Campesina para a necessidade deprovocar essa discussão em seus respec-tivos movimentos como uma forma deorganizar os produtores ecológicos paraa produção ecológica e fortalecendo as-sim a organização da Via Campesina.

Para a Via Campesina, a produçãoecológica é uma questão estratégica, pois

é o enfrentamento local contra o modelotecnológico da agricultura capitalista, masos camponeses e camponesas para a ViaCampesina não devem ser apenas pro-dutores, cumprem o papel de ser prota-gonistas na luta pelas mudanças sociaisnas suas comunidades. Além de produ-zir, têm a necessidade de ajudar fazer aslutas políticas, as mobilizações contra astransnacionais que implantam as políti-cas do império no campo.

Produzir no campo, industrializar osprodutos do campo, comercializar dire-tamente com os trabalhadores das cida-des e lutar, exige um grau de consciênciae um grau de organização maior do queser apenas produtor. A cooperação agrí-cola na produção ecológica ao lado dasolidariedade transforma-se também numelemento da cultura dos camponeses daVia Campesina.

A cooperação é um meio necessá-rio para a adequação de tecnologias quesejam produtivas mas que causem me-

Autor: Carlos Neudi Finkler

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nor impacto destrutivo no ambiente.A cooperação agrícola cria as pos-

sibilidades de desenvolver abiodiversidade nas comunidades de for-ma a não absorver todo o tempo de tra-balho dos camponeses e camponesas.

A cooperação cria condições parauma melhor planificação da produção dosgrupos de produtores possibilitando paraa aproximação da cultura agrícola do ter-reno mais apropriado para ela.

A cooperação cria possibilidadespara realizar a troca de sementes, produ-tos ecológicos, animais entre os próprioscamponeses e camponesas e mesmo en-tre camponeses e operários ou trabalha-dores urbanos de cidades próximas semenvolver dinheiro nessas operações. Istoé importante porque incentiva para queos trabalhadores urbanos também se or-ganizem para poderem ter acesso aos pro-dutos ecológicos vindos das comunida-des, associações cooperativas, etc, doscamponeses. Para trabalhadores urbanose camponeses é importante porque paraambos cria-se a possibilidade de conse-guir produtos que suas famílias necessi-tam sem que para isso seja necessário ouso de dinheiro.

Tanto camponeses como operáriospara viver, necessitam mais de produtosdo que de dinheiro. Os camponeses ecamponesas vendem seus produtos pordinheiro e com esse dinheiro compramoutros produtos que sua família necessi-ta. Enquanto o trabalhador e a trabalha-dora da cidade vendem sua força de tra-balho em troca de salário e com o dinhei-ro do salário compram produtos que suafamília necessita. É por isso que essa ali-ança entre camponeses e operários pode

ser concretizada por essaintercooperação.

A cooperação agrícola é a organi-zação do trabalho nos processos de pro-dução ecológica. Isso requer maior aten-ção e estudo dos pesquisadores e dosmilitantes e dirigentes, porque na produ-ção ecológica não se busca o lucro comoúnico fim, mas busca-se a satisfação dasnecessidades dos trabalhadores.

Na produção de bens que satisfa-zem as necessidades reais não se podeesgotar a fonte dos recursos naturais enem a exploração do trabalho alheio,como faz o capitalismo, como já identifi-caram os pesquisadores do passado.

Para Adam Smith, “O TRABALHOé o pai de todas as riquezas”.

Para Karl Marx, “O TRABALHOé o pai das riquezas e a TERRA é a mãede todas as riquezas”.

Podemos observar que TRABA-LHO e TERRA são elementos centraisna preocupação de MARX, e para o de-bate de hoje. Nas nossas organizações sefaz necessário lermos os escritos clássi-cos para embasarmos nossas lutas deenfrentamento contra o imperialismo esuas empresas globalizadas.

“(...) Na agricultura moderna capi-talista, do mesmo modo que na indústriadas cidades, o crescimento da produtivi-dade e o rendimento superior do traba-lho compram-se ao preço da destruiçãoe do esgotamento da força de trabalho.Por outro lado, cada progresso da agri-cultura capitalista é um progresso nãosomente na arte de despojar o solo. Aprodução capitalista não desenvolve por-tanto a técnica e a combinação do pro-cesso de produção social se não pelo es-

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gotamento simultâneo das suas fontesdonde jorra toda a riqueza: a terra e otrabalhador” (Lênin, As três fontes e astrês partes constitutivas do Marxismo).

A agroecologia é uma ciência queimpõe o estudo para a elaboração de umanova forma de organizar a economia do

país de uma maneira que atenda as ne-cessidades de toda a população sem aexploração do trabalho, sem a concen-tração das riquezas e da terra e sem acentralização dos ramos de produção,brecando a destruição dos recursos natu-rais do planeta TERRA.

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Agroecologia:A organização camponesa reconstruindo o sustento

da vida e a transformação da sociedade

A Vida no planetaA tecnologia a serviço dos interes-

ses imediatistas do capitalismo tem pro-vocado uma devastação sem preceden-tes na vida do planeta. No sentido con-trário surge a agroecologia reconstruindoa vida e a transformação da sociedade.Mas para isto precisamos conhecer e es-tudar a natureza...

Você já parou para pensar sobre ofuncionamento da vida no planeta?????

Para que a vida exista são necessá-rios cinco fatores: a água , o ar, os nutri-entes minerais, temperatura favorável eluz solar. Mas em cada parte do mundo

essa combinação dá origem a um con-junto de animais e plantas diferentes.

Esta variedade de seres vivos cha-mamos de biodiversidade.

Por este motivo a vida do planetase concentra em uma fina camada quevai de alguns metros para dentro da terrae algumas dezenas de metros para cimada superfície.

Este espaço que se concentra a vidaé chamado de biosfera.

Vamos falar um pouco mais sobreestes cinco fatores que possibilitam a vidana biosfera.

Nutrientes Minerais:Os nutrientes minerais vem das pe-

dras.Os nutrientes minerais são como

tijolinhos que contribuem na construçãodos organismos.

Conforme as rochas vão apodre-cendo através da chuva, do sol e do ven-to vai se transformando em terra.

O processo de transformação émuito demorado, leva milhares de anos.

Mas quando a rocha vira terra osnutrientes minerais ficam liberados paraos seres vivos.

Quando queimamos uma planta ouuma árvore, a água evapora, a matériaorgânica é consumida pelo fogo e o quesobra em forma de cinzas são os nutrien-tes minerais. Por este motivo é que a cin-za é um ótimo adubo para as plantas.

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ArNo ar que respiramos tem uma

grande parte de Nitrogênio (N) com 78%,uma parte de Oxigênio (O) com 18 % eoutros gases em pequenas quantidades,entre eles o Gás Carbônico.

O Gás Carbônico é utilizado pelasplantas para a produção de energia atra-vés da fotossíntese. Os produtos dafotossíntese são essenciais para o funci-onamento da vida. A Luz do sol é a prin-cipal fonte de energia que sustenta a vidana Terra. Mas só as plantas verdes tema capacidade de absorver esta energia.

O Oxigênio também é essencial para

a vida, pois através da respiração é queos seres vivos utilizam a energia produzi-da pelas plantas.

O Nitrogênio presente no AR sópode ser aproveitado pelas plantas atra-vés dos microorganismos que vivem as-sociados nas raízes das plantasleguminosas ou outros que vivem livresnas proximidades das raízes ou em suasfolhas. Outra forma é quando o Nitrogê-nio é transformado pelos raios duranteas tempestades e em seguida é transpor-tado pelas chuvas até a terra, sendo apro-veitado pelas plantas.

TemperaturaA grande maioria dos seres vivos

sobrevivem na faixa de temperatura quevai de 0° a 40° graus.

Você sabe o porque disto?Abaixo de 0° grau a água congela,

impedindo os fenômenos vitais dos seres

vivos, que tem grande porcentagem docorpo composto pela água. Acima dos 40°graus, as proteínas dos seres vivos co-meçam a ser destruídas, os seres vivosenfraquecem e podem chegar a morte.

Água

A maior parte dos seres vivos écomposta de água, em torno de 70%. Semágua nenhum ser sobrevive, ela tem vá-rias funções no seres vivos. Entre estasfunções está o transporte de materiaisdentro das plantas e animais.

A quantidade de água no planeta éconstante ou seja, não aumenta e nemdiminui. Mas está em constante movi-mento. Este movimento é chamado deciclo da água.

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A água evaporada do solo, dos ma-res, lagos e rios e a água transpirada pe-las plantas por ação do calor e do vento,se transformam em nuvens. Essas nuvensdão origem à precipitação, popularmenteconhecida como chuva.

Uma parte dessa chuva infiltra nosolo, outra escorre sobre a terra retornan-do para os lagos, rios e mares.

A água da chuva que infiltra no soloabastece o lençol freático que se acumu-la em função de estar sobre uma camadaimpermeável.

LuzAs plantas tem um papel fundamen-

tal no funcionamento da vida no planeta,pois são capazes de unir água, ar, nutri-entes minerais e luz solar para garantir acontinuidade da vida.

Este processo é chamado de

fotossíntese e acontece na folha das plan-tas. A palavra fotossíntese, vem do latime quer dizer síntese da luz.

Fotos quer dizer luz, síntese querdizer preparo de uma substância compos-ta a partir de elementos simples.

Os elementos simples no caso são

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o ar, água, nutrientes minerais e a subs-tância composta produzida é o açúcar,também chamado de glicose.

A glicose é a matéria-prima para aformação dos seres vivos. As plantas uti-lizam a glicose para o crescimento, for-mação de folhas e frutos. Os animaisquando se alimentam das plantas utilizamesta energia ou biomassa para viver.

Sem essa biomassa que vem dasplantas nenhum ser vivo é capaz de selocomover, se reproduzir e viver.

Quando um animal ou planta morrea biomassa acumulada se transforma emelementos simples novamente água, ar,nutrientes minerais.

Este trabalho é feito pelos micro-organismos, também chamados de

decompositores.Esses pequenos seres vão se alimen-

tando dos organismos mortos e liberan-do a energia na forma de calor, gasesque pode ser percebido pelo cheiro, a águae os nutrientes minerais.

Sem os pequenos seres, o mundoseria um grande depósito de materialmorto, porque nada seria reciclado paraser aproveitado novamente.

Podemos observar que os elemen-tos da natureza estão em constante trans-formação. Neste processo as formas devida vão se tornando cada vez mais com-plexas. Estas formas de vida mais com-plexas vão se transformando no ambien-te possibilitando o surgimento de novasformas, o que chamamos de sucessãonatural das espécies.

Os camponeses e camponesas queestão lidando com a Terra, tem a tarefade compreender o funcionamento da na-tureza para manejá-la da melhor maneirapossível. Quando não entendemos estadinâmica da natureza, agimos tentandodominar a sua força.

É preciso construir um novo jeitode conviver com a natureza, onde hajamaior cooperação entre os povos cam-poneses, toda a classe trabalhadora e anatureza.

A natureza pode nos ensinar muitascoisas. É só observá-la. Na sucessão natu-ral, cada espécie que entra no sistema mo-dificando o ambiente, dá possibilidade parao desenvolvimento de novas espécies.

A Sucessão natural das espécies.Como já foi dito, tudo começa a

partir da pedra, com a ação do sol, dachuva, do frio e do vento. A Rocha setransforma em terra. As primeiras for-mas de vida que colaboram para a for-mação da terra são os líquens, que sãoum tipo de associação entre fungos e al-gas, eles formam uma camada como umacasca fina acinzentada e marrom ou maisescura sobre as pedras. Conforme esteslíquens vão morrendo, vão se decompon-do e se transformando em húmus, comoa terra preta da mata. Este material vaise misturando com o material da decom-posição das rochas e o a terra se forma,possibilitando o aparecimento das primei-ras plantas.

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Estas primeiras plantas são os ca-pins e ervas, plantas muito rústicas e devida curta. Após algum tempo começa aaparecer junto a estas plantas, os arbus-tos que tem porte maior e vida mais lon-ga. Esta vegetação modifica o microclima,através da sombra, da produção debiomassa e estas condições atraem ani-mais que trazem sementes de outras es-pécies. Com o tempo surge a capoeira. Acapoeira vai engrossando até que virauma floresta.

A floresta é o ponto de maiorexplendor da Vida.

A floresta tem plantas de diferentestamanhos e tempo de vida. S u a sraízes se distribuem por toda a terra eseguem em elevada profundidade.

A Floresta atrai grande diversidadede animais.

A Floresta mantém a terra semprecoberta com grande quantidade de folhas,ramos, cascas, galhos que forma umacamada orgânica que proteje a terra e ali-menta grande diversidade de bichinhosque vão transformando tudo em húmus.Assim realimentam a Vida.

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Agronegócio e destruição da naturezaA implantação da agricultura con-

vencional deforma a natureza. Hoje a pai-sagem mais comum no campo demons-tra a grande devastação provocada pelohomem.

• A terra continua concentrada nolatifúndio e continuam a existirfamílias sem terra;

• Florestas foram eliminadas e a des-truição avança sobre a Amazônia

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e os Cerrados;• Nascentes continuam desapare-cendo;

• Rios recebem grandes quantida-des de terra, areia, lixo e venenos;

• Muitas espécies de animais e pei-xes são extintas a cada dia;

• As melhores terras para agricultu-ra estão sendo utilizadas por gran-

des monoculturas de soja, cana,milho, pinus, eucalipto e a criaçãode grandes rebanhos de gado;

• Milhões de quilos de agrotóxicose adubos químicos envenenam aterra, a água e os alimentos;

• A criação de gado, de suínos e avesconfinadas recebem grandes quan-tidades de medicamentos químicos

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como os antibióticos e hormônios;• Grandes empresas estrangeirascontrolam a produção de semen-tes através dos híbridos e plantastransgênicas.

• Agora querem impor a tecnologiaTerminator que gera sementesmortas;

• Grandes máquinas eliminam o tra-balho no campo e expulsam;

• Grandes agroindústrias acrescen-tam novos produtos químicos nosalimentos e impõem hábitos ali-mentares que prejudicam a saúdehumana e expulsam milhares defamílias para a periferia das cida-

des;• O crédito bancário gera endivida-mento para as famílias campone-sas;

Nos dias de hoje toda essa força dedestruição se organiza através do agro-negócio.

O agronegócio devasta a natureza eé uma força do capitalismo que destróios valores e as culturas camponesas e dospovos indígenas.

A força do capitalismo nos faz re-produzir o modelo do agronegócio emnossos assentamentos e nas comunida-des de pequenos agricultores.

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Sustento familiarA despensa da família camponesa

Todos nós queremos viver em umlugar de muita beleza e fartura.

Ao conquistarmos a terra com nos-sa luta e organização podemos realizareste sonho.

De um pequeno pedaço de terra po-demos ter quase tudo o que precisamospara viver, como a água, os alimentos,os remédios, lenha, madeira, enfim, o sus-tento familiar.

A produção dos alimentos para osustento da família representa a garantiade fartura durante o ano todo.

Nos nossos assentamentos, acam-

pamentos e comunidades as famílias vemprocurando recuperar esta dimensão daagricultura camponesa. A produção dealimentos para o sustento familiar é umdos primeiros trabalhos a organizar coma conquista da terra.

É importante destacar a participa-ção das mulheres na garantia do sustentofamiliar.

Na maioria das famílias, são as mu-lheres que assumem o cuidado com asvacas de leite, as galinhas e os porcos, ahorta e o pomar, as plantas medicinais eo embelezamento com o jardim sempreflorido.

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O que levar em conta para organizar a produçãode alimentos para o sustento familiar?

Precisamos urgentemente reconstruir as condiçõespara a produção do sustento familiar.

Recuperar a sabedoria de produzire beneficiar os alimentos.

Reaprender a cuidar das sementes,a fazer melhoramento das raças animaiscrioulas, a fazer o queijo, o requeijão, amanteiga, o salame, as conservas de hor-taliças, os doces e as compotas.

Precisamos resgatar os valores davivência comunitária.

Recuperar a sabedoria dos anciãossobre a natureza e o jeito de produzir,

beneficiar e preparar as receitas.

A produção para o sustentotambém contribui para mudar o relacio-namento dos seres humanos com a terra.

A terra não é um meio de fa-zer dinheiro, mas sim a fonte primária doalimento da Vida.

Este pensamento e esta práti-ca também alimentam o nosso espírito efortalece a nossa auto-estima.

Para nós o alimento é sagrado, e deacordo com a qualidade e variedade dosalimentos que comemos podemos tersaúde e uma boa qualidade de vida.

Para a produção de alimentos parao sustento da família, deve-se evitar ouso de venenos e adubos químicos, o quegarante uma qualidade superior.

A origem de cada família reflete emseus hábitos alimentares.

Temos muitas influências em nossojeito de se alimentar que vem dos povosindígena, africano e europeu.

Assim, de acordo com a nossa ori-gem, temos diferentes formas de produ-zir e combinar os alimentos.

Os alimentos são formados porsubstâncias chamadas de nutrientes,

como as proteínas, carboidratos, lipídios,minerais, vitaminas e fibras.

A combinação certa destes nutrien-tes é necessária para que nossa saúdefuncione corretamente.

Estudiosos da nutrição humana di-zem que uma alimentação balanceada écomposta de cereais integrais como oarroz, o trigo, o centeio e o milho.

Também é necessário as tuberosascomo a batata doce, a mandioca, abatatinha e as leguminosas como o fei-jão, a ervilha, o feijão vagem mais pe-quenas quantidades de carne, peixe, ovose leite.

As frutas e hortaliças também sãomuito importantes, devendo serconsumidas à vontade.

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Os cereais e tuberosas nos dão ener-gia. Fornecem principalmente amido eaçucares.

As leguminosas e produtos de ori-gem animal são fonte de proteínas.

As frutas e hortaliças são conside-radas como fontes de vitaminas, mine-rais e fibras, mas podem ser importantesfonte de energia, como por exemplo abanana e a manga.

O uso das hortaliças tem ficado res-trito as espécies de tomate, alface e re-polho, pobres em vitamina A e exigentesem insumos químicos para a sua produ-ção.

Precisamos estimular a substituiçãodestas hortaliças por hortaliças mais ri-cas como a couve, a taioba, os brotos dechuchu e abóbora, as pimentas, a bertalhae o caruru.

A nossa alimentação feita à base dearroz e feijão, com algum produto de ori-gem animal, frutas e hortaliças, forneceuma alimentação adequada, desde quevarie as misturas.

A generalização de dietas a base dearroz, feijão, macarrão, completadas combatatinha e tomate, trazem consequênciasnegativas pois é pobre em vitamina A efibras.

Conhecendo a experiência de sustento familiar e agroecologia noassentamento Paulo Freire – São Jerônimo da Serra/PR

Muitas famílias camponesas nãoentraram na onda da Revolução Verde.

Essas famílias lutaram para mantersuas formas tradicionais de fazer agricul-tura e criar os animais.

Elas são um patrimônio da Resis-

tência Camponesa.Preservaram sementes, mudas, va-

riedades e raças de animais crioulas, téc-nicas de manejo de solo, que são conhe-cimentos milenares muito importantes.

Em nossos acampamentos, assen-

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tamentos e comunidades existem milha-res de famílias que tem preservado umapequena parte deste patrimônio.

Seja uma semente de milho, feijão,trigo, hortaliças ou animais crioulos, queera cultivados ou criados pelos seus pais.

Sejam hábitos alimentares e culturaiscomo o preparo do queijo, do salame, doporco e a divisão da carne entre os vizinhos,o puxirão para fazer determinados trabalhos,

as festas religiosas, e muitas outras.Entre tantas famílias que tem cui-

dado do sustento vamos conhecer a ex-periência de uma família que tem a preo-cupação com o alimento e com a resis-tência camponesa.

A família formada pelo Juvêncio,sua esposa Rosana, suas três filhas aPriscila, a Leidiane e a Tainá e um filhoo João Arilo.

Vieram do Sudoeste do Paraná parao Norte

Depois de muito tempo de luta noMST, nos acampamentos, conquistaramum pedaço de terra em São Jerônimo da

Serra no Assentamento Paulo Freire.Visitamos a família do Juvêncio e

dialogamos com a Rosana e suas filhas efilho.

— Rosana porque a família se pre-

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ocupa em produzir os alimentos?— “Primeiro pela economia, pro-

duzindo os alimentos não precisa com-prar no mercado.

E numa pequena área de terra dápra tirar tudo o que nossa família pre-cisa. Segundo porque produzindo os ali-mentos nós sabemos o que comemos,evitando de comprar produtos contami-nados e sem qualidade. Aqui no lote pro-duzimos tudo de forma agroecológica.Terceiro porque desde que nós era cri-ança nossos pais tinham uma dispensacom fartura, tinha de tudo na mesa, fru-tas, doces, verduras, pão, carne, leite,ovos.”

— Quais os alimentos que a sua fa-mília precisa?

— “Nós gostamos de ter uma gran-de variedade de espécies para o susten-to. O feijão e arroz de todos os dias, amandioca, a batata doce, as abóboras,amendoim, pipoca, o café (que é con-sorciado com guandu), a cana e o milhopara tratar os animais. Como fonte deproteínas nós temos as criações de gali-nhas que produzem ovos e carne, porcopara carne e banha e vacas que produ-zem leite e carne. Do leite fazemos oqueijo, a manteiga, e o doce de leite,que vendemos no município.

Para completar a alimentação te-mos frutas e hortaliças. Temos uma hor-ta de uns 400 metros com grande varie-dade de hortaliças (alface, beterraba,cenoura, couve, cebolinha, almeirão,repolho, chuchu, tomate, abóbora, pe-pino, melancia, melão, berinjela, alho,cebola, jiló) e plantas medicinais. Umpomar com árvores, nativas, ornamen-

tais e frutíferas (abacate, goiaba, limão,laranja, ponkã, manga, uva, araçá,jaboticaba, banana, pitanga).”

— De onde vem as sementes quevocês utilizam?

— “Nós produzimos as nossas pró-prias sementes, da maioria das espéci-es.

Deixamos algumas plantas para se-mente e guardamos as sementes para opróximo plantio, o restante trocamos comamigos e vizinhos.”

— Como é a proteção das minas ecórregos, aqui no assentamento?

— “Quando entramos na área, nãohavia árvores, os rios não tinham matanenhuma, as nascentes estavamdesprotegidas, faltou água. Começamosa pensar na proteção das nascentes, eplantar árvores para a recuperação daágua. Reservamos uma área para fazerreflorestamentos para ter madeira e le-nha, plantando um hectare deeucalipto.”

— Além das plantas para o susten-to da casa, vocês cultivam plantas orna-mentais, qual a utilidade delas?

— “Nós plantamos bastante florese árvores ornamentais para deixar anossa morada bonita. O jardim alegra eembeleza a casa e faz crescer o amorpela terra. E um jardim de espécies va-riadas de flores, atrai os mais diversostipos de bichinhos e pássaros aumen-tando a diversidade.”

Com a colaboração da Rosana ela-boramos uma relação dos alimentos quesão consumidos pela família mensalmenteutilizando os valores monetários se fos-sem adquiridos no comércio local.

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Item Unidade Quantidade Valor por unidade Valor Total

Café Kg 3 8,00 20,00

Leite Litros 60 1,00 60,00

Doce Kg 5 4,00 20,00

Manteiga Kg 1 8,00 8,00

Queijo Kg 8 5,00 40,00

Arroz Kg 15 1,20 18,00

Banha Kg 2 3,00 6,00

feijão Kg 11 1,95 20,48

Cebola Kg 5 0,80 4,00

carne de aves Kg 3 3,00 9,00

carne de suínos Kg 7 5,00 33,33

carne bovinos Kg 8 5,00 41,67

Ovos Dúzia 6 2,00 12,00

Mandioca Kg 8 0,70 5,60

Batata doce Kg 5 0,70 3,50

Hortaliças folhosas Mç 30 0,60 18,00

Legumes Kg 10 0,80 8,00

Banana maçã Kg 10 2,00 20,00

Frutas Kg 15 1,00 15,00

Amendoim Kg 7 3,00 20,00

Pipoca Kg 1 3,00 3,00

Milho verde Espiga 50 0,25 12,50

Trigo Kg 15 1,00 15,00

TOTAL R$ 413,00

Levantamento de produtos utilizados na alimentação da família do Juvêncio e Rosanaem um mês. (em R$)

FONTE: Levantamento realizado junto à família (2005)

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Normalmente as famílias não fazema conta de quanto representa os alimen-tos que são produzidos pela família, tan-to em termos monetários, quanto emqualidade de vida. Isto leva a um menos-

prezo das atividades voltadas para o sus-tento da família.

Mas quando fazemos as contas dequanto de dinheiro que a família teria queter todo o mês para fazer compras nomercado, ficamos impressionados.

A produção para o sustento familiarcomo ponto de partida da conversão para a agroecologia

A produção agroecológica de ali-mentos para o sustento familiar deve le-var em conta a adaptação das plantas aoclima e solo e também as diferentes esta-ções do ano.

Precisamos aproveitar as plantasmais adaptadas as nossas condiçõesambientais no acampamento, assentamen-to e comunidade.

Não adianta querer comer batatinha,tomate, abóbora o ano todo.

Precisamos ter uma grande diversi-dade de alimentos, e respeitar as épocasde produção de cada espécie.

No verão, a abundância de legumese folhosas tropicais: como berinjela, to-mate, abóbora, pepino, milho verde, ba-tata doce; no inverno: as mandiocas,carás, hortaliças folhosas, cenoura, repo-

lho.Algumas espécies são fundamentais

na produção para o sustento, como omilho, o feijão, o arroz, os porcos e aves,a vaca de leite, a mandioca, o amendo-im, a batata doce e as abóboras.

Estas espécies são importantes parao sustento da família e muitas servempara o trato das criações.

Através da consorciação estas es-pécies permitem um bom aproveitamen-to do espaço e o uso de plantasadubadoras junto com as culturas.

A técnica dos consórcios é muitoimportante.

Precisamos incluir novamente estaprática em nossos cultivos:

Podemos consorciar por exemplo:

Cultura principal Consórcios Milho Feijão de porco, mucuna, crotalárias, abóboras, morangas,

batatinha, trigo morisco. Feijão Com milho, abóboras, morangas. Arroz Com melancia, melão, pepino, vassoura, pipoca Café Com leucena, amendoim, girassol, feijão de porco, mamão,

ingá, banana. Mandioca Feijão, milho, feijão de porco, feijão de corda, guandu,

abóbora, melancia, morangas. FONTE: Adaptada pelos autores.

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Como cuidar das áreas em volta da casa?Muitas famílias camponesas ainda

tem muito cuidado com as áreas em vol-ta da casa.

Neste local elas mantêm uma gran-de diversidade de espécies de plantas me-dicinais, frutíferas, para lenha, hortaliças,legumes e pequenos animais.

Alguns costumam chamar estas áre-

as de quintais ou terreiros. Estas áreastendem a receber as culturas do sustentofamiliar e também espécies medicinais,forrageiras como o girassol e o guandu,que fornecem sementes para tratar asgalinhas, e suas folhas para tratar ove-lhas, cabras e coelhos e mais as plantasadubadoras.

O melhor lugar para a produção de alimentos para o sustentoda família é o quintal!

Podemos fazer a horta caseira dojeito que os antigos colonos europeus fa-ziam quando vieram para o Brasil.

Fecha-se um pedaço de terra e cul-tiva-se uma diversidade de espécies dehortaliças e plantas medicinais.

Mas podemos também cultivar asespécies de plantas de horta misturadas

nos quintais, que conferem uma belezaespecial ao redor da moradia.

Os camponeses de origem nordes-tina ou mineira, e que possuem poucaterra, cultivam o milho, o feijão, as abó-boras, o quiabo, os carás, inhames, me-lancias, o mamão, a mamona, a mandio-ca, o amendoim, entre outras, denomi-

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nadas de roças.Para fazer uma pequena horta pre-

cisamos de pouca terra, poucas semen-tes e nenhum gasto com insumos com-prados.

Isto demanda um trabalho cuidado-so e planejado para ter uma produçãoabundante, variada, e de boa qualidade oano todo.

Com uma dedicação especial, um bom planejamento e um pou-co de trabalho diário é possível ter uma mesa colorida de hortaliçasricas de minerais, vitaminas, energia e proteínas.

Arborização

As árvores tornam a moradia maisagradável, aproveita áreas ociosas e aju-da a proteger o solo da erosão.

Servem ainda como quebra ventopara a moradia e outras culturas, melho-ram a qualidade da alimentação familiar,com o fornecimento de frutas frescas,que também podem ser aproveitadas naforma de sucos, doces e compotas.

As árvores frutíferas apresentammuitas vantagens destacando a alta pro-dução por árvore desde que bem cuida-da.

1. Assim como a família doJuvêncio, muitas famílias que vivem nosassentamentos, nos acampamentos e co-munidades estão assim organizadas.

O ponto de partida para a constru-ção da agroecologia é a produção para osustento da família.

Assim inicia um processo de mu-dança da produção convencional para a

agropecuária ecológica.Para fortalecer a resistência da fa-

mília camponesa na terra, principalmen-te nas áreas conquistadas, precisamosfazer da produção para o sustento famili-ar uma atividade essencial a qual vamosdedicar um esforço especial.

Quem não fica feliz em visitar umafamília na roça onde tem uma grande di-versidade de alimentos?

O espaço rural se constitui em lugaronde é possível ter qualidade de vida apartir da terra e do trabalho.

Produzir os alimentos essenciais àvida, nutritivos e sadios, isto é um privi-légio da família camponesa, que deve serresgatado e valorizado.

A família organizada para produzirseu sustento, tem um sentimento de amorpela terra e pela natureza, pois é da natu-reza que vem tudo o que precisamos paraviver.

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As pessoas estão buscando umamelhor qualidade de vida.

Por isso se preocupam cada vezmais em obter alimentos saudáveis e na-turais.

Para isso, a produção precisa serfeita utilizando práticas de manejo quenão agride a natureza e nem deixa resí-duos químicos tóxicos no organismo dosanimais.

Esses resíduos tóxicos além de se-rem prejudiciais aos animais, tambémprejudicam as pessoas quando se alimen-tam do leite, do queijo, da carne, e deovos.

Também prejudicam o ambiente,porque parte dos resíduos químicos tóxi-cos são eliminados junto com o esterco e

As Criações

“Os cientistasdizem que nós

domesticamos asplantas e os ani-

mais, nós dizemosque nós os cria-

mos e eles noscriam”.

(palavras de umcampesino dos

Andes)

a urina, contaminando as nascentes, riose os pastos.

Também contaminan as hortas epomares quando usamos o esterco e aurina como adubo.

Assim, devemos evitar o uso de pro-dutos químicos como hormônios, antibi-óticos, vermífugos e carrapaticidas, subs-tituindo-os por produtos naturais eficien-tes, que geralmente estão presentes namaioria dos nossos quintais e nas flores-tas.

Também devemos lembrar que osanimais, assim como nós, quando temalgum tipo de sofrimento, sentem triste-za e adoecem mais facilmente. Em suacriação precisamos dar importância aobem estar.

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Quem lida com as vacas de leite temque gostar do que faz.

Tem que tratá-las bem, ser calmo eseguir sempre uma mesma rotina na horada ordenha.

Nunca bata nem use cães para to-car as vacas e evite a presença de pesso-as estranhas no local.

Ao se encontrar em uma situação

O Cuidado com as vacas:

rotineira e tranqüila, o organismo da vacalibera uma substância que é um hormôniochamado ocitocina que facilita a “desci-da do leite”.

Já numa situação diferente e destress, o organismo libera outra substân-cia chamada adrenalina que provoca aretenção do leite. Por isso dizemos que avaca segurou ou “escondeu” o leite.

A criação de galinhas caipiras, sol-tas nos terreiros, faz parte da história doscamponeses.

Nos últimos anos esta prática vemressurgindo sob a denominação de avi-cultura alternativa ou caipira.

Mas podemos fornecer um localagradável, visando atender o bem estardos animais e dando-lhes uma área depiquetes onde elas podem ciscar, andar,pastar, encontrar sombra, alimento, águafresca, um abrigo e ninhos para botaremseus ovos.

Em uma área cercada evitamos que

O Cuidado com as galinhas:

elas entrem na horta, jardim, lavoura paraque não prejudiquem estas culturas.

Soltas no pasto piqueteado e pre-servando os hábitos naturais da espécie,conseguimos obter uma ave mais rústicae saudável, com melhor rendimento ecusto menor.

Em piquetes a criação de galinhasem regime de semi-liberdade pode baixarem até 40% as despesas com ração.

Esta é uma ótima alternativa paraos camponeses na busca do sustento fa-miliar, ou mesmo como atividade de pro-dução para venda de frangos ou ovos.

A criação de suínos na pequena pro-priedade destina-se principalmente ao sus-tento familiar e à venda de excedentes,que também contribui na geração de ren-da para a família.

Os suínos nos fornecem a carne comalto teor de proteína, importante na nos-

O Cuidado com os porcos:

sa alimentação e a banha considerada maissaudável que o óleo de soja.

Também gera o esterco e a urinaque são excelentes adubos.

Para serem criados de maneira maissimples e sem muitas exigências, o me-lhor é escolher animais de raças mistas,

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de preferência os que já são acostuma-dos às condições da nossa região.

Estes são de bastante rusticidade,resistentes a doenças e podem ser cria-

dos em regime de semi-confinamento, ouseja, com uma área de proteção contrachuvas e frio, e uma área de piquetes comacesso a pastagem e sol.

PARA REFLETIR:• Como é que nós estamos tratando o sustento familiar no nos-

so acampamento, assentamento e comunidade?• Para nossa família a preocupação com os alimentos para o

sustento é importante?• Quais os alimentos que estamos produzindo, quais não estamos

produzindo? E Por que?• De que forma nós estamos produzindo os nossos alimentos?• Como a nossa comunidade/núcleo pode avançar na organiza-

ção da produção para o sustento familiar?

Você sabe o que é Agrofloresta?

É um jeito de cultivar a terra, querecupera a fertilidade do solo, preservan-do a natureza e melhorando a vida doscamponeses e camponesas.

Esta técnica mistura em uma “la-voura”, diversas culturas, com plantasadubadeiras e árvores, seguindo osensinamentos da natureza.

Para saber fazer agroflorestas pre-cisamos observar a natureza, e transfor-mar nossa prática a partir dos conheci-mentos que ela nos oferece.

Observe a paisagem e repare:A natureza sempre cria o máximo

de vegetação possível para cada lugar. Omodelo para grande parte do Brasil é afloresta, e cada lugar vai ter seu tipo de

floresta, existem algumas exceções comoos campos do cerrado e os pampas gaú-chos.

Os sistemas de produção devem seaproximar o máximo dos sistemas natu-rais.

Onde há floresta, fazemosagroflorestas, na região onde há o cerra-do devemos fazer agrocerrados, e assimpor diante em cada região.

Os sistemas naturais combinam emum mesmo local, árvores grandes, árvo-res pequenas, arbustos e ervas rasteiras.

As plantas que são exigentes por luzficam por cima e as plantas que tolerama sombra ficam por baixo.

A fertilidade da terra é garantida semadubos e produtos que vem de fora. A“gordura” da terra é produzida por plan-

Agroflorestas

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tas e animais no próprio local.A natureza sempre coloca uma ve-

getação adequada para as condições dolugar.

Existe vegetação adaptada a seca, aumidade, ao frio.

Muitas vezes as pessoas erram ten-tando “corrigir” o lugar para plantar umacultura.

Os sistemas naturais tem muitasqualidades de plantas e animais, isto échamado de biodiversidade.

Estamos errando quando colocamosapenas um tipo de planta em uma lavou-ra ou apenas um tipo de grama em umapastagem.

Os sistemas naturais são dinâmicose se modificam com o passar do tempo.

Os sistemas naturais sem a ação dohomem vão crescendo em fertilidade,umidade, diversidade, biomassa.

A agricultura do agronegócio comose pratica hoje em dia caminha no senti-do contrário da natureza.

Após aprendizado com a naturezacomo devemos fazer para implantaruma agrofloresta?

Em primeiro lugar devemos seleci-onar culturas, plantas adubadeiras e ár-vores que se adaptam as condições quetemos no lugar observando a qualidadeda terra, a umidade do terreno, o clima.Essas plantas devem nos forneçer alimen-tos, lenha, madeira, matéria orgânica, re-médios, e outros produtos.

Após escolher as plantas que farãoparte da nossa agrofloresta precisamos co-nhecer os hábitos destas plantas, para

combiná-las da melhor maneira possível.Assim uma planta auxilia a outra,

no seu desenvolvimento.Por exemplo o café é uma planta

que gosta de sombra e de nitrogênio, en-tão devemos consorciá-lo com árvores earbusto que além da sombra, proteçãocontra ventos e geadas, forneça nitrogê-nio através das folhas que caem, como éo caso do feijão guandu, do ingá e daleucena, entre muitas outras que poderi-am ser utilizadas.

Outra planta que se adapta muitobem a sombra é a erva-mate.

Em Bituruna assentados que estãoproduzindo erva em agroflorestas, jáconstataram o beneficio da sombra tantopara a planta como para a qualidade daerva para chimarrão.

Para combinar as plantas ou mon-tar os consórcios devemos saber o se-guinte:

1. Quais são as plantas que prefe-rem sol e quais são as plantasque toleram a sombra;

2. O crescimento e o tamanho decada planta pode alcançar;

3. Quais são as plantas mais rústi-cas , que toleram qualquer con-dição de solo e quais são as plan-tas mais exigentes. As plantasmais rústicas como o feijão, amandioca, a cana, a bracatinga,vassorão, aroeira, entram nasfases iniciais. Conforme as con-dições da terra e do ambientevão sendo melhoradas por estasplantas, podemos colocar asplantas mais exigentes, como ao café, Imbuia, a Peroba. Aquipara dar exemplo estamos mis-

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turando plantas de regiões quen-tes com plantas de regiões frias,o que não aconteceria na práti-ca.

4. As plantas que podem nos darmassa orgânica no verão comoo guandu, a mucuna, acrotalária. E as que podem nosdar massa orgânica no invernocomo o nabo forrageiro, aveiapreta, ervilhaca entre muitas ou-tras.

5. A Partir da escolha das plantas eda pesquisa sobre estas plantaso próximo passo é o desenho doplantio que pode ser feito de mui-tas maneiras. Para isso temosque usar nossa criatividade.Com o tempo vamos aprenden-

do a combinar melhor as plantase os desenhos vão ficando cadavez melhores. Enquanto isto épreciso conseguir o máximo desementes, mudas e estacas, comos vizinhos no assentamento, emoutros assentamentos e comuni-dades próximos, em feiras e jor-nadas de agroecologia. As árvo-res podem ser plantadas por se-mentes, mas com um viveirocaseiro é possível produzir mu-das de qualidade e acelerar o pro-cesso no campo. Nos assenta-mentos em São Jerônimo da Ser-ra muitos assentados e assenta-das já produzem suas própriasmudas em viveiros caseiros, eestão muito satisfeitos!

O ínicio do período chuvoso é amelhor época para começar umaagrofloresta.

Para o primeiro plantio é aconse-lhável evitar o revolvimento da terra.

A vegetação do local deve ser ma-nejada através de uma roçada e a palhadaque vai ficar já contribui na adubação dasplantas que vão ser plantadas. Essapalhada vai proteger a terra do sol e dachuva.

A partir do plantio o manejo é feitoatravés de roçadas, podas e novos plan-tios sempre inspirados nos ensinamentosda natureza.

Uma ferramenta muito utilizada nes-

É poca de plantio:

ta técnica é o facão para roçar e podar.As plantas adubadeiras e os “matos” quecrescem vão sendo podados para alimen-tar a terra.

Os resultados são:• A melhoria na capacidade produti-

va da terra e maior produção em umadeterminada área;

• Redução no ataque de pragas edoenças;

• Produção de alimentos mais saudá-veis, colheitas mais fartas e diversificadas;

•Aumento da renda familiar e me-lhor distribuição ao longo do ano;

•Conservação e recuperação dossolos, das fontes e dos rios;

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Técnicas para a transição à agroecologia

Algumas idéias para fazer uma boa horta

Escolha do local:• próximo a casa para facilitar os

cuidados e também a colheita,mas afastada de sanitários, esgo-tos e chiqueiros;

• receber luz direta do sol o dia todo

e ser protegido contra os ventosfrios;

• tenha água em quantidade sufici-ente; deve ter proteção contra aentrada de animais;

A família deve listar as espécies quemais gosta de comer, as espécies para tem-

O tamanho depende do manejo edas culturas a serem cultivadas. Se va-mos cultivar o quintal com as espéciesde hortaliças na área do entorno da casajunto às plantas frutíferas, forrageiras eoutras, podemos deixar uma área maior,aproveitando o entorno da casa.

O tamanho ideal da horta:

Qual a terra ideal para fazer a horta?O cultivo de hortaliças tem colhei-

tas bastante intensas. Se a área que esco-lhemos é fraca precisamos utilizar plan-tas adubadoras, estercos e cinzas. Pode-

Se vamos utilizar o plantio em hor-ta do jeito dos colonos europeus, calcu-lamos uma área de 10 metros quadradospor pessoa. Assim se a família tem 6 pes-soas é só multiplicar por 10 metros porpessoa vai dar 60 metros quadrados dehorta.

mos reservar um espaço da horta parafazer a compostagem ou minhocário comos restos de vegetais e estercos.

O que plantar:peros e as plantas medicinais. Algumasespécies plantamos no local definitivo

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como a rúcula, a cenoura, o alho, e ou-tras temos que fazer as sementeiras. Asespécies podem ser consorciadas paraaproveitar o espaço, plantando espéciesde ciclo curto com espécies de ciclo lon-

go. Pode-se utilizar também as plantaspara adubação verde como a mucuna, acrotalária e o guandu que são de verão, eno inverno dá para plantar a aveia preta,o nabo forrageiro e a ervilhaca.

Tab. 1 - Relação de espaçamento, número de plantas/m2, épocas de plantio, e ciclo dehortaliças que precisa transplante

Tab. 2 - Relação de espaçamento, número de plantas/m2, épocas de plantio, e ciclo dehortaliças com plantio no lugar definitivoEspécie Espaçamento

entre plantas e linhas

Dias p/ germinar

1 grama de semente tem

Épocas de plantio

Dias até colheita

Abóbora 3x3 10 6 sementes Set-nov 150 Abobrinha 1,5x1 10 6 sementes Set-nov 80 Alho 0,30x0,10 15 Bulbilho (2 a 3 g) Março-maio 150 Beterraba 0,30x0,15 12 60 sementes Ano todo 90 Batatinha 0,80x0,40 15 Tubérculo (30 a

40 g) Jan-fev Ago-set. Nov

120

Cenoura 0,20x0,05 12 700 sementes Ano todo 90

Espécie Espaçamento entre plantas e linhas

Dias para germinar

1 grama de semente tem

Época de plantio

Dias até a colheita

Alface 0,20x0,30 6 900 sementes Ano todo 70 Agrião 0,10x0,20 7 5000 sementes Ano todo 60 Almeirão 0,30x0,30 8 700 sementes Ano todo 80 Berinjela 1x0,50 10 200 sementes Set. a dez. 100 Cebola 0,40x0,10 15 300 sementes Março/mai

o 150

Couve 1x0,50 8 300 sementes Ano todo 80 Brócolis 1x0,50 8 280 sementes Ano todo 90 Couve flor

1x0,50 8 300 sementes Ano todo 120

Escarola 0,30x0,30 8 Ano todo 80 Morango 0,30x0,20 Março/mai

o 70

Pimentão 1x0,50 8 15 sementes Set-dez 120 Tomate 1x0,50 8 350 sementes Set-dez 120 Repolho 1x0,50 8 300 sementes Ano todo 120

FONTE: Adaptada da Revista EPAGRI: Cultive uma horta e colha qualidade de vida.

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Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Tab. 2 - Relação de espaçamento, número de plantas/m2, épocas de plantio, e ciclo dehortaliças com plantio no lugar definitivoEspinafre 0,40x0,30 14 20 sementes Ano todo 90 Feijão-vagem 1x0,50 10 4 sementes Set-dez 80 Mandioca 1x0,50 Rama (20 cm) Set-nov 300 Melancia 3x2 Mostarda 0,40x0,30 6 600 sementes Ano todo 70 Nabo 0,30x0,10 8 500 sementes Ano todo 70 Pepino 1,50x1,50 7 30 sementes Set-nov 90 Rabanete 0,20x0,05 5 80 sementes Ano todo 30 Salsa 0,20x0,05 15 500 sementes Ano todo 90 Ervilha 0,50x0,10 10 3 a 6 sementes Mar-set 100

Além destas espécies podemos uti-lizar outras plantas ricas em vitaminascomo: as pimentas, o inhame, o cará,a taioba, a abóbora e o chuchu, o

almeirão roxo, o ora-pro-nóbis, abertalha, o caruru, a beldroega, quenormalmente são muito produtivas.

Plantas companheiras e antagonistas:As plantas companheiras são aque-

las que podem ser plantadas juntas emconsórcios ou próximas uma da outra queelas vão viver bem podendo uma ajudara outra. Essa combinação pode resultarem melhor produção, melhor sabor e noefeito de repelir insetos que atacam essasplantas.

As plantas antagonistas são aquelasque não se dão bem, onde uma prejudica

a outra podendo ocorrer enfraquecimen-to e impedimento total da produção.

Apresentamos a seguir algumasplantas companheiras e antagonistas.

Para as plantas companheiras seráindicado com o número 1 aquelas em queocorre ajuda no crescimento e acentua osabor e o número 2 para as situações emque atuam repelindo insetos.

Culturas Companheiras Antagonistas

Abóbora 1 - Milho, Acelga, Chicória, Taioba, Amendoim. 2 - Nastúrcio e Borragem.

Batata.

Alface 1 - Alho-Porró, Beterraba, Morango, Rabanete, Rúcula, Abobrinha, Cenoura e Pepino.

Salsa e Girassol.

FONTE: Adaptada da Revista EPAGRI: Cultive uma horta e colha qualidade de vida.

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Alface 1 - Alho-Porró, Beterraba, Morango, Rabanete, Rúcula, Abobrinha, Cenoura e Pepino.

Salsa e Girassol.

Alho -Porró 1 – Cenoura, Salsão, Tomate. Alho, Cebola.

Aspargo 1 – Tomate, Manjericão, Salsa. 2 – Mal-me-quer.

Alho, Cebola e Gladíolos.

Batata 1 – Couve, Ervilha, Favas, Rábano, Repolho, Feijão, Milho, Cereja. 2 – Alho, Berinjela, Cravo-de-defunto, raíz-forte.

Abobrinha, Tomate, Abóbora, Pepino, Framboesa, Girassol e Maça.

Beterraba 1 – Couve, Nabo, Rábano, Alface e Vagem. 2 – Cebola.

Berinjela 1 – Feijão, Vagem.

Cana-de-açucar 1 – Crotalária, Guandu, Feijão-fradinho.

Cebola 1 - Beterraba, Couve, Morando, Tomate e Camomila.

Ervilha e Feijão.

Cebolinha 1 – Cenoura. Ervilha e Feijão.

Cenoura 1 – Evilha, Rabanete, Alface, Tomate, Feijão e Manjerona. 2 – Alho-Porró, Cebola, Cebolinha, Alecrim, Bardana e Sálvia.

Endro.

Couve 1 – Beterraba, Cebola, Batata, Salsão, Camomila, Endro e Hortelã. 2 – Alecrim, Artemísia, Losna, Menta, Sálvia e Tomilho.

Tomate, Vagem e Framboeesa.

Couve-Chinesa 1 – Vagem.

Couve-flor 2 – Salsão.

Ervilha 1 - Couve-rábano, Nabo, Rabanete, Cenoura, Abóbora, Feijão, Milho e Pepino.

Alho, Batata, Cebola e Gladíolos.

Espinafre 1 – Beterraba, Morango, Couve-flor e Feijão.

Feijão 1 – Couve, Repolho, Batata, Cenoura, Couve-flor, Milho, Pepino, Ervas Aromáticas e Petúnia.

Alho, Alho-porró, Cebola, Salsão, Funcho e Gladíolos.

Frutíferas 1 – Catinga de Mulata e Capuchinha.

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Girassol 1 – Pepino e Feijão. Batata e Linho.

Laranjeira 1 – Seringueira, Goiabeira e Feijão de Porco.

Mandioca 1 – Melancia e Abóbora.

Maxixe 1 – Quiabo e Milho.

Milho 1 – Batata, Ervilha, Feijão, Pepino, Abóbora, Melão, Melancia, Trigo, Rúcula, Nabo, Rabanete, Quiabo, Maxixe, Mostarda, Feijão de Porco, Serralha, Moranga, Girassol, Tomate. Recompõe o solo com Beldroega e Caruru.

Morango 1 – Espinafre, Borragem, Alface, Tomate, Feijão Branco.

Repolho, Funcho e Couve.

Mostarda 1 – Milho.

Nabo 1 – Ervilha, Milho, Alecrim e Hortelã. Tomate.

Pepino 1 – Girassol, Feijão, Milho, Ervilha, Alface, Rabanete, Repolho, Cebola e Beterraba.

Batata, Ervas Aromáticas e Sálvia.

Quiabo 1 – Milho.

Rabanete Ervilha, Pepino, Agrião, Cenoura, Espinafre, Vagem, Chicória, Cerefólio, Milho, Nastúrcio = Capuchinha, Alface, Morango, Couve, Tomate e Cebola.

Acelga.

Repolho e Brócolis Ervas Aromáticas, Batata, Salsão, Beterraba, Alface, Nastúrcio = Capuchinha, Hortelã, Estragão, Cebola, Cebolinha, Alho-Porró e Espinafre.

Morango, Tomate, Vagem, Manjerona e Rúcula.

Rúcula Chicória, Vagem, Couve Rábano, Milho e Alface.

Salsa.

Salsa Tomate, Cebola e Milho.

Rúcula Chicória, Vagem, Couve Rábano, Milho e Alface.

Salsa.

Salsa Tomate, Cebola e Milho.

Serralha Tomate, Cebola e Milho.

Salsão Alho-Porró, Tomate, Couve-flor, Couve, Repolho e Camomila.

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Sorgo Gergelim e Trigo.

Taioba Abóbora, Leucena e Milho.

Tomate Cebola, Cebolinha, Salsa, Cenoura, Calêndula, Serralha, Erva Cidreira, Aspargo, Mal-me-quer, Menta, Nastúrcio, Urtiga, Manejericão, Borragem, Cravo-de-defunto e Alho.

Couve-Rábano, Batata, Funcho, Repolho, Pepino, Feijão, Fumo e Milho.

Vagem Milho, Segurelho, Abóbora, Rúcula, Chicória, Acelga e Rabanete.

Cebola, Beterraba, Girassol e Couve-Rábano.

Abóbora Milho, Acelga, Chicória,Taioba,Vagem, Amendoim

Batata

Há plantas que apresentam efeito negativo sobre outras plantas. Esse acontecimentoé chamado de efeito Alelopático.

Culturas Plantas Afetadas

Amendoim Amendoim Bravo e Tiririca.

Aveia Amendoim Bravo, Picão Preto, Capim Carrapicho e Capim Marmelada.

Azevém Guanxuma, Corda de Viola, Caruru e Amendoim Bravo.

Cana de Açucar Picão Preto.

Centeio Picão Preto, Capim Carrapicho, Capim Marmelada e Amendoim Bravo.

Cevada Esparguta.

Colza Capim Marmelada, Capim Carrapicho e Tomate.

Feijão Comum Tiririca.

Feijão de Porco Girassol

Tiririca. Milhã.

Guandu Picão Preto.

Milho Ançarinha Branca e Caruru.

Mucuna Sapé, Tiririca, Picão Preto, Poaia Branca e Amendoim Bravo.

Nabo Forrageiro Capim Marmelada, Capim Carrapicho, Picão Preto e Amendoim Bravo.

Tremoço Capim Marmelada, Capim Carrapicho e Caruru.

Trigo Corda de Viola, Capim Marmelada e Picão Preto.

Trigo Mourisco Tiririca.

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Preparo dos canteiros:Para as espécies cultivadas em

espaçamentos maiores como o repo-lho, a couve flor, a couve folha, otomate, muitas vezes, no início é pre-ciso revolver e destorroar o solo e emseguida abrir os sulcos ou covas ecolocar o adubo orgânico e plantar.

O melhor é plantar os adubosverdes e com seu desenvolvimentofazer o manejo e plantar as verdurassem revolver a terra.

Na falta dos adubos verdes,pode ser colocado sobre a terra umacama de palhada de napier, braquiária,papuã, feno-pé de galinha ou qualqurtipo de folhas, e misturar esterco edeixar por um tempo para ir aconte-cendo a decomposição.

Isso vai afrouxar e fetilizar a terra.

Faz-se o plantio das verduras ape-nas abrindo as covas ou os sulcos. Sever necessidade, volte a colocar mais umpouco de adubo orgânico esparramandona superfície sem revolver a terra.

Quando trabalhamos com cantei-ros, depois de prontos eles deverão ficarcom cerca de 1m de largura, 15 a 20 cmde altura e separados por um corredor de30 a 40 cm para a passagem.

Em solos mais arenosos não con-vém erguer canteiros para evitar ofavorecimento da evaporação da água ea erosão.

Depois do plantio deve reforçar acobertura dos canteiros com capim paraevitar a perda de água e a erosão, e eco-nomiza capinas devido a menor presen-ça de plantas espontâneas.

Preparo das mudas:• As plantas que precisam transplan-

te podem ser preparadas em se-menteiras. Uma sementeira é umcanteiro cuidadosamente prepara-do, adubado com antecedênciacom esterco de aves bem curtidoe peneirado na dose de 1 quilo pormetro quadrado ou 3 quilo de es-terco de gado. A sementeira tam-bém pode ser num caixote de ma-deira.

• Deve-se semear as hortaliças deacordo como a preferência e empequenas quantidades para quenão tenha perdas de verduras.Semear o mais uniforme possívelcobrindo as sementes com cama-da fina de terra. A profundidadede semeadura é de 5 vezes o ta-manho da semente. Regar 2 ve-zes por dia até a germinação.

• Após a semeadura cobrir o cantei-

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ro com capim seco, casca de ar-roz, serragem, sombrite ou sacode aniagem retirando a proteçãoquando as sementes iniciarem agerminação.

• A semeadura em bandejas deisopor é bastante utilizada, com ouso de um substrato que pode ser

preparado em casa.Substrato: 9 partes de terra; 3 par-

tes de cama de aviário curtida e penei-rada; 1 parte de areia fina ou 2 partesde casca de arroz carbonizada; 100g defosfato natural, ou cinza do fogão paracada 20 kg de substrato; misturar bemtodos os ingredientes.

Algumas práticas culturais:• Manter sempre o solo coberto com

capim ou restos vegetais em ge-ral;

• Irrigar diariamente os canteirosquando recém semeados e as hor-taliças folhosas. Para hortaliçasfrutos e raízes, a medida que asplantas forem crescendo a irriga-ção pode ser espaçada de 3 em 3dias;

• Desbaste ou raleio: eliminação doexcesso de plantas semeadas noscanteiros e berços, quando as plan-tinhas tiverem com 5 a 8 cm dealtura, deixar as mais vigorosas.No caso da beterraba aproveitaras mudas descartadas para trans-plante em outros canteiros.

• Capinas retirando as plantasexpontâneas mais agressivas nocanteiro, como o papuã, o milhã,a nabiça. Muitas plantas expon-tâneas devem ser deixadas como

o caruru, a trapoeraba, o fazen-deiro, a azedinha, retirando ape-nas o excesso.

• Aplicar biofertilizantes via foliar paranutrição das plantas e prevençãode ataque de insetos e doenças emaior resistência a seca ou frios;

• Tutoramento e estaqueamento: éfeito para algumas hortaliças comoervilha torta, tomate, vagem, pe-pino, maxixe, pimentão e chuchu,para evitar o contato com a terra,maior aeração e insolação e evitara quebra de ramos.

• Desbrota: eliminação de brotos quesaem das axilas das folhas ou dahaste de algumas espécies como otomate.

• Amontoa: chegar terra junto asplantas para melhorar a fixação aosolo e evitar que os tubérculos sedesenvolvam fora da terra, comono caso a batatinha batata doce.

Arborização1 - Escolha das espécies:• Para a escolha das espécies frutí-

feras deve-se levar em conta o cli-ma da região e a preferência da

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família. No Estado do Paraná te-mos regiões bem distintas para ocultivo de frutas.

• Para o Norte do Estado pode-secultivar espécies de clima tropicalquente e úmido como a manga, asbananas prata, maçã e nanica, aacerola, as laranjas lima, baiana,seleta, rosa, Valência, a mexerica,a ponkã, os limões rosa e Taiti, acarambola, o abacate, o abacaxi,o mamão, a goiaba, a fruta do con-de, o maracujá, a jaca, a lichia.Essas espécies também vão bemnas regiões Noroeste, Centro eOeste. Essas espécies não se adap-tam ao frio do sul do estado.

• Existe um grande número de es-pécies frutíferas que se adaptammuito bem ao clima em quase todoo estado, levando em conta as es-colhas das variedades. É o casodo caqui, do pêssego, da uva, dofigo, das framboesas e amoras, dajaboticaba, da romã, entre outras.

• As espécies de clima subtropical etemperado se adaptam melhor aosul do estado, sendo mais exigen-tes em podas de formação e deprodução. Podemos citar algumas:

o caqui, a uva, o figo, o pêssego,a maçã, a pera, a ameixa, o mar-melo, a nectarina. Tem disponívelno mercado um grande número devariedades, com épocas diferen-tes de maturação dos frutos, eadaptação ao clima.

• Algumas variedades a família podepreparar as mudas como oabacateiro, o abacaxi, o mamoei-ro, a carambola, a jaboticaba, ofigo, a uva, entre outras. Outrasmudas podem ser adquiridas nocomércio.

2 -• Nas entrelinhas das frutíferas deve

ser cultivados adubos verdes ouculturas anuais para o sustento fa-miliar nos primeiros anos do po-mar.

Por exemplo: a capacidade de pro-dução de uma laranjeira adulta e bemcuidada está em torno de 100 kg de fru-tos por árvore.

Um pé de caqui bem cuidado pro-duz de 100 a 150 kg por árvore. Umabananeira pode produzir de 25 a 50 kgpor pé. A uva bem conduzida produz de4 a 6 kg por pé.

O importante é iniciar o pomar, que logo a abundância chega amesa. Existe cena mais linda que a criançada se lambuzando defrutas fresquinhas colhidas no pé?

Adubação de plantio e de manuten-ção

Esclarecimento:O buraco onde plantamos as mu-

das é chamado de COVA. Nesta cartilhachamamos a COVA de BERÇO.

COVA é para algo morto e BER-ÇO é para a Vida.

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• Para a adubação dos berços: 30kg de composto orgânico; 2 kg defarinha de osso; 200g de fosfatonatural; 2 kg de cinza do fogão.Misturar tudo. Ao preparar o ber-ço retirar os primeiros 40 cm deterra e separar. Junto a esta terramisturar os produtos acima cita-dos. Os últimos 40 cm de terradeve deixar separados, não serãodevolvidos no berço. Ao preenchero berço cubra-o com uma cama-da de palhada.

• Para um preparo da área commais tempo, outra maneira boae mais caprichada de fazer é:

Marque o local dos berço e nestaárea, coloque na superfície da ter-ra uma camada de 10 centímetrosde palha ou folhas verdes.

Sobre esta camada coloque umacamada de 10 centímetros de es-tercos mais 50 gramas de calcárioou cinza de lenha. Volte a fazernova camada de palha, e outra deestercos mais calcário e cinza atéa altura de 60 centímetros. A cadacamada, umedeça com água semencharcar.

Todo o restante desta área deve sersemeada com consórcios de adu-bos verdes.

Num prazo de 3 meses a área esta-

rá bem preparada pelas plantas epelos bichinhos e minhocas quetrabalharão no local. Em regiõesde calor e chuvas os bichinhos vãotrabalhar em menos tempo. Façaos berços pequenos, com tama-nho suficiente para caber a mudada frutífera.

Ao redor da muda, reforce com es-terco curtido ou composto colo-cado na superfície, e cubra toda aárea com palhada dos adubos ver-des.

• Para a adubação de manuten-ção: 20 kg de composto orgâni-co, 500g de farinha de osso, 600gde cinza.

Para se obter os melhores resulta-dos é recomendado utilizar estaadubação dividida em 3 vezesiguais.

A primeira vez antes da floração; asegunda vez no desenvolvimentodos frutos e a terceira depois dacolheita. Importante: mantenhaa área toda sempre com adubosverdes no inverno e no verão.

• Pode-se utilizar a aplicação debiofertilizantes líquidos diretamen-te nas folhas. Para proteção dasfruteiras ao ataque de insetos edoenças, veja as receitas mais adi-ante nesta cartilha.

As Sementes São Patrimônio dos Povos a Serviço da HumanidadeTodas as plantas que cultivamos e

todos os animais domésticos que criamos,são frutos da evolução da natureza e do

trabalho de diferentes povos pastores eagricultores.

Nenhuma planta cultivada e nenhu-

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ma criação doméstica foi desenvolvidapelos cientistas modernos que trabalhampara as empresas.

Os cientistas modernos trabalhamcom a biodiversidade mantida e conser-vada pelo camponeses e camponesas aolongo de toda a história da agricultura.

Veja que para seu trabalho, elessempre lançaram mão de plantas e ani-mais que os camponeses e camponesasjá haviam trabalhado a muito mais tem-po.

Com o cruzamento do centeio e dotrigo, os cientistas modernos criaram oTriticale, e também modificaram muitasoutras plantas na sua estrutura deflorescimento, e outras características.

Desenvolveram o milho híbrido etantas outras plantas híbridas, e nos últi-mos anos, chegaram ao desenvolvimen-to de plantas transgênicas.

Nos últimos 10 a 15 mil anos, ospovos pastores e agricultores, em dife-rentes partes do mundo, trabalharam commuita sabedoria criando e selecionandoos animais e as plantas.

É deste trabalho de sabedoria e per-severança que a humanidade se valeupara alcançar a abundância na produçãode alimentos e de tantas outras matériasprimas necessárias à sua sobrevivência.

Desde a produção comercial do pri-meiro milho híbrido por volta de 1930,nos Estados Unidos da América, empre-sários passaram a investir cada vez maisno controle das sementes e dos animaiscomo negócio.

Agora, com as tecnologias de pro-dução de transgênicos, o poder dos em-presários chegou ao extremo da capaci-dade de intensionarem controlar as se-mentes em todo o planeta.

Essa possibilidade tem levado a umaacelerada formação de poucas grandesempresas mundiais que controlam as se-mentes, os agrotóxicos, os medicamen-tos veterinários, os fertilizantes, as má-quinas agrícolas, a agroindustrialização ea comercialização.

É um grandioso poder que quer portodo meio sufocar os povos camponesesde todo o mundo e implantar a todo ocusto o latifúndio do agronegócio.

É uma grande ameaça para a hu-manidade.

A sabedoria e a resistência campo-nesa de mais de 10 mil anos gerando plan-tas e animais, cuidando do seu cultivo emultiplicação e assegurando fartura dealimentos em todo o mundo é o grandio-so ensinamento a ser perseverado.

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Sem Sementes, a Mulher e o Homem não vão Enraizar na Terra.Com as Sementes e as Criações Crioulas, a Mulher e o Homem vão

Fecundar a Terra e Multiplicar a Vida.

Somente a mente de um ser tão bomPode criar do sentimentoUm bem tão grande como a semente.

Somente um dom cheio de vidaComo a semente pode gerar:Da vida a terra,Da terra a planta,Da planta a florAcontecida de seu amorDe flor e frutoDentro do sonho que há na menteDe uma semente cheia de vida.

Se um deus não háDentro de quem existe o gesto

A Semente

Que sente e sonha nascer da terraTudo o que brota da maravilhaDa força viva de uma semente?

Mas se há um deus onipotenteQue cria tudo com o seu poderMas se um deus há que tudo criaCom o seu amor como um presenteDo dom da vidaSe um deus existe eternamenteAh! Pode crerQue ele algum dia já foi semente.

Poema de Carlos Rodrigues Brandão,às crianças Sem Terrinha, em 2000.

Resgate de Variedades e Coleta de SementesHoje em dia, os híbridos e as varie-

dades das empresas tomaram conta dasterras.

Com seu uso, muitas variedades cri-oulas foram sendo abandonadas.

Outro tanto das variedades crioulasforam castiçadas e misturadas com os hí-bridos e variedades das empresas.

Agora taí o problema maior, que sãoas plantas transgênicas.

As plantas transgênicas podem con-

taminar as outras variedades de uma cul-tura.

Essa contaminação é um grandeperigo para as famílias camponesas e paratoda a humanidade.

É uma irresponsabilidade das auto-ridades governamentais que apoiaram essaganância sem fim das empresasmultinacionais.

Tudo isso é um grande prejuízo paraa agricultura camponesa e para a

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agroecologia.A salvação é a grande sabedoria e a

velha coragem, organização e resistênciacamponesa.

Muitas variedades crioulas continu-am sendo conservadas e cultivadas porfamílias camponesas por todo o Brasil.

Em todas as regiões brasileiras,muitas organizações camponesas estãotrabalhando firme no resgate, na experi-mentação, no melhoramento e na multi-plicação de variedades crioulas.

Também organizaram o trabalhocom plantas medicinais, florestais nativas,frutíferas, plantas de jardim, temperos, eas criações.

Este lindo e honrado trabalho incluia realização das feiras de sementes cri-oulas.

Tem feiras comunitárias, municipais,regionais, estaduais e a Feira Nacional daSemente Crioula.

É com as feiras que os povos cam-poneses partilham as sementes comopatrimônio dos povos a serviço da hu-manidade.

O primeiro passo então é resgataras variedades de volta.

No costume do povo camponês, nãose perde a ocasião de resgatar algumassementes.

É numa visita aos parentes, amigose vizinhos alguma coisa é resgatada.

Pode ser por ocasião de alguma fes-ta, ou mutirão, e muitas vezes nas es-condidas nas lavouras de beira de estra-da, dá-se um jeito de resgatar alguma se-mente ou muda de plantas.

Esses costumes devem continuarpara sempre.

Nada pode impedir ou proibir ospovos camponeses a trocarem livremen-te suas sementes.

O objetivo final da lavoura para pro-dução de sementes é a perpetuação daespécie, a continuidade da vida.

O produto colhido deve reunir ca-racterísticas que assegurem o alto vigor,a boa germinação, a pureza física da va-riedade e ser livre de patógenos que pro-vocam doenças.

Já o propósito da lavoura destinadaà produção de grãos para consumo é ob-ter um produto limpo, uniforme e semmanchas, isento de restos culturais e desementes de outras espécies.

Quando a gente pega uma varieda-de, que não temos em nossa proprieda-de, o interesse é que ela mostre na nossaterra as suas qualidades, do mesmo jeitoque vimos na lavoura da vizinha ou dovizinho.

Uma parte destas qualidades é defi-nida pela genética da planta.

A base genética é o conjunto de ca-

Como melhorar a prática de resgatar as sementes?

racterísticas próprias daquela espécie ouvariedade de planta ou animal e que vãoser repassadas para as próximas gerações.

Genética tem a mesma origem dapalavra Gênesis, o primeiro livro da Bí-blia.

Gênesis quer dizer princípio.Nos seres vivos, o princípio de tudo

são os Genes.

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Os Genes são estruturas muito pe-quenas que estão presentes em todos osseres vivos.

Os Genes definem a forma e o fun-cionamento das plantas, dos micróbios,dos animais e dos seres humanos, isto é,de todo ser vivo.

O conjunto de genes de uma varie-dade de planta forma a sua base genética.

Quando pegamos uma amostra de

sementes de uma variedade, temos quelevar uma boa representação da base ge-nética desta variedade.

Este trabalho tem que ser feito commuito capricho, porque uma variedade éuma mistura de indivíduos que se pare-cem muito uns com os outros, por teremuma mesma base genética, mas que nãosão exatamente iguais por terem algunsgenes diferentes em cada indivíduo.

Há características que os genes so-zinhos definem, como por exemplo a cordo grão de milho. Há outras qualidadesque são resultados de uma combinaçãoda genética com o ambiente.

A produtividade é uma delas.Isto quer dizer que nem sempre a

A genética não é tudo. O ambiente tem grande influência.

Para gerar sementes, as plantas quedão flor precisam realizar o cruzamento.

É na flor que está a parte de repro-dução masculina que dá o pólen e a partefeminina que contém o óvulo.

Ao se encontrarem, o pólen e o óvu-lo podem se fecundar.

Com a fecundação, formam-se assementes.

A genética da planta vem e é repassada através da semente:

variedade que produz bem num lugar vaiproduzir bem no outro.

Se a qualidade da terra, o clima e ojeito de cultivar for muito diferente, agenética da variedade pode reagir de umaoutra forma e dar resultado diferente.

O pólen traz as características ge-néticas da planta paterna.

O óvulo traz as características ge-néticas da planta materna.

A semente é uma combinação dagenética que vem do pólen e da genéticaque vem do óvulo, podendo a parte fe-minina e masculina estar na mesma florou em flores diferentes na mesma plan-ta, ou em plantas separadas.

Há plantas em que a parte femininaque contém o óvulo e a parte masculina

Pai e Mãe na mesma Planta e na mesma Flor:

que contém o pólen estão bem juntas namesma flor.

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Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

A flor pode estar protegendo essaspartes feminina e masculina do vento eda visita dos insetos.

Essa proteção pode diminuir achance de cruzamento entre flores damesma planta e entre plantas vizinhas.

Neste caso, o pólen pode fecundaro óvulo antes da flor abrir.

Se o pólen e o óvulo vem da mes-ma planta, ela é ao mesmo tempo pai emãe das sementes produzidas.

Por isso, as sementes produzidaspor cada planta vão ter a constituição ge-nética muito semelhante.

Essas plantas apresentam baixo cru-zamento, mas sempre ocorre pequena

quantidade de cruzamentos.O cruzamento pode acontecer se

houver muito insetos que visitam as flo-res em busca de pólen.

As sementes de uma mesma plantavão ter a constituição genética iguais.

A riqueza genética dessas plantas damesma variedade é muito pouco variada.

Em compensação, a diferença en-tre as variedades é maior.

A maior variação da riqueza genéti-ca não vai estar dentro da variedade, masentre as variedades.

Um exemplo é o feijão, onde as flo-res se encontram fechadas quando ocor-re a polinização e fecundação.

Há plantas que trazem a parte fe-minina em uma flor e a parte masculinaem outra flor.

Nessas plantas as flores masculinae feminina ficam em pontos diferentesda mesma planta.

O pólen é espalhado pelo vento oulevado pelos insetos que visitam as flo-res.

O cruzamento pode ocorrer entreas flores feminina e masculina da mesma

Pai e Mãe na mesma planta, mas em Flores Separadas.

planta, mas tem mais chance de ocorrerentre as flores de plantas diferentes.

Nessas plantas, o pólen que fecun-da as flores femininas podem vir de vári-as plantas.

A maioria das suas sementes serãoirmãs apenas por parte da mãe.

Essas sementes vão ter a constitui-ção genética bem variada.

Um exemplo é o milho.

Há plantas que tem a flor masculi-na em uma planta e a flor feminina emoutra planta.

É o caso daquelas plantas que agente diz que tem pé macho e pé fêmea.

Neste caso, uma planta vai dar o

Planta Pai e Planta Mãe em plantas diferentes:

pólen e outra planta vai dar o óvulo.Toda planta que der o óvulo é que

vai produzir a semente.A fecundação é promovida pelo

vento ou por insetos.A maioria das suas sementes serão

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Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

irmãs apenas por parte da mãe.Essas sementes vão ter a constitui-

ção genética bem variada.Estas plantas têm a genética espa-

lhada em várias plantas.É o caso da erva-mate, do pinheiro

araucária, do mamão , e muitas outrasplantas.

O mamão é um caso a parte porquepode também apresentar plantas que con-tém a parte masculina e feminina na mes-ma flor. É chamada de flor hermafrodita.

O tipo de flor e sua posição na plantadefine se a planta cruza ou não com asvizinhas.

A planta ao cruzar ou fornecer pó-len para ela mesma é que define como agenética da planta será organizada.

Plantas que cruzam com as plantasvizinhas tem a riqueza genética espalha-da em várias plantas da mesma varieda-de.

É o caso do milho que tem o pólenespalhado pelo vento a longas distâncias

Com isso acaba fecundando váriasespigas de diferentes plantas espalhadasna própria lavoura, e até mesmo da la-voura do vizinho. Também a sua lavourapode receber o pólen da lavoura do vizi-nho. Dentro de uma mesma variedadede milho encontraremos plantas diferen-tes porque elas têm genes diferentes

Plantas que usam o seu próprio pó-len tem a riqueza genética espalhada en-tre as diferentes variedades.

É o caso do feijão, onde a flor usao seu próprio pólen, dificultando muito ocruzamento com plantas vizinhas.

Dentro de uma variedade de feijãoas plantas normalmente são iguais por-que elas têm genes iguais.

Nesta cartilha vai ser detalhado mais

Cada tipo de flor exige diferentes cuidados na coleta de sementes

adiante o trabalho com milho e feijão.

Baseado nas orientações de traba-lho de resgate de variedades de milho,deve-se tomar os mesmos cuidados nahora de resgatar sementes ou na hora deorganizar a lavoura de produção de se-mentes de abóbora, melancia, melão,pepino, moranga, mogango, girassol,maracujá, cenoura.

Essas plantas também tem flor ma-cho e flor fêmea na mesma planta.

O cruzamento pode acontecer en-tre plantas que estejam perto ou longe.

O cruzamento pode ocorrer entrediferentes variedades que estejam flores-cendo na mesma época.

Como a genética fica distribuida emdiferentes plantas, a coleta de sementesdeverá ser feita recolhendo um pouco devárias plantas.

Com esse capricho estará sendo as-segurado a boa representação da genéti-ca da variedade.

As plantas que tem pé com flormacho e pé com flor fêmea com a erva-mate, o pinheiro araucária e uma partedas plantas de mamão, também tem agenética espalhada em várias plantas.

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A coleta de sementes deverá ser fei-ta recolhendo um pouco de sementes devárias plantas.

Baseado nas orientações de traba-lho com feijão, deve-se tomar os mes-mos cuidados com arroz, trigo, triticale,centeio, soja, amendoim, ervilha, feijãovagem, tomate, fumo, cevada, café, uvae muitas outras plantas.

Essas plantas tem a parte femininae masculina na mesma flor, e apresen-tam pouco cruzamento com plantas vizi-nhas.

Para cada variedade, a coleta desementes deverá ser feita recolhendo omáximo de sementes de poucas plantas.

Há ainda as espécies que multipli-cam-se por rama, estaca, maniva, tubér-culo, colmo, rizoma ou muda.

No caso de rama, temos a batatadoce e a mandioca. Para a rama de man-dioca também dizemos maniva.

Já o inhame, o cará e a batatinha,usa-se o tubérculo.

Para a cana de açúcar usa-se o col-mo.

Sabemos que a batata doce e abatatinha também podem ser plantadasaos pedaços do tubérculo.

Da batatinha também pode ser plan-tada apenas os olhos que tem na casca.Esses olhos também são chamados degemas.

Essa planta milagrosa também pro-duz sementes nas suas flores.

Essas sementes são mais usadas nostrabalhos de seleção e melhoramento devariedades.

A mandioca também produz semen-tes. São suas sementes que geram novasvariedades.

O alho é multiplicado pelo seus den-tes, também chamado de bulbo.

O abacaxi e a mandioquinha salsa ea couve, multiplicam-se por mudas. A par-reira é um bom exemplo da multiplica-ção por estaca.

Para a multiplicação dessas plantas,deve ser coletado amostras de diversasplantas distribuídas na lavoura.

Também existem espécies que o cru-zamento pode acontecer de dois jeitos.

Tanto cruzam com as plantas vizi-nhas como ao mesmo tempo podem cru-zar consigo mesma.

É o caso do algodão, do pêssego,da mandioca e da mamona.

Para a coleta de sementes dessasculturas, deve-se coletar amostras de di-versas plantas distribuídas na lavoura.

A flor masculina do milho é opendão.

É no pendão que está o pólen.No pendão pode ter em média 18

milhões de grãos de pólen.Todo esse pólen é espalhado pelo

Como Milho se cruza?

vento podendo ir a longas distâncias.Mais ou menos 30% do pólen cai

na flor feminina da mesma planta.Os outros 70% dos grãos de pólen

são espalhados pelo vento e poderão fe-cundar a flor feminina de outras plantas

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Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

de milho.Em média uma planta de milho fica

liberando pólen por 10 dias.A flor feminina do milho é a boneca

da espiga.Ao sair da espiga, a boneca é úmida

e pode receber pólen por uns 10 dias.Geralmente a polinização ocorre nos

primeiros 3 dias.Cada fio de cabelo da boneca pode

receber vários grãos de pólen, mas só umgrão de pólen vai ser útil para formar asemente.

A umidade do cabelo favorece agerminação do grão de pólen.

Ao germinar, o grão de pólen pene-tra através do orifício do cabelo da bone-ca e fecunda o óvulo na base do sabugo.

Alí, será formado o grão de milho.

Esse conhecimento mostra que nãoexiste pé de milho macho e pé de milhofêmea.

Também não existe espiga machonem espiga fêmea.

Todo pé de milho tem a flor machoque é o pendão e a boneca que é a florfêmea.

Por receber grãos de pólen de dife-rentes plantas a riqueza genética da vari-edade fica espalhada entre as sementesde várias espigas.

Esse conhecimento mostra que nãose deve coletar sementes de uma só espi-ga.

Para levar adiante a riqueza genéti-ca de uma variedade é preciso coletar se-mentes de várias espigas espalhadas portoda a lavoura.

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No início do trabalho o resgate dasvariedades pode se dar na lavoura ou nopaiol, ou numa feira de sementes.

Na maioria das vezes é conseguidopouca semente para começar.

Orientações importantes para a Coleta de Semente de Milho

Isso não é recomendado pois poderefinar a variedade.

Esta situação exige que tomemostodo cuidado conforme as orientaçõesdesta cartilha para coletar as sementes.

O que é uma espiga de primeiraqualidade?

1 – apresenta bom empalhamentoprotegendo toda a espiga;

2 – livre de podridões e danos porlagarta, caruncho, traça e rato;

3 – apresenta boa formação degrãos cobrindo todo o sabugo;

4 – as carreiras de sementes devemser bem retas.

Como fazer para coletar espigasarmazenadas no paiol?

Coletar 200 espigas de diferentespartes do monte.

É preciso caprichar revirando a pi-lha de espigas para selecionar as 200melhores.

Porque coletar de diferentes partesda pilha de espigas?

Sabemos que a pilha de espigas foifeita aos poucos conforme foram sendotrazidas na carroça ou na carreta.

Cada vez a carroça ou carreta foisendo enchida com espigas de bandeirasque estavam em diferentes partes do ter-reno e transportada até o paiol.

Como as terras cultivadas são man-chadas e desparelhas, a coleta precisa serfeita pegando as melhores espigas das di-ferentes manchas do terreno.

Se o milho estiver debulhado faça omesmo trabalho coletando um punhadode diferentes pontos do monte de semen-tes.

Se estiver ensacado, colete um pu-nhado de cada saco.

A amostra deve ser de no mínimo 2kg de sementes e de preferência de pelomenos 200 espigas da mesma variedade.

A melhor maneira de garantir a riqueza e as qualidades genéti-cas de uma variedade é selecionar e marcar as melhores plantas nalavoura, e classificar e aproveitar as melhores espigas das plantasselecionadas.

Observe se há lavouras de outras

variedades ou híbridos ou de plantastransgênicas a menos de 500 metros quetambém estejam em ponto de colheita.

Se tiver poderá ter ocorrido conta-minação da variedade.

Primeiro cuidado para obser-var na lavoura de produção ou deresgate de sementes

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Neste caso, esta lavoura não podeser aproveitada para semente.

Como fazer para coletar espigasna lavoura em ponto de colheita?

Não colha espigas das beiradas dalavoura.

As espigas devem ser de diferentespartes da lavoura para garantir as melho-res espigas das diferentes manchas da ter-ra cultivada.

Para garantir a riqueza e a quali-dade genética do milho devem sercoletadas no mínimo 200 espigasselecionadas de primeira qualidade.

Para sobrar 200 espigasselecionadas de primeira qualidade seránecessário colher por volta de 600 espi-gas na lavoura.

Não jogue as espigas no chão.As espigas devem ser depositadas

imediatamente em sacaria.Em local adequado, providencie a

retirada da palha e selecione as espigasperfeitas.

Debulhe as pontas em separado.Só a parte do meio da espiga é que

será debulhado para o plantio do campode produção de sementes na próxima sa-fra.

De cada espiga será coletado a mes-ma quantidade de sementes.

Para medir a quantidade de semen-tes não precisa contar.

Use uma vasilha de plástico trans-parente com uma marca.

A amostra deve ser de no míni-mo 2 kg de sementes.

Se puder coletar quantidades maio-res é melhor.

As sementes devem ser secadas ao

sol e armazenadas em embalagens semar.

Veja as orientações mais adiantenesta cartilha.

Como fazer uma lavoura paraprodução de sementes selecionadas?

Preparo do solo:A área deverá ser bem preparada

no inverno com adubação verde. Use depreferência a ervilhaca ou o tremoço.

Melhor ainda é usar esses adubosverdes misturados, podendo acrescentarmais o nabo forrageiro.

Outros adubos verdes podem serusados.

Siga as orientações de manejo eco-lógico de solos e nutrição e proteção doscultivos presentes nesta cartilha.

Escolha da área:Escolha uma área isolada com 500

metros ou mais de outras lavouras demilho.

Evite áreas de terreno dobrado ondehaja lavouras de milho acima da lavourapara produção de semente.

A área pode ser isolada por morrosou floresta e capões de mato alto.

Outra forma de isolamento é plan-tar a lavoura de sementes 40 dias antesou depois do plantio da outra lavoura demilho que estará ao lado.

Isso evita que ocorra o florescimentona mesma época impedindo ocastiçamento.

Plantio, Raleio e Tratos CulturaisPara a nutrição da lavoura, use

calcario ou fosfato natural ou pó debasalto e o adubo da indepedência, con-

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Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

forme as orientações apresentadas maisadiante nesta cartilha.

Use as sementes selecionadas queforam resgatadas.

Usar um metro entre linhas e cincosementes por metro corrido.

Se tiver bastante semente, plantesete sementes por metro corrido e faça oraleio aos 20 dias depois da germinaçãodeixando as 4 ou 5 melhores plantas pormetro corrido.

O raleio é a primeira seleção, quan-do é eliminada as plantas mais fracas.

Com capina de enxada ou carpideirae cultivador, mantenha a lavoura livre doexcesso de plantas espontâneas.

A aplicação da urina e debiofertilizantes deve ser feita pelo menosduas vezes.

Uma vez após fazer o raleio e a se-gunda vez 15 dias depois.

Se for fazer a terceira aplicação,deverá ser 15 dias após a segunda aplica-ção.

Após esses prazos, os produtos te-rão pouco efeito sobre a produtividadeda lavoura.

Ao longo do crescimento da lavou-ra, elimine todas as plantas fracas antesdelas florescerem.

Se a área já foi cultivada com mi-lho, poderá germinar sementes. Estasplantas devem que ser eliminadas o quan-to antes.

Elas não podem chegar a florescerporque vão contaminar a variedade quefoi resgatada com tanto trabalho e capri-cho.

Seguir eliminando as plantas queapresentarem ataque de carvão.

O carvão é uma doença causada por

fungo que preteia o pendão e a espiga,chegando a deformar a espiga.

Essas plantas devem ser retiradasda lavoura podendo ser fornecidas aosanimais.

Quais são as melhores plantas?1 – plantas livres de doenças e ata-

ques de lagartas. Veja sobre as doençasdo milho mais adiante nesta cartilha;

2 – plantas de altura média. Essasplantas são mais resistentes ao vento,ocorrendo menos tombamento equebramento, e facilita o dobramento e acolheita;

3 – plantas com caule forte e bomenraizamento;

4 – plantas com o maior número defolhas acima da espiga. Essas folhas éque mais ajudam na formação dos grãos.É melhor ainda que essas folhas estejamna posição apontada para cima para faci-litar a entrada da luz do sol nas folhas debaixo. As folhas abaixo da espiga ajudammais no crescimento da planta;

5 – a espiga deve estar de preferên-cia da metade da planta para baixo e livrede doenças e ataque de lagartas, carun-cho e traça;

6 – plantas com duas espigas, o queconfere maior produtividade;

7 – espigas bem formadas e combom empalhamento;

8 – na época da colheita, preferirplantas com a espiga voltada para baixo.Isso diminui as perdas por umidade e ata-que de doenças e insetos;

9 – plantas que cresceram compe-tindo com outras plantas. Plantas isola-das normalmente produzem boas espigas,mas não temos certeza de elas realmente

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Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

sejam produtivas, pois tiveram a vanta-gem de estarem mais distantes de outrasplantas.

Como fazer a seleção das melho-res plantas para coleta de semente bá-sica?

Quando as plantas estiverem na épo-ca de milho verde, o que dá uns 30 diasdepois que os pendões começaram a sol-tar pólen deve ser feito nova seleção.

Nesta época é fácil de verificar asplantas que apresentam as doenças.

As plantas doentes não devem serselecionadas.

Não marque as plantas das beira-das da lavoura.

A cada 1 metro corrido de cada li-nha, marcar a melhor planta com umafita colorida.

Escolha uma cor fácil de ser vistaquando o milho estiver seco.

Marcar no mínimo 1000 plantasnuma lavoura feita com 2 kg de semen-tes.

Se a lavoura for maior, aumente aquantidade de plantas selecionadas deacordo com a necessidade de sementesbásicas para atender o grupo de famíliasque participa do trabalho.

Milho Seco:As plantas marcadas devem ser vis-

toriadas novamente.Se for fazer o dobramento das plan-

tas, a dobra deverá ser feita abaixo daespiga.

Isso ajuda na secagem e evita aindamais a penetração de água nas espigas.

A dobra deve ser feita quando asplantas atingem a maturação fisiológica.

Este ponto é dado quando na baseda semente surge o ponto preto.

Não atrase a colheita para obter se-mentes sadias de forte vigor.

Colha apenas as espigas das plantasque apresentarem as melhores qualida-des explicadas anteriormente.

Em planta com duas espigas, colhaapenas a melhor espiga.

Não jogue as espigas no chão.As espigas devem ser imediatamente

colocadas dentro de sacos e levadas parao local onde se fará a seleção final e de-bulha.

A seleção de espigas tem que serbem rigorosa.

Das 1000 espigas colhidas, ao finaldeve ter pelo menos 200 a 400 espigasselecionadas.

Siga as orientações que estão noitem: O que é uma espiga de primeiraqualidade?

Debulhe as pontas em separado.Essas sementes das pontas podem

ser aproveitadas para plantio de lavourade consumo.

O meio da espiga é que será debu-lhado para o plantio do campo de produ-ção de sementes na próxima safra.

As sementes devem ser secadas earmazenadas em embalagens sem ar.

Veja as orientações mais adiantenesta cartilha.

Todo o resto da lavoura pode sercolhido como semente para plantio de la-vouras para produção de consumo.

Como fazer para debulhar?Para pequenas quantidades, é me-

lhor debulhar com as mãos.Primeiro debulhe as duas pontas da

espiga em separado.

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Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Nas pontas da espiga as sementestem formato arredondado.

Com esse formato elas dificultam aregulagem da matraca ou dasplantadeiras.

Em seguida, debulhe o meio da es-piga para usar no plantio do campo deprodução de sementes na próxima safra.

Essa classificação vai facilitar umpouco o plantio com matraca ouplantadeira.

Há o debulhador com manivela.Faz um bom trabalho e com bom

rendimento.Para grandes quantidades há máqui-

nas especiais para debulha.Elas não quebram ou danificam as

sementes.Evite o uso do batedor comum.Sendo necessário o uso do batedor

trabalhe com baixa rotação e os dentesnão muito apertados.

I) Podridão da sementeOcorre principalmente em solos mal

drenados, que chegam a afetar a absor-ção dos nutrientes, afetando a parte áreada planta. As medidas de controle utiliza-das envolvem o manejo do solo e uso devariedades mais resistentes.

II) Manchas foliaresa) Manchas causadas pelo Exse-

rohilum turcicum (Helminthosporiumturcicum)

Em condições naturais as manchascomeçam a aparecer nas folhas inferioresda planta, passando para as superiores deacordo com a suscetibilidade da varieda-de. As lesões são necróticas e alongadas,podendo variar de 2,5 a 15 cm de compri-mento. É uma doença que ocorre princi-palmente em condições de temperaturamoderada e umidade elevada.

b) Ferrugem comum (Puccniasorghi)

Esta doença é caracterizada pelapresença de pústulas elípticas e alongadas

As principais doenças da cultura do milho são:

nas duas faces da folha. Primeiro apre-sentam coloração-canela, que é intensifi-cada á medida que amadurecem e se rom-pem, liberando a esporos de reproduçãodo fungo. Esta doença é mais encontra-da na região Sul, devido á temperaturamais amena durante o cultivo do milho.

c) Ferrugem polysora (Pucciniapolysora)

Nesta ferrugem se observa um gran-de número de pústulas, que podem apa-recer no limbo da folha, na palha verdeda espiga e até mesmo no pendão. Aspústulas são menores que as da ferru-gem comum, com formato mais circular,com coloração amarelo a dourado. Estadoença é mais agressiva e destrutiva dasferrugens, ocorrendo principalmente emclima úmido e com noites quentes, con-dições observadas comumente nas regi-ões Centro-oeste e Sudeste.

d) Ferrugem tropical (Physopellazeae)

Nesta doença se observam peque-

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nas pústulas de formato arredondado aovalado, em grupo, de coloração amare-la a castanho claro, recobertas pelaepiderme da folha, podendo aparecer umbordo escuro que envolve o grupo depústulas.

e) Mancha foliar de Phaeosphae-ria

No começo as lesões causadas porPhaeosphaeria são arredondadas eoblongas, pequenas, cloróticas, que cres-cem até 2 centímetros de diâmetro, quan-do assumem aparência esbranquiçada, corde palha, e com bordos escuros. Quantomais sedo ocorrer esta doença, maioresserão os danos.

f) Mancha marrom (Physodermamaydis)

Esta doença ocorre mais em perío-dos quentes e úmidos relativamente lon-gos. Os sintomas iniciam nas folhas comopequenas pontuações amarelas, que po-dem se juntar formado manchas maio-res. O limbo da folha pode apresentarcoloração dourada. Com o passar do tem-po, as manchas mudam de coloração paramarrom-arroxeada. Estas manchas po-dem ocorrer no limbo foliar, bainha dasfolhas e colmos. Por fim, a quebra docolmo ocorrida em locais colonizadospelo fungo é o dano mais grave desta do-ença.

III) Podridão do colmoa) Causado por AntracnoseA Antracnose (Colletotrichum

graminicola) é favorecida por alta umi-dade e temperatura moderada. Períodos

secos antes do florescimento, predispõea podridão do colmo. No colmo a podri-dão pode ocorrer a qualquer fase de de-senvolvimento da planta. As plantas ata-cadas podem morrer mesmo antes dapolinização, mas geralmente os sintomasocorrem na casca logo após a polinização,como lesões estreitas, longitudinais,encharcadas. As lesões se apresentamcom cor inicialmente pardo-avermelhado,que se tornam castanho escuras e pretas.Os tecidos internos do colmo se tornamescuros e começam a desintegrar-se.

b) Causada por Diplodia (Diplo-dia maydis)

O ambiente que favorece esta do-ença é o de tempo seco antes dapolinização e após um período chuvoso.A alteração da coloração externa do col-mo é um dos principais sintomas, pas-sando da cor normal para umadespigmentação de tonalidades variadasentre palha e marrom. Geralmente, apósa polinização os internódios inferiores daplanta são afetados, podendo ocorrer secaprematura da planta.

c) Causada por Fusarium (Fusa-rium moniliforme)

Ocorre nas raízes e internódios in-feriores do colmo, iniciando logo após apolinização, especialmente quando se temtempo seco antes da polinização e apósum período chuvoso. Pode ocorrer secaprematura de plantas. A parte interna docolmo fica com uam coloraçãoesbranquecida a marrom, causando o en-fraquecimento do como, que favorece oquebramento das plantas.

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d) Causada por Pythium(Puthium aphanidermatum)

Geralmente, os sintomas desta do-ença se limitam ao primeiro internódiona linha da superfície do solo. A regiãodo colmo atacado pode apresentar cor depalha a marrom escuro e de aspectoencharcado. Pode ocorrer estrangulamen-to do colmo na região atacada. A parteatacada do colmo perde a sua firmeza,acarretando o tombamento das plantas.A queda repentina de plantas, mesmoantes do florescimento é um outro sinto-ma.

e) Podridão seca do colmo cau-sada por Macrophomina phaseolina

Ocorre normalmente após oflorescimento. A doença é favorecida pe-las altas temperaturas e período seco porocasião do florescimento. O fungo pene-tra pelo sistema radicular e inicia a colo-nização nos internódios inferiores da plan-ta. No estágio mais avançado da doença,o colmo se apresenta internamenteenegrecido, com feixes vasculares sepa-rados dos demais tecidos.

IV) Carvão comum (Ustilagomaydis)

O carvão pode ocorrer em diferen-tes partes da planta. No início, as galhassão recoberta por uma membrana bran-ca e aspecto brilhante, cujo interior é deconsistência mole e suculento. Com o de-senvolvimento da doença ocorre a for-mação de esporos de coloração negra,

semelhante ao carvão. Temperaturas ele-vadas, injúrias mecânicas, espigas malempalhadas e altas doses de nitrogêniofavorecem a ocorrência do carvão.

V) Podridão da Espigaa) Causada por DiplodiaNormalmente, esta podridão inicia-

se pela base da espiga. O fungo se de-senvolve também entre os grãos da espi-ga, que ficam mais leves que as sadias.Pequenos pontos pretos podem ser ob-servados no sabugo da espiga. Esta do-ença é mais severa em tempo úmido comduração de algumas semanas, logo apóso florescimento.

b) Causada por FusariumOs grãos apresentam coloração al-

terada que varia de rósea a marrom es-curo, em sua parte superior. Podem serobservados grãos atacados em isolado ouem grupos na espiga. Em estágio avan-çado pode se observar sobre a espiga umaspecto como de fios de algodão sobreela. Esta doença é mais severa em tempoúmido com duração de algumas sema-nas, logo após o florescimento.

c) Causada por GiberellaEsta doença ocorre com mais fre-

qüência em regiões de clima frio e úmi-do. Os sintomas começam pela ponta daespiga e progridem em direção a base.Normalmente, a palha fica firmementeligada a espiga.

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Assim como o milho, o resgate dasvariedades de feijão pode se dar na la-voura ou no paiol, doação de vizinho eamigos ou numa feira de sementes.

Na maioria das vezes é conseguidopouca semente para começar, exigindoque tomemos todo cuidado conforme asorientações desta cartilha para coletar assementes.

O que é um pé de feijão de pri-meira qualidade?

1 – aquele que apresentar bom de-senvolvimento;

2 – ser sadio, livre de doenças.

Orientações importantes para a Coleta de Semente de Feijão

Capriche porque as principais doenças dofeijão são transmitidas pela semente;

3 – apresentar bainhas bem forma-das e bem granadas.

Como fazer para coletar semen-tes armazenadas no paiol?

Coletar um punhado de sementesde diferentes partes do monte.

Se estiver ensacado, colete um pu-nhado de cada saco.

Faça a catação para eliminar as se-mentes defeituosas e manchadas com apa-rência de doentes.

A melhor maneira de garantir a riqueza e as qualidades genéti-cas de uma variedade é selecionar as plantas e colher as vagens nalavoura.

Como fazer a seleção das melhores plantas na lavoura para coleta de semente básica?

Coleta de sementes:As plantas devem ser colhidas de

diferentes partes da lavoura para garantira melhor semente das diferentes manchasda terra cultivada.

Para garantir a riqueza e a qualida-de genética do feijão devem serselecionadas e coletadas no mínimo 300a 500 plantas de primeira qualidade.

Andando em zigue-zague pela lavou-ra nas diferentes manchas de terra, sele-cione e colete uma planta de feijão, e sigaem frente até completar no mínimo 300

plantas.A amostra deve ser de no mínimo

meio quilo de sementes.Se puder coletar quantidades maio-

res é melhor.Cuide para fazer uma boa seleção

de plantas.Muitas vezes numa mesma lavoura

pode aparecer misturas de variedades.Plantas diferentes devem ser colhi-

das em separado.

Debulha:Evite ao máximo a mistura de vari-

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Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

edades diferentes, quando for debulhar .Para pequenas quantidades, fazer a

debulha a cambao.Para quantidades maiores, usar o

batedor ou trilhadeira.Depois de debulhar, faça a catação

eliminando as sementes defeituosas.

Importante:O batedor e a trilhadeira devem es-

tar bem limpos e livres de sementes de-bulhadas em outra ocasião.

A s sementes devem ser secadas earmazenadas em embalagens sem ar.

Veja as orientações mais adiantenesta cartilha.

Escolha da área:Fazer a lavoura emáreas onde não foi plantado feijão comocultura no ano anterior.

Em áreas onde já tinha cultivo defeijao na safra anterior corre-se o riscode aparecer plantas voluntárias de feijãoprejudicando a pureza genética da varie-dade.

Outro problema é que diversas do-enças que são transmitidas pela sementepodem permanecer no solo de um plan-tio ao outro, infectar as sementes que es-tão sendo produzidas e promover a suadisseminação para outras regiões.

Um exemplo é o mofo branco.Por esta razão o melhor é usar áre-

as onde não tenha sido cultivado feijãonos últimos 3 anos.

Preparo do solo:Um excelente adubo verde para fei-

jão é a aveia preta.Melhor ainda é usar a mistura de

aveia preta com nabo forrageiro.Outros adubos verdes podem ser

usados.Siga as orientações de manejo eco-

lógico de solos e nutrição e proteção doscultivos presentes mais adiante nestacartilha.

Como fazer uma lavoura para produção de sementes selecionadas?

Plantio para seleção da varieda-de:

Para um maior capricho com a va-riedade, pode ser feito este trabalho maisrigoroso de seleção da variedade ao in-vés de ir direto para o plantio do campode multiplicação da variedade.

Com este trabalho, será feito umaseleção mais rigorosa da variedade.

Como fazer o campo de seleção:1 – Cada pé de feijão resgatado terá

suas bainhas debulhadas em separado;2 - Essas sementes deverão ser

secadas e armazenadas em pacotinhos se-parados;

3 – Na época do plantio, cadapacotinho será plantado em uma linha emseparado;

4 – Toda carreira de feijão que apre-sentar plantas diferentes serão elimina-das ou poderão ser avaliadas como novavariedade;

5- As carreiras de feijão que apre-sentarem plantas idênticas, com as mes-mas características das plantas originaisda lavoura onde foi feito o resgate da va-riedade, serão colhidas e misturadas pas-sando a ser a primeira geração da sementebásica.

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Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Plantio:Use as sementes selecionadas que

foram resgatadas.Use espaçamento de meio metro

entre linhas com 13 sementes por metrocorrido.

Uma distância de 5 metros entre umcampo de semente do outro é suficientepara evitar contaminação e mistura desementes de variedades diferentes.

Podendo plantar com maior distân-cia, terá a vantagem de maior segurançaquanto ao ataque de doenças.

Uma boa medida é plantar 5 carrei-ras de milho entre um campo de sementee outro.

Para a nutrição da lavoura, usecalcario ou fosfato natural ou pó debasalto e o adubo da indepedência, con-forme as orientações apresentadas maisadiante nesta cartilha.

Tratos culturais:Com capina de enxada, carpideira

ou cultivador, mantenha a lavoura livredo excesso de plantas espontâneas.

Se a área já foi cultivada com feijãona safra anterior, poderá germinar semen-tes.

Estas plantas devem que ser elimi-nadas o quanto antes.

Elas não podem chegar a florescerporque vão contaminar a variedade quefoi resgatada com tanto trabalho e capri-cho.

Para nutrição e proteção das plan-tas, use os biofertilizantes a urina de vacapelo menos duas vezes antes da floração.

Uma vez aos 20 dias após o nasci-mento do feijão e outra antes doflorescimento.

Se for fazer a terceira aplicação,deverá ser na fase inicial deembainhamento.

Após esses prazos, os produtos te-rão pouco efeito sobre a produtividadeda lavoura.

Se o clima favorecer o surgimentode doenças, será necessário fazer aplica-ções de calda bordaleza ou caldasulfocálcica. Veja as orientações maisadiante nesta cartilha.

Importante:Ao longo do desenvolvimento da

lavoura, devem-se eliminar as plantas di-ferentes quanto ao tipo de crescimento,ciclo, coloração das flores e vagens, plan-tas doentes e plantas de outras espéciescultivadas e plantas espontâneas.

As vistorias na lavoura para elimi-nar essas plantas diferentes são no inícioda floração, durante a formação das va-gens, na maturação e na pré-colheita.

Colheita:Havendo atividade muito grande de

insetos polinizadores, não colete semen-tes das quatro primeiras linhas de cadalado da lavoura nem dos dois primeirosmetros do começo e do final de cada li-nha.

Faça uma primeira colheitacaprichada conforme foi explicado nestacartilha no ítem Coleta de Sementes.

Tome os mesmos cuidados confor-me foi explicado no ítem sobre debulha.

Toda a produção da lavoura feitacom os cuidados e caprichos explicadosnesta cartilha poderá ser usada como se-mente.

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Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Doenças transmitidas pela semente de Feijão

Doenças causadas por Fungo:Antracnose: Aparecem manchas

pretas finas e cumpridas no caule, nosramos e nas nervuras das folhas. Na va-gem, formam manchas arredondas che-gando a quase perfurá-la. Também man-cha a semente.

Mancha Angular: esta doençaapresenta umas manchas amareladas en-tre as nervuras das folhas.

Podridão da Raiz: o tronco do fei-jão é atacada junto ao solo e tomba.

Murcha de Fusarium: as folhasamarelam de baixo para cima.

Podridão Cinzenta do Caule: ofungo forma manchas escuras no cauleque depois ficam acinzentadas.

Mofo Branco: manchas nas folhas,haste e vagens.

Doenças causadas por Vírus:Mosaico Comum: pedaços da fo-

lha ficam cor amarelo pálido rodeado porpartes verdes.

Doenças causadas por Bactérias:Bacteriose: há duas espécies de

bacteriose que ataca o feijão, chamdasde Xantomonas e Pseudomonas. Elasocorrem em condições de estiagem e ele-vada temperatura. A Xantomonas formana folha um círculo pequeno com o cen-tro escuro com outro cículo amareladopor fora.

Um dos maiores inimigos da semente é a umidade.

A semente funciona igual ao sal.Ela chupa umidade do ar quando o

tempo está úmido.Ela perde umidade para o ar quan-

do está seco.Este vai e vem de absorver e per-

der água maltrata o embrião e pode ma-tar a semente.

Depois de seca, as sementes devemser armazenadas em embalagens sem ar.

As sementes não devem ficar respi-rando.

Sem ar, as sementes adormecem atéquando forem plantadas novamente.

Sementes adormecidas preservam agerminação e o vigor.

Como fazer para secar as sementes?

A secagem pode ser feita ao sol ouem secador. Ao sol devem ser esparra-madas em camada finas de 10 centíme-tros no máximo sobre um piso cimenta-do ou usando lona clara.

Não use a lona preta porque a tem-peratura pode ficar muito alta e matar oembrião de muitas sementes.

As sementes são revolvidas algumasvezes durante o período de exposição ao

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sol, para facilitar a secagem. Depois deum certo período, quando a umidade es-tiver próxima de 13%, as sementes po-dem ser amontoadas e cobertas durantea noite, para que haja um período de di-fusão da umidade do interior da sementepara a periferia.

É necessário conferir a umidadecom equipamentos.

A umidade ideal deve ser ao redorde 13%.

Não havendo um medidor de umi-dade, leve uma amostra até uma coope-rativa ou cerealista e realize este impor-tante e decisivo trabalho de conferência.

Semente úmida não pode ser arma-

zenada.Ela vai fermentar, esquentar e morrer.

Uso do secadorO uso de secador exige termômetro

para controle da temperatura.A temperatura não pode passar de

38º graus centígrados.Se for secador de leito fixo, colo-

que as sementes e não mexa no monteaté que toda a umidade seja eliminada,evitando assim ocorrência de danos me-cânicos e quebra de sementes.

Para o armazenamento deixe as se-mentes com aproximadamente 13% deumidade.

Como fazer para classificar as sementes?

A forma mais simples é debulharcom as mãos .

Este trabalho vai facilitar um poucoo plantio com matraca ou plantadeira.

Uma alternativa é transformar o

ventilador manual de sementes, adaptan-do peneiras para classificação.

Para grandes quantidades há máqui-nas especiais para classificação.

Como fazer para armazenar as sementes?

Pequenas quantidades podem serarmazenadas em garrafa plástica e litrode vidro bem vedados.

Ao ir enchendo, chacoalhe a garra-fa e o litro várias vezes para melhor aco-modar as sementes e eliminar ao máxi-mo o ar do seu interior.

Conforme as sementes se assentem,complete e chacoalhe novamente até quefiquem bem cheios de semente.

Coloque a tampa e lacre com cerade abelha ou vela derretida.

Garrafões de vidro, lata de 18 litrosou bombona plástica de 20 litros permi-tem armazenar quantidades maiores.

Essas embalagens também devemser chacoalhadas para favorecer a elimi-nação do ar.

Estando bem cheias, suas tampastambém devem ser lacradas com cera ouvela derretida.

No caso dos tambores de latão, ain-da vazios, devem ser deixados ao sol paraque fiquem realmente secos.

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Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

Após encher a bombona ou o tam-bor com as sementes, coloque um peda-ço de vela e acenda o pavio.

Em seguida, feche a tampa.O fogo vai eliminar o restante de ar

que possa estar no interior da embalagem.Ao terminar o ar, o fogo se apaga.Essas embalagens maiores geral-

mente tem bom sistema de vedação datampa, dispensando o lacre de cera ouvela derretida.

As embalagens cheias devem ser

armazenadas em local fresco e seco.A eliminação do ar impede o desen-

volvimento de caruncho e traça e dispensao uso de agrotóxicos nas sementes.

Todas as vezes em que a bombonaou o tambor forem abertos, a vela preci-sa ser acesa novamente.

É importante salientar que durantea fase em que a semente se encontra ar-mazenada ela não tem a sua qualidademelhorada e sim mantida, na melhor dashipóteses.

Teste de Germinação:

Pegue 300 sementes e plante, cui-dando para manter a terra com umidade.

Após alguns dias conte as plantasque germinaram e divida por três.

O resultado será a percentagem degerminação.

O ideal é de no mínimo 85%Outro jeito é plantar 3 lotes de 100

sementes em uma caixa com areia ou ser-ragem.

Também pode ser feito colocandoas sementes sobre uma camada de algo-dão mantida úmida dentro de um prato.

Regue duas vezes ao dia para man-ter molhado.

Com sete a dez dias, obtém-se umarazoável avaliação da percentagem degerminação.

Conte as sementes germinadas e di-vida por três. O resultado será a percen-tagem de germinação.

Teste de Vigor:Existem testes de laboratório.Na prática o teste de vigor é basea-

do na velocidade ou tempo gasto paragerminar. Quanto menos tempo em diasfor necessário para germinar em condi-ções boas de temperatura, umidade e pro-fundidade de plantio, mais vigor tem asemente. Quanto maior o tempo para ger-minar, menos vigor.

Vigor e germinação estão relaciona-dos com a qualidade na produção,beneficiamento e armazenamento dassementes.

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Palavras de Ana Maria Primavesi,Engenheira Agrônoma, Doutora em Ci-ências Agrárias pela Universidade Ruralde Viena – Aústria, com vida dedicada àagroecologia no Brasil e no Mundo.

“Em nosso planeta existem 13 bi-lhões de hectares de terra, sendo 2,3 bi-lhões usados para agricultura e pecuária,ao redor de 15 a 18%, e 24 a 30% sãoainda florestas, especialmente tropicais,ou seja, mais ou menos 2,3 a 4 bilhõesde hectares. Porém, se a velocidade doatual desmatamento continuar, daqui a 40anos não teremos mais florestas, comperda não somente de biodiversidade,mas também de nosso termostato. AFAO, acredita que nos próximos anosterermos que desmatar mais 200 milhõesde hectares para produzir aomentos sufi-cientes. Mas esta conta é irreal. Porquequanto menos “termostatos” o planetapossuir, tanto menos os campos produzi-rão, porque o clima se tornará cada vezmais extremo, com cada vez mais mesessecos e temperaturas cada vem mais ex-tremas. O vento levará cada vez maisumidade (atualmente, segundo aEMBRAPA, o equivalente a 750 mmporano). Quer dizer, numa região com 1.200

O Manejo Ecológico de SolosAlerta:

mm/ano de chuva, restam somente 500mm, de modo que o vento a torna semi-árida.

Dizem que tem que irrigar. Sabe-se que hoje 480 milhões de pessoas, algomais que 12% da população mundial, sealimentam de grãos produzidos em cam-po irrigados. Mas atualmente já existemrios parcialmente esgotados pela irriga-ção, como o rio Colorado na Califórniaou o rio Jordão em Israel. Também o rioSão Francisco já está tão esgotado pelairrigação que somente possui ainda 25%de seu caudal antigo e ainda querem des-viar parte do rio para o Rio Grande doNorte e Ceará. E como já existem mui-tos rios sem água, como nosso Paranaíbaou o Alto Tocantins, se lança mão dosaqüíferos subterrâneos usando poçosartesianos e semi-artesianos. Os poçosartesianos, como contém água de crista-lização, não existem reposição. Os semi-artesianos dependem de que suas áreasde reposição permaneçam permeáveis eos solos não sejam compactados nempoluídos por agrotóxicos ou dejetos in-dustriais. Mas a retirada da água para ir-rigação já é maior do que sua reposição,quer dizer, elas se esgotam. Então, irri-gar com quê?

“A terra não nos pertence. Nós não a herdamos dos nossos antepassados. Nós atomamos emprestada dos filhos que virão”.

Palavras de Sabedoria de Povos Indígenas da América:

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“O homem não tramou o tecido da Vida, ele é simplesmente um dos seus fios.Tudo o que fizer ao tecido, fará a si mesmo.”

“Depois que o último Homem Vermelho tiver partido e sua lembrança não pas-sar da sombra de uma nuvem a pairar acima das pradarias, a alma do meu povocontinuará a viver nestas florestas e praias, por NÓS A AMAMOS COMO UM RE-CÉM-NASCIDO AMA O BATER DO CORAÇÃO DA SUA MÃE.”

“ A arte de cultivar o sol”Provérbio chinês

Na sabedoria milenar chinesa, aagricultura é a “arte de cultivar o

sol”.

Sabem, desde tempos imemoriais,que o sol é a grandiosa fonte de energiapara a promoção e sustentação da Vida.

Na teia da Vida, são as plantas quecumprem a decisiva tarefa de captar etransformar a energia do sol e seguir ge-rando e alimentando todas as formas deVida na Terra.

Para seu desenvolvimento, atravésdas suas partes verdes, as plantas trans-formam a energia do sol e seguem seutrabalho absorvendo o gás carbônico e ooxigênio que estão no ar e o hidrogênioque está na água.

Isto permite que cresça suas raízes,o caule, os ramos, as folhas e a produçãode frutos ou semente.

Chamamos este trabalho das plan-tas de fotossíntese.

A energia do sol, o gás carbônico eo oxigênio do ar são absorvidos pelas fo-lhas, e através das suas raízes, as plantasabsorvem a água que contém o hidrogê-nio e muitos outros nutrientes mineraisda terra. O estudioso russo, Vinográdov,

identificou 38 elementos químicos pre-sentes nas plantas. Desse total, 34 ele-mentos, que também chamamos de nu-trientes minerais, são retirados da terra.

Quando nós, seres humanos e osoutros animais e demais seres vivos mi-croscópicos que não enxergamos se ali-mentam de plantas, seus frutos e suassementes, na verdade estamos comendoenergia do sol, os gases do ar e os gasese nutrientes minerais que estão na terra.

Por isso, a sabedoria indígena nosdiz: “somos luz, ar, água e terra”.

Sabemos que são as plantas queabsorvem e transformam a energia do solem Vida. Para colocarmos em prática a“arte de cultivar o sol”, lançamos mãodas plantas como principal meio para pro-mover a fertilidade natural da terra vivae fazer a agricultura ecológica.

Temos as plantas que nascem es-pontaneamente e as plantas que cultiva-mos. Todas elas devem ser aproveitadasna arte da agricultura ecológica.

Com nossa sabedoria, vamos apro-veitar com inteligência as plantas que nas-cem espontâneamente. Elas vêm por con-ta, sem trabalho e custos para nós.

Veja algumas informações impor-

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tantes de algumas plantas espontâneas,conforme nos ensina nossa mestre maior

em agricultura ecológica Ana MariaPrimavesi.

Nome da Planta O que as plantas indicam

Azedinha Solo argiloso, pH baixo, falta de cálcio e/ou molibdênio

Amendoim bravo Desequilíbrio de nitrogênio com cobre, ausência de molibdênio

Beldroega Solo bem-estruturado, com umidade e matéria orgânica

Capim arroz Solo sem oxigênio, com nutrientes reduzidos a substâncias tóxicas

Cabelo de porco Solo muito exausto, com nível de cálcio muito baixo

Capim amoroso/carrapicho Solo depauperado e muito duro, probre em cálcio

Caraguatá Planta de pastagem degradada e com húmos ácido

Carqueja Solos que retêm água estagnada na estação chuvosa, pobre em molibdênio

Caruru Presença de nitrogênio libre (matéria orgânica)

Cravo bravo Solo infestado de namatóides

Dente de leão Presença de boro

Fazendeiro/picão branco Solos cultivados com nitrogênio suficente , faltando cobre ou outro micronutrientes

Guanxuma Solo muito compactado

Língua de vaca Excesso de nitrogênio livre, terra fresca

Maria mole/nabo bravo Solo carante em boro e manganês

Mamona Solo arejado, deficnete em potássio

Nabiça/nabo bravo Solo carente em boro e manganês

Papuã/capim marmelada Solo com laje superficial e falta de zinco

Picão preto Solo de média fertilidade

Sambabaia Excesso de alumínio tóxico

Tiririca Solo ácido, adensados, mal drenados, e possível deficiência de magnésio

Urtiga Exesso de nitrogênio livre, carência de cobre

FONTE: adaptado de PRIMAVESI (1992)

Tabela 4 - Plantas indicadoras

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Plantas de cobertura da terra e adubação verdeBenefícios das plantas de cober-

tura do solo e adubação verde?

Servem para proteger a terra daerosão provocada pelas chuvas epelo vento e protege do excessode sol e da geada;

Regulam a temperatura, aumen-tam a infiltração e retenção deágua e mantém a umidade da ter-ra; Atrapalham a germinação dasplantas espontânea diminuindo ascapinas e roçadas; Fazem a fotossíntese fornecen-do matéria orgânica que alimen-ta os bichinhos do solo, e contri-buem na melhoria da fertilidadedo solo, tanto na reciclagem denutrientes minerais através dasraízes, como através da fixaçãobiológica de Nitrogênio, regene-rando solos degradados.

Aumenta o húmus da terra. A terrafica mais fofa e com maior re-serva de água e oxigênio;

Com o húmus a terra alimenta asplantas e os microorganismos quevivem na terra e que são muitoimportante como recicladores eliberadores de nutrientes para asplantas; Diminuem a quantidade dealúminio tóxico e a acidez no solomelhorando a liberação de nutri-entes minerais;

Muitas plantas podem ser utiliza-das como alimento para as pes-

soas ou como forrageiras paraalimentar os animais;

Produzem néctar e pólen que ser-vem de alimentos para abelhas eoutros insetos benéficos á agri-cultura.

Ensinamentos de Ana MariaPrimavesi na primeira e quarta Jor-nada de Agroecologia:

“Para melhorar um solo duro comlavração, nunca, é uma besteira. Máqui-na não melhora o solo. Pode romper masnão melhorar. Quem melhora o solo,simplemente é a Vida.”

“Matéria orgânica é para nutrir a Vidado Solo e não para nutrir as plantas.”

“No trópico, a base da produção éa Vida do Solo.”

Palavras de Sebastião Pinheiro naquarta Jornada de Agroecologia:

“A Pequena Agricultura precisa am-pliar a sua tecnologia: o Solo Vivo.”

A Natureza:Numa floresta brasileira, podemos

encontrar a produção de 30 a 50 tonela-das por hecatere por ano de materiascomo galhos, ramos, e folhas secas nasuperfície do solo, além das raízes no in-terior do solo. Todo esse material é usa-do como alimento por milhares de pe-quenos animais como grilos, lacraias, be-souros, cupins, formigas que tambémusam partes ainda verdes das plantas,colêmbulos, as minhocas, e muitos ou-tros animais que alcançamos ver a olho

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nú. Outros milhares de bichinhos que nãovemos, chamados de microorganismostambém atuam intensamente sobre essaspartes das plantas e finalmente transfor-mam tudo em húmus. Ao estar transfor-mada em húmus, toda a matéria orgâni-ca volta a adubar as plantas novamenteliberando os nutrientes minerais, a água,o gás carbônico e a energia em forma decalor. E assim, a Vida continua.

Em solos de floresta, pode ser en-contrado em apenas uma pequena colherde chá cheia de terra, de 100 a 200 mi-lhões de microorganismos. São bactéri-as, fungos, amebas, actinomicetos,váriosprotozoários, algas e tantos outras espé-cies. Formam apenas 0,05% do solo epesam aproximadamente de 1,6 a 5,7 to-neladas por hectare, considerando umtotal de 3.000 toneladas de terra agrícolapor hectare.

São pequenos mas se apresentamem milhares de espécies.

Multiplicam-se com rapidez espan-tosa, levando de 30 minutos a 2 horaspara criarem uma nova geração. Isso emdia dá de 12 a 48 gerações, o que os se-res humanos levariam de 300 a 1200 anospara conseguir.

As bactérias predominam em soloscom pouca acidez enquanto os fungos eos actinomicetos predominam em solosácidos.

Esses microorganismos estão dire-tamente relacionados com a diversidade

de plantas.Para termos a diversidade necessá-

ria de microorganismos faz-se necessá-rio termos ampla diversidade de plantas.

A Natureza se manifesta em umgrandioso consórcio de plantas e animais.

Por isso, nossas lavouras, nossaspastagens, nossos pomares, nossas hor-tas, devem ser organizadas em sistemasde consórcios.

Onde formos capazes, deveremosconsociar plantas cultivadas com as cria-ções.

Entendemos com este conhecimentoque a nutrição da Vida no planeta Terrapassa de fato pela capacidade das plan-tas captarem a energia do sol, a água,determinados gases do ar e os mineraisda terra e transformarem em alimentospara o ser humano, para outros animaise que finalmente ao irem produzindodejetos orgânicos ou morrerem serãotransformados em Húmus.

Na forma de Húmus, toda a matéiraorgânica voltará novamente a alimentara Vida.

Vemos então que para implantar aagricultura ecológica, teremos que tercomo prioridade o uso de plantas de adu-bação verde e cobertura do solo e todosos dejetos e resíduos orgânicos e promo-ver o máximo da sua transformação emHúmus para que alcancemos o sustentoda Vida.

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Muita gente quer plantar adubosverdes só que as sementes são caras. Aidéia é que o agricultor possa fazer a suaprópria semente de plantas de coberturada terra e adubo verde de inverno e ve-

Cooperação para a Vida:rão. A melhor maneira é organizar estetrabalho em grupos de famílias.

Várias famílias já estão utilizandoessas plantas e a cada ano que passa fi-cam surpresas com as melhorias de suasterras.

Adubos verdes de invernoAVEIA PRETA: serve para fazer

plantio direto do feijão e soja. Pode serplantada de março a julho. É ótimaforrageira para os animais. Para pasto oupara produção de sementes semear 50quilos de semente por hectare. A colheitaé feita em novembro, rendendo 500 a1000 quilos de sementes por hectare. Paraadubação verde, usar 60 quilos por hec-tare, e para plantio direto, usar 80 quilospor hectare. É uma excelente planta parasemear em consórcio com ervilhaca, er-vilha forrageira, e outras plantas.

AVEIA BRANCA: serve para fa-zer plantio direto de feijão e soja. É ex-celente para alimentação dos animais,sendo especial para os cavalos. A aveiabranca é um valioso alimento para o serhumano. Pode ser semeada de março ajulho, 75 quilos de semente por hectare.O rendimento médio é de 800 quilos porhectare podendo produzir mais 2.000quilos. Para adubação verde, semear 90quilos por hectare. A aveia branca apre-senta problemas quanto ao ataque de fer-rugem. Quando esta ocorrer, se fará ne-cessário pulverizar com caldasulfocálcica.

CENTEIO: é uma planta bastanterústica, resistente ao frio intenso e às pra-gas e doenças. Vai bem em terras maisfracas. É excelente como adubo verde oucobertura de solo para plantio direto defeijão, soja e cebola. Para plantio diretode cebola, deve ser semeado no início demarço. Misturado com ervilhaca ou ervi-lha forrageira, apresentam grande produ-ção de matéria seca. É muito bom comoforrageira e na alimentação humana. Oplantio deve ser feito de junho a julho,usando 60 quilos de sementes por hecta-re. A colheita é feita em novembro e orendimento é de 800 a 1.500 quilos desemente por hectare. Para adubação ver-de ou cobertura de solo em plantio dire-to, semear de março a julho, usando 80quilos de semente por hectare. Para se-mear em mistura, para um hectare, usar60 quilos de semente de centeio e 30 qui-los de ervilhaca comum, ou substituir aervilhaca, usando 45 quilos de ervilhaforrageira.

TRITICALE: é uma planta resul-tante do cruzamento do centeio com otrigo. O triticale é resistente as doenças eao frio, e vai bem em terra fraca. Pode

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ser usado como substituto do trigo emtodos os tipos de alimento humano. Éexcelente para alimentação animal, sen-do ótimo substituto do milho nas rações.Usar como adubo verde para feijão ousoja. O plantio é feito de junho a julho,usando 70 quilos de semente por hecta-re. A colheita é feita em novembro e orendimento é de 1.200 quilos de semen-tes por hectare. Para uso como aduboverde, semear de março a julho, usando85 quilos de semente por hectare. É umaexcelente planta para semear em consór-cio com ervilhaca, ervilha forrageira, eoutras plantas.

AZEVÉM: é uma planta rústica,que alcança excelente cobertura do solo,sufocando os inços. Tem forte impactono controle do papuã e do feno pé degalinha. Possui elevada resistência à gea-da. É xcelente com adubo verde ou co-bertura do solo para cultivo mínimo ouplantio direto para feijão ou soja. Nãodeve ser usado para o milho, pois afeta agerminação desta cultura com substânci-as que elimina no solo. Tem denso e po-tente sistema de raízes. É uma excelenteforragem, podendo ser semeado em con-sórcio com serradela, trevos, alfafa,ervilhacas, cornichão ou outras forragens.Deixado sementear, voltará a germinar nopróximo ano a patir do outono. Sua se-meadura para forragem ou adubação ver-de deve ser de março a maio, e para pro-dução de sementes pode ser de maio ajulho. Pode ser semeado a lanço ou emlinhas com espaçamento de 20 centíme-tros. Para semear como adubo verde ouforragem em cultivo solteiro, usar 25 a30 quilos de sementes por hectare e de

15 a 17 quilos quando for semeado emconsórcio. Produz em média de 500 a600 quilos de sementes podendo chegara 1.000 quilos por hectare.

ERVILHACA COMUM: tambémconhecida com VICA, é uma planta ex-celente para semear antes do milho, dabatatinha, e nas áreas de cultivo de hor-taliças. É ótima para alimentar os animais,principalmente vacas em lactação É umaplanta exigente que se desenvolve me-lhor em terra boa. Para produzir semen-te, deve-se plantar de abril a junho, depreferência numa área onde tenha canade milho para que a ervilhaca tenha ondetrepar. Usar 40 quilos de sementes porhectare. A colheita é feita em novembro,e produz 600 quilos de sementes por hec-tare. Para produzir melhor, a ervilhacaprecisa trepar em outra planta. Pode serem área com cana de milho, ou misturarcom outros adubos verdes. Para um hec-tare, semear 33 quilos de ervilhaca mis-turada com um dos adubos verdes, con-forme segue: 25 quilos de aveia branca,ou 20 quilos de aveia preta, ou 4 quilosde nabo, ou 25 quilos de tremoço azul.Para uso como adubo verde ou cobertu-ra de solo em cultivo mínimo ou plantiodireto, semear de março a junho, usando50 quilos de semente por hectare.

ERVILHACA PELUDA: essaervilhaca tem o crescimento rápido co-brindo o solo e sufocando os inços. Vaibem em terra fraca, tolerando solos áci-dos e com presença de alúmino tóxico. Éexcelente para semear antes do milho, dabatatinha e nas áreas de cultivo de horta-liças. É excelente para cobertura do solo

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para cultivo mínimo ou plantio direto.Planta-se na mesma época que a ervilhacacomum. Também é uma excelente forra-gem. Para produzir melhor, a ervilhacapeluda precisa trepar em outra planta.Pode ser em área com cana de milho, oumisturar com outros adubos verdes. Paraum hectare, semear 18 quilos de ervilhacapeluda misturada com um dos adubosverdes, conforme segue: 4 quilos de nabo,ou 25 quilos de tremoço azul. Para usocomo adubo verde ou cobertura de soloem plantio direto, semear de março a ju-nho, usando 30 quilos de semente porhectare.

ERVILHA FORRAGEIRA: podeser usada como forrageira, como cober-tura do solo para cultivo mínimo ou plan-tio direto de milho, e os grãos podem serusados na alimentação humana. É exce-lente para semear antes do milho, dabatatinha, e nas áreas de cultivo de hor-taliças. A ervilha forrageira se desenvol-ve mais rápido, tem o ciclo mais curtoque as ervilhacas comum e peluda. Per-mite assim entrar com o cultivo de verãomais cedo. Sua palhada é mais resistenteque a palhada das ervilhacas, protegendoo solo por mais tempo. Exige solos maisférteis. Dependendo das condições climá-ticas, sofre forte ataque de fungos. O plan-tio é feito de março a julho, usando 40quilos de sementes por hectare. A colhei-ta é feita em outubro e novembro e ren-de 830 quilos de sementes por hectare.Pra produzir melhor, a ervilha forrageiraprecisa trepar em outra planta. Pode serna cana do milho. Para um hectare, mis-turar 30 quilos de semente de ervilha com:25 quilos de aveia branca, ou 20 quilos

de aveia preta, ou 4 quilos de nabo, ou25 quilos de tremoço azul. Para aduba-ção verde ou cobertura de solo em culti-vo mínimo ou plantio direto, semear 60quilos por hectare.

ESPÉRGULA: também conhecidacom GORGA, é uma planta que crescemuito rápido, podendo cobrir totalmenteo solo já aos 40 dias. A partir dos 60 diascomeça a florescer e produzir sementes.As sementes podem durar até 5 anos naterra. Pode ser usada como adubo verdeou cobertura do solo para cultivo míni-mo ou plantio direto para o feijão, o mi-lho, o arroz e para as hortaliças em geral,e melancia, melão, abóboras e outrasplantas de cipó. É excelente para alimen-tar os animais, com alto teor de proteína,sendo muito apreciada por bovinos, ovi-nos, suínos, e aves, enquanto que oseqüinos não a apreciam. É muito boa parase fazer feno. Vacas em lactação tem suaprodução aumentada quando recebemespérgula como forragem verde ou feno.Resiste bem as geadas e vai bem em ter-ras fracas. Para produção de sementes,planta-se de maio a julho, usando 10 qui-los de sementes por hectare. A colheita éfeita no final de setembro, com uma pro-dução de 200 quilos por hectare. Parauso como adubo verde, semear 20 quilosde semente por hectare. É uma excelenteplanta para consorciar com aveia preta,centeio, ervilhacas e ervilha, nabo,tremoço e outras plantas.

NABO: serve de adubo verde paramilho, feijão, arroz soja e para as hortali-ças em geral. As folhas e as raízes ser-vem de um bom alimento para os suínos

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e os bovinos. Quando é novo, pode-seusar como salada. Resiste bem às geadase à seca e não é muito exigente em solos.O nabo cruza muito facilmente com anabiça, também conhecida como mostar-da. Por isso, o campo de semente deveestar no mínimo a 1.000 metros de dis-tância dos lugares onde tenha nabiça. Oplantio é feito de maio a junho usando 5quilos de semente por hectare. Se plan-tar em junho, a colheita será feita emoutubro. A produção média é de 500 qui-los de semente por hectare. Parabeneficiamento das sementes comtriturador de grãos, deve-se retirar duasfacas, trabalhar com baixa rotação e arfechado. As sementes sairão com bastanteimpureza, podendo ser armazenadas eposterirmente semeadas assim mesmo. Sefor usar trilhadeira, a primeira trilha sai-rá quase somente bainhas. Em seguidasestas devem ser deixadas ao sol para se-carem o máximo possível, e então deve-rão ser trilhadas novamente. Para adu-bação verde, semear de março a junho,usando 10 quilos de semente por hecta-re. É uma excelente planta para consor-ciar com aveia preta, centeio, ervilhacase ervilha, e outras plantas.

TREMOÇO AZUL: serve de adu-bação verde ou cobertura do solo em cul-tivo mínimo ou plantio direto principal-mente para o milho. É muito bom parapreparar terras para hortaliças. Agüentabem o frio, sendo um dos adubos verdesmais resistentes a geada. Tem bom de-senvolvimento em qualquer tipo de ter-ra, desde que não seja encharcada. Plan-ta-se de maio a julho, usando 50 quilosde semente por hectare. A colheita é feita

em novembro e rende 1.200 quilos desemente por hectare. É preciso fazer acolheita tão logo o tremoço esteja com abainha seca, pois ela se abre com muitafacilidade, o que pode acarretar perdatotal da produção. É uma excelente plan-ta para consorciar com aveia preta, cen-teio, ervilhacas e ervilha, nabo e outrasplantas.

TREMOÇO BRANCO: serve paraadubação verde ou cobertura do solo paracultivo mínimo ou plantio direto de mi-lho. Para semente, fazer o plantio em áreaque não tinha feijão na safra de verão,porque a antracnose irá afetá-lo, poden-do ocasionar perda total, ou infectar suassementes. Semear de maio a junho, usan-do 70 quilos por hectare. A colheita é fei-ta em novembro. A produção média é de1.700 quilos por hectare. Para adubaçãoverde, semear de março a junho, usando85 quilos por hectare. É uma excelenteplanta para consorciar com aveia preta,centeio, ervilhacas e ervilha, nabo e ou-tras plantas.

CHÍCHARO: é um adubo verdepara milho, hortaliças em geral ebatatinha. É especial para o plantio dire-to de milho. Exige terra fértil. Sua palhadaé mais resistente que das ervilhacas, pro-tegendo o solo por mais tempo, e exer-cendo ótimo impedimento para a germi-nação das plantas espontâneas, como ofeno, o papuã, entre outras. Serve tam-bém para pastagem verde de preferênciaconsorciada com aveia preta, e dá parafazer feno. É resistente a seca e ao frio.Não vai bem em solos encharcados. Asemeadura vai de maio a junho, semean-

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do na base de 70 quilos por hectare. Amaturação das sementes é desuniforme.Fazer a colheita quando pelo menos 50%das vagens estiverem maduras. Produzem média 850 quilos de sementes porhectare. Pra produzir melhor, o chícharoprecisa trepar em outra planta. Pode sercana de milho, ou misturar com outrosadubos verdes. Para um hectare, semear60 quilos de chícharo com: 25 quilos deaveia branca, ou 20 quilos de aveia pre-ta, ou 4 quilos de nabo, ou 25 quilos detremoço azul.

GIRASSOL: tem raizes que atin-gem camadas profundas do solo, forman-do ainda intensa cabeleira de raízes, e seucaule pode atingir até 3 metros de altura.Tem ampla utilidade. O óleo é o seu prin-cipal produto, com elevado valor alimen-tício. A torta é rica em proteína, muitoboa para os animais. Quando está verdeou seco, pode ser utilizado como forra-gem ou ensilada. Como adubação verde,é muito eficiente na reciclagem de nutri-entes minerais e contribue no controle demuitos inços. Também é melífera alimen-tando grande diversidade de insetos, e éornamental, promovendo oembelezamento da paisagem. Suas se-mentes são de excelente valor nutritivopara uso humano e para os animais. Podeser usada diretamente ou em mistura nacomposição de ração caseira. É umaplanta que adapta-se em diferentes am-bientes, tolerando ao frio e temperaturaselevadas. Há registros de que tolera até 5graus negativos até os 40 dias da germi-nação, no entanto estando com 6 a8 fo-lhas ou ao início do florescimento sofrequeimaduras com geadas fracas poden-

do ocorrer sua morte. É resitente à secaquando cultivado em solos profundos enão compactados. Apesar de extrair até300 quilos de potássio do solo, não é con-siderado esgotante do solo, pois a maiorparte deste nutriente éstá contido nas fo-lhas e hastes, as quais permanecem nocampo após a colheita. É resistente a aci-dez e ao alumínio tóxico em niveis mo-derados. No Paraná, recomenda-se oplantio entre o final de setembro e finalde novembro para as regiões mais quen-tes e início de outubro e final de novem-bro para a região Centro-Sul. Pode aindaser plantado de janeiro a março comoopção após culturas de verão. Tambémpode ser plantado no meio do milho.Como adubo verde pode ser consorcia-do com mucuna cinza ou preta, o quegarantirá elevada produção de matériaorgânica. Para adubação verde, pode sersemeado a lanço ou em covas ou linhacom 4 plantas por metro corrido, eespaçamento de 70 centímetros para cul-tivares precoces e 80 centímetros paraas cultivares de ciclo médio e tardio. Seránecessário de 4 a 6 quilos de sementespor hectare. No plantio para adubaçãoverde, semear preferencialmente no ou-tono, entre fevereiro e abril ou no finaldo inverno, entre agosto e setembro,usando 30 a 50 quilos de sementes porhectare. Em semeadura em linha, redu-zir o espaçamento para 40 centímetros.Pode sofre danos por insetos mas o prin-cipal problema são as várias doenças quecausam danos maiores. Por isso deve serevitado seu cultivo mais de uma vez namesma área em tempo curto, bem comoevitar que o período de florescimento eenchimento de grãos se dê em épocas de

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elevadas chuvas. Seu manejo como adu-bo verde com rolo faca ou roçadeira, sedá ao redor de 70 a 120 dias quando asplantas poderão estar com 1,5 a 2 metrosde altura, antes do ponto de maturaçãodas sementes. A colheita deve ser feitaquando nos capítulos apresentar colora-ção castanha-clara e as sementes tiverem

passado do estado de grão leitoso paramaduro. Sua produção no Paraná temsido em torno de 3.500 quilos sementespor hectare para os plantios feitos na pri-mavera e de 1.750 quilos de sementespor hectare em plantios de final de verãoe início de outono.

CROTALÁRIA JUNCEA: ACrotalária Juncea cresce alto, podendo emterras férteis, ultrapassar quatro metrosde altura. Produz muita palhada e forne-ce muito nitrogênio para a terra. É umaplanta que produz muita raiz as quaisafrouxam a terra. É muito boa para usarno início da recuperação das terras, e temexcelente efeito no controle de vários ti-pos de nematóides que atacam as raízesde diferentes plantas cultivadas. É espe-cial para preparar a terra para plantio demilho, fornecendo grande quantidade denitrogênio, dispensando assim o uso deuréia ou outro fertilizante solúvelnitrogenado em cobertura. No centro-suldo Paraná, muitos agricultores tem se-meado a crotalária no meio do milho nomesmo dia do plantio do milho ou apóspassar a carpideira. Morre muito fácil comgeada É demorada para dar semente, eas bainhas vão madurando aos poucos.Em regioes de muita umidade no ar, épreciso colher quando 70% das bainhasestiverem secas, porque pode ocorrer altonível de boloramento das sementes. Asbainhas devem ser colocadas para secarem local bem ventilado. Nas regiões ondeocorre geadas a partir de abril, semear de

Adubos verdes de verão15 de setembro a 20 de outubro, e nasdemais regiões, semear de setembro amarço. Fazer a semeadura a lanço egradear. As sementes não podem ficarfundas Semear 20 quilos de semente porhectare. Produz em média 1.100kg desementes por hectare. A crotalária juncearebrota se não der geadas fortes. Paraadubação verde, semear de setembro afevereiro nas reigões onde ocorre geadas,estendendo até abril, nas demais regiões,usando 40 quilos de semente por hecta-re. Dá um excelente feno para os ani-mais. Pode ser usada para preparar ter-ras para o cultivo de milho, batatinha,mandioca, trigo, centeio, e hortaliças emgeral, e para semear nas entre linhas dasfrutíferas, como laranja, limão, poncã,pêssego, ameixa, maçã, uva, caqui, e tantaoutras, e do café e da erva mate, sendonecessário manejá-la com roçadeira ourolo faca, caso cresça exageradamente.No uso em horta, é muito boa para se-mear uma linha nas bordas dos canteirosde verduras folhosas, ou semear a lanço,deixando-a bem rala, no meio das covasde pepino, melancia, melão e abóbora,pois além do nitrogênio que fixa no solo,faz uma sombra que cria um micro clima

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muito favorável para as hortaliças. Temapresentado excelente resultado quandoé semeada em linha a cada três linhas debatata doce, promovendo aumento deprodutividade e de teor de açúcar.

FEIJÃO DE PORCO: Tem o cres-cimento viçoso e possui folhas graúdas,cobrindo o solo com rapidez. Vai muitobem em terras fracas e tolera certosombreamento. Tem raízes viçosas e for-nece muito nitrogênio para a terra. É apro-priado para plantar no meio do milho, nomesmo dia ou após passar a carpideira,dependo da quantidade e dos tipos deplantas que nascem na área. Morre mui-to fácil com geadas. Também poderebrotar quando não ocorrer geadas. Fa-zer o plantio de 15 de setembro a 30 deoutubro nas regiões onde ocorrem gea-das a partir de abril, e estender o plantioaté março, nas demais regiões. A semen-te é grande e não passa na matraca. Temque plantar com sengo ou semear em li-nha, ou a lanço. Deixar 80 cm entre li-nhas e 30 cm entre covas com duas se-mentes por cova. Para semear na linhacolocar 5 sementes por metro corrido.Usa-se 60 quilos de semente por hecta-re. Produz em média 1.000 kg de sementepor hectare. As bainhas são graúdas emaduram aos poucos. Fazer a colheitaquando a maioria das bainhas estiveremsecas, ou ir colhendo aos poucos. Mes-mo quando ocorrer geada na fase inicialde maturação, deve-se colher rapidamen-te as bainhas e deixá-las em local seco earejado para secarem. As sementes terãoaspecto enrugado, mas sua germinaçãonão chega a ser comprometida. Para be-neficiar as sementes com triturador de

grãos, as vagens devem estar bem secas,e trabalhar em baixa rotação, usando 2pentes lisos, 1 pente com dente curto e 1pente com dente longo. Para adubaçãoverde, gasta-se 145 quilos de semente porhectare. Para este fim, fazer o plantio de20 de setembro a fevereiro nas regiõesonde ocorrem geadas a partir de abril, ede início de setembro a março nas de-mais regiões. Pode ser usado para prepa-rar terras para o cultivo de milho, feijão,soja, arroz, batatinha, mandioca, trigo,centeio, e hortaliças em geral, e para sersemeada nas entre linhas das frutíferas,como laranja, limão, poncã, pêssego,ameixa, maçã, uva, caqui, e tanta outras,e do café e da erva mate.

GUANDU ANÃO: Tem cresci-mento arbustivo, podendo chegar a 1metro e meio de altura. Apresentasatisfatório desenvolvimento em terrasfracas, sendo muito útil na recuperaçãoinicial das terras. Morre muito fácil comgeada. O guandu rebrota se não der gea-das fortes. Suas raízes são excelentesescarificadoras do solo. Fornece muitonitrogênio para a terra, dispensando o usode uréia ou outros fertilizantes solúveispara o milho. Pode ser usado como for-ragem verde para criações ou misturadona silagem de milho. Como forragem, oscortes devem ser feitos a cada 90 dias ea 60 centímetros do solo. Para fenaçãoou silagem, deve ser cortado antes dafloração estando mais ou menos com 50centímetros de altura, e para forragemverde a pelo menos 10 centímetros dosolo. Pode proporcionar 3 a 4 cortes porano. Como silagem, deve compor 30%da mistura com milho, cana ou napier.

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Suas vagens podem ser trituradas para ogado, aumentando a produção de leite.Outra forma é ser plantado ao redor dacerca de galinheiros fornecendo sombrae produção de grãos que são consumidosavidamente pelas aves. As sementes po-dem ser usadas para preparo de rações.Para consumo humano, faz a vez do fei-jão e dá um bom virado cozido. Fazerplantio de 15 de setembro a 30 de outu-bro nas regiões onde ocorre geada emabril, e até dezembro, nas demais regi-ões. Pode ser semeado a lanço, plantadocom matraca ou com plantadeira. Commatraca, colocar 3 a 4 sementes por covacom espaçamento de 30 cm entre covas.Com plantadeira, colocar 10 a 12 semen-tes por metro corrido com 80 cm entreas linhas. Semear 10 quilos de sementespor hectare. Produz em média 1.500 kgde sementes por hectare. As vagens ma-duram aos poucos. Colher quando 70%das vagens estiverem secas. O Guandu émuito carunchador. Tem que armazenarcom capricho para não carunchar. Paraadubação verde, semear de 20 de setem-bro a 20 de fevereiro, nas regiões ondeocorrem geadas a partir de abri, e esten-der até 30 de março, nas demais regiões.Pode ser usado para preparar terras parao cultivo de milho, feijão, soja, arroz,batatinha, mandioca, trigo, centeio, e hor-taliças em geral, e para semear nas entrelinhas das frutíferas, como laranja, limão,poncã, pêssego, ameixa, maçã, uva,caqui, e tanta outras, e do café e da ervamate. Há outras espécies de Guandu quetem maior crescimento e vida mais lon-ga, apropriados para as regiões onde nãoocorrem geadas.

MILHETO: Também é conhecidocom o nome de pasto italiano. É muitousado como pastagem. Tem o crescimen-to muito rápido. É uma planta muito pre-coce. Produz muita palhada, sendo pró-prio para o preparo de terras para o culti-vo de feijão e cebola. No consórcio demilho e feijão, dá para semear o milhetono meio do milho após o arranquio dofeijão em janeiro. É excelente forrageira,possibilitando vários cortes de sua massaverde, que rebrota vigorosamente. Omelhor jeito é semear a lanço e incorpo-rar com gradagem leve. Pode ser planta-do de 20 de setembro a 30 de dezembro.Semear a lanço e incorporar comgradagem leve. Semear 3 quilos de se-mente por hectare. Rende em média1.500 kg de sementes por hectare. Tomecuidados porque as sementes são muitoperseguidas por passarinhos. Para adu-bação verde, semear de 20 de setembroaté 20 de janeiro, usando 8 quilos de se-mente por hectare. Pode ser usado parapreparar terras para o cultivo de milho,feijão, soja, arroz, batatinha, mandioca,trigo, centeio, e hortaliças em geral, e nasentre linhas das frutíferas, como laranja,limão, poncã, pêssego, ameixa, maçã,uva, caqui, e tanta outras, e do café e daerva mate. É escelente para semar emconsórcio com mucuna cinza ou preta.

MUCUNA CINZA: A mucuna cin-za é uma planta trepadeira, que emite lon-gos cipós, sufocando as outras plantas.Ela cobre muito bem a terra, dá muitapalhada, e na medida que suas folhas vãose desprendendo e caindo ao solo, esti-mula grande multiplicação de minhocas,

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que deixam o solo todo perfurado. For-nece muito nitrogênio para a terra. É exce-lente para milho e a cebola, servindo in-clusive como cobertura de solo em plan-tio direto. Serve como forragem e paramistura em silagem de milho. Ajuda mui-to a recuperar terras enfraquecidas. Émuito demorada para dar semente. Mor-re muito fácil com geada Deve sersemeada de 20 de setembro a 20 de ou-tubro nas regiões onde ocorre geadas apartir de abril, e estender-se até marçonas demais regiões. A mucuna produzmais sementes se ela tiver no que trepar,como cana de milho, ou nas bordas dascapoeiras. Faça o plantio com matracacom duas sementes por cova. Deixeespaçamento de 1 metro por 1 metro en-tre as covas, usando 20 quilos de semen-te por hectare. Em média rende 1.200kgde sementes por hectare. Os cachos debainhas devem secar no pé ou num es-trado ventilado. Mesmo quando ocorrergeada na fase inicial de maturação, deve-se colher rapidamente as bainhas e deixá-las em local seco e arejado para seca-rem. As sementes terão aspecto enruga-do, mas sua germinação não chega a sercomprometida. Para adubação verde, se-mear de 20 de setembro a 20 de feverei-ro nas regiões onde ocorre geada a partirde abril, estendendo o plantio até abrilnas demais regiões, usando 90 quilos desementes por hectare. Pode ser usadapara preparar terras para o cultivo de mi-lho, feijão, soja, arroz, batatinha, mandi-oca, trigo, centeio, e hortaliças em geral.Para semear nas entre linhas das frutífe-ras, como laranja, limão, poncã, pêsse-go, ameixa, maçã, uva, caqui, entre ou-tras, e do café e da erva mate, exige cons-

tantes manejos para evitar que trepe nasplantas e as sufoque. As mesmas infor-mações são válidas para a mucuna preta.

MUCUNA ANÃ: Esta mucuna nãodá cipó, tendo o crescimento determina-do, e de ciclo precoce. Tem folhas graúdasque protegem bem a terra. É mais exi-gente, desenvolvendo-se melhor em ter-ras de média a boa fertilidade natural.Fornece muito nitrogênio para a terra,sendo excelente para o milho, dispensan-do o uso de uréia ou outro fertilizantesolúvel de cobertura. Em áreas de baixapresença de plantas espontâneas, pode serplantada no meio do milho no mesmo diaou após passar a carpideira. Vai muitobem nas entre-linhas de mandioca. Mor-re muito fácil com geada. Pode sersemeada de 20 de setembro a 20 de de-zembro nas regiões onde ocorre geadas apartir de abril, estendendo-se até marçonas demais regiões. Plantar com matracacom duas sementes por cova, comespaçamento de 50 cm entre covas e 80cm entre linhas. No plantio em linha, usar4 sementes por metro. Usar 50 quilos desemente por hectare. Produz em média1.000 kg de sementes por hectare. Suasbainhas ficam tocando o chão, o que fa-cilita seu apodrecimento. Por segurança,faça a colheita quando as bainhas aindanão estiverem bem secas, colocando-asem local seco e ventilado para suamaturação final. Para adubação verde,semear de 20 de setembro a 30 de janei-ro nas regiões onde ocorre geada a partirde abril, e estender até março nas demaisregiões. Pode ser usada para preparar ter-ras para o cultivo de milho, feijão, soja,arroz, batatinha, mandioca, trigo, centeio,

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e hortaliças em geral, e para semear nasentre linhas das frutíferas, como laranja,limão, poncã, pêssego, ameixa, maçã,uva, caqui, e tanta outras, e do café e daerva mate.

TRIGO MOURISCO: Tambémconhecido com os nomes de TrigoSarraceno, Trigo Preto, Retka ou Grinka,o Trigo Mourisco é uma planta muito pre-coce e produz sementes com 70 a 90 dias.Vai bem em terras de fertilidade naturalmédia. Com sua precocidade, cobre o solorapidamente. Sua vigorosa florada é atra-tiva à grande diversidade de insetos, es-pecialmente as abelhas. É muito bom paracriações e para consumo humano. Suafarinha é de excelente qualidade nutritivapodendo substituir o trigo em muitas re-ceitas. Apesar do nome, não é um trigo,pois assim é chamado por causa da exce-lente qualidade da farinha. É possívelsemeá-lo duas vezes ao ano. As melho-res épocas de semeadura são de 10 a 30de outubro e de 10 a 30 de janeiro, usan-do 65 quilos de semente por hectare. Pro-duz em média 1.400kg de sementes porhectare. A maturação das sementes édesuniforme, o que muitas vezes acarre-ta perdas elevadas da produção devido aocorrência de chuvas na época da colhei-ta. Como prevenção, fazer a colheitaquando 70 a 80% das sementes estive-rem maduras. Pode ser usado para pre-parar terras para o cultivo de milho, fei-jão, soja, arroz, batatinha, mandioca, tri-go, centeio, e as hortaliças em geral, enas entre linhas das frutíferas, como la-ranja, limão, pokã, pêssego, ameixa,maçã, uva, caqui, e tanta outras, e docafé e da erva mate. Apresenta excelente

resultado, quando é semeado ralo entreas covas de pepino, melão, melancia eabóbora, promovendo um micro climafavorável para essas plantas da famíliasdas cucurbitáceas.

LEUCENA: é uma árvore de cli-ma tropical e subtropical, adpatada a re-giões de maior intensidade de chuvas oumesmo de pouca chuva, chegando a su-portar geadas fracas. Adapta-se aos dife-rentes tipos de solos, não tolerandoencharcamento e desenvolve-se mesmoem solos com certa acidez e presença dealúminio tóxico e baixa fertilidade quími-ca. É uma planta rústica, altamente pro-dutiva, com boa rebrota e elevada pro-dução de nitrogênio podendo chegar de400 a 1.00 quilos por hectare ao ano. Éuma excelente forrageira com 20 a 34%de proteína, tem elevado teor de carotenoque gera a vitamina A, podendo serfornecida para bovinos, ovinos, aves ecoelhos. É preciso fornecê-la em menorquantidade nos primeiros três dias para aadptação dos animais. O plantio pode serde setembro até dezembro. Pode sermanual ou mecânico ou por mudas emcovas. Pode ser a lanço ou linhas com1,5 metros entre linhas e 20 sementes pormetro corrido, sendo necessário 8 quilosde sementes por hectare. Para pastagem,pode ser plantada com 2 a 5 metros en-tre linhas com outros forrageiras nas en-tre-linhas. Também pode ser plantadasem fila dupla com espaçamento de ummetro e 5 metros de vão para outraforrageira. Seu uso é muito importantecomo adubadeira no cultivo ecológico decafé, oferecendo sombra e fornecendogrande quantidade de nitrogênio e outros

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nutrientes minerais e funcionando comoquebra-vento. Neste caso, sua poda deveser para conduzí-la para o crescimentovertical. Também pode ser usada em fai-xas espaçadas entre outros cultivos e serpodada periódicamente tendo seus ramose folhas depositados sobre o solo comoadubo verde. Produz muitas raízes, asquais alcaçam grandes profundidades nosolo, absorvendo água e nutrientes quede as demais plantas anuais não alcan-çam, enriquecendo ainda mais o solo nasua camada superior. Seu crescimentoinicial é lento, devendo ficar livre de com-petição de inços. Produz de 300 a 800quilos de sementes por hectare. Há dife-rentes variedades, sendo que algumasproduzem sementes em julho e agosto eoutras que produzem sementes o anotodo. Por volta do quinto mês de cresci-mento, estará com mais ou menos 1,5metro de altura, pode-se fazer a primeirapoda seja como pastejo direto ou cortepara silagem ou adubação verde. Comopastejo direto, cuidar para que não ultra-

passe a 20% da dieta alimentar dos ani-mais. A primeira poda deve ser a 5 centí-metros do solo, e cada novo corte deve-rá ser 5 centímetros acima do anterior.Os cortes deverão ser estabilizados a 50centímetros do solo. Quando isso ocor-rer, os ramos que crescerem abaixo des-te ponto não deverão ser cortados, paranão prejudicar a rebrota. Para alimenta-ção animal poderá ser cortada e distribu-ída no campo, sem desintegrar na basede 2,5 quilos por 100 quilos de peso vivo;triturada com cana ou napier na mesmadosagem; feito feno ficando com 13% deumidade, podendo ser guardada em reci-pientes bem fechados, podendo ser ofe-recida às criações misturada com canaou napier. Também pode ser feito silagem,cortando a Leucena pela manhã e ensiladacom milho, sorgo ou napier na propor-ção de 30% da mistura. Nas condiçõesparanaenses, tem produzido mais de 100toneladas por hectare ao ano de massaverde com três cortes.

Vários grupos de agricultores estãofazendo experiências com outros tipos deadubos verdes de inverno e de verão.Com essas experiências vamos descobrin-do outras plantas que aprovam nas dife-rentes regiões do Paraná. Para o inver-no, há muitos outros adubos verdes comoa Lentilha, Linhaça, Serradela, os Tre-vos Branco, Vermelho e Subterrâneo, oCornichão e o Girassol. Para o verão, hávárias Crotalárias como a Spectabilis,Mucronata, Paulina, Grantiana e

Adubos verdes de verãoBreviflora, o Feijão Mungo, o CudzuTropical, o Calopogônio, a Centrosema,o Feijão Bravo do Ceará, o Lab Lab, aSesbania, a Heritrinia e a Soja Perene.Estão sendo feitas também experiênciaspara ver as melhores formas de usar osadubos verdes, de acordo com a necessi-dade de cada cultivo. Tem experiênciasde semear no meio do milho ou do feijãoquando está madurando ou logo após acolheita do feijão. Já tem muitos resulta-dos positivos, e o uso dos adubos verdes

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vem aumentando ano a ano.

CULTIVO EM CONSÓRCIO:

Muitas experiências tem demonstra-do melhores resultados quando os adu-bos verdes são semeados misturados.Semeando as misturas, a recuperação dasterras é mais rápida. Por exemplo, no in-verno, misture aveia preta com ervilhacacomum, mais nabo, mais tremoço, maisespérgula; ou na falta de um desses, mudea mistura do jeito que for possível. Porisso, é muito importante a agricultora e oagricultor fazer suas experiências na suaprópria terra. Também é importante pro-curar conhecer outros tipos de adubosverdes. Existem muitos outros além dosque foram citados nesta revista. Mãos aobra e toque com capricho os trabalhosde produção de sementes dos adubosverdes na sua comunidade, procure par-ticipar dos dias de campo e dos cursossobre agricultura ecológica, e faça suaspróprias experiências, e com muita ale-gria, divulgue os resultados do seu traba-lho.

CULTIVO MÍNIMO:

O cultivo mínimo consiste em reali-zar o preparo do solo sem aração, fazen-do o plantio das culturas em sulcos, per-manecendo entre os mesmos uma cober-tura vegetal verde ou morta de algumaplanta de adubo verde. A cobertura ve-getal é parcialmente incorporada na ope-ração de sulcamento variando de 20 a40% desta, e o restante das plantas oucobertura morta é incorporada por oca-sião da capina, ou é mantida vegetando

até a produção de semente dos adubosverdes. Funciona muito bem para milho,sorgo ou outra cultura de porte alto, usan-do adubos verdes de porte baixo. Só dácerto em áreas com baixa presença deinços. Veja como fazer:

1 – Quando o adubo verde estiverem fase inicial de desenvolvimento - fa-zer plantio do milho ou outra cultura deporte alto, quando o adubo verde tiverrecém coberto todo o solo. Para este caso,deve ser usado adubos verdes de cresci-mento lento, como Serradela, Trevo En-carnado, Lentilha ou Espérgula. Os sul-cos devem ser largos, sendo o sistema deplantio do milho ou outra cultura com fi-las pareadas com 50 centímetros uma filada outra e 1,5 entre as filas pareadas. Estesistema permite plantar o milho maiscedo, e deixar o adubo verde produzirsuas sementes. Se for necessário, passeo cultivador do tipo arado fuçador ao ladoda fila dos cultivos. Pode ainda permitirintecalar com outro cultivo alimentar maistarde, como feijão, soja, girasso, ou mes-mo milho.

2 – Quando o adubo verde estiverem plena floração – deve ser feito complantas de porte baixo e que promovacobertura uniforme do solo. Para estefim, use a ervilhaca comum, a espérgula,a lentilha. Essas plantas de cobertura dosolo semeadas em abril e maio perimitemo plantio do milho em agosto e setem-bro, e os trevos encarnado e subterrâneoe a serradela que florescem mais tarde, oplantio do milho também será mais tar-de. Será necessário fazer o primeirosulacamento com arado fuçador de pálarga ou média, assim que as plantas decobertura tiver coberto todo o solo. A

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partir da plena floração, passar o fuçadorde pá largo ou média e em seguida fazero plantio do milho, da mandioca ou ou-tros cultivos. No caso da ervilhaca co-mum, chíraro e espérgula é necessárioesperar chegarem ao estágio de forma-ção das sementes, para que cessem ocrescimento e não sufoquem as lavou-ras. O uso da lentilha permite fazer osulcamento apenas uma vez.

3 – Plantio após colheita de cereaisde inverno – após a colheita dos grãos detrigo, triticale, aveias e centeio, perma-nece no solo boa cobertura morta, possi-bilitando o sulcamento com o fuçador eposterior plantio de milho, sorgo, giras-sol, e outras culturas solteiras ou consor-ciadas com feijão ou soja. Sendo neces-sário, faça a capina com cultivador.

4 – Plantio após o acamamento dasplantas de cobertura – uma forma é plan-tar a mucuna nas entre-lihas do milhoquando este tiver na fase de milho verde.Após a colheita do milho, a ocorrênciade geadas a mucuna vai acamar e secarnaturalmente. Onde não ocorre geadas,o acamamento deverá ser feito com re-petidas gradagens de disco. A s mucunaspodem ser substituídas por lab-lab, fei-jão-bravo-do-ceará, e outras espécies.Para espécies de inverno, o acamamentoserá feito com rolo faca. Cerca de 7 diasapós, quando a palhada estiver seca, seráfeito o sulcamento. Para aveia, centeio enabo forrageiro, o sulcamento será feitocom arado fuçador de pá larga ou pámédia. Para chíraro, ervilhaca, mucunase serradela, o sulcamento é realizado atra-vés de sulcador com disco de corte. Estaoperação fica mais fácil quando feita apóso meio dia, com sol, encontrando-se a

palha mais seca e quebradiça.

PLANTIO DIRETO:

Consiste em fazer o plantio semqualquer revolvimento do solo. Esta im-portante prática ainda é muito difícil deser aplicada em agricultura ecológica nasáreas onde ocorrem grande presença deinços. Portanto, sua aplicação dependede ser experimentada por cada família emáreas pequenas associadas ao trabalho dedesiçamento das áreas ao longo do tem-po. Nas áreas onde não há problema cominços, esta prática dever ser adotada, poisé uma excelente maneira de conservaçãodo solo, aumento da matéria orgânica ede humos, multiplicação dos bichos emicroorganismos do solo, e elevado con-trole da erosão da terra e melhor absor-ção da água das chuvas, mantendo a ter-ra sempre úmida e com temperaturas ade-quadas para as lavouras. Pode ser usadoa maioria dos adubos verdes apresenta-dos nesta cartilha, como plantas de co-bertura do solo. A s ervilhacas, ostremoços, as aveias, o centeio, o triticale,a espérgula, o nabo forrageiro, aserradela, e outras plantas de cobertura,apesentam boa germinaçãoao seremlançadas em solo úmido após a ocorrên-cia de chuvas dispensando o revolvimentodo solo. Caso a área esteja coberta cominços do verão, lance as sementes e pas-se a grade de pino ou disco de traçãoanimal ou a grade de disco com tratorestando bem aberta apenas para ciscar aárea. As mucunas, o feijão de porco, oguandu, as crotalárias também permitemeste tipo de operação, exigindo que agradagem atinja um pouco mais o solo.

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A utilização de pedras na agroecologiaO Brasil é muito rico em diferentes

tipos de rochas que podem ser usadas naagricultura. Elas estão distribuídas portodas as regiões do país.

A pedra mais usada na agricultura éaquela que dá origem ao Calcário.

Também se usa a Pedra rica em fós-foro, que chamamos de fosforita oufosfato natural. Nesta Pedra, também hácálcio e muitos outros nutrientes.

Para usar a Pedra, é preciso que elaseja trabalhada em britador e transfor-mada em pó.

O pó deve ter granulometria fina,média e mais grossa, para ir reagindo naterra e liberando os nutriente aos poucosao longo do tempo.

O pó de Pedra repõe muitos nutri-entes na terra, alimentando os bichos emicroorganismos e as plantas.

Como usar o Pó de Pedras na Agricultura Ecológica:Sabemos que a Pedra leva muitos

anos sendo desgastadas para formar aterra com seus nutrientes,.

Isso nos ensina que devemos usarpequenas quantidades de pó de rochasde cada vez.

Podemos dizer que o Pó de Pedrasé um tempero para regenerar e sustentara Vida da Terra.

Como no preparo da nossa alimen-tação, usamos vários temperos em pe-quenas quantidades para deixar nossacomida mais rica e saborosa.

Ninguém é louco de colocar todo osal ou a pimenta que gasta em um mêspara temperar a comida de um dia.

Da mesma forma, usamos um pou-co de Pó de Pedras de cada vez ao longodo tempo.

A quantidade de Pó de Pedras vaivariar de acordo com o tipo e situaçãoda terra em cada lugar.

Como orientação geral, podemos tercomo base as seguintes quantidades porhectare:

Para muitas situações, estas podem serplantadas com matraca, dispensando orevolvimento mínimo do solo. Para omanejo, será necessário o uso do rolofaca ou grade niveladora passada bemaberta.

Para o plantio das lavouras com ma-

traca, esta deverá ter uma das sua pontasum pouco mais cumprida para favorecero rompimento das palhadas. Há tambémplantadeiras de tração animal ou mecâni-ca especialmente para plantio direto. Acapina deverá ser de enxada ou arranquiomanual onde houver pouco inço.

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Tipo de Pó de Pedra Quantidade por hectare

Calcário 300 a 1000 kg

Fosforita 400 a 800 kg

Basalto 400 kg

Tabela 5 – Recomendações do uso de pó de rochas por hectare

Adubos e caldas:

Temos poucas experiências no uso de Fosforita, do Basalto e do Pó de outrasPedras no Brasil. É importante seguirmos identificando as melhores Pedras de cadaregião, e fazendo experiências para encontrarmos as melhores formas e quantidadesde usos na regeneração e manutenção da fertilidade natural da terra para a agricultura,a produção de forragens e florestas.

Todo mundo sabe que osagrotóxicos fazem mal para a natureza epara a saúde humana e dos animais.Quando usamos adubos naturais e cal-das para proteger e alimentar as plantas,queremos:

1. alimentos puros e saudáveis;2. evitar a contaminação da família

do agricultor e dos consumido-res;

3. manter o equilíbrio da natureza econservar a vida na terra, no ar ena água;

4. aumentar a resistência das lavou-ras e diminuir os custos de pro-dução;

5. atender a grande procura por ali-mentos sadios.

De modo geral, as pragas e doen-ças só atacam plantas fracas, ou cultiva-das em ambientes estranhos a sua ori-gem ou muito alterados pelo homem ou

por fenômenos naturais.Mesmo tomando todo tipo de cui-

dado no preparo da terra, podem apare-cer problemas temporários com o ataquede insetos, fungos e bactérias, causandosérios danos aos cultivos.

Isso pode acontecer por causa doexcesso de chuvas ou secas e tambémdevido ao uso de agrotóxicos nas lavou-ras vizinhas. As sementes de baixa quali-dade ou a terra desequilibrada podem tra-zer os mesmos problemas.

Nestes casos, a agricultora e o agri-cultor poderão fazer uso de adubos e cal-das que não prejudicam a terra, não con-taminam a água e não fazem nenhum malpara a saúde de quem trabalha na lavou-ra e de quem vai comer o alimento pro-duzido. A seguir, você conhecerá algunsadubos e caldas que já vem sendo usadopor milhares de agricultoras e agriculto-res familiares no Paraná, no Brasil e emmuitos outros países, a centenas de anos.

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Vida e SaúdeA Organização Mundial da Saúde, em seu relatório no início do

ano de 2000, atestou que para cada três doenças que existem nomundo, duas são provocadas por contaminação da comida e da água.É preciso produzir alimento saudável para proteger a vida.

Qualidade da águaÉ muito importante cuidar da quali-

dade da água para o preparo do adubofoliar caseiro e das caldas protetoras dasplantas. Como a fermentação é a basemais importante dos adubos foliares ca-seiros, para ocorrer, ela depende de águaboa e limpa.

Em primeiro lugar, não se pode usar

água tratada com cloro, nem água conta-minada por agrotóxicos. Esse tipo de águaprejudica a fermentação, porque mata osbichinhos, chamados de bactérias, querealizam a fermentação.

O bom mesmo é usar sempre águalimpa e pura, como a água de poço ou deolho d água.

Nutriçao da vida da terra e das plantasOutras fontes de nutrição para a

Vida da terra e para as plantas são o es-terco e a urina dos animais.

Em agricultura ecológica, é funda-mental que a agricultura e a pecuária es-tejam interligadas. Da lavoura se alimen-ta as criações, e o esterco e a urina voltacomo alimento para a Vida da terra e nu-trição das plantas.

Nada pode ser perdido ou desper-diçado.

Os estercos e urina das criações de-vem ser usados sem exagero.

O esterco de aves tem reação maisrápida no solo, depois vem o de suínos.Estes estercos sofrem a ação dosmicroorganismos liberando os nutrientesdisponíveis em poucos dias.

Estes estercos são mais concentra-dos em nitrogênio, fósforo e potássio.

Nutrem as plantas, mas contribuemmenos na estruturação da terra.

Os estercos de gado bovino, carnei-ro, cabrito, cavalo e muar, contém boaconcentração de nitrogênio, fósforo epotássio, mas por serem ricos em celulo-se, os bichos da terra e os microorganis-mos levam mais tempo para fazer suadecomposição, liberando os nutrientes deforma mais lenta.

Por terem mais celulose contribuemmais na estruturação da terra, por alimen-tarem maior diversidade de bichos emicroorganismos, que vivem na terra tor-nando-a mais cheia de galerias, poros eformando o que chamamos de agregados.

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Sugestão para o Aproveitamento do Esterco e da Urina:1 – Na estrebaria deve-se forrar o

chão ou o piso com palhas ou serragem,na quantidade de 5 quilos por cabeça ani-mal. Este material vai absorver a urinajunto com o esterco, que em seguida po-derá ser transportado para o monte defermentação.

2 – No chiqueiro, ao invés de pisode alvenaria ou de madeira, cave toda aárea e deixe com 50 centímetros de pro-fundidade e preencha com palha ou ser-

ragem. Os suínos serão criados sobre estematerial. Sua urina e esterco vão sendoabsorvidos pelo material. Depois de cer-to tempo, retire todo o material e leve aomonte para concluir a fermentação. Emseguida, preencha a vala novamente. Ossuínos ao fuçarem favorecem afementação do material produzindo ex-celente composto. Este esquema evita omal cheiro e a proliferação de moscas.

Uso do Esterco e da Urina na Agricultura EcológicaO esterco e a urina podem ser usa-

dos na forma de composto sólido oubiofertilizante líquido.

O esterco pode ser usado ainda fres-co sobre palhadas mortas ou em área complantas expontâneas ou adubos verdes.

A urina também pode ser usada mpulverização.

Veremos a seguir várias formas depreparação de composto e biofertilizantee as orientações de uso.

Esterco:A forma mais fácil é usar o esterco

fresco diretamente na terra de cultivo.Isso só deve ser praticado em regi-

ões onde ocorrem temperaturas altas ounas épocas mais quentes nas regiões ondeocorrem temperaturas baixas. Outra ob-servação importante é que seja em terracom boa atividade de bichos emicroorganismos. Com o calor eles vãotrabalhar intensamente aproveitando me-lhor o esterco na produção do húmus.

Em terra enfraquecida e desgastada

não se deve distribuir esterco sem antester sido fermentado.

Sobre a urina, veja mais adiantecomo usar.

Como orientação geral, osbiofertilizantes podem ser pulverizadosnas covas, após o transplante das mu-das, no período de brotação e pré-floração, no desenvolvimento dos frutos,e épocas de choques de temperaturas decalor e frio, e após muita chuva ou emépocas de estiagem.

CompostoO composto orgânico é obtido a

partir de palhadas, restos de culturas, es-tercos, folhas, lixo doméstico orgânico eoutros materiais orgânicos.

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Como preparar:

A mistura de diversos materiais or-gânicos é mais recomendada.

Há materiais com menos nitrogênioe rico em carbono, como a casca do ar-roz, que levam muito tempo para fermen-tar e decompor.

Há outros materiais com mais ni-trogênio e pouco carbono, como certasfolhas verdes ou palhadas de ervilhaca emucuna.

Este material deverá ser mantidoúmido. Não pode encharcar porque aca-ba lavando e eliminando nutrientes alémde diminuir o oxigênio dificultando a fer-mentação.

O oxigênio é decisivo para a vida emultiplicação dos bichos e microorganis-mos que estarão fazendo a fermentaçãoe decomposição.

A transformação de todas essa ma-téria orgânica é feita por vários bichos emicroorganismos, como bactérias,

actinomicetos, fungos e protozoários, re-sultando em matéria orgânica maisdigerida e estabilizada.

Como fazer pilha do composto:

Fazer em área livre de enxurradas,aonde vai sendo depositado as camadasde material orgânico.

A primeira camada é com o materi-al mais difícil de decompor como palhadade milho, casca de arroz, palha de aveiaou centeio e outras.

Deve ter cerca de 30 centímetrosde altura.

A segunda camada é com o materi-al mais fácil de decompor como os ester-cos, folhas verdes, palha de ervilhaca oude feijão, e outras.

Deve ter cerca de 5 centímetros dealtura.

A terceira camada é feita com osmesmos materiais da primeira camada,tendo 30 centímetros de altura.

A quarta camada segue o mesmoesquema da segunda camada.

E assim deve ser feito até a última

camada.A última camada deve ser feita com

o material da primeira camada.Após fazer uma camada, esta de-

verá ser molhada, fazendo assim comtodas as camadas.

Não pode encharcar a ponto de es-correr água.

Se o material já vier misturado comono caso de cama de curral, cama de chi-queiro ou de aviário, a montagem dascamadas é feito para permitir molhar uni-formemente todo o material.

Em caso de materiais que assemtammuito e não permite a circulação do ar,recomenda-se colocar samambaias ougalhos de plantas de capoeira como asvassouras também conhecidas comotopixavas ou alecrim do campo.

Coloque este material intercalandocom as camadas de palhadas e esterco.

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Com este cuidado, é possível evitaro revolvimento do monte, economizan-do o trabalho.

O composto também pode ser enri-quecido com adubos minerais como a cin-za de lenha, o calcário, o fosfato natural,o pó de basalto ou outra rocha muída.

A cada camada de palha e esterco,deve ser polvilhado os adubos minerais.

Usar na base de 10 quilos de mine-rais por metro cúbico de pilha do com-posto.

Cuidado porque o uso em excesso des-ses adubos vai prejudicar a fermentação.

Sobre a última camada de palha érecomendado polvilhar uma camada finade fosfato natural, o que vai diminuir aperda de nitrogênio do composto.

Para evitar o trabalho de revirar ocomposto é preciso caprichar na monta-gem da pilha.

Caso o composto comece esquen-tar demais haverá perda deo nitrogênio eserá necessário revolvê-lo.

Isso dá muito trabalho, de modo que

é melhor caprichar o máximo na cons-trução da pilha.

Tamanho da pilha:A primeira camada dever ter cerca

de 1 metro e meio de largura, e o com-primento será determinado pela quanti-dade de material disponível.

A altura deverá ser no máximo de 2metros.

Uso:Quando a fermentação se estabili-

zar o monte vai esfriar totalmente e to-dos os materiais estarão de tal forma mis-turados e decompostos que não será maispossível identificá-los isoladamente.

O composto terá bom cheiro e coruniforme.

Seu uso deverá ser na quantidadede 1 a 2 quilos por metro quadrado.

Deverá ser colocado na superfícieda terra.

Nunca enterre o composto.No máximo deve ser misturado com

a camada da superfície da terra na faixados primeiros 5 centímetros.

Os agricultores que fazem parte doGrupo Alimentos para a Vida , das co-munidades Arroio da Cruz e Terra Ver-melha, no município de São Mateus doSul, a partir do adubo BOKASHI, de-senvolveram um adubo organomineralque batizaram de ADUBO DA INDE-PENDÊNCIA.

O BOKASHI, foi desenvolvido pelaAssociação Mokiti Okada.

Esse grupo testou a experiência ecomeçou a divulgar os resultados para

O adubo da Independênciaoutras comunidades.

Hoje o Adubo da Independência estásendo fabricado por milhares de famíliasem muitas comunidades da região cen-tro-sul do Paraná.

O interessante é que, em cada co-munidade, os agricultores usam os pro-dutos que existem na propriedade, paraevitar gastos. E assim, a fórmula vai semodificando, mas os resultados de pro-dução continuam sendo positivos. Vejamo que eles estão usando:

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• 500 KG de TERRA DE BAR-RANCO (sem gordura)

• 3 sacos de CAMA DE AVIÁRIOPENEIRADA

• 2 sacos de ESTERCO DE POR-CO

• 2 sacos de ESTERCO DE GALI-NHA

• 2 sacos de ESTERCO DE GADO• 3 sacos de ESTERCO DE OVE-

LHA• 200 kg de FEIJÃO PARTIDO• 30 kg de FARELO DE TRIGO• 50 kg de FOSFATO NATURAL• 50 kg de FARINHA DE OSTRA• 30 kg de CALCÁRIO• 20 kg de FUBÁ DE MILHO• 5 kg de BATATA DOCE• 2 kg de MEL ou 3 kg de MELA-

ÇO DE CANA ou 3 kg deAÇUCAR AMARELO (açúcarmascavo)

• 2 litros de INOCULANTE NA-TURAL

A independência dos agricultores

Cada agricultor deve pesquisar eadaptar os ingredientes, de acordo comaquilo que existe na sua propriedade.

Alguns produtos podem ser substi-tuídos ou aumentados.

E outros podem ser retirados, comoé o caso da cama de aviário e do estercode porco de granja, por causa dos antibi-óticos e dos hormônios da ração.

Essa liberdade de adaptar e modifi-car é que garante a independência.

Se for utilizar somente esterco defrango, colocar 170 quilos, porém se a

cama de aviário for de apenas um lote defrango, é preciso aumentar essa quanti-dade.

Se usar apenas esterco de gado, ecaso esteja muito úmido, utilize 500 qui-los.

Caso use somente esterco de car-neiro, colocar 300 quilos.

Quanto mais frescos forem os es-tercos, melhor para o preparo do ADU-BO DA INDEPENDÊNCIA.

Modo de preparar:1° PASSO - Reunir os ingredientes

necessários no local onde será fabricado,de preferência longe de casa, devido aocheiro forte nos primeiros dias de fermen-tação. É Bom escolher um lugar coberto,de chão batido. Em piso de cimento, temsido mais difícil o material secar, ou quan-do erra-se a quantidade de água, a fer-mentação fica totalmente prejudicada. OADUBO DA INDEPENDÊNCIA temque ficar protegido de chuvas e do sol,durante sua fabricação.

2° PASSO - Colocar a terra virgemespalhando-a na forma de uma camada.

3° PASSO - Cozinhar 3 kg de FA-RINHA DE MANDIOCA CRUA ou 5kg de BATATA DOCE RALADA, numavasilha com 20 litros de água, até formarum mingau grosso. No caso da BatataDoce, esmagar bem para fazer o min-gau. Deixar esfriar.

4° PASSO - Os grãos de feijão ououtro qualquer que for utilizado, deveráser triturado previamente. Distribuir to-dos os ingredientes sobre a camada deterra, fazendo camadas finas. Caprichepara que todos os ingredientes fiquem

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bem espalhados por toda a extensão dacamada de terra. Em seguida, com pá eenxada, misture os ingredientes, reviran-do com capricho para que todos os in-gredientes fiquem bem misturados. Paramisturar bem, faça o trabalho com todosos ingredientes secos.

5° PASSO - No mingau frio, acres-centar os 2 kg de MEL, ou os 3 kg deMELAÇO DE CANA, ou os 3 kg deAÇUCAR MASCAVO (açúcar amarelo).Mexer bem e acrescentar os 2 litros deINOCULANTE NATURAL, e mexernovamente.

6° PASSO - Despejar o mingau aospoucos distribuindo-o uniformementesobre os ingredientes já misturados. Emseguida, para umidecer a mistura, gasta-se aproximadamente 500 litros de água.Usar água sem cloro e livre de resíduostóxicos. A água deve ser colocada aospoucos, iniciando-se por uma das pontasda camada de ingredientes. Vá colocan-do a água e revirando a mistura de ingre-dientes, para que a umidade fique bemdistribuída. Isso é fundamental para a fer-mentação ocorrer corretamente. Cuidepara não enxarcar, pois o excesso de águavai impedir a fermentação. O ponto idealpode ser verificado espremendo-se umpunhado da mistura umidecida com asmãos. Deve-se formar uma bola sem ha-ver escorrimento pelos vãos dos dedos.

7° PASSO - Depois de tudo isso,amontoar um pouco, numa altura que nãopasse de 50 centímetros. O comprimento élivre, pois o que interfere na fermentação éa altura que o material ficar amontoado.

8° PASSO - O material amontoadovai entrar em fermentação, o que provo-cará aumento da temperatura, a qual não

deverá ultrapassar a 65 graus centígra-dos. É preciso verificar diariamente. Naprática, é só enfiar um pedaço de ferrono interior do monte, por um minuto, eao retirá-lo do monte, com a mão, verifi-car o quanto esquentou. Caso a tempe-ratura não permita segurá-lo, faz-se ne-cessário revirar todo o monte. Se estivermuito quente, convém colocar um pou-co de água enquanto estiver revirando omonte. Em geral se faz necessário fazer3 a 5 reviradas do monte. Nas regioesmais quentes, o adubo poderá ficar prontomais rápido 10 a 15 dias, enquanto nasregioes de temperaturas mais baixas, po-derá demora 15 a 30 dias.

9° PASSO - Após a fermentação oAdubo da Independência pode ser guar-dado em sacos ou num monte. Depoisde pronto, a umidade não deve passar de13 por cento. Caso esteja úmido, dá prasecar um pouco na sombra.

Inoculante naturalPode ser conseguido com os agri-

cultores ecologistas da sua região. Se in-forme no Sindicato dos TrabalhadoresRurais do seu Município, na CRESOL,ou nas Organizações não Governamen-tais atuantes na sua região.

Como multiplicar o Inoculante Na-tural Uma vez conseguido uma amostrado inoculante, você poderá multiplica-locontinuamente, da seguinte maneira:numa vasilha , coloque 1 litro doinoculante; 8 litros de água; e 1 litro demelado de cana, mel ou açúcar mascavo.Misture bem e deixe descansar por 3 dias,mantendo a vasilha sem tampar. Após essetempo, colocar o inoculante em outrosrecipientes, como garrafas de vidro ouplástico, tampar deixando a tampa sem

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lacrar totalmente, para que o ar da fer-mentação que ocorrer possa sair. Manteras garrafas armazenadas em local escuroe fresco.

Como usar o Adubo da Independência:O Adubo da Independência pode ser

usado em qualquer tipo de lavoura. Na

região centro-sul do Paraná, tem sido usa-do em lavouras de milho, feijão,batatinha, soja, pomares e hortaliças emgeral na dosagem de 1.000 quilos porhectare.

Este adubo pode ser distribuído commáquinas tração animal, tração mecâni-ca ou com a matraca. Para facilitar o usode máquinas, é bom passar o adubo de-pois de pronto no triturador e peneirar.

O melhor jeito de cuidar da quali-dade e da fertilidade natural da terra épreservar a vida que existe dentro dela.Zelando da vida dos animais que vivemna terra, como as minhocas, os corós eaquela grande quantidade de bichinhos,que a nossa vista não consegue enxergar,nós estamos cuidando da fertilidade dosolo.

As minhocas são muito importan-tes para melhorar a qualidade da terra etorná-la produtiva.

A minhoca é uma grande compa-nheira que o agricultor tem para adubar aterra sem nenhum gasto.

As minhocas trabalham dia e noitede graça na produção de húmus.

Com o húmus, a vida se multiplica.O húmus é um verdadeiro fermento paraa vida da terra.

Veja como fica a terra, com o tra-balho das minhocas:

5 vezes mais rica em nitrogênio2 vezes mais rica em cálcio2 vezes e meia mais rica em

magnésio7 vezes mais rica em fósforo pron-

to para as plantas usarem

Húmus de Minhoca11 vezes mais rico em potássioEste é o composto produzido pelas

minhocas.

Sabendo mais sobre as minhocas:Existem dois grupos de minhocas

que podem ser utilizadas com a finalida-de de produção controlada de húmus.

Elas podem ser reconhecidas pelacor, sendo as vermelhas e as acizentadas.

É mais comum o uso da minhocacaliforniana.

Ela tem boa capacidade de se ali-mentar de esterco ou outro material or-gânico fresco, produzindo o húmus maisrapidamente.

Cada minhoca é um verme machoe fêmea, chamado de hermafrodita.

Apesar disso a minhoca não fecun-da a si mesma.

Elas se acasalam no momento docruzamento. Colocam ovos na forma decasulo, que eclodem entre 20 e 30 dias,liberando até 20 vermes por casulo.

Em um mês já podem se reprodu-zir.

Possuem tempo de vida de 1 a 2anos.

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Elas soltam um líquido pela pele quegarante a estabilidade das paredes doscanais que abrem na terra.

Ao seguirem cavando, vão se ali-mentando tanto de restos de vegetaiscomo de animais do solo.

As partículas são engolidas e moí-das no tubo digestivo.

Se houver terra junto com a maté-ria orgânica, os grãos de areia irão ajudara triturar o alimento.

O esterco da minhoca também échamado de coprólitos.

É constituido de agregados de terrae matéria orgânica.

È mais rico em nutrientes que a ter-ra em que se encontra e por estar emestado mais avançado de decomposiçãoé mais facilmente assimilado pelas raízesdas plantas.

Como se faz um minhocário:Use materiais simples disponíveis

na propriedade.Basta fazer uma caixa no chão, cer-

cando com tábuas velhas ou varas paraescorar o esterco e demais mateirias or-gânicos que forem aproveitados.

As dimensões devem ser de no má-ximo 2 metros de largura por 40 centí-metros de altura.

O comprimento pode variar em dadisponibilidade de material orgânico.

Tem que ser protegido de enxurra-das e da chuva.

Para isto faça uma cobertura quepode ser de lona, palhas ou telha.

Para começar é oportuno prepararboas condições para as minhocas se re-produzirem.

No canteiro coloque no primeirometro do comprimento uma camada deesterco e molhe, seguido de outra cama-da com os outros restos vegetais verdesou secos e molhe também, e por últimocoloque a camada de palhada seca.

Espere alguns dias acontecer afementação e começar a esfriar e entãoespalhe as minhocas.

A cobertura de palha é importanteporque elas não gostam de luz e preci-sam se proteger da incidência direta daluz do sol.

Após 20 dias, comece a colocar maismatéria orgânica dando continuidade aocomprimento do canteiro.

Elas seguirão em frente em buscado alimento deixando para trás seu ester-co que usaremos nos cultivos.

Outro tipo de minhocário:Ao invés de canteiro, para peque-

nas quantidades pode ser feito ominhocário usando caixas empilhadas.

Com bambu, taquara ou qualqueroutro tipo de vara, faça caixas de modoque tenha frestos no fundo para permitira passagem das minhocas da caixa de cimapara a de baixo.

Encha todas as caixas com osmateirias orgânicos e empilhe com osmesmo cuidado e capricho que está ori-entado para o canteiro.

Empilhe as caixas e cubra a de cimacom palha para proteger da luz.

Mantenha em local coberto paraevitar o sol direto e a chuva.

As minhocas vão digerindo o mate-rial da caixa de cima quando comer tudovai passando para a debaixo.

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Ao aprontar o material da caixa decima, retire o húmus e preencha nova-mente com material novo e coloque comoa primeira caixa de baixo.

Assim sempre terá pequenas quan-tidades de húmus sendo produzido pelasminhocas.

Como usar:Quando estiver pronto, o húmus é

facilmente reconhecido por parecer comterra de floresta em seu aspecto e cheiro.

Para seu uso não precisa secar nem

peneirar, podendo ser levado a campomesmo que não esteja totalmente digeri-do pelas minhocas.

Pode ser usado na produção demudas em bandeija ou canteiros.

Em covas ou nas linhas de plantio,usar de duas a três toneladas por hecta-re. Pode ser usado para qualquer tipo delavoura.

Também pode ser usadao em frutí-feras colocando na terra na marca daprojeção da copa e fazendo incorpora-ção superficial a 5 centímetros de pro-fundidade.

Urina de vaca leiteiraNa estação Experimental da

PESAGRO, no município de Macaé, Riode Janeiro, foi desenvolvido pesquisas deuso agrícola da urina de vaca leiteira. Ospesquisadores descobriram que a urinade vaca em lactação produzia o efeito derecuperar plantas de abacaxi atacadas poruma doença chamada fusariose .

Essa doença quando ataca o abaca-xi causa perdas de até 70% da safra. To-dos os agrotóxicos testados não conse-guiram controlar a doença. Com o usoda urina de vaca leiteira numa lavoura deabacaxi atacada pela fusariose, eliminoua doença, ajudou a recuperar a plantação

e a produzir frutos com excelente padrãocomercial, e maior teor de açúcar.

Hoje a urina de vaca leiteira estásendo usada em diversas outras culturascom bastante sucesso. É que a urina devaca em lactação possui muitos nutrien-tes e outras substâncias necessárias parao bom desenvolvimento das plantas.

O resultado é que as plantas ficammais verdes, mais resistentes, se desen-volvem bem e a produção é melhor. Fun-ciona bem contra as doenças causadaspor fungos.

Na análise química feita da urina devaca leiteira, deu o seguinte resultado:

Nitrogênio 6.300 Potássio 27.100 Cálcio 140 Magnésio 226 Enxofre 1.140 Ferro 2,4

Urina de vaca Leiteira (em partes por milhão)

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Uma fábrica na PropriedadeEssa análise demonstrou que o agri-

cultor tem na propriedade um adubo foliarde excelente qualidade, pois a urina devaca leiteira tem grande parte do que umaplanta precisa para se desenvolver comsaúde. E o mais interessante é que estesuper adubo foliar não precisa ser com-prado.

A urina de vaca leiteira foi usadapara combater Vassoura de Brucha, umaterrível doença do cacau, que pode aca-bar com até 80% da produção.

O pesquisador Ricardo Gadelha ex-plica que a urina da vaca leiteira tem umasubstância chamada PIROCATENOL quefortalece a planta do cacaueiro. Mesmonão matando o fungo, a urina de vacanão deixa que a doença ataque os brotosdo cacaueiro. O pesquisador garante queesta descoberta vai ajuda no controle devárias doenças de outras plantas.

Outras vantagensA urina de vaca leiteira também está

sendo usada nas lavouras de café em vá-rios Estados do Brasil.

Foram feitos testes em plantaçõesde maracujá, coco, alface e outras horta-liças. Na região centro-sul do Paraná, osagricultores estão aplicando a urina devaca leiteira nas lavouras de feijão, soja,

batata, cebola , milho, tomate, melão emuitas outras plantas.

Descobriu-se que além de funcio-nar como adubo e protetor natural, a uri-na de vaca leiteira também favorece afloração de muitas plantas e pode ser usa-da no tratamento de frutos e tubérculosdepois da colheita.

Na análise de laboratório, descobriu-se que a urina de vaca leiteira contémuma substância chamada CATECOL, quequando oxida, vira Quinona, de açãofúngica, e não oxidando, aumenta o teorde fenóis, uma auto-defesa das plantas.

É ainda um excelente estimuladorpara o enraizamento de mudas de abaca-xi, por possuir o ácido indolacético se forutilizada molhando as mudas com solu-ção de 50% de urina de vaca e 50% deágua (meio a meio).

Veja quanto uma vaca produzUma vaca chega a produzir 3.650

litros de urina por ano. Baseando-se nes-ta quantia e na qualidade dos nutrientesessenciais que estão presentes na urinade vaca leiteira, podemos concluir o se-guinte:

No período de um ano, uma vacapode produzir 98 kg de Potássio, o quecorresponde a 163 kg de cloreto de po-tássio.

Manganês 0,1 Cobre 0,2 Zinco 0,1 Boro 44 Sódio 1.900 PH 7,6

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Coleta e preparoNormalmente, logo que a vaca en-

tra na estrebaria para ser tirado o leite,ela costuma urinar. Nesta hora é só colo-car um balde e recolher o precioso líqui-do. Alguns agricultores reclamam que avaca se assusta com o barulho da urinano balde e pára de urinar. Neste caso,convém colocar um pano no fundo dobalde para abafar o barulho.

Colocar a urina em garrafas plásti-cas bem limpas.

Fechar bem e guardar em lugar es-curo e fresco por 3 ou 4 dias.

Neste tempo a urina se transformaem amônia, ficando com a coloração bemescura.

Pode ser guardada por até 12 me-

ses se a garrafa ficar bem fechada, emlugar fresco e sem a presença de luz.

Modo de usarComo vimos, a urina de vaca leitei-

ra é um produto forte, por isso a dosedeve ser pequena, caso contrário vai cau-sar danos na lavoura.

Os agricultores usam meio litro deurina curtida misturada em 99,5 litros deágua para pulverizar as plantas na faseinicial de desenvolvimento, e um litro deurina em 99 litros de água, para as plan-tas mais desenvolvidas. Para pulverizarmudas nos canteiros, usa-se 50 mililitrosde urina curtida em 10 litros de água. Naslavouras e mudas, fazer pelo menos trêspulverizações ou mais conforme o caso.

Biofertilizantes - adubo foliar caseiroO importante é a fermentação.

Os biofertilizantes precisam receberalgum inoculante para estimular e ativara multiplicação dos microorganismos queestarão fazendo a fermentação.

A seguir apresentamos um tipo deinoculante fácil de fazer e que poderá serusado para ativar a ferementação de qual-quer tipo de biofertilizante de esterco.

Ingredientes:1 litro de água boa1 litro de esterco frescoMeio litro de leite cru ou pasteuriza-do250 ml ou 1 copo de suco de frutascomo laranja, ou mamão ou melan

cia ou de hortaliças como cenoura,repolho ou outras125 ml ou meio copo de melaço decana, açucar ou mel75 ml ou um quarto de copo de sul-fato de amônio1 colher de chá de fosfato natural1 colher de chá de cinza de lenha1 colher de chá de MB4 se tiver ouPó de Basalto

Modo de preparar:Misturar tudo e colocar num balde.Cobrir com um pano para evitar a

entrada de insetos e tampar com pláticopreto e deixar ao sol por 72 horas para

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acelerar a fermentação, e então estarápronto.

Como usar:Usar um litro do inoculante para a

fabricação de 200 litros de biofertilizante.A sobra de inoculante pode ser guardadaadicionando bastante melado para parali-sar a fementação ou guardar em freezer.

Há diferentes jeitos de fazer oSUPER-MAGRO. Vamos falar de um quedemora menos tempo para ficar pronto.Os ingredientes misturados fermentam ea fermentação provoca mudanças nosprodutos, permitindo que eles ajudem asplantas de forma direta. Com a fermen-tação surge vitaminas, enzimas ehormônios importantes para equilibrar aplanta, defendendo-a contra insetos,ácaros, fungos, bactérias e nematóides.Por causa da fermentação, criam-se ini-migos naturais contra pragas e doenças

Ingredientes:• 30 kg de esterco fresco de gado• 2 kg de Sulfato de Zinco*• 2 kg de Sulfato de Magnésio*• 300 gramas de Sulfato deManganês*• 300 gramas de Sulfato de Cobre*• 300 gramas de Sulfato de Ferro*• 50 gramas de Sulfato de Cobalto*• 100 gramas de Molibdato de Sódio*• 1 kg e meio de Bórax*• 2 kg de Cloreto de Cálcio*• 2 kg e 600 gramas de Fosfato Na-tural*• 1 kg e 300 gramas de cinza• 27 litros de leite (pode ser soro deleite)

Biofertilizante Super Magro:

• 18 litros de melado de cana (ou 36de caldo de cana)

Para fazer o SUPER-MAGRO,usando a fórmula acima, é preciso com-prar alguns ingredientes. Para baratear ébom fazer um pedido através de um gru-po ou Associação e Sindicato. Se váriasAssociações fizerem um só pedido emconjunto, o preço fica bem menor. Mui-tas organizações de trabalhadores e cam-poneses e algumas casas agropecuáriasjá vendem o kit com todos os ingredien-tes para uma dose.

Modo de fazer:• Primeiro, mistura-se todos os minerais.

Vai dar 12 kg e 450 gramas desta mis-tura.

• No dia 1 , num tambor de plástico de250 litros, colocar 30 litros de estercofresco de gado, 60 litros de água, 3 li-tros de leite e 2 litros de melado de cana.Misturar bem e deixar fermentar, semcontato com sol ou chuva.

• No dia 4, dia 7, dia 10, dia 13, dia16, dia 19, e dia 22, acrescentar notambor, 1 kg da mistura dos mineraisjunto com 3 litros de leite e 2 litros domelado, a cada vez. Assim, sucessiva-

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mente até o dia 25, quando se coloca oresto da mistura (1 kg e 950 gramas),mais 30 litros de água, 3 litros de leite e2 litros de melado.

• Cada vez que se acrescentar a misturade minerais, é preciso mexer bem o caldono tambor.

• Importante: No dia 10, em outro tam-bor, coloque 30 litros de esterco frescode gado, 60 litros de água, 3 litros deleite e 2 litros de melado. Misture beme deixe fermentar. Três dias depois des-peje essa mistura no outro tambor, ondeestá sendo preparado o adubo foliar.

• Devemos durante o processo observarse a fermentação está acontecendo. Sefor bem feito, o produto tem um cheiroagradável de melado e fica fácil de sercoado. Nas regiões de inverno rigoro-

so, a fermentação pode ser prejudica-da, por isso, prepare o Super Magronos meses quentes do ano.

• Para usar o Super Magro, espere 15dias após ter colocado a ultima vez amistura de minerais. O produto deveráser coado, senão entupirá o bico do pul-verizador. Todos os biofertilizantes aquiapresentados, podem ser guardados portempo indeterminado. Guarde em reci-piente de vidro, e não feche totalmen-te, deixando pequeno espaço para a sa-ída de gases, caso ocorra alguma fer-mentação.

• Importante Para usar em pesseguei-ro, não coloque o SULFATO DEZINCO nem o SULFATO DE CO-BRE no SUPER MAGRO.

O SUPER-MAGRO tem sido usado em diversas culturas.Observe os exemplos abaixo:

Cultura Dose

Beterraba 2 a 4 tratamentos – com 4 litros para cada 100 litros de água, durante o ciclo.

Tomate 8 a 10 tratamentos – com 5 litros para cada 100 litros de água, durante o ciclo.

Moranguinho 8 a 10 tratamento usando 3 litros para 100 litros de água, durante o ciclo.

Uva 4 a 8 tratamento, usando de 3 a 4 litros para 100 litros de água, variando conforme a época, a variedade a o ano.

Milho Pulverizar as sementes com uma mistura de 10 litros para 100 litros de água. Deixar as sementes para secar na sombra e efetuar o plantio normalmente.

Maçã de 10 a 15 tratamentos, usando de 3 a 5 litros para 100 litros de água, variando conforme a época, conforme a variedade e conforme o clima de cada ano.

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O SUPER-MAGRO é também co-nhecido como BIOFERTILIZANTE EN-RIQUECIDO e pode ser utilizado juntocom a CALDA SULFOCÁLCICA, prin-cipalmente quando queremos controlardoenças causadas por fungos.

O SUPER-MAGRO pode ser feitode outras formas.

Existem muitas outras possibilida-des de fazer o SUPER-MAGRO. Estaoutra sugestão de BIOFERTILIZANTEENRIQUECIDO é útil, principalmente,para regiões onde é difícil fazer a com-pra dos micronutrientes, ou o tipo de la-voura e o solo não tenham necessidadesde toda aquela lista de nutrientes. Dê umaolhada na fórmula abaixo e veja se é maisfácil para o seu caso.

Ingredientes:• 30 litros de esterco fresco de gado• 18 litros de leite. Ou 18 litros desoro de leite• 18 litros de caldo de cana. Ou 9litros de melado de cana• 7 kg de cinzas• 3 kg de farinha de osso ou ossotorrado e moído• 3 kg de Fosfato Natural• 3 kg de Calcário

Modo de fazer:Mistura-se bem a cinza, a farinha

Biofertilizante enriquecidode osso, o fosfato natural e o calcário.

Todos esses minerais juntos pesam16 quilos.

No 1 dia , em um tambor de plásti-co de 250 litros, colocar 30 litros de es-terco, 60 litros de água, 2 litros de leite e1 litro de melado de cana. Misturar beme deixar fermentar, sem contato com solou chuva.

Nos dias 4, dia 7, dia 10, dia 13,dia 16, dia 19, dia 22 e dia 25, num bal-de pequeno dissolver 2 kg da mistura com2 litros de leite e 1 litro de melado decana, e acrescentar no tambor com o cal-do que está fermentando. Misturar beme deixar fermentar sem contato com solou chuva.

Espera-se 10 dias e está pronto parausar.

Como usar:Uma recomendação geral para a

aplicação desse tipo de biofertilizante éusar em pulverização, 5 litros dobiofertilizante em 95 litros de água.

As agricultoras e os agricultores emtodas as regiões do Paraná estão usandodiferentes tipos de Biofertilizante. Cadatipo é aplicado de acordo com as neces-sidades e condições de cada região e decada família. Por isso, antes de fazer asua receita, converse com os vizinhos quejá experimentaram.

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Para a cultura da batatinha muitosagricultores tem usado a seguinte formu-lação:

Ingredientes:• 30 litros de esterco fresco de gado• 18 litros de leite ou 18 litros de sorode leite• 18 litros de caldo de cana. Ou 9litros de melado de cana.• 5 Kg de cinzas• 2 kg de farinha de osso ou ossotorrado e moído• 3 kg de fosfato natural

Fermentado BiotecnológicoEm um tambor plático ou caixa

dӇgua de fibro-cimento com capacida-de para 200 litros colocar:

Ingredientes:40 quilos de esterco bovino fresco120 litros de água5 litros de melaço de cana ou leite ousoro de leite sem sal

Deixar a sombra e tampar sem ve-dar totalmente para deixar que escape osgases da fermentação.

Adicionar uma vez por semena:4 colheres de sopa de Cálcio ou

Calcário Dolomítico mais 4 colheres dePó de Basalto bem moído.

Uma colher de chá de cada in-grediente listado abaixo:

Fosfato Natural, Bórax, Cloreto de

Ferro, Sulfato de Magnésio, Sulfato deCobre, Sulfato de Zinco, Sulfato deManganês.

Meia colher de chá de cada in-grediente listado abaixo:

Cloreto de Cobalto, Molibdato deSódio mais 10 gotas de sulução de Iôdoa 10%

O Iôdo pode ser comprado em far-mácia. Peça para informar em que por-centagem está o produto para diluir sefor o caso.

Em seguida misture tudo mexendobem e deixe fermentar por 20 ou 60 diasno verão, e 60 a 120 dias no inverno.

Usar para todo tipo de lavoura empulverizações na dosagem de 200ml ouum copo americano por 100 litros deágua.

Biofertilizante para Batatinha

• 3 kg de calcário• 3 kg de bórax• 1 kg de Sulfato de Manganês.

Como fazer:O jeito de fazer é o mesmo das for-

mulações apresentadas antes.

Como usar:Usar em pulverização, misturando

3 litros do biofertilizante em 97 litros deágua, a cada 10 dias.

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O Juca, produtor de moranguinhosem Porto Alegre, prepara uma outra mis-tura, num tambor de 200 litros. Ele usacomo medida uma lata de 20 litros

Ingredientes:• 1 lata de esterco fresco de gado• meia lata de esterco fresco de gali-nha• 2 latas de diferentes folhas verdes• 30 litros de leite ou 30 litros de sorode leite sem sal• 18 litros de garapa de cana ou 9litros de melado• 1 lata de cinzas de madeira• 5 kg de farinha de osso ou ossotorrado e moído

A fórmula do Juca

• 1 kg de farinha de conchas ou fari-nha de ostra• Cascas de ovo.

Modo de fazer:Misture todos os ingredientes, e co-

loque num tambor, em local que não pe-gue sol ou chuva.

Completar com água e mexer bem.Esperar de 10 a 15 dias e coar.

Como usar:Usar em pulverização misturando 2

litros e meio do biofertilizante em 97,5litros e meio de água.

Foi desenvolvido no Rio Grande doSul para servir de fortificante para maci-eiras, mas também pode ser usado paralaranjeira.

Em um recipiente para 200 litros oumais, colocar:

100 litros de água70 litros de esterco bovino fresco5 quilos de esterco fresco de gali-

nha1 quilo de açucar mascavo ou me-

lado de cana

Fórmula da Família Bernardi, de Ipê – RS para adubação de cobertura de Tomateiro:

Em seguida misture tudo de uma sóvez e deixe fermentar por uma semenaem local protegido do sol e da chuva.

Usar 50% do biofertilizante mais50% de água, colocando no solo com re-gador sem crivo, junto aos pés de toma-te.

Composto Líquido Enriquecido

Ingredientes:Para cada 50 litros de esterco bovi-no fresco, misturar:50 litros de água

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2 quilos de cal virgem3 litros de sulfato de zinco500 gramas de sulfato de magnésioque é o mesmo sal amargo1 pacote de cofermol que temcobalto, ferro e mobilidênio3 litros de leite fresco ou 10 litros desoro de leite sem sal

Misture tudo em um recipiente edeixe fermentar por 4 a 5 semanas e estápronto.

Usar em pulverização na dosagemde meio litro em 100 litros de água. Énecessário filtrar para não entupir os bi-cos do pulverizador.

Este composto líquido protege edefende contra a MOSCA DA FRUTA efortifica a planta e seus frutos.

Biofertilizante de plantasUma outra idéia é a de se fazer um

fermentado só com plantas, sem usar es-tercos. Pode ser feito em um tambor deplástico de 250 litros.

Ingredientes:50 kg de diferentes folhas verdes20 litros de leite ou 20 litros de sorode leite sem sal20 litros de garapa de cana ou 10litros de melado1 lata de 18 litros de cinza de lenha4 kg de osso torrado e moído (fari-nha de osso)Casca de ovo moída

Modo de fazer:Mistura a cinza e a farinha de osso.Colher as folhas de plantas que mais

aparecem na sua terra. Pode ser picão,guanxuma, mostarda, buva, papua, feno,leiteiro, erva quente, trapoeraba, e ou-tras.

Colocar as folhas num tambor deplástico.

No 1º dia , misturar a metade dosingredientes secos, mais as folhas e me-tade do leite e do caldo de cana, comple-tando com água.

No 7º dia , misturar o resto dos in-gredientes.

Mexer bem.Esperar de 10 a 20 dias, até que a

fermentação se estabilize.

Como usarComo usarComo usarComo usarComo usar:::::Usar em pulverização, misturando

2 a 5 litros do biofertilizante em 98 ou 95litros de água.

BiogeoO Biogeo é um composto

organomineral fermentado, que funcionacomo um tônico estimulante das plantas.Possui 80 elementos nutritivos e várias

enzimas. Esse fermentado aplicado nasfolhas das plantas, periodicamente, pro-duz o equilíbrio na planta, propiciandoseu desenvolvimento harmonioso e equi-

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librado garantindo a produção de alimen-tos saudáveis.

O Biogeo, ao propiciar a planta umdesenvolvimento harmonioso., confere-lhe e ativa mecanismos de defesa, me-lhorando gradativamente sua resistência.

Isto ocorre em função da ação si-multânea dos microrganismos que, alémde ativarem os mecanismos de defesa daplanta, potencializam-se na presença doscompostos orgânicos (aminoácidos,enzimas, co-enzimas, vitaminas,f’itormônios) que o Biogeo contém.

É importante que as aplicaçõesfoliares sejam constantes no inicio de seuuso, para vencer os bloqueios existentesnas plantas.

Ingredientes:70 litros de água mais 30 litros deesterco bovino fresco ou 80 litros deágua mais 20 litros de dejeto frescodo rúmem

Modo de preparo:Deve-se agitar bem o esterco com

a água, formando um caldo bem homo-gêneo. A fermentação inicia-se em apro-ximadamente, 72 horas, e a estabilizaçãose dá com aproximadamente 15 dias, e amaturação em aproximadamente 21 dias.

Outros ingredientes:

Para estimular a fermentação, é pre-ciso alimentar as bactérias. Para isso,pode-se usar: restos de culturas tritura-dos sem resíduos de agrotóxicos, soro deleite sem sal, manipueira, vinhaça, mela-ço, farinha de trigo ou de milho, bagaçode cana ou de laranja, semente ou cinzade plantas leguminosas como o feijão e osoja. Misture com o caldo de esterco, edeixe fermentando por 72 horas.

Após as 72 horas de fermentação,para enriquecer o fermentado com maiordiversidade de nutrientes, pode-se usar:MB 4, fosfato natural, cinza (pode blo-quear o fermentado), farinha de ostra,algas marinhas, calcário de conchas, póde xisto betuminoso ou pó de basalto (co-nhecido como pedra ferro).

Fazer o fermentado numa caixa dealvenaria ou um buraco no chão forradocom lona plástica. Cuide para que nãoentre enchurrada.

Colocar: 30% de esterco fresco70% de água sem tratamento com

cloroAcrescente os ingredientes

estimuladores da fermentação, conformeescrito anteriormente.

Deixe fermentando por 72 horas.

Sugestão de receita para 1.000 litros de fermentado:Após as 72 horas, acrescentar:500gramas de MB 4 ou Pó de

Basalto200 gramas de Fosfato natural5 quilos de Farinha de Ostra500g de Pó de Xisto. O pó de Xisto

deverá ser bem moído, ficando o maisfino possível.

2 quilos de Cinza de lenha. Colocarum pouco de cinza a cada dois dias, se nãoela eleva o PH e atrapalha a fermentação.

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Cuidado com o PH:O fermentado deverá ser mantido

com o PH entre 6,0 e 6,5.É necessário medir o PH a cada dois

dias. Para medir o PH, use o Papel Indi-cador de PH 0-14.

Se o PH estiver alto acima de 6,5,acrescente no caldo do fermentado, sucode limão, leite ou soro de leite sem sal.

Misture bem e faça nova medição,até que o PH fique entre 6,0 e 6,5.

Se o PH estiver abaixo de 6,0, acres-cente ao caldo do fermentado, casca deovo moída ou cinza de lenha.

Misture bem e faça nova medição,

até que o PH fique entre 6,0 e 6,5.Para ocorrer uma boa fermentação,

é preciso que a temperatura ambiente es-teja acima de 25 graus. Portanto, nasregioes de inverno rigoroso, faça o pre-paro do Biogeo nos meses quentes doano.

O Biogeo está maturo quando dei-xar de exalar mal cheiro.

Concluída a fermentação, guarde-oem recipiente sem lacrar a tampa.

Como usar:Usar em pulverização foliar, nas se-

guintes dosagens:

O negócio é experimentar

Como já foi dito, estes fermenta-dos são como receita de bolo, cada umpode fazer do seu jeito. O importante éfazer a experiência em área pequena ever o resultado.

Tão importante como saber fazero adubo foliar, é o conhecimento sobreos processos envolvidos na fermentação,

Cultura Dosagem

Milho e feijão 5% - 95 litros de água e 5 litros de Biogeo. Aplicar uma vez por semana.

Hortaliças 0,5% a 1% - 99,5 ou 99 litros de água e 0,5 ou 1 litro de Biogeo. Aplicar uma vez por semana.

Pomar 10% a 15% - aplicar uma vez a cada 15 dias

Para inoculação de Sementes

Deixar mergulhada em solução a 10% durante 3 minutos e em seguida fazer o plantio.

Estacas/ramas Deixar mergulhada em solução a 10% durante 20 minutos e em seguida fazer o plantio

Usar em pulverização foliar, nas seguintes dosagens:

que foram apresentados aqui. Muitos in-gredientes podem ser utilizados para en-riquecer os biofertilizantes, como farinhade carne, restos de fígado moídos, restosde peixe e o próprio sangue de animais.

Estes produtos são ricos em mine-rais, substâncias orgânicas emicroorganismos, exatamente aquilo queé necessário para estimular a fermenta-ção e obtermos biofertilizantes que asse-

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gurem a saúde de nossas plantas e a pro-dução de alimentos ecológicos de alto

valor nutritivo para nossas vidas e de to-das as criaturas.

Caldas para proteção das plantasAgora vamos conhecer algumas cal-

das usadas para proteger as plantas con-tra o ataque de fungos, bactérias e inse-tos . Para que as caldas dêem bons resul-tados, é preciso obter ingredientes de boaqualidade, livres de substâncias tóxicas.As caldas devem ser usadas de formapreventiva, o que nos permite aplicar do-ses mais fracas. Causando menor impac-to sobre a natureza, e economizando re-cursos financeiros. Há muitas receitas,que podem ser conhecidas através de li-vros disponíveis no mercado.

Qualidade da calPara preparar as CALDAS

SULFOCÁLCICA E BORDALESA e aPASTA BORDALESA, é preciso usar calvirgem de alta qualidade.

Em muitas regiões, a cal virgem en-contrada no comércio é de baixa qualida-de para o preparo das caldas.

É muito importante saber qual é aporcentagem de ÓXIDO DE CÁLCIOpresente na cal virgem. A porcentagemde ÓXIDO DE CÁLCIO deve estar es-crito numa etiqueta fixada no saco da cal.

Quanto maior a porcentagem deÓXIDO DE CÁLCIO, melhor é a calpara o preparo das caldas.

A cal virgem de alta qualidade deveter 90% de ÓXIDO DE CÁLCIO oumais.

Como a cal encontrada no comér-cio é mais fraca é preciso aumentar aquantidade de cal virgem na hora de fa-zer as caldas, se baseando na porcenta-gem de ÓXIDO DE CÁLCIO.

Espalhante Adesivo:A maioria das Caldas e dos

Biofertilizantes precisam de umespalhante adesivo para melhorar omolhamento das folhas e outras partesdas plantas ao serem pulverizadas.

Isso favorece uma melhor ação dosprodutos para proteger e nutrir as plan-tas.

Um excelente espalhante adesivopode ser feito com trigo, conforme expli-ca-se a seguir:

1 – em uma vasilha coloque a caldaou biofertilizante a ser usado ea quantidade de água necessá-ria para a sua diluição e em se-guida coloque a farinha de trigona quantidade de 200 gramaspara cada 10 litros da calda;

2 – coloque a farinha de trigo aospoucos realizando forte e cons-tante agitação da calda com aju-da da pá de madeira ou taquara;

3 – para evitar o entupimento dosbicos do pulverizador, é neces-sário filtrar a calda.

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Cuidados com as caldas sulfocálcica e bordalesaPara as pessoas:As caldas podem irritar a pele e os

olhos das pessoas.Para seu preparo é conveniente usar

luvas.Para sua aplicação nas plantas é

necessário usar luvas, proteção para osolhos, para a boca e o nariz.

Evite derramar as caldas em qual-quer parte do corpo.

Apesar de ter baixo teor tóxico es-sas caldas também podem prejudicar asaúde do aplicador, se não tomar cuida-do.

Para os equipamentos:

Também é importante utilizar vasi-lhas de plástico para preparar a caldaBordalesa, porque esta calda corrói asvasilhas de latão.

Depois de aplicar as caldas nas plan-tas, lave o pulverizador com todo o ca-pricho, caso contrário ele terá vida curta.

As caldas entopem com muita faci-lidade os bicos dos pulverizadores.

A família do agricultor José LemosLicheski, da comunidade de Taquaral doBugre, município de São Mateus do Sul,fez o coador de um pano bem fino cha-mado ORGANZA ou VOAL. Esse teci-do é usado para fazer forração de corti-nas. É fácil encontrar nas lojas. Com essecoador, as caldas ficam bem limpas, enão entopem os bicos dos pulverizado-res. É excelente para coar todo tipo decalda e de biofertilizante.

Se a calda for bem coada o serviçorende.

Para as Plantas:As plantas podem ser queimadas

pelas caldas.Por isso é importante respeitar as

dosagens.Se aplicar demais pode queimar a

planta, se aplicar pouco não aparece re-sultado. Outra coisa que ajuda evitar es-ses problemas é fazer as pulverizaçõesnos horários mais frescos do dia.

Pela manhã, aplique logo após per-ceber que o orvalho sobre as plantas jásecou. Pela tarde, aplique quando o solestiver mais fraco, depois das três ou qua-tro horas.

Nunca aplique a calda Sulfocálcicaem plantas que estiverem florescendo,porque ela queima as flores.

Nunca misture a calda Sulfocálcicacom a calda Bordalesa. Cada uma deve-rá ser usada em separado, respeitandopelo menos 10 dias de intervalo após cadaaplicação.

Será que dá certo misturar cal-das com adubo foliar caseiro?

Tem bastante gente fazendo isso eestão gostando do resultado.

Misturando o adubo foliar caseiro,diminui os riscos das caldas queimaremas folhas e melhora o resultado de prote-ção e aumento da resistência das plantas.

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Como fazer a Calda Sulfocálcica

Ingredientes necessários para 10litros:2 kg de enxofre1 kg de cal virgem10 litros de água

Materiais necessários:2 galões ou latas de 20 litros1 pá de madeira1 peneira fina ou coador de panofogão a gás ou a lenha1 bacia de plástico1 caneca de plástico

Como preparar a Calda Sulfocálcica1- Num galão, coloque 5 litros de

água para ferver.2- No outro galão, coloque 10 litros

de água para ferver.3- Coar o enxofre e a cal na bacia.4- No galão com 5 litros de água

fervente, despeje aos poucos a cal mis-turada com o enxofre e vá mexendo coma pá de madeira.

Nesta hora, abaixe um pouco ofogo porque forma muita espuma. Fiqueatento, porque as vezes a calda sobe ra-pidamente e pode derramar. Se isso acon-tecer, retire a vasilha do fogo, e ao voltarao fogo, cuide mexendo a calda por unsminutos.

Faça o serviço em duas pessoas.Uma pessoa vai despejando a cal e o en-xofre e o outro mexe com a pá de madei-ra.

5- Em seguida, complete com mais

5 litros de água fervente retirado do ou-tro galão. 6- Aumente o fogo novamentee mexa a calda mais um pouco.

Atenção: A pá não pode ser de me-tal. A calda não pode parar de fer-ver. Por isso não deixe o fogo enfra-quecer. Não pode colocar água fria.

Cuidados:• No latão para ferver a calda, faça

um risco do lado de fora na altura dos 10litros.

• Ferver a calda durante uma hora.Como ela vai evaporando, complete comágua quente para manter o nível dos 10litros.

• Sempre que colocar mais água,mexa um pouco para misturar.

Atenção:1. Completando uma hora de

fervura, retirar a caldo do fogo e deixaresfriar.

2. Deixe a calda descansar por 3(três) dias. Guarde em local protegido ecoloque uma tampa para evitar sujeirasna calda. Neste prazo, parte da cal e doenxofre vai se depositar no fundo do ga-lão.

3. Retire a calda com um caneca epasse no coador.

Armazenagem da calda:A calda Sulfocálcica pode ser arma-

zenada pelo menos por 1 ano.Use garrafas de vidro escuro ou gar-

rafas plásticas, lacrando a tampa da gar-rafa com cera de abelha ou vela derreti-da.

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É preciso fechar bem as garrafaspara não entrar ar.

Guardar as garrafas em local escu-ro e fresco. Pode ser dentro de uma cai-xa.

A calda não pode ficar pegando luznem ar, se não ela enfraquece.

Perdas:Ao final, a calda vai diminuir 2 a 3

litros por causa da separação da cal e doenxofre que fica no fundo do galão.

Essa borra de cal e enxofre podeser aproveitada para pintar troncos e ga-lhos de frutíferas.

Como usar a Calda SulfocálcicaPara usar a CALDA SULFOCÁL-

CICA é preciso medir o grau que ela fi-cou.

Conforme sua graduação, a CAL-DA SULFOCÁLCICA é diluída na águapara ser pulverizada nas lavouras.

Como medir a graduação da calda:Para medir a graduação da calda,

usa-se um aparelho de vidro chamado

AERÔMETRO DE BAUMÉ.Por ser de vidro muito fino, ele que-

bra com muita facilidade.Manuseie com todo cuidado.Somente introduza-o na calda quan-

do ela estiver BEM FRIA, caso contrárioo medidor arrebenta.

Cuidados com a Calda SulfocálcicaA calda SULFOCÁLCICA pode

queimar as plantas se ficar muito forte.Se ficar fraca na mistura com a

água, ela não vai funcionar.Por isso é preciso medir a quantos

graus a calda ficou.Usando a cal virgem disponível no

mercado, a qual tem 30% de óxido decálcio, agricultores da região centro-suldo Paraná, tem dobrado sua quantidadena hora de preparar a calda, a qual temficado com 25 graus.

Uso da calda no inverno:No inverno, a calda SULFOCÁL-

CICA é usada em doses mais fortes parao tratamento de frutíferas que derrubamas folhas.

Veja a tabela a seguir:

Tratamento de inverno para frutíferas

Graus Baumé Litros de Calda Sufocálcica para 10 litros

32º° 1 litro e 250 ml

30º° 1 litro e 250 ml

27º° 1 litro e 400 ml

25º° 1 litro e 600 ml

22º° 1 litro e 650 ml

20º° 2 litros

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18º° 2 litros e 400 ml

16º° 2 litros e 650 ml

15º° 3 litros

10º° 3 litros e 200 ml

Tratamento de verão

Graus Baumé Litros de Calda Sufocálcica para 10 litros

32º° 200 ml

30º° 225 ml

27º° 250 ml

25º° 275 ml

22º° 300 ml

20º° 400 ml

18º° 425 ml

16º° 450 ml

15º° 600 ml

10º° 700 ml

Na primavera e no verão a CAL-DA SULFOCÁLCICA deve ser usada emdoses menores, se não ela queima as fo-lhas das plantas, podendo matar a plantainteira.

Principais controles promovidos pela CaldaSulfocálcica:

Em frutíferas:Ajuda na prevenção e no controle

de várias doenças causadas por fungos,álem de cochonilhas e ácaros. É eficiente

na limpeza dos galhos e ramos, eliminan-do os líquens e musgus e as barbas quese fixam nos troncos, galhos e ramos dasárvores frutíferas.

Na Cebola, Alho, Ervilha e Va-gem:

Controla Ferrugem, Oídio,Antracnose, Ácaros e Trips. Para a ce-bola, fazer três aplicações nas mudas ain-da no canteiro. Na hora do transplante,mergulhar as mudas na calda. Isso ajudaa controlar os focos de Trips. Em regioesde alta ocorrência de Trips, é necessário

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fazer seu controle com pelo menos 2 a 4aplicaçoes.

No Tomate:Controla a Ferrugem e os Ácaros.

O tratamento começa no canteiro, fazen-do a primeira aplicação 20 dias após agerminação. A segunda aplicação é feita10 dias após o transplante das mudas.

No Feijão:Protege contra a Requeima, a Fer-

rugem e os Ácaros. Tem bom efeito comorepelente de insetos, principalmente va-quinha, sendo feito a primeira aplicação10 dias após a germinação.

NA Soja:Combate o Oídio. Fazer a primeira

aplicação no início do surgimento da do-ença.

Na Batatinha:Protege contra a Podridão da Ca-

nela. É um ótimo repelente de vaquinhas,quando a batata está emergindo. Faz-seapenas uma aplicação, 10 dias após aemergência das plantas. Na seqüência,

usa-se a calda Bordalesa, fazendo a pri-meira aplicação 10 após.

Quantas vezes aplicar?Seu principal funcionamento é pre-

ventivo.Fazer aplicações no inverno para as

FRUTÍFERAS, de mºaio a julho.Nesta época, duas aplicações são

suficientes.Para FRUTÍFERAS E AS OU-

TRAS LAVOURAS, durante a primave-ra e o verão, aplicar a cada 12 dias.

Encurtar o prazo quando o tempoestiver de muita chuva.

Para tratamento de LARANJA,MIMOSA, PONCÃ, TANGERINA ELIMÃO, fazer aplicações no inverno,antes de iniciar a floração. Para essasplantas, USE AS DOSAGENS DA TA-BELA DE VERÃO.

Capriche para molhar bem os ga-lhos e o tronco das árvores frutíferas.

A CALDA BORDALESA éindicada para prevenir o ataque de fun-gos e bactérias, mas também funcionacomo repelente de insetos.

Para cada tipo de planta e depen-dendo das condições do clima, do está-gio vegetativo das plantas e o grau deinfestação da doença, usa-se dosagensdiferentes.

Na fase inicial, após a germinação,quando as plantas estão sensíveis, usardoses mais fracas. É bom fazer antes umaaplicação de experiência numa pequena

Calda Bordalesaárea. Nos tratamentos preventivos, quan-do ainda não há ocorrência de doenças,recomenda-se usar doses bem diluídascomo será explicado abaixo:

Ingredientes para tratamentos pre-ventivos:10 litros de água30 gramas de cal virgem. Se a cal forcom baixo teor de óxido de cálcio,use 60 gramas.30 gramas de sulfato de cobre.

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Ingredientes para tratamento cu-rativo:10 litros de água100gr de Sulfato de Cobre100gr de Cal Virgem. Se a cal forcom baixo teor de óxido de cálcio,use 200 gramas.

Materiais necessários:3 baldes de plástico1 pá de madeira1 peneira2 canecas de plástico1 coador

Para preparar 10 litros de caldaNum balde, penere a Cal.Despeje aos poucos meio copo de

água e mexa bem para queimar a cal eformar uma pasta.

Espere a Cal queimar por 8 a 12minutos.

Em seguida, acrescente 5 litros deágua e mexa bem.

Em outro balde, coloque o SUL-FATO DE COBRE. Para dissolver oSULFATO DE COBRE, use um copo deágua quente, no ponto para chimarrão.

Mexer bem.Acrescente 5 litros de água fria e

mexa bastante.Encha uma caneca com CALDA

DE CAL e outra caneca com CALDADE SULFATO DE COBRE, e vá despe-jando as duas, ao mesmo tempo, no ter-ceiro balde.

Mexa com a pá de madeira. Façaassim até passar toda a CALDA DE CAL

E DE COBRE para o terceiro balde, eno final, mexa bem.

Fazendo assim, a calda ficará bemmisturada. Coar a CALDA em um panofino de VOAL ou ORGANZA.

ImportanteA CALDA BORDALESA deve ser

usada no mesmo dia em que foi prepara-da. Não pode ser armazenada. Por isso,prepare apenas a quantidade que for uti-lizar no dia.

CuidadosA CALDA BORDALESA pode fi-

car ácida. Para saber se está ou não áci-da, pingue 2 a 3 gotas da CALDA na lâ-mina de uma faca de latão comum. A facanão pode ser de aço inoxidável. Esperetrês minutos. Se ficar manchasavermelhadas onde pingou a calda, é si-nal que ela está ácida.

Para corrigir a acidez, prepare maisum pouco de cal e água e misture na cal-da. Faça o teste novamente, até a caldachegar no ponto que não enferruje a faca.

Como usar a CALDA BORDALESA

Faça aplicações a cada 10 dias.Em tempo de muita chuva, aplicar

diariamente ou com até 5 dias.

Principais controles promovidos pela CALDABORDALESA

Em frutíferas:Combate aAntracnose, as Podridões e o Míldio.

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Na Batatinha e no Tomate:Controla a Requeima e a Pinta Pre-

ta Miúda e a Graúda.No Feijão:Protege conta a

Antracnose e a Ferrugem.Na Cebola e Alho:Ajuda a evitar a Ferrugem, a

Antracnose e a Alternaria.

Na Beterraba:Protege conta a Cercosporiose ou

Mancha da Folha.Em beterraba, usar apenas a calda

na dosagem preventiva.Na Melancia, Melão e Pepino:

Ajuda a evitar a Antracnose e o Míldio.

Ingredientes:1 kg de Sulfato de Cobre2 kg de Cal Virgem12 litros de água limpa

Material para preparar:2 baldes de plástico1 pá de madeira

Como preparar:Em um balde de plástico, coloque 6

litros de água quente.Aos poucos, acrescente o Sulfato de

Cobre na água quente e mexa bem coma pá de madeira.

No outro balde de plástico, coloquea Cal e vá despejando aos poucos umcopo de água fria e continue mexendosem parar, para queimar a cal e formaruma Pasta. Depois, acrescente água atécompletar 6 litros.

Depois que a Cal estiver misturadana água, vá despejando-a no balde quecontém a Calda de Sulfato de Cobre e vámexendo bem com a pá de madeira.

Pasta BordalesaUso da Pasta Bordalesa nas plantasÉ boa para evitar doenças que apa-

recem nas FRUTÍFERAS. Com umaBROCHA OU PINCEL, pintar os cortesda poda ou feridas das árvores frutíferas.Pinte também o tronco e os galhos maisgrossos para eliminar os LÍQUENS queformam GROSSOR E BARBAS nas fru-tíferas.

Tratamento de proteção e nutrição deParreiras

Em maio ou junho:Fazer uma aplicação de CALDA

SULFOCÁLCICA.

Em julho:Fazer uma aplicação de CALDA

SULFOCÁLCICA.

Após a poda preparar uma Calda com osseguintes ingredientes:

3 litros de Melado de cana200 gramas de Bórax300 gramas de Cloreto de Cálcio100 litros de Água

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Misturar os ingredientes e mexerbem, e em seguida pulverizar.

Início de setembro:3 litros de Melado de Cana200 gramas de Bórax200 gramas de Sulfato de Zinco3 litrosAdubo Foliar Caseiro100 litrosÁgua

Misturar os ingredientes e mexerbem, e em seguida pulverizar.

Início da Brotação:300 gramas de Sulfato de Cobre350 gramas de Cal Virgem3 litros de Adubo Foliar Caseiro200 ml de Leite

Como preparar:Dissolva o Cobre com um pouco

de água quente.Em outra vasilha, queime a cal com

água fria e depois despeje na vasilha com

o cobre dissolvido e mexa bem.Depois coloque o Adubo Foliar Ca-

seiro ou o Super Magro e o leite, mexerbem e coar e misturar nos 100 litros deágua. Em seguida é só pulverizar.

No decorrer da primavera e do verão:Usar o Adubo Foliar Caseiro ou o

Super Magro na dosagem de 3 litros mis-turados em 100 litros de Calda Bordalesa.

Preste Atenção:Antes de mudanças bruscas de tem-

peratura, como é comum acontecer nodia de FINADOS é necessário usar 1 ou2 dias antes:

3 litros de Melado de Cana3 litros de Adubo Foliar Caseiro2 litros de Leite ou 10 litros de soro

de leiteMisturar os ingredientes e mexer

bem, coar e misturar em 100 litros deágua e pulverizar.

É um bom produto para ser aplica-do com pincel no tronco, galhos e ramosdas plantas frutíferas, para controlar oataque de brocas e cochonilhas.

Ingredientes:1 kg de enxofre ventilado em pó·2 kg de cal virgem·meio kg de sal de cozinha·15 litros de água

Pasta de EnxofreModo de preparo

1- Em um tambor de plástico, diluiro enxofre em um pouco de água quente,até formar uma pasta.

2- Acrescentar água até completar15 litros.

3- Em seguida, peneirar a cal numavasilha e ir acrescentando água aos pou-cos, mexendo para queima-la, até formaruma pasta.

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4- Em seguida, acrescente um pou-co de água na pasta de cal, mexa bem, evá despejando-a lentamente no tamborcom a calda de enxofre, mexendo bem.

5- Colocar o Sal de cozinha, e me-xer novamente.

Como aplicar a Pasta de Enxofre Pincelar ou caiar o tronco e galhos

principais com uma brocha de pintura.

O uso da cinzaA cinza de lenha é um material muito

rico em potássio.Na Agricultura Ecológica, agriculto-

res do mundo inteiro fazem uso da cinzacomo fertilizante e para controlar insetose algumas doenças que atacam os culti-vos.

A cinza, usada como fertilizante de-verá ser distribuída diretamente nas linhasde plantio, sem contudo ficar em contatocom as sementes, as quais poderão serqueimadas.

Usar na dosagem de 1.000 quilospor hectare.

O uso do leiteO leite na sua forma natural ou o

soro de leite sem sal, tem dado bom re-sultado no controle de ácaros e ovos dediversas lagartas, e funciona muito bemcomo repelente de insetos, inclusive avaquinha.

É também um bom atrativo para les-mas, podendo ser usado para preparararmadilhas.

Funciona bem no combate de váriasdoenças provocadas por fungos e vírus.

Seu uso é comum em hortaliças, la-vouras de feijão e soja, e em frutíferas.

Modo de usar:Misturar um litro de leite em 3 ou

10 litros de água e pulverizar as plantas.A quantidade depende das condi-

ções do clima ou do grau de infestação.Repetir a pulverização pelo menos

a cada 10 dias, e sempre após as chuvas,observando sempre o nível de infestaçãode doenças e insetos nas lavouras.

Para controlar o Míldio, costuma-se usar uma mistura de leite azedo comágua e cinza de lenha.

Para atrair lesmas, basta espalharpelo chão, ao redor das plantas, algunssacos de estopa ou panos molhados comágua e leite.

Pela manhã, é só virar os panos erecolher as lesmas que ficam grudadaspor baixo, e fornece-las para as galinhas.

Muitos agricultores tem obtido su-cesso, usando 10 litros de leite em 90 deágua, para pulverizar parreiral em fasede maturação dos cachos, como repelen-te de marimbondos e abelhas.

Uso do óleo vegetalPode ser óleo de qualquer planta:

soja, milho e girassol, sendo importantetomar o cuidado de usar um produto semresíduos de agrotóxicos, e muito maisimportante ainda na atual conjuntura, queseja de plantas não transgênicas.

É muito eficiente na prevenção dabotryts, doença que ataca muitas plan-tas, com destaque o tomate e a cebola.

Para preparar, bater no liquidificadoro óleo com um pouco de água.

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A água deve ser acrescentada aospoucos. Como substituto da água, podeser usado o óleo mineral.

Misturar meio litro de óleo mineralem 1 e meio litro de óleo vegetal, e me-xer bem. Usar a mistura, diluindo 1,5 a 3

litros, em 100 litros de água, e pulverizaros cultivos. A dosagem deve ser defini-da, observando o nível de infestação.

Para pulverizar tomateiro, dirija ojato da pulverização para os frutos e ocaule.

Controle biológicoBaculovírus

Este é um vírus que contamina emata a lagarta da soja, Anticarsiagemmatalis. A lagarta morta apresenta noinício, o corpo mole e amarelado. Com opassar do tempo, ela vai escurecendo atéatingir coloração negra, depois de dois outrês dias.

Como age o Baculovírus:Quando as folhas de soja contami-

nadas com o micróbio são comidas pelalagarta, o vírus se multiplica no seu cor-po e ela vai perdendo aos poucos, suacapacidade de movimentação e de comeras folhas da soja. As lagartas morrem desete a nove dias após a contaminação, ecom o apodrecimento dos seus corpos,soltam mais vírus sobre a soja, que as-sim contaminam outras lagartas.

O produto pode ser encontrado nocomércio, na forma de pó molhável.

Uma vez identificado a presença doBaculovírus matando lagartas na lavou-ra, o agricultor deve coletar lagartas re-cém mortas. Para pulverizar um hectarede soja, é preciso coletar 50 lagartas gran-des. O melhor período para coleta é en-tre o 8 e 9 dias da aplicação, quando amaioria das lagartas estarão mortas.

Para armazenar as lagartas mortaspelo Baculovírus, estas deverão ser lava-das em água limpa, colocadas em vidrosou sacos plásticos bem fechados e con-gelar na geladeira ou em freezer. Dessaforma o material se mantém conservadode um ano para o outro. Para utilizar omaterial no ano seguinte, coloque paradescongelar em local sombreado, e pre-pare a calda macerando 50 lagartas gran-des ou 16 gramas do material por hecta-re.

Aplicação: a calda de Baculovírusdeverá ser aplicada quando a maioria daslagartas que estiverem comendo a lavou-ra de soja, ainda sejam pequenas, estan-do com menos de 1,5 centímetros. Ou-tra coisa importante, é que só se deveráfazer a aplicação quando for encontrada20 lagartas por metro linear ou 40 lagar-tas por pano batido, comendo a soja.

TrissolcusTrissolcus basalis é uma pequena

vespa preta com 1 a 1,3 milímetros decomprimento, que tem seu desenvolvi-mento das fases de ovo a adulta, dentrode ovos de percevejos. Além de ovos dopercevejo verde, a vespa Trissolcus pa-rasita também ovos de vários percevejosque ocorrem na soja.

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O Trissolcus tem um alto potencialreprodutivo. Cada fêmea é capaz deparasitar, em média, 250 ovos de perce-vejos. Os adultos vivem cerca de 80 diase normalmente são encontrados numaproporção de um macho para cinco fê-meas.

Como o Trissolcus se desenvolvesomente em ovos de percevejos, depen-de de ser reproduzido em laboratório,portanto, será necessário adquiri-lo nomercado. Ao comprar, o agricultor rece-berá as intruções de como usar.

Bacilus thuringiensisMais conhecido pela sigla BT, o

Bacilus thuringiensis é uma bactéria queproduz uma toxina que mata vários tiposde lagartas e brocas. É, portanto, umagente natural, que há muito tempo vemsendo usado na agricultura ecológica. Al-gumas empresas tem o BT a disposiçãono mercado, sendo a marca comercialDipel, a mais conhecida. Seu uso é empulverização. É recomendado para con-trolar:

Na soja, a lagarta da soja e a lagartafalsa-medideira;

No algodão, a lagarta das maças e ocuruquerê;

No arroz, em pastagens e na canade açúcar - a lagarta dos capinzais e alagarta militar;

Em crucíferas com couve, repolho,couve-flor e brócoli, a lagarta mede pal-mo, o curuquerê da couve e a traça dascrucíferas;

No tomate, a broca grande e a la-garta mede palmo;

Na mandioca, o mandorová;No café, a lagarta magnífica;No amendoim, a lagarta da soja e a

lagarta dos capinzais;Nos cítrus, a mariposa-das-laranjei-

ras ou bicho furão;No abacaxi, a broca do abacaxi;Na abóbora, a broca das

cucurbitácias.Na região centro-sul do Paraná, agri-

cultores tem alcançado excelente contro-le da lagarta da erva mate (Hylesianigricans, Berg). Neste caso, basta lan-çar um jato da solução sobre a colôniade lagartas, e em poucos dias elas mor-rem e passam a ser focos de dispersãodo BT. Para isso, retire o bico leque dopulverizador, para facilitar odirecionamento do jato da solução sobrea colônia de lagartas.

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Criação de bovinos para o sustento familiarA escolha da vaca

Ao escolhermos uma vaca de leitedevemos buscar a que já vem de umaregião semelhante a nossa em termos declima, relevo e tipo de pasto. Com issoela vai poder manter suas característicasprodutivas e não vai sofrer muito na adap-tação ao novo local.

Dê preferência a raças mestiças, queresistem mais a doenças e não são muitoexigentes no manejo e alimentação.

O gir leiteiro, o girolando e o pardosuíço, além de boa produção de leite tam-

bém dão boa produção de carne, e são maisrústicos que a holandesa, por exemplo.

Podemos começar com as vacas quetemos e ir melhorando o rebanho ao cru-zar ou inseminar com raças de leite comoas citadas acima, e assim obtermosterneiras mais produtivas.

Ainda na escolha da vaca exis-tem algumas características físicas que po-demos levar em conta na hora da com-pra, que podem ajudar a selecionar umaboa vaca de leite.

Nesta ocasião preste atenção conforme as orientações que seguem:1 - como cabeça pequena,2 - olhos vivos e brilhantes,3 - orelhas atentas,4 - narinas bem abertas,5 - boca grande,6 - pescoço longo e feminino,7 - pêlos curtos e brilhantes,8 - cascos curtos e bem apoiados

no chão,9 - costelas grandes e bem arquea-

das,10 - vazio amplo,11 - linha dorsal reta. Quanto mais

velha a vaca, mais curva é a linha dorsal,12 - quadris largos,13 - cauda longa e bem colocada,14 - úbere suave ao tato e sem ca-

roços e bem implantado no corpo,15 - veias do úbere tortuosas e visí-

veis comquatro tetos de tamanho médioe separados,

16 - temperamento dócil,17 - ao ser observada de lado a vaca

deve dar a impressão de formar um tri-ângulo.

Mesmo quem não entende muito devacas, se prestar atenção nestes peque-nos detalhes já compra uma vaca boa paraprodução de leite.

Não adquirir vaca em perío-do seco. Se comprar em período delactação, podemos observar possíveisproblemas com a vaca como tetos secose mastite.

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O bem estar animalPara uma vaca poder demonstrar

todo seu potencial produtivo, é necessá-rio:

1 - que esteja saudável, livre deparasitas como carrapatos, moscas,bernes, bicheiras e vermes,

2 - bem alimentada e com água lim-pa e fresca a vontade,

3 - em um ambiente agradável comsombra

4 - e deve ser tratada com cuidado.Quem lida com ela deve ser uma pessoa

tranqüila, paciente, higiênica, e que gostedo que faz.

5 - Se possível na hora da ordenhaacostumar com uma música ou rádio li-gado.

Sombra, pasto e água fresca:O plantio de árvores e quebra ven-

tos nas pastagens reduz o impacto do ca-lor, frio e ventos fortes.

No verão os animais sofrem muitoe chegam a reduzir em até 40% a produ-ção pela falta de sombra.

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Animais precisam ter um local parase proteger da chuva, frio, sol forte, emesmo para poderem ter suas crias.

Por isso é importante uma área co-berta, que pode ser feita com materiaisdisponíveis no próprio lote, de custo bai-xo, como varas de eucalipto, bambu,taquaras e sapé.

O tamanho da instalação deve per-mitir uma área mínima de 1m² para cada100kg de peso vivo, e deve ser construídano sentido leste-oeste para que o sol en-tre algumas horas do dia e desinfete olocal.

O local de ordenha onde se tira oleite também deve ser coberto, ventila-

As instalações:do, limpo, e que entre os raios de sol:Diz o ditado que sala de ordenha queentra o calor dos raios de sol, não entradoutor.

O piso pode ser feito de uma mistu-ra de 8 partes de terra vermelha, 2 partesde areia e uma parte de cimento.

Molhar durante 21 dias, depoispode-se passar piche sobre esse piso.

Retirar periodicamente o esterco doslocais onde as vacas dormem, colocan-do-o dentro de uma esterqueira.

Isso evita a infestação por parasitase outras doenças.

Nestes locais passar um desinfetan-te ou mesmo cinza.

Uma vaca adulta bebe por dia uns40 litros de água para sua manutenção, emais 4 litros de água para cada litro deleite produzido. Por exemplo, se uma vacaproduz 10 litros de leite por dia ela preci-sa de 40litros de água + 4 litros deáguax10 litros de leite que dá 80 litrosde água por dia.

A águaMas a necessidade pode aumentar

se o ambiente onde ela se encontra forestressante, se ela caminha muito e seestiver muito calor.

Os animais precisam ter livre aces-so à água durante todo o dia, mas se adistância for longa eles preferem não ir,ou se forem gastarão muita energia e di-

É preciso uma área de 2 metros qua-drados por cabeça.

A sombra no pasto pode ser feitacom árvores como o ingá, leucena, uvado japão, plátano, ou mesmo árvores na-tivas, e podem ser implantadas nos can-tos dos piquetes, protegidos por um fio

elétrico até crescerem um pouco, ou en-tão plantar uma fileira num lado do pi-quete e proteger com o fio.

O bem estar animal reflete direta-mente na quantidade e na qualidade doleite produzido.

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minuirão a produção.Também devemos lembrar que os

bovinos andam em grupo, e tem um lí-der que comanda o rebanho.

Assim eles só vão beber água quan-do está longe, quando o líder resolver ir.

Existem estudos que comprovamque quando a água está próxima dos ani-

mais, e à vontade, já ocorre um aumentode 2 litros de leite por vaca pordia.

Para saber se está faltando ou nãoágua para as vacas, podemos observar abosta. Se está muito seca e anelada indi-ca que o animal está passando sede. Oideal é que esteja com poucos anéis ecom boa aderência ao chão.

Voltamos a lembrar que a base daprodução de leite está na sanidade, nomanejo e na alimentação da vaca.

Só assim ela pode produzir toda suacapacidade.

E ainda quanto maior for a produ-ção, maior será a exigência por parte davaca.

Por isso não dá pra ter uma jerseyou uma holandesa em um pasto debraquiária sem piqueteamento, tendo queir beber água no rio que passa a 1km, emum terreno com muita declividade e semsombra ou abrigo, e querer que ela nosforneça seus 20 litros de leite por dia!

Depois do parto, cresce o con-sumo alimentar e cresce também a pro-dução de leite.

A produção aumenta até mais oumenos o 50º ou 60º dia após o parto, eaumenta também até a 3ª ou 4ª lactação.

A produção de leite:A partir da 5ª lactação começa a

diminuir a produção. O período entre partos de uma

vaca deve ser de 12 meses.O período de lactação deve ser de

10 meses e o período seco deve ser de 2meses.

Este período seco é muito impor-tante porque são os 2 últimos meses deprenhez, quando o bezerro tem maiorexigência nutricional para sua formação,e o organismo da vaca também precisaformar o colostro que é o primeiro leiteamarelado e espesso que o bezerro pre-cisa consumir.

A época ideal para a cobertu-ra da novilha que recebeboa alimentaçãoé em torno de 250 a 300kg de peso vivo,ou com cerca de 18 meses de idade.

Isto varia conforme a raça e a es-trutura da vaca.

Logo após o nascimento, é impor-tante limpar o bezerro, abrigá-lo da chu-va, do frio, vento, do calor, ou de preda-dores trazendo-o para um lugar onde pos-samos cuidá-lo.

O bezerro recém-nascido:Também logo após o nascimento

precisamos desinfetar o umbigo com umpouco de iodo, e amarrar com um bar-bante Iisto impede que ocorra muitas do-enças comuns no recém-nascido, como

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a diarréia, por exemplo, que muitas ve-zes leva à morte.

O bezerro precisa tomar o colostro,principalmente nos 3 primeiros dias devida, e mais ainda nas primeiras 12 ho-ras.

O colostro é produzido até o 7º ou8º dia após o parto.

Este leite é que vai lhe passar todasas defesas necessárias para se desenvol-ver saudável, e ser a nossa futura vaca

de leite ou mesmo nosso futuro touro.Se o bezerro não conseguir se alimentarsozinho, precisamos ajudá-lo.

Tirar o bezerro do “pé da vaca” edeixar que ele se alimente com pasto eforragens de boa qualidade a partir de 5meses em média, colocando-o em umpiquete específico para a criação dos be-zerros. Com 2 meses já podemos ofere-cer um pouco de pasto ou forragem nococho.

Os equipamentos devem estar lim-pos, antes de iniciar este processo, assimcomo devem ser lavados após acabá-lo.

A pessoa que vai fazer a ordenhatambém deve estar limpa, lavar as mãosantes de iniciar, manter as unhas corta-das, evitar fumar, comer ou cuspir du-rante este trabalho.

Lavar os tetos e úbere com água esabão o que serve também para estimu-lar a descida do leite. E seguida seque oúbere com um pano limpo.

Ordenhar primeiro as vacas de 1ªlactação, depois as vacas que nunca tive-ram mastite, as curadas em seguida e porúltimo as vacas doentes.

Retirar os 3 primeiros jatos de leiteem caneca de fundo escuro ou com umpano escuro na parte de cima, para ver

A higiene na ordenha:se tem alguma alteração no leite, comopus, granulações, sangue ou cor estranha,que indica problema de mastite.

Após a ordenha, desinfetar os tetosmergulhando-os em solução desinfetantede iodo, ou mesmo em um chá feito nodia, de tansagem, carqueja ou de confrei,para prevenir mastite.

Outro fator importante é que, a par-tir do início, este trabalho não seja inter-rompido. A ordenha deve ser contínua,durando de 4 a 7 minutos no máximo.

Este é o tempo em que a ocitocina,o hormônio da descida do leite, funciona.

É melhor fazer duas ordenhas diáriasa cada 12 horas. Isto aumenta a produçãode leite de 30 a 40%, quando comparada auma ordenha. O simples fato de manusearo úbere da vaca estimula a produção.

Procurar manter os animais limposde vermes e parasitas.

Ao adquirir os animais verificar se

Sanidade:foram feitos os testes de sanidade, comoexames de brucelose, tuberculose, bemcomo manter em dia as vacinas de aftosa,carbúnculo e raiva.

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MASTITE - é a inflamação da glân-dula mamária provocada por bactérias,vírus e fungos. Representa um dos mai-ores problemas na produção do leite.Pode atingir um, dois, três e até quatrotetos.

Esta doença é transmitida para asoutras vacas, e de um teto a outro, prin-cipalmente através da mão doordenhador, panos sujos e desinfecçãomal feita do úbere antes e depois de fa-zer a ordenha.

Para prevenir a mastite devemosnos preocupar com a higiene doordenhador e do ambiente de ordenha.

Fazer ordenhas freqüentes de duasem duas horas ou deixar o bezerro ma-mar também pode ser um método paraevitar a mastite.

Algumas ervas também podem serusadas para o seu tratamento, como:calêndula, espinheira-santa, malva,tansagem, guanxuma, carqueja, alho,confrei, gengibre, babosa, erva-penicili-na, cebola, cordão de frade, ipê roxo,angico vermelho e capuchinho, podem serfornecidos na forma de chá, duas vezesao dia, por cinco dias, ou secar as plan-tas e dar juntamente na ração ou sal mi-neral, duas vezes ao dia, por cinco dias.Também podem ser dadas verdes na ali-mentação normal das vacas.

Ainda podem ser feitas massagensno úbere com estas ervas.

O própolis,em pó ou tintura, é mis-turado ao chá das ervas. A dosagem doprópolis depende do tamanho do animal,colocando uma pitada do pó ou 10 a 20gotas, e a quantidade de chá também de-pende do tamanho do animal variandode de 0,5 ilitro a 2 litros por dia.

Tirar o leite dos tetos contaminadose injetar debaixo do couro da própria vaca10 a 15ml por dia durante três dias segui-dos e aplicar nova dose no 5º e no 7º dia.

1) Receita de desinfetantes:- Carqueja - ferver por 15 minutos,

30 a 50 gramas de erva seca por litro deágua, ou 100 gramas verde por litro deágua e deixar tampado para esfriar.

- Suco de limão, vinagre, açúcarcristal, água com sal, babosa, mistura deálcool com banha, podem ser usados paradesinfecção e cicatrização de feridas, cor-tes e castrações. Pode torrar a flor damaria-mole na banha e passar morna nosferimentos.

2) Para desinfetar os tetos depoisda ordenha:

- Ferver levemente 100gramas delinhaça em dois litros de água. Coar ain-da quente para obter a calda, e adicionar200ml de iodo, até fazer uma misturahomogênea e viscosa. Guardar em gar-rafas escuras.

- Mergulhar antes e após a ordenhaem uma mistura de uma colher de águasanitária em dois litros de água.

3) Sabão medicinal:Derreter 4kg de sebo. Desmanchar

1 quilo de soda em 2 litros de água. Fer-ver ervas como calêndula, celidônia, ervade bugre, carqueja, eucalipto com 3litrosde água e bater no liquidificador. Des-manchar 0,5 quilo de maizena ou polvi-lho com 3 litros de água fria. Misturartodos os ingredientes com 200ml de águasanitária, por último, acrescentar a águacom a soda.

4) Para feridas e rachaduras doúbere:

- Fritar na banha ou azeite

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tansagem, alho, confrei, salsa ou cânforae passar no úbere.

- Açúcar, mucilagem da babosa queé uma baba que pode ser coletada ras-pando com uma faca, e azeite. Misturarbem e aplicar nos locais afetados.

5) Para inchaço de úbere:- compressas e massagens com chá

gelado de malva, aipo, maria mole, ce-bola, arruda, erva-de-bicho, carrapicho.Pode misturar um pouco de sal.

- disponibilizar em um balde chá demalva, guaco, funcho, bardana,carrapicho, duas a três vezes ao dia, oudar um a dois litros duas vezes por dia naboca.

6) Para vermes:- folha de bananeira com folhas de

cidreira. Misturar e deixar a vontade portrês dias.

- dar um punhado de carqueja poranimal durante cinco dias na ração.

- caroço de abacate moído, na pro-porção de 50% no sal mineral, por setedias.

- para terneiros: uma colher de cháde sal amargo misturado em uma garrafade água que cozinhou o feijão, ou aquelaágua escura que resultou do molho defeijão quando ele é deixado de molho danoite para o dia. Dar por um a dois diasem jejum.

- dar duas vezes por mês folhas efrutos verdes do mamoeiro picado na ra-ção.

7) Carrapatos:- soro de leite de vaca com sal, com

água de fumo e cidreira. Dar banho.

- fazer chá de folha de pessegueiro,arruda ou cinamomo e dar banho no ani-mal, sempre à tardinha.

- misturar 900 gramas de enxofreventilado, com 30 kg de sal comum. Dei-xar, à vontade, para os animais.

- picar 100 gramas de folhas verdesde araucária e misturar com 2 quilos desal mineral em uma panela. Levar ao fogoe mexer a mistura até as folhas secarem.Retirar as folhas. Deixar a disposição dogado por três dias. Esta receita funcionapara carrapatos e bernes.

8) Para bernes:- banha morna com enxofre. Mis-

turar e passar sobre os locais.9) Diarréias:- chá de pitanga, goiaba, camomila,

ameixa, romã, casca de açoita cavalo,broto de marmelo, boldo, juntar um pou-co de açúcar, sal e farinha de milho tor-rada na dose de 3 colheres de sopa porlitro de chá, mais bicarbonato, maizena,cal, carvão vegetal de eucalipto. As er-vas podem ser misturadas para fazer ochá, e fornecer de 0,5 a 2 litros ao dia.Misturar no chá uma colher (de chá) debicarbonato, uma ou duas colheres (desopa) de maisena, uma colher (de chá)de cal e umas duas colheres de carvão.

10) Para controlar moscas:- aplicar cinza periodicamente so-

bre os estercos, principalmente após aschuvas.

11) Para bicheiras:- enxofre misturado com creolina ou

benzocreol.- óleo queimado com fumo picado

e alho.

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Frango caipira, uma fonte de alimentos e de renda

A criação de frango caipira na pe-quena propriedade contribui no sustentofamiliar, uma vez que é fonte de ovos ede carne produzidos de forma mais sau-dável para o consumo com a possibili-dade da comercialização do excedenteno mercado.

Fornecendo uma alimentação alter-nativa, com pasto, restos de hortaliças,abóbora, mandioca, milho verde, batata

doce, é possível baixar o custode produção, levando-se em con-ta que as galinhas caipiras não sãomuito exigentes na sua criação.

Em relação aos frangos cri-ados em confinamento, as gali-nhas criadas em regime de semiconfinamento a pasto nos forne-cem carne com melhor textura,sabor, e ovos de melhor consis-tência, casca mais firme e gemamais avermelhada, que são carac-

terísticas buscadas no mercado.Existem raças de frango caipira que

servem tanto para produzir carne comopara produzir ovos, que são indicadaspara quem pretende iniciar a criação.

Mas antes de trazer os pintinhosdevemos nos preocupar em preparar olocal e ter os alimentos, para que não en-frentemos dificuldades no manejo e nasanidade mais adiante.

O local das instalações do galinheiroDeve ser de fácil acesso, evitando

lugares muito baixos, para não correr ris-cos de acúmulo de umidade e ocorrênciade geadas. A rede elétrica deve estar omais próxima possível, deve haver águadisponível e o local deve ser bem areja-

As instalações

do e com sombreamento. De preferênciaplante árvores frutíferas como laranja,mexerica, amora, goiaba, manga, uva dojapão, café, ou mesmo como fontes dealimento para as próprias galinhas, comoo feijão guandu, ou a leucena.

Ao construir as instalações devemoslembrar de usar ao máximo os materiais

disponíveis na sua propriedade, comotaquara, bambu e sapé.

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Jornada de Agroecologia - 5º Encontro Estadual - Paraná - Brasil

É indicado uma área de pastagemcom grama seda, quicuio, tifton, estrelaafricana, haemarthria, amendoimforrageiro ou outro tipo de pasto de cres-cimento rápido e que suporte o pisoteio,e que rebrote depois de ser roçado.

Pode ser consorciado ou não, ob-servando um cálculo de 1 a 10 metrosquadrados por ave nesta área total.

A área deve ser cercada de tela de1,20m de altura, que protegerá as avesde outros animais e evita que elas estra-guem a horta e outras plantações, e podeser dividida em 2 ou 4 piquetes, que per-mite rotacionar o pastejo.

Também é importante plantar aoredor do piquete algum tipo de quebravento, que até pode ser o feijão guandu,capim elefante, taquara, e outras.

No centro da área cercadaconstruiremos um galinheiro coberto, efechado em 2 ou 3 laterais com madeira,com taquara ou com bambu.

Na face norte do galinheiro coloca-remos tela. Em região muito quente e oinverno ameno, terá tela também na facesul.

É importante esse tipo de cuidadopara que o local seja bem ventilado eensolarado, que ajudam a evitar a ocor-rência de doenças.

Este abrigo deve comportar de 7 a10 aves por metro quadrado, e tem umaporta que dá acesso para cada piquete.Se tem 4 piquetes, tem 4 portas, e ficaráaberta a do piquete em uso.

Este abrigo serve para proteger asgalinhas durante os dias de chuva, du-rante a noite e dar condições para que

possam botar os ovos sempre num mes-mo lugar.

Junto com o galinheiro podemosconstruir um espaço para as chocas comseus pintinhos, separadas das outras aves.

A cobertura do galinheiro pode serde telha de barro, teha de materialreciclado ou mesmo de sapé ou outrocapim resistente.

É bom que o piso no interior do ga-linheiro fique uns 20 centímetros mais altoque a parte de fora, para evitar a entradade água no galinheiro.

Também no interior do galinheiroestarão os poleiros, que são ripas ondeas galinhas sobem para dormir ou des-cansar, e devem medir de 2 a 5 cm, comcantos arredondados para não machucaros dedos.

Estes são colocados a 40 cm dochão e tem espassamento de 40 cm unsdos outros.

É melhor não dispor em forma deescada, para não provocar disputa peloslugares mais altos, e sim deixar todos namesma altura.

Os poleiros ficarão no fundo do ga-linheiro.

Ainda dentro do galinheiro ficam osninhos, que são mantidos secos, limpose com forração de capim seco ou cepilho,feitos de madeira e medindo30x30x30cm, com uma ripa na entradapara segurar a cama, e um poleiro colo-cado a 10 cm da boca do ninho, parafacilitar a entrada da galinha.

O ninho é colocado a uma altura de50 cm do chão, e uma boca serve para 5galinhas.

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Os comedouros e os bebedourostambém ficam dentro do galinheiro.

Um comedouro com capacidadepara 20kg dá para alimentar 250 gali-nhas, e pode ser feito de madeira ou defolha de zinco, com 15 cm de largura.

Para evitar que as galinhas joguemalimento fora ou entrem no comedouro,

Comedouros e bebedouros

colocamos um sarrafo que gira quando aave sobe, ou fazemos uma grade de ma-deira de forma que somente a cabeça dagalinha pode passar.

A altura do comedouro deve ser de10 a 15 cm.

Para pintinhos usamos uma bande-ja de 30 cm de comprimento por 30 cm

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de largura e 5 cm de altura, servindo para25 pintinhos.

Se colocarmos uma tela no fundoda bandeja, os pintinhos não vão ciscar ejogar ração para fora.

A água deve ser limpa, fresca efornecida à vontade.

Calcular 3 litros de água para cada10 galinhas por dia.

Para facilitar o consumo e evitar asujeira, o bordo do bebedouro deve estara uma altura de 10 a 15 cm do chão.Para os pintinhos usamos um bebedourode garrafa.

Ao adquirir pintinhos, escolher osde boa saúde e raça.

Os de carne e ovos podem ser aNew Hampshire ou Rhode Island Redque são raças vermelhas.

A Plymouth Roch Barrada sãocarijó, a Sussex é branca, a Orpington é

Pintinhos e raças

As boas poedeiras tem barriga ma-cia, peito cheio, é mansa, com bom ta-manho para a raça, e entre o osso dopeito e a cloaca que é o ânus, deve teruma distância de 4 a 5 dedos, e entre osossos da cloaca 2 a 3 dedos, além de umbom empenamento.

O galo deve ser sadio, vigoroso, fi-lho de boa poedeira e ter entre 12 a 14meses de idade. Um galo é suficiente para10 galinhas.

A luz do dia interfere na postura,ou seja, no inverno quando os dias sãomais curtos a produção de ovos diminui,e no verão como os dias são mais longosaumenta a produção.

Assim a melhor época de choco édurante os meses de março e abril e agos-to e setembro.

As poedeiras e o choco

preta, a Label Rouge é vermelha, e temo pescoço pelado e é pesadona. OCaipirão da ESALQ/SP, o 7Ps daESALQ/SP são pretos e de pescoço pe-lado. Para ovos tem a Leghorn branca, ea caipirinha da ESALQ/SP.

O tempo máximo para descarte degalinhas é de 2 anos e meio de idade.

Escolher os ovos para colocar emchoco, observando que tenham menos de10 dias, conservados em lugar seco, depreferência escuro, limpos, tamanho mé-dio, casca lisa e não trincada.

Ovos guardados para chocar devemser virados pelo menos 2 vezes ao dia.

Ovos mais frescos de galinhas maisjovens com idadea partir de 2 meses depostura, e galo com idade a partir de 8meses são mais férteis.

O ninho deve estar em lugar sosse-gado, confortável, protegido do vento,chuva e sol.

Deixar perto água fresca e alimentocomo milho e quirera.

Colocar de 9 a 15 ovos por choca,

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dependendo do tamanho da galinha. Eladeve cobrir todos os ovos.

Os pintos vão nascer após 21 diasde choco.

O local onde ficarão os pintos deveser seco e protegido de vento, do sol, dachuva, do frio e também das outras aves.

Após o nascimento dos pintinhos,deve-se queimar a palha do ninho e de-sinfetar o ninho.

Verificar se a galinha e os pintos têmpiolho.

Os pintinhos são criados separadosdas outras aves por pelo menos 30 dias.

Desinfetar as instalações de vez emquando com creolina ou água sanitária.

É importante uma fonte de calorpara os pintinhos se desenvolverem ecrescerem sadios.

O calor pode ser fornecido pela cho-ca ou por uma lâmpada.

No primeiro dia podemos dar águae açúcar na dose de uma colher de sopacheia de açúcar em 1 litro de água. Serve

Na alimentação das galinhas pode-mos nos utilizar de grãos como o milho,o girassol que é excelente para melhorara postura de ovos. Também a soja torra-da e moída, aveia, cevada, arroz de se-gunda qualidade, feijão guandu mistura-do na base de 2 partes para 10 partes demilho, trigo mourisco, bandinha de fei-jão, são todos alimentos de excelente qua-lidade.

Manejo dos pintinhos

Alimentação das aves

para dar mais energia, e 6 a 10 horas apóso nascimento daremos quirera fina demilho.

Após a segunda semana podemos iroferecendo algumas folhas de rami,guandu, assa-peixe, confrei, folhas de ba-tata doce, hortaliças e leguminosas, e oscapins são fornecidos depois dos 30 dias.

A higiene na criação é muito impor-tante para evitar doenças, por isso deve-mos desinfetar as instalações periodica-mente, o que pode ser feito com cal empó no chão ou água de cal para as pare-des, combater ratos e moscas, cuidar daprocedência das galinhas ou pintos, usarvacinas, cuidar da alimentação e dar bommanejo para os animais.

As aves que morrem devem ser en-terradas fundo ou queimadas, de prefe-rência longe do galinheiro.

Pode-se fornecer um punhado nabase do que se pode pegar com uma mãopara cada galinha. Aumentar essa quan-tia se não tiver outra alimentação.

Como fonte de vitaminas e mine-rais é muito bom dar a vontade restos dehorta, como as folhas de couve picadas,chicória, folhas de batata doce, de man-dioca ou de abóbora, ou ainda folhas deguandu, de alfafa, de rami, de leucena,

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amendoim forrageiro ou de ervilhaca.Esses alimentos devem ser forneci-

dos verde. São nutritivos e dão boa colo-ração na gema do ovo.

A galinha precisa de muito cálciopara a formação de ovos, por isso é im-

portante suplementar a alimentação comcalcareo calcítico, pó de ostra ou mesmocasca de ovos torrada. Dar um punhadouma vez por semana. Não esquecer defornecer pedriscos ou areia misturadosnestes produtos.

• 5 kg Farinha de mandioca feita dascascas e pontas da raiz;

• 1,5 kg Farelo de milho• 2,5 kg Farelo de soja;• 1 kg Folha de mandioca.

Sugestão de ração alternativa para frango caipira: Quando não for possível usar a

folha de mandioca no inverno, esta podeser substituída por folha de batata doce,de abóbora, e guandu.

Essas folhas tem que ser desidratadas ao sol – pergunto se nãoseria melhor na sombra para evitar perdas de vitaminas...?) e tritu-radas junto com a soja torrada, a (seria a raíz? - mandioca desidra-tada) e o milho. O farelo de soja também pode ser substituído peloguandu (a folha ou os grãos? - explicar).

As principais doenças que afetam as galinhas:Bouba: é uma doença infecciosa,

causada por um vírus, que ataca mais asaves novas, durante o verão.

Aparecem ̈ pipocas¨ nas partes sempenas como a cabeça, ao redor do bico,da crista, dos olhos, barbela e pés.

Pode aparecer placas amarelas nagarganta, canto do bico, e embaixo dalíngua.

A doença se transmite pela picadade mosquito.

Este mosquito se reproduz em la-tas, vidros, pneus jogados ou poçasd’água. Devemos cuidar para evitar a pre-

sença dessas embalagens esparamadas noambiente e eliminar a poças d’água.

Coriza: aparece mais em ambien-tes úmidos e mal ventilados.

As aves têm espirros, corrimentonos olhos e nariz entupido e por isso res-pira com o bico aberto. Também podeaparecer inchaço em um ou dois ladosda cabeça.

Tifo também chamado desalmonelose: provoca grande mortalida-de. Dá febre alta, perda do apetite, penas

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arrepiadas, diarréia amarela-esverdeada ecom mau cheiro, e no final da doença acrista fica caída e azulada.

Cólera também chamado depasteurelose: ataca galinhas, perus, gan-sos, patos e outras aves. Às vezes nempercebemos os sinais, e a morte é muitorápida ocorrendode 1 a 3 dias.

As aves ficam tristes, sonolentas,asas caídas e penas arrepiadas,com diar-réia no início branca e depois esverdeada.

Pulorose também chamado de di-arréia branca: ataca em qualquer idade,porém é mais grave nos pintos.

A mortalidade é grande.Apresenta sonolência, asas caídas,

grave diarréia branca colante, que se gru-da nas penas ao redor da cloaca.

Os pintos que não morrem ficamfracos e contaminam todas as outras aves.

Coccidiose: É uma das mais gra-ves doenças dos pintos e causa alta mor-talidade.

Ficam tristes, arrepiados, asas caí-das, sonolentos,sem apetite, com diarréiaàs vezes de sangue.

Verminose: É mais grave nas avesjovens. Ficam sem apetite, magras, compenas arrepiadas, e podem apresentar di-arréia. É importante fornecer umvermífugo aos 35 e 70 dias de idade, edepois a cada 90 dias.

Doença de Newcastle: causada por

um vírus muito contagioso, provocandogrande mortalidade.

Perde o apetite, tem febre, tristeza,muito sono, espirros, diarréia verde-azulada ou mesmo com sangue, tremo-res e paralisia das asas, pescoço ou per-nas.

Piolhos: os piolhos prejudicam asaves e transmitem doenças. Quando apa-recerem é preciso pulverizar as aves e ogalinheiro e o poleiro. Nos ninhos pode-mos colocar folhas de cinamomo, cedro,erva de bicho, cravorana, cravo dedefuntoou erva de Santa Maria.

Algumas ações preventivas nocontrole de doenças e parasitas em aves:

• Manter a higiene nos locais de cri-ação. A maioria das doenças entrapela boca através da alimentaçãoe água contaminadas;

• Controlar as moscas;• Enterrar animais mortos;• Na hora da compra, certificar-se

de que os estão com a vacinaçãoobrigatória da Marek e bouba;

• Colocar uma gota de creolina paracada 8 litros de água de beber. Istoserve para prevenir o aparecimen-to de um grande numero de doen-ças, principalmente a bouba.

• É necessário suspender o uso dacreolina um mês antes do abate.

• Nas 2 horas após a chegada dospintinhos fornecer água com 5%de açúcar.

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• 1 a 3 dias: usar 1 grama de sal e20 gramas de açúcar em 1 litro de água.

• 4 a 7 dias: usar 2,25 gramas de sale 18,5 gramas de açúcar em 1,5 litros deágua.

• 8 a 15 dias: usar 1,9 gramas de sale 26 gramas de açúcar em 3 litros de água.

• 16 a 24 dias: usar 2,7 gramas desal e 31 gramas de açúcar em 4,6 litrosde água.

• Mais de 25 dias: usar 2,3 gramasde sal e 38,5 gramas de açúcar em 7,7litros de água.

Antibiótico preventivo para aves– previne diarréias, doenças respira-tórias e coccidiose

Moer e misturar 1 grama de alhopara cada kg de ração. Deixar de usar oalho 6 dias antes do abate.

Idade vacina1 dia Bouba e Marek10 dias Newcastle21 dias Bouba (se não tiver sido feita no 1º dia)35 dias Newcastle (2ª dose)60 dias Bouba (2ª dose)84 dias Newcastle (3ª dose)120 dias Cólera (repetir anualmente)161 dias Newcastle (4ª dose)

Calendário de vacinação das aves:

Fonte: Criação de galinhas caipiras – Wilson Miguel Agro Ecológica – SP

Soro para prevenção de diarréia Dosagem de acordo com a idadePrevenção e controle da bouba –

esta doença forma pipocas na cabeçaMiolo de abóbora: amassar um pou-

co de miolo de abóbora madura e passarnas partes afetadas até que sequem.

Sabão caseiro: passar nos caroçosdas aves até curar.

Prevenção de Newcastle

Alho e fubá: amassar 5 dentes dealho (20 gramas) e misturar em 3 pratosde fubá (farinha de milho). Colocar nocomedouro das aves.

Alho e limão na água de beber:amassar 2 dentes de alho, misturar em10 litros de água limpa, e acrescentar osuco de um limão. Colocar nos bebedou-ros.

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Criação de suínos na pequena propriedadeA criação de suínos ao ar livre é

uma boa opção para a pequena proprie-dade, visto que nos oferece várias vanta-gens, como instalações de baixo custo,diversidade de alimentos consumidos que

muitas vezes seriam desperdiçados (res-tos de cozinha por exemplo), carne deboa qualidade e não agredimos o meioambiente com o problema de acúmulode esterco.

Escolha dos animaisNeste sistema devemos escolher

animais de preferência já adaptados àscondições regionais, como clima, solo...e características como boa carcaça, ve-locidade de ganho de peso, resistência adoenças... Devemos evitar animais comdefeitos de cascos e aprumos (postura),menos de 7 pares de tetas, tetas cegas ouinvertidas, animais agressivos e nervosos.

Também lembrar que animais brancos oumuito claros sofrem neste tipo de criaçãodevido a problemas de queimaduras pelosol.

Precisamos atender ao máximo obem estar animal, buscando dar condi-ções para suprir suas necessidades de an-dar, encontrar água, comida, sombra, ese abrigar da chuva, frio e ventos fortes.

Área de pastoOs animais dispõem de uma área

de pasto resistente ao pisoteio e com ci-clo longo, com sombreamento, que podeser fornecido por árvores frutíferas comomanga, goiaba, laranja, abacate, ouleucena, cinamomo (que já ajuda a repe-lir insetos como moscas, por exemplo),ou mesmo café, feijão guandu, etc. Usa-mos em média, 50m² por leitão desma-mado, 100m² por porca adulta e 200m²por reprodutor (cachaço).

Para proteger as árvores usamos umfio elétrico que passa por três sarrafos

fincados ao redor do tronco e conectadoà cerca elétrica. Em árvores já grandes,enrolar arame farpado até uma altura de60 cm.

Onde não for possível oferecer umaboa pastagem o ano todo (formada porgramas do tipo estrela africana, tifton,braquiaria, hemarthria, pensacola, bermu-da, quicuio, missioneira... ou consorcia-da com leguminosas como amendoimforrageiro, ervilhaca, trevos,...), pode-seusar capineiras, cortando-se a forragemverde e distribuindo-se aos animais.

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ManejoCercar os piquetes com arame ele-

trificado a 35 e 60 cm do solo. Ter umpiquete em separado para os leitões quepode ser cercado com tela de arame ma-lha 4 ou 5 e na parte interna deste pique-te um arame eletrificado a 10 cm do soloe da tela. A distância entre as estacas va-ria entre 6 e 9 metros. Deixar os fios bemesticados.

Evitar que o esterco dos animais,restos de cozinha e dejetos humanos che-guem aos riachos, pois servem de alimen-to para as larvas de borrachudo (mosqui-

to). Vale lembrar que o esterco acumula-do serve para a multiplicação de moscasque provocam muitos problemas para asaúde dos animais e das pessoas.

A cada 2 ou 3 anos é bom mudar acriação de lugar para que o solo não sejamuito destruído e para evitar problemasde sanidade.

Para evitar que os animais fucem eestraguem a pastagem, pode ser usadoum fio de cobre – 4mm - em forma deargola no focinho.

Também construiremos um abrigocoberto, onde será fornecido alimento ex-tra em um comedouro, além de água fres-ca à vontade. O abrigo pode serconstruído com materiais alternativos,como bambu, eucalipto... e deve estarlocalizado em lugar alto, bem ensolarado,

Abrigoseco, arejado, com boa declividade, per-mitindo um bom escoamento da água eretirada do esterco. O abrigo deve serconstruído no sentido leste-oeste, demodo que no verão a trajetória do solcorra ao longo da cumeeira, evitando oexcesso de calor dentro das instalações.

No inverno, podemos semear porcobertura aveia, azevém e ervilhaca.

É importante eliminar das pastagensas plantas tóxicas como o mio mio,

vassourinha (alecrim), samambaia,fedegoso (cafezinho do mato),cinamomo...

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O cachaço fica solto no seu pique-te, próximo ao piquete das fêmeas, para

Um suíno precisa de 8 a 10 litrosde água por dia conforme a temperaturaambiente, fase de desenvolvimento... umanimal com 10 Kg precisa de 1 litro deágua por dia, se tiver de 50 a 100 Kgprecisa de 5 a 10 litros. Uma porca ama-mentando precisa de 15 litros de água

Na alimentação também podemosusar grãos (milho, sorgo, soja torrada, fei-jão guandu cozido), frutas (goiaba,carambola, banana, jabuticaba, pêra,

Cachaçoque sejam estimuladas a entrar em cio.

Águamais 1,5 litros por leitão, em uma tempe-ratura ambiente de 22 ºC.

Os bebedouros para leitões devemter uma altura de 10 a 15cm. Para ani-mais com mais de 50 Kg, uma altura de30 a 40cm.

Alimentaçãomaçã,...), hortaliças, tansagem, caruru,beldroega, abóbora, mandioca, batatadoce, caldo de cana, soro de leite, sorgo,milheto, aveia, triticale, cevada, centeio,

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Na primeira semana de vida os lei-tões devem se alimentar do colostro, queé o primeiro leite produzido pela porca,rico em substâncias que protegem os lei-tões contra doenças. Quanto mais rápidoo leitão começar a mamar, melhor.

Se a porca morrer logo após o nas-cimento, podemos usar um substituto doleite para alimentar os leitões: 250ml de

A alimentação dos leitõesleite de vaca, uma colher de sopa de nata,uma clara de ovo e uma colher de sopade suco de limão. Dar a uma temperatu-ra de 37 a 40ºC.

Depois da primeira semana de ida-de, pode ser fornecido um pouco de ra-ção, pois o organismo começa a se mo-dificar. Da 2ª semana em diante pode-mos dar alimento à vontade.

A porca em gestação deve receberágua à vontade, boa alimentação e teracesso a piquetes com boa pastagem e

sombra.A gestação dura em média 114 dias,

ou seja, 3 meses, 3 semanas e mais 3 dias.

Gestação

farelo de trigo, de arroz... A alimentaçãoé, com certeza, o fator que mais influi noscustos de produção da criação de suínos.

Na ração o milho pode ser substitu-ído por sorgo, triticale, trigo, centeio, oupor mandioca, arroz, batata-doce...O mi-lho pode ser substituído por raspas debatata doce secadas ao sol. A batata-docepode ser fornecida também crua, cozidaou em forma de silagem. O inhame tam-bém pode ser fornecido cozido em água.

O soro de leite é uma ótima opçãode alimento para os suínos e pode serdado puro ou misturado a outros alimen-tos.

A planta inteira de soja pode ser usa-da na forma de feno ou de forragem ver-de para matrizes em gestação.

O feijão só deve ser fornecido cozi-do ou torrado.

A mandioca pode ser picada em pe-daços pequenos e secados ao sol, tritura-dos (moídos) e guardados em sacos.

A alfafa pode ser fornecida na for-ma de pastagem, forragem ou feno.

O feijão guandu deve ser cozido emágua por 40 minutos e depois secar aosol. Se fornecido cru (acima de 10% naração) provoca redução no consumo dealimento e reduz o crescimento.

O rami é dado na forma de forra-gem ou feno.

Na fase de engorda, o milho deveser moído em tamanho médio, que émelhor aproveitado do que inteiro oumoído muito fino. O sorgo pode substi-tuir o milho na alimentação dos animais.

Em geral, um animal bem tratadoestá pronto para o abate em torno dos150 dias de idade.

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SanidadeNeste sistema de criação é mais co-

mum o aparecimento de problemas comoo bicho de pé, piolho, sarna, bernes ebicheiras, além de verminoses.

Muitas doenças podem ser evitadasou prevenidas adotando-se cuidados coma limpeza e desinfecção das instalações,uso de vacinas... seringas, agulhas e ou-tros equipamentos usados devem sem-pre estar limpos, lavados com água e sa-bão e desinfetados com álcool iodado.

Animais que morrem devem serqueimados ou enterrados.

Os alimentos devem ser bem con-servados, evitando que mofem ou ume-deçam, pois isso pode causar intoxica-ções e doenças.

Conservar as vacinas refrigeradas,sem deixar congelar ou expostas ao sol.Não usar vacinas e medicamentos forado prazo de validade.

Vacinas:• Pneumonia enzoótica• Parvovirose, erisipela e leptospi-

rose• Rinite atrófica• Diarréia neonatal dos leitões• Pleuropneumonia Os leitões ao nascer devem ser

enxugados, é importante cortar, amarrare desinfetar o umbigo, fornecer calor(pode ser com uma lâmpada) e um local

seco e com cama de palha ou demaravalha (cepilho). Estes detalhes nãopodem ser esquecidos, principalmente noinverno.

Aplicar uma dose de ferro injetávelentre o 3º e o 7º dia de vida nos leitões.

A desinfecção das estruturas podeser feita com água de cal, alvejante(QBOA) com água, ou outro desinfetan-te. Evitar ventos e umidade, isolar os do-entes, ter boa ventilação, procurar man-ter uma boa higiene, fornecer boa alimen-tação e água limpa, também são fatoresimportantes na prevenção de doenças.

Problemas com o canibalismo(quando mordem a cauda, orelha,flanco... com sangramento) podem sercontrolados separando do lote o animalque o pratica (geralmente é o maior), tra-tando os machucados, pendurando cor-rentes ou pneus velhos, ou jogar palhasou talos no chão para entreter os animais.Ver se não há muitos animais em poucoespaço, ou falta de água ou alimento.

Para combater os vermes podemosusar troncos e folhas de bananeira pica-dos durante cinco dias misturados aos ali-mentos. Também pode ser oferecido cháde carqueja ou de erva de Santa Mariamisturado ao soro de leite. Folhas e fru-tos verdes de mamoeiro picados e mistu-rados aos alimentos e alho, também fun-cionam para a eliminação dos vermes.

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CORDEIRO, A.; Coleta e Trocade Sementes de Milho e Feijão: dicas paragarantir uma boa amostra da variedade,AS-PTA - PR, 1998.

PINHEIRO, S.; Barreto, S. B.;"MB4": Agricultura Sustentável,Trofobiose e Biofertilizantes, Salles Edi-tora, Canoas - RS, 2005.

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Terra livre de transgênicos e sem agrotóxicos

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