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DAIANI WOLOSZYN

BIOTRATAMENTO EM ÁGUA EXCEDENTE DO BENEFICIMENTO DO CARVÃO

MINERAL

CANOAS, 2012

1

DAIANI WOLOSZYN

BIOPROCESSO EM ÁGUA EXCEDENTE DO PROCESSO DE BENEFI CIAMENTO

DO CARVÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para a banca examinadora do Curso de Engenharia Ambiental do Centro Universitário La Salle – Unilasalle, como exigência para obtenção de grau de Bacharel em Engenharia Ambiental.

Orientação: Profº. Dr. Delmar Bizani

CANOAS, 2012

2

DAIANI WOLOSZYN

BIOPROCESSO EM ÁGUA EXCEDENTE DO PROCESSO DE BENEFI CIAMENTO

DO CARVÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para a banca examinadora do Curso de Engenharia Ambiental do Centro Universitário La Salle – Unilasalle, como exigência para obtenção de grau de Bacharel em Engenharia Ambiental.

Aprovado pelo examinador em 04 de julho de 2012.

Examinador:

_______________________________ Profº. Dr. Delmar Bizani

UNILASALLE

3

Aos meus pais, Marcos (in memoriam) e Estela, incansáveis incentivadores, pelo que realizo em minha vida, por serem meu exemplo de família, perseverança e determinação.

4

RESUMO

O descarte de efluentes industriais tem sido alvo de diversos estudos para

desenvolvimento de tecnologias de tratamento e adequação aos padrões de

descarte previsto em legislação ambiental vigente. A drenagem acida de minas

(DAM) gerada durante a mineração do carvão decorre em dano ambiental

significativo nos ecossistemas associados á mesma. Atualmente, para resolver esta

situação, sistemas ativos de tratamento valendo-se de processos de neutralização

precipitação e sedimentação, têm sido implementados. Esses sistemas

proporcionam bons resultados no tratamento da água, principalmente na correção

do pH e na remoção de ferro e manganês. No entanto, por vezes são parcialmente

eficientes na remoção de sulfato. Métodos passivos de tratamento têm sido

empregados como alternativa aos ativos. Neste projeto foram utilizadas culturas

mistas enriquecidas de microorganismos com potencial de redução de sulfato

(Bacillus cereus e Pseudomonas aeruginos), para águas excedentes do processo de

beneficiamento do carvão mineral, acompanhando, assim, a capacidade de

bioprocesso microbiano e monitoramento físico-químico do efluente (tais como

Fósforo Total, Fósforo (P), Nitrato (como N), Nitrogênio Total Kjeldahl e Sulfato

(SO4)) em diferentes tempos do experimento. Assim, o experimento demonstrou o

bioprocesso das BRS às condições da água excedente do processo de

beneficiamento do carvão mineral contendo cerca de 1900mg/L de sulfato. Os

resultados revelaram reduções médias dos níveis de sulfato nas três amostras

(amostra contendo exclusivamente Bacillus cereus, amostra contendo

exclusivamente Pseudomonas aeruginosa e amostra contendo consórcio de Bacillus

cereus e Pseudomonas aeruginosa). O maior índice de redução ficou na ordem de

65,6% na amostra a qual foi cultivada exclusivamente a espécie microbiana Bacillus

cereus.

Palavras chave: Bactérias redutoras de sulfato (BRS). Biotratamento. Drenagem

ácida de minas (DAM).

5

ABSTRACT

The elimination of industrial effluents has been the target of several studies to

develop treatment technologies and their adequacy standards and disposal provided

on environmental regulations. Acide mine drainage (AMD) generated during coal

mining takes place in significant environmental damage associated ecosystems will

be the same. Currently, to address this situation, active treatment systems making

use of precipitation processes of neutralization and sedimentation have been

implemented. These systems provide good results in treating water, specially in the

correction of the pH and to remove iron and manganese. However, sometimes are

partially effective in the removal of sulfate. Passive methods of treatment have been

used as an alternative to assets. In this design have been used for mixed cultures

enriched with microorganisms sulphate reduction potential (Bacillus cereus, and

Pseudomonas aeruginos) for excess water from the process of coal processing,

monitoring, as the ability of microbial and bioprocess monitoring the effluent physico-

chemical (such as Total Phosphorus, Phosphorus (P), nitrate (as N) Total Kjeldahl

Nitrogen and sulfate (SO4)) at different times of the experiment. The experiment

demonstrated the bioprocess of BRS conditions of excess water in the process of

beneficiation of coal containing about 1900mg / L of sulfate. The results showed

reductions in mean levels of sulphate in the three samples (sample containing only

Bacillus cereus, Pseudomonas aeruginosa containing only the sample and sample

containing consortium of Bacillus cereus and Pseudomonas aeruginosa). The

highest reduction was in the order of 65,6% in the sample which was grown

exclusively microbial species Bacillus cereus.

Keywords: Sulfate-reducing bacteria (SRB). Biotreatment. Acid mine drainage

(AMD).

6

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Localização geográfica das principais jazidas de carvão mineral do Sul do

país. .......................................................................................................................... 13

Quadro 1: Resumo de métodos aplicados no tratamento de DAM ........................... 20

Tabela 1 - Resultados de análises de monitoramento dos parâmetros físico-químicos

em efluente de ETE realizado por uma empresa mineradora local, no período de

2010 a 2011. ............................................................................................................. 26

Figura 2 – Coleta de amostras .................................................................................. 28

Figura 3 - Frascos antes do bioprocesso .................................................................. 28

Figura 4 - Placas contendo os cultivos das bactérias estudas .................................. 30

Figura 5 - Incubadoras orbital .................................................................................... 31

Figura 6 - Placas de contagem .................................................................................. 32

Tabela 2 - Resultados de análises físico-químicas de um efluente preparado e

suplementado, para os parâmetros abaixo. .............................................................. 33

Tabela 3 - Valores dos parâmetros físico-químicos: PH, Eh, OD, DBO5, DQO e

Proteínas Totais nos tempos de analises Tinicial e Tfinal para os diferentes

microrganismos e seus consórcios, após atividade microbiana. ............................... 35

Figura 7 - Determinação da curva de crescimento bacteriana através da contagem

em placa de unidade formadoras de colônia por mililitro (UFC.mL-1), das linhagens

bacterianas testadas. ................................................................................................ 36

7

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BRS Bactérias Redutoras de Sulfato

DAM Drenagem Ácida de Mina

ROM Room Of Mine

CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente

DNPM Departamento Nacional de Produção Mineral

CETEM Centro de Tecnologia Mineral

CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais

CE Carvão Energético

ETE Estação de Tratamento de Efluentes

8

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 9

2 JUSTIFICATIVA ..................................... ......................................................... 11

3 OBJETIVOS E METAS ................................. .................................................. 12

3.1 Objetivo Geral ................................ .................................................................... 12

3.2 Objetivos específicos.......................... .............................................................. 12

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................. .............................................. 13

4.1 O carvão mineral no cenário nacional .............. ........................................... 13

4.2 Aspectos ambientais da mineração de carvão ........ ................................... 14

4.3 Legislação ambiental .............................. ...................................................... 15

4.4 Crime de poluição ................................. ........................................................ 16

4.5 Drenagem ácida de mina (DAM) ...................... ............................................. 17

4.6 DAM - situação atual no sul do Brasil ............. ............................................ 18

4.7 Ações de prevenção e controle da DAM .............. ....................................... 19

4.7.1 Tratamentos ativos ....................................................................................... 20

4.7.2 Tratamentos passivos .................................................................................. 21

4.8 Bactérias redutoras de sulfato (BRS) .............. ............................................ 22

5 EXPERIMENTAL ...................................... ...................................................... 25

5.1 Materiais ......................................... ................................................................ 25

5.1.1 Água do processo de beneficiamento do carvão mineral ............................. 25

5.1.2 Microrganismos ............................................................................................ 26

5.1.3 Equipamentos .............................................................................................. 27

5.2 Metodologia ....................................... ............................................................ 27

5.2.1 Coleta e preparação das amostras .................................................................. 27

5.2.2 Análise físico-química....................................................................................... 29

5.2.3 Seleção e preparação do pré-inóculo ............................................................... 29

5.2.4 Inoculação dos microrganismos e a formação dos consórcios ........................ 30

5.2.5 Determinação da curva de crescimento bacteriano ......................................... 31

5.2.6 Análise estatística ............................................................................................ 32

6 DISCUSSÃO DE RESULTADOS ........................... ......................................... 34

7 CONCLUSÃO ......................................... ........................................................ 37

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 38

9

1 INTRODUÇÃO

Os efluentes industriais são regidos por legislação ambiental específica, a qual

visa garantir a qualidade das águas que foram utilizadas nos processos das

indústrias e estão sendo devolvidas ao meio ambiente, uma vez que a água é uma

das maiores preocupações do planeta (REBOUÇAS, 1999). Estas normas, leis e

resoluções que normatizam parâmetros e determinam se a água é ou não

apropriada para o consumo humano e seu lazer, ou seja, legislam sobre a qualidade

deste bem de domínio da união.

Assim como diversas outras atividades industriais, o processo de mineração de

carvão mineral utiliza-se de água para realizar o beneficiamento (separação

granulométrica) do carvão Run of Mine (ROM), segundo Ferreira (1978).

Durante o beneficiamento do carvão, devido ao contato do ROM com a água,

pode haver carreamento de alguns elementos químicos, causando alteração na

qualidade físico-química da água excedente do processo de beneficiamento

(UBALDO; SOUZA, 2008).

Para garantir a qualidade ambiental da água excedente do beneficiamento de

carvão mineral podem-se aplicar diversas técnicas para adequação aos padrões

legais de cada parâmetro exigido em legislação, Resolução CONAMA nº 357/2005

(BRASIL, 2005) e Resolução CONAMA nº 430/2011 (BRASIL, 2011a).

Os íons sulfatos apresentam baixa toxicidade quando comparados com os

parâmetros acidez e íons de metais nos sistemas aquáticos. Os principais efeitos

causados por esses ânions são corrosão de tubulações de diferentes materiais,

acidez do solo e, principalmente, danos de desidratação humana (efeitos laxativos)

relacionada com a ingestão de grandes quantidades de íons sulfato. O Brasil,

através de deliberações normativas do Conselho Nacional do Meio Ambiente

(CONAMA) em sua Resolução nº 357/2005 (BRASIL, 2005) determina um limite

máximo de 250 mg.L-1 SO4 para os efluentes industriais. O padrão para água potável

no país também é de 250 mg.L-1 definidos pelo ministério da saúde através da

Portaria nº 2914/2011 (BRASIL, 2011b). Os principais métodos de remoção de íons

sulfato da água são realizados através de precipitação química (formação de gipsita

e sulfato de bário), redução biológica a sulfetos, processos de troca-iônica e

adsorção (OLIVEIRA, 2006). Assim, este experimento visa acompanhar o potencial

da utilização de bactérias redutoras de sulfato (BRS) para bioprocesso em água

10

excedente do processo de beneficiamento do carvão mineral, como método

complementar ao tratamento ativo já existente (neutralização e sedimentação para

ferro e manganês).

11

2 JUSTIFICATIVA

Sabendo da gravidade causada pela poluição de metais pesados e outros

compostos no meio ambiente e da dificuldade em tratar esses rejeitos na área de

mineração, buscam-se novas alternativas, não só inovadoras, mas de baixo custo,

para a remediação de efluentes industriais e assim a proteção ambiental.

Atualmente o uso de bioprocessos aparece como boa alternativa nos

processos de remediação do meio ambiente. Deste modo, este trabalho se propõe a

avaliar a utilização de bactérias redutoras de sulfato (BRS) como bioprocesso para

água excedente do processo de beneficiamento do carvão mineral.

12

3 OBJETIVOS E METAS

O objetivo geral e os específicos deste trabalho são:

3.1 Objetivo Geral

O objetivo principal deste Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) é utilizar

bactérias com capacidade de redução de sulfato, em sistemas de bioprocesso, para

águas excedentes do processo de beneficiamento do carvão mineral, buscando

redução do teor de sulfato após tempo de incubação, em relação ao teor encontrado

antes do bioprocesso.

3.2 Objetivos específicos

Os objetivos específicos são:

a) Determinar e monitorar dos parâmetros físico-químicos nos diferentes

tempos pH, OD, Eh, DBO, DQO, sulfato e proteínas totais.

b) Acompanhar os parâmetros físico-químicos da água excedente do

beneficiamento do carvão mineral nos seguintes tempos: T0: início (zero

dias), T1 e T2: no segmento do experimento (dez e vinte e dois dias,

respectivamente) e T3: final (trinta e cinco dias).

c) Avaliar o comportamento bacteriano através do acompanhamento da

curva de crescimento bacteriano.

13

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1 O carvão mineral no cenário nacional

Dados publicados pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM),

no Anuário Mineral Brasileiro 2010 do Ano Base 2009, indicam que os estados de

maior relevância na mineração de carvão são o Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

No Rio Grande do Sul, a produção encontra-se predominantemente nos municípios

de Bagé, Candiota e região do baixo Jacui e em Santa Catarina nos municípios de

Criciúma, Lauro Muller, Treviso, Forquilhinha, Urussanga e Orleans (DNPM, 2010).

Figura 1 - Localização geográfica das principais jazidas de carvão mineral do Sul do

país.

Fonte: Monteiro, 2004.

O carvão produzido no Brasil é de qualidade relativamente baixa com poder

calorífico variando de 3700 a 4500 kcal (carvões do hemisfério norte têm de 6400 a

6700 kcal). Este carvão possui altos teores de cinzas, entre 47% e 58%, e valores

de enxofre que variam de 1,0% e 4,7%. O teor de enxofre piritoso nos carvões

brutos brasileiros cresce do sul para o norte, com cerca de 1% no Rio Grande do

Sul, 3 e 8% em Santa Catarina e até 9 a 10% no Paraná (CETEM, 2001).

Borba indica que apesar no Brasil possuir um setor industrial significativamente

desenvolvido, o consumo de carvão mineral é irrelevante. No cenário mundial

14

representa em torno de 0,5%. Do total de carvão consumido no Brasil,

considerando-se nacional e importado, 62% é destinado à siderúrgica 33% á

geração termoelétrica, 1,3% á indústria da celulose, 1% a petroquímica e 2,7% a

outros setores. Ao contrário de outros países que empregam o carvão de forma

maciça em suas respectivas matrizes energéticas, a participação do carvão na

matriz energética brasileira é muito limitada. No entanto, isso não se deve as

implicações ambientais da atividade mineira, que são bastante significativas, pois as

companhias mineradoras têm buscado reduzir o impacto futuro e mitigar o passivo

ambiental decorrente por meio de políticas internas e externas (governo e ONG’s)

produzindo, assim, carvão com menor impacto ambiental.

4.2 Aspectos ambientais da mineração de carvão

A Resolução Nº 01 de 1986 do Conselho Nacional do Meio Ambiente –

CONAMA (BRASIL, 1986) considera como impacto ambiental

Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente afetam: a saúde, a segurança e o bem-estar da população; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; e a qualidade dos recursos ambientais.

Martins e Leite (1997) afirmam que a mineração implica em alterações das

condições ambientais cujos reflexos extravasam os limites dos trabalhos mineiros.

De acordo com Farias (2002), os principais problemas oriundos da mineração são a

poluição da água, a poluição do ar, a poluição sonora e a subsidência do terreno. No

que diz respeito à mineração de carvão, a história mostra que esta pode afetar áreas

naturais, comprometer a disponibilidade e a qualidade de recursos hídricos, destruir

o potencial turístico de regiões inteiras, criar conflitos com comunidades locais,

reduzir a biodiversidade e degradar ecossistemas (MONTEIRO, 2004).

Dentre os impactos ambientais da mineração do carvão, o mais grave é,

certamente, a poluição dos mananciais hídricos pela acidificação dos corpos d’água,

associada ao aumento da concentração dos metais ferro, alumínio, manganês e

ânions sulfato.

No entanto, apesar dos problemas causados ao meio ambiente, a mineração

quando conduzida de forma ambientalmente correta, é essencial para que

15

humanidade atinja dois valores socioeconômicos fundamentais: qualidade de vida e

desenvolvimento sustentável (CPRM, 2004). Assim a Política Nacional do Meio

Ambiente, regulamentada pela Lei nº 6.938 de 1981, objetiva preservar, melhorar e

recuperar a qualidade ambiental propícia a vida, visando assegurar, no país

condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança

nacional e a proteção da dignidade da vida humana. Tem-se, portanto que a

recuperação dos danos causados pela mineração é uma exigência legal na qual se

entende que todo contaminante deve ser conduzido ao meio ambiente em baixos

níveis de risco ambiental. A recuperação de áreas degradadas também está ligada a

fatores como a recomposição da paisagem, a conservação de recursos hídricos, a

fixação e a conservação da fauna e da flora, a preservação de encostas, a

contenção da erosão, a prevenção do assoreamento dos cursos de água além do

cumprimento da legislação ambiental vigente.

4.3 Legislação ambiental

A legislação ambiental procura controlar os problemas de contaminação do

meio ambiente através de três abordagens:

a) a regulamentação dos locais de produção visando controlar, na origem a

geração e a disposição dos resíduos;

b) a regulamentação dos produtos, estabelecendo limites para emissões e

restringindo o uso de certos materiais perigosos na fabricação;

c) a regulamentação das condições ambientais de forma abrangente,

limitando certas atividades que possam atuar de forma crítica em desfavor

de uma área ou região.

A terceira abordagem da legislação aplica-se perfeitamente à questão

ambiental da extração mineral, a qual está atrelada a toda legislação aplicável ao

tema, dispersa entre inúmeras Leis, Decretos–leis, Decretos e Resoluções.

Para o entendimento da legislação aplicável ao setor mineral é preciso

conhecer a legislação aplicável de modo geral a todas as atividades potencialmente

degradadoras do meio ambiente, além da legislação especificamente aplicável.

16

4.4 Crime de poluição

Uma das principais premissas da legislação de meio ambiente é o princípio do

poluidor-pagador, que se encontra albergado na Constituição Federal de 1988, Art.

225, parágrafo terceiro:

§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. (BRASIL, 1988)

Encontra-se referência também na Lei 7804 (BRASIL, 1989), Art.15, no qual

se define que o gerador da poluição será cobrado pelas emissões que gera ou pelos

acidentes ambientais que venha a provocar.

A referência ao poluidor-pagador pode ser encontrada ainda no inciso VII, do

Art. 4º, da Lei 6.938 (BRASIL, 1981) que dispõe sobre a Política Nacional de Meio

Ambiente nos seguintes termos:

Art. 4º A Política Nacional de Meio Ambiente visará: VII – à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos.

Assim, é importante conhecer as definições, do ponto de vista legal, de

poluição e poluidor.

Segundo o Art. 3º, inciso III, da Lei 6.938 (BRASIL, 1981) que dispõe sobre a

Política Nacional de Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e

aplicação, define-se poluição como:

III – poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem materiais ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.

No texto da Lei 6.938 (BRASIL, 1981), Art. 3º, inciso IV, temos a definição

legal de poluidor , ou seja,

17

IV – poluidor, pessoa física ou jurídica de direito público ou privado, responsável direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental.

A poluição é o modo mais pernicioso de degradação do meio ambiente

natural. Atinge mais diretamente o ar, a água e o solo, mas também prejudica a flora

e fauna. (SILVA, 1994).

As agressões ao meio ambiente provocadas pela poluição do ar, do solo e da

água, com as respectivas repercussões, são de tal monta, que somente com a

aplicação de uma sanção penal que funcionará também como um meio de

prevenção, conseguir-se-á refreá-la.

4.5 Drenagem ácida de mina (DAM)

A DAM (Drenagem Ácida de Mina) é reconhecida mundialmente como um sério

problema ambiental associado atividade de mineração. Consiste de uma solução

ácida que atua como agente lixiviante dos minerais presentes nos resíduos de

mineração, cuja origem está associada à oxidação dos minerais sulfetados

presentes quando expostos ao oxigênio atmosférico em presença de água

(THOMAS et al., 1994), disseminando em solução íons metálicos e sulfato.

Geralmente, a DAM apresenta pH muito baixo (1,5 – 2,0) e níveis elevados de

sulfato (2000 mg/L) e metais dissolvidos (100 – 300 mg/L) (FARFAN et al., 2004), o

que confere a DAM um caráter nocivo ao meio ambiente, comprometendo corpos

hídricos e vegetação.

Na mineração de carvão, a sua gênese está relacionada á oxidação de pirita ou

marcassita, ambos sulfetos de ferro (porém em formas cristalinas diversas).

A DAM é um efluente caracterizado por elevada acidez e altas concentrações

de metais tais como Al, Cu, Fe, Mg, Mn e Zn, ânios sulfetados e às vezes,

compostos residuais orgânicos. A DAM é o resultado de uma série completa de

reações químicas influenciadas por fatores como: geração de ácido sulfúrico em

função da oxidação de sulfetos, cuja taxa pode ser acelerada pela ação de

microorganismos (MENEZES, 2002). A oxidação no material da rocha explica os

valores de pH dos pontos baixos na drenagem.

Sendo assim, fica claro o motivo de a DAM ser considerada como o pior

problema ambiental associado à mineração, pois após o fim das atividades de

18

extração o risco liberação da DAM das pilhas de rejeitos, diretamente no ambiente

pode comprometer a qualidade das águas superficiais e subterrâneas, devido à

infiltração das descargas contaminantes (FERNANDES et al., 2008).

4.6 DAM - situação atual no sul do Brasil

O carvão mineral é a maior fonte de energia não renovável no país. As maiores

reservas de carvão estão localizadas no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e

Paraná. As atividades de lavra e beneficiamento do carvão mineral causam

problemas ambientais (sólidos, líquidos e gasosos). A deposição de rejeitos piritosos

em bacias e a céu aberto e também a desativação de minas, sem a devida

impermeabilização dos rejeitos gerados, são responsáveis pelo mais grave problema

ambiental associado à mineração de carvão: a geração de Drenagem Ácida de

Minas.

Podem ocorrer dois tipos de DAM. A primeira, denominada DAM fresca, ocorre

principalmente em zonas de fluxo corrente de água, onde o material piritoso (FeS2) e

a água mantêm contato por um curto período de tempo. A DAM bruta, ou carregada,

é característica de regiões ativas de mineração (bacias de rejeitos e lagoas de

contenção) onde a DAM mantém um contato longo com o rejeito, dissolvendo os

metais, baixando o pH e aumentando a acidez do efluente.

Buscando alcançar maior espaço no mercado consumidor, as mineradoras da

Região Sul estão cada vez mais comprometidas com a minimização deste aspecto

ambiental, buscando e implantando novas tecnologias de controle da DAM.

Estudos desenvolvidos no Brasil, mostram que as reações de geração de DAM

são auto-catalíticas e, portanto, de difícil controle. Por esse motivo técnicas de

prevenção são preferíveis e incluem métodos que evitam o contato dos minerais

sulfetados com a água e o oxigênio. Nos últimos anos, o uso de coberturas secas

para prevenir a geração de DAM tem sido estudado no Brasil (CETEM, 2004;

GALATTO et al. 2007). A aplicação de cinzas pesadas resultantes da queima de

carvão mineral como cobertura seca em rejeitos piritosos tem se mostrado efetiva

(GALATTO et al. 2007). No entanto, a situação atual da DAM na região sul do país

mostra uma grande quantidade de rios e córregos já contaminados, necessitando de

estudos de tratamento que sejam técnica e economicamente viáveis.

19

Estudos passivos de remediação da DAM (banhados aeróbicos e anaeróbicos,

redução biológica a sulfetos) apresentam vantagens operacionais (FIRPO;

SCHNEIDER, 2007). A ver:

a) Precisam de pouca manutenção.

b) Não requerem a contínua adição de reagentes químicos.

c) O escoamento do fluxo hidrológico é obtido pela gravidade (gradiente

natural).

d) Não necessitam energia mecânica para promover a mistura dos agentes

neutralizantes.

Estudos de tratamento ativo no controle da DAM também estão sendo

discutidos na Região Sul do país em termos de viabilidade técnica e econômica dos

processos de flotação e sedimentação lamelar (RUBIO et. al. 2007; RUBIO et al.

2008) e são comentados na sequência.

4.7 Ações de prevenção e controle da DAM

Higgins et al. (2003) explicam que o impacto ambiental da DAM pode ser

administrada pela prevenção (inibindo sua formação), controlando a migração da

água ou pelo tratamento após sua formação.

Há um consenso entre os autores que prevenir a DAM é melhor do que

remediar. Os métodos de controle e tratamento devem ser aplicados quando a

geração de DAM não pode ser evitada. Os métodos de tratamento classificam-se em

ativos e passivos, conforme demonstra o quadro 1 (JOHNSON; HALLBERG, 2004;

SKOUSEN et al., 1998).

20

Quadro 1: Resumo de métodos aplicados no tratamento de DAM

Preventivos (método de evitar a geração)

- Remoção/isolamento de sulfetos - Exclusão de oxigênio por cobertura de água - Exclusão de oxigênio por cobertura seca - Aditivos alcalinos - Bactericidas

Controle (método de contenção)

- Prevenção do fluxo de água - Paredes reativas porosas - Disposição em estrutura de contenção

Tratamento (método de remediação)

(a) Sistemas ativos - Neutralização e precipitação - Adsorção/Troca iônica - Osmose reversa - Flotação por ar dissolvido (FAD) - Eletro-diálise

(b) Sistemas Passivos - Filtro aeróbio de calcário - Dreno anóxico de calcário - Barreira permeável reativa - Banhados construídos (Wetlands) - Reatores de fluxo vertical

Fonte: adaptado de Kontopoulos, 1998.

4.7.1 Tratamentos ativos

Tratamentos ativos envolvem tecnologias se sistemas convencionais de

tratamento de água baseados, comumente, na oxidação, adição de alcalinidade,

precipitação dos metais na forma de hidróxidos e separação sólido-líquido por

sedimentação ou flotação (CL:AIRE, 2002; SILVEIRA et al., 2007). O efluente

gerado em processos ativos de tratamento possui elevada dureza que pode vir a ser

deletéria ao ambiente receptor (KALIN et al., 2006).

O método mais utilizado para o tratamento ativo da DAM é o da neutralização

por cal ou outro composto alcalino (LUPTAKOVA; KUSHIERA, 2002; JONG;

PARRY, 2003), resultando na precipitação de íons sulfato e metais sob a forma de

gesso e hidróxidos, respectivamente. Entretanto, os custos operacionais são

elevados e a eficiência na remoção de sulfato e metais é relativamente baixa

(BOONSTRA et al., 1999), podendo apresentar níveis de sulfato e metais acima dos

permitidos por lei. Assim, a aplicação de um processo biológico complementar aos

processos existentes poderia se tornar viável devido, principalmente, ao baixo custo

associado.

21

Como tendência tecnológica, pode-se destacar o desenvolvimento e aplicação

de um sistema inovador de tratamento de DAM na Carbonífera Metropolitana S.A.

(Siderópolis-SC) – sedimentação lamelar. O sistema é constituído por floculação e

sedimentação lamelar. A eficiência alcançada neste sistema é elevada, gerando

água de boa qualidade, em termos de parâmetros físico-químicos, similarmente aos

processos ativos tradicionais (FAD).

Essas águas são, comumente, recirculadas no beneficiamento do carvão

dentro das próprias plantas das empresas.

4.7.2 Tratamentos passivos

Por sua vez, tratamentos passivos são aqueles pelos quais se obtêm melhorias

na qualidade da água usando fontes de energia naturalmente disponíveis

(gravidade, energia metabólica, microbiana, fotossíntese) em sistemas que

requerem manutenções esporádicas para mantê-los funcionando (KONTOPOULOS,

1998). Envolvem pouca ou nenhuma manutenção, sem a necessidade da adição de

reagentes químicos. Essa pequena necessidade de manutenção é uma das

vantagens do tratamento passivo em relação ao ativo (JOHNSON; HALLBERG,

2004), sendo, no entanto, mais lentos requerendo longos tempos de detenção e

grandes áreas para alcançar resultados similares aos mesmos (THOMAS et al.,

2000).

De acordo com Cl:aire (2002) a instalação de tratamentos passivos tem sido

motivada por aspectos econômicos e por sua compatibilidade ecológica (naturalista)

ao torná-los parte integrante de um amplo ecossistema local. Deve ficar claro que

tratamentos passivos possuem vida finita e que, cedo ou tarde, precisarão ser

reconstituídos ou “rejuvenescidos” (BARROS et al., 2003).

Há diversos estudos desenvolvidos para tratamento passivo, os quais são

voltados para o tratamento de DAM com utilização de Bactérias redutoras de

Sulfatos (BRS). As principais vantagens apresentadas por processos deste tipo são:

o baixo consumo energético e a reduzida produção de lodo. A comprovada presença

de bactérias redutoras de sulfato (BRS) no lodo anaeróbio representa uma possível

tecnologia alternativa de tratamento visando a remoção dos metais de efluentes

contaminados. O sulfato (SO42-), geralmente presente em altas concentrações, é

utilizado pelas BRS na geração de íons sulfeto (S2-) em solução, tendo como

22

consequência a instantânea precipitação dos íons metálicos no lodo sob a forma de

sulfetos insolúveis, juntamente com a redução, no efluente, da matéria orgânica e do

sulfato (LIMA, 1996).

Este método tem sido utilizado para o tratamento de efluentes industriais com

elevada concentração d sulfato em países como Alemanha e Holanda (MORPER;

FURST, 1991, SCHEEREN et al., 1992).

4.8 Bactérias redutoras de sulfato (BRS)

As bactérias redutoras de sulfato (BRS) são microrganismos que realizam a

redução desassimilativa do íon sulfato, na qual este íon atua como agente oxidante

para a metabolização da matéria orgânica. Nesse processo apenas uma pequena

parcela do enxofre reduzido é assimilada pelos microrganismos, sendo a maior parte

excretada na forma de íon sulfeto normalmente hidrolisado a H2S livre (POSTGATE,

1984). Em sua maioria as BRS são Gram-negativas e mesofílicas, com temperatura

ótima de crescimento na faixa de 34 a 37 °C e com tolerância máxima de 42 a 45 °C.

Linhagens termofílicas, apresentando crescimento ótimo na faixa de 50 a 70°C,

podem ser encontradas também. O crescimento das BRS mesofílicas, a 30 °C, é

normalmente lento podendo levar semanas de acordo com a espécie. Por outro

lado, as BRS termofílicas crescem rapidamente em torno de 12 a 18 h, a 55 °C. Em

geral, no crescimento das BRS, a temperatura de incubação normalmente utilizada é

de 30 °C, enquanto que a faixa de pH mais empregada é de 7,2 a 7,6 (SÉRVULO,

1991). O metabolismo oxidativo das BRS é conduzido em ambientes cujo potencial

de oxi-redução se encontre na faixa de –150 a –200 mV, uma vez que esses

microrganismos não necessitam possuir co-fatores da cadeia de transporte de

elétrons cujas formas estáveis só são encontradas em valores de potencial redox

positivos. É necessário então, em algumas situações, que seja adicionado um

agente redutor, como o Na2S, até que o crescimento vigoroso da cultura seja

estabelecido e assim as próprias bactérias gerem o H2S suficiente para manter o

potencial de oxi-redução baixo (POSTAGATE,1984).

Durante a respiração anaeróbia das BRS, os íons sulfato são usados como

aceptores finais de elétrons com a produção de ácido sulfídrico (H2S), como

mostram as equações 1 e 2. Esta produção de H2S deve ocorrer rapidamente, desde

que o pH adequado seja atingido. Os doadores de elétrons nesse processo são

23

geralmente substratos como lactado, malato ou hidrogênio gasoso (ODOM et al.,

1993)

4 H2 + SO42- H2S + 2 H2O + 2 OH- (equação 1)

2 C3H5O3Na + MgSO4 2 CH3COONa + CO2 + MgCO3 + H2S + H2O (equação 2)

A remoção de metais pesados na forma de sulfetos consiste em uma

alternativa interessante devido à solubilidade dos mesmos ser muito menor do que a

de seu respectivo hidróxido, de acordo com a equação 3.

Me2+ + H2S MeS + 2 H+ (equação 3)

A capacidade de remoção, assim como os mecanismos de acumulação, de

sulfato por BRS pode variar de acordo com a espécie microbiana, ou até mesmo

com a linhagem. Fatores externos como pH, temperatura, ausência ou presença de

nutrientes e outros metais também influenciam no mecanismo atuante, e

consequentemente na eficiência (RUBIO et al., 2008).

O bioprocessamento de redução de sulfato a sulfeto não ocorre

espontaneamente nas condições físicas da atmosfera, e requer uma mediação

catalítica por atividade biológica. Segundo Almeida (2005), a redução biológica do

sulfato pode ser:

a) Redução assimilatória – O enxofre é necessário para a biossíntese de

componentes citoplasmáticos, sendo incorporado pelos organismos,

compõe as estruturas químicas de aminoácidos, ácidos nucléicos e em

alguns co-fatores, tais como biotina e ácido pantotenóico. Ele está

presente no citoplasma como ânion HS-, em que o enxofre está no seu

estado mais reduzido, correspondendo ao sulfeto (em condições de

anaerobiose).

b) Redução desassimilatória – Sob condições anaeróbias, as BRS podem

utilizar sulfato como aceptor final de elétrons no sistema de transporte de

elétrons. Essas bactérias são geralmente organotróficas e oxidam

compostos orgânicos de baixo peso molecular e simultaneamente

reduzem sulfato a sulfeto.

24

Segundo Almeida (2005), o H2S, produto do metabolismo das BRS, pode reagir

com os metais pesados presentes no efluente, formando sulfetos insolúveis. A

produção de sulfeto metálico se dá sem a utilização de outro insumo no processo.

Independentemente da origem (biológica ou não) do íon sulfeto, a sua utilização

para precipitar os metais pesados, se comparada à precipitação físico-química,

apresenta as seguintes vantagens: a) A solubilidade dos sulfetos é muito menor do

que a dos correspondentes hidróxidos; b) Os sulfetos podem ser precipitados

seletivamente; c) Existe a possibilidade de recuperação dos metais de interesse

comercial a partir dos sulfetos metálicos; d) Apresenta uma alta reatividade sob uma

ampla faixa de pH.

25

5 EXPERIMENTAL

5.1 Materiais

5.1.1 Água do processo de beneficiamento do carvão mineral

Segundo Chaves (2008), o carvão bruto produzido na mina é encaminhado

para o processo de britagem. Através de correias transportadoras o material é

elevado para um britador primário de duplo-rolo, cujo produto resultante é um

material de granulometria abaixo de 50 mm. Este passa novamente um sistema de

britagem (britador secundário de duplo-rolo). O produto desse britador, com

granulometria abaixo de 32 mm é transferido por um transportador de correias até o

circuito de jigagem, onde efetivamente se inicia a concentração.

A concentração é realizada em um jigue cheio de água, o qual separará por

densidade o carvão energético e o material estéril. No processo de jigagem, o

flutuado constitui o carvão energético (CE). O carvão energético segue para a etapa

de desaguamento, inicialmente, em peneiras fixas, e, posteriormente, nas peneiras

vibratórias (CHAVES, 2008). Esta água utilizada no jigue é armazenada em bacia de

circuito fechado, a qual recircula para o processo continuamente.

Este processo de beneficiamento (jigagem) proporciona que a água reaja

(oxidação), quando em contato com o ROM, rico em pirita, bem como da presença

de outros sulfetos, sulfato e metais pesados, tais como alumínio (Al), manganês (Mn)

e ferro (Fe). Sendo assim, há modificação de determinados parâmetros

característicos da água captada (UBALDO; SOUZA, 2008).

Após a atividade de desaguamento (peneiras), a água é encaminhada para

uma bacia de sedimentação de sólidos, e posteriormente para a bacia de reuso

(circuito fechado).

A bacia de circuito fechado recebe contribuição de água das drenagens

internas dos pátios de estoque, das vias internas, das áreas administrativas e do

próprio processo de jigagem. Esta água fica retida por tempo indeterminado,

ocorrendo eventuais extravasamentos em períodos de elevados índices de

pluviosidade.

Os eventuais extravasamentos são encaminhados (por bombeamento) para

uma Estação de Tratamento de Efluentes (ETE), a qual eleva o pH do efluente para

26

decantação de manganês e ferro (FIRBO, 2007). E, após este tratamento preliminar,

são feitas análises para acompanhamento da qualidade do efluente da empresa.

O monitoramento deste efluente pode ser acompanhado pela tabela 1.

Tabela 1 - Resultados de análises de monitoramento dos parâmetros físico-químicos

em efluente de ETE realizado por uma empresa mineradora local, no período de

2010 a 2011.

DATA pH Al total (mg/L)

Fe Total

(mg/L)

Mn (mg/L)

Sulfatos (mg/L)

2010

9/julho - 0,188 0,049 0,05 -

15/julho - 0,060 0,04 0,11 -

19/julho - 0,130 2,37 0,74 -

19/julho - 0,33 2,47 1,17 -

17/agosto 8,48 0,260 0,40 1,12 1780

17/agosto 6,5 0,329 0,611 0,536 1321

24/agosto 7,2 0,490 1,47 1,650 1499

24/agosto 7,62 0,200 0,11 0,780 1648

17/setembro 7,2 0,336 0,927 1,510 1126,0

24/setembro 8,2 0,345 0,254 0,627 1137,0

15/outubro 7,6 0,222 0,073 0,682 609,0

25/outubro 7,9 0,395 0,322 0,584 2124,0

17/novembro 7,7 0,166 0,042 1,740 2049,0

25/novembro 7,9 0,332 0,096 0,929 1868,0

14/dezembro 7,7 0,024 0,1 1,400 1667,0

23/dezembro 7,5 0,019 0,022 1,880 2865,0

2011

20/janeiro 7 0,112 0,471 6,200 3114,7

28/janeiro 6,9 0,239 0,1 2,20 996,0

15/fevereiro 7,6 0,342 0,013 0,573 2032,0

23/fevereiro 7,5 0,049 0,011 0,600 2286,0 Média do período

7,46 0,22 0,40 1,29 1763,84

Fonte: Laboratório do Controle da Qualidade. Copelmi Mineração LTDA,2011.

5.1.2 Microrganismos

Serão utilizadas duas linhagens bacterianas: Bacillus cereus e Pseudomonas

aeruginosa. Ambas as culturas pertencem à bacterioteca do Laboratório de

27

Microbiologia do Unilasalle. A caracterização das linhagens será feita seguindo os

protocolos de identificação bioquímica estabelecidos por Konemann (2001).

No caso do gênero Bacillus serão realizados testes para a diferenciação de

outros membros do grupo (Bacillus thuringiensis, B. subtilis e Bacillus mycoides) e

submetidos ao cultivo em meios de cultura quimicamente definidos para se obter a

caracterização segura da espécie em questão.

A manutenção das bactérias será realizada em meio de cultura Agar BHI

(Merck) e Triptona de Soja Ágar - TSA, que contém (em g/l): Tripticase - 15; NaCl -

5; Peptona de soja - 5; Ágar – 15 e pH 7,0. A incubação será em estufa a 32 ±2ºC

por 24 horas, para se obter o pré-inóculo.

5.1.3 Equipamentos

Para desenvolvimento da amostragem, foram usados os seguintes

equipamentos:

As medidas de pH e Eh foram feitas em um medidor digital de pH/ milivolt

ANALION, modelo IA 601 com eletrodo combinado universal ANALION, modelo V

620 (no caso de pH) e eletrodo ANALION, modelo ROX 673A (no caso de Eh).

5.2 Metodologia

Buscando atendimento da legislação ambiental vigente que trata sobre padrões

de descarte de efluentes industriais, ao longo dos experimentos serão medidos os

parâmetros físico-químicos da água excedente em três tempos distintos (no início,

no seguimento e no final do experimento), acompanhando pH, fósforo total, fósforo

(P), nitrato (como N), nitrogênio total Kjeldahl e sulfato nos diferentes tempos e

avaliando o comportamento bacteriano através da curva de crescimento bacteriano.

5.2.1 Coleta e preparação das amostras

As coletas de DAM foram realizadas em pontos de descarte após a estação de

tratamento físico-químico (tratamento ativo), em frascos erlenmeyers de 500 mL,

fechadas com tampas de papel alumínio e celulose (figura 2). O material usado na

coleta e transporte foi previamente esterilizado. Todas as amostragens foram

28

realizadas pela integrante da pesquisa, seguindo normas pré-estabelecidas, relativa

à coleta de água para análise (EPA, 2010).

Figura 2 – Coleta de amostras

Fonte: Copelmi Mineração Ltda, 2011.

As amostras foram transportadas para laboratório em condições de

refrigeração.

Após seu transporte, as amostras foram esterilizadas em autoclaves a 121 °C,

a 0,5 atm por 15 minutos e refrigeradas até a realização das analises físico-química

inicial e a inoculação dos microrganismos (figura 3).

Após o tratamento térmico, o líquido de escoamento foi considerado “efluente

preparado”.

Figura 3 - Frascos antes do bioprocesso

Fonte: Laboratório de Microbiologia do Unilasalle, 2011.

29

5.2.2 Análise físico-química

5.2.2.1 Nitratos e Sulfatos

As determinações de Nitrato, Fósforo, Nitrogênio e Sulfato em solução

seguiram a metodologia do APHA, “Standard Methods for the Examination of Water

and Wasterwater” (CLESCERI et al., 1989).

As amostras de efluente preparado foram processadas e analisadas de acordo

com os parâmetros físico-químicos propostos no projeto.

5.2.2.2 Medidas de pH e Eh

A determinação destes parâmetros acompanhará os mesmos tempos descritos

para os parâmetros do item 5.2.2.3.

5.2.2.3 Tempo de Análises

As análises feitas nas amostras do efluente preparado acrescido dos

microrganismos serão três momentos, definidos como Tempo de Análise (T), assim

distribuídas:

T0= análise da amostra inicial;

T1 e T2= análise intermediária, e;

T3 = análise final

Os intervalos das análises serão de 10 dias, totalizando 30 dias de

experimento.

5.2.3 Seleção e preparação do pré-inóculo

Após o crescimento do pré-inóculo, foi retirada uma alíquota do meio com

crescimento bacteriano e inoculado nos Erlenmeyers de 100 mL com meio líquido

(caldo BHI), a fim de obter o crescimento bacteriano desejável para posterior

inoculação nos frasco com amostras de efluente preparado. Foram incubados em

estufas nas mesmas condições citada acima.

30

A concentração desejável de célula bacteriana deveria atingir entre de 106 a

1012 UFC mL-1, e foi estipulada por espectrofotometria, acompanhada pela

determinação e placas e pela curva de crescimento bacteriano (figura 4).

Figura 4 - Placas contendo os cultivos das bactérias estudas

Fonte: Laboratório de Microbiologia do Unilasalle, 2011.

5.2.4 Inoculação dos microrganismos e a formação dos consórcios

O primeiro experimento microbiológico foi realizado em erlenmeyers de 500 mL

envolvendo duas sequências de testes, onde: a) o primeiro ensaio foi com uma

mistura de 300 mL do efluente preparado (percolado submetido a tratamento

térmico, isento de bactérias), 100 mL de solução peptonada 1% (proteína sérica

bovina desidratada em pó) e 100 ml da cultura bacteriana (inóculo); b) no segundo

ensaio, frasco com 300 mL de efluente preparado foi acrescido de 200 ml da cultura

de bacteriana (inóculo). Todos os ensaios foram realizados em triplicatas.

No segundo experimento foi utilizado o consórcio dos dois microrganismos, nas

mesmas condições de incubação do primeiro (106 a 1012 UFC mL-1).

As etapas de manipulação das amostras de efluente preparado e dos inóculos

foram todos feitos em capela de fluxo laminar. Durante os ensaios, os erlenmeyrs,

foram vedados com rolhas de silicone contendo uma entrada para realizar a purga

de ar e H2S com nitrogênio. A saída lateral desses frascos, por onde esses gases

foram expulsos, foi conectada, através de uma mangueira de silicone, à tampa de

silicone de outro erlenmeyers, contendo água com pH próximo a 8, ajustado com

uma solução de NaOH 0,1 Eqg/L. Ao final da purga, o sistema foi totalmente

fechado, de tal forma que, a mangueira de entrada do frasco de ensaio e da saída

31

lateral do frasco de coleta de gases foi comprimida com uma pinça de Hoffman,

impedindo a entrada de ar.

Os ensaios foram conduzidos à temperatura a 37º C ± 0,5, e sob agitação

orbital constante de 25 ciclos por minuto e a temperatura de 25º C ± 0,5 (ambiente),

por um período de 30 dias (figura 5).

Figura 5 - Incubadoras orbital

Fonte: Laboratório de Microbiologia do Unilasalle, 2011.

5.2.5 Determinação da curva de crescimento bacteriano

Para a determinação da curva de crescimento foram feitas contagem nos

tempos indicados no item 5.2.2.3, definidos como Tempo de Análise (T). Assim a

sequência de avaliação do comportamento microbiano seguiu as seguintes etapas:

1. Amostragem dos ensaios e diluições: De cada frasco do ensaio foi

separado uma alíquota de 1 mL que será diluída num tubo contendo 9 mL

de Solução Salina Peptonada (SSP) 0,1% (ANEXO A), obtendo-se a

diluição 10-1 .Este procedimento foi repetido para obtenção das diluições

10-2, 10-3, 10-4 e 10-5.

2. Contagem e identificação das Bactérias indicadoras (figura 6): Para a

quantificação e isolamento das bactérias indicadoras foi utilizado o método

de contagem “Spreadplate” em Agar TSA (Tripticase Soy Agar) ou Agar

Plate-Count (MERCK). Com auxílio de uma pipeta com ponteira estéril

foram depositados 100 µL de cada diluição anterior, na superfície de placas

32

de tamanho grande (114x15 mm), contendo o ágar. Com alça de Drigalsky

ou um bastão de vidro tipo “hockey” flambado, foi espalhado o inóculo por

toda a superfície do meio até a completa absorção. As placas foram

incubadas a 32 ±2 °C, por 24-48 horas e após esse período foram

contadas as UFC mL-1. Os ensaios foram feitos em duplicatas.

Figura 6 - Placas de contagem

Fonte: Laboratório de Microbiologia do Unilasalle, 2011.

5.2.6 Análise estatística

Os experimentos com as diferentes culturas de bactérias foram realizados em

triplicata. Ao final dos ensaios microbiológicos foram realizadas analises físico-

químicas do percolado. Os resultados obtidos foram tratados por análise de

variância (ANOVA) das duplicatas dos experimentos, a um nível de significância de

5%, através do teste de comparação de médias de Tukey, com o auxílio do software

Statistica 6.0. Foram analisadas diferenças entre os valores de redução de nitrato e

sulfato nas diferentes condições de temperatura de incubação, nos diferentes

tempos de amostragem dos cultivos e/ou do consórcio com potencial para reduzir os

compostos.

As amostras de efluente preparado foram processadas e analisadas de acordo

com os parâmetros físico-químicos descritos na tabela 2.

33

Tabela 2 - Resultados de análises físico-químicas de um efluente preparado e

suplementado, para os parâmetros abaixo.

Parâmetro Resultado Método Limite de Detecção

(mg/L)

pH 5,6 EletrodoANALION V 620 -

Eh(mV) 110 mV OAKTON WD 35607-10 -

Fósforo Total 4,98mg/L Standard Methods 21st

Método 4500-P-B 0,001

Fósforo

5,33mg/L Standard Methods 21st Método 4500-P/B e E

0, 001

Nitrato (como N) 15,4 mg/L Standard Methods 13st 0, 010

Nitrogênio Total Kjeldahl

1096 mg/L Standard Methods 2st

Métodos 4500 Norg B e D/ 4500 NH3 C.

0, 140

Sulfato 1890 mg/L Standard Methods 21st Método 4500 SO4

-2 e E 0, 057

Fonte: Laboratório do IQLS-Unilasalle/Canoas, 2011.

34

6 DISCUSSÃO DE RESULTADOS

Trabalhos tecnológicos com aplicação de técnicas de biotratamento utilizando

bactérias sulfato redutores são relativamente novos se compararmos com as

técnicas convencionais. No Brasil trabalhos práticos nessa área são extremamente

limitados, quase que direcionados para instalações piloto. Neste aspecto o

conhecimento produzido representará uma inovação tecnológica de grande

importância, desde que poderá levar a implantação de novas tecnologias até então

não disponíveis.

Pelas características da água a ser utilizada neste projeto, a utilização de BRS

é altamente indicada, uma vez que a mesma apresenta pH adequado (na faixa da

neutralidade), aumentando a eficiência do processo microbiano.

O presente trabalho buscou demonstrar se o meio de cultivo proposto neste

projeto (água excedente do processo de beneficiamento do carvão mineral) é

favorável ao bioprocesso das BRS. Os valores de pH, fósforo total, fósforo (P),

nitrato (como N), nitrogênio total Kjeldahl e sulfato serão acompanhados ao longo do

experimento para monitoramento da reação microbiana durante o bioprocessamento

do sulfato.

A etapa de aclimatação objetivou o estímulo ao crescimento microbiano (BRS),

assegurando a viabilidade do projeto. Após a inoculação, foram avaliados os

resultados das análises físico-químicas para determinação de um coeficiente de

regressão da variável em estudo (sulfato).

No caso de redução de sulfato, foi investigada a ocorrência do processo de

redução assimilativa do sulfato (o enxofre é assimilado, isto é, ele é incorporado nos

organismos em aminoácidos e vitaminas), ou se as BRS realizaram a redução

desassimilativa do sulfato (sulfato age como agente oxidante para a assimilação da

matéria orgânica).

Na tabela a seguir, observam-se os resultados dos ensaios com a bactéria

Pseudomonas aeruginosa (representada pela letra P), do ensaio com a bactéria

Bacillus cereus (representada pela letra B) e dos ensaios com o consorciado das

bactérias Pseudomonas aeruginosa e Bacillus cereus a mesmas condições de

incubação do primeiro (106 a 1012 UFC mL-1) (representada pela letra P/B). Os

resultados dos parâmetros após a inoculação apresentam concentrações

modificadas, em relação às medições do efluente bruto.

35

O experimento foi realizado em batelada, com duração de trinta e cinco dias.

Na metodologia proposta trabalhou-se com linhagens de bactérias puras e

consorciada. Os valores constantes nas colunas da tabela 3 expressam o ensaio

inicial e final, representado, respectivamente, pelo efluente bruto e pela interação

dos microrganismos sobre o efluente preparado e dos parâmetros avaliados.

Tabela 3 - Valores dos parâmetros físico-químicos: PH, Eh, OD, DBO5, DQO e

Proteínas Totais nos tempos de analises Tinicial e Tfinal para os diferentes

microrganismos e seus consórcios, após atividade microbiana.

Parâmetros Unidade Resultados das Análises Metodologia

Inicial Final*

P B P/B pH - 7,75 6,6 6,85 7,07 Potenciômetro 1 OD mg/L 3,20 1,02 2,8 2,09 St. Meth. nº 4500-OC Eh mV +320 +309 +130 +211 Potenciômetro 1 DBO5 mg/L 1260 776 660 709 St. Meth. nº 5210-B DQO mg/L 3359 965 768 890 St. Meth. nº 5220-B

Sulfato mg/L 1890 1382 650 1541 St. Meth. 21st -Method 4500

SO4-2 e E

Proteínas Totais

g/dL 2,79 4,75 3,74 4,1 Método Colorimétrico do Biureto (LabTest® Diagnostic-BR)

Fonte: Laboratório do IQLS-Unilasalle/Canoas, 2011.

Determinação da Curva de Crescimento Bacteriano

A contagem das colônias e os valores para a construção da curva ocorreu nos

tempos T0=0, T1=10, T2=22, T3=35 dias. Assim, as cultivas apresentaram apenas

duas fases significativas: Fase Log e de declínio; a ausência da fase Lag é

justificada, porque a mesma ocorreu no pré-inoculo, período que não foi monitorado

no presente ensaio. Em relação à fase estacionária, a mesma não se manifestou

durante o experimento.

Quanto ao parâmetro de proteína total, a relação que se faz sobre este é que

se os valores aumentaram foi devido a biomassa (quantidade de célula) presente no

bioprocesso. Então se os valores de proteína cresceram isto se deve que o

microrganismo se multiplicou, em outras palavras houve crescimento celular e

produção de metabólitos que microrganismo pode ter utilizado na degradação de

substrato, isto é, ao final do processo foi constado que houve atividade biológica,

isto prova que houve uma adaptação às condições estipuladas no laboratório.

36

Figura 7 - Determinação da curva de crescimento bacteriana através da contagem

em placa de unidade formadoras de colônia por mililitro (UFC.mL-1), das linhagens

bacterianas testadas.

Fonte: Laboratório de Microbiologia do Unilasalle, 2011.

5,00E+00

6,00E+00

7,00E+00

8,00E+00

9,00E+00

1,00E+01

1,10E+01

To (dia 0) T1 (10 dias) T2 (22 dias) T3 (35 dias)

Log

10U

FC

.mL

-1

P. aeruginosa P. aeruginosa/B. cereus B. cereus

37

7 CONCLUSÃO

O presente trabalho demonstrou o bioprocesso das BRS às condições de um

efluente contendo cerca de 1900mg/L de sulfato. Os resultados revelaram reduções

médias dos níveis de sulfato nas três amostras. O maior índice de redução ficou na

ordem de 65,6% na amostra a qual foi cultivada a espécie microbiana Bacillus

cereus.

Constatou-se a necessidade de certas condições de ajustes no experimento,

onde o efluente foi parcialmente tratado e suplementado com fontes adicionais de

carbono, pois os microrganismos do estudo não seriam capazes de atingir a fase de

crescimento utilizando apenas a concentração original de matéria orgânica presente

no efluente bruto. Com a suplementação proporcionou-se a oferta de aceptores

alternativos de elétrons a qual tornou o metabolismo viável, uma vez que se trata de

processo anaeróbico.

Os valores de pH e potencial de óxi-redução medidos indicam condições

favoráveis ao desenvolvimento e atuação das BRS, apesar dos resultados ainda não

demonstrarem uma eficiência de redução de sulfato à nível legal (sulfato em padrão

máximo de 250 mg/L SO4 ).

38

REFERÊNCIAS

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ANEXO A

Água Peptonada Tamponada (APT) Peptona ---------------------------------------------------------------------------------------------- 10 g Cloreto de sódio ------------------------------------------------------------------------------------- 5 g Fosfato de sódio dibásico ----------------------------------------------------------------------- 3,5 g Fosfato de potássio monobásico ------------------------------------------------------------- 1,5 g Água destilada ---------------------------------------------------------------------------------1000 mL Suspender e dissolver os componentes em água destilada. Distribuir alíquotas de

225 mL em frascos erlenmeyers com capacidade de 500 mL e alíquotas de 10 mL

em tubos de ensaio.16 x 160mm. Esterilizar em autoclave a 121ºC durante 15

minutos. pH final: 7,2 ± 0,2 a 25ºC.

Nota: O meio pronto deve ser estocado em temperatura de 15 a 30ºC.