da expressão à liberdade

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Da Expressão à Liberdade O homem é um ser que tem em sua essência a necessidade de comunicação. Desde os primeiros tempos o ser humano tem tentado se comunicar com sua geração e com as gerações subsequentes, e por causa dessa necessidade intrínseca ele desenha, rabisca, escreve; tornando comum a outros de seus semelhantes o seu pensamentos, medos e reflexões por meio das artes em geral. È por causa dessa sua necessidade que o homem escreve, noticia e noticia-se. Tornando a si, e aos seus, eterno. Se olharmos a história da humanidade, veremos que desde as narrativas desenhadas em cavernas, passando pelos contos mitológicos e chegando às histórias da Bíblia judaico- cristã, veremos que o ser humano é primordialmente comunicativo. Ele vive para se tornar comum ao outro, para se fazer conhecido no outro, para se projetar no outro com o intuito de preservar a si e a história dos seus pares, os outros seres humanos. O homem não se faz sozinho, ele se faz com e no outro. Daí o porquê de não ser bom “que o homem esteja só”, pois ele, o homem, se completa com o outro. Talvez venha desta característica humana a sua constante necessidade de ouvir histórias e de contar histórias, de se expressar. Como disse o poeta João Cabral de Melo Neto, “O galo sozinho não tece um amanhã/ Ele precisa sempre de outros galos./ De um que apanhe esse grito [...]/E o lance a outro; de um outro galo [...]/Pra que o amanhã, desde uma teia tênue,/ Se vá tecendo, entre todos os galos.” (A Educação pela Pedra, 1996). Nas palavras do poeta pernambucano, o homem é como um galo que solta o seu grito e que precisa de outros galos para construir o futuro, futuro esse que é costurado em conjunto como uma teia, por um e com todos. É por esse motivo que dizemos que a liberdade de comunicação é uma necessidade primordial da criatura chamada homem. Sendo assim, furtar do homem a sua liberdade de comunicar- se com seus pares é não apenas um crime, mas uma tentativa

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Da Expresso Liberdade O homem um ser que tem em sua essncia a necessidade de comunicao. Desde os primeiros tempos o ser humano tem tentado se comunicar com sua gerao e com as geraes subsequentes, e por causa dessa necessidade intrnseca ele desenha, rabisca, escreve; tornando comum a outros de seus semelhantes o seu pensamentos, medos e reflexes por meio das artes em geral. por causa dessa sua necessidade que o homem escreve, noticia e noticia-se. Tornando a si, e aos seus, eterno.Se olharmos a histria da humanidade, veremos que desde as narrativas desenhadas em cavernas, passando pelos contos mitolgicos e chegando s histrias da Bblia judaico-crist, veremos que o ser humano primordialmente comunicativo. Ele vive para se tornar comum ao outro, para se fazer conhecido no outro, para se projetar no outro com o intuito de preservar a si e a histria dos seus pares, os outros seres humanos. O homem no se faz sozinho, ele se faz com e no outro. Da o porqu de no ser bom que o homem esteja s, pois ele, o homem, se completa com o outro. Talvez venha desta caracterstica humana a sua constante necessidade de ouvir histrias e de contar histrias, de se expressar. Como disse o poeta Joo Cabral de Melo Neto, O galo sozinho no tece um amanh/ Ele precisa sempre de outros galos./ De um que apanhe esse grito [...]/E o lance a outro; de um outro galo [...]/Pra que o amanh, desde uma teia tnue,/ Se v tecendo, entre todos os galos. (A Educao pela Pedra, 1996). Nas palavras do poeta pernambucano, o homem como um galo que solta o seu grito e que precisa de outros galos para construir o futuro, futuro esse que costurado em conjunto como uma teia, por um e com todos. por esse motivo que dizemos que a liberdade de comunicao uma necessidade primordial da criatura chamada homem.Sendo assim, furtar do homem a sua liberdade de comunicar-se com seus pares no apenas um crime, mas uma tentativa de ir contra uma das suas necessidades mais nobres e pungentes. importante esclarecer que em plena vigncia do Estado Democrtico de Direito, ao tornar conhecidas suas opinies e idias, o homem exercita-se das prerrogativas constantes dos incisos IV e IX, do artigo 5, da Constituio Federal. Relembrando que os referidos textos constitucionais so claros em dizer que: livre a manifestao do pensamento, sendo vedado o anonimato" (inciso IV) e " livre a expresso da atividade intelectual, artstica, cientfica e de comunicao, independentemente de censura ou licena" (inciso IX). Alm disso, cabe salientar que a proteo legal da comunicao por quaisquer meios tambm se constata na anlise mais acurada do inciso VI, do mesmo artigo em apreo, quando sentencia que " inviolvel a liberdade de conscincia e de crena". O home livre para sua expresso, pautando-se sempre na pureza de conscincia e verdade, seja de fatos seja de suas crenas. A propsito: crena e comunicao esto intimamente ligados, pois um depende do outro. No h crena sem comunicao. No h futuro sem comunicao. No h homem que no se comunique. No h homem sem comunicao.