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JORGE PALMA voo nocturno DANIEL PENNAC mágoas da escola LAURENT CANTET a turma

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Page 1: DANIEL PENNAC mágoas da escola JORGE PALMA voo ......colegas, os teus grandes amigos do futuro, os teus irmãos. Durante três décadas passaram pela ESPJAL milhares de alunos, milhares

JORGE PALMA

voo nocturno

DANIEL PENNAC

mágoas da

escola

LAURENT

CANTET

a turma

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A Escola guarda sempre um futuro

É UMA GRANDE RESPONSABILIDADE ESCREVER SOBRE ALGO QUE EXISTE JÁ HÁ MAIS TEMPO QUE NÓS. É uma ainda maior responsabilidade fazê-lo com o intuito de celebrar a vivência que esse algo já teve. NÃO ESTIVE PRESENTE E NÃO POSSO CONTAR AS HISTÓRIAS MAGNÍFICAS, MARCANTES, INTERESSANTES, INSPIRADORAS, QUE POR AQUI SE PASSARAM. Nada disso me pertence e, no entanto, tudo isso me pertence sem que eu dê por isso. Está nas paredes, nos azulejos, nos canteiros. Tudo isso é a escola, aquele edifício velho que, disfarçado de tintas novas já antigas, vai fazendo

parte da nossa vida tal como nós acabamos por ser, todos os anos, renovados de esperanças, ideias e desilusões, a sua única e plena alma. NÓS, A ALMA, CHEGAMOS DE MANSINHO SEM NOS APERCEBERMOS DA HISTÓRIA DO SÍTIO, DA IMPORTÂNCIA DE TUDO AQUILO, DE TODOS OS PORMENORES. Vamos porque nos querem formados e porque nos querem, talvez, também educados. No início não passa muito disso, estamos ali para aprendermos as disciplinas. Para concluirmos mais uma etapa do nosso ensino obrigatório e depois optar se queremos ir para o secundário, para a universidade, para o mercado de trabalho, para ter uma reforma e para no fim descansar. Mas seria triste se fosse só isso, se fosse tudo tão mecânico. Não é assim, nunca é assim tão certo. Aquela enorme biblioteca de pessoas e experiências não nos dá só certezas, dá-nos tantas mais incertezas quanto rumos a seguir, porque nos acolhe de uma forma que sentiríamos falta se não a tivéssemos, porque nos vai tecendo o conhecimento feito de sentimentos, amizades e inimizades, porque vai apresentando realidades e porque nos dá a oportunidade de escolhermos aquela que queremos inventar. E inventamos mesmo. ENTRAMOS NA ESCOLA MIÚDOS E SAÍMOS DELA, SE TUDO CORRER BEM, VERDADEIROS GAIATOS PARA A VIDA. Somos, no resto do percurso, aquilo que fomos na escola, porque ela fez parte do início do nosso próprio caminho, tal como nós fizemos parte de mais uma gaveta das memórias que o edifício velho, disfarçado e sorridentemente tosco, vai guardando. POR ISSO TODOS OS ANOS QUE CELEBRARMOS, não lhe ponhamos tijolos pesados com idade em cima, ponhamos sim a certeza de que mais do que um passado a escola guarda sempre um futuro.

Pinto Beatriz

Ilustração de Beatriz Pinto

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A Turma

O que dirias se te perguntassem onde vives?

Em Casa, claro, onde está o meu pai, a minha mãe e o meu irmão!

Não será a Escola, no entanto, um

espaço onde passas grande parte da tua vida, a tua segunda casa?

Essas paredes velhas, essas cadeiras riscadas e essas árvores altas são também a tua casa. Assim como são, também esses professores que

tentam que algo fique retido dentro de ti, os teus pais. E esses teus colegas, os teus grandes amigos do

futuro, os teus irmãos. Durante três décadas passaram

pela ESPJAL milhares de alunos, milhares de vidas, milhares de histórias que por aqui ainda andam e,

sim, muita coisa mudou. Muitos espaços estão diferentes, muitas pessoas desapareceram, mas as

suas marcas vivem em cada um de nós e em cada um dos que estão para vir.

Comemoremos assim a nossa Casa, conhecendo as memórias de quem por cá andou, aprendendo o

que alguém, lá no fundo do passado, fez por nós, abrindo a nossa mente para outras formas de ensinar pois é

na escola que não só nos apercebemos da enorme infinidade do universo como do que se passa na

mais pequena bactéria. É aqui que nos ensinam a pôr o

mundo na ponta do lápis e a contar contas sem fim, também é aqui que nos relacionamos, que

crescemos e aprendemos a SER.

Abra-se o champanhe

e apaguem-se as velas que a nossa casa faz anos!

30 já passaram, mais virão!

Esmiuçando de A a Z

O Projecto TurmaMais

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de ESLAV a ESPJAL

Voo Nocturno

22 23

A Nossa

Escola

Encarnação Sara

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“O Professor José Augusto Lucas (…) sempre acreditou na juventude, (…) defendendo sempre...

perguntámos...

Numa escola em que o insucesso, o abandono escolar, o

bullying, os contrastes sociais e os comportamentos de

risco são uma realidade existem algumas questões que

se impõem. Como posso alcançar o sucesso sem

autoconfiança e sem motivação? Como posso

integrar-me se não sei relacionar-me com os outros?

Como posso mudar quando determinam o meu

futuro com rótulos de “aluno problemático”? Será

então que a inteligência emocional reserva em si a

resposta?

A inteligência emocional é um conceito relativamente

recente e, talvez por isso, não esteja em cima da mesa

quando falamos de escola ou de educação. No entanto a

sua natureza, indissociável do ser humano e o facto de

poder ser desenvolvida e treinada, tornou a inteligência

emocional alvo de atenção de muitos especialistas e

curiosos.

A inteligência emocional é o cinzento de uma

inteligência concebida a preto e branco.

ANDRÉ JORGE

Aluno do 11º Ano

Século XXI.

Horários de trabalho exigentes,

competitividade e o ritmo

acelerado do quotidiano

associado ao desenvolvimento

tecnológico fizeram com que a

escola suplementasse a família e

se tornasse, para a grande

maioria das crianças e jovens, o

principal espaço para o

desenvolvimento das suas

capacidades.

A concepção da escola, como um espaço destinado

exclusivamente à aquisição de conhecimentos e

desenvolvimento de competências intelectuais onde uns

ensinam e outros aprendem, uns “passam” e outros

“chumbam”, é redutora e insuficiente. Esta é muito mais

do que isso, é um local de interacção social que potencia

experiências e relacionamentos que ajudam a conhecer e

a definir o “eu”. É nesse sentido que entendo a

inteligência emocional como parte integrante de uma

escola vocacionada para as exigências da sociedade

moderna, uma escola que forme indivíduos e cidadãos

equilibrados.

Auto-conhecimento emocional, controlo emocional,

auto-motivação e capacidade de interagir socialmente,

todos estes conceitos se relacionam, todos eles integram

aquilo que denominamos de inteligência emocional,

todos eles são fundamentais no mundo em que vivemos.

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... uma escola pública, de qualidade, de afectos, democrática e inclusiva.” 04 05 CRÍTICA

Como é obvio uma das grandes preocupações, expressa nos

sucessivos projectos educativos, tem sido a promoção do

sucesso escolar que, para a escola, e passo a citar,

“integralmente atingido, implica a aquisição de

conhecimentos, o desenvolvimento de competências, bem

como o domínio de instrumentos, para uma plena inserção

social e pleno exercício da cidadania”. O desempenho da

escola tem vindo a melhorar a todos os níveis nomeadamente

nas subidas das taxas de progressão e nas médias dos exames.

Também se verifica uma descida na taxa de abandono, fruto

de um trabalho de prevenção desenvolvido pelos Directores

de Turma e pelo Serviço de Psicologia e Orientação, em

articulação com a Comissão de Protecção de Crianças e

Jovens de Oeiras. No âmbito da filosofia da promoção de

mais e melhor sucesso educativo a escola aderiu este ano ao

projecto Turma mais, aplicado às turmas do 7.º ano de

escolaridade.

Embora a Escola não tenha meios objectivos de avaliação do

impacto da sua acção educativa, há um dado que nos permite

apurar os resultados dessa acção: as listas de colocação dos

alunos no Ensino Superior revelam que a grande maioria

ingressa no ensino superior e, muitos deles, na primeira

escolha, em cursos como Medicina, Engenharia

Aeroespacial, Engenharia Civil, Arquitectura e outros.

Apesar de não haver um conhecimento sistemático do

percurso escolar e ou profissional após a saída da escola, há

algum conhecimento, em regra satisfatório, pois são muitos

os alunos que, depois de saírem, vêm à Escola, para

assistirem a actividades realizadas, como convidados para

sessões, ou simplesmente para visitar a escola. O melhor

exemplo é a fundação da Associação dos Antigos Alunos da

Escola Secundária de Linda-a-Velha, concretização de um

sonho antigo perfilhado também pelo professor Lucas, cujos

dirigentes colaboraram activamente na comemoração dos 30

anos da ESLAV.

Orgulhosos do nosso passado, trabalhando para melhorar

o presente e perspectivar o futuro, continuamos a

valorizar, de entre os princípios orientadores que constam

do nosso projecto educativo, a defesa de uma escola

inclusiva e plural, onde as diferenças são encaradas como

riqueza e não como constrangimento, e a valorização dos

afectos que possibilitem a construção de universos

pessoais sem violência.

Esta foi a herança deixada pelo professor José Augusto Lucas

e que a escola quer continuar a honrar.

Toda a escola ainda hoje se orgulha da forma digna,

profissional e solidária como soube gerir e anular conflitos e

tensões.

O Professor José Augusto Lucas é uma referência para os

alunos e professores presentes e vindouros.

É uma referência porque sempre acreditou na juventude,

lutando para que lhe fossem oferecidas, na escola, para

além das condições pedagógicas, outras de alcance

cultural, formativo e desportivo, defendendo sempre uma

escola pública, de qualidade, de afectos, democrática e

inclusiva.

É uma referência porque sempre colocou em primeiro

lugar a escola, dedicando-se totalmente a esta causa, que

abraçou até ao último dia da sua vida.

CARLOS GUERREIRO

Director da ESPJAL No dia 17 de Dezembro de 2009

simultaneamente comemorámos os

trinta anos da Escola Secundária de

Linda-a-Velha e prestámos

homenagem ao nosso querido amigo e

antigo presidente do Conselho

Executivo, professor José Augusto

Lucas, que passará a ser o patrono da

Escola.

Fundada em 17 de Dezembro de 1979,

em pleno momento de explosão

democrática do ensino, a Escola tem

sido palco e protagonista de um

percurso complexo de aprendizagens e experiências, vivido

com um espírito de inquietação e procura de que nos

orgulhamos.

Acompanhando as alterações do tecido social da freguesia e

do concelho, que se reflectem na população discente, a Escola

tem vindo a adaptar o seu Projecto Educativo e Curricular a

esta transição. Inicialmente foi definido como nosso lema

“Uma Escola de Todos para Todos”, procurando dar

resposta às necessidades de integração de uma população

discente em grande medida oriunda de bairros degradados

(Pedreira dos Húngaros, Alto de Santa Catarina, Barronhos,

entre outros), que chegou a atingir, no Ensino Básico a

percentagem de 32%. Com a alteração do tecido social da

freguesia e do concelho (fruto de Programas de Realojamento

a cargo da Câmara Municipal de Oeiras e de construção de

habitação de qualidade), dando conta de uma outra realidade,

o nosso lema passa a ser “Ensinar e Aprender com

Qualidade”, não esquecendo que a diversidade social, étnica

e cultural permanece ainda como uma característica

importante dos alunos.

30 anos é muito tempo e pela ESLAV passaram milhares de

pessoas, que viveram as várias transformações pelas quais a

Escola passou.

Começando pelas instalações, estas foram feitas de acordo

com normativos da época diferentes dos actuais, e apresentam

algumas deficiências que urge reparar, nomeadamente as que

dizem respeito à segurança e à saúde. Embora a comunidade

escolar considere o espaço da escola como um elemento

positivo, refira-se que o equipamento e mobiliário se encontra

muito degradado e desactualizado, necessitando também de

urgente substituição.

Acompanhando também a transformação da população da

zona, passámos de uma escola com elevada percentagem de

alunos oriundos dos PALOPs, para uma escola com maior

diversidade cultural e étnica, com alunos vindos também do

leste da Europa, Brasil (maioritário em relação às outras

comunidades), China, etc.

A Escola Secundária de Linda-a-Velha sempre se

caracterizou por uma grande dinâmica a nível de projectos e

actividades extracurriculares. Assim, a par da grande

preocupação com a qualidade das aprendizagens curriculares

dos alunos, sempre desenvolvemos iniciativas visando o

enriquecimento cultural, social e cívico dos alunos. Ao longo

dos anos, a Associação de Pais e Encarregados de Educação

tem sido activa, colaborando eficazmente com a escola.

Também existe uma forte articulação com a autarquia com

participação regular na vida da escola, quer a nível

institucional, quer através da colaboração em recursos e

apoios aos vários projectos da escola.

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G ULOSEIMAS – Muitas voaram

ao longo da campanha. Nós

alunos só podemos agradecer.

H INO DA ESCOLA – “Temos

dois amigos a trabalhar para a

lista que percebem de música e nos

estão a ajudar neste aspecto. Mas não é

uma prioridade, neste momento

inicial.” Falou-se num concurso entre

os alunos, quem sabe…

I CARTAZ – “É um cartaz com informação de cinema,

desporto, CD’s, filmes… Mas ouvimos falar de um grupo

de alunas que, para a disciplina de Área de Projecto vai fazer

um trabalho parecido, por isso ainda não sabemos bem.

Vamos ver o que é que dá!”

J A LISTA ADVERSÁRIA – “Nós ganhámos e pronto!

Preferimos não fazer grandes comentários à campanha

deles.” (risos)

L IMITAÇÕES – “A nossa única limitação é a preguiça

do nosso presidente.” (risos)

M ATRECOS – “Muita gente achava que o que

tínhamos escrito sobre os matraquilhos, no nosso

programa de actividades, era mentira. Bem, mas aqui está a

nossa resposta, já estão a 20 cêntimos!”

N OVIDADES – “A nossa maior novidade é realmente

fazer alguma coisa! Essa vai ser mesmo a nossa

novidade para todos.”

O RGULHO – “Mais do que orgulhosos, agora queremos

estar orgulhosos no final do ano por tudo o que

fizemos!”

A POIAR OS ALUNOS – “Todas

as propostas que nós

apresentámos no nosso programa de

actividades servem para isso mesmo,

apoiar os alunos, e é isso que nós

queremos que vocês (alunos) sintam

ao longo deste nosso mandato”.

B ATTLES – “O nosso principal

objectivo era mobilizar os

alunos, já que esta é uma das poucas

coisas por que se interessam quando se fala de listas ou de

eleições. A lista S tinha os seus contactos e a J tinha outros.

Falámos com o presidente da lista J e ele achou boa ideia. E

assim surgiu todo aquele “espectáculo”.

C ONCERTOS – “Nós, durante a campanha, trouxemos

um guitarrista, para entreter os alunos e para lhes

mostrar aquilo que podemos fazer nesta área. Podemos

substituir um pouco as festas por um ou outro concerto,

porque conhecemos um ex-aluno aqui da ESPJAL, que não se

importa de cá vir tocar. Era giro…”

D IVERSÃO – “Nós contamos com o apoio de duas

produtoras, a GoNight e a CGV, para nos ajudar a

realizar festas aqui na escola. Essas produtoras disponibilizam

-nos também DJ’s e podemos arranjar entradas à borla numa

ou noutra festa. Afinal de contas é disto que os alunos

gostam!”

E MPENHO – “Temos, de certeza ABSOLUTA!”

F AZER – Garantem que a palavra FAZ parte do

vocabulário desta associação…

“Para agrado de todos, esperamos...

Depois de uma semana

verdadeiramente de loucos, em

que tivemos dança, futebol,

concertos, karaoke e muito,

muito despique entre as listas S e

J, eis que acabou.

Para infelicidade nossa, mas

para descanso dos protagonistas

desta semana frenética…

A vencedora?… A LISTA S.

Pretendemos, com esta entrevista

ao Presidente João Mota e ao

vice-presidente André Jorge,

saber todo o processo e o que

levou a lista S a vencer

estas eleições. E, claro

está, o que é que nos

vão trazer de novo!

ESMIUCEMO-LOS

ENTÃO…

escola

Frischknecht Tomás

Ferreira Tia-

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De 16 a 20 de Novembro de 2009

decorreram as eleições para a nossa

Associação de Estudantes,

com duas listas concorrentes,

designadas pelas letras S e J.

Os primeiros dois dias foram

somente dedicados à Lista S,

mas segundo a lista J fazia tudo

parte do “plano”!

Nessa semana, as duas listas

estiveram em confronto com uma

campanha eleitoral bastante

atractiva. Por parte

da Lista J houve boa

música, jogos de

futebol da playstation, karaoke e

o show de malabarismo. A Lista

S não teve tanta diversão

(excluindo o barulho dos

tambores), mas sim a

apresentação de mais propostas

e propaganda às mesmas. Com

alguma rivalidade, realizou-se

também um mini jogo de futebol,

ganho pelos jogadores e

representantes da lista S.

Para que conste os candidatos a

presidentes foram, pela Lista S, o João

Mota, e, pela Lista J, a Inês Belo.

Depois de uma semana de “árduo trabalho”

realizou-se, no dia 23 de Novembro, a

esperada eleição. A

Lista S venceu com 395

votos contra 271 da

Lista J, dos 683 votos

entrados nas urnas.

Com esta vitória, a lista S

não perdeu tempo para pôr

em prática algumas das

propostas feitas como: os

torneios semanais de

“Magic the Gathering”, os

famosos e tão falados

matraquilhos a vinte

cêntimos e a rádio com

melhor música, ao gosto

de todos.

Para agrado de todos,

esperamos que se

realizem todas

as propostas

feitas!

06 07 CRÍTICA ... que se realizem todas as propostas feitas!”

Frischknecht Madalena

Freire Joana

P ROGRAMA DE ACTIVIDADES – “Nós procurámos

elaborar um programa de actividades que abrangesse o

maior número de aspectos que considerámos importantes para

uma associação fazer, ao longo do seu mandato. Penso que

nos saímos bem!”

Q UAL A PRIMEIRA COISA QUE JÁ FIZERAM? –

“Dar uma tremenda arrumação no espaço que nos foi

destinado e pôr os matraquilhos a 20 cêntimos.”

R ÁDIO DA ESCOLA – “Já temos a rádio, mais ou

menos em funcionamento, não tanto quanto desejamos

mas pelo menos já conseguimos passar alguma música

durante os intervalos, para os alunos descomprimirem das

aulas. O próximo objectivo é passar géneros de música mais

variados. Só não nos peçam para passar Fado!” (risos)

S OLIDARIEDADE – “Nós pensámos em ajudar os cães e

outros animais, arranjando-lhes comida. Não somos só

nós (humanos) que precisamos deste tipo de ajuda...”

T ORNEIOS DESPORTIVOS – “Pretendemos realizar o

mais rápido possível este tipo de torneios. Teremos que

primeiro resolver uma ou outra questão, mas depois disso esta

é uma actividade que vai, certamente, para a frente.” Fica a

promessa para os desportistas…

U M POR TODOS E TODOS POR UM – “Sim,

esperemos que esta seja uma associação marcada pela

união e pelo bom trabalho realizado por toda a nossa equipa.”

V OTA S – Muito barulho fizeram eles!

X EQUE-MATE – “Se for em relação aos torneios de

xadrez, então respondemos que estão em marcha, mas

se for em relação à lista J preferimos não entrar por

aí!” (risos)

Z IMBORA” TRABALHAR NO DURO!

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E que tal saber a opinião de um pai?

E se esse pai já tiver sido antigo aluno da nossa Escola?

Decidimos, por isso, entrevistar um ex-aluno da ESLAV,

que partilhou connosco a sua ideia acerca da Escola

e sobre outros temas....

“O Sr. César gostou muito de frequentar a escola...

ENCONTRÁMO-NOS À ENTRADA DA

NOSSA ESCOLA com o antigo aluno César

Oliveira (pai duma das entrevistadoras), numa

tarde de um sábado, do mês de Dezembro.

Frequentou a Escola Secundária de Linda-a-

Velha (ESLAV) de 1981 a 1984, entre os

14 e os 17 anos.

Considerava-se muito

bom aluno, embora

tenha tido algumas

pequenas dificuldades

de adaptação, porque os

seus pais tinham-se

mudado para o Zaire,

permanecendo lá quase

toda a sua infância.

Quando veio para

Portugal, não teve que

repetir nenhum ano e

continuou a frequentar o

9.º ano.

O Sr. César acha que a actual Escola Secundária

Professor José Augusto Lucas (ESPJAL) sofreu

grandes alterações desde a sua altura de estudante.

Quando ele a frequentava, não havia Biblioteca

nem, por exemplo, computadores. O Polivalente

era, nessa época, um espaço muito simples, e não

existiam os pavilhões E e F. O Ginásio estava

ainda inacabado, a meio

da sua construção. Por

outro lado, havia algo que

agora causaria uma

tremenda contestação:

aulas ao Sábado. Existia

também, nessa altura,

pouco controlo e

vigilância por comparação

com a situação actual.

Gostava muito do campo

de futebol onde ia muitas

vezes jogar com os

amigos.

escola

Beatriz Gonçalves

Sónia Oliveira

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Em geral, simpatizava com os professores e

costumava dar-se muito bem com os funcionários,

especialmente com a D. Nazaré, uma simpática

funcionária que ainda há pouco tempo se reformou.

Nessa altura, tinha alguns pequenos problemas em

relação às suas escapadas furtivas da escola. Como

o pai do Sr. César trabalhava numa mercearia perto

do recinto escolar, ele conhecia alguns dos

funcionários, nomeadamente o porteiro. Assim,

tinha alguma dificuldade em sair da escola sem os

pais se aperceberem. Então tinha que ficar na

escola, e não podia ir fazer outros “programas”

com os amigos, ou então tinha que ir logo para

casa. Recorda-se também que a sua mãe nunca o

deixava almoçar no Refeitório e ele não gostava

muito disso.

Contou-nos que, até há pouco tempo, existia

mesmo junto à escola um bairro intitulado de

“Pedreira dos Húngaros”, com habitações muito

degradadas (barracas) e onde viviam pessoas que

não tinham tantas possibilidades económicas.

Havia diversos assaltos a alunos, professores ou

pessoas que passavam ali perto. O Sr. César diz que

foi óptimo terem retirado as pessoas dali para outro

lugar onde tivessem uma casa.

08 09 CRÍTICA … e, por isso, matriculou a sua filha aqui.”

Referiu-nos que gostava bastante do período do

Carnaval passado na escola. Havia guerras de

ovos e de balões de água onde todos se divertiam,

muito embora ache que algumas brincadeiras eram

perigosas e acabava sempre alguém magoado.

As eleições para a Associação de Estudantes

tinham um grande impacto e, nesse momento,

havia muito entusiasmo. As listas eram apoiadas

por alguns partidos políticos, faziam-se e

colocavam-se muitos cartazes e distribuíam-se

muitas ofertas pelos estudantes para caçar o voto.

Por essa altura, havia sempre música nos intervalos

e ping-pong no Polivalente.

O Sr. César gostou muito

de frequentar a escola

e, por isso, matriculou a sua filha aqui.

Quem sabe se a sua filha

não fará exactamente o mesmo?...

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SEGUNDO NOS FOI INFORMADO

PELA PROFESSORA

COORDENADORA DESTE

PROJECTO, PAULA VARELA, a

ideia inicial surgiu há cerca de 8 anos na

Escola Secundária com 3.º ciclo

Rainha Santa Isabel, em Estremoz, e a

partir daí foi sendo adoptada por outras

escolas. Actualmente, existem cerca de

70 escolas a implementar o projecto.

O objectivo do projecto é melhorar o

sucesso e a auto-estima de TODOS os alunos

envolvidos.

O projecto na nossa escola começou a funcionar este

ano lectivo com 6 turmas do 7.º ano. As turmas estão

divididas em dois grupos de três turmas. As turmas

A C e E formam a TurmaMais G, por sua vez, as

turmas B, D e F formam a TurmaMais H.

Cada um dos grupos de 3 turmas é leccionado pela

mesma equipa pedagógica de professores. De acordo

com a nossa entrevistada “temos observado que os

alunos se sentem mais confiantes e mais à vontade

para participar na aula e esclarecer as suas dúvidas,

melhorando assim a sua aprendizagem”.

“Esperemos que esta nova experiência diminua o insucesso...

escola

Albuquerque Rita

Coutinho Mónica

Nós não sabíamos o que era o

Projecto TurmaMais e, numa

sexta-feira do final do 1.º Período,

fomos falar com a professora

Paula Varela para descobrir…

Ficámos a saber que é uma

experiência que dá aos alunos a

oportunidade de melhorar a sua

aprendizagem.

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“Eu adorei este Projecto.

Adorava poder continuar nesta

turma o resto do ano pois

conheci pessoas muito

simpáticas e até reencontrei

outros amigos. Adorava que este

Projecto continuasse no 8.º ano,

pois foi das iniciativas mais

proveitosas em que pude

colaborar.”

João Tiago Gonçalves 7.ºC

10 11 CRÍTICA ... continuando a melhorar as capacidades dos alunos.”

Também segundo a Coordenadora “até agora, a

reacção dos alunos a frequentar a TurmaMais foi

bastante positiva”. A professora Paula Varela afirma

que “cada vez mais se nota a evolução dos alunos”. A

ideia global é, por enquanto, positiva. Contudo, segundo

nos afirmou “infelizmente o Projecto apenas abrange

6 disciplinas (Língua Portuguesa, Matemática,

Inglês, Francês, História e Geografia)”. No entanto,

os professores que integram o Projecto esperam que,

para o próximo ano lectivo, sejam integradas todas as

outras disciplinas.

Esperemos que esta nova experiência diminua o

insucesso, continuando a melhorar as capacidades

dos alunos.

“Este Projecto permite aos alunos

melhorar as notas. Gosto de estar na

TurmaMais pois estamos todos a

trabalhar ao mesmo ritmo e é mais fácil.

As vantagens é os alunos com mais ou

menos os mesmos resultados, de

turmas diferentes, estarem a trabalhar

todos juntos. As desvantagens é que,

por exemplo, no meu caso, as minhas

amigas não vieram para a TurmaMais e

é difícil estar com elas, mas ao fim de

tudo até foi interessante estar na

turma…”

Andrea Monteiro 7.ºE

“Acho que este

Projecto foi bastante

interessante, apesar

de ter começado

demasiado cedo, mas

até me adaptei bem.

O ambiente de

trabalho é totalmente

diferente e assim até

conheci colegas novos

e fiz novos amigos.

Adorei a experiência.”

Nuno Galhofo 7.ºA

“Eu acho que este Projecto até

funcionou bem, mas tem o problema de

que a turma de origem quase nunca

está junta. Tem vantagens na

aprendizagem. Não fiquei tão à-vontade

como gostaria, mas foi bom, ensinou-

me algumas coisas…

Tive mais atenção nas aulas e

compreendi as matérias.”

Carla Duarte 7.ºC

Page 12: DANIEL PENNAC mágoas da escola JORGE PALMA voo ......colegas, os teus grandes amigos do futuro, os teus irmãos. Durante três décadas passaram pela ESPJAL milhares de alunos, milhares

POR OCASIÃO DA COMEMORAÇÃO DOS

30 ANOS DA ESCOLA e genialmente

sugerido pela Professora Ana Páscoa

preparávamo-nos para ver Apocalypse Now, um

épico do cinema de 1979 (também com 30 anos),

brilhantemente realizado por Francis Ford

Coppola.

Assim, juntaram-se os habituais membros do

Clube de Cinema, muitos outros professores,

alguns funcionários e outros tantos alunos, o que

constituiu um grupo muito simpático, de pessoas

interessantes, de olhares curiosos e atentos, prontas para

se deleitar, vendo ou revendo e revivendo, na minha

opinião, uma das melhores obras cinematográficas de

sempre. Mas há que fazer um pequeno aparte. Lamentar

a falta de afluência dos alunos da escola, a sua falta de

adesão. Pois esta não era, de forma alguma, uma sessão

entediante, antes uma comemoração do cinema e, por

extensão, uma celebração da vida. Enfim, o filme

começou num ambiente silencioso e quase cerimonial.

Apocalypse Now é o resultado de uma adaptação do

conto de Joseph Conrad Heart of Darkness e a acção

tem lugar no Vietname, em plena guerra. Willard

(Martin Sheen) é um capitão norte-americano que parte

numa missão incumbido de matar um tal de coronel

Kurtz (Marlon Brando), uma personagem non grata ao

regime.

“(...) uma merecida homenagem tanto ao cinema...

No dia 16 de

Dezembro de 2009,

como habitualmente,

às quartas-feiras no

Clube de Cinema,

juntaram-se no

anfiteatro amantes

de cinema – desde

meros curiosos a

absolutos fanáticos –

para celebrar uma

vez mais a sétima

arte.

Toda a jornada, que acaba por se centrar na

subida de um rio, permite-nos olhar de dentro

e de forma lúcida a guerra do Vietname, ver as

mais terríveis atrocidades e, por isso, duvidar

do Homem enquanto ser racional,

questionando até que ponto somos capazes de

suprimir o nosso instinto animal e mais

selvático. Vamos acompanhando a complexa

construção das personagens e partimos numa viagem,

mais que física, espiritual, de procura da essência do

ser.

Em seguida, deu-se a discussão. Uma conversa aberta

e acesa como deve ser, onde se apresentaram

diferentes perspectivas e se reconheceu a qualidade da

fotografia, a predominância de cores como o verde e o

negro e se debateu todo o simbolismo inerente.

Como fã incondicional de cinema que sou

só poderia dizer que, apesar do frio, chuva e

desconforto, esta foi uma tarde muitíssimo bem

passada, onde foi feita uma merecida homenagem

tanto ao cinema como a uma escola

que já faz 30 anos.

escola

Nunes Maria

Page 13: DANIEL PENNAC mágoas da escola JORGE PALMA voo ......colegas, os teus grandes amigos do futuro, os teus irmãos. Durante três décadas passaram pela ESPJAL milhares de alunos, milhares

… como a uma escola que já faz 30 anos.” 12 13 CRÍTICA

"This is the end"-

Com estas

palavras, cantadas

pela voz de Jim

Morrisson, o

eterno vocalista

dos The Doors,

poeta e “Rei

Lagarto”, começou

o filme Apocalypse

Now de Francis

Ford Coppola, o filme escolhido para

comemorar os 30 anos da Escola

Secundária de Linda-a-Velha.

Escolhido pela Professora Ana Páscoa,

professora de Filosofia e Psicologia, o

filme foi seleccionado por dois motivos: a

sua data, 1979, ano em que a ESLAV

também foi fundada; e a sua qualidade,

atestada por dois Óscares e seis

nomeações para a mesma estatueta

dourada.

Presentes na sessão estavam 34 pessoas,

na sua maioria professores. Após a

exibição do filme, que durou duas horas e

trinta e dois minutos, a Professora Ana

Páscoa iniciou o debate, explicando por

que tinha escolhido o filme. Prosseguiu-

se então a discussão entre professores e

alunos, sobre os temas do filme como a

guerra e o efeito que a derrota

desastrosa teve para os Estados Unidos,

assim como a análise mais subtil à

natureza humana e à reacção do Homem

perante a barbárie e o brutalmente

surreal. A discussão foi sempre muito

interessante, contando com participações

da maioria do auditório, passando por

professores e também alunos.

Trinta anos depois, o filme

"Apocalypse Now" envelheceu como

um bom vinho do Porto, mantendo a

sua qualidade e a sua mensagem

actuais.

Santos Guilherme

Lançamento do Livro “30 e Tal Olhares” - uma colectânea

de textos de alunos, professores, funcionários, encarregados

de educação e ex-alunos da Escola sobre os filmes mais

significativos dos últimos 30 anos.

Page 14: DANIEL PENNAC mágoas da escola JORGE PALMA voo ......colegas, os teus grandes amigos do futuro, os teus irmãos. Durante três décadas passaram pela ESPJAL milhares de alunos, milhares

“O Prof. José Augusto Lucas (…) ,durante toda a sua carreira, combateu o abandono escolar e ...

escola

A PARTIR DAS 10H00

COMEÇOU A SER

REALIZADA A CORRIDA DA

ESCOLA que, desta vez, reuniu

professores, funcionários e

alunos, num acontecimento

desportivo anual que pretende

incentivar à prática de exercício

físico.

Depois da preparação física, às 14h30, decorreu

finalmente o acontecimento mais importante das

Comemorações dos 30 anos da ESLAV. Estas tiveram

lugar no Polivalente, que sofreu uma transformação

radical para albergar um evento desta dimensão. Vários

alunos, juntamente com

professores, empenharam-se para

embelezar o lugar, com sucesso.

Foi então que, por volta das

15h00 horas, foi aberta a Sessão

Solene. Inicialmente, o Director

da Escola, Professor Carlos

Guerreiro, brindou toda a

plateia de funcionários,

professores, alunos e ex-alunos

da ESLAV com um discurso

sobre os momentos importantes

da história da Escola.

Exactamente no dia

17 de Dezembro de

2009,

a Escola fez 30 anos.

Nada melhor, portanto,

que iniciar as

Comemorações da

antiga ESLAV

com a já consagrada

Corrida da Escola

e esperar que, pelo dia

fora, vá surgindo a

nova... ESPJAL

Mereceu especial referência o percurso do Professor

José Augusto Lucas até chegar a Presidente do

Conselho Executivo da Escola, não tendo sido

poupados elogios a este que, durante toda a sua

carreira, combateu o abandono escolar e ajudou

pessoalmente todos os alunos da ESLAV, no seu

percurso académico.

Moreira Miguel

Page 15: DANIEL PENNAC mágoas da escola JORGE PALMA voo ......colegas, os teus grandes amigos do futuro, os teus irmãos. Durante três décadas passaram pela ESPJAL milhares de alunos, milhares

… ajudou pessoalmente todos os alunos da ESLAV, no seu percurso académico.”

Seguiu-se um breve discurso do Director Regional da

Educação, representante da Ministra da Educação, que

não pode marcar presença neste acontecimento. Este

frisou alguns assuntos referidos anteriormente, mas

aproveitou a oportunidade para lembrar que a

ESPJAL está inserida num programa para a

recuperação de instalações escolares. Esta cerimónia

findou com o discurso da representante da Câmara

Municipal de Oeiras.

Seguiu-se a cerimónia de atribuição da nova designação

oficial à ESLAV, que passou a chamar-se Escola

Secundária Professor José Augusto Lucas, em

homenagem ao antigo Presidente do Conselho

Executivo.

Nesta cerimónia é de realçar a presença do

Presidente da Câmara Municipal de Oeiras,

Sr. Isaltino Morais

e dos filhos do Prof. José Augusto Lucas.

14 15 CRÍTICA

No dia 18 de Dezembro, sexta-feira

(e último dia de aulas), devido às

Comemorações dos 30 anos da

Escola, realizaram-se também várias

actividades.

Durante a manhã, no

Pavilhão G, de Educação

Física, realizaram-se

actividades de carácter

lúdico e desportivo,

neste caso râguebi e

tiro ao alvo que

mobilizaram grande

parte dos alunos.

Ao longo do dia

foram decorrendo outras actividades,

como a inauguração da Exposição do

Clube de Cinema, no Pavilhão E, o

lançamento do livro “30 e Tal

Olhares” (ver página 13), a plantação

de uma Oliveira e a realização de um

Pedipaper.

Além de vários momentos de Poesia,

Musicais e da inauguração da

Exposição “1979 – 30 Livros em

Português”, as actividades da manhã

foram encerradas com um lanche com

oferta de livros da Editora Gradiva à

comunidade escolar e uma animação

com antigos alunos trajados com a

roupa do ano de 1979.

Foi um dia bastante activo, tanto

para professores como para alunos.

Albuquerque João

Page 16: DANIEL PENNAC mágoas da escola JORGE PALMA voo ......colegas, os teus grandes amigos do futuro, os teus irmãos. Durante três décadas passaram pela ESPJAL milhares de alunos, milhares

C:

Du

ran

te o

tem

po

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ceu

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fica

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stavam

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ruir

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roce

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nca

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Car

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ção

Fís

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azia

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eu

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C:

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o c

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que

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est

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estã

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os

que

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ore

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vam

.

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pre

ho

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nest

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qu

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ccio

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RO

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A:

Eu v

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em

81

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ano

dep

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ido

inau

gura

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nes

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ltura

no

Co

nse

lho

Dir

ecti

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rof.

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eres

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arci

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Nu

nes

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Pro

f. C

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s G

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lves

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Ed

uca

ção

Fís

ica.

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pre

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inha

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Eu f

ui

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Car

val

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uei

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.

Eu a

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Po

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írit

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Co

meç

ou a

í, m

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mente

co

m o

Pro

f.

Luca

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isas

cam

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am

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m s

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abso

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te e

span

toso

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inte

gra

ção

, d

e

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tura

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e u

ma

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pre

dis

po

nib

ilid

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par

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das

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no

s le

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traz

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ula

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C:

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ções

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tem

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cas?

R.B

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muit

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ifíc

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bre

isso

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Luca

s, n

ão t

inha

idad

e p

ara

isso

,

mas

era

quas

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u c

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o n

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ho

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Era

um

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ress

ante

: ch

eio

de

hu

manid

ade

e nunca

tin

ha

cert

ezas

.

Eu a

cho

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ele,

rea

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, co

rpo

riza

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“esp

írit

o”

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eu a

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marc

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ta

esco

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ertu

ra à

s d

ifer

ença

s, a

cap

acid

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mas

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bém

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cort

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dir

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pre

ciso

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s, q

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um

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ble

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s, o

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a, v

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que

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va

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aco

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cer

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ia q

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pro

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ma

ia l

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irei

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oco

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ação

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va-

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gar

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par

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uti

vo

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ões

e

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çad

íssi

mo

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orm

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a vo

lta

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uit

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om

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C:

E d

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rofe

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r C

arl

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Gu

erre

iro

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Gu

ard

a a

lgu

ma

s m

em

ória

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R.B

.: O

Car

los

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muit

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ovem

, m

as

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um

ind

ivíd

uo

muit

o d

inâm

ico

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le e

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resp

onsá

vel

pel

o s

ecto

r d

as t

ecno

logia

s,

que

a m

aio

ria

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s p

rofe

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res

não

per

ceb

ia

nad

a. E

le e

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no

ssa

salv

ação

par

a tu

do

o

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hav

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igad

o a

máq

uin

as

e

com

puta

do

res,

a l

abo

rató

rio

s e

aos

pav

ilhõ

es!

Mas

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iss

o,

ele

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ind

ivíd

uo

muit

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nte

ligente

. N

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oss

as

reuniõ

es e

ra m

uit

o t

ímid

o,

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sem

pre

o

últ

imo

a f

alar

, m

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sist

íam

os

e lá

saí

a

a su

a o

pin

ião

. N

ão e

ra u

ma

pess

oa

que

fica

sse

à m

argem

, d

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anei

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enh

um

a!

E a

jud

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-no

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asta

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naq

uel

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ltura

!

que

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sco

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têm

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je,

é o

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do

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oiç

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izer

. P

rom

ovem

os

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dia

s d

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acti

vid

ades

liv

res,

org

aniz

adas

pel

os

aluno

s

e ap

oia

das

por

s e

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eira

fes

ta d

e

Car

naval

, q

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se f

ez n

est

a es

co

la,

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nes

se

ano

, 1

98

4!

C:

do

is a

no

s fe

z u

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pa

lest

ra

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esco

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ob

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teli

gên

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o”

.

Po

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xp

lica

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uci

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men

te,

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sist

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ipo

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ênci

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R.B

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o c

onsi

ste

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des

envo

lver

um

a sé

rie

de

cap

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ades

que

têm

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o

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alte

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.

Até

ago

ra,

cap

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ades

que

são

cen

trad

as

no

hem

isfé

rio

esq

uer

do

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mo

a m

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óri

a, a

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ligênci

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ita

pura

rac

ional

, a

lógic

a, o

pen

sam

ento

seq

uen

cial

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cau

sa-e

feit

o s

ão

aquel

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ue

no

rmal

men

te a

esc

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vil

egia

e q

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e em

ter

mo

s

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tivo

s. O

que

a in

teli

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pre

tend

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que

se d

esen

vo

lvam

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lad

o,

o a

uto

-co

nhec

imen

to d

a

pró

pri

a p

esso

a, d

as s

uas

em

oçõ

es,

do

que

a

pes

soa

pen

sa e

po

rque

é q

ue

sente

iss

o e

m

det

erm

inad

a si

tuaç

ão,

o q

ue

dar

á

po

ssib

ilid

ade

a u

m a

uto

contr

olo

, a

um

a

auto

-ges

tão

des

sas

em

oçõ

es.

Dep

ois

o

pro

ble

ma

da

mo

tivaç

ão q

ue

é u

m p

rob

lem

a

fund

am

enta

l, d

a em

pat

ia e

da

com

pet

ênci

a

soci

al:

a ca

pac

idad

e d

e li

der

ar e

de

trab

alhar

em

gru

po

. E

sse

tip

o d

e

cap

acid

ades

são

fund

am

enta

is n

um

a

soci

edad

e. N

algu

ns

paí

ses

que j

á co

meç

a a

ser

mai

s evid

ente

que

no

utr

os.

Po

rtan

to s

ão

esse

tip

o d

e ca

ract

erís

tica

s q

ue t

êm

a v

er

com

as

tais

co

mp

etênci

as

rela

cio

nai

s...

C:

Co

mo

en

tro

u e

m c

on

tact

o c

om

est

e

ass

un

to?

R.B

.: A

min

ha

área

de

form

ação

é

Fil

oso

fia.

Dura

nte

mu

ito

s ano

s d

ei p

ouca

s

vez

es,

muit

o p

ouca

s, P

sico

logia

. N

ão e

ra

um

a co

isa

que

me

inte

ress

asse

po

r aí

alé

m,

par

a se

r fr

anca

! In

tere

ssava-m

e m

uit

o m

ais

a F

ilo

sofi

a, o

lad

o m

ais

so

cio

lógic

o d

as

cois

as.

A ú

nic

a co

isa

que

fiz

foi,

dep

ois

de

esta

r re

form

ada,

co

meç

ar a

ler

co

isas

que

não

tin

ha

tid

o t

em

po

de

ler

ante

s. N

essa

altu

ra p

edir

am

-me

par

a fa

zer

um

curs

o d

e

form

ação

so

bre

um

tem

a no

vo

que

era

a

inte

ligênci

a em

oci

onal

. A

quil

o f

oi

um

des

afio

, fo

i u

ma

cois

a q

ue

eu t

ive

muit

o

med

o d

e ac

eita

r, n

ão m

e se

nti

a

min

imam

ente

pre

par

ada

mas

ao m

esm

o

tem

po

era

mes

mo

ist

o!

Eu e

stav

a a

pre

cisa

r

No

an

o e

m q

ue

a E

sco

la S

ecu

nd

ári

a d

e L

ind

a-a

-Vel

ha

(d

e ago

ra e

m d

ian

te

Esc

ola

Sec

un

ria

Pro

fess

or

Jo

sé A

ug

ust

o L

uca

s) c

om

emora

un

s

gra

ndio

sos

30 a

nos,

fo

mo

s co

nve

rsa

r co

m R

osa

Ba

rbo

sa, a

nti

ga

Profe

ssora

de

Fil

oso

fia

da n

oss

a e

sco

la.

Rec

ord

ám

os

os

pri

rdio

s, o

ver

da

dei

ro c

om

eço

des

ta a

ven

tura

, o

s m

om

ento

s

men

os

bon

s e

os

exce

len

tes,

sem

pre

em

pa

rale

lo c

om

o a

ssu

nto

da

in

teli

gên

cia

emoci

on

al,

sobre

o q

ua

l a

Pro

fess

ora

Ro

sa s

e te

m d

ebru

çad

o.

Porq

ue

reco

rdar

é vi

ver

, é

a r

elem

bra

r q

ue

ma

nte

mo

s vi

va a

mem

óri

a d

o P

rofe

sso

r

Lu

cas

e ta

mbém

lem

brá

mo

s u

m j

ove

m P

rofe

sso

r C

arl

os

(act

ua

l D

irec

tor)

.

Est

e é

um

bel

o t

este

mu

nh

o d

as

viv

ênci

as

nes

ta e

sco

la, d

o q

ue

fez

da

ES

PJA

L a

esco

la q

ue

é h

oje

, n

a v

oz

info

rma

l e

div

erti

da

da

Pro

fess

ora

Ro

sa.

de

enco

ntr

ar f

orm

as d

e m

e o

cup

ar

mai

s p

rofu

nd

am

ente

do

que

as

peq

uen

as c

ois

as

que

tinha.

C:

Co

mo

é q

ue

a i

nte

lig

ênci

a

em

oci

on

al

po

der

á s

er e

nsi

na

da

, em

term

os

prá

tico

s, n

as

no

ssa

s

esco

las?

R.B

.: É

muit

o c

om

pli

cad

o,

já t

enho

pen

sad

o m

uit

o n

isso

.

Po

r ex

emp

lo,

esta

mo

s p

eran

te u

ma

turm

a p

ela

pri

mei

ra v

ez,

um

a d

as

cois

as q

ue

eu a

cho

que

dav

a re

sult

ado

era

não

quer

er s

aber

nad

a

rela

tivam

ente

ao

per

curs

o e

sco

lar.

Não

quer

er s

aber

se

traz

iam

ou n

ão

bo

as..

. P

orq

ue

isso

co

nd

icio

na

as

no

ssas

exp

ecta

tivas

co

mo

pro

fess

ore

s

e is

so f

az c

om

que,

rel

ativ

am

ente

àquel

es a

luno

s, n

ão h

aja

tanta

ap

ost

a

em

to

do

s. O

im

po

rtan

te é

co

nse

guir

fazê

-lo

s ac

red

itar

e s

enti

r q

ue

o q

ue

é

imp

ort

ante

é o

ago

ra e

daq

ui

par

a a

fren

te.

É e

vid

ente

que

não

é t

anto

assi

m p

orq

ue

cois

as v

ivid

as a

trás

que

mar

cam

as

pes

soas

.

C:

Um

pro

fess

or

po

de

mu

ita

s v

ezes

faze

r u

ma

gra

nd

e d

ifer

en

ça n

a v

ida

de

um

a a

lun

o,

pa

ra m

elh

or

ou

pa

ra

pio

r. D

os

alu

no

s a

qu

em

deu

au

las,

sen

tiu

qu

e te

nh

a m

arc

ad

o

alg

um

em

esp

ecia

l?

R.B

.: H

á u

ma

cois

a q

ue

me

mar

cou.

Nu

m p

rim

eiro

tes

te q

ue

fiz

colo

quei

um

texto

do

Alm

ada

Neg

reir

os

sob

re

Fil

oso

fia.

No

fim

, ti

nha

um

a fr

ase

que

diz

ia q

ual

quer

co

isa

com

o “

o

gén

ero

hu

man

o n

ão s

up

ort

a m

uit

o a

real

idad

e” e

um

a jo

vem

que

est

ava

a

ler

aquil

o,

a d

ada

altu

ra c

om

ecei

a v

ê-

la t

od

a en

colh

ida

sob

re o

tes

te e

do

u

conta

de

que

ela

esta

va

a ch

ora

r, m

as

a ch

ora

r p

rofu

nd

am

ente

! F

iqu

ei

assu

stad

íssi

ma

a p

ensa

r “o

qu

e é

que

se p

assa

?”.

Fui

lá a

o p

é d

ela,

ela

não

conse

guia

diz

er n

ada

e d

izia

“N

ão

consi

go

, não

co

nsi

go

” e

saiu

po

rta

fora

. E

u c

ham

ei u

ma

em

pre

gad

a e

dis

se “

Olh

e, v

eja

lá,

com

ela

ao

bar

co

mer

qual

quer

co

isa

mas

dep

ois

vej

a se

me

vem

diz

er o

u s

e m

and

a cá

alguém

, es

teja

co

m e

la,

não

a d

eixe

sozi

nha”

e e

la l

á fo

i. A

quil

o p

asso

u e

no

fim

a a

luna

vei

o f

alar

co

mig

o.

Tiv

em

os

um

a en

orm

e co

nver

sa,

ela

se a

bri

u e

a p

arti

r d

ali

foi

um

a d

as

alunas

mai

s es

panto

sas

que

eu t

ive.

Nu

nca

mai

s m

e esq

uec

i d

ela,

aq

uel

e

caso

mar

cou

-me

de

tal

mo

do

que

aind

a ho

je m

e co

mo

vo

quand

o p

enso

nis

so,

na

con

ver

sa q

ue

tive

com

ela

.

Fo

i u

m m

om

ento

fu

lcra

l p

ara

ela.

“O Lucas, não tinha idade para isso, mas era quase como um filho (…) Era uma pessoa muito interessante: cheio de humanidade e nunca tinha certezas.”

tem

a d

e k

En

ca

rna

çã

o

Sa

ra

Page 17: DANIEL PENNAC mágoas da escola JORGE PALMA voo ......colegas, os teus grandes amigos do futuro, os teus irmãos. Durante três décadas passaram pela ESPJAL milhares de alunos, milhares

C:

Du

ran

te o

tem

po

em

qu

e es

tev

e n

a

esco

la e

xer

ceu

um

ca

rgo

ma

is

ad

min

istr

ati

vo

no

Co

nse

lho

Exec

uti

vo

.

Co

mo

fo

i exer

cer

esse

ca

rgo

? R

eco

rda

-se

de

alg

um

a e

xp

eriê

ncia

em

esp

ecia

l?

R.B

.: E

m 8

3/8

5 f

izem

os

um

a li

sta

e fo

mo

s

par

a o

Co

nse

lho

Dir

ecti

vo

dura

nte

do

is

ano

s, q

ue

fora

m t

errí

vei

s nes

ta e

sco

la,

po

rque

foi

quan

do

se

deu

a e

xp

losã

o

dem

ográ

fica

esc

ola

r nes

ta z

on

a e

surg

iu a

Sec

ção

(an

exo

exis

ten

te a

té 1

99

8).

A e

sco

la d

o p

rim

eiro

ano

ao

seg

und

o

cres

ceu d

e ta

l fo

rma

que

de

um

mo

mento

par

a o

outr

o t

ínham

os

34

turm

as d

e 7

.º e

8.º

ano

s se

m s

ala.

E

stavam

as

turm

as

form

adas

, o

s p

rofe

sso

res

colo

cad

os

e não

hav

ia e

spaç

os.

Fo

i q

uan

do

co

meç

aram

a

const

ruir

os

pav

ilhõ

es d

a S

ecção

, na

Rua

do

s L

usí

adas

.

Eu n

unca

mai

s m

e esq

ueç

o d

o p

rim

eiro

ano

em

que

aqui

est

ive.

Fiq

uei

ho

rro

riza

da

ao

ver

o P

oli

val

ente

co

mp

leta

mente

chei

o d

e

gen

te..

. e

o I

nsp

ecto

r P

edag

ógic

o q

ue

vei

o à

esco

la v

er c

om

o é

que

as c

ois

as

se e

stav

am

a p

roce

ssar

, p

or

causa

das

bri

nca

dei

ras

de

Car

naval

, vin

ha

de

bla

zer

azul

e re

solv

eu i

r

enfr

enta

r a

mult

idão

de

aluno

s p

ara

o

Po

lival

ente

. S

ub

iu p

ara

cim

a d

e u

ma

cad

eira

. O

sen

ho

r er

a P

rofe

sso

r d

e

Ed

uca

ção

Fís

ica

e tr

azia

um

ap

ito

, re

solv

eu

apit

ar.

Fic

ou c

ob

erto

de

ovo

s d

a ca

beç

a at

é

aos

pés

e a

Pro

f.ª

Ter

esa

Gar

cia

Nunes

tenta

va

lim

par

-lhe

o c

asac

o.

Fo

i d

e m

orr

er a

rir

!

C:

Fa

lou

da

s co

isa

s m

ais

dif

íceis

, m

as

tev

e co

m c

ert

eza

bo

as

exp

eriê

nci

as

qu

an

do

est

ev

e a

exer

cer

o c

arg

o d

e

Pre

sid

ente

do

Co

nse

lho

Dir

ect

ivo

?

R.B

.: H

ouve

clar

o c

ois

as i

nte

ress

ante

s.

Pro

mo

vem

os

algu

mas

acç

ões

em

que

cham

ám

os

alg

um

as p

esso

as p

ara

fala

r co

m

os

pro

fess

ore

s. H

avia

sem

pre

aq

uel

es

pro

ble

mas

, aq

uel

as

fric

ções

, m

as o

que

algu

mas

pes

soas

que

est

avam

me

têm

dit

o a

go

ra,

à d

istâ

nci

a, é

que

ho

uve

um

cert

o t

ipo

de

cois

as n

ovas

que

surg

iram

a

par

tir

des

sa g

estã

o e

dep

ois

conti

nuar

am

.

Po

r ex

emp

lo a

ab

ertu

ra à

rea

liza

ção

de

pro

ject

os

que

os

pro

fess

ore

s ap

rese

nta

vam

.

Hav

ia p

rofe

sso

res

muit

o a

ctiv

os

(e s

em

pre

ho

uve

nest

a es

cola

), m

uit

o d

inâm

ico

s e

com

id

eias

muit

o i

nte

ress

ante

s p

ara

pro

ject

os

aute

nti

cam

ente

in

terd

isci

pli

nar

es.

Tín

ham

os

tam

bém

mai

s li

ber

dad

e d

o q

ue

a

CR

ÍTIC

A:

fo

i p

rofe

sso

ra n

esta

esc

ola

.

Co

mo

fo

i ess

a e

xp

eriê

nci

a?

Go

sto

u d

o

tem

po

em

qu

e le

ccio

no

u n

a S

ecu

nd

ári

a

de

Lin

da

-a-V

elh

a?

RO

SA

BA

RB

OS

A:

Eu v

im p

ara

aqui

em

81

/82

, um

ano

dep

ois

da

esco

la t

er s

ido

inau

gura

da.

Est

ava

nes

sa a

ltura

no

Co

nse

lho

Dir

ecti

vo

a P

rof.

ª T

eres

a G

arci

a

Nu

nes

e o

Pro

f. C

arlo

s G

onça

lves

, d

e

Ed

uca

ção

Fís

ica.

Fo

ram

ele

s q

ue

me

rece

ber

am q

uand

o m

e vim

ap

rese

nta

r.

Est

a se

rá s

em

pre

a m

inha

esco

la.

Eu f

ui

4

ano

s p

ara

a E

sco

la J

oaq

uim

Car

val

ho

, na

Fig

uei

ra d

a F

oz,

e e

mb

ora

go

stas

se,

não

tin

ha

nad

a a

ver

.

Eu a

cho

que

o q

ue

cara

cter

iza

esta

esc

ola

é,

po

r um

lad

o,

a en

orm

e d

iver

sid

ade

de

aluno

s, o

que

um

a ri

quez

a es

pan

tosa

às

turm

as;

Po

r o

utr

o l

ado,

exis

te t

am

bém

um

cert

o “

esp

írit

o d

e es

cola

” p

ara

o q

ual

pen

so

que,

de

cert

o m

od

o,

tam

bém

co

ntr

ibuí

um

bo

cad

inho

, na

altu

ra q

ue

esti

ve

po

r cá

.

Co

meç

ou a

í, m

as f

eliz

mente

co

m o

Pro

f.

Luca

s as

co

isas

cam

inhar

am

nu

m s

enti

do

abso

luta

men

te e

span

toso

de

inte

gra

ção

, d

e

aber

tura

e d

e u

ma

sem

pre

dis

po

nib

ilid

ade

par

a to

das

as

cois

as q

ue

no

s le

mb

rávam

os

de

traz

er f

ora

do

“d

ar a

ula

s”.

E f

oi

isso

que

nu

nca

mai

s enco

ntr

ei..

.

C:

Qu

e li

ga

ções

e m

em

óri

as

tem

do

Pro

fess

or

Lu

cas?

R.B

.: A

ind

a ho

je é

muit

o d

ifíc

il f

alar

so

bre

isso

. O

Luca

s, n

ão t

inha

idad

e p

ara

isso

,

mas

era

quas

e co

mo

um

fil

ho

e e

u c

onhec

i-

o n

ovin

ho

ain

da.

Era

um

a p

esso

a m

uit

o

inte

ress

ante

: ch

eio

de

hu

manid

ade

e nunca

tin

ha

cert

ezas

.

Eu a

cho

que

ele,

rea

lmente

, co

rpo

riza

o

“esp

írit

o”

que

eu a

cho

que

marc

a es

ta

esco

la:

a ab

ertu

ra à

s d

ifer

ença

s, a

cap

acid

ade

de

ouvir

mas

tam

bém

a

cap

acid

ade

de

cort

ar a

dir

eito

quan

do

é

pre

ciso

. N

ão e

ra i

mp

unem

ente

que

os

joven

s, q

uan

do

havia

alg

um

pro

ble

ma

diz

iam

“V

ai c

ham

ar o

pro

fess

or

Luca

s!”.

Era

po

rque

ele

and

ava

po

r aí

pel

os

recr

eio

s,

fala

va

com

to

do

s, o

lhav

a, v

ia o

que

esta

va

a

aco

nte

cer

e q

uan

do

hav

ia q

ual

quer

pro

ble

ma

ia l

á d

irei

to a

o f

oco

da

situ

ação

e

enfr

enta

va-

a. A

gar

rava

nel

es,

levav

a-o

s

par

a o

Co

nse

lho

Exec

uti

vo

e c

onver

sava

com

ele

s. E

u a

ssis

ti a

alg

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a se

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nic

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fiz

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co

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co

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que

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po

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ada

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cois

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sult

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era

não

quer

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nad

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tivam

ente

ao

per

curs

o e

sco

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Não

quer

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traz

iam

ou n

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bo

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orq

ue

isso

co

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icio

na

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no

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exp

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tivas

co

mo

pro

fess

ore

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om

que,

rel

ativ

am

ente

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ão h

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tanta

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po

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nse

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fazê

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s ac

red

itar

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ra e

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ra m

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or

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las,

sen

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qu

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R.B

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Fil

oso

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fim

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diz

ia q

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com

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gén

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real

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la t

od

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colh

ida

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re o

tes

te e

do

u

conta

de

que

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esta

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a ch

ora

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Fui

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ela

não

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guia

diz

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“N

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consi

go

, não

co

nsi

go

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saiu

po

rta

fora

. E

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em

pre

gad

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dis

se “

Olh

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com

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ao

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mer

qual

quer

co

isa

mas

dep

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vej

a se

me

vem

diz

er o

u s

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and

a cá

alguém

, es

teja

co

m e

la,

não

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eixe

sozi

nha”

e e

la l

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quil

o p

asso

u e

no

fim

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luna

vei

o f

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co

mig

o.

Tiv

em

os

um

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orm

e co

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sa,

ela

se a

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u e

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arti

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foi

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ive.

Nu

nca

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caso

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cou

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tal

mo

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a ho

je m

e co

mo

vo

quand

o p

enso

nis

so,

na

con

ver

sa q

ue

tive

com

ela

.

Fo

i u

m m

om

ento

fu

lcra

l p

ara

ela.

“O Lucas, não tinha idade para isso, mas era quase como um filho (…) Era uma pessoa muito interessante: cheio de humanidade e nunca tinha certezas.” 16 17 CRÍTICA

Page 18: DANIEL PENNAC mágoas da escola JORGE PALMA voo ......colegas, os teus grandes amigos do futuro, os teus irmãos. Durante três décadas passaram pela ESPJAL milhares de alunos, milhares

“Aquele estilo de vida em que se está... “Esta é sempre...

uma manhã com...

AO CAMINHARMOS ATÉ À SALA K

AZUL E, FINADA A ENTREVISTA,

percorrendo o caminho oposto, foi com

surpresa que vimos vários docentes e

funcionários cumprimentarem a professora

com alegria e satisfação. Pareceu-nos óbvio

que tínhamos convidado a pessoa certa!

Começa a entrevista e nem são precisas as

perguntas. Como um longo pergaminho que

desenrolamos e que nos revela todo o saber de

outros tempos, assim a Professora Rosa se abriu

connosco e contou histórias e histórias sem rol. O

entusiasmo era visível nos seus olhos, vibrantes

da emoção, mas o pesar nostálgico dos anos

passados, esse pressentíamo-lo nos seus dedos,

que agarravam com força uma pilha de revistas e

a contorciam nervosamente.

Por ocasião do trigésimo

aniversário da ESLAV, a

Crítica entrevistou Rosa

Barbosa, antiga Professora e

membro do Conselho

Executivo da nossa escola,

agora reformada.

texto fotos

d’Eça João Meess Sara

Page 19: DANIEL PENNAC mágoas da escola JORGE PALMA voo ......colegas, os teus grandes amigos do futuro, os teus irmãos. Durante três décadas passaram pela ESPJAL milhares de alunos, milhares

de integração na escola, lembrando a “Semana

Africana”, e promoveu projectos extra-curriculares

como o Clube de Jardinagem, o Clube de Dança, o

Clube de Fotografia, o Clube de Teatro e, mais

recentemente, o Clube de Cinema.

Mais de vinte minutos depois do tempo

inicialmente planeado para a entrevista, a

Professora Rosa despediu-se de nós e

acompanhámo-la quase até ao Polivalente.

Consigo, levava uma caixa de queijadas e pastéis

de Tentúgal, um velho hábito seu, interrompido

aquando da trágica morte do professor Lucas, há

dois anos. Mas neste dia em que regressava à

escola para contar o seu longo percurso profissional

e para rever os seus amigos e conhecidos, decidira

também retomar a tradição.

“Esta é sempre a minha escola!”

Professora Rosa

Da confissão peremptória de que esta escola, não

sendo a única em que trabalhara, era a única que

lhe ocupava o coração, à lembrança dos tempos

mais conturbados, em que havia mais de trinta

turmas sem sala e em que os professores eram alvo

de ovos e outras brincadeiras de Carnaval, às

descrições humanas e compassivas do professor

Lucas, ficámos maravilhados com tudo o que

desconhecíamos sobre esta escola que, apesar de

ser já trintona, consegue atrair ainda tantos jovens,

de tantos locais diferentes.

Falou-se também sobre o papel dos professores

hoje em dia e sobre os métodos de ensino

ultrapassados, nomeadamente a excessiva

valorização da inteligência racional e pura em

detrimento da inteligência emocional. Nesse

aspecto, a escola foi pioneira pois, desde cedo,

incentivou projectos interdisciplinares, como o

projecto “Clave de Sol”, como actividades culturais

18 19 CRÍTICA ... em comunhão com a natureza” … a minha escola!”

Page 20: DANIEL PENNAC mágoas da escola JORGE PALMA voo ......colegas, os teus grandes amigos do futuro, os teus irmãos. Durante três décadas passaram pela ESPJAL milhares de alunos, milhares

O autor, com esta sua

obra, pretende alertar

para as dificuldades

vividas pelos maus alunos

dentro e fora da escola,

para o ser estigmatizado e

rotulado. Alerta também

para os actuais métodos de

ensino que nem sempre

vão de encontro às suas

dificuldades, nem

acompanham as suas

motivações.

Pennac, que foi professor durante mais de vinte anos, dá

a importância devida ao mau aluno, tirando-o do

abatimento psicológico a que foi sujeito, percebendo os

verdadeiros motivos por que NADA aprende,

concluindo:

O autor trata o cábula com DIGNIDADE.

MOTIVA-O e este acaba por conseguir libertar-se

do estigma do mau aluno e consegue

aprender e sentir-se PESSOA.

DANIEL PENNAC era um rapaz

que vivia angustiado face às suas

dificuldades constantes e

permanentes de nada conseguir

aprender na escola. O tempo

passava sem que conseguisse

alterar a sua capacidade de

conseguir aprender

simplesmente

qualquer coisa. É da

problemática do ser mau aluno, do ponto

de vista efectivo de um ex-mau aluno, que

nos fala esta obra.

De forma simples, o autor relata a vida e

as dificuldades de um aluno cábula (que

era ele próprio). Relata acontecimentos

vividos na escola, no seio familiar, entre

amigos e colegas, das suas dificuldades,

anseios, angústias, da sua enorme e

profunda dor, perturbadora e permanente,

com prognósticos perpétuos e

aterrorizadores, simplesmente porque era

um cábula.

Mas o que mais o aterrorizava e afligia era

a impotência sentida face à ignorância e

abandono que era consagrado, sem que

nada pudesse fazer para inverter ou alterar

tais sentimentos injustos, que inundavam

o cérebro de quem o rodeava, colegas,

pais, irmãos, amigos, professores e até do

mais ignorado cidadão.

Era simplesmente aterrorizador.

E era aterrorizador e preocupante porque ninguém

tentava perceber porque é que esse mau aluno não

aprendia. Os outros, OS BONS, pais, colegas, irmãos,

professores e cidadãos incógnitos eram verdadeiros

sábios, logo deveriam tentar perceber o que lhe ia na

alma… Mas não. Ignoravam que ele existia e que

também tinha problemas, ignoravam que ele era mais

que um simples CÁBULA.

“O autor trata o cábula com dignidade. Motiva-o e este acaba por conseguir libertar-se...

leituras

Mágoas da Escola

Autor: Daniel Pennac

Tradução: Isabel St. Aubyn

Porto Editora

253 págs.

Nem mais, um autêntico cábula...

Ocorrer-te-ia alguma vez que o

escritor deste livro tenha sido, ao

longo da sua vida escolar, um cábula?

E que esse mesmo cábula seja hoje

professor?

Ramos Raquel

Page 21: DANIEL PENNAC mágoas da escola JORGE PALMA voo ......colegas, os teus grandes amigos do futuro, os teus irmãos. Durante três décadas passaram pela ESPJAL milhares de alunos, milhares

20 21 CRÍTICA ... do estigma do mau aluno e consegue aprender e sentir-se PESSOA.”

DANIEL PENNAC

é um escritor

francês nascido

em 1944 em

Marrocos e é

hoje

considerado um

dos mais

importantes e

populares

autores da literatura francesa.

Tornou-se professor após estudar em

Nice. Começou a escrever para crianças.

Escreveu uma série de livros sobre a

família “Malaussène” (O Paraíso dos

Papões, A Fada Carabina, A

Vendedora de

Prosa, O Senhor

Malaussène e A

Paixão Segundo

Thérèse), escrita

bem-humorada e

imaginativa.

Escreveu também

Como Um

Romance, um

ensaio sobre a leitura

que se transformou num livro de culto.

Mágoas da Escola obteve o Prémio

Renaudot, em 2007, depois de ter

estado mais de 50 semanas nos tops de

vendas franceses. Traduzido em 24

países, vendeu, só em França, mais de

800 mil exemplares.

Em 2008, Daniel Pennac obteve, pelo

conjunto da sua obra, o Prémio

Metropolis Bleu, anteriormente

atribuído a escritores como Margaret

Atwood, Carlos Fuentes, Paul Auster ou

Norman Mailer.

Informações retiradas de

www.wook.pt

Tenho doze anos e meio e não fiz nada. Os nossos «maus alunos» (alunos considerados sem futuro) nunca vão sozinhos para a escola. O que entra na sala de aula é uma cebola: algumas camadas de tristeza, de medo, de inquietação, de rancor, de raiva, de desejos insatisfeitos, de renúncias furiosas, acumuladas sobre um fundo de passado humilhante, de presente ameaçador, de futuro condenado. Reparem, vejam-nos chegar, o corpo em transformação e a família dentro da mochila. A aula só poderá começar realmente depois de pousarem o fardo no chão e descascarem a cebola. É difícil de explicar, mas às vezes basta um olhar, uma palavra amiga, um comentário de adulto confiante, claro e estável, para dissolver estas mágoas, aliviar os espíritos, instalá-los num presente rigorosamente indicativo. Como é natural, o bem estar será provisório, a cebola voltará a formar-se à saída e será com certeza necessário recomeçar no dia seguinte. Mas ensinar é isso mesmo: é recomeçar até ao nosso necessário desaparecimento como professores. Se não conseguirmos instalar os nossos alunos no presente do indicativo da nossa aula, se o nosso saber e o gosto de o levar até eles não pegarem nesses rapazes e nessas raparigas, no sentido botânico do verbo, a sua existência descambará para as fendas pantanosas de uma carência indefinida. Não teremos sido nós com certeza os únicos a escavar essas galerias ou a não saber colmatá-las, mas esses homens e essas mulheres terão ainda assim passado um ou vários anos da sua juventude, ali, sentados à nossa frente. E já é muito, um ano de escolaridade perdido: é a eternidade numa redoma.

Excerto do capítulo II Evolução

do livro Mágoas da Escola

Dionísio Mariana

Page 22: DANIEL PENNAC mágoas da escola JORGE PALMA voo ......colegas, os teus grandes amigos do futuro, os teus irmãos. Durante três décadas passaram pela ESPJAL milhares de alunos, milhares

“Jorge Palma já se tornou uma referência na música portuguesa, influenciando...

músicas

VOO NOCTURNO DE JORGE PALMA começa com

o já famoso “Encosta-te a Mim” em que levitamos ao

som da philicorda e da guitarra acústica ou “Rosa

Branca” que nos incentiva a dançar e a viver sem

perder tempo.

Somos logo levados a comprar o CD pela sua capa

contraditória, por um lado transmite tristeza pela cor

negra e por outro alegria e emoção através da mistura

das cores de fogo que formam um voador nocturno, tal

como Jorge Palma.

A sua voz transmite-nos

conforto e sabedoria. As

letras são muito

realistas, talvez reflexo

de uma vida repleta de

paixões e desilusões.

Ironicamente diz o que

pensa e diverte-nos com

as suas rimas. Sem

receios.

Jorge Palma já se

tornou uma referência

na música portuguesa,

influenciando assim

muitos jovens no início

da sua carreira

musical.

Voo Nocturno foi mais um álbum de sucesso, tendo-se

mantido por mais de 6 meses nos Tops de Portugal.

É, de certo, um álbum muito pessoal e especial para

Jorge Palma, porque foi ao som de uma das suas

músicas, “Encosta-te a Mim”, que ele casou com Rita

Tomé, a sua namorada de longa data, em Las Vegas.

Através deste álbum, podemos sentir o seu grande amor

e dedicação à música, tendo começado aos seis anos de

idade no Conservatório onde estudava piano. Mais

tarde, já durante a sua adolescência, descobriu a sua

paixão pela guitarra, através do rock n’ roll e da música

popular americana e inglesa. A

sua música tem, desde sempre,

vindo a ser influenciada por

cantores como Bob Dylan, Lou

Reed e a famosa banda Led

Zeppelin.

Apesar de estar envolvido

nalgumas salutares polémicas, a

sua boa música continua a

contagiar pessoas de todas as

idades.

Apelamos assim a todos para

que oiçam a música de um dos

nossos grandes artistas,

Jorge Palma.

Jorge Palma

contagia-nos de novo.

Desta vez com

Voo Nocturno,

o seu 13.º álbum,

nome provavelmente

associado

à sua vida de sonhador.

Teresa Cardosa

Manuela Fonseca

Page 23: DANIEL PENNAC mágoas da escola JORGE PALMA voo ......colegas, os teus grandes amigos do futuro, os teus irmãos. Durante três décadas passaram pela ESPJAL milhares de alunos, milhares

... assim muitos jovens no início da sua carreira musical.” 22 23 CRÍTICA

Voo Nocturno

Agora já não vejo o sol nem o seu reflexo lunar levo as asas nos bolsos e o coração a planar neste voo nocturno não sei onde vou aterrar Sinto as nuvens nos meus pulsos e o leme sempre a consentir são sempre os mesmos ossos que eu insisto em partir neste voo nocturno só quero mesmo resistir Neste voo nocturno sou mais leve do que o ar neste voo nocturno não sei onde vou acordar Em baixo há manchas no canal mas eu não as quero ver o aeroplano está frio e os hélices a ferver o nariz do avião só obedece a quem quiser Agora não existe nada o meu motor “ao ralenti” Vou revendo em surdina tudo o que eu vivi neste voo nocturno a madrugada vem aí

Letra e Música: Jorge Palma

JORGE MANUEL DE ABREU PALMA nasceu em Lisboa, no dia 4 de Junho de 1950. Aos seis anos de idade, ao mesmo tempo que aprendia a ler e a escrever, Jorge aprendia também a tocar piano.

Teve a sua primeira audição no Conservatório Nacional, com oito anos, altura em que era aluno da conceituada professora Maria Fernanda Chichorro.

Estudou no Liceu Camões e num

colégio interno perto de Abrantes. Durante a adolescência e a par da formação erudita, começa a interessar-se pelo rock’n’roll e, de um modo geral, pela música popular americana e

inglesa. A sua primeira experiência profissional surgiu aos 17 anos, quando integrou o grupo Black Boys, onde tocava órgão.

Mas a sua estreia a solo só veio a acontecer em 1972, ano em que lança o seu primeiro single, “The Nine Million Names of God”.

A partir daqui torna-se premente a necessidade de aprender a escrever letras em português. Fernando Tordo leva-o ao encontro do famoso poeta português José Carlos Ary dos Santos, que o ajuda a aperfeiçoar a sua escrita poética e nasce o disco chamado “A Última Canção”.

Em 1975, participa no Festival da Canção com “O Pecado Capital” e fica qualificado em 7.º lugar num total de 10 canções concorrentes.

Nesse ano grava também o seu primeiro LP, chamado “Com uma Viagem na Palma da Mão”, com canções escritas durante o seu exílio

(para fugir à Guerra Colonial) em Copenhaga. O seu entusiasmo, nos anos 80, é enorme e especialmente inspirador editando os álbuns “Acto Contínuo”, “Asas e Penas”, “Lado Errado da Noite”, “Quarto Minguante” e “Bairro do Amor”. A nata das suas músicas

sairá destes trabalhos. A década de 90 é marcada por muitos concertos

e trabalhos, facto que não muda ao entrar no novo milénio. Em 2002, é nomeado para os Globos de Ouro, evento promovido pela SIC,

pelo seu álbum “Jorge Palma”, lançado em 2001. Mais recentemente, em 2007, lançou o seu disco “Voo Nocturno” numa viagem que só terminará quando a música acabar.

Isabel Valente

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Sobre o final explosivo, que nos remete para outras

obras cinematográficas como “Sementes de Violência”,

(Blackboard Jungle, 1962), de Richard Brooks, e que

nos mostra a expulsão de um aluno e o consequente

fracasso do professor e da escola na sua integração,

tenho a dizer que era o fim esperado numa obra que tem

o dom de surpreender mesmo com o que à partida nos

parece óbvio.

“Afinal, a culpa é dos alunos...

filmes

OS DIÁLOGOS MORDAZES DE

“A Turma” e as suas situações

incríveis têm o poder ambíguo de

nos comoverem pelos “enfants

terribles” e ao mesmo tempo de

desejarmos a sua repressão.

As cenas são magistralmente filmadas em estilo semi-

-documental e expõem-nos os comportamentos de uma

turma intercultural num bairro suburbano de Paris. O

professor de Francês, protagonista da história, é o

Director da Turma, cujos esforços para transformar os

seus alunos em cidadãos respeitáveis se vêem

constantemente frustrados, quer pelo sistema repressivo

da escola, quer pelos próprios alunos, oriundos de

classes baixas e pouco educadas ou de famílias

emigrantes. São muitos os alunos que nem o francês

dominam e um deles intriga os restantes ao esquecer o

seu país de origem e escolher a França como a sua

selecção de futebol.

É um filme bastante interessante na sua reflexão sobre

vários dos problemas contemporâneos que afectam, não

só aquele país, mas também o nosso e muitos outros,

como a discriminação racial, a formação de um

sistema de ensino responsável pela exclusão dos

indivíduos com menos capacidades e a ausência de

estímulo da inteligência emocional que conduz as

camadas mais jovens pelo caminho fácil que, a longo

prazo, se revela inevitavelmente como o mais árduo.

Afinal, a culpa é dos alunos, ou da Escola?

Se o cinema é a

verdade vinte e quatro

vezes por segundo,

como disse Godard,

então o filme

A Turma

(Entre Les Murs),

de Laurent Cantet,

é a verdade duzentas e

quarenta vezes por

segundo, que nos

embrulha e entontece

com o seu ritmo

alucinante e a sua

terrível representação

da mais importante

instituição que a

sociedade conhece:

A ESCOLA.

d’Eça João

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Laurent Cantet, o realizador de “A Turma”, admitiu que o seu filme podia ser visto quase como um documentário sobre a escola pública da

actualidade. Depois de ter visto este filme, várias vezes, acho que concordo com ele.

“A Turma” é um relato bastante realista do que é e como funciona a Escola nos dias de hoje, passando pela relação professor-aluno, pelos problemas

disciplinares de integração social e da imigração. É realista não só pela

forma como está filmado e concebido, mas também pela escolha das personagens – que eram meros alunos, e não actores. É também

importante destacar o fabuloso argumento (galardoado com um César no festival César Awards, em França), escrito pelo próprio actor

que faz de professor no filme. Tal como em “O Clube dos Poetas Mortos” (Dead Poets Society, 1989) fala-se do papel da Escola, da Educação e, mais concretamente, do papel do

Professor. O mundo evolui, as mentalidades mudam, as pessoas pensam de outra forma. Como não poderia deixar de ser, a Escola também tem que

acompanhar essa evolução constante. É inevitável. Quem acha que a Escola devia continuar a ser como há 40 ou 50 anos atrás e que os alunos deviam continuar a levar reguadas é irrealista e ingénuo.

Um bom professor deve estar a par dessas mudanças e saber adaptar-se às circunstâncias. Um professor que dê aulas, por exemplo, no Colégio São João de Brito, não pode ensinar da mesma

forma que um professor de uma Escola na Buraca ou da Amadora. Sempre existiram e sempre existirão alunos problemáticos e, admitindo que não podemos simplesmente pô-los de parte, há que

criar métodos para chegar a eles, conseguir motivá-los e ajudá-los a se interessarem minimamente em aprender. E mesmo que não aprendam nada em Matemática, Física ou História, mesmo que não saibam os nomes dos países e das cidades, dos reis

e das rainhas, já é bom que pelo menos saiam de lá bem preparados, mais crescidos como homens e cidadãos, a saber lidar com os outros e a viver em sociedade.

“Na escola se molda o menino fazendo dele um homem.” Esta é a citação que está gravada numa placa mesmo à entrada da minha antiga escola, e que acho que diz tudo.

Quem disse que é fácil ser professor?

24 25 CRÍTICA … ou da Escola?”.

A Turma Entre les Murs

Realização: Laurent Cantet

Argumento Original:

François Bégaudeau

França, 2008, 128 min.

Principais intérpretes:

François Bégaudeau (François Marin), Nassim Amrabat (Nassim),

Esmeralda Ouertani (Esmeralda),

Franck Keïta (Souleymane),

E não se pode esquecer a cena em que uma das

alunas diz que nada aprendeu na escola, mas

sim em casa, onde leu “A República”, de

Platão, por livre iniciativa.

Vieira André

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Daí passámos para a esplanada onde

actualmente se encontram os

matraquilhos; esta é uma zona que

poderia ser bastante mais

aproveitada.

Comentámos depois acerca da nova

“varanda dos professores”: espaço

este que nos parece agradável, uma

vez que é bastante florido.

Continuámos o nosso caminho até ao

pátio em frente ao Pavilhão D, um dos espaços exteriores

mais frequentados nos intervalos. Para alguns é apenas um

espaço de passagem para os pavilhões enquanto outros

preferem ficar por

lá, sentados nos

bancos,

especialmente em

dias de sol. Perto

deste espaço

encontramos ainda

dois bebedouros,

renovados, no

âmbito da

disciplina de Área

de Projecto, por

um grupo de alunos do 12.º do ano lectivo anterior, cujo tema

era “Por Água Abaixo”. Íamos deslocar-nos para o espaço

traseiro do pavilhão E quando, subitamente, outra zona nos

captou a atenção: as escadas que se encontram junto ao

Pavilhão B e com vista para a entrada da escola. Neste local

passámos bastante tempo enquanto alunas do ensino básico.

Actualmente, especialmente de manhã, este espaço é ocupado

por alunos de outros anos.

“Todos os locais que percorremos (que guardaremos na memória) são também ...

passeios

COMEÇÁMOS POR PENSAR NOS

LOCAIS que mais marcaram o nosso

percurso escolar e dos quais nos

lembraremos daqui a 30 anos.

Iniciámos o nosso itinerário pelo espaço

exterior realizando algumas paragens para

apreciar o local e conversar com alguns

alunos ali presentes.

As bancadas (junto aos campos de jogos) foram o nosso

primeiro destino. Aí, perguntámos a alguns alunos a razão de

terem escolhido aquele local para passar algum do seu tempo

livre. As respostas foram semelhantes: todos gostam deste

local por ser agradável e bastante solarengo.

A paisagem cativa os olhares: além do Cristo Rei e da Ponte

25 de Abril que vemos lá ao fundo, também os colegas a

jogar futebol no campo.

Prosseguimos então

pelo campo até

chegarmos à zona atrás

do Pavilhão de

Educação Física, onde

encontrámos alguns

graffitis interessantes...

Parando junto das

escadas em caracol

encontrámos sentadas,

no seu topo, duas

alunas que nos explicaram preferir estar neste local por ser

mais isolado (contrariamente às bancadas, este é um local

com bastante sombra).

A Escola Secundária

de Linda-a-Velha,

(actualmente Escola

Secundária Professor

José Augusto Lucas)

completou, no passado

dia 17 de Dezembro de

2009, os seus 30 anos.

Neste sentido, o nosso

“passeio” foi, desta vez,

num local mais

familiar – a Nossa

Escola.

Martins Ana

Saldanha Catarina

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Retomámos o nosso caminho até ao Pavilhão E, cuja zona

traseira era antigamente um espaço não muito

recomendado… porém, hoje em dia, encontramos grupos de

amigos a jogar, a ouvir música ou ainda namorados…

Preparávamo-nos para passar aos espaços interiores, quando

nos apercebemos que existe ainda outro sítio

que pode ser considerado uma zona “lá fora,

cá dentro” – referimo-nos ao jardim que se

encontra no centro do pavilhão D. Este

espaço é cuidado pelo Clube de

Jardinagem, contudo acaba por ser outro

dos espaços que consideramos pouco

aproveitados – visto que na maioria das

vezes o seu acesso se encontra vedado (a

porta está fechada). Infelizmente, só

podemos contactar com este espaço na

presença de um professor. Ao lado, encontra-

se a Biblioteca, o local para onde nos

dirigíamos. Aqui, encontrámos alunos

realizando as mais diversas actividades:

desde estudar, ler, estar no computador ou

simplesmente conversar. Actualmente, a Biblioteca é um dos

espaços que se encontra em renovação.

Terminámos o nosso passeio quando, finalmente, atingimos o

lugar que é efectivamente o mais frequentado da escola quer

por alunos, professores, funcionários e quer por outros

membros da comunidade escolar - o Polivalente. Este é

definitivamente um local que ficará na memória de todos os

alunos que passaram/passarão pela ESLAV porque é,

inegavelmente, um espaço muito abrangente.

26 27 CRÍTICA ... espaços de aprendizagem que nos moldam ao longo dos anos.”

Neste espaço os intervalos são passados ao som das músicas

pouco diversificadas escolhidas pela Associação de

Estudantes, contrariamente às actividades que aí se podem

realizar. Observando atentamente este espaço encontramos

pessoas que conversam, estudam, jogam cartas Magic, jogam

ping-pong, comem, observam exposições (como a que

actualmente verificamos do concurso dos postais de Natal) ou

trabalhos de projectos

expostos pelos alunos, entre

outras actividades. Quando

saímos do Polivalente pela

zona das casas de banho, o

nosso olhar caiu sobre o

placard que existe nessa

zona e no qual se anunciam

eventos associados ao

Desporto Escolar, assim

como a abertura de um

espaço de exposições

(associado ao Clube de

Cinema) no pavilhão E.

Terminado este “passeio” e enquanto nos dirigíamos para a

saída da escola, o Professor Francisco ia-nos perguntando o

nome de algumas plantas ou árvores que nos rodeavam.

Respondendo a algumas destas questões, apercebemo-nos

de que aquilo que aprendemos na escola não se restringe

às quatro paredes da sala de aula.

Todos os locais que percorremos (que guardaremos

na memória) são também espaços de aprendizagem

que nos moldam ao longo dos anos.

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“(...) a relação de saber é também uma relação de afectos, daí que seja fundamental...

ex-alunos

A SUSANA decidiu escolher a ESLAV devido à

influência da mãe (Prof.ª Guida Santos, que

leccionava Inglês neste estabelecimento) e dos irmãos

mais velhos que, na altura, eram alunos da escola.

Inscreveu-se no curso da área das Ciências Físicas e

Tecnológicas e tinha como sonho

ser astronauta. Recorda-se da

ESLAV como uma escola com

professores exigentes, que faziam

tudo para dar uma boa formação

aos alunos. Foi uma aluna aplicada

e muito exigente consigo própria no

que toca aos estudos. Falou-nos em

especial do seu Professor de ITI,

“uma pessoa com quem gostava

muito de conversar”, e as

professoras Gilda Rosa e Teresa

Antunes.

Actualmente, enquanto acaba a sua tese, lecciona no

ISCTE (Instituto Superior de Ciências do Trabalho e

da Empresa) e tem por objectivo prosseguir para o

Doutoramento na mesma escola.

Transmitiu-nos a sua paixão pela política e a prova

disso é o facto de ser Secretária Geral da JSD

(Juventude Social Democrática), em Algés/Carnaxide.

Na tarde de um

sábado,

28 de Novembro,

encontrámo-nos

com Susana Santos

e Sérgio Mimoso

na pastelaria

“A Padeira”,

em Carnaxide.

Assistimos a um

reencontro entre a

“calma”

e o “caos”!

Na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação

da Universidade de Lisboa, foi directora do Jornal dos

Estudantes e recorda-se de ter escrito um texto sobre a

inteligência emocional (ver pág. ao lado). “Estava a

ler um livro sobre esse assunto. Achei que faria

sentido esse artigo”. Mas a sua opinião

sobre o tema é bastante clara, “trata-se

apenas de um tema de marketing,

apesar de a nível científico ser muito

estudado”. A conversa então avançou

para a diferença entre os “bons” e os

“maus” alunos. Admitiu que na sua

actual função de professora, por vezes,

faz essa distinção. Uma das razões para

essa distinção é o facto de os

professores se sentirem seduzidos pelos

melhores alunos.

Revelou-se uma pessoa simples e muito modesta em

relação a tudo o que faz.

Quanto a nós, temos a mesma opinião do seu colega

Sérgio Mimoso:

“Um dia ainda vamos ouvir falar muito

da Susana Santos”!

Ficamos à espera.

Catarina Nunes Sara Vilaças

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O SÉRGIO, mais conhecido por Mimoso, admite ser

um rapaz do tipo “não pontual” e “relax”, mas que

coloca os amigos sempre em primeiro lugar.

Escolheu a ESLAV por uma razão muito simples: indo

para uma escola que não estivesse perto de casa teria

que adquirir um passe de autocarro – o que lhe daria

imensa liberdade!

Sente saudades da ESLAV, “foram os melhores anos

da minha vida”, tanto no campo escolar, “era uma

turma porreirinha”, como no campo

emocional, “consegui namorar com a

rapariga mais bonita da turma!”.

Segundo a Susana, sua colega de

turma, era visto pelos colegas como

“um amigo que estava sempre por

perto”. “Ao pé dele era impossível

não rir!”

Nunca se sentiu à parte na turma

embora ele fosse um dos piores de uma

turma de excelentes alunos, só... tinha

média de 15.

Recorda com saudade e alegria o

Clube do Mar a que ambos pertenciam. Este Clube,

com aulas de canoagem e vela, era uma boa

oportunidade para o convívio e descontracção com os

colegas.

Terminado o Secundário, entrou na Faculdade de

Psicologia e Ciências da Educação da Universidade

de Lisboa. Quando acabou o curso esteve a trabalhar

com jovens em situação de risco, na zona de Chelas.

… que o professor considere as necessidades afectivas dos seus alunos.” 28 29 CRÍTICA

Aí conseguiu a experiência suficiente para, actualmente,

se sentir bastante à vontade no exercício de Técnico de

Educação Especial, numa Escola Primária em Mem-

-Martins. Nela, dá acompanhamento a alunos e famílias

mais desfavorecidas. “Costumo estar no recreio a

conversar e a conviver com os alunos. Quero que me

vejam como um amigo com quem podem falar e

desabafar”.

Numa conversa mais a sério,

confessou-nos que o seu trabalho

por vezes consegue ser muito duro,

mas que gosta do que está a fazer,

pois conseguiu juntar as duas

componentes que aprecia: educação

e ciências na área da psicologia.

Em relação à diferença entre alunos

“bons” e “maus”, explicou que o

“rótulo” ainda existe. É inevitável,

faz parte do dia-a-dia de toda a

gente e a solução está em os alunos

saberem dar a volta por cima.

Foi muito específico na opinião sobre o que é a

Inteligência Emocional: “é saber lidar com as

emoções e compreendê-las”.

Revelou-se ser uma pessoa muito fácil de se gostar e

mostrou-nos que tudo pode vir a ser simples se

não o complicarmos antes.

Quando nos deparamos com a palavra educação, quase automaticamente, a primeira revelação que temos remete para uma apreensão cognitiva. Na realidade, hoje sabemos que o acto de educar ultrapassa bastante esta concepção tradicional predominantemente cognitiva, integrando também outros objectivos como ajudar a construir a identidade do(s) outro(s), com o intuito de estimular também as competências emocionais, afectivas e sociais dos alunos. Cada vez mais esta concepção holística e ecléctica da educação faz sentido, uma vez que a população de alunos deste novo milénio apresenta características relacionais bem diferentes, que precisam também de receber o interesse dos professores, dos psicólogos e dos agentes intervenientes em contexto escolar. A relação pedagógica adquire as características de uma relação de transmissão de saberes, na qual o professor é agente de emissão de saber enquanto que o educando é agente assimilador.

Este intercâmbio de saber só é possível quando existem factores de natureza emocional e afectiva na relação, como a empatia, a motivação, a autonomia ou a auto-estima. Os factores emocionais são determinantes pois deles depende o sucesso ou o insucesso das interacções professor-aluno e, consequente, os resultados do processo de ensino- -aprendizagem. Deste modo, a relação de saber é também uma relação de afectos, daí que seja fundamental que o professor considere as necessidades afectivas dos seus alunos. O processo de aprendizagem não inclui somente factores de natureza cognitiva mas necessita também das emoções e da acção.(…)

Susana Santos Jornal dos Estudantes

de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Lisboa

Abril 2006

A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL VAI À ESCOLA

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Mágoas da Escola

Peço o título emprestado a Daniel Pennac e ao

seu livro, que acaba de ser publicado em

Portugal.

É um romance-ensaio que todos os

professores deveriam ler. Ao contrário de

outras obras que insistem em "estratégias",

"metodologias" ou "sistemas" para vencer o

insucesso, Mágoas da Escola parte do mal-estar

do aluno. Durante anos, os meninos do

insucesso interiorizaram a ideia de que valem

zero - a classificação que obtiveram em

diversas avaliações ao longo dos seus estudos.

É daí que Pennac parte - da própria noção de

fracasso dos estudantes para a pôr em causa e

avançar para uma nova leitura do que é ser

"mau estudante".

Encontrei neste livro o reforço da minha ideia

de que todo o trabalho com crianças e

adolescentes deve partir não só da observação

e escuta activa das suas necessidades, como

também da desconstrução dos preconceitos

de que são alvo. Um deles, muito frequente, é

a expectativa negativa que muitos professores

têm sobre a "má turma" e o "mau aluno",

baseada no rótulo afixado aos estudantes, às

vezes desde o início do seu percurso escolar. O

"diagnóstico" (muitas vezes formulado sem

qualquer avaliação rigorosa) do aluno

"problemático", transportado como uma

segunda pele desde o 1.° ano de escolaridade,

é a versão moderna das "orelhas de burro" da

primeira metade do séc. XX, porque serve o

mesmo propósito: desqualificar, estigmatizar,

excluir.

Perante este rótulo, muitos professores

desanimam à partida. Falam de turmas

"terríveis", de alunos "desmotivados", de

famílias "disfuncionais". Caminham para a sala

de aula como quem vai para o manicómio,

sem esperança nem alegria: afinal contactam

todos os dias com a indisciplina, o abandono e

o insucesso, no fundo as marcas visíveis do

seu fracasso docente. A culpa, contudo, não é

dos professores. Protagonistas de uma escola

sem rumo, todos os dias esmagados pela

burocracia ministerial, fazem o melhor que

podem. E, em muitos casos, conseguem salvar

vidas de gente nova, à custa de um grande

esforço pessoal ou de uma melhor organização

da escola.

Pennac inverte esta leitura. É a partir da

própria definição de mal-estar estudantil que

se olha para a realidade e se reconstrói a

aprendizagem, com a utilização de

instrumentos agora tidos como antiquados, por

exemplo o ditado e a memorização de textos.

Tudo se consegue numa interacção muito viva

com os alunos, redefinindo as suas posições

desanimadas e co-construindo um novo

relacionamento com os livros e a escola.

Mágoas da Escola subverte a noção tradicional

de que as "bases" são o essencial e que sem

elas pouco se poderá fazer, como tantas vezes

ouvimos a professores: na ânsia de

diminuírem a sua própria ansiedade com o

fracasso das crianças a seu cargo, esses

docentes empurram a culpa para os que os

precederam e demitem-se de lutar, até porque

lá está a "disfunção" da família ou a

desorganização da escola anterior para tudo

justificar. Tal como Pennac, ele mesmo um

menino de insucesso que triunfou, muitos dos

alunos que hoje têm más avaliações poderão

ter melhor futuro, se alguém for capaz de os

escutar com atenção e partir do seu

"insucesso" para a descoberta de novos

caminhos, que passam sempre por aproveitar

qualquer coisa que está dentro deles.

Lia eu Mágoas da Escola quando me chegou

mais uma notícia do nosso Ministério da

Educação (ME). Estará a sua equipa dirigente

mesmo preocupada com o insucesso ou a

formação dos professores? Estará

hierarquizada a formação docente, de modo a

garantir menos indisciplina na escola? Parece

que não. De outra forma, como compreender

o interesse da formação dos professores em

crianças "índigo", creditada e a custo a cem

euros? Perante as mágoas, o ME prefere o

esoterismo e o ensino sobre coisas que

ninguém sabe muito bem o que é. Um

professor assim poderá perscrutar essas

crianças "especiais", em vez de se preocupar

com os meninos "zero".

Para que conste.

Daniel Sampaio

Revista Pública

19 Abril 2009

(Tipo de letra: Verdana)

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Para o Lucas Estás sentado à tua secretária, um pouco inclinado

como quem acabou de chegar ou está prestes a levantar-se

ou ainda como se esperasses que alguém entrasse no teu gabinete

sempre aberto para nos acolher.

Estás no pátio da escola

caminhas por entre os alunos

olhas para cada um deles e sabes o seu nome

e sabes melhor que qualquer um de nós

que os sonhos jovens e as loucuras jovens e as mágoas jovens

são para escutar atentamente

porque são os jovens que enchem de energia o nosso mundo

e nos ajudam a colher o dia, a luz de cada dia.

Talvez por isso tenhas permanecido sempre naquele lugar

improvável e difícil da eterna juventude.

Estás numa festa da escola - em todas as festas da escola

e o teu olhar ilumina-se de ternura paterna (ou será fraterna?)

o teu olhar abraça-nos de alegria de viver.

Caminhas por entre os alunos

e não sabes ainda que os teus passos hão-de ficar gravados

aqui para sempre

e que nos dias de luz mais inquieta os seguiremos para nos sentirmos menos sós. Estás no canteiro em frente à porta

é quase noite, já todos partiram e tu cortas a relva distraidamente

como quem sacode o tapete depois da festa ou antes da nova festa

que é como queres cada dia na tua casa-escola.

É cedo para sabermos da grandeza de tudo aquilo que aprendemos contigo

e a saudade que vai crescendo enterrou já o que em ti por vezes nos exasperava: a tua insegura teimosia, a tua obstinada procura de consenso

e sobretudo o teu sorriso de menino melancólico que sempre nos desarmou.

Se tu soubesses da metade da falta que nos fazes

talvez não tivesses partido assim tão cedo e sem despedida.

Ainda assim queremos dizer-te que cuidaremos de tudo aquilo

que na pressa da partida deixaste connosco.

Deixaremos abertas as portas do coração

saberemos de cor a cor dos nomes de cada um

escutaremos o mais pequeno rumor do território dos jovens afectos

e não desistiremos da utopia de uma escola de todos e para todos.

E, podes crer, cortaremos a relva do teu canteiro. Elisa Costa Pinto

Linda-a-Velha, 21 de Novembro de 2007 (Tipo de letra: Arial Rounded MT Bold)

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Mariana Amor

“INTELIGÊNCIA EMOCIONAL”? O QUE É ISSO?

...E VAMOS COMEÇAR COM UM TESTE...

OUVI DIZER QUE NA PRÓXIMA SEMANA VAMOS TER UMA NOVA DISCIPLINA RELACIONADA COM A “INTELIGÊNCIA EMOCIONAL”...

“BOM, SEGUNDO A MINHA PESQUISA A “INTELIGÊNCIA EMOCIONAL” É A “CAPACIDADE DE FAZERMOS ESCOLHAS RAZOÁVEIS, QUANDO CONFRONTADOS COM SITUAÇÕES COMPLEXAS”...

… E CLARO QUE TAMBÉM SE TRATA DE SABERMOS RELACIONARMO-NOS COM NÓS MESMOS E COM OS OUTROS...

MAS AINDA NÃO PERCEBI COMO VÃO VÃO TORNAR A “INTELIGÊNCIA EMOCIONAL NUMA DISCIPLINA...

???

MAS AFINAL,

QUAL É A MATÉRIA QUE VEM PARA O

TESTE???.

OK, SÓ UMA PERGUNTA...

DIZ?...