de · 2016-09-27 · em roda_pé --que apresentou em primeira redação. somente num particular...

105
DA BAHIA f> DE

Upload: doannhan

Post on 25-Dec-2018

219 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

DA BAHIA

~t..JRO COI\GRI~SSO f> DE

Page 2: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

10) TENTATIVA DE DESCRIÇÃO DO SISTEMA VOCÁLICO

DO PORTUGUÊS CULTO NA ÁREA DITA CARIOCA (•)

O. O A lgu~7Ja.r ob.rerPaÇõe.r melodol6gica.r

Partindo do fonema' como têrmo final unitário da análise dos compo•

nente-s audíveis da cadeia falada, é de crer que se possa fazer a síntese com•

preensiva do sistema da cadeia falada, passando a) pelas vozes e consonâncias,

b) pelas sílabas, c) pelos vocábulos, d) pelos grupo.> rítmicos e e) pelos grupos

melódicos.

O. I , O sístema vocálico do portugu~s culto da área dita carioca tem a mesma

base vocálica da língua comum, a saber (na ordem alfabética), [a}, [e], [i]. [o], :(u],

base que se gicotomiza na série oral [a]. [e]. [i]. [o], [u] e na série nasal. (ã},

[êJ. [i], [õ]. JÜ].

(*) A presenlc comunicação feita ao Primeiro Congresso de Língua Falada no Teat'ro

continha uma "Observação J>teliminat" do seguinte leor:

"Esta tentativa de descrição se limita ao sistema vocálico do português culto

da área dita carioca.

Redig_ida, infelizmente, em tempo mui lo reduzido- e em condições objetivas

c $ubjeti.vas muito desfavoráveis -, pareceu, apesar disso,ao seu autor não ser ·

dl!stituída de intet·êsse para o Primeil'O Congresso Brasileiro de Língua _Falada

no Tcntro, pois êle crê que há neb malét·ia de certa importância.

A c;u·ênc:[\ de tempo explica a falta a) de um aparato fundaqJ.entador, b) de

uma rig1ll'osa transcrição fonética, assim como c) de uma desejável comparação com

outras línguas, românicas ou não.

É esperança de quem subscreve a tentativa que peTo menos eTa possa servir

como moti,·ação pat·a discussões e resoluções.

Aprovada que foi pelo Congresso, o autor julga de seu dever mantê-la ta{ como a apresentou,

·mas, cumprindo moção do mesmo Congt·esso, junta-lhe a pat·te- devidamente anotada "-diante,

em roda_Pé -- que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto

original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os recursos tipográficos disponiveis. ~ara

a impressão dêstcs /lnaiJ·, cujo OI'ganizadot• é também o autot· da comunicação.

Page 3: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-218-

O. 2 Essas duas séries, conforme seja o timbre das su~ vozes, se constituell\

numa gama de vozes-tipos. , I

O. 3 Cada voz-tipo, conforme seja suas posição relativa na sílaba, no vocá·

bulo, no grupo rítmico ou no grupo melódico, e confor~e seja ainda a tensão

psíquica e a cadência da emissão fônica do indivíduo falante, apresenta, por

sua vez, uma subgam~ :vocálica. A presente tentativa de sistematização, na

descrição vocálica em aprêço, não vai além, não chegando mesmo a ponderar

todos os fat.ôres condicionantes apontados; mas ir seria perfeitamente possível

e para isso se fazem rápidas referências ao que seria o esbôço, em cada caso, da

subsubgama vocálica.

O. 4 A e;x:ist~ncia do vocábulo como eiJ,tidade fônica autônoma não foi posta

em dúvida, para efeitos da tentativa; embora ocorram situações freqÜentes em

que normalmente os limites fi~ais e iniciais dos vocábulos. se embebem nos

limites iniciais e finais dos vocá~ulos contíguos, a s~a realidade objetiva autÔ·

noma se patenteia, normalmente também, a) nas inúmeras intervenções colo·

quiais de tipo univocabular (que ocorrem potencialmente para com quase todos

os vocábulos da língua, salvo, por acaso, os proclíticos e os enclíticos), b) na

comunicação de tipo suspensivo e c) na de tipo hesitante. ·

O. 5 Em boi a pressupondo um relativo conhecimento teórico, que v1a de

regra amplia as faculdades de observações, mas não raro as embota de precon•

ceitos, a tent.ativa não vacilou em encampar impressões acústicas cuja explicação

pudesse parecer heterodoxa. Por êsse motivo mesmo, muitos fatos aqui consig·

nados ficam condicionados a subseqÜente aferição )nstrumental, para confir·

mação ou infirmação.

O. 6 Dessa forma, é desnecessár~o, por fim,' ressaltar que tôcfa a descriÇão

se baseia na impressão auditiva, com ·suas vantagens essenciais- f}. linguagem

falada é uma instrumento social de comunicÇlção -' e 'com suas deficiências,

para a elucidação das quais cabe a última palavra às dem.ais técnicas fonéticas

e fonológicas ..

Padrão adotado

. 1. O O padrão adotado é o da chamada área qarioca, e culto, isto é, dos

indivíduos integrantes das camadas sociais e profissionais que aspiram a dar

ao seu instrumento de comunicação. o maior âmbito de. universalidade dentro

do Brasil e da llnzua com1.nn.

Page 4: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-219-

1.1 Sem prejulgar quanto aos demais padrões cultos brasileiros, o carioca

parece representar a média viva provável das isoglossas de maior extensão· é de

maior demografia no territ6rio brasileiro- decorrência, talvez, a) do seu maio!.'

índ.ice cultural, que possibilita mais estrita observância da tradição fônica da

língua, no plano da transmissão consciente, e b) do maior índice de" brasilidade"

da área, em que, mercê da centralização política imperial e federal, e do maior

progresso material e técnico (pelo menos até faz pouco) , muit.os brasileiros se

vêm radicando e constituindo família e descendência, provindos de todos os

pontos do territ6rio nacional ~ o que, tudo, parece constituir duas ordens de

fôrça~. centrípeta e centrífuga, para os fenômenos lingÜísticos no Brasil.

1. 2 Porque os estudos dialectol6gicos brasileirosnão tiveram ainda o desen·

volvimento que permita uma caracterização tão completa quanto possível de

seus falares regionais e urbanos e rurais, quaisquer referências comparativas

ser~o feitas tão-somente aos casos mais típicos e not6rios de dialectalização.

N omenclalura e con11ençõe,f

2.0 Para que a e~posição possa ser entendida por quantos, sem iniciação

técnica ou científica particular, a compulsarem, é ela redigida com um vocabu·

lário especializado limitado, cumprindo, entretanto, ter em vista as significações

abaix<>, geralmente menos seguidas, e alguns critérios convencionais.

2.1 Voz dúplice é a voz intervocabular que decorre, em determinadas

condições, da contigüidade de duas vozes da mesma voz-tipo; não se confunae>

com voz longa. Voz. dúplice ocorre, por exemplo, em "está azul" [estãzul], e

se int~gra na normalidade da c(ldeia falada; voz longa, por exemplo, ocorre em

situaÇões predominantemente afetivas, tal, com nota de desalento~ em "esta

agora !", longa, ou, com n()ta de desespêro e pedido de amparo, em ".in e larga.", l~nguíssima. . ' ·

• 2. 2 A palavra. t'prodítico" vai empregada como epíteto de voz, sílaba,

parte de vocábulo e/ou vocábulo que dependam do acento de intensidade subse·

gü~nte; "enclítico", do acento d~ intensidade antecedente.

2.3 O fato fonético sôbre o qual se quer chamar atenção 6_ sempre sub~· nhado, ficando o r~stante do vocáb\.llo ou da cadeia falada sem êsse realce ma·

terial; quando, poré111, .se .fizer transFição fonética, não haverá outro qualquer

realce material. Quando importar a separação silábica para a caracterização

do fato que se quiser pôr em evidência, a representação ortográfica ó\l a trans"

crição f8nética será feita com esp.aços em branco entre as sílabas..

Page 5: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

- 220 .-

2. 4. Outras significações ou convenções aqui não referidas ou serão escla·

.reci?~s no correr da exposição ou são óbvias.

d gama da.r ''oze.r-li.po.r

3 . O As vozes-tipos,. na fala culta carioca , con~tituem a seguinte gama vocá·

lica (segue·se a ordem alfabética):

_a) ora1s:

[a] - (a aberto oral)

[~] (a fechad o oral)

[e] - (e aberto oral) ~

[t;] (e fechado oral)

[i] - (i aberto oral)

l!J (i fechado oral)

[o] - (o aberto oral) ~

[~] - (o fechado oral)

[u - (u fechado oral)

b) nasa1s:

[ã] - (a fechado nasal)

[e] - (e fechado nasal)

[iJ - (i fechado nasal)

[õ] (o fechado nasal)

ltiJ - (u fechado nasal)

3. O .1 Note-se a) que os dois [~] orais são de matiz diferencial não fàcil·

mente perceptível, mas o segundo, o fechado, como as demais orais fechadas

antenasais, 'é via de regra nasalado na fala menos tensa; h) que não ~á [u] aberto

oral; c) que tôda.s as nasais são fechadas.

3.1 Há, ainda, as seguintes semi vogais (que são tratada> no vocalismo

porque o comportamento das consonâncias para com elas, na área considerada

e quiçá na língua comum, é tal como se fôsse para com as vozes):

[w] - (uode oral)

[y] - (iode oral)

[~] - (uode nasal)

[.y] - (iode nasal)

Page 6: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-221-

3.1.1 -Que se tolere o neologismo "uode" em lugar de "uau" ou 11 vauH.

3. 2 Não serão consideradas vozes-tipos:

a) as vozes insonoras, que podem, em determinada;; condições, ser quaisquer,

mas que não pertencem ao vocalismo normal da área carioca, em que só ocorrem

na fala cochichada; vejam-se seqÜ~ncias vocabulares como "cochicho chocho"

"matuto triste", em que as vogais ;;ublinhada;; apresentam condições "ideais"

para vozes insonoras- mas com audíve] sonoridade na elocução normal na área;

b) as voze:> longas, referida~ em 2. 1;

c) as vozes dúplices, também referidas em 2, 1, tnas que serão objeto

de con:;iderações na exposição.

Subgama "ocálica

4 . O As vozes-tipos anteriormente consideradas apresentam, cada uma ,

uma subgama vo~álica de fina diversidade. Sem aprofundar os matizes audíveis

mais particulares - que só. uma análise fonética instrumental poderia fixar

minudentemente - e baseando a diferenciação exclusivamente na percepção

auditiva, examina-se a seguir a subgama vocálica de cada voz-tipo. Concomi­

tantemente, adota-se um sistema de adaptação da transcrição fonética aos

objetivos que se t~m em vista, dentro das .contingências e limitações tipogr~ ­ficas disponíveis.

5 .0 [a] - (a aberto oral)

O [a] (a aberto oral) tem a seguinte subgama vocálica:

a) intravocabular:

(1) acentuado

(2) subacentuado

(3) proclítico

(4) enclítico

(5) fin;ll

b) intervocabular:

(6) dúplice acentuado "

(7) dúplice subacentuado

(8) dúplice proclítico

(9) dúplice enclítico

(10) crásico

[á] [à]

[a')

['a]

['a]

I [ã]

[ã)

[ã']

['ã]

[a']

Page 7: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-222-

5.1 O Já] (a aberto oral intravocabular acentuado) ocorre em vocábulos

do tipo:

a) carro, pára, mata, capa, lata, acaba, ata , socapa

h) fábrica , sátrapa, ágora , lápide, acaba-la, mata-la

c) maná, xará, fanal, atual, atuar, roaz, audaz

5 . 1. 1 Escusa ressaltar que uma análise acústica mais detida poderá ver

matizes diferenciais no [á], conforme esteja em posição aguda, grave ou esdrú­

xula: com efeito, em posição aguda parece ser mais longo (e isso sem considerar,

nessa posição, a diferença entre o fá] de sílaba final aberta- 11. g. "maná"- e

o de sílaba final fechada-"· g . "fanal", retocar", "manás", "audaz"- sendo

que, nos dois últimos exemplos, isto é, quando seguido de -.r ou -z gráficos,

êsse alongamento redunda, no falar geral da área, em verdadeira ditongação,

prov~velmente por influência da consonância final) do que em posição grave,

que por sua ve~ parece ser mais longo do que o de posição esdrúxula, embora

êste, em COmpensação, reye}e traÇOS de acento de intensidade relativamente

mais intenso

5. 2 O [à] (a aberto oral intravocabular subacentuado) ocorre em vocá­

bulos do tipo:

a) ràpidamente, fàbricazinha, sàdicamente

h) amàvelmente, suavemente, carrozinho, balazona

c) bate-papo, ~uarda-chuva, cata-vento, ptÍra-quedas

d) tatá, papá, naná, lalá

5. 2.1 Uma análise acústica mais detida poderá, igualmente, ver matizes

diferenciais entre o [à] a que se segu~m duas sílabas inacentuadas antes da

acentuada e o [à] a que se segue uma só sílaba inacentuada antes da acentuada

-sendo o primeiro muito mais característico como subacentuado. Doutro lado

entre os exemplos da série (b) e os da série (c), na medida em que os vocábulos

são de largo curso, tendem os da série (c) a se tornar menos subacentuados

ainda, que é o que se verifica, por exemplo, com "guarda-chuva" [gwàfda'(úv'a],

que ~ de regra pronunciado [gwa'rda'rúv'a]. Mais ainda: enquanto não é tão

perceptível em "xaràzinho" o [à] (a ponto de se ter devido colocar o tipo em

categoria outra), é em "carrozinho", pela não contigüidade da subacentuada

e a ac'entuada. Na série (d) os casos são típicos da linguagem infantil, em que

se percebe, quase sempre, uma nítida evolução na aquisição da linguagem na

área, de um tipo [tàtá] para [ta'tá]; veja-se, aliás, no particular, a evolução

Page 8: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

223 - ·

~aracterística de "naná" [nàná] para (na'ná] para [na'ná] (mas não (nã'náJ,

contra a deriva geral da área, talvez pela própria estrutura infantil, apesar de

tudo, do vocábulo).

5.3 O [a'] (a aberto oral intravocabular proclítico) ocorre em vocábulos

do tipo:

a) cavalo, aparece, aparatoso, acaparador

b) manàzinho, xaràzinho, xaràzão, rodazinha, bolazinha

5. 3 . 1 Uma análise acústica mais detida vê matizes diferenciais nos cásos

relacionados. Na série (a) , com efeito, nota-se em princípio que o [a'] quanto

mais longe está da sílaba acentuada tant~ mais tende a deixar de 3er aberto -se

não intertere razão rítmica em contrário. Na série (b) sempre perdura, sobretudo :

na fala tensa e apurada, uma diferença entre "manàzinho" e "rodazinha" , por

exemplo, ocorrendo, no primeiro tipo, as pronúncias [r'a'ràzj~'u.] e [ta'ra'z!s'u].

5 . 3 . 2 A razão rítmica a que se alude no número .rupra parece ser a estrutura

binária: num verbo como "aparar" o [a'] inicial é menos nítido (tendendo par~

fechado, sem chegar de modo nenhum a sê-lo) , nos casos Ímpares seguintes,'

enquanto, cómpensatàriamente, o [a'] da sílaba [pa'] é menos nítido no3 casos 11) (( , 2) " , '7) " ,, 4) " , . I?ares: apara , aparar , v aparara , aparava

5.4 O ('a] (a aberto oral intravocabular enclítico) ocorre em vocábulos ·

do tipo:

a) bávaro, lábaro, sândalo, ábaco, cágado, ama-lo, pega-lo

b) nácar, âmbar, tórax, bórax, nenúfar

5.4.1 Uma análise acústica mais detida parece revdar que o ['a] da série

(a) é ligeiramente mais breve do que o da série (b). Como quer que seja, na

medida em que se entra nas camadas mais populares, o ['a] tende a desaparecer

d r t ' d · ) r b · " l " " l " o seu 10ne Ismo, e maneira que a as 1ormas ver ais como ama- o , pega- o

são nelas absolutamente inexistentes e, mesmo entre cultos, de sabor ostensi­

vamente artificial, b) e as formas vocabulares, se divulgadas, tendem ao paro­

xítono, v. !J· "cágado tornado [kág\1] (com homofonia total) ou, em raros casos,

com deslocação do acento de intensidade, v. !l· "nenufar".

.. 5.5 tipo:

O ['a] (a aberto oral intravocabular final) ocorre em vocábulos do

a) roda, vida, luta, rápida, fábrica, apara

b) rodas, vidas, lutas, rápidas, fábricas, aparas

Page 9: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

224-

5.5.1 Uma análise acústica mais detida poderá ver matizes difenciais entre

o [a] dos vocábulos graves e o dos vocábulos esdrúxulos: êstes parecem ser mais

longos, sobretudo na dicção tensa; de outro lado, ambo<>, na área carioca pelo

menos, parecem mai<; longos se seguidos da palatal figurada por -.r, talvez por

influxo dela mesma, a ponto de aos alienígenas à área parecer que os cariocas

· " d , "f'b · , r-c;:'\ 'd' ... I lf' b ,. k' ~l pronunclam ro as ou a rtcas como r fl<l ays ou a r 1 ays .

5. 5. 2 Só por ultracorreção, e deslocadíssima da ambiência lingüística, se

ouve o [a] como fechado, se não se trata de indivíduos falantes alienígenas

à área, quiçá ao Brasil.

5. 6 O [ã'] (a aberto oral intervocabular dúplice acentuado) ocorre em liga· - d t' .. ' lt , " lt , tlf' b . 1 , . t ' [ '] . çoes o 1po xara a o ou casa_ a a e a nca a va -ts o e, com a mats

[á] ou· ['a] mais [á]. Trata-se, em verdade, de uma voz instável, pois conforme

forem tensão, ritmo e cadência da cadeia falada, pode ou não verificar-se a

ligação. Todos os casos afias a êste serão examinados, nesta exposição, em

função de heptassílabos forjados ad !toe: de heptassílabo_s por ocorrer a medida

em causa com grande freqüência na cadeia falada ?a área (e provàvelmente

da língua) e em forma de verso por poder-se melhor caracterizar o fenômeno.

Fique patente, entretanto,que a observação do autor o leva a crer que não se

trata de uma imposição formal da estrutura do verso para a criação de um

fenômeno fonético estranho à elocução normal da chamada prosa. Para os

dois casos acima referidos, ilustrar-se-ão a não ligação, isto é, o hiato, e a ligação,

isto é, a duplicação vocálica, com as duas seguintes parelhas de versos: "um

xará alto e risonho", "êste xará alto e risonho" e "uma casa alta e bela", uduma

casa alta e risonha":

ai) [ll' '6a' ,

ál twi' _.,

' u'ul r a p Z9 ou [lí' ~a' ' á i twi ri' z<? !)'u] r a . ou [li' ~a' r á àl twi' ri' z~ u'u]

a2) [ ,., i' i' s'a' ral twi' 'fi' ,

n'ul es Z? . . Ool

em que, em quaisquer dos casos figurados, as sílabas [twi'] e [z§] 1podem ser,

também, [?i'] [zõ], assim como [ri'] poder ser [!i'J;

bl) [ u(ll)' ma' ká za' áÍ tay' ( t~y') (?i') bé l'a)

b2) [du(cr)' ma' ká z~l tay'. (t~y') (?i') "f (f) i' z<;}(õ) !)'a}

ou ' [du(lí)' ma' ká zlrl tay' ( t~y') (i? i') f(r)i' z9(5) u'al

{du(lí)' ma' kà zãL tay' (try') (P i') f(f)i' zó(õ) . n'a} >J

Page 10: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-225-

não havendo, porém, como esquecer a hipótese, ritmicamente ig~al.a (b~). da

elisão, isto é, em que o ['a] de "casa", tornado [a'], desaparece, sem-.deixar

vestígios no [á) de "alta".-

5. 6 . 1 O caso da elisão .yup·ra referido merece as seguintes observações: j'á

não é ela normal na área , sabendo, quando ocorre, ou á fenômeno estrutural

da morfologia do vocábulo, ou , fora dêsse caso, a fenômeno fonético' · típico do

verso (em que creio pode haver expressão de um arcaísmo fonético) ou ' a fen Ô·

meno sentido na área como lusitanismo. Assim, na expressão normal do carioca,

"destarte" é sempre (dç~áf(f)t'i], enquanto "desta ar'te" pode ser I

[di(ta' áf(f)f 'i) ou [ d!(' tt:íf(f)i' 'i) ou [ d~stãf(f)f 'i].

5. 6 . 2 Importa considerar uma situação afim: a que se vem examinando cor·

responde a [á] mais [á] ou ~a]. mais [á]; afim é o caso de ['a) mais [a'J mais [áJ,

como, por Gxcmplo, em "compra a arma", situação que, conforme forem tenção,

ritmo e cadência da cadeia falada , pode comportar três diferentes soluções,

que os três v,ersos seguintes de igual medida melhor ilustram: "compra a arma,

compadre", "compra a arma, meu compadre" e "compra a arma, compadre

meu":

ai) [kÕ pr'a a' áf(f) m'a kõ' pá dr'iJ

a2) [kÕ pr'a ir(i') m'a m~w' kõ' ,

dr'i] ... pa

a3) {kõ' pdr(F) ... m'a kõ' pá dri' m~w (-)]

5 .6 .3 Importa, ainda, por considerar que na área canoca, pelo menos

na expressão culta distensa e natural, o "a" preposição simples não se distingue

do "a" artigo definido feminino singular, nem do "à" combinação da prepo·

sição com o artigo feminino, dito crase, os quai'> se identificam com o la'], prà·

ticamente igual ao da mesma natureza quando intravocabular. Com efeito, o

cotejo das situações seguintes corrobora o asserto e, salvo requinte na expressão

artística, a haver diferença entre elas, é despicienda:

a) orna a arma

h) liga à arma

c) liga a almas

d) liga à alma

séries que, submetidas a versos de igual medida, se apresentam como in }i11~ de 5.6 .2 .

Page 11: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-226-

5. 7 O [r] (a aberto oral intervocabular subacentuado) já o vimos em·

função do segundo exemplo figurado em (b2) in j/ne de 5. 6 . Trata-se, naquele•

caso, de um exemplo controversível. pois a subacentuação normal, de duas

acentuadas, é na primeira e não na segunda sílaba. Em verdade, ocoqe êle

normalmente em situações do tipo "maná achado". isto é. de [á] mais (a'].

mas em que a voz dúplice decorrente fie'! imediatamente antes de sílaba acen­

tuada. Trata-se, é claro, de voz instável, pois, conforme forem tensão. ritmo e

cadência da cadeia falada, pode verificar-se ou não a ligação; 03 dois versos

seguintes, segundo a técnica já aqui seguida, ilustram melhor os fatos: "maná

achado no Egito", "o maná achado no Egito":

al) [m~(ã)' ná a'

' nã a2) [u' ma(ã)' v, sa

d'u

d'u

' "'t nw~ z I V Il

nw~ z

t'u]

t'u]

5. 8 O [ã'] (a aberto oral inteTVocabular dúplice proclítico) ocorre em li­

gações ·do tipo "uma vida atuante", "escola arejada", "bola azul" -isto é,

com [~] mais [a']. É instável como tôdas as vozes . dúplices, pois, conforme

forem tensão, ritmo e cadência, pode ou não verificar-se a ligação. Mas

a ligação, no caso vertente, pode apresentar três possibilidades, a saber,

além do caso do hiato: a) com o [ã'], quer dizer, com a voz dúplice,

b) com o [a'] , quer dizer, com o crásico (que parece ser um [a] Sempre aberto,

relativ~mente longo, mas sem caracteres do dúplice), e c) com a eüsão, quer

dizer, com o desaparecimento puro e simples do fa] sem deixar vestígios no [a'].

Os doiS versos seguintes dão conta dos fatos consignados: "a escolá arejada", 11 manter escola arejada":

' al) [a' ~(i)'( kó l'a. a' r~' "' d'a] za

L

a2) [mã' t~ r~(i)'t k~ lã' rt:' VI d'a] za

a3) [mã' té r~(i)'~ kó la' re' zá d'a] L

a4) [mã' té r~(i)'( kó la~ re' zá d'a]

5.8.1 Na mesma situação antecedente está a ligação do tipo ral mats

[a'] mais [a'J, que pode ser figurada pelos dois versos seguintes: "implora a

atenção" e " ator implora a atenção": o

ai) "' te' '"'] [i' pló r' a a' a' sãw I.

''""] a2) [wa' t<? ~ pló rã' te' n sãw L ' ... ] a3) [wa' ig ri' pló ra" tê' sãw L

a <::; wa' tú ,.,

pló r a' te' '"'] n sãw L

Page 12: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

227-

·cumprindo, porém, ressaltar que, numa situação nitidamente diferenci~~ ~­

bretudo na expressão tensa, a última enunciação corresponde, tanto na mente o o

do indivíduo falante, quanto na do ouvinte, a uma cadeia do tipo "o ator im­

plora atenção"

5. 9 O ['ã] (a aberto oral intervocabular dúplice enclítico) ocorre eom si-

tuações do tipo "ama-a", "estuda-a", 11louvara-as"- que, escusa frisar, per­

tencem ao vocalismo culto da área, quiçá do Brasil. Instável como tôdas as1

vozes dúplices, conforme forem tensão, ritmo e cadência, pode verificar-se ou

não a ligação, o que os dois versos de igual medida seguintes melhor ilustram: 0 amara-a doidamente" e 11êle amara-a com loucura'':

al) [~'

a2) [~'

, ma

ly~'

r' a

'a da'

r'ã low'

"' me

kú r'a]

5. 9. l Além do caso acrma figurado - isto é, de ['a] tornado ['a] ma1s

['a] - podem ser considerada<> ainda duas situações, a saber, a de ['a] ma1s

{'a] mais [a'] , como em "ama-a apaixonadamente", e a de ['a] mais ['a] mais [á].

como em 11dissera-a alto". Normalmente·, há em ambas as situações dois grupos

rítmicos, de modo que não haveria como especular; admitida, entretanto, a

ligação -em certa tensão, ritmo e cadência- pode dar-se de duas maneiras,

além da ausência de ligação (que é semp~e primeiro citada). Leia-se, a seguir,

em (ai) "ama-a apaixonado", em (a2) "ama-a aloucadamente", em (a3) "~ma-a

apaixonadamente", em (bl) 11êle dissera-a alto", em (b2) "êle bem dissera-a -alto" e m (b3) "dissera-a alto loucamente'':

al) [á(ã) m'a 'a a' pay' s'<;>(õ)' ,

d'u] na

a2) [~(ã) 1n'ã· a' l<;>w' kà da' mê' l'i] a3) [á(ã) m'ã pay' ~~(õ)' nà da' m~' !'i]

bl) [~' li' J i' , r' a 'a á i t'u] st

b2) .[~ l'i b:. ... di' ,

r'ã áÍ t~u) ey se I.

b3) [Ji' sé ,_

ka' me' t-i] rãl t'u l~w ~

5 . lO O [a'] (a aberto oral intervocabular crásico -e releve-se o palavrão

"crás1co" l)já foi objeto de consideração em 5. 8. A situação lá figurada

poderia, ainda, ser corroborada com outro exemplo típico, que· é o de ['a} tor,-. . nado [a'] mais [a']. O caráter do cr<{sico ressalta no fato de que a tendência

Page 13: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

I.

' ..:..._ '228

ao teeham·ento (e mesmd à 'nasalização), que caracteriza as vozes antcnasais

na área; não funciona - o que se ilustra em (a2) de "esta escola amenizada":

al) [et tay't(t~y'~ c r i'() k6 lã' m~' ni'· ,

:z:a L L

a2) [~s tay' te t'ty'_() (? i'() k6 la'· m<;' ni' ,

za ~ .

a3) [es tay'((t~y'~ (Pi'S) k6 la' m~' ni' zá .. ..

6.0 [~] - (a jecltado ora[)

O [a] (a fechado oral) tem a seguinte subgama voc,lica: . a) intravocabular:

(l) acentuado

(2) subacentuado

(3) proclítico

( 4) enclítico

b) intervocabular: '

(5) dúplice acentuado

(6) dúplice proclítico

,. , [ã]

[~']

d'a]

d'a]

d"aJ

6 . l O [~] (a fechado oral intravocabular acentuado) ocorre em vocá-

bulos do tipo:

. ., a) mana , cama, pano, dano, . reclame, espanes, danes

b) anho, tamanho, banhe, arrepanho, arrebanhes

c) pânico, tâmara, câmara, flâmula, ama-la, dana-las

. d) câl)hamo, banha-la, apanha-la

6 . 1.1 Além das observações feitas em 5 . l. l , que são aplicáveis, mulali.F

múlandi.F, ao [~] . considere-se que na área carioca - c quiçá na oriental, nor­

destina, nortista c parte da sertaneja, pelo menos - êle tem na. expressão dis­

ten a caráter marcadamente nasalado; essa nasalização é mais acentuada ainda

~os casos (b) e (d) , isto é, quando antecede [n]. De um modo geral, nas trans-u ~

crições fonéticas , para a voz [~] . se dispensará de dar a alternativa [f], quando

se tratar de nasalida.de, maior ou menor, como decorrência de poo;ição antenasal;

e não apenas para essa voz, mas para quaisquer antenasais.'

Page 14: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-229- .

6.2 O [~](a fechado oral intravocabular subacentuado) ocorre em vocá·

bulos do tipo:

a) satdnicamente, pdnicamente, tdmarazinha ·

h) ciganamente, levianamente, manazinha, camaúta

c) cdnhamo~inho

d) banhozinho, anhozito, .aranhazona, estranhamente

e) banana-d'água, cama-de-vento, cana-de-macaco

I) apanha-môscas, banho-maria~ banho-de-igreja

6. 2.1 Além das observações . feitas em 5. 2 .1, qu,e são aplicáveis, mulati.r

mulandi.r, ao caso presente, cumpre acrescentar as relativas à nasalização,

referidas em 6 . l. 1 . ~

6 .3 O [a'] (a fechado oral intravocabular proclítico) ocorre em vocábulos . . . ·"' do tipo:

a) banana, acamado, macadamizado, amamentar, anonimato

h) sanhaço, banhado, acanhado, amarfanhado, assanhamento, apa•

nhamos

6.3.1 Sem contar a diferença de nasalização entre a série (a) e a série (b)

já referida em 6.1.1, parece haver certas diferenças do [a'], na medida em . que dista da sílaba acentuada, como se observa, mufali.r mulandi.r, em . 5 . 3. 1.

6 .4 o ['~] (a fechado oral intravocabular enclítico) ocorre em vocábulos

do tipo:

a) cânhamo, pântano, láudano

h) ama-me, louva-nos, canta-mo, canta-me ··

6.4.1 Notada a nasalização característica das vozes antenasais, cumpre

observar que não parece haver diferença entre o ['a] da série (a) e o da série (b),

nem dentro de cada série, como é l6gico.

6. 5 O [~) (~ fechado oral intervocabular dúplice acentuado) o~orre em

situações do tipo "falta ânimo", "bela ama" -isto é, com ['a] mais [á). Ins­

tável como tôdas as vozes dúplices, conforme forem tensão, ritmo e cadência,

pode dar-se ou não a ·ligação, além de uma terceira ocorrência, que é a da elisão

do .['a], ocorrência, que, porém, apresenta as características, mulati.r mulandi.r,

referidas em 5. 6 .1. Os fato~ considerados são ilustrados, sucessivamente, pelos · t h t 'I b. "f lt A • d " /,r lt A • d " segu1n es ep ass1 a os: a a arumo, compa re , 1a a ammo, compa re meu :

a1) [fái t'a , ,.

m'u kõ' ,

dr'i] ~ n~ pa

a2) [fài ti ,. m'u kõ'

, d ,. m~w] n~ pa . r 1

a3) [fàl tá ,.

m'u kõ' ,

dr'i m~w} n1 pa

Page 15: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-230-

/ .6.5.1 Importa, .ainda, con$iderar uma situação afim:'a de ['a] mai-; [a']

mais [á], como em 11emprega a ama", situação que, conforme forem ritmo,

tensão, cadência, pode comportar três diferentes soluções, figuradás sucessiva­

mente em 11f)lho, emprega a.ama", 11filhozinho, emprega a ama" e 11meu filho­

tinho, emprega a ama":

al) [fí l'u -e (i)' , ga' a' . ,

m'a] "'

prt ~ , , ' "' . ,

' a2) [fi' Ju' Z! nw~(i)' pre ga' m'a] .. a3) [mew fi' J~ ~r nw~~)' ..

g~ m'a] pre • " 6 .5.2 Acorde com o que se observou em 5 .?.3, no esquema Jupra , ·o [a'J

pode ser artigo, preposição ou a chamada crase, escusando, assim, exemplificação.

6. 6 O [~'-] (a fechado oral intervocabular dúplice proclítico) ocorre em

situações do tipo 11uma escola amena", "bola amarela", isto- é, com ['a] mais

[a']. Como em 5. 8, são quatro as soluções possíveis: al) mera contigüidade das

vozes, a2) a voz dúplice ora tratada, a3) o "a1' crásico, com a particularidade

de a antenasal ficar aberta, e a4) mera elisão, isto é, o ['a] _tornado [a'] desaparece,

sem deixar repercussões na voz seguinte. Exemplifiquemos com os heptassílabos

"escola amenazinha", 11 escola a:mena de fato":

al) [c;(i)' t k~ l'a a' ' na' ,

n'a] m~ Z! .... a2) [~(i)'t k? lã'

, n'a di; fá · t'u] m~

a3) [t;(i)'t kó la\ mÇ n'a d'i' fá t'u] ~

a4) [~(i)'( kó la' ,

n'a d'i' fá t'u] me ~ . .

6 .6.1 A situação afim de ['a] mais [a'] mais [a'], v.g., 11proteja a amada"

se resolve, do mesmo modo, das quatro maneiras acima configuradas; sejam os

heptassílabos "e. proteja a amada", "proteja a amadazinha", "e proteja a

amadazinha": .. al) [i' pro' t~ ~'a a' ~I

, d'a] ma .

a2) [prg' t~ ~'a ã' ' da' ,

u'al ma Zl . a3) [i' prg' t~ ~ã' ' da' zí n'a] ma . .... a4) [i' pr'?' té ~a' ' da' zí n'a] ma . v

·cumprindo·, entretanto, com relação. a (a4) J'Upra, observar o que é dito, mulaliJ'

mulandiJ', in fine de 5. 8. l .

7.0 [e] (e aberto oraL) L

Page 16: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-231-

O [e] (e aberto oral) tem a seguinte subgama vocálica: 4 .

a) in_travocabular:

(I) acentuado

(2) subacentuado

(3) proclítico

b) intervocabular:

(4) dúplice acentuado

(5) dúplice subacentuado

[é] ' [eJ ' [e'] L

7.1 O [fl (e a'i:?erto oral intravocabular acentuado) oco.rre em vocábulos

do tipo:

a) sebe, lebre, seca, velha trepe, trepa, sete,. mede

b) célebre, cérebro, trépído, pede-me, asseste-me, hélice

c) café, rapé, papel, 'tonel, colher, puder, disser

7 .1. 1 As considerações feitas em 5. 1. 1 .cabem, muiafi.r muiandi.r, ao caso

presente.

7 I 2 A r b I 11 "' • '" , · t' d" - ( ) . . 10rma ver a e , ass1m como es , es a na;; con 1çoes c .rupra

quando seguida de pausa: ".êle é, quando quer, inteligente", ou quando "absolutà~

"êle é, porque é".

7.2 O [c] (e aberto oral intravocabular subacentuado) o~orre em vocá­" bulos do tipo:

a) celebremente, celeremente, medicozinho

b) indelevelmente, corretamente, velhazinha

c) quero-quero, reco-reco, leva-traz, seca-rega

d) teté, pepé, lelé

7. 2 .I As considerações feitas em 5. 2 . 1 cabem, mulali.r mulandi.r, ao caso

presente.

7 . 3 O [e'] (e aberto oral intravocabular proclítico) ocorre em vocábulos I.

do tipo:

a) pré-história, pré-vestibular

b) cafezinho, papelzinho, tonelzito

Page 17: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-232-

7.3 . 1 As considerações feitas em 5.3.1 cabem, mutati.r mutandi.r., ao easo

presente. O [e'] das duas séries em causa tende a perder o timbre aberto em L

favor do fechado, isto é, a passar a [~']. Na primeira série, aliás, a formação e

o curso são puramente eruditos; em conseqüência, parece não ser outra a expli­

cação diferencial de vocábulos como "prefixar", "prejulgar", "predeterminar",

de um lado, e de outro vocábulos como "pré-história", "pré-vestibular", que

reproduzem a possível eyolução daqueles, quando são, tornados de curso cor­

rente, pronunciados [pr~'i'tt~r'ya] ou mesmo [pr~y'tt~r'ya]. nos colégios secun­

dários (por professôres e alunos, em geral, se cariocas), ou [pr~'v~'ttl'bu'láf(f)]. como era pronunciada a palavra ao tempo não longínq,uo em que havia entre

nós estabelecimentos de ensino dêsse tipo, Na área carioca, aliás , num vocábulo

de curso múltiplo e cotidiano como é "caf~zinho" , na acepção de "pequena

xícara de café", é quase universal a pronúncia [ka'f~'zj9'u]. que, quando não

tem o [~'] nítidamente fechado, o tem pelo menos sensivelmente.

7. 3. 2 As formas verbais "é" e "és" , quando funcionam como vocábulos

l 't' t' [ '] '"I ' h , ['I I' ,_ .. ] A f . 't proc 1 1cos, em o lf , v.g., e e e ornem ~ Yt <]ID ey , ou, com en ase no suJei o

{élye'óm'ey]. ou , com ênfase no verbo, [e'lyeóm"êY). . .. . . ". 7. 4 O [i] (e aberto oral intervocabular dúplice acentuado) ocorre em

~

situações do tipo "ralé ébria" , isto é, com [é] mais [é] . Instável como tôdas

as vozes dúplices, pode verificar-se ou não a ligação; os dois heptassílabos •

seguintes ilustram o f a to- "ralé ébria de prazeres" e "a ralé ébria de prazeres':'

al) [f(f)a'

a2) [a'

I e ~

f(f)a'

, e • li ..

br'ya

br'ya

~ 1'/ I , <1 pra z~

d~l'/ I ' pra ze

r' i(]

r'it]

7.4.1 Importa, ainda, considerar a situação de [f] mais[~']. que tem duas

soluções, como o demonstram os dois heptassílabos seguintes ~ "ralé ervateira

I" 11 ralé ervateira do sul" ao su e

al) [f(!) a' lé €?'f(f) v a' t~y raw' súi] ~

a2) [f(f)a' I{f<r) v a' t~y r' a du' súi]

7. 5 O [~] (e aberto oral intervocabular dúplice subacentuado) ocorre .. em situação semelhante à anterior, mas de tal modo que, como decorrência de

sua formação, fica ela colocada imediatamente antes de sílaba acentuada - co­

mo no segundos dos seguintes heptassílabos "e foi ao café errado" e "êle foi

ao café errado" :

1) [i'

2) [;'

f§y

li'

aw' ka'

f§y aw'

fé ~

ka'

e'

[~ ~

-(-)' r r a .. r(r'á • .I

d'u] ' 11

d'u]

Page 18: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-233-

8 .0 [e] (e fechado ora[) ... . O [c;J {e fechado oral) tem a ~eguinte subgama vocálica: ,

a) intravocabular:

(1) acentuado

(2) subacentuado

(3) proclítico

( 4) enclítico

h) intervocabular:

(5) dúplice acentuado

(6) dúplice subacentuado

, [Çl

[~}

8 .1 O [é] (e fechado oral intravocabular acentuado) ocorre em vocábulos

do tipo:

a) m2do, s2de, aparelho, com2ço

h) amena, fonema , condena, lema, pena

c) penha, venha, tenho, empenhe, senha

d) tr2fego, 2xito, êxodo, aparelha-lo

e) fon2mica, an2mica, az2mola, tr2mula, condena-lo

f) voc2, ti2, sapé, dever, correr, escrever

8 . 1 . 1 Além das observações feitas em 5 .1.1, cabem também, mulali.t

mulandi.r, as de 6.1 . 1.

8 . 2 O [~] (e fechado oral intravocabular subacentuado) ocorre em vo­

cábulos do tipo:

a) trêfegamente, 2xodozinho

h) an2micamente, az2molazinha

c) sêdezinha , aparelhozinho, rêdezinha •

d) serenamente, amenamente, penazinha

e) tume-treme, rema-rema

f) lenha-branca

8 . 2 . 1 Além das observações feitas em 5 . 2 . 1, cabem, mulali.r mulandi.r, as·

feitas em 6.1.1, no tocante à nasalização.

Page 19: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-234-

8.3 O [e') (e fechado oral intravocabular procHtico) ocorre em vocábulos

do tipo:

·.

a) ressurgimento, redarguir, exótico, epanáfora, eneágono

b) emoção, emotivo, eneágono, penedia, remediar

c) sapêzinho, tiêzinho, pêzinho, ipêzão

8.3 . 1 Além da distinção que cumpre fazer entre o [e') antenasal e o ante-orJ

cabe, ainda, considerar que ~le é provlvelmente mais fechado, na área, na medida . '

em que se distancia da sílaba acentuada, não intervindo razão rítmica, geral~

mente binária, em contrário. Ademais, importa desde já consignar também que

nos vocábulos de curso popular o [<;'] apresent~ uma Óscilação para [i'] ou fi'J (segundo, respectivamente, não seja ou seja antenasal), v. g., "educação"]

[e'du'ka'sã~] f [i'du'ka'sãw). "lenimento" (como certo remédio muito vendido

n•a área) [l~(~'ni'met'u} I [l!(i)'ni'met'u]. Ec;sa oscilação, contudo, parece sei:'

condicionada, de um lado, por razões morfológicas e, de outro, por uma como

harmonia vocálica, que se tentará esclarecer mais adiante

8. 3 . 1.1 N<~o relação J'Upra de exemplos, uma forma do tipo "senhorio"

deveria também ter sido considel:'ada , acrescida da observação relativa à ten­

dência de maior nasalização antes de rul e da relativa. à oscilação para (~'l/(~]. 8.4 O ['e] (e fechado oral intravocabulal:' enclítico) ocorre em exemplos . .

do tipo:

a) cérebro, célebre, célere, trêfego, pândega

b) tóteine, cris~ntemo, pátena

c) agradável, louvável, audível, solúvel

d) cerúmen, acúmen, albúmen, regímen, tentâmen

e) revólver, suéter, esfíncter., caráter, síle·x, córtex

8. 4.1 A preliminar que cabe ressaltar com relação ao [' ~] é que pertence

ao fonetismo culto da área e d11 língua. Em conseqÜência, há algumas observa­

ções que fazer, em função da maior ou menor difusão de suas ocorrências no

curso pupular.

8 .4.1.1 Na série (a), na medida em que os vocábulos se divulgam no

curso popular, tende ~ ['~] a passar para ['i] , "· g. , "pândega" [pãd'~g'a}

[pãcftig'a}, "tráfego" [tráf'~g'u] [tráf'ig'uJ. Poder-se-ia, aqui , lembrar que, nas

camadas populares e de ling~agem mais distensa e espontânea, há, na área,

também, a tendência ao paroxitonismo,, contrapt..:sada, tão-somente, no caso

~-vertente, pela formação de uma seqÜência consonantal mais violenta ainda do

qu-e o proparoxitonismo.

Page 20: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-235-

8.4.1.2 Na série (b), na medida em que os vocábulos se divulgam no

curso popular, tende a ['iJ. "· g., "autógena", da linguagem dos mecânicos 'do

automóveis em "solda autógena", que se apresenta já na forma [aw'tót'in'a]. ~ .

já na forma paroxítona [aw'tótn'a] (como se escrita "autosna", como em certo

momento se podia ler numa pequena oficina da Rua São Clemente, em Bota•

fogo). É óbvio que o paroxitonismo aqui pôde funcionar por formar-se uma

sequência consonantal normal na área ("asno", "cisne").

8.4 . 1 .3 Na série (c), da qual muitos vocábulos entram no curso popular,

pelo menos na área, há manifesta tendência mesmo entre cultos, na expressão

distensa, de passar o ['~]para ['i]. "·9·• 11agradável" [a'gra'dáv'~Í] [a'gra'dáv'iÍ].

"amável" [~'máv'~l] [~'máv'i1], enquant? nas camadas mais populare;; , incultas,

e no seu falar mais distenso, há , além da vocalização do OJ. ou sua mera apócope

ou mesmo, muito epis~dicamrnte (talvez em alienígenas) , o rotacismo: a)

(ã'máv'iw] ou [ã'máv'yu ). b) [ã'máv'i] e c) [ã'máv'if.].

8 . -l.l . l Na série (d) sàmcntc entre bem falantes- e, no geral, em situações

de tensão psíquica - se verifica a pront'mcia , canônica para a área , de , ''· g.,

"cerúmen" como [s~'rúm'çn], com [n] implosivo sem nasaliUlr a vogal anterior,

embora com timbre feéhado. A pronúncia corrente, entretanto, mesmo entre

cultos, é a nasala.da com ditongação , c•. g. "regímen" [r(f)e'iím'ê'y]. 1'1as, nas . .. . . camadas populares incultas da área, também para vocábulos como "linguagem",

"bobagem", a tendência é para reduzir o final a ri],"·!!· [J.~'tt'm'i] como [b~'bá~'i]: . c - fato interessante - a aceitação moderna pelos lexicógrafos do 'sincretismo

"regímen/regime", "cer·úmen/cerume", "tentâmen/tentame", "espécimen/espé­

cime", "albúmen/albume", teve como cohSeqüência a consagração como regime

culto da tendência manifestada nas camadas populares incultas. Note-se, por

fim , que. entre cultos ocorre também o ['~] com tendência para ['i]. nos ~in­

guiares c plurais com - n (gráfico): [f('f)t;'~im'e] ou [f(f)t;'~!m'i]. [f(f.)t;~jm'~di (J

[f(f.)~'~jm'in'i(J; o grau [f(f)~'ffm•ê'.YJ. entretanto, entra na deriva geral ' do

vocalismo da área, com o plural [r(f};'~m"ê'y~.

8. 4. l . 5 Na série (e) os f a tos são mais ou menos paralelos aos da série

anteriormente examinada: a) nas camàdas populares incultas, tendência para

o [i], v. g., [re'v6wv'i] e mesmo [re'vóv'i]; b) nas camadas cultas de expressão • \. • t.

distensa, [f(r)~'v~lv'if(f.) , [f(f.)t;'v?iv'ir'i~, quando não ocorre o pseudo-angli-

cismo [f(f.)~'v~lv'irs] ou [f(f.)t;'v~lv'~rs]; c) nas camadas cultas bem falantes,

[re'vólv'er], [re'vólv'er'iS), d) havendo, é óbvio, por fim, um grupo que pronuncia . . ~ . . . . '" . à inglêsa ou a norte-americana, já não se dirá o vocábulo com que se vem exem-

Page 21: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

- .236-

plificando, dado seu largo curso já há muito difundido, mas vocábulos ma1s

recentes, como .rweler, boxer, .reller, poinier. Nesta mesma série, os vocábulos

eruditos de origem clássica, quando no curso popular, apresentam as caracte­

rísticas apontadas, salvo, é óbvio, a (d). Nas camadas cultas, a alternativa se . ~

limita a uma forma culta "natural", v. g., "esfíncter" [e(i)'~fikt'er(r)] (e também ,. . . ... fs(t)ffkt'~!(f)] ), "sílex" [síl'c;ks], ou uma forma de sabor requintado e artificial

na área, com as terminações respectivas em [-'~f(f)] ou [- 'c;ks]. I

8. 5 O [Ç] (c fechado oral intervocabular acentuado) ocorre em situações

do tipo "sapê êrmo" - isto é, [~] mais [~] -, ou do tipo "sapê esverdeado"

- isto é, [~] n:tais [~']. Instável como tôdas as vozes dúplices, a ligação pode

verificar-se ou não, o que melhor ilu;tram as duas parelhas de heptassílabo;; "t )" AA d" 11 AA d" segum es a um sape ermo, compa re e um sape ermo, meu compa re ,

e b) "um sapê esverdeado" e "sapê esverdeado, compadre" (sendo que em "es-

verdeado" ,

considerará a pronúncia com a inicial [~']. sem considerar, so se

pois , a sua oscilante [i']):

ai) lu' sa' ' ~f(!) m'u kõ' pá dr'i] P<; a2) [Ü' sa' Pif(f) m'u mc;w' kõ'

, dr'i] pa

bl) [Ü' sa' ,

t;'i ve'r(r) <li' ,

d'u] pç a ... b2) [sa' p~t v~(E) Jyá d'u kõ'

, dr'i] pa

8. 6 O 1~] (e fechado o tal intcrvocabular dúplice subacentuado) parece

só ocorrer no caso em que, em conseqÜência da formação da voz dúplice, fica

ela antes de sílaba acentuada, como, por exemplo, em "sapê ervado" - isto é,

com [~] mais [t;'] -, como o ilustram os dois heptassílabos seguintes - "sapê

ervado, compadre " 11 um sapê ervàdo, compadre": e

ai) [sa' pé ~'f(f) ,

d'u kõ' pá dtl<i] v a

a2) [ü' sa' p~f(f) ,

d'u kõ' pá dr'i] v a

9 . O [i] (i aberto ora[)

O [i] (i aberto oral) tem a seguinte subgama vocálica:

a) intravocabular:

(1) acentuado [í]

(2) subacentuado [~]

(3) proclítico [i']

(4) encütico ['i]

(5) final ['i]

Page 22: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-237-

b). intervocabular:

(6) dúplice acentuado

(7) dúplice subacentuado

(8) dúplice proclítico

9. O .1 Não há como confundir, parece, o [i] (i dúplice oral) com o [i]longo

das expressões afetivas, ''· g., com nota de desalento, em "que v"ida !". De

outro lado, parece, também, que militam razões bastantes para eventualmente

distinguir o [i], que a seguir será examinado, dos ditongos [yi] ou [iy]. isto é,

crescente ou decrescente, que serão considerados oportunamente.

9.1

do tipo:

O [í] (i aberto oral intravocabular acentuado) ocorre em vocábulos ··~:.•'

a) tipo, rico, filho, filo, filtro, riba, arrecife

b) c!trico, I!dimo, vfvido, criva-la, ftgado

c) tupi, ouvi, sentir, vir, vil, covil, covis

9 .I. I As observações feitas em 5. I. I cabem, mulali.J mulandt".r, ao caso ·pre­

sente, inclusive no que tange a formas como "covis", "ouvis" , "perdiz" , isto é.,

quando, nos oxítonos, é seguido de -.J ou -z (gráfico:;), quando se observa,

no falar quase geral da área, verdadeira ditongação, provàvelmeníc por influ­

ência da consonância palatal final- [kg'víy~, [9w'víy~] ou [p~'f(f)J(ytJ.

9. 2 O [~] (i aberto oral intravocabular subacentuado) ocorre em voc[t-

bulos do tipo:

a) l~dimamente, v7vidamente, f~gadozinho

h) aud~velmente, sofr~velmente, vidazinha, ativamente

c) vira-bosta, tira-teima, pipi , chichi

9.2.I As observações feitas em 5. 2.I cabem, mulali.J mulandiJ·, ao caso

presente. Assim é que "vira-bosta" [v~ra'b~tt'a] tende para [vi'ra'bi(t'a].

assim como [p1pí] tende para [pi'pí].

9. 3 O ~i'] (i aberto oral intravocabular proclítico) ocorre em vocábulos

do tipo:

a) cidade, ilt"bado, vtvtsecção, pirilampo

h) levezinho, dosezinha, tupizinho, sapotizão

9. 3. I As observações feitas em 5. 3. I cabem, mufali.J mutandi.J, ao caso

presente. Cumpre, ademais, acrescentar a êste caso os oscilantes orais abertos

consignados em 8 . 3. I .

Page 23: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-238-

. ' 9. 4 O ['i] (i aberto oral intravocabular enclítico) ocorre em vocábulos:

do tipo:

a) prático, vrvido, patético, sente-lo, ouve-lo

h) fácil, ágil, grácil, p~nsil, réptil, projétil

9.4 . 1 As observações feitas em 5.4.1 cabem, mulali.r mulandi.r, ao caso

presente, devendo-se também associar ao mesmo os fatos referidos em 8.4.1.3.

9. 5 O ['i] (i aberto oral intravocabular final) ocorre em vocá·bulos do tipo

a) sete, leve, célebre, célere, júri, tílburi

h) medes, leves, célebres, céleres, j-úris, tílburi.i, cálix, fênix, lápis

9 o 5 °1 As observações feitas em 5 . 5 . 1 cabem, mulali.r mulandi.r, ao caso

presente. Entretanto, no;; exemplos de "cálix" e "fênix", na pronúncia ultra­

correta [kál'iks] e [fén'iks], passa, claramente, para ['i] . . 9. 5. 2 Só por ultracorreção - sobretudo na leitura e mormente entre

crianças na fase de alfabetização - ou em bôca de alienígenas, mas sempre

deslocado da ambiência lingÜística, é que se ouve o ['i] como ['~]. em quaisquer

camadas sociais da área.

9.6 · ' O o [i] (i aberto oral in'tervoeabular dúplice acentuado) ocorre em "' situações do tipo "uma sede hípica", '!um tupi hílare" ou "um tupi idolátrico",

isto é, com riJ mais [í], com [í] mais [í] ou com [í] mais [i']. respectivamente.

Instável como tôdas as vozes dúplices, conforme forem ritmo, tensão e cad~ncia

da cadeia falada, a ligação pode ocorrer ou não. Os heptassílabos seguintes

dão conta dos fatos - "uma linda sede hípica", "uma formosa sede hípica';,

"tupi hílare não serve", "tupi hílare não convence", "era um tupi idolátrico",

"parece um tupi idolátrico":

al) [u' ma' li' d'ao , a i' , , .

k'.l] . S'ê 1 pl

a2) [u' ma' fg'f(f) ,

z'a ' Jf ,. k'a] mo se pl .. "' bl) [tu'

... l'a nã~' sér(r) v'i] ' pl ,.

ri ~

........ b.2) [tu' l'a r' i nã~' kõ' ~ s'i] pl v e

cl) [e ra~' tu' ,

i' d<?' lá h' i k'u] I.

pl

'éz) [pa' ,

syÜ' tu' -/.

do' lá ~r' i k'u] re pl I. .

9. 6 .1 Importa, ainda, considerar uma hipótese afim, a de ['i] mais [i'], mais [í], como se figura em "leve e hílare"- a rigor, o ~i] tor~ado [i'], tamb~m,

Page 24: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

- 239-.

c~['i]. Figuremos as três soluções possíveis com os três heptassílabos ~eguintes-11mulher bem leve e hílare", "Jllulher muito leve e hílare" e "uma mulher bem

leve e hílare":

ai) [mu' J~Ç(f) b"'"'' lé v' i i' ' l'a r' i] ey 1 ~ ,

a2) [mu' 1 'r(r) muy' tu' lé ,. ..,.

l'a t:'i] Vl 1 .. ~ .. ~ I

a3) [u' ma' mu' l{f(f) bê'y· ~~ ...

l'a . ~i] I.

Vl

9. 7 O ~] (i aberto oral intervocabular dúplice subacentuado) ocorre em

situações do tipo anterior em que, em conseqüência da formação da voz dúplice~

fica e.>ta imediatamente antes de um~ sílaba acentuada, do que· dá exemplo

" tupi idiota" ("idiota" como tris~íl~bo), nos dois heptassílabos seguintes -'"era

-um tupi idiota~' e"falava de um tupi idiota":

ai) [é r' a li' tu' ' i' J> ' t'a] pt yo "' .. I.

a2) [fa' lá v' a Jyu' tu' ....

dyi t'a] Pl

.em que a alternativa do primeiro heptassílabo ser1a:

[e raw' ·tu' ' i' di' ' t'a] pl o ~ I.

9. 8 O .ii'J (i aberto oral intervocabular dúplice proclítico) ocorre em

situações do tipo "um homem célebre ilibado" ou "célebre e Hibado". O pri·

meiro caso comporta duas soluções e o segundo três, o que melhor ilustram os

heptassílabos seguintes - al) "um célebre ilibado", a2) "hoinem célebre

ilibado", bl) "célebre e ililiado", b2) "bem célebre e ilibado" e b3) "homem

célebre e ilibado":

ai) [rí' ' 1'~ b ,. i' li' bá d'u] se rl I.

a2) [~ m'ê'y ' 1' t; bcii li' bá d'u] 81_ bl) [st l'~ b ,. r 1 i' i' li' bá d'u]

b2) [bê'y' ' 1'~ br'i T' li' bá d'u] st b3) (Ó m''éy ' l'e bri' li' bá d'u] se . I. •

·9. 8. 1 Importa, contudo, lem~rar que a igualdade fonética da cadeia (a2)

com a cadeia (b2) fonêmicamente se distingue porque (a2) comporta, a rigor, ' , I 1' uma terceira solução, que e prect~amente a diferencial, consistente na e tsão

_pura e simples:

[~ '"""' m ey ' se

" 10. O [!] (i fechado ora{)

l' «; b ., n li' bá d'u]

Page 25: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

. ;__, 2-lO -

O [i] (i fechado oral) tem a seguinte subgama vocálica: . a) intravocabular:

(1) acentuado [í]

(2) subacentuado r!J (3) proclítico [i']

• n.

(4) enclí.tico ['i] . ó) intervocabular:

/

(5) dúplice acentuado rTl (6) dúplice subacentuado ri1 (7) dúplice proclítico [i']

10.0.1 Não há como confundir o (fl (i fechado dúplice), como se pro­

curará demonstrar adiante. pela exemplificação e descrição de suas situações,

COJ!l o [i] longo das expressões afetivas, v. ll·· com nota de concupiscência, "di­

vina..!". De outro lado, parece, também, que militam razões bastantes para

distinguir o ditongo crescente [yi]. que será exa.minado adiante.

10.1 O [í] (i fechado oral intravocabular acentuado) ocorre em vocábulos

a) miqa, cimo, pino, hino, ensino, peregrinas

b) ninho, pinho, vinho, cabrinha, rodinha

c) cínico, clinico, qu[mica

á) tinha-me, alinha-se, sublinha-se, embainham-no

10 .1.1 As observações feitas em 5. 1.1 e em 6. 1. 1 cabem, mulali.J mu­

iandi.J, ao caso presente.

10.2 O [~] (i fechado oral intravocabular subacentuado) ocorre em vocá­bulos do tipo;•

) '· '· ~ l'h '· a ctmcamente, mtm1camente, prtmu azm a, qutmtcazona

b) peregrinamente, divinamente, minazinha

c) ninhozinho, vinhazita, rinhazinha

á) lima-de-cheiro

e) pinha-9ueimadeira, pinho-do-brejo

10.2.1 As observações feitas ein 6.2.1, assim como as remissões !á feitas ..

cabem, mulaliJ- mufandi.J, ao caso presente.

Page 26: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-241-

10.3 O [i'] (i fechado oral intravocabular proclítico) ocorre em vocábulos . .

do tipo:

a) cimalha, limão, pimenta, pimentão, ctmsmo

b) ti~hoso, inhame, pinheiro, apinhássemos, adivinháramos

10.3.1 As observações feitas em 6 .3.1 , ac;sim como as remissões lá feitas,

cabem, mulati.F mufandi.F, ao caso presente.

10.4 O l'i] (i fechado oral intravocabular enclítico) ocorre em vocábulos . do tipo:

a) 6timo, péssimo, pristino, lâmina, claríssimo

b) pede-me, trouxe-me, est11de-mo, entregue-mo

10.4 .1 As observações feitas em 6.4.1 cabem, mutafi.J· mutandi.F, ao caso

presente. É de tôda a conveniência, porém, ressaltar que é frouxa a tendência

à nasalização, salvo no caso de "lâmina", em que é visível que o é por sua po­

sição internasal. Relembre-se que se trata de voz típica do fonetismo culto

da área. , 10.5 O lTJ (i fechado oral intervocabular dúplice acentuado) ocorre em

situações do tipo "êc;te hino", "ouvi hinos", "conheci inocentes"- isto é, com,

respectivamente, riJ mais [í], ou [í] mais [í]. ou [í] mais [i']. o primeiro caso

se resolve por ai) contigüidade pura, isto é, hiato, a2) duplicação e a3) elisão;

o segundo, por bl) contigüidade e b2) duplicação, e o terceiro, por cl) conti­

gÜidade e c2) duplicação. De tudo dão conta os heptassílabos seguintes- al) 11que beleza êste hino", a2) e a3) 11como embelezar êste hino?"; bl) "ouvi hinos

todo dia", b2) "ouvi hinos por tôda parte"; cl) "eu conheci inocentes", c2)

''conheci inocentes lindos":

al) ki' b~' lÇ z'a ~( ?'i Ii'u] I

a2) lk6 mwê!' h~' 1~' , ,'11 1T n'u ( ?) 1 za r~s .

a3) [k6 mwe' b~' I~' ,

r~( '?! n'u ( ?)] za . bl) [ç>w'

\ , n'u( t~ du' ~· 'ya] Vl 1 lY , •

b2) [ç>w' .... n:'u( pu'f(t). t~ d'a páf(f) f'i] V!

cl) [ew k~' ne' sí ., nc/

,t 'l-itl ! se . .... c2) [k<,>' ne'

~ nC!'

,t, ?'i! rt d'ut]

'W • . S! St:

devendo-se, ainda, considerar a solução c3) de elisão, mas com a particularidade

importante de que da voz elidida fica um resquício, a saber, o timbre fechado:

c3) [k<?' v-~' n~' ,t

se d'u'(J

Page 27: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-242-

10.5.1 Cumpre, aliás, não esquecer que a tend~ncia à nasalização per­

dura mesmo nas vozes dúplices acima consideradas, com as duas seguintes

particularidades: a) num primeiro grau de tensão expressiva e culta, o primeiro

membro da voz dúplice pode ser nltidamente oral; b) num segundo grau de

tensão, digamos, em grau distenso e espontâneo e popular, a voz dúplice nos

dois membros já é na;,alizada, mais ou menos fortemente.

' 10.6 O lTJ (i fechado oral intervocabular subacentuado) ocorre em situações

em que, em conseqÜ~ncia da formação de uma voz dúplice que deveria ser

acentuada, na conformidade do exposto no nú~ero 10. 5, fica ela imediatamente

antes de uma sílaba acentuada, do que dá exemplo "comi inhame", cujas duas)

soluções (contigüidade e voz dúplice) são exemplificadas pelos heptassílabos al)

"comi inhame com gôsto" e a2) "comi inhame noite e d. " 1a :

l) [k9(u)' ,

i' , ,.

k~' ót t'u] ml na ml g. .., a2) [k9(u)'

~ , ,. ' ~I' <líy 'ya] m! na ml n9y ..,

10.7 O lT'J (i fechado oral intervocabular proclítico) ocorre em situações

do tipo "êste hinário", "febre inalterada", isto é, com ['i] tornado [i'] mais [i'].

Tais situações podem resolver-se al) por contigüidade, isto é, hiato, a2) por dupli­

caçã.o e a3) por elisão, permanecendo, neste caso, o timbre fechado com tend~ncia

à nasalização. Os heptassílabos seguinte<; dão conta dos fatos - al) "a febre

i na Iterada" e a2) e a3) "uma febre inalterada":

a1) [a' fé br'i .,

na'l t<;' r á d'a] ~ !

a2) [u' ma' fé b -r, na1 te' ,

d'a q r a L .

a3) [u' ma' fé b ., na'l t<;' ,

d'a] n r a L .

10.7.1 Há, ainda, a hip6tese de ['i] tornado [i'] mais [i'] mais [i']. como

em al) "leve e inalterada", a2) "côr leve e inalterada" e a3) "corpo leve e inal-

terado": -al) [lé

,. i' i' na'l te'

, d'a] Vl r a

'" a2) [k9f(f) lé ,. -r, na1 t.~' r á d'a] Vl ! \.

a3) [k9f(f) p'u lé v "I' na1 t~' ,

d'u] r a I. .

11.0 [~] (o aber.lo oral)

O [o] (o aberto oral) tem a seguinte subgama vocálica: I.

a) intravocabular:

(1) acentuado [6] '" (2) subacentuado [à] "' (3) proclítico [o'] L

Page 28: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-243-

b) intervocabular:

(4) dúplice acentuado

(5) dúplice subacentuado

11.1 O [6] (o aberto oral intravocabular acentuado) ocorre em vocábulos I.

do tipo:

a) poda, pode, mola, molha, arrolha, tropa, melhores

h) tr6pico, c6digo, mon6logo, c6licas, poda-lo, corta-lo

c) boc6, abric6, xod6, atol , redor, atroz, suor

11. 1 1 As con'siderações feitas em 5 . 1 . 1 cabem, muiali.J mulandiJ", ao

caso presente, inclusive no que tange a ."atroz" e, decorrentemente, a "abric6s::.

por exemplo.

li. 2 O [o] (o aberto oral intravocabular subacentuado) ocorre em vocá­bulos do tipo:"

a) modicamente, otimamente, codigozinho, monologozinho

h) movelmente, molemente, molazinha , tropazinha

c) bota-fora, toque-toque, norte-americano

d) tot6, vovó

11.2.1 As considerações feitas em 5.2 . 1 cabem, mulaliJ" mulandi.r, ao

caso presente.

li. 3 O [o'] (o aberto oral intravocabular proclítico) ocorre em vocábulos I.

do tipo:

a) pró-britânico, pró-árabe, pró-indígena

h) abricozal, xodozinho, atolzinho, tropinha, malinha

11.3. 1 Dentro da série (a) o [o'] tende a passar a [o'] se torna de largo t · L •

uso, tal o caso de "pró-matre", usualmente e maioritàriamente pronunciado

no Rio [pro'mátr'i] (para o que, é óbvio, corrobora a po~ição antenasal, que, . .

porém, não é decisiva nos compostos eruditos; aliás, no caso em aprêço, que o

processo fica a meio se vê do fato de que o [o'] jamais se pronuncia nasalizado).

Ainda na série (a) poderiam ser incluídos os vocábulos do tipo "totó" e "vovó",

que o foram na série (d) de 11 . 2 . É que com os me,;mos a flutuação é tríplice­

- e, por estranho que possa parecer, corresponde a três fases do processo de

consolidação da aquisição da língua na área, de um modo geral -: L) [v~v~], 2.) [vo'vó], 3 .) [vo'vó] (enquanto o correlato " vovô" apresenta, como é de

~ ~ • &.

Page 29: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-214-

esperar, só duas: l.) [v~v§], 2.) [vq'vg]), Quanto à série (b), as observaçoes I

feitas em 5. 3.1 cabem-lhe, mulati.r mulandiJ·. Esclareça-se, entretanto, que nos

vocábulos do tipo dos três primeiros exempüficados deve-se distinguir os termi­

nados em - zinho(a)(.r), que mais fàcilmente guardam não apenas o [~'], mas

são freqüentemente, nas leituras tensas , pronunciados com [o], dos terminados .. por sufixos outros iniciados por -z-, os quais , ao contrário, guardam o [~'],

mas são freqüentemente, na fala distensa , pronunciados .com [~') ou senão com

um timbre intermédio entre o aberto e o fechado. Quanto aos casos de "tro­

pinha", "rodinha" , molinha" . muito freqüentemente tendem , na expressão

distensa, para o [<;>'), sobretudo nos casos em que na consciência do indivíduo

falante não há diminutivo, tal o caso de "modinha" (na área carioca não há

"moda" como equi.valente de ·''canção, toada"), tão [mo'<Í'ío'a] que não poucas A t • f [ 'd";l f \ l • t f h J' • (( vezes, mesmo en re canocas, e mu 19- a , IS o e, com omoroma com mu-

dinha", diminutivo de "muda".

11 .3. 2 Aliás não são poucos os casos em que de um tipo como [bota' fóg'u] ' ~ . se transita para [bz'ta'f§g'u] para se chegar a [b?'ta'f9.g'u], que é o normal,

no Rio, para o topônimo Bt:>tafogo, estágio também normal para, por exemplo, 1 '!odapé" [r(f)q'da'p{].

11.4 O [ÕJ (o aberto oral ~ntravocabular dúplice acentuado) ocorre em L

situações do tipo "abricó ótimo". Instável como tôdas as vozes dúplices, con-

forme forem tensão, ritmo e cadência da cadeia falada, pode verificar-se ou

não a ligação, do que dão conta os dois heptassílabos seguintes "era um

abricó ótimo" e "sim, senhor, mas que abricó ótimo " :

a1) [é r' a '\f' a' ·bri' ko ' 11 m'u] o .. L \.

a2) [s~ Se I n?r(~) m'a~ kya'· bri' kÍ 1'i m'u] . 11.4.1 Importa, ainda, considerar a · hipótese de [~]mais [o'], como ocorre

em situações do tipo "xodó horroroso", por exemplo. Figuremo-las em dois

heptassílabos, os seguintes- "é um xodó horroroso" e "infame xodó horroroso":

a1) [e l

ra~'

a2) [i' f~ ,.

ml

dó L

~~I f(f)<l f(f)</

, r~

z'u]

z'u]

' 11 .5 O [~] (o aberto oral intravocabular dúplice subacentuado) ocorre em

situações de [ó] mais [o'] .rupra referidas, mas de tal modo que, como decorrência L L

da formação da voz dúplice, fica ela imediatam~nte antes de sílaba acentuada,

Page 30: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-245-

v. g., "xodó horrível", cujas duas soluções ilustram os heptassílabos seguintes­

- "era um xodó horrível" e "infamante xodó horrível":

ai) rt a2) (i'

r' a u' tcl , mã 1'i

ç' dÕ

L

f(!)[

rQ>[

12.0 I?l (o fechado oral)

O [o] (o fechado oral) tem a seguinte subgama vocálica: . a) intravocabular:

(I) acentuado

(2) subacentuado

(3) proclítico

(4) enclítico

h) intervocabular:

(5) dúplice acentuado

(6) dúplice subacentuado

, [9]

[~]

12.1 O [?J (o fechado oral intravocabular acentuado) ocorre ·em voe á· bulos do tipo:

a) tôpo, corpo, lôbos, môlho, sôpro, côbro, lorpa

h) sono, dono, soma, ressona, coma, toma

c) sonho, enfadonho, ponho, medonho, tristonho

d) trôpego, fôlego , lôbrego, sôfrega

e) cônego, fônica, atônito, atômico, tôma-la

/) sonha-lo, reponha-o

g) babalaô, borocoxô, amor, horror, verdor, algoz

12.1 . 1 As observações e remissões feitas em 8 .1. 1 cabem, mulati.f mu·

tandi.r, ao caso presente.

12.2 O [Çl] (o fechado oral intravocabular subacentuado) ocorre em vocá· bulos do tipo:

a) trôpegamen~e. sôfregamente, lôbregamente, fôlegozinho

h) tôpozinho, corpozito, sôprozinho, lôbozão, tôlamente

c) sonozinho, somazita, doidonamente, tomozinho

d) sonhozinho, enfadonhamente, tristonhozito

Page 31: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-246- I

e)' l~bo-cerval, c~rvo-marinho, l~bo-marinho f) dona-d' algo, dona-branca, dono-da-serra.

g) sonhos-de-ouro

12. 2 . 1 As observações e remissões feitas em 8. 2. l cabem, mulaltJ' mu•

fandiJ', ao caso presente.

12.3 O [~'] (o fechado oral intravocàbular proçlítico) ocorre em vocá ..

bulos do tipo:

a) rotundo, coletar, esbodegar, coonestar, coordenar

b) começar, romaria, coonestar, tomar, comemorar

c) borocox~zão, babala~zinho , amorzinho, amorinho

12 .3 . 1 As observações feitas em 8 . 3 . 1 cabem, mulali.J' mulandiJ', ao caso

presente. A oscilação a que lá se refere, aqui tem o tipo [<?' I u'], com tendência

à nasalização quando a voz seja antenasal: "esbodegar" [(~)(i)'ibç>(u)'d~ gár(f.)],

"começar" [k<_>(u)'m~'sáf(f)] ou [kõ(Ü)'mç'sáf(r)J (a nasalidade, de qualquel.'

modo, é branda, diga-se assim, à falta de melhor). Acrescente que, com relação

à série (c) J'upra, o seu [~'] não só apresenta um certo matiz diferencial com

relação ao das duas séries anteriores , mas também dentro dela.

12. 4 O [' 9] (o fechado oral intravocabular enclítico) ocorre em vocábulos

do tipo:

a) prólogo, decágono, óbolo, di->cóbolo, exágono

b) próton, cólon, nêutron, cíclotron

c) flúo1

12.4 . l A observações feita em 8 4 . 1 cabem, mutaliJ' mulandi.J' ao caso presente.

12 4.2 Na série (a) , na medida em que o vocábulo se divulga no curso

popular ou geral da língua , tende o ['ç] a passar para ['u}. oral puro ou pro­

penso à nasalização , se antenasal; aquela tendência, aliás, se manifesta, mesmo.

entre culto~ . na expressão espontânea e distensa , P . g., "óbolo" [ób'<?(u)l'u}.

"discóbolo" [d''i'tk~b' <_>(u)l'u]1 "decágono" [d~'kág '~(u)n'u]. De todos os modos,

a nasalização é, digamos assim, muito branda.

12 . 4 3 Na série (b), somente entre bem falantes e com certa tensão

psíquica se verifica a pronúncia, canônica para a área , de ['<_>] seguido de [n}

implosivo. Normalmente, isto é, correntemente, a pronúncia é, para "próton".

[prót'õ]. para "cólon" , [kól'õ] Não é senão pela dificuldade geralmente ~ L

sentida na língua que os lexicógrafos na área preconizam sucedâneos sincréticos,

Page 32: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-247-

como "protão", "neutrão", "ião" ou "ionte", "ciclotrão", embora ~stes sejam

de restrita aceitação. No plural, o canomco, "prótones", "cólones".

[pr~t'~m'i~], [k~l\ntit), só ocorre em situações tensas, mas em compensação.

para o singular, corrente, tanto se ouve, semitenso, [pr~t'õ~ , quanto, distenso

e natural , [prót'õyt). L

12.4.4 Na série (c), a pronúncia cantmica e correnfe para as camadas

sociais da área em que o vocábulo é encontradiço, "flúor", é [flú' 9r(f)], consig­

nando-se, porém, também, uma forma requintada [flú'~r(i')], e, no outro J?Ólo,

a que é talvez a mais corrente [flú'w~f(f)]. A série é, aliás, representada, salvo

êrro, tão-somente pela palavra exemplificada, salvo o emprêgo eventual de

latinismos em linguagem técnica, como furgor em biologia - mas ainda aí os

dois fatos iniciais apontados para "flúór" vigoram (a palavra foi de emprêgo

freqüente nas aulas de Didática Geral, na Faculdade Nacional de Filosofia,

da Universidade do Brasil, pelo menos pelos anos de 1939 a 1942).

12.5 O [~) (o fechado oral intervocabular dúplice acentuado) em situações

do tipo "xangô ôco" ou "xangô horroroso" -isto é, respectivamente, com [§]

mais [~) ou [~) mais [q']. Instável como tôdas as vozes dúplices, no primeiro

caso pode haver a1) mera contigüidade ou a2) duplicação, enquanto no segundo

b1) mera contigüidade, b2) duplicação ou b3) elisão. Ilustram os fatos os se-. t h t 'l b 1) li A A f • li 2) li A A -gum es ep asSl a os - a xango oco e co1sa rara , a xango oco nao me

convence", bl) "xangô hororroso e forte", b2) e b3) "xangô horroroso e potente":

a1) [~ã' ' ' kwt' k9y z'a f (f.) á r 'a) g'l 9 a2) [~ã'

.. k'u nãw'

., kõ'

,!, s'i) g(j ml v e

b1) [Ú' ' .9' f(f)o' ' zwi' fór(r) t'•i] g9 r9 lo • •

b2) [~ã' ,

r( r)</ ' zwi' pg' d t''i] gey f<"/

[~ã' ' ' I

f 'i] b3) g9 r(r)g' r9 zwi' P9' tê'

12.6 o ' [~] (o fechado oral intervocabular dúplice subacentuado) parece

' ocorrer no caso em que, em co.meqüência da formação de uma voz dúplice so

segundo o esquema antecede.ntemente examinado, fica ela imediatamente antes

de sílaba acentuada, como em "xangô horrível". 03 dois heptassílabos seguintes

dão conta dos fatos - "xangô horrível de morte", "xangÔ horrível é de morte":

a1) ~ã' ' 9' r<r)í v'~l J i' móF(r) f'iJ go L • •

a2) [~~, ..

f(r)f v'ç le d' i' mór(f) t''i l g~ L L' •

13.0 [u) (u fechado ·oral)

;

"

Page 33: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-248

O [u] (u fechado oral) tem a seguinte subgama vocálica:

a intravocabular:

(l) acentuado [ú]

(2) :mbacentuado [Ú.]

(3) proclítico [u']

(4) enclítico ['u]

(5) final ['u]

b) intervocabular:

I (6) dúplice acentuado [ü]

(7) dúplice subacentuado (à] (8) dúplice proclítico [ü']

(9) dúplice enclí tico ['ü]

·(lO) dúplice final ['üJ , 13. O .1 Não há como confundir o [ü) dúplice, como se verá adiante pela

exemplificação e descrição de suas situações, com o [u] longo das expressões

afetivas, v. g., com nota de repulsa, "estúpido!". De outro lado, parece que

militam razões para distinguir o [u] dúplice e o [u] longo dos ditongos, que

também serão examinados adiante, [uw] e [wu] - decrescente e crescente.

13.1 O [ú] (u fechado oral intravocabular acentuado) ocorre em vocá­

bulos do tipo:

a) cuba, aluga, produza, fagulha, estulto, curva

b) alguma, escuna, alúmen, estrume, reúnes, espuma

c) unha, cunha, alcunha, punho, punha

d) túrgido, fúlgido, cúpido, lúpulo, esculpe-lo, estÜda-Io

e) túnica, única, úmido, túmido, reúne-la, apruma-lo

j) punha-me, dispunham-no, alcunham-no

g) tatu, urubu, tu, abajur; azul, taful, alcaçuz, tatus

13 .1.1 As observações feitas em 5. 1.1 e em 6 .1. 1 cabem, mufa{ÍJ" mulandÍJ",

ao caso presente.

13.2 O [t] (u fechado oral i.ntravocabular subacentuado) ocorre em vocá­

bulos do tipo:

4) turgidamente, lupulozinho, estupidozão

h) unicamente tumidamente, tunicazinha, unicazona

Page 34: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-249-

c) cubazinha, escudozinho, puramente, impuramente, voluvelmente,

soluvelmente, voluvelzinha

á) escunazinha, espumazona, unamente

e) lufa-lufa, fura-bôlo

f) fumo-bravo

g) unha-de-gato

13.2 . 1 As observações feitas em 5.2.1 e em 10.2.1 ~abem, mutali.r

mulandi.r, ao caso presente.

13.3 O [u'] (u fechado oral intravocabular proclítico) ocorre em vocábulos

do tipo:

a) urubu, urucubaca, ·suportar, .azular, insuflamento

b) umidade, sumidade, unidade. acumular, luminoso

c) unhada, punhalada, punhal

d) tatuzinho, urubuzinho, tafulmente, abajurzinho, dedozinho, velho~ zinho, velhozito, doidozão, tatuzão

13.3.1 Na série (a) há matizes diferenciais entre os diversos [u' ]. na me­

dida em que se distanciam da sílaba acentuada, havendo, por vêzes, flutuação

rítmica, tal o caso, figurativamente, de "urucubaca", a saber [~ru'ku'bá~'a] e

fu'r~ku'bák'a].

13.3 .2 A série (b) pode.apresentar o mesmo fenômeno , mas é ela separada por

<:onstituir o caso de [u'] antenasal, isto é, com tendência à nasalização, tendência.

mais marcada ainda na série (c).

13.3 .3 Na série (d) , mas entre bem falantes em situação tensa, ouve-se por vê­

zes nítida diferenciação, entre, por exemplo, "tatuzinho" e "dedozinho" - regu­

larmente pronunciados [ta'tu'zio'u] e [d~'du'ziu'u] - o primeiro dos quais

passa a [ta't~zív'u] . Na realidade, entre " tatuzinho" e " tatozinho" a diferencra,

r egularmente, não é senão a de que o segundo é pronunciado [tàtu'z}g'u]:

13.4 O ['u) (u fechado oral intravocabular endítico) ocorre em vocábulos

do tipo;

a) pr6fugo, lúpulo, prímula, glóbulo, épura

h) póstumo, ponho-me, batizo-me, suicido-me

13. 4. 1 As observações feitas em 10 .4 . 1 cabem , mulalu mu!andi.r, ao

caso presente.

Page 35: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-250-

13. 5 O {'ul (u fec;:hado· oral intravocabular final) ocorre em vocábulos.

do tipo: -'-

a) lôbo, lombo, rabo, ato, côvado, lêvedo, alho, vago

b) lôbos, lombos, rabos, atos, côvados, lêvedos, ·alhos, vagos,

13.5. 1 As observações feitas em 5. 5 .1 cabem, nauiati.r m.ulandi.r, ao caso

presente.

13.5. 2 Só por ultracorreção __: · sobretudo entre cr1anças em ·fase de

aprendizado e, ao que consta, por influência do ensino primário - mas deslo­

cadÍssima da ambiência lingüística, se ouve o ['u] como ['o]1 se não se trata de

indivíduos falantes alienígenas à área, mas não, quiçá, ao Brasil, em que, veros­

similmente, há pontos em que ocorre a alternativa acima figurada.

13.6 O [Ó] (u fechado oral inte~vocabular acentuado) ocorre em situações

do tipo "belo ubre", "belo úmero" - isto é, de ['u) mais [ú], no primeiro caso,

não antenasal, e no segundo, antenasal; do tipo "tatu último", tatu único"

- isto é, de [ú) mais [ú], no prim~iro caso, não antenasal, e no segundo, ante­

nasal; do tipo "tabu utilitário", " tabu unificador" - isto é, de [ú) mais [u'].

no primeiro caso, não antenasal , e no segundo, antenasal. Instável como tôdas.

as vozes dúplices, a ligação se resoÍve a) por mera contigüidade, isto é, hiato,

e b) por duplicação. Os heptassílabos seguintes figuram as hipótese - a l) "a

vaca tem belo ubre" , a2) "esta vaca tem belo ubre"; bl) "êste é um belo Úmero",

b2) "mas é realmente um belo úmero"; cl) "o tatu último aqui", c2) "do .tatu

último daqui"; dl) "o tatu único aqui", d2) "do tatu único daqui" ; el) '" e

tabu utilitário", e2) "dêste tabu utilitário"; fl) "~abu unificador", f2) "é tabu

unificador":

al) [a' ,

k'a t~y' bé l'u ' br'i] v a u ... / a2) [e~ ta' vá k'a tey' b~ lü br'i]

~

bl) [~( f' i ~ U.' b{ l'u ,

m'«; r'u] u

b2) [ma' ,

f(f)yàl mi t'yü' b~ 1rr m'e r'u] zt . cl) [u' ta' tii úl ?'i mwa' k í]

c2) [du' ta' ~-

tül ?'i m'u da' kí]

dl) [u' ta' t~ ú n'i kwa' kí]

d2) [du' ta' ~

tu ,.

n1 k'u da' kíl

el) [e ta' bú u' fi' r' 1· tá r"yu)·

e2) [d~~ 1 i' ta' biÍ t' i' li' tá rl'yu]

fl) [ta' bú u' ni' fi' ka' d§f(f)l

f2) [e ta' biÍ .,

fi' ka' dór(r)] n1 ~

....

Page 36: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

·- 251-

13.6.1 Note-se que as vozes dúplices antenasais mantêm a tendência à nasalização, ainda que tão-somente na secção final de sua enunciação.

13.6. 2 É curioso, a mero título de cotejo, lembrar que a cadeia falada

figurada em (c2), "do tatu último daqui" difere de "do tato último daqui"

(por hipótese) tão-somente numa sílaba:

[du' tà ,_

tül m'u da' kí]

13.7 O [n] (u fechado oral intervocabular dúplice subacentuado) ocorre

em situações em que, como conseqüência de voz dúplice que deveria ser acen­

tuada como examinada no número anterior, fica ela imediatamente antes de

uma sílaba acentuada, do que dá exemplo o cotejo dos dois seguintes heptas­

sílabos - "sagu usado na China", "sagu usado entre chineses":

a1) [sa'

a2) [sa'

gú .. gü

u' ,

za

zá d'u na'

~i' . , nc;

na]

z'i~

13.8 O [ü'] (u fechado oral intervocabular dúplice proclítico) ocorre em

situaç9es do tipo "livro usado", "jôgo unido", isto é, com ~u] (tornado (u'])

mais [u']- e êste último quer não antenasal, quer sim, como nas duas situações

acima presumidas. A situação em aprêço pode resolver-se por a1) mera conti­

güidade, a2) duplicação, ou a3) elisão. Os heptassílabos seguintes dão conta

dos fatos - a1) "livro usado por môças", e a2) e a3) "livro usado por soldado":

a1) [lí vr'u u' zá d'u pu'f(r) ,

s'a] m<? a2) [lí vrü'

, d'u pu'f(f) s<;/i dá d'u] za

a3) [lí vru' zá d'u pu'r(f.) s</1 dá d'u]

13.9 o ['ü] (u fechado oral intervocabular dúplice enclítico) ocorre em

situaçÕes do tipo "livro-o", "amparo-o" - que, cumpre frisá-lo, pertencem ao

vocalismo culto da área, quiçá do Brasil. Os dois heptassílabos seguintes ilus­

tram as soluções- a1) "amparo-o com carinho" e a2) eu amparo-o com carinho':

a1) [ã' pá r'u 'u

a2) [~w ã' ,_

ru

kõ(~)' ka'

kõ(~)' ka'

, n ,

n

v'u]

u'u]

13.9. 1 Seria, ainda, possível configurar situação comparável à de 5. 9. 1,

o que nesta altura já é dispensável. Êsse mesmo rüJ, seguido de pausa com

intonação descendente ou ascendente, passa a ~ü].

13.10 Cumpre, por fim, lembrar que o artigo definido masculino singular

uo" é um [u'J, que assim perdura quando anteconsonantal; antevocálico, tende

ou não a duplicar-se, se a voz é [ú'] ou [ut se quaisquer outras, tende ou não

a passar a [w]. o mesmo dir-se-á de "do", "no"

Page 37: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-252-

14.0 [ã] (a fechado na.ral]

O [ã] (a fechado nasal) tem a seguinte subgama vocálica:

a) intravocabular:

(1) acentuado ,

[~]

(2) subacentuado [i]

(3) proclítico [ã']

(4) final ~]

b) intervocabular: , (5) dúplice acentuado [f)

(6) dúpüce subacentuado ~) (7) dúpüce proclítico [i']

14 .0.1 Ademais - e acorde pelo menos com a impressão auditiva da

pronúncia culta tensa da área- há vma categoria de vozes dúpüces "orinasais"

e outra "nasorais". como se verá no correr da exposição.

14. 1 O [ã) (a fechado nasal intravocabular acentuado) ocorre em vocá­

. bulos do tipo:

a) manga, tango, samba, ~fravanco, estanque

b) pândega , vândalo, sândalo, lâmpada, espanta-se

c) anã, alemãs, cidadã, aldeã, manhãs

14 . 1.1 As observações feitas em 5 .1.1 cabem, mutati.r mutandi.r, ao caso

presente. Observe-se, outrossim, que na área carioca é impossível - na base

acústica - reconhecer-se qualquer prolongamento de [m) ou [n] consonântico&

relaxados depois dessas nasais, como, aliás, de quaisquer outras, em quaisquer , pos1çoes, sendo, pois, "manga", "pândega" ou "anã" efetivamente [m~g'a], , , p~d'~g'a] ou [~'n~].

14 .2 O[~) (a fechado nasal intravocabular subacentuado) ocorre em vocá­

buos do tipo:

a) vândalamente, pândegazinha, sândalozito

b) estanquemente, tangozinho, sambazinho

c) manga-rosa, campo-nativo

14. 2. 1 As observações (eitas em 5. 2. 1 cabem, muiati'.r mutandi.r, ao caso

presente.

Page 38: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-253-

14.3 O [ã'] (a fechado nasal intra.vocabular proclítico} oc_orre em vocá­

bulos do tipo:

a) amparo, anteparo, antecipar, vandàlicamente, cantoria

h) manhãzinha, anãzinha, alemãzona, aldeãzita

14. 3: l As observações feitas em 5. 3.1 cabem, mutati.r mufandt.r, ao caso presente.

14.4 O ['ã} (a fechado intravocabular final) ocorre no vocábulo. "ímã'\

Dada a singularidade do caso, não merece outros comentários, a não ser o de que,

nas raras ocorrências do seu emprêgo por necessidades técnicas nas camadas

menos cultas , tende claramente à perda da nasalidade final , sendo pronúnciado, ' ' então [!0Jm'a] ou, ao contrário, mas raramente, [í (i') m~ãw], entrando, num

caso como no outro, na deriva fonética popular da área. r

14. 5 O [i 1 (a fechado nasal intervocabular dúplice acentuado) ocorre em I

situações do tipo "manhã antefinal", "manhã ampla", isto é, com [ã1 mais [~'l

ou [f 1 mais [ã 1. Instável como tôdas as vozes dúplices , conforme forem tensão,

ritmo e cadência da cadeia falada , a ligação pode ou não verificar-se, o que é ilustrado pela série seguinte de heptassílabos - a1) "a manhã antefinal", a2)

,'azul manhã antefinal", b1) " manhã ampla, generosa" e b2) "manhã ampla

de belo . " maiO

a1) [~' m~' tJ ã' i?i' fi' nál] na .,

~

a2) [a' zúi m~' ,.,

? i' fi' nál] na .. bl) [m~' nã ã pl'a ge' nç'

, z'a1 .. , r~

b2) m~' ni pl'a d' i' b~ l'u máy 'yu] c.:

' 14 .6 O [ã 1 (a fechado nasal intervocabular dúplice subacentuado) ocorre

em situações semelhantes às anteriores em que, em conseqüência da formação

da voz dúplice, fica ela, entretanto, imediatamente antes de sílaba acentuada,

''· g., "manhã antiga", como se vê dos dois heptassílabos seguintes - al) "manhã

antiga, risonha" e a2) "na manhã antiga e risonha": -

ai) ,

t'í , [ma'

,... ã' g'a f( f) i' n'a] na ZQ .., ~

v

a2) [n~' m~' t' í. ., f(f.)i' zó e'a] na gt ..,

14.7 o [~'1 (a fechado nasal intervocabular dúplice proclítico) ocorre em

situações do tipo "pausa antefinal", isto é, com ['a] (tornado [á]) mais [ã'].

As situações dêsse tipo, na área, comportam três soluções: al) contigüidade,

b2) duplicação - que é a do caso considerado, e a3) elisão pura e simples do

Page 39: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-254-

['a]. Os heptassílabos seguintes dão conta dos fatos- ai) "a pausa antefinal"

e a2) e a3) "esta pausa antefinal":

al) [a' páw z'a ã' ? i' fi' nái] ta' páw zÍ' 'li' fi' nál] ta' páw zã' r i' fi' náÍ]

a2) [e( ~

a3) [et ~

, }

E ilustrativo, por exemplo, comparar a situação de 14.5 (a2) com 14.7.1 a (a2) .rupra. E mais ilustrativo, ainda, correspondentes às duas situações de

duplicação aludidas, comparar al) "esta manhã antefinal" com a2) "esta manha

antefmal": I ...

ai) Iet ta' :rn~' N ti' fi'· .nál] na

" ... ·a2) [e! ta'

, n~' ? i' fi' nálJ ma

l . ... 14. 7.2 Não se consideram os encontros de ['ã] com vozes iniciais de vocá­

bulos, pelas razões expostas em 14.4.

14.8 HáJ 'tratadas linhas a seguir;' umas quantas vozes· d~plices ___;no

-sentido em que vêm sendo tomadas até aqui nesta exposição - · que apresentam

.a particularidade de terem seus dois "momentos" diferenciados, com ser o

primeiro "momento" oral e o segundo "momento" nasal - vozes d~plices que

serão .denominadas (o palavrão é proposto com funda· consciência de que é

sujeito a retificação) "orinasais". Sua representação gráfica é um problema

que se tentará superar separando-lhes os "momentos" por uma barra oblíqua

(/). Os "momentos" guardam, via de regra, vestígios do acento de intensidade

original ou sofrem certas formas de assimilação, que se torna completa, através

da crase, na elisão. Ver-se-á, assim, por exemplo, que [a'/ã] é uma voz d~plice orinasal, com o primeiro "momento" oral aberto inacentuado (tornado proclí­

tico) e o segundo fechado nasal acentuado; que [à/i] representa uma voz inter­

'Vocabular dúplice orinasal com o primeiro momento oral aberto subacentuado

.e o .segundo nasal fechado acentuado; e assim sucessivamente.

14.9 As situações cujas ligações (nesta seção) podem geraras vozes inter­

v~cabulares dúplices orinasais são as seguintes:

(1) [ , 1 · r· .ti " · , 1 , r 'f-1 a .ma1s a - caJa amp o a a ;

(2) [á] mais [ã'J - "cajá antigo" [à/ãJ(com a sílaba seguinte acentuada);

(3) (áj mais [ã']-"cajá ancestral" [á/ã'] (com a sílaba seguinte inacentuada);

(4) ~]mais (ã]- "caixa ampla" [a'/ã], donde [~'/ã]. donde ra'/ã'];

'(5) tal mais [ã'J -"caixa antiga" [a'/ã'J donde [~'/ã'], donde[~']. donde [ã'].

Page 40: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-255-

14.9.I Examine-se a hip6tese (I). Como é natural, há dois casos: ai) o

da mera contigüidade, e a2) o da voz dúplice orinasal; sejam os heptassílabos

-·ai) "caj.:í. amplo de verdade" e a2) ''um cajá a~plo de ve{'dade":

ai) [ka' ~à ã ptíu Jli' v~'f(f) dá d'•i] a2) [i.{' ka' "á;ã pl'u J' i' v~'f(f) dá d'i]

14.9.2 Examine-se a hipótese (2). Como é natural, há dois casos: ai) o

de mera contigüidade, e a2) o da voz dúplice orinasal; sejam os heptassílabos

- al) "cajá antigo dos índios" e a2) "um cajá antigo dos índios":

ai) [ka' ~á

a2) [~·' ka'

ã' ?í g'u· du'

g'u du'

~ Zl

·-" Zl

14.9. 3 Ex~mine-se a hip6tese (3): Como é naturál, há dois casos: al) Q

.de mera contigüidade, e a2) o da voz dúplice orinasal; sejam os heptassílabos

-ai) "cajá ancestral dos índios" e a2) "um cajá ancj!stral dos índios":

ai) [ka' ú ã' s~'r tráÍ du' "' a''yu\'J Zl

a2) [ti' ka' 'Íá/ã' s~''t trá i du' ~ (1\.yu'(] Zl

14.9.4 Examine-se a hipótese (4). Como é natural, há quatro casos:

a 1) o de mera contigüidade, a2) o de voz dúplice orinasal cujo primeiro momento

não acusa assimilação, a3) o de voz dúplice orinasal cujo primeiro momento

acusa assimilação de timbre, e a4) o da voz dúplice nasal, isto é, em que o pri-

nH i ro momento se assimilou completamente ao segundo quanto ao timbre e

nasalidade. Sejam os heptassílabos para ai) "era uma caixa ampia" e para a2), a3) e a4) 11 mais uma caixa ampla": era

al) [e u' káy 't'a ,

pl'a] r a' ma' ã t..

{a'/Í a2) [e r a' may' zú m'a kày pl'a] I.

\(a' ;ã a3) [e r a' may' ,

m'a kày pl'a} ZU L \'i a4) [e r a' may'

, m'a kày pl'a] zu

L

14.9 . 4. l O caso (a2) .rupra é ostensivamente falso, para a natu~eza da

cadeia falada considerada. Corresponde, a rigor, a uma situação do lipo - por

suposição - "caixa à ampla" Com fal~o, entretanto, não se quer dizer cere ..

brino, mas tão-somente que, ao praticá-lo, o indivíduo falante, na área, arrisca-se

a não ser compreendido e revela, por certo, mna contensão ultracorret.a na.

emissão da cadeia falada.

14.9.5 Examine-se a hipótese (5). Como' é natural. há cinco casos: ai) O

ele mera contigüidade, a2) o de voz dúplice orinasal cujo primeiro momento 'não

Page 41: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-256-

acusa assimilação, a3) o de voz dúplice orinasal cujo primeiro momento acusa

assimilação de timbre, a4) o de voz dúplicc nasal, e aS) o de voz nasal s imples ,

pela elisão pura. Sejam o.:; hepíassílabos para ai) "aquela caixa antiga" e para

a2), a3), a4) e aS) "mas aquela caixa antiga":

ai) [a' k' la' káy ~'a _,

t'í g'a l ~ a

a2) [ma' za' k~ la' káy '!a'/ã' fí g'al

a3) [ma' za' k' la' káy 'fa'/ã' 1í g'al t a4) [ma' za' k' la' káy ~i' Pí g'a] t aS) [ma' za' kt la' káy Ú' i?í g'a]

14.9 . 5.1 Com relação ao caso (a2) .Juprá, veja-se, mulaliJ' mulandú, o

que se diz em 14 .8.4.2.

14. I O A seguir vão rápidas linhas sôbre as vozes d úplices 11 • ,,

nasorats Sua

configuração é a da "orinasais". com duas particularidades diferenciais: a) não

se observou nenhum fato de assimilação - e nos casos em que parece haver

sempre ocorre que a assimilada é aníenasal - ; b) o primeiro "momento" como

que perde seus traços originais quanto ao acento de intensidade . inacentuando-se

ou subacentuando-se - será isso porque a língua só possui um [J] final vocabular,

que é sempre acentuado, daí decorrendo que a omissão de sua acentuação típica I

não o despoja do seu caráter diferencial '! Os casos por considerar são (I) [ã]

mai:; [á]; (2) rã! mais [á]; (3) [ã] mais [a'], e (4) [ã] mais [a'].

14.10 . 1 Examine-se a primeira hipótese, (I), em função dos dois heptas­

sílabos seguintes - ai) "anã ágil de verdade" e a2) "uma anã ágil de verdade"~

ai) [~' \. I ~'ii J i' v~'f(f.) dá J'i] na a

ai) [u' m~' nã/á ~~~ (l' •I 1 . vt;'~(f) dá d'i]

14 10.2 Examine-se a hip{ltese (2), em função dos doi~ heptac;síbalos

seguintes - ai) "esta anã ama pássaros ,

e a2) "esta anã passarinhos .. : ama

ai} [H' ~I I

' ma' pá s'a r'u;'] ta' nã a L .

a2} [H' ta' nã/~ m'a pa' sa I rí n'u(] L . "

14 I O. 3 Examine-se a hipótese (3) , em função dos dois heptassílabos se·

guintes - ai) "a cidadã avisada" e a2) "esta cidadã avisada".

al) [a'

a2) [e! L

si'

ta'

da' .,

SI

I clã

da'

a' .,

VI

clã/~

za

d'al

d'al

Page 42: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-257

14 . 10 4 Examine-se a hipótese (4), em função dos dois heptassílabos se·

guintes- ai) "a cidadã animada" e a2) "esta cidadã animada" :

ai) [a' .,

da' clã I ni' má d'a] Sl ~

a2) ui ta' .,

da' clã/i!' .,

má d'a] Sl n~ ~

15 o [~ (e fechado na.ral)

O [e] (e fechado nasal) tem a seguinte subgama vocálica:

a) intravocabular: , (I) acentuado [ê']

(2) subacentuado [~] (3) enclítico [~']

15 O I Note-se que não o há intervocabular e . por conseguintes , dúplice,

já que não há na área, e quiçá na língua, o [ê'] final vocabular.

15 .0 .2 O que se observa em 14.0 . 1 cabe, também , ao caso presente,

mas tão-somente quanto às orinasais , pela mesma razão de que não há [ê] final

vocabular como referido supra. I

15 I O [ê] (e fechado nasal intravocabular acentuado) ocorre em \'Oca-

bulas do tipo:

a) têmporas , debênture, cêntuplo

h) lento, vento, compreendo, sempre, pênsil , tênder

15. I 1 As observações feitas em 5 .I . 1 cabem, mutati.r mutandi,r, ao caso

presente.

' 15 .2 O [ê'] (e fechado nasal intravocabular subacentuado) ocorre em

vocábulos do tipo:

a) cêntuplamente, têmporazinhas, debênturezitas

h) lentamente, ventozinho, corpulentozito

c) tempo-quente, sempre-viva

15.2 I A~ observações feitas em 5. 2 .I cabem, mufali.r mutandi.r, ao caso

presente.

I5. 3 O [~'] (e fechado nasal intravocabular proclítico) ocorre em vocá ­

bulos do tipo: endoca1po , entrar, sentimento, mentiroso, venturoso, endocéfalo,

bendizer, bengalense , centúria, centurião.

Page 43: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-258 - ·· 15.3 1 Importa, desde já, consignar que o [ê''] nos vacábulos de curso

popular. apresenta uma flutuação ou oscilação para [f']. Trata-se ao que parece.

de uma oscilação por razões morfológicas e por uma como harmonia vocálica.

que se tentará esclarecer mais adiante.

" 15.3.2 Importa. ainda, nos exemplos consignados. ressalvar. desde logo.

a pronúncia de "bendizer", regular e ordinàriamente [be''Ji'z§~(f)] na área, N

com ocorrência, , nas formas rizotônicas, para ou aproximadamente para [i' J

"· g. , "bendigo" [b'r\?íg'u], infinitivo e formas arrizotônicas que ocorrem, ultra­

correta ou enfàticamente, como [bey'J i'zÇ~(f.)J.

15 4 As vozes dúplices orinasais desta seção podem decorrer de conti-1 I

güidades dos seguintes tipos: (I) [é] mai;; [e); (2) [é] mais [ê']; (3) [é] mais [ê''}, L ' ~ ~

e (4) [~) mais [~').

15 4. I Examine-se a hipótese (I). em função dos dois heptassílabos se-

guintes - a1) "o rapé enche narinas" e a2) "êste rapé enche narinas":

a1) (u'

a2) [~i

'f(f)a' p~ I

ê' ,;,. s ~

15 4.2 Examine-se a hipótese (2).

guintes - a1) " A entra quando quer voce

, \ a1) [v<_>' - tr'a kwã' sç e

a2) [i' v'!' I

'f"' s~ e tr'a kwã'

na'

na' rí . em função dos

' v,] n as

n'atJ

dois heptassílabos se-,

e a2) "e você entra quando quer":

du' kifCf) I du' k{f(f)]

15. 4 3 Examine-se a hipótese (3). em função dos dois heptassílabos se­

guintes- a1) "o rapé encheu narina~" e a2) "êste rapé encheu narinas":

a1) [u' !'(f) a' I e' {~w ,

rí n'a~ pe na .. a2) [~t t'i' f(f)a' '/Jttl' ({w ,

rí n'a(J pe e na L .

a3) r~t fí' f(f)á ""' .;,

ná rí n'a(J PtY sew . 15 4.5 Examine-se ·a hipótese (4), em função dos dois heptassílabos se·

guintes- al) "era sapê encardido" e a2) "mas era sapê encardido":

a1) [e r a' sa' I. p~ ê' ka'f(f) Jlí d'u]

a2) [ma' \ r a' sa' P€/~' ka'f(f) d'í d'u) Zí_

.a3) [má zé sél ""' ka'f(f.) <f f d'u] r a p~y ~

Page 44: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-259-

"" 16. O [i] (i fechado na.ra{)

O[f}(i fechado nasal) tem a seguinte subgama vocálica:

a) intravocabula1:

(1) acentuado

(2) subacentuado

(3) pt·oclítico

h) intervocabular:

(4) dúplice acentuado

(5) dúplice subacentuado

16 O. I As observações feitas t.m 9 O 1 cabem , mufali.J mulandi.r. ao caso

presente.

16. O. 2 Ademais . há as vozes dúplices orinasais e nasorais . intervocálicas. I

16. I O rfJ (i fechado nasal intravocabular acentuado) ocorre em vocá·

bulos do tipo:

a) limpo . sinto trinca , moringa. partindo

h) lfmpido. síndico. príncipe índico olfmpico minto-o

c) capim . aipim . alfenim sim . palanqutm, ch/m

16.1. I As observações feitas em 5 I 1 cabem . mulafi.J mulandi.J, ao casv

presente.

16.2 O tfJ (í fechado nasal íntravocabular subacentuado) ocorre em vocá·

bulos do tipo:

a) l~mpidamente1 ol~mpicamente, pr~ncipezinho b) trincazinha . moringazinha. limpamente

c) trinca-fortes vinte-e-um . limpa-trilhos

16 2. I As observações feitas em 5 2 1 c;'bem , mulaltJ mulandú. ao caso

presente.

16.3 O [i'] (i fechado nasal intravocabular proclítico) ocorre em Yocã­

bulo3 do tipo:

a) importante, .rimpatia, palimpsesto, indigesto

b) alfeninzinho, aipinzão, capinzal

Page 45: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-260-

16 3 1 As observações feitas em 5 3 1 cabem, mutati.r mulandi.r. ao caso

presente.

16 4 O ~] (i fechado na>al intervocabular dúplice acentuado) ocorre em ~ I t9. ,./

situações do tipo: [1] mais (f] ou til mais [i']. Os quatro heptassílabos que confi-

guram os casos podem ser os seguintes - al) "o botim índio prossegue" e a2)

"êste botim índio prossegue", bl) "um cetim incorruptível" e b2) "êste cetim

iucorruptível" ·

' I

;r yu' al) {u' b~' ?r ,.. pr9' sé g'i] 1

~r, ~

a2) [et ? i' bo' J yu' prç' ' ''] . ?.f Sl, g 1

b1) [~' s~(i) ""' k9' f(f)u'p ?[ v'~Í] 1

b2) [~t ~i' s~(i) f~ kç' f@u'p t'[ v'~Í]

16.5 o ~] (i fechado nasal intervocabular dúplice subaccntuado) ocorre

em situações semelhantes às anteriores, mas de tal forma queavoz dúplice

formada fica imediatamente antes de sílaba acentuada. Os dois heptassílabos

seguintes figuram os casos - al) "cetim hindu côr de rosa" e a2) "um cetim

hi.~du côr dea-osa":

ai) [s~(i)

a2) (li'

I

tf ~ dú

s~(i) fÍ' dú

k9f(~) ~i' k9f(f.) d' i'

f(~)~ r(r)ó . . ~

z'al

z'a]

16 .6 As situações cujas ligações - nest.a seção- podem gerar as vozes

intervocabulares dúplices orinasa1s são as seguintes:

I I

(l) [í] mais m - "rabi indo" [í/i] (com a sílaba seguinte inacentuada);

(2) [í] mais (i'l] - "rani hindu" LitJ (com a sílaba seguinte acentuada);

(3) [í] mais !'i"J - "caqui incomparável" [í('] (com a sílaba seguinte ina-

centuada);

I I -

(4) ['i] mais (i] - "sete índios" [i'/i], donde lt'J; (5) ['i] mais [1'] - "gente indolente" [i' Ji'], donde (fi], ri' j.

16 6 . 1 Examine-se a hipótese (1). Como é natural. há dois casos: al)o

da mera contigüidade e a2) o da voz dúplice orina~al; sejam os heptassílabos:

ai) "um rabi indo à Judéia" e a2) ''um rabi indo a Tel-Aviv":

ai) {í1' a2) [í1'

r(f.)a'

f(f)a'

b~ bí{i'

I ...., I dwa' {u'

dwa' t~ la' L

déy ~

'yaJ vív]

Page 46: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

26l

16 6. 2 Examine-se a hipótese (2). Há os dois casos ac1ma referido.:;;

sejam os heptassílabos - a 1) "uma rani hindu chega" e a2) "uma rani hindu

chegava"·

al) [u'

a2) [u'

ma'

ma'

f(f.)~'

f(f.)~'

n~/f' "i I

dú gá

g'al v'a]

16 6 .3 Examine-se a hipótese (3). Há também os dois casos acima refe­

ridos; sejam os heptassílabos - al) "um caqui incomparável" e a2) "êste caqui

incomparável":

al) rtt' ka' kí .,.,

kõ' pa' r á v'~!] I

a2) r~r l' i' ka' kí/i' kõ' -pa' r á v'01

16 6 . -! Examine-se a hipótese (4). Há três casos: al) o de mera conti­

~Üidade a2) o da voz dúplice orinasal cujo prirr.eiro momento já acusa assimi­

lação do timbre fechado, a3) o da voz dúplice nao;al, isto é, em que o primeiro

momento se as.,imilou completamente; sejam os heptassílabos - al) "sete índios

o mataram" e a2) e a3) "sete índios o matarão":

a l) [se L

I

d' , fi' "" zu' ma' tá .~ã~] I yu

a2) [s~ a3) [se

I.

'P j/i cfyu1 ' ma' ta l;y

zu rãw]

i:~ ~yu' zu' ma' ta' '"' rãw;

16 6 5 Examine-se a hipótese (5). Há quatro casos: al) o da mera conti­

gu'idade a2) o da voz dúplice orinasal cujo primeiro momento já acusa assimi­

lação do timbre fechado, a3) o da voz Júplice nasal, isto é, em que o primeiro

momento se assimi lou completamente, e a4) o da nasal simples, pela elisão

pura: sejam os heptassílabos - al) "gente indolente vive" e a2) a3) e a4) "a

gente indolente vive .,

:

al) r~t fi' ~ dq' I

f'i lê' vl v'i]

a2) [a' 'li fi' ;i' dq' ~ le t' ' i ví v'ij

a3) [a' ~t 1'~ dq' ,!, 1' 'i ví v'i] le

a4) [a' ,;,!, ?i' d~'

-!J l' ' i ví v'i] zc !c

16.7 Com relação às vozes dúplices nasorais desta seção, importa, antes,

observar que têm elas caráter totalmente contenso , repitamos, de alta tensão

psíquica do indivíduo falante , e, mais, com tal dificuldade de realização, que

são quase sempre evitadas. A razão fundamental é a de que a deriva popular

Page 47: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

~262-

parece exercer-se com tend~ncia avassala~ora tal, que a re-alização fônica culta

de esperar como qo.e se esbarra nos hábitos gerais da população. É assim que l ;

nos casos teoricament_e possíveis de (ij mais [í], "· g. "rocim híbrido", de m mais [i'], "· g., "cetim irisado", o que se oúve, geral e regularmente na área,

é o mesmo que em "vim aqui pra te ver" - foneticamente [r(r'lo'siníbr'id'u]. o !/. • tJ

[s~'~jgi'ri'za'd'u] e [v!na'kípra'?i'v~~(f)J. Ademais a impressão acústica é a de

que tal voz acentuada o é fortemente e fortemente nasalada. Isso não obstante,

em leituras d.e cultos de excertos longos ad hoc, pude observar a omissão do­

(n] de transição e também, em versos, a realização das vozes dúplices nasorais w

correspondentes. Mas, nos casos tais, nota-se que o leitor não só diminui a

intensidade, senão que também a nasalidade do rfJ .final para poder realizá-las.

17.0 [õ] (o fechado naJ'al]

O [õ] (o fechado nasal) tem a seguinte subgama vocálica:

a) intravocabular:

(l) acentuado

(2) subacentuado

(3) proclí ti co

b) intervocabular:

(4) dúplice acentuado

(5) dúplice subacentuado

I [õ]

[Õ]

[õ']

17. O. 1 Há, ademais, as dúplices intervocabulares ormasa1s e nasorais.

17 1 O [0/,J (o rechado l · t b l t d ) ' . I' nasa 1n ravoca u ar acen ua <? ocorre em voca··

bufos do tipo:

a) tombo, pomba, pompa, conta , arconle , lontra

b) tômbola , cômputo, pôntica, aln:Jôndega, conta-la

c) tom, entretom, bom, semitom, bombom

17. 1 . 1 As cortsiderações feitas em 5. 1 . 1 cabem, mufalú mutandú, ao

caso presente.

17.2 O [Õ] (o fechado nasal intravocabular subacentuado) ocorre em vocá­

bulos do tipo:

a) pônticamente, tômbólazinha, almôndegazita

b) bilontramente, pombazinha, tombozito

·c) bom-tom, conta-corrente, pombo-correio

Page 48: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

~ 263-

17.2. 1 As considerações feitas em 5. 2 .1. cabem, mulati.J mulandi:r, ao

caso presente.

17.3 O [õ'] (o fechado nasal intravocabular proclítico) ocorre em vocá­

bulos do tipo "odontologia, hombridade, honrado, honradez, comparo, com­

parar, concorrente, condescender, entontece, entontecimento" E do tipo

"tonzinho, entretonzinho".

17 .3. 1 De um modo geral, cabem as observações ao caso presente feitas

em 12.3 .1, com a ressalva importante de que na área são episódicas as osci­

lações do tipo [õ'] para [t't']. Os poucos casos colhido.:;, como "concorrente"

[kti'ku'f(f)et\]. "rombudo" [f(E)U''búd'u] c "concunhado" [ku'ku'cád'uJ.

devem ser por influências de alienígenas à área, pois regularmente, nela, são, I

respectivamente, [kõ'kÇl(u)'f(f.)ê'?li]. [f(f)õ'búd'u] e [kõ'ku'vád'u] (ver 22.8).

17.3. 2 Seria o caso de lembrar que existe na área, mesmo entre cultos

na expr~ssão distensa, um ['õ] (que na verdade e um rõ]); ver 12.4.3.

17.4 O (~'] (o fechado nasal intervocabular dúplice acentuado) ocorre em ' I situações do tipo "bom ombro", isto é, [õ]. normalmente tornado [õ'], mais [õ].

A instabilidade da voz dúplice pode-se caracterizar pelos dois heptassílabos

seguintes- al) "bom ombro suporta tudo" e a2) "bom ombro que me suportou":

ai) [bõ'

a2) [b~'

, õ

br'u

br'u su'

ki' mi' p~~(f) su'

t'a tú d'uj

Pz'rCf) t<}w 1

17.5 O [~'] (o fechado nasal intervocabular dúplice subacentuado) ocorre I

em situações de [õ] mais [õ'] de cuja duplicação decorre posição antes de sílaba

acentuada. A instabilidade da voz dúplice pode ser carcaterizad .... pelos dois

heptassílabos seguintes- al) "tom honrado da resposta" e a2) "o tom honrado

da resposta" ·

al) [tÕ a2) [u'

rCf)á r( r\ á .. ;

d'u

d'u

da'

da'

r(~)t;'r r(r)e't ....

t'a]

t'a]

I7. 5. I Considerando a realidade consignada em 17. 3. 2, há, correlata­

mente, um r&'l (o fechado nasal intervocabular dúplice proclítíco); figurem-se

os dois heptassílabos seguintes - ai) "cânon honroso pra todos " e a2) " um

cânon honroso pra todos ,

:

al) [k~ n'õ õ' f (f)~ z'u pra' t<? d'u~ a2) tU.' ká rfo' rcr)~ z'u pra' tó d'u~ .

Page 49: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

. - 264-

que, na expressão tensa, culta, são

a1) {k~ n'g nõ' -n, f f.<] z·'u pra' t9 d'u~ a2) [~' k~ n'9 nõ' F(F)ó z'u pra' tó d'u(] ..... .

sendo êste ú!timo um octossílabo, necessàriamente.

17. 5. 2 Seria o caso de cotejar o fato referido em a2) de 17. 5. I com uma

cadeia falada hipotética do tipo "um c~no honroso pra todos", a qual, além

da solução por hiato, não figurada abai.xo, comporta as duas seguintes:

a1) [\t' a2) [\t'

nwõ' r(r)ó z'u ..... n.õ' F(r)ó z'u ....

pra' t<}

pra' tg

17. 6 As s~tuações cujlls ligações poderiam - nesta seção - gerar as

vozes intervocabulares dúplices orinbais seriam as seguintes: (l) [ó] mais [~]; . . ~

(2) [ó] mais [õ'] seguida de sílaba inacentuada; (3) [ó] mais [õ'] seguida de ~ 1 L

sílaba acentuada; (4) Ic?J mais [õ]; (5) Ic?J mais [õ'] seguida de sílaba inacentuada,

e (6) I?J mais [õ'] seguida de sílaba acentuada. De muito rara ocorrência na

área e na língua, não são, por isso, examinadas.

17.7 As vozes intervocabulares dúplices nasorai.;; - nest.a seção- oc<ir-, I

rem nas seguintes situações: (1) [õ] mais [ó]; (2) [õ] mais [ó]; (3) [õ] mais [o'] I ~ • •

seguida de sílaba acentuada, e (4) [ô'] mais [o'] seguida de sílaba inacentuada . . 17.7 . 1 Examine-se a hipótese (1), em função dos dois heptassílabos se­

_guintes- a1) "bombom ótimo de gôsto" e a2) "que bombom ótimo de gôsto" ·

a1) [bõ' bÕ

a2) [ki' bõ'

ó t''i m'u d'i' " . bõ/ó t' 'i m'u d' i'

I. •

g9t' t'u]

gó( t\1]

17. 7. 2 Examine-se a hipót_'·ese (2), em função do.;; dois heptassílabos se­o

,guintes- a1) "bom odre serve pra tudo" e a2) "o bom odre serve pra tudo" :

a1) [b~ a2) [u'

g dr'i

bõ/~ dr'i

sér(r) L• •

sé r( r~ L • •t

v'i ,.

VI

pra; tú

pra' tú

d'u]

d'u]

17. 7. 3 Examine-se a hipótese (3), em função dos dois heptassílabos se­

guintes - al) "bombom horrível de gôsto" e a2) "que bombom horrível de

_gôsto":

a1) [bõ' bÕ o' r(r)í v'el d' i' ,I/ t'u] .. g~s

a2) [ki' bõ' hõ/o' f(f.)í v'el d' i' g?~ t'u]

Page 50: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-265-

17. 7 .4 Examin,e-se a hipótese ( 4), em funç,ão dos dois heptassílabos se­

guintes - al) "boÍnboni oloroso e doce" e a2) "que bombom oloroso e doce":

ai) [bõ'

a2) [ki1

. f bõ

bõ'

~' 1~'

bõ/~' .I~'

18. O [U'J (u fechado na.ra{)

, r~ ,

r~

zwi' d9 zwi' dó .

s'i]

s'i]

O (~] (u fechado nasal) tem a seguinte subgama vocálica:

a) intra':"ot::abular:

(l) act-ntuado I

[li]

(2) s;ubacentuado [it] .

(3) proclítico [~']

(4) final ['\1]

h) intervocabular: , (5) dúplice acentuado rrr 1 ... (6) dúplice subacentuado [fi' J (7) dúplice proclítico [~']

18. O .1 As observações feitas em 16. O. 1 e 16. O. 2 cabem, mulalÍJ' mutandiJ",

ao caso presente. ,t

18.1 O [u] (u fechado nasal intravocabular acentuado) ocorre em vocá-

b~,~.Ios do tipo:

a) trunfo, adunco, unto, bestunto, tumba, nunca

h) duúnviro úmbrico, úngula, afunda-lo

c) atum, bodum, vacum, algum, nenhum

18. 1.1 As considerações feitas em 13. l. l cabem, mutalÍJ' mutandiJ", ao

caso presente. o

~ 18.2 O [u] (u fechado nasal intravocabular s1,1bacentuado) ocorre em

vocábulos do tipo:

a) umbricamente, tmgulazinha, duunvirozito

h) aduncamente, trunfozito, tumbazinha

c) funcho-d' água

18. 2. 1 As observações feitas em 5. 2. 1 cabem, mutatÍJ' mulandiJ", ao caso (\

presente.

Page 51: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-- 266-

~

I8. 3 O [~'] (u fechado nasal intravocabular proclítico) ocorre em vocá-

bulos do tipo:

a) untuoso, fundação, inundar, suntuo<>idade

h) atunzinho, nenhunzinho, àlbunzinho

I8. 3 .I As ob .. ervações feitas em I3. 3 .I cabem, mulali.r mulandi.r, ' ao

caso presente.

I8. 4 O [\1'] (u fechado nasal intravocabular final) s6 ocorre em alguns

latinismos de curso geral, tais "ultimatum, álbum, memorandum". Sôbre . o

caso se falará adiante. ,

I8. 5 O [ª ] (u fechado na;al intervocabular dúplice acentuado) ocorre em / ,

situações do tipo "algum unto", "algum ungulado", isto é, com [i!] mais [a'], ou /

[G'] mais [lí'] não seguido de sílaba acentuada. A instabilidade pode ser ca-

racterizada pelos seguintes heptassílabos - ai) "algum unto me alimenta",

~2) "nenhum unto nos alimenta", e bi) "algum ungulado estêve", b2) "al-

gum ungulado aqm cstêve":

ai) [ai" g~" ,6

t'u mya' li' t!J t'a] u me , ,t

a2) [n~' n~' t'u nu' za' li' t'a] .. me

bl) [a'l ~ ~I gu' lá dwi'Í té v 'i] gu . , b2) [a'l éu' gu' lá dwa' k iq.' t~ v'i]

... I8. 6 O [tr] (u iechado nasal i~tervocabular dúplice subacentuad_o) ocorre

em situações em que se geraria uma dúplice do tipo anterior mas imedia tamente

antes de sílaba acentuada. O caso pode ser ilustrado por ai) "vacum untado

de graxa ,

e a2) "vacum untado nesta graxa": ,

~I ~i' ~'a] ai) [va' kü' tá d'u grá '

~'a] a2) [v a' k~' tá d'u ne~ ta' grá c.

18.1 o rN'J Cu fechado nasal intervocabular dúplice prpclítico) ocorre em

situações do tipo "álbum ungido", isto é, com ['~] mais [~']. O caso pode ser

ilustrado pelos heptassílabos seguintes - al) "álbum ungido d.e luz" e a2)

"álbum ungido de saudade":

-al) [ál

a2) [ál d'u

d'u

~í'

di' lú(úy){]

saw' dá d\i]

Page 52: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

~ 267-

18.8 As situações cujas ligações - ·nesta seÇão -podem gerar as vozes . . intervocabulares dúplices orinasais são as seguintes:

' . I (l) [ú]. mais [u] - "tatu unta ]ú/l1.];

(2)

(3)

(4)

[ú] n:ais [í.l'] - "tatu untou" [u/Ü:] (com sílaba seguinte acentuada);

[ú] mais [i1.']- "tatu ungulado" [ú/U''] (com sílaba seguinte inacentuada); I ,

[ u~ mais [í:t] - "outro unto" {u'/n.'], do~de [fi];

(5) [ u] mais [~'] - "outro ungulado" [u'/G''], donde [tl'], donde [\i''].

18 . 8·.1 Examine-se a hipótese (I), reportando-se aos casos já configurados

em 14.8 . 1. Sejam os heptassílabos- al) "o tatu unta sua casca?'' e a2) "mas

o tatu unta sua casca ?":

a1) [u' ta'

a2) [ma' zu'

t~ ta'

~ u t'a , tújit t' a

swa' kát· k'a

swa' ká( k'a

( ?) l ( ?)]

18.8. 2 Examine-se a hipótese (2), reportando-se aos casos já configurados

em 14 .'8. 2. Sejam os heptassílabos - a1) "o tatu untou o casco" e a2) " êste

tatu untou seu casco":

ai) [u' ta' 'tú ~~ t~w u' kár' k'u]

a2) [et "li' ta' tU./ít' tç>W u' ká( k'u]

18.8.3 Examine-se a hipótese (3), reportando-se aos casos já configurados

em 14 .8 .3. Sejam os heptassílabos - a1) "é o tatu ungulado ?" e a2)

será tatu ungulado ?":

a1) [e u' ta' " a2) [ma' s~' ' r a

t6 Nl u

ta' tú/:f.'

gu'

gu'

i á

d'u '{?l]

d'u ( ?)]

" mas

18.8.4 Examine-se a hipótese (4), reportando-se aos casos já configurados

eni 14.8 .4 Sejam os heptassílabos - a1) "outro unto é necessário" e a2), a3)

" outro unto será preciso":

ai) [9w tru' ,t

twt nt;' st;' ,

r'yu] u sa , a2) [~w' tru/u t'u sç' ' pr~(i)'

, z'u] r a Sl ,

a3) [ow' trfi' t'u sç' ' , pr~(i)' sí z\1] r a ·• 18.8. 5 Examine-se a hipótese (5), reportando-se aos casos já configur~dos

em 14.8.5. Sejam os heptassílabos- a1) "outro ungulado passa" e a2), a3) e

a4) ''outro ungulado Pé!:,;.;ou":

al) [<}w tru' ~I gu' lá d'u pá s'a]

a2) [ow' tru' jít' gn' lá d'u pa' s9w]

a3) [ow' trrr' gu' lá d'u pa' s9wl a4) [ow' trlí' gu' lá d'u pa' s«?wJ

Page 53: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-268-

18 .9 As situações cujas ligações- nesta seção - podem gerar as vozes

intervocabulares nasorais são as seguintes: (l) r&J mais [ú]; (2) [&] mais [u'] ~ (3) ['G'] mais [ú]. e (4) ('íi'] mais [u').

18 .9 1 Exé!mine-se a hipótese (1). em função dos dois heptassílabos se­

guintes- al) "atum útil para as gentes" e a2) "atum útil pra muitas gentes":

al) [a' ;::;

ú t'ii f ra':Y ~ê' f 'i~ tu pa

a2) [a' ttí/ú f il pra' ;:,..,

ta':Y Yê' 1'i$1 muy

18.9.2 Examine-se a hipótese (2). em função dos dois heptassílabos

guintes - al) "atum usado por índios" e a2) "atum usado só por índios":

a1) [a'

a2) [a'

18.9 .3

, t'ü' u'

t~/u' 'ZJá

Examine-se

d'u

d'u

so I.

a hipótese (3).

pu'

pu'

em função dos doi~ heptassílabos

guintes - a1) "álbum útil para selos" e a2) "álbum útil a tôda gente":

al) [ál b'U' f 1IT pa' f sÇ l'ut) u r a

a2) [hl bü'/ú fi la' t<} da' 'fi f'i]

se-

se-

18.9.4 Examine-se a hipótese (4), em função dos dois heptassílabos se­

guintes- al) "álbum usado na paz" e a2) "álbum usado nesta guerra":

a1) [ál b'U' u f zá d'u na I pá(áy)rl

a2) [ál bü'/u' zá d'u net ta' gé f(~)'a] ~ ~

19.0 AlgumaJ" parlicular/dadeJ" comwu a cerlaJ" IIOZeJ"

A seguir são examina~os certos caracteres e certas particularidades comuns

aos diversos níveis das várias subgamas vocálicas examinadas.

20 . O DaJ" t•o:e.r acenluadaJ"

Todas as vozes acentuadas nasais ou orais antenasais são fechadas.

20.1 As antenasais apresentam, contudo, estágios graduados de nasali­

zação - que, como se viu, a cada caso, lhes é uma tendência.

20 . 1.1 Na expressão culta e tensa, a nasalização das anlenasais é. de

modo geral, evitada , em favor do fechamento característico do timbre.

20.1.2 Na expressão culta di.:;tensa , porém , a nasalização é geral nos

d t . [ 1 " h " [ f .! \ l " h " ["'r.<. f ~ ' 1 "d CaSOS C an enasaJS a !J : aman O ~ mao U ; empen O e~l) pe!} U ; e-

Page 54: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-269-

I I

finho'' [de'fi'n'u]; "enfadonho" [~(i)'fa'dÕn'u). "empunho" [ê'(~'pun'u]; "câ-, •,~ " , fttlft<.,"'4, \• v,(.

nhamo [k~D ~m'u]; empenho-me [e~IJ peu um 1]; "definha-se" [de'fm'as"i]; , . .., (/ h .. [ ' L ' '. J "d. h . " [ 11 • 'v ,.. I '. 1 opon o-me ~ poo um 1 ; 1spun a-se a 1 spuo as 1 .

20 1 3 Na expressão popular tensa ou distensa, a nasa lização das ante­

nasa is parece ser geral, isto é, apresenta o aspecto ressaltado anteriormente não f

apenas antes de [n]. mas antes de [m] e [n]: "banana" [bã'nãn'a). "veneno" I'WI ~ tt • ':, I ,.J li '' 1 .t U " f ,.j H 111 [ve nen'u]. ass1no [a sm'u]. carona [ka rorffi]. aluno [a lun'u1; escama

[(i')tk.fm"a]. "teima" rdm'a]. "em cima" [i'sfm'a]. "come" [kÕm'i], "espuma'

[(i')tpcim'a].

20. 1 . 4 Parece que há , no âmbito do Brasil pelo menos duas grandes

discrepâncias ao regime popular J'upra referido, ambas sentidas na ambiência

lingüíst ica carioca senão como aloglóticas . pelo menos como indicativas c:le

alienígenas à área. Uma é representada por falantes provàvelmente

orientais (Bahia) ou. nordestinos, em que a nasalização é sentida "ao dôbro" na

área , como se, ademais da nasa lização. se percebesse um timbre sôbre-fechado

e um a longamento da voz; outra é representada. no pólo oposto . por certa zona

de São Pau lo, provàvelmente a capital do Estado. em que as orais antenasais,

salvo excesso de generalização de minha parte, quando acentuadas. sem discri­

minação, são tão efetivamente orais que, às vêzes, aos indivíduos falantes das

outras áreas do país, dão a impressão de exces<;ivo abrimcnto. Lembram as

vozes orais es-panholas antenasais, genericamente grupadas como fechadas. pelo

menos no que tange ao [e] ao [o], que , entretanto, aos ouvidos de cariocas,

são assimiladas às suas voze<; abertas correspondentes. Essa área de "fome''

[fóm'i 1 , "homem" [óm'eYJ parece projetar-se a certos pontos do Estado de ~ L

.l\linas Gerai3 e Mato Grosso.

20 . 1 5 Na área carioca. poder-se-ia consignar ocasionais nasalizações de

outro<; tipos, provàvelmente morfológicas , ou morfofonéticas , tal um "chan­

tilim" [tã '? i'lf'J (por Chan~illy) , talvez por ultracorreção, mas de todos os modos

episódico - embora dentro de uma alternativa que a história do português no

Brasil consignará com certa freqÜência, v. g. , "capi/capim", "Piratini/Piratinim" •

"mindubi/mindubim", "sapoti/sapotim" ..

20 2 Não se consigna, na área, tendência geral de alterar as vozes acen­

tuadas orais não antena sais, tal a do tipo de [ú] por(~]. v. g., em lugar de ''canoa"

[k~(ã)'núw'wa], que existiria em certo setor, pelo menós, da área norti>ta (P.H,Íl .

As formas assemelháveis do tipo [a'bu'túw'wu]- por "abotôo". [ê'(i)'sa'bú\\''\\·a,l

" b " · t [ '' J '' ·, r b ) sa-o -por ensa oa -, ou, revers1vamen e, s~ wa - - por sua ,ver o - · ,

nesse estágio, de natureza morfológica, o que se verá adiante.

Page 55: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-270-

20.3 Na área carioca, quiçá na· maioria do teni tório brasileiro em que se

verifica a chamada "palatalização" do -,y e --.z (gráficos finais) ocorre a diton­

gação com [y] das vozes finais ace~tuadas de vocábulos agudos. Essa diton­

gação. embora para o signatário lhe parecendo provir da "palatalização'', tem

já agora caráter estrutural ao vocábulo, de maneira que perdura ainda quando

não se dá a "palatalização" do -,y e do -z; destarte , se, por exemplo. "ananás"

é [~Cã)'n'}Cã}báyt] por causa da palatalização, é, porém, ainda com a ditongação

em casos como os seguintes: 1) "ananás jeitoso" [~(ã)'n~(ã)~ayt~y't<;)z'u). a)

"ananás e uva" [a(ã)'na(ã)'nàyzi'úv'a) e 3) "ananás ;)uculento" [aCã)'na(ii)'

n~yssu'ku'lit'u]. Éste úÍtimo caso se apresenta n~tidamente diferen~iado :e o

indivíduo falante carioca tem em mente emitir "ananá suculento", a saber e I

coteje-se, [<;~Cã)'n~(ã)'n~su'ku'l~t'u]. A exemplificação dos casos é a seguinte

para quaisquer camadas da área em que possam ocorrer as palavras abonadas,

pois o fato s~ não se dá em indivíduos falantes partic"ularmente interessados em

contrário a cada ocorrência: l) "cajás" [ka'(áy~]; 2) "paz" [páy~] (homofônico

d .. · ") 3) .. , .. r-c;:'\ , , "'J 4) .. • " r-c"' , · "'1 5) "d , fd, "'J e pais ; reves f f.Jt; vtys ; reves r f;~ v~ys ; ez rYS ;

6) .. t 1 , !t '' , V! 7) .. · .. 1 k , • v.J s) .. · , r"'· ""1 9) " t , , r-c-:' ' a vez a vc;y:sj; COVb o VIYS ; giz ZIYS ; re ros r f;~ tróy~); lO) "feroz" [fe'róy(]; ll) "pôs" [póy~); 12) "algoz" [aiigóyrí, 13) "tatus"

~ . ~ . . [ta'túyr] e 14) "alcaçuz" [aÍka'súy(].

20.3.1 Como se observou, o fato se estende, também, às vozes finais

nasais de vocábulos agudos. Vejam-se os exemplos: 1) "manhãs" [m~(ã)'uã'yt); I - ~ 1/-

2) "patins" [pa''i'iy~; 3) "bombons" [bõ''bÕy~. e 4) "alguns" [a'lguys].

20.4 Na área carioca e, parece, na grande maioria do território brasíleiro,

tem requinte de artifício a distinção entre o presente do indicativo, primeira

pe~soa do plural , e o pretérito perfeito dos verbos - a;;sim, regularmente,

" d .. • r r- 'd , c1) , "'1 d d "I ., an amos so apresenta uma orma a '! a m us. e o mesmo mo o emos L .

(l~((f}m'u~]. Escusa dizer que ·o fato pertence à deriva apontada em 20.0.

20.5 Na área carioca e, parece, de um modo geral no território brasileiro,

o [a] de "mas", "para", "cada", como vocábulos acentuados- na interlocução

univocabular -ou como vocábulos proclíticos, tem o valor, respectivamente,

d [ ' l [ 'I "M " . . l · [ ' 011] e a ou a . as com o pnmeiro va or se pronuncia, .coerentemente, mays ,

conforme o exposto em 20.3- e como homofônico de "mai·>'', com a diferença,

tão-somente ou essencialmente, de intonação, pois na interlocução univocabular

o primeiro é via de regra de tom suspensivo e o seguinte de tom descendente -

- salvo nas interrogações. São, assim, de sabor n1tidamente requintado ou

ultracorreto as formas lm~'t], [p~'r'.~] e [k~'d'<!-1 · Como vocábulo proclítico,

"mas" não acusa a ditongação ac1ma referida, a não ser em cadência muito

Page 56: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-271-

I lenta; destarte "mas ela vem" é [ma'z~la'v~y]. Como vocábulo proclítico,

também, a preposição "para" acusa, também, o sincretismo já consabido

[pa'r'a/pa'r/pra'/pr]. Fato isolado na área, [mãy'~ ou [mã'lj por "mas" parece

ter sua explicação numa ultra-ultracorreção ...

20.6 Embora aparente fenômeno de "regularização" morfológica, con­

signe-se o fato de que, na área carioca, só em bôca de alienígenas a ela ou por

ultracorreção, ocorrem as formas de, entre outros, "parecer" e "dever" sem a

metafonia canônica das formas rizotônicas para [~[]. É quase certo que a irra­

diação do fenômeno é de certo ponto do nordeste, havendo contaminado alguns

cariocas. Lá - suponho a título muito sob censura- a mctafonia se faz entre

um infinitivo [pàr'is§f(f)] e uma forma rizotônica [pàr§s'i] enquantono Rio. é

entre [pa'r~'séf(f)l e [pa'r~s'i];

20.6 . 1 Na área carioca ocorrem, também, episodicamente formas como

"perca" [pif(f) k'a] e demais afins rizotônicas, verossimilmente da mesma pro­

cedência que as comentadas .rupra, de um infinitivo, creio, [pr'f(F)d§f(f)l ou

mesmo, pelo menos aos ouvidos cariocas, creio, [pcr(r)dérfr)]: infinitivo que ~. . . . ~. parece postular tôdas as flexões regulares quanto ao timbre de primeira sílaba,

contra a situação carioca, em que é [p~'f(~)d~~(f)L com a metafonia conhecida.

20.7 Muitos fatos isolados, poss~velmente extrafonéticos ou pelo menos

parafonéticos, poderiam ainda ser consignados, com relação às vozes acentuadas.

Seja exemplo o caso de "interêsse", substantivo, ainda em alguns pontos do

território brasileíro "interesse", como a forma verbal, o qual, em passado

recente, apresentou na área um esquema vacilante "interesse/interêsse", perdu­

rando ainda na primeira forma entre bem falantes idosos.

21 . O D_a.r l'oze.r .rubacentuada.r

Os fatos consignados para as vozes acentuadas são essencialmente válidos,

de um modo geral, para as subacentuadas.

21.1 Aplique-se, especialmente, mulati.r mulandi.r, a matéria constante de 20.1.

21.2 Os fatos apontados em 20.3 são parcialmente válidos para as vozes

subacentuadas, porque a subacentuação, quando contígua à sílaba acentuada,

ten'de, como se viu na descrição particular a cada voz, a tornar-se proclítica,

daí decorr~ndo, por exemplo, que "ananasinho" apresenta, além do padrão

subace;ntuado, policiado ou bem falante, [a'na'nàzin'u], espontâneo enfático

[~(ã)'n~(ã)'nàyz(!}'u], um padrão natural, ist~ é~ em ~""ue a sílaba subacentuada

Page 57: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-272-

passa a proclítica, questão sôbre a qual se fêz a devida in.sistên~ia na descrição

Particular de cada vogal , donde [a(ã)'na(ã)'nay'z[n'u]. Por êsses mesmos mo-• . ·~

· tivos, "gizinho" é prà ticamente inexistente como [~yz(n'u], reduzindo-os v

"naturalmente" ao canônico [Íi'z!u'u] ou a rziy'z~u'u] . Nessas condições, muitos

dêsses vocábulos apresentam um "duplo" singular e um "duplo" plural: "caju-, I

zinho" [ka'tu'zí(i}n'u], mas "cajuzinhos" [ka'~uy'zí(i)n'ut]; "manhãzinha", I'_ • w • .,

fma'nã'zí(i)n'a], mas "manhãzinhas" [ma'nãy'zí(i)n 'at]. Outros, como é lógico, •v • v •v .v ~

não ~preser;tam essa dualidade: "arrozinho" [a'f(f)?y'zjWo 'u], "arrozinho&'

(a'!Q99Y'zJ(i)o'ut}. Escusa , à vista do vista, dar pormenores na exemplificação.

21.3 Os fatos acima apontados são, como se viu, também válidos para as

nasais consideradas em 20. 3 . I.

22 . O Da.t voze-r proc!t~ica.t

Tôda1. as vozes proclíticas nasais e antenasais são fechadas.

22.1 As yozes proclíticas antenasais apresentam, de um modo geral, os

estágios graduados de nasalização referidos de 20 . 1 a 20 . 1.4:

a) na expressão culta tensa são elas, de modo geral, apenas fechadas

I. - u • 11 ( I I ''k' ' ] 11 ' 't " [ I ' ' ' f' 1 11' • • 11 sem nasa 1zaçao: amencano ~ m~ n ~n u , emen o ~ m'(r 1 u , 1m1SCU1r

[!'mi'tku'íf(f.) 1 ou [!' mi'Ík wíf(f)], "honesto" ( <,>' ntÍt'u], "uniforme" [ \}1 ni' f~~(~) m'i];

h) na expressão culta distensa, também de um modo muito geral

(e em grande parte condicionado ao predomínio maior ou menor nos hábitos

individuais da ambiência familiar ou da "segunda natureza cultural", visível.

esta última, sobretudo em professôres ou em pcofissionais da palavra, homens

do rádio, do teatro e afins) , há vacilação quanto aos casos J'upra figurados,

mas tão-somente no que tange·· aos de largo curso popular na área, a ponto

de numa interlocução um professor, colega do signatário, transitar quase sem I - d t' 'd d ur • , d [r ., , ' v,] (~' .,_ ' v] so uçao e con mm a e, em rema nos , e r~m ~n us I para e n! an us ,

porque no primeiro caso mentava os revolucionários irlandeses e no segundo o

clube carnavalesco carioca . . . ; como quer que seja, aos· ouvidos cariocas, há

nasaliza.ç/ões de antenasais proclíticas muito mais marcadas em outras áreas

hrasil~iras, tanto é verdade que os nordestinos lhes parecem ((abridores" e ao.

mesmo tempo "fanhosos": um vocábulo como uveneno", nesse sentido, pode,

grosso modo, ser figurado , provisoriamente, em três eixos, o nordestino (e

oriental, possivelmente), o carioca e o paulista, das três seguintes maneiras.

popularés distensas: fv~nê"n'u}, fve'né'n'uJ e fve'nén'u] . .. a ouvidos de cariocas. . . ~ "

Page 58: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-273 ~

c) ainda na expressão culta distensa, a nasalização das vozes proclí­

ticas antes de luJ é, porém, geral- dentre outras razões, se as houver, porque

se trata de vocábulos cujas proclíticas em regra ocorrem em derivados de pri­

mitivos em que elas são acentuadas, o que estabelece estreita relação morfo­

fonética com o apontado em 20 .1. 2 : "manhoso" [mã'g9z'u], "empenhado"

[e'p~'nád'u], "definhando" [de'fi'nã d'u], "sonhou" [sõ'n6w], "punhal" [p~'nái]; · V I • .., V• v

d) na expressão popular, tensa ou distensa,. a nasalização é geral,

mas apresenta, com freqü~ncia, a particularidade de ser mais suave, quando

em vocábulos de curso restrito nas camadas populares; ainda aí, porém, fôrça

é convir ·que a nasalização das proclíticas é mais suave do que das acentuadas

e uma contraprova, digamos assim, se obtém: ver-se-á, linhas adiante, que são

raras na área as oscilações do tipo [õ!/~'], v. g., "compadre" [kõ'pádr'i],

[k~'p ádr'i]; entretanto, as vozes proclíticas antenasais ora consideradas, ao

contrário daquelas, apresentam, com freqüência , a referida oscilação: "começar"

[k<?(u)'m<;'sáf(f)], "boneca" [b9(u)'nfk'a], "tomate" [t<?(u)'má1\j_], "bonito"

[ b<?(u)'nít'u], "comer" [k<?(u)'méf(f)], "comércio" [k9(u)'mff(f)s'yu], "comichão"

[ ko(u)'mi'tÍ~], "comigo" [ko(u)'ml'g'u], ".cominho" [ko(u)m(n'u], "comungar" • • • • \1

[k<?(u)'m~' gáf(f)], "comunicar" [kç>(u)'mu'ni'káf(f)J ...

22 .2 Ü.;; vocábulos proclíticos "da", "a", "na." parecem comportar-se

exclusivamente dentro do princípio do fechamento de timbre das voze5 ante­

nasais, sem jamais se nasalizarem tipicamente; destarte, temos: "da casa' 1

[da'káz'a], "a fonte" [a'fÕi' 'i], "na janela" [na'ta'nfl'a], mas "a mesa" [~'m~z'a] "da nossa" [da'n6s'a], "na nuca" [na'núk'a]. Certa versão mais ou menos

• L •

divulgada fala numa harmonia de timbre que existiria com êsses vocábulos

proclíticos com relação ao timbre das vozes contíguas, invocando o exemplo dos

versos conhecidos de GONÇALvES DiAs ~ "6 guerreiros da taba sagrada, f 6

guerreiros da tribu tupi", que seriam, foneticamente, o seguinte:

[o \.

[à c.

g~'

g~'

f(f)~y

f(~~y

r'ur da' L

r'ut da' . tá

trí

b'a

b'u sa'

tu' grá

pí]

d'a)

fato que s6 pude confirmar em p_oucos casos: em cariocas que tinham perfeita

reminiscência e mantinham decorados, desde a infância, tais _versos; naqueles

em que não se verificava essa automatização remota, mas em que havia um ·

esfôrço consciente de rememoração (sem recurso ao texto escrito), não consigne~

num único caso a harmonização de timbre em causa.

22. 1. 1 Os vocahulos proclíticos "e", "de", "o", "do", "no" sofrem as mesmas flutuações quando antenasais. Reconheça-se, porém, que em condições

Page 59: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

. - 214-

pouco favoráveis de audibilidade é freqüente perguntar, em ditados, se "o menino"

é "um menino", mas não apenas como antenasal, senão que igual pergunta se

formula para com, por exemplo, "o jôgo" e "um jôgo", não sendo, pois, deci­

sório quanto à eventual nasalização dessa proclítica se antenasal. Não pude

fazer observações quanto à freqüência dêsse tipo de êrro acústico com relação

aos ,dois casos configurados, o que eventualmente poderá militar em favor,

pur;;~. e simplesmente, da baixa audibilidade, em certas condições, · dos artigos ' .

"o" . e "um", da nasalização do primeiro ou, mesmo, da desnasalização do se­

gunc)o, que J?Or vêzes ocorre em cadência muito apressada.

· · 22 .3 Nasalizações esporádicas ocorrem em proclíticas na área, mas duas

pelo menos· são de muito maior freqüência entre alienígenas à área, .rcificel,

[lt~~:t i 1cáf (DJ por [kç(u)'zj(i)'oáf(f)l ("cozinhar") e [v1ff(f.)l e mesmo [vT'eff(~)J p>6 (vi't~f)] ou [vytf<f)] ("vier").

'r.:·c~·eio que a . predominância das formas em causa entre nordestinos ou

d~~~endentes de nordestinos pode ser elemento pa ra explicar-lhes a ocorrência

ua ~rca. o processo morfofonét_ico da forma verbal, é aliás, de clareza evidente: ltl- · f ' ,, .. . . '' 11 J J ''t t ,, I ( • • I . h " nz: 1zcr , qu1s:q_u1ser , pus:puser , rouxe: rouxer , v1m:v1er v1n er .

22 .4 A flut_uação ou oscilação do [~'] para [i']. como se disse, parece

co,ndicionada, na á.rea (e quiçá no Brasil, mas então com tendências diferentes),

~ dois fatôres , que se contrabalançam ou se corroboram: um, certa "harmonia

\'O.cálica", e o outro, a "regularização morfológica". Concomitantemente, nesse

terreno, se pode ver, com maior nitidez t:alvez que em outros campos fonéticos,

o jô~o de influências recíprocas entre a deri~a popular e a restauração erudita

por via, sobretudo, da feição escrita da linguagem. Eis alguns graus do proce;;so:

) [ I 1

] - fl t ti d 11 [ 'd' ' ] ti l 11

[ 'l ' ' l ·. a ~ .. . a - nao u ua: p~ aço p~ as u , me aço mt; as u,

"negaça" [n~'gás'a]. "devassa" [d~'vás'a]. "retrato" [~(f)t;'trát'u]. "cegada"

(s~'gád'a], "selagem" [s~'lá~ey]. "debate" [d~'bát' i]. "decalque" [d~'kflk'i]. "derrama" [d~'f(f)~m'a], "fecal" [ft;'ká1]. "feraz" [f~'ráy~]. "fetal" [f~'tál]. "gelar" [ie'láf(f.)], "gemada" ~~'mád'a]. "geral" ~~'rfl]. "legal" [l~'gfl.]. ' 'lesar" [l~' záf(f.)]. "letargo" [1~' táf(f)g' u]. '"levada" [!~' vád 'a]. "mecânico"

[m~'k~(ã)n'ik'u]. 11medalha" [m~'dá!'a]. "meganha" [m~'gá(ã')~'a]. "pecado"

[p~'kád'u] ... Decorrentemente, todos os derivados ou flexões guardam essa

característica: "negacear,. negaceado r"; "devassidão"; "retratar, retratação, re­

tratador, retratava"; "cegar, cegava, cegarei"; "selação, selador, re-selar";

"debater, debatedor"; 'aecalcar, decalcomania"; 11derrame, derramado, derra­

maria"; "geladeira"; "legalista, ilegal, legalizar"; "letargia"; "mecanização,

Page 60: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-275-

mecanizador, desmecanizar"; "medalhado, medalha r, medalhão" .. . A exempli­

ficação foi deliberadamente indistintiva quanto às camadas populares e cultas,

para melhor mostrar a unidade de procedimento no caso ... Isso não obstante,

podem ocorrer discrepâncias, tal "dedal", que na linguagem das costureira:s e

domésticas em geral é preferentemente[~ i'dál]. embora ocorra também [d~'dáÍ], sobretudo entre homens não ligados por um motivo ou outro à costura;

b) afim com o fato J"upra é um tipo de correlação morfofonética, que tenha

como base um [é] ou [é] nos correlatos morfológicos: "berro" [bérCr)'u J • L. .....

- "berrar" [b~'f(f.)áfCDJ. "berrador, berração" e, mesmo, falsos (do po,.nto de

vista etimológico) correlatos: "aberrar, aberração"; "erro" f{~Cf)'u] ou "êrro"

[ '-(""<\' J (( 't' " (( d' " (( b d " (( llf' " [f''~-::'1' ] llf' • , ~~ f; u , erra 1co erra 10 , erra un o ., error; rerro rt~'\'; u , rerre1ro

[f~'f(f)~yr'u] , "ferradura , ferrão , aferroar, ferramenta, ferrador, aferrar, ferr\).­

ginoso"; "espero" [(e)' (i)'Ípér'u]. "esperança" [(e)(i)'tpe'rfs'aJ, "esperançoso, . " . . desesperar , esperarei" ... ;

c) o [~']. quando inicial de vocábulo, ~a medida em que não está condi­

cionado como em "errar" a correlações morfológicas, tende a flutuar, sobretudo

nos vocábulos de largo curso popular, de tal modo que podemos exemplificar com

vocábulos de quaisquer camadas de uso, salvo os de curso por assim dizer es­

crito: "ebulição" [ e(i)'bu'Ü' sã~]. econom1a [ e(i)' ko' no' mí 'ya], "edifício" . . . . [e(i)' J i'fís'yu]. "editar" [eCi)'d i'tár(r)]. "educação" [eCi)' du'ka'sã~]. "eficiente''

[~(i)'fi'si'êfP'i]. "egoísta" • [~(i)'goC~)i~t'a] "egípcio". [<;(i)'~ps'yu], "elucidar"

[ C')'l , .,d ·-c;:'\J " · 'd' , r c·)' ., ,"'::d' 1 " ·1'b · ., r c·)'k''l'h, 1 " ~ 1 u st a!· ;; , ep1so 10 <; 1 p1 z~ yu , eqm 1 no ~ 1 1 1 r yu , erup-- " r c·)' , t""J " ,.. , r c·)' ,v,, 1 lt -çao ~ 1 ru psa w , exagero ç 1 za zçr u ; escusa ressa ar que a expre3sao

culta tensa tende sempre, em todos êsses casos, a restaurar o [<;'], sobretudo

quando interferem razões de consciência lingÜística da composição vocabular,

como por exemplo em "emigração/imigração'', "eludir/iludir";

d) [~' . .. ~] - essa correlação parece de tal modo ter sido condicionada

pela estrutura flexi~nal dos verbos da segunda conjugação, que parece possível

estabelecer uma como que regra: quando o [~]passa a [í] por razões (na sincronia)

morfoverbais , rec~procamente o [«;'] pass~ a (i']: "prever" [pr<;'véfC~)J. "previ"

[ C•)/ ') "d " [d I '•c··\ ] "d 1 " [d c•)/ 'I \ V] tt t " [ 't I pr<; 1 VI ; ever ~ v~ç f; , ev1amos ~ 1 v1 ~m us ; a rever a rc:

v~~f)J , "atrevia" (a'tr<;Cj)'v.í'ya]. A expressão culta tensa tende·, sistemàtica­

mente, a restaurar para [~'] a voz oscilante, que, dentro do esquema, é efetiva­

mente de muito maior freqüência , mas a oscilação perdura nas elocuções distensa.s:

."atrevimento" [a'tre(i)'vi'mtft'u], "devido" [deCi)'víd'u]. "pedinchão" (p<;(i)' , . . / . di'sã~], "seguimento" [s~Ci)'gi'mê't'u]. O fato é que êsse tipo de correlação

Page 61: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

--276-

ultrapassa o campo das correlações morfoverbais e dos seus derivados e invade,

então, de um modo geral, muitas conexões de [e' . . . i'] ou [e' : . . i'], que apre· . . . sentam, destarte, a o·scilação: "religião" [f(fJE?(i)'li'ti'ã~J . "petição" (p~(i)' ~ ., .!"'] "d 'd' , [d '(d-;, '') ''d~ '•(:,\] ({ 'f' . , [ (')' ''f''k ,_{;\] ({ . .. t 1 sa w , , ec1 1r c; 1 s1 1!\f.J , ver1 1car v~ 1 r1 1 ar -.r; , menmo

"' [m~(i)'nj(i)n'u], "veludo" [v~(i)'lúd'u]; como sempre, a expressão culta tensa

tende a restaurar o [~'],mas não chega a ousá-lo nos vocábulos que, ausentes

de correlações morfológicas, como que se apresentam isolados e patrimonialmente ~ "

populares, tal o caso de "menino", só [mi~'ní(i)n'uJ. pois [me(e)'níGJn'u] é . . '

sem dú:vida marca de alienígena à área; por tal motivo, vocábulos como "feliz"

e. seus derivados; "felicitar, felicitações" comportam a oscilação, com dois

graus - em "feliz" quase com repugnância, prevalecendo de muito a forma

[fi'líy~. enquanto nos ~erivados a oscilação é muit~ mais freqüente - [f~(i)' li'si'táf(r)] e [f~(i)'li'si'ta'sÕ.Ys1;

e) afim com o aspecto anterior é a conexão [e' .. . e'] que decorre da co­

nexão [e' . : . á]: se ''levar", "levado" têm (e'] por causa da conexão [e' . . . á],

o primeiro membro desta conexão vai determinar a primeira, [~' . .. E;'], em

"elevar", "relevar", formando constâncias esquemáticas que parecem explicar

"elegante" [~'l~'gã?•i], "elefante" [~'l~'fãl''í] e certas dualidade .exclusivas, do

tipo "eletricista", isto é, ou (muito mais freqüente) [~'l~'tri'síst'a] ou

B'li'tri'síst'a] (em certos cariocas de baixo padrã() cult'ural e lingüístico). E,

assim, de um modo geral, na deriva como que se opõem, na área, o esquema

· [~' ... ~'] ao outro [i' ... i'], sendo os seus combinatórios expressão da con­

tensão culta - genericame~te falando;

/) [t;' . , . ú]- nessa conex~o, de certo :modo pouc:o representada ria língua,

pelo menos êm vocábulos correntes, há tendências para o [t;'J oscilar com o

[i'], tal"seguro" [s~(i)'gúr'u], "veludo" [v~(i)'lúd'u], "verruga" [v~(i.)'f(f)úg'a],

"mesura" [m€_!(i)zúr'a] e até mesmo "peludo" [p~(i)'lúd'u] , na accepção do qu~

tem sorte; a restauração se faz corren~emen_te , sobretudo quando, como em

"peludo", se tem a consciência de correlações dos tipos anteriormente apon­

tados.

22. 4.1 À parte ficaram, deliberadamente, todos os vocábulos iniciados

por e.r- ou ex- (gráficos), para os quais, independentemente de quaisquer

correlações ou conexões, há constantemente, -na área, três graus de emissão,

que vão do culto tenso, passam pelo culto distenso e chegam ao popular dis­

tenso - se aquelas iniciais são seguidas de consonância, fique claro. Êsse~t graus são:

Page 62: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-277-

1) [~'((~]. 2) [i'!(~] ou 3) f~(~]. que poderão ser representados numa única

fórmula: [(~')(i')t(t)]; veja-se , com efeito, a série seguinte, extratada na ordem

alfabética de um vocábulário corrente:

esbaforido [(e')(i')fba'fo(u)' rid'u].

rdba'fo(u)'ríd'u] ou f~ba'fo.(u)'ríd'u]. . ' . isto é, [e'~a'fo{u)'ríd'u] . . ou

escabeçar [(~')(i')~ka'bt,:' sá~(f)] esdruxular f(~')(i')~dru't'u'láNf.)J

esfacelado [ (c;')(i,(fa' se'lád'u]

esgalhado [ ( t;')(i')tga1ád' u]

eslavo ((~')(i')~láv'u] esmagar [ (~')(i')tma' gáf(f.)l

e saltemos

excarcerar [ ( ~')(i')~ka'f(f.)sc:;' r á~(~) J

exclamar [(~')(i')~kl~'máf(f.)] extravagante [(~')(i')ttra'va' gãt' 'i]

devendo-se, por rrm, notar que as três formas coexistem em quase todos os indi­

víduos falantes cultos da área, segundo seja sua temão psíquica.

22 .4 . 2 Caberia , ainda , com relação à flutuação [e'] para [i']. em que a . ação culta por via da escrita tanto se empenha em restaurar o primeiro, consignar

duas observações atinentes à preposição "de". É de longa data a observação

de que na área carioca há ocorrência do "de "em causa, regular e ordinàriamente

[~i'], como [d~']. pelo menos nas expressões "c~r-de-rosa" e por vêzes "de tarde"

e "de noite" e mesmo "de manhã", respectivamente, [k<?'f(f)d~'f(f)~z'a].

[d~'táf(f.)d''i]. [dt,:'n~.vf'i] , [dt,:'m~(ã)'eã]. Se já eram episódicas ao tempo da

observação, vão de mais em mais sendo, tendo-nos sido uma canseira sugerir a

meus interlocutores inteiramente desprevenidos de minhas intenções proferissem

tais expressões, em que, em nível de cultos, nunca o foram assim enunciadas,

mas, ao contrário, sempre com [a' i']. Em compensação, onde o sistema orto­

gráfico vem preconizando junçõe", tais "demais", "debaixo", "debalde", "de­

certo", "demão", "derredor", e mesmo "depois", é frequente a oscilação

[de'(cfi')J no início dêsses vocábulos. IJ.' •

22.5 A oscilação de [e') para «'1 apresenta muitas afinidades com o~ fatos anteriores; as principai" constâncias são as seguintes:

a) [ê''J inicial de vocábulo, seguido de consonância, sistem:àticamente oscila,

com [i'). salvo nos vocábulos de exclusivo curso erudito; sistemàticamente

Page 63: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-278-

também, se verifica o esfôrço de restauração, de maneira que de regra as duas

formas coexistem nos cultos da área, segundo o grau de tensão psíquica; escusa

exemplificar, quase, pois o princípio é de constância notável: "embaçado"

[ê(i)'ba'sád'u], "embaixador" [e(t}'bay'ta'd?f(r)] , "embalagem" [e~'ba'lá~'~y], ''embaraçado" [ê(i}'ba'ra'sád'u] "embotado" [ê'('f)'bo'tád'u], "embuchar"

[ê'(i)'bu'~áf(f)] , "embuste" [e(i)'búrt''i] , "emp6rio" [~(i)'p~r'yu]. "emprego"

r~dJ'pr~g'u], "encaixar" [ê'(i)'kay'táf(f)J. "encruado" [ê'(i)'kru'ád'u], "encubar"

[ê'(i)'ku'báf(r)]. "enf~rmo" [e(t}'f~f.(f)m' u], "enganar" [e(~' ga'náf(!')], "enta­

lado" [ê{i')'ta'lád'u]. "entender" [ê(:)'tê''d~f(f)J . Essa oscilação quase não existe

com o prefixo "entre- " em ritmo bt'nário, a saber, "entreato" [e'tà'át'u]. /1 t l' h IJ ["''t 'flfl'( \ 1 li t hN" ["''t 'f (N)/ Nl li t 't H ["''t 'f en rean a e n !\IJ!) a , en reman a e n m~ a 9a . en renm e e n

f ~t ''] I< t " ["''t 'f '-( -) ' 1 I< t t IJ ["''t '/tN] b d n~y I , en renervo e n n~~!: v u , en re om e n o . ou . corro oran o

o ritmo, quando o indivíduo falante guarda a consci~ncia da formação vocabular

com "entre-"; nos usos freqüentes , porém, há flutuação múltipla . como que

instável o vocábulo todo, tal o caso típico. na linguagem de tipografia . de "entre­

linha!"' - [ê''trc;'l!~'eáf<f)L [~tre'l!dJ'uáf(f)l. re'tr~l!(i)'náf(f.)J. de um lado,

[Ptri'liGJ'uáf(r)J. [~'tri'lj(i)'oáf(f)l. ~tr;~l!GJ'oá~(~)] e estas últimas com flu­

tuação de acentos secu;ndários .. ;

h) na flexão verbal, com verbos com [~'] imediatamente antes de sílaba

acentuada, na primeira conjugação, nas formas arrizotônicas. não há oscilação:

"agüentar", "esquentar, esquentarei, esquentava" , "sentar. sentei. sentarei" ,

"tentar", "ventar", "arrebentar", "cimentar" . . . Nos verbos da segunda e da

terceira conjugação, porém, é de regra a oscilação. com características diferen-• O 1) d O N /1 d " (( d " /1 d " I< d " c1ais: na segun a conJugaçao, pen er , ven er , pren er , ren er ,

"encher", "acender", "condescender" , "entender", "propender", "vencer", o

[ê''] oscila com (i'!] nas formas seguidas por [í] ou [i'], donde o esquema geral:

,(, venço [ves'u]

vences [ves'i$)

vencemos [ve's~m'u~J

venceremos [ ve' se;' r~m' u~]

mas

venci [ N(i)l ' ] ve I s1

vencido [ve(~ 'síd'u] vencia [ve(i)'síy'ya]

vencíamos (vê'(~'síy'yam u~

Page 64: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-279-

em que, entre cultos, mesmo na expressão distensa, prevalece, com certa regu­

laridade, a predominância geral no esquema do [~'];já 2) nos verbos da terceira

conjugação, "sentir", "mentir" e seus derivados, "consentir", "pressentir", 1 'd" t" , " . " "d t" " [101

'] b' "l d (Y,) 1ssen 1c , assenbr , esmen 1r , o e , tam em osc1 an o para Ll- nas

formas seguidas de [í] ou [i'] na sílaba seguinte, é muito mais flutuante:

minto ~

[m1t'u)

mentes [mif'i(J

mente [m~P'i]

mentimos [mee0't' ím'u'§]

mentis [me(i)'~ ít] mentem (mit'êYJ

menti [mê'(!Jt~ í]

mentia [me(i)'P íy'ya]

mentirei [meGJ'i? i'r~y 1 mentiria [m'e(i)'? i'ríy'ya]

mentisse [me(i)'? ís'i]

mentires (mê(I)'t' ír'i~ mentido [me(n'l íd'ul

mentindo [mê(!J'rid'ul

o que não obsta, também, à sistem~tica re~tauração entre cultos na. expressão

tensa, mas com muito maior freqüencia no emprêgo do (i'] mesmo entre cultos

na fala distensa;

c) por fim, como é n,atural, as correlações morfológicas estabilizam um sem·

número de vocábulos com [~'] relacionados com vocábulos com [i]. segundo o

esqul:!ma "sensorial/senso": "temporal, sensação, vendaval, tentativa, sensitiva,

sensual, lentidão, tensão, centavo, dentição, gentio, lembrança", contra correla­

ções oscilantes do tipo "mentir/mentira/mentirosa/mentiralhada", com [e/i:1]: "sentimento, pressentimento, consentimento, assentimento" mas, decorren~

temente, sem oscilação, "vendedor", "pr~ndedor, desprendimento", "rendeira",

"acendedor", "entendimento, propensão, vencimento, vencedor".

22. 5. l Com a preposição "em" em funçãb prefixai, em locuções que o

sistema ortográfico consagra num só vocábulo, do tipo "embaixo, enfim,

entanto, enquanto" são correntes ultracorreções do tipo [ey'báy~'u]. (êy'f~, [

I'IIAI ' NN , ~ ey'tãt'u]. [ey'kwãt'u], mesmo em pessoas que regularníent~ prorerem a pre-

posição segundo o padrão geral da área [i'].

Page 65: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

...... 280-

22. 6 Os fatos relacionaqos com os verbos ell'l _,...ear (gráfico), assim como

quaisquer outros em que as. vozes proclíticas são contíguas a uma voz seguinte,

serão considerados adiante.

22.7 A oscilação de [~'] para {u'] parece sofrer um j8go de tend~nc'

dô tipo consignado em 22. 4. Mas apresenta feições pr6pria's:

a) [\>'] inicial de vocábulo, em sílaba aberta ou fechada, mantém-se inal­

terado com notã:vel regularidade em tôdas as camadas; escusa exemplificar,

pois seria transplantar um vocábulario para aqui ;

b) [-o/u' . . . u]: "cortume" [kC{(u)'f(f)tÚ.m'i], '~oltura" [s<_>(u)ltúr'a],

"tortura" [t<_>(u)'f(fjtúr'a], "gostusura" [g<_>(u)(tu'zúr'a), "formusura" [f<_>(u)'

f(!:)mu'zúr'a], "cordura" [k<_>(u)'f(f)dúr'a], ;'produzir" [pr9(u)' du'zí~VJ. "pro­

dução" [pr<.>(u)'du'sÍ~J, "bodum" [bc:>(u)'dn'], "costura" [k<_>(u)'ttúr'a], "costu-

reira" [k<_>(u)'~u'r~yr'a], "borbulhar" <,>(u)'f(f)bu'!áf(f)], "brotoeja" [br9(u)' v I ·

tu'~(w~)2'a] . "comunicação" [k<_>(u)'mu ni'ka'sã~]. "coluna" [k9(u)'lún'a],

"moldura" [m<_>(u)ldúr'a], "gordura" [g<,>(u)'f(f)dúr'a] ... De um modo geral,

a pronúncia culta tende a restaurar o [<!'], mas fá-lo na medida em que sente

que o vocábulo não é, patrimonialmente, de curso popular, tal o caso de "bodum",

que, quando proferido, é quase unânimemente [bu'd\Í], comó'mau cheiro";

c) na flexão verbal, os fatos são muito afins dos referidos em 22.5 b). Com

· efeito. no-> verbos da primeira conjugação com [<?'] imediatamente antes da .

sílaba acentuada, não há oscilação nas formas arrizotônicas: "voltat', botar,

trotar, soltar, tostar, chorar, corar, rosnar, de.,folhar, dt"!>tocar, de..;locar, co­

locar" ... ;

d) nos verbos da segunda conjugação, de curso geral, "torcer, poder, coser

(que alterna com "& sturar" na área, "cozer" reduzindo-se ao cursõ culto, pois

no popular é "cozinhar"), morder, colh~r. correr, chover", excetuando as formas

rizotônicas em l?J e fiJ. flutua o [<]'] para [u'] se seguido de [í], sem considerar

a metáfonia can8riica do perfeclum do verbo "poder" ("pude/pudera/pudesse/

puder"):

poder

podemos

podeis

podia

podido

podendo

[pg'd~f(r)}

[p<;>'d~m'u~ [pg'd~y~ [p<_>(u)'d' íy'ya]

[po(u)'J íd'u]

[p~'did'u]

Page 66: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-281-

cumprindo, porém, dos verbos mencionados, abrir uma exceção para "chover",

que na área flutua em tôdas as formas consideradas, .não sendo difícil ver a'

influência de "chuva" e do fato de que as form~s estabilizadoras do padrão

com [~'] são minoritárias proporcionalmente;

e) nos verbos da terceira conjugação, "cobrir, dormir, tossir, engolir';•

tôdas as formas arrizotônicas apresentam a oscilação Je [~'] para [u']:

dormimos [ dg( u)'f(f.)m!m 'ur]

dormis [ dg( u)'f(f)míyt}

dormia [ d9( u)'f(f.)míy'ya]

dormi [d~(u)'f(f)mí]

dormira [dg(u)'f(f)mír'a]

dormirei [dg(u)'f(f.)mi'r~y]

dormiria [ d~( u)'f(f)mi' ríy'ya]

dormisse [ dg( u)'f(f.) mís'i]

dormido [do( u)'r(f)míd'u)

dormindo . . . ,(,

[do(u)'r(r)mia'u] . . . .. do que decorre uma sens,vel predominancia do [u']. mesmo na expressão culta

tensa;

d) do anterior, como que se fixa a conexão [o'/u' ... i]: "corrimento" I •

[kg(u)'f(~)i'mê't'u]. "dormideira" [dg(u)'f(f)mi' dfyr'a], "sofrimento" [s<J(u)'fr!'

m'ift'uJ, "descobrimento" [d({(i)'tkg(u)'brrmêt'u], "esbaforido" [(~)(i)'~a'fg(u)' 'd\ ] 11 • - " [ ( )' 'I .t AJ] - ' • • ~ "' rt u , postçao P9 u z1 sa w , conexao que, porem, vtgora mats em .runçao

dos derivados verbais diretos ou de vocábulos de curso preferencialmente po· ~ , .

pular, "moringa" [mg(u)'rfg'a], ·"coringa" [k~(u)'r'ig'a].

22. 7. 1 Do mesmo modo, em palavras de curso preferentemente popular

a tendência à predominância do [u'] .é patente: "tostão" [to(u)'ttã'~). "botão';

lbg(u)'tÍ~]. "botina" [b~(u)'?ín'a]. "cortina" [k<!(u)'f(f)P(n"aJ, "comer"•

[kg(u)'m~~(f), "comércio" [kg(u)'mffs'yu].

22. 7. 2 Na área carioca pelo menos, a oscilação do tipo considerado pode , ter, episodicamente, valor oponencial: "corpinho" [k9'f(f)Pi6Jg'u], como dimi· ·

nutivo ~~ "corpo", e [ku'f(f)p~~:g'u]. como peça de vestuário; "modinha"

[mo'cP{(i)n'a]. como diminutivo pejorativo de "moda'~ siriôn~mo de "voga", e • • v

[mo(u)'d'ímn'a]. como canção, cuJ'a segunda forma, conforme as camadas, não • • v

vigora, ou pelo menos em certas _situações lingüísti~as, pela conc~rrência do

diminuitivo de "muda", de planta, ou ."sem voz"; "folhinha" [fo'lí(i)n'a], dimi· I •- V

nutivo de "fôlha", e [fu:!~(l}e'a] (como folheto de calendário).

Page 67: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

- ~ 282-

22. 7. 3 Freqüentes na área são duas ultracorreções associadas aos casos

ora vertentes, ligadas à morfologia verbal e de ostensiva conexão com formas

verbais afins, por correlação ou por oposição: "sube" [súb'i] por "soube" na

primeira pessoa do singular, e "poude" [p~w<Í''i] (com o ditongo bem audível)

por "pude".

22 .8 A oscilação de [õ'] para[~'] é muito pouco ·ocorrente na área, a tal

ponto que, em casos dissociados ou inassociáveis, dada a sua episodicidade,

não será estranho supor-lhes influência alienígena, tal o caso de "compadre''

[kõ(ír}'pádr'i], a que não será de separar a relação com "comadre" [kc;>(u)mádr'i].

Outros casos há, como "condutor" (de "bondes", preferencialmente) [k9(~' du'~f(f)], mais raramenté "condução" [k?(~'du'sã~]. "conversar" [kg(\i')'vE;'

f(f)sáf(f). Entretanto, "esconder" e "responder", nas formas arrizotônicas de

sílaba acentuada com [í]. acusam a oscilação:

respondia

respondi

[f(f)~'rpõ(Ü)'d' íy'ya]

[f(f)~'t'põ(Ü)'J í]

embora a tendência à regularização em [õ'] seja predominante.

22.9 Casos "inversos" de oscilação, v. g., de [i') para [t;'l ou de [u'] para

[<?'l tipo "previlégio" ou "sinosite" -que ocorrem -são obviamente ultra ..

correções.

22.10 Na área carioca, salvo em alienfgenas a ela, não se manifesta nas '

vozes proclíticas, sobretudo [o'] e [e'], o forte timbre aberto tão característico

de extenso território- que parece ir desde o nordeste até certo ponto de Minas

Gerais pelo menos (embora com provável regime diferenciado, por ser estabe~

lecido) - ·v. g. (figuradamente), "pernFlmbucano" [pern.ã'bu'kãn'u]; "colégio" ... . [kolé:Í'yu], "corrosivo" [koro'zív'u].

I. c. L• ~

22.11 Paralelamente ao fato apontado J"upra, não se verifica na área

cariocé!- o intenso timbre aberto da voz proclítica (a'}, v. g., "casaco~ [ktzák'u],

"calar" [kàláf], que sabe aos ouvidos cariocas como voz Jonga aberta. ~ .

22.12 Além da aférese sistemática apontada em 22.4.1, as proclíticas.

em geral, não sofrem queda na área carioca. :formas esporádicas do tipo

"bringela" talvez se expliquem através das camadas ou mesmo correntes iini~

gratórias que introduziram sua cultura na área ..

Page 68: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-283-

23. O Da.r IJoze.r enclâica.r

As vozes enclíticas antenasais são as que revelam menor traço de nasa­

lização, a tal ponto que na expressão culta quase não há traços dela, a não ser

o fechamento do timbre, v. g. "pântano", "pátina", "eneágono", "póstumo".

Iguais características têm as vozes finais tornadas enclíticas com os pronomes

enclí ticos "me" e "nos", "· g., "deve-me", "disponho-me", "arrastava-me",

"entregue-me", "dispondo-nos".

23.1 Ver, ·quanto à redução de certas enclíticas, 8.4.1.1, 8.4.1.2,

8. 4 . 1 . 3, 8 . 4. 1 . 4, 8. 4. 1. 5, 12. 4. 2. Acrescente-se que na área carioca, assim

como em muitas outras do Brasil, ao que parece, quiçá nêle todo, nas camadas

mais populares, há manifesta tendência a consagrar a síncope de enclíticas

em certas palavras: "chácara" [iákr' a]; "pêssego" [péig'u], [pézg'u] ou [pésg'uJ . . . (forma última esta que dá caráter consciente de síncope à síncope); "música"

[mútg'a], [múzg'aJ; "abóbora" [a'b~br'a]. Na expressão culta menos tensa,

naquelas dessas palavras que "pertencem" ao vocabulário eminentementl! po­

pular, tem sabor de requinte artifici!il ou pelo menos grande contensão a pronún­

cia canônica, como em "chácara" e "abóbora"; isso é.ainda mais sensível nos dimi_

nutivos ou nos arrizotônicas em geral, cujas formas teoricamente canônicas

são pràticamente impossíveis: "abobrinha", "chacrinha", "chacreiro" ...

24 . O Da.r IJoze.r jinai.r

As. principais observações relativas à área estão em 5. 5 .1, 9. 5 .1, 13.5 .1 e

18.4. Sôbre esta última remissiva, tipo "ultimatum", deve-se acrescentar que o

latinismo em -um (gráfico) são geralmente pronunciados como NtJ, quer

sejam de curso mais ou menos geral, quer de curso restrito, apenas ocorrendo

a pronúncia do latinismo como latinismo, mais ou menos reconstituída, como

['um] (com [m] implosivo mas nasalada a voz anterior). Observe-se, também,

o que é dito em 8.4.1.4 e 12.4.3.

24.1 Na área carioca jamais se manifesta, salvo em alienígenas à área, a

tendência que. tem, segundo consta, ponto de irradiação na fronteira su.l do país

e atinge, provàvelmente, certas zonas de São Paulo (sem que, com isso, se

queira dizer que abarque a totalidade do território do Rio Grande do Sul, de

Page 69: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-284-

Santa Catarina e do Paraná, é óbvio), e dá às vozes finais car1ocas ri] e ['ui

os valores de ['e] e ['o]. (*). . . 25. O Dilongo.r e.rlávei.r inlravocabulare.r decre.rcente.r acenluado.r

São os seguintes na área carioca, quiçá brasileira, salvo quanto ao n. 0 (2):

(1) [ly] pai, paio, abalai, estudai.r, baixo, caixa

(2) [;y] paina, faina, andaime

(3) [ã'~] mãe,. alemães, capitães, cãibra

(4) [Íw]- pau, cauto, lauto, áureo ~

(5) [ã~] - pão, capitão, mãos

(6) [éy 1 L

(7) [éy]

(8) [i'yj (9) [fw]

(10) [~w]

(11) [íw] -

I?apéis, fiéis, capitéis, réis

lei, viverei, primeiro, plêiade

ninguém, vintém, alguém, armazéns, parabéns

céu, incréu, chapéu, troféus, escarcéu

europeu, sandeus, feudo, temeu, escreveu

partiu, ouviu, caiu, saiu, viu

(*) Até êste ponto a presente comunicação foi apresentada, em redação definitin1, ao Con­

gresso, sendo a parte seguinte posta à disposição dos relatores, para eventual consultn, já que

se achava definitivamente elaborada, embora sem a daçtilografia regulamentar. Por êsse mo­

tivo vinha ne&te ponto .a seguinte "Nota provisoriamente final":

"A presente tentativa fica a meio da dactilografia, para que possa ser apre-•

sentada em tempo ao Congresso.

Inteiramente elaborada já se acha a parte que se relaciona com ditongos

tritongos, hiatos e seq~Íências combinatórias de cada espécie dêles com as dos

outros, assim como tritongos, hiatos e seqÜências combinatórias de cada es­

pécie dêles com as dos outros, assim como com as vozes propriamente ditas. Por

fim, tôdas as ligações intervocabulares voc:tlicas que pendem são examinadas.

Fica êsse material à disposição do Congresso.

* * * O autor destas linhas não ignora a temeridade que praticou ao tentar, em

tempo tão reduzido como o que teve, uma descrição, que, ao cabo, revelou as­

pectos do si&tema vocálico da área até então insuspeitados por êle. Dá-se, por

isso, por bem pago, sobretudo se tiver sido de alguma valia a tarefa que cumpriu

com o pensamento no Congresso".

Page 70: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-285-

(12) [óy] apóio, destróis, acóitam, abiscóitam ~

(13) f§y] oito, dezoito, biscoito, comboio, estroina

(14) [Õy) - pões, mamões, tostões , razões

(15) [ów] - roubo, estouro, besouro, trabalhou . . (16) [úy) --;- descuido, fluido, intuito, gratuito

(17) rrr.YJ - mui, muito

25.1

populares,

[kát\a).

O ditongo· (1) .tupra, nas condições de "baixo", "caixa", nas camadas

em expressão distensa, freqÜentemente se reduz a [á], "· g., [bá('u], (\

25.2 O ditongo (2) .tupra acusa a flutuação de situação antenasal, segundo /

a tensão do indivíduo falante: de [p~yn'a] para [pãyn'a], de [f~yn' a] para , , . [fãyn'a]. de [ã'dáym'i] para [ã'dãym'i]. Na, pelo menos, área paulista de [fóm'i]. . ~

parece que não existe e, ip.to facto, tampouco a flutuação: [fáyn'a], [páyn'a] e

[ã'dáym'i]. Importa, ainda, considerar que, na área carioca, talvez porque

seqüência fônica t~picamente erudita e ocasional, o ditongo acentuado final de

vocábulo [áy ], nas formas verbais com vocábulos enclíticos iniciados por conso-" · · - lt ~~~ 1 · , " · d · , r~ '1' ,.J nancias nasais, nao se a era: 1a a1-me , aJU ai-nos , sempre 1a aym 1 ,

[a'Íu'dáyn'u~].

25 . 3 De acôrdo com o consignado em 20. 3, o plural de "alemão" e "alemã',

gràficamente e respectivamente, "alemães" e "alemãs", é na área o mesmo, a

saber, [a'le'mãy~Í; o exemplo é referido em caráter geral e nãQ adstrito ao caso . .. vocabular apenas.

25.4 O ditongo (4) .tupra, quiçá porque sua ocorrência antenasal não se

represente na língua em vocábulos usuais, não mostra influência dessa situação,

11, g., "fauna", "fauno", [fáwn'a], [fáwn'u].

25 . 5 Omitiu-se deliberadamente qualquer refer~ncia, em 17 . 1, ao fato de

que, num passado nada remoto, ao contrário, de duas décadas ainda, na área

carioca a voz [Õ] quando final de vocábulo era, na expressão distensa, muito

freqüentemente pronunciada rã~] nos vocábulos de curso corrente: "bom" era

{~~] . o cinema "Odeon" era [?'dc:'ã'~]. A extensão do fenômeno, nesse curto

prazo, parece ter diminuído muito de área, perdurando, quiç~ . na zona rural

da área; na urbana, está como que estruturada, nas camadas populares, no pri­

meiro vocábulo exemplificado e, em situação proclítica, na palavra "dom", na

expressão.distensa, "dom Pedro", "dom João", a saber, [dã;'pédr'u], [dã~~' / 11 , , ' N ,

ã~] ou [dã~'zu'ã~] ou mesmo [dãw'l~ãW'] ou mesmo ainda [dãw't~ã~]. isto é, com a palat.al sonora nasalizada.

Page 71: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-286-

25.6 Com relação ao ditongo (6) .rupra, notar o que é dito em 20.3 sôbre

vocábulos como "revés", "através", "convés" , "dez".

25. 7 O ditongo (7) .rupra, na área carioca, quiçá na quase totalidade do

território bra<;ileiro, tende, nos vocábulos paroxítonos. a reduzir-se a [~ ]: "pri-.., .

meiro" [pri'mér'u). "terceiro" [te'r(r)sér'u]. "inteiro" [i'tér'u]. "tinteiro" . . . . .. . . [?~tfr'u]. "trabalhadeira" [tra'ba'!a'd~r'a]. O fenômeno é geral em tôdas as

camadas da área, mas fàcilmente recuperado nas cultas . que realizam em si­

tuação tensa ou mesmo semitensa e, em certos indivíduos já, mesmo na d.istensa,

o ditongo. Entretanto, a repercussão na morfologia verbal dêsse fenômeno, que,

através das formas arrizotônicas. equiparou "esperar" e "enfileirar", a saber,

[(e')(i')~pe'rár(r)] e [e'~)fi'le'rár(r)]. foi faze1· de suas formas rizotônicas as . . . .. . . . .. "regulares" do "paradigma", e assim como "espero", "espera:;" etc. conjuga-se

" f'l " " f'! " . t ' ["'"~)f''l'' ] [ê''fl'l)f''l' 'v] A'' 1 . " en 1 ero , en 1 eras , IS o e, e \I 1 er u , e \,1 1 er as . regu anzação I. ~

foi a tal ponto que, mesmo em indivíduos falantes que normalmente pronunciam

''inteiro" ~t~yr'u] o adj·etivo e que ~abem ser assim, canônicamente, a primeira

pessoa do singular do verbo, preferem dizer, correntemente (i~tér'u] ou então .. . " •'completo" {ver, porém, 26.4).

25. 7. I Com relação ao mesmo ditongo (7) .rupra, notar que em situação

antenasal, em vocábulos de curso popular, há a tendência para a nasalização: I

"reino" , culto mesmo distenso [f(!)fyn'u], popular [r(f)ê'yn 'u].

25 .8 O ditongo (lO) .rupra, mesmo em situação a~tenasal, já que exclusivo

do vC>cabulário culto, não apresenta tendência à 1.?-asalização, "· g. "fleuma''

rfl~wm'a].

25. 9 Tampouco apresentam tendências à nasalização, mesmo em situação

antenasal, o ditongo acima referido e <J de n. 0 (ll) .rupra, quando em formas

verbais cujas enclíticas sejam iniciadas por consonâncias nasais: "temeu-me"

"ouviu-nos". É de observar· que a deriva puramente popular nesses casos

parece · não exercer-se, pois tais formas não lhe pertencem, no fonetismo e na

morfologia e na sintaxe da área, do ponto de vista das camadas mais populares.

25.10 Note-se, com relação ao ditongo (12), que, se não condicionado

por conexões morfológicas, tiJ?O "anzol: anzóis" ou "acoit~r: acóito" ou "apoiar:

apóio~'. tende êle a desaparecer do fonetismo popular da área, como em "dezoito",

li b • " i( • " b [d I ' ' l [k~'b' \ l l( ')('')yt ' '\ J com 010 , estroma , a sa er, e zoyt u , o oy yu , e 1 SI royn a , " . . . . .

embora no último exemplo deva haver concorrência do fato de ser antenasal,

o que dá margem a episódica pronúncia nasalada do mesmo.

Page 72: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-287-

25.10 O ditongo (13) J'upra j~ não apresenta, ao vivo, na área, oscilação

~m o ditongo (15), tipo "ouro :' oiro :: oiro : ouro". Embora êsse sincretismo

seja sancionado pela canônica lexicográfica, no uso vi.vo da área há fixação de

-uma das formas a- cada voéihúio ou sufixo. Muito raramente, em pretensos

bem falantes ou idosos (salvo os casos de ludismo ou pilhéria verbal), é que

-ainda se ouve, em naturais da área, "oiço". No mais, o pseudo-sincretismo

traduz especialização de sentido, tipo "loiro" como "papagaio" e "louro" como

ufulvo". Entretanto, até não faz muito tempo, vestígios vivos da oscilação

se documentavam. Nos escritos do nascido, vivido e morrido carioca LIMA

B ARRETO, tal como pude verificar em suas "Obras Completas", em dezessete

-volume.;, organizadas por FRANCISCO DE Assis BARBOSA, com a colaboração de

MANUEL CAVALCANTI PROENÇA e minha, cabendo-me a mim a tarefa do estabe­

lecimento do texto, a forma "cousa" oscila com "coisa" de:;de 1904 até 1922,

no mesmo trabalho, na mesma página e às vêzes na mesma intervenção coloquial

<le uma mesma personagem. As . re:Visfas cariocas do ·tempo documentam,

também, à saciedade o fato, que interpreto como o remanescente de uma possível

flutuação mais geral anterior na área e quiçá no Bra;;il. Hoje em dia , na área,

falando ou escrevendo, empregar a forma não fixada , por exemplo, "tesoiro''

e m lugar de "tesouro" , que é a normal1 é sugerir voluntária ou involuntàriamente . ,. um matiz lusitanizante. . ·

25 011

25012

Com relação ao ditongo (i4), observar o que é dito em 200301.

O ~itongo (15) J'upra, na irea carioca e quiçá na quase totalidade

do território brasileiro, nas camadas populares se reduz, em qualquer situação,

grave ou aguda, a [~]. Processo inteiramente paralelo ao consignado em 25.7

..rupra acarreta , em formas rizotônicas de verbos que o devessem;ter, uma "regu­

larização", cuja conseqüência é a existência, na área , de formas como "estoras"

[(e')(i')~ór'aÚ por "estouras" [(e')(i')~ówr'a'iJ, e assim em verbos como . \. . . u " "d " (" - d 'I I " ) " " " h " O c t ' agourar , ourar nao ore a p1 u a o o o , pousar , rou ar . 1a o e

.de tendência geral na área, sendo só superado pelo cultos, na expressão cuidada,

porque, mesmo na familiar, lhes ocorre, desde que o verbo seja de curso populal.'

-o que não se dá, por exemplo, com "louvar", na área preferentemente "elo­

giar".

25 o 12 01 Ver, a respeito, o que é dito em 22 o 7 o 3.

25 013 O difongo (16), nos indivíduos cultos idosos, nos vocábulos de

i ntrodução ou curso erudito, é pronunciado como hiato, em proparoxítonas,

·"flúido, gratúito, intúito, circúito", melhor, [flú'id'u], [gra'tú'it'u], tf'tú'it'u},

Page 73: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-288-

(si'r(r)kú'it'u]- a exelY!plo do que, canônicamente, é preconizado para "drúida". . .. isto é, [drú'id'a]. Nas camadas populares, dois dêsses vocábulos, pelo menos,

apresentam pronúncia com ditongo crel.cente, "gratuíto" e "(curto) circuíto",

[gra'twít'u]. [si'f(f.)kwít'u]. Mas as camadas cultas regularmente, em situações

tensas ou distensas, pronunciam-no como ditongo decrescente: [gra'túyt'u],

«'túyt'u], [si'r(r)kúyt'u] , [flúyd'u] como [de'('J i')Ykúyd'u] . . .. 25.13 O vocábulo "muito" (CJ • .rupra 17), na expressão popular distensa, ,

assume a forma [mt't'u]. sem o ditongo, raramente, salvo quando o vocábulo é ' • 11 • l i 1 1 • l i ;:::, 1 ,.!,v ~ - ,! AJ prochbco, CJ.g. , mmto bem , mmto bom , a saber, [mutu bey). [mutu'bo(a w)],

forma que parece muito generalizada na área nortista e nordestina, pelo menos,

sendo na oriental, pelo menos em seção sua, [mii'~u].

26. O Ditongo.r e.rtáCJei.r intraCJocabulare.r decre.rcen fe.r proclftico.r. São os seguintes., na área:

(1) [ay'] - abaixar, encaixar, alcaidio, alvaiade

(2) [~y'] - painel, apainelado

(3) [aw' ] - cauteloso, acautelar, automóvel, caução

(4) [~y'] - leiloeiro, freirático , deidade, eivado

(5) [~w'] - europeu, feudalismo, eutanásia

(6) [?y'] - afoitar, abiscoitar, apoiar

(7) [gw'] - roubar, tourada, mourejar

(8) [uy'] - fluidez , gratuidade, descuidoso, cuidado

(9) fuY''J - muitíssimo

-26. O .1 Em verdade, cotejando-se os ditongos da série numérica anterior.

25. O, com os da presente, e tendo em vista que, nos derivados, a primitiva

sílaba acentuada, se colocada imediatamente antes de acentuada, não se suba­

centua apenas, mas torna-se, realmente, proclítica (ver 5.3, 5.3.1; 7.3, 7.'3".1;

8.3, 8.3.1; 9.3, .9.3.1; 11.3, 11.3 . 1; 12.3 e 12.3.1 etc.), a série acima fica _N 11 -· • 11 _,..~ ,rf< _N 11 - • 11 -,..JI , ' alargada: [ay1-· ca1brmha [kay'bnvJn'a]; [aw']- paoze1ra [paw zeyr a]; , v •

[~y'] --; "papei~inhos" [pa'pry'zí~!)'u~]; [ê'y] -; "armazenzinho" [a'f(~ma,. zêy' zÍVJn'u]; [ew'] - "chapeuzinho" [~a'pew'zíGJn'u]; (oy'] - "anzoizinhos" v, L L V , ~·

[ã'zoy'z:G}n'u'(J; (õy'] - "razõezinhas" [r(r)a'zõy'zí(lín 'a?;J. Destarte, passam .. v • .. ""

a dezesseis, como os anteriore.,, menos [íw] (e por conseguinte [iw']), que parece

ser um fonomorfema exclusivo da terceira pessoa do singular dos verbos da ter­

ceira conjugação.

26.1 Com relação ao ditongo (1) .rupra, ver, mufati.r mutandi.r, 25 . 1, mas.

notar, lá como aqui, que tipos como "envaidecer" ou "ensaiar" não sofrem.

reduções, nem nas forma::. arrizotônicas, nem nas rizotônicas.

Page 74: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-289-

26.2 C<UU relação ao ditongo (2) .rupra, ver, mulali.r muiQ,ndi.r, a parte

inicial de 25 . 2.

26.3 O dàongo (3) apresenta, por v~zes, na área, reduções prov~velmente

alheias a da, de alienígenas quiçá, tal o caso de "saudade" [sgfdá~'il ou de

"automóvel"- em b~ca de indivíduos falantes de baixa cultura e em expressão

fortemente distensa. O último vocábulo pode, de fato, ser ouvido já como

(afr(r)tofmóv'i], já como [oftofmóv'i]. já como [ofr(r)tofmóv'i]. respectivamente • • • ~ • • L. • •• • "

de "altomóvel", "automóvel" e "oltomóvel", a primeira uma ultracorreção com

suas conseqü~ncias e a última um cruzamento com as suas conseqü~ncias - tudo

.rub cen.rura.

26. 4 O ditongo (4) apresenta as mesmas características referidas em 25 . 7

Dessa forma, na expressão distensa familiar e nas camadas populares, vocábulos "l .1 · , "c · t , u c · · , u h · , - (1 fl f, ' ) (c f L?,') como e1 oe1ro , 1e1ran e , Ie1re1ro , c e1roso sao ~ u t;r u , ~~ ra. 1 ,

[fefrér'u], [iefróz'u], assim como em tôdas as formas arr.izotônicas de verbos . . . . do lipo "enfileirar", "inteirar", "cheirar". A realidade, porém, é que as redu­

ções d~sse ditongo, tanto na série acentuada (25. 7), quanto nesta, proclítica ,

parece condicionada à ambiência fonológica. Com efeito, em "peito", " jeito",

"feito", "maleita", "desfeita", a3sim como en1 "peit~r", (e, pois, nas forma <:>

rizotônica.,; e nas arrizotônicas), "ajeitar", "desfeitear", não se dá a rcduçi:o ,

em quaisquer camadas. Com mais razão, não se dá em vocábulos de curso culto.

26.5 Com relação ao ditongo (5) .rupra, por ser caráter erudito, pouco

há que comentar. Nos vocábulos como "eu", "meu", "teu", "seu", já quando

proclíticos, já quando acentuados, e também nas formas verbais como "deu'",

"deveu", "entendeu", "percebeu", sua estabilidade é notável na área. São .. 'ld c 11 , li ""t '('''] ocasionais e ISO a as xormas como oropeu ou cropeu , 1s o e, ~r~ p~w ,

[ f f ' ] " " d d · lt c t 1 "O " t; r? _p~w , por europeu , e as cama as meu as, wrmas que pos u am ropa

ou "Eropa" - que também ocorrem na área e cujas características isoladas

não permitem sua inclusão numa tendência mais geral, antes presumem ultra­

correções.

26.5.1 Com relação ao ditongo (6) .rupra, ver, mulali.r'mulandi.r, 25.10.1~

26.6. As formas arrizotônicas daqueles verbos, assim como os casos abo­

nados .rupra, de "roubar", "tourada", "ousado", "pousada", são todos, nas

camadas populares assim como na expressão familiar mesmo tensa com [«?flr l d [ I 1 c 'I b "d 11 11 11 li ,. f em ugar e gw , mesmo em 10rmas monoss1 a as como ou , sou , vou

isto é, [dó] ou [do']. [só] ou [sof]. [vó] ou [vo'] (consoante sejam "absolutas" . . . . . . ou proclíticas com sílaba acentuada seguinte imediatamente, pois, se não, serão

[do], [so] e [vo] ). . . .

Page 75: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

·- 290-

26.6.1 Com relação ao ditongo (8) J'Upra, ver o que se disse sôbre a flutuação­

de sua estrutura em 25 .13, nas palavras de curso ou introdução erudita. Essa

flutuação parece ser uma das causas, senão a causa, da flutuação na área de

sua estrutura, também quando proclítico, consignando-se, em tôdas as camadas

em que usados os vocábulos, duas pronúncias, [fluy'd~yt} ou [flwi'd~y~, [gr~'tuy'dá~'i] ou (gra,.twi'dád''i], [pi'tuy'tár'ya] ou [pi'twi'tár'ya]. Mas, por

exemplo, "cuidado".só apresenta [kuy'dád'u], pois a forma {kwi'dád'u], quando

ocorre, é' em bôca de alienígenas à área, em geral aloglotas.

26 .. 7 Com relação ao ditongo (9) .rupra, ver o que já se disse em 25. 13 -

Caberia acrescentar que, além da forma "muitíssimo", único exemplo invocado J: d' 1 • 1 [ NN{') I f' \ ] • ld' [ N 1'"ilt I f' ' ] .rupra. com sua 1orma or mar1a na area muy f 1s !m u e ep1so 1ca mu 1s ~m u ,

há outra, que é a de "ruindade", A forma de que se origina, "ruim", é na área,

entre cultos, canônicamente, f!(f)uliÍ ou ff(f.)w'fi, mas, em linguagem fa"}iliar,

mesmo tensa, e nas camadas populares, é, via de regra, [f(f.)úy] ou [f(j)uy]. A

forma popular parece regressiva de "ruindade", que apresenta, por sua estrutura,

inevitàvelmente as seguintes pronúncias coexistentes: [~(f)u'i!dád'i], ff(f)uy'

dád''i}, [f(f)~y'dád''i] e [f(~wi'dád''i]. Ã list~ de 26.0 haveria, pois, .como

acrescentar os ditongos [uy'] , [w~] e quiçá uma decorrência dêste, de difícil - I t' \ l t . t t bl I ["""''] A percepçao acus 1ca, mas poss1ve men e ex1s en e tam. em na area, w1 .

palavra "ruína", que na área ocorre entre cultos canônicamente, a saber,

[f(f)u'~n'a] ou [f(f)wín'a], também apresenta, entre semicultos, uma ultracor­

reção, f!cy)úyn' a], cuja formação parece ser inteiramente comparável, através

dF "arruinar", que, como seria de esperar, apresenta na área as seguintes pro-

núncias coexistentes: [a'f(!,)uTnáf(!)L ~a'f(f)uy'náf(r)l e [a'f(~)wrnáf(~].

27. O Ditongo.r utáPeÍ.r iniraPoc~bularu decrucenlu enclítico.r

Só ocorrem em sílaba inacentuada final de vocábulo, seguida ou não de

.:_.r (gráfico), e são os seguintes:

(l) ['ã~] - amavam, diziam, Órgão, zângãos

(2) [' ~y] - amáveis, louváreis, volúveis, pênseis

(3) ['ê'YJ - salsugem, roupagens, linguagem

( 4) [' ?Y) - . álcoois

Zl.l Dentro das tendências da deriva ma1s popular, na área carioca,

como, ·aliás, ao que parece, em todo o território brasileiro, nas camadas incultas,

Page 76: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-291-;

todos êsses ditongos tendem a reduzir-se, a saber, com os mesmos exemplos

.abonados supra: [~r(f)g'u], [~'máv'a] (i.sto é, terceira pessoa do plural, donde,

-quiçá, [z~'máv"a] - forma que talvez tenha sua explicação morfológica, a que

. não será, porém, estranho· o fato fonético geral), [li' gwá~'i]. [álk'u] ou (ár(r)k'u] ... .ou mais extensivamente (áwk'u], quando o vocábulo está no curso popular.

27.2 Assiste-se, porém, na zona urbana a uma recuperação dêsses ditongos,

mesmo nas camadas pouco letradas, inclusive com o -.r (gráfico). ·É nessas

.camadas que se verifica uma ultracorreção com o ditongo (2) .rupra, consistente

em transformá-lo em crescente, a saber, "fácies" (por "fáceis"), isto é, [fás'yi~J.

27.3 Na expressão culta são todos êles realizados segundo a descrição

..rupra, salvo, por seu caráter isolado, "álcoois", que ocorre tanto na forma,

.digamos, correntia, [álk'!?'<?YÚ quanto. numa forma bem _falante [áÍk'<?''lyt] •

.quanto na.l! correspondentes, familiares distensas de cultos, [álk'<,>y{] e [áÍk'~y(]

28. O Ditongo.r e.rlávei.r inlravocabulare.r cre.rcenle.r acenluado.r

São, essencialmente, os seguintes:

(1) [ wá] - quatro, quase, esquálido, guarda

(2) [ w~] - guano, equânime

(3) [wã] - guante, quando

(4) [wé] L

(5) [w~]

(6) [wi]

(7) [ wí}

(8) [wí] '.;:

(9) [w1]

(10) [wó] L

- qüeba, qüera, rastaqÜera, inqÜ!rito (ou inquérito)

- lingüeta, qüinqüênio

- freqüente, aguenta

- lingüista, lingÜt~tica - equmo

-argüindo

- quota

28.1 Os ditongos acima referidos , quando em situação antenasal, tendem

à nasalização, mas em grau muitíssimo menor nas palavras de nítido curso

erudito.

28.2 Na área, é freqÜente ocorrer o ditongo (7) .Jupra nas formas rizo·

tônicas de "aniquilar", v. g ., [<!-'ni'kwíl'u]. assim como nas arrizotônicas de

"extinguir", "distingu}r", a saber,. [~~)(i')r?i'gwíf(f)J. rd'd?i'gwíf(f)J, e decor­

rentemente [(e')(i')~1'i"g'wu]. [d' i't?fg'wu], etc • . 28.3 Inúmeras palavras eruditas com os ditongos acima referidos podem

apresentar-se sem êles, v. g., "qüinqÜênio", que tanto ocorre como [kwi'kw~n'yu l .quanto como [k~k~n'yu].

Page 77: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-292-

28.4 O ditongo (lO) .Iupra é restrito ao vocabulário culto e sua redução

a [ó] é fato externo ao fonetismo da área, donde, em verdade, serem sincre-4

tismos formas como "quota : cota".

29. O Dilongo.I uiávei.I inlravocabulare.t crucenlu proclftico.I

São, essencialmente, os seguintes:

(1) [wa'] - quadrado, quadrante, guardar, guardador

(2) [ Wéf' j - equanimidade, guanaco

(3) [wã'] quantidade, quantioso

(4) [wç'] qüinqüelíngue, qÜinqÜenal

(5) fwe'J - freq;;entar

(6) [wi'] - eqüidade, eqüitativo

(7) [wj'] - eqÜimúltiplo

(8) [wi'] ''A - qumquemo

(9) (w~'] - quotizar, quociente

29.1 Do cotejo da presente s~rie com a referida em 28 .0, v~-se que

tão-somente o ditongo (4) daquela é que não ocorre na posição ora em apr~ço,

o que, entretanto, é possível em vocábulos derivados dos portadores daquele

ditongo de tal modo que, em decorr~ncia da derivação, a primitiva sílaba acen­

tuada fique imediatamente antes de sílaba acentuada, v. g., "qÜ:ebinha", isto é,

[kwe'bín'a]. L u

29.2 As obc:;ervações referidas em 28 .3 e 28.4 cabem, mulali.I mulandi.I,

aos · ditongos presentes, assim como as em 28. 2, 28 .1.

29 .3 Além das flutuações cultas do tipo "equidade: equidade", consigne-se,

especialmente, a relacionada com a palavra "questão", muito freqÜentemente

pronunciada na área , em quase todas· as camadas e tensões, ora como [k~'~tã$] 11 , "' ora como [kwc;'stãw ].

30 . Dilongo.I ulávei.I infravocabularu crucenfe.t enclt~Íco.I

São os seguintes:

(I) ['wa] ,

légua, ,

trégua - agua, magoa,

(2) ['wi] - équites, bilín~ue, ,

apropmque

(3) ['wo] - alíquota

(4) ['wu] ,

oblíquo, iníquo - apwpmquo,

30.1 Na área carioca, mesmo na dicção requintada e artificial, não ocorre,

modernamente pelo menos, o caso de diérese no· ditongo (1) .Iupra, ainda em

.se tratando do vocábulo . "mágoa".

Page 78: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-293-

• 30 2 São assistemáticos e talvell: ocorrentes apenas em indivíduos estranhos

à área os casos. nos vocábulos de curso popular. em que, na expressão distensa

e popular. se verifica a metátese (ou l:tipértese, como quiserdes ) do ditongo

(I) }upra. v g. "auga", "léuga''. Os demais ditongos pertencem ao fonetismo

culto da língua e da área tfou tendem na expressão familiar. quando empregadoc

-os vocábulos em que ocorrem, a reduzir-se, tal o ditongo (4) .rupra, v g. [!'ník'u],

[~'blík'u) . ou apresentam flutuação de sincretismo, v g, no ditongo (3) Jupra

Ja'lík' çt'a J. 30 3 Os seguintes ditongos intravocabulares crescentes enclíticos nlo sã_o1

na área. entre cultos. taxativamente estáveis . porque na expressão requintadl\ e

artificial. sobretudo lida. podem por vêzes . ocorrer como hiatos:

(I) ['ya)

(2) ['yi)

(3) f'yu]

vária pária, glória . pátria

cárie fácies barbárie

vários, tório, cério, lírio

• 30 4 A série .rupra, a rigor, pertencem vocábulos do tipo "idônea", 'ebúr-

" '' 'I " "'d' " ~~ b' " ~~ 'I " d't (l) (.,) nea , ceru ea : 1 oneo . e urneo , ceru eo , nos 1 ongos e v •.rupra,

embora. por ação poss1velmente reflexa do fato gráfico, as ocorrências de hiato

são em número ligeiramente maior, havendo mesmo, em situações muito arti­

ficiais, pronúncias do tipo [i'd~n'~'..u].

30 5 Os ditongos discriminados nas séries referidas em 30 O, 30.3 e 30 4,

quando finais de vocábulo. podem, a rigor, ser considerados "finais" e não

"enclíticos", merecendo, assim, a notação, para · exemplificar com um só, o

ditongo (1) da série 30 O, rwa]. em lugar de ['wa).

31 O Tritonqo.r e.rtávei.r intravocaqularu acenluarlo.r

São os seguinte;;:

(1) [wáy) - paraguato, uruguaw, guato

(2) [wã~] - quão, saguão

(3) [w~y) - avenguets, apropmquets

(4) [w<;íy) -saguões

(5) [wgw) - obliquou, avenguou

31.1 O tritongo (5) .rupra apresenta a mesma tendência do diton~o estru­

turalmente afim [ów]. a saber, a tendência à redução; e essa redução, nas

situações distensas, chega não apenas a [wg]. mas mesmo, como o ditongo,

a [ó], tal"averiguou", que apresenta as três tensões seguintes- [a've'ri'gwówJ, . . . .

Page 79: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

(a'•~'ri'g~] e [a'v~ri'~}. Mas, dada a natureza do vocábulo, as camada~

que normalmente dae fazem uso respeitam a primeira forma citada.

31 .2 Na área carioca. mas fenômeno possivelmente com alcance muito­

mais geral no território brasileiro. o tritongo (1) .rupra, seguido de vez. apresenta.

um iode fmal dúplice. a segunda parte do qual pertence para a voz final; isso

se verifica, aliás, mesmo quando êsse tritongo passa a proclítico. pelo que po­

demos figurar tudo com o presente do indicativo do verbo ... "guaiar": [gwáy'yu J: fgwáy'ya~'L [gwáy'ya], [gway'y~m'u~J. [gway'yáyÍ], [gwáy'yãw].

31 3 Da observação da parte final do número anterior. depreende-se quer

na área carioca e com possível extensão em grande parte do território brasileiro.

há, estàvelmente, ' pelo menos dois tritongos mais: - [yáy] - que ocorre em.

ve:rbos como "ensaiar", "vaiar". "caiar", "raiar". etc.. além do já citado

"guaiar", na 2.a pessoa do pluraJ do presente do indicativo . [ê'(i'')say'yáy~]. [vay'yáy~]. [kay'yáy~]. [f(r)ay'yáy~]; e - [y~y] - que ocorre nos mesmos­

verbos, na 2. 6 pessoa do plural do presente do subjuntivo. [ê''(i')say'yéy(j,

[vay'yéyt], [kay'yéy~]. [r(r)ay'yéy~]. [gway'yéy(]. Por via de conseqÜê~cia, . . . .. . . digamos assim, nos substantivos do tipo ''baião", "saião" e respectivo plural,.

t 'b ·- " tt ·- 11 d • 't ' • [ ,! NJ • awes , sawes, outros OIS tr1 ongos estave1s ocorrem: - yaw - "· g. · ~ I " " v.: f o

[bay'yãw]. [say'yã~]. e - [yõyl, e "· g., [bay'yõys]. ,[say'yõyf] .. Por fim, o-

vocábulo "paiol'~. pelo menos, no plural. apresenta um tritongo estável na

área,- [yóy] --, "· g., [pay'y~y~. Donde a segqinte série de tritongos estáveis­

intravocabulares acentuados com iode inicial - salvo omissão - :

(l) [yáy]

(2) [y~y] ~1\J

(3) [yãw] , (4) [yõy)

(5) [yzy]

- gua1ats, va1ats, ca1ats . . . . - guauts, va1ets. cauts

- saião, baião

- saiões, baiões

-paióis

em que não se -me especulará. espero, o fato de haver, na exemplificação, su­

blinhado tão-somente duas letras- .. .

32 O Tritongo.r e.rtá~Jei.r inlra~Jocabulare.r proc!t1ico.r

Parece não havê-los, mas havê~lo, e o seguinte- salvo omissão-: [way'] . , P. 8·, uruguaiano ..

32. 1 O desdobramento do iode, como apontado em 31. 2, ocorre no caso­

presente.

Page 80: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-295-

32.2 Tem provável causa fonética e morfol6gica o sincretismo existente

aa língua e vivo na área, embora episooicamente, mas com sabor de ser merente

a ela, em palavras do tipo "goiaba : guaiaba", "goianás : guaianás". "goitacás.

: guaitacás"; "guaiamum : goiamum". O sincretismo deve provir de uma

flutuação de pronúncia dos povos indígenas habitantes da área litoral, tupis-gua­

ranis, e a razão fonética deve estar no isolamento do tritongo, pràticamente

sem existência na língua se não antecedido de [g], estabilização que se logrou

apenas em dois topônimos sentidos como estrangeiros e seus derivados, isso na

expressão culta, em que terá interferido a lexicografação rígida a que se tem.

assistido na língua . . .

32 .3 Dos tritongos acentuados relacionados em 31.0 e 31.2, se em vocá­

bulos derivados e se antecedentes de sílaba acentuada, podem vários passar a

Üt• • 1 " • h " • t ' [ I I I ' ' l H -proc Icos, seJam exemp os paragurun o . 1s o e, pa ra gway Y!O u ; saguoe-

'nh " • t 1 l I -"'I 1

\ V] "b ·- • h " • t 1 [b I _W I 1 'ui "b ·-ZI OS , IS O e, sa gwoy zn~ US ; aiaozm O , lS O e, ay ya W Z,l!} ; alOe-

. h " • 1 [b 1 -"'I 1

' "1 11 •' • 'nh " • t , [ I I I ' \/.] ZJn OS , IStO e, ay yoy ZHJ US , e palOlZl OS , lS O e,, pay y~y Zl~ uS I.

33 . O T ritongoJ' e.rtáveiJ' inlravocahulare.r enclt'ticoJ' ou f inai.r

São os seguintes, atentas as observações feitas em 31 . 2, 31.3 - e salvo­omissão

(1) ['wê'YJ ,

apropínquem. I avenguem, enx!lguem (2) ['wã~] averíguam, apropínquam, enxáguam (3) ['yeyJ - ensaiem, vaiem , raiem (4) ('yã~]

. . . - ensa1am, vaiam, ratam

33 . 1 Escusa lembrar que tais tritongos, porque ocorram em formas.

verbais, quanto ao número e ao modo, não usuais nas' camadas mais populares,.

pertencem em geral ao fonetismo culto da área.

34. O HialoJ' com poJpOJ't'tiva acentuada

Há - salvíssimo omissões - pelo menos os seguintes intravocabulares,

não havendo, segundo ritmo, tensão ou <;adência, um único de que se possa.

dizer estável:

(1) [a' á] graal

(2) [il'4J caama

(3) [~~ãj araã, c9ã

(4) [a'{J aéreo

(5) [a'~] - baeta

(6) [a'iJ paráense, paranaense

m l~'ê'J maenga

Page 81: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

(8) [a'í1

(9) [a'í]

{10) ra1J (ll) [a'ó]

I.

(12) [a' §.1 , {13) [a'õ1

(14) [a'ú]

{15) [a'tn

(16) [~'á]

{ 17) [~'41

(18) [~'ãl (19)

(20)

(21)

[e' é) • I.

[~'~]

[~'il (22) r~'íl

(23) [e'í]

{24) [;~ (25) [e'ó] . ~ (26) [~'91

(27) [<;'õ]

(28) [<;'ú 1 {29) l~'\tJ C3o) r~(ál

\31) l!('41 , (32) [e'ã]

' (33) [1(~1

(34) [e'é) I. •

{35) [e'il L

(36) [e'í] L

(37) ri'D ,4

(38) [e'i] "' (39) rr'il

{40) [1('91 {41) [e'Õ]

~

(42) [e'ú] I. ~

(43) [e'líJ I.

{44) [i'á]

-296-'

- cafdo, esvat~o - rainha, bainha

- caindo, ainda

- caótico, aorta

- caolho, aônio

-aonde

ataúde, a~me, graunha

maunça

reajo, reato

- acreano, peanha

preando, geando

reergue

- geena

- pre2nsil

- alde!do I'

- casetna

- het~sia

- beócio

- reômetro

leônculo

- retine, reurde

- deunce

- pré-árico

- pré-âmago

- pré-anglos

- pré-ético

- pré-êxito

- pré-2mbolo

- pré-istmn

-.pré-imo

- p·íé-indico

- pré-ótico

- pré-osco

-pré-ombro

- pré-útero

- pré-âmbrico

- criada, piada

Page 82: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-297-

(45) [i'4l - piano, liame , (46) f!'ã] - piando, iambo

(47) [i'fl - aquieto, viés .

(48) [i'~] - tiê, criemos

(49) [!'i) - ciente, audiência

(50) [i'í] d 'ct. f.;. - u nco, russ1mo, it~iche (SI) [i'í] - friinho, miina

<s2) n~ - friim

{53) [i'?l - piós, iodo

(54) [i'<? l - piolho, piorra

(55) [i'Õ] - hediondo, ionte

{56) [i'ú] -miúdo

{57) f!'lt] - mtunça, triâmviro, triunfo

(58) [o' á] -coacto·

(59) (o'~) - coano

{60) [<;>'.ÍJ - coando

(61) [o' é] . ~ - coéforos

{62) [<;>'~) - coelho

{63) [ç>'il - poente

(64) [ç>'í) - rot~o {65) [o'í) - benzoiria, moinha (66) r;~n - sotm

{67) [ç>'~l - coorte

{68) [ç>'q) ' . - moon1a

{69) [ç>'Õ) - laocoôntico

(70) [ç>'ú] - CO-U!:O

~ {71) [c;>'u) - co-úmbrico

{72) (~'á) - pró-árico

{73) [~'41 ~ pró-~nodo , {74) l?'ã) - pró-anglo

.(75) [~'~) - pró-ética

(76) [~'~) - pró-êrro , {77) [o'ê') • - pró-êmbolo {78) [o'í] ó ; . . , - pr -tstmtcos {79) [o'1] - pró-t~dicos

L

{80) !?'~] - pró-ópera {81) ftqJ - pró-osco

Page 83: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

298-

, (82) [?'õ] pró-ombro

(83) [o'ú] pró-útero " , (84) [o'U'] pró-úmbrico

~

(85) [u;á] acuada

(86) [u'~J buama , (87) [u'ã] acuando

(88) [u'il cueca, sueca

(89) [u'~] recuemos

(90) [u'i] duende, cruento

(91) (u'í] • I - p1twta . putr

(92) [u'í] " sumo

(93) [u~ influindo, ruim

(94) [u'ó] L

suor, duóbolo

(95) [u'9J acuômetra

(96) [u'ú] acuuba

(97) ,.& [u'ul dwfnviro

34. 1 Em todos os hiatos acima figurados cuja pospositiva fica em posÍção

antenasal, a nasalização dessa pospositiva é maior ou menor na medida em que

o curso do vocábulo é maior ou menor nas camadas populares. Predominada

a· nasalização, a decorrência, via de regra, é que a voz proclítica antepositiva

tende para o fechamento. Destarte, o hiato (2) .rupra passa à ordem do (3}

.rupra, e assim também os hiatos (9), alguns dos casos de (14), o (17) , o (20),

9 (23), alguns dos casos do (28) , o (45) , alguns dos casos do (48) , o (51) ,

o (59), o (65), o (68) , o (86) , o (89) , o (92) , o (95).

34 . 2 No hiato (6) .rupra, que parece ocorrer só em gentílicos do tipo

citado, o timbre aberto da antepositiva ocorre na expressão tensa, na área ca­

rioca; de outra forma , via de regra passa a (7).

34.3 No exemplo do hiato (13) .rupra, a prepositiva, na expressão enfática.

ou tensa, é por vêzes pronunciada aberta , por visível consciência da composição

vocabular.

34 . 4 O hiato (44) .rupra postula a questão do timbre da voz [i] e [7] anterior

à vogal temática, nos verbos da primeira conjugação, tipo "criar" , "odiar",

"aliar", de um lado, e tipo "passear" , "rodear", "corcovear" , "medear", "cear"

- e sobretudo os casos de homofonia, quase-homofonia ou pseudo-homofonia.

como "cear : ciar", "afear : afiar", "arrear : arriar". Na área carioca, na ex­

pressão culta, é ponto pacífico a conjugação de ambos os tipos: a) "crio, crias,·

Page 84: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-299-

cria: criamos, cnais, criam'' isto é [kríy'yu]. [kríy'ya~]. [kríy'ya]. [kri1~m'u~i [kri'áy'§]. [kríy'yã~]. sendo que as formas arrizotônicas, além da. gradação

alternativa da nasalizaç'io quando a pospositiva é antenasal, apresentam também

por vêzes o prolongamento do iode, a saber, [kriy'y~(ã')m' u~]. [kriy 1yáy(], sendo

o prolongamento do iode nas formas arrizotônicas típico das situações enfátical>;

b) "passeio, passeias, passeia, passeamos, passeais , p~sseiam", isto é, [pa 1s~y'yu J. [pa's~y'ya~]. [pa's~y'ya]. [pa'si'~(ã)m'u~'í, [pa1si'áy(], [pa 1s~y'yã~]; o presente

do subjuntivo, normalmente, apresenta-se da seguinte forma: a) [kríy'yi].

[kríy'yis]. [kríy'yi]. [kri1~m u~']. [kri'~yt]. [kríy'yê'y']; b) [pa1s~y'yi]. (pás~y'yi~~ [pa 1

, , '] [ 1 'I, , v] [ 1 ., , "'J [ , , , "'"" A r · tA • , s~y yi • pa SI 7m us , pa SI ~ys , pa s~y yey J· s rormas arnzo omcas, porem, não

apresentam em tôdas as camadas e em tôdas as situações a regularidade pos­

tulada pela canônica gramatical. A realidade parece mais matizada, consignando,

,para os verbos em -ear, além de uma .forma vis~velmente ultracorreta, do tipo

[pa's~y'y~m'u~]. duas outras, a saber, [pa's~'4m'ur] e [pa'si14m'u~] - tomadas

as três como meros esquemas. A última ocorre regularmente em todos os verbos

de curso popular ou de grande curso, com comportamento igual, desde as ca­

madas populares até as mais cultas, pelo menos no que tange ao hiato que nos

preocupa. A penúltima , entretanto, ocorre a) em verbos de curso menos fre­

qÜente- o que torna acintosa a influência da forma gráfica-, "enleamos: en­

leemos", "coleamos : coleemos", isto é , (~t') le 1ám'u~]. [ê'ã')le1ém'u(] , [ko1le 1

~m'u~, [k9 1 l~'~m'u(J , b) em verbos em que, ~a· consciência Íi~gÜística be:U

falante mas temerária de ambigi.iidades, há formas por distinguir, uma das

quais , via de regra, de curso restrito , v. g., "afeamos : afeais" (para distinguir

de "afiamos : afiais"), "arreamos : arreais" (para distinguir de "arriamos :

arriais") , "vadeamos : vadeais" (para distinguir de "vadiamos : vadiais"), a

saber, [a'fe1ám' u~] (e [a 1 fi'ám'u~]). [a 1r(r)e 1ám' ur] (e [a'r(i')i'ám'u(] ). [va'de'

~m'ur] (e lv~~~i'~m'u~] ); ;) em verbo;~~ .que a antepo~i~iv~ do hiato ocor;e

na primeira sílaba , v. g., "peamos", "preamos", "ceamos", "gear", isto é,

[p~'~m'ur]. [pr~'~m'uiJ. [s~'ám'u~']. [i~'áf(f.]. verbos êstes em que o pnmeiro

esquema, o reputado ultracorreto, ocorre com muita freqÜência .

.34 . 5 Os exemplos relacionados de (30) a (43) e de (70) a (84) valem mais

como tipos potenciais na língua , pelo menos de curso erudito.

34.6 O hiato (62) J"upra sugere, por afinidade, formas verbais do tipo

"esvoeja", e estas, de um modo geral, a questão do timbre do (~] em verbos

da primeira conjugação, do tipo "alvejar, bocejar" (exceção canonizada e reS­

peitada na área, por estar dentro da própria deriva, como se verá, "invejar"},

uaparelhar, espelhar" e "fechar". Tais verbos, para os quais a canônica grama·

Page 85: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

- 300 --

tical prescreve uni [~] nas formas rizotanicas, são, nas pessoas bem falantes,

assim conjugados na área. Entretanto, na expressão distensa a familiar, mesmo

entre cultos, é freqÜente a "regularização". do timbre no cânon geral do tipo

"pegar". Conexo com êsse fato da expressão distensa, o qual representa um

extremo da regularização, há o dos verbos do tipo "beijar, deixar, enfeixar",

isto é, com o ditongo [~y] onde os anteriormente t~m a voz [~ ]. Ora, como ;á vimos, êsse ditongo, na expressão distensa , tende, monnente nas situações confi­

guradas, quando seguido de palatais, a reduzir-se a lt;l. donde decorreria,

aparentemente, uma situação geral do tipo "pegar : alvejar : beijar", isto é

{Pt;'gáf(f.)J : [a1v~'láf(r)] : ~'(áf(!)J. Entretanto, a "regularização" não é

total e tais verbos, em verdade, jamais apresentam nas formas rizotônicas

um (é], mas sim o próprio ditongo [éy] - entre cultos [béy~u]. [béy~'asl, L • • •

e.tc. - ou [~] nas camadas populares ou no familiar distenso, a saber [bfot'u},

~t'•as], [béi'a], [be'~m'us], [bé~ã~], [déK'u], [déK'as], [déi'a], [de'~m'us], [d~~ã~}. • • • • • • • •

34.7 Nos hiatos com pospositiva acentuada, consoante seja o grau de

tensão com que se externem as pessoas cultas da área e consoante seja o ritmo

e a cadência da cadeia falada, podem ocorrer as seguintes ordens de fenômenos:

a) o hiato mantém-se na sua estrutura regulat-;

h) verifica-se a ~xtremação do timbre da prepositiva inacentuada;

c) verifica-se ditongação ou sinalefa;

ti) os elementos vocálicos do hiato se fundem numa voz longa ,

ou dúplice;

e) ocorre elisão da prepositiva inacentuada;

f) há , por fim, em certos casos, uma redução a brevíssima da prepo-

sitiva inacentuada, de maneira que ocorre uma como que ditongação, ou pelo

menos uma transposição compensatória de quantidade - duração - vocálica,

cujo somatório parece dar o sentimento de que as duas vozes se estruturam

dentro ·de uma só sílaba e assim funcionam no ritmo da cadeia falada. Essa

transposição compensatória da quantidade se caracteriza, ainda, não apenas

pelo fato de que a prepositiva inacentuada se abrevia , mas ainda pelo fato de

que a pospositiva acentuada como que fica mais acentuada ainda , seguida como

que de uma pausa ou acento de insistência. É óbvio que se está ante uma des­

crição precária, por seu caráter exclusivamente acústico.

Page 86: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-301-

34. 7. 1 As ordens de fenômenos consignados não são exclusivas, com o

ficou dito. Os hiatos em causa, pela tensão, ritmo ou cadência, podem de fata

resolver-se nas seguintes combinatórias:

I) a - b - c

2) a - d - e

3) a - f

34.7 .2 Estão no caso (I) os seguintes hiatos:

A B

(16) [f(f};' á~'u 1 [f(f)i' á~'u 1 (17) [a'kre'án'u1 .. [a'kri'~n'u]

(18) [pa's~'áv'a] [pa'si'áv'a]

(19) [ so'bre' ér(r)g'i] • • 1.' .. [s<?'hri' gc~)g'i1

(20) [f(f)q' d~' ém' u~ [f(f)ç'd i'~m'u(] ,6 ,

(21) [kõ' pr~' ed 'u] [kõ'pri'ê'd' u]

(25) [sg'br~'~s'u] [sg'bri' <?s'u 1 {26) [so'bre' ós'u~] [ so'bri' ós' u~]

• I • L • L

(27) [l~'õk'ul'u] [l(Õk'ul'u] (28) [f(f)~'ún'i1 n~r', ,.1 r~ l unI (29) [ trã' z~'d? 'i]

,. [ trã' zi'uP 'i 1

(30) [pre' ár'ik'u) L

[pr~' ár'ik'u] a

(43) [pre'í1br'ik' u j ~ L

[pr~'ubr'ik'u]

(44) [pi'ád'a] (45) [pi'4n'u] (46) [a'li'.Íd'u] (47) [ki'ét'u]

I.

(48) [kri'~m'u(] (49) [aw'd' i'is'ya] (50) [J i'ídr'u] (51) [fri'Jg'u] {52) [fri1] (53) [/J i'?t'a) (54) [pi'ç}~u1 (55) [~'J' i'Õd'u) (56) [mi'úd'u}

[f(i.)yá~'u1 [a'kry~n'u1

[pa'syáv'a1

c

[ so'bryér(r)g'i 1 • L • •

[fCf)ç'd y~m' u~1 ,!, [kõ'pryed'u}

[sg'bry9s'u1

] so'bryós'u(] • I I.

[lyõk'ul'u]

['f(f)yún' i] I

[ trã' zyuf 'i]

[pyád'a1

(py~n'u]

[a'ly.Íd'u1

[ky€t'u1

[kryém'u~ [aw'~ fes'ya1

[d'yídtu}

[fryfB'u)

[fryfl

[i'd yót'aJ L

[py9~'u1

[~'a' yÕd'u l [myúd' u]

Page 87: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

{57)

{58)

(59)

(60)

(61)

(62)

(63)

(64)

(65)

(66)

(67)

(68)

(72)

a

(84)

(85)

(86)

(87)

{88)

(89)

(90)

(91)

(92)

(93)

(94)

(95)

(96)

[~'át'u]

[bo'án'a] .. [a'b</t?'Íd'u]

[p~'{t'a]

[~'iv?'~i'a] [po'éP'i]

• L

[m9'íd'u]

[mo'ín'u] [s~~v [ko'ór(r)f 'i] • c. •••

[mo'ón'ya]

[pr~' ~riik'u] l

[pro'Ubr'ik'u] L

.,:._ 302-

, [mi'Üs'a]

[bu'át'u]

[bu'~n'a]

[a'bu'tu'Íd'uj

[pu'ét'a] ~

[ (i')~vu' ~~'a] [pu';?'i]

" [ mu'íd'u]

[mu'ín'u] . ..., [su~ [ku' ~r(f)"P 'i l [mu'§n'ya]

{pr?' ár'ik'u]

[pr<;>'~r'ik'u] [a'ku'ád'a]

[bu'~m'a]

[a'ku'Íd'u]

[ku'ék'a] L

[~(~)~'ku' ~m' ut) [du'i<f'i]

[pi' tu'ít'a]

[su'ín'u] • I

[f{r)u11 [su'ór(i')]

L'"

[a'ku' §m' ~tr'a]

[a'ku'úb'a]

..& [myus'aJ

[bwát'u]

[bwán'a] . , [a'bu'tlwãd'u]

[pwét'a] ~

[ (i')~vw~l'a] m .

[pwet 'i] L

[mwíd'u]

[mwín'u] •V

[sw't]

[kw~~(F,)f'i] [mw§n'ya]

[a'kwád'a]

[bw~m'a]

[a'kwãd'u]

[kwék'a] L

[f(~)~'kw~m'u'í] [d~d'i] [pi'twít'a]

[swín'u]

[~(Ów'f1 . [swói'(i')] ..... [a'kw§m'~tr'a]

[a'kwúb'a]

34 .7 .2 .l Note-se que a série que vai de (30) a (43) é incompleta; pela

natureza do vocabulário correspondente, de caráter erudito e uso quase circuns·

tancial; a "reg';llarização" dos casos em aprêço ocorreria, hipoteticamente,

tomando a situação (b), presentemente final, como (a), donde decorreria, poten­

.cialmente:

(30) [pr;' ár'ik'u]

.etc.

A B

[pri' ár'ik 'u]

c

[pryár'ik'u}

Page 88: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

303-

34 .7 .2 .2 Nos casos de (70) e (71) se está em- situação comparável à anterior; a "regularização" dos casos ocorreria, hipoteticamente, assim:

A B c

.. ' (70) [k~'úz uJ [ku'úz'u]

etc.

34.7 .2 .3 Note-se, também, que a série que vai de (72) a (84) é incom­

pleta, pela natureza do vocabulário correspondente, como em 34.7 .2 .1; como

lá, ter-se-ia, hipoteticamente:

(72) [pro'ár'ik'u] . [pru'ár'ik'uJ [prwár'ik'u] ~ etc.

, 34 .7 .2 .4 No caso .rupra (21), a forma "comprendo", isto é, [kõ'prê'd'uJ,

viva e coexistente com a anterior na área, não entra no sistema consignado,

mas num que adiante se verá, sendo "comprendo", em verdade, forma "regular"

d I( d " ( " d ") e compren er por compreen er .

34.7 .2 .5 No caso .rupra (93), para o exemplo concreto de

26 .7.

11 • ,,

ru1m , ver

34.7 .3 Estão no grupo (2) referido em 34 .7 .l os seguintes hiatos - se­

gundo a série numérica de 34 .0:

A D E

- [grJ] (1) [gra'ál] [grãl]

(2) [ka'(~')~(J)m~ a] [k~m~a] [k~m'aJ [k~'mtra] [kãm'aJ

(3) ,

[a'r~'ã] [a' r~'] I

[a' rã]

34.7 .3.1 Os exemplos .rupra são controversíveis a) porque os vocábulos

abonadores não pertençem ao vocabulário usual da área nem são de estrutura

fônica corrente, ou b) porque, empregados episõdica~ente pelas camadas

cultas, não chegam às suas ·últimas conseqüências potenciais.

34 .7 .3 .2 Os casos arrolados sob os números (22), (23), (24), (97), que se

integram nas seqüências referidas em 34 .7 .2, J?Odem, .:a partir de (b), poten ..

cialmente incluir-se nesta série.

Page 89: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

- 304- '

" 34 .7 .4 Estão no grupo (3) referido em 34 .7 .l os seguintes hiatos- se·

gundo a série numérica de 34 .0: \!

A .. F

(5) [ba'~t'a] [bl{~t'a]

(6) [pa' ra'is'i 1 ){~ [pa'r es'i]

(7) ~ [ma'eg'a1 ~4 [m eg'a]

(8) [ka'íd'u] [k~íd'u1

(9) [f(f)a'}e'a) [f(f)l{!n 'a 1 u I

[i"(r)ãi'n'a] • • \J

(lO) /

[ka'1d'u1 [k~(d'u]

(li) [ka'~'ik'ul L

[k~<? 1'1.k' u 1

(12) [ka'?fu1 [k~ól'u1 •V

(13) [a'ÕJ\1 [~Õct'i] (14) [a'ta'úJ'i] [a't~úct'i] (15)

,.(, [m~'us'a1

){,.& • [m. us'a1

34 .7 .4 .l Para melhor ilustrar os exemplos (f) de J'upra, forj am-se, a

seguir, redondilhas maiores em que ocorre o fato:

(5) "nestas baetas de algodãou

[ner ta't L

bv, a e

(6) "dois paraenses de alto bordo"

g9(ü)'

v,!, rae , . ..,

s l:t a>y.à t'u bór(f'l L • !,1

{7) "por então me disse maenga"

(8)

1(9)

(lO)

[pu' ""'} n t.t.v aw

., ml 'Jí

" estava caído na outra banda"

fstà '*a' kv' d'u u,

a1 naow . "é uma rainha da bondade"

[ew ma' --v,có n'a da' r( r )a1 1 L .... \J

" estava caindo na outra banda"

[stà va' IJ~ ka1 . d'u l.h naow

,. S I

v-!t mae

tra' bã

bõ' dá

' ba.t tra

d'u]

g'a]

d'a]

~]

d'a]

Page 90: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-305

(11) "jorrou sangue da aorta dura"

g'i d~àr(r) ta' dú . r'a] ; L• ••

(12) "bandido caolho malandro"

[bã' d'u ku, ao .

(13) "não saber aonde dormir"

[nãw' sa' bé u~ r ao . (14) "sinto a saúde arrebentada''

~ twa' "'' d'ya' [s1 sau

l'u \J

-;ri

r(F)e' .... (15) apor então me disse rnaunça

,

[pu' ;!1 t.!"' aw rni' ~í

35 .O H ialo.r com prepo.rili11a acentuada

ma' dr'u]

d<,>' ( u')r(J) • rnír(r)] ...

bê'' tá d'a]

,. v"- s'a] s 1 mau

Serão êles, linhas a seguir, considerados em dois grupos, a) em que a voz

pospositiva é final de vocábulo (seguida ou não de -.r gráfico), b) em que a voz

pospositiva é mediai de vocábulo, noutros têrmos, enclítica.

35.1 Estão no grupo (a):

(1) [á'u] - caos

(2) [~'a] - goa, canoa, at9a, lagoa

(3) [?,,1.] b t - magoe, es oroe, a roe

(4) [ f\ 1 A A A o u - rnagoo, voo, coroo·

o

35 .1.1 O hiato (1) .rupra parece só ocorrer no exemplo consignado, que,

consoante tensão, ritmo e cadência, pode ser ditongável, "· g., [káw~. Por

ultracorteção, dado o caráter isolado do vocábulo. ouve-se na área corno [ká \,(]

ou mesmo [ká'o~l-"

35 .1 .2 Os hiatos (2), (3) e (4), em t&das as camadas sociais, segundo

sejam tensão, ritmo e cadência, podem desfazer-se com a interposição de duplo

uode, na conformidade de processo geral na: área para os pseudo-hiatos que a

Page 91: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-306-

seguir serão considerados. Destarte, os vocábulos "lagoa", "abotoes" e "mag~" podem ocorrer como a) [la'g9'a] ou [la'g?w'wa], h) (a'h</(u')tó'i(] ou

{a'b?'(u')t~w'wit), c) [ma'g?'u] ou [ma'g~w'wu]. •

35 .I .3 Nos vocábulos do tipo a) "ria, via, cria, ouvia, paralisia, corrria.",

b) "carie, varie, negocies, comercies", c) "poderio, arredio, rios, tios", "recua,

atua, insinuas, nuas", e) "recue, flutue, insinues" e f) "recuo, acuo, amuos,

flutuo", há interposiçã.o sistemática na área, em tôdas as camadas sociais e

culturais, de um duplo iode, em (a), (h) e (c), e de um duplo uode, em (d), fe)

e (f), a saber, a) [r(r)íy'ya], h) [ka'ríy'yi], c') [po'd~'ríy'yu], d) [a'túw'wa];

e) [flu'túw'wi] e f). [~'múw'wu~].

35 .I .3 .I Os vocábulos "tua(s)" e "sua(s)", como possessivos, apresentam,

segu.ndo sejam proclíticos ou acentuados, oscilaÇão; compara-se "sua filha veio",

isto é, [su'a'fíl'avéy'uy] ou [swa'fíl'avéy'yu], com "é coisa tua", isto é, v • v . [ekõyz'atÚ\v 'wa], por sua vez separável de

11a coisa atua", isto é,

L •

[a'k§yza'túw'wa].

35 .I .3 .2 Na área sul do país, provàvelmente de ·certa zona de ~ão Paulo

para a fronteira meridional, ainda que com possíveis bolsões diferentes, o duplo

iode e o duplo uode parece não ocorrerem, embora não se possa cotejar intei·

ramente a situação, já que o final vocabular parece também, na maioria dos

casos, foneticamente diferente. Em contraposição, pelo menos nos vocábulos

de tipo "tio", há ditongação, isto é, [Hw ], quando não se trate de hiato [tí'c;?J,

ambos os fatos inexistentes na área carioca em seus naturais.

35 .I .3 .3 Na área carioca, nas formas verbais rizotônicas de verbos em

..-:..oar - e parece que o fato se estende pelas áreas oriental, nordestina, nortista

e parte da sertaneja- ocorre o aparecimento de um [ú], nas camadas populares,

v. g., [a'bu'túw'wu], [a'bu'túw'wa], [a'bu'túw\wãw]; trata-se, ao que parece,

de um fato fonético ligado ao fonetismo já considerado em 34 .7 .2 (60): estabe­

lecido, nessa base fonética, o padrão morfológico[a'bu'tu'áf(f.)] I {a'bu'twáf(VJ,

as formas rizotônicas apresentam a possibilidade de "regularizarem-se" segundo

..> radical inovado. Note-se, com efeito, que, "por não .haver aquela correlação

f I, • . ~ • , f (11 , ( (11 ") mor o og1ca, nao se consignam na area ormas como agua por agoa

' 'canua" (por ucanoa"), alegadamente ·paraenses pelo menos, o que corrobora

..1quela hipótese. Cabe considerar ainda que na área carioca há pelo menos um

.exemplo inverso, com o verbo "suar", que na!l camadas populares ocorre nas

f • A • f •• t [ 1 \ ] [ 1

\ ] [ , ..: ~ ..J] ormas nzotomcas requentemen e como sç>w wu, S?W wa , S_?W waw e -I AI

.quando empregado o presente do subjuntivo e o imperativo, [s?w' wi], ls?w'wey}

Page 92: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-307-

- como se tratasse de verbo "soar"; êste último, por sua vez, não é dessa~

camadas, que usam preferentemente "buzinar", havendo, entretanto, um "assuar;'

para o nariz, que se conjuga pelo cânon da áJ:ea. Está-se, ao parecer, em face

de um fato mais geral, que apresenta afinidades com os verbos em - tar e em

-oar .rupra consideradqs: verbos em que, no infinitivo, há dissilabismo, de tal

modo que para êsse tipo se tem sempre "consonância mais -oar": "coar", "t , " , ( " ,, I N h , . d d 'I b . f' oar , soar por suar . .1, os casos em que a ma1s e uas s1 a as no tn 1·

nitivo, o padrão parece passar a -uar, salvo, que se me ocorra, para um derivado

daqueles verbos, "entoar"; de outro modo, "abotuar" (por "abotoar") "arpuar"

(por "arpoar", entre os pescadores da área); são, poucos, aliás, os verbos de

um e outro tipo de emprêgo freqüente nessas camadas populares. Mas um há

que apresenta os dois padrões: "voar" e "avuar", sinonímicos, mas morfolo·

gicamente diferentes, embora o segundo visivelmente derivado do primeiro, para

feiçoamento ao padrão popular da área, onde é mais empregado do que o pri·

.meiro, donde [a'vúw'wa], [a'vúw'wã~], contra [vów'wa], [vów'wãW]. . . ' 35 .2 Estão no grupo (b) referido em 35 .O - salvo eventual omissão -

(I) [fç] alvéolo, péon

(2) [í'o] ' I gladtola, · glorwla

(3) [ú'~] - flúor

(4) [í'a] - tríada, lusíada, amaríamos, dizíamos

(5) [ú'i] - drúida

(6) [á't;] - fáeton

35 .2 .I Escusa lembrar o caráter erudito dêsses hiatos, que constituem

seqÜências fônicas de curso restrito na Hngua e na área.

35 .2 .2 O hiato (I) pode apresentar-se com três coexistências pelo menos,

em vocábulos do tipo "alvéolo", a saber, [aiivé'ol'u], [aiivé'ul'u] e [ailvéwl' u]. \. ~ ~ .

35 .2 .3 O hiato (2) pode apresentar-se também com três coexistências,

segundo tensão, ritmo e cadência, a saber, "varíola", [va'rí'ç>l'a], [va'rí'ul'al e

[va'rfwl'a}.

35 .2 .4 St>bre o hiato (3), ver .rupra 12 .4 .4.

35.2 .5 O hiato (4) ocorre numa forma tensa, [trí'ad'a], e numa distensa,

[tríy'yad'a].

35 .2 .6 Sôbre o hiato (5) .rupra, cumpre ressaltar-lhe o caráter isolado, ver

25 .13. Em aulas de história, nos cursos secundários e superiores, a expressão

corrente desfaz o hiato, como apontado na remissiva .rupra, para ditongo decres·

cente, de [drú'id'a] para [drúyd'a].

Page 93: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-308-

35.2 .7 Quanto ao hiato (6), sou informado de que, ao tempo em que se

designava na área c~rto modêlo de automóvel com o exemplo abonador, a I

pronúncia, mesmo entre cultos, era ordináriamente [fa'~'tõ].

36 .O Hialo.r proclt~ico.r

São os seguintes - salvo omissão -

(1)

(2)

(3)

(4)

(5)

(6)

(7) (8)

(9)

[a'a'] - aalênio, caatinga

[a' a'] - caamembeca, caami . [a'~'] - aeroplano, ajaezado

[a'ê''] - caembora (variante de "canhembora"}

[a'i'] - enraizar, arcaizar

[a'!'J - esvaimento, embainhar

[a'<?'] - olaodicen

[a'u'] - apaular, abaular

[<;'a'] - cearense, reativando

(lO) [<;'~'] - reanimando

(li)

(12)

(13)

(14)

(15)

(16)

(17)

(18)

(19)

(20)

(21)

(22)

(23)

(24)

(25)

(26)

(27)

(28)

(29)

(30)

[<;'ã']

[~'t;']

[ ':'ê'']

[':'i']

[~'!']

[~'i'] [':' q']

[~'õ']

[t;'u']

[ <;'\{']

[i' a']

[i'~']

[i'ã']

[i'~']

[i' cc'l [i'ê'']

[i' i']

- preambular, deambular

- reerguer, reerguimento, reereção

- reenterramento, reencontrar

- reiterar

- retmc1ar

reintegrar

neoplasia, reorganizar

deontologia, paleontologia

- reunião

- deuncia!

- aviação, hiatismo

- pianíssimo, desfiamento

- tanqmsmo, fiandeira

-quietude

- vielinha

- científico

- diicana

[i'</] - pwrréia, violeiro

[i'o'] - violinha L

[i'õ'] - hediondez

Page 94: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-309-

(31) [i'u'] esmtuçar

(32) [i'~'] - triunfar, triunvirato

(33) [<;>'a'] -boataria

(34) [ç'~'] - coanócito

(35) [<;>'ã'] - toanteiro

(36) [<;>'~'] - esvoeJar

(37) [<;>'~'] - adoentado

(38) [c;>' i'] - cotbir, coigual

(39) [<.>'i'] - coimóvel

(40) [<;>11 - coincidente, coimbrão

(41) [<;>'<;>'] - cooperar, zoológico

(42) [<_>'u'] - co-utente

(43) [u'a'] - atuação

(44) [u'é}'] -acuamento

(45) [u'ã'] - atuantíssimo

(46) [u'c;'] - duelar, duelista

(47) [u'e'] L

- ruelinha

(48) [u'ê''] - cruentíssimo

(49) [u'i'] - druidesa

(50) [u'i'J - suinicida

(51) [u'~] ruindade

(52) [ u' <;>'] duodeno

(53) [u'lí'] - duunvirato

36 .O .l Foram deixados de lado os hiatos decorrentes de prefixos com voz

b t (I , , 11 , ") 11 , A • , t 'I . , . , a er a .i:Jre- e pro- : pre-agomco, pre-an epenu hmo, pre-a vtso, pre-es-

colar, pré-esdrúxulo, pré-estréia, pré-história, pré-helênico, pré-imperial, pré­

operatório, pré-universitário", assim como a série de vocábulos potenciais

com "pró-". O traço mais geral do fonetismo dêsse prefixos é o de que, tão

pronto os vocábulos em que aparecem se tornam de uso corrente, a tendência

de sua voz aberta é tornar-se fechada; dêsse estágio, o tratamento potencial, se

integrados na deriva que, adiante, se considerará, é semelhante aos seus já

então homofônicos acima relacionados.

36 .l Todos os hiatos proclíticos são instáveis, conforme seja tensão, ritmo,

cadência da cadeia falada. Entretanto, a flutuação nem sempre é, em cada hiato,

do mesmo tipo; é que, consoante haja ou não haja consciência da composição

yocabular, pode a flutuação fazer-se num sentido ou em outro; por exemplo,

Page 95: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

·- 310-

no hiato (40) J'upra, exemplificado por dois vocábulos, "coincidente'' e "coim-"" I brão", enquanto o primeiro vocábulo apresenta a flutuação [ko'i'si'dê'P'i] I

[k ,.,, .. d~t;)'·J I [k-"'' .,d/rjJ'.J d t fl t - .[1 ,'!'Jb L""] I oy SI e • oy SI e< 1 , o segun o apresen a a u uaçao {0 1 raw

[ku'i'briÍ~I I (kwi'brÍ~I I [kwt''brãw], assim como, muito mais raramente, 1tJ ; N IN

[k?y'brãw I I [kõy'brãw ]. Esta prelimiJJ.~r explicará o fato de que alguns dos

hiatos relacionados possam ser incluídos em mais de um dos grupos abaixo

considerados, ou apresentar dois esquemas de flutuação.

36 .2 Destarte, podem ocorrer os seguintes tipos de flutuação: a) o hia­

tismo tal como consignado J'upra; b) extremação de uma das vozes; c) ditongação;

d) alongamento das vozes do hiato numa só; e) crase, ou, melhor. elisão, isto é,

desaparecimento de uma das vozes sem deixar vestfgio fonético. Em cada caso

todos êsses fatos não coexistem, mas são segundo dois tipos de agrupamento:

(1) a- b- c

(2) a-d-e

36 .3 Estão no grupo (I) J'upra:

A B c (3) [ka'e'tey~J [ka'i'try~J [kay'tey~

• I. • [ka'ê''bór' a]

toJ

[k~y'b~r' a] (4) [ka'i'bór'a] • L • L

[kãy'b~r'a] (5) l"''(i")T) ,., 'T)1 [ê'' (~)r(~)ay' zá f(f)] c 1 r r a 1 zar r . . . .. (6) [e' (l')ba'i' (if)nár(r) 1

• u •.. [ê'(li)b~y'uáfCf)l [~'(l')bãy'Dáf(f)]

(7) [la' 9' d' i' s~n 'u] [la'u'd' i's~n'ul [law'd' i's~n'u]

(8) [a'ba'u'lár(f) I [a'baw'láf(f)} , I

[sya'ris'i] (9) [s~' a' rê's 'i 1 [si'a'r~s'i]

(lO) [v~'a'd~yr'ul [vi'a'dÇyr'ul [vya'd~yr'ul

(11) [pr~'ã'bu'láf(~) I [pri'ã'bu'láf(~) 1 [pryã'bu'lár(i)] /

fr(f)i'ç'N)gi'm1t'u] I

(12) [f(!'};'ç'f(f)gi'met'u1 [f(f)yç'f(f.)gi'mê't'u]

[f(f)<:'~'ttúd'u] [f(f)<;' dtúd 'u 1 [f(f)<;y'ttúd'u]

(13) r·n '"''t ,_c-)· d' 1 ~:.~e nra u [f(f)~'i' t~'f(f)ád'u] [f(f)~y' tç'f(f)ád' u]

(14) [f(f.)<;'i' t~· rár(f.) I [f(~)~y' t~' ráf(f)]

(15) [f{f)~?ni'si' á f(~) 1 ft(~)~y' ni' si' á "f(~)]

[f(f)~y' ni' sy áf(f) r (16) "" / [f(f)<;'i' tct' gra' sãw 1 [f(r)~y' t<;' gra' sã~] (17) [ n<;' ç' pla' zíy'ya 1 (n~'u'pla'z.íy'ya1 [n~w'pla'zíy'yaJ

[f(!)<;' <?'f(f.)g~'ni' za'sãw] I I~

[f(!:)i' ?'f(~)g~'ni'za'sãw I (f(f)Y<?'f(f.)g~'ni'za'sãw 1

Page 96: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-311-

(18) · [pa'lt:'õ't<;>'lçdíy'yaJ fpa'li'õ' t9'l<l~íy'ya] fpa'lyõ't</l<?'fíy'yaJ.

(19) [f(r)<:'u'ni'ã~] I

lf(!;)i'u'ni'ã\{r] fr(f)yu'ni'ãw]

[f(f)yu'nyãw J

If(f)~~u'ni'ãw] Ir(Ç)t:;w' ni'ã w J

[f(f)~w'nyãwl (20) [d~'~'s;'áÍ] [;pi'~'si'ál] [dlyti'si'ál]

[ci>y~'syál]

I d~'~' si' ál] [d~~'si' ri] [de~'syál]

(21) [i' a''P itm 'u] [ya'?í!'m'u]

(22) [pi' ~' nís' im 'u] [py'}'nís'im'u]

(23) [fi'ã'd§yr'a] [fyã' d~yr'a]

(24) [ki'<;'túd' 'i] [ky<;' túd' \i l

(25) [vi' e'lfn 'a] L V

(vye'lfn'a] L V

(26) [si'~'f íf'ik'u] [sy~'P íf'ik'u]

(28) [pi'<;>'f(f.)~y'ya] [py</f(f)fy'ya l

(29) [vi'~'lí~'a] [ vy<z'lío 'a l (30) [ e'ér i'õ' déyt] . . [e'ér yõ' déy(] . . (31) [ (~') (i')~mi' u' sáf(r)] [ ( ~') (i')~myu' sáf(f)]

[(e')(i')imiw' sár(r)] . . .. (32) [ tri'~' fá f@] [ tryU'' fái(f)] (33) [h<?' a'ta'ríy'ya] [bu'a'ta'rfy'ya] [bwa' ta' ríy'ya] (34) [kc?'~'n~s'it'u] [ku'~'n~s'it'u] [kwa'nós'it'u]

• I.

(35] [t<?'ã't~yr'u] [tu'ã't~yr'u] [ twã' t§yr'u] (36] r V<?' c;'Hr<r) J [vu'~'tár(f)] [vwc;'táf:@] (37) [a'd9'e'tád'u] [a'du'ê''tád'u] [a'dw't;'tád'uJ

(38) [k<?'i' gwál] [k9y'gwá1]

[k<?'i'bíf(f)] [ku'i'bíf(r) 1 [k wi'bíf(Y,)] (39) [ko'i'móv'ei] [k9y'm~v' <;Í] . . .. . (40) [k9'1si'diP 'i] [k .v, .,d~i?''] 9Y Sl e l

[k-'"'' .,d.tP"] oy s1 e 1

"' '..- [k ~b 1""1 [kw'i!br[~] fk~'i'brãw 1 Ul raw

[k~i'br~wl (43) Ia'tu'a'sãw] '"" [a'twa'sãw]

~ ,J (44) Ia'ku' ~'met 'u] (a'kw'}'met'u] (45) {a'tu'ã'f? ís'!m'u] {a'twã'f ís'jm'uJ (46) {du'c;'lírt'a] Idw~'lí~'éa) .

Page 97: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-;- 312-

fF@u' e'H~n 'a] '-

(47) lr(r)we'lí(i)n'aJ • "". v . . \. . """

(48) [kru'ê''t' ís'!m'u] [krw~'P ís'im'u]

(49) [dru'i'd~z'a] [ drwi' d~z'a]

[druy'd~z'a]

(50) {su'i'ni'síd'aJ . . [sw!'ni'síd'a]

[suy'ni'síd'a]

(51) {f(f)u? dá~' i] [~(f)w1'1 dáél' 'iJ ~(~)uy' dád''i]

(52) [du'o'dén'ul ....... [dw<?'d~n'u] . . .36 .3 .1 Com relação " I • (3) .ru.pra, há pelo menos um elemento de a sene

composição em português, "aero-", que por seu caráter paroxítono autôn<fno

(em têrmos muito relativos, fique bem entendido) não apresenta a tendência

consignada, pelo menos na fase (b); tumultua-se, assim, a deriva, pela compo.

sição e ritmo decorrente da composição, do que decorre- ao que parece- a

metátese freqÜente no vocábulo "aeroplano" como [a'ry</plán'u]. A série (17)

apresenta, na área, um fato absolutamente afim, com o vocábulo "meteorologia",

em que vejo semelhante influência e semelhante solução, a saber, [m~'t~'ry<?'

l<;>'iíy1ya]. É óbvio que ambos os fatos são das camadas menos cultas, mas tão

fortes que invadem, não poucas vêzes, a locução do rádio.

36 .3 .2 As séries (5) e (6) são a origem de uma deformação verbal corrente

na área, em indivíduos das camadas populares e semicultas, com verbos do tipo

"enraizar", "embainhar", para os quais a canônica gramatical prescreve formas

rizotônicas com acentuação no [i], "enraízo, enraízas", "embainho, embainham";

nesssas camadas as formas rizotônicas correntes, quando tais verbos são em•

pregados, 6 que ocorre, são do tipo [i'f(f)áyz'u] etc., (i'bãyg'u] etc.

36.3 .3 O mesmo que dito .rupra se dirá para a série (8), em que verbos

" .b l " " d " t f · t" . [ 'b' I' ] t ttomo a au ar , sau ar apresen am ormas nzo omcas como a aw u e c.

fsáw d'u] etc.

36 .4 Estão no grupo (2) referido em 36.2 os seguintes hiatos proclíticos:

A D ·E

{1) ~~ {ka'a'f ig'a] . ~,t [kã'f 1g'aJ

,t [ka'i' 1g'aJ

(2) {ka'~'mê'b{k'al [k~' me'bik' a 1 [ka' me'bék' a] • I.

(13) [kõ'pr~'ê'' d~f~) J [kõ'pr~' d~fm 1 [kõ'prê' d~f(r) 1 (41) [ko'o'pe'ráF(r)} . . . ... [k?'~'r~f(E)] [k</p~'ráf(F)

(53) [du'u'vi'rát'u} [d~'vi'rát'uJ [dlf'vi'rát'u]

Page 98: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-313-

36 .4 .1 Sôbre a série (13) .rup~a# ver 34 .. 7 .2 .4.

37 .O Hialo.t en.éldico.t

São os seguintes - salvo omissão ....... :

(1) ['a'a} - dânaa

(2) ['a ' u] dânao

(3) ['a 'i] dânais

(4) ['~'a} -idônea

(5) ['~'u] - hiperb6reo

(6) ['u'a] A anua

(7) ['u'u] A anuo

(8) ['?'<?] álcool

37 .1 Escusa ressaltar o caráter ex~lusivamente erudito de tais hiatos, por

sua introdução na língua e por seu curso. Entretanto, os de número (4) e (5)

passaram a representar-se em tal quantidade, que entraram, em muitíssimos

casos, no vocabulário corrente das pessoas cultas e mesmo incultas da área,

' caso em que, hoje em dia, se indentificam via de regra com os ditongos cres­

centes enclíticos referidos em 30 .3 e 30 .4. Relembremos que a pronúncia do

tipo [i'd?n'~'a], (i'd<?n'~'u] ocorre, quando ocorre, em idosos cultos ou é traço , de linguagem contensa e requintadamente artificial.

37 .2 Sôbre o hiato (8), que parece s6 ocorrer :no exemplo abonador_.

"álcool", ver 27 .O a 27 .3.

37 .3 Os hiatos (6) e (7), embora menos freqÜentes que os referidos ent

37 .1, t;1mbém são menos raros do que os de número (1), (2), (3) e (8). E, pm.•

sua estrutura naturalmente extremada (quero dizer, pela presença do [u]), tendem

muito normaimente à ditongação, que ocorre ordinàriamente em vocábulos

como "vácuo", "in6cuo", "récua", a saber, [vák'wu), [i'n6k'wu], [r{r)ék'waJ e I. ... 1,

mesmo [~n'wu], [~n'wa].

'· 37 .4 Nas camadas mais populares, Incultas, sua realização, salva a. Cón•

signada em 37 .1 para os de número (4) e (5), é pràticamente impossível, como

hiato propriamente, havendo mesmo nelas um número muito reduzido de 'b 1 [' ] [ ] 1 (( , " tt, , I(, ,, voca u os com wu e com 'wa -como por exemp o magoa agua , egua ,

"légua", na realidade como que restrito à seqüência fônica [g'wa]. Não será.

isso um fato de muito grande extensão no territ6rio brasileiro ? E sendo, como

parece,- será destituído de qualquer vínculo associar, na repulsa manifestada

no Brasil pelo enclitismo prono~inal, tais fatos da ord~m dos pronomes átonos

Page 99: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

- 314

1 entre nós ? Com efeito, os padrões "amo-o", "a ma-o", "ama-a", "ame-a",

"amo-a" levam-nos aos hiatos em causa. Sem querer; nem remotamente,

insinuar uma explicação para o importante fenômeno do chamado "sinclitismo"

pronominal brasileiro, parece não ser sem interêsse levar em conta, também,

tal circunstância, mormente se levada em conta a predominância quantitativa

das formas verbais com que ocorrem sôbre as outras formas verbais.

58 .O P.reudo-hialo.r de ditongo acentuado com voz ou ditongo jin.aÍJ'

Há uma série de YOcábulos em português que, gràficamente, supõem uma

estrutura de ditongo acentuado mais voz ou ditongo finais (quer dizer, obvia­

mente, inacentuados). Sistemàticamente, na área carioca, trata-se de pseudo­

hiato, no sentido de que, ademais do iode ou do uode que termina o ditongo

~centuado decrescente, se gera um iode ou uode formador de um ditongo cres­

cente ou de um tritongo. O fato é geral na área, em tôdas as camadas e parece

que em qualquer tensão, ritmo ou cadência, a saber ""'- salvo omissão - :

~

(l)

(2)

(3)

(4)

(5)

(6)

(7)

(8)

(9)

(lO)

(11)

(12)

(13)

(14)

(15)

(16)

(17)

(18)

(19)

(20)

{21)

(22)

(23)

[áy'ya]

[áy'yi]

(áy'yu)

[áy'yã~J

fáy'ye.YJ

[áw'wa]

(~y'ya]

[éy' yiJ

(~y'yu]

- praia, baia, caia; laia . .

..._. vme, ensates, esprates, cates

-- baio, caio, espraio, ensaio

ensatal11, vaiam, caiam, espraianl

~ ensatem, '\'alem, caiem, espraiem

{uxaua

~ sporeta, veta, aveta, candeia, tirei-a

.,.._,.. esporete, esperneies, vadeies

esporeiO, veio, tirei-o, botei-o

(~y'yãw] - esporeiam, vadeiam, incendeiam

[~y'ya}

[fy' yuJ

f§.Y' ye.YJ

[éy'yã\v] I;

[fy' ye.Y1

[fy' yi]

f?y' yâ]

[~y'yiJ

[óy'yu] ~

[óy' yãwJ ~

[óy' yeYJ \

f§y' ya)

f?y' y u]

.._ piorréia, boléia, tetéia

~ estréi

esporeiem, vadeiem, incendeiem

estréiam

·- estréiem

, - estréie

- bóia, apóia, apóias

bóie, bóies, apóies

apóio, bóio

apóiam, bóiam

~ apóiem, bóiem

- saloia, tamoia

- saloio, tamoio, JO IO, comboio ·

Page 100: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-315-

39 .O P.reudo-hiato.r de ditongo procl/tico com voz uu ditongo acenluadoJ'

Há uma série de vocábulos em português que, gràficamente, supõem uma

estrutura de ditongo proclítico mais voz ou ditongo acentuados. Sistemàtica­

mente, na área carioca, trata-se, como no número anterior, de pseudo-hiato,

no sentido de que, ademais do iode ou uode que termina o ditongo proclítico,

se gera um iode ou uode antes da YOz (ditongando-a) ou do ditongo (triton­

gando-o) acentuados. O fato é geral na área, ern tôclas as camadas e parece

que em qualquer tensão, ritmo ou cadência, a saber - salvo omissão-:

(l) [ay'yáJ - espraiado

(2) [ay'y~] ......;... ensaiamos

(3) [ay'yú] -- bocaiúva

(4) [ay'yã~] - baião

(5) [ay'ye] - baieense (ver 36.3 - 6)

(6) [ay'y~y] - espratets

(7) [ay'y~] - saiote

(8) [ay'yú] - saiúcha

(9) [ay'y!l - salinha

(10) [aw'wé] - maué · ~

(11) [~y'yíÍ~] - feião

(12) [~y'y9] - feioso

(13) [:y'yú} - feiúra

(14) [~w'yá] - apoiado

(15) [?y'y~] - apotamos ,. (16) [çy'yã] - apoiando

(17) /,v

[9y'yãw] - boião

(18) [<?y'yáy] - apotats

(19) [Ç>y'y~] - apotemos

(20) [oy'yéy] - apotets

(21) [9y'y9w] - apowu

(22] [Ç>y'yiJ - coió

(23) [uy'yú] - tuiúca [tuy'yúk'a]

40 .O P .reudo-lziato..r de fritongo acentuado com vo.z ou ditongo Jin'!t'..r.

São os seguintes - salvo omissão - :

(1) [ wáy'ya] - paraguata

(2) [wáy'yu] - paraguatQ

Page 101: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

(3)

(4)

(5)

- 316 ·-

[wáy'yi] guates

[wáy'yãw] - guatam

[ wáy'yey] - guatem

40 .l Como se vê, a "voz ou ditongo finais" são, em verdade, respe-ctiva· mente, "ditongo ou tritongos finais"

41 .O P.reudo-lzialo.J de lrilongo.J procltÍico.J com voz ou dilongo.r aL'enluado.;

São os seguintes - salvo omissãó

(l)

(2)

(3)

,t, [way'ye]

[way'y~]

[way'yÇy]

uruguatense

guatemos

guatet

41' .1 Como se vê, na área, a "voz ou ditongo acentuados" são, em verdade, respectivamente, "ditongo ou tritongo acentuados".

42 .O Enconlro.r inlervocahular~.f aparenlu

Excluídos os casos em que o vocábulo antepositivo termine po1· uma voz

e o pospositivo inicie por uma voz, sejam elas acentua<,las ou não, com os respec­

tivos combinatórios - casos que,. de uma forma ou de outra, aqui ou ali, já

foram descritos e examinados ao longo desta tentativa de descrição - ,

poder-se-ia querer examinal' os encontros determinados pol' finais como a) {'ã~]

' ("órgão", "amavam") ou h) ~ey] ("linguagem", "roupagem") ante iniciais voca­

bulares com vozes acentuadas ou procHticas, ou ditongos acentuados proclíticos.

Parece que os fatos podem ser separados em dois grupos distintos: a) o consti­

tuído por aquêles finais inacentuados e por inicjais também inacentuados e

h) o constituído por aquêles finais inacentuados e por iniciais acentuados .

42 .1 O constituído por finais inacentuados e por iniciais também inacen- ·

tuados podem ser exemplificados com segmentos falados dos seguintes· tipos,

'ao acaso, sem intuitos de esgotar as possibilidades: I) "órgão altíssono", 2) fll - ,, 3) . orgao amoroso , "órgão antigo", 4) "amam aipim", 5) "'órgão aimoré",

6) "buscam auríferas (areias)", 7) "esperam aumentar", 8) "órgão existente",

9) "esperam entrar", 10) "acórdão eivado (de erros)", ll) "6rgão europeu",

12) "acórdão Iterativo", 13) "órgão imperial", 14) "acórdão honesto", 15)

''órgão ontológ1co", 16) "catam oitis", 17) "estudam ourivesaria", 18) ~'órgão

usado", 19) "acórdão ungido (de saber)", 20) "andam uivando", 21) "tomam

Ulsquinhos", 1) "roupagem abe~ta", 2)· "lil).guagem amorosa", 3) "linguagem

antiga", 4) "roubem a1p1m", 5) "cantem aimorés", 6) "guiem automóveis".

7) "esperem aumentar", 8) "querem evitar", 9) ·"querem entrar", 10) ' ·'linguagem

Page 102: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-317-

eivada", 11) "linguagem européia", 12) "linguagem iterativa", 13) "roupagem

imperial", 14) "linguagem honesta", 15) "roupagem ombruda", 16) "procurem

oitis", 17) "sabem ourivesaria", 18) "roupagem usada", 19) "linguagem untuosa",

20) "sabem uivar", 21). "querem uisquizinhos" ... Ter-se-á notado - sem que

se tenha procurado estabelecer nenhuma teorização no abstrato- que a condição

para que um encontro vocálico apresente flutuação ·ou oscilação é a de que o

elemento inicial seja, quando inacentuado, proclítico. Ora, em tôdas as situações

configuradas acima, o final do vocábulo antepositivo, originalmente (isto é,

vocabularmente) é "final", isto é, por exemplo, [f!'(f)g'íf~J, [li''gwá~'ê'y], -final .. que, na cadeia falada, passa, em não havendo ·pausa com intonação descendente,

a enclítico, a saber, "órgão altíssimo", isto é, [ói'(r\g'ã~aÍPís'im'u]. É que no ~ . ./ .

ritmo da área, tanto quanto se possa, p<;>r ora, nêle penetrar, nota-se que as

sílabas inacentuadas que se sucedem entre duas acentuadas tendem, via de regra,

a grupar .. se enclítica (a primeira ou as primeiras das inacentuadas) ou procBti­

camente (a última ou as últimas das inacentuadas) em função da estrutura

autônoma dos vocábulos e, pois, de sua significação. Se, no exemplo configurado

.rupra, se pudesse- o que violenta o ritmo normal da área - dizer [~r@gã~'

a'It'ís'im'u] (o que se pode, artificializando-o), a decorrência quase natural na

área é que se verifica o desdobramento do uode, passando êsse segmento de

cadeia falada a ser [éf(f.,)gã~'wall'ís'!m'u], fato que, a um observador atento

das leituras feitas na área em cadência rápida ou acelerada, mormente entre

locutores, por vêzes se verifica. O mesmo se dirá de "sabem amar", normalmente

[sáb'ê'y~'máf(f)], mas, com a característica apontada para o que chamaria ano­

malia rítmica, [sáb'eyya'már(r)]. Normalmente, pois, nos segmentos de cadeia . .. falada enumerados no corpo dêste parágrafo não se vErifica nenhum desdobra-

mento de iode ou uode - e a possível explicação está na base das disposições

rítmicas, se não exclusivamente, pelo menos mais ponderalmente.

42 .2 Ora, parece serem as mesmas razões acima esboçadas que determinam,

consoante seja ritmo, tensão e cadência, o desdobramento de iode ou uode quando

aparecem os finais considerados ante iniciais acentuados. Numa ordem do tipo

"estudem alto", consoante forem aquelas características, se percebem, clara­

~ente, pelo menos duas enunciações típicas: a) [(t;')(i')tl:úd'ê'yált'u] e b)

[(e')(i')~túdey'yált'u]; "buscam ouro", a saber, a) [bú~k'ãwówr'u] e b) [bú(I<ãW . . wgwr'u]. (*)

r

(*) Da nota de roonpé a11tcrior, em 24. I, até êste ponto, a presente comunicação foi posta à disposição dos relatores l'm redação definitiva, tal como se acha, tendo sido, para impressão, feita a adaptação da trsnscrição.

Page 103: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

318

* * *

PARECER ..

Rapport présenté por MM. BECHARA, CHEDIAK, RocHA LIMA et I. S. RÉVAH, sur la these du Dr. ANTÔNIO HouAISS

intitulée "Tentativa de descrição do sistema vocálico do português culto da área dita carioca".

Si l'on a bien présents à l'ésprit les objetifs qui! c'est proposé le

Congres, le plus grand éloge que l'on puisse décerner au travail précis et minutieux du lJr. A. HouAISS, c'est de dire qu'avec lui nous entrons vraiment dans le vif du sujet.

Au cours des précédentes séances, nous avons entendu parler à plu~

sieurs reprises des "vices", des "cacophonies" de certaines prononciations brésiliennes, de la nécessité .. d'expurger" ces plrononciations de phonemes qui Naient "laids" pour les remplacer par d'autres qui sont "Jolis". On ne peut pas dire, néanmoins, que nos informations sur la réalité linguistique brésilienne se soient beaucoup enrichies. On a méme pu avoir, à certains moments, l'impression que les congressistes n'étaient pas d'accord sur les caractéristiques réelles de certaines prononciations }ocales.

Or la normatisation d 'une langue, la fixation d'une lingua~padrão pour le théâtre, pour le chant ou pour l'ensemble de la communication linguisti~

que nationale doit inéluctablement partir de la n!é•lité ~ou des réalités) linguistique existante.

En d'autres termes, la fixation d'une língua~padrã0 pour le théâtre devrait être, en bonne logique, précédée de la description scientifique du parler cutivé des principaux centres intellectuels du pays, et plus particulie~ rement des principaux centres d'activité théâtrale.

De la comparaison de ces divers systemes linguístiques scientifiquement d~crits deux solutions différentes. peuvent surgir:

a) il se peut que l'on constate qu'en raison des circonstances histo~

riques, politiques et culturelles, le pays offre des centres d'activité théâtrale trops différenciés pour qu'il soit possible d'établir une norme nationale pour la langue du théâtre;

b) il se peut aussi que l'on constate qu'en 1aison des circonstances historiques, politiques et culturelles, la norme linguistique d'un centre donné

d'activité théâtrale soit considéré par la plupart des Brésiliens comme l'idéal dont tous les acteurs et professeurs d'art dramatique doivent tenter de se rapprocher. Dans ce cas, la norme linguístique du centre en question doit

être ~dopté comme padrão, et il faut alors définir les divergences que l'on pourra tolérer pendant la période de transition précédant l'unification réelle

de la langue parlée au théâtre.

Page 104: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

-- 319-

Un ccngressiste a parlé de la nécessite de créer un axe Rio de Janeiro-São Paulo' · analogue à l'"axe Lisb,mne-Colmbre" au Portugal. Or, si !'axe Lisbonne-Colmbre a une réalité phonétique, ce n'est pas en vertu de

néHociations réalisées dans un Congres entre des représentants des deux villcs. C'est tout símlement, comme le prouve l'histoire de la prononciation portugaise, parce que, <.:ans ia presque totalité des cas, Colmbre a accepté les innovations phonétiques propagées par Lisbonne, qui les avait elle-même n:çues du Sud de Portugal. Donc, pour etablir l'axe Rio de Janeiro-São ·/Paulo, il n'y a yu~:: deux solutions: ou bien la société cultivée de Rio de ! aneiro acceptera la normt:: de São Paulo . ou bien la société cultivée de São Paulo adoptera la norme de Rio de Janeiro.

Quelle que soit la solution adoptée par !e Congr~s ( fixation d'un padrão unique ave c des tolérances ou reconnaissance de I' existence de plusieurs normes}, le beau travail du Dr. HouAISS l'aidera grandement à

réaliser son objectif.

Afin de gagner un temps preCieux, les rappor teurs croient pouvoir se ·dispenser de vous fournir un exposé qui ferait nécessairement double emploi avcc celui de l'auteur de la communication. Le Dr. A. HouAISS exprime

i'espoir que son travail puisse servir· de base à des discussions et des résolutions sur la matiere. Les trois rapporteurs brésiliens se réservent !e droit d'intervenir dans la discussion de points de détail. Quant au rapporteur hançais, sa tres insuffisante compétence en matiere de prononciatton carioca !ui interdit de participer à ces débats.

Les rapporteus croient devoir attirer l'attention sur une concluswn qui se dégage de l'étude du Dr. A. · HouAISS, conclusion qui ne risque guere d'etre mise en question par des critiques de détail . L'aire carioca, comme sans doute toutes les aire~ linguistiques brésilicnnes, est caractérisée por une instabilité phonetique relativement importante. GoNÇALVES VIANA a pu écrire une Exposição da pronúncia normal portuguêsa qui s'applique aussi bici1 au parler cultivé qu'au parler familier et au parler populaire . A Lis­bcnnc, on peut dire grosso modo que le parler des professeurs ne se dis­tingue, au point de vue phonétique, de celui du peuple que par la netteté •et la lenteur relative de 1' élocution.

I! en va tout autrement dans l'aire carioca. Des différences impor­tantes séparent ce que !e Dr. A. HouAISS appele la "pronúncia culta tensa" et la "pronúncia culta distensa"' et ces différences s'aggravent lorsqu'on

arrive à la pronondation populaire. C'est dire toute l'importance et toute l'urgence d'nne norrnalisation de la langue commune, au moment ou le n:ouvement d'alfabetização va amener à la culture des masses tres impor­tantes de Brésiliens .

De l'examen des oscillations phonétiques notées par le Dr. HouAISS,

·une autre conclusion ressort. La "pronúncia culta tensa" et parfois la

Page 105: DE · 2016-09-27 · em roda_Pé --que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto original: na tt·nnsct·ição fonética, que aqui vai segundo .os

- 320-

·· distensa" se caractérisent par des restaurations phonétiques qui annulent

~ouvent des évolutions vieilles de plus1eurs siecles cn portugais. Ces restau~ rations qu'éloignent le parler cultivé du parler populaire se basent:

a) soit sur r existence de corrélations entre les différentes formeS: Yerbales ou entre formes de base et formes dérivées;

b) soit sur la graphie des mots.

En conclusion, les rapporteurs félicitent le Dr. A. HouAISS pour sa­"tentative" qui leurs parait tres largem~nt réussie. Ils recommandent vivement l'insertion de la communication dans les Annales du Congres.

Ils vont même plus loin. Dans une "note provisoiremente finale", le Dr. A. HouAISS déclare avoir dejà élaboré la partie de son travail relative aux diphtongues, triphtongues et hiatus. Les rapporteus émettent le voeu que le Congres engage le Dr. A. HouAISS à terminer son étude en élaboranl: la parti e relative au consonantisme. L' ensemble de la description du systeme· phonétique de l'aire carioca, apres avoir été soumis à une commission de spécialistes de cette pronunciation nomée par le Congres, pourrait alors être insérée dans les Annales. Précisons qu'il s'agit bien de la description du parler carioca, et non du systeme normatif de la língua~padrão qu'éla-. bore actuellement une commission du Congres.

Salvador, setembro de 1956.