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  • SOBRE OS AUTORES

    CCERO ROBSON COIMBRA NEVES Mestre em Direito Penalpela Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo PUCSP. Especialista emDireito Penal pela Escola Superior do Ministrio Pblico (ESMP) de So Paulo.Especialista em Direito Penal Econmico e Europeu pela Universidade deCoimbra. Diplomado Internacional em Direitos Humanos pela UniversittHeidelberg e pelo Max Planck Institute for Comparative Public Law andInternational Law. Professor de Direito Penal Militar na Academia de PolciaMilitar do Barro Branco e de Justia Militar e Polcia Judiciria Militar no Centrode Altos Estudos de Segurana (CAES) da Polcia Militar do Estado de So Paulo.Capito da Polcia Militar do Estado de So Paulo.

    MARCELLO STREIFINGER Mestre em Cincias Policiais deSegurana e Ordem Pblica pelo Centro de Altos Estudos de Segurana (CAES)da Polcia Militar do Estado de So Paulo. Especialista em Direito Penal pelaEscola Superior do Ministrio Pblico (ESMP) de So Paulo. Professor de PolciaJudiciria Militar no Centro de Altos Estudos de Segurana (CAES) da PolciaMilitar do Estado de So Paulo e de Direito Penal Militar na Academia de PolciaMilitar do Barro Branco. Major da Polcia Militar do Estado de So Paulo.

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  • ISBN 978-85-02-17357-6

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP) (Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

    Neves, Ccero Robson CoimbraManual de direito penal militar / Ccero Robson

    Coimbra Neves, Marcello Streifinger. 2. ed. SoPaulo : Saraiva, 2012.

    Bibliografia.1. Direito penal militar Brasil I. Streifinger,

    Marcello. II. Ttulo.

    11-09335 CDU-344.1(81)

    ndice para catlogo sistemtico:1. Brasil : Direito penal militar 344.1(81)

    Diretor editorial Luiz Roberto Curia

    Gerente de produo editorial Lgia Alves

    Editor assistente Raphael Vasso Nunes Rodrigues

    Preparao de originais Ana Cristina Garcia, Maria Lcia de Oliveira Godoy eCamilla Bazzoni de Medeiros

    Projeto grfico Mnica Landi

    Arte e diagramao Cristina Aparecida Agudo de Freitas e Edson Colobone

    Reviso de provas Rita de Cssia Queiroz Gorgati, Clia Regina Souza de Araujoe Denise Pisaneschi

    Servios editoriais Camila Artioli Loureiro e Maria Ceclia Coutinho Martins

    Capa Estdio Bogari

    Produo digital Estdio Editores.com & CPC Informtica

    Data de fechamento da edio: 10-2-2012

  • Dvidas? Acesse www.saraivajur.com.br

    Nenhuma parte desta publicao poder ser reproduzida por qualquer meio ouforma sem a prvia autorizao da Editora Saraiva. A violao dos direitosautorais crime estabelecido na Lei n. 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do

    Cdigo Penal.

    129.090.002.001

    http://www.saraivajur.com.
  • AGRADECIMENTOS

    Ao nosso Deus, Todo-Poderoso, por ter-nos premiado com o sopro davida.

    Aos nossos pais, Carneiro, Dilma, Jorge e Marilena, que nosconceberam e forjaram nosso carter com extrema dignidade.

    s nossas esposas, Luciana e Ana Rita, e aos nossos filhos, Carolina(Cac), Victor, Izabella, Matheus e Lucas, que sempre nos apoiaram e, acimade tudo, compreenderam nossas ausncias em vrios momentos durante aelaborao deste trabalho.

    Ao carssimo Professor Srgio Roberto Dias, exemplo ilibado nadocncia deste Pas, cuja amizade e incentivo foram decisivos para nossaempreitada.

    Ao brilhante professor Oswaldo Henrique Duek Marques, cujas lies,verdadeiras fontes inspiradoras, foram fundamentais na realizao desta obra.

    Ao Ministro do Superior Tribunal Militar Carlos Alberto MarquesSoares, fonte inesgotvel de ensinamentos, que nos motiva ao estudo detalhado doDireito Penal Militar.

    Ao amigo, professor e incentivador Ronaldo Joo Roth, que no poupouseu tempo em nos orientar, demonstrando seu esprito incansvel na busca doengrandecimento do Direito.

  • Ao bravo Professor Jorge Cesar de Assis de quem somos fiisescudeiros no combate ao ostracismo do Direito Penal Militar.

    Ao distinto Professor Cludio Amin Miguel, cujas lies inovadoras noDireito Penal Militar tm inspirado nosso raciocnio, contribuindo imensamentepara o nosso crescimento intelectual.

    Aos amigos de todas as horas, Andr Vincius de Almeida, GustavoOctaviano Diniz Junqueira, Reinaldo Zychan de Moraes, Alexandre Henriques daCosta e Abelardo Jlio da Rocha, pelo apoio incondicional.

    Aos queridos amigos e alunos por instigar-nos a ingressar nestajornada.

  • SUMRIO

    Agradecimentos

    Prefcio

    Nota dos Autores

    PRIMEIRA PARTE

    Introduo

    CAPTULO I

    1. Breve histrico do Direito Penal Militar

    1.1. Esboo geral

    1.2. O Direito Penal Militar brasileiro breve escoro histrico da legislaocastrense

    1.3. As legislaes penais militares em outros pases

  • 2. Direito Penal Militar substantivo e adjetivo

    3. Bem jurdico-penal

    3.1. Generalidades

    3.2. Bem jurdico-penal militar

    3.3. A regularidade das instituies militares

    4. Carter especial do Direito Penal Militar

    5. Fundamentos e finalidade da pena no Direito Penal Militar

    5.1. Conceito precrio de pena

    5.2. Teorias absolutas da pena

    5.3. Teorias relativas da pena

    5.4. Teorias mistas ou unificadoras

    5.4.1. Preveno geral positiva

    5.5. Teoria da pena e o Direito Penal Militar

    6. Conceito de Direito Penal Militar

    7. Princpios do Direito Penal Militar

    7.1. Conceito de princpio e sua distino das regras

    7.2. Conflito entre princpios

    7.3. Classificao dos princpios

    7.4. Princpios limitadores do jus puniendi no Direito Penal Militar

    7.4.1. Princpio da legalidade

    7.4.2. Princpio da interveno mnima

    7.4.3. Princpio da insignificncia

    7.4.4. Princpio da culpabilidade

    7.4.5.Princpio da humanidade

  • 8. Crime prpria e impropriamente militar

    8.1. Critrio de configurao do crime militar

    8.2. Relevncia da distino entre crimes propriamente e impropriamentemilitares

    8.3. Teoria clssica

    8.4. Viso da doutrina penal comum: uma teoria topogrfica

    8.5. Teoria de Jorge Alberto Romeiro: teoria processual

    8.6. Classificao tricotmica de Ione de Souza Cruz e Cludio Amin Migue

    9. Relao do Direito Penal Militar com outras cincias e outros ramos do Direito

    9.1. Medicina Legal

    9.2. Criminalstica

    9.3. Psiquiatria Forense

    9.4. Cincias Criminais

    9.5. Filosofia do Direito

    9.6. Sociologia Jurdica

    9.7. Direito Constitucional

    9.8. Direito Administrativo

    9.9. Direito Administrativo Disciplinar

    10. Fontes do Direito Penal Militar

    10.1. Fonte material

    10.2. Fontes formais

    10.2.1. Fonte imediata

    10.2.2. Fontes mediatas

    11. Interpretao e integrao da lei penal militar

    11.1. Interpretao autntica contextual no Cdigo Penal Militar

    11.1.1. Conceito de militar (art. 22 do CPM)

    11.1.2. Conceito de militar por equiparao (art. 12 do CPM)

  • 11.1.3. Conceito de assemelhado (art. 21 do CPM)

    11.1.4. Conceito de superior funcional (art. 24 do CPM)

    12. Aplicao da lei penal militar

    12.1. Lei penal militar no tempo

    12.1.1. Tempo do crime militar

    12.1.2. Irretroatividade da lex gravior

    12.1.3. Abolitio criminis

    12.1.4. Lex mitior

    12.1.5. Lex tertia

    12.1.6. Medidas de segurana

    12.1.7. Norma penal em branco

    12.1.8. Lei excepcional e lei temporria

    12.1.9. Crime continuado e crime permanente

    12.2. Lei penal militar no espao

    12.2.1. Os dispositivos despiciendos

    12.2.2. Lugar do crime militar

    12.3. Aplicao da lei penal militar em relao s pessoas

    12.3.1. Imunidade diplomtica

    12.3.2. Imunidades aplicadas aos detentores de mandatos eletivos

    12.3.2.1. Noes introdutrias sobre as imunidades parlamentares

    12.3.2.2. Noes fundamentais acerca da aplicao da lei penal em relao aosdetentores de mandato eletivo no Poder Executivo

    12.3.2.3. Efetiva aplicao da lei penal militar a ocupantes de cargos eletivos

    12.3.3. Aplicao da lei penal militar em relao aos advogados

    12.4. Contagem de prazos no Direito Penal Militar

  • 13. Tribunal Penal Internacional

    13.1. Criao

    13.2. Exerccio da jurisdio e crimes de competncia do TPI

    13.3. Pontos polmicos do Estatuto de Roma em relao ao ordenamentojurdico brasileiro

    13.3.1. Porosidade dos tipos penais em face da tcnica heterodoxa(art. 9 o )

    13.3.2. Excees ao princpio da coisa julgada

    13.3.3. Imprescritibilidade dos delitos abrangidos pela competnciado TPI

    13.3.4. Entrega de nacionais em contraposio vedao deextradio de brasileiros natos

    13.3.5. Cominao de pena de priso perptua

    13.4. Crime militar e a competncia do TPI

    CAPTULO II

    1. Dogmtica penal

    2. Modelos penais

    2.1. Conceitos de crime

    2.1.1. Formal

    2.1.2. Material

    2.1.3. Analtico

    2.1.3.1. Causalismo clssico

    2.1.3.2. Causalismo neoclssico

    2.1.3.3. Finalismo

  • 2.1.3.4. Funcionalismo penal

    A) O funcionalismo penal de Claus Roxin

    B) O funcionalismo penal de Gnther Jakobs

    C) Gnther Jakobs e o Direito Penal do inimigo

    2.1.3.5. A exaltao da revoluo welzeniana: o finalismo como sistema reitore seu conceito analtico de crime

    A) Modelo adotado pelo Cdigo Penal Militar

    B) O modelo adotado no Cdigo Penal comum

    C) A negao do funcionalismo como modelo reitor para o Estado Democrticode Direito

    D) O Direito Penal Militar e a possibilidade de aplicao de uma moldurafinalista

    2.1.3.6. Elementos do conceito analtico de crime segundo o finalismo

    A) Tipo de injusto: o fato tpico

    a) Ao humana

    Teoria causal da ao

    Teoria finalista da ao

  • Teoria social da ao

    Outras teorias da ao

    b) Resultado

    c) Relao de causalidade

    Teoria da equivalncia dos antecedentes (teoria da conditio sine qua non)

    Teoria da adequao

    Teoria da relevncia jurdica

    Teoria da imputao objetiva do resultado

    Nexo causal nos crimes omissivos

    d) Tipo penal (tipo legal ou tipicidade em sentido estrito)

    Escoro histrico da teoria da tipicidade

    Tipo penal militar comissivo doloso

    Tipo penal militar omissivo

    Tipo penal militar culposo

  • Tipo legal do crime militar: as hipteses do art. 9 o do CPM

    Os crimes militares dolosos contra a vida de civis

    Os crimes militares em tempo de guerra

    Tipicidade como critrio de diferenciao entre crime militar e crimecomum: esquema elucidativo

    Concurso de pessoas no Direito Penal Militar

    B) Tipo de injusto: a antijuridicidade

    a) Escoro histrico

    b) Antijuridicidade, injusto e antinormatividade

    c) Antijuridicidade ou ilicitude?

    d) Antijuridicidade penal e extrapenal

    e) Antijuridicidade material e formal

    f) Desvalor da ao e desvalor do resultado

    g) Excludentes de antijuridicidade no Cdigo Penal Militar

    Estado de necessidade

  • Legtima defesa

    Estrito cumprimento do dever legal

    Exerccio regular de um direito

    Uso necessrio da fora para compelir subordinado

    Consentimento do ofendido

    Excesso nas causas justificantes

    C) Culpabilidade

    a) Teorias da culpabilidade e os modelos penais

    Teoria psicolgica da culpabilidade

    Teoria psicolgico-normativa da culpabilidade

    Teoria normativa pura da culpabilidade

    b) Imputabilidade

    O problema da maioridade penal no Cdigo Penal Militar ou o Direito PenalMilitar Junevil (?)

    Embriaguez e seu tratamento no Cdigo Penal Militar

  • Emoo e paixo

    c) Potencial conhecimento da ilicitude

    A problemtica do erro e a conscincia da ilicitude

    d) Exigibilidade de conduta diversa

    CAPTULO III

    1. Das penas principais

    1.1. Pena de morte

    1.2. Recluso e deteno

    1.3. Priso

    1.4. Impedimento

    1.5. Suspenso do exerccio do posto, graduao, cargo ou funo

    1.6. Reforma

    2. Da aplicao da pena

    2.1. Primeira fase da aplicao da pena: definio da pena-base

    2.2. Segunda fase da aplicao da pena: circunstncias agravantes eatenuantes

    2.2.1. Circunstncias agravantes

    2.2.2. Circunstncias atenuantes

    2.3. Terceira fase da aplicao da pena: causas especiais de aumento ediminuio de pena

    3. Das penas acessrias

    3.1. Espcies de penas acessrias

  • 3.1.1. Perda do posto e da patente, indignidade para o oficialato eincompatibilidade com o oficialato

    3.1.2. Excluso das Foras Armadas

    3.1.3. Perda da funo pblica

    3.1.4. Inabilitao para o exerccio de funo pblica

    3.1.5. Suspenso do ptrio poder, tutela ou curatela

    3.1.6. Suspenso dos direitos polticos

    3.1.7. Imposio de pena acessria

    4. Medidas de segurana

    4.1. Pessoas sujeitas s medidas de segurana

    4.2. Internao em manicmio judicirio

    4.3. Cassao de licena para dirigir veculos motorizados

    4.4. Exlio local

    4.5. Proibio de frequentar determinados lugares

    4.6. Interdio de estabelecimento, sociedade ou associao

    4.7. Confisco

    4.8. Quadro resumido

    5. Concurso de crimes no Cdigo Penal Militar

    5.1. Conceito

    5.2. Diferenciao entre reincidncia, concurso de pessoas e concursoaparente de normas

    5.3. Sistemas de aplicao de penas em concurso de crimes

    5.4. Concurso de crimes no Cdigo Penal comum

    5.4.1. Concurso material ou real

    5.4.2. Concurso formal ou ideal

    5.4.3. Crime continuado

    5.5. Concurso de crimes no Cdigo Penal Militar

    5.5.1. Anlise do art. 79 do CPM

  • 5.5.2. Crime continuado no CPM

    5.5.3. O problema do art. 81 do CPM na unificao das penasprivativas de liberdade no concurso de crimes e na fixaoda pena final em crimes praticados isoladamente

    6. Suspenso condicional da pena

    6.1. Conceito

    6.2. Requisitos

    6.3. Condies

    6.4. Revogao

    6.4.1. Causas de revogao obrigatria

    6.4.2. Revogao facultativa

    6.5. Prorrogao

    6.6. Extino da pena

    6.7. No aplicao do sursis

    7. Do livramento condicional

    7.1. Conceito

    7.2. Requisitos

    7.3. Penas em concurso de infraes

    7.4. Especificao das condies

    7.5. Revogao

    7.5.1. Obrigatria

    7.5.2. Facultativa

    7.6. Extino da pena

    7.7. No aplicao do livramento condicional

    7.8. Casos especiais

    8. Efeitos da condenao

  • 9. Ao penal

    9.1. Introduo

    9.2. Condies da ao

    9.3. Espcies de ao penal do Direito Penal comum

    9.3.1. Ao penal pblica

    9.3.1.1. Ao penal pblica incondicionada (ou absoluta)

    9.3.1.2. Ao penal pblica condicionada

    9.3.1.2.1. Representao do ofendido ou de seu representante legal

    9.3.1.2.2. Requisio do Ministro da Justia

    9.3.2. Ao penal privada. Modalidades

    9.3.2.1. Ao penal privada exclusiva

    9.3.2.1.1. Queixa-crime

    9.3.2.1.2. Renncia

    9.3.2.1.3. Perdo do ofendido

    9.3.2.2. Ao penal privada subsidiria da pblica

    9.4. Ao penal no Direito Penal Militar

    10. Punibilidade

    10.1. Conceito

    10.2. Causas extintivas da punibilidade no Direito Penal comum

    10.2.1. Morte do agente

    10.2.2. Anistia, graa ou indulto

    10.2.2.1. Anistia

  • 10.2.2.2. Graa ou indulto

    10.2.3. Abolitio criminis

    10.2.4. Decadncia

    10.2.5. Perempo

    10.2.6. Renncia do direito de queixa e perdo aceito

    10.2.7. Retratao do agente

    10.2.8. Perdo judicial

    10.2.9. Prescrio

    10.3. Causas extintivas da punibilidade no Direito Penal Militar

    10.3.1. Morte do agente

    10.3.2. Anistia ou indulto

    10.3.2.1. Anistia

    10.3.2.2. Indulto

    10.3.3. Abolitio criminis

    10.3.4. Prescrio

    10.3.5. Ausncia da decadncia, perempo, renncia ao direito dequeixa e perdo do ofendido aceito pelo querelado comocausas extintivas da punibilidade no Direito Penal Militar

    10.3.6. Perdo judicial no Direito Penal Militar

    11. Prescrio

    11.1. Introduo

    11.2. Prescrio da pretenso punitiva

    11.2.1. Prazos da prescrio da pretenso punitiva

    11.2.2. Termo inicial da prescrio da pretenso punitiva

    11.2.3. Suspenso do prazo da prescrio da pretenso punitiva

    11.2.3.1. Causas suspensivas no Cdigo Penal Militar

  • 11.2.3.1.1. Questes prejudiciais heterogneas

    11.2.3.2. Cumprimento de pena no estrangeiro

    11.2.3.3. Causas suspensivas extravagantes ao Cdigo Penal Militar

    11.2.3.3.1. Sustao da ao penal contra parlamentar federal e estadual

    11.2.3.3.2. Suspenso da prescrio em crime praticado pelo Presidente daRepblica

    11.2.3.3.3. Suspenso condicional do processo nos termos da Lei n. 9.099/95(sursis processual)

    11.2.3.3.4. Suspenso da prescrio nos termos do art. 366 do Cdigo deProcesso Penal comum

    11.2.3.3.5. Suspenso da prescrio pela expedio de carta rogatria

    11.2.3.4. Concluses acerca das causas suspensivas do curso da prescrio dapretenso punitiva

    11.2.4. Interrupo do prazo da prescrio da pretenso punitiva

    11.2.4.1. Causas de interrupo do prazo prescricional da pretenso punitivaexpressas no Cdigo Penal Militar

    A) Instaurao do processo (recebimento da denncia ou queixa)

    B) Interrupo do prazo prescricional da pretenso punitiva pela sentenacondenatria recorrvel (publicao da sentena ou acrdo condenatriosrecorrveis)

    11.2.4.2. Causas interruptivas do Cdigo Penal comum e sua irrelevncia para aprescrio da pretenso punitiva do crime militar

    11.2.4.3. Disposies especficas sobre a interrupo da prescrio da pretensopunitiva

  • 11.2.5. Espcies de prescrio da pretenso punitiva

    11.2.5.1. Prescrio retroativa da pretenso punitiva, com base na pena emconcreto

    11.2.5.2. Prescrio intercorrente da pretenso punitiva, com base na pena emconcreto

    11.2.5.3. Prescrio virtual da pretenso punitiva, com base na possvel aplicaode uma pena em concreto

    11.3. Prescrio da pretenso executria

    11.3.1. Prazos de prescrio da pretenso executria

    11.3.2. Termo inicial da prescrio da pretenso executria

    11.3.3. Causas suspensivas da contagem do prazo da prescrio dapretenso executria

    11.3.4. Causas interruptivas da contagem do prazo da prescrio dapretenso executria

    11.3.4.1. Interrupo do prazo prescricional da pretenso punitiva pelo incio oucontinuao do cumprimento da pena

    11.3.4.2. Interrupo do prazo prescricional da pretenso punitiva pelareincidncia

    11.3.5. Efeitos do reconhecimento da prescrio da pretensoexecutria

    11.4. Prescrio do crime de desero

    SEGUNDA PARTE

    Introduo

  • CAPTULO I

    1. Hostilidade contra pas estrangeiro

    2. Provocao a pas estrangeiro

    3. Ato de jurisdio indevida

    4. Violao de territrio estrangeiro

    5. Entendimento para empenhar o Brasil neutralidade ou guerra

    6. Entendimento para gerar conflito ou divergncia com o Brasil

    7. Tentativa contra a soberania do Brasil

    8. Consecuo de notcia, informao ou documento para fim de espionagem

    9. Revelao de notcia, informao ou documento

    10. Turbao de objeto ou documento

    11. Penetrao com o fim de espionagem

    12. Desenho ou levantamento de plano ou planta de local militar ou de engenhode guerra

    13. Sobrevoo em local interdito

  • 14. Sursis, livramento condicional e liberdade provisria

    CAPTULO II

    1. Do motim e da revolta

    1.1. Motim

    1.2. Revolta

    1.3. Organizao de grupo para a prtica de violncia

    1.4. Omisso de lealdade militar

    1.5. Conspirao

    1.6. Cumulao de penas

    2. Da aliciao e do incitamento

    2.1. Aliciao para motim ou revolta

    2.2. Incitamento

    2.3. Apologia de fato criminoso ou do seu autor

    3. Da violncia contra superior ou militar de servio

    3.1. Violncia contra superior

    3.2. Violncia contra militar de servio

    3.3. Ausncia de dolo no resultado

    4. Do desrespeito a superior e a smbolo nacional ou a farda

    4.1. Desrespeito a superior

    4.2. Desrespeito a smbolo nacional

    4.3. Despojamento desprezvel

    5. Da insubordinao

  • 5.1. Recusa de obedincia

    5.2. Oposio a ordem de Sentinela

    5.3. Reunio ilcita

    5.4. Publicao ou crtica indevida

    6. Da usurpao e do excesso ou abuso de autoridade

    6.1. Assuno de comando sem ordem ou autorizao

    6.2. Conservao ilegal de comando

    6.3. Operao militar sem ordem superior

    6.4. Ordem arbitrria de invaso

    6.5. Uso indevido por militar de uniforme, distintivo ou insgnia

    6.6. Uso indevido de uniforme, distintivo ou insgnia militar por qualquerpessoa

    6.7. Abuso de requisio militar

    6.8. Rigor excessivo

    6.9. Violncia contra inferior

    6.10. Ofensa aviltante a inferior

    7. Da resistncia

    7.1. Resistncia mediante ameaa ou violncia

    8. Da fuga, evaso, arrebatamento e amotinamento de presos

    8.1. Fuga de preso ou internado

    8.2. Modalidade culposa

    8.3. Evaso de preso ou internado

    8.4. Arrebatamento de preso ou internado

    8.5. Amotinamento

    9. Sursis, livramento condicional e liberdade provisria

  • CAPTULO III

    1. Da insubmisso

    1.1. Insubmisso

    1.2. Criao ou simulao de incapacidade fsica

    1.3. Substituio de convocado

    1.4. Favorecimento a convocado

    2. Da desero

    2.1. Desero

    2.2. Casos assimilados

    2.3. Atenuante e agravante especiais

    2.4. Desero especial

    2.5. Concerto para desero

    2.6. Desero por evaso ou fuga

    2.7. Favorecimento a desertor

    2.8. Omisso de oficial

    3. Do abandono de posto e de outros crimes em servio

    3.1. Abandono de posto

    3.2. Descumprimento de misso

    3.3. Reteno indevida

    3.4. Omisso de eficincia da fora

    3.5. Omisso de providncias para evitar danos

    3.6. Omisso de providncias para salvar comandados

    3.7. Omisso de socorro

    3.8. Embriaguez em servio

    3.9. Dormir em servio

  • 4. Do exerccio de comrcio

    4.1. Exerccio de comrcio por oficial

    5. Sursis, livramento condicional e liberdade provisria

    CAPTULO IV

    1. Do homicdio

    1.1. Homicdio simples, privilegiado e qualificado

    1.2. Homicdio culposo

    1.3. Provocao direta ou auxlio a suicdio

    2. Do genocdio

    2.1. Genocdio

    3. Da leso corporal e da rixa

    3.1. Leso corporal dolosa

    3.2. Leso culposa

    3.3. Participao em rixa

    4. Da periclitao da vida ou da sade

    4.1. Abandono de pessoa

    4.2. Maus-tratos

    5. Dos crimes contra a honra

    5.1. Calnia

    5.2. Difamao

    5.3. Injria

  • 5.4. Injria real

    5.5. Ofensa s Foras Armadas

    6. Dos crimes contra a liberdade

    6.1. Dos crimes contra a liberdade individual

    6.1.1. Constrangimento ilegal

    6.1.2. Ameaa

    6.1.3. Desafio para duelo

    6.1.4. Sequestro ou crcere privado

    6.2. Do crime contra a inviolabilidade do domiclio

    6.2.1. Violao de domiclio

    6.3. Dos crimes contra a inviolabilidade de correspondncia ou comunicao

    6.3.1. Violao de correspondncia

    6.4. Dos crimes contra a inviolabilidade dos segredos de carter particular

    6.4.1. Divulgao de segredo

    6.4.2. Violao de recato

    6.4.3. Violao de segredo profissional

    7. Dos crimes sexuais

    7.1. Estupro

    7.2. Atentado violento ao pudor

    7.3. Corrupo de menores

    7.4. Pederastia ou outro ato de libidinagem

    8. Do ultraje pblico ao pudor

    8.1. Ato obsceno

    8.2. Escrito ou objeto obsceno

    9. Sursis, livramento condicional e liberdade provisria

  • CAPTULO V

    1. Do furto

    1.1. Furto simples

    1.2. Furto de uso

    2. Do roubo e da extorso

    2.1. Roubo simples

    2.2. Extorso simples

    2.3. Extorso mediante sequestro

    2.4. Chantagem

    2.5. Extorso indireta

    3. Da apropriao indbita

    3.1. Apropriao indbita simples

    3.2. Apropriao de coisa havida acidentalmente

    4. Do estelionato e outras fraudes

    4.1. Estelionato

    4.2. Abuso de pessoa

    5. Da receptao

    5.1. Receptao

    5.2. Receptao culposa

    6. Da usurpao

    6.1. Alterao de limites

    6.2. Aposio, supresso ou alterao de marca

  • 7. Do dano

    7.1. Dano simples, dano atenuado e dano qualificado

    7.2. Dano em material ou aparelhamento de guerra

    7.3. Dano em navio de guerra ou mercante em servio militar

    7.4. Dano em aparelhos e instalaes de aviao e navais, e emestabelecimentos militares

    7.5. Desaparecimento, consuno ou extravio

    8. Da usura

    8.1. Usura pecuniria

    9. Sursis, livramento condicional e liberdade provisria

    CAPTULO VI

    1. Dos crimes de perigo comum

    1.1. Incndio

    1.2. Exploso

    1.3. Emprego de gs txico ou asfixiante

    1.4. Abuso de radiao

    1.5. Inundao

    1.6. Perigo de inundao

    1.7. Desabamento ou desmoronamento

    1.8. Subtrao, ocultao ou inutilizao de material de socorro

    1.9. Fatos que expem a perigo aparelhamento militar

    1.10. Formas qualificadas pelo resultado

    1.11. Difuso de epizootia ou praga vegetal

    1.12. Embriaguez ao volante

    1.13. Perigo resultante de violao de regra de trnsito

  • 1.14. Fuga aps acidente de trnsito

    2. Dos crimes contra os meios de transporte e de comunicao

    2.1. Perigo de desastre ferrovirio

    2.2. Atentado contra transporte

    2.3. Atentado contra viatura ou outro meio de transporte

    2.4. Formas qualificadas pelo resultado

    2.5. Arremesso de projtil

    2.6. Atentado contra servio de utilidade militar

    2.7. Interrupo ou perturbao de servio ou meio de comunicao

    2.8. Aumento de pena

    3. Dos crimes contra a sade

    3.1. Trfico, posse ou uso de entorpecente ou substncia de efeito similar

    3.2. Receita ilegal

    3.3. Epidemia

    3.4. Envenenamento com perigo extensivo

    3.5. Corrupo ou poluio de gua potvel

    3.6. Fornecimento de substncia nociva

    3.7. Fornecimento de substncia alterada

    3.8. Omisso de notificao de doena

    4. Sursis, livramento condicional e liberdade provisria

    CAPTULO VII

    1. Do desacato e da desobedincia

    1.1. Desacato a superior

  • 1.2. Desacato a militar

    1.3. Desacato a assemelhado ou funcionrio

    1.4. Desobedincia

    1.5. Ingresso clandestino

    2. Do peculato

    2.1. Peculato

    2.2. Peculato mediante aproveitamento do erro de outrem

    3. Da concusso, excesso de exao e desvio

    3.1. Concusso

    3.2. Excesso de exao

    3.3. Desvio

    4. Da corrupo

    4.1. Corrupo passiva

    4.2. Corrupo ativa

    4.3. Participao ilcita

    5. Da falsidade

    5.1. Falsificao de documento

    5.2. Falsidade ideolgica

    5.3. Cheque sem fundos

    5.4. Certido ou atestado ideologicamente falso

    5.5. Uso de documento falso

    5.6. Supresso de documento

    5.7. Uso de documento pessoal alheio

    5.8. Falsa identidade

    6. Dos crimes contra o dever funcional

  • 6.1. Prevaricao

    6.2. Violao do dever funcional com o fim de lucro

    6.3. Extravio, sonegao ou inutilizao de livro ou documento

    6.4. Condescendncia criminosa

    6.5. No incluso de nome em lista

    6.6. Inobservncia de lei, regulamento ou instruo

    6.7. Violao ou divulgao indevida de correspondncia ou comunicao

    6.8. Violao de sigilo funcional

    6.9. Violao de sigilo de proposta de concorrncia

    6.10. Obstculo hasta pblica, concorrncia ou tomada de preos

    6.11. Exerccio funcional ilegal

    6.12. Abandono de cargo

    6.13. Aplicao ilegal de verba ou dinheiro

    6.14. Abuso de confiana ou boa-f

    6.15. Violncia arbitrria

    6.16. Patrocnio indbito

    7. Dos crimes praticados por particular contra a administrao militar

    7.1. Usurpao de funo

    7.2. Trfico de influncia

    7.3. Subtrao ou inutilizao de livro, processo ou documento

    7.4. Inutilizao de edital ou de sinal oficial

    7.5. Impedimento, perturbao ou fraude de concorrncia

    8. Sursis, livramento condicional e liberdade provisria

    CAPTULO VIII

  • 1. Recusa de funo na Justia Militar

    2. Desacato

    3. Coao

    4. Denunciao caluniosa

    5. Comunicao falsa de crime

    6. Autoacusao falsa

    7. Falso testemunho ou falsa percia

    8. Corrupo ativa de testemunha, perito ou intrprete

    9. Publicidade opressiva

    10. Desobedincia a deciso judicial

    11. Favorecimento pessoal

    12. Favorecimento real

    13. Inutilizao, sonegao ou descaminho de material probante

    14. Explorao de prestgio

    15. Desobedincia a deciso sobre perda ou suspenso de atividade ou direito

  • 16. Sursis, livramento condicional e liberdade provisria

    CAPTULO IX

    1. Do favorecimento ao inimigo

    1.1. Da traio

    1.1.1. Traio

    1.1.2. Favor ao inimigo

    1.1.3. Tentativa contra a soberania do Brasil

    1.1.4. Coao a Comandante

    1.1.5. Informao ou auxlio ao inimigo

    1.1.6. Aliciao de militar

    1.1.7. Ato prejudicial eficincia da tropa

    1.2. Da traio imprpria

    1.2.1. Traio imprpria

    1.3. Da cobardia

    1.3.1. Cobardia

    1.3.2. Cobardia qualificada

    1.3.3. Fuga em presena do inimigo

    1.4. Da espionagem

    1.4.1. Espionagem

    1.4.2. Penetrao de estrangeiro

    1.5. Do motim e da revolta

    1.5.1. Motim, revolta ou conspirao

    1.5.2. Omisso de lealdade militar

    1.6. Do incitamento

    1.6.1. Incitamento

    1.6.2. Incitamento em presena do inimigo

    1.7. Da inobservncia do dever militar

  • 1.7.1. Rendio ou capitulao

    1.7.2. Omisso de vigilncia

    1.7.3. Descumprimento do dever militar

    1.7.4. Falta de cumprimento de ordem

    1.7.5. Entrega ou abandono culposo

    1.7.6. Captura ou sacrifcio culposo

    1.7.7. Separao reprovvel

    1.7.8. Abandono de comboio

    1.7.9. Separao culposa de comando

    1.7.10. Tolerncia culposa

    1.7.11. Entendimento com o inimigo

    1.8. Do dano

    1.8.1. Dano especial

    1.8.2. Dano em bens de interesse militar

    1.8.3. Envenenamento, corrupo ou epidemia

    1.9. Dos crimes contra a incolumidade pblica

    1.9.1. Crimes de perigo comum

    1.10. Da insubordinao e da violncia

    1.10.1. Recusa de obedincia ou oposio

    1.10.2. Coao contra Oficial-General ou Comandante

    1.10.3. Violncia contra superior ou militar de servio

    1.11. Do abandono de posto

    1.11.1. Abandono de posto

    1.12. Da desero e da falta de apresentao

    1.12.1. Desero

    1.12.2. Desero em presena do inimigo

    1.12.3. Falta de apresentao

    1.13. Da libertao, da evaso e do amotinamento de prisioneiros

    1.13.1. Libertao de prisioneiro

    1.13.2. Evaso de prisioneiro

  • 1.13.3. Amotinamento de prisioneiros

    1.14. Do favorecimento culposo ao inimigo

    1.14.1. Favorecimento culposo

    2. Da hostilidade e da ordem arbitrria

    2.1. Prolongamento de hostilidades

    2.2. Ordem arbitrria

    3. Dos crimes contra a pessoa

    3.1. Do homicdio

    3.1.1. Homicdio simples

    3.2. Do genocdio

    3.2.1. Genocdio

    3.2.2. Casos assimilados

    3.3. Da leso corporal

    3.3.1. Leso leve

    4. Dos crimes contra o patrimnio

    4.1. Furto

    4.2. Roubo ou extorso

    4.3. Saque

    5. Do rapto e da violncia carnal

    5.1. Rapto

    5.2. Violncia carnal

    5.3. Sursis e livramento condicional

    Referncias

  • PREFCIO

    Com muita alegria aceitei o convite para prefaciar a obra intituladaManual de Direito Penal Militar, de autoria de Ccero Robson Coimbra Neves,Capito da Polcia Militar do Estado de So Paulo, e de Marcello Streifinger,Major da Polcia Militar do Estado de So Paulo. Os autores so tambmProfessores de Direito Penal Militar na Academia de Polcia Militar do BarroBranco (APMBB), no Curso de Bacharelado em Cincias Policiais de Seguranae Ordem Pblica, bem como lecionam a matria Polcia Judiciria Militar, noCentro de Altos Estudos de Segurana (Caes) e no Curso de Mestrado emCincias Policiais de Segurana e Ordem Pblica.

    Minha satisfao em prefaciar esta obra redobrada. Por um lado,pelo aspecto pessoal e acadmico. Conheci um dos autores, Ccero RobsonCoimbra Neves, no curso de ps-graduao em Direito Penal da Escola Superiordo Ministrio Pblico de So Paulo. Ao final desse curso, fui o orientador de suamonografia final Erro de direito no Cdigo Penal Militar. Posteriormente, nocurso de ps-graduao em Direito Penal da Pontifcia Universidade Catlica deSo Paulo, tive a oportunidade de ser novamente seu orientador, dessa vez emdissertao de mestrado, a respeito da Omisso penalmente relevante. Esses anosde convivncia acadmica nos propiciaram no s profcuo dilogo cientficocomo tambm a construo de slida amizade.

    Por outro lado, pela importncia dos temas abordados. Em 2005, osautores publicaram o primeiro volume do livro Apontamentos de Direito Penal

  • Militar, pela renomada Editora Saraiva, por mim tambm prefaciado, que teveum segundo volume editado em 2007, pela mesma editora, referente ParteEspecial do Direito Penal Militar. Considero essas obras modelo de orientaoaos profissionais e estudiosos em Direito Penal, principalmente pelas diferenasmostradas entre o Direito Penal Comum a partir da Reforma Penal de 1984 eo Direito Penal Militar. Como comentado em meu prefcio anterior, taisdiferenas decorrem, essencialmente, dos bens jurdicos protegidos noordenamento jurdico militar, quais sejam, a disciplina e a hierarquia, quenorteiam a prpria conceituao dos crimes militares.

    O livro ora prefaciado uma ampliao significativa das referidasobras e fruto de reflexes e aprofundamento dos estudos, nesses ltimos anos, dostemas nelas contidos. A obra atual encontra-se arrimada em amplajurisprudncia, em especial do Superior Tribunal Militar e dos demais TribunaisMilitares, de grande interesse para os estudiosos no mbito acadmico eprofissional.

    O estudo dividido em duas partes: Parte Geral e Parte Especial doCdigo Penal Militar. Inicia-se a primeira parte a partir da Histria do DireitoPenal Militar no Brasil, com consideraes acerca desse ramo do Direito. Nessaparte geral do estudo, merecem destaque a anlise das finalidades e a aplicaoda pena, do conceito de delito militar e dos princpios norteadores e limitadoresdo direito de punir no mbito da legislao castrense.

    No tocante classificao dos crimes, cabe ressaltar a distinocontida no trabalho entre os crimes prpria e impropriamente militares. Dessa

    tica, os autores analisam com profundidade o art. 9 o do Cdigo Penal Militar,que estabelece tal distino. Importante ainda ressaltar o estudo desenvolvido naParte Geral da obra sobre a noo de responsabilidade e culpabilidade no mbitodo Direito Penal Militar e sua distino do Direito Penal Comum.

    Quanto Parte Especial, na obra anterior, Apontamentos de DireitoPenal Militar, havia comentrios at o art. 204 do Cdigo Penal Militar. J napresente obra, houve significativa extenso da Parte Especial, que se tornoucompleta, com reflexes e aprofundamento dos estudos, fruto de dedicao esignificativa pesquisa dos autores. A segunda parte da obra dedicada aos crimes

  • militares em espcie, com anlise exaustiva dos crimes militares em tempo depaz e com os breves comentrios dos crimes militares em tempo de guerra.

    Assim como na obra anterior, este Manual focaliza as diferenassubstanciais entre o Direito Penal Comum e o Direito Penal Militar, decorrentesdos bens jurdicos protegidos no mbito do ordenamento jurdico militar, quaissejam, a hierarquia e a disciplina como expresso mxima e necessria dasfunes constitucionais atribudas s Foras Armadas e s Polcias Militares, bemcomo aos Corpos de Bombeiros Militares. J no mbito do Direito Penal Comum,a garantia da liberdade afigura-se predominante. Tais distines, como sedemonstra neste livro, devem ser consideradas na configurao dos crimesmilitares, com arrimo nos princpios e garantias fundamentais contidos naConstituio Brasileira de 1988, posterior ao Cdigo Penal Militar vigente.

    Por todos esses motivos, meu contentamento em prefaciar estamagnfica obra, de grande interesse, no s para a esfera acadmica, comotambm para os profissionais que militam na rea penal, tanto na advocaciaquanto nas vrias carreiras jurdicas.

    Oswaldo Henrique Duek Marques

    Procurador de Justia aposentado e Professor Titular de DireitoPenal da Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo

  • NOTA DOS AUTORES

    Em 2005, empolgados por nossas aulas na Academia de Polcia Militardo Barro Branco, lanamos a primeira edio do volume I da obra Apontamentosde Direito Penal Militar, com comentrios Parte Geral do Cdigo Penal Militar,o que ocorreu de forma despretensiosa, sem que desejssemos fazer de nossospensamentos verdades incontestes.

    Na sequncia, evoluindo em nosso estudo, no ano de 2007, lanamos ovolume II da referida obra, com comentrios a alguns crimes em espcie,tambm de forma inaugural e despretensiosa, ou seja, buscando apenas umaanlise voltada introduo do Direito Castrense, til ao graduando e ao operadordesse ramo do Direito.

    Pelo dinamismo do Direito Penal Militar, alis, como ocorre com oDireito em geral, o primeiro volume merecia uma reviso buscando suaatualizao e ampliao. Ademais, o segundo volume, no projeto inicial, noalcanou todos os delitos, de sorte que era necessria sua complementao.

    Nesse contexto, trabalhvamos na reviso do volume I e nacomplementao do volume II, quando surgiu a ideia de que a obra, agoracompleta e atualizada, fosse condensada em um nico volume, que, apesar deconsistir em uma robusta edio, iria facilitar extremamente o manuseio e ainterao de assuntos. Surgiu, assim, esta edio, para a qual resolvemos alterar ottulo original, por entender que, desta vez, h uma proposta mais completa,embora, como saibamos, a cada edio de uma obra sempre possvel

  • complement-la.

    Na obra como um todo, no houve a pretenso de ensinar de formaimpositiva nossa viso sobre o Direito Penal Castrense, mas apenas de expor asideias de forma muito pragmtica, sem esquecer da linguagem jurdica, de sorteque a obra pudesse alcanar seu intento de se tornar uma til ferramenta aoestudioso e ao aplicador do Direito Penal Militar.

    Essa viso, queremos ressaltar, est sujeita, obviamente, s crticas dosnossos leitores, que podero discordar de alguns pontos consignados. Desde quearrazoadas e com o esprito construtivo, tais argumentaes contrrias seromuito bem-vindas e, certamente, se nos convencerem, constaro de futurasedies da obra, podendo inclusive importar em alterao de nosso raciocnio.

    A propsito da mudana de posicionamento, nosso crescimento comoestudiosos do Direito Penal Militar, que esperamos nunca seja contido, levou-nosa repensar vrios pontos, obtendo como resultado a explanao de outrascorrentes possveis, ainda que mantendo a nossa viso, e, em alguns casos, atmesmo a alterao do que consignamos nas edies anteriores, visto que, assimcomo se atribui ao pensamento de Blaise Pascal, no temos vergonha de mudarde opinio, uma vez que no temos vergonha de pensar.

    Na discusso da Parte Geral, os acrscimos foram vrios, podendo-semencionar, a ttulo de exemplo, a lembrana, durante a discusso do escorohistrico do Direito Penal Militar, do Pacote de Abril de 1977 de fundamentalimportncia para a aplicao do Direito Penal Militar em mbito estadual , aconstruo diferenciadora entre interpretao e integrao da norma penalmilitar, sua aplicao em relao s pessoas, abordando o importante tema dasimunidades, um estudo mais profundo das penas principais e da aplicao dapena privativa de liberdade.

    Na Parte Especial, alguns artigos j comentados no volume II foramrevisitados, com alguns acrscimos, em especial de posicionamentosjurisprudenciais. Mas o maior ganho, obviamente, foi o acrscimo doscomentrios aos delitos no trazidos pela edio anterior, sendo lanado nossoentendimento sobre os crimes constantes na Parte Especial do Cdigo PenalMilitar, a partir do art. 205.

  • A forma de exposio dos delitos em espcie, com o intuito de facilitara compreenso do leitor, seguiu a estrutura tradicionalmente encontrada emobras de finalidade semelhante, destinando a cada tipo penal uma anlisecientfica, pela qual se possam detectar os principais elementos distintivos. Frise-se, nesse aspecto, que embora entendamos que o elemento subjetivo dos delitosculposos seja irrelevante, optamos por apreci-lo, tal como na exposiotradicional da doutrina ptria, em tpico apartado. Assim, sob a rubrica elementosubjetivo, apreciamos tanto o dolo como a culpa.

    Com esse livre esprito, lanamos o nosso Manual de Direito PenalMilitar, esperando, mais uma vez, que as discusses suscitadas possamengrandecer o pensamento e tornar-nos melhores a cada dia.

  • COMENTRIOS PARTE GERAL DOCDIGO PENAL MILITAR

    INTRODUO

    O Cdigo Penal Militar, assim como o Cdigo Penal comum, divididoem Parte Geral e Parte Especial.

    Na Parte Geral, encontramos os dogmas principais para ainterpretao e aplicao do Direito Penal Militar, a exemplo de dispositivos deinterpretao autntica, de concepes acerca do dolo e da culpa, do concurso depessoas, do concurso de crimes etc.

    Como veremos, estudar o Direito Penal Militar com base na ParteGeral do Cdigo Penal Militar significa uma saborosa viagem na histria doprprio Direito Penal, uma vez que as reformas legislativas impostas ao DireitoPenal comum, em sua grande maioria, no atingiram a legislao castrense,tornando-a um verdadeiro registro histrico da evoluo do Direito Penal.

    No entanto, para compreender exatamente alguns dispositivos, preciso fazer certos comentrios introdutrios ao Direito Penal Militar, a exemplodo escoro histrico da legislao, da sedimentao de alguns princpios e daconcepo de bem jurdico penal militar, o que, sem mais demora, iniciaremos.

  • HISTRICO E CONSIDERAES INTRODUTRIAS

    1. BREVE HISTRICO DO DIREITO PENAL MILITAR

    1.1. Esboo geral

    A histria do Direito Penal Militar, como evidente, aproxima-se, emsua origem, do Direito Penal comum, porquanto a ciso hoje encontrada nemsempre foi to abrupta.

    Nesse sentido, no possvel afastar as clssicas lies jsedimentadas em nossa doutrina, as quais, a exemplo do saudoso Mirabete,dividem o Direito Penal em fases acentuadas por caractersticas culturais decerta forma integradas, levando compreenso da existncia de um perodoprimitivo, fase de vingana, Direito Penal Hebreu, Direito Penal Romano, DireitoPenal Germnico, Direito Cannico, Direito Medieval, Perodo Humanitrio,Escola Clssica, Escola Positiva etc.[1]. Outros, como Duek Marques, encontramno Correcionalismo, de Dorado Montero e de Concepcin Arenal, e na NovaDefesa Social, de Marc Ancel, referncia obrigatria na compreenso exata daevoluo da atual dogmtica penal e principalmente em um criterioso efenomenal estudo acerca dos fundamentos e da finalidade da pena[2]. No sepode negar, ao menos sob a imposio de princpios, a influncia dosmovimentos de poltica criminal supracitados, sobretudo por no haver fatoisolado marcante que tenha levado bifurcao do Direito Penal em comum e

  • militar.

    O trao de tais fases como preferem alguns, Escolas Penais muito bem esmiuado pela doutrina penal comum, razo por que no nosdedicaremos a tal misso. Assim, passaremos a focar o contedo histrico doDireito Castrense[3], que obviamente resvalar no Direito Penal comum.

    Ainda que no se possa definir com exatido o momento em quesurgiu um Direito voltado atividade blica, pode-se, em linhas gerais, afirmarter sido em tempos remotos, acompanhando o aparecimento dos primeirosexrcitos. A estes se segue a criao de um rgo julgador especializado naapreciao dos crimes praticados em tempo de guerra, no stio das operaesblicas.

    Por essa razo, Ronaldo Roth, em profundo estudo, ensina que oestabelecimento da Justia Militar data tambm da antiguidade e vemprecedido, na histria dos povos, da existncia do Exrcito constitudo para adefesa e expanso de seu territrio[4].

    Essa tambm a viso de Univaldo Corra, para quem a JustiaMilitar deu os primeiros passos obviamente em virtude do surgimento de umdireito substantivo especfico para a atividade beligerante, quando o homementrou na faixa das conquistas e das defesas para o seu povo, mesmo porquesentiu necessidade de contar, a qualquer hora e em qualquer situao, com umcorpo de soldados disciplinados, sob um regime frreo e com sanes graves ede aplicao imediata[5].

    Pode-se concluir, portanto, que o Direito Penal Militar, em que pese ainfluncia dos movimentos condicionantes do Direito Penal comum, desenvolve-se paralelamente e ganha notoriedade com o incio da atividade blica, exigindo,por consequncia, a apreciao do fato crime por ngulo diverso, o que resultouna origem da Justia Militar.

    Surge, pois, o primeiro problema a ser contornado, qual seja adefinio temporal do incio da atividade blica pelo ser humano. Obviamente, oproblema no comporta resposta nica, variando de acordo com a perspectiva doanalista.

  • possvel considerar o homem, por exemplo, um ser ontologicamentebelicoso, o que permitiria afirmar que desde a formao do primeiroaglomerado humano pode-se distinguir o delito cometido contra os pares docometido contra o inimigo, em atividade de repulsa agresso do grupo hostil.

    Deve-se, ento, invocando o bom-senso, entender que h perodos daevoluo humana que marcam o Direito Penal Militar, a iniciar pelaAntiguidade, cujos fatos decisivos foram o surgimento das Cidades-Estados e,com elas, a criao dos Exrcitos de carter permanente.

    Nessa esteira, como observa Edgard Chaves Jnior[6], pode-se apontarcomo primeiro Exrcito organizado aquele que surgiu na Sumria, cerca de4.000 a.C, sendo, porm, a beligerncia romana crucial para o desenvolvimentodo Direito Castrense.

    Sem embargo, o Imprio Romano consagrou-se, nos dizeres deLaurand[7], por uma coragem disciplinada, o que conduz reflexo, emcomplemento ao acima j evidenciado, a propsito de quatro elementos:Cidades-Estados, Exrcitos permanentes, expansionismo e disciplina.

    Dessa mistura de elementos, concatena-se o raciocnio de que umasanha expansionista-imperialista leva a uma circunstncia de perene prontidodos Exrcitos, transformando-os em instituies permanentes, formados eestruturados sob rgida disciplina. Todo cidado era, por conseguinte, um soldado.

    Natural, portanto, que houvesse a idealizao de delitos prprios daatividade blica, o que, sem sombra de dvida, impulsionou a relevncia doDireito Penal Militar.

    Assentindo na relevncia inquestionvel do Direito Romano, LoureiroNeto sustenta haver evidncias histricas de que outras civilizaes daAntiguidade (ndia, Prsia, Atenas, Macednia e Cartago) conheciam aexistncia de certos delitos militares, e seus agentes eram julgados pelos prpriosmilitares[8], mas somente em Roma o Direito Penal Militar adquiriu autonomia;por essa razo, expe resumidamente a evoluo histrica em quatro fases:

    1 a ) poca dos reis, em que os soberanos concentravam em suas mostodos os poderes, includo o de julgar;

  • 2 a ) fase em que a Justia Militar era exercida pelos cnsules, compoderes de imperium majus, havendo abaixo deles o tribuno militar, que possua ocham ado imperium militae, simbolizando a dupla reunio da justia e docomando;

    3 a ) poca de Augusto, em que a Justia Militar era exercida pelosprefeitos do pretrio, com jurisdio muito ampla; e

    4 a ) poca de Constantino, em que foi institudo o Consilium, com afuno de assistir o juiz militar, sendo sua opinio apenas consultiva.

    Para os romanos, certos crimes cometidos em batalha significavam oestigma da infmia e poderiam ser punidos com bastonadas at a morte[9].

    Compreenso no muito diferente tinham os gregos, sobretudo osatenienses e os espartanos, j que a preparao blica era parte da formao detodo cidado, que se configurava um soldado da ptria, sendo o ato de guerrearatividade nobre, digna da interferncia dos deuses. Assim nos relatam os filsofoscontemporneos de Scrates, em cuja apologia demonstravam a suapreocupao com a formao blica, muitas vezes negligenciada pelossofistas[10]. Nessa vertente tambm Chryslito Gusmo, ao afirmar que osgregos tinham uma concepo diferenciada e especfica dos delitos militares,devido ao fato, principalmente, de que todo cidado era considerado soldado daptria[11].

    A essa verdadeira cultura da guerra deve-se somar a influnciamarcante, na Antiguidade, de crenas religiosas. Tome-se como exemplo, aindana Grcia, a situao de Atenas, onde, segundo relatos, os atos indignos noscampos de batalha poderiam ser apenados com a morte. Fustel de Coulanges[12]menciona em sua obra caso de generais atenienses que, mesmo vitoriosos, foramexecutados por negligenciarem no trato de seus mortos em combate, aoabandon-los no stio dos acontecimentos, impedindo assim que fossementerrados em solo ptrio.

    Feito o esboo da Antiguidade, tem-se como prximo marco nesteestudo, como indica, ainda, Loureiro Neto[13], a Revoluo Francesa, que

  • sacramentou os princpios da jurisdio militar moderna, ao regulamentar asrelaes entre o poder militar e o poder civil. A mxima atribuda a Napoleocondensa a importncia fundamental da manuteno da disciplina e, porconsequncia, de forte instrumento de controle das tropas militares. Dizia ele quea disciplina a primeira qualidade do soldado; o valor apenas a segunda[14].

    H que questionar, por derradeiro, se algum outro fenmeno histricoinfluenciou e influencia o Direito Penal Militar na Idade Contempornea.

    No se pode encerrar esse contexto geral sem que se aponte o terrorimposto ao povo norte-americano naquele medonho 11 de setembro de 2001.

    Ainda que costumeiramente se enxergue tal episdio por ngulodiverso do que aqui se prope por enquanto somente a doutrina penal comumse preocupou em atentar para o ataque ao World Trade Center , preciso que sepontue uma tendncia desenfreada de militarizao do Direito Penal, em setratando de delitos praticados contra o prprio Estado, os quais, porm, vitimamcidados inocentes, pelo terrorismo mundial. Rotulada por muitos como DireitoPenal do inimigo do qual trataremos mais adiante , tal tendncia estresultando em um expansionismo no s do Direito Penal comum, masprincipalmente do Direito Penal Militar.

    No se pode, todavia, perder o horizonte de que esse novo DireitoPenal Militar melhor seria cham-lo de Direito Penal militarizado somente se assemelha ao nosso objeto pela designao, uma vez que o bemjurdico-penal tutelado diverso[15].

    Em outras palavras, no Direito Penal Militar tutelam-se, em linhasgerais, valores intrnsecos s organizaes militares, tais quais a hierarquia e adisciplina; o Direito Penal militarizado tutela bens jurdicos de cunho geral,com o escopo principal de combate ao movimento terrorista, tratado comoquesto blica, sujeito, portanto, a postulados mais rgidos.

    A atual militarizao do Direito Penal foi magistralmente assinaladapor Alberto Silva Franco, que, ao prefaciar obra de igual brilhantismo de AliceBianchini[16], intitula o fenmeno de Direito Penal de terceira velocidade.Consigna que o Governo Bush construiu, por decreto, um sistema paralelo, de

  • carter penal e processual penal, livre de qualquer controle jurisdicional emrelao ao cidado no americano: a) a deteno secreta...; b) a criao detribunais militares especiais, que nada tm em comum com a Justia Militar eque so livres para proceder em segredo, reter provas dos rus e emitirsentenas capitais se dois teros dos juzes concordarem, sem a possibilidade derecurso a Tribunais Militares Superiores ou Suprema Corte (The New YorkTimes, Justia deturpada: a guerra e a Constituio, in O Estado de S. Paulo, de 16de dezembro de 2001, p. A15)[17].

    Ainda cedo para avaliar se a militarizao do Direito Penal danormalidade eficaz e necessria. O fato que a tendncia atual e muitocombatida pela doutrina minimalista. Alguns poucos j registraram sua posio,como Alberto Silva Franco.

    Engana-se, entretanto, quem defende que o problema em relevo nomerece preocupao em terras brasileiras. Primo, porque j passamos porperodo semelhante na poca em que os crimes contra a segurana nacionaleram, apesar de no serem delitos militares, apreciados pela Justia Militar daUnio. Alis, diga-se de passagem, o art. 30 da Lei n. 7.170, de 14 de dezembrode 1983, at hoje prev essa competncia, que no foi recepcionada pelo novoordenamento constitucional, j que o processo e o julgamento dos delitos contra asegurana nacional so de competncia da Justia Federal, nos termos do incisoIV do art. 109 da Constituio da Repblica. Em segundo lugar, e principalmente,porque essa nova sanha criminalizadora e, consequentemente, atentadora dedireitos e garantias individuais se no controlada aqui tambm encontrafomento: no pela ojeriza ao terror fundamentalista, mas em face do terrorimposto pelo crime organizado que vitima, no raramente, os militares dosEstados, como vimos recentemente em So Paulo.

    Obviamente surge forte tendncia de criminalizao de condutas,algumas das quais at chegam ao Direito Penal Militar aqui, sim, como oconhecemos tradicionalmente, buscando tutelar bens afetos s instituiesmilitares , ao que se denomina terrorismo penal, entendido como a vertentelegislativa que, sob o enfoque de alguns, lana uma roupagem de lei e ordeminjustificada para conter a criminalidade[18].

  • Em face dos referidos apontamentos, nasce o questionamento sobre ofuturo do Direito Penal Militar no Brasil. Aumentar ele seu espectro, sobretudoem mbito estadual, diante dos ataques das faces criminosas? Parece-nos queno, pois, na contramo dessa tendncia, no nos podemos esquecer da alteraotrazida pela Lei n. 9.299, de 7 de agosto de 1996, cujos meandros estudaremoscom mais vagar oportunamente. Essa lei, em um primeiro momento,desmilitarizou os crimes dolosos contra a vida praticados contra civil, gerandouma polmica aguda na doutrina e na jurisprudncia que somente foi amainadacom as inovaes no texto constitucional, trazidas pela Emenda Constitucional n.

    45, de 8 de dezembro de 2004[19], que, em nossa viso, ao alterar o 4 o do art.125 da Lei Maior, reverteu esse processo, podendo-se dizer que a ConstituioFederal devolveu essa espcie de delito (doloso contra a vida de civis) ao rol doscrimes militares, porm, agora, julgados pelo Tribunal do Jri, como veremosmais adiante. Nesse episdio operou-se, por fora de organismos nacionais einternacionais de direitos humanos, a excluso, em especial, do homicdio,focando-se, evidentemente, os militares dos Estados, frequentemente envolvidosem confrontos armados com marginais nas ocorrncias policiais. Como dissemosna primeira edio, ainda muito cedo para fazer um prognstico de expansoou de retrao, cabendo-nos observar o moroso e incgnito processotransformador.

    1.2. O Direito Penal Militar brasileiro breve escoro histrico da legislaocastrense

    O histrico do Direito Penal Militar brasileiro no pode separar-se doquadro geral apresentado. Importa assinalar, entretanto, que, manifestamente,nosso Direito Castrense tem sua origem em Portugal ou, ao menos, na legislaopenal portuguesa.

    Com efeito, as embarcaes da Coroa no trouxeram apenas homense o esprito colonizador, mas tambm todo o arcabouo jurdico do Velho Mundo.

    Como ponto inicial, portanto, deve-se entender que o Direito lusitanosofreu influncia direta de suas peculiaridades histricas, especialmente o

  • domnio romano e o visigtico.

    possvel afirmar, como assinala Univaldo Corra[20], que o Direitoportugus que no Brasil aportou tem matrizes romanas marcadas por forteinfluncia do Cdigo Visigtico e, ainda, pequeno influxo oriundo do domniosarraceno.

    Toda essa influncia chegou em Terra Brasilis sob forma dasOrdenaes do Reino, principalmente as Filipinas, decretadas em 1603.Vigoraram, sobretudo seu Livro IV, no Brasil at 1916.

    A propsito das Ordenaes Filipinas, em cujo Livro V seencontravam os dispositivos penais do Reino, ensina o sempre presente Franciscode Assis Toledo que refletiam o esprito ento dominante, que no distinguia odireito da moral e da religio[21]. Menciona o saudoso mestre que osdispositivos penais so iniciados pela previso de penas para hereges e apstatas,que arrenegam ou blasfemam de Deus ou dos santos, para feiticeiros, para osque benzem ces etc.[22]. No raramente a pena capital era cominada, comono crime de lesa-majestade. Eram as Ordenaes Filipinas, em concluso, frutode um Direito Penal de essncia medieval.

    A grande questo a ser satisfeita, todavia, saber se o Direito PenalMilitar estava contido no bojo das Ordenaes Filipinas.

    Inicialmente, o Direito Penal do Reino no consagrava ntidaseparao entre Direito Penal comum e militar, havendo no Cdigo de Felipoprevises que poderiam ser consideradas prximas a um Direito Criminal afeto beligerncia, e. g., a disposio do Ttulo XCVII, que tratava dos que fogem dasArmadas, prevendo que Se algum Piloto, Mestre, Contra-Mestre, Marinheiro,Grumete, Bombardeiro, Spingardeiro, e qualquer outra pessoa desta sorte, queindo nas nossas Armadas, deixar a No, ou Navio, em que fr ordenado, e dellase fr sem licena de auctoridade de nosso Capito Mr de tal Armada, ouCapito do Navio, em que assi fr ordenado, se do corpo da Armada se partir,ora a Armada v para cousa de guerra, ora de mercadoria, pagar emquatrodobro todo o que tiver recebido em seu soldo[23]. Em 1763, entretanto,juntam-se s Ordenaes Filipinas os Artigos de Guerra do Conde de Lippe, quevigoraram no Brasil at final do sculo XIX, com o surgimento do Cdigo Penal

  • da Armada. No caso do Exrcito assinala Univaldo Corra , os Artigosvigeram at 1907, quando o ento Ministro de Guerra, Marechal HermesRodrigues da Fonseca, os reformou inteiramente, ainda que a Fora Terrestreutilizasse o Cdigo Penal da Armada desde 1899[24].

    Na iminncia da guerra contra a Espanha, Sebastio Jos de Carvalhoe Melo, Marqus de Pombal[25], solicitou Inglaterra um militar que pudesseinstruir as tropas portuguesas, em uma reestruturao de seu Exrcito, recaindo aindicao sobre Wilhelm Lippe (1724-1777), Conde de Schaumbourg, oficialalemo alistado na Marinha Inglesa e profundo conhecedor de Artilharia, que foi,ento, convidado pelo Rei D. Jos I, de Portugal, para a empreitada[26]. Nessecontexto, surgiram, no sculo XVIII, os conhecidos Artigos de Guerra do Condede Lippe, os quais, em verdade, so fragmentos de um regulamento maisabrangente que surgira por ocasio da reorganizao, encontrando-se osdispositivos especificamente nos Captulos 23 e 26, cujo primeiro delito tratava deinsubordinao (hoje a recusa de obedincia), dispondo, para que se tenha aexata medida da severidade do diploma em comento, que Aquelle que recusar,por palavras ou discursos, obedecer s ordens dos seus superiores, concernentesao servio, ser condemnado a trabalhar nas fortificaes; porm, si se lheoppuzer servindo-se de qualquer arma ou ameaa, ser arcabuzado.

    Essa severidade pode ser notada em diversos pontos dos Artigos de

    Guerra, por exemplo, no citado art. 4 o , transcrito por Univaldo Corra em seuprimoroso estudo fruto, deve-se ressaltar, de sua paixo pelo Direito PenalMilitar e pela Histria , segundo o qual todo militar que commeter umafraqueza, escondendo-se, ou fugindo, quando fr preciso combater, ser punidocom a morte[27].

    Foi o Cdigo Penal da Armada (estabelecido em sua verso final peloDecreto n. 18, de 7-3-1891), como j visto, que ps termo aos Artigos de Guerra,sendo aplicado inicialmente Armada e, na sequncia, ao Exrcito Nacional(Lei n. 612, de 29-9-1899) e Fora Area (Dec.-Lei n. 2.961, de 20-1-1941). Odiploma citado vigeu plenamente at 1944, quando o Decreto-Lei n. 6.227, de 24de janeiro, trouxe ao cenrio o Cdigo Penal Militar, aplicado s ForasArmadas. Este vigorou at 31 de dezembro de 1969, com a entrada em vigor doatual CPM.

  • Para que haja sequncia lgica, necessrio retroceder at 13 dedezembro de 1968, quando, em um perodo excepcional da histria da naobrasileira, surgiu o Ato Institucional n. 5 (AI-5), dotando o Poder Executivo,concentrado em mos militares, de poderes amplos.

    Especificamente no 1 o do art. 2 o do referido Ato Institucionalhavia a previso de que, uma vez decretado o recesso do Poder Legislativo, peloPresidente da Repblica, passaria o Poder Executivo a exercer a funolegislativa. Por fora do Ato Complementar n. 38, tal recesso foi efetivamentedecretado, a partir da mesma data (13-12-1968), operando-se, ento, umasituao de exceo, por muitos combatida.

    Em agosto de 1969, o General Arthur da Costa e Silva, Presidente daRepblica, sofre um derrame, devendo ser sucedido, nos termos do queconsignava a Constituio, pelo Vice-Presidente, Pedro Aleixo. Uma JuntaMilitar composta por integrantes das trs Foras Armadas, a saber, o GeneralAurlio de Ly ra Tavares, o Almirante Augusto Hamann Rademaker Grunewalde o Brigadeiro Mrcio de Souza e Mello, entretanto, convencida de que Costa eSilva no se recuperaria, decretou, em 14 de outubro de 1969, o Ato Institucionaln. 16, declarando vagos os cargos de Presidente e Vice-Presidente da Repblicae assumindo a chefia do Poder Executivo at entreg-la ao General GarrastazuMdici.

    Foi durante o governo dessa Junta que, em 21 de outubro de 1969,nasceu, pelo Decreto-Lei n. 1.001, o Cdigo Penal Militar, que entrou em vigor

    em 1 o de janeiro de 1970, sobrevivendo at os dias atuais com poucasalteraes.

    Como se pode deduzir, o Cdigo em apreo contm marca do perodoem que foi produzido, razo pela qual muitos institutos foram abandonados, noaplicados, perdendo sua eficcia pela dessuetude.

    Por outro lado, o Cdigo Penal Castrense, fruto de primorosoAnteprojeto do Prof. Ivo DAquino e de cuidadoso trabalho da ComissoRevisora (composta, alm do autor do Anteprojeto, pelos Profs. BenjaminMoraes Filho e Jos Telles Barbosa), foi inovador em vrios institutos, entre os

  • quais podem ser citados a teoria diferenciadora do estado de necessidade e ainaugurao do sistema vicariante em matria de medidas de segurana, emsubstituio ao sistema duplo binrio, no que a legislao penal comum somentese igualou por ocasio da reforma da Parte Geral do Cdigo Penal, em 1984,reforma essa trazida pela Lei n. 7.209, de 11 de julho daquele ano, e que noalcanou o Cdigo Penal Militar de 1969, de sorte que podemos falar, com avnia dos rigorosos estudiosos do Direito Penal, em Direitos Penais brasileiros,j que o Direito Penal comum, assim enxergado majoritariamente, informado pelo sistema finalista, impulsionado com a reforma em comento,enquanto o Cdigo Penal Militar, que no foi afetado pelas inovaes da dcadade 80, repousa sobre uma base causalista neoclssica, dicotomia quecompreenderemos melhor quando do estudo da teoria geral do delito militar.

    Nesse breve escoro histrico um outro fato deve ser considerado naconstituio do Direito Penal Militar brasileiro, qual seja, uma tendncia inicial arestringir o Direito Penal Castrense aos integrantes das Foras Armadas,excluindo os militares do Estado. Dita tendncia foi sedimentada pelo SupremoTribunal Federal, no bojo da Smula 297, de 13 de dezembro de 1963, editadasob gide da Constituio Federal de 1946, segundo a qual Oficiais e praas dasmilcias dos estados no exerccio de funo policial civil no so consideradosmilitares para efeitos penais, sendo competente a justia comum para julgar oscrimes cometidos por ou contra eles.

    Note-se que pelo contedo da smula supracitada, era muito clara alimitao da lei penal militar aos militares dos Estados, havendo umapredisposio a consider-los civis quando na funo de policiamento ostensivo.

    Essa viso permaneceu intacta com a edio do atual Cdigo PenalMilitar, em 1969, at que em 1977, com a chegada do Pacote de Abril,conjunto de alteraes normativas de lavra do Presidente Ernesto Geisel, umaalterao constitucional rechaou por completo a smula e a viso por elaencerrada.

    Com efeito, a redao da Constituio Federal de 1946, que delimitou ocenrio inaugural da Smula em comento, consignava no inciso XII do art. 124que a Justia Militar estadual, organizada com observncia dos preceitos gerais

  • da lei federal (art. 5 o , n. XV, letra f ), ter como rgos de primeira instncia osConselhos de Justia e como rgo de segunda instncia um Tribunal especial ouo Tribunal de Justia, nada mencionando acerca da competncia, favorecendo,pois, a viso restritiva do STF.

    A Constituio Federal de 1967, mesmo com a Emenda Constitucionaln. 1, de 17 de outubro de 1969, ao tratar das Justias Estaduais, continuou sendomuito abrangente para o foro castrense no mbito dos Estados, visto que a alnea

    d do 1 o do art. 144 dispunha apenas que a Justia Militar estadual eraconstituda em primeira instncia pelos Conselhos de Justia e que tinham comorgos de segunda instncia o prprio Tribunal de Justia, ainda arrimando aprevalncia da Smula 297 do STF. Ocorre que, em 13 de abril de 1977, pelaEmenda Constitucional n. 7 (Pacote de Abril de 1977), esse dispositivoconstitucional ganhou nova redao, agora mencionando que a Justia Militarestadual, constituda em primeira instncia pelos Conselhos de Justia, e, emsegunda, pelo prprio Tribunal de Justia, possua competncia para processar ejulgar, nos crimes militares definidos em lei, os integrantes das polcias militares,fazendo com que a Smula em questo perdesse sua razo de existncia.

    A Constituio Federal de 1988 manteve a competncia de julgamento

    das Justias Militares dos Estados em sua redao, agora no 4 o do art. 125, queno sofreu restrio, salvo no crime doloso contra a vida de civil, com o adventoda Emenda Constitucional n. 45, de 8 de dezembro de 2004[28], podendo-seafirmar, com absoluta certeza, que a Smula 297 do Pretrio Excelso no maisvige[29], embora, no raramente, alguns desavisados faam questo de resgat-la.

    O prprio Supremo Tribunal Federal j negou a aplicao dessaSmula. Nesse sentido, vide o Habeas Corpus n. 82.142/MS, julgado em 11 dedezembro de 2002, sob relatoria do Ministro Maurcio Corra. No caso emespcie, em um grupo policial misto, integrado por Policiais Militares e Civis doEstado do Mato Grosso do Sul, denominado Departamento de Operaes deFronteira (DOF), o entendimento inicial do Poder Judicirio Sul-matogrossensefoi no sentido de que a funo no era afeita atividade da Polcia Militar, desorte que os ilcitos penais praticados pelos militares no seriam crimes militares.

  • Avaliada pelo Supremo Tribunal Federal, no entanto, a viso foi reformada,firmando-se a competncia da Justia Militar Estadual por tratar-se de crimemilitar. Vejamos a ementa do acrdo:

    HABEAS CORPUS. POLICIAL MILITAR. CONDUTARELACIONADA COM ATUAO FUNCIONAL. CRIMES TAMBM DENATUREZA PENAL MILITAR. COMPETNCIA RECONHECIDA.

    1. Policial militar. Existncia de delitos tipificados ao mesmo tempo noCP e no CPM. Condutas que guardam relao com as funes regulares doservidor. Crime militar imprprio. Competncia da Justia Militar para ojulgamento (CF, artigo 124).

    2. Departamento de Operaes de Fronteira do Estado de Mato Grossodo Sul. Polcia mista. Mesmo nas hipteses em que entre as atividades do policialmilitar estejam aquelas pertinentes ao policiamento civil, os desvios de condutasdecorrentes de suas atribuies especficas e associadas atividade militar, quecaracterizem crime, perpetradas contra civil ou a ordem administrativacastrense, constituem crimes militares, ainda que ocorridos fora do lugar sujeito

    administrao militar (CPM, artigo 9 o , II, c e e).

    3. Nesses casos a competncia para processar e julgar o agentepblico da Justia Militar. Enunciado da Smula/STF 297 h muito temposuperado.

    4. Crime de formao de quadrilha (CP, artigo 288). Delito que noencontra tipificao correspondente no Cdigo Penal Militar. Competncia, nessaparte, da Justia Comum. Habeas corpus deferido em parte.

    Tambm no mbito estadual possvel verificar o afastamento daSmula 297 do STF. No Tribunal de Justia Militar do Estado de So Paulo, porexemplo, vide a Exceo de Incompetncia Criminal n. 1/09 (Feito n. 47.757/07,

    1 a Auditoria), julgada em 10-3-2010, sob relatoria do Juiz Cel. PM FernandoPereira:

    Reputa-se militar e sujeito competncia da Justia Castrense ocrime tipificado no Cdigo Penal Militar que, embora definido de igual modo no

  • Cdigo Penal comum, seja praticado por militar em servio contra civil. Oenunciado da smula 297 do Supremo Tribunal Federal, editado na vigncia daConstituio de 1946, foi superado pela Emenda Constitucional n. 7, de 1977, epelo atual ordenamento constitucional.

    1.3. As legislaes penais militares em outros pases

    Atualmente, o Direito Penal Militar est presente em vrios outrosEstados Nacionais, evidenciado por legislao especial, apartada da legislaopenal comum, como nos casos da Itlia (Cdigo de Justia Militar de Paz e deGuerra, ambos de 20-2-1941), de Portugal (Cdigo de Justia Militar, hojeveiculado pela Lei n. 100, de 15-11-2003), Israel (Lei de Justia Militar, de 1955),da Argentina (Cdigo de Justia Militar, de 9-7-1951), Espanha (Cdigo PenalMilitar, trazido pela Ley Orgnica n. 13, de 9-12-1985), da Colmbia (CdigoPenal Militar, trazido pela Ley n. 522, de 13-8-1999, com alteraes procedidaspela Ley n. 1.058, de 23-7-2006) e da Frana (Cdigo de Justia Militar Dec. n.82.984, de 19-11-1982), havendo apenas a distino entre alguns que tentamseparar normas penais militares substantivas (COM, no caso do Brasil) de normaspenais adjetivas (CPPM, no Brasil)[30].

    Interessante notar que a existncia de um Direito Penal militar noimporta necessariamente na instalao de uma Justia Militar competente parajulgar todos os crimes militares perpetrados.

    Clio Lobo cita como exemplo a Frana, que extinguiu a JustiaMilitar em seu territrio, mas autorizou sua manuteno junto s tropasestacionadas ou operando fora do territrio francs[31]. Segundo o mesmodoutrinador, resultou a seguinte realidade: a) esto sujeitos jurisdio comumos crimes militares cometidos no territrio francs e aqueles cometidos pormilitares estacionados ou em operao em pas estrangeiro, onde no foiinstalado rgo da Justia Militar; b) esto sujeitos jurisdio especial,jurisdio militar, os crimes militares e os comuns de qualquer natureza,cometidos por militares integrantes de tropas estacionadas ou em operao empas estrangeiro ou por civis que nelas prestam servio, desde que junto a essas

  • tropas funcione rgo da Justia Militar (conf. arts. 1 o , aln. 1 a , 3, 5, 59, 60, doCd. de Just. Militar francs)[32].

    2. DIREITO PENAL MILITAR SUBSTANTIVO E ADJETIVO

    As normas penais militares, tais quais as do Direito Penal comum, sodivididas em materiais (ou substantivas) e formais (ou adjetivas).

    As primeiras caracterizam-se pela previso, codificada em nosso caso,do fato nascedouro da relao jurdica entre o Estado, que detm o jus puniendi,e o agressor da norma, o criminoso.

    Em outras palavras, so as normas que contm o fato tpico, ou, comoafirmou Vicenzo Manzini, todas aquelas normas que virtualmente atribuem outolhem ao Estado o poder de punir ou modificar esse poder, ou ainda aquelasque conferem aos rgos do Estado ou aos cidados o poder de dispor dapretenso punitiva ou da pena[33].

    J normas adjetivas so as que regulam de modo geral o processo, ouseja, seu incio, desenvolvimento e encerramento.

    Conquanto haja a tendncia de afirmar que o Direito Penal Militarsubstantivo se encontra no Cdigo Penal Militar, ao passo que o Direito PenalMilitar adjetivo encontra morada no Cdigo de Processo Penal Militar, deve-senotar que a ciso comporta inmeras excees. Como exemplo, tome-se amenagem, instituto previsto no art. 263 do CPPM, a qual configura verdadeirodireito do ru. Nesse sentido, alis, assinala Ronaldo Roth que a menagem liberdade vinculada como a liberdade provisria[34].

    A discusso para alguns, todavia, tem perdido a razo em face daautonomia do Direito Processual Penal, que j no constitui complemento doDireito Penal, mas uma cincia com objeto prprio. A nosso ver, porm, adistino ainda til, mormente no que tange legislao penal extravagante possvel mesmo em se tratando de Direito Penal Militar , que pode conter

  • institutos materiais e formais, sendo a identificao primordial, por exemplo,para a soluo de questes afetas retroatividade da lei penal.

    3. BEM JURDICO-PENAL

    3.1. Generalidades

    Na doutrina penal, poucos se dedicaram ao estudo ontolgico do bemjurdico. Assinale-se, entretanto, que o tema foi esmiuado no cenrio nacionalpor alguns bravos, como Alice Bianchini[35] e Luiz Regis Prado[36].

    Em breves apontamentos, buscaremos sinalizar os pontos maisimportantes relacionados ao tema para, aps, indicar algumas peculiaridades doDireito Penal Militar.

    A princpio, h que entender a concepo bsica, a conceituaoelementar de bem jurdico-penal. Nesse propsito, mais uma vez adequada alio do saudoso Francisco de Assis Toledo. Inicia o caro professor em umaconceituao ampla de bem, que pode ser entendido como tudo o que se nosapresenta como digno, til, necessrio, valioso[37]. Prossegue indicando que,dentre a gama imensa de bens afetos a cada indivduo, seleciona o direitoaqueles que reputa dignos de proteo e os erige em bens jurdicos [38]. Emarremate, chegando ao bem jurdico-penal, afirma que, sob o enfoque penal,bem jurdico aquele que esteja a exigir uma proteo especial, no mbito dasnormas de Direito Penal, por se revelarem insuficientes, em relao a ele, asgarantias oferecidas pelo novo ordenamento jurdico, em outras reasextrapenais[39].

    Como se percebe, o bem jurdico somente deve ser selecionado peloDireito Penal, de forma fragmentria e subsidiria, porquanto esse ramo doDireito trata de uma interveno muito grave, devendo caracterizar-se em ltimorecurso (ultima ratio).

  • de notar, ainda, que o Direito Penal, em uma viso ontolgica, noest autorizado a produzir bens jurdicos, mas apenas, como acentua Luiz RegisPrado[40], a descobri-los, identific-los. Essa afirmao, todavia, entra emcolapso ao observarmos a realidade vigente no cenrio jurdico, onde h, semdvida alguma, a criao de bens jurdico-penais pelo Direito Penal, havendo atendncia a uma perigosa vertente funcionalista em que o bem jurdico ganhaum novo conceito, desvencilhando-se de uma estrutura preexistente (estruturaslgico-objetivas) e fixando-se no reforo de vigncia da norma jurdica, podendoalcanar qualquer forma de acordo com a norma. Claro que afastamos, paranossa construo, a vertente funcionalista, alis como negaremos mais adiante oprprio funcionalismo como sistema, para apenas pinar alguns de seus rarospostulados minimalistas.

    Feito o delineamento, en passant, do bem jurdico-penal, necessrio,na sequncia, entender a razo de seu estudo.

    Na dogmtica penal, a discusso sobre o bem jurdico possui utilidadeem dois momentos distintos: na seleo daqueles bens a serem elevados categoria de bem jurdico-penal e no momento da aplicao da lei penal pelointrprete, atendendo sua funo teleolgica ou interpretativa[41].

    O primeiro momento, prprio para a conduo da poltica criminal,est relacionado definio de padres, regras, orientaes etc., ao legislador, noinstante em que est buscando criminalizar determinada conduta. Vige nesseponto forte tendncia minimalista segundo a qual o mal imposto pelo DireitoPenal somente encontra razo de existir quando for necessria a interveno.Discutem-se, em linhas gerais, duas condicionantes a orientar a seleo, quaisse j am , a dignidade penal do bem jurdico e a ofensividade da conduta[42].Complementam a orientao para a seleo do bem jurdico-penal,particularmente no que tange dignidade penal, as teorias constitucionais, queganharam muito boa acolhida na doutrina italiana, segundo as quais o bemjurdico, para merecer tutela penal, deve encontrar guarida na lei fundamentaldo Estado[43].

    De forma paralela, porm no menos importante, discute-se apossibilidade de o intrprete da lei penal j ultrapassado o momento da seleo

  • do bem jurdico-penal pelo legislador enveredar-se pelo campo de estudo dobem jurdico-penal, a fim de entender, por exemplo, que uma conduta no dotada de lesividade expressa no tipo penal. Obviamente, por intrprete deve-se ter em mente to s aquele que tem, funcionalmente, o condo de afastar ainterveno penal, o que foge s atribuies de quem apenas prepara os fatospara a apreciao do magistrado e do integrante do Parquet, ou seja, aautoridade de polcia judiciria[44], que somente poder ingressar nessaavaliao em casos ntidos em que a ofensa trazida pela conduta passe muito aolargo de lesionar o bem da vida protegido.

    Em relao ao comportamento do intrprete, a atual doutrina temacenado tambm em sentido minimalista. Assim, admite que o intrprete,mormente o juiz, entenda uma conduta por no lesiva o bastante para merecer ainterveno penal (nullum crimen sine iniuria). Ressalte-se que j no se trata deseleo do bem jurdico ou da conduta a ele lesiva, mas de efetiva aplicao dodireito.

    Trata-se da exaltao inquestionvel do princpio da insignificncia,particularmente, como aponta Alice Bianchini, na acepo alocada no interior doprprio sistema penal[45].

    3.2. Bem jurdico-penal militar

    Aps as consideraes primeiras sobre o bem jurdico, cumprequestionar se os pressupostos mnimos indicados para a tutela penal comum,especificamente no que tange ao bem jurdico penal, podem ser transplantadospara o Direito Penal Militar.

    Antes de ingressar na discusso fomentada pelo problema, fundamental tecer algumas breves consideraes acerca de peculiaridades navida castrense.

    Vrios bens, na acepo genrica acima descrita, interessam aoDireito Penal Militar, destacando-se, obviamente, a hierarquia e a disciplina, hojeelevadas a bem jurdico tutelado pela Carta Maior. Dessa forma, alm da

  • disciplina e da hierarquia, outros bens da vida foram eleitos, tais como apreservao da integridade fsica, do patrimnio etc.

    Por outro lado, possvel afirmar que, qualquer que seja o bemjurdico evidentemente protegido pela norma, sempre haver, de forma direta ouindireta, a tutela da regularidade das instituies militares[46], o que permiteasseverar que, ao menos ela, sempre estar no escopo de proteo dos tipospenais militares, levando-nos a concluir que em alguns casos teremos um bemjurdico composto como objeto da proteo do diploma penal castrense. dizer,e. g., o tipo penal do art. 205, sob a rubrica homicdio, tem como objetividadejurdica, em primeiro plano, a vida humana, porm no se afasta de uma tutelamediata da manuteno da regularidade das instituies militares.

    Tal conotao afasta, em vrios casos, uma postura simplesmenteminimalista, focando-se primeiro o bem jurdico imediato da norma.

    H que consignar que a identificao do bem tutelado no fcil,podendo, em alguns casos, haver equvocos interessantes, em razo mesmo datopografia do tipo penal, como no caso do delito capitulado no art. 235 doCPM[47].

    Corriqueiramente se comete a impropriedade escusvel, pois o tipose encontra no captulo dos crimes sexuais de afirmar que o Cdigo PenalMilitar criminalizou o homossexualismo.

    Primeiro, cumpre notar que no s o ato homossexual criminalizado,mas tambm o heterossexual. Isso leva concluso de que o que se busca tutelar,de fato, a disciplina intramuros, porquanto elemento normativo do tipo[48]lugar sujeito a administrao militar. Desse modo, a objetividade jurdica no a liberdade sexual do indivduo sobretudo se se levar em considerao que ossujeitos assentiram na prtica do ato , mas a disciplina militar, que ser turbadacom a promiscuidade no interior da caserna, desestabilizando o regularfuncionamento cotidiano da unidade em que o fato ocorreu.

    J se demonstrou, dessarte, que o estudo do bem jurdico penal-militar,no que tange ao seu primeiro momento til seleo de bens a serem tutelados ede condutas lesivas , difere do Direito Penal comum, visto que o legislador

  • dever pensar no s na leso daquele que seria o bem jurdico-penal emprimeira linha, seno tambm em um bem jurdico consequente: o sadiodesempenho das misses concernentes s foras militares.

    A situao no diferente no segundo momento crucial de estudo dobem jurdico, afeto ao intrprete da norma.

    Tomando por base a complexidade do bem jurdico-penal militar,cumpre evidenciar que o intrprete no pode ou no deve deixar-se inebriar porposturas minimalistas sem se acautelar de reconhecer a regularidade dainstituio como um bem jurdico tutelado pela norma, ainda que seja de formamediata.

    Em outras palavras, no se haver de invocar o princpio dainsignificncia tomando em considerao somente o bem primeiro, razo pelaqual se torna muito mais prudente ficar adstrito quelas situaes permitidas pela

    prpria lei penal militar, como as do 6 o do art. 209, do 1 o do art. 240 etc.,nos quais, embora aparentem ter-se adotado o princpio da insignificncia, ecomo tal tm sido defendidas, em verdade, no o so, j que muitoprovavelmente o legislador de 1969 nem sequer conhecia os contornos desseprincpio. Em edio anterior desta obra, mencionamos em nota de rodap (nota44 da primeira edio) um comentrio que merece incorporar o texto principal,posto que levou alguns estudiosos a, equivocadamente, rotular-nos como avessosao princpio da insignificncia no Direito Penal Militar, o que no condiz comnossa real viso sobre o assunto. Frisamos que o fato de se sustentar ser maisprudente ficar adstrito aos casos previstos em lei no significa vedar, porcompleto, que se reconhea, no caso concreto, situao tal em que seja razovelo afastamento, por convico minimalista, da interveno penal militar. Umexemplo esclarecedor est na demisso administrativo-disciplinar do trnsfuga,em que a aplicao do Direito Administrativo Disciplinar Militar poder repararo tecido social lesionado pela infrao penal[49]. Outro exemplo interessanteseria o reconhecimento da insignificncia da leso ao bem jurdico em casos decrimes patrimoniais, ou mesmo contra a Administrao Militar, como o caso dopeculato em que o irrisrio valor da coisa subtrada importa, sem embargo, emuma no leso ao patrimnio (no crime de furto, p. ex.) bem como em uma noleso merecedora de tutela penal militar, como no caso do peculato, por

  • exemplo, diante de um militar do Estado que, valendo-se da funo quedesempenha, subtrai algumas poucas folhas de papel sulfite da repartio ondetrabalha.

    H crimes, no entanto, em que o foco no bem jurdico mediato noadmite a valorao no sentido da insignificncia, em razo da potencial altalesividade da conduta, como nos crimes militares que afetem a incolumidadepblica, casos em que a tutela penal deve ser antecipada para que nem sequer setangencie a leso coletividade.

    Exemplo claro est no art. 290 do CPM. Obviamente que, focando-sena quantidade de entorpecente portado pelo indivduo, poder-se-a dizer que aquantidade em foco inexpressiva, insignificante. Contudo, a capitulao dodelito o coloca entre os crimes contra a incolumidade pblica, afetando emespecial a sade pblica, o que, por si s, j afastaria a construo pelainsignificncia. Essa construo, note-se, deve somar-se tutela da regularidadedas instituies militares, profundamente afetada ou em risco muito alto noscasos em que um militar no interior do quartel, por exemplo, porta substnciaentorpecente, j que seu ulterior consumo implicar em algum sob seu efeitoportando uma arma de fogo de considervel calibre, conduzindo uma viatura,enfim, trazendo um enorme risco regularidade da instituio e incolumidadedas pessoas. Em suma, dizer que um cigarro de cannabis sativa para um militar insignificante , como j suscitado, confundir o objeto do crime com o bemjurdico do tipo penal. Nesse sentido, criticando a viso de que os dispositivos do

    CPM como o 6 o do art. 209 e o 1 o do art. 240 so manifestaes doprincpio da insignificncia, o Eminente Ministro Flavio Bierrenbach, em votovencido no Superior Tribunal Militar, aduz:

    Uma leitura apressada do dispositivo em comento poderia conduzir errnea concluso de que o legislador de 1969, mesmo antes da Constituio de1988, tinha conscincia do real significado e de como deveria ser aplicado oprincpio da insignificncia dentro de um sistema de direito penal fundado nadignidade da pessoa humana.

    Entendimento equivocado.

    No se pode conceber como correta a abordagem que o Cdigo Penal

  • Militar faz do princpio da insignificncia, que totalmente incoerente com osistema penal preconizado pelo Estado Democrtico de Direito, institudo a partirde 1988. Em primeiro lugar, observa-se a tentativa de restringir e tornar esttica,pela lei, a aplicao de um princpio de direito penal que, por fora do prpriofundamento constitucional do qual decorre e, em razo dos princpios filosficosque determinaram a sua criao, foi criado justamente para flexibilizar oSistema Penal.

    Em seguida, porque, em decorrncia da notria influncia que oPositivismo exerceu nos juristas brasileiros no sculo passado, parece ter olegislador confundido o bem jurdico com o objeto do crime, ao reduzir ashipteses de incidncia s leses patrimoniais que se reduzissem a 1/10 do maiorsalrio mnimo do pas.

    Por fim, porque o conceito do bem jurdico denominado patrimnio,que parece ter sido aquele adotado pelo legislador, um conceito estatstico,concebido a priori, diverso dos conceitos de bens jurdicos formulados peloscriadores do princpio da insignificncia, que tm ligao direta com um sistemade Direito Penal aberto dinmica social, que se ocupa muito mais com oconceito material do delito que com aspectos formais da tipicidade (STM,Declarao de voto vencido no Rec. Crim. 2008.01.007539-4/PE, rel. Min. FlavioFlores da Cunha Bierrenbach, j . 17-2-2009).

    Embora o brilhante voto do Ministro Flavio Bierrenbach se refira aplicao do princpio da insignificncia a um caso de peculato, a que somosfavorveis, suas lies podem muito bem ser trasladadas para, ao contrrio,negar a incidncia desse p