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DA PROPRIEDADE DA PROPRIEDADE 1- HISTÓRIA E SOCIOLOGIA DA PROPRIEDADE 1- HISTÓRIA E SOCIOLOGIA DA PROPRIEDADE No início das civilizações – domínio comum No início das civilizações – domínio comum das coisas úteis, individualização dos das coisas úteis, individualização dos utensílios de uso próprio, o solo utensílios de uso próprio, o solo pertencia a toda tribo e temporariamente pertencia a toda tribo e temporariamente Direito Romano – raiz da propriedade – Direito Romano – raiz da propriedade – caráter individualista – a propriedade era caráter individualista – a propriedade era da cidade cada indivíduo possuia ½ da cidade cada indivíduo possuia ½ hectare, só os bens móveis podiam ser hectare, só os bens móveis podiam ser alienados. alienados. Idade Média – feudalismo – dualidade de Idade Média – feudalismo – dualidade de sujeitos – senhor e o vassalo, os frutos sujeitos – senhor e o vassalo, os frutos eram dados como usufruto condicionado a eram dados como usufruto condicionado a certos serviços. certos serviços.

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Page 1: DA PROPRIEDADE 1- HISTÓRIA E SOCIOLOGIA DA PROPRIEDADE 1- HISTÓRIA E SOCIOLOGIA DA PROPRIEDADE No início das civilizações – domínio comum das coisas úteis,

DA PROPRIEDADEDA PROPRIEDADE

1- HISTÓRIA E SOCIOLOGIA DA PROPRIEDADE1- HISTÓRIA E SOCIOLOGIA DA PROPRIEDADE No início das civilizações – domínio comum No início das civilizações – domínio comum

das coisas úteis, individualização dos das coisas úteis, individualização dos utensílios de uso próprio, o solo pertencia a utensílios de uso próprio, o solo pertencia a toda tribo e temporariamentetoda tribo e temporariamente

Direito Romano – raiz da propriedade – Direito Romano – raiz da propriedade – caráter individualista – a propriedade era da caráter individualista – a propriedade era da cidade cada indivíduo possuia ½ hectare, só cidade cada indivíduo possuia ½ hectare, só os bens móveis podiam ser alienados.os bens móveis podiam ser alienados.

Idade Média – feudalismo – dualidade de Idade Média – feudalismo – dualidade de sujeitos – senhor e o vassalo, os frutos eram sujeitos – senhor e o vassalo, os frutos eram dados como usufruto condicionado a certos dados como usufruto condicionado a certos serviços.serviços.

Page 2: DA PROPRIEDADE 1- HISTÓRIA E SOCIOLOGIA DA PROPRIEDADE 1- HISTÓRIA E SOCIOLOGIA DA PROPRIEDADE No início das civilizações – domínio comum das coisas úteis,

Posteriormente, os feudos Posteriormente, os feudos passaram a ser propriedade passaram a ser propriedade perpétua e transmissível pela linha perpétua e transmissível pela linha masculina masculina

Brasil – no período da colonização Brasil – no período da colonização tentou implantar o feudalismo tentou implantar o feudalismo através das capitanias hereditárias, através das capitanias hereditárias, mas se amoldou ao regime romano.mas se amoldou ao regime romano.

Page 3: DA PROPRIEDADE 1- HISTÓRIA E SOCIOLOGIA DA PROPRIEDADE 1- HISTÓRIA E SOCIOLOGIA DA PROPRIEDADE No início das civilizações – domínio comum das coisas úteis,

Revolução Francesa – 1789 – fez Revolução Francesa – 1789 – fez desaparecer o feudalismo, voltou a ser desaparecer o feudalismo, voltou a ser individualista.individualista.

Século XX – caráter socialista – influência Século XX – caráter socialista – influência das encíclicas papais e URSSdas encíclicas papais e URSS

Constituição Federal – 1988 – princípio da Constituição Federal – 1988 – princípio da função social: além de ser produtiva, o função social: além de ser produtiva, o exercício da propriedade deve ser em prol exercício da propriedade deve ser em prol da coletividade.da coletividade.

Código Civil 2002 – art. 1228 §1Código Civil 2002 – art. 1228 §1oo. ao 5. ao 5oo. . Afasta o individualismo pleno, deve ser Afasta o individualismo pleno, deve ser observado o bem comum.observado o bem comum.

Ex.:Ex.:

Page 4: DA PROPRIEDADE 1- HISTÓRIA E SOCIOLOGIA DA PROPRIEDADE 1- HISTÓRIA E SOCIOLOGIA DA PROPRIEDADE No início das civilizações – domínio comum das coisas úteis,

O uso efetivo da propriedade deve ser O uso efetivo da propriedade deve ser socialmente adequado, há limitação pelo socialmente adequado, há limitação pelo interesse público através do Código de interesse público através do Código de mineração, florestal, direito de vizinhança, mineração, florestal, direito de vizinhança, lei de proteção ao meio ambiente, etc.lei de proteção ao meio ambiente, etc.

A sociedade de extrair benefícios do A sociedade de extrair benefícios do exercício do de propriedade.exercício do de propriedade.

2- FUNDAMENTOS DA PROPRIEDADE2- FUNDAMENTOS DA PROPRIEDADE Teorias:Teorias: A) da Ocupação: (A) da Ocupação: (res nullisres nullis) )

B) da Lei:B) da Lei:

Page 5: DA PROPRIEDADE 1- HISTÓRIA E SOCIOLOGIA DA PROPRIEDADE 1- HISTÓRIA E SOCIOLOGIA DA PROPRIEDADE No início das civilizações – domínio comum das coisas úteis,

C) da Especificação:C) da Especificação:

D) da Natureza Humana:D) da Natureza Humana:

Page 6: DA PROPRIEDADE 1- HISTÓRIA E SOCIOLOGIA DA PROPRIEDADE 1- HISTÓRIA E SOCIOLOGIA DA PROPRIEDADE No início das civilizações – domínio comum das coisas úteis,

Teoria mais aceita – Teoria mais aceita –

3- FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE3- FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE CF/88- art. 5CF/88- art. 5oo, XVIII, XVIII CÓDIGO CIVIL – art. 1228 §1CÓDIGO CIVIL – art. 1228 §1oo. . Nova espécie de desapropriação - 4Nova espécie de desapropriação - 4oo e 5 e 5oodo art. do art.

12281228 Inovação posse-trabalhoInovação posse-trabalho 4- CONCEITO E ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA 4- CONCEITO E ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA

PROPRIEDADEPROPRIEDADE CONCEITO TITO FULGÊNCIO: propriedade é um CONCEITO TITO FULGÊNCIO: propriedade é um

direito que a pessoa física ou jurídica tem, dentro direito que a pessoa física ou jurídica tem, dentro dos limites normativos, de usar, gozar e dispor de dos limites normativos, de usar, gozar e dispor de um bem corpóreo ou incorpóreo, bem como de um bem corpóreo ou incorpóreo, bem como de reivindicá-lo de quem injustamente o detenha.reivindicá-lo de quem injustamente o detenha.

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Sentido etimológico: Sentido etimológico: Para uns o vócabulo propriedade Para uns o vócabulo propriedade

vem do latim: vem do latim: proprietasproprietas – derivado – derivado propriusproprius: o que pertence a uma : o que pertence a uma pessoa.pessoa.

Para outros é decorrente de domare: Para outros é decorrente de domare: sujeitar ou dominar, idéia de domus.sujeitar ou dominar, idéia de domus.

Atualmente usa-se o vocábulo Atualmente usa-se o vocábulo propriedade como domínio, não propriedade como domínio, não diferença em seu conteúdo.diferença em seu conteúdo.

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PODERES DO PROPRIETÁRIO – ELEMENTOS PODERES DO PROPRIETÁRIO – ELEMENTOS CONSTITUTIVOS – ART. 1228CONSTITUTIVOS – ART. 1228

Direito de usar (Direito de usar (jus utendijus utendi)) – utilizar a – utilizar a coisa da maneira mais conveniente, dentro coisa da maneira mais conveniente, dentro dos limites legais. dos limites legais.

Direito de gozar (Direito de gozar (jus fruendijus fruendi)) – percepção – percepção dos frutos naturais e civis da coisa.dos frutos naturais e civis da coisa.

Direito de dispor da coisa (Direito de dispor da coisa (jus abutendi jus abutendi ou disponendiou disponendi)) – alienar, transferir, gravar – alienar, transferir, gravar ônus, é o mais importante direito. ônus, é o mais importante direito.

Direito de reaver a coisa (Direito de reaver a coisa (reirei vindicatiovindicatio)) – direito de sequela exercido através da ação – direito de sequela exercido através da ação reivindicatória.reivindicatória.

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4- CARACTERES DA 4- CARACTERES DA PROPRIEDADEPROPRIEDADE CaráterCaráter absolutoabsoluto – oponibilidade – oponibilidade ergaerga omnesomnes e e por ser o mais completo dos direitos reais, o por ser o mais completo dos direitos reais, o proprietário pode desfrutar e dispor do bem proprietário pode desfrutar e dispor do bem como quiser, salvo as limitações.como quiser, salvo as limitações.

ExclusividadeExclusividade – uma coisa não pode pertencer – uma coisa não pode pertencer com exclusividade e simultaneamente a duas com exclusividade e simultaneamente a duas pessoas – no caso de condomínio não tira esta pessoas – no caso de condomínio não tira esta característica, pois os condôminos são característica, pois os condôminos são conjuntamente titulares do direito, trata-se de conjuntamente titulares do direito, trata-se de uma divisão abstrata da propriedade.uma divisão abstrata da propriedade.

Plenitude – Plenitude – o proprietário pode usá-la como lhe o proprietário pode usá-la como lhe aprouver, limitado apenas as restrições.aprouver, limitado apenas as restrições.

Perpetuidade – subsiste independente do Perpetuidade – subsiste independente do exercício, enquanto não sobrevier causa legal exercício, enquanto não sobrevier causa legal ou orinda da própria vontade do titular, não se ou orinda da própria vontade do titular, não se extinguindo pelo não uso.extinguindo pelo não uso.

Elasticidade – o domínio pode ser distendido ou Elasticidade – o domínio pode ser distendido ou contraído no seu exercício.contraído no seu exercício.

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5- Objeto5- Objeto

Bens Corpóreos: Bens Corpóreos: MóveisMóveis Imóveis Imóveis

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6- Espécies de Propriedade6- Espécies de Propriedade Quanto à extensão:Quanto à extensão:A) Plena – todos os direitos estão reunidos na pessoa A) Plena – todos os direitos estão reunidos na pessoa

do proprietário, ele pode usar, gozar, dispor, do do proprietário, ele pode usar, gozar, dispor, do bem de modo absoluto, exclusivo, perpétuo, bem bem de modo absoluto, exclusivo, perpétuo, bem como reivindicá-lo de quem, injustamente o como reivindicá-lo de quem, injustamente o detenha.detenha.

B) Restrita ou limitada – quando se desmembra um ou B) Restrita ou limitada – quando se desmembra um ou alguns de seus poderes que passa a ser de outra alguns de seus poderes que passa a ser de outra pessoa, passando a ser constituído o direito real pessoa, passando a ser constituído o direito real sobre a coisa alheia.sobre a coisa alheia.

Quanto à perpetuidadeQuanto à perpetuidadeA)A) Propriedade perpétua – tem duração ilimitada, dura Propriedade perpétua – tem duração ilimitada, dura

enquanto o proprietário tiver interesse.enquanto o proprietário tiver interesse.B)B) Resolúvel ou revogável – a que encontra no seu Resolúvel ou revogável – a que encontra no seu

título constitutivo, uma razão de sua extinção, título constitutivo, uma razão de sua extinção, condição resolutiva – art. 1951 CC, retrovenda, art, condição resolutiva – art. 1951 CC, retrovenda, art, 505 a 508 do CC505 a 508 do CC

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7- Tutela específica do 7- Tutela específica do domínio domínio AÇÃO REIVINDICATÓRIAAÇÃO REIVINDICATÓRIA – fundada no – fundada no

direito de sequela – art. 1228.direito de sequela – art. 1228. CabimentoCabimento: o proprietário não possuidor X : o proprietário não possuidor X

possuidor não proprietáriopossuidor não proprietário7.1- Pressupostos7.1- Pressupostos::a)a) titularidadetitularidade: registro imobiliário, se há : registro imobiliário, se há

dois títulos de domínio será necessária a dois títulos de domínio será necessária a certidão de filiação – verificação de qual certidão de filiação – verificação de qual transcrição deve prevalecertranscrição deve prevalecer

b)b) Individuação da coisa: Individuação da coisa: descrição descrição atualizada da coisa, atualizada da coisa,

c)c) Posse injusta do réuPosse injusta do réu: :

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IImportante: caso de posse justa do terceiro, o mportante: caso de posse justa do terceiro, o proprietário é carecedor de açãoproprietário é carecedor de ação

Posse injusta é genérico, significa sem título Posse injusta é genérico, significa sem título sem causa jurídica, mesmo que nao seja sem causa jurídica, mesmo que nao seja violenta, clandestina ou precária ou mesmo violenta, clandestina ou precária ou mesmo sendo de boa-fé.sendo de boa-fé.

7.2- 7.2- Efeito específicoEfeito específico: obrigar o possuidor a : obrigar o possuidor a restituir a coisa vindicada com todos os restituir a coisa vindicada com todos os acessórios, em caso de ser impossível de acessórios, em caso de ser impossível de serem restituídos deverão ser indenizados serem restituídos deverão ser indenizados (art. 1217)(art. 1217)

7.3- 7.3- Natureza jurídica:Natureza jurídica: ação de natureza real ação de natureza real É imprescritível, pois o domínio é perpétuo, É imprescritível, pois o domínio é perpétuo,

somente se exingue nos casos previstos em somente se exingue nos casos previstos em lei.lei.

ImprocedênciaImprocedência Súmula 237 STFSúmula 237 STF

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7.4 – DIFERENÇAS ENTRE AÇÃO REIVINDICATÓRIA E 7.4 – DIFERENÇAS ENTRE AÇÃO REIVINDICATÓRIA E IMISSÃO DE POSSEIMISSÃO DE POSSE

REIVINDICATÓRIAREIVINDICATÓRIA natureza realnatureza real Pedido: domínio e Pedido: domínio e

posseposse Defesa: toda e qq Defesa: toda e qq

defesa inclusive que defesa inclusive que seja reconhecido seja reconhecido como dono.como dono.

IMISSÃO DE POSSEIMISSÃO DE POSSE natureza realnatureza real Não discute Não discute

propriedade, só tem propriedade, só tem que prová-la no que prová-la no inicioinicio

Defesa: nulidade da Defesa: nulidade da aquisição ou justa aquisição ou justa causa para causa para retenção.retenção.

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"Ações reais imobiliárias. São as que dizem "Ações reais imobiliárias. São as que dizem respeito a direitos reais sobre imóveis, como as respeito a direitos reais sobre imóveis, como as dominiais (usucapião, reivindicatória, imissão na dominiais (usucapião, reivindicatória, imissão na posse, desapropriação direta, nunciação de obra posse, desapropriação direta, nunciação de obra nova, etc.), como a negatória de servidão. nova, etc.), como a negatória de servidão. Quando a causa de pedir (fundamento do Quando a causa de pedir (fundamento do pedido) for um direito real, caracteriza-se a ação pedido) for um direito real, caracteriza-se a ação como real (Nery, RP 52/171). A ela contrapõe-se como real (Nery, RP 52/171). A ela contrapõe-se a ação pessoal, fundada em direito a ação pessoal, fundada em direito obrigacional." (in Código de Processo Civil obrigacional." (in Código de Processo Civil Comentado; Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Comentado; Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery; Editora Revista dos Tribunais; 9ª Andrade Nery; Editora Revista dos Tribunais; 9ª edição; página 170). edição; página 170).

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7.5- OBJETO7.5- OBJETO

Os bens objeto de propriedade, são as Os bens objeto de propriedade, são as coisas corpóreas móveis ou imóveis coisas corpóreas móveis ou imóveis que estajam no comércio, podendo ser que estajam no comércio, podendo ser singular ou coletivas, simples ou singular ou coletivas, simples ou compostas, ex. Rebanhocompostas, ex. Rebanho

Importante: não cabe reivindicatória:Importante: não cabe reivindicatória: contra condômino de imóvel indiviso;contra condômino de imóvel indiviso; Coisas incorpóreas;Coisas incorpóreas; Usufruto;Usufruto; Coisas futuras;Coisas futuras; Coisas que ainda vão se separar do Coisas que ainda vão se separar do

imóvel, imóvel,

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7.6-7.6- LegitimidadeLegitimidade

Ativa: Ativa: Proprietário Proprietário Promitente compradorPromitente comprador Outorga uxória, art. 10 CPC Outorga uxória, art. 10 CPC EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE IMISSÃO NA EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE IMISSÃO NA

POSSE. NATUREZA REAL IMOBILIÁRIA. ART. 10, §1º, POSSE. NATUREZA REAL IMOBILIÁRIA. ART. 10, §1º, INCISO I DO CPC. LITISCONSÓRCIO PASSIVO INCISO I DO CPC. LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO. AUSÊNCIA DE CITAÇÃO. NULIDADE DA NECESSÁRIO. AUSÊNCIA DE CITAÇÃO. NULIDADE DA SENTENÇA. Nos termos do disposto no art. 10, §1º, SENTENÇA. Nos termos do disposto no art. 10, §1º, inciso I do CPC, nas ações que versem sobre direitos inciso I do CPC, nas ações que versem sobre direitos reais imobiliários, dentre elas a ação de imissão na reais imobiliários, dentre elas a ação de imissão na posse, exige-se que ambos os cônjuges sejam posse, exige-se que ambos os cônjuges sejam necessariamente citados, sob pena de nulidade da necessariamente citados, sob pena de nulidade da sentença. TJMG - APELAÇÃO CÍVEL N° sentença. TJMG - APELAÇÃO CÍVEL N° 1.0049.06.011147-0/001 1.0049.06.011147-0/001

PassivaPassiva Quem está na posse ou detém a coisa sem título ou Quem está na posse ou detém a coisa sem título ou

suporte jurídicosuporte jurídico Possuidor de boa fé – posse injustaPossuidor de boa fé – posse injusta Possuidor direto, nomeação à autoria – art 62 CPCPossuidor direto, nomeação à autoria – art 62 CPC

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06/05/201006/05/20108- Outros meios de defesa da 8- Outros meios de defesa da propriedadepropriedade

8.1- Ação Negatória8.1- Ação Negatória

Cabimento: quando há restrição aos Cabimento: quando há restrição aos direitos inerentes à propriedade, ou seja, direitos inerentes à propriedade, ou seja, por um ato injusto, o proprietário esteja por um ato injusto, o proprietário esteja sofrendo alguma restrição por alguém sofrendo alguma restrição por alguém que se julgue no direito de servidão sobre que se julgue no direito de servidão sobre o imóvel.o imóvel.

Pedido: reconhecimento da liberdade de Pedido: reconhecimento da liberdade de exercício do domínio, proibição do réu exercício do domínio, proibição do réu continuar a molestar o domínio, sob pena continuar a molestar o domínio, sob pena de imposição de multa e a condenação de imposição de multa e a condenação em perdas e danos quando cabível.em perdas e danos quando cabível.

Não pressupõe a perda da posse.Não pressupõe a perda da posse.

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EMENTA: POSSESSÓRIA - REINTEGRATÓRIA - EMENTA: POSSESSÓRIA - REINTEGRATÓRIA - ESBULHO - SERVIDÃO DE PASSAGEM. Em se ESBULHO - SERVIDÃO DE PASSAGEM. Em se tratando de tratando de AÇÃOAÇÃO recuperandae recuperandae possessionis, tendo a parte autora feito a possessionis, tendo a parte autora feito a prova de que, há longos anos, vinha fazendo prova de que, há longos anos, vinha fazendo uso da passagem pela propriedade dos réus, uso da passagem pela propriedade dos réus, é inadmissível que estes, fazendo justica é inadmissível que estes, fazendo justica pelas próprias mãos, fechassem essa pelas próprias mãos, fechassem essa passagem usada há dezenas de anos pela passagem usada há dezenas de anos pela proprietária de imóvel encravado. Caberá proprietária de imóvel encravado. Caberá aos réus, se for o caso, valendo-se de aos réus, se for o caso, valendo-se de procedimento autônomo, próprio e procedimento autônomo, próprio e adequado, pedirem a indenização que adequado, pedirem a indenização que entenderem cabível, ou, se preferirem, entenderem cabível, ou, se preferirem, através de através de AÇÃOAÇÃO NEGATÓRIANEGATÓRIA, pedirem o , pedirem o fechamento da mencionada passagem. fechamento da mencionada passagem. Negaram provimento. ( TAMG - J. Negaram provimento. ( TAMG - J. 22/11/2000 - AP - 322243-5/000 - Rel. Paulo 22/11/2000 - AP - 322243-5/000 - Rel. Paulo Cezar Dias. Cezar Dias.

Page 20: DA PROPRIEDADE 1- HISTÓRIA E SOCIOLOGIA DA PROPRIEDADE 1- HISTÓRIA E SOCIOLOGIA DA PROPRIEDADE No início das civilizações – domínio comum das coisas úteis,

8.2- Ação de dano infecto – art. 1277 e 8.2- Ação de dano infecto – art. 1277 e ss CC, não há procedimento especial, ss CC, não há procedimento especial, o rito será definido pelo valor da o rito será definido pelo valor da causacausa

Cabimento: é naquelas situações em que o Cabimento: é naquelas situações em que o proprietário ou possuidor de umóvel esteja proprietário ou possuidor de umóvel esteja sofrendo ou tenha justo receio de sofrer, dano sofrendo ou tenha justo receio de sofrer, dano ou prejuízo pelo uso nocivo (barulho ou prejuízo pelo uso nocivo (barulho excessivo, desordem, criaçao de animais, excessivo, desordem, criaçao de animais, armazenagem de produtos perigosos como armazenagem de produtos perigosos como explosivos e inflamáveis, exalações fétidas, explosivos e inflamáveis, exalações fétidas, etc.) , ou ruína de prédio vizinho.etc.) , ou ruína de prédio vizinho.

Objetivo principal: cominar pena ao Objetivo principal: cominar pena ao proprietário do prédio vizinho, até que cesse a proprietário do prédio vizinho, até que cesse a situação que fundamenta o pedido ou a situação que fundamenta o pedido ou a prestação de caução pelo dano iminente.prestação de caução pelo dano iminente.

Valor da causa: prejuízo sofrido ou imimente, Valor da causa: prejuízo sofrido ou imimente, em caso de dano abstrato (barulho, desordem, em caso de dano abstrato (barulho, desordem, etc.) caberá ao autor a átribuição do valor. etc.) caberá ao autor a átribuição do valor.

Page 21: DA PROPRIEDADE 1- HISTÓRIA E SOCIOLOGIA DA PROPRIEDADE 1- HISTÓRIA E SOCIOLOGIA DA PROPRIEDADE No início das civilizações – domínio comum das coisas úteis,

Foro competente: situação do imóvel – art. 95 CPCForo competente: situação do imóvel – art. 95 CPC Sobre a ação de dano infecto, Maria Helena Diniz Sobre a ação de dano infecto, Maria Helena Diniz

elucida que "o proprietário está autorizado a exigir elucida que "o proprietário está autorizado a exigir do prédio vizinho a demolição, ou reparação do prédio vizinho a demolição, ou reparação necessária, quando este ameace ruína, bem como necessária, quando este ameace ruína, bem como que preste caução pelo dano iminente" (Código de que preste caução pelo dano iminente" (Código de Processo Civil Anotado, 1995, p. 473). Processo Civil Anotado, 1995, p. 473).

EMENTA: INDENIZAÇÃO. DANO MORAL. DIREITO EMENTA: INDENIZAÇÃO. DANO MORAL. DIREITO DE PROPRIEDADE. CARÁTER NÃO ABSOLUTO. DE PROPRIEDADE. CARÁTER NÃO ABSOLUTO. LOCAÇÃO DO IMÓVEL QUE CAUSA GRAVE LOCAÇÃO DO IMÓVEL QUE CAUSA GRAVE PERTURBAÇÃO NA VIZINHANÇA. LEGITIMIDADE PERTURBAÇÃO NA VIZINHANÇA. LEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM. 1-Na concepção moderna PASSIVA AD CAUSAM. 1-Na concepção moderna do direito de propriedade não há que se falar em do direito de propriedade não há que se falar em seu caráter absoluto.2-Restando evidenciado o seu caráter absoluto.2-Restando evidenciado o mau uso da propriedade (perturbação ao sossego, mau uso da propriedade (perturbação ao sossego, intranqüilidade, violação aos direitos de intranqüilidade, violação aos direitos de vizinhança, entre outros), fica caracterizada a vizinhança, entre outros), fica caracterizada a legitimidade passiva do proprietário do imóvel, legitimidade passiva do proprietário do imóvel, ainda que as perturbações sejam decorrentes de ainda que as perturbações sejam decorrentes de atos de seus inquilinos. APELAÇÃO CÍVEL N° atos de seus inquilinos. APELAÇÃO CÍVEL N° 1.0024.07.764007-6/001 1.0024.07.764007-6/001

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8.3- Ação de Divisão – art. 946, 8.3- Ação de Divisão – art. 946, inciso II do CPC, art. 1320 CCinciso II do CPC, art. 1320 CC

Cabimento: divisão de coisa comum Cabimento: divisão de coisa comum (imóvel rural ou urbano), quando não há (imóvel rural ou urbano), quando não há consenso entre os condôminos. consenso entre os condôminos. O O objetivo da ação divisória é a dissolução objetivo da ação divisória é a dissolução do condomínio, para transformar a cota do condomínio, para transformar a cota ideal de cada co-proprietário sobre o ideal de cada co-proprietário sobre o prédio comum em uma parte concreta, prédio comum em uma parte concreta, determinada e individualizada. determinada e individualizada.

Natureza real: necessidade de outorga Natureza real: necessidade de outorga uxória e citação dos cônjuges – art. 10 uxória e citação dos cônjuges – art. 10 CPCCPC

Legitimidade ativa e passiva: Legitimidade ativa e passiva: condôminos, titulares do direito real condôminos, titulares do direito real (propriedade, uso, usufruto, efiteuse) (propriedade, uso, usufruto, efiteuse)

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o procedimento do juízo divisório, que é formado o procedimento do juízo divisório, que é formado tanto pela ação demarcatória, como pela tanto pela ação demarcatória, como pela divisória, esta última objeto da presente divisória, esta última objeto da presente demanda, como bem ensina Humberto demanda, como bem ensina Humberto Theodoro Júnior, in Curso de Direito Processual Theodoro Júnior, in Curso de Direito Processual Civil, Procedimentos Especiais, 19. ed., Rio de Civil, Procedimentos Especiais, 19. ed., Rio de Janeiro, Forense, 1999, v. III, p. 225, 'se Janeiro, Forense, 1999, v. III, p. 225, 'se desdobra em desdobra em duas fases distintas e duas fases distintas e necessáriasnecessárias: uma a respeito da definição do : uma a respeito da definição do direito de dividir ou demarcar, e outra em que direito de dividir ou demarcar, e outra em que se levam a efeito as se levam a efeito as operações técnicas de operações técnicas de demarcação e divisãodemarcação e divisão, propriamente ditas, e , propriamente ditas, e que naturalmente pressupõem o acolhimento da que naturalmente pressupõem o acolhimento da pretensão apreciada e decidida na primeira fase' pretensão apreciada e decidida na primeira fase'

Para atingir a finalidade da divisão, o Para atingir a finalidade da divisão, o procedimento se divide em duas fases distintas: procedimento se divide em duas fases distintas: na primeira, se discute o direito à divisão e, na na primeira, se discute o direito à divisão e, na segunda, a execução do direito à divisão, caso já segunda, a execução do direito à divisão, caso já não realizado na primeira fase, via perícia. não realizado na primeira fase, via perícia.

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Pode ser cumulada com ação de Pode ser cumulada com ação de demarcação, citação de todos os demarcação, citação de todos os confinantes.confinantes.

Petição inicial deve indicar a origem Petição inicial deve indicar a origem da comunhão, a denominação, os da comunhão, a denominação, os limites e característica do imóvel, as limites e característica do imóvel, as benfeitorias comum, se algum dos benfeitorias comum, se algum dos consortes está estabelecido no consortes está estabelecido no imóvel, com ou esm benfeitorias imóvel, com ou esm benfeitorias próprias.próprias.

Citação pessoal para os residentes Citação pessoal para os residentes na comarca e por edital daqueles que na comarca e por edital daqueles que nela não residem (art. 953 CPC).nela não residem (art. 953 CPC).

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O bem deve comportar divisão – art. 87 CC, caso O bem deve comportar divisão – art. 87 CC, caso contrário será cabível a extinção do condomínio.contrário será cabível a extinção do condomínio.

Foro Competente: onde está localizado o imóvel – Foro Competente: onde está localizado o imóvel – art. 95 CPCart. 95 CPC

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA - AÇÃO DE CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA - AÇÃO DE DIVISÃO - AÇÃO FUNDADA EM DIREITO REAL - DIVISÃO - AÇÃO FUNDADA EM DIREITO REAL - COMPETÊNCIA - SITUAÇÃO DO IMÓVEL - ART. 95 DO COMPETÊNCIA - SITUAÇÃO DO IMÓVEL - ART. 95 DO CPC. A ação fundada em direito real sobre imóvel, CPC. A ação fundada em direito real sobre imóvel, notadamente a ação de divisão, recai na regra do notadamente a ação de divisão, recai na regra do art. 95 do CPC, devendo ser proposta no foro da art. 95 do CPC, devendo ser proposta no foro da situação da coisa, porquanto competente aquele situação da coisa, porquanto competente aquele juízo para o conhecimento e julgamento do feito. juízo para o conhecimento e julgamento do feito.

Contestação – prazo de 20 dias, ação de natureza Contestação – prazo de 20 dias, ação de natureza dúplicedúplice

Valor da causa: valor venal do imóvelValor da causa: valor venal do imóvel Perícia técnica – caso necessárioPerícia técnica – caso necessário Pedido: que seja determinada a divisão do bem em Pedido: que seja determinada a divisão do bem em

partes iguais, atribuindo-se, após perícia técnica, a partes iguais, atribuindo-se, após perícia técnica, a cada condômino uma parte específica do bem, cada condômino uma parte específica do bem, pondo fim, à comunhão ou ao condomínio.pondo fim, à comunhão ou ao condomínio.

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8.4- Ação de demarcação de terras particulares – 8.4- Ação de demarcação de terras particulares – art. 946, I do CPC e 1297 ss CC 18/10art. 946, I do CPC e 1297 ss CC 18/10

Cabimento: é cabível ao proprietário para obrigar Cabimento: é cabível ao proprietário para obrigar seu confinante a estremar os respectivos prédios, seu confinante a estremar os respectivos prédios, fixando-se novos limites entre eles ou fixando-se novos limites entre eles ou aviventando os já apagados.aviventando os já apagados.

HUMBERTO THEODORO JÚNIOR, a ação HUMBERTO THEODORO JÚNIOR, a ação demarcatória tem como objetivo: demarcatória tem como objetivo:

"a) adaptar no terreno os limites do prédio, quer "a) adaptar no terreno os limites do prédio, quer de forma originária, quando ainda nunca foram de forma originária, quando ainda nunca foram assinalados, quer de forma superveniente, assinalados, quer de forma superveniente, quando antes já haviam sido assinalados, mas os quando antes já haviam sido assinalados, mas os marcos desapareceram; dessa maneira, opera-se marcos desapareceram; dessa maneira, opera-se a constituição de limites novos, ou a aviventação a constituição de limites novos, ou a aviventação de limites velhos; de limites velhos;

b) operar a restituição de terrenos 'que se b) operar a restituição de terrenos 'que se acharem indevidamente na posse do confinante'" acharem indevidamente na posse do confinante'" (in "TERRAS PARTICULARES - DIVISÃO, (in "TERRAS PARTICULARES - DIVISÃO, DEMARCAÇÃO E TAPUMES", Leud, 1981, p. 192). DEMARCAÇÃO E TAPUMES", Leud, 1981, p. 192).

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"Se a linha divisória existente não corresponde "Se a linha divisória existente não corresponde aos títulos e não há outros limites, devidamente aos títulos e não há outros limites, devidamente definidos no terreno, cabível a demarcatória. A definidos no terreno, cabível a demarcatória. A reivindicatória supõe perfeita individuação da reivindicatória supõe perfeita individuação da coisa, e para tanto é adequado o pedido de coisa, e para tanto é adequado o pedido de demarcar" (REsp. nº 3.193-PR, rel. Min. demarcar" (REsp. nº 3.193-PR, rel. Min. EDUARDO RIBEIRO, RSTJ 13/399) EDUARDO RIBEIRO, RSTJ 13/399)

"Mesmo havendo marcos no terreno, permite-se "Mesmo havendo marcos no terreno, permite-se o manejo da demarcatória para fixar os limites o manejo da demarcatória para fixar os limites se existe divergência de área entre a realidade se existe divergência de área entre a realidade e os títulos dominiais, geradora de insegurança e os títulos dominiais, geradora de insegurança e controvérsia entre as partes. Segundo o e controvérsia entre as partes. Segundo o melhor entendimento doutrinário e melhor entendimento doutrinário e jurisprudencial, o ponto decisivo a distinguir a jurisprudencial, o ponto decisivo a distinguir a demarcatória em relação à reivindicatória é 'a demarcatória em relação à reivindicatória é 'a circunstância de ser imprecisa, indeterminada circunstância de ser imprecisa, indeterminada ou confusa a verdadeira linha de confrontação a ou confusa a verdadeira linha de confrontação a ser estabelecida ou restabelecida no terreno" ser estabelecida ou restabelecida no terreno" (Resp. º 60.110-0, rel. Min. SÁLVIO DE (Resp. º 60.110-0, rel. Min. SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, DJU 02.10.95, p. 32.377) FIGUEIREDO TEIXEIRA, DJU 02.10.95, p. 32.377)

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O fundamento do pedido de demarcar é sempre a O fundamento do pedido de demarcar é sempre a confusão de limites, decorrente de incerteza das confusão de limites, decorrente de incerteza das fronteiras de dois prédios contíguos, situação essa fronteiras de dois prédios contíguos, situação essa que pode decorrer apenas da ausência de que pode decorrer apenas da ausência de demarcação, mas que também pode envolver demarcação, mas que também pode envolver intrincadas questões dominiais, como as de intrincadas questões dominiais, como as de entender uma das partes ser inválido o título da entender uma das partes ser inválido o título da outra ou de ter havido invasão da área pelo outra ou de ter havido invasão da área pelo vizinho além da linha indicada por seu próprio vizinho além da linha indicada por seu próprio título.título.

"a forma normal de verificar o conteúdo e a "a forma normal de verificar o conteúdo e a extensão do direito de propriedade sobre os bens extensão do direito de propriedade sobre os bens imóveis é a consulta ao título de aquisição do imóveis é a consulta ao título de aquisição do domínio. Quando, portanto, os títulos dos domínio. Quando, portanto, os títulos dos confinantes são precisos e harmônicos na confinantes são precisos e harmônicos na indicação da linha de confim, a operação indicação da linha de confim, a operação demarcatória torna-se muito singela e se restringe demarcatória torna-se muito singela e se restringe ao trabalho do agrimensor de materializar no ao trabalho do agrimensor de materializar no terreno e documentar em mapa e memorial o terreno e documentar em mapa e memorial o traçado recomendado pelos títulos." (in "TERRAS traçado recomendado pelos títulos." (in "TERRAS PARTICULARES - DIVISÃO, DEMARCAÇÃO E PARTICULARES - DIVISÃO, DEMARCAÇÃO E TAPUMES", Leud, 1981, p. 217). TAPUMES", Leud, 1981, p. 217).

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Entretanto, se os títulos Entretanto, se os títulos divergirem, a solução já não é divergirem, a solução já não é mais da competência exclusiva mais da competência exclusiva do perito, cabendo ao Magistrado do perito, cabendo ao Magistrado definir qual o traçado a definir qual o traçado a prevalecer, diante do cotejo de prevalecer, diante do cotejo de outros elementos.outros elementos.

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Veja a lição de HUMBERTO THEODORO Veja a lição de HUMBERTO THEODORO JÚNIOR: JÚNIOR:

"No caso de títulos divergentes ou "No caso de títulos divergentes ou conflitantes, a primeira preocupação há de conflitantes, a primeira preocupação há de ser a verificação em torno da validade e ser a verificação em torno da validade e eficácia de ambos. Se um deles é nulo ou eficácia de ambos. Se um deles é nulo ou ineficaz, é claro que a demarcação será feita ineficaz, é claro que a demarcação será feita com base no título bom, desprezando-se o com base no título bom, desprezando-se o viciado. (...) Ensina FRAGA que, se o conflito viciado. (...) Ensina FRAGA que, se o conflito acha-se instalado entre títulos provenientes acha-se instalado entre títulos provenientes de transmitentes diversos, em princípio, a de transmitentes diversos, em princípio, a solução será a de fazer prevalecer o título solução será a de fazer prevalecer o título mais antigo, mormente quando encontrar ele mais antigo, mormente quando encontrar ele apoio na posse" (in "TERRAS PARTICULARES apoio na posse" (in "TERRAS PARTICULARES - DIVISÃO, DEMARCAÇÃO E TAPUMES", Leud, - DIVISÃO, DEMARCAÇÃO E TAPUMES", Leud, 1981, p. 218/219). 1981, p. 218/219).

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EXTENSÃO DO DIREITO DE EXTENSÃO DO DIREITO DE PROPRIEDADE PROPRIEDADE — A extensão deve ser — A extensão deve ser visualizada sob o aspecto real que visualizada sob o aspecto real que compete ao titular desse direito, sendo compete ao titular desse direito, sendo que esse poder recai sobre coisas que esse poder recai sobre coisas determinadas: móveis e imóveis. Quando determinadas: móveis e imóveis. Quando recai sobre imóveis, a extensão pode não recai sobre imóveis, a extensão pode não ser estabelecida tão seguramente. Pode ir ser estabelecida tão seguramente. Pode ir ao espaço aéreo ou ao subsolo. Há que se ao espaço aéreo ou ao subsolo. Há que se determinar a extensão: espaço aéreo, determinar a extensão: espaço aéreo, subsolo e partes integrantes, a saber: subsolo e partes integrantes, a saber:

1o EXTENSÃO VERTICAL/HORIZONTAL1o EXTENSÃO VERTICAL/HORIZONTAL — O poder do proprietário de um bem de — O poder do proprietário de um bem de raiz deve-se estender para cima e para raiz deve-se estender para cima e para baixo, a determinada altura e baixo, a determinada altura e profundidade. Ex: Edificar um prédio. profundidade. Ex: Edificar um prédio.

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2o ESPAÇO AÉREO2o ESPAÇO AÉREO — O direito do — O direito do proprietário sobre o espaço aéreo limita-proprietário sobre o espaço aéreo limita-se a satisfação das necessidades práticas se a satisfação das necessidades práticas da propriedade. Prevalecendo a utilidade da propriedade. Prevalecendo a utilidade do exercício. Ex: Passagem de fios do exercício. Ex: Passagem de fios condutores de energia, que independem condutores de energia, que independem da anuência do proprietário. da anuência do proprietário.

3o SUBSOLO3o SUBSOLO — O direito ao subsolo — O direito ao subsolo estende-se ao exercício útil, assim como o estende-se ao exercício útil, assim como o espaço aéreo. As riquezas existentes no espaço aéreo. As riquezas existentes no subsolo pertencem a economia nacional. subsolo pertencem a economia nacional. Se existentes, tais riquezas são Se existentes, tais riquezas são considerados considerados resres nulliusnullius, coisas , coisas pertencentes ao domínio estrito do pertencentes ao domínio estrito do Estado, cuja exploração se dará sob Estado, cuja exploração se dará sob concessão. concessão.

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DA AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE DA AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVELIMÓVEL

INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO Via de regra o contrato é o Via de regra o contrato é o

instrumento para aquisição de bens, instrumento para aquisição de bens, mas não é capaz de transferir a mas não é capaz de transferir a propriedade, pois o domínio de bens propriedade, pois o domínio de bens móveis é transferido pela a tradição móveis é transferido pela a tradição e quanto aos imóveis, ocorre com a e quanto aos imóveis, ocorre com a transcrição do título aquisitivo, tal transcrição do título aquisitivo, tal procedimento adotado no Brasil procedimento adotado no Brasil seguiu o modelo alemão, com seguiu o modelo alemão, com algumas alteraçõesalgumas alterações..

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SISTEMAS DE AQUISIÇÃO DA SISTEMAS DE AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE PROPRIEDADE

FRANCÊSFRANCÊS- o simples contrato - o simples contrato transfere a propriedade, alguns juristas transfere a propriedade, alguns juristas brasileiros perfilados da doutrina brasileiros perfilados da doutrina minoritária, defendem que no Brasil o minoritária, defendem que no Brasil o simples contrato transfere a simples contrato transfere a propriedade.propriedade.

Para os franceses, a transcrição no Para os franceses, a transcrição no registro imobiliário não é constitutiva registro imobiliário não é constitutiva de direito real. O contrato é, ao mesmo de direito real. O contrato é, ao mesmo tempo, obrigação e fato gerador de tempo, obrigação e fato gerador de direito real, a propriedade é transferida direito real, a propriedade é transferida pelo simples consentimento, o registro pelo simples consentimento, o registro imobiliário serve apenas para dar imobiliário serve apenas para dar publicidade ao negócio jurídico.publicidade ao negócio jurídico.

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ALEMÃOALEMÃO- a partir de 1896, o código alemão - a partir de 1896, o código alemão

instituiu a transferência de propriedade instituiu a transferência de propriedade fundada no registro imobiliário, que se exige fundada no registro imobiliário, que se exige cadastro dos imóveis, quando registrado o ato cadastro dos imóveis, quando registrado o ato assume caráter de negócio jurídico abstrato e assume caráter de negócio jurídico abstrato e se desvincula do contrato anterior.se desvincula do contrato anterior.

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Aquisição da Aquisição da propriedade propriedade BRASILEIROBRASILEIRO – o nosso ordenamento – o nosso ordenamento

jurídico adotou o sistema alemão, mas jurídico adotou o sistema alemão, mas devido às nossas deficiências devido às nossas deficiências estruturais, o registro não tem estruturais, o registro não tem presunção absoluta como o dos presunção absoluta como o dos alemães, em nosso caso, trata-se de alemães, em nosso caso, trata-se de iurisiuris tantumtantum, relativa, pois se admite , relativa, pois se admite prova em contrário, quanto ao titular do prova em contrário, quanto ao titular do direito real constante do registro direito real constante do registro imobiliário. (art. 1227 e art. 1247 do imobiliário. (art. 1227 e art. 1247 do CC).CC).

Além disso, no Brasil, qualquer pessoa Além disso, no Brasil, qualquer pessoa interessada pode requerer o registro, interessada pode requerer o registro, enquanto que no sistema alemão, para enquanto que no sistema alemão, para a transcrição, há necessidade do acordo a transcrição, há necessidade do acordo de ambas as partes. de ambas as partes.

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DA AQUISIÇÃO DA DA AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL – PROPRIEDADE IMÓVEL –

1. DA AQUISIÇÃO PELO REGISTRO DO 1. DA AQUISIÇÃO PELO REGISTRO DO TÍTULOTÍTULO

Para a aquisição da propriedade imóvel Para a aquisição da propriedade imóvel não basta simples acordo de vontades entre não basta simples acordo de vontades entre adquirente e transmitente. O contrato de adquirente e transmitente. O contrato de compra e venda, por exemplo, não basta, por si compra e venda, por exemplo, não basta, por si só, para transferir o domínio. Essa transferência só, para transferir o domínio. Essa transferência somente se opera com a transcrição do título somente se opera com a transcrição do título no registro imobiliário.no registro imobiliário.

Dois são, portanto, os requisitos para a Dois são, portanto, os requisitos para a aquisição de bem imóvel: aquisição de bem imóvel: (1)(1) acordo de acordo de vontades entre adquirente e transmitente, o vontades entre adquirente e transmitente, o qual deve constar obrigatoriamente de qual deve constar obrigatoriamente de escritura públicaescritura pública; ; (2)(2) registro do títuloregistro do título translativo na circunscrição imobiliária translativo na circunscrição imobiliária competente (Lei 6015, de 31.12.1973).competente (Lei 6015, de 31.12.1973).

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A transcrição, em face do nosso direito, A transcrição, em face do nosso direito, não é, por conseguinte, mera publicação não é, por conseguinte, mera publicação do ato translativo do direito francês. Ao do ato translativo do direito francês. Ao contrário, é tradição solene, que gera contrário, é tradição solene, que gera direito real para o adquirente, direito real para o adquirente, transferindo-lhe o domínio. Mas também transferindo-lhe o domínio. Mas também não é a transcrição do direito germânico, não é a transcrição do direito germânico, uma vez que seu valor não é absoluto, uma vez que seu valor não é absoluto, comportando prova em contrário. Assim, comportando prova em contrário. Assim, os efeitos da transcrição do título são:os efeitos da transcrição do título são:

(a) publicidade(a) publicidade, conferida pelo , conferida pelo Estado por meio de seu órgão competente, Estado por meio de seu órgão competente, o registro imobiliário. Essa publicidade tem o registro imobiliário. Essa publicidade tem por fim tornar conhecido o direito de por fim tornar conhecido o direito de propriedade, pois, como escreve propriedade, pois, como escreve Lafayette, manifestação visível, de um Lafayette, manifestação visível, de um sinal exterior, que ateste e afirme aquele sinal exterior, que ateste e afirme aquele ato diante da sociedade.ato diante da sociedade.

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Se o domínio obriga a todos, pode Se o domínio obriga a todos, pode ser oposto a todos, importando, ser oposto a todos, importando, assim, que todos conheçam suas assim, que todos conheçam suas evoluções, a fim de se prevenir evoluções, a fim de se prevenir fraudes que a má fé de uns, fraudes que a má fé de uns, protegida pela clandestinidade, pode protegida pela clandestinidade, pode preparar em prejuízo da boa fé de preparar em prejuízo da boa fé de outros.outros.

(b) legalidade(b) legalidade do direito do do direito do proprietário, uma vez que o oficial só proprietário, uma vez que o oficial só efetua a transcrição do título quando efetua a transcrição do título quando não encontra quaisquer não encontra quaisquer irregularidade.irregularidade.

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(c) força probante(c) força probante, que se funda na fé pública , que se funda na fé pública do registro, pois presume-se pertencer o direito do registro, pois presume-se pertencer o direito real à pessoa em cujo nome se transcreveu.real à pessoa em cujo nome se transcreveu.

(d) continuidade(d) continuidade, já que constitui a , já que constitui a transcrição um dos modos derivados de transcrição um dos modos derivados de aquisição do domínio, prende-se ela à anterior; aquisição do domínio, prende-se ela à anterior; se o imóvel não estiver registrado em nome do se o imóvel não estiver registrado em nome do alienante ou transmitente, não poderá ser alienante ou transmitente, não poderá ser transcrito em nome do adquirente. Urge transcrito em nome do adquirente. Urge providenciar primeiro a inscrição em nome providenciar primeiro a inscrição em nome daquele para depois efetuar a deste.daquele para depois efetuar a deste.

(e) obrigatoriedade(e) obrigatoriedade, por ser a , por ser a transcrição indispensável à aquisição da transcrição indispensável à aquisição da propriedade imobiliária inter vivos, devendo ser propriedade imobiliária inter vivos, devendo ser efetivada no cartório da situação do imóvel. Se efetivada no cartório da situação do imóvel. Se se tratar de bens situados em várias comarcas, o se tratar de bens situados em várias comarcas, o registro deve ser feito em todas elas. O registro deve ser feito em todas elas. O desmembramento da comarca não requer, desmembramento da comarca não requer, porém, repetição de registro já efetuado no novo porém, repetição de registro já efetuado no novo cartório (Lei 6015/73, art. 169).cartório (Lei 6015/73, art. 169).

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(f) retificação(f) retificação, porque o registro não é , porque o registro não é imutável; se não exprimir a realidade imutável; se não exprimir a realidade jurídica ou a verdade dos fatos, pode jurídica ou a verdade dos fatos, pode ser modificado ante pedido do ser modificado ante pedido do prejudicado e com audiência da parte prejudicado e com audiência da parte interessada. Essa retificação encontra-interessada. Essa retificação encontra-se regulamentada nos artigos 213 e 216 se regulamentada nos artigos 213 e 216 da Lei 6015/73, bem como, no artigo da Lei 6015/73, bem como, no artigo 1247, CC/02, sendo inadmissível, por 1247, CC/02, sendo inadmissível, por exemplo, substituir o nome do exemplo, substituir o nome do adquirente pelo de outro indivíduo ou adquirente pelo de outro indivíduo ou um imóvel por outro, mediante o um imóvel por outro, mediante o processo administrativo.processo administrativo.

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(g) da Instância (g) da Instância – não se permite – não se permite ao oficial proceder registros de ofício, ao oficial proceder registros de ofício, somente ocorre mediante requerimento somente ocorre mediante requerimento da parte interessada, do MP quando a lei da parte interessada, do MP quando a lei autorizar e por ordem judicial (art. 198 autorizar e por ordem judicial (art. 198 LRP)LRP)

(h) da especialidade(h) da especialidade – trata-se – trata-se da exigência quanto a minuciosa da exigência quanto a minuciosa especificação, individualização, no título, especificação, individualização, no título, do bem a ser registrado, art. 225 LRP.do bem a ser registrado, art. 225 LRP.

(i) da prioridade(i) da prioridade – este princípio – este princípio protege quem primeiro registra o seu protege quem primeiro registra o seu título.título.

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1.2. Outras disposições 19/101.2. Outras disposições 19/10 Dispõe o artigo 1245, §1º, CC/02, Dispõe o artigo 1245, §1º, CC/02,

“enquanto não se registrar o título “enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser translativo, o alienante continua a ser havido como dono do imóvel”.havido como dono do imóvel”.

Assim, o título translativo cria Assim, o título translativo cria apenas direitos pessoais entre as partes apenas direitos pessoais entre as partes contratantes. Só a transcrição opera a contratantes. Só a transcrição opera a transferência do domínio; portanto, o transferência do domínio; portanto, o registro, e não o título, determina a registro, e não o título, determina a transmissão, salvo se outra data houver transmissão, salvo se outra data houver sido convencionada.sido convencionada.

Por isso mesmo, adquirente que Por isso mesmo, adquirente que não transcreva seu título não é não transcreva seu título não é dominusdominus, não podendo, de tal arte, , não podendo, de tal arte, propor ação de reivindicação.propor ação de reivindicação.

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E se o alienante vier a falecer antes da E se o alienante vier a falecer antes da transcrição, poderá o adquirente, transcrição, poderá o adquirente, malgrado esse evento, transcrever o malgrado esse evento, transcrever o título aquisitivo? título aquisitivo?

Impõe-se a sua afirmativa. Registro é ato Impõe-se a sua afirmativa. Registro é ato unilateral, sem prazo certo para a sua unilateral, sem prazo certo para a sua realização. Por força do próprio contrato, realização. Por força do próprio contrato, o adquirente fica implicitamente o adquirente fica implicitamente autorizado pelo vendedor a praticar o ato autorizado pelo vendedor a praticar o ato final, a transcrição. Assim, nada impede final, a transcrição. Assim, nada impede que esta se faça após a morte do que esta se faça após a morte do vendedor. O mesmo acontecerá no caso vendedor. O mesmo acontecerá no caso de óbito do adquirente, hipótese em que de óbito do adquirente, hipótese em que aos herdeiros, através do inventariante, aos herdeiros, através do inventariante, compete promover o registro.compete promover o registro.

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Por fim, o processo de registro acha-se Por fim, o processo de registro acha-se pormenorizadamente exposto e disciplinado pormenorizadamente exposto e disciplinado nos artigos 182 e seguintes da Lei 6.015/73. nos artigos 182 e seguintes da Lei 6.015/73. Dentre as várias exigências para a Dentre as várias exigências para a efetividade da transcrição avulta a perfeita efetividade da transcrição avulta a perfeita individuação do imóvel transmitido.individuação do imóvel transmitido.

Torna-se preciso que bem expressos Torna-se preciso que bem expressos sejam todos os seus característicos a fim de sejam todos os seus característicos a fim de que se evidenciem sua indicação e que se evidenciem sua indicação e identidade. Mas a exata menção da área não identidade. Mas a exata menção da área não é condição essencial, nem está na atribuição é condição essencial, nem está na atribuição do oficial apurar se as características do do oficial apurar se as características do imóvel são rigorosamente certas.imóvel são rigorosamente certas.

Exige-se apenas que terceiros tenham Exige-se apenas que terceiros tenham notícia de que o imóvel se acha transcrito e notícia de que o imóvel se acha transcrito e não se confunde com outro pertencente ao não se confunde com outro pertencente ao mesmo transmitente.mesmo transmitente.

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2. DA AQUISIÇÃO POR ACESSÃO – 2. DA AQUISIÇÃO POR ACESSÃO – Acessão é o modo originário de Acessão é o modo originário de

adquirir a propriedade, em virtude adquirir a propriedade, em virtude do qual ao proprietário fica do qual ao proprietário fica pertencendo tudo quanto se une ou pertencendo tudo quanto se une ou adere ao seu bem.adere ao seu bem.

O Código Civil brasileiro segue a O Código Civil brasileiro segue a tradição romana, incluindo a acessão tradição romana, incluindo a acessão entre os modos de adquirir a entre os modos de adquirir a propriedade (1248).propriedade (1248).

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A acessão pode ser natural, que é a A acessão pode ser natural, que é a produzida espontaneamente, por obra produzida espontaneamente, por obra da natureza, independentemente de da natureza, independentemente de qualquer intervenção humana (aluvião, qualquer intervenção humana (aluvião, álveo abandonado e formação de ilhas); álveo abandonado e formação de ilhas); industrial, a produzida pela mistura ou industrial, a produzida pela mistura ou incorporação de coisas pertencentes a incorporação de coisas pertencentes a donos diversos, em virtude de obras ou donos diversos, em virtude de obras ou serviços humanos; e mista, a resultante serviços humanos; e mista, a resultante da conjugação de meios naturais e da conjugação de meios naturais e industriais (semeadura, plantação). industriais (semeadura, plantação). Mas, como adverte Clóvis Beviláqua, Mas, como adverte Clóvis Beviláqua, nem uma nem outra divisão oferece nem uma nem outra divisão oferece interesse prático.interesse prático.

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O Código Civil, em seu artigo 1248, O Código Civil, em seu artigo 1248, contempla cinco formas de contempla cinco formas de acessão:acessão:

I. Formação de ilhas; I. Formação de ilhas; II. Aluvião; II. Aluvião; III. Avulsão; III. Avulsão; IV. Abandono de álveo; IV. Abandono de álveo; V. Construções ou plantações.V. Construções ou plantações.

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2.1. Acessão por formação de ilhas2.1. Acessão por formação de ilhas Pode a ilha emergir no mar, no Pode a ilha emergir no mar, no

curso de rio navegável ou público e no curso de rio navegável ou público e no curso de rio não navegável ou curso de rio não navegável ou particular.particular.

Quando a ilha nasce no mar, Quando a ilha nasce no mar, cumpre distinguir se a emersão ocorre cumpre distinguir se a emersão ocorre ou não em águas territoriais, cujos ou não em águas territoriais, cujos limites são traçados pela Lei 8.617/93, limites são traçados pela Lei 8.617/93, art. 16. No caso afirmativo, ela art. 16. No caso afirmativo, ela pertencerá ao país banhado por essas pertencerá ao país banhado por essas águas. Se nasce em alto-mar, águas. Se nasce em alto-mar, pertencerá ao primeiro ocupante. Trata-pertencerá ao primeiro ocupante. Trata-se, porém, de questão afeta ao direito se, porém, de questão afeta ao direito internacional público, estranha, pois, ao internacional público, estranha, pois, ao direito privado.direito privado.

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Refoge também ao estudo do direito Refoge também ao estudo do direito civil acessão de ilhas ou ilhotas civil acessão de ilhas ou ilhotas formadas no curso de rios navegáveis formadas no curso de rios navegáveis (pelo Decreto 21235/32, consideram-se (pelo Decreto 21235/32, consideram-se navegáveis os rios e as lagoas em que navegáveis os rios e as lagoas em que a navegação seja possível, por a navegação seja possível, por embarcações de qualquer espécie, embarcações de qualquer espécie, inclusive jangadas, balsas e pranchas) inclusive jangadas, balsas e pranchas) ou que banhem mais de um Estado. ou que banhem mais de um Estado. Tais correntes são públicas, por força Tais correntes são públicas, por força da CF, artigo 20, inciso IV. Seguem da CF, artigo 20, inciso IV. Seguem estas a condição jurídica daquelas.estas a condição jurídica daquelas.

Só interessam, enfim, ao direito Só interessam, enfim, ao direito civil ilhas e ilhotas aparecidas nas civil ilhas e ilhotas aparecidas nas “correntes comuns ou particulares”.“correntes comuns ou particulares”.

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Dispõe o artigo 1249 do Código Civil:Dispõe o artigo 1249 do Código Civil: ““Art. 1249. As ilhas que se formarem em Art. 1249. As ilhas que se formarem em

correntes comuns ou particulares pertencem correntes comuns ou particulares pertencem aos proprietários ribeirinhos fronteiros, aos proprietários ribeirinhos fronteiros, observadas as regras seguintes:observadas as regras seguintes:

I - As que se formarem no meio do rio, I - As que se formarem no meio do rio, consideram-se acréscimos sobrevindos aos consideram-se acréscimos sobrevindos aos terrenos ribeirinhos fronteiros de ambas as terrenos ribeirinhos fronteiros de ambas as margens, na proporção de suas testadas, até a margens, na proporção de suas testadas, até a linha que dividir o álveo em duas partes iguais.linha que dividir o álveo em duas partes iguais.

II - As que se formarem entre a referida II - As que se formarem entre a referida linha e uma das margens consideram-se linha e uma das margens consideram-se acréscimos aos terrenos ribeirinhos fronteiros acréscimos aos terrenos ribeirinhos fronteiros desse mesmo lado.desse mesmo lado.

III - As que formarem pelo III - As que formarem pelo desdobramento de um novo braço do rio desdobramento de um novo braço do rio continuam a pertencer aos proprietários dos continuam a pertencer aos proprietários dos terrenos à custa dos quais se constituíram.”terrenos à custa dos quais se constituíram.”

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Em matéria de ilhas, portanto, a regra é a Em matéria de ilhas, portanto, a regra é a seguinte: formadas em correntes comuns ou seguinte: formadas em correntes comuns ou particulares são do domínio particular.particulares são do domínio particular.

Mas, nesse caso, a própria natureza se Mas, nesse caso, a própria natureza se incumbe de indicar os próprios beneficiados, que incumbe de indicar os próprios beneficiados, que serão os ribeirinhos, na proporção de suas serão os ribeirinhos, na proporção de suas testadas, tendo como ponto de referência uma testadas, tendo como ponto de referência uma linha imaginária que passe pelo meio da corrente.linha imaginária que passe pelo meio da corrente.

Cada proprietário recebe a porção surgida Cada proprietário recebe a porção surgida de seu lado. Se dois ou mais os proprietários da de seu lado. Se dois ou mais os proprietários da mesma margem, a quota de cada um será mesma margem, a quota de cada um será determinada mediante perpendiculares tiradas do determinada mediante perpendiculares tiradas do ponto final da divisa, na margem, até alcançar a ponto final da divisa, na margem, até alcançar a linha mediana.linha mediana.

Se o rio vem lançar novo braço, dando Se o rio vem lançar novo braço, dando origem a um ilha, o respectivo proprietário será origem a um ilha, o respectivo proprietário será aquela a cujas expensas ela se constituiu. Se o rio aquela a cujas expensas ela se constituiu. Se o rio for público, a ilha formada pelo desdobramento for público, a ilha formada pelo desdobramento do novo braço poderá entrar para o domínio do novo braço poderá entrar para o domínio público mediante prévia indenização ao público mediante prévia indenização ao proprietário que sofreu o desfalque.proprietário que sofreu o desfalque.

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2.2. Acessão por aluvião2.2. Acessão por aluvião Aluvião é o acrescentamento insensível Aluvião é o acrescentamento insensível

que o rio anexa tão vagarosamente às margens que o rio anexa tão vagarosamente às margens que seria impossível, num dado momento, que seria impossível, num dado momento, apreciar a quantidade acrescida.apreciar a quantidade acrescida.

A aluvião, como diz Brugi, é obra da A aluvião, como diz Brugi, é obra da natureza, não do trabalho humano. Não pode, natureza, não do trabalho humano. Não pode, pois, ser produzido artificialmente.pois, ser produzido artificialmente.

Pelo artigo 1250 do Código Civil: “Os Pelo artigo 1250 do Código Civil: “Os acréscimos formados, sucessiva e acréscimos formados, sucessiva e imperceptivelmente, por depósitos e aterros imperceptivelmente, por depósitos e aterros naturais ao longo das margens das correntes, ou naturais ao longo das margens das correntes, ou pelo desvio das águas destas, pertencem aos pelo desvio das águas destas, pertencem aos donos dos terrenos marginais, sem donos dos terrenos marginais, sem indenização”.indenização”.

““O terreno aluvial, que se formar em O terreno aluvial, que se formar em frente de prédios de proprietários diferentes, frente de prédios de proprietários diferentes, dividir-se-á entre eles, na proporção da testada dividir-se-á entre eles, na proporção da testada de cada um sobre a antiga margem” (artigo de cada um sobre a antiga margem” (artigo 1250, parágrafo único, Código Civil).1250, parágrafo único, Código Civil).

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2.3. Acessão por avulsão2.3. Acessão por avulsão Avulsão é a desagregação repentina de um Avulsão é a desagregação repentina de um

trecho de terra por força natural violenta. Não se trecho de terra por força natural violenta. Não se confunde com a aluvião, que é acréscimo confunde com a aluvião, que é acréscimo vagaroso e imperceptível.vagaroso e imperceptível.

Pela avulsão, desprende-se porção Pela avulsão, desprende-se porção considerável e reconhecível de determinada considerável e reconhecível de determinada propriedade imóvel, transportada pela correnteza propriedade imóvel, transportada pela correnteza para outra propriedade, situada a jusante ou na para outra propriedade, situada a jusante ou na margem oposta.margem oposta.

““Quando, por força natural violenta, uma Quando, por força natural violenta, uma porção de terra destacar de um prédio e se juntar porção de terra destacar de um prédio e se juntar a outro, o dono deste adquirirá a propriedade do a outro, o dono deste adquirirá a propriedade do acréscimo, se indenizar o dono do primeiro ou, acréscimo, se indenizar o dono do primeiro ou, sem indenização, se, em 1 (um) ano, ninguém sem indenização, se, em 1 (um) ano, ninguém houver reclamado” (artigo 1251, caput, CC/02).houver reclamado” (artigo 1251, caput, CC/02).

““Recusando-se ao pagamento de Recusando-se ao pagamento de indenização, o dono do prédio a que se juntou a indenização, o dono do prédio a que se juntou a porção de terra deverá aquiescer a que se porção de terra deverá aquiescer a que se remova a parte acrescida”. (artigo 1251, remova a parte acrescida”. (artigo 1251, parágrafo único, CC/02).parágrafo único, CC/02).

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Mas, não se imagine que apenas por Mas, não se imagine que apenas por justaposição se processe a avulsão. Pode essa justaposição se processe a avulsão. Pode essa ocorrer também por superposição, quando, ocorrer também por superposição, quando, por exemplo, a porção destacada não adere à por exemplo, a porção destacada não adere à margem, sobrepondo-se, porém, ao solo. Em margem, sobrepondo-se, porém, ao solo. Em ambas as hipóteses o fenômeno é idêntico e ambas as hipóteses o fenômeno é idêntico e acarreta, logo, as mesmas conseqüências acarreta, logo, as mesmas conseqüências jurídicas.jurídicas.

O proprietário que sofre avulsão deve O proprietário que sofre avulsão deve reclamar no prazo de um ano (prazo reclamar no prazo de um ano (prazo decadencial). Decorrido esse lapso de tempo, decadencial). Decorrido esse lapso de tempo, considera consumada a incorporação.considera consumada a incorporação.

Se, por exemplo, um furacão arremessa Se, por exemplo, um furacão arremessa de um imóvel para outro madeiras cortadas, de um imóvel para outro madeiras cortadas, cercas de arame e mais objetos, inexiste cercas de arame e mais objetos, inexiste acessão.acessão.

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Tais objetos devem ser restituídos Tais objetos devem ser restituídos ao legítimo dono, uma vez que não ao legítimo dono, uma vez que não vem a ocorrer consolidação de duas vem a ocorrer consolidação de duas coisas em uma, conservando cada coisas em uma, conservando cada qual sua própria individualidade.qual sua própria individualidade.

Para Sá Pereira, neste caso, o Para Sá Pereira, neste caso, o dono do imóvel em que caíram tais dono do imóvel em que caíram tais objetos é obrigado a tolerar a busca objetos é obrigado a tolerar a busca e a retirada. Deverá, porém, ser e a retirada. Deverá, porém, ser indenizado, se vem a sofrer algum indenizado, se vem a sofrer algum prejuízo proveniente da retirada.prejuízo proveniente da retirada.

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2.4. Acessão por abandono 2.4. Acessão por abandono de álveo – 25/10de álveo – 25/10

Álveo é a superfície que as águas Álveo é a superfície que as águas cobrem sem transbordar para o cobrem sem transbordar para o solo natural e ordinariamente solo natural e ordinariamente enxuto. enxuto.

O álveo será público de uso O álveo será público de uso comum ou particular, conforme a comum ou particular, conforme a propriedade das respectivas propriedade das respectivas águas.águas.

Trata-se de situação em que o Trata-se de situação em que o curso de água seca ou se desvia.curso de água seca ou se desvia.

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““O álveo abandonado de O álveo abandonado de corrente pertence aos corrente pertence aos proprietários ribeirinhos das duas proprietários ribeirinhos das duas margens, margens, sem que tenham sem que tenham indenização indenização os donos dos os donos dos terrenos por onde as águas terrenos por onde as águas abrirem novo curso, entendendo-abrirem novo curso, entendendo-se que os prédios marginais se se que os prédios marginais se estendem até o meio do álveo” estendem até o meio do álveo” (artigo 1252, Código Civil).(artigo 1252, Código Civil).

Não há direito a indenização caso Não há direito a indenização caso ocorra naturalmente.ocorra naturalmente.

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Por outro lado, se a mudança da Por outro lado, se a mudança da corrente ocorrer por utilidade corrente ocorrer por utilidade pública, o dono deve ser pública, o dono deve ser indenizado, passando o álveo a indenizado, passando o álveo a pertencer ao poder expropriante.pertencer ao poder expropriante.

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Pode o rio vir a abandonar seu Pode o rio vir a abandonar seu álveo. O álveo definitivamente álveo. O álveo definitivamente abandonado, quer o rio seja abandonado, quer o rio seja público, quer seja particular, público, quer seja particular, pertence aos proprietários pertence aos proprietários ribeirinhos das duas margens. ribeirinhos das duas margens.

Eis a regra do artigo 1252do Eis a regra do artigo 1252do Código Civil: Atribui-se o álveo Código Civil: Atribui-se o álveo abandonado aos ribeirinhos, tendo abandonado aos ribeirinhos, tendo em conta a situação dos lugares, em conta a situação dos lugares, para sua melhor utilização, por para sua melhor utilização, por motivo de interesse geral e de motivo de interesse geral e de equidade.equidade.

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A divisão efetua-se do mesmo A divisão efetua-se do mesmo modo que a repartição de ilhas, modo que a repartição de ilhas, isto é, segundo a linha mediana isto é, segundo a linha mediana que o dividir em duas partes iguais.que o dividir em duas partes iguais.

Nenhuma indenização a lei Nenhuma indenização a lei assegura aos donos dos terrenos assegura aos donos dos terrenos por onde as águas abrem seu novo por onde as águas abrem seu novo curso.curso.

Em nosso direito, só não há Em nosso direito, só não há lugar para indenização se a lugar para indenização se a mudança se deve a acidente mudança se deve a acidente natural, exercido pelo próprio rio, natural, exercido pelo próprio rio, sem que intervenha a vontade sem que intervenha a vontade humana.humana.

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Se, porém, o desvio foi Se, porém, o desvio foi determinado por obras públicas, determinado por obras públicas, úteis à coletividade, o dono do úteis à coletividade, o dono do imóvel atravessado pelo novo imóvel atravessado pelo novo álveo tem direito de ser álveo tem direito de ser indenizado, mediante indenizado, mediante desapropriação. desapropriação.

Mas, nesse caso, o antigo álveo Mas, nesse caso, o antigo álveo passa a pertencer ao poder passa a pertencer ao poder público expropriante, para público expropriante, para compensá-lo das despesas feitas. compensá-lo das despesas feitas. É o que dispõe o artigo 27 do É o que dispõe o artigo 27 do Código de Águas.Código de Águas.

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Se o rio, por qualquer Se o rio, por qualquer circunstância, volve ao antigo circunstância, volve ao antigo leito, recompõe-se a situação leito, recompõe-se a situação dominial anterior. Observe-se, dominial anterior. Observe-se, por fim, que se o curso d’água por fim, que se o curso d’água que serve de divisa vem a ser que serve de divisa vem a ser alterado, os limites dos imóveis alterado, os limites dos imóveis confinantes não sofrem confinantes não sofrem qualquer modificação.qualquer modificação.

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2.5. Acessão por 2.5. Acessão por construções ou plantações construções ou plantações 16-1116-11

As construções e plantações As construções e plantações são acessões decorrentes da são acessões decorrentes da conduta humana, podendo ser conduta humana, podendo ser móvel ou imóvel.móvel ou imóvel.

AcessõesAcessões são obras que são obras que criam criam coisas novascoisas novas, diferentes, que , diferentes, que vêm aderir à coisa vêm aderir à coisa anteriormente existente, não se anteriormente existente, não se confundem com as benfeitorias.confundem com as benfeitorias.

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São acessões, as obras que São acessões, as obras que obedecem a regras especiais, obedecem a regras especiais, previstas nos artigos 1253-previstas nos artigos 1253-1259, do Código Civil.1259, do Código Civil.

BenfeitoriasBenfeitorias, são , são despesas na coisa com o fito despesas na coisa com o fito de de conservá-la, melhorá-la conservá-la, melhorá-la ou embelezá-la.ou embelezá-la.

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Presunção em favor do Presunção em favor do proprietário do imóvelproprietário do imóvel

““Toda construção ou Toda construção ou plantação existente em um plantação existente em um terreno presume-se feita pelo terreno presume-se feita pelo proprietário e à sua custa, até proprietário e à sua custa, até que se prove o contrário” (artigo que se prove o contrário” (artigo 1253, Código Civil).1253, Código Civil).

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TRATA-SE DE PRESUNÇÃO TRATA-SE DE PRESUNÇÃO RELATIVA, VEJAM AS HIPÓTESES:RELATIVA, VEJAM AS HIPÓTESES:

1- a Semeadura, plantação ou 1- a Semeadura, plantação ou construção feita em terreno construção feita em terreno própriopróprio, com materiais alheios;, com materiais alheios;

2- a Semeadura, plantação ou 2- a Semeadura, plantação ou construção feita em terreno construção feita em terreno alheioalheio, com materiais próprios;, com materiais próprios;

3- a Semeadura, plantação ou 3- a Semeadura, plantação ou construção feita em terreno construção feita em terreno alheioalheio, com materiais , com materiais alheiosalheios;;

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PROPRIETÁRIO DO PROPRIETÁRIO DO IMÓVELIMÓVEL A Art. 1254 CC – como as A Art. 1254 CC – como as

situações ocorrem em terreno situações ocorrem em terreno próprio, o seu titular adquire a próprio, o seu titular adquire a sua propriedade, mas deve pagar sua propriedade, mas deve pagar pelas coisas alheias que utilizou.pelas coisas alheias que utilizou.

Se estiver de Se estiver de má-fémá-fé, além dos , além dos materiais deverá pagar materiais deverá pagar perdas e perdas e danos. danos.

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1- PROPRIETÁRIO DO 1- PROPRIETÁRIO DO IMÓVELIMÓVEL ““Aquele que semeia, planta ou Aquele que semeia, planta ou

edifica em terreno próprio com edifica em terreno próprio com sementes, plantas ou materiais sementes, plantas ou materiais alheiosalheios, adquire a propriedade , adquire a propriedade destes; destes; masmas fica obrigado a pagar- fica obrigado a pagar-lhes o valor, além de responder por lhes o valor, além de responder por perdas e danos, se agiu de má-perdas e danos, se agiu de má-féfé” (artigo 1254).” (artigo 1254).

Nesta hipótese o acessório segue o Nesta hipótese o acessório segue o principal, o que adere ao solo a ele principal, o que adere ao solo a ele se incorpora. se incorpora.

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2- Proprietário das 2- Proprietário das sementes, plantas ou sementes, plantas ou construções – terreno construções – terreno alheioalheio

BOA FÉ – aquele quem planta, BOA FÉ – aquele quem planta, semeia ou edifica em terreno semeia ou edifica em terreno alheio perde para o alheio perde para o proprietário as sementes, proprietário as sementes, plantas e construções, se plantas e construções, se estiver de boa fé, terá direito estiver de boa fé, terá direito ao reembolso dos ao reembolso dos gastosgastos..

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MÁ-FÉ – mas se de má fé, o MÁ-FÉ – mas se de má fé, o proprietário terá a opção de proprietário terá a opção de obrigá-lo a repor as coisas no obrigá-lo a repor as coisas no estado anterior e a pagar os estado anterior e a pagar os prejuízos OU deixar que prejuízos OU deixar que permaneça a seu benefício e permaneça a seu benefício e sem indenização.sem indenização.

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““Aquele que semeia, planta ou Aquele que semeia, planta ou edifica em edifica em terreno alheioterreno alheio perde, em proveito do perde, em proveito do proprietário, as sementes, proprietário, as sementes, plantas e construções; se plantas e construções; se procedeu de procedeu de boa-féboa-fé, terá , terá direito a direito a indenizaçãoindenização” ” (artigo 1255, caput).(artigo 1255, caput).

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A quebra do absolutismo do A quebra do absolutismo do princípio de que o acessório segue princípio de que o acessório segue o principal – DESAPROPRIAÇÃO NO o principal – DESAPROPRIAÇÃO NO INTERESSE PRIVADOINTERESSE PRIVADO

““Se a construção ou a plantação Se a construção ou a plantação exceder consideravelmente o exceder consideravelmente o valor do terrenovalor do terreno, aquele que, de , aquele que, de boa-féboa-fé, plantou ou edificou, adquirirá , plantou ou edificou, adquirirá a propriedade do solo, mediante a propriedade do solo, mediante pagamento da pagamento da indenização indenização fixadafixada judicialmente, se não houver acordo” judicialmente, se não houver acordo” (artigo 1255, parágrafo único).(artigo 1255, parágrafo único).

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Má-fé de ambas as partesMá-fé de ambas as partes ““Se de Se de ambasambas as partes houve as partes houve

má-fémá-fé, adquirirá o proprietário as , adquirirá o proprietário as sementes, plantas e construções, sementes, plantas e construções, devendodevendo ressarcir o valor das ressarcir o valor das acessões” (artigo 1256).acessões” (artigo 1256).

“ “Presume-se a Presume-se a má-fémá-fé no no proprietário, quando o trabalho proprietário, quando o trabalho de construção, ou lavoura, de construção, ou lavoura, se fez se fez em sua presença e sem em sua presença e sem impugnação suaimpugnação sua”. (artigo 1256, ”. (artigo 1256, parág. único).parág. único).

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INOVAÇÕES TRAZIDAS PELO NO INOVAÇÕES TRAZIDAS PELO NO CÓDIGO CIVILCÓDIGO CIVIL

1- 1- Quando a Quando a construçãoconstrução feita feita parcialmente em solo próprio, parcialmente em solo próprio, invade solo alheio em invade solo alheio em proporção não superior a proporção não superior a vigésima parte: vigésima parte:

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Consequências para o Consequências para o construtor de construtor de boa-fé:boa-fé:

A)A) ADQUIRE a propriedade da ADQUIRE a propriedade da parte do solo invadidoparte do solo invadido, se de , se de boa fé e o valor da construção boa fé e o valor da construção exceder a parte da invadida;exceder a parte da invadida;

B) E responde por B) E responde por indenização indenização no no valor da área valor da área perdidaperdida e a e a desvalorizaçãodesvalorização da área da área remanescenteremanescente” (artigo 1258, ” (artigo 1258, caput).caput).

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Consequências para o Consequências para o construtor construtor de de má-fémá-fé

A) adquire a propriedade da parte A) adquire a propriedade da parte que invadiu se pagar que invadiu se pagar dez vezesdez vezes o o valor das perdas e danos (artigo valor das perdas e danos (artigo 1258), e1258), e

B) se o valor da construção exceder B) se o valor da construção exceder consideravelmente o da parte consideravelmente o da parte invadida e não puder demolir a invadida e não puder demolir a porção invasora sem grave prejuízo porção invasora sem grave prejuízo para a construção” (artigo 1258, para a construção” (artigo 1258, parágrafo único).parágrafo único).

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2- Quando a construção invade 2- Quando a construção invade terreno em PROPORÇÃO terreno em PROPORÇÃO SUPERIOR À SUA VIGÉSIMA SUPERIOR À SUA VIGÉSIMA parte:parte:

Se o construtor estiver de Se o construtor estiver de boa-féboa-fé:: A) adquire a propriedade da parte A) adquire a propriedade da parte

do solo invadido,do solo invadido, B) responde por B) responde por perdas e danos perdas e danos

que abranjam o valor que a que abranjam o valor que a invasão acrescer à sua invasão acrescer à sua construção;construção;

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C)mais o valor da C)mais o valor da área área perdidaperdida

D) e o da D) e o da desvalorizaçãodesvalorização da da área remanescente; área remanescente;

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Se deSe de má-fé má-fé, é obrigado a , é obrigado a demolirdemolir o que nele construiu, o que nele construiu, pagando as perdas e danos pagando as perdas e danos apurados, que serão apurados, que serão devidos devidos em dobroem dobro (artigo 1259). (artigo 1259).

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DA AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE DA AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL PELA USUCAPIÃO – IMÓVEL PELA USUCAPIÃO –

1. CONCEITO:1. CONCEITO: “É a aquisição da “É a aquisição da propriedade ou outro direito propriedade ou outro direito real pelo decurso do tempo real pelo decurso do tempo estabelecido e com a estabelecido e com a observância dos requisitos observância dos requisitos legais” (Caio Mário).legais” (Caio Mário).

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2. MODO ORIGINÁRIO OU 2. MODO ORIGINÁRIO OU DERIVADO DE AQUISIÇÃO DA DERIVADO DE AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE? PROPRIEDADE? A jurisprudência A jurisprudência mais recente, incluindo o STF, é mais recente, incluindo o STF, é francamente no sentido de que o francamente no sentido de que o usucapião de direito real ilimitado usucapião de direito real ilimitado (propriedade) é forma (propriedade) é forma origináriaoriginária de de aquisição, mas não se pode aquisição, mas não se pode desprezar a hipótese de usucapião desprezar a hipótese de usucapião de domínio útil de bem público, que de domínio útil de bem público, que é considerada derivada.é considerada derivada.

Vejam os julgados a seguir:Vejam os julgados a seguir:

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QUESTÕES QUESTÕES POLÊMICAS ACERCA DA POLÊMICAS ACERCA DA USUCAPIÃOUSUCAPIÃO1- USUCAPIÃO DE BEM PÚBLICO:1- USUCAPIÃO DE BEM PÚBLICO: 07/05/1999 - 15h42 Lavadeira 07/05/1999 - 15h42 Lavadeira

ganha processo de usucapião ganha processo de usucapião

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QUESTÕES QUESTÕES POLÊMICAS ACERCA DA POLÊMICAS ACERCA DA USUCAPIÃOUSUCAPIÃO O usucapião é meio legal para a O usucapião é meio legal para a

aquisição do domínio útil de um aquisição do domínio útil de um bem público. Foi o que decidiu, por bem público. Foi o que decidiu, por unanimidade, a Quarta Turma do unanimidade, a Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça, ao Superior Tribunal de Justiça, ao julgar o recurso especial da julgar o recurso especial da lavadeira Severina Maria da lavadeira Severina Maria da Conceição, da cidade de Recife-PE. Conceição, da cidade de Recife-PE.

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QUESTÕES QUESTÕES POLÊMICAS ACERCA DA POLÊMICAS ACERCA DA USUCAPIÃOUSUCAPIÃO

Há mais de cinco anos, Severina Há mais de cinco anos, Severina Maria mora num loteamento Maria mora num loteamento chamada Sítio do Meio, na capital chamada Sítio do Meio, na capital pernambucana. O lote onde reside pernambucana. O lote onde reside pertence a Marinha que, por meio de pertence a Marinha que, por meio de um contrato de enfiteuse ( que dá o um contrato de enfiteuse ( que dá o direito real, perpétuo, alienável e direito real, perpétuo, alienável e transmissível aos herdeiros) passou o transmissível aos herdeiros) passou o domínio útil ao casal Maria Espíndola domínio útil ao casal Maria Espíndola Falcão e Van Horven Pereira. Falcão e Van Horven Pereira.

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QUESTÕES QUESTÕES POLÊMICAS ACERCA DA POLÊMICAS ACERCA DA USUCAPIÃOUSUCAPIÃO

Como não poderia obter o domínio Como não poderia obter o domínio pleno do imóvel, uma vez que o pleno do imóvel, uma vez que o mesmo pertence à União, a mesmo pertence à União, a lavadeira entrou com um pedido de lavadeira entrou com um pedido de usucapião contra o casal para usucapião contra o casal para conseguir o domínio útil, que conseguir o domínio útil, que consiste na utilização e disposição consiste na utilização e disposição do bem.do bem.

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QUESTÕES QUESTÕES POLÊMICAS ACERCA DA POLÊMICAS ACERCA DA USUCAPIÃOUSUCAPIÃO

O Tribunal Regional Federal da 5ª. O Tribunal Regional Federal da 5ª. Região negou o pedido de Severina, Região negou o pedido de Severina, afirmando que havia uma afirmando que havia uma impossibilidade jurídica no processo, impossibilidade jurídica no processo, pois a aquisição do domínio útil de pois a aquisição do domínio útil de terrenos da União, em regime de terrenos da União, em regime de enfiteuse, por usucapião, não está enfiteuse, por usucapião, não está amparado na Constituição. amparado na Constituição.

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QUESTÕES QUESTÕES POLÊMICAS ACERCA DA POLÊMICAS ACERCA DA USUCAPIÃOUSUCAPIÃO Para o Para o ministro Barros Monteiro, ,

relator do processo, "via de regra, o relator do processo, "via de regra, o usucapião é invocado como modo de usucapião é invocado como modo de adquirir o domínio. Todavia, sua adquirir o domínio. Todavia, sua utilidade não se limita à aquisição da utilidade não se limita à aquisição da propriedade. É plenamente válido propriedade. É plenamente válido recorrer-se ao usucapião para a recorrer-se ao usucapião para a aquisição de outros direitos reais, tais aquisição de outros direitos reais, tais como o domínio útil na enfiteuse".como o domínio útil na enfiteuse".

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QUESTÕES QUESTÕES POLÊMICAS ACERCA DA POLÊMICAS ACERCA DA USUCAPIÃOUSUCAPIÃO RECURSO ESPECIAL Nº 182.945 - PE RECURSO ESPECIAL Nº 182.945 - PE

(1998/0054425-9)(1998/0054425-9) EMENTA EMENTA CIVIL - USUCAPIÃO - DOMÍNIO CIVIL - USUCAPIÃO - DOMÍNIO

ÚTIL - IMÓVEL FOREIRO -ÚTIL - IMÓVEL FOREIRO - POSSIBILIDADE. I. Possível usucapir-se o POSSIBILIDADE. I. Possível usucapir-se o

domínio útil de imóvel domínio útil de imóvel reconhecidamente foreiro.reconhecidamente foreiro.

II. Recurso especial a que se nega II. Recurso especial a que se nega seguimento.seguimento.

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QUESTÕES QUESTÕES POLÊMICAS ACERCA DA POLÊMICAS ACERCA DA USUCAPIÃOUSUCAPIÃO É possível a aquisição do domínio É possível a aquisição do domínio

útil de bens públicos em regime útil de bens públicos em regime de aforamento, via usucapião, de aforamento, via usucapião, desde que a ação seja movida desde que a ação seja movida contra particular, até então contra particular, até então enfiteuta (fl. 111). enfiteuta (fl. 111).

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QUESTÕES QUESTÕES POLÊMICAS ACERCA DA POLÊMICAS ACERCA DA USUCAPIÃOUSUCAPIÃO

Assim já se decidiu:Assim já se decidiu: "CIVIL. AÇÃO DE USUCAPIÃO. IMÓVEL FOREIRO. "CIVIL. AÇÃO DE USUCAPIÃO. IMÓVEL FOREIRO.

LOCALIZAÇÃO EM ÁREA DE FRONTEIRA. DOMÍNIO LOCALIZAÇÃO EM ÁREA DE FRONTEIRA. DOMÍNIO ÚTIL USUCAPÍVEL.ÚTIL USUCAPÍVEL.

I. Possível a usucapião do domínio útil de I. Possível a usucapião do domínio útil de imóvelimóvel

Reconhecidamente foreiro, ainda que situado Reconhecidamente foreiro, ainda que situado em área de fronteira.em área de fronteira.

II. Recurso especial não conhecido." (REsp II. Recurso especial não conhecido." (REsp 262071 / RS262071 / RS

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EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - USUCAPIÃO - EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - USUCAPIÃO - BEM PÚBLICO - DOMÍNIO DIRETO - BEM PÚBLICO - DOMÍNIO DIRETO - IMPOSSIBILIDADE - ENFITEUSE - DOMÍNIO IMPOSSIBILIDADE - ENFITEUSE - DOMÍNIO ÚTIL - REQUISITOS - COMPROVAÇÃO - ÚTIL - REQUISITOS - COMPROVAÇÃO - POSSIBILIDADE. O ordenamento jurídico POSSIBILIDADE. O ordenamento jurídico brasileiro não permite que sejam brasileiro não permite que sejam usucapidos imóveis públicos, ex vi do art. usucapidos imóveis públicos, ex vi do art. 183, §3º e art.191, parágrafo único da 183, §3º e art.191, parágrafo único da Constituição Federal de 1988. A questão, Constituição Federal de 1988. A questão, inclusive, se encontra pacificada pela inclusive, se encontra pacificada pela Súmula 340 do STF que estabelece que Súmula 340 do STF que estabelece que "Desde a vigência do Código Civil, os "Desde a vigência do Código Civil, os bens dominiais, como os demais bens bens dominiais, como os demais bens públicos não podem ser adquiridos por públicos não podem ser adquiridos por usucapião". usucapião".

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É possível a aquisição do domínio É possível a aquisição do domínio útil de bens públicos em regime de útil de bens públicos em regime de aforamento, via usucapião, desde aforamento, via usucapião, desde que a ação seja movida contra que a ação seja movida contra particular, até então enfiteutaparticular, até então enfiteuta, , podendo operar essa prescrição podendo operar essa prescrição aquisitiva desde que não seja atingido aquisitiva desde que não seja atingido o domínio direto do Poder Público. o domínio direto do Poder Público. APELAÇÃO CÍVEL N° 1.0342.04.044237-APELAÇÃO CÍVEL N° 1.0342.04.044237-4/001 4/001

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Corrobora com esse entendimento o Corrobora com esse entendimento o ensinamento de Francisco Eduardo ensinamento de Francisco Eduardo Loureiro: Loureiro:

A usucapião (termo que o atual A usucapião (termo que o atual Código Civil utiliza no feminino) Código Civil utiliza no feminino) define-se como modo originário de define-se como modo originário de aquisição da propriedade e de aquisição da propriedade e de outros direitos reais pela posse outros direitos reais pela posse prolongada e qualificada por prolongada e qualificada por requisitos estabelecidos em lei. (...) requisitos estabelecidos em lei. (...)

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Usucapião de bem Usucapião de bem públicopúblico A usucapião tem por objeto tanto a A usucapião tem por objeto tanto a

propriedade plena como outros propriedade plena como outros direitos reais limitados direitos reais limitados que que implicam em implicam em posseposse dos objetos sobres dos objetos sobres os quais recaem, especialmente os os quais recaem, especialmente os direitos reais de gozo e fruição sobre a direitos reais de gozo e fruição sobre a coisa alheia, como o coisa alheia, como o domínio útil na domínio útil na enfiteuse, a superfície, o usufruto, enfiteuse, a superfície, o usufruto, o uso, a habitação e a servidão o uso, a habitação e a servidão aparente.aparente. (...) (...)

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Usucapião de bem Usucapião de bem públicopúblico

A usucapião é modo não só de adquirir A usucapião é modo não só de adquirir a propriedade, mas também de sanar a propriedade, mas também de sanar os vícios de propriedade ou outros os vícios de propriedade ou outros direitos reais adquiridos com vícios a direitos reais adquiridos com vícios a título derivado. (Código civil título derivado. (Código civil comentado, coord. Min. Cezar Peluso, comentado, coord. Min. Cezar Peluso, 2.ed. rev. e atual. Barueri, São Paulo: 2.ed. rev. e atual. Barueri, São Paulo: Manole, 2008, p.1161-1162) Manole, 2008, p.1161-1162)

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QUESTÕES POLÊMICAS ACERCA DA QUESTÕES POLÊMICAS ACERCA DA USUCAPIÃO – imóvel objeto de USUCAPIÃO – imóvel objeto de inventárioinventário

Tratando-se o imóvel usucapiendo de objeto de Tratando-se o imóvel usucapiendo de objeto de inventário dos antecessores dos requerentes e inventário dos antecessores dos requerentes e havendo mais de um herdeiro, havendo mais de um herdeiro, não se admite não se admite que possa um dos condôminos do imóvel que possa um dos condôminos do imóvel indiviso usucapir dos demais a parte ideal indiviso usucapir dos demais a parte ideal que lhes caberia na sucessãoque lhes caberia na sucessão, eis que o , eis que o direito de cada um, relativo à posse e ao direito de cada um, relativo à posse e ao domínio do acervo hereditário, permanece domínio do acervo hereditário, permanece indivisível até que se ultime a partilha, e se indivisível até que se ultime a partilha, e se proceda à divisão. Precedentes deste Tribunal. proceda à divisão. Precedentes deste Tribunal. APELAÇÃO CÍVEL N° 1.0430.06.001214-2/001 - APELAÇÃO CÍVEL N° 1.0430.06.001214-2/001 - COMARCA DE MONTE BELO COMARCA DE MONTE BELO

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A posse precária poderá levar ao A posse precária poderá levar ao usucapião?usucapião?

Acórdão: Apelação Cível n. Acórdão: Apelação Cível n. 0499.419-0, de Ibaiti. Relator:  0499.419-0, de Ibaiti. Relator:  Juiz Convocado Francisco Jorge. Juiz Convocado Francisco Jorge. Data da decisão: 21.01.2009.Data da decisão: 21.01.2009.

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EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. USUCAPIÃO EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. USUCAPIÃO ESPECIAL RURAL. COMODATO. PRAZO ESPECIAL RURAL. COMODATO. PRAZO CERTO. POSSE PRECÁRIA. ALIENAÇÃO CERTO. POSSE PRECÁRIA. ALIENAÇÃO DO IMÓVEL. AUSÊNCIA DE INSURGÊNCIA DO IMÓVEL. AUSÊNCIA DE INSURGÊNCIA DO ADQUIRENTE. LOCAÇÃO DO ADQUIRENTE. LOCAÇÃO INOPERANTE. MODIFICAÇÃO DO INOPERANTE. MODIFICAÇÃO DO CARÁTER ORIGINÁRIO DA POSSE. CARÁTER ORIGINÁRIO DA POSSE. REQUISITOS DEMONSTRADOS. ARTIGO REQUISITOS DEMONSTRADOS. ARTIGO 183 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 183 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. USUCAPIÃO CONFIGURADO. SENTENÇA USUCAPIÃO CONFIGURADO. SENTENÇA ALTERADA. RECURSO PROVIDO.ALTERADA. RECURSO PROVIDO.

1. A posse direta e precária, decorrente 1. A posse direta e precária, decorrente de comodato com prazo certo, de comodato com prazo certo, pode pode convalidar-se em posse plenaconvalidar-se em posse plena, a , a partir do partir do vencimento do contrato vencimento do contrato com a manutenção da situação de com a manutenção da situação de fatofato, quando a parte exterioriza , quando a parte exterioriza comportamento sobre a coisa comportamento sobre a coisa sem sem qualquer subordinação e sem qualquer subordinação e sem oposição do proprietário e do novo oposição do proprietário e do novo adquirente do bemadquirente do bem..

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2.2.A estipulação de contrato de locação pelo novo adquirente do imóvel em favor de ex-companheiro da possuidora, não descaracteriza a posse plena exercida pela parte que não participou da estipulação.

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3. Presentes os requisitos do artigo 191 da Constituição Federal, da Lei 6.969/81, e do artigo 1.239 do Código Civil/2002, deve ser reconhecida a aquisição da propriedade pela usucapião especial rural em favor da possuidora, impondo-se aos apelados contestantes a responsabilidade pelo pagamento das custas e honorários.4. Apelação a que se dá provimento, reformando-se a sentença.

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Assim, a oposição à posse do não-Assim, a oposição à posse do não-proprietário deve ser feita de forma proprietário deve ser feita de forma inequívoca, para se ter claro que a inequívoca, para se ter claro que a posse do ex-comodatário não seria posse do ex-comodatário não seria pacífica, mas no caso de inércia do pacífica, mas no caso de inércia do proprietário, a posse deixa de ser proprietário, a posse deixa de ser precária e é passível de usucapir a precária e é passível de usucapir a propriedade. propriedade.

Page 103: DA PROPRIEDADE 1- HISTÓRIA E SOCIOLOGIA DA PROPRIEDADE 1- HISTÓRIA E SOCIOLOGIA DA PROPRIEDADE No início das civilizações – domínio comum das coisas úteis,

A USUCAPIÃO COMO A USUCAPIÃO COMO PRESCRIÇÃO AQUISITIVA:PRESCRIÇÃO AQUISITIVA: A A prescrição propriamente dita ou prescrição propriamente dita ou prescrição extintivaprescrição extintiva vem regulada vem regulada na Parte Geral do CC, ao passo na Parte Geral do CC, ao passo que a que a prescrição aquisitiva ou prescrição aquisitiva ou usucapiãousucapião está disciplinada na está disciplinada na Parte Especial do CC (direito das Parte Especial do CC (direito das coisas).coisas).

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Usucapião – prescrição Usucapião – prescrição aquisitivaaquisitiva

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Usucapião – prescrição Usucapião – prescrição aquisitivaaquisitiva ART. 1244 – ART. 1244 – “Estende-se ao “Estende-se ao

possuidor quanto ao devedor possuidor quanto ao devedor acerca das causas que obstam, acerca das causas que obstam, suspendem ou interrompem a suspendem ou interrompem a prescrição, as quais também se prescrição, as quais também se aplicam ‘a usucapião. aplicam ‘a usucapião.

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Usucapião – prescrição Usucapião – prescrição aquisitivaaquisitiva Desta feita, não se verifica Desta feita, não se verifica

usucapião entre cônjuges, na usucapião entre cônjuges, na constância do casamento, constância do casamento, entre ascendentes e descentes entre ascendentes e descentes durante o poder familiar.durante o poder familiar.

Também não correm os prazos Também não correm os prazos não contra os absolutamente não contra os absolutamente incapazes (art. 3º. Do CC). incapazes (art. 3º. Do CC).

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Usucapião – prescrição Usucapião – prescrição aquisitivaaquisitiva Neste caso, suspende o prazo da Neste caso, suspende o prazo da

prescrição aquisitiva a partir da prescrição aquisitiva a partir da data do óbito do pai dos herdeiros data do óbito do pai dos herdeiros necessários incapazes, até que necessários incapazes, até que completem essa idade, completem essa idade, beneficiando inclusive os demais beneficiando inclusive os demais condôminos maiores (RJTJSP, condôminos maiores (RJTJSP, 39:143).39:143).

Page 108: DA PROPRIEDADE 1- HISTÓRIA E SOCIOLOGIA DA PROPRIEDADE 1- HISTÓRIA E SOCIOLOGIA DA PROPRIEDADE No início das civilizações – domínio comum das coisas úteis,

Orlando Gomes, em sua obra Orlando Gomes, em sua obra "Direitos Reais", Ed. Forense, 12ª "Direitos Reais", Ed. Forense, 12ª ed., p. 101, ensina que: ed., p. 101, ensina que:

"Usucapião é modo de adquirir "Usucapião é modo de adquirir propriedade. Necessário, propriedade. Necessário, portanto, que o adquirente seja portanto, que o adquirente seja capaz e tenha qualidade para capaz e tenha qualidade para adquiri-la por esse modo.adquiri-la por esse modo.

Page 109: DA PROPRIEDADE 1- HISTÓRIA E SOCIOLOGIA DA PROPRIEDADE 1- HISTÓRIA E SOCIOLOGIA DA PROPRIEDADE No início das civilizações – domínio comum das coisas úteis,

Existem causas que impedem a Existem causas que impedem a aquisição de propriedade por aquisição de propriedade por essa forma, relativas à pessoa do essa forma, relativas à pessoa do possuidor. possuidor.

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Assim é que, Assim é que, não correndo a não correndo a prescrição entre ascendentes prescrição entre ascendentes e descendentes, entre marido e descendentes, entre marido e mulher, entre incapazes e e mulher, entre incapazes e seus representantes, nenhum seus representantes, nenhum deles pode adquirir bem do deles pode adquirir bem do outro por usucapiãooutro por usucapião. .

Page 111: DA PROPRIEDADE 1- HISTÓRIA E SOCIOLOGIA DA PROPRIEDADE 1- HISTÓRIA E SOCIOLOGIA DA PROPRIEDADE No início das civilizações – domínio comum das coisas úteis,

Outras vezes, a pessoa se Outras vezes, a pessoa se encontra em uma situação encontra em uma situação jurídica que impede a aquisição jurídica que impede a aquisição de determinada coisa por esse de determinada coisa por esse modo, modo, como é o caso do como é o caso do condômino em relação ao bem condômino em relação ao bem comum.comum." (Destaquei). " (Destaquei).

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Transmissão da posseTransmissão da posse

Diz o art. 1.784, do Código Civil: Diz o art. 1.784, do Código Civil: "Art. 1.784. Aberta a sucessão, a "Art. 1.784. Aberta a sucessão, a

herança transmite-se, desde logo, herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e aos herdeiros legítimos e testamentários". testamentários".

Com o falecimento do posseiro, a Com o falecimento do posseiro, a posse do imóvel é transmitida aos posse do imóvel é transmitida aos herdeiros sem que precisar assumi-la herdeiros sem que precisar assumi-la - a transmissão opera-se - a transmissão opera-se exex legelege -, -, não há que se falar que não exercício não há que se falar que não exercício da posse sobre o bem.da posse sobre o bem.

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3. ESPÉCIES DE USUCAPIÃO3. ESPÉCIES DE USUCAPIÃO 3.1. USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA3.1. USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA Previsão legal:Previsão legal: Artigo 1238, do Artigo 1238, do

Código Civil: “Aquele que, por 15 Código Civil: “Aquele que, por 15 (quinze) anos, sem interrupção, nem (quinze) anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual lhe declare por sentença, a qual lhe servirá de título para o registro no servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.”Cartório de Registro de Imóveis.”

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3.1.1. Posse sem oposição 3.1.1. Posse sem oposição (mansa e pacífica):(mansa e pacífica): O tempo de posse O tempo de posse deve ser contínuo, sem interrupção, deve ser contínuo, sem interrupção, muito embora o possuidor atual possa muito embora o possuidor atual possa juntar a sua posse à dos antecessores.juntar a sua posse à dos antecessores.

A posse deve ter atravessado todo A posse deve ter atravessado todo esse decurso de tempo esse decurso de tempo sem sem contestaçãocontestação. .

““A citação para a demanda perde o seu A citação para a demanda perde o seu efeito interruptivo da prescrição efeito interruptivo da prescrição aquisitiva desde que a ação seja aquisitiva desde que a ação seja rejeitada, pois se assim não fosse até as rejeitada, pois se assim não fosse até as ações ajuizadas com puro espirito de ações ajuizadas com puro espirito de emulação impediriam o reconhecimento emulação impediriam o reconhecimento da prescrição” (TJSC).da prescrição” (TJSC).

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A posse deve ser justa, isto é, A posse deve ser justa, isto é, escoimada de violência, escoimada de violência, clandestinidade ou de precariedade, no clandestinidade ou de precariedade, no momento de sua aquisição. momento de sua aquisição.

TodaviaTodavia, ainda que a posse tenha sido , ainda que a posse tenha sido obtida mediante obtida mediante violência, ou com violência, ou com clandestinidadeclandestinidade, haverá possibilidade , haverá possibilidade de seu de seu convalescimentoconvalescimento para o efeito para o efeito de usucapião, desde o momento em de usucapião, desde o momento em que cessarem os mencionados vícios. O que cessarem os mencionados vícios. O termo inicial do lapso prescricional termo inicial do lapso prescricional aquisitivo será, portanto, o momento da aquisitivo será, portanto, o momento da cessação daqueles vícios.cessação daqueles vícios.

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4.2. Tempo: 4.2. Tempo: Segundo o artigo Segundo o artigo 1238, caput, do Código Civil, o 1238, caput, do Código Civil, o prazo necessário para a efetivação prazo necessário para a efetivação do usucapião extraordinário é de 15 do usucapião extraordinário é de 15 anos, podendo ser reduzido para 10 anos, podendo ser reduzido para 10 (dez) anos se o “possuidor houver (dez) anos se o “possuidor houver estabelecido no imóvel sua moradia estabelecido no imóvel sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo”, serviços de caráter produtivo”, segundo o parágrafo único, do segundo o parágrafo único, do referido artigo.referido artigo.

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4.3. “Animus domini”: 4.3. “Animus domini”: O possuidor deve O possuidor deve possuir como seu o imóvel. Não se confunde possuir como seu o imóvel. Não se confunde com a com a opinio dominiopinio domini, a convicção certa ou , a convicção certa ou errada de ser proprietário. Tampouco se errada de ser proprietário. Tampouco se confunde com a boa-fé. confunde com a boa-fé. Animus dominiAnimus domini é a é a intenção de exercer em nome próprio o direito intenção de exercer em nome próprio o direito de propriedade.de propriedade.

PROCESSO CIVIL E CIVIL. RECURSO ESPECIAL. PROCESSO CIVIL E CIVIL. RECURSO ESPECIAL. PROMESSA DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. PROMESSA DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIO. USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIO. TRANSFORMAÇÃO DO CARÁTER ORIGINÁRIO DA TRANSFORMAÇÃO DO CARÁTER ORIGINÁRIO DA POSSE. DISSÍDIO. CARACTERIZAÇÃO. - O fato de POSSE. DISSÍDIO. CARACTERIZAÇÃO. - O fato de ser possuidor direto na condição de promitente-ser possuidor direto na condição de promitente-comprador de imóvel, a princípio, não impede comprador de imóvel, a princípio, não impede que este adquira a propriedade do bem por que este adquira a propriedade do bem por usucapião, uma vez que é possível a usucapião, uma vez que é possível a transformação do caráter originário daquela transformação do caráter originário daquela posse, de não própria, para própria. (STJ - posse, de não própria, para própria. (STJ - 220.200 / SP - Rel. Min. Nancy Andrighi - 3ª. 220.200 / SP - Rel. Min. Nancy Andrighi - 3ª. Turma - DJ 20.10.2003).Turma - DJ 20.10.2003).

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Aqueles que, estando em relação Aqueles que, estando em relação de dependência para com o dono de dependência para com o dono da coisa, conservam a posse em da coisa, conservam a posse em nome deste, não por poder próprio, nome deste, não por poder próprio, a título de possuidores, mas como a título de possuidores, mas como simples detentores, não adquirem simples detentores, não adquirem por usucapião, pois lhes falta o por usucapião, pois lhes falta o animus dominianimus domini. Exemplos: o caseiro . Exemplos: o caseiro e o administrador da fazenda.e o administrador da fazenda.

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Aquele que começou a se comportar Aquele que começou a se comportar como detentor presume que mantém como detentor presume que mantém este caráter, até que se prove o este caráter, até que se prove o contrário, por força do artigo 1198, contrário, por força do artigo 1198, parágrafo único, CC. Aliás, o CC/16 parágrafo único, CC. Aliás, o CC/16 sequer admitia a prova em contrário.sequer admitia a prova em contrário.

Também não adquirem por Também não adquirem por usucapião os que, temporariamente, usucapião os que, temporariamente, exercem posse direta sobre a coisa, exercem posse direta sobre a coisa, em decorrência de obrigação ou em decorrência de obrigação ou direito, tais como o locatário, o direito, tais como o locatário, o comodatário, o usufrutuário e o credor comodatário, o usufrutuário e o credor pignoratício.pignoratício.

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4.4. Objeto hábil: 4.4. Objeto hábil: Apenas os Apenas os imóveis de domínio privado podem imóveis de domínio privado podem ser adquiridos por usucapião, pois ser adquiridos por usucapião, pois bem público não pode ser objeto de bem público não pode ser objeto de usucapião extraordinário.usucapião extraordinário.

4.5. Da dispensa do justo 4.5. Da dispensa do justo título e da boa-fé:título e da boa-fé: No usucapião No usucapião extraordinário (artigo 1238, do extraordinário (artigo 1238, do Código Civil) há a dispensa dos Código Civil) há a dispensa dos requisitos de justo título e de boa-requisitos de justo título e de boa-fé, só exigíveis para o usucapião fé, só exigíveis para o usucapião ordinário.ordinário.

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4.7. O artigo 1243, do Código Civil4.7. O artigo 1243, do Código Civil, diz , diz que “o possuidor pode, para o fim de contar o que “o possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido pelos artigos antecedentes, tempo exigido pelos artigos antecedentes, acrescentar à sua posse e a dos seus acrescentar à sua posse e a dos seus antecessores (artigo 1207), contanto que antecessores (artigo 1207), contanto que todas sejam contínuas, pacíficas e, nos casos todas sejam contínuas, pacíficas e, nos casos do artigo 1242, com justo título e boa-fé”.do artigo 1242, com justo título e boa-fé”.

O O sucessor universalsucessor universal não pode desligar não pode desligar seu direito do direito de seu antecessor, de seu direito do direito de seu antecessor, de modo que recebe e continua a posse com os modo que recebe e continua a posse com os vícios e virtudes que a caracterizavam antes vícios e virtudes que a caracterizavam antes da sucessão.da sucessão.

O O sucessor singularsucessor singular, entretanto, , entretanto, ex viex vi do do disposto no artigo 1207 do Código, não está disposto no artigo 1207 do Código, não está obrigado a continuar a posse do antecessor.obrigado a continuar a posse do antecessor.

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Assim, unirá ou não sua posse à do Assim, unirá ou não sua posse à do predecessor, lançando mão da faculdade que predecessor, lançando mão da faculdade que lhe outorga a lei como melhor lhe convier.lhe outorga a lei como melhor lhe convier.

Unindo-a, assumirá a posse anterior Unindo-a, assumirá a posse anterior com os vícios que a maculavam; se não o com os vícios que a maculavam; se não o fizer, a posse nova, iniciada com a sucessão, fizer, a posse nova, iniciada com a sucessão, estará purgada dos vícios que eivavam a estará purgada dos vícios que eivavam a anterior, possibilitando ao sucessor singular a anterior, possibilitando ao sucessor singular a aquisição por usucapião em lapso menor aquisição por usucapião em lapso menor (usucapião ordinário), pois a má-fé do (usucapião ordinário), pois a má-fé do antecessor não se transmitirá à posse nova antecessor não se transmitirá à posse nova do sucessor.do sucessor.

Optando pela união de posses, o Optando pela união de posses, o sucessor singular terá sua posse contaminada sucessor singular terá sua posse contaminada pela má-fé do possuidor anterior, de sorte pela má-fé do possuidor anterior, de sorte que o prazo da prescrição aquisitiva será que o prazo da prescrição aquisitiva será maior (usucapião extraordinário), por não se maior (usucapião extraordinário), por não se exigir boa-fé, nesse caso.exigir boa-fé, nesse caso.

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4.8. O artigo 1244, do Código Civil4.8. O artigo 1244, do Código Civil, diz , diz que “estende-se ao possuidor o disposto que “estende-se ao possuidor o disposto quanto ao devedor acerca das causas que quanto ao devedor acerca das causas que obstam, suspendem ou interrompem a obstam, suspendem ou interrompem a prescrição, as quais também se aplicam à prescrição, as quais também se aplicam à usucapião”.usucapião”.

Se ao usucapião é prescrição aquisitiva Se ao usucapião é prescrição aquisitiva é razoável que as causas de impedimento, é razoável que as causas de impedimento, suspensão e interrupção da prescrição sejam suspensão e interrupção da prescrição sejam a ele aplicadas.a ele aplicadas.

Enfim, os artigos 197 a 204, do Código Enfim, os artigos 197 a 204, do Código Civil, são aplicáveis à usucapião.Civil, são aplicáveis à usucapião.

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5. USUCAPIÃO ORDINÁRIA 5. USUCAPIÃO ORDINÁRIA Previsão legal:Previsão legal: Artigo 1242, do Código Artigo 1242, do Código

Civil: “adquire também a propriedade do imóvel Civil: “adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com aquele que, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por 10 (dez) anos.justo título e boa-fé, o possuir por 10 (dez) anos.

5.1. Posse sem oposição (mansa e 5.1. Posse sem oposição (mansa e pacífica):pacífica): O tempo de posse deve ser contínuo, O tempo de posse deve ser contínuo, sem interrupção, muito embora o possuidor sem interrupção, muito embora o possuidor atual junte a sua posse à dos antecessores. A atual junte a sua posse à dos antecessores. A posse deve ter atravessado todo esse decurso posse deve ter atravessado todo esse decurso de tempo sem contestação. “A citação para a de tempo sem contestação. “A citação para a demanda perde o seu efeito interruptivo da demanda perde o seu efeito interruptivo da prescrição aquisitiva desde que a ação seja prescrição aquisitiva desde que a ação seja rejeitada, pois se assim não fosse até as ações rejeitada, pois se assim não fosse até as ações ajuizadas com puro espirito de emulação ajuizadas com puro espirito de emulação impediriam o reconhecimento da prescrição” impediriam o reconhecimento da prescrição” (TJSC).(TJSC).

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5.2. Tempo: 5.2. Tempo: Segundo o artigo 1242, Segundo o artigo 1242, caput, CC, o prazo necessário para a caput, CC, o prazo necessário para a efetivação do usucapião ordinário é de 10 efetivação do usucapião ordinário é de 10 (dez) anos.(dez) anos.

Será reduzido, porém, para 5 (cinco) Será reduzido, porém, para 5 (cinco) anos “se o imóvel houver sido adquirido, anos “se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico”, nos de interesse social e econômico”, nos termos do parágrafo único do artigo 1242, termos do parágrafo único do artigo 1242, Código Civil.Código Civil.

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5.3. “Animus domini”: 5.3. “Animus domini”: O Código Civil O Código Civil de 2002, ao contrário do Código de 2002, ao contrário do Código revogado, não exige o “possuir como seu” revogado, não exige o “possuir como seu” ou ou animus dominianimus domini, uma vez que não traz , uma vez que não traz em sua redação esta exigência. Assim, em sua redação esta exigência. Assim, ainda se exige ao possuidor este ainda se exige ao possuidor este requisito?requisito?

A A mens legismens legis (vontade da lei), ao que (vontade da lei), ao que parece entende que o “possuir como seu” parece entende que o “possuir como seu” seria uma atitude óbvia e que não seria seria uma atitude óbvia e que não seria necessária a sua expressa previsão legal.necessária a sua expressa previsão legal.

5.4. Objeto hábil: 5.4. Objeto hábil: Apenas os Apenas os imóveis de domínio privado podem ser imóveis de domínio privado podem ser adquiridos por usucapião, pois bem adquiridos por usucapião, pois bem público não pode ser objeto de usucapião público não pode ser objeto de usucapião extraordinário.extraordinário.

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5.5. Justo título: 5.5. Justo título: título é o título é o fundamento de um determinado fundamento de um determinado direito. direito.

É o ato ou fato de que resulta um É o ato ou fato de que resulta um direito ou uma obrigação. Por isso direito ou uma obrigação. Por isso se diz que alguém é sucessor a se diz que alguém é sucessor a títulotítulo universal ou que figura numa universal ou que figura numa relação a título de credor. No relação a título de credor. No tocante ao domínio, título é o fato tocante ao domínio, título é o fato jurídico em virtude do qual se jurídico em virtude do qual se adquire ou se transfere a adquire ou se transfere a propriedade. Como exemplos, propriedade. Como exemplos, poderemos mencionar a venda, a poderemos mencionar a venda, a doação, a troca, o legado e a doação, a troca, o legado e a dação em pagamento.dação em pagamento.

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Justo título, segundo o Justo título, segundo o espírito da norma contida no espírito da norma contida no artigo 1201 do Código, vem a ser artigo 1201 do Código, vem a ser o ato ou fato translativo que não o ato ou fato translativo que não produziu efeito, por padecer de produziu efeito, por padecer de defeito ou por lhe faltar qualidade defeito ou por lhe faltar qualidade específica para tanto.específica para tanto.

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Assim, o decurso do tempo, Assim, o decurso do tempo, nos termos da citada norma legal, nos termos da citada norma legal, encarrega-se de sanar ditas falhas encarrega-se de sanar ditas falhas e irregularidades, possibilitando e irregularidades, possibilitando ao possuidor a aquisição do bem ao possuidor a aquisição do bem pelo usucapião ordinário.pelo usucapião ordinário.

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5.6. Boa-fé:5.6. Boa-fé: “É a crença, em que se acha o “É a crença, em que se acha o possuidor, de que a coisa possuída lhe pertence” possuidor, de que a coisa possuída lhe pertence” (Clóvis Bevilácqua).(Clóvis Bevilácqua).

Diz o artigo 1201, Código Civil, que “é de Diz o artigo 1201, Código Civil, que “é de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que lhe impede a aquisição da coisa.” obstáculo que lhe impede a aquisição da coisa.” Parágrafo único: “o possuidor com justo título tem Parágrafo único: “o possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em por si a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção”.admite esta presunção”.

““A posse de boa-fé só perde este caráter no A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as caso e desde o momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente” (artigo não ignora que possui indevidamente” (artigo 1202, do Código Civil).b1202, do Código Civil).b

Por fim, para o usucapião ordinário, no caso Por fim, para o usucapião ordinário, no caso previsto no artigo 1243, do Código Civil (soma de previsto no artigo 1243, do Código Civil (soma de posses do antecessor e do sucessor para efeito posses do antecessor e do sucessor para efeito do usucapião), exige-se boa-fé tanto do sucessor do usucapião), exige-se boa-fé tanto do sucessor quanto do antecessor.quanto do antecessor.

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6. USUCAPIÃO ESPECIAL URBANA6. USUCAPIÃO ESPECIAL URBANA Previsão constitucional:Previsão constitucional: artigo 183, da artigo 183, da

Constituição Federal: “Aquele que (A) possuir Constituição Federal: “Aquele que (A) possuir como sua (B) área urbana de até 250 (duzentos e como sua (B) área urbana de até 250 (duzentos e cinqüenta) metros quadrados, ( C) por 5 (cinco) cinqüenta) metros quadrados, ( C) por 5 (cinco) anos, ininterruptamente e sem oposição, anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que (D) não seja adquirir-lhe-á o domínio, desde que (D) não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural”.proprietário de outro imóvel urbano ou rural”.

Previsão no Código Civil:Previsão no Código Civil: artigo 1240. artigo 1240. Previsão no Estatuto da Cidade (Lei Previsão no Estatuto da Cidade (Lei

10.257/2001):10.257/2001): artigo 9º. artigo 9º. Requisitos: Requisitos: A) posse pessoal mansa e A) posse pessoal mansa e

pacífica com intenção de dono (pacífica com intenção de dono (animus dominianimus domini), ), B) área de até 250 m2, C) não ser proprietário de B) área de até 250 m2, C) não ser proprietário de imóvel, D) tempo.imóvel, D) tempo.

Esse direito não será reconhecido ao Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. Da mesma mesmo possuidor mais de uma vez. Da mesma forma, os imóveis públicos não serão adquiridos forma, os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.por usucapião.

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7. USUCAPIÃO ESPECIAL RURAL7. USUCAPIÃO ESPECIAL RURAL Previsão constitucional: Previsão constitucional: artigo 191, artigo 191,

da Constituição Federal: “Aquele que, (A) não da Constituição Federal: “Aquele que, (A) não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, (B) possua como seu, (C) por cinco anos (B) possua como seu, (C) por cinco anos ininterruptos, sem oposição, (D) área de ininterruptos, sem oposição, (D) área de terra, em zona rural, não superior a cinqüenta terra, em zona rural, não superior a cinqüenta hectares, (E) tornando-a produtiva por seu hectares, (E) tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, (F) tendo nela sua trabalho ou de sua família, (F) tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade”.moradia, adquirir-lhe-á a propriedade”.

Previsão no Código Civil:Previsão no Código Civil: artigo artigo 1239.1239.

Requisitos:Requisitos: A) posse pessoal mansa e A) posse pessoal mansa e pacífica com intenção de dono (pacífica com intenção de dono (animus animus dominidomini), B) área em zona rural de até 50 ), B) área em zona rural de até 50 hectares, C) não ser proprietário de imóvel hectares, C) não ser proprietário de imóvel urbano ou rural, D) tempo, E) torná-la urbano ou rural, D) tempo, E) torná-la produtiva por seu trabalho ou de sua família, produtiva por seu trabalho ou de sua família, F) morar no referido imóvel.F) morar no referido imóvel.

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8. AÇÃO DE USUCAPIÃO 8. AÇÃO DE USUCAPIÃO Ação declaratória, regulada pelos Ação declaratória, regulada pelos

artigos 941 a 945 do CPC.artigos 941 a 945 do CPC. Individualização do bem particular.Individualização do bem particular. Planta da área usucapienda;Planta da área usucapienda; CroquiCroqui Citação: daquele em que o imóvel Citação: daquele em que o imóvel

estiver registrado, na falta desse estiver registrado, na falta desse registro, junta-se a certidão negativa do registro, junta-se a certidão negativa do registro de imóveis; se estiverem em registro de imóveis; se estiverem em lugar incerto, serão citados por edital, lugar incerto, serão citados por edital, intimação dos representantes da intimação dos representantes da Fazenda Pública da União, do Estado e Fazenda Pública da União, do Estado e dos Municípios.dos Municípios.

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Ação de natureza real – at. 10 Ação de natureza real – at. 10 CPC, comparecimento obrigatório CPC, comparecimento obrigatório do cônjuge do autor e citação do do cônjuge do autor e citação do cônjuge do réu.cônjuge do réu.

Legitimidade ativa: possuidor, Legitimidade ativa: possuidor, mesmo no caso de seu espólio, é mesmo no caso de seu espólio, é também possível a usucapião por também possível a usucapião por condomínio. condomínio.

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Intervenção obrigatória do MP (art. 944 Intervenção obrigatória do MP (art. 944 CPC).CPC).

Posse atual – no caso de usucapião Posse atual – no caso de usucapião especial, na ordinária e extraordinária é especial, na ordinária e extraordinária é possível somar as posses de alienações possível somar as posses de alienações sucessivas para completar o lapso sucessivas para completar o lapso temporal.temporal.

Ação publiciana - espécie de Ação publiciana - espécie de reivindicatória sem título, quando o imóvel reivindicatória sem título, quando o imóvel for transferido pelo esbulhador, for transferido pelo esbulhador, posteriormente ajuizar ação de usucapião.posteriormente ajuizar ação de usucapião.

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"EMENTA: (...) AÇÃO DE USUCAPIÃO - ART. 550 "EMENTA: (...) AÇÃO DE USUCAPIÃO - ART. 550 DO CÓDIGO CIVIL DE 1916 - IMÓVEL OBJETO DO CÓDIGO CIVIL DE 1916 - IMÓVEL OBJETO DE HERANÇA - CONDOMÍNIO - AUSÊNCIA DE DE HERANÇA - CONDOMÍNIO - AUSÊNCIA DE ANIMUS DOMINI E EXCLUSIVIDADE DA POSSE ANIMUS DOMINI E EXCLUSIVIDADE DA POSSE (...) Dentre os requisitos do usucapião, dois são (...) Dentre os requisitos do usucapião, dois são essenciais, quais sejam, a posse e o lapso de essenciais, quais sejam, a posse e o lapso de tempo. A posse serve de base, devendo ser tempo. A posse serve de base, devendo ser exercida com animus domini, de forma mansa, exercida com animus domini, de forma mansa, pacífica e contínua. Nos termos do art. 488 do pacífica e contínua. Nos termos do art. 488 do antigo Código Civil, havendo mais de um antigo Código Civil, havendo mais de um herdeiro, não se admite que possa um dos herdeiro, não se admite que possa um dos condôminos do imóvel indiviso usucapir dos condôminos do imóvel indiviso usucapir dos demais a parte ideal que lhes caberia na demais a parte ideal que lhes caberia na sucessão, eis que o direito de cada um, relativo sucessão, eis que o direito de cada um, relativo à posse e ao domínio do acervo hereditário, à posse e ao domínio do acervo hereditário, permanece indivisível até que se ultime a permanece indivisível até que se ultime a partilha, e se proceda à divisão (art. 1.580 do partilha, e se proceda à divisão (art. 1.580 do antigo CC.) (...)". (Apelação Cível nº. 400.468-antigo CC.) (...)". (Apelação Cível nº. 400.468-0-3ª Câmara Civil TAMG - Relator DES. 0-3ª Câmara Civil TAMG - Relator DES. MAURÍCIO BARROS - Publicação: 06/03/2004). MAURÍCIO BARROS - Publicação: 06/03/2004).

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4- Aquisição da 4- Aquisição da propriedade pelo direito propriedade pelo direito hereditário 29.11hereditário 29.11 Matéria regulada pelo direito das Matéria regulada pelo direito das

sucessões.sucessões. Pressuposto para aquisição: a Pressuposto para aquisição: a

morte.morte. Art. 1.784 do CC: “a herança Art. 1.784 do CC: “a herança

transmite-se, desde logo, aos transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e herdeiros legítimos e testamentários.”testamentários.”

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4- Aquisição da 4- Aquisição da propriedade pelo direito propriedade pelo direito hereditáriohereditário Desta feita, com a morte dá-se a Desta feita, com a morte dá-se a

abertura da sucessão, com a abertura da sucessão, com a transmissão imediata dos bens do transmissão imediata dos bens do morto aos herdeiros legítimos e morto aos herdeiros legítimos e testamentários.testamentários.

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4- Aquisição da 4- Aquisição da propriedade pelo direito propriedade pelo direito hereditáriohereditário Herdeiros legítimos: art 1.829 do CC.Herdeiros legítimos: art 1.829 do CC. Herdeiros testamentários: são Herdeiros testamentários: são

aqueles beneficiados no testamento aqueles beneficiados no testamento com fração da universalidade que com fração da universalidade que constitui a herança, diferentemente constitui a herança, diferentemente dos dos legatárioslegatários que recebem os bens que recebem os bens individualizado do testador e individualizado do testador e necessitam pedir o bem legado, não o necessitam pedir o bem legado, não o recebem tão logo ocorra a morte.recebem tão logo ocorra a morte.

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4- Aquisição da 4- Aquisição da propriedade pelo direito propriedade pelo direito hereditáriohereditário São transmitidos aos herdeiros a São transmitidos aos herdeiros a

posse e a propriedade, trata-se posse e a propriedade, trata-se de uma ficção jurídica.de uma ficção jurídica.

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4- Aquisição da 4- Aquisição da propriedade pelo direito propriedade pelo direito hereditáriohereditário Até a partilha, os herdeiros mantêm Até a partilha, os herdeiros mantêm

a universalidade que lhes foi a universalidade que lhes foi transmitida, todos são transmitida, todos são proprietários, mesmo que não proprietários, mesmo que não formalizado o inventário ou não formalizado o inventário ou não registrado o formal de partilha, que registrado o formal de partilha, que serve apenas para manter a serve apenas para manter a continuidade e possibilitar o continuidade e possibilitar o iusius disponendidisponendi..

Page 142: DA PROPRIEDADE 1- HISTÓRIA E SOCIOLOGIA DA PROPRIEDADE 1- HISTÓRIA E SOCIOLOGIA DA PROPRIEDADE No início das civilizações – domínio comum das coisas úteis,

4- Aquisição da 4- Aquisição da propriedade pelo direito propriedade pelo direito hereditáriohereditário

A cessão de direitos hereditários pode A cessão de direitos hereditários pode ocorrer apenas antes da partilha.ocorrer apenas antes da partilha.

A renúncia dos direitos hereditários, A renúncia dos direitos hereditários, retroage à data da morte e deve ser retroage à data da morte e deve ser expressa.expressa.

A posse e propriedade recebidas pelos A posse e propriedade recebidas pelos herdeiros, mantêm a mesma natureza herdeiros, mantêm a mesma natureza e características das que exercidas e características das que exercidas pelo morto. pelo morto.

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DA PERDA DA PROPRIEDADE IMÓVELDA PERDA DA PROPRIEDADE IMÓVEL 1. ALIENAÇÃO1. ALIENAÇÃO A alienação é o ato pelo qual o titular A alienação é o ato pelo qual o titular

transfere a outra pessoa sua propriedade. transfere a outra pessoa sua propriedade. Ela pode consumar-se a título gratuito, Ela pode consumar-se a título gratuito, como a doação, e a título oneroso, como a como a doação, e a título oneroso, como a compra e venda.compra e venda.

Em qualquer modalidade, em se Em qualquer modalidade, em se tratando de bens imóveis, é fundamental a tratando de bens imóveis, é fundamental a transcrição do título aquisitivo no CRI, uma transcrição do título aquisitivo no CRI, uma vez que os efeitos da perda da vez que os efeitos da perda da propriedade por alienação subordina-se ao propriedade por alienação subordina-se ao respectivo registro (artigo 1275, parágrafo respectivo registro (artigo 1275, parágrafo único).único).

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2. RENÚNCIA2. RENÚNCIA A renúncia é ato unilateral, formal A renúncia é ato unilateral, formal

e expresso, do titular que abre mão de e expresso, do titular que abre mão de seus direitos.seus direitos.

Os efeitos da perda da propriedade Os efeitos da perda da propriedade pela renúncia subordina-se ao registro pela renúncia subordina-se ao registro do ato renunciativo no registro de do ato renunciativo no registro de imóveis (artigo 1275, parágrafo único).imóveis (artigo 1275, parágrafo único).

Como exemplo, pode-se citar a Como exemplo, pode-se citar a renúncia à sucessão aberta, que é renúncia à sucessão aberta, que é tratada como bem imóvel, nos termos tratada como bem imóvel, nos termos do artigo 80, inciso II, do Código Civil, do artigo 80, inciso II, do Código Civil, mesmo porque, diz o artigo 1806, que a mesmo porque, diz o artigo 1806, que a renúncia da herança deve constar renúncia da herança deve constar expressamente de instrumento público expressamente de instrumento público ou termo judicial.ou termo judicial.

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3. ABANDONO3. ABANDONO 3.1. Conceito:3.1. Conceito: através do através do

abandono, o titular abre mão de seu abandono, o titular abre mão de seu direito, sem outra formalidade, pois direito, sem outra formalidade, pois apenas procede à derrelição da apenas procede à derrelição da coisa.coisa.

O abandono não contém O abandono não contém manifestação expressa e não exige manifestação expressa e não exige obrigação de registro, ao contrário obrigação de registro, ao contrário da alienação e da renúncia (artigo da alienação e da renúncia (artigo 1275, parágrafo único).1275, parágrafo único).

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São exemplos de abandono, São exemplos de abandono, citados pela doutrina, os prédios citados pela doutrina, os prédios sobrecarregados por ônus fiscais sobrecarregados por ônus fiscais sobremaneiras pesados ou gastos sobremaneiras pesados ou gastos sobreexcedentes do seu valor, ou sobreexcedentes do seu valor, ou à época da Alemanha com inflação à época da Alemanha com inflação alta, quando as disposições alta, quando as disposições administrativas referentes à administrativas referentes à segurança dos prédios eram muito segurança dos prédios eram muito rígidas.rígidas.

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Diz o artigo 1276, caput, que “o Diz o artigo 1276, caput, que “o imóvel urbano que o proprietário imóvel urbano que o proprietário abandonar, com a intenção de não abandonar, com a intenção de não mais o conservar em seu mais o conservar em seu patrimônio, e que se não encontrar patrimônio, e que se não encontrar na posse de outrem, poderá ser na posse de outrem, poderá ser arrecadado, como bem vago, e arrecadado, como bem vago, e passar, 3 (três) anos depois, à passar, 3 (três) anos depois, à propriedade do Município ou à do propriedade do Município ou à do Distrito Federal, se se achar nas Distrito Federal, se se achar nas respectivas circunscrições”.respectivas circunscrições”.

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Por outro lado, sobre o imóvel Por outro lado, sobre o imóvel rural, nos termos do artigo 1276, § rural, nos termos do artigo 1276, § 1º, “abandonado nas mesmas 1º, “abandonado nas mesmas circunstâncias, poderá ser circunstâncias, poderá ser arrecadado, como bem vago, e arrecadado, como bem vago, e passar, 3 (três) anos depois, à passar, 3 (três) anos depois, à propriedade da União, onde quer propriedade da União, onde quer que ele se localize”.que ele se localize”.

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3.2. Requisitos:3.2. Requisitos: a) o próprio abandono;a) o próprio abandono; b) a intenção de não mais o b) a intenção de não mais o

conservar em seu patrimônio;conservar em seu patrimônio; c) não se encontrar na posse c) não se encontrar na posse

de outrem.de outrem.

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3.3. Presunção de abandono:3.3. Presunção de abandono: O não pagamento dos ônus O não pagamento dos ônus

fiscais, em conjunto com a cessação fiscais, em conjunto com a cessação dos atos de posse, presumem a dos atos de posse, presumem a intenção de abandonar o imóvel.intenção de abandonar o imóvel.

Neste sentido, diz o artigo Neste sentido, diz o artigo 1276, § 2º, que “presumir-se-á de 1276, § 2º, que “presumir-se-á de modo absoluto a intenção a que se modo absoluto a intenção a que se refere este artigo, quando, cessados refere este artigo, quando, cessados os atos de posse, deixar o os atos de posse, deixar o proprietário de satisfazer os ônus proprietário de satisfazer os ônus fiscais”.fiscais”.

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3.4. Imóveis urbanos e imóveis 3.4. Imóveis urbanos e imóveis rurais:rurais:

Os imóveis urbanos, após Os imóveis urbanos, após arrecadados, como bens vagos, passarão, arrecadados, como bens vagos, passarão, após 3 anos, à propriedade do Município após 3 anos, à propriedade do Município ou do Distrito Federal, dependendo das ou do Distrito Federal, dependendo das respectivas circunscrições.respectivas circunscrições.

Já os imóveis rurais, após Já os imóveis rurais, após arrecadados, como bens vagos, passarão, arrecadados, como bens vagos, passarão, após 3 anos, à propriedade da União, após 3 anos, à propriedade da União, onde quer que ele se localize, ou seja, onde quer que ele se localize, ou seja, sendo rural, sempre passará à sendo rural, sempre passará à propriedade da União.propriedade da União.

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4. PERECIMENTO DO IMÓVEL4. PERECIMENTO DO IMÓVEL O novo Código Civil, ao contrário do O novo Código Civil, ao contrário do

Código revogado, não disciplina o Código revogado, não disciplina o perecimento do objeto. Contudo, cabe à perecimento do objeto. Contudo, cabe à doutrina definir conceitos.doutrina definir conceitos.

Para Washington de Barros, dentre os Para Washington de Barros, dentre os casos de perecimento de imóvel, merece casos de perecimento de imóvel, merece destacar o do campo definitivamente tomado destacar o do campo definitivamente tomado pelas águas do mar, ou da submersão da ilha pelas águas do mar, ou da submersão da ilha em pleno oceano.em pleno oceano.

O perecimento, afinal, da coisa decorre O perecimento, afinal, da coisa decorre de ato involuntário do proprietário, se de ato involuntário do proprietário, se proveniente de fato natural (raio, incêndio, proveniente de fato natural (raio, incêndio, etc.) ou de ato voluntário (destruição).etc.) ou de ato voluntário (destruição).

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5. DESAPROPRIAÇÃO5. DESAPROPRIAÇÃO A desapropriação não está A desapropriação não está

prevista no novo Código Civil, porém, prevista no novo Código Civil, porém, a legislação que a disciplina não foi a legislação que a disciplina não foi revogada.revogada.

5.1. Conceito: 5.1. Conceito: a desapropriação a desapropriação é ato unilateral de direito público, com é ato unilateral de direito público, com reflexos no direito privado, por via do reflexos no direito privado, por via do qual a propriedade individual é qual a propriedade individual é transferida, mediante prévia e justa transferida, mediante prévia e justa indenização em dinheiro, a quem dela indenização em dinheiro, a quem dela se utiliza, no interesse da coletividade.se utiliza, no interesse da coletividade.

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DA PROPRIEDADE DA PROPRIEDADE MÓVELMÓVEL INTRODUÇÃO: há modalidades INTRODUÇÃO: há modalidades

origináriasoriginárias de aquisição da de aquisição da propriedade: propriedade: ocupaçãoocupação e e usucapiãousucapião, a , a invençãoinvenção e a e a descobertadescoberta, via de regra não , via de regra não permitem a aquisição e as demais permitem a aquisição e as demais são modos derivados.são modos derivados.

MODOS DE AQUISIÇÃO: ART. 1260 E MODOS DE AQUISIÇÃO: ART. 1260 E SEGUINTESSEGUINTES

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DA PROPRIEDADE DA PROPRIEDADE MÓVELMÓVEL

1- DA USUCAPIÃO – art. 1.260 CC:1- DA USUCAPIÃO – art. 1.260 CC:

RequisitosRequisitos: : animusanimus dominidomini – possuir como sua; – possuir como sua; Sem nenhuma oposição – Sem nenhuma oposição –

incontestadamente;incontestadamente; Prazo: 3 anos, desde que tenha justo Prazo: 3 anos, desde que tenha justo

título e boa fé.título e boa fé. Prazo: 5 anos – sem justo título ou boa fé.Prazo: 5 anos – sem justo título ou boa fé.

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DA PROPRIEDADE DA PROPRIEDADE MÓVELMÓVEL As regras dos art. 1243 e 1244 As regras dos art. 1243 e 1244

são aplicáveis à usucapião de são aplicáveis à usucapião de bens móveis.bens móveis.

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DA PROPRIEDADE DA PROPRIEDADE MÓVELMÓVEL

2- DA OCUPAÇÃO – ART. 1263 do CC:2- DA OCUPAÇÃO – ART. 1263 do CC:

“ “ Quem se assenhorar da coisa sem dono Quem se assenhorar da coisa sem dono para logo lhe adquire a propriedade, não para logo lhe adquire a propriedade, não sendo essa ocupação defesa por lei.”sendo essa ocupação defesa por lei.”

São exemplos: animais selvagens e sem São exemplos: animais selvagens e sem dono, objetos lançados ao mar (se não dono, objetos lançados ao mar (se não apresentarem sina de domínio), apresentarem sina de domínio), semoventes sem marca, peixes.semoventes sem marca, peixes.

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DA PROPRIEDADE DA PROPRIEDADE MÓVELMÓVEL Coisas sem dono são tanto as que Coisas sem dono são tanto as que

foram abandonadas, como as que foram abandonadas, como as que nunca tiveram titular.nunca tiveram titular.

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DA PROPRIEDADE DA PROPRIEDADE MÓVELMÓVEL 2.1 CAÇA: matéria disciplinada 2.1 CAÇA: matéria disciplinada

pelo direito administrativo e o pelo direito administrativo e o Código de Caça – lei 5.197/67.Código de Caça – lei 5.197/67.

Como modo de aquisição da Como modo de aquisição da propriedade, a caça pode ter lugar propriedade, a caça pode ter lugar em terras públicas ou particulares, em terras públicas ou particulares, com licença do proprietário.com licença do proprietário.

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DA PROPRIEDADE DA PROPRIEDADE MÓVELMÓVEL Caso o caçador adentre em Caso o caçador adentre em

terreno alheio sem autorização, terreno alheio sem autorização, ele perderá a caça para o ele perderá a caça para o proprietário.proprietário.

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DA PROPRIEDADE DA PROPRIEDADE MÓVELMÓVEL O ingresso sem autorização O ingresso sem autorização

caracteriza esbulho ou turbação à caracteriza esbulho ou turbação à posse, sendo passível de ser posse, sendo passível de ser defendida pela legítima defesa ou defendida pela legítima defesa ou pelo desforço imediato.pelo desforço imediato.

Não é permitido colocar alçapões ou Não é permitido colocar alçapões ou armadilhas em terreno alheio sem armadilhas em terreno alheio sem autorização, neste caso o animal autorização, neste caso o animal pertencerá ao proprietário. pertencerá ao proprietário.

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DA PROPRIEDADE DA PROPRIEDADE MÓVELMÓVEL Se o animal ferido adentrar em Se o animal ferido adentrar em

terreno de outrem e este não terreno de outrem e este não permitir o ingresso do caçador, permitir o ingresso do caçador, terá que expelir ou entregar a terá que expelir ou entregar a coisa, caso contrário, será coisa, caso contrário, será obrigado a indenizar o caçador.obrigado a indenizar o caçador.

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DA PROPRIEDADE DA PROPRIEDADE MÓVELMÓVEL

Segundo Pontes de Miranda, Segundo Pontes de Miranda, quando se trata de encalço de quando se trata de encalço de animal perigoso, a matança não é animal perigoso, a matança não é caça, mas estado de caça, mas estado de necessidade .necessidade .

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DA PROPRIEDADE DA PROPRIEDADE MÓVELMÓVEL 2.2. PESCA – segue a mesma 2.2. PESCA – segue a mesma

sistemática da caça.sistemática da caça. 2.3 INVENÇÃO OU 2.3 INVENÇÃO OU

DESCOBERTADESCOBERTA São coisas perdidas e não São coisas perdidas e não

abandonadas, e que não abandonadas, e que não culminam na perda da culminam na perda da propriedade.propriedade.

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DA PROPRIEDADE DA PROPRIEDADE MÓVELMÓVEL Inventor é aquele que encontra Inventor é aquele que encontra

coisas perdidas, mas que possuem coisas perdidas, mas que possuem donos, sua obrigação é devolve-las donos, sua obrigação é devolve-las ao seu titular – art. 1233 do CC.ao seu titular – art. 1233 do CC.

Se o inventor/descobridor não Se o inventor/descobridor não conhecer o dono, deverá entregar conhecer o dono, deverá entregar a coisa achada à autoridade a coisa achada à autoridade competente.competente.

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DA PROPRIEDADE DA PROPRIEDADE MÓVELMÓVEL O inventor tem direito à O inventor tem direito à

recompensa (recompensa (achádegoachádego) não ) não inferior a 5% do seu valorinferior a 5% do seu valor e e indenização pela guarda e transporte indenização pela guarda e transporte da coisa.da coisa.

DOLO – em caso de dolo, o DOLO – em caso de dolo, o descobridor responde pelos prejuízos descobridor responde pelos prejuízos causados ao proprietário ou causados ao proprietário ou possuidor.possuidor.

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DA PROPRIEDADE DA PROPRIEDADE MÓVELMÓVEL Publicidade da descoberta se faz Publicidade da descoberta se faz

através dos meios de através dos meios de comunicação e somente ocorrerá comunicação e somente ocorrerá através de edital se o seu valor através de edital se o seu valor comportar tal despesa.comportar tal despesa.

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DA PROPRIEDADE DA PROPRIEDADE MÓVELMÓVEL Após 60 dias da divulgação da Após 60 dias da divulgação da

notícia pela imprensa, não se notícia pela imprensa, não se apresentando ninguém que apresentando ninguém que comprovecomprove a propriedade sobre a a propriedade sobre a coisa, esta será vendida em hasta coisa, esta será vendida em hasta pública.pública.

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DA PROPRIEDADE DA PROPRIEDADE MÓVELMÓVEL Do valor apurado serão deduzidas Do valor apurado serão deduzidas

as despesas, a recompensa e o as despesas, a recompensa e o saldo remanescente pertencerá saldo remanescente pertencerá ao município, onde se achou o ao município, onde se achou o objeto.objeto.

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DA PROPRIEDADE DA PROPRIEDADE MÓVELMÓVEL OBJETO DE VALOR DIMINUTO – OBJETO DE VALOR DIMINUTO –

poderá o Município abandonar em poderá o Município abandonar em favor de quem o achou.favor de quem o achou.

3- DO ACHADO DO TESOURO – 3- DO ACHADO DO TESOURO – ART. 1264 ao ART 1266 do CCART. 1264 ao ART 1266 do CC

4- DA ESPECIFICAÇÃO – é a 4- DA ESPECIFICAÇÃO – é a manipulação de matéria prima manipulação de matéria prima que dá origem à propriedade.que dá origem à propriedade.

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DA PROPRIEDADE DA PROPRIEDADE MÓVELMÓVEL É necessariamente produto do É necessariamente produto do

trabalho humano e tem trabalho humano e tem relevância quando a matéria relevância quando a matéria prima é alheia total ou prima é alheia total ou parcialmente.parcialmente.

Evita-se o enriquecimento ilícito. Evita-se o enriquecimento ilícito.

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DA PROPRIEDADE DA PROPRIEDADE MÓVELMÓVEL O artífice transforma o couro em O artífice transforma o couro em

calçado, a pedra em instrumento, calçado, a pedra em instrumento, o ferro em utensílio, o barro em o ferro em utensílio, o barro em escultura. escultura.

A especificação ocorre quando a A especificação ocorre quando a coisa puder retornar ao estado coisa puder retornar ao estado anterior.anterior.

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DA PROPRIEDADE DA PROPRIEDADE MÓVELMÓVEL Quando é parcialmente do Quando é parcialmente do

especificador, o valor da matéria especificador, o valor da matéria prima de ser ressarcida ao outro prima de ser ressarcida ao outro proprietário.proprietário.

Matéria prima totalmente do 3º. :Matéria prima totalmente do 3º. : BOA-FÉ – a nova espécie é do BOA-FÉ – a nova espécie é do

especificador, devendo indenizar especificador, devendo indenizar o dono da matéria prima.o dono da matéria prima.

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DA PROPRIEDADE DA PROPRIEDADE MÓVELMÓVEL MÁ-FÉ – a coisa pertencerá ao MÁ-FÉ – a coisa pertencerá ao

dono da matéria prima.dono da matéria prima.

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DA PROPRIEDADE DA PROPRIEDADE MÓVELMÓVEL Quando o valor da obra supera Quando o valor da obra supera

excessivamente o valor da matéria excessivamente o valor da matéria prima, por exemplo a escultura em prima, por exemplo a escultura em relação ao barro, mesmo que relação ao barro, mesmo que esteja de má fé o especificador esteja de má fé o especificador será o dono da novidade, devendo será o dono da novidade, devendo indenizar o dono da matéria prima indenizar o dono da matéria prima e mais perdas e danos .e mais perdas e danos .

Page 176: DA PROPRIEDADE 1- HISTÓRIA E SOCIOLOGIA DA PROPRIEDADE 1- HISTÓRIA E SOCIOLOGIA DA PROPRIEDADE No início das civilizações – domínio comum das coisas úteis,

DA PROPRIEDADE DA PROPRIEDADE MÓVELMÓVEL 5- DA TRADIÇÃO: art. 1267 do CC5- DA TRADIÇÃO: art. 1267 do CC ““a propriedade das coisa não se a propriedade das coisa não se

transfere pelos negócios jurídicos transfere pelos negócios jurídicos antes da tradição.”antes da tradição.”

Espécies: Espécies: A) real: entrega efetiva e material A) real: entrega efetiva e material

da coisa.da coisa.

Page 177: DA PROPRIEDADE 1- HISTÓRIA E SOCIOLOGIA DA PROPRIEDADE 1- HISTÓRIA E SOCIOLOGIA DA PROPRIEDADE No início das civilizações – domínio comum das coisas úteis,

DA PROPRIEDADE DA PROPRIEDADE MÓVELMÓVEL

B) ficta: no caso do B) ficta: no caso do constitutoconstituto possessório possessório (cláusula (cláusula constituticonstituti), quando o vendedor ), quando o vendedor transferindo a outrem o domínio, transferindo a outrem o domínio, conserva a coisa em seu poder, como por conserva a coisa em seu poder, como por exemplo de proprietário para locatário.exemplo de proprietário para locatário.

Page 178: DA PROPRIEDADE 1- HISTÓRIA E SOCIOLOGIA DA PROPRIEDADE 1- HISTÓRIA E SOCIOLOGIA DA PROPRIEDADE No início das civilizações – domínio comum das coisas úteis,

DA PROPRIEDADE DA PROPRIEDADE MÓVELMÓVEL

O O constitutoconstituto possessório ou “cláusula possessório ou “cláusula constituti” é aquela em que uma pessoa constituti” é aquela em que uma pessoa passa de proprietário (ou possuidor passa de proprietário (ou possuidor indireto) a possuidor direto (locatário), sem indireto) a possuidor direto (locatário), sem que precise haver uma tradição efetiva, que precise haver uma tradição efetiva, real, material do bem, continuando ela na real, material do bem, continuando ela na posse, a outro título. posse, a outro título.

C) simbólica: quando representada por ato C) simbólica: quando representada por ato que traduz a alienação, como por exemplo que traduz a alienação, como por exemplo a entrega das chaves de um imóvel a entrega das chaves de um imóvel vendido. vendido.

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DA PROPRIEDADE DA PROPRIEDADE MÓVELMÓVEL ConstitutoConstituto possessóriopossessório: não se : não se

presume.presume. Pode ocorrer também a Pode ocorrer também a traditiotraditio

brevibrevi manumanu, que se configura , que se configura quando o possuidor de uma coisa quando o possuidor de uma coisa em nome alheio passa a possuí-la em nome alheio passa a possuí-la como proprietário, ex.: o como proprietário, ex.: o arrendatário adquire a propriedade.arrendatário adquire a propriedade.

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DA PROPRIEDADE DA PROPRIEDADE MÓVELMÓVEL

6- DA CONFUSÃO, DA COMISTÃO E DA 6- DA CONFUSÃO, DA COMISTÃO E DA ADJUNÇÃO – art. 1272 e ssADJUNÇÃO – art. 1272 e ss

De acordo com a doutrina, são De acordo com a doutrina, são espécies de acessão de coisa móvel.espécies de acessão de coisa móvel.

6.1- CONFUSÃO – é a mescla de 6.1- CONFUSÃO – é a mescla de materiais líquidos de pessoas materiais líquidos de pessoas diferentes.diferentes.

6.2- COMISTÃO ou MISTURA – é a 6.2- COMISTÃO ou MISTURA – é a mescla de coisas secas.mescla de coisas secas.

Page 181: DA PROPRIEDADE 1- HISTÓRIA E SOCIOLOGIA DA PROPRIEDADE 1- HISTÓRIA E SOCIOLOGIA DA PROPRIEDADE No início das civilizações – domínio comum das coisas úteis,

DA PROPRIEDADE DA PROPRIEDADE MÓVELMÓVEL 6.3- ADJUNÇÃO – é a justaposição 6.3- ADJUNÇÃO – é a justaposição

de uma coisa sobre a outra, de uma coisa sobre a outra, sendo impossível destacá-las. O sendo impossível destacá-las. O dono da principal assume a dono da principal assume a propriedade da segunda.propriedade da segunda.

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DA PROPRIEDADE DA PROPRIEDADE MÓVELMÓVEL Ex.: junção de vinhos (confusão); Ex.: junção de vinhos (confusão);

café de duas modalidades café de duas modalidades (comistão); solda de uma peça a (comistão); solda de uma peça a um motor (adjunção).um motor (adjunção).

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DA PROPRIEDADE DA PROPRIEDADE MÓVELMÓVEL SOLUÇÕES JURÍDICAS:SOLUÇÕES JURÍDICAS:

Regra: estabelece um condomínio Regra: estabelece um condomínio entre os vários titulares.entre os vários titulares.

Exceções: 1- se for possível Exceções: 1- se for possível retornar ao estado anterior, o retornar ao estado anterior, o condomínio se extingue.condomínio se extingue.

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DA PROPRIEDADE DA PROPRIEDADE MÓVELMÓVEL 2- quando a separação for 2- quando a separação for

impossível ou muito dispendiosa – impossível ou muito dispendiosa – mantém-se o condomínio pro mantém-se o condomínio pro indiviso, onde cada um terá seu indiviso, onde cada um terá seu quinhão proporcional sobre o quinhão proporcional sobre o todo.todo.

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DA PROPRIEDADE DA PROPRIEDADE MÓVELMÓVEL Quando uma parte insistir na Quando uma parte insistir na

separação das coisas, ainda que separação das coisas, ainda que muito dispendiosas, ficará a cargo muito dispendiosas, ficará a cargo do juiz impor à parte insistente as do juiz impor à parte insistente as despesas de separação, não há despesas de separação, não há proporcionalidade de custos.proporcionalidade de custos.

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DA PROPRIEDADE DA PROPRIEDADE MÓVELMÓVEL Quando uma das coisas puder ser Quando uma das coisas puder ser

considerada principal em relação considerada principal em relação a outra, o bem pertencerá ao do a outra, o bem pertencerá ao do principal que indenizará o outro principal que indenizará o outro pelo acessório.pelo acessório.

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DA PROPRIEDADE DA PROPRIEDADE MÓVELMÓVEL A propriedade exclusiva somente A propriedade exclusiva somente

é permitida se puder um objeto é permitida se puder um objeto ser considerado principal em ser considerado principal em relação ao outro, caso contrário, relação ao outro, caso contrário, subsiste o condomínio forçado.subsiste o condomínio forçado.

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DA PROPRIEDADE DA PROPRIEDADE MÓVELMÓVEL BOA-FÉ: pode escolher em ficar BOA-FÉ: pode escolher em ficar

com o todo, indenizando o de má com o todo, indenizando o de má fé pela parte estranha, ou fé pela parte estranha, ou renuncia o todo pelo valor que renuncia o todo pelo valor que perdeu e perdas e danos.perdeu e perdas e danos.

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DA PROPRIEDADE DA PROPRIEDADE MÓVELMÓVEL

Na hipótese da mesclagem resultar em Na hipótese da mesclagem resultar em uma nova espécie, não se aplicam os uma nova espécie, não se aplicam os princípios da especificação, sendo mais princípios da especificação, sendo mais justo manter o condomínio se de boa justo manter o condomínio se de boa fé e se de má fé, a outra parte poderá fé e se de má fé, a outra parte poderá optar em ficar com o todo, indenizando optar em ficar com o todo, indenizando a outra parte pelo material ou a outra parte pelo material ou renunciar a este direito, recebendo renunciar a este direito, recebendo pelo valor do seu material e perdas e pelo valor do seu material e perdas e danos. 29.11danos. 29.11

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DIREITO DE DIREITO DE VIZINHANÇAVIZINHANÇA 1. INTRODUÇÃO AOS DIREITOS DE VIZINHANÇA1. INTRODUÇÃO AOS DIREITOS DE VIZINHANÇA Absolutismo do direito de propriedade X restrições ao Absolutismo do direito de propriedade X restrições ao

direito de propriedadedireito de propriedade 1.1. Conceito1.1. Conceito.. Os direitos de vizinhança são limitações Os direitos de vizinhança são limitações

impostas pela boa convivência social, que se inspira impostas pela boa convivência social, que se inspira na lealdade e na boa-fé. A propriedade deve ser usada na lealdade e na boa-fé. A propriedade deve ser usada de tal maneira que torne possível a coexistência de tal maneira que torne possível a coexistência social. Se assim não se procedesse, se os social. Se assim não se procedesse, se os proprietários pudessem invocar uns contra os outros proprietários pudessem invocar uns contra os outros seu direito absoluto e ilimitado, não poderiam praticar seu direito absoluto e ilimitado, não poderiam praticar qualquer direito, pois as arbitrariedades se qualquer direito, pois as arbitrariedades se aniquilariam no entrechoque de suas várias aniquilariam no entrechoque de suas várias faculdades.faculdades.

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Fundamentos do Direito de Vizinhança:

1. Lealdade e Boa-fé (Washington de Barros Monteiro).

2. Função Social (San Tiago Dantas).

Conceito de Direito de Vizinhança:

Ramo do Direito das Coisas que regulamenta as relações jurídicas existentes entre prédios que mantém, diante de uma razão material ou imaterial, laços entre si.

As normas relativas ao direito da vizinhança constituem claras limitações ao direito de propriedade, em prol do bem comum e da paz social.

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As obrigações que surgem dos institutos de vizinhança constituem obrigações ambulatórias ou propter rem, que acompanham a coisa onde quer que ela esteja, em um sentido ambulatório (TARTUCE, Flávio. SIMÃO, José Fernando. Direito Civil. Volume 4. Direito das Coisas. São Paulo: Método).

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Organização da matéria. Capítulo V do Livro do Direito das Coisas

a) Do uso anormal da propriedade (Seção I, arts. 1.277 a 1.281 do CC);

b) Das árvores limítrofes (Seção II, arts. 1.282 a 1.284 do CC);

c) Da passagem forçada (Seção III, art. 1.285 do CC);

d) Da passagem de cabos e tubulações (Seção IV, arts. 1.286 e 1.286 do CC);

e) Das águas (Seção V, arts. 1.288 a 1.296 do CC);

f) Dos limites entre prédios e do direito de tapagem (Seção VI, arts. 1.297 a 1.298 do CC);

g) Do direito do construir (Seção VII, arts. 1.299 a 1.313 do CC).

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1.2. Distinção entre o direito de 1.2. Distinção entre o direito de vizinhança e a servidãovizinhança e a servidão..

Em ambos surgem relações ligando Em ambos surgem relações ligando dois prédios. A fonte do direito de vizinhança dois prédios. A fonte do direito de vizinhança (chamada, por alguns, incorretamente de (chamada, por alguns, incorretamente de servidões legais) é a lei, enquanto a servidão, servidões legais) é a lei, enquanto a servidão, em regra, deflui da vontade manifesta das em regra, deflui da vontade manifesta das partes e só excepcionalmente do usucapião.partes e só excepcionalmente do usucapião.

A servidão é um direito real sobre a A servidão é um direito real sobre a coisa alheia, estabelecido no interesse do coisa alheia, estabelecido no interesse do proprietário do prédio dominante. Este proprietário do prédio dominante. Este desfruta de uma prerrogativa sobre o prédio desfruta de uma prerrogativa sobre o prédio serviente, sem que a recíproca seja serviente, sem que a recíproca seja verdadeira.verdadeira.

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Nas relações de vizinhança, cada proprietário Nas relações de vizinhança, cada proprietário compensa o próprio sacrifício com a vantagem compensa o próprio sacrifício com a vantagem que lhe advém do correspondente sacrifício do que lhe advém do correspondente sacrifício do direito do vizinho, ao passo que nas servidões direito do vizinho, ao passo que nas servidões não existem semelhantes contraprestações, não existem semelhantes contraprestações, havendo, no máximo, direito a indenização.havendo, no máximo, direito a indenização.

As relações de vizinhança são simples As relações de vizinhança são simples aspectos dos deveres inerentes à propriedade, aspectos dos deveres inerentes à propriedade, enquanto as servidões constituem meras enquanto as servidões constituem meras faculdades. A servidão, como direito real sobre faculdades. A servidão, como direito real sobre imóvel, só se constitui ou se transmite por ato imóvel, só se constitui ou se transmite por ato entre vivos, após seu registro no cartório da entre vivos, após seu registro no cartório da competente circunscrição imobiliária. Os competente circunscrição imobiliária. Os direitos de vizinhança dispensam registro e direitos de vizinhança dispensam registro e surgem da mera contiguidade entre os surgem da mera contiguidade entre os prédios.prédios.

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1.3. Natureza jurídica1.3. Natureza jurídica.. Os direitos de vizinhança são obrigações Os direitos de vizinhança são obrigações

propter rempropter rem. O direito de vizinhança e o . O direito de vizinhança e o correspondente dever dele decorrente correspondente dever dele decorrente acompanham a coisa, vinculando quem quer que acompanham a coisa, vinculando quem quer que se encontre na posição de dono ou possuidor, e, se encontre na posição de dono ou possuidor, e, portanto, de vizinho. Sendo obrigação portanto, de vizinho. Sendo obrigação propter propter remrem ela se transmite ao sucessor a título ela se transmite ao sucessor a título particular do vizinho, e se extingue pelo particular do vizinho, e se extingue pelo abandono da coisa.abandono da coisa.

2. DO USO ANORMAL DA PROPRIEDADE2. DO USO ANORMAL DA PROPRIEDADE 2.1. Introdução:2.1. Introdução: Dispõe o Código Civil que o “proprietário ou Dispõe o Código Civil que o “proprietário ou

o possuidor de um prédio tem o direito de fazer o possuidor de um prédio tem o direito de fazer cessar as interferências prejudiciais à segurança, cessar as interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos que o habitam, ao sossego e à saúde dos que o habitam, provocadas pela utilização de propriedade provocadas pela utilização de propriedade vizinha” – artigo 1227.vizinha” – artigo 1227.

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USO ANORMAL DA PROPRIEDADE. USO ANORMAL DA PROPRIEDADE.

JULGADO 1. JULGADO 1.

DIREITO DE VIZINHANÇA – Uso nocivo da propriedade – Oito cães em pequeno quintal – Ruídos e odores excessivos – Sentença mantida para limitar a dois animais – Recurso improvido” (Tribunal de Justiça de São Paulo, Apelação Cível n. 846.178-0/0 – São Paulo – 36ª Câmara de Direito Privado – Relator: Pedro Baccarat – 24.08.06 – v.u. – voto n. 1.465).

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USO ANORMAL DA PROPRIEDADE. JULGADO 2.

“VIZINHANÇA. PLANTIO DE ÁRVORE. DESCUMPRIMENTO DE ACORDO. DANOS CAUSADOS A PROPRIEDADE VIZINHA. INOCORRÊNCIA. EMBARGOS INFRINGENTES. DIREITO DE VIZINHANÇA. PLANTIO DE ÁRVORES. INOCORRÊNCIA DE FRAUDE A ACORDO. USO NORMAL DA PROPRIEDADE. INEXISTÊNCIA DE PREJUÍZOS À SEGURANÇA, SAÚDE E SOSSEGO. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ NÃO CARACTERIZADA. DECISÃO MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO. Inexiste intuito de fraudar acordo passado em julgado, se a obrigação de fazer imposta ao recorrido restou devidamente cumprida no momento em que o muro causador do primeiro embate foi reduzido aos parâmetros convencionados entre as partes, ficando dirimida, assim, a questão sob a ótica do direito de tapagem. O plantio de árvores no terreno do embargado não tem pertinência com o já desatado direito de tapagem. Diz respeito, isto sim, à natureza de sua utilização (contenção de encosta), não havendo qualquer elemento probatório que induza a presunção do uso nocivo (CC/1916, art. 554) ou anormal (CC, art. 1.277/2002) da propriedade. Estes, como é cediço, traduzem-se pela utilização do bem imóvel com prejuízo à segurança, à saúde e ao sossego do prediozinho. E tal não ocorre, in specie, uma vez que os embargantes não tiveram afetados os direitos acima elencados”. (TJRJ, EI 510/2002, Rio de Janeiro, Décima Segunda Câmara Cível, Rel. Des. Wellington Jones Paiva; Julg. 12/08/2003)..

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USO ANORMAL DA PROPRIEDADE. MEDIDAS PROCESSUAIS.

“Art. 1.280. O proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do dono do prédio vizinho a demolição, ou a reparação deste, quando ameace ruína, bem como que lhe preste caução pelo dano iminente”.

Demolição – Ação demolitória. Última medida. Reparação – Ação de Nunciação de Obra Nova e Ação de

Obrigação de Fazer e Não Fazer (art. 461 do CPC). Prestar Caução – Ação de Dano Infecto.

“Art. 1.281. O proprietário ou o possuidor de um prédio, em que alguém tenha direito de fazer obras, pode, no caso de dano iminente, exigir do autor delas as necessárias garantias contra o prejuízo eventual.

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2.2. Os bens protegidos:2.2. Os bens protegidos: Com esse preceito, visa o Código a Com esse preceito, visa o Código a

reprimir o uso anormal da propriedade, reprimir o uso anormal da propriedade, que pode exteriorizar-se de três formas: que pode exteriorizar-se de três formas: ofensa à segurança pessoal ou dos ofensa à segurança pessoal ou dos bens, ofensa ao sossego e ofensa à bens, ofensa ao sossego e ofensa à saúde.saúde.

São ofensas à São ofensas à segurança pessoal, segurança pessoal, ou dos bensou dos bens, , todos os atos que possam todos os atos que possam comprometer a estabilidade e a solidez comprometer a estabilidade e a solidez do prédio, bem como a incolumidade de do prédio, bem como a incolumidade de seus habitantes.seus habitantes.

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Exemplos: exploração de indústrias perigosas, Exemplos: exploração de indústrias perigosas, como a de explosivos e inflamáveis, o como a de explosivos e inflamáveis, o funcionamento de indústrias que provoquem funcionamento de indústrias que provoquem trepidações excessivas capazes de produzir trepidações excessivas capazes de produzir fendas ou frinchas no prédio, e armazenamento fendas ou frinchas no prédio, e armazenamento de mercadorias excessivamente pesadas, de mercadorias excessivamente pesadas, acarretando o recalque do prédio, as acarretando o recalque do prédio, as escavações muito profundas, a existência de escavações muito profundas, a existência de árvores de grande porte, que ameaçam tombar árvores de grande porte, que ameaçam tombar na propriedade vizinha.na propriedade vizinha.

São ofensas ao São ofensas ao sossegosossego ruídos ruídos exagerados que perturbam ou molestam a exagerados que perturbam ou molestam a tranqüilidade dos moradores, como gritarias e tranqüilidade dos moradores, como gritarias e desordens, diversões espalhafatosas, bailes desordens, diversões espalhafatosas, bailes perturbadores, artes rumorosas, emprego de perturbadores, artes rumorosas, emprego de alto-falantes de grande potência nas alto-falantes de grande potência nas proximidades de casas residenciais para proximidades de casas residenciais para transmissões de programas radiofônicos.transmissões de programas radiofônicos.

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São ofensas à São ofensas à saúdesaúde, finalmente, as , finalmente, as emanações de gases tóxicos, as emanações de gases tóxicos, as exalações fétidas, a poluição de águas exalações fétidas, a poluição de águas pelo lançamento de resíduos, o pelo lançamento de resíduos, o funcionamento de estábulos ou de funcionamento de estábulos ou de matadouros.matadouros.

O caso objeto de mais intensa O caso objeto de mais intensa discussão diz respeito ao discussão diz respeito ao decorodecoro, ou seja, , ou seja, pode o proprietário ou inquilino de um pode o proprietário ou inquilino de um prédio impedir que seu vizinho instale, prédio impedir que seu vizinho instale, sob seu teto, casa de prostituição? sob seu teto, casa de prostituição? Esclarecendo-se, ademais, que não há, Esclarecendo-se, ademais, que não há, nesta hipótese, perturbação do sossego.nesta hipótese, perturbação do sossego.

O artigo 1277 deve ser interpretado O artigo 1277 deve ser interpretado restritivamente, o que implica dizer que o restritivamente, o que implica dizer que o dispositivo legal não se aplicaria à dispositivo legal não se aplicaria à questão do decoro, sem a perturbação do questão do decoro, sem a perturbação do sossego.sossego.

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2.3. Da composição do conflito:2.3. Da composição do conflito: Na análise das interferências Na análise das interferências

prejudiciais ao sossego, à saúde e à prejudiciais ao sossego, à saúde e à segurança do prédio vizinho, o Código segurança do prédio vizinho, o Código Civil de 2002, ao contrário do Código Civil de 2002, ao contrário do Código revogado, diz que devem ser levadas em revogado, diz que devem ser levadas em conta a conta a (A)(A) natureza da utilização (se natureza da utilização (se atinge a esfera interna do prédio atinge a esfera interna do prédio adjacente), aadjacente), a (B) (B) localização do prédio localização do prédio (área residencial ou comercial), atendidas (área residencial ou comercial), atendidas as normas que distribuem as edificações as normas que distribuem as edificações em zonas, e osem zonas, e os (C) (C) limites ordinários de limites ordinários de tolerância dos moradores da vizinhança tolerância dos moradores da vizinhança (artigo 1277, parágrafo único, CC).(artigo 1277, parágrafo único, CC).

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Pode, ainda, no julgamento da questão Pode, ainda, no julgamento da questão da interferência prejudicial, o juiz invocar da interferência prejudicial, o juiz invocar a questão da a questão da pré-ocupaçãopré-ocupação..

De um lado, não se pode admitir De um lado, não se pode admitir que um proprietário tenha o direito de que um proprietário tenha o direito de impor, aos ocupantes posteriores, a sua impor, aos ocupantes posteriores, a sua atividade prejudicial, fixando a todo um atividade prejudicial, fixando a todo um bairro, ou zona, determinada atividade. bairro, ou zona, determinada atividade. Mas, por outro lado, pode-se admitir que Mas, por outro lado, pode-se admitir que a pessoa que se instala à beira de uma a pessoa que se instala à beira de uma estrada de ferro, ou ao lado de antiga e estrada de ferro, ou ao lado de antiga e barulhenta serraria, não pode pleitear barulhenta serraria, não pode pleitear que esta cerre suas portas ou aquela o que esta cerre suas portas ou aquela o indenize pelos incômodos que tal indenize pelos incômodos que tal atividade lhe impõe.atividade lhe impõe.

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2.4. Interesse público na atividade2.4. Interesse público na atividade Havendo interesse público naquela Havendo interesse público naquela

atividade, mesmo que interfira na segurança, atividade, mesmo que interfira na segurança, no sossego e na saúde dos moradores vizinhos, no sossego e na saúde dos moradores vizinhos, não haverá a cessação da interferência. Porém, não haverá a cessação da interferência. Porém, o vizinho prejudicado deverá receber o vizinho prejudicado deverá receber indenização cabal do proprietário ou do indenização cabal do proprietário ou do possuidor causadores da interferência possuidor causadores da interferência prejudicial – artigo 1278, Código Civil.prejudicial – artigo 1278, Código Civil.

2.5. Da Municipalidade:2.5. Da Municipalidade: Cabe ao poder público, não só no Cabe ao poder público, não só no

exercício de seu poder de polícia como no de exercício de seu poder de polícia como no de cumprimento da obrigação de zelar pela cumprimento da obrigação de zelar pela segurança do povo, o direito de ajuizar ação, a segurança do povo, o direito de ajuizar ação, a fim de obter a cessação do uso nocivo da fim de obter a cessação do uso nocivo da propriedade.propriedade.

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2.6. Redução ou eliminação da 2.6. Redução ou eliminação da interferência:interferência:

O Código Civil de 2002 diz que “ainda O Código Civil de 2002 diz que “ainda que por decisão judicial devam ser toleradas as que por decisão judicial devam ser toleradas as interferências, poderá o vizinho exigir a sua interferências, poderá o vizinho exigir a sua redução, ou eliminação, quando estas se redução, ou eliminação, quando estas se tornarem possíveis”.tornarem possíveis”.

O Código deixa espaço para possíveis O Código deixa espaço para possíveis inovações tecnológicas surgidas após a decisão inovações tecnológicas surgidas após a decisão judicial. Enfim, surgindo a possibilidade de judicial. Enfim, surgindo a possibilidade de reduzir ou eliminar a interferência prejudicial, o reduzir ou eliminar a interferência prejudicial, o vizinho poderá exigi-las, a teor do artigo 1279.vizinho poderá exigi-las, a teor do artigo 1279.

Page 207: DA PROPRIEDADE 1- HISTÓRIA E SOCIOLOGIA DA PROPRIEDADE 1- HISTÓRIA E SOCIOLOGIA DA PROPRIEDADE No início das civilizações – domínio comum das coisas úteis,

ÁRVORES LIMÍTROFES. LIMITES ENTRE PRÉDIOS.

“Art. 1.282. A árvore, cujo tronco estiver na linha divisória, presume-se pertencer em comum aos donos dos prédios confinantes”. CONDOMÍNIO NECESSÁRIO.

“Art. 1.283. As raízes e os ramos de árvore, que ultrapassarem a estrema do prédio, poderão ser cortados, até o plano vertical divisório, pelo proprietário do terreno invadido”.

“Art. 1.284. Os frutos caídos de árvore do terreno vizinho pertencem ao dono do solo onde caíram, se este for de propriedade particular”.

Marco Aurélio Bezerra de Melo: Exceção ao princípio de que o acessório segue o principal (Quem traga as gotas más que trague as boas).).

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“Art. 1.285. O dono do prédio que não tiver acesso a via pública, nascente ou porto, pode, mediante pagamento de indenização cabal, constranger o vizinho a lhe dar passagem, cujo rumo será judicialmente fixado, se necessário.

§ 1o Sofrerá o constrangimento o vizinho cujo imóvel mais natural e facilmente se prestar à passagem.

§ 2o Se ocorrer alienação parcial do prédio, de modo que uma das partes perca o acesso a via pública, nascente ou porto, o proprietário da outra deve tolerar a passagem.

§ 3o Aplica-se o disposto no parágrafo antecedente ainda quando, antes da alienação, existia passagem através de imóvel vizinho, não estando o proprietário deste constrangido, depois, a dar uma outra”.

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