das ordens Às congregaÇÕes religiosas: metamorfoses da vida consagrada catÓlica (uma perspectiva...

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Breve estudo histórico-teológico. Por José Eduardo Franco.

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  • DAS ORDENS S CONGREGAES RELIGIOSAS:METAMORFOSES DA VIDA CONSAGRADA CATLICA

    (UMA PERSPECTIVA HISTRICA)

    JOS EDUARDO FRANCO

    Franco, J. E. (2007), Das Ordens s Congregaes Religiosas: Metamorfosesda vida consagrada catlica (uma perspectiva histrica). Boletim do NcleoCultural da Horta, 16: 255-269.

    Sumrio: Este breve estudo tem como objectivo fazer uma reviso geral das origens e daevoluo do cristianismo monstico desde o seu comeo at s modificaes modernas da vidacatlica romana.

    Franco, J. E. (2007), From Orders to Religious Congregations: Metamor-phoses of Roman Catholic monastic life (an historical perspective). Boletimdo Ncleo Cultural da Horta, 16: 255-269.

    Summary: This brief study aims to offer an overview of the origins and evolution of Christianmonasticism since its beginning to the modern metamorphoses of Roman Catholic life.

    Jos Eduardo Franco Centro de Literaturas de Expresso Portuguesa das Universidades deLisboa. [email protected]

    Palavras-chave: Monaquismo, Ordens, Congregaes, Instituies Seculares, Histria Religiosa.

    Key words: Monasticism, Orders, Congregations, Secular Institutions, Religious History.

    Logo desde os incios da Igreja, houve homens e mulheres, que pela prtica dosconselhos evanglicos procuraram seguir Cristo com maior liberdade e imit-lo maisde perto, consagrando, cada um a seu modo, a prpria vida a Deus. Muitos destes,movidos pelo Esprito Santo, levaram vida solitria, ou fundaram famlias religiosas,que depois a Igreja de boa vontade acolheu e aprovou com a sua autoridade. Daqui pro-veio, por desgnio de Deus, a sua variedade admirvel de famlia religiosa, que muitocontribuiu para que a Igreja no s esteja preparada para toda a obra boa (cf. 2 Tim. 3,17) e para o ministrio da edificao do corpo de Cristo (cf. Ef. 4, 12), mais ainda, afor-moseada com a variedade dos dons dos seus filhos, se apresente como esposa ornadapara o seu esposo (cf. Ef. 3, 10) e por ele brilhe a sua multiforme sabedoria de Deus.

    Conclio Vaticano II (1976)

  • A vida monstica, vida regular e tam-bm denominada tecnicamente vidareligiosa ou vida consagrada na Igre-ja Catlica um dos modos de vivera experincia crist de forma radicalque se afirmou no fim do perododa Igreja Antiga com uma pujanaextraordinria e com expresses ml-tiplas. Considera Jaques Le Goff sereste objecto de estudo historiogrficofundamental para compreender a ca-minhada histrica da civilizao oci-dental: Le sujet est important et fas-cinant. Comment comprendre notrecivilisation, notre histoire, notre sensi-bilit sans le mmoire, les tmoigna-ges ds histoires de ces fous deDieu qui ont choisi la solicitude souvent au sens strict et parfois ausens dun certain retranchement, duncertain renoncement au monde pourfaire leur salut et celui ds hommes, sesentir plus prs de Dieu, plus mmede le prier, pour accomplir loeuvre laplus haute, celle de Dieu, opus Dei,en un sens plein quil faut dtacherdes rsonances politico-confessional-les que lexpression peut avoir au-jourdhui? (LE GOFF, 1998: 9).As experincia de vida consagradadesenvolvida ou acolhida no seio daIgreja sofreu ao longo dos sculos ataos nossos dias diversas metamor-foses, diversas transformaes querevelam quer a poderosa fecundidadedesta dinmica da vida crist, quer a

    sua capacidade de se adaptar aos dife-rentes contextos histricos e suas exi-gncias.De modo a regular e a definir comrigor e distino a pluriformidade devida religiosa que se tem desenvolvi-do historicamente na Igreja, o Cdigode Direito Cannico, promulgado em1983, designa as ordens religiosas eas congregaes pelo nome de Insti-tutos Religiosos masculinos e femi-ninos. Estes, por sua vez, constituemjunto com os Institutos Seculares (que uma forma recente de vida consa-grada, em que os consagrados, a teordas constituies do instituto, noemitem necessariamente votos p-blicos e no tm necessariamentevida comunitria, para que possamcontinuar as suas actividades normaisin saeculo) aquilo que se designageralmente por Institutos de VidaConsagrada (cf. cc. 710-730). Parale-lamente, existem as Sociedades deVida Apostlica, em que o segui-mento de Jesus Cristo no se exprimepela profisso religiosa dos trs votosmas com outros compromissos, vi-vendo a prpria consagrao em vidacomum e num mesmo esprito, ten-do em vista a prossecuo de um fimde carcter apostlico. Neste sentido,no sendo institutos de vida consa-grada aproximam-se destes, tanto maisque em alguns casos os seus mem-bros podem professar os conselhosevanglicos (cf. cc. 731-746).

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  • Em terminologia tcnica os membrosdos Institutos de Vida Consagrada sodesignados Religiosos ou Consa-grados. No entanto, usou-se chamargenericamente aos membros dasordens religiosas, alm de monges oufrades, de regulares. Tal designaoadvm do facto dos religiosos confor-marem a sua vida luz de uma regrareligiosa que regula toda a sua exis-

    tncia em direco ao bem supremoque Deus.As modernas congregaes religiosassituam-se numa linha de continuidadedo grande movimento da denominadavida religiosa ou vida monsticaque brotou e se desenvolveu no seiodo Cristianismo a partir dos sculosIV/V, aquando do processo da cha-mada constantinizao da Igreja.

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    ORIGENS E SENTIDO DA VIDA CONSAGRADA CATLICA

    No plano eclesiolgico, a vida reli-giosa surge e desenvolve-se comouma experincia marginal em relao estrutura hierrquica, que depois serreconhecida como uma mais-valia eenquadrada na prpria Igreja insti-tucional, mas mantendo um estatutoautnomo. Esta experincia marginalapresentou-se, por vezes, como reac-o crtica acomodao da vidados baptizados em Cristo, resultanteda oficializao da religio crist comoreligio de Estado no mbito do Im-prio Romano, deixando de ser umareligio perseguida para ser uma reli-gio ordenada e ordenadora do prpriosistema poltico em que se inseria.Neste quadro, o monaquismo cristoapresenta-se como uma proposta deregenerao do cristianismo atravsde uma vivncia que se pretendia ra-dical do Evangelho, num dinamismode regressus s fontes da f, tendocomo modelo a vida de Cristo e das

    comunidades crists primitivas. Aquio apelo fuga mundi, ou seja, a exi-gncia de recolhimento em relao aobulcio e s preocupaes da socieda-de e a profisso dos votos religiososso vistos originariamente, na pticadeste movimento de contra-corrente,como forma de substituir o ideal demartrio num quadro de ausncia deperseguio poltica aos seguidoresde Cristo.Deste modo, a motivao fundamen-tal e fundante do monaquismo cristoassenta no ideal do seguimento ouimitao de Cristo, que naquele gne-ro de vida se podia realizar sem []meios termos, sobretudo mediante odespreendimento radical do mundo,como salienta insistentemente SoBaslio. O monge despoja-se de tudopara seguir o caminho humilde deCristo, o caminho estreito e rduode que fala a escritura (JEDIN, 1980,II: 469).

  • A vida religiosa crist apresenta-se,pelo seu estilo de vida, como umaconscincia crtica dentro da prpriaIgreja, tendo como modelo as comu-nidades do cristianismo primitivo,proclamando a exigncia de um re-gresso s origens, s fontes do evan-gelho de Cristo e da f e caridade quedele emana. Assim sendo, precisoter em conta que A Histria das for-mas de vida religiosa somente inte-ligvel se a considerarmos como umaparte integrante da Histria da Igreja.O que quer dizer que a Histria da vidareligiosa h-de ter todas as caracters-ticas que configuram a especificidadeda Histria da Igreja. Se, como dissea Lumen Gentium, a vida religiosasurge da vida mesma da Igreja, so-mente poder alcanar uma inteligi-bilidade completa se se explica den-tro do contexto eclesial donde nasce(ALVAREZ-GOMES, 1990, I: 25).Como precursores da vida religiosaaparecem os eremitas primitivos,tambm chamados anacoretas, queeram viri religiosi que se retiravampara o deserto ou lugares ermos, avivendo uma vida de solido extrema,orao intensiva, jejum e penitnciacomo forma de, assim, experimentaruma maior intimidade com Deus.A estes pioneiros devemos juntar oscenobitas, que experimentavam umavida de despreendimento do mundono isoladamente, mas comunitaria-mente, partilhando o trabalho e a

    orao. De facto, d-se uma evoluonatural do eremitismo para o cenobi-tismo: com o correr do tempo a vidaeremtica ser substituda pela vidacomunitria, como se aquela fosseuma forma imperfeita, como um est-dio superado da vida monstica. Ain-da que a mesma histria se encarre-gar de oferecer frequentes revives-cncias do eremitismo ao longo dossculos, at aos nossos dias. No en-tanto, no monge cenobita, disse SoBento, encarna-se a mais genunaraa de monges (ALVAREZ-GOMES,1990, I: 31-32).Com efeito, So Bento (e a regra reli-giosa cenobtica, cuja autoria lhe atribuda) considerado o fundadordo monaquismo cristo organizado noOcidente, paradigma que vai inspirar,ou pelo menos vai ser tido em conta,a proliferao das mais diversas for-mas de vida religiosa que a Histriada Igreja vai registar. Mas nestes al-vores da vida religiosa, no podemosesquecer a importncia das comuni-dades e legislao monstica prota-gonizadas por S. Pacmio, S. Baslioe at por Santo Agostinho.O florescimento da vida monsticadurante a Idade Mdia vai marcar in-defectivelmente a histria da culturae da sociedade ocidental, na medidaem que os mosteiros foram os gran-des centros promotores de educao,de cultura, de espiritualidade e, para-doxalmente, de produo de riqueza.

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  • A importncia estruturante que osmonges tiveram na conservao etransmisso da cultura, na educaodo clero e das elites culturais, nopovoamento, na prpria estruturaodas nacionalidades, na expanso einculturao do Cristianismo (uni-ficando pela doutrina de Cristo, ecle-siologicamente entendida, a diversi-dade de povos e de culturas da me-dievalidade europeia), constitui umdos vectores fundamentais para com-preender a elaborao da civilizaocrist ocidental. Por exemplo, a partirdo sculo VI as escolas monacaispassaram a servir de modelo s esco-las episcopais que formavam o clero,pois eram centros profcuos de cul-tura e tambm de exemplum de vidacrist. dos mosteiros que saem osgrandes formadores e quadros tcnicosda medievalidade, tambm destesque saem os grandes pedagogos quevo formar e aconselhar os reis, fun-dar as universidades e outras insti-tuies de ensino.Mas a histria da vida religiosa no um continuum de dedicao abne-gada a Cristo e ao Evangelho. Ela uma histria linear que comporta, noentanto, um dinamismo, que podemoschamar cclico, caracterizado peloflorescimento fervoroso, mas tambmpela decadncia e pela consequenteexigncia proftica de renovao eat de restaurao. Com efeito, o mo-naquismo contribuiu, na sua poten-

    ciao da vida crist como instnciacrtica e reformadora, para promovernos seus diferentes andamentos, a re-novao da Igreja. A sua histria feitade luz e sombras, de runa, de crtica,de adaptao e de renovao, explicaem grande medida a evoluo e a plu-riformidade da vida religiosa crist.Na prpria medievalidade assiste-se aeste dinamismo.Comece-se desde logo por recordar aprimeira tentativa de renovao noquadro da reforma carolngia a quese seguir, como ponto marcante, areforma de Cluny que vai arrastarconsigo a necessidade de renovaoda vida religiosa em geral e vai inspi-rar a prpria reforma da Igreja hierr-quica a clebre reforma gregoriana.Estas reformas procuravam incre-mentar uma maior exigncia e rigorna vivncia da experincia religiosacontra o relaxamento da vida mons-tica. Mas no sculo XIII que a vidareligiosa conhece um significativoavano, com a fundao das ordensmendicantes Dominicanos e Fran-ciscanos. As ordens mendicantes nosculo XIII so assim chamadas pelofacto dos seus membros poderemauferir a sua subsistncia pelo recursoao peditrio pblico e pelo esforo doseu trabalho e j no pela colecta dedzimos, como era tradio das ordensmonsticas antigas. Portanto, viviamda mendicidade, numa atitude dedependncia da providncia, a qual se

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  • revelava na generosidade espontneados fiis. Os Irmos Pregadores, maisconhecidos por Dominicanos (Ordemdos Pregadores), e os Irmos Meno-res, mais conhecidos por Francisca-nos compem este novo tipo de vidareligiosa.Os mendicantes no so monges pro-priamente ditos, mas irmos (fratres)que procuram viver entre os homensde modo a convert-los pelo testemu-nho e pela palavra, e no na solido,retirados do mundo. Devido proibi-o do IV Conclio de Latro (1215)que impedia a formao de ordensfundadas em novas regras, estas or-dens mendicantes deveriam adoptaruma das antigas regras. De facto, osDominicanos adoptaram a regra ditade Santo Agostinho e foram confir-mados canonicamente como cnegosregulares.No entanto, sabe-se que os Francis-canos gozaram de uma excepo noquadro daquela determinao conci-liar, merc de uma tradio que diziater So Francisco apresentado umprojecto de regra Santa S antes doreferido conclio; em virtude disso,viram aprovada uma regra redigidapelo fundador em 1221. Ao trocar avida secular (exiit de saeculo) pelavida consagrada a Cristo (Deo vota),os religiosos mendicantes propu-nham-se viver pobres, em confor-midade com aquilo que o Evangelhonarra ter sido a vida de Jesus.

    Esta nova forma de vida religiosa mendicante , mais flexvel e adapta-da para acompanhar o aumento damobilidade na sociedade medieval,pelo recrudescimento do comrcio,quebra o imobilismo e a estabilidadedo monaquismo tradicional e torna-o,desta forma, mais malevel para res-ponder s exigncias do seu tempo.No dealbar da modernidade assiste-sea uma nova experincia de renovaoe readaptao da vida religiosa tradi-cional, demasiado enredada em como-dismos, privilgios e vcios, e at emignorncia. Este estado lastimvel dedecadncia vai ser confrontado como reactivo movimento de renovaoque vai incrementar a vida religiosaem moldes novos. Para tal muito con-tribuiu no s a fundao de novosinstitutos religiosos como exemploa Companhia de Jesus em 1540, comoa renovao das antigas, como ocaso da reforma carmelita. Este pro-cesso de renovatio vai ser influencia-do pela Devotio moderna, pela Imita-o de Cristo, pela demanda de umamaior interioridade de carcter maisindividualizante e pelo cultivo deuma relao devocional com Deusmarcada por uma maior dimensoafectiva.O esforo de renovao e expansoda vida religiosa no abranda na pas-sagem crtica da Idade Moderna paraa Idade Contempornea. No obstan-te os duros golpes dados na vida reli-

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  • giosa pelo iluminismo racionalista,pelo movimento poltico-ideolgicoque se inspira no iderio da Revolu-o Francesa, pelo liberalismo pol-tico, pelo regalismo e nacionalismoanti-ultramontano, pelo positivismo,pelo cientismo e pelo humanismoagnstico, uma nova forma de vidareligiosa nasce e desenvolve-se ex-traordinariamente: as congregaes.O nascimento do movimento congre-ganista no seio da Igreja Catlicadeve ser compreendido como umaresposta efectiva s novas necessida-des, ou seja, aos sinais de decadnciada sociedade sacral em evoluo cres-cente para uma sociedade laica esecularizada. As congregaes reli-giosas, em linha de continuidade coma tradio da vida consagrada e nelaprofundamente inspirada no que res-peita espiritualidade e vinculaocomunitria, so, todavia, uma tenta-tiva de recriao da vida regular dopassado.O ordenamento monstico e conven-tual enfermava de ausncia inovadoraque articulasse os antigos valoresregulares com os desafios emergentesdas sociedades modernas. O velhomonaquismo apresentava-se incapaz,no seu excessivo imobilismo, paraatender s exigncias das sociedadesmodernas, marcadas por uma din-mica muito mais acelerada e, porisso, mais instvel. As novas congre-gaes estavam vocacionadas e estru-

    turadas para a misso, eclesialmentepatrocinada e confirmada, de atenderas necessidades dos Homens decada tempo e lugar, no seu evoluirhumano (Vinde e Vede, 1995: 11).O substantivo congregao (congre-gationis) deriva do verbo latino con-gregare que significa reunir, criarcomunidade, sob a orientao de umdeterminado ideal (carisma), em fun-o do qual so elaboradas regras quedevem orientar a vida dos membrosdessa mesma comunidade.Embora o termo congregao (alis,como acontece com o termo ordem)costume ser o nome vulgarmente atri-budo a todos os institutos religiososem sentido lato, a congregao dife-rencia-se tecnicamente da ordem reli-giosa pela no solenidade dos votospblicos como definia o Cdigo deDireito Cannico de 1917. Definioque consagra a distino entre votossimples e solenes realizada pela pri-meira vez por Santo Incio de Loyola.Historicamente, at ao sculo XVIIItodos os institutos religiosos eramdesignados em sentido estrito porordens religiosas. S a partir de 1784,ano em que Pio VI aprovou a ltimaordem religiosa, a dos Irmos da Pe-nitncia de Jesus Nazareno (suprimi-da depois por Pio XI em 1935), quea Igreja passou a criar congregaes.Convm introduzir aqui uma precisotcnica. Importa distinguir os institu-tos de vida religiosa, que sucederam

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  • s ordens religiosas clssicas, e quese convencionou denominarem-secongregaes das chamadas con-gregaes monsticas. Congrega-es monsticas uma designaocannica utilizada para designar umagrupamento de mosteiros autno-mos dirigidos por um superior, cujoconjunto integrava uma ordem mo-nstica pela profisso de uma mesmaregra de vida.No mbito da Histria da Igreja, asdiferentes congregaes surgiram, semelhana das ordens, pelo protago-nismo de um ou mais indivduos que,sentindo-se inspirados pelo EspritoSanto, enfatizaram um dos ideais devida propostos por Cristo nos Evan-gelhos e constituram-no como caris-ma, que a referncia fundamental ea razo de ser, existir e agir das comu-nidades que fundam.Na linha do ordenamento da vidaregular anterior, os membros dascongregaes religiosas possuem ummodo de vinculao similar, indepen-dentemente do carisma, a profissodos conselhos evanglicos: os votosde pobreza, castidade e obedincia.Alguns institutos religiosos acrescen-taram um quarto voto (normalmentefacultativo); por exemplo, os Jesutasadunam o voto de obedincia aopapa, os Irmos de So Joo de Deuso voto da Hospitalidade ou os Deho-nianos o voto de oblao. Estes com-promissos vinculativos, normalmente

    realizados em duas fases (uma tem-porria e outra perptua) so signifi-cativos de toda a vida religiosa, namedida em que pretendem testemu-nhar existencialmente a mais radicalsequela Christi proposta pelo Evan-gelho, isto , a renncia e entrega aoSenhor da Vida dos grandes desejosque mobilizam os homens na suaexistncia terrena: a ambio de pos-suir bens, o desejo de comungar comoutrem do prazer carnal e a vontadede realizar a sua liberdade individual,orientando esta vida oblativa paraa pessoa mesma de Jesus Cristo, noseu modo de viver inteiramente paraDeus e para os homens que o fun-damento ltimo e a definitiva justifi-cao da vida consagrada (ALONSO,1988: 32). Esta entrega pretende sersignificativa, ento, de uma vida total-mente doada a Cristo e ao seu Evan-gelho sem quaisquer condies oucedncias, entrega essa que se podeexprimir na contemplao, no serviodos pobres, na aco missionria, naeducao, na assistncia aos doentes,na reabilitao social dos desprotegi-dos, etc.. Neste sentido, os religiososso, essencialmente, testemunhas esinais profticos e antecipativos dacomunho escatolgica com Deus, noaqui e agora da histria dos homens.O grande boom do movimento con-greganista aconteceu com o dealbarda Histria Contempornea, concre-tamente depois da proclamao dos

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  • Direitos do Homem na ps-Revolu-o Francesa e no quadro de seculari-zao progressiva da sociedade, bemcomo num ambiente marcado pelacrtica vida religiosa tradicional.Este surgimento macio de congrega-es com carismas vrios enquadra--se numa tentativa eclesial de travarum movimento secularista numa so-ciedade em claro distanciamento pro-gressivo em relao ao modelo me-dieval de Cristandade que a Igreja,atravs das congregaes, pretendecontinuar, embora com uma maiorflexibilidade, pela adaptao ao evo-luir movedio dos novos tempos.No caso portugus, o movimento con-greganista emerge poderosamente nasegunda metade do sculo XIX, emdiferentes andamentos cadenciadospor uma sociedade em transformaopoltica acelerada, e interessada, se-melhana de outros pases da Europadita iluminada, em enfraquecer opoder ultramontano, internacionalistae centralista da Igreja Romana e emvalorizar as chamadas Igrejas nacio-nais ou galicanas. Neste mbito, ascongregaes vo sofrer os precalosdos conflitos entre galicanos e ultra-montanos, e dos ataques do movi-mento ateu e secularista que se tornaculturalmente influente e, em algunsperodos, dominante.Neste mbito, imprime-se, no pontifi-cado controverso de Pio IX, uma ten-tativa de renovao das ordens tradi-

    cionais em virtude de um movimentode auto-renovao, mas tambm porinstigao da hierarquia eclesistica.Para apoiar este processo de renova-o significativa a criao da con-gregao pontifcia De Statu Regu-larium (1846) com o objectivo dereabilitar e ordenar a vida religiosa, semelhana da congregao que tinhasido criada, anteriormente com omesmo nome pelo papa Inocncio X,em 1649, e suprimida por InocncioXII em 1698. Visava-se reparar asfracturas provocadas pela RevoluoFrancesa e pelo liberalismo e fazervoltar as ordens e congregaes aocarisma fundacional na sua dinmicainterna. Este esforo de renovaopor parte da hierarquia resultava daconvico de que a reformao davida regular resultaria na renovaoda prpria Igreja em geral.Com efeito, este processo de reabili-tao da vida religiosa vai contribuirpara a sua expanso e consolidao,surgindo na Igreja uma srie de novosinstitutos fundados na diversidadedos carismas bebidos no Evangelhoe para responder s mais diversasnecessidades da Igreja: misses, edu-cao, assistncia aos pobres e aosdoentes, etc.. No obstante esta enor-me proliferao congreganista, muitoorientada para a aco educativa emissionria, a vida religiosa continuamoldada, ao longo do sculo XIX emformas muitas delas retrgadas, quer

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  • quanto disciplina e formao, querquanto ao modo de compreender oestatuto do religioso na prpria Igre-ja, isto , como institutos superioresde perfeio, distinguindo-se comuma certa presuno dos outrosestados de vida crist. Isto leva a quese desenvolva um processo crticoque vai exigir um repensar da vida re-ligiosa mais adaptada mentalidadee ao mundo contemporneo que no acompreendia.O Conclio Vaticano II consagra estemovimento de reactualizao, forne-cendo orientaes para a renovaoda vida religiosa, determinando noDecreto Perfecta Caritatis: O modode viver, de orar e trabalhar seja devi-damente adaptado s actuais condi-es fsicas e psicolgicas dos reli-giosos, bem como, segundo a ndolede cada instituto, s necessidades doapostolado, s exigncias da cultura,s situaes sociais e econmicas, eisto em toda a parte, mas sobretudoem terras de Misses (n. 3). Apelouainda o mesmo conclio no documen-to Apostolicum Actuositatem para queos institutos religiosos de vida con-templativa e activa continuem a ter amaior parte na evangelizao domundo (n. 40).O Conclio define os princpios geraisque vo inspirar o aggiornamientodos institutos religiosos: reforo danorma ltima do seguimento de Cris-to, respeito pela identidade e misso

    particular dos institutos, participaode todos os institutos na vida da Igre-ja, ateno s necessidades da Igreja,julgar as diferentes situaes luz daf e pelo esforo de uma permanenterenovao espiritual. Assim estatui oconclio no seu decreto de reforma davida consagrada: Segundo estes cri-trios, examine-se tambm o modode governo dos institutos. Por isso,as constituies, os directrios, oslivros de costumes, de oraes, ceri-mnias, etc., tudo seja revisto con-venientemente e, postas de lado asprescries obsoletas, adaptem-se osdocumentos deste sagrado conclio(PC, n. 3).De facto, a reflexo proporcionadapelo Vaticano II vai contribuir parauma renovao da vida religiosa epara uma maior humanizao desta,num processo de abertura aos novostempos. Com as reformas incentiva-das pelo conclio redefiniu-se o lugar,o papel e a natureza da vida religiosacatlica. Abandonaram-se, nomeada-mente, as classificaes distintivasda vida consagrada, particularmente aexpresso status perfectionis e a ideiainerente de estado religioso separado,perfeito, superior, entendido de formaessencialmente esttica e jurdica(TILHARD & CONGAR, 1968: 84). Para-lelamente houve a preocupao derever os conceitos de obedincia e deautoridade da vida religiosa. Props--se uma nova teologia da obedincia

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  • que passasse a garantir o respeitopela pessoa enquanto sujeito da suaexistncia permitindo-lhe crescer eviver de forma adulta e responsvel(BAPTISTA, 1980). Explica JernimoTrigo que para a consecuo dosobjectivos propostos, o prprio con-clio indicou os princpios gerais e oscritrios a seguir e determinou a revi-so dos textos nos quais est plas-mado o ideal de vida e indicados osparmetros institucionais que a confi-guram. Em primeiro lugar, as consti-tuies. A determinao de as renovarsignifica que havia a vontade firmede levar a almejada renovao aomais profundo. Para perceber melhora fora dessa determinao, tenha-seem ateno o carcter de quase intan-gibilidade e venerao que existiapara com elas e que se exprimia empalavras e gestos: santas constitui-es, culto da Regra, receb-lade joelhos, beij-la antes de deitar,aprend-las de memria, etc. (TRIGO,1993).A chamada renovao conciliar davida consagrada na Igreja Catlicadesencadeou um processo de reno-vao geral dos diferentes institutosde vida consagrada. Estes encetaramum processo de reviso de vida, umesforo significativo de adaptaoda sua experincia institucional aosnovos tempos atravs de um regressos fontes carismticas que estiveramna base da sua fundao. Como em

    todos os grandes processos de refor-ma e, neste caso, de quase revoluo,a reactualizao de modelos e estilosde vida religiosa catlica no ps-con-clio teve os seus custos. Milhares dereligiosos e religiosas abandonaramas diversas ordens e congregaesneste perodo de mudana em que seinstalou uma atmosfera de confuso,perplexidade e dificuldade de com-preender e assumir as transformaesque se impunham. Apesar do terra-moto que se abateu sobre a vida con-sagrada com a caudalosa sangria defrades e freiras e a diminuio dasvocaes religiosas, a Igreja encetouum caminho novo de dilogo com omundo que a tornou mais audvel emais prxima da humanidade con-tempornea.A renovao da vida religiosa impri-miu uma dinmica de autntica refun-dao da vida consagrada, depurandoo que era obsoleto e dando-lhe umaface mais moderna, mais proftica,mais evanglica, mais aberta e maisdialogal na sua ateno s aspiraesda sociedade contempornea.Alm disso, o movimento de inspira-o conciliarista de abertura da Igrejaao mundo acabou por consagrar eincentivar a multiplicao de outrasformas de vida consagrada que sevinham desenvolvendo anteriormente.Inscritos na tradio da experinciada vida religiosa na Igreja e procuran-do actualiz-la e adapt-la s condi-

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  • es de vida presente e viv-la no s-culo, afirmaram-se no seio da Igrejaos institutos seculares e outras asso-ciaes afins de leigos e sacerdotesque pretendiam viver a consagraoradical a Deus no fugindo do mun-do, mas plenamente integrados navida quotidiana dos homens e mulhe-res do nosso tempo.Professando o compromisso de viveros conselhos evanglicos, estas novasformas de vida religiosas aliviam oaparato e o peso institucional dasordens e congregaes clssicas, a re-gularidade da liturgia e os protocoloshierrquicos, as excessivas obriga-es comunitrias e toda a espcie deindumentria distintiva que segre-gava os religiosos do comum dosmortais. De modo a experimentar,viver a vida dos homens e mulheresde hoje nas suas realidades tempo-rais, este novo estilo de consagraopretende ser fecundo no mago domundo, procurando a santificao eprocurando santificar, caminhandolado a lado e partilhando as alegrias eas tristeza, os dramas e os sucessose at as profisses e ofcios comunsda sociedade contempornea. JeanGuitton numa entrevista concedida aFrancesca Pini considerava que esta proliferar na Igreja um novo tipo deordem religiosa para responder aosnovos desafios do tempo presente.Ele dizia que esse novo tipo deordens so os institutos seculares e

    outras associaes de leigos afins,que actualizam hoje as formas cls-sicas de consagrao. Recortemosaqui uma parte desse dilogo comGuitton:

    E.P. Quando imagina, hoje, noseio da Igreja, o nascimento de umnovo tipo de ordem religiosa, a que serefere?

    J.G. quilo a que chamamos osinstitutos seculares. Por exemplo, asfocolarini, em Itlia. So pessoas queno so religiosos nem leigos, umaposio intermdia. No usam hbitoreligioso como as freiras. Muitas socasadas, mas encontram-se, apesar detudo, num estado anlogo ao das reli-giosas porque esto dedicados per-feio.

    F.P. Que podem trazer de novo Igreja?

    J.G. Esto mais misturados como mundo do que as religiosas, quedescortinamos a dois quilmetroscom a sua vestimenta! Estas novasordens, chamados institutos religio-sos trazem algo de novo, como fize-ram os primeiros franciscanos. SoFrancisco criou a sua ordem comleigos que pertenciam categoria dosminori (GUITTON, 1999: 98).

    A caminhada da implantao dasOrdens e Congregaes Religiosasem Portugal (um pouco semelhanado que acontece nos outros pases),durante o sculo XIX e ao longo do

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  • sculo XX, foi um processo rduo epouco linear devido s contingnciasda histria da evoluo da sociedadeportuguesa durante estes dois sculos.A queda da monarquia absolutistaem 1820 e a consequente assuno doliberalismo poltico vai trazer dificul-dade s ordens religiosas (que viviamnuma gritante situao de decadn-cia), culminando na sua expulso enacionalizao dos seus bens em 1834,pela fora do decreto legislativo deJoaquim Antnio de Aguiar. A partirde meados do sculo XIX, em virtudeda tolerncia do regime monrquicoconstitucional em relao s congre-gaes, verifica-se o regresso dosinstitutos expulsos e a implantaode novas congregaes (Salesianos,Irms da Caridade, Claretianos, Re-dentoristas), que entraram numfranco processo de expanso, parti-cularmente no campo da educao,da assistncia e da vida cultural dopas (FRANCO, 2007). Esta expansofoi consagrada e facilitada, em certamedida, pela lei de Hintze Ribeiro em1901, que autorizava oficialmenteas congregaes que tivessem comoobjectivo desenvolver obras de edu-cao e de assistncia no pas, desdeque estes institutos religiosos mudas-sem o seu nome cannico e se transfor-massem para efeitos civis em institui-es com a figura jurdica de associa-es (FRANCO, 2007).

    Porm, a primeira repblica procla-mada em 1910 acabou por infligir umnovo golpe neste dinamismo ascen-sional da vida religiosa em Portugal,expulsando novamente os religiosos(que j somavam vrias centenas) eficando com a posse das suas obras,no sem consequncias negativas nacapacidade do Estado suprir os gran-des servios que as suas organiza-es prestavam em vrios domnios(ARAJO, 2004).A mudana de regime em 1926 vaidar incio a um novo perodo de pro-gressiva ascenso da presena dosinstitutos religiosos em Portugal, deuma vida consagrada que o regimerepublicano no tinha conseguidoextinguir no pas de facto (VILLARES,2003). Com a afirmao do EstadoNovo verifica-se um novo regressooficial das ordens expulsas, nomea-damente dos Jesutas, Franciscanose Dominicanos; implantam-se novosinstitutos (v.g. Dehonianos, Combo-nianos, Consolatinos, Baptistas, Las-salistas, Paulistas, Monfortinos, Ma-rianos, Irmos Maristas, Passionistas,Verbitas, Filhos da Caridade, IrmosMissionrios do Campo, Scalabrinia-nos, congregaes franciscanas femi-ninas com vrias ramificaes, domi-nicanas de vida activa e de vida con-templativas, espiritanas, ...) que voconhecer, no quadro de um clima po-ltico favorvel, uma grande difuso,quer fundando colgios, seminrios e

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  • obras de assistncia social, quer assu-mindo diversos campos de missonas colnias portuguesas e noutrospases. Para tal muito contriburam asdeterminaes da Concordata e doAcordo Missionrio que obrigavamas congregaes estrangeiras a abri-rem casas de formao na metrpoleportuguesa como condio sine quanon para o envio de missionrios seuspara os territrios ultramarinos.Estes institutos continuam, no obs-tante a queda do nmero de vocaesaps o Conclio Vaticano II, a excercera sua misso na fase da instaurao econsolidao do regime democrticode 1974, assumindo, alm do mais,responsabilidades de apoio s igrejaslocais, nomeadamente na paroquia-lidade, de modo a suprir tambm acarncia de clero secular.A ascenso e o crepsculo das con-gregaes num pas herdeiro de umcatolicismo generalizado, remou aosabor do triunfo das ideologias gover-nativas dominantes, bem como dosinteresses polticos emergentes numEstado nem sempre coerente com ahonra dos seus princpios. Todavia, apersistncia carismtica dos funda-dores e continuadores das Congrega-es da mais diversa ndole, teimouem no desistir de implantar-se noterritrio portugus sempre que sereunisse o mnimo de condies parao efeito. A sua presena foi fervoro-samente desejada por uns e menos

    respeitada ou repudiada por outros.Esta divergncia de entendimento daimportncia do seu papel deveu-se,em grande medida, ao que elas repre-sentaram e significaram em termos depoder: uma macro-organizao queultrapassava as barreiras do Estado efurtava-se facilmente ao seu totalcontrolo.No obstante as divergncias, hoje adimenso do valor do seu papel nasociedade e na Igreja portuguesaregista um saldo bastante positivo.A nvel social, o trabalho das Congre-gaes tem colmatado muitas lacunasna assistncia s classes mais despro-tegidas, na educao e na promoocultural, em reas em que nem o Esta-do, nem a sociedade civil, por si s,poderiam resolver globalmente. Porseu lado, no que se refere Igreja, osreligiosos tm tido uma aco ines-timvel de presena em campos queas estruturas eclesisticas tradicionaisnunca poderiam chegar com eficcia,desde o trabalho missionrio ad intrae ad extra at evangelizao da cul-tura, bem como o servio religioso acomunidades que tm falta de cleroe de catequizao. Neste incio dosculo XXI, as Congregaes Reli-giosas, pelo que fizeram e continuama implementar, -lhes atribudo umsignificativo mrito e reconhecimen-to devido prestao de serviosimportantes sociedade e Igrejaportuguesas.

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