de · 2016-09-27 · em roda_pé --que apresentou em primeira redação. somente num particular...
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DA BAHIA
~t..JRO COI\GRI~SSO f> DE
10) TENTATIVA DE DESCRIÇÃO DO SISTEMA VOCÁLICO
DO PORTUGUÊS CULTO NA ÁREA DITA CARIOCA (•)
O. O A lgu~7Ja.r ob.rerPaÇõe.r melodol6gica.r
Partindo do fonema' como têrmo final unitário da análise dos compo•
nente-s audíveis da cadeia falada, é de crer que se possa fazer a síntese com•
preensiva do sistema da cadeia falada, passando a) pelas vozes e consonâncias,
b) pelas sílabas, c) pelos vocábulos, d) pelos grupo.> rítmicos e e) pelos grupos
melódicos.
O. I , O sístema vocálico do portugu~s culto da área dita carioca tem a mesma
base vocálica da língua comum, a saber (na ordem alfabética), [a}, [e], [i]. [o], :(u],
base que se gicotomiza na série oral [a]. [e]. [i]. [o], [u] e na série nasal. (ã},
[êJ. [i], [õ]. JÜ].
(*) A presenlc comunicação feita ao Primeiro Congresso de Língua Falada no Teat'ro
continha uma "Observação J>teliminat" do seguinte leor:
"Esta tentativa de descrição se limita ao sistema vocálico do português culto
da área dita carioca.
Redig_ida, infelizmente, em tempo mui lo reduzido- e em condições objetivas
c $ubjeti.vas muito desfavoráveis -, pareceu, apesar disso,ao seu autor não ser ·
dl!stituída de intet·êsse para o Primeil'O Congresso Brasileiro de Língua _Falada
no Tcntro, pois êle crê que há neb malét·ia de certa importância.
A c;u·ênc:[\ de tempo explica a falta a) de um aparato fundaqJ.entador, b) de
uma rig1ll'osa transcrição fonética, assim como c) de uma desejável comparação com
outras línguas, românicas ou não.
É esperança de quem subscreve a tentativa que peTo menos eTa possa servir
como moti,·ação pat·a discussões e resoluções.
Aprovada que foi pelo Congresso, o autor julga de seu dever mantê-la ta{ como a apresentou,
·mas, cumprindo moção do mesmo Congt·esso, junta-lhe a pat·te- devidamente anotada "-diante,
em roda_Pé -- que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto
original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os recursos tipográficos disponiveis. ~ara
a impressão dêstcs /lnaiJ·, cujo OI'ganizadot• é também o autot· da comunicação.
-218-
O. 2 Essas duas séries, conforme seja o timbre das su~ vozes, se constituell\
numa gama de vozes-tipos. , I
O. 3 Cada voz-tipo, conforme seja suas posição relativa na sílaba, no vocá·
bulo, no grupo rítmico ou no grupo melódico, e confor~e seja ainda a tensão
psíquica e a cadência da emissão fônica do indivíduo falante, apresenta, por
sua vez, uma subgam~ :vocálica. A presente tentativa de sistematização, na
descrição vocálica em aprêço, não vai além, não chegando mesmo a ponderar
todos os fat.ôres condicionantes apontados; mas ir seria perfeitamente possível
e para isso se fazem rápidas referências ao que seria o esbôço, em cada caso, da
subsubgama vocálica.
O. 4 A e;x:ist~ncia do vocábulo como eiJ,tidade fônica autônoma não foi posta
em dúvida, para efeitos da tentativa; embora ocorram situações freqÜentes em
que normalmente os limites fi~ais e iniciais dos vocábulos. se embebem nos
limites iniciais e finais dos vocá~ulos contíguos, a s~a realidade objetiva autÔ·
noma se patenteia, normalmente também, a) nas inúmeras intervenções colo·
quiais de tipo univocabular (que ocorrem potencialmente para com quase todos
os vocábulos da língua, salvo, por acaso, os proclíticos e os enclíticos), b) na
comunicação de tipo suspensivo e c) na de tipo hesitante. ·
O. 5 Em boi a pressupondo um relativo conhecimento teórico, que v1a de
regra amplia as faculdades de observações, mas não raro as embota de precon•
ceitos, a tent.ativa não vacilou em encampar impressões acústicas cuja explicação
pudesse parecer heterodoxa. Por êsse motivo mesmo, muitos fatos aqui consig·
nados ficam condicionados a subseqÜente aferição )nstrumental, para confir·
mação ou infirmação.
O. 6 Dessa forma, é desnecessár~o, por fim,' ressaltar que tôcfa a descriÇão
se baseia na impressão auditiva, com ·suas vantagens essenciais- f}. linguagem
falada é uma instrumento social de comunicÇlção -' e 'com suas deficiências,
para a elucidação das quais cabe a última palavra às dem.ais técnicas fonéticas
e fonológicas ..
Padrão adotado
. 1. O O padrão adotado é o da chamada área qarioca, e culto, isto é, dos
indivíduos integrantes das camadas sociais e profissionais que aspiram a dar
ao seu instrumento de comunicação. o maior âmbito de. universalidade dentro
do Brasil e da llnzua com1.nn.
-219-
1.1 Sem prejulgar quanto aos demais padrões cultos brasileiros, o carioca
parece representar a média viva provável das isoglossas de maior extensão· é de
maior demografia no territ6rio brasileiro- decorrência, talvez, a) do seu maio!.'
índ.ice cultural, que possibilita mais estrita observância da tradição fônica da
língua, no plano da transmissão consciente, e b) do maior índice de" brasilidade"
da área, em que, mercê da centralização política imperial e federal, e do maior
progresso material e técnico (pelo menos até faz pouco) , muit.os brasileiros se
vêm radicando e constituindo família e descendência, provindos de todos os
pontos do territ6rio nacional ~ o que, tudo, parece constituir duas ordens de
fôrça~. centrípeta e centrífuga, para os fenômenos lingÜísticos no Brasil.
1. 2 Porque os estudos dialectol6gicos brasileirosnão tiveram ainda o desen·
volvimento que permita uma caracterização tão completa quanto possível de
seus falares regionais e urbanos e rurais, quaisquer referências comparativas
ser~o feitas tão-somente aos casos mais típicos e not6rios de dialectalização.
N omenclalura e con11ençõe,f
2.0 Para que a e~posição possa ser entendida por quantos, sem iniciação
técnica ou científica particular, a compulsarem, é ela redigida com um vocabu·
lário especializado limitado, cumprindo, entretanto, ter em vista as significações
abaix<>, geralmente menos seguidas, e alguns critérios convencionais.
2.1 Voz dúplice é a voz intervocabular que decorre, em determinadas
condições, da contigüidade de duas vozes da mesma voz-tipo; não se confunae>
com voz longa. Voz. dúplice ocorre, por exemplo, em "está azul" [estãzul], e
se int~gra na normalidade da c(ldeia falada; voz longa, por exemplo, ocorre em
situaÇões predominantemente afetivas, tal, com nota de desalento~ em "esta
agora !", longa, ou, com n()ta de desespêro e pedido de amparo, em ".in e larga.", l~nguíssima. . ' ·
• 2. 2 A palavra. t'prodítico" vai empregada como epíteto de voz, sílaba,
parte de vocábulo e/ou vocábulo que dependam do acento de intensidade subse·
gü~nte; "enclítico", do acento d~ intensidade antecedente.
2.3 O fato fonético sôbre o qual se quer chamar atenção 6_ sempre sub~· nhado, ficando o r~stante do vocáb\.llo ou da cadeia falada sem êsse realce ma·
terial; quando, poré111, .se .fizer transFição fonética, não haverá outro qualquer
realce material. Quando importar a separação silábica para a caracterização
do fato que se quiser pôr em evidência, a representação ortográfica ó\l a trans"
crição f8nética será feita com esp.aços em branco entre as sílabas..
- 220 .-
2. 4. Outras significações ou convenções aqui não referidas ou serão escla·
.reci?~s no correr da exposição ou são óbvias.
d gama da.r ''oze.r-li.po.r
3 . O As vozes-tipos,. na fala culta carioca , con~tituem a seguinte gama vocá·
lica (segue·se a ordem alfabética):
_a) ora1s:
[a] - (a aberto oral)
[~] (a fechad o oral)
[e] - (e aberto oral) ~
[t;] (e fechado oral)
[i] - (i aberto oral)
l!J (i fechado oral)
[o] - (o aberto oral) ~
[~] - (o fechado oral)
[u - (u fechado oral)
b) nasa1s:
[ã] - (a fechado nasal)
[e] - (e fechado nasal)
[iJ - (i fechado nasal)
[õ] (o fechado nasal)
ltiJ - (u fechado nasal)
3. O .1 Note-se a) que os dois [~] orais são de matiz diferencial não fàcil·
mente perceptível, mas o segundo, o fechado, como as demais orais fechadas
antenasais, 'é via de regra nasalado na fala menos tensa; h) que não ~á [u] aberto
oral; c) que tôda.s as nasais são fechadas.
3.1 Há, ainda, as seguintes semi vogais (que são tratada> no vocalismo
porque o comportamento das consonâncias para com elas, na área considerada
e quiçá na língua comum, é tal como se fôsse para com as vozes):
[w] - (uode oral)
[y] - (iode oral)
[~] - (uode nasal)
[.y] - (iode nasal)
-221-
3.1.1 -Que se tolere o neologismo "uode" em lugar de "uau" ou 11 vauH.
3. 2 Não serão consideradas vozes-tipos:
a) as vozes insonoras, que podem, em determinada;; condições, ser quaisquer,
mas que não pertencem ao vocalismo normal da área carioca, em que só ocorrem
na fala cochichada; vejam-se seqÜ~ncias vocabulares como "cochicho chocho"
"matuto triste", em que as vogais ;;ublinhada;; apresentam condições "ideais"
para vozes insonoras- mas com audíve] sonoridade na elocução normal na área;
b) as voze:> longas, referida~ em 2. 1;
c) as vozes dúplices, também referidas em 2, 1, tnas que serão objeto
de con:;iderações na exposição.
Subgama "ocálica
4 . O As vozes-tipos anteriormente consideradas apresentam, cada uma ,
uma subgama vo~álica de fina diversidade. Sem aprofundar os matizes audíveis
mais particulares - que só. uma análise fonética instrumental poderia fixar
minudentemente - e baseando a diferenciação exclusivamente na percepção
auditiva, examina-se a seguir a subgama vocálica de cada voz-tipo. Concomi
tantemente, adota-se um sistema de adaptação da transcrição fonética aos
objetivos que se t~m em vista, dentro das .contingências e limitações tipogr~ ficas disponíveis.
5 .0 [a] - (a aberto oral)
O [a] (a aberto oral) tem a seguinte subgama vocálica:
a) intravocabular:
(1) acentuado
(2) subacentuado
(3) proclítico
(4) enclítico
(5) fin;ll
b) intervocabular:
(6) dúplice acentuado "
(7) dúplice subacentuado
(8) dúplice proclítico
(9) dúplice enclítico
(10) crásico
[á] [à]
[a')
['a]
['a]
I [ã]
[ã)
[ã']
['ã]
[a']
-222-
5.1 O Já] (a aberto oral intravocabular acentuado) ocorre em vocábulos
do tipo:
a) carro, pára, mata, capa, lata, acaba, ata , socapa
h) fábrica , sátrapa, ágora , lápide, acaba-la, mata-la
c) maná, xará, fanal, atual, atuar, roaz, audaz
5 . 1. 1 Escusa ressaltar que uma análise acústica mais detida poderá ver
matizes diferenciais no [á], conforme esteja em posição aguda, grave ou esdrú
xula: com efeito, em posição aguda parece ser mais longo (e isso sem considerar,
nessa posição, a diferença entre o fá] de sílaba final aberta- 11. g. "maná"- e
o de sílaba final fechada-"· g . "fanal", retocar", "manás", "audaz"- sendo
que, nos dois últimos exemplos, isto é, quando seguido de -.r ou -z gráficos,
êsse alongamento redunda, no falar geral da área, em verdadeira ditongação,
prov~velmente por influência da consonância final) do que em posição grave,
que por sua ve~ parece ser mais longo do que o de posição esdrúxula, embora
êste, em COmpensação, reye}e traÇOS de acento de intensidade relativamente
mais intenso
5. 2 O [à] (a aberto oral intravocabular subacentuado) ocorre em vocá
bulos do tipo:
a) ràpidamente, fàbricazinha, sàdicamente
h) amàvelmente, suavemente, carrozinho, balazona
c) bate-papo, ~uarda-chuva, cata-vento, ptÍra-quedas
d) tatá, papá, naná, lalá
5. 2.1 Uma análise acústica mais detida poderá, igualmente, ver matizes
diferenciais entre o [à] a que se segu~m duas sílabas inacentuadas antes da
acentuada e o [à] a que se segue uma só sílaba inacentuada antes da acentuada
-sendo o primeiro muito mais característico como subacentuado. Doutro lado
entre os exemplos da série (b) e os da série (c), na medida em que os vocábulos
são de largo curso, tendem os da série (c) a se tornar menos subacentuados
ainda, que é o que se verifica, por exemplo, com "guarda-chuva" [gwàfda'(úv'a],
que ~ de regra pronunciado [gwa'rda'rúv'a]. Mais ainda: enquanto não é tão
perceptível em "xaràzinho" o [à] (a ponto de se ter devido colocar o tipo em
categoria outra), é em "carrozinho", pela não contigüidade da subacentuada
e a ac'entuada. Na série (d) os casos são típicos da linguagem infantil, em que
se percebe, quase sempre, uma nítida evolução na aquisição da linguagem na
área, de um tipo [tàtá] para [ta'tá]; veja-se, aliás, no particular, a evolução
223 - ·
~aracterística de "naná" [nàná] para (na'ná] para [na'ná] (mas não (nã'náJ,
contra a deriva geral da área, talvez pela própria estrutura infantil, apesar de
tudo, do vocábulo).
5.3 O [a'] (a aberto oral intravocabular proclítico) ocorre em vocábulos
do tipo:
a) cavalo, aparece, aparatoso, acaparador
b) manàzinho, xaràzinho, xaràzão, rodazinha, bolazinha
5. 3 . 1 Uma análise acústica mais detida vê matizes diferenciais nos cásos
relacionados. Na série (a) , com efeito, nota-se em princípio que o [a'] quanto
mais longe está da sílaba acentuada tant~ mais tende a deixar de 3er aberto -se
não intertere razão rítmica em contrário. Na série (b) sempre perdura, sobretudo :
na fala tensa e apurada, uma diferença entre "manàzinho" e "rodazinha" , por
exemplo, ocorrendo, no primeiro tipo, as pronúncias [r'a'ràzj~'u.] e [ta'ra'z!s'u].
5 . 3 . 2 A razão rítmica a que se alude no número .rupra parece ser a estrutura
binária: num verbo como "aparar" o [a'] inicial é menos nítido (tendendo par~
fechado, sem chegar de modo nenhum a sê-lo) , nos casos Ímpares seguintes,'
enquanto, cómpensatàriamente, o [a'] da sílaba [pa'] é menos nítido no3 casos 11) (( , 2) " , '7) " ,, 4) " , . I?ares: apara , aparar , v aparara , aparava
5.4 O ('a] (a aberto oral intravocabular enclítico) ocorre em vocábulos ·
do tipo:
a) bávaro, lábaro, sândalo, ábaco, cágado, ama-lo, pega-lo
b) nácar, âmbar, tórax, bórax, nenúfar
5.4.1 Uma análise acústica mais detida parece revdar que o ['a] da série
(a) é ligeiramente mais breve do que o da série (b). Como quer que seja, na
medida em que se entra nas camadas mais populares, o ['a] tende a desaparecer
d r t ' d · ) r b · " l " " l " o seu 10ne Ismo, e maneira que a as 1ormas ver ais como ama- o , pega- o
são nelas absolutamente inexistentes e, mesmo entre cultos, de sabor ostensi
vamente artificial, b) e as formas vocabulares, se divulgadas, tendem ao paro
xítono, v. !J· "cágado tornado [kág\1] (com homofonia total) ou, em raros casos,
com deslocação do acento de intensidade, v. !l· "nenufar".
.. 5.5 tipo:
O ['a] (a aberto oral intravocabular final) ocorre em vocábulos do
a) roda, vida, luta, rápida, fábrica, apara
b) rodas, vidas, lutas, rápidas, fábricas, aparas
224-
5.5.1 Uma análise acústica mais detida poderá ver matizes difenciais entre
o [a] dos vocábulos graves e o dos vocábulos esdrúxulos: êstes parecem ser mais
longos, sobretudo na dicção tensa; de outro lado, ambo<>, na área carioca pelo
menos, parecem mai<; longos se seguidos da palatal figurada por -.r, talvez por
influxo dela mesma, a ponto de aos alienígenas à área parecer que os cariocas
· " d , "f'b · , r-c;:'\ 'd' ... I lf' b ,. k' ~l pronunclam ro as ou a rtcas como r fl<l ays ou a r 1 ays .
5. 5. 2 Só por ultracorreção, e deslocadíssima da ambiência lingüística, se
ouve o [a] como fechado, se não se trata de indivíduos falantes alienígenas
à área, quiçá ao Brasil.
5. 6 O [ã'] (a aberto oral intervocabular dúplice acentuado) ocorre em liga· - d t' .. ' lt , " lt , tlf' b . 1 , . t ' [ '] . çoes o 1po xara a o ou casa_ a a e a nca a va -ts o e, com a mats
[á] ou· ['a] mais [á]. Trata-se, em verdade, de uma voz instável, pois conforme
forem tensão, ritmo e cadência da cadeia falada, pode ou não verificar-se a
ligação. Todos os casos afias a êste serão examinados, nesta exposição, em
função de heptassílabos forjados ad !toe: de heptassílabo_s por ocorrer a medida
em causa com grande freqüência na cadeia falada ?a área (e provàvelmente
da língua) e em forma de verso por poder-se melhor caracterizar o fenômeno.
Fique patente, entretanto,que a observação do autor o leva a crer que não se
trata de uma imposição formal da estrutura do verso para a criação de um
fenômeno fonético estranho à elocução normal da chamada prosa. Para os
dois casos acima referidos, ilustrar-se-ão a não ligação, isto é, o hiato, e a ligação,
isto é, a duplicação vocálica, com as duas seguintes parelhas de versos: "um
xará alto e risonho", "êste xará alto e risonho" e "uma casa alta e bela", uduma
casa alta e risonha":
ai) [ll' '6a' ,
ál twi' _.,
' u'ul r a p Z9 ou [lí' ~a' ' á i twi ri' z<? !)'u] r a . ou [li' ~a' r á àl twi' ri' z~ u'u]
a2) [ ,., i' i' s'a' ral twi' 'fi' ,
n'ul es Z? . . Ool
em que, em quaisquer dos casos figurados, as sílabas [twi'] e [z§] 1podem ser,
também, [?i'] [zõ], assim como [ri'] poder ser [!i'J;
bl) [ u(ll)' ma' ká za' áÍ tay' ( t~y') (?i') bé l'a)
b2) [du(cr)' ma' ká z~l tay'. (t~y') (?i') "f (f) i' z<;}(õ) !)'a}
ou ' [du(lí)' ma' ká zlrl tay' ( t~y') (i? i') f(r)i' z9(5) u'al
{du(lí)' ma' kà zãL tay' (try') (P i') f(f)i' zó(õ) . n'a} >J
-225-
não havendo, porém, como esquecer a hipótese, ritmicamente ig~al.a (b~). da
elisão, isto é, em que o ['a] de "casa", tornado [a'], desaparece, sem-.deixar
vestígios no [á) de "alta".-
5. 6 . 1 O caso da elisão .yup·ra referido merece as seguintes observações: j'á
não é ela normal na área , sabendo, quando ocorre, ou á fenômeno estrutural
da morfologia do vocábulo, ou , fora dêsse caso, a fenômeno fonético' · típico do
verso (em que creio pode haver expressão de um arcaísmo fonético) ou ' a fen Ô·
meno sentido na área como lusitanismo. Assim, na expressão normal do carioca,
"destarte" é sempre (dç~áf(f)t'i], enquanto "desta ar'te" pode ser I
[di(ta' áf(f)f 'i) ou [ d!(' tt:íf(f)i' 'i) ou [ d~stãf(f)f 'i].
5. 6 . 2 Importa considerar uma situação afim: a que se vem examinando cor·
responde a [á] mais [á] ou ~a]. mais [á]; afim é o caso de ['a) mais [a'J mais [áJ,
como, por Gxcmplo, em "compra a arma", situação que, conforme forem tenção,
ritmo e cadência da cadeia falada , pode comportar três diferentes soluções,
que os três v,ersos seguintes de igual medida melhor ilustram: "compra a arma,
compadre", "compra a arma, meu compadre" e "compra a arma, compadre
meu":
ai) [kÕ pr'a a' áf(f) m'a kõ' pá dr'iJ
a2) [kÕ pr'a ir(i') m'a m~w' kõ' ,
dr'i] ... pa
a3) {kõ' pdr(F) ... m'a kõ' pá dri' m~w (-)]
5 .6 .3 Importa, ainda, por considerar que na área canoca, pelo menos
na expressão culta distensa e natural, o "a" preposição simples não se distingue
do "a" artigo definido feminino singular, nem do "à" combinação da prepo·
sição com o artigo feminino, dito crase, os quai'> se identificam com o la'], prà·
ticamente igual ao da mesma natureza quando intravocabular. Com efeito, o
cotejo das situações seguintes corrobora o asserto e, salvo requinte na expressão
artística, a haver diferença entre elas, é despicienda:
a) orna a arma
h) liga à arma
c) liga a almas
d) liga à alma
séries que, submetidas a versos de igual medida, se apresentam como in }i11~ de 5.6 .2 .
-226-
5. 7 O [r] (a aberto oral intervocabular subacentuado) já o vimos em·
função do segundo exemplo figurado em (b2) in j/ne de 5. 6 . Trata-se, naquele•
caso, de um exemplo controversível. pois a subacentuação normal, de duas
acentuadas, é na primeira e não na segunda sílaba. Em verdade, ocoqe êle
normalmente em situações do tipo "maná achado". isto é. de [á] mais (a'].
mas em que a voz dúplice decorrente fie'! imediatamente antes de sílaba acen
tuada. Trata-se, é claro, de voz instável, pois, conforme forem tensão. ritmo e
cadência da cadeia falada, pode verificar-se ou não a ligação; 03 dois versos
seguintes, segundo a técnica já aqui seguida, ilustram melhor os fatos: "maná
achado no Egito", "o maná achado no Egito":
al) [m~(ã)' ná a'
' nã a2) [u' ma(ã)' v, sa
d'u
d'u
' "'t nw~ z I V Il
nw~ z
t'u]
t'u]
5. 8 O [ã'] (a aberto oral inteTVocabular dúplice proclítico) ocorre em li
gações ·do tipo "uma vida atuante", "escola arejada", "bola azul" -isto é,
com [~] mais [a']. É instável como tôdas as vozes . dúplices, pois, conforme
forem tensão, ritmo e cadência, pode ou não verificar-se a ligação. Mas
a ligação, no caso vertente, pode apresentar três possibilidades, a saber,
além do caso do hiato: a) com o [ã'], quer dizer, com a voz dúplice,
b) com o [a'] , quer dizer, com o crásico (que parece ser um [a] Sempre aberto,
relativ~mente longo, mas sem caracteres do dúplice), e c) com a eüsão, quer
dizer, com o desaparecimento puro e simples do fa] sem deixar vestígios no [a'].
Os doiS versos seguintes dão conta dos fatos consignados: "a escolá arejada", 11 manter escola arejada":
' al) [a' ~(i)'( kó l'a. a' r~' "' d'a] za
L
a2) [mã' t~ r~(i)'t k~ lã' rt:' VI d'a] za
a3) [mã' té r~(i)'~ kó la' re' zá d'a] L
a4) [mã' té r~(i)'( kó la~ re' zá d'a]
5.8.1 Na mesma situação antecedente está a ligação do tipo ral mats
[a'] mais [a'J, que pode ser figurada pelos dois versos seguintes: "implora a
atenção" e " ator implora a atenção": o
ai) "' te' '"'] [i' pló r' a a' a' sãw I.
''""] a2) [wa' t<? ~ pló rã' te' n sãw L ' ... ] a3) [wa' ig ri' pló ra" tê' sãw L
a <::; wa' tú ,.,
pló r a' te' '"'] n sãw L
227-
·cumprindo, porém, ressaltar que, numa situação nitidamente diferenci~~ ~
bretudo na expressão tensa, a última enunciação corresponde, tanto na mente o o
do indivíduo falante, quanto na do ouvinte, a uma cadeia do tipo "o ator im
plora atenção"
5. 9 O ['ã] (a aberto oral intervocabular dúplice enclítico) ocorre eom si-
tuações do tipo "ama-a", "estuda-a", 11louvara-as"- que, escusa frisar, per
tencem ao vocalismo culto da área, quiçá do Brasil. Instável como tôdas as1
vozes dúplices, conforme forem tensão, ritmo e cadência, pode verificar-se ou
não a ligação, o que os dois versos de igual medida seguintes melhor ilustram: 0 amara-a doidamente" e 11êle amara-a com loucura'':
al) [~'
a2) [~'
, ma
ly~'
r' a
má
'a da'
r'ã low'
"' me
kú r'a]
5. 9. l Além do caso acrma figurado - isto é, de ['a] tornado ['a] ma1s
['a] - podem ser considerada<> ainda duas situações, a saber, a de ['a] ma1s
{'a] mais [a'] , como em "ama-a apaixonadamente", e a de ['a] mais ['a] mais [á].
como em 11dissera-a alto". Normalmente·, há em ambas as situações dois grupos
rítmicos, de modo que não haveria como especular; admitida, entretanto, a
ligação -em certa tensão, ritmo e cadência- pode dar-se de duas maneiras,
além da ausência de ligação (que é semp~e primeiro citada). Leia-se, a seguir,
em (ai) "ama-a apaixonado", em (a2) "ama-a aloucadamente", em (a3) "~ma-a
apaixonadamente", em (bl) 11êle dissera-a alto", em (b2) "êle bem dissera-a -alto" e m (b3) "dissera-a alto loucamente'':
al) [á(ã) m'a 'a a' pay' s'<;>(õ)' ,
d'u] na
a2) [~(ã) 1n'ã· a' l<;>w' kà da' mê' l'i] a3) [á(ã) m'ã pay' ~~(õ)' nà da' m~' !'i]
bl) [~' li' J i' , r' a 'a á i t'u] st
b2) .[~ l'i b:. ... di' ,
r'ã áÍ t~u) ey se I.
b3) [Ji' sé ,_
ka' me' t-i] rãl t'u l~w ~
5 . lO O [a'] (a aberto oral intervocabular crásico -e releve-se o palavrão
"crás1co" l)já foi objeto de consideração em 5. 8. A situação lá figurada
poderia, ainda, ser corroborada com outro exemplo típico, que· é o de ['a} tor,-. . nado [a'] mais [a']. O caráter do cr<{sico ressalta no fato de que a tendência
I.
' ..:..._ '228
ao teeham·ento (e mesmd à 'nasalização), que caracteriza as vozes antcnasais
na área; não funciona - o que se ilustra em (a2) de "esta escola amenizada":
al) [et tay't(t~y'~ c r i'() k6 lã' m~' ni'· ,
:z:a L L
a2) [~s tay' te t'ty'_() (? i'() k6 la'· m<;' ni' ,
za ~ .
a3) [es tay'((t~y'~ (Pi'S) k6 la' m~' ni' zá .. ..
6.0 [~] - (a jecltado ora[)
O [a] (a fechado oral) tem a seguinte subgama voc,lica: . a) intravocabular:
(l) acentuado
(2) subacentuado
(3) proclítico
( 4) enclítico
b) intervocabular: '
(5) dúplice acentuado
(6) dúplice proclítico
,. , [ã]
[~']
d'a]
d'a]
d"aJ
6 . l O [~] (a fechado oral intravocabular acentuado) ocorre em vocá-
bulos do tipo:
. ., a) mana , cama, pano, dano, . reclame, espanes, danes
b) anho, tamanho, banhe, arrepanho, arrebanhes
c) pânico, tâmara, câmara, flâmula, ama-la, dana-las
. d) câl)hamo, banha-la, apanha-la
6 . 1.1 Além das observações feitas em 5 . l. l , que são aplicáveis, mulali.F
múlandi.F, ao [~] . considere-se que na área carioca - c quiçá na oriental, nor
destina, nortista c parte da sertaneja, pelo menos - êle tem na. expressão dis
ten a caráter marcadamente nasalado; essa nasalização é mais acentuada ainda
~os casos (b) e (d) , isto é, quando antecede [n]. De um modo geral, nas trans-u ~
crições fonéticas , para a voz [~] . se dispensará de dar a alternativa [f], quando
se tratar de nasalida.de, maior ou menor, como decorrência de poo;ição antenasal;
e não apenas para essa voz, mas para quaisquer antenasais.'
-229- .
6.2 O [~](a fechado oral intravocabular subacentuado) ocorre em vocá·
bulos do tipo:
a) satdnicamente, pdnicamente, tdmarazinha ·
h) ciganamente, levianamente, manazinha, camaúta
c) cdnhamo~inho
d) banhozinho, anhozito, .aranhazona, estranhamente
e) banana-d'água, cama-de-vento, cana-de-macaco
I) apanha-môscas, banho-maria~ banho-de-igreja
6. 2.1 Além das observações . feitas em 5. 2 .1, qu,e são aplicáveis, mulati.r
mulandi.r, ao caso presente, cumpre acrescentar as relativas à nasalização,
referidas em 6 . l. 1 . ~
6 .3 O [a'] (a fechado oral intravocabular proclítico) ocorre em vocábulos . . . ·"' do tipo:
a) banana, acamado, macadamizado, amamentar, anonimato
h) sanhaço, banhado, acanhado, amarfanhado, assanhamento, apa•
nhamos
6.3.1 Sem contar a diferença de nasalização entre a série (a) e a série (b)
já referida em 6.1.1, parece haver certas diferenças do [a'], na medida em . que dista da sílaba acentuada, como se observa, mufali.r mulandi.r, em . 5 . 3. 1.
6 .4 o ['~] (a fechado oral intravocabular enclítico) ocorre em vocábulos
do tipo:
a) cânhamo, pântano, láudano
h) ama-me, louva-nos, canta-mo, canta-me ··
6.4.1 Notada a nasalização característica das vozes antenasais, cumpre
observar que não parece haver diferença entre o ['a] da série (a) e o da série (b),
nem dentro de cada série, como é l6gico.
6. 5 O [~) (~ fechado oral intervocabular dúplice acentuado) o~orre em
situações do tipo "falta ânimo", "bela ama" -isto é, com ['a] mais [á). Ins
tável como tôdas as vozes dúplices, conforme forem tensão, ritmo e cadência,
pode dar-se ou não a ·ligação, além de uma terceira ocorrência, que é a da elisão
do .['a], ocorrência, que, porém, apresenta as características, mulati.r mulandi.r,
referidas em 5. 6 .1. Os fato~ considerados são ilustrados, sucessivamente, pelos · t h t 'I b. "f lt A • d " /,r lt A • d " segu1n es ep ass1 a os: a a arumo, compa re , 1a a ammo, compa re meu :
a1) [fái t'a , ,.
m'u kõ' ,
dr'i] ~ n~ pa
a2) [fài ti ,. m'u kõ'
, d ,. m~w] n~ pa . r 1
a3) [fàl tá ,.
m'u kõ' ,
dr'i m~w} n1 pa
-230-
/ .6.5.1 Importa, .ainda, con$iderar uma situação afim:'a de ['a] mai-; [a']
mais [á], como em 11emprega a ama", situação que, conforme forem ritmo,
tensão, cadência, pode comportar três diferentes soluções, figuradás sucessiva
mente em 11f)lho, emprega a.ama", 11filhozinho, emprega a ama" e 11meu filho
tinho, emprega a ama":
al) [fí l'u -e (i)' , ga' a' . ,
m'a] "'
prt ~ , , ' "' . ,
' a2) [fi' Ju' Z! nw~(i)' pre ga' m'a] .. a3) [mew fi' J~ ~r nw~~)' ..
g~ m'a] pre • " 6 .5.2 Acorde com o que se observou em 5 .?.3, no esquema Jupra , ·o [a'J
pode ser artigo, preposição ou a chamada crase, escusando, assim, exemplificação.
6. 6 O [~'-] (a fechado oral intervocabular dúplice proclítico) ocorre em
situações do tipo 11uma escola amena", "bola amarela", isto- é, com ['a] mais
[a']. Como em 5. 8, são quatro as soluções possíveis: al) mera contigüidade das
vozes, a2) a voz dúplice ora tratada, a3) o "a1' crásico, com a particularidade
de a antenasal ficar aberta, e a4) mera elisão, isto é, o ['a] _tornado [a'] desaparece,
sem deixar repercussões na voz seguinte. Exemplifiquemos com os heptassílabos
"escola amenazinha", 11 escola a:mena de fato":
al) [c;(i)' t k~ l'a a' ' na' ,
n'a] m~ Z! .... a2) [~(i)'t k? lã'
, n'a di; fá · t'u] m~
a3) [t;(i)'t kó la\ mÇ n'a d'i' fá t'u] ~
a4) [~(i)'( kó la' ,
n'a d'i' fá t'u] me ~ . .
6 .6.1 A situação afim de ['a] mais [a'] mais [a'], v.g., 11proteja a amada"
se resolve, do mesmo modo, das quatro maneiras acima configuradas; sejam os
heptassílabos "e. proteja a amada", "proteja a amadazinha", "e proteja a
amadazinha": .. al) [i' pro' t~ ~'a a' ~I
, d'a] ma .
a2) [prg' t~ ~'a ã' ' da' ,
u'al ma Zl . a3) [i' prg' t~ ~ã' ' da' zí n'a] ma . .... a4) [i' pr'?' té ~a' ' da' zí n'a] ma . v
·cumprindo·, entretanto, com relação. a (a4) J'Upra, observar o que é dito, mulaliJ'
mulandiJ', in fine de 5. 8. l .
7.0 [e] (e aberto oraL) L
-231-
O [e] (e aberto oral) tem a seguinte subgama vocálica: 4 .
a) in_travocabular:
(I) acentuado
(2) subacentuado
(3) proclítico
b) intervocabular:
(4) dúplice acentuado
(5) dúplice subacentuado
[é] ' [eJ ' [e'] L
7.1 O [fl (e a'i:?erto oral intravocabular acentuado) oco.rre em vocábulos
do tipo:
a) sebe, lebre, seca, velha trepe, trepa, sete,. mede
b) célebre, cérebro, trépído, pede-me, asseste-me, hélice
c) café, rapé, papel, 'tonel, colher, puder, disser
7 .1. 1 As considerações feitas em 5. 1. 1 .cabem, muiafi.r muiandi.r, ao caso
presente.
7 I 2 A r b I 11 "' • '" , · t' d" - ( ) . . 10rma ver a e , ass1m como es , es a na;; con 1çoes c .rupra
quando seguida de pausa: ".êle é, quando quer, inteligente", ou quando "absolutà~
"êle é, porque é".
7.2 O [c] (e aberto oral intravocabular subacentuado) o~orre em vocá" bulos do tipo:
a) celebremente, celeremente, medicozinho
b) indelevelmente, corretamente, velhazinha
c) quero-quero, reco-reco, leva-traz, seca-rega
d) teté, pepé, lelé
7. 2 .I As considerações feitas em 5. 2 . 1 cabem, mulali.r mulandi.r, ao caso
presente.
7 . 3 O [e'] (e aberto oral intravocabular proclítico) ocorre em vocábulos I.
do tipo:
a) pré-história, pré-vestibular
b) cafezinho, papelzinho, tonelzito
-232-
7.3 . 1 As considerações feitas em 5.3.1 cabem, mutati.r mutandi.r., ao easo
presente. O [e'] das duas séries em causa tende a perder o timbre aberto em L
favor do fechado, isto é, a passar a [~']. Na primeira série, aliás, a formação e
o curso são puramente eruditos; em conseqüência, parece não ser outra a expli
cação diferencial de vocábulos como "prefixar", "prejulgar", "predeterminar",
de um lado, e de outro vocábulos como "pré-história", "pré-vestibular", que
reproduzem a possível eyolução daqueles, quando são, tornados de curso cor
rente, pronunciados [pr~'i'tt~r'ya] ou mesmo [pr~y'tt~r'ya]. nos colégios secun
dários (por professôres e alunos, em geral, se cariocas), ou [pr~'v~'ttl'bu'láf(f)]. como era pronunciada a palavra ao tempo não longínq,uo em que havia entre
nós estabelecimentos de ensino dêsse tipo, Na área carioca, aliás , num vocábulo
de curso múltiplo e cotidiano como é "caf~zinho" , na acepção de "pequena
xícara de café", é quase universal a pronúncia [ka'f~'zj9'u]. que, quando não
tem o [~'] nítidamente fechado, o tem pelo menos sensivelmente.
7. 3. 2 As formas verbais "é" e "és" , quando funcionam como vocábulos
l 't' t' [ '] '"I ' h , ['I I' ,_ .. ] A f . 't proc 1 1cos, em o lf , v.g., e e e ornem ~ Yt <]ID ey , ou, com en ase no suJei o
{élye'óm'ey]. ou , com ênfase no verbo, [e'lyeóm"êY). . .. . . ". 7. 4 O [i] (e aberto oral intervocabular dúplice acentuado) ocorre em
~
situações do tipo "ralé ébria" , isto é, com [é] mais [é] . Instável como tôdas
as vozes dúplices, pode verificar-se ou não a ligação; os dois heptassílabos •
seguintes ilustram o f a to- "ralé ébria de prazeres" e "a ralé ébria de prazeres':'
al) [f(f)a'
a2) [a'
I e ~
f(f)a'
, e • li ..
br'ya
br'ya
~ 1'/ I , <1 pra z~
d~l'/ I ' pra ze
r' i(]
r'it]
7.4.1 Importa, ainda, considerar a situação de [f] mais[~']. que tem duas
soluções, como o demonstram os dois heptassílabos seguintes ~ "ralé ervateira
I" 11 ralé ervateira do sul" ao su e
al) [f(!) a' lé €?'f(f) v a' t~y raw' súi] ~
a2) [f(f)a' I{f<r) v a' t~y r' a du' súi]
7. 5 O [~] (e aberto oral intervocabular dúplice subacentuado) ocorre .. em situação semelhante à anterior, mas de tal modo que, como decorrência de
sua formação, fica ela colocada imediatamente antes de sílaba acentuada - co
mo no segundos dos seguintes heptassílabos "e foi ao café errado" e "êle foi
ao café errado" :
1) [i'
2) [;'
f§y
li'
aw' ka'
f§y aw'
fé ~
ka'
e'
[~ ~
-(-)' r r a .. r(r'á • .I
d'u] ' 11
d'u]
-233-
8 .0 [e] (e fechado ora[) ... . O [c;J {e fechado oral) tem a ~eguinte subgama vocálica: ,
a) intravocabular:
(1) acentuado
(2) subacentuado
(3) proclítico
( 4) enclítico
h) intervocabular:
(5) dúplice acentuado
(6) dúplice subacentuado
, [Çl
[~}
8 .1 O [é] (e fechado oral intravocabular acentuado) ocorre em vocábulos
do tipo:
a) m2do, s2de, aparelho, com2ço
h) amena, fonema , condena, lema, pena
c) penha, venha, tenho, empenhe, senha
d) tr2fego, 2xito, êxodo, aparelha-lo
e) fon2mica, an2mica, az2mola, tr2mula, condena-lo
f) voc2, ti2, sapé, dever, correr, escrever
8 . 1 . 1 Além das observações feitas em 5 .1.1, cabem também, mulali.t
mulandi.r, as de 6.1 . 1.
8 . 2 O [~] (e fechado oral intravocabular subacentuado) ocorre em vo
cábulos do tipo:
a) trêfegamente, 2xodozinho
h) an2micamente, az2molazinha
c) sêdezinha , aparelhozinho, rêdezinha •
d) serenamente, amenamente, penazinha
e) tume-treme, rema-rema
f) lenha-branca
8 . 2 . 1 Além das observações feitas em 5 . 2 . 1, cabem, mulali.r mulandi.r, as·
feitas em 6.1.1, no tocante à nasalização.
-234-
8.3 O [e') (e fechado oral intravocabular procHtico) ocorre em vocábulos
do tipo:
·.
a) ressurgimento, redarguir, exótico, epanáfora, eneágono
b) emoção, emotivo, eneágono, penedia, remediar
c) sapêzinho, tiêzinho, pêzinho, ipêzão
8.3 . 1 Além da distinção que cumpre fazer entre o [e') antenasal e o ante-orJ
cabe, ainda, considerar que ~le é provlvelmente mais fechado, na área, na medida . '
em que se distancia da sílaba acentuada, não intervindo razão rítmica, geral~
mente binária, em contrário. Ademais, importa desde já consignar também que
nos vocábulos de curso popular o [<;'] apresent~ uma Óscilação para [i'] ou fi'J (segundo, respectivamente, não seja ou seja antenasal), v. g., "educação"]
[e'du'ka'sã~] f [i'du'ka'sãw). "lenimento" (como certo remédio muito vendido
n•a área) [l~(~'ni'met'u} I [l!(i)'ni'met'u]. Ec;sa oscilação, contudo, parece sei:'
condicionada, de um lado, por razões morfológicas e, de outro, por uma como
harmonia vocálica, que se tentará esclarecer mais adiante
8. 3 . 1.1 N<~o relação J'Upra de exemplos, uma forma do tipo "senhorio"
deveria também ter sido considel:'ada , acrescida da observação relativa à ten
dência de maior nasalização antes de rul e da relativa. à oscilação para (~'l/(~]. 8.4 O ['e] (e fechado oral intravocabulal:' enclítico) ocorre em exemplos . .
do tipo:
a) cérebro, célebre, célere, trêfego, pândega
b) tóteine, cris~ntemo, pátena
c) agradável, louvável, audível, solúvel
d) cerúmen, acúmen, albúmen, regímen, tentâmen
e) revólver, suéter, esfíncter., caráter, síle·x, córtex
8. 4.1 A preliminar que cabe ressaltar com relação ao [' ~] é que pertence
ao fonetismo culto da área e d11 língua. Em conseqÜência, há algumas observa
ções que fazer, em função da maior ou menor difusão de suas ocorrências no
curso pupular.
8 .4.1.1 Na série (a), na medida em que os vocábulos se divulgam no
curso popular, tende ~ ['~] a passar para ['i] , "· g. , "pândega" [pãd'~g'a}
[pãcftig'a}, "tráfego" [tráf'~g'u] [tráf'ig'uJ. Poder-se-ia, aqui , lembrar que, nas
camadas populares e de ling~agem mais distensa e espontânea, há, na área,
também, a tendência ao paroxitonismo,, contrapt..:sada, tão-somente, no caso
~-vertente, pela formação de uma seqÜência consonantal mais violenta ainda do
qu-e o proparoxitonismo.
-235-
8.4.1.2 Na série (b), na medida em que os vocábulos se divulgam no
curso popular, tende a ['iJ. "· g., "autógena", da linguagem dos mecânicos 'do
automóveis em "solda autógena", que se apresenta já na forma [aw'tót'in'a]. ~ .
já na forma paroxítona [aw'tótn'a] (como se escrita "autosna", como em certo
momento se podia ler numa pequena oficina da Rua São Clemente, em Bota•
fogo). É óbvio que o paroxitonismo aqui pôde funcionar por formar-se uma
sequência consonantal normal na área ("asno", "cisne").
8.4 . 1 .3 Na série (c), da qual muitos vocábulos entram no curso popular,
pelo menos na área, há manifesta tendência mesmo entre cultos, na expressão
distensa, de passar o ['~]para ['i]. "·9·• 11agradável" [a'gra'dáv'~Í] [a'gra'dáv'iÍ].
"amável" [~'máv'~l] [~'máv'i1], enquant? nas camadas mais populare;; , incultas,
e no seu falar mais distenso, há , além da vocalização do OJ. ou sua mera apócope
ou mesmo, muito epis~dicamrnte (talvez em alienígenas) , o rotacismo: a)
(ã'máv'iw] ou [ã'máv'yu ). b) [ã'máv'i] e c) [ã'máv'if.].
8 . -l.l . l Na série (d) sàmcntc entre bem falantes- e, no geral, em situações
de tensão psíquica - se verifica a pront'mcia , canônica para a área , de , ''· g.,
"cerúmen" como [s~'rúm'çn], com [n] implosivo sem nasaliUlr a vogal anterior,
embora com timbre feéhado. A pronúncia corrente, entretanto, mesmo entre
cultos, é a nasala.da com ditongação , c•. g. "regímen" [r(f)e'iím'ê'y]. 1'1as, nas . .. . . camadas populares incultas da área, também para vocábulos como "linguagem",
"bobagem", a tendência é para reduzir o final a ri],"·!!· [J.~'tt'm'i] como [b~'bá~'i]: . c - fato interessante - a aceitação moderna pelos lexicógrafos do 'sincretismo
"regímen/regime", "cer·úmen/cerume", "tentâmen/tentame", "espécimen/espé
cime", "albúmen/albume", teve como cohSeqüência a consagração como regime
culto da tendência manifestada nas camadas populares incultas. Note-se, por
fim , que. entre cultos ocorre também o ['~] com tendência para ['i]. nos ~in
guiares c plurais com - n (gráfico): [f('f)t;'~im'e] ou [f(f)t;'~!m'i]. [f(f.)t;~jm'~di (J
[f(f.)~'~jm'in'i(J; o grau [f(f)~'ffm•ê'.YJ. entretanto, entra na deriva geral ' do
vocalismo da área, com o plural [r(f};'~m"ê'y~.
8. 4. l . 5 Na série (e) os f a tos são mais ou menos paralelos aos da série
anteriormente examinada: a) nas camàdas populares incultas, tendência para
o [i], v. g., [re'v6wv'i] e mesmo [re'vóv'i]; b) nas camadas cultas de expressão • \. • t.
distensa, [f(r)~'v~lv'if(f.) , [f(f.)t;'v?iv'ir'i~, quando não ocorre o pseudo-angli-
cismo [f(f.)~'v~lv'irs] ou [f(f.)t;'v~lv'~rs]; c) nas camadas cultas bem falantes,
[re'vólv'er], [re'vólv'er'iS), d) havendo, é óbvio, por fim, um grupo que pronuncia . . ~ . . . . '" . à inglêsa ou a norte-americana, já não se dirá o vocábulo com que se vem exem-
- .236-
plificando, dado seu largo curso já há muito difundido, mas vocábulos ma1s
recentes, como .rweler, boxer, .reller, poinier. Nesta mesma série, os vocábulos
eruditos de origem clássica, quando no curso popular, apresentam as caracte
rísticas apontadas, salvo, é óbvio, a (d). Nas camadas cultas, a alternativa se . ~
limita a uma forma culta "natural", v. g., "esfíncter" [e(i)'~fikt'er(r)] (e também ,. . . ... fs(t)ffkt'~!(f)] ), "sílex" [síl'c;ks], ou uma forma de sabor requintado e artificial
na área, com as terminações respectivas em [-'~f(f)] ou [- 'c;ks]. I
8. 5 O [Ç] (c fechado oral intervocabular acentuado) ocorre em situações
do tipo "sapê êrmo" - isto é, [~] mais [~] -, ou do tipo "sapê esverdeado"
- isto é, [~] n:tais [~']. Instável como tôdas as vozes dúplices, a ligação pode
verificar-se ou não, o que melhor ilu;tram as duas parelhas de heptassílabo;; "t )" AA d" 11 AA d" segum es a um sape ermo, compa re e um sape ermo, meu compa re ,
e b) "um sapê esverdeado" e "sapê esverdeado, compadre" (sendo que em "es-
verdeado" ,
considerará a pronúncia com a inicial [~']. sem considerar, so se
pois , a sua oscilante [i']):
ai) lu' sa' ' ~f(!) m'u kõ' pá dr'i] P<; a2) [Ü' sa' Pif(f) m'u mc;w' kõ'
, dr'i] pa
bl) [Ü' sa' ,
t;'i ve'r(r) <li' ,
d'u] pç a ... b2) [sa' p~t v~(E) Jyá d'u kõ'
, dr'i] pa
8. 6 O 1~] (e fechado o tal intcrvocabular dúplice subacentuado) parece
só ocorrer no caso em que, em conseqÜência da formação da voz dúplice, fica
ela antes de sílaba acentuada, como, por exemplo, em "sapê ervado" - isto é,
com [~] mais [t;'] -, como o ilustram os dois heptassílabos seguintes - "sapê
ervado, compadre " 11 um sapê ervàdo, compadre": e
ai) [sa' pé ~'f(f) ,
d'u kõ' pá dtl<i] v a
a2) [ü' sa' p~f(f) ,
d'u kõ' pá dr'i] v a
9 . O [i] (i aberto ora[)
O [i] (i aberto oral) tem a seguinte subgama vocálica:
a) intravocabular:
(1) acentuado [í]
(2) subacentuado [~]
(3) proclítico [i']
(4) encütico ['i]
(5) final ['i]
-237-
b). intervocabular:
(6) dúplice acentuado
(7) dúplice subacentuado
(8) dúplice proclítico
9. O .1 Não há como confundir, parece, o [i] (i dúplice oral) com o [i]longo
das expressões afetivas, ''· g., com nota de desalento, em "que v"ida !". De
outro lado, parece, também, que militam razões bastantes para eventualmente
distinguir o [i], que a seguir será examinado, dos ditongos [yi] ou [iy]. isto é,
crescente ou decrescente, que serão considerados oportunamente.
9.1
do tipo:
O [í] (i aberto oral intravocabular acentuado) ocorre em vocábulos ··~:.•'
a) tipo, rico, filho, filo, filtro, riba, arrecife
b) c!trico, I!dimo, vfvido, criva-la, ftgado
c) tupi, ouvi, sentir, vir, vil, covil, covis
9 .I. I As observações feitas em 5. I. I cabem, mulali.J mulandt".r, ao caso ·pre
sente, inclusive no que tange a formas como "covis", "ouvis" , "perdiz" , isto é.,
quando, nos oxítonos, é seguido de -.J ou -z (gráfico:;), quando se observa,
no falar quase geral da área, verdadeira ditongação, provàvelmeníc por influ
ência da consonância palatal final- [kg'víy~, [9w'víy~] ou [p~'f(f)J(ytJ.
9. 2 O [~] (i aberto oral intravocabular subacentuado) ocorre em voc[t-
bulos do tipo:
a) l~dimamente, v7vidamente, f~gadozinho
h) aud~velmente, sofr~velmente, vidazinha, ativamente
c) vira-bosta, tira-teima, pipi , chichi
9.2.I As observações feitas em 5. 2.I cabem, mulali.J mulandiJ·, ao caso
presente. Assim é que "vira-bosta" [v~ra'b~tt'a] tende para [vi'ra'bi(t'a].
assim como [p1pí] tende para [pi'pí].
9. 3 O ~i'] (i aberto oral intravocabular proclítico) ocorre em vocábulos
do tipo:
a) cidade, ilt"bado, vtvtsecção, pirilampo
h) levezinho, dosezinha, tupizinho, sapotizão
9. 3. I As observações feitas em 5. 3. I cabem, mufali.J mutandi.J, ao caso
presente. Cumpre, ademais, acrescentar a êste caso os oscilantes orais abertos
consignados em 8 . 3. I .
-238-
. ' 9. 4 O ['i] (i aberto oral intravocabular enclítico) ocorre em vocábulos:
do tipo:
a) prático, vrvido, patético, sente-lo, ouve-lo
h) fácil, ágil, grácil, p~nsil, réptil, projétil
9.4 . 1 As observações feitas em 5.4.1 cabem, mulali.r mulandi.r, ao caso
presente, devendo-se também associar ao mesmo os fatos referidos em 8.4.1.3.
9. 5 O ['i] (i aberto oral intravocabular final) ocorre em vocá·bulos do tipo
a) sete, leve, célebre, célere, júri, tílburi
h) medes, leves, célebres, céleres, j-úris, tílburi.i, cálix, fênix, lápis
9 o 5 °1 As observações feitas em 5 . 5 . 1 cabem, mulali.r mulandi.r, ao caso
presente. Entretanto, no;; exemplos de "cálix" e "fênix", na pronúncia ultra
correta [kál'iks] e [fén'iks], passa, claramente, para ['i] . . 9. 5. 2 Só por ultracorreção - sobretudo na leitura e mormente entre
crianças na fase de alfabetização - ou em bôca de alienígenas, mas sempre
deslocado da ambiência lingÜística, é que se ouve o ['i] como ['~]. em quaisquer
camadas sociais da área.
9.6 · ' O o [i] (i aberto oral in'tervoeabular dúplice acentuado) ocorre em "' situações do tipo "uma sede hípica", '!um tupi hílare" ou "um tupi idolátrico",
isto é, com riJ mais [í], com [í] mais [í] ou com [í] mais [i']. respectivamente.
Instável como tôdas as vozes dúplices, conforme forem ritmo, tensão e cad~ncia
da cadeia falada, a ligação pode ocorrer ou não. Os heptassílabos seguintes
dão conta dos fatos - "uma linda sede hípica", "uma formosa sede hípica';,
"tupi hílare não serve", "tupi hílare não convence", "era um tupi idolátrico",
"parece um tupi idolátrico":
al) [u' ma' li' d'ao , a i' , , .
k'.l] . S'ê 1 pl
a2) [u' ma' fg'f(f) ,
z'a ' Jf ,. k'a] mo se pl .. "' bl) [tu'
... l'a nã~' sér(r) v'i] ' pl ,.
ri ~
........ b.2) [tu' l'a r' i nã~' kõ' ~ s'i] pl v e
cl) [e ra~' tu' ,
i' d<?' lá h' i k'u] I.
pl
'éz) [pa' ,
syÜ' tu' -/.
do' lá ~r' i k'u] re pl I. .
9. 6 .1 Importa, ainda, considerar uma hipótese afim, a de ['i] mais [i'], mais [í], como se figura em "leve e hílare"- a rigor, o ~i] tor~ado [i'], tamb~m,
- 239-.
c~['i]. Figuremos as três soluções possíveis com os três heptassílabos ~eguintes-11mulher bem leve e hílare", "Jllulher muito leve e hílare" e "uma mulher bem
leve e hílare":
ai) [mu' J~Ç(f) b"'"'' lé v' i i' ' l'a r' i] ey 1 ~ ,
a2) [mu' 1 'r(r) muy' tu' lé ,. ..,.
l'a t:'i] Vl 1 .. ~ .. ~ I
a3) [u' ma' mu' l{f(f) bê'y· ~~ ...
l'a . ~i] I.
Vl
9. 7 O ~] (i aberto oral intervocabular dúplice subacentuado) ocorre em
situações do tipo anterior em que, em conseqüência da formação da voz dúplice~
fica e.>ta imediatamente antes de um~ sílaba acentuada, do que· dá exemplo
" tupi idiota" ("idiota" como tris~íl~bo), nos dois heptassílabos seguintes -'"era
-um tupi idiota~' e"falava de um tupi idiota":
ai) [é r' a li' tu' ' i' J> ' t'a] pt yo "' .. I.
a2) [fa' lá v' a Jyu' tu' ....
dyi t'a] Pl
.em que a alternativa do primeiro heptassílabo ser1a:
[e raw' ·tu' ' i' di' ' t'a] pl o ~ I.
9. 8 O .ii'J (i aberto oral intervocabular dúplice proclítico) ocorre em
situações do tipo "um homem célebre ilibado" ou "célebre e Hibado". O pri·
meiro caso comporta duas soluções e o segundo três, o que melhor ilustram os
heptassílabos seguintes - al) "um célebre ilibado", a2) "hoinem célebre
ilibado", bl) "célebre e ililiado", b2) "bem célebre e ilibado" e b3) "homem
célebre e ilibado":
ai) [rí' ' 1'~ b ,. i' li' bá d'u] se rl I.
a2) [~ m'ê'y ' 1' t; bcii li' bá d'u] 81_ bl) [st l'~ b ,. r 1 i' i' li' bá d'u]
b2) [bê'y' ' 1'~ br'i T' li' bá d'u] st b3) (Ó m''éy ' l'e bri' li' bá d'u] se . I. •
·9. 8. 1 Importa, contudo, lem~rar que a igualdade fonética da cadeia (a2)
com a cadeia (b2) fonêmicamente se distingue porque (a2) comporta, a rigor, ' , I 1' uma terceira solução, que e prect~amente a diferencial, consistente na e tsão
_pura e simples:
[~ '"""' m ey ' se
" 10. O [!] (i fechado ora{)
l' «; b ., n li' bá d'u]
. ;__, 2-lO -
O [i] (i fechado oral) tem a seguinte subgama vocálica: . a) intravocabular:
(1) acentuado [í]
(2) subacentuado r!J (3) proclítico [i']
• n.
(4) enclí.tico ['i] . ó) intervocabular:
/
(5) dúplice acentuado rTl (6) dúplice subacentuado ri1 (7) dúplice proclítico [i']
10.0.1 Não há como confundir o (fl (i fechado dúplice), como se pro
curará demonstrar adiante. pela exemplificação e descrição de suas situações,
COJ!l o [i] longo das expressões afetivas, v. ll·· com nota de concupiscência, "di
vina..!". De outro lado, parece, também, que militam razões bastantes para
distinguir o ditongo crescente [yi]. que será exa.minado adiante.
10.1 O [í] (i fechado oral intravocabular acentuado) ocorre em vocábulos
a) miqa, cimo, pino, hino, ensino, peregrinas
b) ninho, pinho, vinho, cabrinha, rodinha
c) cínico, clinico, qu[mica
á) tinha-me, alinha-se, sublinha-se, embainham-no
10 .1.1 As observações feitas em 5. 1.1 e em 6. 1. 1 cabem, mulali.J mu
iandi.J, ao caso presente.
10.2 O [~] (i fechado oral intravocabular subacentuado) ocorre em vocábulos do tipo;•
) '· '· ~ l'h '· a ctmcamente, mtm1camente, prtmu azm a, qutmtcazona
b) peregrinamente, divinamente, minazinha
c) ninhozinho, vinhazita, rinhazinha
á) lima-de-cheiro
e) pinha-9ueimadeira, pinho-do-brejo
10.2.1 As observações feitas ein 6.2.1, assim como as remissões !á feitas ..
cabem, mulaliJ- mufandi.J, ao caso presente.
-241-
10.3 O [i'] (i fechado oral intravocabular proclítico) ocorre em vocábulos . .
do tipo:
a) cimalha, limão, pimenta, pimentão, ctmsmo
b) ti~hoso, inhame, pinheiro, apinhássemos, adivinháramos
10.3.1 As observações feitas em 6 .3.1 , ac;sim como as remissões lá feitas,
cabem, mulati.F mufandi.F, ao caso presente.
10.4 O l'i] (i fechado oral intravocabular enclítico) ocorre em vocábulos . do tipo:
a) 6timo, péssimo, pristino, lâmina, claríssimo
b) pede-me, trouxe-me, est11de-mo, entregue-mo
10.4 .1 As observações feitas em 6.4.1 cabem, mutafi.J· mutandi.F, ao caso
presente. É de tôda a conveniência, porém, ressaltar que é frouxa a tendência
à nasalização, salvo no caso de "lâmina", em que é visível que o é por sua po
sição internasal. Relembre-se que se trata de voz típica do fonetismo culto
da área. , 10.5 O lTJ (i fechado oral intervocabular dúplice acentuado) ocorre em
situações do tipo "êc;te hino", "ouvi hinos", "conheci inocentes"- isto é, com,
respectivamente, riJ mais [í], ou [í] mais [í]. ou [í] mais [i']. o primeiro caso
se resolve por ai) contigüidade pura, isto é, hiato, a2) duplicação e a3) elisão;
o segundo, por bl) contigüidade e b2) duplicação, e o terceiro, por cl) conti
gÜidade e c2) duplicação. De tudo dão conta os heptassílabos seguintes- al) 11que beleza êste hino", a2) e a3) 11como embelezar êste hino?"; bl) "ouvi hinos
todo dia", b2) "ouvi hinos por tôda parte"; cl) "eu conheci inocentes", c2)
''conheci inocentes lindos":
al) ki' b~' lÇ z'a ~( ?'i Ii'u] I
a2) lk6 mwê!' h~' 1~' , ,'11 1T n'u ( ?) 1 za r~s .
a3) [k6 mwe' b~' I~' ,
r~( '?! n'u ( ?)] za . bl) [ç>w'
\ , n'u( t~ du' ~· 'ya] Vl 1 lY , •
b2) [ç>w' .... n:'u( pu'f(t). t~ d'a páf(f) f'i] V!
cl) [ew k~' ne' sí ., nc/
,t 'l-itl ! se . .... c2) [k<,>' ne'
~ nC!'
,t, ?'i! rt d'ut]
'W • . S! St:
devendo-se, ainda, considerar a solução c3) de elisão, mas com a particularidade
importante de que da voz elidida fica um resquício, a saber, o timbre fechado:
c3) [k<?' v-~' n~' ,t
se d'u'(J
-242-
10.5.1 Cumpre, aliás, não esquecer que a tend~ncia à nasalização per
dura mesmo nas vozes dúplices acima consideradas, com as duas seguintes
particularidades: a) num primeiro grau de tensão expressiva e culta, o primeiro
membro da voz dúplice pode ser nltidamente oral; b) num segundo grau de
tensão, digamos, em grau distenso e espontâneo e popular, a voz dúplice nos
dois membros já é na;,alizada, mais ou menos fortemente.
' 10.6 O lTJ (i fechado oral intervocabular subacentuado) ocorre em situações
em que, em conseqÜ~ncia da formação de uma voz dúplice que deveria ser
acentuada, na conformidade do exposto no nú~ero 10. 5, fica ela imediatamente
antes de uma sílaba acentuada, do que dá exemplo "comi inhame", cujas duas)
soluções (contigüidade e voz dúplice) são exemplificadas pelos heptassílabos al)
"comi inhame com gôsto" e a2) "comi inhame noite e d. " 1a :
l) [k9(u)' ,
i' , ,.
k~' ót t'u] ml na ml g. .., a2) [k9(u)'
~ , ,. ' ~I' <líy 'ya] m! na ml n9y ..,
10.7 O lT'J (i fechado oral intervocabular proclítico) ocorre em situações
do tipo "êste hinário", "febre inalterada", isto é, com ['i] tornado [i'] mais [i'].
Tais situações podem resolver-se al) por contigüidade, isto é, hiato, a2) por dupli
caçã.o e a3) por elisão, permanecendo, neste caso, o timbre fechado com tend~ncia
à nasalização. Os heptassílabos seguinte<; dão conta dos fatos - al) "a febre
i na Iterada" e a2) e a3) "uma febre inalterada":
a1) [a' fé br'i .,
na'l t<;' r á d'a] ~ !
a2) [u' ma' fé b -r, na1 te' ,
d'a q r a L .
a3) [u' ma' fé b ., na'l t<;' ,
d'a] n r a L .
10.7.1 Há, ainda, a hip6tese de ['i] tornado [i'] mais [i'] mais [i']. como
em al) "leve e inalterada", a2) "côr leve e inalterada" e a3) "corpo leve e inal-
terado": -al) [lé
,. i' i' na'l te'
, d'a] Vl r a
'" a2) [k9f(f) lé ,. -r, na1 t.~' r á d'a] Vl ! \.
a3) [k9f(f) p'u lé v "I' na1 t~' ,
d'u] r a I. .
11.0 [~] (o aber.lo oral)
O [o] (o aberto oral) tem a seguinte subgama vocálica: I.
a) intravocabular:
(1) acentuado [6] '" (2) subacentuado [à] "' (3) proclítico [o'] L
-243-
b) intervocabular:
(4) dúplice acentuado
(5) dúplice subacentuado
11.1 O [6] (o aberto oral intravocabular acentuado) ocorre em vocábulos I.
do tipo:
a) poda, pode, mola, molha, arrolha, tropa, melhores
h) tr6pico, c6digo, mon6logo, c6licas, poda-lo, corta-lo
c) boc6, abric6, xod6, atol , redor, atroz, suor
11. 1 1 As con'siderações feitas em 5 . 1 . 1 cabem, muiali.J mulandiJ", ao
caso presente, inclusive no que tange a ."atroz" e, decorrentemente, a "abric6s::.
por exemplo.
li. 2 O [o] (o aberto oral intravocabular subacentuado) ocorre em vocábulos do tipo:"
a) modicamente, otimamente, codigozinho, monologozinho
h) movelmente, molemente, molazinha , tropazinha
c) bota-fora, toque-toque, norte-americano
d) tot6, vovó
11.2.1 As considerações feitas em 5.2 . 1 cabem, mulaliJ" mulandi.r, ao
caso presente.
li. 3 O [o'] (o aberto oral intravocabular proclítico) ocorre em vocábulos I.
do tipo:
a) pró-britânico, pró-árabe, pró-indígena
h) abricozal, xodozinho, atolzinho, tropinha, malinha
11.3. 1 Dentro da série (a) o [o'] tende a passar a [o'] se torna de largo t · L •
uso, tal o caso de "pró-matre", usualmente e maioritàriamente pronunciado
no Rio [pro'mátr'i] (para o que, é óbvio, corrobora a po~ição antenasal, que, . .
porém, não é decisiva nos compostos eruditos; aliás, no caso em aprêço, que o
processo fica a meio se vê do fato de que o [o'] jamais se pronuncia nasalizado).
Ainda na série (a) poderiam ser incluídos os vocábulos do tipo "totó" e "vovó",
que o foram na série (d) de 11 . 2 . É que com os me,;mos a flutuação é tríplice
- e, por estranho que possa parecer, corresponde a três fases do processo de
consolidação da aquisição da língua na área, de um modo geral -: L) [v~v~], 2.) [vo'vó], 3 .) [vo'vó] (enquanto o correlato " vovô" apresenta, como é de
~ ~ • &.
-214-
esperar, só duas: l.) [v~v§], 2.) [vq'vg]), Quanto à série (b), as observaçoes I
feitas em 5. 3.1 cabem-lhe, mulati.r mulandiJ·. Esclareça-se, entretanto, que nos
vocábulos do tipo dos três primeiros exempüficados deve-se distinguir os termi
nados em - zinho(a)(.r), que mais fàcilmente guardam não apenas o [~'], mas
são freqüentemente, nas leituras tensas , pronunciados com [o], dos terminados .. por sufixos outros iniciados por -z-, os quais , ao contrário, guardam o [~'],
mas são freqüentemente, na fala distensa , pronunciados .com [~') ou senão com
um timbre intermédio entre o aberto e o fechado. Quanto aos casos de "tro
pinha", "rodinha" , molinha" . muito freqüentemente tendem , na expressão
distensa, para o [<;>'), sobretudo nos casos em que na consciência do indivíduo
falante não há diminutivo, tal o caso de "modinha" (na área carioca não há
"moda" como equi.valente de ·''canção, toada"), tão [mo'<Í'ío'a] que não poucas A t • f [ 'd";l f \ l • t f h J' • (( vezes, mesmo en re canocas, e mu 19- a , IS o e, com omoroma com mu-
dinha", diminutivo de "muda".
11 .3. 2 Aliás não são poucos os casos em que de um tipo como [bota' fóg'u] ' ~ . se transita para [bz'ta'f§g'u] para se chegar a [b?'ta'f9.g'u], que é o normal,
no Rio, para o topônimo Bt:>tafogo, estágio também normal para, por exemplo, 1 '!odapé" [r(f)q'da'p{].
11.4 O [ÕJ (o aberto oral ~ntravocabular dúplice acentuado) ocorre em L
situações do tipo "abricó ótimo". Instável como tôdas as vozes dúplices, con-
forme forem tensão, ritmo e cadência da cadeia falada, pode verificar-se ou
não a ligação, do que dão conta os dois heptassílabos seguintes "era um
abricó ótimo" e "sim, senhor, mas que abricó ótimo " :
a1) [é r' a '\f' a' ·bri' ko ' 11 m'u] o .. L \.
a2) [s~ Se I n?r(~) m'a~ kya'· bri' kÍ 1'i m'u] . 11.4.1 Importa, ainda, considerar a · hipótese de [~]mais [o'], como ocorre
em situações do tipo "xodó horroroso", por exemplo. Figuremo-las em dois
heptassílabos, os seguintes- "é um xodó horroroso" e "infame xodó horroroso":
a1) [e l
ra~'
a2) [i' f~ ,.
ml
dó L
~~I f(f)<l f(f)</
, r~
z'u]
z'u]
' 11 .5 O [~] (o aberto oral intravocabular dúplice subacentuado) ocorre em
situações de [ó] mais [o'] .rupra referidas, mas de tal modo que, como decorrência L L
da formação da voz dúplice, fica ela imediatam~nte antes de sílaba acentuada,
-245-
v. g., "xodó horrível", cujas duas soluções ilustram os heptassílabos seguintes
- "era um xodó horrível" e "infamante xodó horrível":
ai) rt a2) (i'
r' a u' tcl , mã 1'i
ç' dÕ
L
f(!)[
rQ>[
12.0 I?l (o fechado oral)
O [o] (o fechado oral) tem a seguinte subgama vocálica: . a) intravocabular:
(I) acentuado
(2) subacentuado
(3) proclítico
(4) enclítico
h) intervocabular:
(5) dúplice acentuado
(6) dúplice subacentuado
, [9]
[~]
12.1 O [?J (o fechado oral intravocabular acentuado) ocorre ·em voe á· bulos do tipo:
a) tôpo, corpo, lôbos, môlho, sôpro, côbro, lorpa
h) sono, dono, soma, ressona, coma, toma
c) sonho, enfadonho, ponho, medonho, tristonho
d) trôpego, fôlego , lôbrego, sôfrega
e) cônego, fônica, atônito, atômico, tôma-la
/) sonha-lo, reponha-o
g) babalaô, borocoxô, amor, horror, verdor, algoz
12.1 . 1 As observações e remissões feitas em 8 .1. 1 cabem, mulati.f mu·
tandi.r, ao caso presente.
12.2 O [Çl] (o fechado oral intravocabular subacentuado) ocorre em vocá· bulos do tipo:
a) trôpegamen~e. sôfregamente, lôbregamente, fôlegozinho
h) tôpozinho, corpozito, sôprozinho, lôbozão, tôlamente
c) sonozinho, somazita, doidonamente, tomozinho
d) sonhozinho, enfadonhamente, tristonhozito
-246- I
e)' l~bo-cerval, c~rvo-marinho, l~bo-marinho f) dona-d' algo, dona-branca, dono-da-serra.
g) sonhos-de-ouro
12. 2 . 1 As observações e remissões feitas em 8. 2. l cabem, mulaltJ' mu•
fandiJ', ao caso presente.
12.3 O [~'] (o fechado oral intravocàbular proçlítico) ocorre em vocá ..
bulos do tipo:
a) rotundo, coletar, esbodegar, coonestar, coordenar
b) começar, romaria, coonestar, tomar, comemorar
c) borocox~zão, babala~zinho , amorzinho, amorinho
12 .3 . 1 As observações feitas em 8 . 3 . 1 cabem, mulali.J' mulandiJ', ao caso
presente. A oscilação a que lá se refere, aqui tem o tipo [<?' I u'], com tendência
à nasalização quando a voz seja antenasal: "esbodegar" [(~)(i)'ibç>(u)'d~ gár(f.)],
"começar" [k<_>(u)'m~'sáf(f)] ou [kõ(Ü)'mç'sáf(r)J (a nasalidade, de qualquel.'
modo, é branda, diga-se assim, à falta de melhor). Acrescente que, com relação
à série (c) J'upra, o seu [~'] não só apresenta um certo matiz diferencial com
relação ao das duas séries anteriores , mas também dentro dela.
12. 4 O [' 9] (o fechado oral intravocabular enclítico) ocorre em vocábulos
do tipo:
a) prólogo, decágono, óbolo, di->cóbolo, exágono
b) próton, cólon, nêutron, cíclotron
c) flúo1
12.4 . l A observações feita em 8 4 . 1 cabem, mutaliJ' mulandi.J' ao caso presente.
12 4.2 Na série (a) , na medida em que o vocábulo se divulga no curso
popular ou geral da língua , tende o ['ç] a passar para ['u}. oral puro ou pro
penso à nasalização , se antenasal; aquela tendência, aliás, se manifesta, mesmo.
entre culto~ . na expressão espontânea e distensa , P . g., "óbolo" [ób'<?(u)l'u}.
"discóbolo" [d''i'tk~b' <_>(u)l'u]1 "decágono" [d~'kág '~(u)n'u]. De todos os modos,
a nasalização é, digamos assim, muito branda.
12 . 4 3 Na série (b), somente entre bem falantes e com certa tensão
psíquica se verifica a pronúncia, canônica para a área , de ['<_>] seguido de [n}
implosivo. Normalmente, isto é, correntemente, a pronúncia é, para "próton".
[prót'õ]. para "cólon" , [kól'õ] Não é senão pela dificuldade geralmente ~ L
sentida na língua que os lexicógrafos na área preconizam sucedâneos sincréticos,
-247-
como "protão", "neutrão", "ião" ou "ionte", "ciclotrão", embora ~stes sejam
de restrita aceitação. No plural, o canomco, "prótones", "cólones".
[pr~t'~m'i~], [k~l\ntit), só ocorre em situações tensas, mas em compensação.
para o singular, corrente, tanto se ouve, semitenso, [pr~t'õ~ , quanto, distenso
e natural , [prót'õyt). L
12.4.4 Na série (c), a pronúncia cantmica e correnfe para as camadas
sociais da área em que o vocábulo é encontradiço, "flúor", é [flú' 9r(f)], consig
nando-se, porém, também, uma forma requintada [flú'~r(i')], e, no outro J?Ólo,
a que é talvez a mais corrente [flú'w~f(f)]. A série é, aliás, representada, salvo
êrro, tão-somente pela palavra exemplificada, salvo o emprêgo eventual de
latinismos em linguagem técnica, como furgor em biologia - mas ainda aí os
dois fatos iniciais apontados para "flúór" vigoram (a palavra foi de emprêgo
freqüente nas aulas de Didática Geral, na Faculdade Nacional de Filosofia,
da Universidade do Brasil, pelo menos pelos anos de 1939 a 1942).
12.5 O [~) (o fechado oral intervocabular dúplice acentuado) em situações
do tipo "xangô ôco" ou "xangô horroroso" -isto é, respectivamente, com [§]
mais [~) ou [~) mais [q']. Instável como tôdas as vozes dúplices, no primeiro
caso pode haver a1) mera contigüidade ou a2) duplicação, enquanto no segundo
b1) mera contigüidade, b2) duplicação ou b3) elisão. Ilustram os fatos os se-. t h t 'l b 1) li A A f • li 2) li A A -gum es ep asSl a os - a xango oco e co1sa rara , a xango oco nao me
convence", bl) "xangô hororroso e forte", b2) e b3) "xangô horroroso e potente":
a1) [~ã' ' ' kwt' k9y z'a f (f.) á r 'a) g'l 9 a2) [~ã'
.. k'u nãw'
., kõ'
,!, s'i) g(j ml v e
b1) [Ú' ' .9' f(f)o' ' zwi' fór(r) t'•i] g9 r9 lo • •
b2) [~ã' ,
r( r)</ ' zwi' pg' d t''i] gey f<"/
[~ã' ' ' I
f 'i] b3) g9 r(r)g' r9 zwi' P9' tê'
12.6 o ' [~] (o fechado oral intervocabular dúplice subacentuado) parece
' ocorrer no caso em que, em co.meqüência da formação de uma voz dúplice so
segundo o esquema antecede.ntemente examinado, fica ela imediatamente antes
de sílaba acentuada, como em "xangô horrível". 03 dois heptassílabos seguintes
dão conta dos fatos - "xangô horrível de morte", "xangÔ horrível é de morte":
a1) ~ã' ' 9' r<r)í v'~l J i' móF(r) f'iJ go L • •
a2) [~~, ..
f(r)f v'ç le d' i' mór(f) t''i l g~ L L' •
13.0 [u) (u fechado ·oral)
;
"
-248
O [u] (u fechado oral) tem a seguinte subgama vocálica:
a intravocabular:
(l) acentuado [ú]
(2) :mbacentuado [Ú.]
(3) proclítico [u']
(4) enclítico ['u]
(5) final ['u]
b) intervocabular:
I (6) dúplice acentuado [ü]
(7) dúplice subacentuado (à] (8) dúplice proclítico [ü']
(9) dúplice enclí tico ['ü]
·(lO) dúplice final ['üJ , 13. O .1 Não há como confundir o [ü) dúplice, como se verá adiante pela
exemplificação e descrição de suas situações, com o [u] longo das expressões
afetivas, v. g., com nota de repulsa, "estúpido!". De outro lado, parece que
militam razões para distinguir o [u] dúplice e o [u] longo dos ditongos, que
também serão examinados adiante, [uw] e [wu] - decrescente e crescente.
13.1 O [ú] (u fechado oral intravocabular acentuado) ocorre em vocá
bulos do tipo:
a) cuba, aluga, produza, fagulha, estulto, curva
b) alguma, escuna, alúmen, estrume, reúnes, espuma
c) unha, cunha, alcunha, punho, punha
d) túrgido, fúlgido, cúpido, lúpulo, esculpe-lo, estÜda-Io
e) túnica, única, úmido, túmido, reúne-la, apruma-lo
j) punha-me, dispunham-no, alcunham-no
g) tatu, urubu, tu, abajur; azul, taful, alcaçuz, tatus
13 .1.1 As observações feitas em 5. 1.1 e em 6 .1. 1 cabem, mufa{ÍJ" mulandÍJ",
ao caso presente.
13.2 O [t] (u fechado oral i.ntravocabular subacentuado) ocorre em vocá
bulos do tipo:
4) turgidamente, lupulozinho, estupidozão
h) unicamente tumidamente, tunicazinha, unicazona
-249-
c) cubazinha, escudozinho, puramente, impuramente, voluvelmente,
soluvelmente, voluvelzinha
á) escunazinha, espumazona, unamente
e) lufa-lufa, fura-bôlo
f) fumo-bravo
g) unha-de-gato
13.2 . 1 As observações feitas em 5.2.1 e em 10.2.1 ~abem, mutali.r
mulandi.r, ao caso presente.
13.3 O [u'] (u fechado oral intravocabular proclítico) ocorre em vocábulos
do tipo:
a) urubu, urucubaca, ·suportar, .azular, insuflamento
b) umidade, sumidade, unidade. acumular, luminoso
c) unhada, punhalada, punhal
d) tatuzinho, urubuzinho, tafulmente, abajurzinho, dedozinho, velho~ zinho, velhozito, doidozão, tatuzão
13.3.1 Na série (a) há matizes diferenciais entre os diversos [u' ]. na me
dida em que se distanciam da sílaba acentuada, havendo, por vêzes, flutuação
rítmica, tal o caso, figurativamente, de "urucubaca", a saber [~ru'ku'bá~'a] e
fu'r~ku'bák'a].
13.3 .2 A série (b) pode.apresentar o mesmo fenômeno , mas é ela separada por
<:onstituir o caso de [u'] antenasal, isto é, com tendência à nasalização, tendência.
mais marcada ainda na série (c).
13.3 .3 Na série (d) , mas entre bem falantes em situação tensa, ouve-se por vê
zes nítida diferenciação, entre, por exemplo, "tatuzinho" e "dedozinho" - regu
larmente pronunciados [ta'tu'zio'u] e [d~'du'ziu'u] - o primeiro dos quais
passa a [ta't~zív'u] . Na realidade, entre " tatuzinho" e " tatozinho" a diferencra,
r egularmente, não é senão a de que o segundo é pronunciado [tàtu'z}g'u]:
13.4 O ['u) (u fechado oral intravocabular endítico) ocorre em vocábulos
do tipo;
a) pr6fugo, lúpulo, prímula, glóbulo, épura
h) póstumo, ponho-me, batizo-me, suicido-me
13. 4. 1 As observações feitas em 10 .4 . 1 cabem , mulalu mu!andi.r, ao
caso presente.
-250-
13. 5 O {'ul (u fec;:hado· oral intravocabular final) ocorre em vocábulos.
do tipo: -'-
a) lôbo, lombo, rabo, ato, côvado, lêvedo, alho, vago
b) lôbos, lombos, rabos, atos, côvados, lêvedos, ·alhos, vagos,
13.5. 1 As observações feitas em 5. 5 .1 cabem, nauiati.r m.ulandi.r, ao caso
presente.
13.5. 2 Só por ultracorreção __: · sobretudo entre cr1anças em ·fase de
aprendizado e, ao que consta, por influência do ensino primário - mas deslo
cadÍssima da ambiência lingüística, se ouve o ['u] como ['o]1 se não se trata de
indivíduos falantes alienígenas à área, mas não, quiçá, ao Brasil, em que, veros
similmente, há pontos em que ocorre a alternativa acima figurada.
13.6 O [Ó] (u fechado oral inte~vocabular acentuado) ocorre em situações
do tipo "belo ubre", "belo úmero" - isto é, de ['u) mais [ú], no primeiro caso,
não antenasal, e no segundo, antenasal; do tipo "tatu último", tatu único"
- isto é, de [ú) mais [ú], no prim~iro caso, não antenasal, e no segundo, ante
nasal; do tipo "tabu utilitário", " tabu unificador" - isto é, de [ú) mais [u'].
no primeiro caso, não antenasal , e no segundo, antenasal. Instável como tôdas.
as vozes dúplices, a ligação se resoÍve a) por mera contigüidade, isto é, hiato,
e b) por duplicação. Os heptassílabos seguintes figuram as hipótese - a l) "a
vaca tem belo ubre" , a2) "esta vaca tem belo ubre"; bl) "êste é um belo Úmero",
b2) "mas é realmente um belo úmero"; cl) "o tatu último aqui", c2) "do .tatu
último daqui"; dl) "o tatu único aqui", d2) "do tatu único daqui" ; el) '" e
tabu utilitário", e2) "dêste tabu utilitário"; fl) "~abu unificador", f2) "é tabu
unificador":
al) [a' ,
k'a t~y' bé l'u ' br'i] v a u ... / a2) [e~ ta' vá k'a tey' b~ lü br'i]
~
bl) [~( f' i ~ U.' b{ l'u ,
m'«; r'u] u
b2) [ma' ,
f(f)yàl mi t'yü' b~ 1rr m'e r'u] zt . cl) [u' ta' tii úl ?'i mwa' k í]
c2) [du' ta' ~-
tül ?'i m'u da' kí]
dl) [u' ta' t~ ú n'i kwa' kí]
d2) [du' ta' ~
tu ,.
n1 k'u da' kíl
el) [e ta' bú u' fi' r' 1· tá r"yu)·
e2) [d~~ 1 i' ta' biÍ t' i' li' tá rl'yu]
fl) [ta' bú u' ni' fi' ka' d§f(f)l
f2) [e ta' biÍ .,
fi' ka' dór(r)] n1 ~
....
·- 251-
13.6.1 Note-se que as vozes dúplices antenasais mantêm a tendência à nasalização, ainda que tão-somente na secção final de sua enunciação.
13.6. 2 É curioso, a mero título de cotejo, lembrar que a cadeia falada
figurada em (c2), "do tatu último daqui" difere de "do tato último daqui"
(por hipótese) tão-somente numa sílaba:
[du' tà ,_
tül m'u da' kí]
13.7 O [n] (u fechado oral intervocabular dúplice subacentuado) ocorre
em situações em que, como conseqüência de voz dúplice que deveria ser acen
tuada como examinada no número anterior, fica ela imediatamente antes de
uma sílaba acentuada, do que dá exemplo o cotejo dos dois seguintes heptas
sílabos - "sagu usado na China", "sagu usado entre chineses":
a1) [sa'
a2) [sa'
gú .. gü
u' ,
za
zá d'u na'
~i' . , nc;
na]
z'i~
13.8 O [ü'] (u fechado oral intervocabular dúplice proclítico) ocorre em
situaç9es do tipo "livro usado", "jôgo unido", isto é, com ~u] (tornado (u'])
mais [u']- e êste último quer não antenasal, quer sim, como nas duas situações
acima presumidas. A situação em aprêço pode resolver-se por a1) mera conti
güidade, a2) duplicação, ou a3) elisão. Os heptassílabos seguintes dão conta
dos fatos - a1) "livro usado por môças", e a2) e a3) "livro usado por soldado":
a1) [lí vr'u u' zá d'u pu'f(r) ,
s'a] m<? a2) [lí vrü'
, d'u pu'f(f) s<;/i dá d'u] za
a3) [lí vru' zá d'u pu'r(f.) s</1 dá d'u]
13.9 o ['ü] (u fechado oral intervocabular dúplice enclítico) ocorre em
situaçÕes do tipo "livro-o", "amparo-o" - que, cumpre frisá-lo, pertencem ao
vocalismo culto da área, quiçá do Brasil. Os dois heptassílabos seguintes ilus
tram as soluções- a1) "amparo-o com carinho" e a2) eu amparo-o com carinho':
a1) [ã' pá r'u 'u
a2) [~w ã' ,_
ru
kõ(~)' ka'
kõ(~)' ka'
, n ,
n
v'u]
u'u]
13.9. 1 Seria, ainda, possível configurar situação comparável à de 5. 9. 1,
o que nesta altura já é dispensável. Êsse mesmo rüJ, seguido de pausa com
intonação descendente ou ascendente, passa a ~ü].
13.10 Cumpre, por fim, lembrar que o artigo definido masculino singular
uo" é um [u'J, que assim perdura quando anteconsonantal; antevocálico, tende
ou não a duplicar-se, se a voz é [ú'] ou [ut se quaisquer outras, tende ou não
a passar a [w]. o mesmo dir-se-á de "do", "no"
-252-
14.0 [ã] (a fechado na.ral]
O [ã] (a fechado nasal) tem a seguinte subgama vocálica:
a) intravocabular:
(1) acentuado ,
[~]
(2) subacentuado [i]
(3) proclítico [ã']
(4) final ~]
b) intervocabular: , (5) dúplice acentuado [f)
(6) dúpüce subacentuado ~) (7) dúpüce proclítico [i']
14 .0.1 Ademais - e acorde pelo menos com a impressão auditiva da
pronúncia culta tensa da área- há vma categoria de vozes dúpüces "orinasais"
e outra "nasorais". como se verá no correr da exposição.
14. 1 O [ã) (a fechado nasal intravocabular acentuado) ocorre em vocá
. bulos do tipo:
a) manga, tango, samba, ~fravanco, estanque
b) pândega , vândalo, sândalo, lâmpada, espanta-se
c) anã, alemãs, cidadã, aldeã, manhãs
14 . 1.1 As observações feitas em 5 .1.1 cabem, mutati.r mutandi.r, ao caso
presente. Observe-se, outrossim, que na área carioca é impossível - na base
acústica - reconhecer-se qualquer prolongamento de [m) ou [n] consonântico&
relaxados depois dessas nasais, como, aliás, de quaisquer outras, em quaisquer , pos1çoes, sendo, pois, "manga", "pândega" ou "anã" efetivamente [m~g'a], , , p~d'~g'a] ou [~'n~].
14 .2 O[~) (a fechado nasal intravocabular subacentuado) ocorre em vocá
buos do tipo:
a) vândalamente, pândegazinha, sândalozito
b) estanquemente, tangozinho, sambazinho
c) manga-rosa, campo-nativo
14. 2. 1 As observações (eitas em 5. 2. 1 cabem, muiati'.r mutandi.r, ao caso
presente.
-253-
14.3 O [ã'] (a fechado nasal intra.vocabular proclítico} oc_orre em vocá
bulos do tipo:
a) amparo, anteparo, antecipar, vandàlicamente, cantoria
h) manhãzinha, anãzinha, alemãzona, aldeãzita
14. 3: l As observações feitas em 5. 3.1 cabem, mutati.r mufandt.r, ao caso presente.
14.4 O ['ã} (a fechado intravocabular final) ocorre no vocábulo. "ímã'\
Dada a singularidade do caso, não merece outros comentários, a não ser o de que,
nas raras ocorrências do seu emprêgo por necessidades técnicas nas camadas
menos cultas , tende claramente à perda da nasalidade final , sendo pronúnciado, ' ' então [!0Jm'a] ou, ao contrário, mas raramente, [í (i') m~ãw], entrando, num
caso como no outro, na deriva fonética popular da área. r
14. 5 O [i 1 (a fechado nasal intervocabular dúplice acentuado) ocorre em I
situações do tipo "manhã antefinal", "manhã ampla", isto é, com [ã1 mais [~'l
ou [f 1 mais [ã 1. Instável como tôdas as vozes dúplices , conforme forem tensão,
ritmo e cadência da cadeia falada , a ligação pode ou não verificar-se, o que é ilustrado pela série seguinte de heptassílabos - a1) "a manhã antefinal", a2)
,'azul manhã antefinal", b1) " manhã ampla, generosa" e b2) "manhã ampla
de belo . " maiO
a1) [~' m~' tJ ã' i?i' fi' nál] na .,
~
a2) [a' zúi m~' ,.,
? i' fi' nál] na .. bl) [m~' nã ã pl'a ge' nç'
, z'a1 .. , r~
b2) m~' ni pl'a d' i' b~ l'u máy 'yu] c.:
' 14 .6 O [ã 1 (a fechado nasal intervocabular dúplice subacentuado) ocorre
em situações semelhantes às anteriores em que, em conseqüência da formação
da voz dúplice, fica ela, entretanto, imediatamente antes de sílaba acentuada,
''· g., "manhã antiga", como se vê dos dois heptassílabos seguintes - al) "manhã
antiga, risonha" e a2) "na manhã antiga e risonha": -
ai) ,
t'í , [ma'
,... ã' g'a f( f) i' n'a] na ZQ .., ~
v
a2) [n~' m~' t' í. ., f(f.)i' zó e'a] na gt ..,
14.7 o [~'1 (a fechado nasal intervocabular dúplice proclítico) ocorre em
situações do tipo "pausa antefinal", isto é, com ['a] (tornado [á]) mais [ã'].
As situações dêsse tipo, na área, comportam três soluções: al) contigüidade,
b2) duplicação - que é a do caso considerado, e a3) elisão pura e simples do
-254-
['a]. Os heptassílabos seguintes dão conta dos fatos- ai) "a pausa antefinal"
e a2) e a3) "esta pausa antefinal":
al) [a' páw z'a ã' ? i' fi' nái] ta' páw zÍ' 'li' fi' nál] ta' páw zã' r i' fi' náÍ]
a2) [e( ~
a3) [et ~
, }
E ilustrativo, por exemplo, comparar a situação de 14.5 (a2) com 14.7.1 a (a2) .rupra. E mais ilustrativo, ainda, correspondentes às duas situações de
duplicação aludidas, comparar al) "esta manhã antefinal" com a2) "esta manha
antefmal": I ...
ai) Iet ta' :rn~' N ti' fi'· .nál] na
" ... ·a2) [e! ta'
, n~' ? i' fi' nálJ ma
l . ... 14. 7.2 Não se consideram os encontros de ['ã] com vozes iniciais de vocá
bulos, pelas razões expostas em 14.4.
14.8 HáJ 'tratadas linhas a seguir;' umas quantas vozes· d~plices ___;no
-sentido em que vêm sendo tomadas até aqui nesta exposição - · que apresentam
.a particularidade de terem seus dois "momentos" diferenciados, com ser o
primeiro "momento" oral e o segundo "momento" nasal - vozes d~plices que
serão .denominadas (o palavrão é proposto com funda· consciência de que é
sujeito a retificação) "orinasais". Sua representação gráfica é um problema
que se tentará superar separando-lhes os "momentos" por uma barra oblíqua
(/). Os "momentos" guardam, via de regra, vestígios do acento de intensidade
original ou sofrem certas formas de assimilação, que se torna completa, através
da crase, na elisão. Ver-se-á, assim, por exemplo, que [a'/ã] é uma voz d~plice orinasal, com o primeiro "momento" oral aberto inacentuado (tornado proclí
tico) e o segundo fechado nasal acentuado; que [à/i] representa uma voz inter
'Vocabular dúplice orinasal com o primeiro momento oral aberto subacentuado
.e o .segundo nasal fechado acentuado; e assim sucessivamente.
14.9 As situações cujas ligações (nesta seção) podem geraras vozes inter
v~cabulares dúplices orinasais são as seguintes:
(1) [ , 1 · r· .ti " · , 1 , r 'f-1 a .ma1s a - caJa amp o a a ;
(2) [á] mais [ã'J - "cajá antigo" [à/ãJ(com a sílaba seguinte acentuada);
(3) (áj mais [ã']-"cajá ancestral" [á/ã'] (com a sílaba seguinte inacentuada);
(4) ~]mais (ã]- "caixa ampla" [a'/ã], donde [~'/ã]. donde ra'/ã'];
'(5) tal mais [ã'J -"caixa antiga" [a'/ã'J donde [~'/ã'], donde[~']. donde [ã'].
-255-
14.9.I Examine-se a hip6tese (I). Como é natural, há dois casos: ai) o
da mera contigüidade, e a2) o da voz dúplice orinasal; sejam os heptassílabos
-·ai) "caj.:í. amplo de verdade" e a2) ''um cajá a~plo de ve{'dade":
ai) [ka' ~à ã ptíu Jli' v~'f(f) dá d'•i] a2) [i.{' ka' "á;ã pl'u J' i' v~'f(f) dá d'i]
14.9.2 Examine-se a hipótese (2). Como é natural, há dois casos: ai) o
de mera contigüidade, e a2) o da voz dúplice orinasal; sejam os heptassílabos
- al) "cajá antigo dos índios" e a2) "um cajá antigo dos índios":
ai) [ka' ~á
a2) [~·' ka'
ã' ?í g'u· du'
g'u du'
~ Zl
·-" Zl
14.9. 3 Ex~mine-se a hip6tese (3): Como é naturál, há dois casos: al) Q
.de mera contigüidade, e a2) o da voz dúplice orinasal; sejam os heptassílabos
-ai) "cajá ancestral dos índios" e a2) "um cajá ancj!stral dos índios":
ai) [ka' ú ã' s~'r tráÍ du' "' a''yu\'J Zl
a2) [ti' ka' 'Íá/ã' s~''t trá i du' ~ (1\.yu'(] Zl
14.9.4 Examine-se a hipótese (4). Como é natural, há quatro casos:
a 1) o de mera contigüidade, a2) o de voz dúplice orinasal cujo primeiro momento
não acusa assimilação, a3) o de voz dúplice orinasal cujo primeiro momento
acusa assimilação de timbre, e a4) o da voz dúplice nasal, isto é, em que o pri-
nH i ro momento se assimilou completamente ao segundo quanto ao timbre e
nasalidade. Sejam os heptassílabos para ai) "era uma caixa ampia" e para a2), a3) e a4) 11 mais uma caixa ampla": era
al) [e u' káy 't'a ,
pl'a] r a' ma' ã t..
{a'/Í a2) [e r a' may' zú m'a kày pl'a] I.
\(a' ;ã a3) [e r a' may' ,
m'a kày pl'a} ZU L \'i a4) [e r a' may'
, m'a kày pl'a] zu
L
14.9 . 4. l O caso (a2) .rupra é ostensivamente falso, para a natu~eza da
cadeia falada considerada. Corresponde, a rigor, a uma situação do lipo - por
suposição - "caixa à ampla" Com fal~o, entretanto, não se quer dizer cere ..
brino, mas tão-somente que, ao praticá-lo, o indivíduo falante, na área, arrisca-se
a não ser compreendido e revela, por certo, mna contensão ultracorret.a na.
emissão da cadeia falada.
14.9.5 Examine-se a hipótese (5). Como' é natural. há cinco casos: ai) O
ele mera contigüidade, a2) o de voz dúplice orinasal cujo primeiro momento 'não
-256-
acusa assimilação, a3) o de voz dúplice orinasal cujo primeiro momento acusa
assimilação de timbre, a4) o de voz dúplicc nasal, e aS) o de voz nasal s imples ,
pela elisão pura. Sejam o.:; hepíassílabos para ai) "aquela caixa antiga" e para
a2), a3), a4) e aS) "mas aquela caixa antiga":
ai) [a' k' la' káy ~'a _,
t'í g'a l ~ a
a2) [ma' za' k~ la' káy '!a'/ã' fí g'al
a3) [ma' za' k' la' káy 'fa'/ã' 1í g'al t a4) [ma' za' k' la' káy ~i' Pí g'a] t aS) [ma' za' kt la' káy Ú' i?í g'a]
14.9 . 5.1 Com relação ao caso (a2) .Juprá, veja-se, mulaliJ' mulandú, o
que se diz em 14 .8.4.2.
14. I O A seguir vão rápidas linhas sôbre as vozes d úplices 11 • ,,
nasorats Sua
configuração é a da "orinasais". com duas particularidades diferenciais: a) não
se observou nenhum fato de assimilação - e nos casos em que parece haver
sempre ocorre que a assimilada é aníenasal - ; b) o primeiro "momento" como
que perde seus traços originais quanto ao acento de intensidade . inacentuando-se
ou subacentuando-se - será isso porque a língua só possui um [J] final vocabular,
que é sempre acentuado, daí decorrendo que a omissão de sua acentuação típica I
não o despoja do seu caráter diferencial '! Os casos por considerar são (I) [ã]
mai:; [á]; (2) rã! mais [á]; (3) [ã] mais [a'], e (4) [ã] mais [a'].
14.10 . 1 Examine-se a primeira hipótese, (I), em função dos dois heptas
sílabos seguintes - ai) "anã ágil de verdade" e a2) "uma anã ágil de verdade"~
ai) [~' \. I ~'ii J i' v~'f(f.) dá J'i] na a
ai) [u' m~' nã/á ~~~ (l' •I 1 . vt;'~(f) dá d'i]
14 10.2 Examine-se a hip{ltese (2), em função dos doi~ heptac;síbalos
seguintes - ai) "esta anã ama pássaros ,
e a2) "esta anã passarinhos .. : ama
ai} [H' ~I I
' ma' pá s'a r'u;'] ta' nã a L .
a2} [H' ta' nã/~ m'a pa' sa I rí n'u(] L . "
14 I O. 3 Examine-se a hipótese (3) , em função dos dois heptassílabos se·
guintes - ai) "a cidadã avisada" e a2) "esta cidadã avisada".
al) [a'
a2) [e! L
si'
ta'
da' .,
SI
I clã
da'
a' .,
VI
clã/~
zá
za
d'al
d'al
-257
14 . 10 4 Examine-se a hipótese (4), em função dos dois heptassílabos se·
guintes- ai) "a cidadã animada" e a2) "esta cidadã animada" :
ai) [a' .,
da' clã I ni' má d'a] Sl ~
a2) ui ta' .,
da' clã/i!' .,
má d'a] Sl n~ ~
15 o [~ (e fechado na.ral)
O [e] (e fechado nasal) tem a seguinte subgama vocálica:
a) intravocabular: , (I) acentuado [ê']
(2) subacentuado [~] (3) enclítico [~']
15 O I Note-se que não o há intervocabular e . por conseguintes , dúplice,
já que não há na área, e quiçá na língua, o [ê'] final vocabular.
15 .0 .2 O que se observa em 14.0 . 1 cabe, também , ao caso presente,
mas tão-somente quanto às orinasais , pela mesma razão de que não há [ê] final
vocabular como referido supra. I
15 I O [ê] (e fechado nasal intravocabular acentuado) ocorre em \'Oca-
bulas do tipo:
a) têmporas , debênture, cêntuplo
h) lento, vento, compreendo, sempre, pênsil , tênder
15. I 1 As observações feitas em 5 .I . 1 cabem, mutati.r mutandi,r, ao caso
presente.
' 15 .2 O [ê'] (e fechado nasal intravocabular subacentuado) ocorre em
vocábulos do tipo:
a) cêntuplamente, têmporazinhas, debênturezitas
h) lentamente, ventozinho, corpulentozito
c) tempo-quente, sempre-viva
15.2 I A~ observações feitas em 5. 2 .I cabem, mufali.r mutandi.r, ao caso
presente.
I5. 3 O [~'] (e fechado nasal intravocabular proclítico) ocorre em vocá
bulos do tipo: endoca1po , entrar, sentimento, mentiroso, venturoso, endocéfalo,
bendizer, bengalense , centúria, centurião.
-258 - ·· 15.3 1 Importa, desde já, consignar que o [ê''] nos vacábulos de curso
popular. apresenta uma flutuação ou oscilação para [f']. Trata-se ao que parece.
de uma oscilação por razões morfológicas e por uma como harmonia vocálica.
que se tentará esclarecer mais adiante.
" 15.3.2 Importa. ainda, nos exemplos consignados. ressalvar. desde logo.
a pronúncia de "bendizer", regular e ordinàriamente [be''Ji'z§~(f)] na área, N
com ocorrência, , nas formas rizotônicas, para ou aproximadamente para [i' J
"· g. , "bendigo" [b'r\?íg'u], infinitivo e formas arrizotônicas que ocorrem, ultra
correta ou enfàticamente, como [bey'J i'zÇ~(f.)J.
15 4 As vozes dúplices orinasais desta seção podem decorrer de conti-1 I
güidades dos seguintes tipos: (I) [é] mai;; [e); (2) [é] mais [ê']; (3) [é] mais [ê''}, L ' ~ ~
e (4) [~) mais [~').
15 4. I Examine-se a hipótese (I). em função dos dois heptassílabos se-
guintes - a1) "o rapé enche narinas" e a2) "êste rapé enche narinas":
a1) (u'
a2) [~i
'f(f)a' p~ I
ê' ,;,. s ~
15 4.2 Examine-se a hipótese (2).
guintes - a1) " A entra quando quer voce
, \ a1) [v<_>' - tr'a kwã' sç e
a2) [i' v'!' I
'f"' s~ e tr'a kwã'
na'
na' rí . em função dos
' v,] n as
n'atJ
dois heptassílabos se-,
e a2) "e você entra quando quer":
du' kifCf) I du' k{f(f)]
15. 4 3 Examine-se a hipótese (3). em função dos dois heptassílabos se
guintes- a1) "o rapé encheu narina~" e a2) "êste rapé encheu narinas":
a1) [u' !'(f) a' I e' {~w ,
rí n'a~ pe na .. a2) [~t t'i' f(f)a' '/Jttl' ({w ,
rí n'a(J pe e na L .
a3) r~t fí' f(f)á ""' .;,
ná rí n'a(J PtY sew . 15 4.5 Examine-se ·a hipótese (4), em função dos dois heptassílabos se·
guintes- al) "era sapê encardido" e a2) "mas era sapê encardido":
a1) [e r a' sa' I. p~ ê' ka'f(f) Jlí d'u]
a2) [ma' \ r a' sa' P€/~' ka'f(f) d'í d'u) Zí_
.a3) [má zé sél ""' ka'f(f.) <f f d'u] r a p~y ~
-259-
"" 16. O [i] (i fechado na.ra{)
O[f}(i fechado nasal) tem a seguinte subgama vocálica:
a) intravocabula1:
(1) acentuado
(2) subacentuado
(3) pt·oclítico
h) intervocabular:
(4) dúplice acentuado
(5) dúplice subacentuado
16 O. I As observações feitas t.m 9 O 1 cabem , mufali.J mulandi.r. ao caso
presente.
16. O. 2 Ademais . há as vozes dúplices orinasais e nasorais . intervocálicas. I
16. I O rfJ (i fechado nasal intravocabular acentuado) ocorre em vocá·
bulos do tipo:
a) limpo . sinto trinca , moringa. partindo
h) lfmpido. síndico. príncipe índico olfmpico minto-o
c) capim . aipim . alfenim sim . palanqutm, ch/m
16.1. I As observações feitas em 5 I 1 cabem . mulafi.J mulandi.J, ao casv
presente.
16.2 O tfJ (í fechado nasal íntravocabular subacentuado) ocorre em vocá·
bulos do tipo:
a) l~mpidamente1 ol~mpicamente, pr~ncipezinho b) trincazinha . moringazinha. limpamente
c) trinca-fortes vinte-e-um . limpa-trilhos
16 2. I As observações feitas em 5 2 1 c;'bem , mulaltJ mulandú. ao caso
presente.
16.3 O [i'] (i fechado nasal intravocabular proclítico) ocorre em Yocã
bulo3 do tipo:
a) importante, .rimpatia, palimpsesto, indigesto
b) alfeninzinho, aipinzão, capinzal
-260-
16 3 1 As observações feitas em 5 3 1 cabem, mutati.r mulandi.r. ao caso
presente.
16 4 O ~] (i fechado na>al intervocabular dúplice acentuado) ocorre em ~ I t9. ,./
situações do tipo: [1] mais (f] ou til mais [i']. Os quatro heptassílabos que confi-
guram os casos podem ser os seguintes - al) "o botim índio prossegue" e a2)
"êste botim índio prossegue", bl) "um cetim incorruptível" e b2) "êste cetim
iucorruptível" ·
' I
;r yu' al) {u' b~' ?r ,.. pr9' sé g'i] 1
~r, ~
a2) [et ? i' bo' J yu' prç' ' ''] . ?.f Sl, g 1
b1) [~' s~(i) ""' k9' f(f)u'p ?[ v'~Í] 1
b2) [~t ~i' s~(i) f~ kç' f@u'p t'[ v'~Í]
16.5 o ~] (i fechado nasal intervocabular dúplice subaccntuado) ocorre
em situações semelhantes às anteriores, mas de tal forma queavoz dúplice
formada fica imediatamente antes de sílaba acentuada. Os dois heptassílabos
seguintes figuram os casos - al) "cetim hindu côr de rosa" e a2) "um cetim
hi.~du côr dea-osa":
ai) [s~(i)
a2) (li'
I
tf ~ dú
s~(i) fÍ' dú
k9f(~) ~i' k9f(f.) d' i'
f(~)~ r(r)ó . . ~
z'al
z'a]
16 .6 As situações cujas ligações - nest.a seção- podem gerar as vozes
intervocabulares dúplices orinasa1s são as seguintes:
I I
(l) [í] mais m - "rabi indo" [í/i] (com a sílaba seguinte inacentuada);
(2) [í] mais (i'l] - "rani hindu" LitJ (com a sílaba seguinte acentuada);
(3) [í] mais !'i"J - "caqui incomparável" [í('] (com a sílaba seguinte ina-
centuada);
I I -
(4) ['i] mais (i] - "sete índios" [i'/i], donde lt'J; (5) ['i] mais [1'] - "gente indolente" [i' Ji'], donde (fi], ri' j.
16 6 . 1 Examine-se a hipótese (1). Como é natural. há dois casos: al)o
da mera contigüidade e a2) o da voz dúplice orina~al; sejam os heptassílabos:
ai) "um rabi indo à Judéia" e a2) ''um rabi indo a Tel-Aviv":
ai) {í1' a2) [í1'
r(f.)a'
f(f)a'
b~ bí{i'
I ...., I dwa' {u'
dwa' t~ la' L
déy ~
'yaJ vív]
26l
16 6. 2 Examine-se a hipótese (2). Há os dois casos ac1ma referido.:;;
sejam os heptassílabos - a 1) "uma rani hindu chega" e a2) "uma rani hindu
chegava"·
al) [u'
a2) [u'
ma'
ma'
f(f.)~'
f(f.)~'
ní
n~/f' "i I
dú gá
g'al v'a]
16 6 .3 Examine-se a hipótese (3). Há também os dois casos acima refe
ridos; sejam os heptassílabos - al) "um caqui incomparável" e a2) "êste caqui
incomparável":
al) rtt' ka' kí .,.,
kõ' pa' r á v'~!] I
a2) r~r l' i' ka' kí/i' kõ' -pa' r á v'01
16 6 . -! Examine-se a hipótese (4). Há três casos: al) o de mera conti
~Üidade a2) o da voz dúplice orinasal cujo prirr.eiro momento já acusa assimi
lação do timbre fechado, a3) o da voz dúplice nao;al, isto é, em que o primeiro
momento se as.,imilou completamente; sejam os heptassílabos - al) "sete índios
o mataram" e a2) e a3) "sete índios o matarão":
a l) [se L
I
d' , fi' "" zu' ma' tá .~ã~] I yu
a2) [s~ a3) [se
I.
'P j/i cfyu1 ' ma' ta l;y
zu rãw]
i:~ ~yu' zu' ma' ta' '"' rãw;
16 6 5 Examine-se a hipótese (5). Há quatro casos: al) o da mera conti
gu'idade a2) o da voz dúplice orinasal cujo primeiro momento já acusa assimi
lação do timbre fechado, a3) o da voz Júplice nasal, isto é, em que o primeiro
momento se assimi lou completamente, e a4) o da nasal simples, pela elisão
pura: sejam os heptassílabos - al) "gente indolente vive" e a2) a3) e a4) "a
gente indolente vive .,
:
al) r~t fi' ~ dq' I
f'i lê' vl v'i]
a2) [a' 'li fi' ;i' dq' ~ le t' ' i ví v'ij
a3) [a' ~t 1'~ dq' ,!, 1' 'i ví v'i] le
a4) [a' ,;,!, ?i' d~'
-!J l' ' i ví v'i] zc !c
16.7 Com relação às vozes dúplices nasorais desta seção, importa, antes,
observar que têm elas caráter totalmente contenso , repitamos, de alta tensão
psíquica do indivíduo falante , e, mais, com tal dificuldade de realização, que
são quase sempre evitadas. A razão fundamental é a de que a deriva popular
~262-
parece exercer-se com tend~ncia avassala~ora tal, que a re-alização fônica culta
de esperar como qo.e se esbarra nos hábitos gerais da população. É assim que l ;
nos casos teoricament_e possíveis de (ij mais [í], "· g. "rocim híbrido", de m mais [i'], "· g., "cetim irisado", o que se oúve, geral e regularmente na área,
é o mesmo que em "vim aqui pra te ver" - foneticamente [r(r'lo'siníbr'id'u]. o !/. • tJ
[s~'~jgi'ri'za'd'u] e [v!na'kípra'?i'v~~(f)J. Ademais a impressão acústica é a de
que tal voz acentuada o é fortemente e fortemente nasalada. Isso não obstante,
em leituras d.e cultos de excertos longos ad hoc, pude observar a omissão do
(n] de transição e também, em versos, a realização das vozes dúplices nasorais w
correspondentes. Mas, nos casos tais, nota-se que o leitor não só diminui a
intensidade, senão que também a nasalidade do rfJ .final para poder realizá-las.
17.0 [õ] (o fechado naJ'al]
O [õ] (o fechado nasal) tem a seguinte subgama vocálica:
a) intravocabular:
(l) acentuado
(2) subacentuado
(3) proclí ti co
b) intervocabular:
(4) dúplice acentuado
(5) dúplice subacentuado
I [õ]
[Õ]
[õ']
17. O. 1 Há, ademais, as dúplices intervocabulares ormasa1s e nasorais.
17 1 O [0/,J (o rechado l · t b l t d ) ' . I' nasa 1n ravoca u ar acen ua <? ocorre em voca··
bufos do tipo:
a) tombo, pomba, pompa, conta , arconle , lontra
b) tômbola , cômputo, pôntica, aln:Jôndega, conta-la
c) tom, entretom, bom, semitom, bombom
17. 1 . 1 As cortsiderações feitas em 5. 1 . 1 cabem, mufalú mutandú, ao
caso presente.
17.2 O [Õ] (o fechado nasal intravocabular subacentuado) ocorre em vocá
bulos do tipo:
a) pônticamente, tômbólazinha, almôndegazita
b) bilontramente, pombazinha, tombozito
·c) bom-tom, conta-corrente, pombo-correio
~ 263-
17.2. 1 As considerações feitas em 5. 2 .1. cabem, mulati.J mulandi:r, ao
caso presente.
17.3 O [õ'] (o fechado nasal intravocabular proclítico) ocorre em vocá
bulos do tipo "odontologia, hombridade, honrado, honradez, comparo, com
parar, concorrente, condescender, entontece, entontecimento" E do tipo
"tonzinho, entretonzinho".
17 .3. 1 De um modo geral, cabem as observações ao caso presente feitas
em 12.3 .1, com a ressalva importante de que na área são episódicas as osci
lações do tipo [õ'] para [t't']. Os poucos casos colhido.:;, como "concorrente"
[kti'ku'f(f)et\]. "rombudo" [f(E)U''búd'u] c "concunhado" [ku'ku'cád'uJ.
devem ser por influências de alienígenas à área, pois regularmente, nela, são, I
respectivamente, [kõ'kÇl(u)'f(f.)ê'?li]. [f(f)õ'búd'u] e [kõ'ku'vád'u] (ver 22.8).
17.3. 2 Seria o caso de lembrar que existe na área, mesmo entre cultos
na expr~ssão distensa, um ['õ] (que na verdade e um rõ]); ver 12.4.3.
17.4 O (~'] (o fechado nasal intervocabular dúplice acentuado) ocorre em ' I situações do tipo "bom ombro", isto é, [õ]. normalmente tornado [õ'], mais [õ].
A instabilidade da voz dúplice pode-se caracterizar pelos dois heptassílabos
seguintes- al) "bom ombro suporta tudo" e a2) "bom ombro que me suportou":
ai) [bõ'
a2) [b~'
, õ
br'u
br'u su'
ki' mi' p~~(f) su'
t'a tú d'uj
Pz'rCf) t<}w 1
17.5 O [~'] (o fechado nasal intervocabular dúplice subacentuado) ocorre I
em situações de [õ] mais [õ'] de cuja duplicação decorre posição antes de sílaba
acentuada. A instabilidade da voz dúplice pode ser carcaterizad .... pelos dois
heptassílabos seguintes- al) "tom honrado da resposta" e a2) "o tom honrado
da resposta" ·
al) [tÕ a2) [u'
rCf)á r( r\ á .. ;
d'u
d'u
da'
da'
r(~)t;'r r(r)e't ....
t'a]
t'a]
I7. 5. I Considerando a realidade consignada em 17. 3. 2, há, correlata
mente, um r&'l (o fechado nasal intervocabular dúplice proclítíco); figurem-se
os dois heptassílabos seguintes - ai) "cânon honroso pra todos " e a2) " um
cânon honroso pra todos ,
:
al) [k~ n'õ õ' f (f)~ z'u pra' t<? d'u~ a2) tU.' ká rfo' rcr)~ z'u pra' tó d'u~ .
. - 264-
que, na expressão tensa, culta, são
a1) {k~ n'g nõ' -n, f f.<] z·'u pra' t9 d'u~ a2) [~' k~ n'9 nõ' F(F)ó z'u pra' tó d'u(] ..... .
sendo êste ú!timo um octossílabo, necessàriamente.
17. 5. 2 Seria o caso de cotejar o fato referido em a2) de 17. 5. I com uma
cadeia falada hipotética do tipo "um c~no honroso pra todos", a qual, além
da solução por hiato, não figurada abai.xo, comporta as duas seguintes:
a1) [\t' a2) [\t'
nwõ' r(r)ó z'u ..... n.õ' F(r)ó z'u ....
pra' t<}
pra' tg
17. 6 As s~tuações cujlls ligações poderiam - nesta seção - gerar as
vozes intervocabulares dúplices orinbais seriam as seguintes: (l) [ó] mais [~]; . . ~
(2) [ó] mais [õ'] seguida de sílaba inacentuada; (3) [ó] mais [õ'] seguida de ~ 1 L
sílaba acentuada; (4) Ic?J mais [õ]; (5) Ic?J mais [õ'] seguida de sílaba inacentuada,
e (6) I?J mais [õ'] seguida de sílaba acentuada. De muito rara ocorrência na
área e na língua, não são, por isso, examinadas.
17.7 As vozes intervocabulares dúplices nasorai.;; - nest.a seção- oc<ir-, I
rem nas seguintes situações: (1) [õ] mais [ó]; (2) [õ] mais [ó]; (3) [õ] mais [o'] I ~ • •
seguida de sílaba acentuada, e (4) [ô'] mais [o'] seguida de sílaba inacentuada . . 17.7 . 1 Examine-se a hipótese (1), em função dos dois heptassílabos se
_guintes- a1) "bombom ótimo de gôsto" e a2) "que bombom ótimo de gôsto" ·
a1) [bõ' bÕ
a2) [ki' bõ'
ó t''i m'u d'i' " . bõ/ó t' 'i m'u d' i'
I. •
g9t' t'u]
gó( t\1]
17. 7. 2 Examine-se a hipót_'·ese (2), em função do.;; dois heptassílabos seo
,guintes- a1) "bom odre serve pra tudo" e a2) "o bom odre serve pra tudo" :
a1) [b~ a2) [u'
g dr'i
bõ/~ dr'i
sér(r) L• •
sé r( r~ L • •t
v'i ,.
VI
pra; tú
pra' tú
d'u]
d'u]
17. 7. 3 Examine-se a hipótese (3), em função dos dois heptassílabos se
guintes - al) "bombom horrível de gôsto" e a2) "que bombom horrível de
_gôsto":
a1) [bõ' bÕ o' r(r)í v'el d' i' ,I/ t'u] .. g~s
a2) [ki' bõ' hõ/o' f(f.)í v'el d' i' g?~ t'u]
-265-
17. 7 .4 Examin,e-se a hipótese ( 4), em funç,ão dos dois heptassílabos se
guintes - al) "boÍnboni oloroso e doce" e a2) "que bombom oloroso e doce":
ai) [bõ'
a2) [ki1
. f bõ
bõ'
~' 1~'
bõ/~' .I~'
18. O [U'J (u fechado na.ra{)
, r~ ,
r~
zwi' d9 zwi' dó .
s'i]
s'i]
O (~] (u fechado nasal) tem a seguinte subgama vocálica:
a) intra':"ot::abular:
(l) act-ntuado I
[li]
(2) s;ubacentuado [it] .
(3) proclítico [~']
(4) final ['\1]
h) intervocabular: , (5) dúplice acentuado rrr 1 ... (6) dúplice subacentuado [fi' J (7) dúplice proclítico [~']
18. O .1 As observações feitas em 16. O. 1 e 16. O. 2 cabem, mulalÍJ' mutandiJ",
ao caso presente. ,t
18.1 O [u] (u fechado nasal intravocabular acentuado) ocorre em vocá-
b~,~.Ios do tipo:
a) trunfo, adunco, unto, bestunto, tumba, nunca
h) duúnviro úmbrico, úngula, afunda-lo
c) atum, bodum, vacum, algum, nenhum
18. 1.1 As considerações feitas em 13. l. l cabem, mutalÍJ' mutandiJ", ao
caso presente. o
~ 18.2 O [u] (u fechado nasal intravocabular s1,1bacentuado) ocorre em
vocábulos do tipo:
a) umbricamente, tmgulazinha, duunvirozito
h) aduncamente, trunfozito, tumbazinha
c) funcho-d' água
18. 2. 1 As observações feitas em 5. 2. 1 cabem, mutatÍJ' mulandiJ", ao caso (\
presente.
-- 266-
~
I8. 3 O [~'] (u fechado nasal intravocabular proclítico) ocorre em vocá-
bulos do tipo:
a) untuoso, fundação, inundar, suntuo<>idade
h) atunzinho, nenhunzinho, àlbunzinho
I8. 3 .I As ob .. ervações feitas em I3. 3 .I cabem, mulali.r mulandi.r, ' ao
caso presente.
I8. 4 O [\1'] (u fechado nasal intravocabular final) s6 ocorre em alguns
latinismos de curso geral, tais "ultimatum, álbum, memorandum". Sôbre . o
caso se falará adiante. ,
I8. 5 O [ª ] (u fechado na;al intervocabular dúplice acentuado) ocorre em / ,
situações do tipo "algum unto", "algum ungulado", isto é, com [i!] mais [a'], ou /
[G'] mais [lí'] não seguido de sílaba acentuada. A instabilidade pode ser ca-
racterizada pelos seguintes heptassílabos - ai) "algum unto me alimenta",
~2) "nenhum unto nos alimenta", e bi) "algum ungulado estêve", b2) "al-
gum ungulado aqm cstêve":
ai) [ai" g~" ,6
t'u mya' li' t!J t'a] u me , ,t
a2) [n~' n~' t'u nu' za' li' t'a] .. me
bl) [a'l ~ ~I gu' lá dwi'Í té v 'i] gu . , b2) [a'l éu' gu' lá dwa' k iq.' t~ v'i]
... I8. 6 O [tr] (u iechado nasal i~tervocabular dúplice subacentuad_o) ocorre
em situações em que se geraria uma dúplice do tipo anterior mas imedia tamente
antes de sílaba acentuada. O caso pode ser ilustrado por ai) "vacum untado
de graxa ,
e a2) "vacum untado nesta graxa": ,
~I ~i' ~'a] ai) [va' kü' tá d'u grá '
~'a] a2) [v a' k~' tá d'u ne~ ta' grá c.
18.1 o rN'J Cu fechado nasal intervocabular dúplice prpclítico) ocorre em
situações do tipo "álbum ungido", isto é, com ['~] mais [~']. O caso pode ser
ilustrado pelos heptassílabos seguintes - al) "álbum ungido d.e luz" e a2)
"álbum ungido de saudade":
-al) [ál
a2) [ál d'u
d'u
~í'
di' lú(úy){]
saw' dá d\i]
~ 267-
18.8 As situações cujas ligações - ·nesta seÇão -podem gerar as vozes . . intervocabulares dúplices orinasais são as seguintes:
' . I (l) [ú]. mais [u] - "tatu unta ]ú/l1.];
(2)
(3)
(4)
[ú] n:ais [í.l'] - "tatu untou" [u/Ü:] (com sílaba seguinte acentuada);
[ú] mais [i1.']- "tatu ungulado" [ú/U''] (com sílaba seguinte inacentuada); I ,
[ u~ mais [í:t] - "outro unto" {u'/n.'], do~de [fi];
(5) [ u] mais [~'] - "outro ungulado" [u'/G''], donde [tl'], donde [\i''].
18 . 8·.1 Examine-se a hipótese (I), reportando-se aos casos já configurados
em 14.8 . 1. Sejam os heptassílabos- al) "o tatu unta sua casca?'' e a2) "mas
o tatu unta sua casca ?":
a1) [u' ta'
a2) [ma' zu'
t~ ta'
~ u t'a , tújit t' a
swa' kát· k'a
swa' ká( k'a
( ?) l ( ?)]
18.8. 2 Examine-se a hipótese (2), reportando-se aos casos já configurados
em 14 .'8. 2. Sejam os heptassílabos - a1) "o tatu untou o casco" e a2) " êste
tatu untou seu casco":
ai) [u' ta' 'tú ~~ t~w u' kár' k'u]
a2) [et "li' ta' tU./ít' tç>W u' ká( k'u]
18.8.3 Examine-se a hipótese (3), reportando-se aos casos já configurados
em 14 .8 .3. Sejam os heptassílabos - a1) "é o tatu ungulado ?" e a2)
será tatu ungulado ?":
a1) [e u' ta' " a2) [ma' s~' ' r a
t6 Nl u
ta' tú/:f.'
gu'
gu'
i á
lá
d'u '{?l]
d'u ( ?)]
" mas
18.8.4 Examine-se a hipótese (4), reportando-se aos casos já configurados
eni 14.8 .4 Sejam os heptassílabos - a1) "outro unto é necessário" e a2), a3)
" outro unto será preciso":
ai) [9w tru' ,t
twt nt;' st;' ,
r'yu] u sa , a2) [~w' tru/u t'u sç' ' pr~(i)'
, z'u] r a Sl ,
a3) [ow' trfi' t'u sç' ' , pr~(i)' sí z\1] r a ·• 18.8. 5 Examine-se a hipótese (5), reportando-se aos casos já configur~dos
em 14.8.5. Sejam os heptassílabos- a1) "outro ungulado passa" e a2), a3) e
a4) ''outro ungulado Pé!:,;.;ou":
al) [<}w tru' ~I gu' lá d'u pá s'a]
a2) [ow' tru' jít' gn' lá d'u pa' s9w]
a3) [ow' trrr' gu' lá d'u pa' s9wl a4) [ow' trlí' gu' lá d'u pa' s«?wJ
-268-
18 .9 As situações cujas ligações- nesta seção - podem gerar as vozes
intervocabulares nasorais são as seguintes: (l) r&J mais [ú]; (2) [&] mais [u'] ~ (3) ['G'] mais [ú]. e (4) ('íi'] mais [u').
18 .9 1 Exé!mine-se a hipótese (1). em função dos dois heptassílabos se
guintes- al) "atum útil para as gentes" e a2) "atum útil pra muitas gentes":
al) [a' ;::;
ú t'ii f ra':Y ~ê' f 'i~ tu pa
a2) [a' ttí/ú f il pra' ;:,..,
ta':Y Yê' 1'i$1 muy
18.9.2 Examine-se a hipótese (2). em função dos dois heptassílabos
guintes - al) "atum usado por índios" e a2) "atum usado só por índios":
a1) [a'
a2) [a'
18.9 .3
, t'ü' u'
t~/u' 'ZJá
Examine-se
zá
d'u
d'u
so I.
a hipótese (3).
pu'
pu'
em função dos doi~ heptassílabos
guintes - a1) "álbum útil para selos" e a2) "álbum útil a tôda gente":
al) [ál b'U' f 1IT pa' f sÇ l'ut) u r a
a2) [hl bü'/ú fi la' t<} da' 'fi f'i]
se-
se-
18.9.4 Examine-se a hipótese (4), em função dos dois heptassílabos se
guintes- al) "álbum usado na paz" e a2) "álbum usado nesta guerra":
a1) [ál b'U' u f zá d'u na I pá(áy)rl
a2) [ál bü'/u' zá d'u net ta' gé f(~)'a] ~ ~
19.0 AlgumaJ" parlicular/dadeJ" comwu a cerlaJ" IIOZeJ"
A seguir são examina~os certos caracteres e certas particularidades comuns
aos diversos níveis das várias subgamas vocálicas examinadas.
20 . O DaJ" t•o:e.r acenluadaJ"
Todas as vozes acentuadas nasais ou orais antenasais são fechadas.
20.1 As antenasais apresentam, contudo, estágios graduados de nasali
zação - que, como se viu, a cada caso, lhes é uma tendência.
20 . 1.1 Na expressão culta e tensa, a nasalização das anlenasais é. de
modo geral, evitada , em favor do fechamento característico do timbre.
20.1.2 Na expressão culta di.:;tensa , porém , a nasalização é geral nos
d t . [ 1 " h " [ f .! \ l " h " ["'r.<. f ~ ' 1 "d CaSOS C an enasaJS a !J : aman O ~ mao U ; empen O e~l) pe!} U ; e-
-269-
I I
finho'' [de'fi'n'u]; "enfadonho" [~(i)'fa'dÕn'u). "empunho" [ê'(~'pun'u]; "câ-, •,~ " , fttlft<.,"'4, \• v,(.
nhamo [k~D ~m'u]; empenho-me [e~IJ peu um 1]; "definha-se" [de'fm'as"i]; , . .., (/ h .. [ ' L ' '. J "d. h . " [ 11 • 'v ,.. I '. 1 opon o-me ~ poo um 1 ; 1spun a-se a 1 spuo as 1 .
20 1 3 Na expressão popular tensa ou distensa, a nasa lização das ante
nasa is parece ser geral, isto é, apresenta o aspecto ressaltado anteriormente não f
apenas antes de [n]. mas antes de [m] e [n]: "banana" [bã'nãn'a). "veneno" I'WI ~ tt • ':, I ,.J li '' 1 .t U " f ,.j H 111 [ve nen'u]. ass1no [a sm'u]. carona [ka rorffi]. aluno [a lun'u1; escama
[(i')tk.fm"a]. "teima" rdm'a]. "em cima" [i'sfm'a]. "come" [kÕm'i], "espuma'
[(i')tpcim'a].
20. 1 . 4 Parece que há , no âmbito do Brasil pelo menos duas grandes
discrepâncias ao regime popular J'upra referido, ambas sentidas na ambiência
lingüíst ica carioca senão como aloglóticas . pelo menos como indicativas c:le
alienígenas à área. Uma é representada por falantes provàvelmente
orientais (Bahia) ou. nordestinos, em que a nasalização é sentida "ao dôbro" na
área , como se, ademais da nasa lização. se percebesse um timbre sôbre-fechado
e um a longamento da voz; outra é representada. no pólo oposto . por certa zona
de São Pau lo, provàvelmente a capital do Estado. em que as orais antenasais,
salvo excesso de generalização de minha parte, quando acentuadas. sem discri
minação, são tão efetivamente orais que, às vêzes, aos indivíduos falantes das
outras áreas do país, dão a impressão de exces<;ivo abrimcnto. Lembram as
vozes orais es-panholas antenasais, genericamente grupadas como fechadas. pelo
menos no que tange ao [e] ao [o], que , entretanto, aos ouvidos de cariocas,
são assimiladas às suas voze<; abertas correspondentes. Essa área de "fome''
[fóm'i 1 , "homem" [óm'eYJ parece projetar-se a certos pontos do Estado de ~ L
.l\linas Gerai3 e Mato Grosso.
20 . 1 5 Na área carioca. poder-se-ia consignar ocasionais nasalizações de
outro<; tipos, provàvelmente morfológicas , ou morfofonéticas , tal um "chan
tilim" [tã '? i'lf'J (por Chan~illy) , talvez por ultracorreção, mas de todos os modos
episódico - embora dentro de uma alternativa que a história do português no
Brasil consignará com certa freqÜência, v. g. , "capi/capim", "Piratini/Piratinim" •
"mindubi/mindubim", "sapoti/sapotim" ..
20 2 Não se consigna, na área, tendência geral de alterar as vozes acen
tuadas orais não antena sais, tal a do tipo de [ú] por(~]. v. g., em lugar de ''canoa"
[k~(ã)'núw'wa], que existiria em certo setor, pelo menós, da área norti>ta (P.H,Íl .
As formas assemelháveis do tipo [a'bu'túw'wu]- por "abotôo". [ê'(i)'sa'bú\\''\\·a,l
" b " · t [ '' J '' ·, r b ) sa-o -por ensa oa -, ou, revers1vamen e, s~ wa - - por sua ,ver o - · ,
nesse estágio, de natureza morfológica, o que se verá adiante.
-270-
20.3 Na área carioca, quiçá na· maioria do teni tório brasileiro em que se
verifica a chamada "palatalização" do -,y e --.z (gráficos finais) ocorre a diton
gação com [y] das vozes finais ace~tuadas de vocábulos agudos. Essa diton
gação. embora para o signatário lhe parecendo provir da "palatalização'', tem
já agora caráter estrutural ao vocábulo, de maneira que perdura ainda quando
não se dá a "palatalização" do -,y e do -z; destarte , se, por exemplo. "ananás"
é [~Cã)'n'}Cã}báyt] por causa da palatalização, é, porém, ainda com a ditongação
em casos como os seguintes: 1) "ananás jeitoso" [~(ã)'n~(ã)~ayt~y't<;)z'u). a)
"ananás e uva" [a(ã)'na(ã)'nàyzi'úv'a) e 3) "ananás ;)uculento" [aCã)'na(ii)'
n~yssu'ku'lit'u]. Éste úÍtimo caso se apresenta n~tidamente diferen~iado :e o
indivíduo falante carioca tem em mente emitir "ananá suculento", a saber e I
coteje-se, [<;~Cã)'n~(ã)'n~su'ku'l~t'u]. A exemplificação dos casos é a seguinte
para quaisquer camadas da área em que possam ocorrer as palavras abonadas,
pois o fato s~ não se dá em indivíduos falantes partic"ularmente interessados em
contrário a cada ocorrência: l) "cajás" [ka'(áy~]; 2) "paz" [páy~] (homofônico
d .. · ") 3) .. , .. r-c;:'\ , , "'J 4) .. • " r-c"' , · "'1 5) "d , fd, "'J e pais ; reves f f.Jt; vtys ; reves r f;~ v~ys ; ez rYS ;
6) .. t 1 , !t '' , V! 7) .. · .. 1 k , • v.J s) .. · , r"'· ""1 9) " t , , r-c-:' ' a vez a vc;y:sj; COVb o VIYS ; giz ZIYS ; re ros r f;~ tróy~); lO) "feroz" [fe'róy(]; ll) "pôs" [póy~); 12) "algoz" [aiigóyrí, 13) "tatus"
~ . ~ . . [ta'túyr] e 14) "alcaçuz" [aÍka'súy(].
20.3.1 Como se observou, o fato se estende, também, às vozes finais
nasais de vocábulos agudos. Vejam-se os exemplos: 1) "manhãs" [m~(ã)'uã'yt); I - ~ 1/-
2) "patins" [pa''i'iy~; 3) "bombons" [bõ''bÕy~. e 4) "alguns" [a'lguys].
20.4 Na área carioca e, parece, na grande maioria do território brasíleiro,
tem requinte de artifício a distinção entre o presente do indicativo, primeira
pe~soa do plural , e o pretérito perfeito dos verbos - a;;sim, regularmente,
" d .. • r r- 'd , c1) , "'1 d d "I ., an amos so apresenta uma orma a '! a m us. e o mesmo mo o emos L .
(l~((f}m'u~]. Escusa dizer que ·o fato pertence à deriva apontada em 20.0.
20.5 Na área carioca e, parece, de um modo geral no território brasileiro,
o [a] de "mas", "para", "cada", como vocábulos acentuados- na interlocução
univocabular -ou como vocábulos proclíticos, tem o valor, respectivamente,
d [ ' l [ 'I "M " . . l · [ ' 011] e a ou a . as com o pnmeiro va or se pronuncia, .coerentemente, mays ,
conforme o exposto em 20.3- e como homofônico de "mai·>'', com a diferença,
tão-somente ou essencialmente, de intonação, pois na interlocução univocabular
o primeiro é via de regra de tom suspensivo e o seguinte de tom descendente -
- salvo nas interrogações. São, assim, de sabor n1tidamente requintado ou
ultracorreto as formas lm~'t], [p~'r'.~] e [k~'d'<!-1 · Como vocábulo proclítico,
"mas" não acusa a ditongação ac1ma referida, a não ser em cadência muito
-271-
I lenta; destarte "mas ela vem" é [ma'z~la'v~y]. Como vocábulo proclítico,
também, a preposição "para" acusa, também, o sincretismo já consabido
[pa'r'a/pa'r/pra'/pr]. Fato isolado na área, [mãy'~ ou [mã'lj por "mas" parece
ter sua explicação numa ultra-ultracorreção ...
20.6 Embora aparente fenômeno de "regularização" morfológica, con
signe-se o fato de que, na área carioca, só em bôca de alienígenas a ela ou por
ultracorreção, ocorrem as formas de, entre outros, "parecer" e "dever" sem a
metafonia canônica das formas rizotônicas para [~[]. É quase certo que a irra
diação do fenômeno é de certo ponto do nordeste, havendo contaminado alguns
cariocas. Lá - suponho a título muito sob censura- a mctafonia se faz entre
um infinitivo [pàr'is§f(f)] e uma forma rizotônica [pàr§s'i] enquantono Rio. é
entre [pa'r~'séf(f)l e [pa'r~s'i];
20.6 . 1 Na área carioca ocorrem, também, episodicamente formas como
"perca" [pif(f) k'a] e demais afins rizotônicas, verossimilmente da mesma pro
cedência que as comentadas .rupra, de um infinitivo, creio, [pr'f(F)d§f(f)l ou
mesmo, pelo menos aos ouvidos cariocas, creio, [pcr(r)dérfr)]: infinitivo que ~. . . . ~. parece postular tôdas as flexões regulares quanto ao timbre de primeira sílaba,
contra a situação carioca, em que é [p~'f(~)d~~(f)L com a metafonia conhecida.
20.7 Muitos fatos isolados, poss~velmente extrafonéticos ou pelo menos
parafonéticos, poderiam ainda ser consignados, com relação às vozes acentuadas.
Seja exemplo o caso de "interêsse", substantivo, ainda em alguns pontos do
território brasileíro "interesse", como a forma verbal, o qual, em passado
recente, apresentou na área um esquema vacilante "interesse/interêsse", perdu
rando ainda na primeira forma entre bem falantes idosos.
21 . O D_a.r l'oze.r .rubacentuada.r
Os fatos consignados para as vozes acentuadas são essencialmente válidos,
de um modo geral, para as subacentuadas.
21.1 Aplique-se, especialmente, mulati.r mulandi.r, a matéria constante de 20.1.
21.2 Os fatos apontados em 20.3 são parcialmente válidos para as vozes
subacentuadas, porque a subacentuação, quando contígua à sílaba acentuada,
ten'de, como se viu na descrição particular a cada voz, a tornar-se proclítica,
daí decorr~ndo, por exemplo, que "ananasinho" apresenta, além do padrão
subace;ntuado, policiado ou bem falante, [a'na'nàzin'u], espontâneo enfático
[~(ã)'n~(ã)'nàyz(!}'u], um padrão natural, ist~ é~ em ~""ue a sílaba subacentuada
-272-
passa a proclítica, questão sôbre a qual se fêz a devida in.sistên~ia na descrição
Particular de cada vogal , donde [a(ã)'na(ã)'nay'z[n'u]. Por êsses mesmos mo-• . ·~
· tivos, "gizinho" é prà ticamente inexistente como [~yz(n'u], reduzindo-os v
"naturalmente" ao canônico [Íi'z!u'u] ou a rziy'z~u'u] . Nessas condições, muitos
dêsses vocábulos apresentam um "duplo" singular e um "duplo" plural: "caju-, I
zinho" [ka'tu'zí(i}n'u], mas "cajuzinhos" [ka'~uy'zí(i)n'ut]; "manhãzinha", I'_ • w • .,
fma'nã'zí(i)n'a], mas "manhãzinhas" [ma'nãy'zí(i)n 'at]. Outros, como é lógico, •v • v •v .v ~
não ~preser;tam essa dualidade: "arrozinho" [a'f(f)?y'zjWo 'u], "arrozinho&'
(a'!Q99Y'zJ(i)o'ut}. Escusa , à vista do vista, dar pormenores na exemplificação.
21.3 Os fatos acima apontados são, como se viu, também válidos para as
nasais consideradas em 20. 3 . I.
22 . O Da.t voze-r proc!t~ica.t
Tôda1. as vozes proclíticas nasais e antenasais são fechadas.
22.1 As yozes proclíticas antenasais apresentam, de um modo geral, os
estágios graduados de nasalização referidos de 20 . 1 a 20 . 1.4:
a) na expressão culta tensa são elas, de modo geral, apenas fechadas
I. - u • 11 ( I I ''k' ' ] 11 ' 't " [ I ' ' ' f' 1 11' • • 11 sem nasa 1zaçao: amencano ~ m~ n ~n u , emen o ~ m'(r 1 u , 1m1SCU1r
[!'mi'tku'íf(f.) 1 ou [!' mi'Ík wíf(f)], "honesto" ( <,>' ntÍt'u], "uniforme" [ \}1 ni' f~~(~) m'i];
h) na expressão culta distensa, também de um modo muito geral
(e em grande parte condicionado ao predomínio maior ou menor nos hábitos
individuais da ambiência familiar ou da "segunda natureza cultural", visível.
esta última, sobretudo em professôres ou em pcofissionais da palavra, homens
do rádio, do teatro e afins) , há vacilação quanto aos casos J'upra figurados,
mas tão-somente no que tange·· aos de largo curso popular na área, a ponto
de numa interlocução um professor, colega do signatário, transitar quase sem I - d t' 'd d ur • , d [r ., , ' v,] (~' .,_ ' v] so uçao e con mm a e, em rema nos , e r~m ~n us I para e n! an us ,
porque no primeiro caso mentava os revolucionários irlandeses e no segundo o
clube carnavalesco carioca . . . ; como quer que seja, aos· ouvidos cariocas, há
nasaliza.ç/ões de antenasais proclíticas muito mais marcadas em outras áreas
hrasil~iras, tanto é verdade que os nordestinos lhes parecem ((abridores" e ao.
mesmo tempo "fanhosos": um vocábulo como uveneno", nesse sentido, pode,
grosso modo, ser figurado , provisoriamente, em três eixos, o nordestino (e
oriental, possivelmente), o carioca e o paulista, das três seguintes maneiras.
popularés distensas: fv~nê"n'u}, fve'né'n'uJ e fve'nén'u] . .. a ouvidos de cariocas. . . ~ "
-273 ~
c) ainda na expressão culta distensa, a nasalização das vozes proclí
ticas antes de luJ é, porém, geral- dentre outras razões, se as houver, porque
se trata de vocábulos cujas proclíticas em regra ocorrem em derivados de pri
mitivos em que elas são acentuadas, o que estabelece estreita relação morfo
fonética com o apontado em 20 .1. 2 : "manhoso" [mã'g9z'u], "empenhado"
[e'p~'nád'u], "definhando" [de'fi'nã d'u], "sonhou" [sõ'n6w], "punhal" [p~'nái]; · V I • .., V• v
d) na expressão popular, tensa ou distensa,. a nasalização é geral,
mas apresenta, com freqü~ncia, a particularidade de ser mais suave, quando
em vocábulos de curso restrito nas camadas populares; ainda aí, porém, fôrça
é convir ·que a nasalização das proclíticas é mais suave do que das acentuadas
e uma contraprova, digamos assim, se obtém: ver-se-á, linhas adiante, que são
raras na área as oscilações do tipo [õ!/~'], v. g., "compadre" [kõ'pádr'i],
[k~'p ádr'i]; entretanto, as vozes proclíticas antenasais ora consideradas, ao
contrário daquelas, apresentam, com freqüência , a referida oscilação: "começar"
[k<?(u)'m<;'sáf(f)], "boneca" [b9(u)'nfk'a], "tomate" [t<?(u)'má1\j_], "bonito"
[ b<?(u)'nít'u], "comer" [k<?(u)'méf(f)], "comércio" [k9(u)'mff(f)s'yu], "comichão"
[ ko(u)'mi'tÍ~], "comigo" [ko(u)'ml'g'u], ".cominho" [ko(u)m(n'u], "comungar" • • • • \1
[k<?(u)'m~' gáf(f)], "comunicar" [kç>(u)'mu'ni'káf(f)J ...
22 .2 Ü.;; vocábulos proclíticos "da", "a", "na." parecem comportar-se
exclusivamente dentro do princípio do fechamento de timbre das voze5 ante
nasais, sem jamais se nasalizarem tipicamente; destarte, temos: "da casa' 1
[da'káz'a], "a fonte" [a'fÕi' 'i], "na janela" [na'ta'nfl'a], mas "a mesa" [~'m~z'a] "da nossa" [da'n6s'a], "na nuca" [na'núk'a]. Certa versão mais ou menos
• L •
divulgada fala numa harmonia de timbre que existiria com êsses vocábulos
proclíticos com relação ao timbre das vozes contíguas, invocando o exemplo dos
versos conhecidos de GONÇALvES DiAs ~ "6 guerreiros da taba sagrada, f 6
guerreiros da tribu tupi", que seriam, foneticamente, o seguinte:
[o \.
[à c.
g~'
g~'
f(f)~y
f(~~y
r'ur da' L
r'ut da' . tá
trí
b'a
b'u sa'
tu' grá
pí]
d'a)
fato que s6 pude confirmar em p_oucos casos: em cariocas que tinham perfeita
reminiscência e mantinham decorados, desde a infância, tais _versos; naqueles
em que não se verificava essa automatização remota, mas em que havia um ·
esfôrço consciente de rememoração (sem recurso ao texto escrito), não consigne~
num único caso a harmonização de timbre em causa.
22. 1. 1 Os vocahulos proclíticos "e", "de", "o", "do", "no" sofrem as mesmas flutuações quando antenasais. Reconheça-se, porém, que em condições
. - 214-
pouco favoráveis de audibilidade é freqüente perguntar, em ditados, se "o menino"
é "um menino", mas não apenas como antenasal, senão que igual pergunta se
formula para com, por exemplo, "o jôgo" e "um jôgo", não sendo, pois, deci
sório quanto à eventual nasalização dessa proclítica se antenasal. Não pude
fazer observações quanto à freqüência dêsse tipo de êrro acústico com relação
aos ,dois casos configurados, o que eventualmente poderá militar em favor,
pur;;~. e simplesmente, da baixa audibilidade, em certas condições, · dos artigos ' .
"o" . e "um", da nasalização do primeiro ou, mesmo, da desnasalização do se
gunc)o, que J?Or vêzes ocorre em cadência muito apressada.
· · 22 .3 Nasalizações esporádicas ocorrem em proclíticas na área, mas duas
pelo menos· são de muito maior freqüência entre alienígenas à área, .rcificel,
[lt~~:t i 1cáf (DJ por [kç(u)'zj(i)'oáf(f)l ("cozinhar") e [v1ff(f.)l e mesmo [vT'eff(~)J p>6 (vi't~f)] ou [vytf<f)] ("vier").
'r.:·c~·eio que a . predominância das formas em causa entre nordestinos ou
d~~~endentes de nordestinos pode ser elemento pa ra explicar-lhes a ocorrência
ua ~rca. o processo morfofonét_ico da forma verbal, é aliás, de clareza evidente: ltl- · f ' ,, .. . . '' 11 J J ''t t ,, I ( • • I . h " nz: 1zcr , qu1s:q_u1ser , pus:puser , rouxe: rouxer , v1m:v1er v1n er .
22 .4 A flut_uação ou oscilação do [~'] para [i']. como se disse, parece
co,ndicionada, na á.rea (e quiçá no Brasil, mas então com tendências diferentes),
~ dois fatôres , que se contrabalançam ou se corroboram: um, certa "harmonia
\'O.cálica", e o outro, a "regularização morfológica". Concomitantemente, nesse
terreno, se pode ver, com maior nitidez t:alvez que em outros campos fonéticos,
o jô~o de influências recíprocas entre a deri~a popular e a restauração erudita
por via, sobretudo, da feição escrita da linguagem. Eis alguns graus do proce;;so:
) [ I 1
] - fl t ti d 11 [ 'd' ' ] ti l 11
[ 'l ' ' l ·. a ~ .. . a - nao u ua: p~ aço p~ as u , me aço mt; as u,
"negaça" [n~'gás'a]. "devassa" [d~'vás'a]. "retrato" [~(f)t;'trát'u]. "cegada"
(s~'gád'a], "selagem" [s~'lá~ey]. "debate" [d~'bát' i]. "decalque" [d~'kflk'i]. "derrama" [d~'f(f)~m'a], "fecal" [ft;'ká1]. "feraz" [f~'ráy~]. "fetal" [f~'tál]. "gelar" [ie'láf(f.)], "gemada" ~~'mád'a]. "geral" ~~'rfl]. "legal" [l~'gfl.]. ' 'lesar" [l~' záf(f.)]. "letargo" [1~' táf(f)g' u]. '"levada" [!~' vád 'a]. "mecânico"
[m~'k~(ã)n'ik'u]. 11medalha" [m~'dá!'a]. "meganha" [m~'gá(ã')~'a]. "pecado"
[p~'kád'u] ... Decorrentemente, todos os derivados ou flexões guardam essa
característica: "negacear,. negaceado r"; "devassidão"; "retratar, retratação, re
tratador, retratava"; "cegar, cegava, cegarei"; "selação, selador, re-selar";
"debater, debatedor"; 'aecalcar, decalcomania"; 11derrame, derramado, derra
maria"; "geladeira"; "legalista, ilegal, legalizar"; "letargia"; "mecanização,
-275-
mecanizador, desmecanizar"; "medalhado, medalha r, medalhão" .. . A exempli
ficação foi deliberadamente indistintiva quanto às camadas populares e cultas,
para melhor mostrar a unidade de procedimento no caso ... Isso não obstante,
podem ocorrer discrepâncias, tal "dedal", que na linguagem das costureira:s e
domésticas em geral é preferentemente[~ i'dál]. embora ocorra também [d~'dáÍ], sobretudo entre homens não ligados por um motivo ou outro à costura;
b) afim com o fato J"upra é um tipo de correlação morfofonética, que tenha
como base um [é] ou [é] nos correlatos morfológicos: "berro" [bérCr)'u J • L. .....
- "berrar" [b~'f(f.)áfCDJ. "berrador, berração" e, mesmo, falsos (do po,.nto de
vista etimológico) correlatos: "aberrar, aberração"; "erro" f{~Cf)'u] ou "êrro"
[ '-(""<\' J (( 't' " (( d' " (( b d " (( llf' " [f''~-::'1' ] llf' • , ~~ f; u , erra 1co erra 10 , erra un o ., error; rerro rt~'\'; u , rerre1ro
[f~'f(f)~yr'u] , "ferradura , ferrão , aferroar, ferramenta, ferrador, aferrar, ferr\).
ginoso"; "espero" [(e)' (i)'Ípér'u]. "esperança" [(e)(i)'tpe'rfs'aJ, "esperançoso, . " . . desesperar , esperarei" ... ;
c) o [~']. quando inicial de vocábulo, ~a medida em que não está condi
cionado como em "errar" a correlações morfológicas, tende a flutuar, sobretudo
nos vocábulos de largo curso popular, de tal modo que podemos exemplificar com
vocábulos de quaisquer camadas de uso, salvo os de curso por assim dizer es
crito: "ebulição" [ e(i)'bu'Ü' sã~]. econom1a [ e(i)' ko' no' mí 'ya], "edifício" . . . . [e(i)' J i'fís'yu]. "editar" [eCi)'d i'tár(r)]. "educação" [eCi)' du'ka'sã~]. "eficiente''
[~(i)'fi'si'êfP'i]. "egoísta" • [~(i)'goC~)i~t'a] "egípcio". [<;(i)'~ps'yu], "elucidar"
[ C')'l , .,d ·-c;:'\J " · 'd' , r c·)' ., ,"'::d' 1 " ·1'b · ., r c·)'k''l'h, 1 " ~ 1 u st a!· ;; , ep1so 10 <; 1 p1 z~ yu , eqm 1 no ~ 1 1 1 r yu , erup-- " r c·)' , t""J " ,.. , r c·)' ,v,, 1 lt -çao ~ 1 ru psa w , exagero ç 1 za zçr u ; escusa ressa ar que a expre3sao
culta tensa tende sempre, em todos êsses casos, a restaurar o [<;'], sobretudo
quando interferem razões de consciência lingÜística da composição vocabular,
como por exemplo em "emigração/imigração'', "eludir/iludir";
d) [~' . .. ~] - essa correlação parece de tal modo ter sido condicionada
pela estrutura flexi~nal dos verbos da segunda conjugação, que parece possível
estabelecer uma como que regra: quando o [~]passa a [í] por razões (na sincronia)
morfoverbais , rec~procamente o [«;'] pass~ a (i']: "prever" [pr<;'véfC~)J. "previ"
[ C•)/ ') "d " [d I '•c··\ ] "d 1 " [d c•)/ 'I \ V] tt t " [ 't I pr<; 1 VI ; ever ~ v~ç f; , ev1amos ~ 1 v1 ~m us ; a rever a rc:
v~~f)J , "atrevia" (a'tr<;Cj)'v.í'ya]. A expressão culta tensa tende·, sistemàtica
mente, a restaurar para [~'] a voz oscilante, que, dentro do esquema, é efetiva
mente de muito maior freqüência , mas a oscilação perdura nas elocuções distensa.s:
."atrevimento" [a'tre(i)'vi'mtft'u], "devido" [deCi)'víd'u]. "pedinchão" (p<;(i)' , . . / . di'sã~], "seguimento" [s~Ci)'gi'mê't'u]. O fato é que êsse tipo de correlação
--276-
ultrapassa o campo das correlações morfoverbais e dos seus derivados e invade,
então, de um modo geral, muitas conexões de [e' . . . i'] ou [e' : . . i'], que apre· . . . sentam, destarte, a o·scilação: "religião" [f(fJE?(i)'li'ti'ã~J . "petição" (p~(i)' ~ ., .!"'] "d 'd' , [d '(d-;, '') ''d~ '•(:,\] ({ 'f' . , [ (')' ''f''k ,_{;\] ({ . .. t 1 sa w , , ec1 1r c; 1 s1 1!\f.J , ver1 1car v~ 1 r1 1 ar -.r; , menmo
"' [m~(i)'nj(i)n'u], "veludo" [v~(i)'lúd'u]; como sempre, a expressão culta tensa
tende a restaurar o [~'],mas não chega a ousá-lo nos vocábulos que, ausentes
de correlações morfológicas, como que se apresentam isolados e patrimonialmente ~ "
populares, tal o caso de "menino", só [mi~'ní(i)n'uJ. pois [me(e)'níGJn'u] é . . '
sem dú:vida marca de alienígena à área; por tal motivo, vocábulos como "feliz"
e. seus derivados; "felicitar, felicitações" comportam a oscilação, com dois
graus - em "feliz" quase com repugnância, prevalecendo de muito a forma
[fi'líy~. enquanto nos ~erivados a oscilação é muit~ mais freqüente - [f~(i)' li'si'táf(r)] e [f~(i)'li'si'ta'sÕ.Ys1;
e) afim com o aspecto anterior é a conexão [e' .. . e'] que decorre da co
nexão [e' . : . á]: se ''levar", "levado" têm (e'] por causa da conexão [e' . . . á],
o primeiro membro desta conexão vai determinar a primeira, [~' . .. E;'], em
"elevar", "relevar", formando constâncias esquemáticas que parecem explicar
"elegante" [~'l~'gã?•i], "elefante" [~'l~'fãl''í] e certas dualidade .exclusivas, do
tipo "eletricista", isto é, ou (muito mais freqüente) [~'l~'tri'síst'a] ou
B'li'tri'síst'a] (em certos cariocas de baixo padrã() cult'ural e lingüístico). E,
assim, de um modo geral, na deriva como que se opõem, na área, o esquema
· [~' ... ~'] ao outro [i' ... i'], sendo os seus combinatórios expressão da con
tensão culta - genericame~te falando;
/) [t;' . , . ú]- nessa conex~o, de certo :modo pouc:o representada ria língua,
pelo menos êm vocábulos correntes, há tendências para o [t;'J oscilar com o
[i'], tal"seguro" [s~(i)'gúr'u], "veludo" [v~(i)'lúd'u], "verruga" [v~(i.)'f(f)úg'a],
"mesura" [m€_!(i)zúr'a] e até mesmo "peludo" [p~(i)'lúd'u] , na accepção do qu~
tem sorte; a restauração se faz corren~emen_te , sobretudo quando, como em
"peludo", se tem a consciência de correlações dos tipos anteriormente apon
tados.
22. 4.1 À parte ficaram, deliberadamente, todos os vocábulos iniciados
por e.r- ou ex- (gráficos), para os quais, independentemente de quaisquer
correlações ou conexões, há constantemente, -na área, três graus de emissão,
que vão do culto tenso, passam pelo culto distenso e chegam ao popular dis
tenso - se aquelas iniciais são seguidas de consonância, fique claro. Êsse~t graus são:
-277-
1) [~'((~]. 2) [i'!(~] ou 3) f~(~]. que poderão ser representados numa única
fórmula: [(~')(i')t(t)]; veja-se , com efeito, a série seguinte, extratada na ordem
alfabética de um vocábulário corrente:
esbaforido [(e')(i')fba'fo(u)' rid'u].
rdba'fo(u)'ríd'u] ou f~ba'fo.(u)'ríd'u]. . ' . isto é, [e'~a'fo{u)'ríd'u] . . ou
escabeçar [(~')(i')~ka'bt,:' sá~(f)] esdruxular f(~')(i')~dru't'u'láNf.)J
esfacelado [ (c;')(i,(fa' se'lád'u]
esgalhado [ ( t;')(i')tga1ád' u]
eslavo ((~')(i')~láv'u] esmagar [ (~')(i')tma' gáf(f.)l
e saltemos
excarcerar [ ( ~')(i')~ka'f(f.)sc:;' r á~(~) J
exclamar [(~')(i')~kl~'máf(f.)] extravagante [(~')(i')ttra'va' gãt' 'i]
devendo-se, por rrm, notar que as três formas coexistem em quase todos os indi
víduos falantes cultos da área, segundo seja sua temão psíquica.
22 .4 . 2 Caberia , ainda , com relação à flutuação [e'] para [i']. em que a . ação culta por via da escrita tanto se empenha em restaurar o primeiro, consignar
duas observações atinentes à preposição "de". É de longa data a observação
de que na área carioca há ocorrência do "de "em causa, regular e ordinàriamente
[~i'], como [d~']. pelo menos nas expressões "c~r-de-rosa" e por vêzes "de tarde"
e "de noite" e mesmo "de manhã", respectivamente, [k<?'f(f)d~'f(f)~z'a].
[d~'táf(f.)d''i]. [dt,:'n~.vf'i] , [dt,:'m~(ã)'eã]. Se já eram episódicas ao tempo da
observação, vão de mais em mais sendo, tendo-nos sido uma canseira sugerir a
meus interlocutores inteiramente desprevenidos de minhas intenções proferissem
tais expressões, em que, em nível de cultos, nunca o foram assim enunciadas,
mas, ao contrário, sempre com [a' i']. Em compensação, onde o sistema orto
gráfico vem preconizando junçõe", tais "demais", "debaixo", "debalde", "de
certo", "demão", "derredor", e mesmo "depois", é frequente a oscilação
[de'(cfi')J no início dêsses vocábulos. IJ.' •
22.5 A oscilação de [e') para «'1 apresenta muitas afinidades com o~ fatos anteriores; as principai" constâncias são as seguintes:
a) [ê''J inicial de vocábulo, seguido de consonância, sistem:àticamente oscila,
com [i'). salvo nos vocábulos de exclusivo curso erudito; sistemàticamente
-278-
também, se verifica o esfôrço de restauração, de maneira que de regra as duas
formas coexistem nos cultos da área, segundo o grau de tensão psíquica; escusa
exemplificar, quase, pois o princípio é de constância notável: "embaçado"
[ê(i)'ba'sád'u], "embaixador" [e(t}'bay'ta'd?f(r)] , "embalagem" [e~'ba'lá~'~y], ''embaraçado" [ê(i}'ba'ra'sád'u] "embotado" [ê'('f)'bo'tád'u], "embuchar"
[ê'(i)'bu'~áf(f)] , "embuste" [e(i)'búrt''i] , "emp6rio" [~(i)'p~r'yu]. "emprego"
r~dJ'pr~g'u], "encaixar" [ê'(i)'kay'táf(f)J. "encruado" [ê'(i)'kru'ád'u], "encubar"
[ê'(i)'ku'báf(r)]. "enf~rmo" [e(t}'f~f.(f)m' u], "enganar" [e(~' ga'náf(!')], "enta
lado" [ê{i')'ta'lád'u]. "entender" [ê(:)'tê''d~f(f)J . Essa oscilação quase não existe
com o prefixo "entre- " em ritmo bt'nário, a saber, "entreato" [e'tà'át'u]. /1 t l' h IJ ["''t 'flfl'( \ 1 li t hN" ["''t 'f (N)/ Nl li t 't H ["''t 'f en rean a e n !\IJ!) a , en reman a e n m~ a 9a . en renm e e n
f ~t ''] I< t " ["''t 'f '-( -) ' 1 I< t t IJ ["''t '/tN] b d n~y I , en renervo e n n~~!: v u , en re om e n o . ou . corro oran o
o ritmo, quando o indivíduo falante guarda a consci~ncia da formação vocabular
com "entre-"; nos usos freqüentes , porém, há flutuação múltipla . como que
instável o vocábulo todo, tal o caso típico. na linguagem de tipografia . de "entre
linha!"' - [ê''trc;'l!~'eáf<f)L [~tre'l!dJ'uáf(f)l. re'tr~l!(i)'náf(f.)J. de um lado,
[Ptri'liGJ'uáf(r)J. [~'tri'lj(i)'oáf(f)l. ~tr;~l!GJ'oá~(~)] e estas últimas com flu
tuação de acentos secu;ndários .. ;
h) na flexão verbal, com verbos com [~'] imediatamente antes de sílaba
acentuada, na primeira conjugação, nas formas arrizotônicas. não há oscilação:
"agüentar", "esquentar, esquentarei, esquentava" , "sentar. sentei. sentarei" ,
"tentar", "ventar", "arrebentar", "cimentar" . . . Nos verbos da segunda e da
terceira conjugação, porém, é de regra a oscilação. com características diferen-• O 1) d O N /1 d " (( d " /1 d " I< d " c1ais: na segun a conJugaçao, pen er , ven er , pren er , ren er ,
"encher", "acender", "condescender" , "entender", "propender", "vencer", o
[ê''] oscila com (i'!] nas formas seguidas por [í] ou [i'], donde o esquema geral:
,(, venço [ves'u]
vences [ves'i$)
vencemos [ve's~m'u~J
venceremos [ ve' se;' r~m' u~]
mas
venci [ N(i)l ' ] ve I s1
vencido [ve(~ 'síd'u] vencia [ve(i)'síy'ya]
vencíamos (vê'(~'síy'yam u~
-279-
em que, entre cultos, mesmo na expressão distensa, prevalece, com certa regu
laridade, a predominância geral no esquema do [~'];já 2) nos verbos da terceira
conjugação, "sentir", "mentir" e seus derivados, "consentir", "pressentir", 1 'd" t" , " . " "d t" " [101
'] b' "l d (Y,) 1ssen 1c , assenbr , esmen 1r , o e , tam em osc1 an o para Ll- nas
formas seguidas de [í] ou [i'] na sílaba seguinte, é muito mais flutuante:
minto ~
[m1t'u)
mentes [mif'i(J
mente [m~P'i]
mentimos [mee0't' ím'u'§]
mentis [me(i)'~ ít] mentem (mit'êYJ
menti [mê'(!Jt~ í]
mentia [me(i)'P íy'ya]
mentirei [meGJ'i? i'r~y 1 mentiria [m'e(i)'? i'ríy'ya]
mentisse [me(i)'? ís'i]
mentires (mê(I)'t' ír'i~ mentido [me(n'l íd'ul
mentindo [mê(!J'rid'ul
o que não obsta, também, à sistem~tica re~tauração entre cultos na. expressão
tensa, mas com muito maior freqüencia no emprêgo do (i'] mesmo entre cultos
na fala distensa;
c) por fim, como é n,atural, as correlações morfológicas estabilizam um sem·
número de vocábulos com [~'] relacionados com vocábulos com [i]. segundo o
esqul:!ma "sensorial/senso": "temporal, sensação, vendaval, tentativa, sensitiva,
sensual, lentidão, tensão, centavo, dentição, gentio, lembrança", contra correla
ções oscilantes do tipo "mentir/mentira/mentirosa/mentiralhada", com [e/i:1]: "sentimento, pressentimento, consentimento, assentimento" mas, decorren~
temente, sem oscilação, "vendedor", "pr~ndedor, desprendimento", "rendeira",
"acendedor", "entendimento, propensão, vencimento, vencedor".
22. 5. l Com a preposição "em" em funçãb prefixai, em locuções que o
sistema ortográfico consagra num só vocábulo, do tipo "embaixo, enfim,
entanto, enquanto" são correntes ultracorreções do tipo [ey'báy~'u]. (êy'f~, [
I'IIAI ' NN , ~ ey'tãt'u]. [ey'kwãt'u], mesmo em pessoas que regularníent~ prorerem a pre-
posição segundo o padrão geral da área [i'].
...... 280-
22. 6 Os fatos relacionaqos com os verbos ell'l _,...ear (gráfico), assim como
quaisquer outros em que as. vozes proclíticas são contíguas a uma voz seguinte,
serão considerados adiante.
22.7 A oscilação de [~'] para {u'] parece sofrer um j8go de tend~nc'
dô tipo consignado em 22. 4. Mas apresenta feições pr6pria's:
a) [\>'] inicial de vocábulo, em sílaba aberta ou fechada, mantém-se inal
terado com notã:vel regularidade em tôdas as camadas; escusa exemplificar,
pois seria transplantar um vocábulario para aqui ;
b) [-o/u' . . . u]: "cortume" [kC{(u)'f(f)tÚ.m'i], '~oltura" [s<_>(u)ltúr'a],
"tortura" [t<_>(u)'f(fjtúr'a], "gostusura" [g<_>(u)(tu'zúr'a), "formusura" [f<_>(u)'
f(!:)mu'zúr'a], "cordura" [k<_>(u)'f(f)dúr'a], ;'produzir" [pr9(u)' du'zí~VJ. "pro
dução" [pr<.>(u)'du'sÍ~J, "bodum" [bc:>(u)'dn'], "costura" [k<_>(u)'ttúr'a], "costu-
reira" [k<_>(u)'~u'r~yr'a], "borbulhar" <,>(u)'f(f)bu'!áf(f)], "brotoeja" [br9(u)' v I ·
tu'~(w~)2'a] . "comunicação" [k<_>(u)'mu ni'ka'sã~]. "coluna" [k9(u)'lún'a],
"moldura" [m<_>(u)ldúr'a], "gordura" [g<,>(u)'f(f)dúr'a] ... De um modo geral,
a pronúncia culta tende a restaurar o [<!'], mas fá-lo na medida em que sente
que o vocábulo não é, patrimonialmente, de curso popular, tal o caso de "bodum",
que, quando proferido, é quase unânimemente [bu'd\Í], comó'mau cheiro";
c) na flexão verbal, os fatos são muito afins dos referidos em 22.5 b). Com
· efeito. no-> verbos da primeira conjugação com [<?'] imediatamente antes da .
sílaba acentuada, não há oscilação nas formas arrizotônicas: "voltat', botar,
trotar, soltar, tostar, chorar, corar, rosnar, de.,folhar, dt"!>tocar, de..;locar, co
locar" ... ;
d) nos verbos da segunda conjugação, de curso geral, "torcer, poder, coser
(que alterna com "& sturar" na área, "cozer" reduzindo-se ao cursõ culto, pois
no popular é "cozinhar"), morder, colh~r. correr, chover", excetuando as formas
rizotônicas em l?J e fiJ. flutua o [<]'] para [u'] se seguido de [í], sem considerar
a metáfonia can8riica do perfeclum do verbo "poder" ("pude/pudera/pudesse/
puder"):
poder
podemos
podeis
podia
podido
podendo
[pg'd~f(r)}
[p<;>'d~m'u~ [pg'd~y~ [p<_>(u)'d' íy'ya]
[po(u)'J íd'u]
[p~'did'u]
-281-
cumprindo, porém, dos verbos mencionados, abrir uma exceção para "chover",
que na área flutua em tôdas as formas consideradas, .não sendo difícil ver a'
influência de "chuva" e do fato de que as form~s estabilizadoras do padrão
com [~'] são minoritárias proporcionalmente;
e) nos verbos da terceira conjugação, "cobrir, dormir, tossir, engolir';•
tôdas as formas arrizotônicas apresentam a oscilação Je [~'] para [u']:
dormimos [ dg( u)'f(f.)m!m 'ur]
dormis [ dg( u)'f(f)míyt}
dormia [ d9( u)'f(f.)míy'ya]
dormi [d~(u)'f(f)mí]
dormira [dg(u)'f(f)mír'a]
dormirei [dg(u)'f(f.)mi'r~y]
dormiria [ d~( u)'f(f)mi' ríy'ya]
dormisse [ dg( u)'f(f.) mís'i]
dormido [do( u)'r(f)míd'u)
dormindo . . . ,(,
[do(u)'r(r)mia'u] . . . .. do que decorre uma sens,vel predominancia do [u']. mesmo na expressão culta
tensa;
d) do anterior, como que se fixa a conexão [o'/u' ... i]: "corrimento" I •
[kg(u)'f(~)i'mê't'u]. "dormideira" [dg(u)'f(f)mi' dfyr'a], "sofrimento" [s<J(u)'fr!'
m'ift'uJ, "descobrimento" [d({(i)'tkg(u)'brrmêt'u], "esbaforido" [(~)(i)'~a'fg(u)' 'd\ ] 11 • - " [ ( )' 'I .t AJ] - ' • • ~ "' rt u , postçao P9 u z1 sa w , conexao que, porem, vtgora mats em .runçao
dos derivados verbais diretos ou de vocábulos de curso preferencialmente po· ~ , .
pular, "moringa" [mg(u)'rfg'a], ·"coringa" [k~(u)'r'ig'a].
22. 7. 1 Do mesmo modo, em palavras de curso preferentemente popular
a tendência à predominância do [u'] .é patente: "tostão" [to(u)'ttã'~). "botão';
lbg(u)'tÍ~]. "botina" [b~(u)'?ín'a]. "cortina" [k<!(u)'f(f)P(n"aJ, "comer"•
[kg(u)'m~~(f), "comércio" [kg(u)'mffs'yu].
22. 7. 2 Na área carioca pelo menos, a oscilação do tipo considerado pode , ter, episodicamente, valor oponencial: "corpinho" [k9'f(f)Pi6Jg'u], como dimi· ·
nutivo ~~ "corpo", e [ku'f(f)p~~:g'u]. como peça de vestuário; "modinha"
[mo'cP{(i)n'a]. como diminutivo pejorativo de "moda'~ siriôn~mo de "voga", e • • v
[mo(u)'d'ímn'a]. como canção, cuJ'a segunda forma, conforme as camadas, não • • v
vigora, ou pelo menos em certas _situações lingüísti~as, pela conc~rrência do
diminuitivo de "muda", de planta, ou ."sem voz"; "folhinha" [fo'lí(i)n'a], dimi· I •- V
nutivo de "fôlha", e [fu:!~(l}e'a] (como folheto de calendário).
- ~ 282-
22. 7. 3 Freqüentes na área são duas ultracorreções associadas aos casos
ora vertentes, ligadas à morfologia verbal e de ostensiva conexão com formas
verbais afins, por correlação ou por oposição: "sube" [súb'i] por "soube" na
primeira pessoa do singular, e "poude" [p~w<Í''i] (com o ditongo bem audível)
por "pude".
22 .8 A oscilação de [õ'] para[~'] é muito pouco ·ocorrente na área, a tal
ponto que, em casos dissociados ou inassociáveis, dada a sua episodicidade,
não será estranho supor-lhes influência alienígena, tal o caso de "compadre''
[kõ(ír}'pádr'i], a que não será de separar a relação com "comadre" [kc;>(u)mádr'i].
Outros casos há, como "condutor" (de "bondes", preferencialmente) [k9(~' du'~f(f)], mais raramenté "condução" [k?(~'du'sã~]. "conversar" [kg(\i')'vE;'
f(f)sáf(f). Entretanto, "esconder" e "responder", nas formas arrizotônicas de
sílaba acentuada com [í]. acusam a oscilação:
respondia
respondi
[f(f)~'rpõ(Ü)'d' íy'ya]
[f(f)~'t'põ(Ü)'J í]
embora a tendência à regularização em [õ'] seja predominante.
22.9 Casos "inversos" de oscilação, v. g., de [i') para [t;'l ou de [u'] para
[<?'l tipo "previlégio" ou "sinosite" -que ocorrem -são obviamente ultra ..
correções.
22.10 Na área carioca, salvo em alienfgenas a ela, não se manifesta nas '
vozes proclíticas, sobretudo [o'] e [e'], o forte timbre aberto tão característico
de extenso território- que parece ir desde o nordeste até certo ponto de Minas
Gerais pelo menos (embora com provável regime diferenciado, por ser estabe~
lecido) - ·v. g. (figuradamente), "pernFlmbucano" [pern.ã'bu'kãn'u]; "colégio" ... . [kolé:Í'yu], "corrosivo" [koro'zív'u].
I. c. L• ~
22.11 Paralelamente ao fato apontado J"upra, não se verifica na área
cariocé!- o intenso timbre aberto da voz proclítica (a'}, v. g., "casaco~ [ktzák'u],
"calar" [kàláf], que sabe aos ouvidos cariocas como voz Jonga aberta. ~ .
22.12 Além da aférese sistemática apontada em 22.4.1, as proclíticas.
em geral, não sofrem queda na área carioca. :formas esporádicas do tipo
"bringela" talvez se expliquem através das camadas ou mesmo correntes iini~
gratórias que introduziram sua cultura na área ..
-283-
23. O Da.r IJoze.r enclâica.r
As vozes enclíticas antenasais são as que revelam menor traço de nasa
lização, a tal ponto que na expressão culta quase não há traços dela, a não ser
o fechamento do timbre, v. g. "pântano", "pátina", "eneágono", "póstumo".
Iguais características têm as vozes finais tornadas enclíticas com os pronomes
enclí ticos "me" e "nos", "· g., "deve-me", "disponho-me", "arrastava-me",
"entregue-me", "dispondo-nos".
23.1 Ver, ·quanto à redução de certas enclíticas, 8.4.1.1, 8.4.1.2,
8. 4 . 1 . 3, 8 . 4. 1 . 4, 8. 4. 1. 5, 12. 4. 2. Acrescente-se que na área carioca, assim
como em muitas outras do Brasil, ao que parece, quiçá nêle todo, nas camadas
mais populares, há manifesta tendência a consagrar a síncope de enclíticas
em certas palavras: "chácara" [iákr' a]; "pêssego" [péig'u], [pézg'u] ou [pésg'uJ . . . (forma última esta que dá caráter consciente de síncope à síncope); "música"
[mútg'a], [múzg'aJ; "abóbora" [a'b~br'a]. Na expressão culta menos tensa,
naquelas dessas palavras que "pertencem" ao vocabulário eminentementl! po
pular, tem sabor de requinte artifici!il ou pelo menos grande contensão a pronún
cia canônica, como em "chácara" e "abóbora"; isso é.ainda mais sensível nos dimi_
nutivos ou nos arrizotônicas em geral, cujas formas teoricamente canônicas
são pràticamente impossíveis: "abobrinha", "chacrinha", "chacreiro" ...
24 . O Da.r IJoze.r jinai.r
As. principais observações relativas à área estão em 5. 5 .1, 9. 5 .1, 13.5 .1 e
18.4. Sôbre esta última remissiva, tipo "ultimatum", deve-se acrescentar que o
latinismo em -um (gráfico) são geralmente pronunciados como NtJ, quer
sejam de curso mais ou menos geral, quer de curso restrito, apenas ocorrendo
a pronúncia do latinismo como latinismo, mais ou menos reconstituída, como
['um] (com [m] implosivo mas nasalada a voz anterior). Observe-se, também,
o que é dito em 8.4.1.4 e 12.4.3.
24.1 Na área carioca jamais se manifesta, salvo em alienígenas à área, a
tendência que. tem, segundo consta, ponto de irradiação na fronteira su.l do país
e atinge, provàvelmente, certas zonas de São Paulo (sem que, com isso, se
queira dizer que abarque a totalidade do território do Rio Grande do Sul, de
-284-
Santa Catarina e do Paraná, é óbvio), e dá às vozes finais car1ocas ri] e ['ui
os valores de ['e] e ['o]. (*). . . 25. O Dilongo.r e.rlávei.r inlravocabulare.r decre.rcente.r acenluado.r
São os seguintes na área carioca, quiçá brasileira, salvo quanto ao n. 0 (2):
(1) [ly] pai, paio, abalai, estudai.r, baixo, caixa
(2) [;y] paina, faina, andaime
(3) [ã'~] mãe,. alemães, capitães, cãibra
(4) [Íw]- pau, cauto, lauto, áureo ~
(5) [ã~] - pão, capitão, mãos
(6) [éy 1 L
(7) [éy]
(8) [i'yj (9) [fw]
(10) [~w]
(11) [íw] -
I?apéis, fiéis, capitéis, réis
lei, viverei, primeiro, plêiade
ninguém, vintém, alguém, armazéns, parabéns
céu, incréu, chapéu, troféus, escarcéu
europeu, sandeus, feudo, temeu, escreveu
partiu, ouviu, caiu, saiu, viu
(*) Até êste ponto a presente comunicação foi apresentada, em redação definitin1, ao Con
gresso, sendo a parte seguinte posta à disposição dos relatores, para eventual consultn, já que
se achava definitivamente elaborada, embora sem a daçtilografia regulamentar. Por êsse mo
tivo vinha ne&te ponto .a seguinte "Nota provisoriamente final":
"A presente tentativa fica a meio da dactilografia, para que possa ser apre-•
sentada em tempo ao Congresso.
Inteiramente elaborada já se acha a parte que se relaciona com ditongos
tritongos, hiatos e seq~Íências combinatórias de cada espécie dêles com as dos
outros, assim como tritongos, hiatos e seqÜências combinatórias de cada es
pécie dêles com as dos outros, assim como com as vozes propriamente ditas. Por
fim, tôdas as ligações intervocabulares voc:tlicas que pendem são examinadas.
Fica êsse material à disposição do Congresso.
* * * O autor destas linhas não ignora a temeridade que praticou ao tentar, em
tempo tão reduzido como o que teve, uma descrição, que, ao cabo, revelou as
pectos do si&tema vocálico da área até então insuspeitados por êle. Dá-se, por
isso, por bem pago, sobretudo se tiver sido de alguma valia a tarefa que cumpriu
com o pensamento no Congresso".
-285-
(12) [óy] apóio, destróis, acóitam, abiscóitam ~
(13) f§y] oito, dezoito, biscoito, comboio, estroina
(14) [Õy) - pões, mamões, tostões , razões
(15) [ów] - roubo, estouro, besouro, trabalhou . . (16) [úy) --;- descuido, fluido, intuito, gratuito
(17) rrr.YJ - mui, muito
25.1
populares,
[kát\a).
O ditongo· (1) .tupra, nas condições de "baixo", "caixa", nas camadas
em expressão distensa, freqÜentemente se reduz a [á], "· g., [bá('u], (\
25.2 O ditongo (2) .tupra acusa a flutuação de situação antenasal, segundo /
a tensão do indivíduo falante: de [p~yn'a] para [pãyn'a], de [f~yn' a] para , , . [fãyn'a]. de [ã'dáym'i] para [ã'dãym'i]. Na, pelo menos, área paulista de [fóm'i]. . ~
parece que não existe e, ip.to facto, tampouco a flutuação: [fáyn'a], [páyn'a] e
[ã'dáym'i]. Importa, ainda, considerar que, na área carioca, talvez porque
seqüência fônica t~picamente erudita e ocasional, o ditongo acentuado final de
vocábulo [áy ], nas formas verbais com vocábulos enclíticos iniciados por conso-" · · - lt ~~~ 1 · , " · d · , r~ '1' ,.J nancias nasais, nao se a era: 1a a1-me , aJU ai-nos , sempre 1a aym 1 ,
[a'Íu'dáyn'u~].
25 . 3 De acôrdo com o consignado em 20. 3, o plural de "alemão" e "alemã',
gràficamente e respectivamente, "alemães" e "alemãs", é na área o mesmo, a
saber, [a'le'mãy~Í; o exemplo é referido em caráter geral e nãQ adstrito ao caso . .. vocabular apenas.
25.4 O ditongo (4) .tupra, quiçá porque sua ocorrência antenasal não se
represente na língua em vocábulos usuais, não mostra influência dessa situação,
11, g., "fauna", "fauno", [fáwn'a], [fáwn'u].
25 . 5 Omitiu-se deliberadamente qualquer refer~ncia, em 17 . 1, ao fato de
que, num passado nada remoto, ao contrário, de duas décadas ainda, na área
carioca a voz [Õ] quando final de vocábulo era, na expressão distensa, muito
freqüentemente pronunciada rã~] nos vocábulos de curso corrente: "bom" era
{~~] . o cinema "Odeon" era [?'dc:'ã'~]. A extensão do fenômeno, nesse curto
prazo, parece ter diminuído muito de área, perdurando, quiç~ . na zona rural
da área; na urbana, está como que estruturada, nas camadas populares, no pri
meiro vocábulo exemplificado e, em situação proclítica, na palavra "dom", na
expressão.distensa, "dom Pedro", "dom João", a saber, [dã;'pédr'u], [dã~~' / 11 , , ' N ,
ã~] ou [dã~'zu'ã~] ou mesmo [dãw'l~ãW'] ou mesmo ainda [dãw't~ã~]. isto é, com a palat.al sonora nasalizada.
-286-
25.6 Com relação ao ditongo (6) .rupra, notar o que é dito em 20.3 sôbre
vocábulos como "revés", "através", "convés" , "dez".
25. 7 O ditongo (7) .rupra, na área carioca, quiçá na quase totalidade do
território bra<;ileiro, tende, nos vocábulos paroxítonos. a reduzir-se a [~ ]: "pri-.., .
meiro" [pri'mér'u). "terceiro" [te'r(r)sér'u]. "inteiro" [i'tér'u]. "tinteiro" . . . . .. . . [?~tfr'u]. "trabalhadeira" [tra'ba'!a'd~r'a]. O fenômeno é geral em tôdas as
camadas da área, mas fàcilmente recuperado nas cultas . que realizam em si
tuação tensa ou mesmo semitensa e, em certos indivíduos já, mesmo na d.istensa,
o ditongo. Entretanto, a repercussão na morfologia verbal dêsse fenômeno, que,
através das formas arrizotônicas. equiparou "esperar" e "enfileirar", a saber,
[(e')(i')~pe'rár(r)] e [e'~)fi'le'rár(r)]. foi faze1· de suas formas rizotônicas as . . . .. . . . .. "regulares" do "paradigma", e assim como "espero", "espera:;" etc. conjuga-se
" f'l " " f'! " . t ' ["'"~)f''l'' ] [ê''fl'l)f''l' 'v] A'' 1 . " en 1 ero , en 1 eras , IS o e, e \I 1 er u , e \,1 1 er as . regu anzação I. ~
foi a tal ponto que, mesmo em indivíduos falantes que normalmente pronunciam
''inteiro" ~t~yr'u] o adj·etivo e que ~abem ser assim, canônicamente, a primeira
pessoa do singular do verbo, preferem dizer, correntemente (i~tér'u] ou então .. . " •'completo" {ver, porém, 26.4).
25. 7. I Com relação ao mesmo ditongo (7) .rupra, notar que em situação
antenasal, em vocábulos de curso popular, há a tendência para a nasalização: I
"reino" , culto mesmo distenso [f(!)fyn'u], popular [r(f)ê'yn 'u].
25 .8 O ditongo (lO) .rupra, mesmo em situação a~tenasal, já que exclusivo
do vC>cabulário culto, não apresenta tendência à 1.?-asalização, "· g. "fleuma''
rfl~wm'a].
25. 9 Tampouco apresentam tendências à nasalização, mesmo em situação
antenasal, o ditongo acima referido e <J de n. 0 (ll) .rupra, quando em formas
verbais cujas enclíticas sejam iniciadas por consonâncias nasais: "temeu-me"
"ouviu-nos". É de observar· que a deriva puramente popular nesses casos
parece · não exercer-se, pois tais formas não lhe pertencem, no fonetismo e na
morfologia e na sintaxe da área, do ponto de vista das camadas mais populares.
25.10 Note-se, com relação ao ditongo (12), que, se não condicionado
por conexões morfológicas, tiJ?O "anzol: anzóis" ou "acoit~r: acóito" ou "apoiar:
apóio~'. tende êle a desaparecer do fonetismo popular da área, como em "dezoito",
li b • " i( • " b [d I ' ' l [k~'b' \ l l( ')('')yt ' '\ J com 010 , estroma , a sa er, e zoyt u , o oy yu , e 1 SI royn a , " . . . . .
embora no último exemplo deva haver concorrência do fato de ser antenasal,
o que dá margem a episódica pronúncia nasalada do mesmo.
-287-
25.10 O ditongo (13) J'upra j~ não apresenta, ao vivo, na área, oscilação
~m o ditongo (15), tipo "ouro :' oiro :: oiro : ouro". Embora êsse sincretismo
seja sancionado pela canônica lexicográfica, no uso vi.vo da área há fixação de
-uma das formas a- cada voéihúio ou sufixo. Muito raramente, em pretensos
bem falantes ou idosos (salvo os casos de ludismo ou pilhéria verbal), é que
-ainda se ouve, em naturais da área, "oiço". No mais, o pseudo-sincretismo
traduz especialização de sentido, tipo "loiro" como "papagaio" e "louro" como
ufulvo". Entretanto, até não faz muito tempo, vestígios vivos da oscilação
se documentavam. Nos escritos do nascido, vivido e morrido carioca LIMA
B ARRETO, tal como pude verificar em suas "Obras Completas", em dezessete
-volume.;, organizadas por FRANCISCO DE Assis BARBOSA, com a colaboração de
MANUEL CAVALCANTI PROENÇA e minha, cabendo-me a mim a tarefa do estabe
lecimento do texto, a forma "cousa" oscila com "coisa" de:;de 1904 até 1922,
no mesmo trabalho, na mesma página e às vêzes na mesma intervenção coloquial
<le uma mesma personagem. As . re:Visfas cariocas do ·tempo documentam,
também, à saciedade o fato, que interpreto como o remanescente de uma possível
flutuação mais geral anterior na área e quiçá no Bra;;il. Hoje em dia , na área,
falando ou escrevendo, empregar a forma não fixada , por exemplo, "tesoiro''
e m lugar de "tesouro" , que é a normal1 é sugerir voluntária ou involuntàriamente . ,. um matiz lusitanizante. . ·
25 011
25012
Com relação ao ditongo (i4), observar o que é dito em 200301.
O ~itongo (15) J'upra, na irea carioca e quiçá na quase totalidade
do território brasileiro, nas camadas populares se reduz, em qualquer situação,
grave ou aguda, a [~]. Processo inteiramente paralelo ao consignado em 25.7
..rupra acarreta , em formas rizotônicas de verbos que o devessem;ter, uma "regu
larização", cuja conseqüência é a existência, na área , de formas como "estoras"
[(e')(i')~ór'aÚ por "estouras" [(e')(i')~ówr'a'iJ, e assim em verbos como . \. . . u " "d " (" - d 'I I " ) " " " h " O c t ' agourar , ourar nao ore a p1 u a o o o , pousar , rou ar . 1a o e
.de tendência geral na área, sendo só superado pelo cultos, na expressão cuidada,
porque, mesmo na familiar, lhes ocorre, desde que o verbo seja de curso populal.'
-o que não se dá, por exemplo, com "louvar", na área preferentemente "elo
giar".
25 o 12 01 Ver, a respeito, o que é dito em 22 o 7 o 3.
25 013 O difongo (16), nos indivíduos cultos idosos, nos vocábulos de
i ntrodução ou curso erudito, é pronunciado como hiato, em proparoxítonas,
·"flúido, gratúito, intúito, circúito", melhor, [flú'id'u], [gra'tú'it'u], tf'tú'it'u},
-288-
(si'r(r)kú'it'u]- a exelY!plo do que, canônicamente, é preconizado para "drúida". . .. isto é, [drú'id'a]. Nas camadas populares, dois dêsses vocábulos, pelo menos,
apresentam pronúncia com ditongo crel.cente, "gratuíto" e "(curto) circuíto",
[gra'twít'u]. [si'f(f.)kwít'u]. Mas as camadas cultas regularmente, em situações
tensas ou distensas, pronunciam-no como ditongo decrescente: [gra'túyt'u],
«'túyt'u], [si'r(r)kúyt'u] , [flúyd'u] como [de'('J i')Ykúyd'u] . . .. 25.13 O vocábulo "muito" (CJ • .rupra 17), na expressão popular distensa, ,
assume a forma [mt't'u]. sem o ditongo, raramente, salvo quando o vocábulo é ' • 11 • l i 1 1 • l i ;:::, 1 ,.!,v ~ - ,! AJ prochbco, CJ.g. , mmto bem , mmto bom , a saber, [mutu bey). [mutu'bo(a w)],
forma que parece muito generalizada na área nortista e nordestina, pelo menos,
sendo na oriental, pelo menos em seção sua, [mii'~u].
26. O Ditongo.r e.rtáCJei.r intraCJocabulare.r decre.rcen fe.r proclftico.r. São os seguintes., na área:
(1) [ay'] - abaixar, encaixar, alcaidio, alvaiade
(2) [~y'] - painel, apainelado
(3) [aw' ] - cauteloso, acautelar, automóvel, caução
(4) [~y'] - leiloeiro, freirático , deidade, eivado
(5) [~w'] - europeu, feudalismo, eutanásia
(6) [?y'] - afoitar, abiscoitar, apoiar
(7) [gw'] - roubar, tourada, mourejar
(8) [uy'] - fluidez , gratuidade, descuidoso, cuidado
(9) fuY''J - muitíssimo
-26. O .1 Em verdade, cotejando-se os ditongos da série numérica anterior.
25. O, com os da presente, e tendo em vista que, nos derivados, a primitiva
sílaba acentuada, se colocada imediatamente antes de acentuada, não se suba
centua apenas, mas torna-se, realmente, proclítica (ver 5.3, 5.3.1; 7.3, 7.'3".1;
8.3, 8.3.1; 9.3, .9.3.1; 11.3, 11.3 . 1; 12.3 e 12.3.1 etc.), a série acima fica _N 11 -· • 11 _,..~ ,rf< _N 11 - • 11 -,..JI , ' alargada: [ay1-· ca1brmha [kay'bnvJn'a]; [aw']- paoze1ra [paw zeyr a]; , v •
[~y'] --; "papei~inhos" [pa'pry'zí~!)'u~]; [ê'y] -; "armazenzinho" [a'f(~ma,. zêy' zÍVJn'u]; [ew'] - "chapeuzinho" [~a'pew'zíGJn'u]; (oy'] - "anzoizinhos" v, L L V , ~·
[ã'zoy'z:G}n'u'(J; (õy'] - "razõezinhas" [r(r)a'zõy'zí(lín 'a?;J. Destarte, passam .. v • .. ""
a dezesseis, como os anteriore.,, menos [íw] (e por conseguinte [iw']), que parece
ser um fonomorfema exclusivo da terceira pessoa do singular dos verbos da ter
ceira conjugação.
26.1 Com relação ao ditongo (1) .rupra, ver, mufati.r mutandi.r, 25 . 1, mas.
notar, lá como aqui, que tipos como "envaidecer" ou "ensaiar" não sofrem.
reduções, nem nas forma::. arrizotônicas, nem nas rizotônicas.
-289-
26.2 C<UU relação ao ditongo (2) .rupra, ver, mulali.r muiQ,ndi.r, a parte
inicial de 25 . 2.
26.3 O dàongo (3) apresenta, por v~zes, na área, reduções prov~velmente
alheias a da, de alienígenas quiçá, tal o caso de "saudade" [sgfdá~'il ou de
"automóvel"- em b~ca de indivíduos falantes de baixa cultura e em expressão
fortemente distensa. O último vocábulo pode, de fato, ser ouvido já como
(afr(r)tofmóv'i], já como [oftofmóv'i]. já como [ofr(r)tofmóv'i]. respectivamente • • • ~ • • L. • •• • "
de "altomóvel", "automóvel" e "oltomóvel", a primeira uma ultracorreção com
suas conseqü~ncias e a última um cruzamento com as suas conseqü~ncias - tudo
.rub cen.rura.
26. 4 O ditongo (4) apresenta as mesmas características referidas em 25 . 7
Dessa forma, na expressão distensa familiar e nas camadas populares, vocábulos "l .1 · , "c · t , u c · · , u h · , - (1 fl f, ' ) (c f L?,') como e1 oe1ro , 1e1ran e , Ie1re1ro , c e1roso sao ~ u t;r u , ~~ ra. 1 ,
[fefrér'u], [iefróz'u], assim como em tôdas as formas arr.izotônicas de verbos . . . . do lipo "enfileirar", "inteirar", "cheirar". A realidade, porém, é que as redu
ções d~sse ditongo, tanto na série acentuada (25. 7), quanto nesta, proclítica ,
parece condicionada à ambiência fonológica. Com efeito, em "peito", " jeito",
"feito", "maleita", "desfeita", a3sim como en1 "peit~r", (e, pois, nas forma <:>
rizotônica.,; e nas arrizotônicas), "ajeitar", "desfeitear", não se dá a rcduçi:o ,
em quaisquer camadas. Com mais razão, não se dá em vocábulos de curso culto.
26.5 Com relação ao ditongo (5) .rupra, por ser caráter erudito, pouco
há que comentar. Nos vocábulos como "eu", "meu", "teu", "seu", já quando
proclíticos, já quando acentuados, e também nas formas verbais como "deu'",
"deveu", "entendeu", "percebeu", sua estabilidade é notável na área. São .. 'ld c 11 , li ""t '('''] ocasionais e ISO a as xormas como oropeu ou cropeu , 1s o e, ~r~ p~w ,
[ f f ' ] " " d d · lt c t 1 "O " t; r? _p~w , por europeu , e as cama as meu as, wrmas que pos u am ropa
ou "Eropa" - que também ocorrem na área e cujas características isoladas
não permitem sua inclusão numa tendência mais geral, antes presumem ultra
correções.
26.5.1 Com relação ao ditongo (6) .rupra, ver, mulali.r'mulandi.r, 25.10.1~
26.6. As formas arrizotônicas daqueles verbos, assim como os casos abo
nados .rupra, de "roubar", "tourada", "ousado", "pousada", são todos, nas
camadas populares assim como na expressão familiar mesmo tensa com [«?flr l d [ I 1 c 'I b "d 11 11 11 li ,. f em ugar e gw , mesmo em 10rmas monoss1 a as como ou , sou , vou
isto é, [dó] ou [do']. [só] ou [sof]. [vó] ou [vo'] (consoante sejam "absolutas" . . . . . . ou proclíticas com sílaba acentuada seguinte imediatamente, pois, se não, serão
[do], [so] e [vo] ). . . .
·- 290-
26.6.1 Com relação ao ditongo (8) J'Upra, ver o que se disse sôbre a flutuação
de sua estrutura em 25 .13, nas palavras de curso ou introdução erudita. Essa
flutuação parece ser uma das causas, senão a causa, da flutuação na área de
sua estrutura, também quando proclítico, consignando-se, em tôdas as camadas
em que usados os vocábulos, duas pronúncias, [fluy'd~yt} ou [flwi'd~y~, [gr~'tuy'dá~'i] ou (gra,.twi'dád''i], [pi'tuy'tár'ya] ou [pi'twi'tár'ya]. Mas, por
exemplo, "cuidado".só apresenta [kuy'dád'u], pois a forma {kwi'dád'u], quando
ocorre, é' em bôca de alienígenas à área, em geral aloglotas.
26 .. 7 Com relação ao ditongo (9) .rupra, ver o que já se disse em 25. 13 -
Caberia acrescentar que, além da forma "muitíssimo", único exemplo invocado J: d' 1 • 1 [ NN{') I f' \ ] • ld' [ N 1'"ilt I f' ' ] .rupra. com sua 1orma or mar1a na area muy f 1s !m u e ep1so 1ca mu 1s ~m u ,
há outra, que é a de "ruindade", A forma de que se origina, "ruim", é na área,
entre cultos, canônicamente, f!(f)uliÍ ou ff(f.)w'fi, mas, em linguagem fa"}iliar,
mesmo tensa, e nas camadas populares, é, via de regra, [f(f.)úy] ou [f(j)uy]. A
forma popular parece regressiva de "ruindade", que apresenta, por sua estrutura,
inevitàvelmente as seguintes pronúncias coexistentes: [~(f)u'i!dád'i], ff(f)uy'
dád''i}, [f(f)~y'dád''i] e [f(~wi'dád''i]. Ã list~ de 26.0 haveria, pois, .como
acrescentar os ditongos [uy'] , [w~] e quiçá uma decorrência dêste, de difícil - I t' \ l t . t t bl I ["""''] A percepçao acus 1ca, mas poss1ve men e ex1s en e tam. em na area, w1 .
palavra "ruína", que na área ocorre entre cultos canônicamente, a saber,
[f(f)u'~n'a] ou [f(f)wín'a], também apresenta, entre semicultos, uma ultracor
reção, f!cy)úyn' a], cuja formação parece ser inteiramente comparável, através
dF "arruinar", que, como seria de esperar, apresenta na área as seguintes pro-
núncias coexistentes: [a'f(!,)uTnáf(!)L ~a'f(f)uy'náf(r)l e [a'f(~)wrnáf(~].
27. O Ditongo.r utáPeÍ.r iniraPoc~bularu decrucenlu enclítico.r
Só ocorrem em sílaba inacentuada final de vocábulo, seguida ou não de
.:_.r (gráfico), e são os seguintes:
(l) ['ã~] - amavam, diziam, Órgão, zângãos
(2) [' ~y] - amáveis, louváreis, volúveis, pênseis
(3) ['ê'YJ - salsugem, roupagens, linguagem
( 4) [' ?Y) - . álcoois
Zl.l Dentro das tendências da deriva ma1s popular, na área carioca,
como, ·aliás, ao que parece, em todo o território brasileiro, nas camadas incultas,
•
-291-;
todos êsses ditongos tendem a reduzir-se, a saber, com os mesmos exemplos
.abonados supra: [~r(f)g'u], [~'máv'a] (i.sto é, terceira pessoa do plural, donde,
-quiçá, [z~'máv"a] - forma que talvez tenha sua explicação morfológica, a que
. não será, porém, estranho· o fato fonético geral), [li' gwá~'i]. [álk'u] ou (ár(r)k'u] ... .ou mais extensivamente (áwk'u], quando o vocábulo está no curso popular.
27.2 Assiste-se, porém, na zona urbana a uma recuperação dêsses ditongos,
mesmo nas camadas pouco letradas, inclusive com o -.r (gráfico). ·É nessas
.camadas que se verifica uma ultracorreção com o ditongo (2) .rupra, consistente
em transformá-lo em crescente, a saber, "fácies" (por "fáceis"), isto é, [fás'yi~J.
27.3 Na expressão culta são todos êles realizados segundo a descrição
..rupra, salvo, por seu caráter isolado, "álcoois", que ocorre tanto na forma,
.digamos, correntia, [álk'!?'<?YÚ quanto. numa forma bem _falante [áÍk'<?''lyt] •
.quanto na.l! correspondentes, familiares distensas de cultos, [álk'<,>y{] e [áÍk'~y(]
28. O Ditongo.r e.rlávei.r inlravocabulare.r cre.rcenle.r acenluado.r
São, essencialmente, os seguintes:
(1) [ wá] - quatro, quase, esquálido, guarda
(2) [ w~] - guano, equânime
(3) [wã] - guante, quando
(4) [wé] L
(5) [w~]
(6) [wi]
(7) [ wí}
(8) [wí] '.;:
(9) [w1]
(10) [wó] L
- qüeba, qüera, rastaqÜera, inqÜ!rito (ou inquérito)
- lingüeta, qüinqüênio
- freqüente, aguenta
- lingüista, lingÜt~tica - equmo
-argüindo
- quota
28.1 Os ditongos acima referidos , quando em situação antenasal, tendem
à nasalização, mas em grau muitíssimo menor nas palavras de nítido curso
erudito.
28.2 Na área, é freqÜente ocorrer o ditongo (7) .Jupra nas formas rizo·
tônicas de "aniquilar", v. g ., [<!-'ni'kwíl'u]. assim como nas arrizotônicas de
"extinguir", "distingu}r", a saber,. [~~)(i')r?i'gwíf(f)J. rd'd?i'gwíf(f)J, e decor
rentemente [(e')(i')~1'i"g'wu]. [d' i't?fg'wu], etc • . 28.3 Inúmeras palavras eruditas com os ditongos acima referidos podem
apresentar-se sem êles, v. g., "qüinqÜênio", que tanto ocorre como [kwi'kw~n'yu l .quanto como [k~k~n'yu].
-292-
28.4 O ditongo (lO) .Iupra é restrito ao vocabulário culto e sua redução
a [ó] é fato externo ao fonetismo da área, donde, em verdade, serem sincre-4
tismos formas como "quota : cota".
29. O Dilongo.I uiávei.I inlravocabulare.t crucenlu proclftico.I
São, essencialmente, os seguintes:
(1) [wa'] - quadrado, quadrante, guardar, guardador
(2) [ Wéf' j - equanimidade, guanaco
(3) [wã'] quantidade, quantioso
(4) [wç'] qüinqüelíngue, qÜinqÜenal
(5) fwe'J - freq;;entar
(6) [wi'] - eqüidade, eqüitativo
(7) [wj'] - eqÜimúltiplo
(8) [wi'] ''A - qumquemo
(9) (w~'] - quotizar, quociente
29.1 Do cotejo da presente s~rie com a referida em 28 .0, v~-se que
tão-somente o ditongo (4) daquela é que não ocorre na posição ora em apr~ço,
o que, entretanto, é possível em vocábulos derivados dos portadores daquele
ditongo de tal modo que, em decorr~ncia da derivação, a primitiva sílaba acen
tuada fique imediatamente antes de sílaba acentuada, v. g., "qÜ:ebinha", isto é,
[kwe'bín'a]. L u
29.2 As obc:;ervações referidas em 28 .3 e 28.4 cabem, mulali.I mulandi.I,
aos · ditongos presentes, assim como as em 28. 2, 28 .1.
29 .3 Além das flutuações cultas do tipo "equidade: equidade", consigne-se,
especialmente, a relacionada com a palavra "questão", muito freqÜentemente
pronunciada na área , em quase todas· as camadas e tensões, ora como [k~'~tã$] 11 , "' ora como [kwc;'stãw ].
30 . Dilongo.I ulávei.I infravocabularu crucenfe.t enclt~Íco.I
São os seguintes:
(I) ['wa] ,
légua, ,
trégua - agua, magoa,
(2) ['wi] - équites, bilín~ue, ,
apropmque
(3) ['wo] - alíquota
(4) ['wu] ,
oblíquo, iníquo - apwpmquo,
30.1 Na área carioca, mesmo na dicção requintada e artificial, não ocorre,
modernamente pelo menos, o caso de diérese no· ditongo (1) .Iupra, ainda em
.se tratando do vocábulo . "mágoa".
-293-
• 30 2 São assistemáticos e talvell: ocorrentes apenas em indivíduos estranhos
à área os casos. nos vocábulos de curso popular. em que, na expressão distensa
e popular. se verifica a metátese (ou l:tipértese, como quiserdes ) do ditongo
(I) }upra. v g. "auga", "léuga''. Os demais ditongos pertencem ao fonetismo
culto da língua e da área tfou tendem na expressão familiar. quando empregadoc
-os vocábulos em que ocorrem, a reduzir-se, tal o ditongo (4) .rupra, v g. [!'ník'u],
[~'blík'u) . ou apresentam flutuação de sincretismo, v g, no ditongo (3) Jupra
Ja'lík' çt'a J. 30 3 Os seguintes ditongos intravocabulares crescentes enclíticos nlo sã_o1
na área. entre cultos. taxativamente estáveis . porque na expressão requintadl\ e
artificial. sobretudo lida. podem por vêzes . ocorrer como hiatos:
(I) ['ya)
(2) ['yi)
(3) f'yu]
vária pária, glória . pátria
cárie fácies barbárie
vários, tório, cério, lírio
• 30 4 A série .rupra, a rigor, pertencem vocábulos do tipo "idônea", 'ebúr-
" '' 'I " "'d' " ~~ b' " ~~ 'I " d't (l) (.,) nea , ceru ea : 1 oneo . e urneo , ceru eo , nos 1 ongos e v •.rupra,
embora. por ação poss1velmente reflexa do fato gráfico, as ocorrências de hiato
são em número ligeiramente maior, havendo mesmo, em situações muito arti
ficiais, pronúncias do tipo [i'd~n'~'..u].
30 5 Os ditongos discriminados nas séries referidas em 30 O, 30.3 e 30 4,
quando finais de vocábulo. podem, a rigor, ser considerados "finais" e não
"enclíticos", merecendo, assim, a notação, para · exemplificar com um só, o
ditongo (1) da série 30 O, rwa]. em lugar de ['wa).
31 O Tritonqo.r e.rtávei.r intravocaqularu acenluarlo.r
São os seguinte;;:
(1) [wáy) - paraguato, uruguaw, guato
(2) [wã~] - quão, saguão
(3) [w~y) - avenguets, apropmquets
(4) [w<;íy) -saguões
(5) [wgw) - obliquou, avenguou
31.1 O tritongo (5) .rupra apresenta a mesma tendência do diton~o estru
turalmente afim [ów]. a saber, a tendência à redução; e essa redução, nas
situações distensas, chega não apenas a [wg]. mas mesmo, como o ditongo,
a [ó], tal"averiguou", que apresenta as três tensões seguintes- [a've'ri'gwówJ, . . . .
(a'•~'ri'g~] e [a'v~ri'~}. Mas, dada a natureza do vocábulo, as camada~
que normalmente dae fazem uso respeitam a primeira forma citada.
31 .2 Na área carioca. mas fenômeno possivelmente com alcance muito
mais geral no território brasileiro. o tritongo (1) .rupra, seguido de vez. apresenta.
um iode fmal dúplice. a segunda parte do qual pertence para a voz final; isso
se verifica, aliás, mesmo quando êsse tritongo passa a proclítico. pelo que po
demos figurar tudo com o presente do indicativo do verbo ... "guaiar": [gwáy'yu J: fgwáy'ya~'L [gwáy'ya], [gway'y~m'u~J. [gway'yáyÍ], [gwáy'yãw].
31 3 Da observação da parte final do número anterior. depreende-se quer
na área carioca e com possível extensão em grande parte do território brasileiro.
há, estàvelmente, ' pelo menos dois tritongos mais: - [yáy] - que ocorre em.
ve:rbos como "ensaiar", "vaiar". "caiar", "raiar". etc.. além do já citado
"guaiar", na 2.a pessoa do pluraJ do presente do indicativo . [ê'(i'')say'yáy~]. [vay'yáy~]. [kay'yáy~]. [f(r)ay'yáy~]; e - [y~y] - que ocorre nos mesmos
verbos, na 2. 6 pessoa do plural do presente do subjuntivo. [ê''(i')say'yéy(j,
[vay'yéyt], [kay'yéy~]. [r(r)ay'yéy~]. [gway'yéy(]. Por via de conseqÜê~cia, . . . .. . . digamos assim, nos substantivos do tipo ''baião", "saião" e respectivo plural,.
t 'b ·- " tt ·- 11 d • 't ' • [ ,! NJ • awes , sawes, outros OIS tr1 ongos estave1s ocorrem: - yaw - "· g. · ~ I " " v.: f o
[bay'yãw]. [say'yã~]. e - [yõyl, e "· g., [bay'yõys]. ,[say'yõyf] .. Por fim, o-
vocábulo "paiol'~. pelo menos, no plural. apresenta um tritongo estável na
área,- [yóy] --, "· g., [pay'y~y~. Donde a segqinte série de tritongos estáveis
intravocabulares acentuados com iode inicial - salvo omissão - :
(l) [yáy]
(2) [y~y] ~1\J
(3) [yãw] , (4) [yõy)
(5) [yzy]
- gua1ats, va1ats, ca1ats . . . . - guauts, va1ets. cauts
- saião, baião
- saiões, baiões
-paióis
em que não se -me especulará. espero, o fato de haver, na exemplificação, su
blinhado tão-somente duas letras- .. .
32 O Tritongo.r e.rtá~Jei.r inlra~Jocabulare.r proc!t1ico.r
Parece não havê-los, mas havê~lo, e o seguinte- salvo omissão-: [way'] . , P. 8·, uruguaiano ..
32. 1 O desdobramento do iode, como apontado em 31. 2, ocorre no caso
presente.
-295-
32.2 Tem provável causa fonética e morfol6gica o sincretismo existente
aa língua e vivo na área, embora episooicamente, mas com sabor de ser merente
a ela, em palavras do tipo "goiaba : guaiaba", "goianás : guaianás". "goitacás.
: guaitacás"; "guaiamum : goiamum". O sincretismo deve provir de uma
flutuação de pronúncia dos povos indígenas habitantes da área litoral, tupis-gua
ranis, e a razão fonética deve estar no isolamento do tritongo, pràticamente
sem existência na língua se não antecedido de [g], estabilização que se logrou
apenas em dois topônimos sentidos como estrangeiros e seus derivados, isso na
expressão culta, em que terá interferido a lexicografação rígida a que se tem.
assistido na língua . . .
32 .3 Dos tritongos acentuados relacionados em 31.0 e 31.2, se em vocá
bulos derivados e se antecedentes de sílaba acentuada, podem vários passar a
Üt• • 1 " • h " • t ' [ I I I ' ' l H -proc Icos, seJam exemp os paragurun o . 1s o e, pa ra gway Y!O u ; saguoe-
'nh " • t 1 l I -"'I 1
\ V] "b ·- • h " • t 1 [b I _W I 1 'ui "b ·-ZI OS , IS O e, sa gwoy zn~ US ; aiaozm O , lS O e, ay ya W Z,l!} ; alOe-
. h " • 1 [b 1 -"'I 1
' "1 11 •' • 'nh " • t , [ I I I ' \/.] ZJn OS , IStO e, ay yoy ZHJ US , e palOlZl OS , lS O e,, pay y~y Zl~ uS I.
33 . O T ritongoJ' e.rtáveiJ' inlravocahulare.r enclt'ticoJ' ou f inai.r
São os seguintes, atentas as observações feitas em 31 . 2, 31.3 - e salvoomissão
(1) ['wê'YJ ,
apropínquem. I avenguem, enx!lguem (2) ['wã~] averíguam, apropínquam, enxáguam (3) ['yeyJ - ensaiem, vaiem , raiem (4) ('yã~]
. . . - ensa1am, vaiam, ratam
33 . 1 Escusa lembrar que tais tritongos, porque ocorram em formas.
verbais, quanto ao número e ao modo, não usuais nas' camadas mais populares,.
pertencem em geral ao fonetismo culto da área.
34. O HialoJ' com poJpOJ't'tiva acentuada
Há - salvíssimo omissões - pelo menos os seguintes intravocabulares,
não havendo, segundo ritmo, tensão ou <;adência, um único de que se possa.
dizer estável:
(1) [a' á] graal
(2) [il'4J caama
(3) [~~ãj araã, c9ã
(4) [a'{J aéreo
(5) [a'~] - baeta
(6) [a'iJ paráense, paranaense
m l~'ê'J maenga
(8) [a'í1
(9) [a'í]
{10) ra1J (ll) [a'ó]
I.
(12) [a' §.1 , {13) [a'õ1
(14) [a'ú]
{15) [a'tn
(16) [~'á]
{ 17) [~'41
(18) [~'ãl (19)
(20)
(21)
[e' é) • I.
[~'~]
[~'il (22) r~'íl
(23) [e'í]
{24) [;~ (25) [e'ó] . ~ (26) [~'91
(27) [<;'õ]
(28) [<;'ú 1 {29) l~'\tJ C3o) r~(ál
\31) l!('41 , (32) [e'ã]
' (33) [1(~1
(34) [e'é) I. •
{35) [e'il L
(36) [e'í] L
(37) ri'D ,4
(38) [e'i] "' (39) rr'il
{40) [1('91 {41) [e'Õ]
~
(42) [e'ú] I. ~
(43) [e'líJ I.
{44) [i'á]
-296-'
- cafdo, esvat~o - rainha, bainha
- caindo, ainda
- caótico, aorta
- caolho, aônio
-aonde
ataúde, a~me, graunha
maunça
reajo, reato
- acreano, peanha
preando, geando
reergue
- geena
- pre2nsil
- alde!do I'
- casetna
- het~sia
- beócio
- reômetro
leônculo
- retine, reurde
- deunce
- pré-árico
- pré-âmago
- pré-anglos
- pré-ético
- pré-êxito
- pré-2mbolo
- pré-istmn
-.pré-imo
- p·íé-indico
- pré-ótico
- pré-osco
-pré-ombro
- pré-útero
- pré-âmbrico
- criada, piada
-297-
(45) [i'4l - piano, liame , (46) f!'ã] - piando, iambo
(47) [i'fl - aquieto, viés .
(48) [i'~] - tiê, criemos
(49) [!'i) - ciente, audiência
(50) [i'í] d 'ct. f.;. - u nco, russ1mo, it~iche (SI) [i'í] - friinho, miina
<s2) n~ - friim
{53) [i'?l - piós, iodo
(54) [i'<? l - piolho, piorra
(55) [i'Õ] - hediondo, ionte
{56) [i'ú] -miúdo
{57) f!'lt] - mtunça, triâmviro, triunfo
(58) [o' á] -coacto·
(59) (o'~) - coano
{60) [<;>'.ÍJ - coando
(61) [o' é] . ~ - coéforos
{62) [<;>'~) - coelho
{63) [ç>'il - poente
(64) [ç>'í) - rot~o {65) [o'í) - benzoiria, moinha (66) r;~n - sotm
{67) [ç>'~l - coorte
{68) [ç>'q) ' . - moon1a
{69) [ç>'Õ) - laocoôntico
(70) [ç>'ú] - CO-U!:O
~ {71) [c;>'u) - co-úmbrico
{72) (~'á) - pró-árico
{73) [~'41 ~ pró-~nodo , {74) l?'ã) - pró-anglo
.(75) [~'~) - pró-ética
(76) [~'~) - pró-êrro , {77) [o'ê') • - pró-êmbolo {78) [o'í] ó ; . . , - pr -tstmtcos {79) [o'1] - pró-t~dicos
L
{80) !?'~] - pró-ópera {81) ftqJ - pró-osco
298-
, (82) [?'õ] pró-ombro
(83) [o'ú] pró-útero " , (84) [o'U'] pró-úmbrico
~
(85) [u;á] acuada
(86) [u'~J buama , (87) [u'ã] acuando
(88) [u'il cueca, sueca
(89) [u'~] recuemos
(90) [u'i] duende, cruento
(91) (u'í] • I - p1twta . putr
(92) [u'í] " sumo
(93) [u~ influindo, ruim
(94) [u'ó] L
suor, duóbolo
(95) [u'9J acuômetra
(96) [u'ú] acuuba
(97) ,.& [u'ul dwfnviro
34. 1 Em todos os hiatos acima figurados cuja pospositiva fica em posÍção
antenasal, a nasalização dessa pospositiva é maior ou menor na medida em que
o curso do vocábulo é maior ou menor nas camadas populares. Predominada
a· nasalização, a decorrência, via de regra, é que a voz proclítica antepositiva
tende para o fechamento. Destarte, o hiato (2) .rupra passa à ordem do (3}
.rupra, e assim também os hiatos (9), alguns dos casos de (14), o (17) , o (20),
9 (23), alguns dos casos do (28) , o (45) , alguns dos casos do (48) , o (51) ,
o (59), o (65), o (68) , o (86) , o (89) , o (92) , o (95).
34 . 2 No hiato (6) .rupra, que parece ocorrer só em gentílicos do tipo
citado, o timbre aberto da antepositiva ocorre na expressão tensa, na área ca
rioca; de outra forma , via de regra passa a (7).
34.3 No exemplo do hiato (13) .rupra, a prepositiva, na expressão enfática.
ou tensa, é por vêzes pronunciada aberta , por visível consciência da composição
vocabular.
34 . 4 O hiato (44) .rupra postula a questão do timbre da voz [i] e [7] anterior
à vogal temática, nos verbos da primeira conjugação, tipo "criar" , "odiar",
"aliar", de um lado, e tipo "passear" , "rodear", "corcovear" , "medear", "cear"
- e sobretudo os casos de homofonia, quase-homofonia ou pseudo-homofonia.
como "cear : ciar", "afear : afiar", "arrear : arriar". Na área carioca, na ex
pressão culta, é ponto pacífico a conjugação de ambos os tipos: a) "crio, crias,·
-299-
cria: criamos, cnais, criam'' isto é [kríy'yu]. [kríy'ya~]. [kríy'ya]. [kri1~m'u~i [kri'áy'§]. [kríy'yã~]. sendo que as formas arrizotônicas, além da. gradação
alternativa da nasalizaç'io quando a pospositiva é antenasal, apresentam também
por vêzes o prolongamento do iode, a saber, [kriy'y~(ã')m' u~]. [kriy 1yáy(], sendo
o prolongamento do iode nas formas arrizotônicas típico das situações enfátical>;
b) "passeio, passeias, passeia, passeamos, passeais , p~sseiam", isto é, [pa 1s~y'yu J. [pa's~y'ya~]. [pa's~y'ya]. [pa'si'~(ã)m'u~'í, [pa1si'áy(], [pa 1s~y'yã~]; o presente
do subjuntivo, normalmente, apresenta-se da seguinte forma: a) [kríy'yi].
[kríy'yis]. [kríy'yi]. [kri1~m u~']. [kri'~yt]. [kríy'yê'y']; b) [pa1s~y'yi]. (pás~y'yi~~ [pa 1
, , '] [ 1 'I, , v] [ 1 ., , "'J [ , , , "'"" A r · tA • , s~y yi • pa SI 7m us , pa SI ~ys , pa s~y yey J· s rormas arnzo omcas, porem, não
apresentam em tôdas as camadas e em tôdas as situações a regularidade pos
tulada pela canônica gramatical. A realidade parece mais matizada, consignando,
,para os verbos em -ear, além de uma .forma vis~velmente ultracorreta, do tipo
[pa's~y'y~m'u~]. duas outras, a saber, [pa's~'4m'ur] e [pa'si14m'u~] - tomadas
as três como meros esquemas. A última ocorre regularmente em todos os verbos
de curso popular ou de grande curso, com comportamento igual, desde as ca
madas populares até as mais cultas, pelo menos no que tange ao hiato que nos
preocupa. A penúltima , entretanto, ocorre a) em verbos de curso menos fre
qÜente- o que torna acintosa a influência da forma gráfica-, "enleamos: en
leemos", "coleamos : coleemos", isto é , (~t') le 1ám'u~]. [ê'ã')le1ém'u(] , [ko1le 1
~m'u~, [k9 1 l~'~m'u(J , b) em verbos em que, ~a· consciência Íi~gÜística be:U
falante mas temerária de ambigi.iidades, há formas por distinguir, uma das
quais , via de regra, de curso restrito , v. g., "afeamos : afeais" (para distinguir
de "afiamos : afiais"), "arreamos : arreais" (para distinguir de "arriamos :
arriais") , "vadeamos : vadeais" (para distinguir de "vadiamos : vadiais"), a
saber, [a'fe1ám' u~] (e [a 1 fi'ám'u~]). [a 1r(r)e 1ám' ur] (e [a'r(i')i'ám'u(] ). [va'de'
~m'ur] (e lv~~~i'~m'u~] ); ;) em verbo;~~ .que a antepo~i~iv~ do hiato ocor;e
na primeira sílaba , v. g., "peamos", "preamos", "ceamos", "gear", isto é,
[p~'~m'ur]. [pr~'~m'uiJ. [s~'ám'u~']. [i~'áf(f.]. verbos êstes em que o pnmeiro
esquema, o reputado ultracorreto, ocorre com muita freqÜência .
.34 . 5 Os exemplos relacionados de (30) a (43) e de (70) a (84) valem mais
como tipos potenciais na língua , pelo menos de curso erudito.
34.6 O hiato (62) J"upra sugere, por afinidade, formas verbais do tipo
"esvoeja", e estas, de um modo geral, a questão do timbre do (~] em verbos
da primeira conjugação, do tipo "alvejar, bocejar" (exceção canonizada e reS
peitada na área, por estar dentro da própria deriva, como se verá, "invejar"},
uaparelhar, espelhar" e "fechar". Tais verbos, para os quais a canônica grama·
- 300 --
tical prescreve uni [~] nas formas rizotanicas, são, nas pessoas bem falantes,
assim conjugados na área. Entretanto, na expressão distensa a familiar, mesmo
entre cultos, é freqÜente a "regularização". do timbre no cânon geral do tipo
"pegar". Conexo com êsse fato da expressão distensa, o qual representa um
extremo da regularização, há o dos verbos do tipo "beijar, deixar, enfeixar",
isto é, com o ditongo [~y] onde os anteriormente t~m a voz [~ ]. Ora, como ;á vimos, êsse ditongo, na expressão distensa , tende, monnente nas situações confi
guradas, quando seguido de palatais, a reduzir-se a lt;l. donde decorreria,
aparentemente, uma situação geral do tipo "pegar : alvejar : beijar", isto é
{Pt;'gáf(f.)J : [a1v~'láf(r)] : ~'(áf(!)J. Entretanto, a "regularização" não é
total e tais verbos, em verdade, jamais apresentam nas formas rizotônicas
um (é], mas sim o próprio ditongo [éy] - entre cultos [béy~u]. [béy~'asl, L • • •
e.tc. - ou [~] nas camadas populares ou no familiar distenso, a saber [bfot'u},
~t'•as], [béi'a], [be'~m'us], [bé~ã~], [déK'u], [déK'as], [déi'a], [de'~m'us], [d~~ã~}. • • • • • • • •
34.7 Nos hiatos com pospositiva acentuada, consoante seja o grau de
tensão com que se externem as pessoas cultas da área e consoante seja o ritmo
e a cadência da cadeia falada, podem ocorrer as seguintes ordens de fenômenos:
a) o hiato mantém-se na sua estrutura regulat-;
h) verifica-se a ~xtremação do timbre da prepositiva inacentuada;
c) verifica-se ditongação ou sinalefa;
ti) os elementos vocálicos do hiato se fundem numa voz longa ,
ou dúplice;
e) ocorre elisão da prepositiva inacentuada;
f) há , por fim, em certos casos, uma redução a brevíssima da prepo-
sitiva inacentuada, de maneira que ocorre uma como que ditongação, ou pelo
menos uma transposição compensatória de quantidade - duração - vocálica,
cujo somatório parece dar o sentimento de que as duas vozes se estruturam
dentro ·de uma só sílaba e assim funcionam no ritmo da cadeia falada. Essa
transposição compensatória da quantidade se caracteriza, ainda, não apenas
pelo fato de que a prepositiva inacentuada se abrevia , mas ainda pelo fato de
que a pospositiva acentuada como que fica mais acentuada ainda , seguida como
que de uma pausa ou acento de insistência. É óbvio que se está ante uma des
crição precária, por seu caráter exclusivamente acústico.
-301-
34. 7. 1 As ordens de fenômenos consignados não são exclusivas, com o
ficou dito. Os hiatos em causa, pela tensão, ritmo ou cadência, podem de fata
resolver-se nas seguintes combinatórias:
I) a - b - c
2) a - d - e
3) a - f
34.7 .2 Estão no caso (I) os seguintes hiatos:
A B
(16) [f(f};' á~'u 1 [f(f)i' á~'u 1 (17) [a'kre'án'u1 .. [a'kri'~n'u]
(18) [pa's~'áv'a] [pa'si'áv'a]
(19) [ so'bre' ér(r)g'i] • • 1.' .. [s<?'hri' gc~)g'i1
(20) [f(f)q' d~' ém' u~ [f(f)ç'd i'~m'u(] ,6 ,
(21) [kõ' pr~' ed 'u] [kõ'pri'ê'd' u]
(25) [sg'br~'~s'u] [sg'bri' <?s'u 1 {26) [so'bre' ós'u~] [ so'bri' ós' u~]
• I • L • L
(27) [l~'õk'ul'u] [l(Õk'ul'u] (28) [f(f)~'ún'i1 n~r', ,.1 r~ l unI (29) [ trã' z~'d? 'i]
,. [ trã' zi'uP 'i 1
(30) [pre' ár'ik'u) L
[pr~' ár'ik'u] a
(43) [pre'í1br'ik' u j ~ L
[pr~'ubr'ik'u]
(44) [pi'ád'a] (45) [pi'4n'u] (46) [a'li'.Íd'u] (47) [ki'ét'u]
I.
(48) [kri'~m'u(] (49) [aw'd' i'is'ya] (50) [J i'ídr'u] (51) [fri'Jg'u] {52) [fri1] (53) [/J i'?t'a) (54) [pi'ç}~u1 (55) [~'J' i'Õd'u) (56) [mi'úd'u}
[f(i.)yá~'u1 [a'kry~n'u1
[pa'syáv'a1
c
[ so'bryér(r)g'i 1 • L • •
[fCf)ç'd y~m' u~1 ,!, [kõ'pryed'u}
[sg'bry9s'u1
] so'bryós'u(] • I I.
[lyõk'ul'u]
['f(f)yún' i] I
[ trã' zyuf 'i]
[pyád'a1
(py~n'u]
[a'ly.Íd'u1
[ky€t'u1
[kryém'u~ [aw'~ fes'ya1
[d'yídtu}
[fryfB'u)
[fryfl
[i'd yót'aJ L
[py9~'u1
[~'a' yÕd'u l [myúd' u]
{57)
{58)
(59)
(60)
(61)
(62)
(63)
(64)
(65)
(66)
(67)
(68)
(72)
a
(84)
(85)
(86)
(87)
{88)
(89)
(90)
(91)
(92)
(93)
(94)
(95)
(96)
[~'át'u]
[bo'án'a] .. [a'b</t?'Íd'u]
[p~'{t'a]
[~'iv?'~i'a] [po'éP'i]
• L
[m9'íd'u]
[mo'ín'u] [s~~v [ko'ór(r)f 'i] • c. •••
[mo'ón'ya]
[pr~' ~riik'u] l
[pro'Ubr'ik'u] L
.,:._ 302-
, [mi'Üs'a]
[bu'át'u]
[bu'~n'a]
[a'bu'tu'Íd'uj
[pu'ét'a] ~
[ (i')~vu' ~~'a] [pu';?'i]
" [ mu'íd'u]
[mu'ín'u] . ..., [su~ [ku' ~r(f)"P 'i l [mu'§n'ya]
{pr?' ár'ik'u]
[pr<;>'~r'ik'u] [a'ku'ád'a]
[bu'~m'a]
[a'ku'Íd'u]
[ku'ék'a] L
[~(~)~'ku' ~m' ut) [du'i<f'i]
[pi' tu'ít'a]
[su'ín'u] • I
[f{r)u11 [su'ór(i')]
L'"
[a'ku' §m' ~tr'a]
[a'ku'úb'a]
..& [myus'aJ
[bwát'u]
[bwán'a] . , [a'bu'tlwãd'u]
[pwét'a] ~
[ (i')~vw~l'a] m .
[pwet 'i] L
[mwíd'u]
[mwín'u] •V
[sw't]
[kw~~(F,)f'i] [mw§n'ya]
[a'kwád'a]
[bw~m'a]
[a'kwãd'u]
[kwék'a] L
[f(~)~'kw~m'u'í] [d~d'i] [pi'twít'a]
[swín'u]
[~(Ów'f1 . [swói'(i')] ..... [a'kw§m'~tr'a]
[a'kwúb'a]
34 .7 .2 .l Note-se que a série que vai de (30) a (43) é incompleta; pela
natureza do vocabulário correspondente, de caráter erudito e uso quase circuns·
tancial; a "reg';llarização" dos casos em aprêço ocorreria, hipoteticamente,
tomando a situação (b), presentemente final, como (a), donde decorreria, poten
.cialmente:
(30) [pr;' ár'ik'u]
.etc.
A B
[pri' ár'ik 'u]
c
[pryár'ik'u}
303-
34 .7 .2 .2 Nos casos de (70) e (71) se está em- situação comparável à anterior; a "regularização" dos casos ocorreria, hipoteticamente, assim:
A B c
.. ' (70) [k~'úz uJ [ku'úz'u]
etc.
34.7 .2 .3 Note-se, também, que a série que vai de (72) a (84) é incom
pleta, pela natureza do vocabulário correspondente, como em 34.7 .2 .1; como
lá, ter-se-ia, hipoteticamente:
(72) [pro'ár'ik'u] . [pru'ár'ik'uJ [prwár'ik'u] ~ etc.
, 34 .7 .2 .4 No caso .rupra (21), a forma "comprendo", isto é, [kõ'prê'd'uJ,
viva e coexistente com a anterior na área, não entra no sistema consignado,
mas num que adiante se verá, sendo "comprendo", em verdade, forma "regular"
d I( d " ( " d ") e compren er por compreen er .
34.7 .2 .5 No caso .rupra (93), para o exemplo concreto de
26 .7.
11 • ,,
ru1m , ver
34.7 .3 Estão no grupo (2) referido em 34 .7 .l os seguintes hiatos - se
gundo a série numérica de 34 .0:
A D E
- [grJ] (1) [gra'ál] [grãl]
(2) [ka'(~')~(J)m~ a] [k~m~a] [k~m'aJ [k~'mtra] [kãm'aJ
(3) ,
[a'r~'ã] [a' r~'] I
[a' rã]
34.7 .3.1 Os exemplos .rupra são controversíveis a) porque os vocábulos
abonadores não pertençem ao vocabulário usual da área nem são de estrutura
fônica corrente, ou b) porque, empregados episõdica~ente pelas camadas
cultas, não chegam às suas ·últimas conseqüências potenciais.
34 .7 .3 .2 Os casos arrolados sob os números (22), (23), (24), (97), que se
integram nas seqüências referidas em 34 .7 .2, J?Odem, .:a partir de (b), poten ..
cialmente incluir-se nesta série.
- 304- '
" 34 .7 .4 Estão no grupo (3) referido em 34 .7 .l os seguintes hiatos- se·
gundo a série numérica de 34 .0: \!
A .. F
(5) [ba'~t'a] [bl{~t'a]
(6) [pa' ra'is'i 1 ){~ [pa'r es'i]
(7) ~ [ma'eg'a1 ~4 [m eg'a]
(8) [ka'íd'u] [k~íd'u1
(9) [f(f)a'}e'a) [f(f)l{!n 'a 1 u I
[i"(r)ãi'n'a] • • \J
(lO) /
[ka'1d'u1 [k~(d'u]
(li) [ka'~'ik'ul L
[k~<? 1'1.k' u 1
(12) [ka'?fu1 [k~ól'u1 •V
(13) [a'ÕJ\1 [~Õct'i] (14) [a'ta'úJ'i] [a't~úct'i] (15)
,.(, [m~'us'a1
){,.& • [m. us'a1
34 .7 .4 .l Para melhor ilustrar os exemplos (f) de J'upra, forj am-se, a
seguir, redondilhas maiores em que ocorre o fato:
(5) "nestas baetas de algodãou
[ner ta't L
bv, a e
(6) "dois paraenses de alto bordo"
g9(ü)'
v,!, rae , . ..,
s l:t a>y.à t'u bór(f'l L • !,1
{7) "por então me disse maenga"
(8)
1(9)
(lO)
[pu' ""'} n t.t.v aw
., ml 'Jí
" estava caído na outra banda"
fstà '*a' kv' d'u u,
a1 naow . "é uma rainha da bondade"
[ew ma' --v,có n'a da' r( r )a1 1 L .... \J
" estava caindo na outra banda"
[stà va' IJ~ ka1 . d'u l.h naow
,. S I
v-!t mae
tra' bã
bõ' dá
' ba.t tra
d'u]
g'a]
d'a]
~]
d'a]
-305
(11) "jorrou sangue da aorta dura"
g'i d~àr(r) ta' dú . r'a] ; L• ••
(12) "bandido caolho malandro"
[bã' d'u ku, ao .
(13) "não saber aonde dormir"
[nãw' sa' bé u~ r ao . (14) "sinto a saúde arrebentada''
~ twa' "'' d'ya' [s1 sau
l'u \J
-;ri
r(F)e' .... (15) apor então me disse rnaunça
,
[pu' ;!1 t.!"' aw rni' ~í
35 .O H ialo.r com prepo.rili11a acentuada
ma' dr'u]
d<,>' ( u')r(J) • rnír(r)] ...
bê'' tá d'a]
,. v"- s'a] s 1 mau
Serão êles, linhas a seguir, considerados em dois grupos, a) em que a voz
pospositiva é final de vocábulo (seguida ou não de -.r gráfico), b) em que a voz
pospositiva é mediai de vocábulo, noutros têrmos, enclítica.
35.1 Estão no grupo (a):
(1) [á'u] - caos
(2) [~'a] - goa, canoa, at9a, lagoa
(3) [?,,1.] b t - magoe, es oroe, a roe
(4) [ f\ 1 A A A o u - rnagoo, voo, coroo·
o
35 .1.1 O hiato (1) .rupra parece só ocorrer no exemplo consignado, que,
consoante tensão, ritmo e cadência, pode ser ditongável, "· g., [káw~. Por
ultracorteção, dado o caráter isolado do vocábulo. ouve-se na área corno [ká \,(]
ou mesmo [ká'o~l-"
35 .1 .2 Os hiatos (2), (3) e (4), em t&das as camadas sociais, segundo
sejam tensão, ritmo e cadência, podem desfazer-se com a interposição de duplo
uode, na conformidade de processo geral na: área para os pseudo-hiatos que a
-306-
seguir serão considerados. Destarte, os vocábulos "lagoa", "abotoes" e "mag~" podem ocorrer como a) [la'g9'a] ou [la'g?w'wa], h) (a'h</(u')tó'i(] ou
{a'b?'(u')t~w'wit), c) [ma'g?'u] ou [ma'g~w'wu]. •
35 .I .3 Nos vocábulos do tipo a) "ria, via, cria, ouvia, paralisia, corrria.",
b) "carie, varie, negocies, comercies", c) "poderio, arredio, rios, tios", "recua,
atua, insinuas, nuas", e) "recue, flutue, insinues" e f) "recuo, acuo, amuos,
flutuo", há interposiçã.o sistemática na área, em tôdas as camadas sociais e
culturais, de um duplo iode, em (a), (h) e (c), e de um duplo uode, em (d), fe)
e (f), a saber, a) [r(r)íy'ya], h) [ka'ríy'yi], c') [po'd~'ríy'yu], d) [a'túw'wa];
e) [flu'túw'wi] e f). [~'múw'wu~].
35 .I .3 .I Os vocábulos "tua(s)" e "sua(s)", como possessivos, apresentam,
segu.ndo sejam proclíticos ou acentuados, oscilaÇão; compara-se "sua filha veio",
isto é, [su'a'fíl'avéy'uy] ou [swa'fíl'avéy'yu], com "é coisa tua", isto é, v • v . [ekõyz'atÚ\v 'wa], por sua vez separável de
11a coisa atua", isto é,
L •
[a'k§yza'túw'wa].
35 .I .3 .2 Na área sul do país, provàvelmente de ·certa zona de ~ão Paulo
para a fronteira meridional, ainda que com possíveis bolsões diferentes, o duplo
iode e o duplo uode parece não ocorrerem, embora não se possa cotejar intei·
ramente a situação, já que o final vocabular parece também, na maioria dos
casos, foneticamente diferente. Em contraposição, pelo menos nos vocábulos
de tipo "tio", há ditongação, isto é, [Hw ], quando não se trate de hiato [tí'c;?J,
ambos os fatos inexistentes na área carioca em seus naturais.
35 .I .3 .3 Na área carioca, nas formas verbais rizotônicas de verbos em
..-:..oar - e parece que o fato se estende pelas áreas oriental, nordestina, nortista
e parte da sertaneja- ocorre o aparecimento de um [ú], nas camadas populares,
v. g., [a'bu'túw'wu], [a'bu'túw'wa], [a'bu'túw\wãw]; trata-se, ao que parece,
de um fato fonético ligado ao fonetismo já considerado em 34 .7 .2 (60): estabe
lecido, nessa base fonética, o padrão morfológico[a'bu'tu'áf(f.)] I {a'bu'twáf(VJ,
as formas rizotônicas apresentam a possibilidade de "regularizarem-se" segundo
..> radical inovado. Note-se, com efeito, que, "por não .haver aquela correlação
f I, • . ~ • , f (11 , ( (11 ") mor o og1ca, nao se consignam na area ormas como agua por agoa
' 'canua" (por ucanoa"), alegadamente ·paraenses pelo menos, o que corrobora
..1quela hipótese. Cabe considerar ainda que na área carioca há pelo menos um
.exemplo inverso, com o verbo "suar", que na!l camadas populares ocorre nas
f • A • f •• t [ 1 \ ] [ 1
\ ] [ , ..: ~ ..J] ormas nzotomcas requentemen e como sç>w wu, S?W wa , S_?W waw e -I AI
.quando empregado o presente do subjuntivo e o imperativo, [s?w' wi], ls?w'wey}
-307-
- como se tratasse de verbo "soar"; êste último, por sua vez, não é dessa~
camadas, que usam preferentemente "buzinar", havendo, entretanto, um "assuar;'
para o nariz, que se conjuga pelo cânon da áJ:ea. Está-se, ao parecer, em face
de um fato mais geral, que apresenta afinidades com os verbos em - tar e em
-oar .rupra consideradqs: verbos em que, no infinitivo, há dissilabismo, de tal
modo que para êsse tipo se tem sempre "consonância mais -oar": "coar", "t , " , ( " ,, I N h , . d d 'I b . f' oar , soar por suar . .1, os casos em que a ma1s e uas s1 a as no tn 1·
nitivo, o padrão parece passar a -uar, salvo, que se me ocorra, para um derivado
daqueles verbos, "entoar"; de outro modo, "abotuar" (por "abotoar") "arpuar"
(por "arpoar", entre os pescadores da área); são, poucos, aliás, os verbos de
um e outro tipo de emprêgo freqüente nessas camadas populares. Mas um há
que apresenta os dois padrões: "voar" e "avuar", sinonímicos, mas morfolo·
gicamente diferentes, embora o segundo visivelmente derivado do primeiro, para
feiçoamento ao padrão popular da área, onde é mais empregado do que o pri·
.meiro, donde [a'vúw'wa], [a'vúw'wã~], contra [vów'wa], [vów'wãW]. . . ' 35 .2 Estão no grupo (b) referido em 35 .O - salvo eventual omissão -
(I) [fç] alvéolo, péon
(2) [í'o] ' I gladtola, · glorwla
(3) [ú'~] - flúor
(4) [í'a] - tríada, lusíada, amaríamos, dizíamos
(5) [ú'i] - drúida
(6) [á't;] - fáeton
35 .2 .I Escusa lembrar o caráter erudito dêsses hiatos, que constituem
seqÜências fônicas de curso restrito na Hngua e na área.
35 .2 .2 O hiato (I) pode apresentar-se com três coexistências pelo menos,
em vocábulos do tipo "alvéolo", a saber, [aiivé'ol'u], [aiivé'ul'u] e [ailvéwl' u]. \. ~ ~ .
35 .2 .3 O hiato (2) pode apresentar-se também com três coexistências,
segundo tensão, ritmo e cadência, a saber, "varíola", [va'rí'ç>l'a], [va'rí'ul'al e
[va'rfwl'a}.
35 .2 .4 St>bre o hiato (3), ver .rupra 12 .4 .4.
35.2 .5 O hiato (4) ocorre numa forma tensa, [trí'ad'a], e numa distensa,
[tríy'yad'a].
35 .2 .6 Sôbre o hiato (5) .rupra, cumpre ressaltar-lhe o caráter isolado, ver
25 .13. Em aulas de história, nos cursos secundários e superiores, a expressão
corrente desfaz o hiato, como apontado na remissiva .rupra, para ditongo decres·
cente, de [drú'id'a] para [drúyd'a].
-308-
35.2 .7 Quanto ao hiato (6), sou informado de que, ao tempo em que se
designava na área c~rto modêlo de automóvel com o exemplo abonador, a I
pronúncia, mesmo entre cultos, era ordináriamente [fa'~'tõ].
36 .O Hialo.r proclt~ico.r
São os seguintes - salvo omissão -
(1)
(2)
(3)
(4)
(5)
(6)
(7) (8)
(9)
[a'a'] - aalênio, caatinga
[a' a'] - caamembeca, caami . [a'~'] - aeroplano, ajaezado
[a'ê''] - caembora (variante de "canhembora"}
[a'i'] - enraizar, arcaizar
[a'!'J - esvaimento, embainhar
[a'<?'] - olaodicen
[a'u'] - apaular, abaular
[<;'a'] - cearense, reativando
(lO) [<;'~'] - reanimando
(li)
(12)
(13)
(14)
(15)
(16)
(17)
(18)
(19)
(20)
(21)
(22)
(23)
(24)
(25)
(26)
(27)
(28)
(29)
(30)
[<;'ã']
[~'t;']
[ ':'ê'']
[':'i']
[~'!']
[~'i'] [':' q']
[~'õ']
[t;'u']
[ <;'\{']
[i' a']
[i'~']
[i'ã']
[i'~']
[i' cc'l [i'ê'']
[i' i']
- preambular, deambular
- reerguer, reerguimento, reereção
- reenterramento, reencontrar
- reiterar
- retmc1ar
reintegrar
neoplasia, reorganizar
deontologia, paleontologia
- reunião
- deuncia!
- aviação, hiatismo
- pianíssimo, desfiamento
- tanqmsmo, fiandeira
-quietude
- vielinha
- científico
- diicana
[i'</] - pwrréia, violeiro
[i'o'] - violinha L
[i'õ'] - hediondez
-309-
(31) [i'u'] esmtuçar
(32) [i'~'] - triunfar, triunvirato
(33) [<;>'a'] -boataria
(34) [ç'~'] - coanócito
(35) [<;>'ã'] - toanteiro
(36) [<;>'~'] - esvoeJar
(37) [<;>'~'] - adoentado
(38) [c;>' i'] - cotbir, coigual
(39) [<.>'i'] - coimóvel
(40) [<;>11 - coincidente, coimbrão
(41) [<;>'<;>'] - cooperar, zoológico
(42) [<_>'u'] - co-utente
(43) [u'a'] - atuação
(44) [u'é}'] -acuamento
(45) [u'ã'] - atuantíssimo
(46) [u'c;'] - duelar, duelista
(47) [u'e'] L
- ruelinha
(48) [u'ê''] - cruentíssimo
(49) [u'i'] - druidesa
(50) [u'i'J - suinicida
(51) [u'~] ruindade
(52) [ u' <;>'] duodeno
(53) [u'lí'] - duunvirato
36 .O .l Foram deixados de lado os hiatos decorrentes de prefixos com voz
b t (I , , 11 , ") 11 , A • , t 'I . , . , a er a .i:Jre- e pro- : pre-agomco, pre-an epenu hmo, pre-a vtso, pre-es-
colar, pré-esdrúxulo, pré-estréia, pré-história, pré-helênico, pré-imperial, pré
operatório, pré-universitário", assim como a série de vocábulos potenciais
com "pró-". O traço mais geral do fonetismo dêsse prefixos é o de que, tão
pronto os vocábulos em que aparecem se tornam de uso corrente, a tendência
de sua voz aberta é tornar-se fechada; dêsse estágio, o tratamento potencial, se
integrados na deriva que, adiante, se considerará, é semelhante aos seus já
então homofônicos acima relacionados.
36 .l Todos os hiatos proclíticos são instáveis, conforme seja tensão, ritmo,
cadência da cadeia falada. Entretanto, a flutuação nem sempre é, em cada hiato,
do mesmo tipo; é que, consoante haja ou não haja consciência da composição
yocabular, pode a flutuação fazer-se num sentido ou em outro; por exemplo,
·- 310-
no hiato (40) J'upra, exemplificado por dois vocábulos, "coincidente'' e "coim-"" I brão", enquanto o primeiro vocábulo apresenta a flutuação [ko'i'si'dê'P'i] I
[k ,.,, .. d~t;)'·J I [k-"'' .,d/rjJ'.J d t fl t - .[1 ,'!'Jb L""] I oy SI e • oy SI e< 1 , o segun o apresen a a u uaçao {0 1 raw
[ku'i'briÍ~I I (kwi'brÍ~I I [kwt''brãw], assim como, muito mais raramente, 1tJ ; N IN
[k?y'brãw I I [kõy'brãw ]. Esta prelimiJJ.~r explicará o fato de que alguns dos
hiatos relacionados possam ser incluídos em mais de um dos grupos abaixo
considerados, ou apresentar dois esquemas de flutuação.
36 .2 Destarte, podem ocorrer os seguintes tipos de flutuação: a) o hia
tismo tal como consignado J'upra; b) extremação de uma das vozes; c) ditongação;
d) alongamento das vozes do hiato numa só; e) crase, ou, melhor. elisão, isto é,
desaparecimento de uma das vozes sem deixar vestfgio fonético. Em cada caso
todos êsses fatos não coexistem, mas são segundo dois tipos de agrupamento:
(1) a- b- c
(2) a-d-e
36 .3 Estão no grupo (I) J'upra:
A B c (3) [ka'e'tey~J [ka'i'try~J [kay'tey~
• I. • [ka'ê''bór' a]
toJ
[k~y'b~r' a] (4) [ka'i'bór'a] • L • L
[kãy'b~r'a] (5) l"''(i")T) ,., 'T)1 [ê'' (~)r(~)ay' zá f(f)] c 1 r r a 1 zar r . . . .. (6) [e' (l')ba'i' (if)nár(r) 1
• u •.. [ê'(li)b~y'uáfCf)l [~'(l')bãy'Dáf(f)]
(7) [la' 9' d' i' s~n 'u] [la'u'd' i's~n'ul [law'd' i's~n'u]
(8) [a'ba'u'lár(f) I [a'baw'láf(f)} , I
[sya'ris'i] (9) [s~' a' rê's 'i 1 [si'a'r~s'i]
(lO) [v~'a'd~yr'ul [vi'a'dÇyr'ul [vya'd~yr'ul
(11) [pr~'ã'bu'láf(~) I [pri'ã'bu'láf(~) 1 [pryã'bu'lár(i)] /
fr(f)i'ç'N)gi'm1t'u] I
(12) [f(!'};'ç'f(f)gi'met'u1 [f(f)yç'f(f.)gi'mê't'u]
[f(f)<:'~'ttúd'u] [f(f)<;' dtúd 'u 1 [f(f)<;y'ttúd'u]
(13) r·n '"''t ,_c-)· d' 1 ~:.~e nra u [f(f)~'i' t~'f(f)ád'u] [f(f)~y' tç'f(f)ád' u]
(14) [f(f.)<;'i' t~· rár(f.) I [f(~)~y' t~' ráf(f)]
(15) [f{f)~?ni'si' á f(~) 1 ft(~)~y' ni' si' á "f(~)]
[f(f)~y' ni' sy áf(f) r (16) "" / [f(f)<;'i' tct' gra' sãw 1 [f(r)~y' t<;' gra' sã~] (17) [ n<;' ç' pla' zíy'ya 1 (n~'u'pla'z.íy'ya1 [n~w'pla'zíy'yaJ
[f(!)<;' <?'f(f.)g~'ni' za'sãw] I I~
[f(!:)i' ?'f(~)g~'ni'za'sãw I (f(f)Y<?'f(f.)g~'ni'za'sãw 1
-311-
(18) · [pa'lt:'õ't<;>'lçdíy'yaJ fpa'li'õ' t9'l<l~íy'ya] fpa'lyõ't</l<?'fíy'yaJ.
(19) [f(r)<:'u'ni'ã~] I
lf(!;)i'u'ni'ã\{r] fr(f)yu'ni'ãw]
[f(f)yu'nyãw J
If(f)~~u'ni'ãw] Ir(Ç)t:;w' ni'ã w J
[f(f)~w'nyãwl (20) [d~'~'s;'áÍ] [;pi'~'si'ál] [dlyti'si'ál]
[ci>y~'syál]
I d~'~' si' ál] [d~~'si' ri] [de~'syál]
(21) [i' a''P itm 'u] [ya'?í!'m'u]
(22) [pi' ~' nís' im 'u] [py'}'nís'im'u]
(23) [fi'ã'd§yr'a] [fyã' d~yr'a]
(24) [ki'<;'túd' 'i] [ky<;' túd' \i l
(25) [vi' e'lfn 'a] L V
(vye'lfn'a] L V
(26) [si'~'f íf'ik'u] [sy~'P íf'ik'u]
(28) [pi'<;>'f(f.)~y'ya] [py</f(f)fy'ya l
(29) [vi'~'lí~'a] [ vy<z'lío 'a l (30) [ e'ér i'õ' déyt] . . [e'ér yõ' déy(] . . (31) [ (~') (i')~mi' u' sáf(r)] [ ( ~') (i')~myu' sáf(f)]
[(e')(i')imiw' sár(r)] . . .. (32) [ tri'~' fá f@] [ tryU'' fái(f)] (33) [h<?' a'ta'ríy'ya] [bu'a'ta'rfy'ya] [bwa' ta' ríy'ya] (34) [kc?'~'n~s'it'u] [ku'~'n~s'it'u] [kwa'nós'it'u]
• I.
(35] [t<?'ã't~yr'u] [tu'ã't~yr'u] [ twã' t§yr'u] (36] r V<?' c;'Hr<r) J [vu'~'tár(f)] [vwc;'táf:@] (37) [a'd9'e'tád'u] [a'du'ê''tád'u] [a'dw't;'tád'uJ
(38) [k<?'i' gwál] [k9y'gwá1]
[k<?'i'bíf(f)] [ku'i'bíf(r) 1 [k wi'bíf(Y,)] (39) [ko'i'móv'ei] [k9y'm~v' <;Í] . . .. . (40) [k9'1si'diP 'i] [k .v, .,d~i?''] 9Y Sl e l
[k-'"'' .,d.tP"] oy s1 e 1
"' '..- [k ~b 1""1 [kw'i!br[~] fk~'i'brãw 1 Ul raw
[k~i'br~wl (43) Ia'tu'a'sãw] '"" [a'twa'sãw]
~ ,J (44) Ia'ku' ~'met 'u] (a'kw'}'met'u] (45) {a'tu'ã'f? ís'!m'u] {a'twã'f ís'jm'uJ (46) {du'c;'lírt'a] Idw~'lí~'éa) .
-;- 312-
fF@u' e'H~n 'a] '-
(47) lr(r)we'lí(i)n'aJ • "". v . . \. . """
(48) [kru'ê''t' ís'!m'u] [krw~'P ís'im'u]
(49) [dru'i'd~z'a] [ drwi' d~z'a]
[druy'd~z'a]
(50) {su'i'ni'síd'aJ . . [sw!'ni'síd'a]
[suy'ni'síd'a]
(51) {f(f)u? dá~' i] [~(f)w1'1 dáél' 'iJ ~(~)uy' dád''i]
(52) [du'o'dén'ul ....... [dw<?'d~n'u] . . .36 .3 .1 Com relação " I • (3) .ru.pra, há pelo menos um elemento de a sene
composição em português, "aero-", que por seu caráter paroxítono autôn<fno
(em têrmos muito relativos, fique bem entendido) não apresenta a tendência
consignada, pelo menos na fase (b); tumultua-se, assim, a deriva, pela compo.
sição e ritmo decorrente da composição, do que decorre- ao que parece- a
metátese freqÜente no vocábulo "aeroplano" como [a'ry</plán'u]. A série (17)
apresenta, na área, um fato absolutamente afim, com o vocábulo "meteorologia",
em que vejo semelhante influência e semelhante solução, a saber, [m~'t~'ry<?'
l<;>'iíy1ya]. É óbvio que ambos os fatos são das camadas menos cultas, mas tão
fortes que invadem, não poucas vêzes, a locução do rádio.
36 .3 .2 As séries (5) e (6) são a origem de uma deformação verbal corrente
na área, em indivíduos das camadas populares e semicultas, com verbos do tipo
"enraizar", "embainhar", para os quais a canônica gramatical prescreve formas
rizotônicas com acentuação no [i], "enraízo, enraízas", "embainho, embainham";
nesssas camadas as formas rizotônicas correntes, quando tais verbos são em•
pregados, 6 que ocorre, são do tipo [i'f(f)áyz'u] etc., (i'bãyg'u] etc.
36.3 .3 O mesmo que dito .rupra se dirá para a série (8), em que verbos
" .b l " " d " t f · t" . [ 'b' I' ] t ttomo a au ar , sau ar apresen am ormas nzo omcas como a aw u e c.
fsáw d'u] etc.
36 .4 Estão no grupo (2) referido em 36.2 os seguintes hiatos proclíticos:
A D ·E
{1) ~~ {ka'a'f ig'a] . ~,t [kã'f 1g'aJ
,t [ka'i' 1g'aJ
(2) {ka'~'mê'b{k'al [k~' me'bik' a 1 [ka' me'bék' a] • I.
(13) [kõ'pr~'ê'' d~f~) J [kõ'pr~' d~fm 1 [kõ'prê' d~f(r) 1 (41) [ko'o'pe'ráF(r)} . . . ... [k?'~'r~f(E)] [k</p~'ráf(F)
(53) [du'u'vi'rát'u} [d~'vi'rát'uJ [dlf'vi'rát'u]
-313-
36 .4 .1 Sôbre a série (13) .rup~a# ver 34 .. 7 .2 .4.
37 .O Hialo.t en.éldico.t
São os seguintes - salvo omissão ....... :
(1) ['a'a} - dânaa
(2) ['a ' u] dânao
(3) ['a 'i] dânais
(4) ['~'a} -idônea
(5) ['~'u] - hiperb6reo
(6) ['u'a] A anua
(7) ['u'u] A anuo
(8) ['?'<?] álcool
37 .1 Escusa ressaltar o caráter ex~lusivamente erudito de tais hiatos, por
sua introdução na língua e por seu curso. Entretanto, os de número (4) e (5)
passaram a representar-se em tal quantidade, que entraram, em muitíssimos
casos, no vocabulário corrente das pessoas cultas e mesmo incultas da área,
' caso em que, hoje em dia, se indentificam via de regra com os ditongos cres
centes enclíticos referidos em 30 .3 e 30 .4. Relembremos que a pronúncia do
tipo [i'd?n'~'a], (i'd<?n'~'u] ocorre, quando ocorre, em idosos cultos ou é traço , de linguagem contensa e requintadamente artificial.
37 .2 Sôbre o hiato (8), que parece s6 ocorrer :no exemplo abonador_.
"álcool", ver 27 .O a 27 .3.
37 .3 Os hiatos (6) e (7), embora menos freqÜentes que os referidos ent
37 .1, t;1mbém são menos raros do que os de número (1), (2), (3) e (8). E, pm.•
sua estrutura naturalmente extremada (quero dizer, pela presença do [u]), tendem
muito normaimente à ditongação, que ocorre ordinàriamente em vocábulos
como "vácuo", "in6cuo", "récua", a saber, [vák'wu), [i'n6k'wu], [r{r)ék'waJ e I. ... 1,
mesmo [~n'wu], [~n'wa].
'· 37 .4 Nas camadas mais populares, Incultas, sua realização, salva a. Cón•
signada em 37 .1 para os de número (4) e (5), é pràticamente impossível, como
hiato propriamente, havendo mesmo nelas um número muito reduzido de 'b 1 [' ] [ ] 1 (( , " tt, , I(, ,, voca u os com wu e com 'wa -como por exemp o magoa agua , egua ,
"légua", na realidade como que restrito à seqüência fônica [g'wa]. Não será.
isso um fato de muito grande extensão no territ6rio brasileiro ? E sendo, como
parece,- será destituído de qualquer vínculo associar, na repulsa manifestada
no Brasil pelo enclitismo prono~inal, tais fatos da ord~m dos pronomes átonos
- 314
1 entre nós ? Com efeito, os padrões "amo-o", "a ma-o", "ama-a", "ame-a",
"amo-a" levam-nos aos hiatos em causa. Sem querer; nem remotamente,
insinuar uma explicação para o importante fenômeno do chamado "sinclitismo"
pronominal brasileiro, parece não ser sem interêsse levar em conta, também,
tal circunstância, mormente se levada em conta a predominância quantitativa
das formas verbais com que ocorrem sôbre as outras formas verbais.
58 .O P.reudo-hialo.r de ditongo acentuado com voz ou ditongo jin.aÍJ'
Há uma série de YOcábulos em português que, gràficamente, supõem uma
estrutura de ditongo acentuado mais voz ou ditongo finais (quer dizer, obvia
mente, inacentuados). Sistemàticamente, na área carioca, trata-se de pseudo
hiato, no sentido de que, ademais do iode ou do uode que termina o ditongo
~centuado decrescente, se gera um iode ou uode formador de um ditongo cres
cente ou de um tritongo. O fato é geral na área, em tôdas as camadas e parece
que em qualquer tensão, ritmo ou cadência, a saber ""'- salvo omissão - :
~
(l)
(2)
(3)
(4)
(5)
(6)
(7)
(8)
(9)
(lO)
(11)
(12)
(13)
(14)
(15)
(16)
(17)
(18)
(19)
(20)
{21)
(22)
(23)
[áy'ya]
[áy'yi]
(áy'yu)
[áy'yã~J
fáy'ye.YJ
[áw'wa]
(~y'ya]
[éy' yiJ
(~y'yu]
- praia, baia, caia; laia . .
..._. vme, ensates, esprates, cates
-- baio, caio, espraio, ensaio
ensatal11, vaiam, caiam, espraianl
~ ensatem, '\'alem, caiem, espraiem
{uxaua
~ sporeta, veta, aveta, candeia, tirei-a
.,.._,.. esporete, esperneies, vadeies
esporeiO, veio, tirei-o, botei-o
(~y'yãw] - esporeiam, vadeiam, incendeiam
[~y'ya}
[fy' yuJ
f§.Y' ye.YJ
[éy'yã\v] I;
[fy' ye.Y1
[fy' yi]
f?y' yâ]
[~y'yiJ
[óy'yu] ~
[óy' yãwJ ~
[óy' yeYJ \
f§y' ya)
f?y' y u]
.._ piorréia, boléia, tetéia
~ estréi
esporeiem, vadeiem, incendeiem
estréiam
·- estréiem
, - estréie
- bóia, apóia, apóias
bóie, bóies, apóies
apóio, bóio
apóiam, bóiam
~ apóiem, bóiem
- saloia, tamoia
- saloio, tamoio, JO IO, comboio ·
-315-
39 .O P.reudo-hiato.r de ditongo procl/tico com voz uu ditongo acenluadoJ'
Há uma série de vocábulos em português que, gràficamente, supõem uma
estrutura de ditongo proclítico mais voz ou ditongo acentuados. Sistemàtica
mente, na área carioca, trata-se, como no número anterior, de pseudo-hiato,
no sentido de que, ademais do iode ou uode que termina o ditongo proclítico,
se gera um iode ou uode antes da YOz (ditongando-a) ou do ditongo (triton
gando-o) acentuados. O fato é geral na área, ern tôclas as camadas e parece
que em qualquer tensão, ritmo ou cadência, a saber - salvo omissão-:
(l) [ay'yáJ - espraiado
(2) [ay'y~] ......;... ensaiamos
(3) [ay'yú] -- bocaiúva
(4) [ay'yã~] - baião
(5) [ay'ye] - baieense (ver 36.3 - 6)
(6) [ay'y~y] - espratets
(7) [ay'y~] - saiote
(8) [ay'yú] - saiúcha
(9) [ay'y!l - salinha
(10) [aw'wé] - maué · ~
(11) [~y'yíÍ~] - feião
(12) [~y'y9] - feioso
(13) [:y'yú} - feiúra
(14) [~w'yá] - apoiado
(15) [?y'y~] - apotamos ,. (16) [çy'yã] - apoiando
(17) /,v
[9y'yãw] - boião
(18) [<?y'yáy] - apotats
(19) [Ç>y'y~] - apotemos
(20) [oy'yéy] - apotets
(21) [9y'y9w] - apowu
(22] [Ç>y'yiJ - coió
(23) [uy'yú] - tuiúca [tuy'yúk'a]
40 .O P .reudo-lziato..r de fritongo acentuado com vo.z ou ditongo Jin'!t'..r.
São os seguintes - salvo omissão - :
(1) [ wáy'ya] - paraguata
(2) [wáy'yu] - paraguatQ
(3)
(4)
(5)
- 316 ·-
[wáy'yi] guates
[wáy'yãw] - guatam
[ wáy'yey] - guatem
40 .l Como se vê, a "voz ou ditongo finais" são, em verdade, respe-ctiva· mente, "ditongo ou tritongos finais"
41 .O P.reudo-lzialo.J de lrilongo.J procltÍico.J com voz ou dilongo.r aL'enluado.;
São os seguintes - salvo omissãó
(l)
(2)
(3)
,t, [way'ye]
[way'y~]
[way'yÇy]
uruguatense
guatemos
guatet
41' .1 Como se vê, na área, a "voz ou ditongo acentuados" são, em verdade, respectivamente, "ditongo ou tritongo acentuados".
42 .O Enconlro.r inlervocahular~.f aparenlu
Excluídos os casos em que o vocábulo antepositivo termine po1· uma voz
e o pospositivo inicie por uma voz, sejam elas acentua<,las ou não, com os respec
tivos combinatórios - casos que,. de uma forma ou de outra, aqui ou ali, já
foram descritos e examinados ao longo desta tentativa de descrição - ,
poder-se-ia querer examinal' os encontros determinados pol' finais como a) {'ã~]
' ("órgão", "amavam") ou h) ~ey] ("linguagem", "roupagem") ante iniciais voca
bulares com vozes acentuadas ou procHticas, ou ditongos acentuados proclíticos.
Parece que os fatos podem ser separados em dois grupos distintos: a) o consti
tuído por aquêles finais inacentuados e por inicjais também inacentuados e
h) o constituído por aquêles finais inacentuados e por iniciais acentuados .
42 .1 O constituído por finais inacentuados e por iniciais também inacen- ·
tuados podem ser exemplificados com segmentos falados dos seguintes· tipos,
'ao acaso, sem intuitos de esgotar as possibilidades: I) "órgão altíssono", 2) fll - ,, 3) . orgao amoroso , "órgão antigo", 4) "amam aipim", 5) "'órgão aimoré",
6) "buscam auríferas (areias)", 7) "esperam aumentar", 8) "órgão existente",
9) "esperam entrar", 10) "acórdão eivado (de erros)", ll) "6rgão europeu",
12) "acórdão Iterativo", 13) "órgão imperial", 14) "acórdão honesto", 15)
''órgão ontológ1co", 16) "catam oitis", 17) "estudam ourivesaria", 18) ~'órgão
usado", 19) "acórdão ungido (de saber)", 20) "andam uivando", 21) "tomam
Ulsquinhos", 1) "roupagem abe~ta", 2)· "lil).guagem amorosa", 3) "linguagem
antiga", 4) "roubem a1p1m", 5) "cantem aimorés", 6) "guiem automóveis".
7) "esperem aumentar", 8) "querem evitar", 9) ·"querem entrar", 10) ' ·'linguagem
-317-
eivada", 11) "linguagem européia", 12) "linguagem iterativa", 13) "roupagem
imperial", 14) "linguagem honesta", 15) "roupagem ombruda", 16) "procurem
oitis", 17) "sabem ourivesaria", 18) "roupagem usada", 19) "linguagem untuosa",
20) "sabem uivar", 21). "querem uisquizinhos" ... Ter-se-á notado - sem que
se tenha procurado estabelecer nenhuma teorização no abstrato- que a condição
para que um encontro vocálico apresente flutuação ·ou oscilação é a de que o
elemento inicial seja, quando inacentuado, proclítico. Ora, em tôdas as situações
configuradas acima, o final do vocábulo antepositivo, originalmente (isto é,
vocabularmente) é "final", isto é, por exemplo, [f!'(f)g'íf~J, [li''gwá~'ê'y], -final .. que, na cadeia falada, passa, em não havendo ·pausa com intonação descendente,
a enclítico, a saber, "órgão altíssimo", isto é, [ói'(r\g'ã~aÍPís'im'u]. É que no ~ . ./ .
ritmo da área, tanto quanto se possa, p<;>r ora, nêle penetrar, nota-se que as
sílabas inacentuadas que se sucedem entre duas acentuadas tendem, via de regra,
a grupar .. se enclítica (a primeira ou as primeiras das inacentuadas) ou procBti
camente (a última ou as últimas das inacentuadas) em função da estrutura
autônoma dos vocábulos e, pois, de sua significação. Se, no exemplo configurado
.rupra, se pudesse- o que violenta o ritmo normal da área - dizer [~r@gã~'
a'It'ís'im'u] (o que se pode, artificializando-o), a decorrência quase natural na
área é que se verifica o desdobramento do uode, passando êsse segmento de
cadeia falada a ser [éf(f.,)gã~'wall'ís'!m'u], fato que, a um observador atento
das leituras feitas na área em cadência rápida ou acelerada, mormente entre
locutores, por vêzes se verifica. O mesmo se dirá de "sabem amar", normalmente
[sáb'ê'y~'máf(f)], mas, com a característica apontada para o que chamaria ano
malia rítmica, [sáb'eyya'már(r)]. Normalmente, pois, nos segmentos de cadeia . .. falada enumerados no corpo dêste parágrafo não se vErifica nenhum desdobra-
mento de iode ou uode - e a possível explicação está na base das disposições
rítmicas, se não exclusivamente, pelo menos mais ponderalmente.
42 .2 Ora, parece serem as mesmas razões acima esboçadas que determinam,
consoante seja ritmo, tensão e cadência, o desdobramento de iode ou uode quando
aparecem os finais considerados ante iniciais acentuados. Numa ordem do tipo
"estudem alto", consoante forem aquelas características, se percebem, clara
~ente, pelo menos duas enunciações típicas: a) [(t;')(i')tl:úd'ê'yált'u] e b)
[(e')(i')~túdey'yált'u]; "buscam ouro", a saber, a) [bú~k'ãwówr'u] e b) [bú(I<ãW . . wgwr'u]. (*)
r
(*) Da nota de roonpé a11tcrior, em 24. I, até êste ponto, a presente comunicação foi posta à disposição dos relatores l'm redação definitiva, tal como se acha, tendo sido, para impressão, feita a adaptação da trsnscrição.
318
* * *
PARECER ..
Rapport présenté por MM. BECHARA, CHEDIAK, RocHA LIMA et I. S. RÉVAH, sur la these du Dr. ANTÔNIO HouAISS
intitulée "Tentativa de descrição do sistema vocálico do português culto da área dita carioca".
Si l'on a bien présents à l'ésprit les objetifs qui! c'est proposé le
Congres, le plus grand éloge que l'on puisse décerner au travail précis et minutieux du lJr. A. HouAISS, c'est de dire qu'avec lui nous entrons vraiment dans le vif du sujet.
Au cours des précédentes séances, nous avons entendu parler à plu~
sieurs reprises des "vices", des "cacophonies" de certaines prononciations brésiliennes, de la nécessité .. d'expurger" ces plrononciations de phonemes qui Naient "laids" pour les remplacer par d'autres qui sont "Jolis". On ne peut pas dire, néanmoins, que nos informations sur la réalité linguistique brésilienne se soient beaucoup enrichies. On a méme pu avoir, à certains moments, l'impression que les congressistes n'étaient pas d'accord sur les caractéristiques réelles de certaines prononciations }ocales.
Or la normatisation d 'une langue, la fixation d'une lingua~padrão pour le théâtre, pour le chant ou pour l'ensemble de la communication linguisti~
que nationale doit inéluctablement partir de la n!é•lité ~ou des réalités) linguistique existante.
En d'autres termes, la fixation d'une língua~padrã0 pour le théâtre devrait être, en bonne logique, précédée de la description scientifique du parler cutivé des principaux centres intellectuels du pays, et plus particulie~ rement des principaux centres d'activité théâtrale.
De la comparaison de ces divers systemes linguístiques scientifiquement d~crits deux solutions différentes. peuvent surgir:
a) il se peut que l'on constate qu'en raison des circonstances histo~
riques, politiques et culturelles, le pays offre des centres d'activité théâtrale trops différenciés pour qu'il soit possible d'établir une norme nationale pour la langue du théâtre;
b) il se peut aussi que l'on constate qu'en 1aison des circonstances historiques, politiques et culturelles, la norme linguistique d'un centre donné
d'activité théâtrale soit considéré par la plupart des Brésiliens comme l'idéal dont tous les acteurs et professeurs d'art dramatique doivent tenter de se rapprocher. Dans ce cas, la norme linguístique du centre en question doit
être ~dopté comme padrão, et il faut alors définir les divergences que l'on pourra tolérer pendant la période de transition précédant l'unification réelle
de la langue parlée au théâtre.
-- 319-
Un ccngressiste a parlé de la nécessite de créer un axe Rio de Janeiro-São Paulo' · analogue à l'"axe Lisb,mne-Colmbre" au Portugal. Or, si !'axe Lisbonne-Colmbre a une réalité phonétique, ce n'est pas en vertu de
néHociations réalisées dans un Congres entre des représentants des deux villcs. C'est tout símlement, comme le prouve l'histoire de la prononciation portugaise, parce que, <.:ans ia presque totalité des cas, Colmbre a accepté les innovations phonétiques propagées par Lisbonne, qui les avait elle-même n:çues du Sud de Portugal. Donc, pour etablir l'axe Rio de Janeiro-São ·/Paulo, il n'y a yu~:: deux solutions: ou bien la société cultivée de Rio de ! aneiro acceptera la normt:: de São Paulo . ou bien la société cultivée de São Paulo adoptera la norme de Rio de Janeiro.
Quelle que soit la solution adoptée par !e Congr~s ( fixation d'un padrão unique ave c des tolérances ou reconnaissance de I' existence de plusieurs normes}, le beau travail du Dr. HouAISS l'aidera grandement à
réaliser son objectif.
Afin de gagner un temps preCieux, les rappor teurs croient pouvoir se ·dispenser de vous fournir un exposé qui ferait nécessairement double emploi avcc celui de l'auteur de la communication. Le Dr. A. HouAISS exprime
i'espoir que son travail puisse servir· de base à des discussions et des résolutions sur la matiere. Les trois rapporteurs brésiliens se réservent !e droit d'intervenir dans la discussion de points de détail. Quant au rapporteur hançais, sa tres insuffisante compétence en matiere de prononciatton carioca !ui interdit de participer à ces débats.
Les rapporteus croient devoir attirer l'attention sur une concluswn qui se dégage de l'étude du Dr. A. · HouAISS, conclusion qui ne risque guere d'etre mise en question par des critiques de détail . L'aire carioca, comme sans doute toutes les aire~ linguistiques brésilicnnes, est caractérisée por une instabilité phonetique relativement importante. GoNÇALVES VIANA a pu écrire une Exposição da pronúncia normal portuguêsa qui s'applique aussi bici1 au parler cultivé qu'au parler familier et au parler populaire . A Lisbcnnc, on peut dire grosso modo que le parler des professeurs ne se distingue, au point de vue phonétique, de celui du peuple que par la netteté •et la lenteur relative de 1' élocution.
I! en va tout autrement dans l'aire carioca. Des différences importantes séparent ce que !e Dr. A. HouAISS appele la "pronúncia culta tensa" et la "pronúncia culta distensa"' et ces différences s'aggravent lorsqu'on
arrive à la pronondation populaire. C'est dire toute l'importance et toute l'urgence d'nne norrnalisation de la langue commune, au moment ou le n:ouvement d'alfabetização va amener à la culture des masses tres importantes de Brésiliens .
De l'examen des oscillations phonétiques notées par le Dr. HouAISS,
·une autre conclusion ressort. La "pronúncia culta tensa" et parfois la
- 320-
·· distensa" se caractérisent par des restaurations phonétiques qui annulent
~ouvent des évolutions vieilles de plus1eurs siecles cn portugais. Ces restau~ rations qu'éloignent le parler cultivé du parler populaire se basent:
a) soit sur r existence de corrélations entre les différentes formeS: Yerbales ou entre formes de base et formes dérivées;
b) soit sur la graphie des mots.
En conclusion, les rapporteurs félicitent le Dr. A. HouAISS pour sa"tentative" qui leurs parait tres largem~nt réussie. Ils recommandent vivement l'insertion de la communication dans les Annales du Congres.
Ils vont même plus loin. Dans une "note provisoiremente finale", le Dr. A. HouAISS déclare avoir dejà élaboré la partie de son travail relative aux diphtongues, triphtongues et hiatus. Les rapporteus émettent le voeu que le Congres engage le Dr. A. HouAISS à terminer son étude en élaboranl: la parti e relative au consonantisme. L' ensemble de la description du systeme· phonétique de l'aire carioca, apres avoir été soumis à une commission de spécialistes de cette pronunciation nomée par le Congres, pourrait alors être insérée dans les Annales. Précisons qu'il s'agit bien de la description du parler carioca, et non du systeme normatif de la língua~padrão qu'éla-. bore actuellement une commission du Congres.
Salvador, setembro de 1956.