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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS – CEJURPS CAMPUS BALNEÁRIO CAMBORIÚ CURSO DE DIREITO NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA – NPJ SETOR DE MONOGRAFIAS
DANO MORAL E O CARÁTER COMPENSATÓRIO, PUNITIVO E
PREVENTIVO SOB A ÉGIDE DO CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR.
RAFAEL DE QUEVEDO PAES
ITAJAI-SC, 29 DE NOVEMBRO DE 2010.
DECLARAÇÃO
DECLARO QUE A MONOGRAFIA ESTÁ APTA PARA DEFESA EM BANCA PÚBLICA EXAMINADORA
ITAJAÍ, 29 DE NOVEMBRO DE 2010.
_______________________________________________
Professor Orientador Msc. Jefferson Custódio Próspero
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS – CEJURPS CAMPUS BALNEÁRIO CAMBORIÚ CURSO DE DIREITO NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA – NPJ SETOR DE MONOGRAFIAS
DANO MORAL E O CARÁTER COMPENSATÓRIO, PUNITIVO E
PREVENTIVO SOB A ÉGIDE DO CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR.
RAFAEL DE QUEVEDO PAES
Monografia submetida à Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel
em Direito. Orientador: Professor Mestre Jefferson Custódio Próspero
ITAJAÍ-SC, 29 DE NOVEMBRO DE 2010.
AGRADECIMENTOS
Meus agradecimentos a Deus, por me manter
espiritualmente atento ao mundo como um todo,
além de oportunizar saúde para que eu possa
enfrentar os obstáculos encontrados no dia a dia e
ainda desfrutar dos dignos momentos de satisfação
e prazer.
Quero agradecer a toda minha família, que na maior
parte do tempo passamos afastados uns dos outros,
mas mesmo assim sempre recebi ajuda e incentivos
de todos sempre que se fez necessário.
Em especial a minha esposa Josiane, pelo seu
carinho, amor e compreensão, pois em diversos
momentos estive ausente, mas a sua força
contribuiu para que eu alcançasse este objetivo.
Falando em você, Josiane, é preciso registrar que
estou muito feliz pelas nossas novas decisões, e que
nossos filhos venham para solidificar ainda mais a
nossa união, e transformar nossas vidas... AMO-TE.
Agradecer o meu Pai, Hélio Sergio, grande homem e
inspirador de diversas atitudes minhas. Véio, muito
obrigado por ser meu Amigo, e por ter dito “- Vai
fazer Direito piá...”, e por ter me conduzido e dado
sempre aquele apoio. Pai, amo-te.
Agradeço a minha Mãe, Rosemari, pelo apoio, e a
sua forte presença em vários momentos decisivos
de alguns degraus da minha vida. Mãe, amo-te.
Ao meu orientador, Msc. Jefferson Custódio
Próspero, que acrescentou muito em meu projeto
em suas consultorias, também por ter compreendido
algumas dificuldades que passei. Valeu Jefferson.
Obrigado a Todos que de alguma forma ou de outra,
participaram desta especial jornada em minha vida
cultural.
DEDICATÓRIA
Dedico esta monografia a minha esposa Josiane
Rosina Pereira Paes, orgulho e alegria da minha
vida, pelo amor e capricho na constituição da nossa
família.
4
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE
Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte
ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale do
Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o Orientador de
toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.
Itajaí-SC, 29 de novembro de 2010.
Rafael de Quevedo Paes Graduando
PÁGINA DE APROVAÇÃO
A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, elaborada pelo graduando Rafael de Quevedo Paes, sob o título Dano Moral e o Caráter Punitivo Sob a Égide do Código de Defesa do Consumidor, foi submetida em 29/11/2010 à banca examinadora composta pelos seguintes professores: Msc. Jefferson Custódio Próspero-Orientador, e Msc Emerson de Morais Granado - Examidor, e aprovado com a nota _________________________.
Itajaí-SC, 29 de novembro de 2010.
Professor Msc. Jefferson Custódio Próspero Orientador e Presidente da Banca
Professor Msc. Antônio Augusto Lapa Coordenação da Monografia
ROL DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CC/2002 Código Civil Brasileiro de 2002 CDC Código de Defesa do Consumidor TJ/SC Tribunal de Justiça de Santa Catarina ART Artigo CF/88 Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. STJ Superior Tribunal da Justiça STF Supremo Tribunal Federal
ROL DE CATEGORIAS
Rol de categorias que o considero estratégicas à compreensão do
trabalho, com seus respectivos conceitos operacionais.
Consumidor:
“[...] aquele que se encontra numa situação de usar ou consumir, estabelecendo-se,
por isso, uma relação atual ou potencial, fática sem dúvida, porém a que se deve dar
uma valorização jurídica a fim de protegê-lo, quer evitando quer reparando os danos
sofridos”.1
Dano Moral:
“Arnaldo Medeiros Fonseca ensina que “dano moral”, na esfera do direito, é todo
sofrimento humano resultante de lesão de direitos estranhos ao patrimônio,
encarado como complexo de relações jurídicas com valo econômico. Assim, por
exemplo, envolvem danos morais as lesões a direitos políticos, a direitos
personalíssimos ou à honra, ao nome, à liberdade, a direitos de família, causadoras
de sofrimento moral ou dor física, sem atenção ao seus possíveis reflexos no campo
econômico.”2
Dignidade:
“A palavra dignidade vem do latim "dignitas" que significa honra, virtude ou
consideração. Dignidade é uma qualidade moral inata ao ser humano e é a base do
respeito que lhe é devido. A dignidade nasce com a pessoa e é inerente à sua
essência. De fato, conceituar dignidade da pessoa humana não é tarefa das mais
fáceis, pois sempre há influência do momento histórico vivido.”3
1 BULGARELLI, Waldiro. A tutela do consumidor na jurisprudência e "de lege ferenda". Revista de Direito Mercantil. Nova Série, ano 22, v. 49, jan.-mar./1983, p. 44
2 FONSECA, Arnoldo Medeiros. Dano moral, Repertório enciclopédico do direito brasileiro. Rio de Janeiro: Borsoi, 1961. vol. 14, p. 242
3 CUNHA. Belinda Pereira da. MARTINEZ JÚNIOR, Eduardo. Dignidade da Pessoa Humana e Proteção ao Consumidor: a questão da inserção dos distribuidores judiciais no cadastro de consumidores. Disponível na internet via " http://www.gentevidaeconsumo.org.br/dir_consumidor/belinda/dignidade_pessoa_humana.htm. Acesso em 02.06.2010.
8
Fornecedor:
“[...] no conceito de fornecedor estão incluídos o produtor, o fabricante, o
comerciante, o prestador de serviços, que são espécies, bem como os órgãos do
Poder Público que desenvolvem as atividades mencionadas no art. 3°, 'caput', do
CDC, ou prestam serviços de molde a caracterizar relação de consumo.”4
4 NERY JÚNIOR Nelson. Aspectos da Responsabilidade Civil do Fornecedor no código de Defesa do consumidor (Lei n. 8078/90). Revista Jurídica, v. 162, p. 22, apud VALLER, Wladimir. Editora LTDA, 1996, p. 176
9
SUMÁRIO
RESUMO................................................................................................. X
INTRUDUÇÃO........................................................................................11
CAPÍTULO 1 ..........................................................................................14
1. PROTEÇÃO JURÍDICA DA DIGNIDADE DO CONSUMIDOR..........14
1.1 PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA.........................................14
1.2 DIREITOS DA PERSONALIDADE......................................................................15
1.3 RELAÇÃO JURÍDICA DE CONSUMO................................................................17
1.4 DEFINIÇÃO DE CONSUMIDOR..........................................................................18
1.5 DEFINIÇÃO DE FORNECEDOR.........................................................................20
1.6 DEFINIÇÃO DE PRODUTO.................................................................................23
1.7 DEFINIÇÃO DE SERVIÇO...................................................................................25
1.8 SÍNTESE HISTÓRICA DANO MORAL................................................................27
1.8.1 O MOVIMENTO CONSUMERISTA NO BRASIL...........................................................30
CAPÍTULO 2...........................................................................................34
RESPONSABILIDADE CIVIL DO FORNECEDOR E ELEMENTOS
CONSTITUTIVOS DO DANO MORAL...................................................34
2.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS...............................................................................34
2.2. FATO DO PRODUTO OU SERVIÇO..................................................................37
2.3. VÍCIO DO PRODUTO OU SERVIÇO..................................................................38
2.4. VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR..........................................................43
2.5. DANO MORAL NO DIREITO BRASILEIRO.......................................................45
2.5.1. DISTINÇÃO ENTRE DANO MATERIAL E DANO MORAL............................................47
2.5.2. DANO MORAL COLETIVO.....................................................................................50
2.5.3. PRESCRIÇÃO......................................................................................................54
CAPÍTULO 3...........................................................................................57
REPARAÇÃO DO DANO MORAL.........................................................57
3.1 CRITÉRIOS DA INDENIZAÇÃO..........................................................................61
3.2 FINALIDADES DA REPARAÇÃO.......................................................................65
3.2.1 COMPENSATÓRIA.................................................................................................66
3.2.2 PUNITIVA.............................................................................................................68
3.2.3 PREVENTIVA........................................................................................................72
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................74
REFERENCIAS DAS FONTES CITADAS.................................................................76
10
RESUMO
O Dano Moral no Direito do Consumidor é um tema atual, pouco abordado no âmbito
acadêmico e muito utilizado na esfera prática. Todavia carente de detalhamento
teórico, porém com muitas circunstâncias que enseja marcantes controvérsias sobre
os seus aspectos jurídicos. Este trabalho acadêmico aborda o Dano Moral no Direito
do Consumidor teoricamente, bem como apresenta soluções coerentes com o a
questão jurídica estabelecida pelo Código de Defesa do Consumidor para unir estes
aspectos a vida profissional projetada. Quando falamos de defesa dos direitos do
consumidor, logo se entende que ocorreu alguma transgressão ou violação aos
direitos deste na relação de consumo, que tem por objeto a aquisição de bens e
serviços dos mais diversos. Dependendo do caso em questão, verificada qual foi a
transgressão ou violação de direitos, deve-se verificar se o dano causado, se é
objeto de indenização e qual a reparação de danos cabíveis no caso concreto.
Devido o consumidor ser a parte mais fraca na relação de consumo, a prevenção e
reparação dos danos morais são direitos básicos do consumidor, contudo a função é
parte principal do estudo, onde se caracteriza como compensatória, punitiva, e
preventiva.
INTRODUÇÃO
A presente Monografia tem como objeto a pesquisa e estudo
do Caráter Punitivo do Dano Moral nos assuntos relacionados ao Código de Defesa
do Consumidor.
O seu objetivo é tentar buscar a função da aplicação do caráter
punitivo, e firmar qual a verdadeira finalidade da reparação do dano moral ao
consumidor.
Para tanto, principia–se, no Capítulo 1, tratando
essencialmente para a contextualização do tema no plano teórico. Realiza-se uma
abordagem específica da proteção jurídica da dignidade do consumidor, o princípio
da dignidade da pessoa humana que é inscrito como fundamento da República
Federativa do Brasil.
No Capítulo 2, versa sobre a personalidade civil do fornecedor
em face do consumidor. Considera-se satisfatória a disciplina legal da matéria
quanto ao ressarcimento dos bens materiais do consumidor em razão de fato ou
vicio de produtos e serviços. A prevenção e reparação dos danos morais são direitos
básicos do consumidor (art. 6.º, VI e VII, do CDC).
Os elementos constitutivos do dano moral estão inclusos no
segundo capítulo. Apresenta-se uma síntese histórica para indicar a evolução do
instituto, apresentando a distinção entre dano material e dano moral, fechando com
a prescrição da pretensão à reparação do dano moral, que segue fixado no
CC/2002, uma vez que o CDC trata somente do prazo extintivo de direito material
relacionado ao fato do produto ou serviço.
No 3.º, e último Capítulo, dispõe sobre a reparação do dano
moral, ao lado das consagradas finalidades compensatória, punitivas, e preventiva
do dano moral em de sede de relação de consumo. A fixação do valor do dano moral
não encontra parâmetro previamente ficado na lei, vedando-se sua vinculação ao
salario mínimo, sendo tarefa atribuída exclusivamente ao juiz, todavia mediante uma
racional justificativa por parte do emérito julgador.
12
O presente Relatório de Pesquisa se encerra com as
Considerações Finais, nas quais são apresentados pontos conclusivos destacados,
seguidos da estimulação à continuidade dos estudos e das reflexões sobre a
aplicação dos danos morais compensatórios, punitivos e preventivos nos assuntos
tratos sob a égide do código de defesa do consumidor.
Para a presente monografia foram levantadas as seguintes
hipóteses:
[Hipótese 1]
A prevenção e reparação dos danos morais são direitos
básicos do consumidor, contudo a função é tanto como compensatória, punitiva
como preventiva, devido o consumidor ser a parte mais fraca na relação de
consumo.
[Hipótese 2]
A tarifação do dano moral atenta contra os direitos subjetivos
daquele que sofreu o dano, contudo cabe àquele que causa um dano a outrem o
dever de indenizá-lo integralmente, desde que não ocorra o empobrecimento
indevido do ofensor. O juiz deve calcular uma quantia que não seja irrisória, a ponto
de agravar ou expor ao ridículo a vítima, mas que represente uma compensação
diante do que perdeu ou sofreu.
[Hipótese 3]
Diante do fato que a fixação de danos morais é baseada em
critérios subjetivos, a jurisprudência deve fixar valores diferentes para casos
semelhantes de dano moral, pois a comprovação dos danos morais no Direito do
Consumidor é demonstrada mediante raciocínio lógico, argumentativo,
demonstrando a dor do ofendido.
Quanto à Metodologia empregada, registra-se que, na Fase de
Investigação5 foi utilizado o Método Indutivo6, na Fase de Tratamento de Dados o
5 “[...] momento no qual o Pesquisador busca e recolhe os dados, sob a moldura do Referente estabelecido [...]. PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. 11 ed.
13
Método Cartesiano7, e, o Relatório dos Resultados expresso na presente Monografia
é composto na base lógica Indutiva.
Nas diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as Técnicas
do Referente8, da Categoria9, do Conceito Operacional10 e da Pesquisa
Bibliográfica11.
Florianópolis: Conceito Editorial; Millennium Editora, 2008. p. 83.
6 “[...] pesquisar e identificar as partes de um fenômeno e colecioná-las de modo a ter uma percepção ou conclusão geral [...]”. PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. p. 86.
7 Sobre as quatro regras do Método Cartesiano (evidência, dividir, ordenar e avaliar) veja LEITE, Eduardo de oliveira. A monografia jurídica. 5 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001. p. 22-26.
8 “[...] explicitação prévia do(s) motivo(s), do(s) objetivo(s) e do produto desejado, delimitando o alcance temático e de abordagem para a atividade intelectual, especialmente para uma pesquisa.” PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. p. 54.
9 “[...] palavra ou expressão estratégica à elaboração e/ou à expressão de uma idéia.” PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. p. 25.
10 “[...] uma definição para uma palavra ou expressão, com o desejo de que tal definição seja aceita para os efeitos das idéias que expomos [...]”. PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. p. 37.
11 “Técnica de investigação em livros, repertórios jurisprudenciais e coletâneas legais. PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. p. 209.
CAPÍTULO 1
PROTEÇÃO JURÍDICA DA DIGNIDADE DO CONSUMIDOR
1.1 PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
A dignidade da pessoa humana constitui-se, ao lado do direito
à vida, núcleo essencial dos direitos humanos. É parte essencial da pessoa,
portanto, é antecessora ao direito, não necessitando de reconhecimento jurídico
para sua existência, mas sim para a legitimidade do ordenamento jurídico. É
requisito indispensável o reconhecimento da dignidade. 12
Discorre Santana, que após a Segunda Guerra Mundial, houve
a necessidade de se firmar um pacto entre as nações que tivesse como objetivo a
manutenção da existência do nosso próprio planeta, pois havia prova mais do que
suficiente de que o ser humano já reunia condições para destruí-lo de forma
irremediável. Partindo desta premissa, os valores foram reavaliados, os objetivos
foram redefinidos e as medidas pragmáticas foram implementadas.13
Neste contexto, a Organização das Nações Unidas (ONU)
aprovou, por Resolução da III Sessão Ordinária da Assembleia Geral, realizada em
Paris em 10.12.1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, estabelecendo
como orientação prioritária da ordem jurídica internacional o ser humano.
Em seu preâmbulo, a Declaração Universal dos Direitos
Humanos prevê:
Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos
os membros da família humana e de seus direitos iguais e
12
DINIZ, Maria Helena, Compêndio de introdução à ciência do direito. 12. Ed. São Paulo. Saraiva.2002 P. 39/40.
13 SANTANA, Héctor Valverde; Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 34.
15
inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no
mundo.14
Já os direitos invioláveis inerentes à pessoa estão elevados
nos artigos 1° e 5° da Constituição Federal como fundamento da ordem político-
constitucional, pelo valor constitucional da dignidade da pessoa humana.
Neste sentido leciona Reale:
o ser humano é o único ente que pode recepcionar valores, cuja
noção não se limita apenas a um conjunto de fatores biológicos e
psicológicos, mas tem capacidade de inovação e superação, vez que
pode dar sentido aos atos e às coisas. O ser humano caracteriza-se
pela autoconsciência, não é um mero acontecimento natural, e sua
existência está associada à idéia de pessoa dotada de dignidade. 15
Portanto, a dignidade é um marco na nossa Constituição,
influenciando toda a matéria dos direitos fundamentais, bem como todo o atuar
interpretativo das normas, supondo um limite no exercício dos direitos próprios e um
dever genérico de respeito aos direitos próprios e alheios. 16
1.2 DIREITOS DA PERSONALIDADE
Os direitos da personalidade são classificados em relação ao
elemento corporal do individuo, tais como os direitos a vida, ao próprio corpo
estando vivo ou morto, ou quanto à parte imaterial ou moral.17
No tocante aos direitos de personalidade, Carlos Alberto Bittar
diz:
Os direitos reconhecidos à pessoa humana tomada em si mesma e
em suas projeções na sociedade, previstos no ordenamento jurídico
14
Preâmbulo da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1.948 - ONU.
15 REALE, Miguel. Filosofia do direito. 18 Edição. São Paulo: Saraiva, 1998. P.210.
16 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais. São Paulo: editora Atlas, 2007. p.46
17 BRITTAR, Carlos Alberto. Curso de Direito Civil. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1994. P.203/207.
16
exatamente para a defesa de valores inatos no homem, como a vida,
a higidez física, a intimidade, a honra, a intelectualidade e outros
tantos.18
No tocante aos direitos da personalidade ensina Santana:
São direitos inatos ou originários, uma vez que acompanham o ser
humano desde o momento de seu nascimento, independentemente
de reconhecimento expresso pelo direito positivo. São direitos
essenciais e vitalícios. A essencialidade significa que tais direitos são
imprescritíveis à fruição da vida em suas mais ampla acepção. A
vitaliciedade significa que os direitos da personalidade acompanham
o ser humano durante todo o curso de sua vida, contrapondo-se à
idéia de direitos temporários.19
Na visão de Orlando Gomes:
São direitos essenciais ao desenvolvimento da pessoa humana, que
a doutrina moderna preconiza e disciplina, no corpo do Código Civil,
como direitos absolutos. Destinam-se a resguardar a eminente
dignidade da pessoa humana, preservando-a dos atentados que
pode sofrer por parte de outros indivíduos. Ou, por fim, como define
Francisco Amaral, "direitos da personalidade são direitos subjetivos
que têm por objeto os bens e valores essenciais da pessoa, no seu
aspecto físico, moral e intelectual.20
Todavia a construção teórica dos direitos da personalidade
elaborada no campo do direito privado deve ser transportada para o direito do
consumidor, merecendo adequação ao princípio da vulnerabilidade do consumidor
no mercado. 21
18
BRITTAR, Carlos Alberto. Curso de Direito Civil. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1994. P.01.
19 SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 44.
20 GOMES, Orlando. Introdução ao Direito Civil. 18. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001.P.243.
21 SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 45.
17
Cabe destacar, que o Código de defesa do consumidor não
destina regras especificas aos direitos da personalidade do consumidor, mas a
interpretação sistemática conduz à conclusão de que os direitos imaterias da parte
vulnerável como já mencionado, tem amparo legal. Bem como a lei consumerista
prevê a tutela a vida, saúde, hora, intimidade, dentre outros direitos da
personalidade. Sendo que lesões a tais direitos enseja na reparação de danos
morais, assim prevê o art. 6º, VI e VII, do CDC.22
1.3 RELAÇÃO JURÍDICA DE CONSUMO
Incontestavelmente o consumo é um ato inseparável do
cotidiano do ser humano. É possível afirmar que todos somos consumidores, sem
depender da classe social e até mesmo da faixa de renda, consumimos desde o
nascimento e em todos os períodos de nossa existência. Tal fato ocorre por motivos
variados, que vão desde a necessidade de sobrevivência até o consumo por simples
desejo, o consumo pelo consumo.23
Para João Baptista de Almeida:
As relações de consumo são bilaterais, pressupondo numa ponta o
fornecedor – que pode tomar a forma de fabricante, produtor,
importador, comerciante e prestador de serviço -, aquele que se
dispõe a fornecer bens e serviços a terceiros, e na outra, ponta, o
consumidor, aquele subordinado às condições e interesses impostos
pelo titular dos bens ou serviços, no atendimento de suas
necessidades de consumo.24
Na acepção de Diniz:
22
SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 45.
23 SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 46.
24 ALMEIDA, João Batista de Almeida. A proteção jurídica do consumidor. São Paulo: Saraiva. 2002. P.01.
18
O homem está em permanente interação na sociedade, fato que
possibilita o nascimento de diversas relações sociais. Os
comportamentos humanos são disciplinados por intermédios de
normas jurídicas, que transformam as genéricas relações sociais em
relação jurídicas.25
Contudo a relação jurídica surge como normatização de certos
comportamentos humanos, e decorre da legislação que incorpora as fundamentais
relações sociais ao sistema jurídico. Sucede que há exceções, pois em
determinadas situações não decorrem de comportamento humano, mais sim de uma
opção do legislador em adotar determinado suporte fático como relevante para o
direito, ex: a relação jurídica tributaria, a qual a lei atribui a determinado sujeito de
direito relação de pagar quantia certa em dinheiro aos cofres públicos em razão da
verificação do fato gerador, sendo este um exemplo da não decorrência de
comportamento humano.26
Portanto, para o CDC a relação de consumo consiste na
relação jurídica entre o sujeito fornecedor e o sujeito consumidor, compondo o seu
objeto a aquisição de produtos ou a utilização de serviços pelo consumidor.27
1.4 DEFINIÇÃO DE CONSUMIDOR
Este conceito afasta quaisquer exclusões quer de classe
econômica, quer de função social. Bastará que numa relação jurídica com um
fornecedor, alguém se posicione como “destinatário final” de um bem ou de um
serviço, para que a conheçamos como consumidora. O Estado, grandes empresas
ou um só cidadão, quando são destinatários finais de produtos ou serviços, são eles
consumidores. Diante desta definição, não é consumidor quem adquire bens para
25
DINIZ, Maria Helena, Compêndio de introdução à ciência do direito. 12. Ed. São Paulo. Saraiva.2002 P. 500.
26 SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 47.
27 SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 47.
19
transformar, repassar, reparcelar ou revender, pois nesses casos, não se trata de
destinação final.28
Para não gerar dúvidas, o Código de Defesa do Consumidor,
define consumidor em seu artigo 2º:
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou
utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Diversos autores difundiram em suas obras o conceito jurídico
de consumidor.
Na visão de Marcelo Kokke Gomes, consumidor é:
Aquele que adquire ou utiliza um produto ou serviço como
destinatário final. Destinatário final é aquele que utiliza o produto ou
serviço para atender a necessidade própria, tendo em vista a própria
essência do bem.29
Consumidor é entendido por José Geraldo Brito Filomeno como
“qualquer pessoa física ou jurídica, que isolada ou coletivamente, contrate para
consumo final, em benefício próprio ou de outrem, a aquisição ou a locação de bens,
bem como a prestação de um serviço”. 30
Fábio Konder Comparato, conceitua o consumidor como:
todo aquele que se acha na posição de usar ou consumir,
estabelecendo-se uma relação potencial ou fáctica, a que se deve
dar uma valoração jurídica, para protegê-lo e reparando-lhe os danos
28
GAMA, Hélio Zaghetto. Curso de Direito do Consumidor.3ª Edição, Rio de Janeiro: Editora Forense, 2006. P.38.
29 GOMES, Marcelo Kokke. Responsabilidade civil: dano e defesa do consumidor. Belo Horizonte: Editora Del Rey, 2001. P. 121.
30 GRINOVER, Ada Pelegrini; BENJAMIN, Antônio Herman; FILOMENO, José Geraldo Brito V. et. Al. Código Brasileiro de Defesa do Consumidor Comentado pelos Autores. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2001. P.26.
20
sofridos, com o que se alcançam todos que se encontram na posição
de consumir.31
O conceito de consumidor é imprescindível para o
enquadramento jurídico de um agente, seja pessoa jurídica, seja pessoa física.
Aquele que apresente as características apresentadas nos conceitos de consumidor
será amparado pelo Código de Defesa do Consumidor e também por toda a
legislação de vinculada aos interesses do consumidor.
1.5 DEFINIÇÃO DE FORNECEDOR
A expressão fornecedor engloba todos os que estão envolvidos
na oferta de produtos e serviços no mercado de consumo, evitando futuras
discussões a respeito da inclusão de determinada atividade no âmbito de aplicação
do CDC.
Neste sentido, menciona o CDC, no caput do artigo 3º, que é
fornecedor toda pessoa física ou jurídica que desenvolve a atividade de produção,
montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição
ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
Como o disposto trata em desenvolvimento de atividade, exige-
se que haja uma habitualidade ou reiteração na prática que é tida como
fornecimento de mercadorias ou serviços, o que revela uma determinada
profissionalização da conduta do fornecedor.
A lei também inclui como fornecedor as pessoas jurídicas de
direito público e privado, nacionais e estrangeiros, bem como os entes
despersonalizados que desenvolvam as referidas atividades negociais. Por outro
lado, as entidades associativas e os condomínios não se submetem as regime do
CDC, pois seus associados e condôminos deliberam o seu fim social, ou seja, os
próprios interessados decidem a atuação desses antes.
31
COMPARATO, Fábio Konder. A proteção do consumidor: importante capítulo do direito económico.
21
Na visão de Santana, a atividade do fornecedor de produtos e
serviços no mercado de consumo deve necessariamente observar os princípios e
regras dispostos no Título VII (Da ordem econômica e financeira) da Constituição
Federal, dentre eles a livre iniciativa e a proteção do consumidor.32
Ainda na visão de Santana:
Fornecedor Real, considerado como o realizador do produto, o
responsável pela fabricação ou produção do bem econômico.
Fornecedor aparente, entendido aquele que não participou da
fabricação ou produção do bem econômico, mas apõe no bem
acabado o seu nome, marca ou outro sinal distintivo. Fornecedor
presumido é o importador ou comerciante que introduz produtos no
mercado de consumo sem atentar para a regra representada pela
imperativa identificação acerca do produtor, fabricante, importador ou
construtor.33
Na concepção de Silvio Luís da Rocha, oferece classificação
do fornecedor levando-se em conta o dever de indenizar pelo dano provocado ao
consumidor.
Para Plácido Silva, fornecedor é derivado do francês fournir,
fornisseur, é todo comerciante ou estabelecimento que abastece ou fornece
habitualmente uma casa ou outro estabelecimento dos gêneros e mercadorias
necessárias a seu consumo.34
Todavia considera-se fornecedor todos que propiciem a oferta
de produtos e serviços no mercado de consumo, de maneira a atender às
necessidades dos consumidores, sendo despiciendo indagar-se a que título, sendo
relevante, isto sim, a distinção que se deve fazer entre as várias espécies de
fornecedor nos casos de responsabilização por danos causados aos consumidores,
ou então para que os próprios fornecedores atuem na via regressiva e em cadeia de
32
SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 34.
33 SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 77
34 SILVA, de Plácido e. Vocabulário jurídico. 19 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002.
22
mesma responsabilização, visto que vital a solidariedade para a obtenção efetiva de
proteção que se visa oferecer aos mesmos consumidores.35
Das espécies de fornecedores: a) Fornecedor pessoa física ou
jurídica: é qualquer pessoa física, ou seja, qualquer um que, a título singular,
mediante desempenho de atividade mercantil ou civil e de forma habitual ofereça no
mercado produtos ou serviços, e a jurídica, da mesma forma, mas em associação
mercantil ou civil e de forma habitual. B) Fornecedor Público ou Privado:
entendendo-se no primeiro caso o próprio Poder Público, pôr si ou então pôr suas
empresas públicas que desenvolvam atividade de produção, ou ainda as
concessionárias de serviços públicos, sobrelevando-se salientar nesse aspecto que
um dos direitos dos consumidores expressamente consagrados pelo art. 6º, mais
precisamente no seu inciso X, é a adequada e eficaz prestação dos serviços
públicos em geral. C) Fornecedor nacional ou estrangeiro: exportem produtos ou
serviços para o país, arcando com a responsabilidade pôr eventuais danos ou
reparos o importador que posteriormente poderá regredir contra os fornecedores
exportadores. D) fornecedor ente despersonalizado: entendidos os que, embora não
dotados de personalidade jurídica, quer no âmbito mercantil, quer no civil, exercem
atividades produtivas de bens e serviços, como, pôr exemplo, a gigantesca Itaipu
Binacional, em verdade um consórcio entre os governos brasileiro e paraguaio para
a produção de energia elétrica, e que tem regime jurídico sui generis.36
Todavia existe uma diferenciação nos critérios para o
fornecimento de produtos e serviços, que vêm definidos nos parágrafos do art. 3º do
CDC.
35
Santa Catarina TJ. Artigo: A aplicabilidade do código de defesa do consumidor às relações entre clientes e instituições bancárias. Data 16/06.2010. Disponível em http://jus2.uol.com.br/doutrina/. Acesso em 07/08/2010. 36
Santa Catarina TJ. Artigo: A aplicabilidade do código de defesa do consumidor às relações entre clientes e instituições bancárias. Data 16/06.2010. Disponível em http://jus2.uol.com.br/doutrina. Acesso em 07/08/2010.
23
1.6 DEFINIÇÃO DE PRODUTO
O art. 3º, § 1º, do CDC estabelece que produto é qualquer
bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. A definição legal de produto é ampla e
revela a posição do legislador em enquadrar o maior número de casos concretos
possíveis. Objetiva-se, pois, considerar produto como todos os bens disponíveis no
mercado de consumo.37
Ensina Eduardo Gabriel Saad a divisão dos produtos em
móveis ou imóveis, materiais ou imateriais:
São, portanto, empresas fornecedoras aquelas que têm por
finalidade comprar e vender imóveis que são coisas que se não
podem transportar sem destruição para outro lugar, compreendendo
o solo, o que nele se incorpora permanentemente, os objetos usados
na exploração industrial do imóvel, no seu aformoseamento, ou
destinados a torná-los mais cômodo.38
Cabe ressaltar que o termo produto como objeto da relação
jurídica de consumo gera posicionamentos divergentes na doutrina.
Na visão de José Geraldo B. Filomeno entende que o mais
apropriado seria o CDC adotar o vocábulo bem em vez de produto. Sustenta que o
termo bem é muito mais técnico do ponto de vista jurídico.39
Para Luiz Antônio Rizzato Nunes diverge do posicionamento
acima, e afirma que o CDC fez a melhor opção terminológica, sendo o vocábulo
produto o mais adequado e segue a definição contemporânea, superando a
terminologia do direito civil clássico, que trata, em bem ou coisa como objeto da
relação jurídica.40
37
SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 81.
38 SAAD, Eduardo Gabriel. Comentários ao Código de Defesa do Consumidor, 3.ed. São Paulo :
Ltr, 1998, p. 83/84.
39 FILOMENO, José Geraldo Brito. Manual de direito do consumidor. 9 ed. são Paulo. atlas,
2007. P. 41.
40 NUNES, Luiz Antônio Rizzatto. Manual de introdução ao estudo do Direito. 2 ed. São Paulo.
Saraiva, 2000. P. 105.
24
Na acepção de Santana produto é o resultado de uma obra
humana, realizada especificamente por determinado agente econômico e que se
caracteriza por uma obrigação de dar ao consumidor o bem da vida almejado.41
Para Benjamin fornecimento de produto é:
O critério caracterizador é desenvolver atividades tipicamente
profissionais, como a comercialização, a produção, a importação,
indicando também à necessidade de certa habitualidade, como a
transformação, a distribuição de produtos. Essas características vão
excluir da aplicação das normas do CDC todos os contratos firmados
entre dois consumidores, não-profissionais, que são relações
puramente civis as quais se aplica o CC/2002. A exclusão parece-me
correta, pois o CDC, ao criar direitos para os consumidores, cria
deveres, e amplos, para os fornecedores.42
Portanto para o CDC, produto é qualquer bem objeto da
relação de consumo.
Constata-se que além de considerar produto como os bens
móveis, imóveis, materiais e imateriais, o CDC, por via do art. 26, refere-se a
produtos e serviços duráveis e não duráveis, noção fundamental para a fixação do
prazo decadencial.
Art. 26: O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil
constatação caduca em:
I - 30 (trinta) dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de
produto não duráveis;
II - 90 (noventa) dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de
produto duráveis.
41
SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 80.
42 BENJAMIN, Antônio Herman V. Manual de direito do consumidor. Antônio Herman V.
Benjamin, Claudia Lima Marqques, Leonardo Roscoe Bessa. 2. Ed. rev. Atual. e ampl. São Paulo. Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 82.
25
Do mesmo modo, quanto à classificação de produtos pelo
CDC, identifica-se a utilização do termo perecíveis para disciplinar a
responsabilidade do comerciante por fato do produto, nos moldes do art. 13, III. Há
previsão da responsabilidade civil do fornecedor por vícios de produto in natura, nos
termos do art. 18 § 5º, do referido diploma legal.43
1.7 DEFINIÇÃO DE SERVIÇO
O art. 3º, § 2º do CDC define serviço qualquer atividade
fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza
bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de
caráter trabalhista. O serviço é a segunda espécie de bem da vida considerando
como objeto da relação jurídica de consumo.44
Na acepção de Eduardo Gabriel Saad, conceitua serviço
dizendo, é enfim, uma atividade humana que, na ótica do CDC, exerce-se sem
vínculo empregatício e, de conseguinte, com autonomia, mas sempre remunerada,
pois o serviço gratuito escapa à regulamentação legal.45
No entendimento de Santana:
A remuneração é traço distintivo dos serviços prestados ao
consumidor é característica desta espécie de objeto da relação
jurídica destinada à proteção do sujeito vulnerável no mercado.
Infere-se, pois, que a prestação de serviço a titulo gratuito é excluída
do objeto da relação jurídica de consumo. Exige-se a exata
compreensão da existência ou não da remuneração, uma vez que
esta pode ocorrer direta ou indiretamente.46
43
SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 83.
44 SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do
Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 85.
45 SAAD, Eduardo Gabriel. Comentários ao Código de Defesa do Consumidor, 3.ed. São Paulo :
LTr, 1998, p. 83.
46 SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do
Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 85.
26
A remuneração pode ser efetuada de forma direta e indireta. A
remuneração de forma direta constitui na contraprestação do consumidor ao serviço
prestado pelo fornecedor, esta situação verifica-se na relação contratual, exigindo o
CDC que haja proporcionalidade entre o preço pago pelo consumidor e a natureza
do serviço prestado pelo fornecedor, ou seja, preconiza-se em equilíbrio nas
prestações sujeitas. Já a relação de forma indireta, é no caso da inexistência de uma
contraprestação especifica ao serviço prestado pelo fornecedor. A remuneração
indireta esta embutida no preço final, representando uma facilidade ou um atrativo
disponibilizado pelo fornecedor, mas que também se caracteriza como um serviço
de consumidor.47
Ressalta Benjamin:
Quanto ao fornecimento de serviços, a definição do art. 3º do CDC
foi mais concisa e, portanto, de interpretação mais aberta: menciona
apenas o critério de desenvolver atividade de prestação de serviço.
Mesmo o §2º do art.3º define serviço como qualquer atividade
fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, não
especificando se o fornecedor necessita ser um profissional,
bastando que esta atividade seja habitual ou reiterada. Segundo a
doutrina brasileira, fornecer significa prover, abastecer, guarnecer,
dar, ministrar, facilitar, proporcionar, trata-se, portanto, de uma
atividade independente de quem realmente detém a propriedade dos
eventuais bens utilizados para prestar o serviço e seus deveres
anexos.48
Todavia, distingue se a prestação de serviços do fornecimento
de produtos pela materialidade de bem da vida objeto da relação jurídica de
consumo. O serviço caracteriza-se pela realização de uma atividade de caráter
imaterial, enquanto o produto é identificado pelo fornecimento de um bem da vida de
cunho material. Registre-se que em determinados casos há prestação de serviço, de
natureza imaterial. O Código de defesa do consumidor não contempla a hipótese
47
SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 87.
48 BENJAMIN, Antônio Herman V. Manual de direito do consumidor. Antônio Herman V. Benjamin, Claudia Lima Marqques, Leonardo Roscoe Bessa. 2. Ed. rev. Atual. e ampl. São Paulo. Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 82..
27
desta ação do fornecedor, identificando-se uma lacuna no sistema jurídico,
transferindo para o intérprete a solução da questão.49
1.8 SÍNTESE HISTÓRICA DANO MORAL
O conjunto sistematizado de normas foi descoberto em 1952,
pelo assiriólogo e Professor Samuel Noah Kramer, da Universidade da Universidade
da Pensilvânia (EUA). Trata-se do Código de Ur-Nammu, editado pelo precursor da
terceira dinastia do Ur, país dos primitivos povos sumerianos. Identifica-se neste
código a previsão de reparação dos danos morais decorrentes de dores físicas,
inclusive com técnica refinada de solução de conflitos, pois não se valia da vingança
equivalente perpetrada pela vitima, preconizada pela pena de Talião, mas de uma
compensação pecuniária tarifada pelo próprio Legislador.50
O Rei da Babilônia em 1792-1750 a.C, Hummurabi,
aproximadamente trezentos anos após edição do Código de Ur-Nammu, apoiado em
leis sumérias e acadianas, realizou trabalho de normatização dos hábitos e
costumes de seu povo. Levando em consideração a estrutura social, principalmente
a necessidade de disciplinar as relações entre os integrantes de uma classe. Sendo
adotado o princípio geral de que os fortes não prejudicam os fracos.51
O Código de Hummurabi regulamentava o comércio, do modo
que o controle e a supervisão se encontravam a cargo do palácio. O que
demonstrava existir preocupação com o lucro abusivo, certamente o consumidor já
tinha seus interesses resguardados.52
No entanto, O código de Ur-Nammu, diferenciava a regra geral
da reparação do dano no código de Humurabi repousava sobre a pena de Talião,
49
SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 87.
50 SILVA, Wilson Melo da. O dano moral e sua reparação. 3. Ed. Rio de Janeiro: Forense, 1999. P. 15.
51 REIS, Clayton. Dano moral. 4. Ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998. P. 10-11.
52 PERIN, Junior Ecio. A globalização e o direito do consumidor: aspectos relevantes sobre a harmonização legislativa dentro dos mercados regionais. Berueri. São Paulo. Ed. Manole. 2003. P. 06.
28
sustida olho por olho, dente por dente. Afastou-se da compensação pecuniária e
acolheu a vingança equivalente da vitima.53
Encontravam-se alguns mecanismos esporádicos de proteção
aos interesses do consumidor também na Mesopotâmia, no Egito Antigo e na Índia
do século XIII a. C. onde o código de Massú previa pena de multa e punição, além
dos ressarcimentos de danos, aos que adulterassem gêneros ou entregassem coisa
de espécie inferior à acertada ou, ainda vendessem bens de igual natureza por
preços diferentes. 54
Durante a Idade Média, os consumidores eram protegidos pela
estrutura moral da Igreja Católica, pelas normas internas dos ofícios de corporações
e pelo conhecimento intrínseco que detinham dos produtos.55
Pouquíssimas leis tratavam das transações comerciais, e a
legislação existente não tutelava especificamente o consumidor, e tampouco
favoreciam o vendedor. Nota-se que as relações de consumo eram direta com os
produtores, e os produtos eram, em geral, feitos sob medidas ou seja de caráter
pessoal. Com a expansão do comercio e da manufatura, as praticas fraudulentas na
produção de alimentos eram comuns.56
O alto valor das especiarias tornavam-se alvo fácil para
adulterações. Com a invenção do microscópio e sua intensa utilização no século
XVII para análise da água e dos alimentos, foi possível detectar adulterações e
contaminações.57 No entanto, o fortalecimento da sociedade capitalista, criando o
53
SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 120.
54 PERIN, Junior Ecio. A globalização e o direito do consumidor: aspectos relevantes sobre a harmonização legislativa dentro dos mercados regionais. Berueri. São Paulo. Ed. Manole. 2003. P. 06.
55 PERIN, Junior Ecio. A globalização e o direito do consumidor: aspectos relevantes sobre a harmonização legislativa dentro dos mercados regionais. Berueri. São Paulo. Ed. Manole. 2003. P. 06.
56 PERIN, Junior Ecio. A globalização e o direito do consumidor: aspectos relevantes sobre a harmonização legislativa dentro dos mercados regionais. Berueri. São Paulo. Ed. Manole. 2003. P. 06.
57 PERIN, Junior Ecio. A globalização e o direito do consumidor: aspectos relevantes sobre a harmonização legislativa dentro dos mercados regionais. Berueri. São Paulo. Ed. Manole. 2003. P. 07.
29
mercado da força de trabalho e o mercado de bens de consumo, fez surgir às
primeiras manifestações organizadas de consumidores em fins do século XIX.58
Feitas essas breves considerações a respeito da evolução
históricas que antecedem o movimento consumerista, passa-se falar deste
propriamente dito. Não foi por caso que este movimento, consumerismo, tenha
origem nos Estados Unidos da América. Nesse pais se manifesta, antes de qualquer
outro, e de forma intensa, o capitalismo monopolista e oligopólico. Surge a Nacional
Consumer League, fundada em 1899.59
Em seguida, em 1906, é aprovado o Pure Food and Drug Act,
logo após o escândalo dos açougueiros de Chicago.60
Nota-se que a historia do direito do consumidor está associada
diretamente ao surgimento dos mercados de massa, especialmente após a Segunda
Guerra Mundial, período em que houve uma expansão no consumo de bens
duráveis jamais vista na história do capitalismo.61
Cabe destacar o que menciona Perin:
Especialmente nesse período viu-se desenvolver de maneira
bastante generalizada entre as economias capitalistas mundiais a
sociedade de consumo (mass consumption society) nos padrões
pioneiramente estabelecidos nos Estados Unidos, tendo sido
rapidamente acompanhada pelas demais sociedades capitalistas
58 ZULSKE, Maria Lúcia. Abrindo a Empresa para o Consumidor. A importância de um canal de
atendimento. São Paulo: Qualitywork, 1991. P. 04.
59 PERIN, Junior Ecio. A globalização e o direito do consumidor: aspectos relevantes sobre a harmonização legislativa dentro dos mercados regionais. Berueri. São Paulo. Ed. Manole. 2003. P. 07.
60 GAMBARO, Marco. Consumo e difesa dei consumatori – Un’analisi econômica. Roma-Bari:
editori Laterza, 1995. P. 03.
61 PERIN, Junior Ecio. A globalização e o direito do consumidor: aspectos relevantes sobre a harmonização legislativa dentro dos mercados regionais. Berueri. São Paulo. Ed. Manole. 2003. P. 09.
30
avançadas, e é nesse ambiente que se desenvolverá o direito do
consumidor.62
Conclui-se que o direito do consumidor era apenas uma das
disciplinas formais de controle da regulação econômica a florescer durante esse
período.63
1.8.1 O MOVIMENTO CONSUMERISTA NO BRASIL
O processo de industrialização, iniciado no final do século XIX,
intensificou-se durante a Segunda Guerra Mundial e no pós-guerra (1956/60),
chegando ao seu ápice nos anos 70.64
A década de 70 constituiu o apogeu do desenvolvimento da
legislação de proteção do consumidor nas economias capitalistas avançadas
ocidentais, e, neste cenário de grande desenvolvimento, influenciou profundamente
a economia e industrialização brasileira, marcando o inicio da defesa do direito do
consumidor como reivindicação da sociedade civil. 65
Por iniciativa da sociedade civil em 1974 surgiu o Conselho de
Defesa do Consumidor, (CODECON) com sede no Rio de Janeiro. Em 1976 surgem
duas associações de defesa do consumidor: Associação de Defesa e Orientação do
62
PERIN, Junior Ecio. A globalização e o direito do consumidor: aspectos relevantes sobre a harmonização legislativa dentro dos mercados regionais. Berueri. São Paulo. Ed. Manole. 2003. P. 09.
63 PERIN, Junior Ecio. A globalização e o direito do consumidor: aspectos relevantes sobre a harmonização legislativa dentro dos mercados regionais. Berueri. São Paulo. Ed. Manole. 2003. P. 09.
64 PERIN, Junior Ecio. A globalização e o direito do consumidor: aspectos relevantes sobre a harmonização legislativa dentro dos mercados regionais. Berueri. São Paulo. Ed. Manole. 2003. P. 13.
65PERIN, Junior Ecio. A globalização e o direito do consumidor: aspectos relevantes sobre a harmonização legislativa dentro dos mercados regionais. Berueri. São Paulo. Ed. Manole. 2003. P. 14.
31
Consumidor (ADOC) em Curitiba e a Associação de Proteção ao Consumidor (APC)
em Porto Alegre.66
O decreto n. 7890, expedido pelo Governador do Estado de
São Paulo em 1976, foi o primeiro sinal público do consumerismo brasileiro. Dois
anos depois, 1978 o sistema reforça com a lei n. 1903 do Estado de São Paulo que
cria o Grupo Executivo de Proteção ao Consumidor (PROCON). Tudo isso ocorrido
no âmbito Estadual, sendo que somente nos anos 80 é criado no âmbito Federal o
Conselho Nacional de Defesa do Consumidor (CNDC). Foi em 1985, com a função
da elaboração de uma política nacional de defesa do Consumidor. 67
Cabe destacar que nesse período a Ordem dos Advogados do
Brasil, a Confederação da Industria e Comercio, o Ministério Público, entre outros
integram a órgão de associações de consumidores.68
Todavia foi por meio do CNDC que surgiram proposta à
Constituinte visando a inclusão da defesa do consumidor no texto da nova carta
constitucional e, ainda, a idéia e a criação de uma comissão de notáveis juristas,
com o objetivo de elaborar o anteprojeto do Código de defesa do Consumidor.69
Em 11 de março de 1991, entrou em vigor no Brasil o Código
de Defesa do Consumidor junto com disposições orgânicas que, a partir das
recomendações da ONU e das diretivas da CEE, reúne e converte em lei a política
nacional dos relacionamentos de consumo.70
66
PERIN, Junior Ecio. A globalização e o direito do consumidor: aspectos relevantes sobre a harmonização legislativa dentro dos mercados regionais. Berueri. São Paulo. Ed. Manole. 2003. P. 14.
67 PERIN, Junior Ecio. A globalização e o direito do consumidor: aspectos relevantes sobre a harmonização legislativa dentro dos mercados regionais. Berueri. São Paulo. Ed. Manole. 2003. P. 15.
68 PERIN, Junior Ecio. A globalização e o direito do consumidor: aspectos relevantes sobre a harmonização legislativa dentro dos mercados regionais. Berueri. São Paulo. Ed. Manole. 2003. P. 15.
69 PERIN, Junior Ecio. A globalização e o direito do consumidor: aspectos relevantes sobre a harmonização legislativa dentro dos mercados regionais. Berueri. São Paulo. Ed. Manole. 2003. P. 15.
70 PERIN, Junior Ecio. A globalização e o direito do consumidor: aspectos relevantes sobre a harmonização legislativa dentro dos mercados regionais. Berueri. São Paulo. Ed. Manole. 2003. P. 16.
32
A história do Dano moral no direito Brasileiro revela a
complexidade do tema e o longo debate baseado em idéias essencialmente
antagônicas. Contata-se que a doutrina e a jurisprudência nacionais enfrentaram a
tese da reparabilidade do dano moral, cujo debate propiciou, inclusive, a mudança
de foco de preocupação da própria ciência do direito.71
Leciona Santana, a discussão mais recente sobre existência ou
não do dano moral teve inicio no momento em que a Ciência do Direito, influenciada
pela edição do Código Civil Francês (1804), vertia sua tutela prioritária para o
aspecto patrimonial do ser humano. As legislações civis do sistema romano-
germânico tinham um enfoque principal na disciplina das relações jurídicas
obrigacionais, tudo visando à proteção material do sujeito de direito.72
Discorre Lozano Junior, a tese da reparabilidade do dano moral
passou por três momentos distintos. Inicialmente prevaleceu a teoria negativista,
consistente na expressiva oposição doutrinária quanto à possibilidade de reparação
do dano moral, seja direto ou indireto, com decisiva influência na jurisprudência
nacional. Já no segundo momento, é marcado por um temperamento da posição
radical que afirmava a impossibilidade de existência do dano moral. Trata da tória
eclética ou mista, que por sua vez admitida a reparabilidade do dano moral desde
que houvesse uma repercussão patrimonial. E finalmente, prevaleceu a teoria
positivista que acolheu a tese da reparabilidade do dano moral puro, sobretudo a
partir da inserção do tema na CF/88.73
A consignação da tese da reparabilidade do dano moral indica
que o sistema jurídico brasileiro abandonou a exclusividade da proteção patrimonial
e reconheceu que o ser humano também é dotado de valores extrapatrimoniais,
estes considerados fundamentais para sua existência digna, cujo tutela apresenta-se
71
SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 134.
72 SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 135.
73 REMÉDIO, José Antonio; FREITAS, José Fernando Seifarth de; LOZANO JÚNIOR, José Júlio.
Dano Moral. São Paulo. Saraiva, 200. P.21.
33
imprescindível à vida, classificada de uma sociedade livre, justa e solidária, coerente
com um dos objetivos fundamentais da Constituição Federal de 1988.74
Portanto, a aceitação da possibilidade de reparação de dano
provocado por lesão aos direitos da personalidade reflete estágio da atual Ciência
do Direito no sentido de valorizar o ser humano na sua acepção mais ampla da
dignidade, independente de repercussão patrimonial, mas nos bens que se
relacionam à sua esfera social, sendo estas físicas e psíquicas e reconhece que a
dignidade é muito mais importante que a mera patrimonialidade.75
74
SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 136.
75 SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 136.
34
CAPÍTULO 2
RESPONSABILIDADE CIVIL DO FORNECEDOR E ELEMENTOS
CONSTITUTIVOS DO DANO MORAL
2.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS
Diniz conceitua a responsabilidade Civil como a aplicação de
medidas destinadas à reparação de dano material ou moral em razão de prática de
ato próprio ou de terceiro, sendo esta a responsabilidade subjetiva e a
responsabilidade objetiva, mediante imposição legal, independente da existência de
culpa.76
Para Cavalieri Filho, a responsabilidade civil se da a partir da
noção de dever jurídico, afirmando que o dever jurídico não é mero conselho,
advertência ou recomendações, mas sim uma ordem ou comando à inteligência e à
vontade do sujeito de direito capaz de criar obrigações. O ato ilícito é uma violação
de um dever jurídico, originário ou primário que a ordem jurídica impõe um dever
jurídico sucessivo de reparar o dano.77
No entanto a definição de responsabilidade civil é marcada por
divergências doutrinarias, são utilizados diversos critérios para a sua elaboração,
tais como a culpa, o fato, as pessoas responsáveis ou a necessidade de equilíbrio
de direito e interesse.78
Dispõe o art. 12 do Código de Defesa do Consumidor:
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou
estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da
existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação,
construção, montagem, fórmulas manipulação, apresentação ou
76
DINIZ, Maria Helena, Curso de direito Civil brasileiro: Responsabilidade Civil. 18. Ed. São Paulo. Saraiva.2002 P. 40
77 CAVALIERI, Filho Sergio. Programa de responsabilidade civil. 8 ed. São Paulo: Atlas, 2008. P.6.
78 SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 93.
35
acondicionamento de seus produtos, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.
A doutrina classifica os fornecedores sujeitos no pólo passivo
da relação jurídica de responsabilidade civil nas seguintes categorias: a) Fornecedor
real, envolvendo o fabricante, o produtor e o construtor; b) Fornecedor aparente, que
compreende o detentor do nome, marca ou signo aposto no produto final; c)
Fornecedor presumido, abrangendo o importador de produto industrializado ou in
natura e o comerciante de produto anônimo, sendo este disciplinado no art. 13 do
CDC.79
Entende-se por Fabricante qualquer um que, diretamente ou
indiretamente insere produto no mercado. Não é somente o que fabrica o produto de
modo completo final, como também o que fabrica peças ou componentes. Deste
modo, é considerado fabricante o mero montador, utilizando produtos produzidos por
terceiros, como o próprio responsável pela produção das matérias primas e
componentes. Nesse sentido é o que dispõe o § 2º do art. 25 do CDC.
Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que
impossibilite, exonere ou atenue a obrigação de indenizar prevista
nesta e nas seções anteriores.
§1º (...)
§2º. Sendo o dano causado por componente ou peça incorporada ao
produto ou serviço, são responsáveis solidários seu fabricante,
construtor ou importador e o que realizou a incorporação.
Neste sentido discorre Garcia, na era da especificação é
comum as empresas deterem somente o processo final da montagem. As empresas
automobilísticas chamada de montadoras se valem de outras que são criadas
justamente para produzirem peças especificas utilizadas na montagem do veiculo,
assim, por exemplo, quando o consumidor vem sofrer danos em razão de falha no
cinto de segurança e possui conhecimentos sobre quem o fabricou, poderá
79
GARCIA, Leonardo de Medeiros. Direito do Consumidor. 5 ed. Niterói, RJ: Impetus, 2009. P. 110.
36
perfeitamente acionar o fabricante da peça especifica, bem como o responsável pela
sua inserção no veiculo, que na verdade, é a própria empresa automobilística, já que
a responsabilidade é solidaria.80
O CDC considera Produtor, aquele que coloca no mercado de
consumo produtos não industrializados. Caso o produto venha a sofrer qualquer tipo
de processamento, por ex. embalagem, serão solidariamente responsáveis o
produtor e o responsável pela embalagem, sendo possível ação regressiva de quem
efetivamente efetuou a indenização sobre o quem causou defeito, conforme art. 13
do CDC.81
Já o construtor é aquele que coloca produtos imobiliários no
mercado de consumo, através do fornecimento de bens ou serviços.82
Fornecedor aparente se apresenta de apondo no produto o seu
próprio nome, marca ou sinal distintivo. Deste modo pode ser responsabilizado
diretamente.83
Por fim, o fornecedor presumido é o importador e o
comerciante de produtos anônimos. Cabe destacar que a lei admite, por ficção, que
assumam a condição de fabricantes, sendo-lhes imputada a responsabilidade pelos
acidentes de consumo. Isso porque, no caso de produtos importados, os verdadeiros
fabricantes ou produtores não podem, em razão da distancia serem
responsabilizados. No entanto se não houvesse essa ficção legal, dificilmente o
consumidor lesado poderia ser ressarcido, já que seria praticamente impossível
responsabilizar o verdadeiro fabricante.84
80
GARCIA, Leonardo de Medeiros. Direito do Consumidor. 5 ed. Niterói, RJ: Impetus, 2009. P. 110.
81 GARCIA, Leonardo de Medeiros. Direito do Consumidor. 5 ed. Niterói, RJ: Impetus, 2009. P. 110.
82 GARCIA, Leonardo de Medeiros. Direito do Consumidor. 5 ed. Niterói, RJ: Impetus, 2009. P. 111.
83 GARCIA, Leonardo de Medeiros. Direito do Consumidor. 5 ed. Niterói, RJ: Impetus, 2009. P. 111.
84 GARCIA, Leonardo de Medeiros. Direito do Consumidor. 5 ed. Niterói, RJ: Impetus, 2009. P. 111.
37
O Capítulo III, seção II do CDC, nos artigos 12 a 17, determina
a reparação dos danos, está-se referindo à ampla reparação integral dos danos
patrimoniais e morais.85
2.2. FATO DO PRODUTO OU SERVIÇO
O artigo 1º do CDC dispõe que o fornecedor de produtos e
serviços tem o dever jurídico de atuar no mercado de consumo mediante a
observância imperativa de normas de ordem pública e interesse social.86
A responsabilidade pelo fato e do serviço estão previstas nos
artigos 12 a 14 do CDC.
A expressão responsabilidade pelo fato do produto e do
serviço, embora de certo modo já tradicional no direito privado, não reflete, com
nitidez, o enfoque moderno que o direito do consumidor almeja dar ao problema.87
Ensina Benjamim:
A proteção do consumidor tem duas órbitas distintas de
preocupações. A garantia da incolumidade físico-psíquico é o
primeiro aspecto da proteção. É a tutela da saúde e segurança do
consumidor e visa resguardar a vida e a integridade física contra os
acidentes de consumo que os produtos e serviços possam provocar.
Trata-se da disciplina da responsabilidade civil do fornecedor pelo
fato do produto e do serviço. E a segunda forma da proteção do
consumo volta-se exclusivamente para o aspecto patrimonial. A
atividade do fornecedor deve corresponder à legitima expectativa do
consumidor, bem como não atentar contra os interesses econômicos
85 NUNES, Luiz Antônio Rizzatto. Manual de introdução ao estudo do Direito. 2 ed. São Paulo.
Saraiva, 2000. P. 176.
86 SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 93.
87 BENJAMIN, Antônio Herman V. Manual de direito do consumidor. Antônio Herman V. Benjamin,
Claudia Lima Marqques, Leonardo Roscoe Bessa. 2. Ed. rev. Atual. e ampl. São Paulo. Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 114.
38
destes. Cuida-se da responsabilidade civil do fornecedor por vícios
do produto e do serviço.88
No entanto as duas espécies de responsabilidade civil do
fornecedor se distinguem-se por alguns aspectos. A responsabilidade pelo fato não
envolve todos os produtos e serviço, mas tão somente aqueles que provocam
acidente de consumo, vale destacar que são considerados para esta espécie de
responsabilidade civil apenas os produtos e serviços que atentam contra orbita
extrínseca ou externa do consumidor. Por outro rumo, a responsabilidade por vícios
engloba todos os produtos introduzidos e todos os serviços prestados no mercado
de consumo que não atendam as legitimas expectativas do consumidor.89
2.3. VÍCIO DO PRODUTO OU SERVIÇO
O código trata em seções diferentes, da responsabilidade pelo
fato do produto e do serviço e da responsabilidade por vício, seção II e seção III do
Capítulo IV. Porém, não se confunde a responsabilidade pelo fato e do serviço a
qual esta prevista no art. 14 e 26 do CDC, com a responsabilidade por vício do
produto e do serviço. Enquanto na primeira há potencialidade danosa ou seja são
afetados por defeitos que trazem riscos à saúde e segurança do consumidor, na
segunda esta inexiste, verificando apenas anomalias que afetam a funcionalidade do
produto e do serviço, este sendo observado apenas vícios de qualidade e
quantidade, afetando o funcionamento ou o valor da coisa. 90
Todavia a responsabilidade pelo vício do produto ou serviço
busca proteger a esfera econômica, ensejando tão-somente o ressarcimento
segundo as alternativas previstas na lei de proteção, sendo: Substituição da peça
88
BENJAMIN, Antônio Herman V. Manual de direito do consumidor. Antônio Herman V. Benjamin, Claudia Lima Marqques, Leonardo Roscoe Bessa. 2. Ed. rev. Atual. e ampl. São Paulo. Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 114.
89 SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 104.
90 ALMEIDA, João Batista de Almeida. A proteção jurídica do consumidor. 4ª Edição. São Paulo:
Saraiva. 2003. P. 93.
39
viciada; substituição do produto por outro, restituição da quantia paga ou abatimento
do preço.91
A responsabilidade pelo vício do produto e do serviço está
amparada pelo artigo 18 do CDC:
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não
duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou
quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a
que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles
decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do
recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária,
respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o
consumidor exigir a substituição das partes viciadas.
§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode
o consumidor exigir, alternativamente
I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em
perfeitas condições de uso;
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente
atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.
§ 2° Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do
prazo previsto no parágrafo anterior, não podendo ser inferior a sete
nem superior a cento e oitenta dias. Nos contratos de adesão, a
cláusula de prazo deverá ser convencionada em separado, por meio
de manifestação expressa do consumidor.
§ 3° O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1°
deste artigo sempre que, em razão da extensão do vício, a
substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou
91 ALMEIDA, João Batista de Almeida. A proteção jurídica do consumidor. 4ª Edição. São Paulo:
Saraiva. 2003. P. 93
40
características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto
essencial.
§ 4° Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I do § 1°
deste artigo, e não sendo possível a substituição do bem, poderá
haver substituição por outro de espécie, marca ou modelo diversos,
mediante complementação ou restituição de eventual diferença de
preço, sem prejuízo do disposto nos incisos II e III do § 1° deste
artigo.
§ 5° No caso de fornecimento de produtos in natura, será
responsável perante o consumidor o fornecedor imediato, exceto
quando identificado claramente seu produtor.
§ 6° São impróprios ao uso e consumo:
I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos;
II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados,
falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde,
perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas
regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação;
III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados
ao fim a que se destinam.
Neste rol encontram-se como sujeitos passivos todos os
fornecedores que respondem pelo ressarcimento dos vícios, coobrigados e
solidariamente. Aqui não há responsabilidade diferenciada para o comerciante.
Sendo que da mesma forma que ocorre na responsabilidade pelo fato, a
responsabilidade por vícios esta aferida de forma objetiva, ou seja, não se indaga se
o vício decorre de conduta culposa ou dolosa do fornecedor. Não importando se o
fornecedor tinha ou não conhecimento do vício para que seja aferida sua
responsabilidade. Sendo esta ultima disposta nos termos do art. 23 do CDC.92
92
GARCIA, Leonardo de Medeiros. Direito do Consumidor. 5 ed. Niterói, RJ: Impetus, 2009. P. 143.
41
Art. 23. A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por
inadequação dos produtos e serviços não o exime de
responsabilidade.
No entanto os produtos e serviços podem apresentar vícios de
qualidade por inadequação ou impropriedade, bem como os vícios de quantidade
sejam aparentes, de fácil constatação ou ocultos. Os vícios de qualidade por
inadequação e os vícios de quantidade podem manifestar-se de variadas maneiras,
acarretando a impropriedade do produto ou serviço, a diminuição de seu valor ou a
disparidade informativa. Desta forma o CDC coloca à disposição dos consumidores
variadas alternativas para a soluções da anomalia identificada.93
Para Almeida os vícios se classificam em quatro vícios, a)
vícios de qualidade dos produtos, b) vícios de quantidade dos produtos, c) vícios de
qualidade dos serviços, d) vícios de quantidade dos serviços:
a) Vícios de qualidade dos produtos são aqueles que tornam
impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes
diminuam o valor, entendendo-se por impróprios ao uso e consumo
os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos, os
deteriorados, alterados, adulterados, falsificados, corrompidos,
fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou em desacordo
com as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou
apresentação, bem como os produtos que, por qualquer motivo, se
revelam inadequadas ao fim a que se destinam (art. 18, caput e § 6º,
I a III). A inadequação, no vício de qualidade, pode ocorrer, portanto,
por impropriedade do produto, diminuição de seu valor ou por
disparidade informativa. Considera-se inadequado o produto quando
é incapaz de satisfazer os tipos determinantes de sua aquisição, ou
seja, a legitima expectativa do consumidor, bem como quando não
são observadas normas ou padrões estabelecidos para a aferição da
qualidade.
b) Vícios de quantidade dos produtos, são aqueles em que,
respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, o conteúdo
93
SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 109.
42
líquido é inferior às indicações constantes do recipiente, da
embalagem. Há disparidade entre o conteúdo e o peso ou medida
indicados pelos fornecedores, sendo que a quantidade inferior causa
prejuízos ao consumidor, sem, no entanto, alterar a quantidade do
produto.
c) Vícios de qualidade dos serviços, são aqueles que tornam os
serviços impróprios à sua fruição ou lhes diminuem o valor,
considerando-se impróprios os serviços que se mostrem
inadequados para os fins que razoavelmente deles se esperam, bem
como aqueles que não atendam as normas regulamentares de
prestabilidade. Incluem-se aqueles em que se verifica disparidade
qualitativa entre o serviço ofertado e o executado.
d) Vícios de quantidade dos serviços decorrem da disparidade
quantitativa com as indicações constantes da oferta ou propaganda
publicitária. Não corresponde entre o serviço efetivamente prestado e
aquele ofertado ao consumidor, diretamente ou mediante
publicidade.94
Portanto, está bastante claro que, para se invocar a proteção
do CDC, não se requer a configuração de vício grave. No CDC a característica da
gravidade do vício, uma vez criado um regime de responsabilidade por vício de
qualidade, por impropriedade ou inadequação, bastando que tal produto se
apresente viciado para ser suscetível de garantia.95
O consumidor, além das três alternativas indicadas
(substituição, restituição do dinheiro, abatimento do preço), pode exigir indenização
pelas perdas e danos. Apesar da expressão sem prejuízos de eventuais perdas e
danos esteja apenas no inciso II do §1º do art. 18, e também de modo análogo no
inciso II do art. 20 ambos do CDC, relativos aos vícios dos serviços, sempre será
94 ALMEIDA, João Batista de Almeida. A proteção jurídica do consumidor. 4ª Edição. São Paulo:
Saraiva. 2003. P. 93-94.
95QUEIROZ, Odete. Da responsabilidade por vício do produto e do serviço. São Paulo. Ed. RT.
1998. P. 114.
43
possível ao consumidor exigir adicional indenização integral dos danos materiais e
morais.96
Não obstante o art. 18 §1º estipula que, antes da escolha de
uma das três alternativas que se abrem em favor do consumidor na hipótese de vício
do produto, (substituição do bem, devolução do produto, abatimento do preço) o
fornecedor possui prazo de 30 dias para sanar o vício.97
O prazo de 30 dias para sanar o vício pode ser alterado por
convenção das partes, reduzido para até sete dias ou ampliado para até cento e
oitenta dias. Deve ser afastado se o produto for considerado essencial ou se a
substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade do produto ou
diminuir o valor.98
No entanto o código de Defesa do consumidor excepciona a
regra da responsabilidade solidária diante de vícios de produto e serviços para impor
ao fornecedor de produtos in natura a responsabilidade civil exclusiva, exceto no
caso de identificação clara de quem produziu o bem de consumo introduzido no
mercado.99
2.4. VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR
O reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no
mercado esta expresso no art. 4º, inciso I do CDC.
Art. 4º. Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo
o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua
96 BENJAMIN, Antônio Herman V. Manual de direito do consumidor. Antônio Herman V. Benjamin,
Claudia Lima Marqques, Leonardo Roscoe Bessa. 2. Ed. rev. Atual. e ampl. São Paulo. Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 154.
97 BENJAMIN, Antônio Herman V. Manual de direito do consumidor. Antônio Herman V. Benjamin,
Claudia Lima Marqques, Leonardo Roscoe Bessa. 2. Ed. rev. Atual. e ampl. São Paulo. Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 155.
98 SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do
Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 110.
99 SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 111.
44
dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses
econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a
transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os
seguintes princípios:
I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de
consumo;
Vulnerabilidade significa que o mais fraco, sendo este o
consumidor, pode ser facilmente lesado pelo mais forte, fornecedor.
Ensina Gama:
O consumidor é a parte mais fraca na relação de consumo. Por isso
tem ele direito à boa informação sobre os produtos e serviços que
recebe e quanto aos contratos ensina. Tem também direito de ser
protegido quando se dirige ao poder judiciário, podendo o Juiz
determinar medidas para assegurar os seus direitos, no tocante às
soluções alternativas que a justiça pode encontrar para dar ao
consumidor o resultado equivalente ao do adimplemento das
obrigações do fornecedor.100
O princípio da vulnerabilidade pode-se disser que é o
reconhecimento da ordem jurídica de que existe desigualdade real entre os
protagonistas da relação de consumo que se desenvolve necessariamente no
mercado.101
Cabe destacar que a constituição Federal consagra o princípio
da isonomia no art. 5º, caput, que versa sobre os direitos e garantias fundamentais.
O reconhecimento legal da desigualdade entre o consumidor e o fornecedor no
mercado de consumo não afronta a igualdade preconizada pela CF, pois o que
apóia a regra constitucional em referência é buscar a efetiva e real isonomia. No
momento que o CDC protege os mais fracos, revela o objetivo de equilibrar
100 GAMA, Hélio Zaghetto. Curso de Direito do Consumidor. 3ª Edição, Rio de Janeiro: Editora
Forense, 2006. P. 43.
101 EFING, Antônio Carlos. Bancos de dados e cadastros de consumidores. São Paulo: Ed. Rt. 2002. P. 89-90.
45
materialmente as forças dos partícipes da relação de consumo e colocar em pratica,
a efetividade do princípio constitucional. 102
Todavia, a vulnerabilidade jurídica corresponde à questão do
acesso à justiça, manifestando-se pela dificuldade ou impossibilidade de o
consumidor, em determinados casos, tutelar os seus direitos em juízo ou mesmo
fora dele. Diversas causas concorrem para a inferioridade jurídica do consumidor
brasileiro, dentre elas o próprio grau de educação formal da grande maioria da
população, bem como o complexo sistema processual e administrativo,
extremamente onerosos para o cidadão. Por outro lado, o fornecedor muitas vezes,
tem mais disponibilidade de recursos financeiros para contratar assessoria jurídica
especializada para proteger seus interesses. 103
2.5. DANO MORAL NO DIREITO BRASILEIRO
Na acepção jurídica a palavra dano esta ligada ao prejuízo
causado e sua consequente diminuição patrimonial.104
A palavra dano deriva do latim damnum, que significa todo mau
ou ofensa experimentada pela vitima, consistindo na deterioração ou destruição de
um bem ou um prejuízo patrimonial. Assim como, a palavra moral tem origem do
latim moralis, cujo sentido vincula-se aos costumes e à ética, ou na acepção
correspondente ao ramo filosófico que impõe deveres ao ser humano, cujo
abrangência é maior que a do direito.105
A doutrina majoritária trabalha no sentido de obtenção da
definição de dano moral utilizando o critério por exclusão, desta forma, a definição
102 PERIN, Junior Ecio. A globalização e o direito do consumidor: aspectos relevantes sobre a
harmonização legislativa dentro dos mercados regionais. Berueri. São Paulo. Ed. Manole.
2003.P. 110.
103 SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 118.
104SILVA, de Plácio e. Vocabulário jurídico. Rio de Janeiro. Forense,.vol. 3. 1987.P. 210.
105 SILVA, de Plácio e. Vocabulário jurídico. Rio de Janeiro. Forense,.vol. 3. 1987.P. 210.
46
elementar considera o dano moral como a lesão que não corresponde a uma
diminuição patrimonial.106
Leciona Silva, que dano morais é lesões sofridas pelo sujeito
físico ou pessoa natural de direito em seu patrimônio ideal, em contraposição ao
patrimônio material, o conjunto de tudo aquilo que não seja suscetível de valor
econômico.107
Acepção de Diniz entende que o dano moral vem a ser a lesão
de interesses não patrimoniais de pessoas físicas ou jurídicas, provocadas pelo fato
lesivo.108
Nesse sentido ensina Fonseca:
Dano moral, na esfera do direito, é todo sofrimento humano
resultante de lesões de direitos estranhos ao patrimônio, encarado
como complexo de relações jurídicas com valor econômico. Assim,
por exemplo, envolvem danos morais as lesões a direito políticos, a
direitos personalíssimos ou inerentes à personalidade humana (como
direito à vida, à liberdade, à honra, ao nome, à liberdade de
consciência ou de palavra), a direito de família (resultantes da
qualidade de esposo, de pai ou de parente), causadoras de
sofrimentos moral ou dor física, sem atenção aos seus possíveis
reflexos no campo econômico.109
No entanto, as atuais concepções buscam a definição de dano
moral por intermédio de seus elementos essenciais, em razão de bens como a vida,
integridade física e intelectual, paz, liberdade individual, honra, reputação, pudor,
106
SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 149.
107 SILVA, Wilson Melo da. O dano moral e sua reparação. 3. Ed. Rio de Janeiro: Forense, 1999. P.
01.
108 DINIZ, Maria Helena, Curso de direito Civil brasileiro: Responsabilidade Civil. 18. Ed. São
Paulo. Saraiva.2002. P. 84.
109 FONSECA, Arnaldo Medeiros, Dano moral. Repertório enciclopédico do direito brasileiro. Rio
de Janeiro. Borsoi, 1961. Vol. 14. P. 242.
47
segurança, amor próprio, afeiçoes legitimas, decoro, crenças, proteção contra atos
que provoquem dor, tristeza, humilhação, vexame, dentre outros semelhantes.110
Por fim, define-se dano moral como a provação ou lesão de
direito da personalidade, independentemente de repercussão patrimonial direta,
desconsiderando-se o mero mal-estar, dissabor ou vicissitude do cotidiano, sendo
que a sanção consiste na imposição de uma indenização, cujo valor é fixado
judicialmente, com a finalidade de compensar a vítima, punir o infrator e prevenir
fatos semelhantes que provocam insegurança jurídica.111
2.5.1. DISTINÇÃO ENTRE DANO MATERIAL E DANO MORAL
O dano material ou patrimonial pressupõe sempre de uma
violação de um dever jurídico, seja decorrente de lei ou de acordo entre as partes
integrantes de determinados negócio jurídico. A composição da norma jurídica é
descritiva de conduta em seu preceito primário e sancionatório quanto ao preceito
secundário, cujas características principais são a imperatividade, que é a descrição
de condutas permitidas ou proibidas, consiste na permissão ao lesado de exigir o
seu cumprimento, a reparação do dano ou a reposição ao estado anterior.112
Ou seja, o dano material é a lesão incidente sobre o conjunto
de bens do sujeito de direito e que tem valor econômico. Sendo, danos emergentes
ou positivos, correspondendo à efetiva diminuição do patrimônio da vitima em razão
do ato ilícito, bem como pelo lucro cessante ou dano negativo, representado pela
perda futura da vitima, vale dizer, é o comprometimento patrimonial daquilo que a
vitima razoavelmente deixou de ganhar em conseqüência da violação de seu direito
subjetivo.113
110
SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 149.
111 SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 155.
112 DINIZ, Maria Helena, Curso de direito Civil brasileiro: Responsabilidade Civil. 18. Ed. São Paulo. Saraiva.2002. P. 154.
113 SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 155.
48
O dano moral é a lesão ou privação ao exercício dos direitos da
personalidade, é a violação ao estado físico, psíquico e moral da vitima. Não ocorre
a repercussão patrimonial direta, razão pela qual se torna impossível a reparação do
bem imaterial seguir um critério rígido de equivalência. No entanto, a sanção
prevista para o dano moral não visa ao retorno da situação da vitima ao momento
anterior ao ato ilícito, mas tem finalidade de compensar a vitima, punir o infrator e
desestimular novas praticas semelhante.114
Ensina Fonseca:
A doutrina alinha alguns critérios distintivos entre dano patrimonial e
dano não patrimonial ou moral. O primeiro critério distintivo reside na
identificação do tipo de interesse, direto ou bem jurídico violado.
Considera-se dano moral aquele que decorre de uma lesão de
determinado bem da vida sem correspondência pecuniária, sem
qualquer possibilidade de aferição econômica. Por outro lado, o dano
patrimonial é caracterizado pela lesão de interesse, direto ou bem de
cunho material, conversível em dinheiro, cuja medida é a exata
diminuição patrimonial.115
Prossegue Dias:
O segundo critério distintivo apresenta-se mais aceitável e funda-se
no efeito da violação do interesse, direto ou bem jurídico. Entende-se
que tanto a violação de um direito da personalidade pode acarretar
dano patrimonial quanto a lesão de um bem material pode provocar
repercussão não patrimonial. Acentua-se que o dano moral não é
apenas a violação de um direito da personalidade, mas constitui-se
na lesão de um bem imaterial (direitos da personalidade) sem
repercussão patrimonial.116
114
SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 155.
115 FONSECA, Arnaldo Medeiros, Dano moral. Repertório enciclopédico do direito brasileiro. Rio de Janeiro. Borsoi, 1961. Vol. 14. P.115.
116 DIAS, José de Aguiar. Da responsabilidade Civil. 11 ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2006. P. 992-03.
49
Para Cahali, o dano moral se classifica em dois grupos: o
primeiro, refere-se à parte social do patrimônio moral, honra e reputação, ou à parte
afetiva do patrimônio moral, (dor e tristeza); e o segundo refere-se ao dano moral
que provoca direta ou indiretamente dano patrimonial (cicatriz) ou dano moral
puro.117
Porquanto, o dano moral é um direito que deriva de uma lesão
aos direitos da personalidade. Sendo este um reflexo indireto decorrente de uma
violação no patrimônio material da vitima, entretanto com repercussão na esfera
social, física ou psíquica do ser humano.118
Embora a concepção do dano moral, principalmente na sua
vinculação ou não à dor psíquica, seja tema bastante polêmico na doutrina, é
incontroverso no Superior Tribunal de Justiça, especialmente na área de entidades
de proteção ao crédito, para o deferimento de indenização por dano moral, basta ao
interessado demonstrar que o registro foi irregular, não há necessidade de
demonstrar que houve afetação ao bem-estar psicofísico da pessoa, ou seja, que a
inscrição gerou vergonha, constrangimento, tristeza ou qualquer outro sentimento
negativo.119
Cabe ressaltar, a respeito à possibilidade da pessoa jurídica
ser vítima do dano moral, conforme a súmula n. 227 do STJ. No entanto, ao lado dos
danos morais, o consumidor (pessoa física ou jurídica) pode requerer indenização
pelos danos materiais.120
Já os danos matérias, decorrentes de inscrições ilícitas em
entidades de proteção ao crédito, abrangem o dano emergente e os lucros
cessantes, ou seja, o que efetivamente se perdeu e deixou de lucrar. Os danos
117 CAHALI, Yussef Said. Dano moral. 3 ed. São Paulo. ed. RT, 2005. P. 22.
118 SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 157.
119BENJAMIN, Antônio Herman V. Manual de direito do consumidor. Antônio Herman V. Benjamin,
Claudia Lima Marqques, Leonardo Roscoe Bessa. 2. Ed. rev. Atual. e ampl. São Paulo. Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 256.
120 BENJAMIN, Antônio Herman V. Manual de direito do consumidor. Antônio Herman V.
Benjamin, Claudia Lima Marqques, Leonardo Roscoe Bessa. 2. Ed. rev. Atual. e ampl. São Paulo. Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 257.
50
matérias abrangem, na dicção do art. 402 do CC, o que a vítima “efetivamente
perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar”. Chama-se de danos emergentes,
constitui uma diminuição imediata no patrimônio da vítima em decorrência do ato
ilícito. Ao contrario dos danos morais, há necessidade de prova especifica
concernente ao prejuízo material sofrido pelo consumidor.121
2.5.2. DANO MORAL COLETIVO
A aceitabilidade do dano moral coletivo ocorreu com admissão
da tutela da honra objetiva da pessoa jurídica. Evoluiu-se para a concepção de que
um ente criado por lei (pessoa jurídica) pode ser vitima de dano moral, pois lhe
reconhece a titularidade de direitos imateriais como nome e a reputação. Portanto, o
mesmo raciocínio pode ser utilizado para um ente despersonalizado
(coletividade).122
Um dos principais argumentos favorável à tese do dano moral
coletivo reside na Constituição Federal, que expressamente reconhece a existência
de direitos difusos e coletivos (transindividuais), no título II- Dos Direitos e Garantias
Fundamentais, Capitulo I- Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos.123
O CDC reconhece a tutela dos direitos imateriais da
coletividade, prevista no art. 6, VI, a efetiva prevenção e reparação de danos
patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos.
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
(...)
121 BENJAMIN, Antônio Herman V. Manual de direito do consumidor. Antônio Herman V.
Benjamin, Claudia Lima Marqques, Leonardo Roscoe Bessa. 2. Ed. rev. Atual. e ampl. São Paulo. Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 258.
122 RAMOS, André de Carvalho. Ação civil pública e o dano moral coletivo. Revista de Direito do
Consumidor. São Paulo. Ed. RT, vol. 25, jan/mar. 1998. P. 82.
123 SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 168.
51
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais,
individuais, coletivos e difusos;
Na visão de Federighi, o reconhecimento constitucional de
direitos coletivos é fruto das transformações operadas nos principais sistemas
jurídicos contemporâneos.124
Todavia, o reconhecimento legal da coletividade como titular de
bens imateriais valiosos conduz à afirmação de que o sistema jurídico tem
mecanismos próprios de prevenção e reparação das lesões aos mesmos, admitindo-
se, portanto, a busca da reparação dos danos morais e coletivos.125
Cabe frisar que, no art. 81 do CDC, acolhe expressamente a
tutela individual e coletiva:
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das
vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título
coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste
código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam
titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos
deste código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja
titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com
a parte contrária por uma relação jurídica base;
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos
os decorrentes de origem comum.
124 FEDERIGHI, Suzana Maria Pimenta Catta Preta. Publicidade abusiva: incitação à violência.
São Paulo: Juarez de Oliveira, 1999. P. 62.
125 LORENZETTI, Ricardo Luis. Fundamentos do direito privado. 2 ed.Tra. Vera Maria Jacob de
Fradera. São Paulo. ed. RT, 1998. P. 219.
52
Contudo, os direitos materiais coletivos em sentido amplo são
divididos em três espécies, os quais estão previsto no art. 81, parágrafo único. Os
direitos difusos são os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam
titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato; os direitos
coletivos em sentido estrito são os transindividuais, também de natureza indivisível,
de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a
parte contrária por uma relação jurídica base; e os direitos individuais homogêneos
são aqueles decorrentes de origem comum.126
A legitimidade ativa para a propositura da ação coletiva é
concorrente e disjuntiva, ou seja, apenas os entes expressamente indicados no art.
82 do CDC e art. 5º, da Lei 7.347/1985 (ação civil pública) podem demandar a tutela
material coletiva, seja isoladamente ou em conjunto. O consumidor individualmente
não pode ajuizar ação coletiva, mesmo que seja componente da coletividade
agredida.127
O Tribunal Superior do Trabalho (TST) julgou recentemente a
maior indenização já discutida na Corte por danos morais coletivos pela prática de
trabalho escravo. A Construtora Lima Araújo foi condenada a pagar R$ 5 milhões
por manter 180 trabalhadores em condições análogas à escravidão em duas de
suas propriedades - as fazendas Estrela de Alagoas e Estrela de Maceió,
localizadas no município de Piçarra, no Pará. A decisão da 1ª Turma do TST
resultou de uma ação civil pública proposta pelo Ministério Público do Trabalho
(MPT), vejamos:.128
A ação judicial foi ajuizada em razão de cinco fiscalizações nas
propriedades, entre os anos de 1998 e 2002, pelo Ministério do
Trabalho e do Emprego (MTE), que deram origem a 55 autos de
infração. A fiscalização constatou irregularidades como trabalho
infantil, jornada exaustiva sem descanso semanal, vigilância armada
126 ARAÚJO, Filho Luiz Paulo da Silva. Ações coletivas: a tutela jurisdicional dos direitos
individuais homogêneos. Rio de Janeiro. Forense, 2000. P. 57.
127 PIZZOL, Patrícia Miranda. A competência no processo Civil. São Paulo: ed. RT, 2003. P. 124-
128.
128 SANTA CATARINA TJ. artigo: Dano moral coletivo. Data: 20/08/2010. Disponível em: http://www.conjur.com.br/2010-ago-18/empresa-pagar-milhoes-indenizacao-trabalho-escravo.
53
que impedia os trabalhadores de deixarem o local, ausência de água
potável, condições precárias dos alojamentos e indicação de lojas
pelo empregador para a aquisição de alimentos e equipamentos de
segurança pelos trabalhadores. O MPT havia pedido, em primeira
instância, uma indenização de R$ 85 milhões, reduzida a R$ 5
milhões pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 8ª Região, no
Pará. Ao manter a decisão da segunda instância, os ministros
declararam extrema repulsa pelos atos praticados pela empresa. De
acordo com o ministro Lélio Bentes Correa, trata-se de um crime
contra a humanidade, de acordo com a Convenção nº 29 da
Organização Internacional do Trabalho (OIT), que trata de medidas
contra o trabalho forçado. Os ministros do TST levaram em
consideração também que a empresa é reincidente na prática de
trabalho escravo, pois já sofreu outras duas ações coletivas que
resultaram em uma indenização no valor de R$ 30 mil. Para a
procuradora do trabalho Débora Tito, coordenadora do setor de
combate ao trabalho escravo do MPT, os empresários que são
flagrados pelo órgão na "prática de trabalho escravo", normalmente,
são reincidentes na infração, pois apostam que a fiscalização não
voltará para conferir se houve melhoria. "Condenações como a de
hoje do TST servem como exemplo para combater essa postura",
afirma Débora. No ano passado, os Estados do Rio de Janeiro e de
Pernambuco registraram o maior número de ações do MPT
envolvendo trabalho escravo, nos quais foram resgatados 930
trabalhadores. Segundo a procuradora, os Estados estão à frente da
lista por se tratar de regiões em que o setor sucroalcooleiro tem forte
presença, e grande parte do trabalho escravo ocorre na atividade de
corte de cana. "O trabalho escravo só é constatado quando o
Ministério Púbico encontra um conjunto de precarização de direitos,
locais onde os trabalhadores não são tratados como seres
humanos", diz Débora. O MPT tem encaminhado ao Ministério do
Trabalho os nomes das empresas que promovem práticas de
trabalho escravo. Essas são registradas na chamada "lista suja" do
órgão. Segundo o MPT, o BNDES cortou financiamentos a algumas
delas no ano passado por constarem na lista. Além das empresas
sofrerem ações civis públicas na Justiça do Trabalho movidas pelo
MPT, os empregadores também podem ser responsabilizados
54
criminalmente pela Justiça Federal em ações movidas pelo Ministério
Público Federal (MPF). O artigo 149 do Código Penal estabelece
pena de dois a oito anos para a prática. Atualmente, há 45
condenações judiciais contra empresários pela prática, 35 delas
ocorreram ano passado. Somente em Marabá, município situado no
sul do Pará, há 29 sentenças da primeira instância que condenaram
empresários, que recorreram para a segunda instância. Em
Pernambuco, Estado onde foram resgatados, no ano passado, 419
trabalhadores em condição de escravidão, há quatro processos
criminais em andamento, ainda sem sentença.129
Conclui-se que os danos morais coletivos nas relações de
consumo podem ocorrer de varias situações, exemplos: a venda ou exposição de
produtos inseguros; a privação do serviço público essencial, dentre outros.130
2.5.3. PRESCRIÇÃO
Em relação aos danos causados por fato do produto ou do
serviço, vale dizer, nos acidentes causados por defeitos dos produtos e serviços, o
prazo é prescricional e de 5 anos, contados a partir do conhecimento do dano e de
sua autoria, nos termos do art. 27 do CDC131:
Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos
danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção
II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do
conhecimento do dano e de sua autoria.
129
SANTA CATARINA TJ. artigo: Dano moral coletivo. Data: 20/08/2010. Disponível em: http://www.conjur.com.br/2010-ago-18/empresa-pagar-milhoes-indenizacao-trabalho-escravo.
130 LORENZETTI, Ricardo Luis. Fundamentos do direito privado. 2 ed.Tra. Vera Maria Jacob de Fradera. São Paulo. ed. RT, 1998. P. 218.
131 GARCIA, Leonardo de Medeiros. Direito do Consumidor. 5 ed. Niterói, RJ: Impetus, 2009. P. 179.
55
O sistema jurídico prevê distintos prazos extintivos de direito
material, ou seja, prescrição e decadência, que reúnem elementos comuns, mas que
são dotados de outros traços diferenciais marcantes.132
Já os decadenciais correspondem ao prazo que o consumidor
tem para ingressar com a ação a fim de exercer algumas daquelas opções previstas
nos artigo: 18, 19 e 20, contados a partir do momento em que surgiu o vício.133
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não
duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou
quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a
que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles
decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do
recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária,
respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o
consumidor exigir a substituição das partes viciadas.
(...)
Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de
quantidade do produto sempre que, respeitadas as variações
decorrentes de sua natureza, seu conteúdo líquido for inferior às
indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de
mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir,
alternativamente e à sua escolha:
(...)
Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade
que os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor,
assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as
indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo
o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: (...)
132
SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 173.
133 SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 176.
56
Dispõe o art. 26 do CDC, que o prazo será de 30 dias para
bens não duráveis, que são aqueles que se tem menor tempo de consumo, como
por exemplo: os produtos alimentares; vestuário; e de 90 dias para produtos
duráveis, exemplo: eletrodomésticos, automóveis.134
Verificada a existência do vício, o consumidor terá aqueles
prazos para agir, sob pena de decair no seu direito e acabar suportando todos os
custos decorrentes daquele. Contudo obstam a decadência a reclamação
comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e
serviços até a resposta negativa deste e a instauração de inquérito civil, até seu
encerramento. Como tais dispositivos estabelecem que o prazo decadencial fica
paralisado durante em certo lapso temporal, a doutrina sustenta que o termo
obstam, previsto no art. 26 §2º, significa que o prazo fica suspenso durante esse
período, retomando o seu curso até completar o prazo de 30 dias ou de 90 dias,
legalmente previsto.135
134
SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 173.
135 GARCIA, Leonardo de Medeiros. Direito do Consumidor. 5 ed. Niterói, RJ: Impetus, 2009. P. 153.
57
CAPÍTULO 3
REPARAÇÃO DO DANO MORAL
Constatado que a conduta ilícita do agente provocou-lhe uma
diminuição, a indenização traz sentido de restaurar, de restabelecer o equilíbrio e de
reintegrar a cota correspondente ao prejuízo. No entanto, para a fixação do valor da
reparação do dano moral não é suscetível de avaliação em sentido estrito.
Consequentemente há distinção entre as figuras, da indenização do prejuízo
material, a qual é reintegração pecuniária ou ressarcimento, e da reparação do dano
moral, sendo está, sanção civil direta ao ofensor ou reparação da ofensa, e liquida-
se na proporção da lesão ocasionada.136
Ensina Cahali:
Sintetiza a questão, afirmando que no dano patrimonial intenta-se a
reposição em espécie ou seu correspondente em dinheiro. Visa,
portanto, à indenização integral da vítima, eliminando completamente
a diminuição patrimonial experimentada, restituindo-a ao estado
anterior que se encontrava antes do ato ilícito, sendo que o
equivalente em dinheiro serve como ressarcimento do dano
patrimonial.137
Cabe destacar que no âmbito do dano moral , cahali, entende
que ocorre situação diversa:
Pois o dinheiro não se destina à recomposição patrimonial, mas a
reparação opera-se no sentido de proporcionar à vitima uma
compensação, distniguindo-se da finalidade do ressarcimento.
Conclui que assim, da responsabilidade civil do agente resulta para
o ofendido o direito à indenização do dano moral (sentido genérico),
136
Pereira, Caio Mário da Silva, Instituições de Direito Civil, 6ª ed., Rio de Janeiro, Forense,
1981.P. 288.
137 CAHALI, Yussef Said. Dano moral. 3 ed. São Paulo. ed. RT, 2005. P. 44.
58
que se resolve ou pelo ressarcimento do dano patrimonial ou pela
reparação do dano moral.138
Todavia a reparação do dano moral tem finalidades distintas do
dano patrimonial. O sistema jurídico prevê resposta proporcional ao dano moral,
levando-se em conta as suas peculiaridades e visa cumprir as suas variadas
finalidades de forma simultânea.139
No entanto, a reparação dos danos morais tem suas
finalidades, sendo importante frisar: a função compensatória, caracterizada como um
meio de satisfação da vítima em razão da privação ou violação de seus direitos da
personalidade. Nesta situação, o sistema jurídico considera a repercussão do ato
ilícito em relação ao ofendido. Já a segunda, refere-se ao caráter punitivo, em que o
sistema jurídico responde ao agente causador do dano, punindo com o dever de
reparar a ofensa imaterial com parte de seu patrimônio. A terceira, esta ligada ao
aspecto preventivo, entendido como uma medida de desestímulo e intimidação do
ofensor, mas com o inequívoco propósito de alcançar todos integrantes da
coletividade, alertando-os da prática de semelhantes ilicitudes.140
No tocante aos danos morais, leciona Miranda:
O dano moral ou se repara pelo ato que o apague ou pela prestação
do que foi considerado como reparador. A reparação do dano moral
pode ser especifica.
Todavia a relação de consumo rege-se pelo princípio da
reparação integral, da responsabilidade civil do fornecedor, conforme dispõe o art. 6 ,
VI do CDC, que estabelece efetiva prevenção e reparação dos danos patrimoniais e
morais sofridos pelo consumidor.141
No dizer de Reis, a função reparar o dano é indenizar:
138
CAHALI, Yussef Said. Dano moral. 3 ed. São Paulo. ed. RT, 2005. P. 44.
139 SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 188
140 SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 189.
141 SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 201.
59
Todavia, nada obsta que se dê reparação pecuniária a quem foi
lesado nessa zona de valores, a fim de que ele possa atenuar
prejuízos irreparáveis que tenha sofrido. A idéia de uma reparação
absoluta e precisa, como sói ocorrer na esfera patrimonial, não pode
sequer ser concebida na esfera dos danos extrapatrimoniais. Nesse
campo, estaremos a manipular com valores subjetivos. Os
parâmetros para aferição da extensão do dano dependerão do
arbítrio do juiz que manipula com sua técnica os elementos
subjetivos contidos na lei.142
Ensina Carlos Alberto Bittar:
A indenização por danos morais deve traduzir-se em montante que
represente advertência ao lesante e à sociedade de que se não se
aceita o comportamento assumido, ou o evento lesivo advindo.
Consubstancia-se, portanto, em importância compatível com o vulto
dos interesses em conflito, refletindo-se, de modo expresso, no
patrimônio do lesante, a fim de que sinta, efetivamente, a resposta da
ordem jurídica aos efeitos do resultado lesivo produzido. Deve, pois,
ser quantia economicamente significativa, em razão das
potencialidades do patrimônio do lesante" (Reparação Civil por
Danos Morais, 1994, São Paulo, Editora RT, pg. 220).143
A indenização por danos morais não possui unicamente a
reparação da dor, busca também a reparação da dignidade do ofendido. No entanto,
não se pode afirmar que a indenização por dano moral é um preço que se paga pela
dor sofrida.144
O dano moral consiste na lesão ao patrimônio psíquico ou ideal
da dignidade da pessoa humana, que se traduz nos modernos direitos da
personalidade. Somente a pessoa natural pode ser atingida nesse patrimônio.
142
REIS, Clayton. Dano moral. Rio de Janeiro: Forense, 1998. P. 89.
143 BRITTAR, Carlos Alberto. Curso de Direito Civil. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1994. P.220.
144 Venosa, Sílvio de Salvo. Direito Civil: responsabilidade civil. 3 ed. São Paulo. Atlas, 2003. P. 283.
60
Contudo, a jurisprudência admite o dano moral à pessoa jurídica, quando atingido
seu nome e tradição de mercado e terá sempre repercussão econômica. 145
Assim é o entendimento do Tribunal de Justiça de Santa
Catarina, em relação a personalidade jurídica:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS. SENTENÇA QUE ALBERGA OS PLEITOS VERTIDOS NA
EXORDIAL. INSURGÊNCIA DO DEMANDANTE.INDENIZAÇÃO
POR DANOS MORAIS. PLEITO DE MAJORAÇÃO. PROTESTO
INDEVIDO. INEXISTÊNCIA DE INSURGÊNCIA DA PARTE
INTERESSADA SOBRE A QUESTÃO. ATO ILÍCITO
CONFIGURADO. PROTEÇÃO À HONRA E IMAGEM DAS
PESSOAS COM DIREITO À INDENIZAÇÃO POR SUA VIOLAÇÃO.
ART. 5º, INCISO X, DA "CARTA DA PRIMAVERA". DEVER DE
REPARAÇÃO DO DANO. APLICAÇÃO DOS ARTS. 186 E 927,
AMBOS DO CÓDIGO CIVIL. PESSOA JURÍDICA PASSÍVEL DE
SOFRER ABALO MORAL. ARBITRAMENTO DO QUANTUM QUE
DEVE POSSUIR CARÁTER REPRESSIVO E EDUCATIVO.
INDENIZAÇÃO FIXADA PELO JUÍZO DE ORIGEM NA
PROPORÇÃO EXATA PARA MINORAR O ABALO DA IMAGEM
SUPORTADO PELA DEMANDANTE. MANUTENÇÃO QUE SE
IMPÕE.TERMO INICIAL DA INCIDÊNCIA DOS JUROS
MORATÓRIOS. RESPONSABILIDADE CIVIL EXTRACONTRATUAL
ORIUNDA DO DESCUMPRIMENTO DE ORDEM JUDICIAL.
EXEGESE DO ART. 398 DO CÓDIGO CIVIL E SÚMULA 54 DA
CORTE DA CIDADANIA. EXIGIBILIDADE A PARTIR DO ATO
ILÍCITO, CONSISTENTE NO PROTESTO INDEVIDO DO TÍTULO
OBJETO DE DISCUSSÃO JUDICIAL. REFORMA DA SENTENÇA
NESTE TÓPICO. PROVIDÊNCIA QUE SE DESNUDA
NECESSÁRIA.IRRESIGNAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA.146
145
Venosa, Sílvio de Salvo. Direito Civil: responsabilidade civil. 3 ed. São Paulo. Atlas, 2003. P. 283
146 SANTA CATARINA TJ. Apelação n. 2010.013197-3. Relator: José Carlos Carstens Köhler. 26/10/2010. Disponível em: http://app.tjsc.jus.br/jurisprudencia/. Acesso em 30/10/2010.
61
Assim prevê a súmula do Superior Tribunal de Justiça,
referente ao dano moral da personalidade jurídica. STJ Súmula. 227: A pessoa
jurídica pode sofrer dano moral.147
Em suma, o dano patrimonial, busca reposição em espécie ou
em dinheiro pelo valor equivalente, de modo a poder-se indenizar plenamente o
prejudicado, com a reposição do equivalente pecuniário, opera-se o ressarcimento
do dano moral. No dano moral não se resolve em uma indenização propriamente, já
que indenização, tem o significado de eliminação do prejuízo e das suas
consequências, o que não é possível quando trata-se de dano extrapatrimonial; a
reparação se faz através de uma compensação, e não de ressarcimento, impondo
ao ofensor a obrigação de pagamento de uma certa quantia em dinheiro em favor do
ofendido, ao mesmo tempo que agrava o patrimônio daquele, proporciona a este
uma reparação satisfativa.148
3.1 CRITÉRIOS DA INDENIZAÇÃO
A primeira regra visa à satisfação pecuniária da vítima, sem
ocorrer o empobrecimento indevido do ofensor.149
Cabe destacar o posicionamento de Caio Pereira, referente a
obrigação de indenizar:
Verificados os pressupostos essenciais da determinação do dever de
reparação, arma-se uma equação, em que se põe o montante da
indenização como correlato do bem lesado. O que predomina nesta
matéria é que a indenização do id quod interest não pode ser fonte
de enriquecimento, não se institui com o objetivo de proporcionar ao
credor uma vantagem – de lucro capiendo -, porém, se subordina
ontologicamente ao fundamento de restabelecer o equilíbrio rompido
pela prática do ato culposo, e destina-se a evitar o prejuízo, de
147
BRASIL. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Súmula. 227.
148 CAHALI, Yussef Said. Dano moral. 3 ed. São Paulo. ed. RT, 2005. P. 44.
149 SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 193
62
damno vitando. Numa palavra, a indenização há de compreender a
totalidade do dano, porém, limitar-se a ele, exclusivamente.150
No dizer de Silvio Rodrigues quanto à indenização:
O dinheiro provocará na vítima uma sensação de prazer, de
desafogo, que visa compensar a dor, provocada pelo ato ilícito. Isso
ainda é mais verdadeiro quando se tem em conta que esse dinheiro,
provindo do agente causador do dano, de que fica privado, incentiva
aquele sentimento de vingança que, quer se queira, quer não, ainda
remanesce no coração dos homens.151
Para Ana Maria Cattani de Barros Zilveti em seu artigo, A
Evolução do Dano Moral nas relações de consumo diz:
Para fixação do valor da indenização, os juízes têm utilizado por
analogia, diversos critérios baseados no salário mínimo, no Código
Nacional de Telecomunicações ou, ainda, no Código Civil. A despeito
das inúmeras decisões que tomam por base o salário mínimo, já
entendeu o STF que é inconstitucional a fixação de indenização
calcada em salário mínimo, o qual não pode ser transformado em
índice de indexação, por força do disposto no artigo 7º, IV, da
CF/88.152
Prossegue Zilveti, para o juiz fixar o quantum indenizatório os
critérios utilizados são:
A extensão do dano; a condição socioeconômica do causador do
dano; a condição socioeconômica da vítima; a intensidade real e
concreta do dano ao consumidor; a repercussão da ofensa no meio
social onde vive o ofendido; a existência de má fé por parte do
ofensor na prática do ato; a ocorrência de reincidência na prática do
150
Pereira, Caio Mário da Silva, Instituições de Direito Civil, 6ª ed., Rio de Janeiro, Forense,
1981.P. 213.
151 RODRIGUES, Sílvio. Responsabilidade civil. 18 ed. São Paulo: Saraiva, 2000. P. 07.
152 Ana Maria Cattani de Barros Zilveti. A Evolução do Dano Moral nas relações de consumo. 2004. P. 34.
63
mesmo ato danoso; a possibilidade concreta de o ofensor voltar a
praticar o ato danoso; as práticas atenuantes realizadas pelo ofensor
visando minimizar a dor do ofendido; o tempo transcorrido entre o
evento danoso e a data do ajuizamento da ação.153
Já para Diniz os critérios a ser utilizados são mais abrangentes,
são eles:
Evitar indenização simbólica e enriquecimento sem justa causa, ilícito
ou injusto da vítima; b) não aceitar tarifação, porque esta requer
despersonalização e desumanização, e evitar porcentagem do dano
patrimonial; c) diferenciar o montante indenizatório segundo a
gravidade, a extensão e a natureza da lesão; d) verificar a
repercussão pública provocada pelo fato lesivo e as circunstâncias
fáticas; e)atentar às peculiaridades do caso e ao caráter anti-social
da conduta lesiva; f) averiguar não só os benefícios obtidos pelo
lesante com o ilícito, mas também a sua atitude ulterior e situação
econômica; g) apurar o real valor do prejuízo sofrido pela vítima e do
lucro cessante, fazendo uso do juízo de probabilidade para averiguar
se houve perda de chance ou de oportunidade, ou frustração de uma
expectativa; h) levar em conta o contexto econômico do país; i)
verificar o nível cultural e a intensidade do dolo ou grau de culpa do
lesante em caso de responsabilidade civil subjetiva, e, se houver
excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poder-
se-á reduzir, de modo eqüitativo, a indenização (CC, artigo 944,
parágrafo único); j) basear-se em prova firme e convincente do dano;
k) analisar a pessoa do lesado, considerando os efeitos psicológicos
causados pelo dano, a intensidade de seu sofrimento, seus princípios
religiosos, sua posição social e política, sua condição profissional e
seu grau de educação e cultura; l) procurar a harmonização das
reparações em casos semelhantes.154
153
Ana Maria Cattani de Barros Zilveti. A Evolução do Dano Moral nas relações de consumo. 2004. P. 34.
154 DINIZ, Maria Helena, Curso de direito Civil brasileiro: Responsabilidade Civil. 18. Ed. São Paulo. Saraiva.2005 P. 103/104.
64
Para a doutrina minoritária, a dificuldade de estimação
pecuniária do dano moral, o mais sensato seria que houvesse uma disciplina legal
prescrevendo, para impedir excessos, uma indenização tarifada em salários
mínimos, atendendo as peculiaridades de cada caso, ou a fixação de teto mínimo e
de teto máximo para determinação da quantia indenizatória.155
No entanto, como a lei não regulamentou o valor da fixação do
dano moral, cabe ao magistrado a fixação do quantum indenizatório, assim é o
entendimento jurisprudencial:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE
DÉBITO CUMULADA COM PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR
DANOS MORAIS. CONTRATO DE FINANCIAMENTO FIRMADO
ENTRE AS PARTES. QUITAÇÃO DEMONSTRADA NA EXORDIAL.
BANCO QUE ADUZIU A EXISTÊNCIA DE OUTRO PACTO. ÔNUS
PROBATÓRIO QUE RECAI SOBRE O RÉU. NÃO
COMPROVAÇÃO. INSCRIÇÃO INDEVIDA DO NOME DO
CONSUMIDOR NOS CADASTROS DE INADIMPLENTES. ABALO À
HONRA QUE SE PRESUME. RESSARCIMENTO
CABÍVEL. QUANTUM MANTIDO. RECURSO
DESPROVIDO."O DANO moral já se caracteriza mediante a simples
constatação da inscrição ou manutenção indevida, prescindindo-se
de prévia comprovação do prejuízo, uma vez presumível diante do
contexto atual" (TJSC, Ap. Cív. n. 2007.014482-2, de Sombrio, Rel.
Des. Volnei Carlin, DJe de 25-6-
2007)."A FIXAÇÃO do QUANTUM devido a título de indenização
pelo abalo moral sofrido, deflui do prudente arbítrio do julgador, ao
examinar determinadas circunstâncias relevantes existentes nos
autos, não podendo ser fixado em cifras extremamente elevadas,
que importem enriquecimento sem causa por parte do lesado, nem
ser irrisório, a ponto de não servir de inibição ao lesante" (TJSC, Ap.
155
155
DINIZ, Maria Helena, Curso de direito Civil brasileiro: Responsabilidade Civil. 18. Ed. São Paulo. Saraiva.2005 P. 100.
65
Cív. n. 2002.009481-7, de Lages, Rel. Des. Sérgio Roberto Baasch
Luz, DJ de 9-7-2004).156
Na fixação da indenização por danos morais, recomenda-se
que o arbitramento seja feito com moderação, proporcionalmente ao grau de culpa,
ao nível sócio-econômico dos autores, e, ainda, ao porte da empresa recorrida,
orientando-se o juiz pelos critérios sugeridos pela doutrina e pela jurisprudência,
com razoabilidade, valendo-se de sua experiência e do bom senso, atento à
realidade da vida e às peculiaridades de cada caso.157
Portanto, cabe ao juiz a fixação do quantum indenizatório, este
é o entendimento da doutrina majoritária e da jurisprudência, na medida em que
transfere para o juiz o poder de aferir, com o seu livre convencimento a extensão da
lesão e o valor da reparação correspondente. Assim sendo, quaisquer que sejam os
critérios adotados, a nível de reparação pecuniária ou obrigação de fazer ou deixar
de fazer, o que importa é que os danos morais sejam reparados.158
3.2 FINALIDADES DA REPARAÇÃO
A reparação do dano moral apresenta três funções inerentes a
ela: compensatória, punitiva e preventiva. A função compensatória é meramente
satisfativa, pois é uma forma de compensar o lesado pelos sofrimentos ocasionados
pelo agente do ato ilícito até porque não há como aprimorar o prejuízo decorrente de
dor, que é imensurável e irreparável. A função punitiva terá um sentido pedagógico
para o ofensor, pois ensiná-lo-á a agir com cautela em seus atos, além de persuadi-
lo em seu animus laedere. Inclusive, é importante como critério de determinação
do quantum a indenizar. A função preventiva é reflexo direto da função punitiva, pois
à medida em que esta exerce papel inibidor na prática de novas ofensas, este fato
156
SANTA CATARINA TJ. Apelação n. 2010.062592-0. Relator: Ricardo Fontes . 29/10/2010. Disponível em: http://app.tjsc.jus.br/jurisprudencia/. Acesso em 31/10/2010.
157 BRASIL. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, Recurso Especial n. 135.202/SP, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo, DJU de 19-5-1998. Disponível em: http://app.tjsc.jus.br/jurisprudencia/. Acesso em 31/10/10.
158 REIS, Clayton. Dano Moral. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001. P. 94.
66
tem repercussão social, produzindo reflexos igualmente pedagógicos no contexto
social.159
3.2.1 COMPENSATÓRIA
A finalidade compensatória é uma das principais características
da reparação do dano moral. Está finalidade não significa o pagamento da dor,
sofrimento, aflição, preocupações, sendo que, a reparação em dinheiro serve como
meio de compensar ou proporcionar uma satisfação à vítima.160
Venosa aborda a questão relativamente às finalidades da
reparação dos danos morais da seguinte forma:
Forma-se recentemente um entendimento jurisprudencial, mormente
em sede do dano moral, no sentido de que a indenização pecuniária
não tem apenas o cunho de reparação do prejuízo, mas tem também
caráter punitivo, educativo e repressor: a indenização não apenas
repara o dano, repondo o patrimônio abalado, mas também atua
como forma educativa para o ofensor e a sociedade e intimidativa
para evitar perdas e danos futuros. Sem dúvida, essa posição, no
direito de origem romano-germânica, é fortemente influenciada pelo
direito anglo-saxão, no qual essa função é muito clara. Nesse caso,
inelutavelmente, o juiz deixa-se levar pela intensidade da culpa para
fixar a retribuição pecuniária.161
Cabe destacar, que a dor foi considerada por muito tempo
como objeto de uma relação jurídica que envolvia a reparação do dano moral.
Afirmava-se que o montante em dinheiro devido pelo ofensor à vítima, era o
pagamento do preço da dor, ou seja, do sofrimento. Com o decorrer do tempo, o
objeto da relação jurídica correspondente ao dano moral não é apenas a dor, mas
159
SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 189.
160 SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 193
161 Venosa, Sílvio de Salvo. Direito Civil: responsabilidade civil. 3 ed. São Paulo. Atlas, 2003. P.
282.
67
sim a privação ou violação dos direitos da personalidade. Não é condição necessária
para a configuração do dano moral a demonstração da dor, mesmo porque no
âmbito processual das provas é difícil a demonstração da dor. Contudo pode ocorrer
o dano moral sem que se verifique dor, por exemplo, casos de violação do direito a
imagem.162
Corramos o entendimento do Tribunal de Justiça de Santa
Catarina:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS
MATERIAIS E MORAIS. LEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM.
TÍTULO INDEVIDAMENTE PROTESTADO.ATO ILÍCITO
PRATICADO. DANO MORAL PRESUMIDO. DEVER DE
COMPENSAR. QUANTUM COMPENSATÓRIO. ORIENTAÇÃO
PELOS CRITÉRIOS DA RAZOABILIDADE E DA
PROPORCIONALIDADE. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO
DESPROVIDO.
Se a instituição financeira encaminha título quitado a protesto, em
flagrante violação de poderes, é parte legítima para figurar na ação
de indenização dos danos advindos desse ato.
É inegável o abalo MORAL decorrente do apontamento a protesto de
título devidamente quitado, pelo que prescinde de comprovação do
efetivo prejuízo à indenização, visto ser ele presumível.
O DANO MORAL é o prejuízo de natureza não patrimonial que afeta
o estado anímico da vítima, seja relacionado à honra, à paz interior, à
liberdade, à imagem, à intimidade, à vida ou à incolumidade física e
psíquica. Assim, para que se encontre um valor significativo a
compensar este estado, deve o magistrado orientar-se por
parâmetros ligados à proporcionalidade e à razoabilidade, ou seja,
deve analisar as condições financeiras das partes envolvidas, as
circunstâncias que geraram o DANO e a amplitude do abalo
experimentado, a fim de encontrar um valor que não seja exorbitante
162
SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 192.
68
o suficiente para gerar enriquecimento ilícito, nem irrisório a ponto de
dar azo à renitência delitiva.163
Conclui-se que a função compensatória da reparação do dano
moral, deve atender a uma relação de proporcionalidade, não podendo ser
insignificante a ponto de não cumprir com sua função de punição, nem ser
excessivamente e nem causar um enriquecimento indevido à outra parte, ou seja, é
preciso que o prejuízo da vítima seja apurado numa visão solidária do dano sofrido,
para que a indenização se aproxime o máximo possível do justo.164
3.2.2 PUNITIVA
O código Civil e o Código de Defesa do Consumidor não
estabelecem , de forma expressa, a finalidade punitiva em sede de responsabilidade
civil e os doutrinadores divergem sobre a aceitação da pena fora do âmbito do direito
penal.165
Inicialmente, registra-se que a finalidade punitiva da
responsabilidade civil do fornecedor por fato do produto e do serviço foi afastada de
nosso subsistema consumerista por veto do Presidente da República. Sendo que o
projeto legislativo ao CDC disciplinava, por intermédio do art. 16 (instituto da multa
civil), uma sanção judicial fixada pelo arbítrio do juiz.166
Todavia, este veto presidencial, foi difundido ao argumento de
que o art. 12 do CDC contemplava a reparação dos danos sofridos pelo
consumidor.167
163
SANTA CATARINA TJ. Apelação n. 2010.05898-0. Relator: Pedro Aujor Furtado Junior. 26/10/2010. Disponível em: http://app.tjsc.jus.br/jurisprudencia/. Acesso em 28/10/2010.
164 SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 192.
165 SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 192.
166 SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 192.
167 SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 192.
69
A finalidade punitiva da reparação do dano moral é quanto à
pessoa do ofensor, ou seja, é o mecanismo de resposta voltado à sanção do agente
causador do ilícito, e não mais com a especificação de preocupação com a pessoa
da vítima, que, por outro lado, tem a atenção na finalidade compensatória.168
No entanto, a controvérsias reside na possibilidade ou não de a
sanção civil ter caráter punitivo. O argumento utilizado pelos doutrinadores
contrários à finalidade punitiva da reparação do dano moral refere-se à tendência
originada no direito romano de distinguir a responsabilidade penal da civil.169
Cabe destacar o posicionamento de Dias:
a) A pena tem em vista a culpa do delinqüente, enquanto a
indenização atende à preocupação re reparar o dano. A primeira não
se aplica por força do dano, pois cogita de impor o mal ao causador
do mal. A segunda não se compreende em o dano, porque se mede
em função dele; b) a pena é sempre conseqüência de delito, ao
passo que a indenização tem no ato ilícito apenas uma das diversas
causas de que pode surgir; c) a pena é, mas a indenização não é
inseparável da pessoa do delinqüente; d) se tiver caráter penal, a
indenização não seria transmissível aos herdeiros do lesado; e) o
irresponsável não está sujeito a pena, mas está sujeito à
indenização; f) a pena não pode ser convertida em outro castigo, se
o delinqüente não pode satisfazer; a obrigação de indenizar subsiste,
embora inexeqüível.170
Já Humberto, tem o posicionamento contrario a função punitiva
da reparação do dano moral:
Somente o direito penal tem vocação para imposição de sanção
punitiva, devendo-se respeitar a esfera de autuação de cada ramo do
direito positivo. Caso contrário, o ofensor estará sujeito à duplicidade
de sancionamento pelo mesmo fato. Considera que um dos
168
SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 193.
169 SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 193.
170 DIAS, José de Aguiar. Da responsabilidade Civil. 11 ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2006. P.1000.
70
princípios da repressão pública é o relativo à vedação de imposição
de penas repetidas e cumulativas em razão de um mesmo fato (bis in
idem). Entretanto, admite que a finalidade punitiva da reparação do
dano moral poderá ser considerada pelo juiz na fixação do montante
da indenização como critério secundário ou subsidiário.171
Apesar das controvérsias doutrinarias, admite-se a função
punitiva na reparação do dano moral tanto na doutrina como na jurisprudência.
Porem, para se alcançar o valor global da reparação dos danos morais, o juiz deve
considerar a finalidade punitiva da sanção.172
Vejamos a decisão o TJSC:
CIVIL. DANOS MORAIS. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL.
INSCRIÇÃO INDEVIDA NO SERASA. DEVER DE INDENIZAR.
VALOR DA INDENIZAÇÃO. – Considerando o documento de fls. 18
comprovando a inscrição indevida da autora no SERASA resta
devida a indenização por danos morais. – Nos termos do art. 14 da
Lei nº 8078/90, a responsabilidade contratual do banco é objetiva,
cabendo ao mesmo indenizar seus clientes. – A fixação do valor da
indenização deve ser lastreada em dois parâmetros básicos, quais
sejam, a potencialidade danosa do ato e a idoneidade financeira do
agente. Nesse sentido, a indenização não pode ser tão alta que
cause enriquecimento, nem tão baixa que seja inócua a seus fins
punitivos. – Apelação improvida.173
A falta de parâmetro para a reparação do dano moral, com
base no princípio da reparação integral, transfere ao juiz, a fixação do seu receptivo
montante em dinheiro, através de arbitramento, considerando diversos critérios. No
entanto, a função punitiva da reparação do dano moral apresenta-se de forma
171
THEODORO, Junior Humberto. Dano moral. 4. Ed. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2001. P. 33.
172 SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 193
173 SANTA CATARINA TRF5. Apelação n. 200983000113648. Relator: Paulo Gadelha. 15/04/2010. Disponível em: http://www.trf5.jus.br/. Acesso em 31/10/2010.
71
inquestionável em razão da necessidade do juiz considerar o grau de culpa e as
condições econômicas do ofensor para fixar o valor da indenização.174
Segundo corrente majoritária, entende-se que os danos morais,
tem a dupla função de compensar quem sofreu o dano, e de punir o responsável por
ele. É deste modo, a soma dessas duas funções a essência do instituto. Entretanto
até o presente, as decisões judiciais acanham-se em aplicar o instituto na plenitude
da perspectiva apresentada, por vezes se entende que apenas a função
compensatória por si já resulta no desestimulo exemplar do ofensor, por outras
adota-se um entendimento que anula a potencialidade do instituto, inobservando a
proporcionalidade econômica das partes envolvidas da contenda, restringindo os fins
punitivos ao enriquecimento sem causa da parte hipossuficiente.175
Portanto, para que não seja injusta a indenização é necessário
que tenha valor significativo àquele que deverá prestar, ao ponto mesmo de se
fazer sentir o peso da punição. Mas se o limite for a condição econômica de quem
sofreu o dano, significará que sempre o maior prejudicado moralmente é aquele que
tem um nível maior de poder econômico, por conseqüência grandes empresas
sempre indenizarão valor menor do que deveriam para perceber efetivamente a
punição do Estado, e o cidadão mais humilde não terá o mesmo valor moral
pecuniário que um cidadão de classe econômica mais elevada, nem a mesma
qualidade de produtos e serviços.176
174
MONTEIRO, Filho Carlos Edilson do Rêgo. Elementos de responsabilidade civil por dano moral. Rio de Janeiro: Renovar. 200. P. 152.
175 Silvio L. Costa Sousa.Danos morais punitivos, mais que uma tese em defesa da Teoria do Desestímulo, é antes de tudo uma faceta da teoria dos danos, percebida no direito civil, no capitulo sobre responsabilidade civil, diretamente relacionada a uma função dos danos morais. 2010. Disponível em: http://www.jurisway.org.br. Acesso em 31/10/10.
176 Silvio L. Costa Sousa.Danos morais punitivos, mais que uma tese em defesa da Teoria do Desestímulo, é antes de tudo uma faceta da teoria dos danos, percebida no direito civil, no capitulo sobre responsabilidade civil, diretamente relacionada a uma função dos danos morais. 2010. Disponível em: http://www.jurisway.org.br. Acesso em 31/10/10.
72
3.2.3 PREVENTIVA
O caráter preventivo da reparação do dano moral está
vinculado à necessidade de adoção de medidas que evitam novos conflitos da
mesma natureza ou semelhante. 177
A reparação do dano moral que, ao lado da função
compensatória, desestimula a prática de atos semelhantes, impondo ao agressor
maior reflexão em seus passos futuros, ou seja, é um meio inibitório de novas
ocorrências.178
A função preventiva é inerente à reparação do dano moral. O
sistema jurídico deve estar voltado para a prevenção do alto ilícito, mormente no que
se relaciona aos direitos da personalidade, onde a lesão respectiva jamais
encontrará uma equivalência absoluta, mas a sanção em dinheiro servirá apenas
como meio relativo de resposta do direito positivo.179
Neste sentido, colhe-se da Jurisprudência do Estado de Santa
Catarina:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO
POR DANOS MORAIS. NEGATIVAÇÃO DO NOME DO AUTOR NO
ROL DOS MAUS PAGADORES. AUSÊNCIA DE CONFIRMAÇÃO
DO RECEBIMENTO DA PRÉVIA NOTIFICAÇÃO. DEVER DE
INDENIZAR. RECURSO PROVIDO.
Sabe-se que, com relação a notificação prévia, ..."a regra cogente
insculpida no art. 43, § 2º, do CDC, tem natureza PREVENTIVA e
escopo preciso, qual seja, comunicar o consumidor de maneira cabal
acerca do registro efetuado antes de colocar a informação no
domínio público, evitando causar-lhe, desta maneira,
DANOS materiais e MORAIS, na exata medida em que possibilita ao
inscrito a tomada de todas as providências que entender cabíveis a
177
SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 197.
178 FARIA, Junior Adolpho Paiva. Reparação civil do dano moral. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2003.
179 SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 199.
73
fim de rechaçar a inscrição (devida ou indevida)." (AC n.
2006.006618-5, Rel. Des. Joel Dias Figueira Júnior, DJ de 6-6-
2006).180
Contudo, a finalidade preventiva releva-se como meio eficaz
para reduzir reincidência de atentados contra bens estimados da pessoa humana,
intimidando o pretenso agressor com uma possível diminuição patrimonial, realizada
de forma coercitiva pelo judiciário, colaborando para harmonização social.181
180
SANTA CATARINA TJSC, Apelação n. 2006.028127-5. Relator: Carlos Prudêncio. 25/10/2010. Disponível em: http://app.tjsc.jus.br/jurisprudencia/. Acesso em 28/10/2010.
181 SANTANA, Héctor Valverde; Apresentação Claudia Lima Marques. Dano Moral no Direito do Consumidor. V.38, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. P. 199.
74
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi demonstrado que há uma profunda relação entre os dois
principais pontos de estudo, ou seja, o instituto do Dano Moral e os Direitos do
Consumidor.
Portanto, violados os direitos do homem consumidor, não só,
mas principalmente, violada também será a dignidade da pessoa, trazendo a tona a
aplicação dos danos morais.
A indenização por danos morais deve compensar o lesado e
impor uma punição ao lesante, servindo como fator de desestímulo a novas práticas
lesivas.
A proliferação das indenizações por danos morais é salutar e
reflete um dos aspectos inerentes a conscientização plena dos cidadãos, cabendo
ao Poder Judiciário apreciar e julgar os pedidos, repelindo aqueles infundados e
acolhendo os demais.
A perspectiva é que o instituto do Dano Moral venha a
contribuir para obrigatoriedade do respeito à dignidade do consumidor como um
dever geral imposto aos fornecedores de produtos e serviços como forma de regular
as relações de consumo na sociedade.
Assim, retomando-se a hipótese 1 cogitada na introdução tem-
se: “A prevenção e reparação dos danos morais são direitos básicos do consumidor,
contudo a função é tanto como compensatória, punitiva como preventiva, devido o
consumidor ser a parte mais fraca na relação de consumo.”, restou confirmada.
Quanto a hipótese 2, “A tarifação do dano moral atenta contra
os direitos subjetivos daquele que sofreu o dano, contudo cabe àquele que causa
um dano a outrem o dever de indenizá-lo integralmente, desde que não ocorra o
empobrecimento indevido do ofensor. O juiz deve calcular uma quantia que não seja
irrisória, a ponto de agravar ou expor ao ridículo a vítima, mas que represente uma
compensação diante do que perdeu ou sofreu.”, restou confirmada.
75
Por fim, a hipótese 3, “Diante do fato que a fixação de danos
morais é baseada em critérios subjetivos, a jurisprudência deve fixar valores
diferentes para casos semelhantes de dano moral, pois a comprovação dos danos
morais no Direito do Consumidor é demonstrada mediante raciocínio lógico,
argumentativo, demonstrando a dor do ofendido.”, restou confirmada
Apresentada a pesquisa, permanece para o aprofundamento
do assunto e intensificação do conhecimento o direito processual, que sempre deve
visar à prestação jurisdicional célere e eficaz.
76
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