de acordo com a declaração de salamandra

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De acordo com a Declaração de Salamandra da UNESCO de 1994: As escolas devem ajustar-se a todas as crianças, independentemente das suas condições físicas, sociais, lingüísticas ou outras. Neste conceito devem incluir-se crianças com deficiência ou superdotadas, crianças da rua ou crianças que trabalham, crianças de populações imigradas ou nômades, crianças de minorias lingüísticas, étnicas ou culturais e crianças de áreas ou grupos desfavorecidos ou marginais. A partir disso, percebe-se que a inclusão em contexto escolar é um direito de qualquer indivíduo e a escola necessita urgentemente elaborar estratégias que propiciem um desenvolvimento integral de todas as crianças de acordo com o potencial de desenvolvimento e aprendizagem que cada uma pode alcançar. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional também é enfática nesse aspecto ao afirmar que: Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais. § 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial. § 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular. E essa mesma lei (LDB) também defende a integração escolar dos portadores de necessidades especiais com outros indivíduos como possibilidade para o desenvolvimento do ser humano. - a integração escolar estimula o desenvolvimento do portador de necessidades especiais - função inclusora e função terapêutica.

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Page 1: De Acordo Com a Declaração de Salamandra

De acordo com a Declaração de Salamandra da UNESCO de 1994:

As escolas devem ajustar-se a todas as crianças, independentemente das suas condições físicas, sociais, lingüísticas ou outras. Neste conceito devem incluir-se crianças com deficiência ou superdotadas, crianças da rua ou crianças que trabalham, crianças de populações imigradas ou nômades, crianças de minorias lingüísticas, étnicas ou culturais e crianças de áreas ou grupos desfavorecidos ou marginais.

A partir disso, percebe-se que a inclusão em contexto escolar é um direito de qualquer indivíduo e a escola necessita urgentemente elaborar estratégias que propiciem um desenvolvimento integral de todas as crianças de acordo com o potencial de desenvolvimento e aprendizagem que cada uma pode alcançar. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional também é enfática nesse aspecto ao afirmar que:

  Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais.        § 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial.        § 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular.

E essa mesma lei (LDB) também defende a integração escolar dos portadores de necessidades especiais com outros indivíduos como possibilidade para o desenvolvimento do ser humano.

- a integração escolar estimula o desenvolvimento do portador de necessidades especiais - função inclusora e função terapêutica.- a integração escolar estimula a convivência com a diferença, contextualizando o tema transversal "diversidade".

Para que a inclusão seja de possível efetivação, faz-se necessário que o profissional da educação compreenda as especificidades de cada síndrome e elabore estratégias que possibilitem o processo de aprendizagem e desenvolvimento da criança portadora de necessidades especiais. Sendo assim, o presente material visa oportunizar aos profissionais da educação uma compreensão acerca dos aspectos das principais deficiências inseridas em contexto escolar

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juntamente com possíveis atividades pedagógicas que possibilitem estratégias para o processo de aprendizagem e desenvolvimento.

AS DEFICIÊNCIAS PODEM SER DE ORDEM:MENTAL, SENSORIAL, MOTORA.

PROBLEMAS NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM,TAMBÉM EXIGEM NECESSIDADES ESPECIAIS.

NECESSIDADES EUDCATIVAS ESPECIAIS

DE ORDEM MENTAL:

Abordamos a Síndrome de Down e o Autismo, por serem os mais encontrados em sala de Aula. Nos sites de pesquisa, você poderá se aprofundar, inclusive sobre outras deficiências.

SÍNDROME DE DOWN:

A síndrome de Down (SD) é uma síndrome de alteração genética (e não uma doença) e o diagnóstico preciso é feito através do cariótipo que é a representação do conjunto de cromossomos de uma célula. A causa da SD é o excesso de material genético proveniente do cromossomo 21. Seus portadores apresentam três cromossomos 21, ao invés de dois, por isto essa síndrome também é denominada Trissomia. Essa síndrome ocorre em todas as raças, em qualquer classe social, e em todos os países. A relação entre alimentação, doenças ou problemas ocorridos na gravidez com a síndrome de Down são errôneas, pois a única relação reconhecida é a idade materna superior a 35 anos. As características clínicas da SD são congênitas e incluem, principalmente: atraso mental, hipotonia (diminuição do tônus) muscular, baixa estatura, perfil achatado, orelhas pequenas, olhos com fendas inclinadas (semelhante aos orientais), língua grande, protrusa e sulcada, mãos pequenas com dedos curtos e prega única nas palmas. O diagnóstico da síndrome de Down é realizado por um especialista da área da saúde. Feito o diagnóstico, a criança portadora dessa síndrome deve ser encaminhada o mais precocemente possível para serviços especializados que orientem os pais sobre o prognóstico e a conduta terapêutica. A fonoterapia é extremamente necessária para a linguagem, devido à língua protrusa e sulcada que o portador possui. O tratamento fisioterapêutico também é indispensável para a aquisição da força e do tônus muscular.

INTEGRAÇÃO ESCOLAR

A criança portadora de síndrome de Down na maioria dos casos possui temperamento afável e demonstra-se interessada em participar do ambiente ao seu redor, o que intervem na sua

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socialização. Mas mesmo assim, existem casos em que o Down é um indivíduo agressivo, resultante na maioria das vezes de uma educação baseada na superproteção e na satisfação de todas as suas vontades. Por isso é de suma importância que a criança Down tenha uma educação também permeada nos limites e nas regras. Por apresentar dificuldade na fala, a criança Down apresenta um vocabulário mais reduzido, o que interfere diretamente na relação expressar o que compreendeu. Outro fator que dificulta esse processo é a capacidade de memória auditiva de curto-prazo, predominante nessa síndrome. O mesmo dificulta a compreensão de instruções oralizadas, especificamente as que são de ordem consecutiva. Diante disso, o profissional da educação pode auxiliar no desenvolvimento da criança portadora dessa síndrome através de signos visuais, como o gesto e a imagem (a ilustração, o objeto, a foto) para exemplificar as instruções orais; a fala precisa ser em turnos simples. O mesmo deve ocorrer quando essa criança quiser comunicar algo ou quando sua comunicação for solicitada por parte do profissional, ou seja, a criança necessita da oportunidade de expressar a sua compreensão através do gesto, quando não for possível através da oralização. Isto não quer dizer que a criança, portadora de síndrome de Down, deva se expressar somente através do gesto. A estimulação da linguagem oral, nesse caso, é uma das funções do profissional da educação. Gesto, imagem e fala propriamente dita são aspectos inter-relacionados e por isso no desenvolvimento das atividades pedagógicas precisam ocorrer juntamente. Quando o profissional da educação fornece alguma instrução para a criança, sendo ela portadora de alguma necessidade especial ou não, faz-se necessário que gesticule e mostre alguma imagem relacionada. Assim, teremos a inclusão social, porque as crianças estarão convivendo com o conhecimento de distintas formas, mas a compreensão ocorrerá individualmente e de maneira também distinta. Esse é o diferencial para a efetivação de uma inclusão social: a compreensão das áreas do conhecimento através de inúmeras possibilidades para que todos possam se sentir sujeitos ativos e parceiros do processo de aprendizagem. Se o portador de necessidade especial for encarado como diferente e que necessita de um acompanhamento totalmente diferenciado dos demais, não fará sentido algum a sua inserção no âmbito escolar, pois será excluído novamente. Algo que merece destaque é a compreensão de que a criança Down é um sujeito como qualquer outro, portador de uma realidade sócio-histórica, e as interações sociais influenciarão no seu desenvolvimento que potencializarão ou minimizarão as capacidades de aprendizagem. Sendo assim, o desenvolvimento e a aprendizagem do portador de Síndrome de Down será mais eficaz quanto maior compreensão se possuir sobre a concepção dessa, ignorando os estereótipos.

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Dentro dessa perspectiva, a criança, portadora de síndrome de Down como de qualquer outra síndrome, deve estar inserida no âmbito escolar e vivenciar a diferença com vistas a uma aprendizagem pessoal que ocorre primeiramente através da interação com o outro.

SUGESTÕES DE ENCAMINHAMENTOS PEDAGÓGICOS

- Elaborar juntamente com as crianças placas de identificação das diversas rotinas realizadas no contexto escolar. Essas devem conter imagens retratando a rotina e a linguagem escrita, dispostas em forma de varal, ao alcance das crianças. Dessa maneira a criança portadora da síndrome de Down poderá utilizar os gestos para expressar o que gostaria de realizar. Vale atentar que as placas devem ser colocadas todos os dias no varal com a participação das crianças, utilizando a linguagem escrita e a linguagem visual para demonstrar cada rotina. Assim, aos poucos, a criança síndrome de Down perceberá que é possível se comunicar através da linguagem oral (fala) da mesma maneira que a linguagem gestual. - O profissional da educação (professor) deve evitar a correção da linguagem oral desvinculada de qualquer ação, ou seja, solicitar que a criança Down repita diversas vezes a sentença correta da frase. Caso a criança pronuncie a sentença de maneira incorreta, o profissional deve repetir a frase de maneira correta em forma de pergunta. Exemplo: a criança Down diz: Aqua (referindo-se a água) e o profissional fala: Você quer tomar água? Dessa maneira a criança terá possibilidades maiores de compreensão sobre a pronúncia correta da linguagem oral, pois perceberá que a mesma tem uma função social. Vale atentar, que esse trabalho deve também ser realizado com as outras crianças. - Na realização das atividades pedagógicas é de fundamental importância que o profissional utilize a linguagem oral sempre acompanhada da linguagem gestual e de objetos concretos para uma melhor compreensão dos conteúdos desenvolvidos. Os gestos devem ser executados de maneira clara e coerente para que sejam entendidos pela criança Down e pelas outras também. - A realidade em que a criança Down está inserida fora do contexto escolar influi no resultado do processo de aprendizagem e desenvolvimento. Por isso o profissional deve tentar sempre descobrir a realidade que a criança vive fora da sala de aula e os conhecimentos que possui para então, partindo desses, integrar conhecimentos novos. - O diálogo com os pais da criança, portadora da síndrome de Down, é essencial para obter melhores resultados. O profissional da educação, os pais e os especialistas (fonoaudiólogo, fisioterapeuta, etc) devem trabalhar de maneira interdisciplinar, ou seja, trocarem constantemente informações, seja por e-mail, telefone, carta ou pessoalmente, os avanços e as potencialidades que a criança Down pode alcançar. Assim, todos serão auxiliadores no desenvolvimento e na aprendizagem dessa criança.

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- Em virtude da criança Down apresentar hipotonia (diminuição da tonicidade muscular) é aconselhável que o professor utilize massa de modelar e/ou argila inúmeras vezes para que ela possa manuseá-la e assim aos poucos adquirir o tônus muscular. Outra maneira importante para também estimular a tonicidade muscular é a realização de dinâmicas de grupo que envolva contato físico, como por exemplo: massagem. Essa deve ser realizada envolvendo todas as crianças e o professor. Sites de pesquisa: www.cerebromente.org.br www.centrus.com.br www.pedagogiaemfoco.pro.br

AUTISMO:

O autismo é uma alteração cerebral que afeta a capacidade do indivíduo de se comunicar, estabelecer relacionamentos sociais e envolver-se com o ambiente. Vale destacar que o autismo se manifesta diferentemente de indivíduo para indivíduo, ou seja, um pode ter um comportamento totalmente fechado, enquanto o outro pode ter um comportamento marcado por restrições e rígidos padrões. O autismo pode também estar relacionado a outros distúrbios como mental e/ou na linguagem oral. Esse se manifesta tipicamente antes do terceiro ano de vida. É importante ressaltar que a observação dos pais no desenvolvimento da criança é de suma importância para o diagnóstico e posterior tratamento. A linguagem é atrasada, ou, em alguns casos, não se manifesta. As características mais comuns são: ausência de contato visual como meio de comunicação, movimentos repetitivos como balançar a cabeça ou mexer constantemente os dedos ou as mãos; atraso na linguagem ou a não manifestação desta; indiferença quanto ao sentimento do outro; insensibilidade a ferimentos podendo muitas vezes ferir-se sozinho; comportamentos de agressividade devido à frustração ou inserção em um ambiente estranho; cheirar ou lamber os brinquedos; indiferença quanto à ausência ou presença dos pais. Desde o seu nascimento, o ser humano tenta estabelecer contato com o mundo e com as pessoas que o rodeiam. Para isso, ele estabelece inicialmente relações sociais através dos seguintes órgãos do sentido: visão, audição e tato. Quando um objeto ou uma pessoa passa repentinamente na sua frente, ele tenta acompanhar o trajeto com os olhos. Na troca da fralda, isso também é possível de perceber, porque o bebê tenta estabelecer vínculo afetivo através do olhar. Quando está no berço e esse possui algum objeto pendurado, o bebê tenta alcançá-lo através do tato. Ao ouvir um som, tenta descobrir sua origem, movimentando a cabeça ou os olhos. Também diversifica o manuseio dos brinquedos, devido sua atenção e curiosidade serem dispersas. Esses são alguns dos aspectos essenciais para o auxílio dos pais e dos professores na percepção do desenvolvimento da criança. Como

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o autista apresenta dificuldade tanto em estabelecer contato visual e afetivo quanto em explorar o mundo ao seu redor (se limita a explorar um determinado objeto), isso fica visível desde o seu nascimento. Há casos em que a criança autista teve inicialmente um desenvolvimento normal, e após um período, houve ruptura em algum aspecto, seja esse afetivo ou de linguagem. Por isso a observação deve ser algo presente em todas as etapas da vida, e, quando houver um comportamento estranho, esse possa ser submetido a diagnóstico para ser tratado o mais cedo possível, pois os especialistas são enfáticos ao afirmar que quanto mais cedo for diagnosticado o autismo, melhores resultados poderão ser obtidos. O autismo ainda não tem cura, por isso muitas vezes ocorrem equívocos nos pais quanto a essa informação. Muitos pais, quando descobrem que o filho é autista, acabam cultivando a falsa esperança de que ele irá se recuperar totalmente. Outros pais em contrapartida demonstram uma situação de negação total do problema, trocando diversas vezes de especialistas na busca de um resultado que comprove o contrário. E existe um terceiro grupo de pais que nem procuram auxílio de um especialista, porque estão convictos de que cada criança tem a sua maneira individual e única de estabelecer relações com o mundo e com as pessoas. Diante desses fatores, é imprescindível que o especialista tenha realmente conhecimento sobre o autismo em diferentes instâncias e utilize uma linguagem clara e correta sobre o que é o autismo, as possibilidades de avanço e de que maneira as pessoas que convivem com a criança autista podem auxiliar no tratamento. Pois o tratamento deve estar inserido numa perspectiva interdisciplinar, ou seja, especialista, pais e professores para que realmente ocorra um tratamento qualitativo e que gere avanços no desenvolvimento dessa criança. O diagnóstico do autismo não possui testes laboratoriais (exames) ou de imagem específicos. Por isso o diagnóstico do autismo é feito clinicamente através de entrevista e histórico do paciente. Entretanto, como o autismo possui semelhança com outras síndromes, os testes e exames são realizados para descartar essas síndromes e detectar se realmente existe predominância do autismo. Para um diagnóstico preciso, três características relatadas anteriormente precisam predominar: as limitadas manifestações sociais, as habilidades de comunicação restritas e comportamentos repetitivos. Uma vez diagnosticado o autismo, deve-se realizar encaminhamento para um especialista em autismo para que esse confirme ou não o diagnóstico e desenvolva um tratamento adequado. Sites de pesquisa: - www.educare.pt - www.mj.gov.br - www.psiqweb.med.br/infantil/autismo - www.psicosite.com.br/tra/inf/autismo - www.centrorefeducacional.com.br/ autismo lidar

INTEGRAÇÃO ESCOLAR

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O diagnóstico do autismo ainda requer muitos estudos, porque muitos fatores indicativos ainda estão obscuros. Mas alguns indicativos da sua conduta são a ausência de contato visual, a repetição da pergunta como forma de afirmação, a utilização do tu como expressão do eu e a resistência a mudanças. O sim e o eu são conceitos que a criança incorpora processualmente e muitas vezes de maneira lenta. Entretanto, essa criança apresenta excelente memória auditiva, algo perceptível através de músicas que canta e quando reproduz os comerciais da televisão. Diante disso, a escola possui um desafio de elaborar estratégias que propiciem o desenvolvimento de crianças autistas, focalizando as suas capacidades. Isso requer uma capacitação de todos os profissionais da educação envolvidos e auxílio de profissionais da área da saúde numa perspectiva de parceria. A inclusão, na sua essência, de crianças assim, bem como as portadoras de outras deficiências é benéfica para todos, porque a diversidade contribui no desenvolvimento individual de cada ser humano. Muitas crianças autistas realizam acompanhamentos particulares com especialistas ou freqüentam escolas especiais, porque a sua inclusão em classes regulares fora frustradas, devido a não adaptação da criança e a não capacitação do profissional da educação perante as estratégias a serem utilizadas. Por isso, a inclusão de crianças autistas é algo que requer comprometimento, persistência, paciência e especialização. O profissional da educação para realizar de fato a inclusão, necessita ter subsídios de encaminhamentos para elaborar estratégias.

SUGESTÕES DE ENCAMINHAMENTOS PEDAGÓGICOS

- Inicialmente o profissional da educação deve procurar assistência com um profissional da saúde e com a família, para descobrir as potencialidades e as dificuldades da criança autista. Elaborar estratégias que possibilitem o seu desenvolvimento e aprendizagem. Como já é sabido, cada ser humano é único e por isso, apresenta potenciais e dificuldades distintas, o que não difere na criança autista. - No que refere aos movimentos repetitivos, o profissional da educação em momento algum deve tentar extingui-los com ruptura e de maneira imediata. Esses movimentos são reflexos do seu contato com o mundo e, por isso devem ser respeitados, mas com o objetivo de fazer avançá-la na percepção do mundo em que vive. Assim, o profissional da educação pode utilizar esses movimentos repetitivos na descoberta de outros objetos. Entretanto, o seu objeto preferido muitas vezes vai acompanhá-la na descoberta de outros objetos. Ou seja, uma criança que realiza movimentos repetitivos com uma boneca, ao ser estimulada a brincar com uma bola, poderá levar a boneca para brincar junto. Diante disso, deve-se processualmente tentar centralizar a atenção da criança na bola. - Perante a ausência de contato visual, o profissional da educação deve tentar sempre se comunicar com ela e com as outras crianças,

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com a proximidade dos olhos e expressão facial. Sabe-se que isso requer muita paciência, porque a criança autista não demonstra interesse no contato visual. O mesmo ocorre com a manifestação da emoção e da afetividade. Ela, na maioria dos casos não chora, mas sim, grita e demonstra aversão à afetividade. Diante disso, o profissional da educação deve demonstrar afetividade e emotividade, mas de maneira que não seja invasivo e estar ciente de que a insatisfação da criança pode ser manifestada através de agressões físicas. Nessa situação é fundamental manter a calma. - Outro aspecto essencial para o desenvolvimento e aprendizagem da criança autista é o diálogo. O profissional da educação deve sempre estimular a criança a expressar oralmente o que deseja, porque a linguagem gestual é algo marcante na criança autista. A expressão “eu” também deve ser estimulada, através de frases que o profissional da educação repete utilizando esse pronome, porque a criança geralmente repete a frase dita pelo outro como afirmação.

DE ORDEM SENSORIAL

As Deficiências de Ordem Sensorial são as do nosso sentido: tato, paladar, olfato, visão, audição. No processo de desenvolvimento e aprendizagem, utilizamos todos nossos sentidos. A deficiência no tato, paladar e olfato, pouco prejuízo apresenta no processo de integração social ou no processo de cognição. É na audição e visão, que se dá a grande dificuldade de integração, por isso as abordamos especificadamente.

DEFICIÊNCIA AUDITIVA

A deficiência auditiva é utilizada para indicar perda auditiva total (surdez) ou capacidade reduzida para escutar os sons, pode tanto ocorrer desde a vida intra-uterina (surdez congênita) como em qualquer outra etapa da vida. Importante lembrar que qualquer problema ocasionado em alguma parte do ouvido é denominado de deficiência auditiva. Em conseqüência disso, a deficiência auditiva é dividida em condutiva, neurossensorial e mista. A condutiva, como o próprio nome já diz, refere-se à dificuldade da condução do som do ouvido externo e/ou médio para o interno. Essa deficiência auditiva geralmente é ocasionada por excesso de cera ou otites freqüentes. Essa deficiência na maioria dos casos é solucionada através de acompanhamento médico, não sendo necessária a utilização de aparelhos auditivos. A neurossensorial é identificada por uma lesão no ouvido interno, e o problema não está na condução do som, mas sim, na transmissão do som do ouvido externo para o ouvido interno. Por isso, o portador dessa deficiência escuta menos e apresenta dificuldade em distinguir os sons. E a mista é a junção das deficiências auditivas condutivas com a neurossensorial.

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Na gestação a rubéola, a varíola e a toxoplasmose são as principais causas da surdez congênita (neurossensorial). Na infância, uma criança acometida de sarampo, caxumba, meningite ou expostas a ruídos acima do permitido, pode ter seqüelas auditivas. Como a surdez não é percebível a olho nu, dificulta a percepção por parte dos pais e educadores e, conseqüentemente, o auxílio de um especialista para a realização de um tratamento adequado precoce. Entretanto, uma das maneiras de diagnosticar a deficiência auditiva é observar as reações auditivas da criança. Nos primeiros meses de vida o bebê reage a sons de vozes e objetos através da cessação dos movimentos. A partir do quinto mês, o bebê já procura encontrar a fonte proveniente do som, através de movimentos corporais. Esses são alguns dos indicativos que podem auxiliar o adulto que convive com a criança a perceber que algo não está correto em seu desenvolvimento e procurar auxílio especializado para a realização de um diagnóstico preciso. Isso é muito importante, pois os especialistas são muito enfáticos no diagnóstico precoce para um tratamento que surta resultados melhores. Outros fatores que também merecem atenção é a criança que senta muito próxima à televisão para assistir a algo e/ou com volume muito alto, não consegue distinguir os sons sem visualizá-los; somente responde quando o transmissor fala de frente para ela; faz repetidos questionamentos como, por exemplo: “O que, como?”; apresenta dificuldade de concentração e problemas comportamentais. A partir do instante que os pais e/ou educadores perceberem certa semelhança entre o dito anteriormente com qualquer criança, deve-se procurar auxílio especializado de Otorrinolaringologista e/ou Fonoaudiólogo o mais rápido possível. Estes realizam testes auditivos e outros exames para diagnosticar precisamente se a criança realmente está acometida de deficiência auditiva. Uma vez diagnosticada, o especialista prescreverá algum recurso que auxilie a diminuir o problema, como o uso de aparelho auditivo para amplificar o som. Neste caso, o aparelho deve ser providenciado o mais breve possível e deve ser ajustado corretamente no indivíduo. Deve-se ter um zelo muito grande pelo aparelho de amplificação do som para que não seja quebrado ou mal ajustado, o que pode contribuir para o agravamento da deficiência. Se a gestante receber as vacinas em dia, abster-se de drogas e garantir que a criança também esteja com as vacinas em dia, além de tomar cuidado com a introdução de objetos pontiagudos no ouvido, seja por curiosidade ou para limpeza, a deficiência auditiva pode ser evitada. O ouvido é o único órgão do sentido que permanece em ativa durante as 24 horas do dia. Isso evidencia o quanto a audição é importante para o desenvolvimento do ser humano. Por isso, quem nunca escutou o mundo ao seu redor, apresentará grandes dificuldades para compreendê-lo e não conseguirá se exprimir através da fala. Esse é um dos motivos que contribui para que o surdo freqüentemente seja denominado deficiente mental. Assim,

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esse acaba sendo socialmente marginalizado, o que influencia no seu desenvolvimento psicossocial, ou seja, a insegurança e o isolamento acabam sendo incorporados pelo indivíduo.

INTEGRAÇÃO ESCOLAR

É de fundamental importância para o desenvolvimento do portador de deficiência auditiva, que sejam utilizadas alternativas de comunicação baseadas na visão, no tato e no movimento juntamente com o aproveitamento dos restos auditivos do portador que os possui. Dessa maneira o profissional da educação não deve valorizar o domínio da linguagem oral no processo de aprendizagem, pois, o surdo poderá ter chances reduzidas de integração com os seus companheiros de turma.

A Linguagem Brasileira de Sinais (LIBRAS) é a linguagem de comunicação que os indivíduos portadores dessa deficiência mais utilizam. Entretanto, devido aos regionalismos presentes no Brasil, essa linguagem possui variações. Pode ainda ocorrer casos onde indivíduos construíram a sua linguagem de comunicação sem nunca terem contato com LIBRAS. Diante disso, o ideal é que o profissional da educação conheça LIBRAS e utilize constantemente no desenvolvimento da prática pedagógica para todas as crianças, independente se existe alguma criança deficiente auditiva nesse contexto. Desta forma ocorrerá a conscientização da inclusão social do portador de necessidades especiais. Pois, às vezes, o portador de deficiência auditiva está inserido no bairro, no clube, na igreja onde a criança ouvinte também está inserida. E, dessa maneira, haverá comunicação entre o ouvinte e o surdo. No caso da inserção do deficiente auditivo na sala de aula, é primordial que o profissional não o exclua do processo de aprendizagem por meio de momentos onde os ditos normais recebem um determinado atendimento e o surdo outro. É essencial que não somente o profissional saiba se comunicar com o surdo, mas também os colegas. É importante afirmar que essa comunicação será resultante da interação que é proporcionada no âmbito do processo de aprendizagem, porque se o surdo é concebido como alguém que merece atendimento totalmente diferenciado dos demais, a comunicação entre eles será bloqueada ou reduzida em muito. Vale ressaltar que não estou afirmando que o surdo não mereça um atendimento por parte do profissional da educação mais específico, mas sim, que o surdo precisa ser concebido como alguém que faz parte literalmente do contexto escolar, e não como alguém a parte. A alfabetização para surdos muitas vezes é encarada como algo muito complexo e os profissionais argumentam que o surdo até consegue escrever algumas palavras, mas o problema reside na produção textual porque ele não consegue realizá-la. Assim, é válido tecer alguns pontos que nos auxiliarão a refletir sobre a maneira como é desenvolvida atualmente (na maioria dos casos) a alfabetização dos surdos. O grande problema reside na compreensão

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errônea de alfabetização do surdo, pois essa não pode partir da linguagem oral que o ouvinte tem contato desde a vida intra-uterina. Existe uma tendência muito enraizada na educação de que todas as crianças inseridas em uma determinada classe devem ser alfabetizadas iguais e apresentarem os mesmos resultados. É urgente a compreensão de que o surdo tem contato com uma linguagem visual-espacial: LIBRAS. Como para o ouvinte, a língua portuguesa oral é antecessora da língua portuguesa escrita, a língua materna da criança influenciará no processo de alfabetização (entendida como muito além de somente ler e escrever, mas como intervenção ativa no mundo em que vive, ou seja, na função de significação social). Esse processo, no caso do surdo, também se desenvolve assim, mas para ele é sem significação e conseqüentemente de difícil compreensão, porque o surdo não ouve a língua portuguesa oral auditiva e assim não consegue estabelecer relações com a linguagem portuguesa escrita. Diante do exposto, faz-se necessário repensar a alfabetização do surdo. Para que tenha sentido é essencial começar pela escrita dos sinais, ou seja, a representação da língua de sinais para a escrita. Assim, o surdo vai estabelecer relações naturais em seu processo de alfabetização. Um aspecto de suma importância é que a LIBRAS é reconhecida legalmente como um meio de comunicação desde 2002 quando o presidente Fernando Henrique Cardoso sancionou a seguinte lei:

Art. 1º - é reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais – Libras e outros recursos de expressão a ela associados.

Sendo assim, a LIBRAS é um direito que o surdo possui para comunicar-se. Entretanto, isso não isenta o indivíduo surdo da língua portuguesa. Como vive em sociedade, é necessário que o surdo também se alfabetize na língua portuguesa. E a alternativa para isso é partir da alfabetização da língua de sinais (conforme relatado anteriormente) para a posterior alfabetização da língua portuguesa escrita (sendo essa a segunda língua da criança). Para tanto, nesse processo de alfabetização, o indivíduo surdo deve estabelecer interação constantemente com a escrita da língua de sinais através de textos, palavras, sílabas e grafemas que representem diretamente a LIBRAS. Além de tudo que foi discutido, já algo de suma importância: as interações no contexto educacional. Todo processo educacional perpassa interações – sejam essas: criança/criança, criança/professor e criança/objeto – para uma concretização efetiva e significativa para todos os envolvidos. Por isso se o profissional da educação não se comunicar com o surdo através da língua de sinais, o processo de alfabetização estará seriamente comprometido. O surdo também tem o direito de possuir em seu contexto educacional um intérprete especializado na língua de sinais. Esse acompanhará a criança surda através da tradução constante das

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linguagens que o profissional da educação utiliza. A efetivação desse direito requer uma insistência por parte dos profissionais da educação, pois os órgãos públicos muitas vezes desconhecem a especificidade do trabalho pedagógico da turma. O profissional da educação que perceber que esse direito está sendo negligenciado, deve-se dirigir ao órgão público competente da educação como a Secretaria da Educação. Sites de pesquisa: www.ines.org.br www.crfaster.com.br www.feneis.com.br

SUGESTÕES DE ENCAMINHAMENTOS PEDAGÓGICOS

- A LIBRAS é a linguagem que o surdo utiliza para se comunicar, é uma língua que também possui normas como a língua portuguesa, porém diferentes. Como a LIBRAS é uma linguagem gestual, a expressão influencia em muito na compreensão. Por isso o profissional da educação além de utilizar a LIBRAS para estabelecer comunicação com o surdo, é necessário utilizar com bastante intensidade a expressão facial. Um exemplo disso é quando o profissional quer dizer (através das LIBRAS) que está triste, ele juntamente faz uma expressão facial que retrata isso. Isso é extremamente necessário, porque se o profissional disser que está triste e retratar alegria, não seria compreensível para o surdo porque a LIBRAS é uma linguagem gestual-visual. - Para que o profissional compreenda o que o surdo está falando e vice-versa, é fundamental acompanhar de modo concentrado todos os gestos que estão sendo realizados. A proximidade entre os interlocutores facilita o diálogo, ou seja, o surdo e o ouvinte precisam estar próximos durante a conversa. - A criança surda inserida em contexto escolar tem o direito de possuir um intérprete. O profissional da educação quando tiver um surdo inserido na sua sala de aula deve requerer esse direito na coordenação da escola e essa, por conseguinte na Secretaria de Educação. A criança surda deve sentar-se bem próxima do intérprete para a sua compreensão. O intérprete deve usar roupas discretas para não atrapalhar a compreensão do visual que está inserido na LIBRAS. - O surdo, mesmo tendo um intérprete na sala de aula, necessita de um atendimento periódico com fonoaudiólogo. Esse profissional estimulará mais intensivamente as percepções auditivas ainda existentes e elaborará estratégias para a aquisição da língua escrita portuguesa. O teste de audiometria realizado pelo otorrinolaringologista detecta o nível de surdez e assim o tratamento com o fonoaudiólogo tem melhores resultados, porque esse já sabe quais são as percepções auditivas que o indivíduo ainda possui. Para que o tratamento obtenha resultados mais eficazes é primordial que haja um diálogo constante entre os especialistas, o profissional da educação e os pais, porque então existe possibilidade de os estímulos serem proporcionados de maneira semelhante.

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- Como a LIBRAS é uma linguagem gestual-visual o profissional da educação deve desenvolver as atividades pedagógicas englobando as diversas linguagens para que todos (alunos e professor) possam ter possibilidades diversificadas no processo de desenvolvimento e aprendizagem. Se houver predominância da linguagem verbal e escrita (da língua portuguesa) na comunicação com o surdo, as suas chances de desenvolvimento e aprendizagem serão reduzidas. - A alfabetização para o surdo deve partir da escrita da linguagem gestual-visual (LIBRAS) para posterior alfabetização na língua portuguesa. Vale ressaltar que isso é um processo, e, portanto, não é num determinado tempo que a criança estará alfabetizada. A alfabetização depende em muito dos estímulos do meio em que vive e do próprio indivíduo. Isso não quer dizer que a criança surda não precise ser alfabetizada na língua portuguesa, pelo contrário, ela precisa desse domínio para viver na sociedade. Mas o processo de alfabetização do surdo não pode partir da negação da LIBRAS para a incorporação da língua portuguesa. A LIBRAS e a língua portuguesa precisam ser desenvolvidas juntas para que o surdo possa compreende-la, já que não pode ouvir os sons da língua. Assim, o profissional da educação, no momento do registro individual, solicita que a criança surda escreva os sinais da LIBRAS e intervém auxiliando a escrita da língua portuguesa. Novamente é necessário esclarecer que isso é um processo e não algo imediato. Dessa maneira, aos poucos, a criança surda terá grandes possibilidades de se alfabetizar na língua portuguesa. - Os gestos fazem parte de qualquer ser humano desde o início da vida e é uma forma de comunicação. Aos poucos, ela começa a falar, depois a desenhar a fala (desenho) e posteriormente a escrever. A alfabetização é um processo que se inicia desde que o bebê nasce e não é somente o ato de ler e escrever, que muitos ainda atualmente concebem de maneira errônea. O mesmo acontece com a criança surda, quando privada da oralização. Os desenhos dos sinais da LIBRAS se constituirão em subsídios valiosos para a alfabetização na língua portuguesa. É incabível que o desenho seja desconsiderado como meio de comunicação, se todo o ser humano em algum momento da sua vida, dele já se apropriou para estabelecer comunicação. - A criança surda muitas vezes utiliza na LIBRAS sinais caseiros, ou seja, sinais que não são normativos dessa língua. O profissional da educação precisa atentar a esse aspecto para que ela não os incorpore, porque os sinais caseiros são como os dialetos regionais e, assim, a compreensão é específica. Portanto, o profissional da educação deve sempre se comunicar com a criança surda de acordo com a LIBRAS, para que ao ter contato com outra criança surda, ocorra também a comunicação. Se ocorrer incorporação por parte do profissional dos sinais caseiros, existe uma possibilidade muito grande de se perder a LIBRAS. - A língua brasileira de sinais (LIBRAS) como a própria nomenclatura deixa explícita é uma língua que utiliza os sinais para se comunicar. Por isso o surdo se comunica basicamente através de

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gestos e raramente utiliza as letras do alfabeto. As letras são usadas quando não há sinal normativo para determinado objeto ou ação. Então, o profissional da educação deve se comunicar com a criança surda através dos sinais e não das letras. O nome é um exemplo no quais as letras são utilizadas. - Outro aspecto interessante é que os surdos estabelecem sinais como característicos da pessoa (apelido). Esse sinal nunca é dado pela própria pessoa, mas sim pelo outro. O profissional da educação pode otimizar isso, solicitando que o surdo nomeie sinais para as crianças e a professora. Assim, a comunicação será de maior facilidade.

DEFICIÊNCIA VISUAL

A deficiência visual é caracterizada em dois grupos: cegueira e baixa visão. A cegueira é definida quando a pessoa acometida não tem percepção de luz, ou seja, tudo é escuro. E a baixa visão, como o próprio nome já diz, é a capacidade reduzida de perceber a luminosidade ao seu redor e essa será individual, pois cada um visualizará de maneira diferente o mundo, os objetos e as pessoas. A deficiência visual pode ocorrer no ser humano em qualquer etapa da sua vida, desde o seu nascimento (congênita) ou através de um acidente ou doença e pode afetar qualquer indivíduo independente da sua cor, raça, religião e sexo. A cegueira congênita pode ser evitada na gravidez com o exame do pré-natal. Os três primeiros meses são de suma importância para essa prevenção; doenças como rubéola e toxoplasmose se afetarem a mãe durante a gestação, podem ocasionar cegueira e/ou problemas neurológicos. Quando o bebê nasce, é possível diagnosticar a deficiência visual a partir das seguintes características: conjuntivites (podem aparecer nos primeiros dias de vida), mancha branca na pupila, lacrimejamento excessivo, olhos que balançam muito de um lado para o outro e aversão à claridade. Algo que merece compreensão é que o bebê não nasce com a visão completamente desenvolvida, ou seja, a função visual somente estará formada entre os oito e dez anos de idade. Porém, o primeiro ano de vida é essencial para o desenvolvimento da função visual, porque os especialistas são muito enfáticos quando afirmam que quanto mais cedo diagnosticada a deficiência visual, melhores resultados poderão ser adquiridos. Durante a infância também é possível diagnosticar a deficiência visual através do desvio dos olhos, não acompanhamento visual de algum objeto em movimento, a não identificação de alguma pessoa conhecida (família, amigo), esbarrões constantes em objetos ou pessoas. Aspectos fisiológicos também podem facilitar a percepção de que algo não está correto, como: vermelhidão ou mancha branca nos olhos, dor e lacrimejamento. Uma vez evidenciados algum desses aspectos, deve ser realizada uma avaliação oftalmológica com um oftalmologista (médico especializado na região do olho) em caráter de urgência para a realização de tratamento. É essa evidência e não

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o diagnóstico que deve ser percebido pelas pessoas que convivem diretamente com a criança: os pais e/ou responsáveis e o profissional escolar. Não se pode esquecer também que toda criança deve visitar periodicamente o médico. O tratamento geralmente utilizado nos portadores de baixa-visão é o uso de óculos e colírios. Faz-se necessário abordar o aspecto colírio, porque em muitos casos acredita-se que este possa ser utilizado por pessoas distintas, ou seja, uma pessoa da família ou algum conhecido utilizou determinado colírio para solucionar o mesmo problema que a outra pessoa tem. Assim, a pessoa medica-se com um colírio que acredita, irá solucionar o seu problema, afinal as características do problema são semelhantes. Mas, esse pensamento e atitude são errôneos porque desconsideram o biológico da pessoa. As duas pessoas relatadas anteriormente podem apresentar as mesmas características de uma doença, entretanto podem diferir no resultado, porque as reações biológicas podem ser diversas. Por isso, tanto o portador de deficiência visual, quanto qualquer outra pessoa que necessitar o uso de colírio, deve somente fazê-lo a partir de orientação médica. A deficiência visual interfere em habilidades e capacidades não somente na pessoa portadora, mas também em todas as pessoas que convivem com ela, seja na família, na escola, no trabalho. Entretanto, um aspecto merece destaque: quanto mais cedo for diagnosticado e realizado um tratamento adequado, mais alternativas poderão ser utilizadas para reduzir a limitação da deficiência.Sites de pesquisa: - www.jornalismo.ufsc.br/acic/visual/visual_gr.htm - www.drauziovarella.com.br/entrevistas/dvisual.asp - www.laramara.org.br/a_def_visual.htm - www.pucminas.br/nai/alfabeto_braille.php?

INTEGRAÇÃO ESCOLAR

A criança deficiente visual é um ser humano que possui também o direito de freqüentar uma escola de ensino regular. E, paralelo a esse, necessita de acompanhamento em uma escola especializada ou até de um especialista. Para que o tratamento seja eficaz a criança com deficiência visual necessita de um acompanhamento multidisciplinar. O diálogo com os pais, o profissional da educação e o profissional da saúde é algo essencial nesse processo. Quando as crianças, portadoras de alguma deficiência, começaram a se fazer presentes nos contextos educativos, pregou-se que o profissional da educação é o responsável pelo desenvolvimento e pela aprendizagem dessas crianças, conotando-se a esse profissional a crença de que ele precisa saber de tudo. É urgente repensar essa significação do profissional da educação, porque a sua habilitação está centrada no desenvolvimento de atividades pedagógicas que propiciem estímulos para o desenvolvimento e aprendizagem de todas as crianças, sejam essas ditas "normais" ou com alguma deficiência. E que essa profissão deve

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ser vista no conjunto: escola - família - especialista, que se complementam. No contexto educativo, a criança deficiente visual precisa ser aceita como indivíduo dotado também de potencial e qualidades. E como todo ser humano, o esquema corporal e espacial é constituído através do outro. Sendo assim, nenhuma criança deve ser isolada com o intuito de que assim consegue aprender melhor. É em grupo que a criança aprende melhor, porque o mesmo é composto de diversidade que norteiam a ação individual de cada integrante. Já dizia Wallon, o outro constitui o eu. Nessa perspectiva, a criança cega ou de baixa visão precisa que as temáticas sejam desenvolvidas através das diversas linguagens, pois assim utilizam o tato, o corpo e a oralidade para aprender. No que tange ao tato, essa criança necessita poder manuseá-lo de forma a compreendê-lo e os videntes devem respeitar o tempo que ela utiliza na descoberta. O mesmo ocorre na elaboração do esquema espacial, porque a criança em ambientes não-familiares primeiramente precisa se situar nele, o que requer o companheirismo das crianças e da professora. O profissional da educação e as crianças precisam elaborar estratégias que auxiliem a criança cega a elaborar o esquema espacial da escola. O mesmo deve ocorrer em aulas passeios, onde o objetivo inicial deve ser a descoberta do espaço, porque muito já se sabe sobre a influência do espaço e do ambiente no processo de aprendizagem e desenvolvimento.

SUGESTÕES DE ENCAMINHAMENTOS PEDAGÓGICOS

- A criança deficiente visual possui uma percepção tátil e auditiva mais aguçada do que outro ser humano com todos os órgãos dos sentidos. Isso ocorre porque a criança deficiente visual utiliza com mais intensidade os sentidos que possui. Portanto, as atividades pedagógicas precisam estar centralizadas nos sentidos remanescentes tátil, auditivo, gustativo e olfativo para que a criança tenha possibilidades de se desenvolver e aprender. - Para a criança deficiente visual as atividades devem ser desenvolvidas sempre no concreto para que ela possa ter oportunidades de formar uma imagem mental sobre o conhecimento. É necessário também ter paciência porque essa criança pode vir a utilizar um tempo maior do que as crianças videntes. Isso é algo natural, pois a criança que nasceu cega não possui a imagem das coisas ao seu redor elaboradas em sua mente. - Como a linguagem do cego é o BRAILLE, o profissional da educação pode confeccionar materiais como livros com materiais alternativos, como cordas, palitos, lixas, algodão, etc. para que a criança cega ao ouvir uma história possa ter a oportunidade de elaborar uma imagem mental através do toque nos objetos. - A coordenação motora ampla (motor) da criança cega muitas vezes não é estimulada, porque se acredita que a criança deve ser

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privada de ambientes que possam proporcionar riscos de queda, arranhões, batidas, entre outros. Assim, inseri-se a criança cega em um ambiente totalmente “seguro”, mas ao tempo limitador, pois ela não tem a oportunidade de orientar-se no espaço através dos objetos e das pessoas que o compõe. A criança cega não deve ser privada de ambientes que as outras crianças freqüentam, porque ela possui o direito de também descobrir diversos ambientes e não somente um no qual tudo é seguro. É essencial entender que a criança cega como qualquer ser humano está sujeito a ficar sozinho no mundo (sem família e sem amigos) e se tiver tido a oportunidade de vivenciar diferentes ambientes, o seu desenvolvimento e a sua aprendizagem poderão vir a ser de maior potencialidade. A criança cega para explorar o mundo ao seu redor, utiliza-se além da percepção tátil, da bengala, reglete e punção. Por isso é essencial que o profissional da educação ofereça à criança cega a oportunidade de participar dos mesmos ambientes que as outras crianças participam, sempre atentando para a exploração de diversos ambientes (ao ar livre, fechados) no desenvolvimento das atividades pedagógicas. A criança cega precisa enfrentar as suas limitações como qualquer ser humano para elaborar estratégias. - A aprendizagem e o desenvolvimento da criança cega devem ocorrer através de experiências vivenciadas envolvendo o cognitivo, o social, o afetivo, o motor e não somente o verbal. A criança cega necessita correr, dançar, brincar, cantar como qualquer outra criança. O profissional da educação dispõe dos elementos da natureza (folhas, sementes, argila, areia, entre outros) para otimizar as atividades pedagógicas. Esses recursos são repertórios que oferecem inúmeras possibilidades e deve ser utilizado tanto na ausência de materiais diversos que o profissional da educação tanto gostaria de ter na sua sala de aula, quanto juntamente com outros materiais. - A criança portadora de baixa visão, necessita de que as imagens ou objetos utilizados nas atividades pedagógicas sejam ampliados para uma melhor visualização. Esse aspecto é individual e por isso o profissional da educação precisa descobrir quantas vezes eles precisam ser ampliados para que auxiliem e não dificultem a criança. Essa descoberta pode ser feita juntamente com os profissionais da área da saúde e os pais, por isso é muito importante que o profissional da educação, os pais e os especialistas realizem um trabalho interligado. - A posição que a criança de baixa visão ocupa na sala de aula também interfere no seu processo de desenvolvimento e aprendizagem. Na maioria dos casos acredita-se, numa concepção errônea, que essa criança precisa sentar onde tem bastante luminosidade. Como cada caso é individual, existem casos no qual a luminosidade excessiva prejudica a visão mais ainda. Por isso novamente é preciso dialogar com os especialistas e os pais para saber qual o melhor lugar para a criança sentar na sala de aula.

DEFICIÊNCIA MOTORA

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A deficiência motora se relaciona com o físico e não está necessariamente relacionada com a área cerebral, não prejudica a parte cognitiva que é nosso foco de abordagem neste trabalho, pois estamos focando o processo de alfabetização.

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

As dificuldades de aprendizagem como o próprio nome diz são as dificuldades que interferem diretamente no processo de aprendizagem. As mais freqüentes são: Dislexia, Disortografia, Disgrafia, Dislalia e Discalculia.Algo que merece uma atenção muito especial é que as características de cada uma das dificuldades de aprendizagem devem ser evidenciadas pelo portador em vários ambientes (casa, escola, igreja, clube, casa de amigos), porque se houver manifestação somente num ambiente, pode ser que sejam de ordem psicológica.

DISLEXIA:

Dislexia é um distúrbio de ordem neurológica (conexão cerebral) genética (exceto em caso de acidente cérebro-vascular – AVC) e hereditária, proveniente das funções corticais superiores. É caracterizada pela dificuldade na aprendizagem da leitura e da escrita, podem tanto ocorrer em meninas quanto em meninos. Algo que merece atenção é que a dislexia não é dependente de condição sócio-econômica, desmotivação e falta de atenção. As principais características são: dificuldade em reconhecer as letras, dificuldade em distinguir palavras semelhantes, dificuldade em rimar palavras, dificuldade em ler em voz alta e muitas vezes argumentação de que ler é difícil. É necessário observar com muito esmero essas características, atentando para a persistência delas, porque a criança no início do processo de alfabetização muitas vezes apresenta algumas dessas dificuldades. Através de várias pesquisas realizadas em vários países constatou-se que aproximadamente 10% da população mundial apresenta esse distúrbio. Esse é um dado quantitativo importante para que o indivíduo portador desse distúrbio não seja rotulado de preguiçoso ou de baixa inteligência. O disléxico não possui menos inteligência do que outro indivíduo não portador dessa síndrome, e isso é comprovado pelas pessoas famosas como Albert Einstein, Leonardo da Vinci e Tom Cruise, todas disléxicas. É errôneo acreditar que a dislexia é algo passageiro, ou seja, que irá desaparecer com o tempo. Esse distúrbio necessita de um tratamento específico que, em muitos casos, se for diagnosticado cedo, trará resultados muito positivos para o portador. Por isso, o profissional da educação e os pais devem sempre estar atentos ao desenvolvimento da criança e, se perceberem algo estranho, devem procurar especialistas para fazer um diagnóstico.

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O ideal é que o diagnóstico seja realizado por uma equipe multidisciplinar, formada por fonoaudióloga, psicopedagoga, psicóloga e neurologista. Esse não ficará somente na avaliação escrita do distúrbio, mas proporcionará indicativos para um posterior encaminhamento, pois uma vez diagnosticado o distúrbio, o profissional que desenvolverá o tratamento, disporá de um tempo maior para investir. Para a obtenção de melhores resultados, o profissional deve desenvolver o tratamento juntamente com a família e a escola, num elo de sintonia. É bom lembrar que a dislexia não tem cura. Sites de pesquisa: - www.andislexia.org.br/artigo-AND-1.doc - www.centrorefeducacional.com.br/mauleitr.htm - www.drauziovarella.com.br/entrevistas/dislexiaII.asp

DISORTOGRAFIA:

A disortografia é uma das dificuldades de aprendizagem que se manifesta na linguagem escrita. Está relacionada ao processo congnitivo da linguagem e não à coordenação motora fina. Ela é caracterizada por inúmeros erros ortográficos, trocas de grafemas, falta de vontade para escrever, dificuldade na percepção das pontuações, omissão ou aglutinação de letras, inversão das letras que compõem uma palavra e escrita espelhada. Muitas vezes a disortografia é concebida como convergente à dislexia, mas é necessário atentar que não é via de regra. Essas não são doenças, mas sim distúrbios. A disortografia pode ser minimizada através de um acompanhamento específico que vise o direcionamento ao caso de cada indivíduo portador desse distúrbio.Sites de pesquisa: -www.educ.fc.ul.pt/icm/icm2000/icm32/dislexia/disgrafia.htm - www.geocities.com/andrea_mafra/disortografia.html - www.mps.com.br/InfoServ/renascer/neurologia.htm

DISCALCULIA:

A discalculia é uma dificuldade de aprendizagem relacionada a Matemática, e está relacionada a problemas de ordem mental, mas sim neurológicos. O portador dessa dificuldade apresenta como caracterísitcas: erros constantes nas soluções de problemas tanto escritos como verbais, dificuldade nas relações de quantidades (mais e menos), dificuldade em realizar leituras de mapas e gráficos, dificuldade na seqüenciação dos números (antecessor e sucessor), dificuldades na identificação e utilização dos sinais operacionais. Esse indivíduo concebe a matemática como o famoso “bicho de sete cabeças”. É claro que em muitos casos, o problema não está somente na criança, mas também no professor que elabora problemas muito complexos para a faixa etária dos seus alunos.

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Sites de pesquisa: - enciclopedia.tiosam.com/enciclopedia/enciclopedia.asp? - www.online.unisanta.br/2003/03-08/ciencia-2.htm - pt.wikipedia.org/wiki/Discalculia

DISGRAFRIA:

A disgrafia é uma dificuldade de aprendizagem que consiste na coordenação motora da escrita. O indivíduo disgráfico possui dificuldade em escrever o que visualizou e por isso apresenta problemas nos seguintes aspectos: traçado das letras e números ora muito grandes ora muito pequenos (muitas vezes são ilegíveis), texto desordenado espacialmente, abrange margens inexistentes, espaço irregular entre as palavras e as linhas, direção da escrita para cima ou para baixo. Vale ressaltar que o indivíduo disgráfico não possui comprometimento visual, intelectual ou neurológico.Sites de pesquisa: - www.geocities.com/andrea_mafra/disgrafia.html - www.dislexia.com.br/dislex_disgrafia.html - www.salesianolins.br

DISLALIA:

A dislalia é uma dificuldade de apredizagem relacionada à errônea articulação das palavras através da omissão, acréscimo, inversão, troca ou distorção de fonemas. O fonoaudiólogo é o especialista indicado para a realização do diagnóstico do indivíduo que apresenta essas características. Em caso de confirmação da dislalia, esse especialista também será o responsável para a realização do tratamento. Ele vai desenvolver atividades para verificar a mobilidade e a tonicidade dos órgãos responsáveis pela articulação das palavras, que são: palato, lábios, língua e audição. O estímulo da percepção auditiva é de extrema importância, porque através desse estímulo, o indivíduo que possui dislalia pode identificar e corrigir a emissão das palavras.Sites de pesquisa: - www.espacofonoaudiologia.com.br/dislalia.htm - www.plenamente.com.br/diagnosticos8.htm - www.opoderenergeticodavoz.fnd.br/fala.html

TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO COM HIPERATIVIDADE (TDAH):

O Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é de ordem neurobiológica e genética. A alteração situa-se na região frontal do cérebro com suas conexões restantes. Sabe-se que a região frontal orbital é no ser humano uma das partes do cérebro mais desenvolvidas em relação aos outros animais. Essa região é responsável pelo comportamento, ou seja, a inibição ou não de todos os comportamentos, por isso, é possível compreender as características do TDAH.

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O indivíduo portador desse distúrbio, na maioria dos casos, o possui durante toda a sua vida. Entretanto o que diferirá será a amenização de algumas das características por meio de um tratamento adequado. Por isso é errôneo acreditar que o TDAH irá desaparecer com o tempo. Esse distúrbio pode tanto ser diagnosticado na infância como nas outras fases da vida, por exemplo: adolescência, adulto e velhice. As principais características do TDAH são: impulsividade, falta de atenção, concentração e inquietude e dificuldades com regras e limites. Muitas vezes essas características do indivíduo portador são concebidas pelos pais e pelos professores como atitudes de indisciplinado e por isso não se procura auxílio médico. Essas características são somente suposições e, para uma evidência, faz-se necessário o diagnóstico de um especialista da área da saúde, como por exemplo: médico, neurologista ou psiquiatra. Os pais e os professores podem auxiliar em muito através de um olhar observador sobre as atitudes da criança e, se perceberem semelhança com as características descritas acima, procurar a assistência dos profissionais para que haja um tratamento correto. O TDAH precisa ser tratado desde cedo para não ocorrer conseqüências graves, tais como: baixo rendimento escolar, desenvolvimento emocional e social desequilibrados. Algo de suma importância é que o tratamento deve ser realizado de maneira coordenada, ou seja, especialistas, professores, pais e indivíduo para que todos realmente conheçam o TDAH e possam desenvolver estratégias adequadas nos diversos ambientes em que o indivíduo está inserido. Muitas vezes, o uso de medicação psicoestimulantes também se faz necessário, mas somente deve ser administrado com ordem médica. O remédio auxilia no controle do comportamento, e conseqüentemente traz benefícios para o indivíduo. Através de diversas pesquisas realizadas tanto no Brasil como no mundo sobre o TDAH, constatou-se que os resultados são semelhantes e por isso o indivíduo não sofre influências significativas da organização social, cultural, religiosa e étnica de cada sociedade. O Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade com muita freqüência é classificado erroneamente como dificuldade de aprendizagem. O indivíduo com esse distúrbio aprende também, mas o problema está na realização, pois a escola desenvolve as atividades com base na atenção e na imobilidade do corpo. Dessa maneira, o aprendizado desse indivíduo fica prejudicado porque ele apresenta dificuldades especificamente na atenção e na quietude. O portador de TDAH pode também apresentar dificuldades de aprendizagem o que muitas vezes dificulta no diagnóstico do TDAH. Para tanto, o professor precisa desenvolver atividades diferenciadas para assim, estar auxiliando no processo de aprendizagem do indivíduo.Sites de pesquisa: www.tdah.org.br www.portalmed.com.br www.autistas.org

INTEGRAÇÃO ESCOLAR DO TDAH

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A criança com TDAH tem todo o direito e condições de conviver num ambiente escolar. Mas para que tenha condições de desenvolvimento e aprendizagem como também aceitação, é necessário que o professor faça algumas adaptações tanto fisicamente como curricularmente. Inicialmente é essencial que o professor tenha conhecimento abrangente sobre a questão incompetência versus desobediência e consiga diferenciar ambos, para então reelaborar a sua prática pedagógica. Todas as regras devem ser claras e as conseqüências também. Os pais e os professores devem manter uma comunicação constante tanto pessoalmente como por outros recursos, tais como: telefone, bilhete, e-mail, carta. O elogio e a afetividade devem sempre estar presentes (de maneira sincera) no vocabulário do professor para todas as crianças, principalmente para as crianças com TDAH, porque elas desanimam com muita facilidade. É interessante delegar responsabilidades a essas crianças, atentando para o grau de complexidade que deve ser aumentado conforme a capacidade delas. Realizar as atividades em pequenos grupos facilita a aprendizagem da criança com TDAH, porque possibilita o vínculo social e a aceitação dos colegas. O constrangimento e a exposição negativa dessa criança por parte do professor devem ser excluídos, pois as crianças refletem com muita facilidade as ações do professor e, com certeza, a atitude do professor perante a criança do TDAH terá grande influência nas ações das demais crianças.

No desenvolvimento dos conteúdos curriculares, pode-se inserir atividades que envolvam o corpo como: alongamento, ginástica, gincana, entre outros, pois essa é uma das estratégias para otimizar e direcionar a impulsividade que a criança com TDAH possui. SUGESTÕES DE ENCAMINHAMENTOS PEDAGÓGICOS

- A visualização das rotinas do âmbito escolar através de cartazes ou placas é um recurso necessário para a criança TDAH em razão de sua dificuldade de atenção. Dessa maneira pode-se contribuir na melhora de seu desempenho escolar e também da sua auto-estima, porque as pessoas que convivem com ela não criticarão mais com tanta facilidade essa dificuldade. - O diálogo com a criança TDAH é de suma importância principalmente para ouvir sua opinião sobre os progressos e dificuldades. A criança tem o direito de expor as suas dificuldades e progressos, mas isso somente ocorre numa relação de amizade entre educador e educando que acreditam que ambos aprendem. Porque a criança que sabe que o seu educador é uma pessoa que acredita ser o detentor do saber, dificilmente conversará abertamente sobre as suas dificuldades. - As regras do grupo devem ser afixadas na sala para auxiliar a criança no cumprimento delas, pois constantemente podem ser relembradas. Tanto nas regras quanto na explicação de qualquer

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temática, o profissional da educação deve preferencialmente adotar uma linguagem com seqüências curtas, pois se utilizar uma linguagem muito complexa e extensa, a criança provavelmente não obterá êxito na execução devido à falta de atenção. - O profissional da educação deve elaborar juntamente com a criança estratégias para anotar pontos relevantes sobre os temas e sua opinião a respeito, porque isso auxiliará no seu aprendizado. A escrita manual é algo muito difícil para essa criança, por isso o computador deve ser um instrumento constantemente utilizado nas atividades pedagógicas. SUPERDOTADOS

Superdotado é o termo utilizado para denominar indivíduos que apresentam habilidades superiores (talentos) aos demais indivíduos e dificuldades de adaptação social. Vale atentar que essas habilidades devem ser destacadas em relação aos indivíduos de uma mesma faixa etária. As características principais são: habilidade para determinado instrumento musical, habilidade para a arte, capacidade de argumentação, memória excepcional, linguagem verbal muito elaborada, raciocínio ágil, extrema curiosidade, aquisição rápida do processo de leitura, excelente rendimento acadêmico, compreensão de materiais complicados, solução das coisas de maneira sozinha, rápido domínio de informações e tem sempre muitas idéias (preferindo as complexas). A partir disso, é importante destacar que nem todos os indivíduos superdotados apresentam as mesmas características, porque cada um possui perfil e trajetória individuais. Diante do exposto é essencial que a criança superdotada receba atenção e tratamento adequados para que não se desenvolva um sujeito com problemas. O diagnóstico é realizado por meio dos comportamentos do indivíduo (observações não sistemáticas) tendo como foco a evidência de muitas das características relatadas anteriormente. O teste do Q.I. (coeficiente de inteligência) foi descartado com o decorrer dos anos, porque esse somente evidencia as inteligências lógico-matemáticas e lingüísticas. E como o superdotado possui outras inteligências como a cinestésica-espacial, a pictórica, a interpessoal, entre outras, o teste de Q.I. é um recurso que limita o resultado devido a não abrangência dessas inteligências. A dotação intelectual ainda é concebida de maneira embrionária baseada em aspectos errôneos, o que dificulta um tratamento adequado. Por isso é de suma importância esclarecer que a dotação intelectual não significa que o indivíduo não apresentará problemas de nenhuma ordem, principalmente em contexto educacional. Esse indivíduo sofre, sim, influências ambientais, sendo isso perceptível através de casos em que um indivíduo não superdotado consegue resolver problemas de maneira melhor do que o superdotado. Muitas vezes isso ocorre por causa da variável socialização em que o superdotado apresenta dificuldade.

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Para que o indivíduo superdotado consiga desenvolver suas potencialidades com harmonia é aconselhável um tratamento terapêutico. O neuropsicólogo Daniel Fuentes enfatiza: “o descaso com o superdotado é tanto que, por ignorância ele pode ser visto como um ET pelos colegas e professores”. Por isso, a criança superdotada deve ser concebida como tal, para que as estratégias adotadas em contexto escolar propiciem alternativas de aprendizagem e desenvolvimento. Outro aspecto que necessita urgentemente ser reelaborado é a concepção errônea de que o indivíduo superdotado não deve ser informado da sua dotação intelectual, porque senão ele ficará orgulhoso e consequentemente preguiçoso. A criança superdotada descobrirá essa dotação intelectual através do outro que irá tecer considerações sobre isso. A exclusão da criança sobre esse conhecimento pode ocasionar grandes problemas como de inferioridade e anormalidade. Portanto, a criança superdotada tem todo o direito de saber que tem dotação intelectual superior. Esse conhecimento auxiliará em qualquer tratamento, porque os especialistas são muito enfáticos quanto afirmam que o indivíduo e os pais têm grande influência nos resultados. O biotipo dos superdotados geralmente também é conceituado erroneamente, porque é diferenciado dos demais indivíduos. Pesquisas revelam que não existe nenhuma diferenciação entre o biotipo de um indivíduo superdotado ou outro indivíduo. Um dos fatores que pode contribuir para a conceituação errônea é o fato de a criança superdotada muitas vezes ser inserida em turmas mais avançadas que sua idade cronológica e assim, conseqüentemente, o seu desenvolvimento físico será diferente dos seus colegas que apresentam idade superior. Em contexto escolar também existem equívocos no que tange ao rendimento escolar de uma criança superdotada, por se acreditar que ela terá sucesso acadêmico. Não podemos descartar que a dotação intelectual superior favorece o rendimento escolar, mas o problema está inserido nas estratégias utilizadas no processo de aprendizagem que visam às crianças medianas. Assim, a criança superdotada sofrerá condicionamentos pouco desafiadores que tenderão a mascarar as suas potencialidades. Sites de pesquisa: - www.saci.org.br - www.se.df.gov.br/superdotados/ideias.html - www.mensa.com.br/pag.php?p=66

INTEGRAÇÃO ESCOLAR

A criança superdotada tem todo o direito de estar inserida em contexto educacional de modo que o seu desenvolvimento e aprendizagem evoluam e não estagnem. Um aspecto essencial para que isso aconteça é que o programa educacional deve se basear numa perspectiva de descoberta, hipóteses, problematização dos conteúdos, pois essa criança geralmente apresenta uma excessiva

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curiosidade por determinado assunto, envolvendo-se com dedicação através de atividades exploratórias. O questionamento de maneira complexa é uma das estratégias utilizadas e que geralmente é interpretada como provocação. Diante disso, o profissional da educação deve aperfeiçoar essa habilidade, como instigação da curiosidade sobre o tema nas outras crianças, pois pode ocorrer que as outras crianças se desinteressem pelo tema devido à complexidade do questionamento. O desafio muitas vezes pode ser característica do questionamento, e não deve ser interpretado como afrontamento, mas sim, como elemento necessário para a construção do conhecimento. A multiplicidade de interesses da criança autista, no que tange à diversidade dos temas, é um fator que pode ocasionar muitos problemas no contexto educativo, que desenvolve a prática pedagógica na perspectiva de que os temas devem ser desenvolvidos um de cada vez. Por isso é essencial que os temas estejam interligados e principalmente flexíveis no que se refere aos conhecimentos prévios que cada criança possui sobre eles. A construção coletiva dos temas é uma estratégia para utilizar os conhecimentos prévios das crianças e, assim, cada uma perceberá o potencial da outra. Dessa maneira, a preocupação do educando frente ao avanço do superdotado em relação as outras crianças diminuirá, porque todas evoluirão nos conhecimentos no seu tempo. Se a criança superdotada tiver que aguardar as demais crianças alcançarem um determinado nível de aprendizado para que haja o aprofundamento da temática que lhe interessa, essa criança terá grandes possibilidades de não se interessar pela aprendizagem. Então, é indispensável repensar o individualismo no desenvolvimento das temáticas, pois dessa maneira podem trazer grandes prejuízos para todos os envolvidos no processo de aprendizagem e desenvolvimento. Vale ressaltar que o trabalho em grupo não é algo fácil, e quando composto por uma criança superdotada é mais complexo ainda. Isto se deve à facilidade que essa criança possui em realizar determinadas tarefas e terminá-las com agilidade. Ao perceber que os seus colegas ainda não terminaram, demonstra impaciência, o que pode ocasionar conflitos. A impaciência é resultante da convicção que essa criança possui de que as outras crianças têm o mesmo ritmo que ela. Assim, a criança superdotada pode ser erroneamente interpretada, prejudicando o relacionamento com as demais crianças, o que pode resultar em rejeição e exclusão.

SUGESTÕES DE ENCAMINHAMENTOS PEDAGÓGICOS

- Como as perguntas questionadoras são uma característica da criança superdotada, o profissional da educação pode otimizar esse potencial através de perguntas mais desafiadoras que direcionem para outras temáticas. Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, os superdotados não são gênios em todas as áreas do conhecimento, dessa forma, a estratégia de perguntas desafiadoras sobre outros

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temas estimularão essa criança a progredir no conhecimento das áreas em que apresenta dificuldade. - A dinâmica de trabalhos em grupos deve ser algo constante no contexto educativo. O profissional da educação deve estar sempre mediando a construção dos conhecimentos de maneira que todos os integrantes possam expor as suas idéias. É também fundamental a participação do profissional no estímulo da paciência na criança superdotada. Para que o grupo de fato seja inclusivo e se potencialize com isso, cada criança precisa conhecer realmente as outras para então aceitá-las pois não posso fazer aquilo que não conheço. - Mediante a curiosidade excessiva da criança superdotada que é mola propulsora para o conhecimento complexo de muitas temáticas, o profissional da educação pode desafiar essa criança através de materiais diversificados como filmes, livros, sites nos quais as crianças possam adquirir mais informações. Dessa maneira, ela não será obrigada a aguardar as demais crianças para aprofundar os assuntos que a interessam. Isso requer do profissional o conhecimento sobre os saberes que essa criança possui. - O profissional pode inserir essa criança no desenvolvimento das temáticas, solicitando que ela auxilie na explicação das mesmas. Assim, a sua aprendizagem e desenvolvimento continuarão evoluindo e, ao mesmo tempo, contribuirá na aprendizagem e desenvolvimento de todos os integrantes do grupo escolar. Outro fator importante é que essa criança também será valorizada e aceita no grupo, algo essencial para o sucesso de qualquer ser humano.

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