da importância das eleições presidenciais

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1 Editorial Da importância das eleições presidenciais A nível nacional a campanha para as eleições presidenciais tem decorrido a um nível morno e com poucos pontos de interesse. Ou devido à falta de protagonismo e poder de acção que a Constituição dá à figura do presidente, ou aos próprios candidatos, os motivos discutidos durante a campanha não estão a fazer com que os portugueses despertem para a votação. Contudo, se analisarmos mais ao pormenor o que se pode vir a passar, tanto a nível nacional como a nível do concelho de Montemor-o-Novo, poderemos sempre encontrar motivos de interesse e de análise nas próximas eleições presidenciais. Assim, ao que tudo indica, a nível nacional estas eleições podem dar início a um novo ciclo político, pelo que a votação que o candidato apoiado pelos partidos mais à direita, PSD e CDS, vier a ter, pode dar uma noção de como está a receptividade do país a uma mudança política ao nível da Assembleia da República e do Governo. Por parte do partido socialista, é importante verificar até onde pode ir o candidato que apoia, face à possibilidade de constatar como está o seu suporte eleitoral, depois de terem sido tomadas muitas medidas que não agradam à maioria da população. Para o candidato do PCP a estratégia é a mesma do passado, tentando fazer passar a mesma mensagem, não existindo neste candidato qualquer tipo de novidade. Para os restantes candidatos, é difícil entender a razão porque estão a concorrer, a não ser a de fazer parte de uma estratégia de divisão alargada de votos, de modo a impedir uma eleição à

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Page 1: Da importância das eleições presidenciais

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Editorial

Da importância das eleições presidenciais

A nível nacional a campanha para as eleições presidenciais tem decorrido a um nível

morno e com poucos pontos de interesse. Ou devido à falta de protagonismo e poder

de acção que a Constituição dá à figura do presidente, ou aos próprios candidatos, os

motivos discutidos durante a campanha não estão a fazer com que os portugueses

despertem para a votação.

Contudo, se analisarmos mais ao pormenor o que se pode vir a passar, tanto a nível

nacional como a nível do concelho de Montemor-o-Novo, poderemos sempre

encontrar motivos de interesse e de análise nas próximas eleições presidenciais.

Assim, ao que tudo indica, a nível nacional estas eleições podem dar início a um novo

ciclo político, pelo que a votação que o candidato apoiado pelos partidos mais à

direita, PSD e CDS, vier a ter, pode dar uma noção de como está a receptividade do

país a uma mudança política ao nível da Assembleia da República e do Governo. Por

parte do partido socialista, é importante verificar até onde pode ir o candidato que

apoia, face à possibilidade de constatar como está o seu suporte eleitoral, depois de

terem sido tomadas muitas medidas que não agradam à maioria da população. Para o

candidato do PCP a estratégia é a mesma do passado, tentando fazer passar a mesma

mensagem, não existindo neste candidato qualquer tipo de novidade. Para os restantes

candidatos, é difícil entender a razão porque estão a concorrer, a não ser a de fazer

parte de uma estratégia de divisão alargada de votos, de modo a impedir uma eleição à

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primeira volta. Se pensarmos um pouco, esta foi a estratégia de Mário Soares aquando

da sua primeira eleição presidencial, e que resultou na sua vitória na segunda volta.

Neste sentido, estas eleições serão sempre um contar de espingardas dos diversos

partidos depois de um ano de forte crise económica e financeira e onde muita coisa se

passou desde que fomos a votos pela última vez.

Tal como a nível nacional, estas eleições presidenciais também poderão ter a sua

importância relativa no concelho de Montemor-o-Novo. Também aqui, a nível local,

um novo ciclo político vai ter início, embora ainda não se saiba exactamente quando

começa, devido à saída forçada do actual presidente da Câmara Municipal no final

deste mandato autárquico, o deverá provocar alguma agitação política.

Por um lado, estas serão as primeiras eleições desde que Joaquim Bastos e Capoulas

Santos tomaram conta do PS, pelo que também para eles deverá ser importante saber

até onde podem ir, e com o que é que podem contar neste concelho. Por outro lado,

para o PCP também é importante ver como se comporta a sua base de apoio e

constatar se o partido conseguirá manter mais uma vitória nestas eleições. Mas não é

apenas para o PS e para o PCP que estas eleições podem ser importantes. Também

para o PSD é muito importante verificar até onde pode ir a candidatura do seu

candidato em terreno hostil. Se a base de apoio for maior do que a verificada nas

últimas eleições, a concelhia do PSD pode ver qual é, de facto, o seu potencial. A

dinâmica que o PSD tem apresentado, embora mais na Assembleia Municipal do que

no vida civil, por contraponto à falta dela por parte do PS, tem também nestas eleições

um teste acrescido. Por isso, tanto um como outro destes partidos em Montemor têm

necessidade de contar e de tomar o pulso aos seus eleitores, para poderem começar a

definir estratégias para o seu futuro político.

As eleições são sempre actos que medem o pulso político a uma população, quer a

nível nacional quer a nível local, sejam elas presidenciais, legislativas ou autárquicas.

Embora a sua relevância seja diferente e estejam em causa, em cada uma das eleições,

situações, propostas e alternativas diferentes, o voto é sempre um reflexo da vontade

do povo e mostra um sentimento de mudança ou de estabilidade em cada momento,

consoante são as expectativas. Vamos a votos.

A.M. Santos Nabo

Janeiro 2011