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DANÇA DE MINISTROS EM DIA DE ORÇAMENTO

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Page 1: DANÇA DE MINISTROS EM DE - ULisboa...posse dois novos secretários de Estado: Mi-guel Honrado na Cultura e João Paulo Rebelo na Juventude e Desporto. O escândalo das viagens ao

DANÇA DE MINISTROS

EM DIA DE ORÇAMENTO

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António Costareforça poder

no Governoum ano antes

das eleiçõesMudança de cadeirasfoi feita de surpresa,em torno de pessoasda confiança pessoalou política doprimeiro-ministroNomeação de GraçaFonseca e Marta Temidoé um passo em direçãoà paridade de génerodentro do Governo.Dos 17 ministros, cincosão mulheres

Alexandra [email protected]

governo A remodelaçãosurpresa do Governo, à bo-leia da substituição de Aze-redo Lopes à frente do Mi-nistério da Defesa, promo-veu sobretudo pessoas com

grande proximidade, pes-soal ou política, a AntónioCosta. A um ano das legisla-tivas, joga pelo seguro e tro-ca ministros desgastados ousem visibilidade pública porfiguras da sua confiança, jácom o Orçamento do Esta-do fechado. Com isso, rele-

ga o caso Tancos para um se-

gundo plano mediático e ga-nha controlo sobre o Execu-tivo, em preparação da ex-

pectável maior contestaçãopolítica pela Esquerda.

Às 12 horas de hoje, toma-rão posse a sua antiga chefe

de gabinete na Câmara de

Lisboa e atual secretária de

Estado, Graça Fonseca, naCultura; o amigo de longadata Siza Vieira, numa Eco-nomia esvaziada da área da

Energia; o histórico socialis-

ta Matos Fernandes, que re-cebe a Transição Energéticano Ambiente; e o duas ve-zes secretário de Estado de

governos socialistas JoãoGomes Cravinho, que assu-

me a Defesa. Marta Temido,

que já tinha trabalhado como Governo de Costa comopresidente da Administra-ção Central do Sistema de

Saúde, assegura a Saúde.Numa nota enviada à

Lusa, António Costa justifi-cou a substituição dos mi-

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nistros da Saúde, Economiae Cultura, além da Defesa,com a intenção de criar uma"dinâmica renovada" na go-vernação.

JOGAR PELO SEGURO

O que conseguiu foi refor-

çar o seu controlo sobre o

Governo, preparando-opara um ano difícil, no qualse jogará "a diferença entreuma maioria relativa ouuma maioria absoluta", nas

palavras de Viriato Sorome-nho Marques, professor naFaculdade de Letras de Lis-boa.

Ainda que a maioria abso-

luta seja "altamente impro-vável", como pensa Antó-nio Costa Pinto, a remode-

lação tem como efeito fe-char o punho de Costa emtorno do Governo. "Sabe

que perdeu as eleições, queconseguiu a quadratura docírculo com a geringonça e

que está a capitalizar um de-

sempenho económico quenão é só obra do seu Gover-

no", disse o docente no Ins-tituto de Ciências Sociais.

Em paralelo, a promoçãode ministros sem existência

política independente mos-tra que Costa tem uma vi-são "presidencialista do car-

go de primeiro-ministro",na qual os ministros "sãovistos como ajudantes",acusa José Adelino Maltez.A um ano de eleições, o fac-

to de ter optado por pessoasda sua confiança, em vez de

recorrer "à sociedade civil",mostra que está "encrava-do", diz o professor no Ins-

Primeiro-ministro justificouremodelação com intençãode criar "dinâmicarenovada"

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tituto Superior de CiênciasSociais e Políticas de Lisboa.

MUDAR LEIS ORGÂNICAS

A remodelação faz três tro-cas diretas (Cultura, Saúde

e Defesa), mas força umamudança estrutural. A subs-

tituição de Caldeira Cabral

por Siza Vieira obriga a des-locar a Energia da Economia

para o Ambiente.O até agora ministro Ad-

junto já tinha pedido escusadas matérias ligadas à ener-gia [ler página seguinte].Agora, a um ano da forma-ção de um novo Governo,obriga a alterar as leis orgâ-nicas da Economia e do Am-biente. "É o ministério quese adapta ao ministro e não

o contrário", lamenta JoséAdelino Maltez.

No seu conjunto, terão to-dos de trabalhar com um or-

çamento preparado pelo an-

tecessor, num horizonte de

apenas um ano.Na nota à Lusa, contudo,

António Costa invoca a in-tenção de reforçar a políticaeconómica e dar prioridadeà adoção de uma políticaenergética capaz de mitigaras alterações climáticas.

Nesta configuração, o Go-verno dá um passo em dire-

ção à paridade de género.Graça Fonseca e Marta Te-mido juntam-se a MariaManuel Leitão Marques(Presidência e Moderniza-ção Administrativa), Fran-cisca Van Dunem (Justiça) e

Ana Paula Vitorino (Mar) -cinco mulheres num elencode 17 ministros.*

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Mudanças anteriores

João Soares foi o primeiro ministro a sair. Foisubstituído por Luís Filipe Castro Mendes a

14 de abril. No mesmo dia, tomaram também

posse dois novos secretários de Estado: Mi-guel Honrado na Cultura e João Paulo Rebelo

na Juventude e Desporto.

O escândalo das viagens ao Euro 2017 pagas pelaGalp leva à saída de três secretários de Estado.

Costa aproveita para mudar outros quatro e

criou uma nova Secretaria de Estado, a da Habi-

tação, para Ana Cláudia Pinho. Ana Paula Zaca-

rias foi para os Assuntos Europeus; Eurico Bri-

lhante Dias para a Internacionalização; TiagoAntunes para a presidência do Conselho de Mi-nistros; António Mendonça Marques para os As-

suntos Fiscais; Maria de Fátima Fonseca para a

Administração e Emprego Público; AnaLehmann para a Indústria; Miguel João de Frei-tas para as Florestas e Desenvolvimento Rural.

Constança Urbano de Sousa foi substituída

pelo então ministro Adjunto Eduardo Cabritaà frente da Administração Interna. Pedro SizaVieira passa a ministro Adjunto. Foi criada a

Secretaria de Estado da Proteção Civil para Jo-sé Artur Neves.

O caso Raríssimas leva à demissão de ManuelDelgado de secretário de Estado da Saúde. Foisubstituído por Rosa Valente de Matos.