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Confederación Iberoamericana de Asociaciones Científicas y Académicas de la Comunicación Da prática à reflexão: a formação de gestores de projetos educomunicativos nas escolas da rede municipal de São Paulo (Trabalho apresentado ao GT de Educomunicação do I Congresso Mundial de Comunicação Ibero- americana, realizado em agosto de 2011, na Escola de Comunicações e Artes da USP) Silene de A G Lourenço 1 Paola Prandini 2 Maria Izabel de Araújo Leão 3 Alda Ribeiro 4 Carmen Lucia Melges Elias Gattás 5 Resumo: Trata-se de uma discussão sobre a formação do “Gestor de Projetos Educomunicativos”, um novo (per)curso para os educadores da Rede Municipal de Ensino de São Paulo. Sua missão é identificar, estimular, planejar e implementar práticas educomunicativas no âmbito da escola, com o compromisso de promover um modo de pensar aberto e livre através de uma Educação para e pela Comunicação, do estímulo ao protagonismo infanto-juvenil e pela gestão e circulação democrática da informação e do conhecimento no espaço escolar. Essa formação foi bem avaliada pelos participantes do curso e, segundo seus próprios relatos, possibilitou a discussão e reflexão sobre as ações educomunicativas das escolas. Palavras-chave: Educomunicação, gestor de projetos, tecnologias da comunicação e da informação Abstract: This article discusses the course called "Projects Management in Educommunication", a new (per) course for teachers of schools in the city of São Paulo, Brazil. Its mission is to identify, encourage, plan and implement practices in Educommunication within the school, with a commitment to promote open thinking and free through Education and Communication, encouraging the children and youth leadership. The aim is to encourage the circulation of democratic information and knowledge in school. This training proved to be welcome by the participants of the course, which according to his own accounts, allowed for discussion and reflection of the actions in Educommunication at school. Key words: Educommunication, project manager, communication and information technologies 1 Doutoranda em Ciências da Comunicação e pesquisadora do Núcleo de Comunicação e Educação (ECA/USP). Assessora do Programa Nas Ondas do Rádio (SMESP). E-mail: [email protected] 2 Mestranda em Ciências da Comunicação e pesquisadora do Núcleo de Comunicação e Educação (ECA/USP). Assessora do Programa Nas Ondas do Rádio (SMESP). E-mail: [email protected] 3 Mestre em Comunicação Social e pesquisadora do Núcleo de Comunicação e Educação (ECA/USP). Assessora do Programa Nas Ondas do Rádio (SMESP). E-mail: [email protected] 4 Mestranda da Pontificia Universidade Catolica de São Paulo. Pesquisadora do Núcleo de Comunicação e Educação (ECA/USP). Assessora do Programa Nas Ondas do Rádio (SMESP). E-mail: [email protected] 5 Doutoranda em Ciências da Comunicação e pesquisadora do Núcleo de Comunicação e Educação(ECA/USP). Assessora do Programa Nas Ondas do Rádio (SMESP).E-mail: [email protected]

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Page 1: Da prática à reflexão: a formação de gestores de projetos educomunicativos nas escolas da rede municipal de São Paulo

Confederación Iberoamericana de Asociaciones Científicas y Académicas de la Comunicación

Da prática à reflexão: a formação de gestores de projetos educomunicativos nas

escolas da rede municipal de São Paulo

(Trabalho apresentado ao GT de Educomunicação do I Congresso Mundial de Comunicação Ibero-

americana, realizado em agosto de 2011, na Escola de Comunicações e Artes da USP)

Silene de A G Lourenço1

Paola Prandini2

Maria Izabel de Araújo Leão3

Alda Ribeiro4

Carmen Lucia Melges Elias Gattás5

Resumo: Trata-se de uma discussão sobre a formação do “Gestor de Projetos Educomunicativos”, um

novo (per)curso para os educadores da Rede Municipal de Ensino de São Paulo. Sua missão é

identificar, estimular, planejar e implementar práticas educomunicativas no âmbito da escola, com o

compromisso de promover um modo de pensar aberto e livre através de uma Educação para e pela

Comunicação, do estímulo ao protagonismo infanto-juvenil e pela gestão e circulação democrática da

informação e do conhecimento no espaço escolar. Essa formação foi bem avaliada pelos participantes do

curso e, segundo seus próprios relatos, possibilitou a discussão e reflexão sobre as ações

educomunicativas das escolas.

Palavras-chave: Educomunicação, gestor de projetos, tecnologias da comunicação e da informação

Abstract: This article discusses the course called "Projects Management in Educommunication", a new

(per) course for teachers of schools in the city of São Paulo, Brazil. Its mission is to identify, encourage,

plan and implement practices in Educommunication within the school, with a commitment to

promote open thinking and free through Education and Communication, encouraging the children and

youth leadership. The aim is to encourage the circulation of democratic information and knowledge in

school. This training proved to be welcome by the participants of the course, which according to his own

accounts, allowed for discussion and reflection of the actions in Educommunication at school.

Key words: Educommunication, project manager, communication and information technologies

1

Doutoranda em Ciências da Comunicação e pesquisadora do Núcleo de Comunicação e Educação (ECA/USP). Assessora do

Programa Nas Ondas do Rádio (SMESP). E-mail: [email protected] 2 Mestranda em Ciências da Comunicação e pesquisadora do Núcleo de Comunicação e Educação (ECA/USP). Assessora do

Programa Nas Ondas do Rádio (SMESP). E-mail: [email protected] 3 Mestre em Comunicação Social e pesquisadora do Núcleo de Comunicação e Educação (ECA/USP). Assessora do Programa Nas

Ondas do Rádio (SMESP). E-mail: [email protected] 4

Mestranda da Pontificia Universidade Catolica de São Paulo. Pesquisadora do Núcleo de Comunicação e Educação (ECA/USP).

Assessora do Programa Nas Ondas do Rádio (SMESP). E-mail: [email protected] 5 Doutoranda em Ciências da Comunicação e pesquisadora do Núcleo de Comunicação e Educação(ECA/USP). Assessora do

Programa Nas Ondas do Rádio (SMESP).E-mail: [email protected]

Page 2: Da prática à reflexão: a formação de gestores de projetos educomunicativos nas escolas da rede municipal de São Paulo

Introdução

As tecnologias da comunicação e da informação estão chegando às escolas e são

poucos os que ainda apontam a necessidade de a escola se adaptar ao perfil das novas

gerações, nascidas e imersas na sociedade da imagem e do som, e prontas, desde cedo, a

interagir com suportes tecnológicos cada vez mais acessíveis e sofisticados.

A integração das novas tecnologias aos processos pedagógicos, por sua vez,

tendem a alterar as formas de ensinar e de aprender, conferindo um novo papel ao

educador à medida que o educando ocupa o lugar central do processo de ensino-

aprendizagem6. No entanto, o potencial de desenvolvimento de formas mais autônomas

de aprendizado inerentes às novas tecnologias, e a possibilidade de construção

compartilhada e colaborativa do conhecimento criada pelas ferramentas da Web 2.07,

não garantem por si só as transformações almejadas. É preciso garantir que a inserção

das novas tecnologias em espaços educativos, além de estimular novas formas de

ensinar e aprender, reforce os valores solidários e democráticos necessários à construção

de uma sociedade mais justa.

Assim, a apropriação das novas tecnologias deve ampliar as possibilidades de

comunicação entre professores e alunos e a humanização do espaço escolar; deve

estimular a expressão comunicativa de crianças e jovens e o protagonismo juvenil,

transformando simples expectadores em produtores criativos e originais de mídia.

Esse processo exige, cada vez mais, a presença de gestores de recursos técnicos

e humanos, bem como de produtos midiáticos originados dos exercícios de autoria na

escola: profissionais que entendam o potencial educativo das mídias e a necessidade de

a escola apropriar-se coletiva e criticamente dessas ferramentas, de maneira a fazer

prevalecer os interesses sociais sobre os interesses privados e mercadológicos. Em

outras palavras, um professor-mediador dos processos comunicativos ou

6 Para Moran (2004), “o professor, em qualquer curso presencial, precisa hoje aprender a gerenciar vários espaços e a

integrá-los de forma aberta, equilibrada e inovadora. O primeiro espaço é o de uma nova sala de aula equipada e com

atividades diferentes, que se integra com a ida ao laboratório para desenvolver atividades de pesquisa e de domínio

técnico-pedagógico. Estas atividades se ampliam e complementam a distância, nos ambientes virtuais de

aprendizagem e se complementam com espaços e tempos de experimentação, de conhecimento da realidade, de

inserção em ambientes profissionais e informais. Antes o professor só se preocupava com o aluno em sala de aula.

Agora, continua com o aluno no laboratório (organizando a pesquisa), na Internet (atividades a distância) e no

acompanhamento das práticas, dos projetos, das experiências que ligam o aluno à realidade, à sua profissão (ponto

entre a teoria e a prática)”. Disponível em <http://www.eca.usp.br/prof/moran/espacos.htm >. Acesso em 26/06/2011. 7 O termo Web 2.0 não é empregado aqui com referência à atualização das especificações técnicas da Internet, mas à

mudança na forma como ela, cada vez mais, vem sendo encarada por usuários e desenvolvedores, ou seja, como

ambiente de interação, colaboração e cooperação que engloba inúmeras linguagens e intencionalidades.

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educomunicador, conforme denomina o Núcleo de Comunicação e Educação da USP,

desde 19978.

Estes são os pressupostos que, em 2011, levaram a equipe de assessores do

Programa Nas Ondas do Rádio, pertencente à Secretaria Municipal de Educação da

cidade de São Paulo, a oferecer um novo (per)curso para os educadores da rede,

possibilitando a reflexão sobre projetos e práticas por eles desenvolvidas. Trata-se da

formação denominada “Gestor de Projetos Educomunicativos” ou, simplesmente,

“Professor-Mediador”.

Projeto Educom. Rádio e Programa Nas Ondas do Rádio

O Programa Nas Ondas do Rádio é resultado do desenvolvimento do Projeto

Educom.rádio – Educomunicação Nas Ondas do Rádio, que, em 2001, surgiu de uma

demanda social, acrescida de vontade política, para diminuir a violência nas escolas.

O projeto, destinado a atender as 455 escolas de Ensino Fundamental do

município de São Paulo, propiciou a um grupo de aproximadamente 25 pessoas de cada

uma das unidades, um curso de 100 horas de duração, oferecido aos sábados, ao longo

de um semestre, mediante o qual a comunidade escolar entrava em contato com o

conceito de Educomunicação: discutia as relações entre a comunicação e os temas

transversais ao currículo escolar como multiculturalismo, protagonismo juvenil, saúde,

meio ambiente, participação política, etc., e aprendia a manejar a linguagem

radiofônica, usando-a para exercitar a capacidade de expressão dos indivíduos para

atingirem seus objetivos de forma colaborativa.

Em 28 de dezembro de 2004, a então Prefeita Marta Suplicy transforma o

Projeto Educom.radio em Lei Municipal. De acordo com a Lei 13.941, cabe ao poder

municipal criar programas para “desenvolver e articular práticas de Educomunicação,

incluindo a radiodifusão restrita, a radiodifusão comunitária, bem como toda forma de

veiculação midiática, de acordo com a legislação vigente, no âmbito da administração

municipal”, além de “incentivar atividades de rádio e televisão comunitária em

equipamentos públicos”. O governo municipal deverá, ainda, “capacitar, em atividades

de Educomunicação, os dirigentes e coordenadores de escolas e equipamentos de

cultura do Município”. 9

8SOARES, Ismar de Oliveira. O perfil do educomunicador. Disponível em:

<http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/29.pdf >. Acesso em 26/06/2011. 9 LEI Nº 13.941, DE 28 DE DEZEMBRO DE 2004. Disponível em

<http://www3.prefeitura.sp.gov.br/cadlem/secretarias/negocios_juridicos/cadlem/integra.asp?alt=29122004L

139410000&secr=&depto=&descr_tipo=LEI> . Acesso em 26/06/2011.

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A Lei Educom, como foi denominado o documento legal, foi regulamentada

pelo Prefeito José Serra em 15 de agosto de 2005. Tanto o projeto de lei, de autoria do

vereador Carlos Neder, quanto seu projeto de regulamentação, contaram com a

assessoria do Prof. Ismar de Oliveira Soares, coordenador do Núcleo de Comunicação e

Educação da ECA/USP e responsável pela implantação do Projeto Educom.rádio.

No dia 15 de dezembro de 2009, o Secretário da Educação, Alexandre Alves

Schneider, editou a Portaria Nº 5.792, definindo normas complementares e

procedimentos para a aplicação da Lei Educom, através do “Programa nas Ondas do

Rádio”, nas Escolas Municipais de Educação Infantil – EMEIs; Escolas Municipais de

Ensino Fundamental – EMEFs; Centros Integrados de Educação de Jovens e Adultos –

CIEJAs; Escolas Municipais de Educação Especial – EMEEs e nas Escolas Municipais

de Ensino Fundamental e Médio – EMEFMs.

Ao se transformar em política pública, o Programa Nas Ondas do Rádio cria as

condições para continuidade e ampliação da proposta, que se concretiza por meio de

novos projetos nas escolas.

A opção por projetos

A opção por se trabalhar com projetos não é original. Ela está presente em

muitas áreas de atuação profissional, inclusive a pedagógica, fazendo parte, cada vez

mais, da cultura escolar. Nesse âmbito, especificamente, a ideia de projeto se concretiza

por meio de atividades que se desenvolvem em torno da resolução de problemas. Em

outras palavras, são experiências de trabalho em equipe motivadas por desafios que

exigem ações coordenadas para que determinados objetivos sejam alcançados. A troca

de conhecimentos e a cooperação entre os pares são, nesse sentido, necessárias, o que

faz um projeto ser interdisciplinar por natureza.

Essa tendência está diretamente relacionada com as transformações econômicas,

políticas e sociais impulsionadas pelo avanço tecnológico que altera a ordem até então

estabelecida e cria novos desafios para a humanidade.

Estamos falando de uma sociedade marcada por um ritmo de vida acelerado e

que tem cada vez mais acesso às inovações tecnológicas. Essas inovações estão

alterando as noções de tempo e de espaço, abalando antigas crenças, tradições e gerando

incertezas em relação ao futuro.

Segundo Castells (1999, p. 69):

As novas tecnologias da informação não são simplesmente ferramentas a

serem aplicadas, mas processos a serem desenvolvidos. Usuários e criadores

podem tornar-se a mesma coisa. Dessa forma, os usuários podem assumir o

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controle da tecnologia como no caso da internet (...). Pela primeira vez na

história, a mente humana é uma força direta da produção, não apenas um

elemento decisivo no sistema produtivo.

A escola é, sem dúvida, uma das instituições mais atingidas por essas

transformações. Com a perda do poder hegemônico sobre a transmissão do

conhecimento – hoje as informações estão disponíveis e acessíveis a (quase) todos – a

escola busca um novo sentido para a sua existência, sentido esse que deverá lhe conferir

novamente legitimidade social.

Essa busca tem sido marcada pela tentativa de corresponder às ansiedades e às

necessidades das novas gerações, que crescem em contato com as tecnologias e são

pressionadas - desde muito cedo - por um mercado de trabalho instável e, cada vez

mais, competitivo. Essas mesmas gerações são convocadas a participar da construção de

uma nova sociedade, tendo em vista a emergência com que certas questões precisam ser

tratadas e, entre elas, a sustentabilidade do planeta.

Nesse sentido, ficam evidentes as competências e habilidades exigidas pelos

novos tempos. Além da busca permanente e autônoma por novos conhecimentos, as

pessoas precisam estar aptas a tomar decisões rápidas e criativas diante de problemas

complexos. Essa complexidade, por sua vez, exige trabalho em equipe e tomada de

decisões conjuntas; em outras palavras, espírito de coletividade e cooperação.

No entanto, essa realidade é vivenciada de forma contraditória, já que as

transformações tecnológicas ocorrem no contexto da ordem capitalista internacional e

são por ela impulsionadas. O capitalismo, por sua vez, é um sistema que estimula a

guerra entre as nações, a disputa de mercado, o consumo desenfreado, a competição

entre os indivíduos e a luta pelos interesses pessoais.

A escola, neste contexto, se apresenta como instância mediadora que, através de

uma educação humanista, pode ajudar crianças e jovens a desenvolverem uma visão

mais crítica do mundo, buscando construir novos modelos que superem estas

contradições. Isso significa prepará-los para além dos interesses e das necessidades do

mercado; significa, pois, prepará-los para a vida de maneira a que possam se sentir

confortáveis no mundo.

Nesse sentido, surge a Pedagogia de Projetos, metodologia de ensino-

aprendizagem que parte dos conhecimentos dos alunos e de suas experiências cotidianas

para abordagem dos conteúdos acadêmicos. Essa abordagem, no entanto, deve partir de

uma situação-problema vivida ou percebida e para a qual se busca entendimento e

solução. Dessa forma, surge a concepção de projeto, isto é, um conjunto de ações

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planejadas e coordenadas para atingir determinado fim. Essas ações são baseadas no

diálogo entre as experiências empíricas dos alunos e os conteúdos acadêmicos. Desse

diálogo, surgem, então, novos conhecimentos. Assim, ao optar pela Pedagogia de

Projetos, a escola deixa de ser o local de transmissão de conteúdo para ser um local

onde o conhecimento é construído colaborativamente, com a intensa participação dos

educandos.

Nesse contexto,

o aluno é estimulado a reconhecer o seu papel dentro da engrenagem social,

percebendo seus potenciais diante das situações, ele também reconhecerá as

suas possibilidades de ação. Partindo da comunidade local, os projetos

objetivam mostrar também como as comunidades se enquadram dentro da

sociedade, como as relações sociais se estabelecem. (Apud ANDRADE &

ROMANCINI, 2009, p.3)

O trabalho com projetos, portanto, exige a busca e a troca permanente de

informações em torno das questões problematizadoras que lhes dão origem. Assim,

trabalhar em equipe é uma necessidade. O trabalho em equipe, por sua vez, provoca o

confronto de opiniões, o que exige respeito e flexibilidade entre os pares. A

comunicação, portanto, assume um papel de destaque na Pedagogia de Projetos. Além

disso, uma concepção democrática de educação deve promover a socialização dos

conhecimentos construídos no âmbito da escola, criando a necessidade de se ter canais

de divulgação e comunicação com a comunidade do entorno.

Nesse ponto, percebemos a aproximação entre a Educomunicação e a Pedagogia

de Projetos. A Educomunicação pode facilitar o desenvolvimento de projetos na medida

em que estimula o protagonismo de crianças e adolescentes, promove o diálogo e

desenvolve a capacidade de expressão. Assim, a educomunicação ajuda a construir a

base das relações interpessoais na escola e a democratizar o conhecimento por meio da

apropriação das tecnologias da informação e da comunicação. Por outro lado, quando o

tema gerador de um projeto está intimamente ligado a problemas de comunicação na

escola, então temos um projeto educomunicativo por excelência.

Natureza dos projetos educomunicativos

Entendemos por projetos educomunicativos iniciativas que tenham por objetivo

promover o direito à liberdade de expressão e relações mais democráticas nas escolas.

Para atingir esse objetivo, as ações educomunicativas precisam ser encaradas como

exercícios pedagógicos, uma vez que a democracia - ainda em construção na nossa

sociedade - requer novos aprendizados.

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Soma-se a isso a necessidade das escolas incorporarem as novas tecnologias da

comunicação e da informação (TICs) aos processos de ensino-aprendizagem para

corresponder às expectativas das novas gerações, tão familiarizadas com essas

ferramentas e suas linguagens. A adaptação da escola a essa nova realidade, no entanto,

não pode ser guiada pelas tendências de mercado, pois isso significaria tornar a escola

refém dos interesses econômicos da indústria da informática e do audiovisual, conforme

apontam Silva e Moreira (1995, p.33):

[...] As novas tecnologias e a informática ilustram profundas transformações

que estão se dando na esfera de produção do conhecimento

técnico/administrativo. [...] não incorporar uma compreensão dessas

transformações à nossa teorização curricular crítica significará entregar a

direção de sua incorporação à educação e ao currículo nas mãos de forças que

as utilizarão fundamentalmente para seus objetivos mercadológicos e de

preparação de mão-de-obra adequada aos fins de acumulação e legitimação.

Podemos afirmar, então, que um projeto educomunicativo é uma ação planejada

a partir de certos princípios que, em conjunto, definem a sua natureza. Vejamos, a

seguir, quais seriam esses princípios.

1) Educação para e pela Comunicação

Uma vez que a educomunicação nasce da aproximação entre a comunicação e a

educação, um projeto educomunicativo deve caminhar por via de mão dupla,

promovendo a educação para a comunicação e a comunicação para a educação. Em

outras palavras, um projeto de educomunicação na escola deve estimular a reflexão

crítica sobre as mídias, por um lado, e a apropriação de suas ferramentas e linguagens

por meio de exercícios de autoria, por outro, com incentivo à criatividade e autonomia

dos sujeitos frente aos meios.

Não se trata, pois, de reforçar a resistência diante das mudanças ou de estimular

posturas preconceituosas em relação à mídia, mas de propor a incorporação das novas

tecnologias à educação de forma criteriosa, tendo em vista o bem da coletividade e a

humanização do espaço escolar.

2) Estímulo ao protagonismo infanto-juvenil

O objetivo de estímular o protagonismo infanto-juvenil é desenvolver a

iniciativa e a autonomia dos estudantes, tornando-os capazes de encontrar soluções

próprias para enfrentar os problemas. A iniciativa e a construção da autonomia, por sua

vez, passa pelo desenvolvimento da capacidade de expressão, que, aliás, é condição para

o exercício do direito à liberdade de expressão. Assim, faz parte da natureza de um

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projeto educomunicativo o exercício do direito à liberdade de expressão dos educandos

e a incorporação do erro (“ruído” na comunicação) como parte do aprendizado.

3) Gestão e circulação democrática da informação e do conhecimento

A gestão educomunicativa é democrática por natureza. Tem por compromisso o

estabelecimento de relações de poder horizontais em espaços educativos, em oposição

às estruturas rígidas e verticalizadas que marcam a cultura escolar. Isso significa

conquistar o reconhecimento do direito à voz e ao voto, tanto de educadores quanto de

educandos, nos processos decisórios que influenciam a todos, considerando, ainda, em

alguns momentos, a participação da comunidade do entorno.

A horizontalidade das relações, por sua vez, deve contribuir para uma melhor

circulação das informações, para a democratização do conhecimento, para a construção

do saber de forma compartilhada e para uma convivência mais humana no espaço

escolar. Note-se aqui que a complexidade é uma marca dos projetos educomunicativos.

Em consequência, a natureza complexa desses projetos tem exigido a presença de

educadores com capacidade de gestão de processos e ferramentas de comunicação, além

de habilidade para mediação de conflitos.

Como “educomunicador” é um nome ainda não legitimado no âmbito da

Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, continuaremos a chamar de professor-

mediador esse profissional, cujo perfil, competências e habilidades são descritas a

seguir.

O perfil do professor-mediador

O papel do professor-mediador seria o de identificar, estimular, planejar e

implementar práticas educomunicativas no âmbito da escola, isto é, iniciativas

pedagógicas nascidas da aproximação entre Comunicação e Educação, com o

compromisso de promover a democracia e a liberdade de expressão no espaço escolar.

Resumidamente, um sujeito capaz de: reconhecer o potencial educativo dos meios de

comunicação, identificar problemas e soluções relacionados à comunicação no espaço

escolar e promover a apropriação das novas tecnologias, tendo em vista a melhoria das

relações e a construção de uma sociedade mais democrática.

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Embora tenha como uma de suas principais preocupações a democratização do

acesso às novas tecnologias, o professor-mediador não se encaixa no perfil do educador

tecnológico, mas sim do educador humanista10

. Vejamos a diferença.

Os educadores tecnológicos, encantados com as inovações, procuram ressaltar os

avanços dos softwares, a velocidade da transmissão de dados e as soluções telemáticas.

Estão preocupados em ampliar o número de alunos atendidos simultaneamente em

ambientes virtuais de aprendizagem, reforçando uma concepção de educação com foco

nos conteúdos. Nesse caso, a autoaprendizagem é estimulada, antes de tudo, com a

intenção de se reduzir os custos da Educação por meio do ensino a distância.

Consequentemente, as interações entre os sujeitos do processo ensino-aprendizagem –

professor-tutor-aluno – são reduzidas ao mínimo possível.

Os educadores humanistas, por sua vez, acreditam na construção – e não

transmissão – do conhecimento. Essa construção se dá de forma compartilhada, por isso

investem na formação de comunidades de aprendizagem, sejam elas presenciais ou

virtuais, enfatizando a interação não apenas com o conteúdo, mas principalmente, entre

os próprios sujeitos envolvidos no processo. A comunicação humana é, nesse caso, a

base da educação aqui estabelecida.

A partir do perfil traçado para esse profissional, procurou-se então identificar as

competências e habilidades que deveriam ser desenvolvidas pelo mesmo.

Competências e habilidades

Primeiramente, percebeu-se que o professor-mediador deveria conseguir abstrair

os princípios e valores que norteiam as práticas educomunicativas. O professor, tomado

pelos problemas e desafios diários, muitas vezes não pára para refletir sobre sua prática

e não se percebe como agente transformador do espaço escolar. Deixa de ser sujeito

consciente e passa à condição de objeto do sistema educativo. Nessa condição, corre o

risco de incorporar as tecnologias da informação e da comunicação à sua prática

pedagógica sem critério e sem criticidade.

Refletir sobre a presença das novas tecnologias na escola a partir do conceito de

Educomunicação é o caminho – ou paradigma – oferecido aos educadores, para que

entendam o papel que as tecnologias e a própria comunicação poderão assumir na

escola e na comunidade, e a partir daí tomem suas decisões e façam suas próprias

escolhas.

10

MIDIAS NA EDUCAÇÃO. Módulo Introdutório - Integração de Mídias na Educação. Etapa1. Disponível em:

<http://webeduc.mec.gov.br/midiaseducacao/material/gestao/ges_basico/etapa_1/p7.html >. Acesso em: 26/06/2011.

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Segundo Ismar de Oliveira Soares, o que se busca com a educomunicação,

é um esforço processual coletivo - envolvendo direção, professores e alunos de

uma escola - no sentido da comunidade se apoderar não apenas das novas

linguagens, mas principalmente dos conceitos e métodos inerentes ao

planejamento e execução de propostas voltadas a criar um novo ambiente de

comunicação em espaços educativos, aberto e criativo, mediante o uso das

formas de expressão (como o teatro, o canto e dança) e/ou as tecnologias da

informação, como a imprensa, o rádio, o vídeo e a Internet.11

Da mesma forma, o professor-mediador deve conhecer o Programa Nas Ondas

do Rádio desde sua origem, como demanda social que resultou em importante política

pública, representando mais uma conquista na luta pela construção de uma sociedade

democrática. A partir do histórico, dos objetivos e da legislação que o sustenta, saber o

que fazer no âmbito da escola, assim como e por que fazer.

Além da apropriação dos conceitos que embasam a Educomunicação e do amplo

entendimento do Programa Nas Ondas do Rádio, entendem-se como competências e

habilidades do professor-mediador:

● A apropriação crítica das novas tecnologias;

● A capacidade de promover o protagonismo infanto-juvenil e a competência

comunicativa dos estudantes;

● A implementação de processos colaborativos de aprendizagem em oposição à

comunicação e à educação verticalizadas;

● A gestão do conhecimento com ênfase nos recursos humanos e tecnológicos;

● A elaboração e implementação de projetos educomunicativos no contexto

escolar;

● O domínio das ferramentas tecnológicas disponíveis na escola e de suas

linguagens;

● A capacidade de mediar conflitos;

● A promoção do diálogo entre os segmentos da comunidade escolar.

Definidas as competências e habilidades do professor-mediador, procurou-se

ajustar as necessidades às condições concretas para a formação. O curso, assim, foi

desenvolvido em 16 horas, divididas em três ou quatro encontros de formação,

conforme a demanda das Diretorias Regionais de Ensino que inicialmente tiveram

interesse pela formação. Foram elas: Campo Limpo, Freguesia do Ó, Itaquera, Penha e

Santo Amaro.

11

Entrevista concedida para a entidade Nos da Comunicação. Disponível em:

<http://www.nosdacomunicacao.com/panorama_interna.asp?panorama=111&tipo=G>. Acesso: 28/06/2011.

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Estrutura do curso

1º encontro – Projetos Educomunicativos: o que são, por que e como implementá-los

O objetivo do primeiro dia do curso foi ressaltar as razões de se trabalhar com

projetos, mostrando o diferencial de um projeto educomunicativo no âmbito escolar.

Primeiramente, abriu-se uma discussão sobre o que seria um projeto, como trabalhar a

partir dessa metodologia e como implementar um projeto educomunicativo na escola.

A seguir, foram realizados estudos de caso inspirados em situações reais vividas

em escolas da rede pública. Em grupos, os educadores deveriam refletir sobre possíveis

soluções para as situações-problema e socializar o resultado por meio de esquetes

teatrais12

.

Concluída essa etapa, os educadores, então, foram convidados a sistematizar as

soluções propostas e, dessa maneira, responder, de forma definitiva, as questões

levantadas no início do dia.13

Como tarefa da semana, propôs-se um trabalho de

diagnóstico junto às escolas por meio de questões como: qual modelo de ensino está

sendo reforçado pela forma como a comunicação acontece? Os usos das ferramentas

estão enfatizando o conteúdo, o resultado ou o processo? Tem permitido transformar

receptores passivos em produtores ativos de mensagens midiáticas?

2º encontro – A escola como ecossistema comunicativo, o papel do gestor de projetos

educomunicativos e os fluxos de comunicação na escola

O segundo encontro iniciou-se com uma conversa sobre as necessidades e os

desejos de mudança identificados pelos educadores a partir do exercício de diagnóstico

realizado nas escolas. A partir dessa discussão, foi possível sistematizar o conceito de

Educomunicação, e identificar ações educomunicativas concretas ou em potencial nas

escolas, juntamente com os educadores e mediante o relato de suas próprias

experiências. Ao formador coube promover a reflexão e a construção compartilhada do

conhecimento, com formulação de conceitos a partir da observação crítica da realidade.

Em outras palavras, o papel do formador foi estimular o processo de abstração

12

Fotos de esquetes teatrais foram disponibilizadas na internet. Para acessá-las, deve-se cadastrar gratuitamente no

site: < nasondasdoradio.ning.com> 13

Cabia ao formador avaliar se as esquetes refletiam, de fato, o problema e se haviam sido identificados todos os

elementos envolvidos na situação. Era de extrema importância observar o uso de narrativas com enfoque nos recursos

materiais ou nas relações humanas para a resolução do problema, bem como o uso ou não, adequado ou não, das

mídias, e se fora levado em conta a necessidade de um planejamento adequado e o apontamento de instrumentos de

avaliação dos objetivos alcançados. Ademais, o mediador deveria observar se alguma articulação com o Programa

Nas Ondas do Rádio fora feita pelos grupos ao refletirem sobre os problemas.

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(racionalização) sem deixar o grupo se pautar exageradamente pela emotividade, numa

espécie de “terapia em grupo”.

Assim, a partir do conceito de ecossistema comunicativo - apresentado como

espaço (abstrato) de convivência e de trocas no qual ocorre a ação comunicativa, foi

delineado o perfil do professor-mediador: um sujeito que deverá promover a

democratização do acesso aos meios de comunicação, o estímulo às interações sociais

presencias e à distância, e o estudo amplo e contínuo das influências dos meios de

comunicação no ambiente escolar, tendo em vista a construção de um ecossistema

comunicativo aberto, criativo e no qual prevalecem as relações horizontais, em oposição

aos espaços rígidos, fechados e hierarquizados que marcaram a Educação no Brasil por

muitos anos.

Na sequência, foi proposta a seguinte atividade: com o apoio da ferramenta

Microsoft Power Point, representar o ecossistema comunicativo da escola por meio de

um fluxograma, sinalizando os “locais” onde “ruídos” na comunicação são percebidos.

A partir do fluxograma, os educadores passariam a refletir sobre como as ferramentas da

comunicação poderiam se tornar aliadas na construção de um ecossistema

EDUcomunicativo de fato.

3º encontro – Por que e como escrever um projeto

O terceiro dia de formação iniciou-se com uma reflexão sobre a atividade

desenvolvida no segundo encontro, isto é, o fluxograma. Durante o debate, o formador

assumiu o papel de traduzir os “ruídos” em necessidades objetivas, pontuais e balizadas,

de forma que pudessem ser atendidas por projetos.

Depois de apresentar um trecho do longa-metragem francês “Entre os Muros da

Escola” 14

, o formador, então, propôs aos educadores que pensassem em suas próprias

necessidades e, dentre elas, elegessem uma prioridade: melhorar o fluxo de informações

na escola? Melhorar as relações interpessoais? Diminuir a violência? Ampliar a

participação da comunidade? Outra?

O grupo, então, foi levado a perceber a necessidade de um plano de ação, a fim

de minimizar problemas identificados em seus ambientes de trabalho. Esse plano deve

levar em conta a necessidade de negociação para garantir os recursos necessários, deve

considerar a participação efetiva dos estudantes, deve prever o diálogo como forma de

14 O trecho exibido apresenta um educador que, angustiado com a indisciplina, o desinteresse e as dificuldades de

seus alunos, consegue estabelecer uma relação dialógica através de uma ação educomunicativa, e, assim, melhorar o

desempenho dos educandos. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=WHkcfDjbsgM&feature=related>

Page 13: Da prática à reflexão: a formação de gestores de projetos educomunicativos nas escolas da rede municipal de São Paulo

mediar os conflitos, deve estabelecer mecanismos de avaliação do processo e dos

resultados. Em outras palavras, é preciso elaborar uma proposta de trabalho, documentá-

la e aprová-la junto à supervisão e ao Programa Nas Ondas do Rádio, e garantir as

condições mínimas para o alcance dos objetivos pretendidos.

Com base nos conceitos discutidos e a partir do modelo disponibilizado pelo

formador, os educadores foram, então, encorajados a escreverem seus próprios projetos

e produzirem um teaser15

publicitário para divulgação do mesmo na escola.

4º encontro - Instrumentos de Avaliação, Gestão do conhecimento e Gestão dos

recursos e produtos da comunicação

Inicialmente, os projetos e teasers produzidos pelos educadores foram

socializados e, com base nas informações por eles apresentadas, coube ao formador

falar da importância dos instrumentos de avaliação para acompanhar as várias etapas de

desenvolvimento de um projeto, aferir resultados, analisar o impacto de uma

intervenção, conferir o cumprimento de metas estabelecidas etc.

Como base para a construção desses instrumentos, apresentou-se o conceito de

gestão educomunicativa: uma gestão ética e participativa. Dessa maneira, foi discutida a

necessidade da escola manter-se aberta e em contato permanente com a comunidade e a

sociedade como um todo. Foram apresentadas como ferramentas de gestão da

informação e da comunicação: email, listas de discussão, banco de dados, redes sociais,

comunidades de aprendizagem, entre outras. Afinal, não adianta apenas informar, é

necessário que se estabeleçam trocas em espaços que se pretendam educomunicativos.

Partindo dessas premissas, os educadores foram orientados na elaboração de

instrumentos de avaliação tomando como ponto de partida seus próprios projetos e os

objetivos neles traçados. Vale ressaltar que foram disponibilizados um modelo de

avaliação e um tutorial explicativo de como criar um formulário online por meio da

ferramenta spreadsheet do Google.

Conclusão

O curso “Gestor de Projetos Educomunicativos”, não só revelou a necessidade

de se criar espaços de discussão sobre as ações educomunicativas no âmbito da Rede

Municipal de Educação da cidade de São Paulo, como também confirmou a existência

15 O teaser é um anúncio de curta duração, geralmente entendido como parte integrante de uma campanha publicitária

mais extensa. Ele busca, prioritariamente, despertar a curiosidade do interlocutor para uma novidade, geralmente

compreendido como primeira etapa de uma campanha publicitária.

Page 14: Da prática à reflexão: a formação de gestores de projetos educomunicativos nas escolas da rede municipal de São Paulo

de uma demanda pela legitimação de um profissional capaz de gerir projetos de

Educomunicação nas escolas.

Os educadores puderam trocar experiências e construir coletivamente uma

percepção do papel do professor-mediador dentro e fora da sala de aula. Esse

profissional requer uma visão ampla do contexto em que está inserida a escola pública,

e da complexidade do envolvimento de toda a comunidade em ações voltadas para a

construção coletiva e solidária do conhecimento.

O curso permitiu ainda que os educadores fizessem uma distinção entre um

projeto educomunicativo e um projeto de tecnologia educativa. Percebeu-se que um

projeto educomunicativo deve ir além do uso das tecnologias em si. Essas devem ser

utilizadas em prol da cultura da paz, da democracia e da liberdade responsável de

expressão.

Isto significa construir espaços de encontro em que os diferentes pontos de vista

possam ser discutidos e negociados a favor de uma escola democrática e preocupada

com a resolução de seus problemas, pois o papel do

ensino é transmitir não o mero saber, mas uma cultura que permita compreender nossa

condição e nos ajude a viver, e que fortaleça, ao mesmo tempo, um modo de pensar

aberto e livre. (MORIN, 2003, p.11)

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