danças frevo

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Danças _______________________________________________________ Frevo Dança de rua e de salão, é a grande alucinação do carnaval pernambucano. Trata-se de uma marcha de ritmo sincopado, obsedante, violento e frenético, que é a sua característica principal. E a multidão ondulando, nos meneios da dança, fica a ferver. E foi dessa idéia de fervura (o povo pronuncia frevura, frever, etc.) , que se criou o nome de frevo. A primeira coisa que caracteriza o frevo é ser, não uma dança coletiva, de um grupo, um cordão, um cortejo, mas da multidão mesma, a que aderem todos que o ouvem, como se por todos passasse uma corrente eletrizante. Igualmente é dançado em salão, como marcha, sem embargo de que, por vezes, os pares se desfaçam em roda, a cujo centro fica um dançarino, obrigado a fazer uma letra (um passo ou uma gatimônia qualquer) depois do que é substituído por outro e assim sucessivamente. O frevo é uma marcha, com divisão em binário e andamento semelhante ao da marchinha carioca, mais pesada e barulhenta e com uma execução vigorosa e estridente de fanfarra. Nele o ritmo é tudo, afinal a sua própria essência, ao passo que na marchinha a predominância é melódica. Divide-se em duas partes e os seus motivos se apresentam sempre em diálogos de trombones e pistões com clarinetes e saxofones. Mário MeIo diz que o frevo nasceu da polca-marcha e foi o Capitão José Lourenço da Silva (Zuzinha), ensaiador das bandas da Pg-01 www.capoarte.com.br

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Page 1: Danças Frevo

Danças _______________________________________________________

Frevo Dança de rua e de salão, é a grande alucinação do carnaval pernambucano. Trata-se de uma marcha de ritmo sincopado, obsedante, violento e frenético, que é a sua característica principal. E a multidão ondulando, nos meneios da dança, fica a ferver. E foi dessa idéia de fervura (o povo pronuncia frevura, frever, etc.) , que se criou o nome de frevo. A primeira coisa que caracteriza o frevo é ser, não uma dança coletiva, de um grupo, um cordão, um cortejo, mas da multidão mesma, a que aderem todos que o ouvem, como se por todos passasse uma corrente eletrizante. Igualmente é dançado em salão, como marcha, sem embargo de que, por vezes, os pares se desfaçam em roda, a cujo centro fica um dançarino, obrigado a fazer uma letra (um passo ou uma gatimônia qualquer) depois do que é substituído por outro e assim sucessivamente. O frevo é uma marcha, com divisão em binário e andamento semelhante ao da marchinha carioca, mais pesada e barulhenta e com uma execução vigorosa e estridente de fanfarra. Nele o ritmo é tudo, afinal a sua própria essência, ao passo que na marchinha a predominância é melódica. Divide-se em duas partes e os seus motivos se apresentam sempre em diálogos de trombones e pistões com clarinetes e saxofones. Mário MeIo diz que o frevo nasceu da polca-marcha e foi o Capitão José Lourenço da Silva (Zuzinha), ensaiador das bandas da

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Pg-02 www.capoarte.com.br Brigada Militar de Pernambuco, quem estabeleceu a linha divisória entre o frevo e a polca-marcha, que começa na introdução sincopada em quiálteras. O grande interesse do frevo está na sua coreografia... O frevo apareceu em 1909 no depoimento de Pereira da Costa (Renato Almeida, História da Música Brasileira, 194-5). A coreografia dessa dança de multidão é. curiosamente. individual, ad libitum. Centos e centos de dançarinos ao som da mesma música excitante dançam diversamente. Raro o gesto igual, fortuita a atitude semelhante. No delírio da mobilidade mantém o pernambucano (o trevo está-se derramando pelo Brasil) a feição pessoal, instintiva, de improvisação e variabilidade personalíssimas. O trevo é sempre dançado ao som das marchas-frevos tipicas. A presença do trevo nos salões, nos clubes carnavalescos é posterior a 1917. Neste ano, primeiro carnaval a que assisti no Recife, estive em quase todos os bailes, acompanhando amigos prestigiosos, e só encontrava o trevo (dizia-se apenas o passo, fazer o passo) nas ruas. .. O termo frevo, vulgaríssimo e corrente entre nós, apareceu pelo carnaval de 1909: "Olha o frevo!," era a frase de entusiasmo que se ouvia no delírio da confusão e apertões do povo unido. compacto ou em marcha, acompanhando os clubes." (Pereira da Costa, vocabulário Pernambucano. - Recife, 1937).

Texto: CASCUDO, Luís da Câmara. Fotos,disponível o endereço em Bibliografia. Pg-02 www.capoarte.com.br