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DA FALA PARA A ESCRITA: PROCESSOS DE RETEXTUALIZAÇÃO EQUIPE MARIA DE JESUS GLEIDSON MARIANA

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Page 1: Da Fala Para a Escrita

DA FALA PARA A ESCRITA: PROCESSOS DE RETEXTUALIZAÇÃOEQUIPE

MARIA DE JESUS

GLEIDSON

MARIANA

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LUIZ ANTÔNIO MARCUSCHI É PESQUISADOR E PROFESSOR DOUTOR, TITULAR DE LINGÜÍSTICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO.

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APRESENTAÇÃO DA OBRA

A obra de sua autoria, intitulada Da fala para a escrita: atividades de retextualização, compõe-se de dois capítulos. O primeiro, que o autor intitula de “Oralidade e Letramento”, está dividido em oito tópicos.

O segundo, denominado “Da fala para a Escrita: Processos de Retextualização”, equivale a uma demonstração de como as atividades de retextualização podem ser realizadas. Está dividido em treze tópicos, nos quais o autor estabelece as suas idéias básicas sobre o que seja a atividade de retextualização na prática.

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DELIMITAÇÃO DO ESCOPO

O autor estabelece que o estudo diz respeito a apenas uma das possibilidades de retextualização, a que consiste em passar o texto falado para o escrito, excluindo as demais possibilidades: texto falado para outro, texto escrito para outro e texto escrito para texto falado.

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VISÃO GERAL DA ABORDAGEM

O professor Luiz Antônio Marcuschi busca em seu trabalho desfazer o mito da supremacia cognitiva da escrita diante da oralidade, além de propor uma normatização do processo de retextualização.

Uma preocupação constante do autor nesta obra é descaracterizar a relação dicotômica, fundamentada no modelo estruturalista, voltando-se mais para uma abordagem funcionalista, admitindo que oralidade e escrita sejam duas modalidades de uso da mesma língua, convivendo sob o esteio de sistemas e regras, mas com capacidade de expressar tudo o que podemos pensar.

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DO QUE SE TRATA?

Os resultados das investigações sobre a relação entre língua falada e língua escrita indicam que:As semelhanças são maiores do que as diferenças tanto nos aspectos linguísticos como sociocomunicativos.Não são estanques nem dicotômicas, mas contínuas ou graduais.Compreensão das relações quando observadas no contínuo dos gêneros textuais.

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CONTINUAÇÃO Características diferenciais são propriedade da

língua. Não há qualquer diferença linguística na produção

falada ou produção escrita.( características não são categóricas nem exclusivas).

Fala e escrita são normatizadas nas manifestação textual.

Fala e escrita são multissistêmicas. Apropriação da escrita para estabelecer, manter e

reproduzir relações de poder, não devendo ser tomadas como libertária.

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A LEMBRAR

A visão dicotômica da relação entre fala e escrita não mais se sustenta.

A escrita não representa a fala. Fala e escrita são diferentes, mas as

diferenças não são polares e sim graduais e contínuas.

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RETEXTUALIZAÇÃO

Passagem ou transformação do texto falado para o escrito.

Não é um processo mecânico, interferem tanto no código como no sentido.

Antes de qualquer atividade de transformação textual, ocorre uma atividade cognitiva denominada compreensão.

Durkheim considera que as mudanças cognitivas são o produto das mudanças sociais.

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LEMBRANDO

A passagem da fala para a escrita não é a passagem do caos para a ordem: é a passagem de uma ordem para outra ordem.

No plano da cognição, uma atividade de transformar um suposto pensamento concreto em suposto pensamento abstrato.

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POSSIBILIDADES DE RETEXTUALIZAÇÃO

1. Fala - Escrita (entrevista oral entrevista impressa)

2. Fala Fala ( conferência tradução simultânea)

3. Escrita Fala ( texto escrito exposição oral)

4. Escrita Escrita ( texto escrito resumo escrito)

TODA VEZ QUE REPETIMOS OU RELATAMOS O QUE ALGUEM DISSE, ATÉ MESMO QUANDO PRODUZIMOS AS SUPOSTAS CITAÇÕES IPSIS VERBIS, ESTAMOS TRANSFORMANDO, REFORMULANDO, RECRIANDO E MODIFICANDO UMA FALA EM OUTRA.

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TRANSCRIÇÃO E TRANSCODIFICAÇÃO

Transcrever a fala é passar um texto de sua realização sonora para a forma gráfica com base numa série de procedimentos convencionalizados.

Rey-Debove(1996) identifica quatro níveis na relação entre o oral e o escrito:

1. nível da substancia da expressão: diz respeito à materialidade línguistica letra e som/ questões idioletais e dialetais.

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2.nível da forma da expressão: a distinção entre a forma do grafema e do fonema na realização fonética. Ex. menino e meninu.

3. Nível da forma do conteúdo: relações entre as unidades orais e as correspondentes unidades escritas que operam como sinônimos.

Ex. o que queres comer? Que que qué comê?

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4. Nível da substancia do contéudo: uso situacional e contextual específico. Ex. carta: com meus cumprimentos, subscrevo-me. No telefone: “olha , um abraço e um cheiro para vc”.

A transcrição representa uma passagem, uma transcodificação (do sonoro para o grafemático)

O texto oral transcrito perde seu caráter originário e pessoal e passa por uma neutralização devido à transcodificação.

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VALE LEMBRAR

Transcrição é uma espécie de adaptação. É uma transformação na perspectiva de uma

das modalidades, não é simples, nem natural, é uma primeira interpretação na perspectiva da escrita.

Distinção entre transcodificação e transcrição:

Transcodificação é a passagem do sonoro para o gráfico

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VARIÁVEIS INTERVENIENTES

Propósito ou objetivo da retextualização; Relação entre o produtor e o transformador

do texto Relação tipológica entre o gênero textual

original e o gênero da retextualização. Processos de formulação típicos de cada

modalidade

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A RELAÇÃO ENTRE O ORAL E O ESCRITO, EM QUALQUER LÍNGUA, É COMPLEXA E PODE SER REALIZADA EM VÁRIOS NÍVEIS:

O nível da substância da expressão: materialidade lingüística; considera a correspondência entre letra e som. 

O nível da forma da expressão: materialidade lingüística; os signos falados e escritos; distinção entre a forma do grafema (a grafia usual) e do fonema na realização fonética (a pronúncia). 

O nível da forma do conteúdo: relações entre as unidades significantes (expressões, itens lexicais ou sintagmas) orais e as correspondentes unidades significantes escritas. 

O nível da substância do conteúdo: expressões lingüísticas que se equivalem do ponto de vista pragmático.

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VÁRIOS NÍVEIS DA RELAÇÃO ENTRE AS UNIDADES SIGNIFICANTES ORAL E ESCRITA

NívelForma

organização lingüística da fala ou da escrita (estruturas)

Substânciamatéria da qual a língua é construída

Expressão

escrita (grafemas) e fala (fonemas)menino e

pronúncia correspondente, por exemplo: [mininu]

matéria gráfica (letras) ematéria fônica (sons)

a,b,c,d,e e [sons correspondentes]

Conteúdo

unidades significantes orais e escritas equivalentes, por

exemplo:o que você quer saber?

e[que cê qué sabê?]

expressões lingüísticas orais e escritasequivalentes, por exemplo:com os meus cumprimentos,

subscrevo-me.e

um abraço, tá.

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FRAGMENTOS DE RESENHAS: CRÍTICAS Em sua tentativa de quebrar o mito da diferença entre a

oralidade e a escrita, o que ele chama de preconceito, Luiz Marcuschi corre o risco de não ser aceito pela maioria dos autores. Até mesmo nos exemplos que apresenta, mostra textos verbais carentes de uma melhor elaboração que para chegarem à excelência tem que passar por muitos recursos. Através das suas regras de editoração cria métodos que moldam o texto falado de forma a facilitar a sua compreensão. Se há necessidade de recorrer a estas ferramentas de edição no sentido de melhorar o texto falado, então como o autor afirma não ser a escrita cognitivamente superior à fala? Isto ele não soube explicar. Os gráficos utilizados também não são os mais explicativos possíveis.

F. CARVALHO - Jornalista

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Ainda que a obra ofereça exemplos interessantes ao pesquisador e seja sugerida aos que se interessam pelo texto, ao menos apresenta dois pontos fracos: um deles diz respeito aos exemplos de retextualizações de entrevistas.

Marcuschi trata o gênero como algo homogêneo, quando, na atualidade, os instrumentos de coleta de uma entrevista podem diferenciar fundamentalmente os processos de produção do texto e suas operações de retextualização. No caso das entrevistas colhidas por meio de anotações, a retextualização se dá em pelo menos três níveis, além de partir, de fato, do oral para o escrito.

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No caso de entrevistas gravadas em fita magnética, a retextualização parte da transcrição, que pode ter níveis de proximidade com relação à fala, conforme os objetivos do jornalista (que rarissimamente são os mesmos do lingüista ou do professor de língua materna). Editores e revisores também farão leituras diversas dos exemplos oferecidos, o que só enriquece as possibilidades da obra. Já a entrevista por e-mail constitui-se em uma forma recente de abordagem do entrevistado e de coleta do material textual e, fundamentalmente, jamais foi falada.

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Trata-se de um meio amplamente empregado pelos jornalistas para obtenção de entrevistas, que começam e terminam por escrito, ainda que sofram transformações e edições após o retorno ao profissional de texto. Nesse aspecto, trata-se de um texto planejado pelo respondente, com chances de retextualização de nível bastante diverso de uma entrevista coletada face a face.

Outro ponto fraco da obra é a falta de atividades aplicáveis às salas de aula de alunos mais jovens. É elogiável que o autor marque bem as posturas preconceituosas do professor que oferece aos alunos apenas atividades de retextualização que parecem supor que a oralidade seja inferior ou pior do que a escrita, mas a obra frustra um pouco a expectativa de quem procura sugestões de atividades que reforcem as aulas do dia-a-dia para além desse tipo de atividade.

Ana Elisa Ribeiro

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CONCLUSÃO

Como podemos ver, a obra de Marcuschi aborda as relações entre fala e escrita, desfazendo o mito da supremacia do letramento sobre a oralidade, e propõe a retextualização como uma abordagem possível para o trabalho com textos orais na sala de aula. Essa proposta, além de atingir professores de língua portuguesa, pode servir a outros profissionais que lidam com o processo de retextualização, como jornalistas e pesquisadores.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MARCUSCHI, Luiz Antônio. Da fala para a escrita: atividades de

retextualização. – 4.ed – São Paulo: Cortez, 2003. MARCUSCHI, Luiz Antônio. Da fala para a escrita: atividades de

retextualização. – 4.ed – São Paulo: Cortez, 2003. Resenha de: CARVALHO, F.. Disponível em: <http://conexaoparnaiba.blogspot.com/2008/05/resenha-da-fala-para-escrita-atividades.html > Acesso em: 28 de dezembro de 2010.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. – 4.ed – São Paulo: Cortez, 2003. Resenha de: RIBEIRO, Ana Elisa. Revista Educação, Santa Maira – RS, Edição: 2006 - Vol. 31 - No. 01. Disponível em: <http://coralx.ufsm.br/revce/revce/2006/01/r12.htm> Acesso em: 29 de dezembro de 2010.