da escola pÚblica paranaense 2009 · se o ensino a distância (ead), como ... construcionismo...

62
O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I

Upload: vucong

Post on 07-Nov-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO – SUED

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGAMAS EDUCACIONAIS

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

Professor PDE: Maria Elisabete da Silva Peres Henrique

Área PDE: Pedagogo

NRE: Maringá

Professora Orientadora IES: Dra. Rosângela Célia Faustino-DPT/UEM

IES: UEM

Escola de Implementação: Colégio Estadual José Luiz Gori - Mandaguari

Público Objeto da Intervenção: Professores e Funcionários

CADERNO TEMÁTICO

TEMA DE ESTUDO: Políticas Públicas

TÍTULO: Formação Continuada dos Professores e Educação a Distância

PDE – 2009-2010

MARINGÁ – PR

2

PRIMEIRA UNIDADE Filme: “Escritores da Liberdade”

Todos somos atores de nossa vida, mas nem sempre podemos ter sua autoria. O

pensar [e o escrever] favorece a autoria da existência. (Dulce Critelli, 2006).

Uma obra fílmica, por si só, não pretende ensinar algo a quem a assite. No filme

“Escritores da Liberdade”, a protagonista Hilary Swank, professora por escolha, nos revela de

forma sutil e possível o olhar sensível de alguém que, além de ensinar também aprende.

Filme: Escritores da liberdade (Original: Freedom Writers) País: EUA/Alemanha -

Gênero: drama. Classificação: 14 anos. Duração: 123 min. Ano: 2007. Direção: Richard

LaGravenese . Produção: Danny DeVito, Michael Shamberg, Stacey Sher. Elenco: Hilary

Swank, Patrick Dempsey, Scott Glenn, Imelda Staunton, April Lee Hernandez, Mario, Kristin

Herrera, Jacklyn Ngan, Sergio Montalvo, Jason Finn, Deance Wyatt, Vanetta Smith, Gabriel

Chavarria, Hunter Parrish, Antonio Garcia.

Sinopse: Hilary Swank é uma professora novata que tenta inspirar seus alunos

problemáticos a aprender algo mais sobre tolerância, valorizar a si mesmos, investir em seus

sonhos e dar continuidade a seus estudos além da escola básica. Ela é ousada ao enfrentar os

grupos formadores de gangs em sala de aula, levando-os a pensar sobre a formação e

ideologia dos próprios.

Disponível em: <http://br.cinema.yahoo.com/dvd/filme/14178/escritoresdaliberdaden>

Acesso em: 16 de jul. de 2010.

Após assistir ao filme, reflita e responda às questões:

a) Que profissional sou hoje?

b) Reconheço que a lida com o ser humano me torna alguém melhor?

c) Devo cuidar da minha prática ou do colar de Pérolas?

d) As pérolas representam a fragilidade da educação. O que posso fazer profissionalmente

para tornar mais efetivo no que ensino?

e) O que posso fazer para trabalhar as diferenças entre os grupos que lido na prática docente?

f) Posso, através da história, “ensinar” o que é possível mudar numa realidade?

g) Por que escolhi “ensinar”?

3

Segunda Unidade

Ambiente Moodle

Para refletir :

Com base no que escreveu Eduardo José Renato (1997, p.5).

Estamos diante de uma bela demonstração de que a modernização da educação é séria demais para ser tratada somente por técnicos. É um caminho interdisciplinar e a aliança da tecnologia com o humanismo é indispensável para criar uma real transformação. (...) Em síntese, só terá sentido a incorporação de tecnologia na educação como na escola, se forem mantidos os princípios universais que regem a busca do processo de humanização, característico caminho feito pelo homem até então.

O surgimento da Internet revolucionou a maneira de agir e pensar de todos:

empresas, governos, instituições públicas, privadas; pessoas observaram o potencial e a

diversidade de oportunidades nesse novo meio de comunicação. Sob essa ótica desenvolveu-

se o Ensino a Distância (EAD), como uma ferramenta capaz de levar conhecimento e

vislumbrar um crescimento cultural e educacional de populações de países de dimensões

continentais como o Brasil, em lugares de difícil acesso ao ensino presencial, além de razões

econômicas e sociais.

Já nos atuais tempos do modelo de capitalismo vigente, nos quais se firma a

chamada especialização flexível exige-se:

[...] mudanças no processo educacional/formativo, de tal modo que capacitem o

trabalhador a adquirir habilidades necessárias para acompanhar a velocidade das

inovações tecnológicas, recrudesce, concomitantemente, a preocupação dos

governos que representam países de um baixo índice de estudantes universitários

formados, tal como no caso do Brasil. É neste contexto que se insere o escopo do

governo brasileiro de criar o programa Universidade Aberta do Brasil e os cursos de

formação universitária [...] (NASCIMENTO; MOURA, 2008).

A promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, 9394/96, dá novo

incentivo à pesquisa e desenvolvimento na área de Educação a Distância. Em seu artigo 80

estabelece “O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de

ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada”.

(BRASIL. 2005).

4

Incentivados pela necessidade de democratização de acesso, atualização profissional

e das possibilidades decorrentes da telemática, a educação a distância vem se expandindo

consideravelmente no mundo e no Brasil, levando as pessoas e instituições a utilizarem-na

como mais uma forma de buscar e promover saberes.

Uma nova dinâmica se instala no trabalho educacional, trazendo outras

possibilidades de democratização do acesso, interações e construções individuais ou

colaborativas.

AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM

A necessidade de organizar o espaço virtual para promover o processo de ensino-

aprendizagem, no cenário propiciado pelas novas tecnologias de informação e comunicação,

favoreceu o surgimento dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA), sistemas baseados

em tecnologia de internet que rodam por meio de um servidor e são acessados por um

navegador web. (FERREIRA, 2008, p.54) “Nem todas as plataformas virtuais possuem os

mesmos componentes. Isso dependerá da abordagem pedagógica, dos objetivos e da

instituição que os desenvolveu. Esses componentes denominam-se ferramentas [...]” (apud

COMASSETTO, 2006 apud FERREIRA, 2008 p. 54.)

No entanto, a educação a distância surgiu muito antes das tecnologias modernas, como

as disponíveis hoje, como a internet, e essa modalidade de ensino não depende

exclusivamente dos recursos que as novas tecnologias oferecem, mas eles contribuem

positivamente para o avanço e aperfeiçoamento desse novo jeito de ensinar/aprender.

É inegável que o avanço tecnológico, além de possibilitar o avanço irreversível da

modalidade, também atrai muito mais pessoas a utilizar dos recursos midiáticos para estudos e

para o aperfeiçoamento diário. Com o surgimento de novos cursos baseados na infraestrutura

da internet aumentaram a oferta de cursos nessa modalidade, oportunizando novas dinâmicas

para o processo de ensino-aprendizagem. O que deu espaço para o aperfeiçoamento e

disseminação do Ambiente Moodle.

MOODLE – Ambiente Virtual de Aprendizagem

5

O desenvolvimento do ambiente Moodle foi realizado pelo australiano Martin

Dougiamas que, com sua formação acadêmica em Informática e Educação, conseguiu unir

modernas técnicas e recursos computacionais de desenvolvimento com a pedagogia do

construcionismo social, resultando em um ambiente virtual focado na

aprendizagem.(FERREIRA 2008) Esse ambiente virtual de aprendizagem tornou-se

conhecido e disseminado em diversas partes do mundo, por ter sido desenvolvido a partir de

princípios pedagógicos bem definidos e que adota a filosofia do software livre, destinado à

aprendizagem à distância. “Permitindo inclusive o uso em cursos semipresenciais ou para a

publicação de materiais, etc. que complementa os cursos presenciais”. (PITON; SALVADOR;

CAETANO 2006).

No construcionismo social o aprendizado é efetivo quando se constrói algo a partir

de outras experiências. Isto pode ser estendido a um grupo social, construindo artefatos,

criando uma cultura de conhecimentos e significados mutuamente compartilhados. Assim, o

Moodle pode ser utilizado como uma ferramenta virtual que gerencia os dados e informações,

facilitando a aprendizagem e a avaliação formativa do estudante. Para isso, o Moodle possui

uma quantidade de ferramentas que possibilitam ao professor/orientador/tutor gerenciar um

curso/disciplina/atividade de qualquer lugar em qualquer instante.

O Ambiente também disponibiliza um conjunto de ferramentas computacionais que

colaboram na coleta, busca, gerenciamento, inserção e arquivamento ou registro detalhado

dos trabalhos dos estudantes e do professor, como: fórum, chat, diário, correio eletrônico,

repositório on-line de materiais, recurso para envio on-line de trabalhos e atividades

propostas, tira dúvidas, mural para avisos, diário, calendário e grupos.

FÓRUM

Segundo o dicionário on-line, fórum é “uma reunião ou local de reunião sobre tema

específico ou para debate público.” Sendo que nesse espaço virtual é possível discutir,

responder, comentar assuntos específicos referentes a determinado tema, on-line que são

enviadas ao fórum, de acordo com o tempo proposto pelo professor, ou coordenador.

A ferramenta fórum permite discussões on-line por meio de mensagens assíncronas, ou seja, as mensagens são enviadas ao fórum ao longo de dias, semanas ou pelo período que o coordenador da atividade achar necessário. Os participantes não estão, necessariamente, presentes em tempo real sincronizados, nesta atividade. (FERREIRA, 2008, p.56) .

6

Discutir em um espaço virtual tem características diferentes de quando se estabelece

a mesma discussão num ambiente presencial. A assincronia (tempo diferente), por exemplo, é

uma particularidade dos fóruns estabelecidos em espaços virtuais: as mensagens postadas

ficam disponíveis para leitura de todos os participantes e a conversa acontece quando os

colegas, professores ou tutores respondem às postagens. É como uma discussão em sala de

aula, com a diferença do registro, uma vez que nos fóruns todas as postagens ficam

registradas, gravadas. Para Ferreira (2008, p.57) “Fórum é um espaço importante para troca de

idéias, de opiniões, de informações e, até mesmo, de sentimentos em relação aos assuntos

propostos. A participação dos vários atores no Fórum enriquece o debate e ajuda a elaborar

melhor o assunto”.

CHAT

Nos chats os participantes têm oportunidade de se comunicar em tempo real. Nessa

modalidade de comunicação todos os participantes podem se comunicar com todos que

estiverem conectados pelo ambiente virtual de aprendizagem. Além de possibilitar uma

comunicação entre todos ao mesmo tempo, essa interface também permite uma comunicação

on-line mais reservada com qualquer participante.

Pela internet comunica-se, sem barreiras de tempo ou espaço, por e-mail, ou em

programas de conversão em tempo real, para trabalho ou para distração.

Cada época tem tido uma forma própria de comunicar-se: os sons de tambor, o fogo, os sinais com panos ou bandeiras, o bilhetinho, o telefone, o telégrafo, e agora o telefone fixo-móvel, a Internet e os telemóveis. O século XXI não foge à regra de qualquer outra época. As necessidades de comunicação têm sido muitas, o ritmo de vida é muito rápido, e o Homem continua a inventar sempre o material que faz avançar os seus sonhos e sempre aperfeiçoando e indo mais além, de descoberta em descoberta. E assim o homo sapiens está a converter-se em homo digitalis com a introdução, na vida diária, dos computadores, da Internet e dos telemóveis (TLMs).

Os participantes do curso entram nos chats, geralmente nos dias e horários

previamente agendados, para que a interação tenha a participação de todos, ao mesmo tempo.

Para essas participações, geralmente são destinados períodos curtos e o número de

participantes reduzido, para que se não perca o foco da discussão. Os temas são bem pontuais,

as respostas devem ser bem objetivas e concisas, pois o tempo previsto para essa atividade

geralmente é curto. Segundo José Luís Ferreira (2008, p. 57) “O espaço mais elaborado para

discussões é o Fórum”.

7

Interfaces como os chats, permitem que as distâncias geográficas, simbólicas e existências possam ser (re) significadas, permitindo a troca de saberes, desejos, dúvidas a qualquer espaço/tempo, não possíveis em práticas educacionais midiatizadas pelos suportes de comunicação de massa.(SANTOS. 2003).

Endereços de chats disponíveis gratuitamente

Sala de bate-papo do Fórum Mundial de Educação

http://chat.portoweb.com.br/fme1/

SANTOS. Edméa Oliveira. Ambientes virtuais de aprendizagem: por autorias livre, plurais e

gratuitas. In: Revista FAEBA, v.12, no. 18.2003(no prelo).11

Chat da Biblioteca Virtual do CNPq http://www3.prossiga.br/chat/ICQ http://go.icq.com/

TAREFA

A Tarefa consiste na produção do aluno ou cursista, no final de cada unidade

trabalhada e enviada ao professor ou tutor.

A Tarefa após ser realizada, deverá ser salva nos arquivos pessoais do aluno/cursista

em seu computador. É importante criar uma pasta para o curso.

De posse das tarefas enviadas, o professor pode dar as notas, argumentar, fazer

feedback.

As tarefas podem ser:

• Formular e defender uma opinião (texto dissertativo);

• Sugestões de leituras complementares;

• Pesquisa em livros ou na web;

• Elaborar resumos e/ou resenhas;

• Planejar uma aula;

• Atividade de auto-avaliação;

• Qualquer coisa que exija ao cursista processar e transformar as informações

coletadas.(PARANÁ. 2009).

DIÁRIO

8

A definição de “diário”, encontrada no dicionário on-line é livro onde se registram as

matérias dadas nas aulas, diariamente. No ambiente Moodle, diário é o local, onde o aluno/

cursista registra os seus avanços, as reflexões, as atividades, as dúvidas, lembretes,

compromissos, tarefas. Esses procedimentos são exclusivos entre aluno e professor, que se

dão através de orientações, comentários, feedback. Os demais participantes não têm acesso a

esses registros. Essa ferramenta deve ser constantemente vista tanto pelo cursista, como pelo

professor.

Para Ferreira (2008, p.59) “Diário é de uso individual, particular, pessoal e, normalmente,

está atrelado ao perfil do aluno.”

WIKI

Um wiki é uma página web que pode ser editada colaborativamente, ou seja, qualquer participante pode inserir, editar, apagar textos. Oferece suporte a processos de aprendizagem colaborativa. As versões antigas das páginas são arquivadas e podem ser recuperadas a qualquer momento. (FERREIRA, 2008, p. 64)

Pesquisa e Avaliação

Programas e cursos a distância, pelo seu caráter diferenciado em função dos desafios

que enfrentam, devem ser acompanhados e avaliados em todos os seus aspectos, de forma

sistemática, contínua e abrangente. Os mecanismos utilizados devem ultrapassar os limites

impostos pela simples análise quantitativa, estabelecendo um processo de co-responsabilidade

entre os profissionais envolvidos.

A proposta do sistema de avaliação na modalidade a distância pretende contemplar três dimensões: o que diz respeito à aprendizagem do cursista, o que se refere ao curso, incluindo os materiais didáticos e profissionais que nele atuam, e o programa como um todo. A avaliação de desempenho dos cursistas de ser qualitativa, processual, formativa com métodos, processos e instrumentos diferenciados, incluindo a autoavaliação. A avaliação dos cursos oferecidos na modalidade de EaD deve ocorrer, obrigatoriamente, durante todo o processo. Na modalidade à distância, devem ser avaliados, principalmente, os cursistas e os professores-tutores de forma coletiva e também individualizada, bem como suas interações, participações e produções. (PARANÁ, 2009)

9

Nessa modalidade é muito importante a interação entre os alunos,

professores/tutores, pois as constantes trocas de informações entre o grupo são essenciais para

que ocorra a aprendizagem, o conhecimento coletivo.

A plataforma Moodle tem dois tipos de questionários de avaliação de cursos

específicos, desenvolvidos para avaliação de percursos de aprendizagem on-line, baseados em

teorias construtivistas. Com base nos resultados destes questionários, podem-se identificar os

processos de aprendizagem ao longo do curso, com objetivo de avaliar a adequação das

práticas adotadas e otimizar estes processos.

Sugestões de leituras:

ANJOS, Juracy dos. Educação e tecnologia: uma aliança necessária – Salvador, Ba 30/1/2007 Disponível em: <http://www.overmundo.com.br/overblog/educacao-e-tecnologia-uma-alianca-necessaria.>. Acesso em:02 de abr. de 2010. SANTOS, Edméa Oliveira. Ambientes virtuais de aprendizagem: por autorias livres, plurais e gratuitas. Revista FAEBA, v.12, no. 18.2003(no prelo). Disponível em: <http://www.diaadia.pr.gov.br/ead/arquivos/File/Textos/ava.pdf>. Acesso em:02 de abr. de 2010. V CONFERÊNCIA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO APP - SINDICATO 2010. Aavaliação das políticas Educacionais – Avanços e Desafios: Propostas dos Travalhadores da Educação para o Próximo Governo . Disponível em: <http://www.app.com.br/portalapp/uploads/arquivos/Caderno_debates_Vconferencia_APP_site.pdf.>. Acesso em: 02 de abil de 2010.

REFERÊNCIAS:

BRASIL – Decreto n. 5.622 de 19 de dezembro de 2005. Regulamenta o art.80 da Lei n. 9394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação à distância nacional. Disponível em: <http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=102480>. Acesso em 2 abr. 2010. FERREIRA, José Luís. Ambientes virtuais de aprendizagem -. In: COSTA, Maria Luisa Furlan; ZANATTA, Regina Maria (Org.).Educação a Distância no Brasil: aspectos históricos, legais, políticos e metodológicos. Editora da Universidade Estadual de Maringá, 2008. http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%A1gina_principal>. Acesso em: 3 abr. 2010. NASCIMENTO, Edilson Luiz do; MOURA, Elton Siqueira, Uma experiência de integração do ambiente de aprendizagem Moodle com software de gestão acadêmico - q-acadêmico – no cef. Disponível em:

10

<http://cead.ifes.edu.br/moodle/portal/view/arquivos/artigos/Integra%C3%A7%C3%A3o%20Moodle%20X%20Q_Academico.pdf.>. Acesso em: 25 mar. 2010. PARANÁ. Coordenação de Educação a Distância. Disponível em: <http://www.e-escola.pr.gov.br/file.php/7800/O_que_e_tarefa_1.pdf.> Acesso em: 3 abr. 2010. PITON, Jean Gonçalves; SALVADOR, José Antonio e CAETANO, Paulo A. S. E-fólio no ambiente Moodle. Disponível em: <http://www.limc.ufrj.br/htem4/papers/61.pdf>. Acesso em 2 abr. de 2010. RENATO, Eduardo José, Educação e tecnologia. Disponível em: <http://www.bloguni.com.br/index.php/2010/04/educacao-e-tecnologia>. Acesso em 1de maio de 2010. SANTOS. Edméa Oliveira. Ambientes virtuais de aprendizagem: por autorias livre, plurais e gratuitas. In: Revista FAEBA, v.12, no. 18.2003(no prelo). AVA: soluções tecnológicas para a aprendizagem. Disponível em: <http://www.diaadia.pr.gov.br/ead/arquivos/File/Textos/ava.pdf>. Acesso em 3 abr. de 2010.

11

TERCEIRA UNIDADE

A HISTÓRIA E A EVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL

Para refletir:

Buscamos pontuar alguns momentos da história da educação brasileira, partindo dos

seguintes questionamentos: Para que serve explicar o presente ou o passado? Qual relação que

pode haver entre o presente e o passado? Existe educação descompromissada dos interesses

políticos e sociais? Em quais contextos sociais e políticos as leis , os planos educacionais

foram criados, sancionados?

Análises das reformas educacionais em curso no mundo constatam a existência de pontos comuns nas políticas educacionais, tais como gestão da educação, financiamento, currículo, avaliação e formação de professores. Todavia, há aspectos que impregnam esses pontos e que, historicamente, caracterizam as políticas de educação, como a questão da centralização e descentralização, do público e privado, da quantidade e qualidade e do ensino superior e ensino fundamental. No contexto atual, isso pode ser observado nos inúmeros deslocamentos de prioridades, resultantes de uma nova forma de pensar a sociedade, o Estado e a gestão da educação.(Libâneo p. 129, ano 2006 apud Gracindo 1997).

Antecedentes Históricos

O contexto nacional

A legislação brasileira sobre educação, de um modo geral foi construída de forma

lenta, devido a interesses diferenciados. A Constituição de 1934, no (Art.150) declara

competência do Estado a definição de um Plano Nacional de Educação. Todas as

constituições posteriores, com exceção a de 1937, incorporaram a proposta de um Plano

Nacional de Educação. No entanto, o primeiro plano surgiu em 1961, elaborado sob a

vigência da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Tratava de um conjunto

de metas quantitativas e qualitativas que deveriam ser alcançadas num prazo de oito anos.

Essa proposta sofreu alterações nos anos seguintes. Um novo plano só surgiu por força da

promulgação da Constituição Federal de 1988, que sem dúvida é a Constituição que melhor

12

refletiu e acolheu os anseios da população, de garantia de direitos sociais e individuais em

todas as áreas.

O esforço oficial para atender essas demandas tem início em 1990, porém a partir de

1995, com a introdução de políticas cunhadas como “neoliberais”, o processo sofre

interrupções. Na esfera educacional, a lógica foi a redução da responsabilidade do Estado em

reformar sem aumentar as despesas, procurando adequar o sistema educacional às orientações

e necessidades prioritárias da economia (SILVA JR.,SGUISSARDI, 1999). Esta reorientação

estava subjugada à demanda imposta pelos organismos internacionais que, vinculando os

propósitos educacionais aos econômicos, imprimiram sua representatividade. Neste sentido, o

país abriu-se a essas novas tendências, buscando o preparo para a inserção na nova fase do

capitalismo.

Nesse contexto contraditório de mudanças na conjuntura política e econômica

brasileira, o cenário pautado por demandas e negociações dos direitos sociais que a

Constituição Federal de 1988 garantiu à sociedade, colocados, de lado. A Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional é aprovada em dezembro de 1996, após oito anos de tramitação

no Congresso, mediante intervenção do então Governo Federal. Ela revoga todos os textos

legais que estavam em vigor, consagra a conquista dos profissionais da educação e de todos

os segmentos mobilizados nesse processo: entidades e movimentos ligados à educação e

parlamentares; definindo as políticas educacionais, que por sua vez, refletem as atribuições e

o papel do Estado e dos Municípios.

ANTECEDENTES HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO NO BRASIL

PERÍODO DE 1930 a 1936

A história da estrutura e da organização do ensino no Brasil reflete as condições

socioeconômicas do País, mas revela, sobretudo, o panorama político de determinados

períodos históricos (LIBÂNEO p. 130, ano 2006).Não é possível discutir educação e ensino

sem fazer referência a questões econômicas, políticas e sociais. A década de 30, é o começo

do processo de industrialização do País, que com a crise do café, que cedeu lugar ao

desenvolvimento industrial do Brasil, por meio da adoção do modelo econômico de

substituição das importações, alterando assim o comando da nação, que passou da elite agrária

aos novos industriais.

13

Os acontecimentos políticos, econômicos e sociais da década de 30 imprimiram um novo perfil à sociedade brasileira. A queda da Bolsa de Nova York ,em 1929, mergulhou o Brasil na crise do café, mas em contrapartida encaminhou o País para o desenvolvimento industrial, por meio da adoção do modelo econômico de substituição das importações, alterando assim o comando da nação, que passou da elite agrária aos novos industriais (LIBÂNEO p.133 a.2006) .

Esse fato alterou as aspirações sociais em relação à educação e segundo Aranha

(1989), em 20 anos, as escolas primárias dobraram em número e as secundárias quase se

quadriplicaram. As escolas técnicas multiplicaram-se – de 1933 a 1945, passaram de 133 para

1368, e o número de matrículas, de 15 mil para 65 mil.

A Instalação da República no Brasil e o surgimento das primeiras idéias de um plano

que tratasse da educação para todo o território nacional aconteceram simultaneamente. Na

medida em que o quadro social, político e econômico do início do século XX se desenhavam,

a educação começava a se impor como condição fundamental para o desenvolvimento do

País. Nas duas primeiras décadas, as várias reformas educacionais ajudaram no

amadurecimento da percepção coletiva da educação como um problema nacional

Essa nova realidade brasileira passou a exigir mão-de-obra especializada e para tal

era preciso investir na educação.Sendo assim, em 1930, foi criado o Ministério da Educação e

Saúde Pública e, em 1931, o governo provisório sanciona decretos organizando o ensino

secundário e as universidades brasileiras ainda inexistentes. Estes Decretos ficaram

conhecidos como "Reforma Francisco Campos”.

- O Decreto 19.850, de 11 de abril, cria o Conselho Nacional de Educação e os Conselhos Estaduais de Educação (que só vão começar a funcionarem1934). - O Decreto 19.851, de 11 de abril, institui o Estatuto das Universidades Brasileiras que dispõe sobre a organização do ensino superior no Brasil e adota o regime universitário. - O Decreto 19.852, de 11 de abril, dispõe sobre a organização da Universidade do Rio de Janeiro. - O Decreto 19.890, de 18 de abril, dispõe sobre a organização do ensino secundário. - O Decreto 20.158, de 30 de julho, organiza o ensino comercial, regulamenta a profissão de contador e dá outras providências. - O Decreto 21.241, de 14 de abril, consolida as disposições sobre o ensino secundário (José Luiz de Paiva Bello , 1998).

Em 1932, educadores e intelectuais brasileiros lançaram um manifesto ao povo e ao governo, que ficou conhecido como "Manifesto dos Pioneiros da Educação". Propunham a reconstrução educacional, "de grande alcance e de vastas proporções (por meio de) um plano com sentido unitário e de bases científicas [...]". O documento teve grande repercussão e motivou uma campanha que resultou na inclusão de um artigo específico na Constituição Brasileira de 1934, sobre a necessidade de elaboração de um Plano Nacional de Educação. Entretanto, somente com a Constituição Federal de 1988, cinqüenta anos após a primeira tentativa oficial, ressurge a idéia de um plano nacional de longo prazo, com força de lei, capaz

14

de conferir estabilidade às iniciativas governamentais na área da educação. (PLANO DECENAL DE EDUCAÇÃO 2010)

Esse manifesto defendia uma escola pública obrigatória, laica e gratuita, que

eliminasse o espírito livresco da educação em vigor e adquirisse aspecto mais prático,

profissionalizante, aberta a todas as classes sociais, a fim de construir cientificamente o País,

na perspectiva da racionalidade cientifica.

Em 1934 a nova Constituição (a segunda da República) dispõe, pela primeira

vez, que a educação é direito de todos, devendo ser ministrada pela família e pelos Poderes Públicos.

Neste mesmo ano foi criada a Universidade de São Paulo. A primeira a ser instituída e organizada segundo as normas do Estatuto das Universidades Brasileiras de 1931.

Em 1935 o Secretário de Educação do Distrito Federal, Anísio Teixeira, cria a Universidade do Distrito Federal, com uma Faculdade de Educação na qual se situava o Instituto de Educação. Em função da instabilidade política deste período, Getúlio Vargas, num golpe de estado, instala o Estado Novo e proclama uma nova Constituição, também conhecida como "Polaca".(José Luiz de Paiva Bello , 1998).

Neste período o país é motivado pela industrialização emergente e pelo fortalecimento do Estado-nação, a educação ganhou importância, e efetuaram-se ações governamentais com a perspectiva de organizar, em plano nacional, a educação escolar. “A intensificação do capitalismo industrial alterou as aspirações sociais em relação à educação, uma vez que nele eram exigidas condições mínimas para concorrer no mercado, diferentemente da estrutura oligárquica rural, na qual a necessidade de instrução não era nem sentida pela população nem pelos poderes constituídos” (Libâneo p.133 - apud - Romanelli, 1987).

Evidencia-se a complexidade do período histórico, que abrange desde a década de 30

até o momento atual e sua repercussão na evolução da educação escolar no País, permeando

os diferentes períodos e alternando-se em importância, de acordo com o momento histórico.

PERÍODO DE 1937 a 1945

Enquanto os liberais desejavam mudanças qualitativas e quantitativas na rede pública de ensino, católicos e integralistas desaprovavam alterações qualitativas modernizantes e democráticas nas escolas públicas.Essa situação conferia um caráter contraditório à educação escolar. Tinha início, então, um sistema que, embora sofresse pressão social por um ensino mais democrático numérico e qualitativamente falando, estava sob o controle das elites no poder, as quais buscavam deter a pressão popular e manter a educação escolar em seu formato elitista e conservador. O resultado foi um sistema de ensino que se expandia, mas controlado pelas elites, com o Estado agindo mais pelas pressões do momento e de maneira improvisada do que buscando delinear uma política nacional de educação, em que o objetivo fosse tornar universal e gratuita a escola elementar.(Libâneo p.136 – apud - Romanelli, 1987).

15

Neste período configurava-se a centralização do ensino da década de 30, com o Estado desobrigando-se de manter e expandir a educação pública, ao mesmo tempo, em que decretava as reformas do ensino industrial, comercial e secundário que foram delegadas ao (SENAI) Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Em 10 de novembro de 1937, é outorgada a Nova Constituição, no que se refere a educação, a orientação político-educacional para o mundo capitalista fica bem explícita em seu texto, sugerindo a preparação de um maior contigente de mão-de-obra para as novas atividades abertas pelo mercado. Neste sentido, a Nova Constituição enfatiza o ensino pré-vocacional e profissional. Por outro lado, propõe que a arte, a ciência e o ensino sejam livres à iniciativa individual e à associação ou pessoas coletivas públicas e particulares, tirando do Estado o dever da educação. Mantém ainda a gratuidade e a obrigatoriedade do ensino primário. Também dispõe como obrigatório o ensino de trabalhos manuais em todas as escolas normais, primárias e secundárias.

No contexto político, o estabelecimento do Estado Novo, segundo Otaíza Romanelli, fez com que as discussões sobre as questões da educação, profundamente rica no período anterior, entre "numa espécie de hibernação” (1993: 153).

As conquistas do movimento renovador, influenciando a Constituição de 1934, foram enfraquecidas nesta nova Constituição de 1937. Marca uma distinção entre o trabalho intelectual, para as classes mais favorecidas, e o trabalho manual, enfatizando o ensino profissional para as classes mais desfavorecidas. Ainda assim é criada a União Nacional dos Estudantes - UNE e o Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos - INEP. Em 1942, por iniciativa do Ministro Gustavo Capanema são reformados alguns ramos do ensino. Estas Reformas receberam o nome de Leis Orgânicas do Ensino, e são compostas pelas seguintes Decretos-lei, durante o Estado Novo:

- O Decreto-lei 4.048, de 22 de janeiro, cria o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI.. - O Decreto-lei 4.073, de 30 de janeiro, regulamenta o ensino industrial. - O Decreto-lei 4.244,de 9 de abril, regulamenta o ensino secundário. - O Decreto-lei 4.481, de 16 de junho dispõe sobre a obrigatoriedade das indústrias empregarem um total de 8% correspondente ao número de operários matriculados nas escolas do SENAI. - O Decreto-lei 4.436, de 7 de novembro, amplia o âmbito do SENAI, atingindo também o setor de transportes, das comunicações e da pesca. - O Decreto-lei 4.984, de 21 de novembro, compele que as empresas oficiais com mais de cem empregados a manter, por conta própria, uma escola de aprendizagem destinada à formação profissional de seus aprendizes. O ensino ficou composto, neste período, por cinco anos de curso primário, quatro de curso ginasial e três de colegial, podendo ser na modalidade clássico ou científico. O ensino colegial perdeu o seu caráter propedêutico, de preparatório para o ensino superior, e passou a preocupar-se mais com a formação geral. Apesar desta divisão do ensino secundário, entre clássico e científico, a predominância recaiu sobre o científico, reunindo cerca de 90% dos alunos do colegial (Piletti, 1996: 90). Ainda no espírito da Reforma Capanema é baixado o Decreto-lei 6.141, de 28 de dezembro de 1943, regulamentando o ensino comercial (observação: o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - SENAC só é criado em 1946, após, portanto o Período do Estado Novo). Em 1944 começa a ser publicada a Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, órgão de divulgação do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos - INEP.(José Luiz de Paiva Bello 1998).

PERÍODO DE 1946 a 1964

16

Neste período foi implementada a Lei Orgânica do ensino primário e as do ensino normal e agrícola, assim como a criação do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) para atender as mudanças exigidas pela sociedade. A partir de então as esquerdas e os partidos progressistas retomaram o debate pedagógico a fim de democratizar e melhorar o ensino, apesar da centralização federal do sistema educacional não só na administração, mas também no aspecto pedagógico, ao fixar currículos, programas e metodologias de ensino (Jardim, 1988). O debate realizado durante a votação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), exigência da Constituição Federal de 1946, envolveu a sociedade civil, a lei resultante, nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961, instituiu a descentralização, ao determinar que cada estado organizasse seu sistema de ensino. Porém, o momento democrático que o País vivia não combinava com o centralismo das ditaduras e durou pouco. Em 1964, o golpe dos militares provocou novamente o fortalecimento do Executivo e a centralização das decisões no âmbito das políticas educacionais.(LIBÂNEO p.136 , 137).

O golpe de 1964 atrelou a educação ao mercado de trabalho, incentivando a profissionalização na escola média, a fim de conter as aspirações ao ensino superior.

O fim do Estado Novo consubstanciou-se na adoção de uma nova Constituição de cunho liberal e democrático. Esta nova Constituição, na área da Educação, determina a obrigatoriedade de se cumprir o ensino primário e dá competência à União para legislar sobre diretrizes e bases da educação nacional. Além disso, a nova Constituição fez voltar o preceito de que a educação é direito de todos, inspirada nos princípios proclamados pelos Pioneiros, no Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, da década de 30. Ainda em 1946 é regulamentado o Ensino Primário e o Ensino Normal, Baseado nas doutrinas emanadas pela Carta Magna de 1946,é criada uma comissão com o objetivo de elaborar um anteprojeto de reforma geral da educação nacional. Esta comissão, presidida pelo eminente educador Lourenço Filho, era organizada em três subcomissões: uma para o Ensino Primário, uma para o Ensino Médio e outra para o Ensino Superior. Em 1948 este anteprojeto foi encaminhado a Câmara Federal, dando início a uma luta ideológica em torno das propostas apresentadas. Num primeiro momento as discussões estavam voltadas às interpretações contraditórias das propostas constitucionais. Num momento posterior, após a apresentação de um substitutivo , as discussões mais marcantes relacionaram-se à questão da responsabilidade do Estado quanto à educação, inspirados nos educadores da velha geração de 30, e a participação das instituições privadas de ensino. Depois de 13 anos de acirradas discussões foi promulgada a Lei 4.024, em 20 de dezembro de 1961, sem a pujança do anteprojeto original, prevalecendo às reivindicações da Igreja Católica e dos donos de estabelecimentos particulares de ensino no confronto com os que defendiam o monopólio estatal para a oferta da educação aos brasileiros. - Em 1950, em Salvador, no Estado da Bahia, Anísio Teixeira inaugura o Centro Popular de Educação (Centro Educacional Carneiro Ribeiro), dando início a sua idéia de escola-classe e escola-parque. - Em 1952, em Fortaleza, Estado do Ceará, o educador Lauro de Oliveira Lima inicia uma didática baseada nas teorias científicas de Jean Piaget: o Método Psicognético. - Em 1953 a educação passa a ser administrada por um Ministério próprio: o Ministério da Educação e Cultura - Em 1961 a Prefeitura Municipal de Natal, no Rio Grande do Norte, inicia uma campanha de alfabetização (“De Pé no Chão Também se Aprende a Ler”). A técnica didática, criada pelo pernambucano Paulo Freire, propunha-se a alfabetizar em 40 horas adultos analfabetos. A experiência teve início na cidade de Angicos, no Estado do Rio Grande do Norte, e, logo depois, na cidade de Tiriri, no Estado de Pernambuco. - Em 1962 é criado o Conselho Federal de Educação, cumprindo o artigo 9o da Lei de Diretrizes e Bases. Este substitui o Conselho Nacional de Educação. São

17

criados também os Conselhos Estaduais de Educação. - Ainda em 1962 é criado o Plano Nacional de Educação e o Programa Nacional de Alfabetização, inspirado no Método Paulo Freire. Em 1964, um golpe militar aborta todas as iniciativas de se revolucionar a educação brasileira, sob o pretexto de que as propostas eram de cunho “comunistas e subversivas”. Neste período atuaram educadores que deixaram seus nomes na história da educação por suas realizações.Como Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo, Lourenço Filho, Carneiro Leão, Armando Hildebrand, Pachoal Leme, Paulo Freire, Lauro de Oliveira Lima,Demerval Trigueiro, entre outros.(José Luiz de Paiva Bello 1998).

PERÍODO DE 1965 a 1985

Pensava-se em erradicar definitivamente o analfabetismo através de um programa nacional, levando-se em conta as diferenças sociais, econômicas e culturais de cada região.

A criação da Universidade de Brasília, em 1961, permitiu vislumbrar uma nova proposta universitária, com o planejamento, inclusive, do fim do exame vestibular, valendo, para o ingresso na Universidade, o rendimento do aluno durante o curso de 2ºgrau.(ex-Colegial e atual Ensino Médio) Depois do golpe militar de 1964 muitos educadores passaram a ser perseguidos em função de posicionamentos ideológicos. Muitos foram calados para sempre, alguns se exilaram, outros se recolheram a vida privada e outros, demitidos, trocaram de função. O Regime Militar espalhou na educação o caráter antidemocrático de sua proposta ideológica de governo: professores foram presos e demitidos; universidades foram invadidas; estudantes foram presos, feridos, nos confronto com a polícia, e alguns foram mortos; os estudantes foram calados e a União Nacional dos Estudantes proibida de funcionar; o Decreto Lei 477, que calou a boca de alunos e professores; o Ministro da Justiça declarou que "estudantes têm que estudar" e "não podem fazer baderna". Esta era a prática do Regime. Neste período deu-se a grande expansão das universidades no Brasil. E, para acabar com os "excedentes" (aqueles que tiravam notas suficientes para serem aprovados, mas não conseguiam vagas para estudar), foi criado o vestibular classificatório. Para erradicar o analfabetismo foi criado o MOBRAL –Movimento Brasileiro de Alfabetização.Aproveitando-se, da didática, do Método Paulo Freire, o MOBRAL propunha erradicar o analfabetismo no Brasil... não conseguiu. E entre denúncias de corrupção... foi extinto. Foi o período mais cruel da ditadura militar, onde qualquer expressão popular contrária aos interesses do governo era abafada, muitas vezes pela violência física, que é instituída a Lei 5.692, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em 1971. A característica mais marcante desta Lei era tentar dar a formação educacional um cunho profissionalizante. Dentro do espírito dos "slogans" propostos pelo governo, como "Brasil grande", "ame-o ou deixe-o", "milagre econômico", etc., planejava-se fazer com que a educação contribuísse, de forma decisiva, para o aumento da produção brasileira. A ditadura militar se desfez por si só. Tamanha era a pressão popular, de vários setores da sociedade, que o processo de abertura política tornou-se inevitável. Mesmo assim, os militares deixaram o governo através de uma eleição indireta, mesmo que concorressem somente dois civis (Paulo Maluf e Tancredo Neves). (José Luiz de Paiva Bello ,1988).

18

PERÍODO DE 1986 a 2010

Com o fim do Regime Militar, a eleição indireta para a escolha do presidente da

República, pensou-se que poderíamos novamente discutir questões sobre educação de uma

forma democrática e aberta. A discussão sobre as questões educacionais já haviam perdido o

seu sentido pedagógico e assumido um caráter político. Para isso contribuiu a participação

mais ativa de pensadores de outras áreas do conhecimento que passaram a falar de educação

num sentido mais amplo do que as questões pertinentes a escola, a sala de aula, a didática e a

dinâmica escolar em si mesma. Impedidos de atuarem em suas funções, por questões políticas

durante o Regime Militar, profissionais da área de sociologia, filosofia, antropologia, história,

psicologia, entre outras, passaram a assumir postos na área da educação e a concretizar

discursos em nome da educação.

O quadro geral dos anos 1980 foi de recessão, queda do crescimento, aumento da

dívida externa, desemprego e hiperinflação, agravando os seculares problemas sociais do

continente. Por essas razões, muitos autores tratam esse período como a década “perdida” na

América Latina (Moraes, 2005, p.452) A crise econômica da década de 1980, agravada no

governo Sarney, teve consequências drásticas para o futuro do país. Em um momento de

grandes transformações mundiais, que exigiam modernização e investimentos, nossa

economia estava paralisada, com índices de crescimento econômico que chegaram a ser

negativos (-1,5% em 1981 e – 4,6% em 1990) A permanência da inflação, aliada à recessão e

ao desequilíbrio fiscal, agravou nossos problemas sociais (desemprego, baixa renda per

capita, etc) levando ao questionamento das características de nossa democracia (Moraes,

2005, p. 460).

A partir da década de 80, por exemplo, o panorama socioeconômico brasileiro indicava tendência neo-conservadora, que acenava à minimização do Estado, o qual se afastava de seu papel de provedor dos serviços públicos, como saúde e educação. Atualmente, esse modelo está instalado.Paradoxalmente, as alterações da organização do trabalho, resultantes, em grande parte, dos avanços tecnológicos, solicitam da escola um trabalhador mais qualificado para as novas funções no processo de produção e de serviços.Com o Estado ausentando-se das funções educacionais, como e onde formar, então, o trabalhador? As constantes críticas ao desempenho do poder público remetem ao setor privado, apontando como o mais competente para essa tarefa. Apresenta-se uma questão crucial para o entendimento do papel social da escola: é sua a função formar para o trabalho, ou ela constitui espaço de formação do cidadão partícipe da vida social? (Libâneo p. 131).

O final dos anos de 1980 e toda a década de 1990, foram repletos de reformas

educacionais que nos dão elementos para identificar a relação que se dá nos diferentes

19

momentos da trajetória da educação no país e expressam a relação com o modelo econômico

da época.

Em 1990, no início do governo Collor, teve início à discussão internacional sobre um plano decenal para os nove países mais populosos do mundo (Brasil, India, Bangladesh, Indonésia, China, Egito, México, Nigéria e Paquistão). Proposto pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEG), pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e pelo Banco Mundial (BM),” o Plano Decenal de Educação para Todos foi editado em 1993 e não saiu do papel, sendo abandonado com a posse de Fernando Henrique Cardoso, em l995. Com o Projeto de reformar toda a educação brasileira.Entre 1993 e 1994, após a Conferência Mundial de Educação, em Jontiem, Tailândia, e por exigência dos documentos resultantes dessa Conferência, foi elaborado o Plano Nacional de Educação para Todos, como continuidade do Plano Decenal de 1993 (art.87, parágrafo 1º, da Lei 9394/96) O Projeto de Lei da nova LDB 9394 foi encaminhado à Câmara Federal,em 1988. No ano seguinte é enviada a Câmara um substitutivo ao Projeto e, em 1992, o Senador Darcy Ribeiro apresenta um novo Projeto que acaba por ser aprovado em dezembro de 1996, oito anos após. O presidente Fernando Collor de Mello, em 1990, lança o projeto de construção de Centros Integrados de Apoio à Criança - CIACs, em todo o Brasil, inspirados no modelo dos Centros Integrados de Educação Pública - CIEPs, do Rio de Janeiro, existentes desde 1982.(PLANO DECENAL).

Segundo Libâneo (2006)

Com a posse de Fernado Henrique Cardoso, em 1995,inicia-se o processo de concretização da política educacional, que seguiu a cartilha de organismos internacionais, como o Banco Mundial, cujas orientações se fizeram presentes na lei nacional da educação, a LDB, alterada em seu curso democrático justamente para nela se incluírem diretrizes impostas pelos agentes externos”.

Em 1996, é aprovada a segunda LDBEN - Lei 9.394/96, que insiste na necessidade

de elaboração de um plano nacional em sintonia com a Declaração Mundial sobre Educação

para Todos, com duração de dez anos, para reger a educação na “Década da Educação”. A

LDBEN estabelece que a União encaminhe o plano ao Congresso Nacional, um ano após a

publicação da citada lei, com diretrizes e metas para todos os níveis e modalidades de ensino.

No primeiro mandato Fernando Henrique Cardoso, apresentou um programa denominado Acorda Brasil:Está na Hora da Escola, no qual se declarava cinco pontos: a) distribuição de verbas diretamente para as escolas: b) melhoria da qualidade de livros didáticos: c) formação de professor por meio da educação à distância: d) reforma curricular (estabelecimento de Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs – e Diretrizes Curriculares Nacionais – DCNs) ; e avaliação das escolas. Observam-se nesses pontos os mesmos itens das reformas ocorridas no plano internacional, uma vez que elas cumprem orientações de organismos internacionais: financiamento, formação de professores, currículo, avaliação e gestão.(LIBÂNEO p.163 a.2006)

20

Diferentemente das políticas educacionais anteriores, que faziam reformas em alguns pontos da educação escolar, o governo Fernando Henrique elaborou políticas e programas de forma sistêmica, com articulação entre as alterações que ocorriam em vários âmbitos , graus e níveis de ensino.Analistas e pesquisadores educacionais chegaram a enfrentar dificuldades para acompanhar todas as ações, que aconteciam em ritmo acelerado, ignorando as considerações das entidades organizadas e das pesquisas educacionais realizadas nas universidades.(LIBÂNEO p. 164 a.2006)

A ampla e muitas vezes exagerada divulgação de ações gerou a convicção de que a educação estava finalmente mudando. Porém, resultados do (Saeb) começaram a minar o otimismo criado: a falta de vagas para milhares de crianças produziu desconfiança quanto ao que fora propagado e a não-melhoria das condições salariais levou os professores à síndrome da desistência.Tudo isso, agregado a uma séria crise econômica e ao medo do desemprego,favoreceu a reeleição do presidente, fazendo com que a mesma política educacional tivesse continuidade até 2002.(LIBÂNEO p. 164 a.2006).

Para Apolinário Melani (2006, p. 240):

No campo econômico, o presidente Fernando Henrique Cardoso, deu continuidade à política de estabilização econômica iniciada com o Plano Real, baseada principalmente na redução do déficit público.Acelerou o programa de privatização das estatais, sobretudo no setor de telecomunicações, energia e siderurgia.Iniciou as reformas da Constituição, visando principalmente reconduzir a participação do Estado na economia e enxugar a máquina administrativa.A inflação foi controlada, mas preocupado em manter a estabilidade da economia e da moeda a todo custo, trouxe consequências negativas, como a recessão, a queda na produção e as baixas taxas de crescimento do PIB entre 1988 e 2001 e, sobretudo, o aumento do desemprego, elevando a miséria, a concentração de renda e a violência no país.

Em 2003 o presidente Luíz Inácio Lula da Silva assume a presidência do Brasil e para a educação propõe:

UMA ESCOLA DO TAMANHO DO BRASIL

Uma Escola do Tamanho do Brasil é o nome do programa para educação do governo federal que assumiu o País para um mandato de quatro anos, de 2003 a 2006. O fato de, pela primeira vez, o presidente brasileiro vir das camadas populares pode sinalizar que o País começa a tecer uma história. A educação é uma área que deverá contar com diferenças de tratamento em relação ao passado próximo e distante. O título do programa para a educação expressa a prioridade que o governo propõe oferecer à área. “Pensar a educação como uma ação relevante na transformação da realidade econômica e social do povo brasileiro é pensar numa Escola do Tamanho do Brasil, é o que diz o programa (PT,2002, p.7).

21

Como ação social também se compromete em acabar com fome no país e lança o projeto como FOME ZERO.

E, ainda de acordo com Libâneo (2006) considerando que a educação é condição para a

cidadania, o governo Lula mostra-se determinado, segundo as concepções e as diretrizes do

programa de educação para o Brasil, a reverter o processo de municipalização predatória da

escola pública, propondo um novo marco de solidariedade entre os entes federativos para

garantir a universalização da educação básica, na perspectiva de elevar a média de

escolaridade dos brasileiros e resgatar a qualidade do ensino em todos os níveis.E para

garantir a educação como direito, obedecerá três diretrizes gerais:

a) democratização do acesso e garantia de permanência: Para institucionalizar o esforço de todos em prol da democratização do acesso à escola e da garantia de permanência nela, buscar-se-á a construção de um Sistema Nacional Articulado de educação, de sorte que Estado e sociedade, de maneira organizada, autônoma e permanente, possam, por meio de uma gestão democrática e participativa, atingir os objetivos propostos.

b) qualidade social da educação: A qualidade social traduz-se na oferta da educação escolar e de outras modalidades de formação para todos, com padrões de excelência e de adequação aos interesses da maioria da população. Tem como conseqüência a inclusão social, por meio da qual todos os brasileiros se tornam aptos ao questionamento, à problematização, à tomada de decisões, buscando soluções coletivas possíveis e necessárias à resolução dos problemas de cada um e da comunidade onde se vive e trabalha (PT, 2002, p.10).

c) instauração do regime de colaboração e da democratização da gestão. Para cumprir os dispositivos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional em vigor, que estabelece o regime de colaboração entre as esferas administrativas, o governo Lula encaminhará proposta de lei complementar a cooperação entre as esferas de administração e instituir instâncias democráticas de articulação. Algumas propostas nessa direção são:

a) instituir o sistema nacional de educação, normativo e deliberativo, para articular as ações educacionais da União, dos estados e dos municípios;

b) criar o Fórum Nacional de educação para propor, avaliar e acompanhar a execução do Plano Nacional da educação e de seus similares em cada esfera administrativa;

c) fortalecer os fóruns, os conselhos e as instâncias da educação, buscando, sempre que possível, ações integradas que evitem a fragmentação e a dispersão de recursos e de esforços;

d) estimular a instalação de processos constituintes escolares, bem como do orçamento participativo, nas esferas do governo e nas unidades escolares:

e) estabelecer normas de participação dos recursos federais, estaduais e municipais, com base na definição e um custo-qualidade por aluno;

f) instituir o Fundo de Manutenção e desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB). Proposta para os diferentes níveis e modalidades da educação: A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional estabelecem que a educação básica é formada pela Educação Infantil, Ensino Fundamental e pelo Ensino Médio. O programa Bolsa-Escola deve ser implementado como parte integrante do projeto político-pedagógico.Assim, exigirá acompanhamento da vida escolar do aluno e a interação com a comunidade do ensino fundamental e médio. A bolsa será paga por família, e não por criança, e a frequência dos alunos às aulas será fiscalizado de forma rigorosa.

22

g) Ensino médio; Educação superior; Educação profissional; Educação de jovens e adultos; Educação especial; Educação do campo; Educação escolar indígena; Educação a distância:

Quanto o projeto Bolsa-Escola, é motivo de grandes discussões. Os defensores argumentam que a medida permite, gradualmente, promover a emancipação dos mais pobres do país, garantindo-lhes o acesso à cidadania. Os críticos, por sua vez, acusam o governo de tentar combater a fome com um programa assistencialista, não atacando efetivamente as causas da pobreza no país, que é falta de empregos, os baixos salários e a fragilidade da nossa economia. Em relaçao a educação a distância (EAD) é alternativa indispensável em um país amplo e de enormes desigualdades, desde que seja garantido padrão elevado de qualidade nos cursos e programas, com profissionais de alta competência. A EAD não deve ser instaurada em programas isolados, mas precisa interagir com outras ações existentes.

Financiamento público da Educação no Brasil – FUNDEB: O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – FUNDEB foi criado pela Emenda Constitucional nº 53/2006 e regulamentado pela Lei nº 11.494/2007 e pelo Decreto nº 6.253/2007, em substituição ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério - Fundef, que vigorou de 1998 a 2006. É um fundo especial, de natureza contábil e de âmbito estadual (um fundo por Estado e Distrito Federal, num total de vinte e sete fundos), formado por parcela financeira de recursos federais e por recursos provenientes dos impostos e transferências dos estados, Distrito Federal e municípios, vinculados à educação por força do disposto no art. 212 da Constituição Federal. Independentemente da origem, todo o recurso gerado é redistribuído para aplicação exclusiva na educação básica (BRASIL).

Sugestões de leituras: BATTISTUS¹Cleci Terezinha, Cristiane Limberger² Reformas Educacionais Educere E T Educare Revista de Educação Vo. I nº 1 jan./jun. 2006 P 227 a 231. Disponível em: http://www.unioeste.br/cursos/cascavel/pedagogia/revista/EDUCEREetEDUCARE_parte_3.pdf. Acesso em 11 de jun. de 2010. CARVALHO,Rita de Cássia Gonçalves. As Transformações do Ensino no Brasil Brasil: Análise das Reformas. Disponível em: http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/artigos_frames/artigo_091.html. Acesso em 11 de jun. de 2010. REFERÊNCIAS: ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da educação, São Paulo: Moderna, 1989.

23

BRASIL–Decreto 6253/2007 que normatiza o FUNDEB Disponivel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6253.htm Acesso em 12 de jun. de 2010. JOSÉ, Luiz de Paiva Bello. História da Educação no Brasil. Disponível em: httppwww.pedagogiaemfoco.pro.br/heb08.htm. Acesso em 23 de mai. e 5 de jun. de 2010. LIBÂNEO , José Carlos Educação escolar: políticas, estrutura e organização/ José Carlos Libâneo, João Ferreira de Oliveira, Mirza Seabra Toschi – 3. ed. São Paulo: Cortez, 2006. – (coleção docência em formação. Série saberes pedagógicos.)

MORAES, José Geraldo Vinci de. História: Geral e Brasil: volume único/ José Geraldo Vinci de Moraes. -. Ed. – São Paulo : Atual 2005. – (Coleção Ensino Médio Atual)

PLANO DECENAL DE EDUCAÇÃO . Disponível em : http://www2.almg.gov.br/hotsites/planoEducacao/salaImprensa.html Acesso em 23 e 25 de abr. e 5 e 6 de mai. de 2010.

SILVA. R.,JR:; SGUISSARDI, V. Novas faces da educação superior no Brasil: reforma do Estado e mudança na produção. Bragança Paulista: eduusf, 1999.

24

QUARTA UNIDADE

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96 e a Legalidade da Educação a

Distância

Para refletir:

Segundo Libâneo (2006, p31 e 32)

Há duas importantes razões para conhecer e analisar as relações entre o sistema educativo e as escolas. De um lado, as políticas educacionais e as diretrizes organizacionais e curriculares que são portadoras de intencionalidades, idéias, valores, atitudes e práticas que vão influenciar as escolas e seus profissionais na configuração das práticas formativas dos alunos, determinado um tipo de sujeito a ser educado. De outro, os profissionais das escolas podem aderir ou resistir a tais políticas e diretrizes do sistema escolar, ou então dialogar com elas e formular, coletivamente, práticas formativas e inovadoras em razão de outro tipo de sujeito a ser educado. Em um caso e em outro, devem-se conhecer e analisar as formas pelas quais se inter-relacionam as políticas educacionais, a organização de gestão das escolas e as práticas pedagógicas na sala de aula. Não basta, pois, ao professor contentar-se em desenvolver saberes e competências para sair-se bem nas aulas; é preciso que enxergue mais longe, para tomar consciência das intenções do sistema escolar na conformação de sujeitos-professores e de sujeitos-alunos.

Para compreender o processo e as mudanças que ocorreram na educação, após a

aprovação da LDB 9394/96, é imprescindível a retomada na Constituição de 1988. Esta é sem

dúvida a que legitimou os direitos sociais e individuais da população, estabelecendo metas e

prioridades de políticas públicas de construção para a cidadania “ Art.6º. São direitos sociais a

educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência

social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta

Constituição”. (BRASIL, 2010). Pela primeira vez a educação é tratada como direito social.

A constituição de 1988 disciplinou o tema educação nos artigos 205, 206, 208 e 213.

Assegurou o direito de todos, sendo dever do Estado e da família, no período que compreende

desde a pré-escola até a conclusão do ensino médio, com qualidade, sem distinção de

qualquer natureza, gratuitamente, com recursos advindos da União, Estados e Municípios.

Para os profissionais da educação, garantia de valorização, com piso salarial condizente com a

função, direito assegurado o plano de carreira e ingresso na profissão através de concurso

público.

É clara a defesa da educação como direito nessas leis, e essa é uma das características da expansão da educação, que se tornou “um dos requisitos para que os indivíduos tenham acesso ao conjunto de bens e serviços disponíveis na sociedade, constituindo-se em condição necessária para se usufruir de outros direitos constitutivos do estatuto da cidadania”. (OLIVEIRA, 2001, apud VIANNA; UNBEHAUM, 2004, p.92).

25

Em dezembro de 96 é aprovada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

9394/96, após oito anos de tramitação no Congresso Nacional, mediante intervenção do

presidente da época, Fernando Henrique Cardoso. Ela revogou todos os textos legais que

estavam em vigor e consagrou a conquista dos profissionais da educação e de todos os

segmentos mobilizados nesse processo: entidades e movimentos ligados à educação e

parlamentares; definindo as políticas educacionais: o Plano Nacional de Educação (PNE), das

diretrizes curriculares, normas e resoluções do Conselho Nacional de Educação (CNE), e as

atribuições e o papel da União, dos Estados e dos Municípios.

Para Libâneo (2006, p. 163):

O pano de fundo da reforma educacional brasileira começou a delinear-se nos anos 90 com o governo Fernando Collor de Mello, que assumiu a Presidência da República e encetou a abertura no mercado brasileiro, a fim de inserir o País na trama mundial, ocasionando sua subordinação ao capital financeiro internacional. A atrelagem financeira ao mercado globalizado reflete-se nas demais dimensões da vida social, como as políticas de âmbito social e, entre elas, especialmente a educação.

O governo sucessor, Fernando Henrique Cardoso, deu continuidade ao processo da

política educacional, seguindo as orientações de organismos financeiros internacionais, como

o Banco Mundial, cujas instruções fizeram-se presentes na LDB, modificada em seu curso

democrático, para que nela fossem incluídas normas ditadas por agentes externos:

Descentralização da administração das verbas federais, elaboração do currículo básico

nacional, educação a distância, avaliação nacional das escolas, incentivo à formação de

professores, parâmetros de qualidade para o livro didático, entre outras: “Essas ações

acompanhavam as tendências internacionais de alinhamento à política econômica neoliberal”.

(LIBÂNEO, 2006, p.36).

Em 1990, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura

(UNESCO), realiza em Jomtien, na Tailândia, a Conferência Mundial sobre Educação para

Todos, neste encontro foram estabelecidas prioridades para a educação nos países do Terceiro

Mundo, especialmente a universalização do ensino fundamental. No Brasil, o Plano foi

editado, mas com a saída de Fernando Collor da presidência, não saiu do papel. Itamar Franco

assumiu a presidência, e o programa para a educação, elaborado com a participação de

educadores de todo o País em 1993, foi condensado no Documento Plano Decenal de

Educação para Todos. (BRASIL 2005).

26

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação nacional, Lei 9394/96, estabelece as

diretrizes e bases da educação nacional em 92 artigos, consagrando um novo momento do

ensino brasileiro e institui no artigo 87, “A Década da Educação”, a iniciar-se um ano depois

da data de publicação da LDB. A União tem um ano para encaminhar ao Congresso Nacional

o Plano Nacional de Educação. O ano de 1997 é o período para adaptação das legislações

educacionais e de ensino da União, dos Estados e dos Municípios às disposições da 9.394/96.

As instituições escolares devem ainda receber destas instâncias os seus prazos de adaptação.

(BRASIL, 2006).

Níveis da Educação de acordo com a Lei 9394/96

De acordo com o art. 21. A educação escolar compõe-se de:

I - Educação Básica, formada pela Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio; II - Educação Euperior.

III- Educação Básica A Educação Básica é composta pela Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. A educação básica é o caminho para assegurar a todos os brasileiros a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhes os meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores. São dois os principais documentos norteadores da educação básica: a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96, e o Plano Nacional de Educação Lei nº 10.172/2001, regidos, naturalmente, pela Constituição da República Federativa do Brasil.(BRASIL1996).

Proposta da Educação Infantil da LDB e da SEED:

Em 2006, a Lei 11.274 mudou a duração do ensino fundamental de oito para nove

anos, transformando o último ano da educação infantil no primeiro ano do ensino

fundamental. Assim, o aluno deve ser matriculado no primeiro ano com seis anos, e não com

sete anos de idade.

Na LDB/96: a seção II, do Capítulo II, se refere à educação básica, nos artigos 29, 30 e

31:

[...] que estabelece que a educação infantil é a primeira etapa da educação básica. E nesta fase a escolaridade tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança nos aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. Sendo oferecidos em creches, pré-escolas, ou entidades equivalentes. Não havendo diagnóstico com caráter classificatório. (BRASIL 2010)

Ensino Fundamental

27

O Ensino fundamental é etapa obrigatória da educação básica. O objetivo desse ensino consta no artigo 32 da LDB,que constitui a formação básica do cidadão,com duração de nove anos, sendo gratuito. A resolução CNE/CBE nº 2/98 (Brasil, MEC, CNE/CEB, 1988ª), que fixa as diretrizes curriculares nacionais para o ensino fundamental, apresenta como princípios norteadores da ação pedagógica a autonomia, a responsabilidade, o respeito ao bem comum, os direitos e deveres da cidadania, os exercícios da criticidade e também os princípios estéticos, tais como a sensibilidade, a criatividade e a diversidade de manifestações artísticas e culturais. (BRASIL 1998).

Ensino Médio

“ A Resolução CEB/CNE nº 3, de 26 de junho de 1998, institui as diretrizes Curriculares

Nacionais para o Ensino Médio e vincula a educação dessa fase ao mundo do trabalho e a

prática social, consolidando a preparação para o exercício da cidadania”. (BRASIL, 1998)

Ensino Superior

A educação superior expressa nos artigos 43 a 57 da LDB/96 (Brasil, 1996). Tem esta por finalidade formar profissionais nas diferentes áreas do saber, promovendo a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos e comunicando-os por meio do ensino. Objetiva estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo, incentivando o trabalho de pesquisa e a investigação científica e promovendo a extensão. Visa divulgar a população à criação cultural e a pesquisa científica e tecnológica geradas nas instituições que oferecem a formação em nível superior e produzem conhecimento (LIBÂNEO, 2006, p.259-260).

A LDB/96 apresenta três modalidades de educação: educação de jovens e adultos,

educação profissional e educação especial.

Educação de Jovens e Adultos

A LDB/96 trata, no Capítulo II, Seção V, nos artigos 37 e 38, da Educação de Jovens e

Adultos. O texto legal reafirma o direito da população jovem e adulta ao ensino básico

adequado às suas condições peculiares de estudo, e também prevê o seu oferecimento gratuito

na forma de cursos e exames supletivos (BRASIL 2008).

Educação Profissional

A Educação Profissional é tratada na LDB /96 no Capítulo III, nos artigos 39, 40, 41 e

42. O objetivo principal é a criação de cursos voltados ao acesso do mercado de trabalho,

28

tanto para estudantes, como para os profissionais que buscam ampliar suas qualificações.

(BRASIL, 2008)

Educação Especial

No Capítulo V, nos artigos 58, 59 e 60, trata da Educação Especial com base nos

pressupostos da Constituição Federal de 1988, no artigo 205, que prevê o atendimento de

todos à educação, e no artigo 208 prevê o atendimento educacional especializado e a inclusão

escolar, fundamentada na atenção à diversidade, exigindo mudanças nas escolas comuns e

especializadas. (BRASIL, 2009).

Legalização da Educação a Distância

No cenário, em que as tecnologias da comunicação e de informação transformaram os

processos de produção e do conhecimento, a LDB 9394/96 regulamenta a Educação a

Distância no Brasil, em todos os níveis e modalidades, no artigo 80:

Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada.

§ 1º A Educação a distância, organizada com abertura e regime especiais, será oferecida por instituições especificamente credenciadas pela União.

§ 2º A União regulamentará os requisitos para a realização de exames e registro de diplomas relativos a cursos de educação à distância.

§ 3º As normas para a produção, controle e avaliação de programas de educação à distância e a autorização para sua implementação, caberão aos respectivos sistemas de ensino, podendo haver cooperação e integração entre os diferentes sistemas.

§ 4º A educação a distância gozará de tratamento diferenciado, que incluirá: I - custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de radiodifusão sonora e de sons e imagens; II – concessão de canais com finalidades exclusivamente educativas: III – reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Público, pelos concessionários de canais comerciais. (BRASIL. 2005).

Apesar de a Educação a Distância estar presente no Brasil desde fins do século XIX,

de existirem iniciativas desde o século XX, e ter sido mencionada nas duas LDBs anteriores à

9394/96, ela era considerada uma modalidade educacional de segunda categoria,

desprestigiada, de caráter apenas supletivo e suscitava a desconfiança sobre sua qualidade

29

educativa, que as legislações anteriores lhe haviam atribuído. Devido às alternativas

educativas que utilizavam correspondência, rádio, ou televisão para chegar até os alunos, que

eram os mais pobres e desfavorecidos, principalmente os da região nordestina do país. A

alternativa, vista como solução de curto prazo, que era justificada, pela necessidade de

ampliação das ofertas educacionais, que tinham por base a formação mínima para o mundo do

trabalho, em que o pressuposto da educação era a preparação de mão-de-obra, para enfrentar

os problemas do desenvolvimento econômico, social e político do país.

Nessa nova fase ela ganha um novo impulso, ancorado no aparecimento e

disseminação de novas tecnologias de informação, que, atrelada à internet, propagou formas

de geração e aquisição de conhecimento, para atender e se adequar às mudanças em todas as

instâncias sociais. Havia uma demanda crescente de excluídos do processo educacional e a

necessidade imposta na nova LDB 9394/96, que exigiu, no ato de sua promulgação, que todos

os professores da educação básica deveriam ter formação superior, até o ano de 2007. A

exigência se fez porque de acordo com dados do MEC aproximadamente 800 mil professores

não possuíam curso superior.

O fato de ter havido iniciativas de Educação a Distância desde o século XX, nos

mostra que a idéia não é nova e sua trajetória é demarcada por três grandes tendências,

considerando a perspectiva do uso de inovações tecnológicas: primeira, caracteriza-se pelo

ensino por correspondência – Esta etapa tem seu início no final do século XIX em razão do

desenvolvimento da imprensa, dentro da área da comunicação e das estradas de ferro, na área

de transporte.

Nesta primeira geração, observa-se grande flexibilidade entre as dimensões de espaço e tempo, bem como o amadurecimento da autonomia do estudante, manifestado na escolha do lugar para realizar seus estudos e pela separação, quase absoluta, do professor. Segunda, relaciona-se ao ensino por multimeios – Neste caso, os meios de difusão são os impressos, os programas de vídeo e áudio com uso de antena e, mais tarde, os computadores, estes, porém, de maneira limitada. Esta tendência desenvolve-se na década de 1960, desdobrando-se na década de 1980, e é, ainda hoje, o modelo predominante na maioria das experiências de EAD. Terceira, dissemina-se com o uso de TIC - Tecnologias de Informação e Comunicação na Educação – Surge nos anos 90 e caracteriza-se por associar as tecnologias digitais aos meios anteriores. A televisão, as redes telemáticas e os produtos multimídias ilustram algumas das TICs decorrentes do mundo globalizado, que passam a ser incorporados à Educação, inaugurando novas formas de aprender. (PARANÁ, 2009, p. 4).

Na década de 1990 e início do século XXI, em função da legalidade da EAD e da

criação da Secretaria de Educação a Distância e de ações mais efetivas do Ministério da

Educação, para o implemento de políticas públicas educacionais, dentro da nova modalidade

30

de ensino,demonstra a intenção do Governo Federal de investir na educação a distância e nas

novas tecnologias, como uma das estratégias para democratizar e elevar o padrão de qualidade

da educação brasileira. Esses fatos contribuíram de forma significativa para o envolvimento

das Instituições de Ensino Superior na modalidade, visando à democratização de acesso. Para

o credenciamento das instituições na modalidade a lei diz:

(Lei n.º 9394, de 20 de dezembro de 1996), regulamentada pelo Decreto n.º5.622, publicado no D.O.U. de 20/12/05 (que revogou o Decreto n.º2.494,de 10 de fevereiro de 1998, e o Decreto n.º 2.561, de 27 de abril de 1998),com normatização definida na Portaria Ministerial n.º 4.361, de 2004 (que revogou a Portaria Ministerial n.º 301, de 07 de abril de 1998). (BRASIL, ano, 2005)

A Educação a Distância, antes cercada de baixas considerações, hoje é apontada por

diferentes segmentos da sociedade como alternativa adequada para a democratização do

ensino e para a atualização profissional permanente.

Sugestões de leituras:

SARDAGNAL¹,Helena Venites. Educação para todos :Uma Política do Mundo Global.1 Disponível em <http://www.liberato.com.br/upload/arquivos/0131010717390616.pdf>. Acesso em 29 de mai. De 2010. REFERÊNCIAS: BRASIL. Constituição Federal – 1988 – Emenda Constitucional nº 64, de 4 de fevereiro 2010. Regulamenta o artigo 6 da Constituição. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc64.htm#art1> Acesso em: 04 de jun. 2010 BRASIL – Ministério da Educação A conferência de Jomtien e a educação para todos no Brasil dos anos 1990. Disponível em: <http://www.educacaoonline.pro.br/index.php?option=com_content&view=article&id=22:conferencia-de-jomtien-e-a-educacao-para-todos-no-brasil-dos-anos-1990&catid=4:educacao&Itemid=15> Acesso em 04 de jun. 2010 BRASIL – Ministério da Educação. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm> Acesso em: 05 de jun. 2010. BRASIL – Ministério da Educação – Decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005. Regulamenta o art. 80 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5622.htm> Acesso em: 04 de jun. 2010.

31

BRASIL. Ministério da Educação/MEC/INEP 2000. Educação para todos – Avaliação da década. Disponível em: <http://www.inep.gov.br/download/cibec/2000/publicacoes_inst/avaliacao.pdf> Acesso em:05 de jun. 2010. BRASIL – Ministério da Educação -Lei nº 11.741, de 16 de julho de 2008. Estabelece as diretrizes da educação de jovens e adultos e da educação profissional e tecnológicas. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11741.htm#art1> Acesso em:06 de jun. 2010

BRASIL.Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96 Disponível em : <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12909&Itemid=866> Acesso: em 06 de jun. 2010 BRASIL. Ministério da Educação – Secretaria de Educação Básica. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=293&Itemid=358> Acesso em 07 de jun. 2010 BRASIL. Ministério da Educação – Resolução CEB nº 2, de 7 de abril de 1998 (1*) (**) Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rceb02_98.pdf > Acesso em 07 de jun. 2010 BRASIL – Ministério da Educação -Resolução CEB/CNE nº 3, de 26/6/98. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio.Disponível em: <http://edutec.net/Leis/Educacionais/eddirem.htm> Acesso em 08 de jun. 2010 BRASIL – Ministério da Educação –Resolução nº 4, de 2 de outubro de 2009 (*) Institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial.Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb004_09.pdf> Acesso em: 08 de jun. 2010 BRASIL – Ministério da Educação – Decreto Nº 5622, de 19 de dezembro de 2005 – Regulamenta do art. 80 da Lei nº 9394/96, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5622.htm Acesso em: 08 de jun. 2010 LIBÂNEO, José Carlos; OLIVEIRA, João Ferreira de; TOSCHI, Mirza Seabra. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2006. PARANÁ. Secretaria de estado de Educação Programa de formação continuada na modalidade a distância da Secretaria de Estado da Educação do Paraná – Texto preliminar. Curitiba: Secretaria de Estado de Educação/ Superintendência da Educação. 2009b.

OLIVEIRA, R. P. O Direito à educação. In: VIANA, Cláudia Pereira; UNBEHAUM, Sandra. O gênero nas políticas públicas de educação no Brasil 1988 – 2002, São Paulo, Cadernos de Pesquisa, v.34, n.121. jan./abr.2004.

32

QUINTA UNIDADE

A Formação Inicial e Continuada dos Professores e Educação a Distância. Para refletir:

Ensinar é uma atividade relacional: para co-existir, comunicar, trabalhar com os outros, é necessário enfrentar a diferença e o conflito. Acolher e respeitar a diversidade e tirar proveito dela para melhorar sua prática, aprender a conviver com a resistência, [...] fazem parte da aprendizagem necessária para ser professor. Mas ensinar é também uma [...] atividade altamente determinada por fatores que escapam ao controle de quem ensina. O projeto educativo e a ação cotidiana, a intenção e o resultado na sala de aula, na escola, no sistema e na política educacional sempre guardarão alguma distância, maior ou menor. Ensinar, portanto, exige aprender a inquietar-se e a indignar-se com o fracasso sem deixar destruir-se por ele. (MELLO, 2000, p.98).

A Formação Inicial de Professores

A formação inicial corresponde aos estudos que habilitam quem queria atuar num determinado campo. Ela é o primeiro passo de um processo de crescimento permanente, que deve ser aperfeiçoado ao longo da carreira. Até algumas décadas atrás, não se julgava necessário que os professores das séries iniciais necessitassem de formação sistemática diária.

O Curso Normal, que prepara professores, dava importância à chamada vocação e às características pessoais, tais como paciência, a abnegação , a doçura e o jeito de lidar com as crianças.Assim, o magistério nas séries iniciais era visto como uma atividade apropriada para mulheres, compatível com a “personalidade feminina” e com atividades domésticas e a maternidade. Ou era identificado com o cumprimento de uma nobre missão, que requeria mais idealismo do que formação específica. (BRASIL, 2000).

Com a economia do país assumindo perfil de industrial, o enfoque de vocação para o

magistério foi sendo substituído pelo ensino técnico de nível médio. A Lei 5692/71

determinava a profissionalização obrigatória do ensino no 2º Grau, o Curso Normal

transformou-se em Habilitação Magistério, que, em termos de conteúdo cientifico, foi a

habilitação mais fraca. Essa situação de decadência prolongou-se por toda a década de 80

(BRASIL, 2000).

Sem dúvida alguma, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB – Lei

no 9.394/96) foi, e continua sendo responsável por uma nova onda de debates sobre a

formação docente no Brasil. Antes mesmo de sua aprovação, o seu longo trânsito no

Congresso Nacional suscitou discussões a respeito do novo modelo educacional para o Brasil

e, mais especificamente, sobre os novos parâmetros para a formação de professores.

33

A Constituição Federal de 1988, ao defender a Educação como um direito subjetivo

do cidadão, ou seja, um direito inalienável, sendo dever do Estado garantir o cumprimento

deste direito, não podendo jamais ser relativizado, nem colocado em segundo plano,

atribuindo aos estados e municípios iniciativas de garantia e de oferta de escola pública e

gratuita em todos os níveis. Consolidando tal direito, a LDB 9394/96 regulamenta os

dispositivos e estabelece metas a serem alcançadas, estipula prazo e determina competências.

Em resposta a essas exigências, medidas significativas foram adotadas, em âmbito

federal, estadual e municipal. Algumas dessas iniciativas têm sido mais abrangentes,

atingindo todos os componentes do processo educativo, outras se restringem apenas a alguns

deles. Fato é que, nas últimas décadas, o ensino democratizou, aumentou o número de vagas,

o tempo de escolaridade e reduziu o índice de analfabetos do país.

No entanto, as medidas adotadas não foram suficientes para melhorar a qualidade do

ensino do país. É o que têm demonstrando as pesquisas:

Dados do SAEB (Sistema de Avaliação da Educação Básica) As pesquisas informam a realidade educacional brasileira, por regiões, redes de ensino público e privado dos estados e do Distrito Federal, por meio de exame bienal de proficiência, nas áreas de Matemática e de Língua Portuguesa, aplicado em alunos de 4ª e 8ª séries do ensino fundamental e da 3ª série do ensino médio. Além de coletar dados sobre a qualidade da educação no País, procura conhecer as condições internas e externas que interferem no processo de ensino e aprendizagem. As informações também permitem acompanhar a evolução da qualidade da Educação ao longo dos anos, sendo utilizadas principalmente pelo MEC e Secretarias Estaduais e Municipais de Educação na definição de ações voltadas para a solução dos problemas identificados, assim como no direcionamento dos seus recursos técnicos e financeiros às áreas prioritárias, com vistas ao desenvolvimento do Sistema Educacional Brasileiro e à redução das desigualdades nele existentes (BRASIL, 2005).

O sistema educacional brasileiro não corresponde mais às expectativas da sociedade.

Com novidades tecnológicas que surgem a toda hora. O mercado de trabalho anda exigente

com professores e alunos. Diante das expectativas frustradas, o trabalho docente é colocado

na berlinda das discussões da competência profissional.

A Lei no 9.394/96, artigo 62, autoriza apenas duas instituições para promover a

formação dos profissionais da educação básica no Brasil: as Universidades e os Institutos

Superiores de Educação. E no artigo 63 estabelece que os programas de formação inicial e

continuada de profissionais para a educação básica, em todos os níveis, também devem ser

mantidos pelas mesmas. Além disso, dois pareceres – CP no 53/99 e CP no 115/99 – foram

aprovados pelo Conselho Nacional da Educação (CNE), e sugerem diretrizes gerais para os

Institutos Superiores de Educação (ISE).

34

O último parecer emitido pelos conselheiros do CNE – CP no 115/99 – define os Institutos Superiores de Educação como [...] centros formadores, disseminadores, sistematizadores e produtores do conhecimento referente ao processo de ensino e de aprendizagem e à educação escolar como um todo, destinados a promover a formação geral do futuro professor da educação básica. (BRASIL, 1999).

Para Freitas (2002, p.90), ao privilegiar a expansão de novas instituições e novos

cursos, principalmente no setor privado, ao invés do investimento maciço no aprimoramento

das atuais licenciaturas nas Universidades Públicas, as políticas do MEC acabaram por

colocar nas mãos da iniciativa privada a grande demanda oriunda da dívida histórica do

Estado para com a formação em nível superior dos quadros do magistério. “Aprofundou-se a

desvalorização do magistério, pela via da formação, como o aligeiramento da formação inicial

dos professores em exercício, na medida em que ela mesma passou a ser autorizada fora dos

cursos de Licenciatura Plena que se constituíram historicamente em espaços privilegiados

para a formação superior.

Fato é que, à medida que a reforma na educação básica se consolida, percebe-se que

a tarefa de coordenar processos de desenvolvimento e aprendizagem é extremamente

complexa e exige, já a partir da própria educação infantil, profissionais com formação

superior. Esse, aliás, parece ter sido o entendimento dos legisladores quando escreveram o art.

62 da LDB, apesar de este continuar admitindo a formação em nível médio, na modalidade

Normal, como a exigência mínima para exercício do magistério na educação infantil e nas

quatro primeiras séries do Ensino Fundamental.

É importante destacar que tanto a Constutição Federal de 1988 como a Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96 trouxeram grandes avanços na política de

valorização dos profissionais da educação.

A Constituição de 1988, no artigo 206, incisos V e VIII tratam da valorização

docente e estabelece piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação

escolar pública, nos termos de lei federal.

A LDB 9394/96, lei decorrente da Constituição Federal, no artigo 67, determina que

os sistemas de ensino promovam valorização dos profissionais da educação, assegurando-

lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério público

(Federal, Estadual e Municipal) ingresso exclusivamente por concurso público de provas e

títulos; aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento periódico

remunerado para esse fim; piso salarial profissional; progressão funcional baseada na titulação

35

ou habilitação, e na avaliação do desempenho; período reservado a estudos, planejamento e

avaliação, incluído na carga de trabalho, e condições adequadas de trabalho.

É importante destacar que o mesmo artigo da Constituição Federal (art.206, inciso

VII), determina garantia de padrão de qualidade do ensino ofertado. “A definição do que seja

um ensino de boa ou de má qualidade passa pela relação direta entre a adequada e boa

formação dos profissionais e o melhor desempenho dos alunos”. (Vilant, 2009, p. 8).

A valorização e a profissionalização do magistério público não formam uma questão

somente relativa à profissão. Envolve um conceito de qualidade mais amplo. A qualidade do

ensino está salvaguardada na Constituição Federal (art. 206) como um direito de todos e dever

do Estado, portanto, dela deriva também o direito da população contar com profissionais

valorizados e capacitados profissionalmente.

Formar professores é uma tarefa bastante complexa. Justamente por isso, não são

medidas simplistas e banalizadoras, apresentadas como uma fórmula mais eficiente e

produtiva de preparar os profissionais da educação, que irão resolver os problemas da

formação. Ademais, a não-valorização do profissional da educação, os salários aviltantes, que

não atraem os jovens, as precárias condições de trabalho e a falta de um plano de carreira para

a profissão, continuam sendo questões, que afetam diretamente a formação docente no Brasil.

A educação não dever ser vista apenas como um processo educativo que se inicia

dentro da escola, nem tão pouco termina na escola. Existem vários fatores que determinam a

qualidade desse processo. Inclusive dentro das escolas existem fatores que interferem, como

gestão, clientela, o quadro de profissionais. E fora, ocorre a influência da família, da

comunidade. Não basta olhar a educação somente voltada para a qualidade, mas sim às

políticas destinadas para ela.

Sugestões de leitura: PEREIRA, Júlio Emílio Diniz. Educação & Sociedade. As licenciaturas e as novas políticas educacionais para a formação docente Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73301999000300006> . Acesso em:9 de abr. de 2010. REFERÊNCIAS: BRASIL. Ministério da Educação – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas. Disponível em: <http://www.inep.gov.br/basica/saeb/caracteristicas.htm>. Acesso em: 9 de abr. de 2010. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Conselho Nacional de Educação - Diretrizes gerais para os institutos superiores de educação. Disponível em: <http://www.zinder.com.br/legislacao/cpl53-99.htm>. Acesso em: 9 de abr. de 2010.

36

BRASIL. Um olhar sobre a escola. Série de estudos, educação a distância. Brasília: Ministério da Educação (SEED), 2000. FREITAS, H.C.L. Formação de professores no Brasil: 10 anos de embate entre projetos de formação. Educ. Soc. 2002, vol.23, n.80.pp.136-167. NAMO, Guiomar de Mello. Formação inicial de professores para educação básica: uma (re) visão radical. Disponível em: <http://www.crmariocovas.sp.gov.br/prf_a.php?t=003>. Acesso em: 10 de abr. de 2010. VILANT, Simoni de Biasi. A formação e a valorização dos profissionais da educação e a qualidade do ensino. Curitiba, 2009. Jornal 30 de Agosto – APP Sindicato - Edição Pedagógica - Especial 2010.

A Formação Continuada dos Professores

Para refletir:

Estamos diante de uma bela demonstração de que a modernização da educação é séria demais para ser tratada somente por técnicos. É um caminho interdisciplinar e a aliança da tecnologia com o humanismo é indispensável para criar uma real transformação. [...] Em síntese, só terá sentido a incorporação de tecnologia na educação como na escola, se forem mantidos os princípios universais que regem a busca do processo de humanização, característico caminho feito pelo homem até então. (RENATO, 2010, p. 93).

Nos últimos anos o tema da formação continuada dos professores tem tido destaque

no meio acadêmico, nas reformas e nas políticas educacionais de modo geral. A formação do

professor tem sido considerada insuficiente para atender às expectativas da sociedade, e

principalmente a dos alunos.

Fato é que, a escola pública tradicional perdeu significado para seus usuários, não

representa mais o espaço de aprendizado para o mundo pós-industrial, as disciplinas escolares

não conseguem traduzir o avanço científico produzido em áreas, a instituição parece não fazer

sentido para o mundo real que a cerca.

As exigências da atualidade mostram que é necessário ensinar a todos não apenas as

habilidades básicas, mas também as habilidades de ordem superior, de resolução de

problemas, raciocínio crítico e avaliação; ensinar como tornarem-se aprendizes eficazes,

conscientes e no controle do seu próprio processo de aprendizagem, uma vez que as

revoluções da informação e do conhecimento, juntamente com as mudanças nas carreiras e

nas formas de trabalho, exigem que todos continuem aprendendo além da escola.

37

Para Maria Luiza Belloni (2008)

Nas sociedades radicalmente modernas, mudanças sociais aceleradas - sobretudo o espantoso avanço das tecnologias de informação e comunicação - vêm provocando, se não profundas, pelo menos desequilíbrios estruturais no campo da educação. Tais mudanças exigem transformações nos sistemas educacionais que se vêem confrontados com novas funções e novos desafios. O papel da educação se transforma, e suas estratégias se modificam para atender às novas demandas educativas da sociedade do saber ou da informação.

Se as transformações que estão ocorrendo na sociedade afetam o trabalho do

professor, então são imprescindíveis mudanças na formação inicial dos futuros professores e a

efetivação de uma política de formação continuada para o professorado em exercício

Para tal, os professores passaram a contar com a Educação a Distância EAD, que está

sendo apontada como uma alternativa para enfrentar o desafio da formação docente e ampliar

as alternativas de formação inicial e continuada e com o objetivo de melhorar a qualidade da

educação no país.

Estudo a distância é um método racionalizado (envolvendo a definição de trabalho) de fornecer conhecimento que (tanto como resultado da aplicação de princípios de organização industrial, quanto pelo uso intensivo da tecnologia que facilita a reprodução da atividade objetiva de ensino em qualquer escala) permite o acesso aos estudos a um grande número de estudantes independentemente de seu lugar de residência e de ocupação. (PETERS, 2009, p. 111)

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, Lei n. 9.394/96, art. 87, § 3º,

inciso III, atribui a cada Município e, supletivamente, ao Estado e à União, a incumbência de

“realizar programas de formação para todos os professores em exercício, utilizando para isso

também os recursos da educação à distância.” (BRASIL, 1996).

Para António Nóvoa (2003) “Nenhuma reforma educacional tem valor se a formação

de docentes não for encarada como prioridade”. Ele desmistifica a idéia de que para ensinar

bem é preciso ter vocação sacerdotal.

Para Maria Luisa Furlan Costa (2008):

Paralelamente ao processo de normatização da EAD, foi criada, em 27 de maio de 1996, por meio do Decreto nº 1917, a Secretaria de Educação a Distância (SEED) como órgão integrante da estrutura regimental do Ministério da Educação que, na época, representava a clara intenção do Governo Federal de investir na educação a distância e nas novas tecnologias como uma das estratégias para democratizar e elevar o padrão de qualidade da educação brasileira, de universalização e democratização da educação e do conhecimento por meio de programas de formação inicial e continuada a distância, de infoinclusão, para todos os níveis e modalidades de ensino.

38

Apesar do crescimento da EAD, e da facilidade que a tecnologia oferece, ela ainda

encontra resistências no Brasil, principalmente quando destinada para formação presencial.

O mercado de trabalho ainda tem muitas restrições em admitir profissional com formação através desta modalidade em todas as áreas, apesar da lei garantir que nos certificados do Ensino Superior não venha especificado que os estudos foram feitos a distância. Entretanto, numa entrevista de seleção, isso tem pesado na escolha. (POLAK, 2009, p.41).

A presidente do sindicato dos professores de São Paulo, Maria Izabel Azevedo

Noronha, aconselha os interessados a ingressarem na carreia do magistério, a não fazerem a

primeira graduação à distância: “Para que a formação inicial tenha verdadeiramente qualidade

e prepare o profissional para a prática de sala de aula, ela precisa ser presencial.” Além das

dificuldades na hora de procurarem emprego (NORONHA, 2009, p. 41).

O MEC reconhece que ainda há muito a ser feito quanto à fiscalização, propostas de

ensino e métodos de avaliação, e aconselha todos os alunos que buscam a modalidade, que

procurem instituições com tradição, verifiquem a integridade, a qualidade do ensino, até

mesmo o credenciamento, a legalidade da instituição. E rebate algumas críticas com dados

que comprovam o rigor de muitas instituições que oferecem ensino a distância e divulga

resultados positivos:

Segundo resultados do Enade, das 13 áreas em que se podem comparar estudantes da educação presencial com os da educação a distância, observa-se que em sete – administração, biologia, ciências sociais, física, matemática, pedagogia e turismo – os alunos de EAD foram melhores do que os de presenciais. “Se a EAD funciona e dá bons resultados, é porque ela é para alunos automotivados. No presencial às vezes o aluno consegue enrolar, ‘empurrar com a barriga’ se apoiando na turma, na EAD não tem como”, destaca André Genesini. A evasão na EAD também é menor do que no presencial, segundo Genesini. Cerca de 70% da evasão na educação a distância acontece já no primeiro ano. “Quem não se adapta logo sai.” (BRASIL, 2010) .

Porém, é consenso mesmo entre os defensores da modalidade, que o jovem que tem

condições de acesso e permanência no ensino presencial, não procure cursos a distância, pois

na juventude, o convívio social e cultural proporcionado pelo ambiente escolar é essencial. E

a formação não está vinculada só ao aprendizado de conteúdos, mas a uma fase de maturação.

Quando se trata do Ensino a Distância, como alternativa, para capacitar e formar

diariamente trabalhadores da educação, há concordância entre a maioria dos pesquisadores.

39

A EAD passa a construir importante estratégia para o enfrentamento das constantes mudanças no mundo do trabalho, diante do acelerado avanço científico e tecnológico da sociedade contemporânea. Podemos afirmar que a modalidade à distância reduz as fronteiras espaciais e temporais. (COSTA; ZANATTA, 2008, p.77)

Ela é aceita de forma positiva como política de formação continuada. Alegam que ela

oferece vantagens. Tendo em vista de que o uso dos recursos tecnológicos neutraliza as

barreiras da distância, locomoção e custo, possibilitando a qualificação dos profissionais da

educação, onde a “falta de tempo” impera e muitos também não têm acesso aos cursos

destinados à formação continuada presenciais.

Sugestões de leituras: MARTINS, Izabel Cristina et al. Educação a distância na formação continuada de educadores: superando o instrucionismo. Disponível em: <http://www.pp.ufu.br/Cobenge2001/trabalhos/EDV007.pdf>. Acesso em:11 de abr. de 2010.

BELLONI, Maria Luiza. Educação a distância mais aprendizagem aberta. Educação e Cidadania. Disponível em: <http://joaojosefonseca1.blogspot.com/2009/03/educacao-distancia-mais-aprendizagem.html>. Acesso em: 11 de abr. de 2010.

REFERÊNCIAS: BELLONI, Luiza Maria. Educação a Distância. 5. ed. Campinas: Autores Associados, 2008. (Coleção Contemporânea). BRASIL – Ministério da Educação – Diretoria de Tecnologias Educacionais. Disponível em: http://www.diaadia.pr.gov.br/proinfointegrado/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=1. >. Acesso em 05 de jul. de 2010. BRASIL – Ministério da Educação - INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas. Disponível em: <http://www.inep.gov.br/superior/sinaes/>. Acesso em: 6 jul. 2010. BRASIL – Ministério da Educação – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei 9394/96, de 20 de dezembro de 1996 – Estabelece as diretrizes e bases da educação naciona. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf. Acesso em 11 de abr. de 2010.

40

COSTA, Maria Luisa Furlan.; /ZANATTA, Regina Maria. Educação à distância no Brasil: aspectos históricos, legais, políticos e metodológicos. Edição. Cidade: editora 2008. NORONHA, Maria Izabel Azevedo. Educação e Tecnologia Mitos e Verdades – Nova Escola, ed. 227 – novembro de 2009. NÓVA, Antônio. Além das letras. Revista Pátio. São Paulo: Artmed Editora, 2003. PETERS, Otto. A educação a distância em transição. Tendências e desafios. Tradução de Leila Ferreira de Souza Mendes. São Leopoldo: Unisinos-Universidade do Vale do Rio dos Sinos, 2009. POLACK, Ymiracy de Souza. Educação e tecnologia Mitos e Verdades. Nova Escola, Ano XXIV, nov. 2009. RENATO, Eduardo José – Informática e educação. In: V CONFERÊNCIA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO APP – SINDICATO. Caderno de Debates. Produzido pela Secretaria Estadual da APP-Sindicato – Gráfica WL Impressões- Curitiba 2010. Avaliação das Políticas Educacionais – Avanços e Desafios: Propostas dos Trabalhadores da Educação para o Próximo Governo. Estudos e

41

SEXTA UNIDADE

Políticas da SEED para Formação Permanente de Professores e Funcionários da Rede Estadual Para Refletir:

Em nossos dias, já ninguém duvida de que a história do mundo deve ser reescrita de tempos em tempos. Esta necessidade não decorre, contudo, da descoberta de numerosos fatos até então desconhecidos, mas do nascimento de opiniões novas, do fato de que companheiro do tempo que corre para a nascente chega a pontos de vista de onde pode deitar um olhar novo sobre o passado.

Goethe

Ribas; Carvalho; Alonso (199, p 47) acreditam que:

Formar professores é trabalhar numa situação muito particular, na qual o conhecimento que se domina tem de ser constantemente redimensionado, reelaborado, devido às mudanças que ocorrem na sociedade em que se vive, consequência, em grande parte, dos avanços da ciência e da tecnologia. Dessa forma, urge trabalhar com a realidade local e com as transformações que estão acontecendo no mundo, em todas as áreas do conhecimento, tendo em vista que o processo de formação cessa, envolvendo sempre novos contingentes de professores. Trata-se, pois, de uma situação muito peculiar em que o envolvimento do professor e a sua responsabilidade com o processo de formação constituem condição fundamental.

A formação continuada de professores tem seu amparo legal na LDB 9394/96

(estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional Brasileira), ao regulamentar o que já

determinava a Constituição Federal de 1988, instituindo a inclusão, nos estatutos e planos de

carreira do magistério público, do aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive em

serviço, na carga horária do professor. Esses horários, segundo a normativa legal, são

reservados para estudos, planejamento e avaliação, com o intuito de propiciar uma formação

fundamentada na "íntima associação entre teorias e práticas, inclusive mediante a capacitação

em serviço." No art. 13, inciso V se enuncia que os docentes incumbir-se-ão de ministrar os

dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar, integralmente, dos períodos

dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional.” (BRASIL,1997).

Sacristán (1999) considera que a formação de educadores tem se constituído em “uma

das pedras angulares imprescindíveis a qualquer intento de renovação do sistema educativo”,

o que nos auxilia a entender o porquê da dimensão que este tema alcançou nas últimas

décadas. Nos processos de reformas educativas ela é, então, colocada como tema central. E

segue as orientações das políticas dos seus idealizadores.

42

Na década de 1990 ocorreram mudanças substanciais na sociedade, decorrentes da crise

no interior do capitalismo e de seus desdobramentos que intensificaram o processo de

globalização mundial e geraram mudanças através do modelo político neoliberal. Disto

decorreram alterações nas formas de intervenção estatal e, em consequência, nas políticas

públicas e sociais. A educação, passou por uma espécie de reordenamento no contexto das

mudanças sendo submetida a elaboradas formas de privatização.

Para Ivania Marini Piton (2007 p. 45)

As reformas estiveram diretamente ligadas ao BM (BIRD) e ao BID, que enquanto instituições multilaterais e de financiamento entraram no cenário como requisito para que a globalização cumprisse sua função ideológica, operando as contradições oriundas da exclusão social, pois, estes colocam a educação como política de alívio da pobreza e como ideologia capaz de evitar a “explosão” de regiões periféricas, assim, o BM (BIRD) e o BID, segundo Leher (1998) “introduziram reformas neoliberais a partir da perspectiva da existência de algum tipo de inclusão social”. A falácia da educação enquanto requisito à empregabilidade e à culpabilização individual pelo sucesso e pelo fracasso, são exemplos.

No período que compreende 1995 até aproximadamente 2002, alguns setores da

educação do Estado do Paraná sofreram profundas mudanças. Algumas merecem destaques: a

Paranaeducação e as mudanças no Ensino Médio com a criação do Pós-Médio. Segundo

Ivania Marini Piton (2007, p.45) “Essas reformas expressam as condicionalidades políticas

ideológicas do neoliberalismo, orientadas pelo BM (BIRD) e BID, mas em termos de Brasil,

nenhum outro Estado assumiu reformas desta envergadura.”

A reforma educacional do Estado Paraná dos anos 1990 atingiu de forma

significativa a educação profissional, provocando um verdadeiro desmonte dos cursos

técnicos, gerando consequências para os jovens e adolescentes paranaenses que tiveram

negado o acesso a esta modalidade de ensino.

O desmonte da educação profissional paranaense se deu com base na legislação educacional vigente e nos pressupostos da reforma que indicavam a necessidade de adequação da escola às mudanças de ordem econômica e na necessidade de uma sólida educação básica como meio mais rápido para a elevação das condições sociais e para o desenvolvimento de novas habilidades, competências e conhecimentos técnicos necessários à constituição desse novo trabalhador. (CARVALHO, 2005, p. 240).

Nesse sentido, a edição do Decreto nº. 2208/97 serviu para justificar a política de

reestruturação do ensino técnico no Paraná e fortaleceu o discurso da SEED, que passou a

justificar o processo de extinção dos cursos técnicos, sob a alegação de que era necessário

43

valorizar a educação básica, em detrimento da educação profissional, uma vez que a

preocupação deveria ser com a formação geral. O mercado desejava um novo tipo de

profissional, em que competências e valores ganhavam ênfase, ao passo que a qualificação

profissional, tornava-se desnecessária.

Neste espaço de tempo, houve a construção do consenso de que a democratização da

educação se concretizaria com a redefinição do papel do Estado. Esta perspectiva abrangeu as

políticas de Educação Básica ao Ensino Superior.Também Foi implantado o Projeto

Qualidade do Ensino Básico do Paraná, o Programa Expansão, Melhoria e Inovação do

Ensino Médio do Paraná, o Programa Correção de Fluxo, a continuidade do processo de

Municipalização do Ensino Fundamental, criação da Universidade do Professor .

A capacitação ministrada na Universidade do Professor se divorcia da realidade dos alunos comuns, das escolas comuns. Procura convencer os professores de que eles têm o poder de mudar os rumos da educação através de seus pensamentos positivos. A sutileza do discurso Faxinalense é que o debate descarta o político, contempla uma prática pedagógica divorciada da realidade, embora teoricamente possa até mencioná-la. O importante é trabalhar com os conteúdos, sendo a técnica pedagógica privilegiada. Em momento algum se discutem questões que envolvam um debate coletivo. "Se cada um fizer o seu pouquinho dá pra melhorar a escola". É uma postura de defesa da burocracia. Faxinal trabalha a individualidade. Trabalha com a individualidade. Trabalha com a fragilidade dos professores que estão sobrecarregados da rotina, da exploração, do dia-a-dia.(LIMA; VIRIATO, ano 1992).

A partir de 2003, com a posse do atual governador Roberto Requião, que coincidiu

com o mandato do presidente Luís Inácio Lula da Silva, ambos da esquerda, acirraram ainda

mais os movimentos que questionavam e desaprovavam o modelo de governo e das políticas

anteriores adotadas para a educação do país e do Estado do Paraná, que davam prioridades as

privatizações e terceirizações.

Com o respaldo da LDB 9394/96, no artigo 10: “Os estados incumbir-se-ão de: III –

elaborar e executar políticas e planos educacionais, em consonância com as diretrizes e planos

nacionais de educação, integrando e coordenando suas ações e as dos seus municípios.”

(BRASI. 1996)

A educação é direito público e social. Todos têm direito à educação e é na origem da fonte de direito, na Constituição Federal, Estadual e Municipal, constando na LDB9394/96, (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) que a educação é um direito fundamental, universal e inalienável, inspirada nos princípios da liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tendo como finalidade o pleno desenvolvimento do educando. (SAVIANI, 2005, p.08)

44

A Secretaria de Estado da Educação do Paraná, em consonância com o Plano de

Desenvolvimento da Educação Nacional, que tem como função gerir a Política Educacional,

pautou-se nos seguintes princípios: “Defesa da educação como direito de todos os cidadãos;

Valorização dos profissionais da educação; Garantia de escola pública e de qualidade;

Atendimento à diversidade cultural; Gestão escolar democrática, participativa e colegiada.”

(Arco-Verde , 2008).

Para garantir os princípios elencados que norteiam as ações educacionais da rede de

Ensino do Estado, a SEED pautou-se na:

• Formação Continuada Permanente dos Professores;

• Programa de Capacitação;

• Integração com as IES e SME;

• Educação a Distância;

• Programa de Desenvolvimento Educacional PR;

Investir na educação básica significa investir na educação profissional e na educação superior, porque elas estão ligadas diretamente ou indiretamente. Outro aspecto importante é o envolvimento de todos – pais, alunos, professores e gestores em iniciativas que busquem o acesso e a permanência do aluno na escola. Com esta mobilização social, a comunidade fica encarregada do acompanhamento das metas do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) e da realização de uma grande prestação de contas. Por isso é importante a participação de toda a sociedade. (PARANÁ, 2008).

A formação continuada dos profissionais da Rede Estadual de Educação Básica é

realizada pelo Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE e Programa de Capacitação,

que compreendem o aperfeiçoamento e atualização (presencial e/ou a distância). A SEED

pautou um longo período com cursos esporádicos. Em seguida organizou a formação por

segmentos, níveis e modalidades através de simpósios e a nova experiência que atinge toda a

categoria: o DEB Itinerante (Departamento de Educação Básica), agora intitulado

simplesmente “Itinerante”. Também há oferta de cursos por área do conhecimento.

De acordo com SEED, os cursos oferecidos como políticas para capacitação de

professores e funcionários são os seguintes:

• Grupos de Estudos Processo de formação continuada descentralizado, organizado pela SEED, que possibilita um amplo espaço de discussão, reflexão e ação em todos os estabelecimentos de Educação Básica da rede pública estadual. • Simpósios

45

Simpósios referentes a cada uma das disciplinas desenvolvidas na Educação Básica, para ampliar e atualizar os conhecimentos específicos de cada disciplina, bem como dos níveis de ensino, aprimorando os fundamentos teóricos dos professores. • Semana Pedagógica nas Escolas Processo descentralizado de formação continuada para os profissionais da educação.

• Formação para Salas de apoio Formação visando aperfeiçoar o trabalho docente já desenvolvido nas salas de apoio, a partir dos dados levantados sobre a expectativa de melhoria de desempenho dos alunos assistidos nesse espaço. • Escolha do livro didático (PNLD) Discutir e analisar, com os professores, as coleções avaliadas pelo Programa Nacional do Livro Didático, para que a escolha favoreça a implementação das Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná. • Formação Folhas/ OAC Divulgar o projeto Folhas e o Objeto de Aprendizagem Colaborativa e formar produtores e validadores em atividades conjuntas de produção e validação, por meio das quais os fundamentos teóricos do projeto e das Diretrizes Curriculares disciplinares sejam fortalecidos. • Formação para os agentes de execução Formar agentes de execução dos laboratórios de ciências, atendendo às exigências legais, bem como definindo sua função no que se refere à preparação das aulas e manutenção do espaço físico. • Formação para os profissionais da biblioteca Formar e atualizar os profissionais que atuam nas bibliotecas escolares a partir do aprofundamento das discussões a respeito do aspecto pedagógico desse espaço físico. • Literatura e Ensino – Sabor do Saber Eventos que visam estimular a utilização dos acervos bibliográficos literários que compõem as bibliotecas escolares, de modo que professores de todas as disciplinas da Educação Básica façam uso desse material no desenvolvimento de suas atividades docentes. • Formação para a Educação Infantil Orientar as equipes dos NREs e os gestores municipais de educação sobre as questões relativas à Educação Infantil no Sistema Estadual, discutindo os encaminhamentos teórico-metodológicos contidos no documento “Orientações para (re) elaboração e implementação, avaliação de proposta pedagógica na Educação Infantil". • Formação inicial para os anos Iniciais do Ensino Fundamental Discutir concepções de ensino, encaminhamentos e avaliação para os Anos Iniciais. Fornecer fundamentos teórico-práticos para o trabalho pedagógico nos Anos Iniciais. • Itinerante Projeto de formação continuada descentralizada, com os eventos sediados nos 32 Núcleos Regionais de Educação, possibilitando o contato direto da SEED/DEB com todos os professores do NRE, em oficinas disciplinares e oficinas com equipes pedagógicas. As oficinas disciplinares trabalham na perspectiva da efetivação das Diretrizes Curriculares Estaduais nos Projetos Político-Pedagógicos e nos Planos de

46

Trabalho Docente. Nesse sentido, são discutidos os conteúdos estruturantes e básicos de cada disciplina, além de se abordarem o uso e a produção de materiais didáticos e a utilização das novas tecnologias em sala de aula. • NRE Itinerante Trata-se de uma continuação do DEB Itinerante. O NRE Itinerante foi realizado em 2009, através de oficinas disciplinares descentralizadas, ministradas pelos técnicos pedagógicos das equipes disciplinares dos NRE's, que contaram com o apoio das equipes disciplinares do Departamento de Educação Básica para elaboração e discussão dos conteúdos disciplinares. Os eventos foram sediados nos 32 Núcleos Regionais de Educação, possibilitando o contato direto da SEED/DEB com todos os professores do NRE, em oficinas disciplinares e oficinas com equipes pedagógicas. As oficinas disciplinares trabalham na perspectiva da efetivação das Diretrizes Curriculares Estaduais nos Projetos Político-Pedagógicos e nos Planos de Trabalho Docente. • Práticas Pedagógicas com a TV Multimídia As Práticas Pedagógicas com a TV Multimídia é o mais novo Programa de Formação Continuada e Produção de Material Didático do Departamento de Educação Básica, para os Profissionais da Educação do Paraná. Viabiliza a pesquisa dos saberes e fundamentos teórico-metodológicos das disciplinas que compõem a matriz curricular da Educação Básica da escola pública paranaense.

Em 2006 foi criado o Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), que se

tornou uma política audaciosa de formação continuada para os professores da rede estadual. O

Programa estabelece de forma direta o diálogo entre os professores da Educação Superior e os

da Educação Básica, através de atividades teórico-práticas orientadas, tendo como resultado a

produção de conhecimento e mudanças qualitativas na prática escolar da escola pública

paranaense.

O Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, integrado às atividades da

formação continuada em Educação, disciplina a promoção do professor para o Nível III da

Carreira, conforme previsto no Plano de Carreira do Magistério Estadual, Lei Complementar

nº 103, de 15 de março de 2004.

O objetivo é proporcionar aos professores da rede pública estadual subsídios teórico-

metodológicos para o desenvolvimento de ações educacionais sistematizadas, e que resultem

em redimensionamento de sua prática.

A SEED/PR, antecedendo a sua política de EAD, já desenvolvia algumas ações de

formação continuada, em parceria com outros órgãos públicos: através do MEC, no ambiente

virtual de aprendizagem (e-proInfo), a partir de 2000; Cooperativa NTE dos Núcleos de

Tecnologia Educacional, em 2001; Clube de Matemática, em 2002; Fórum da Coordenação

Estadual de Tecnologia, em 2003; Grupos de Trabalho (GT), por meio do ambiente Dokeos,

em 2004; e o Estudo Piloto da Plataforma Teleduc, também em 2004, realizado por

profissionais da equipe do Portal Dia-a-dia Educação. (PARANÁ, 2009, p.10).

47

E, ainda visando a formação continuada, a SEED formou parcerias e passou a oferecer os cursos dos programas da TV Escola (Salto para o Futuro, TV na Escola e os Desafios de Hoje, etc.); Educação e Africanidade – UNB e MEC; Educação Fiscal, oferecido pela Escola Superior de Administração Fazendária; Profuncionário, realizado pelo MEC e Universidade Nacional de Brasília; Curso de Mídias na Educação, MEC/UFPR; em parceria com o Conselho Britânico, o Curso Internet English da Open University; e Especialização em Iinformática/Tecnologias na Educação, oferecida pelo MEC em parceria com a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, a Universidade Federal do Espírito Santo, a Universidade Tecnológica Federal do Paraná e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PARANÁ, 2009, p.11).

Por meio da modalidade a distância e visando à utilização da estrutura tecnológica,

implantada nas Escolas Públicas Estaduais: bibliotecas, laboratórios de informática, TV

Multimídia, TV Paulo Freire e telessalas, a SEED formou uma equipe de trabalho

colaborativo, integrado à Coordenação de Apoio ao Uso de Tecnologias, para capacitar

permanentemente professores e funcionários de toda a rede.

Para tanto, ampliou as demandas e parceiras na EAD, e em 2008, instituiu o (DITEC)

Diretoria de Tecnologia Educacional, com a finalidade única de aumentar a oferta de

formação continuada de forma articulada às políticas de desenvolvimento e atualização

profissional. Para atuar neste novo jeito de ensinar e aprender investiu na construção e no

treinamento de profissionais.

Os funcionários das escolas tiveram significativos avanços com a aprovação da área profissional 21, que instituiu as quatro habilitações: Gestão Escolar, Alimentação Escolar, Multimeios Didáticos e Meio Ambiente e Manutenção da Infraestrutura Escolar. Também o Programa de Formação PROFUNCIONÁRIO, realizado pelo Ministério da Educação em parceria com a Secretaria de Educação do Paraná. E com a aprovação da Lei nº. 12.014/2009, que alterou o art. 61 da LDB e reconhece os funcionários de escola como profissionais da educação. (APP – Sindicato, 2010).

Sugestões de leituras: SANCHES, Luciano Arantes. A política educacional paranaense no Governo Roberto Requião– 2003/2011 Revista Espaço da Sophia – nº. 36 – mar. 2010. Disponível em: <http://www.vigilantesdademocracia.com.br/robertorequiao/News5647content96802.shtml> Acesso em: 6 de jul. de 2010. REFERÊNCIAS:

48

APP – Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná. Caderno Pedagógico. Curitiba, nº. 4, abr. de 2007. ARCO-VERDE, Yvelise Freitas de Souza. Secretaria de Estado da Educação Paraná. Princípios da Política Educacional,2008. Disponível em: http://www.diaadia.pr.gov.br/gabinetedosecretario/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=4. Acesso em 02 de jul.de 2010. BRASIL - Decreto Federal nº. 2208/97, de 17 de abril de 1997. Regulamenta o § 2º do art. 36 e os arts. 39 a 42 da Lei Federal nº 9.394/96, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível: <http://www.crprj.org.br/legislacao/documentos/decreto1997-2208.pdf> Acesso em: dia 7 de jul. de 2010 BRASIL. Ministério da Educação LEI Nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996 Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lei9394_ldbn1.pdf . Acesso em 7 de jul. de 2010. CARVALHO, Celso. Reforma da educação no contexto de crise do capitalismo contemporâneo. Impulso - Educação & Política, Piracicaba, v.16, n.40, p.21-33, 2005. GOETHE, Johann Wolfgang Von. Fausto. Tradução de Agostinho D’Ornellas. São Paulo: Martin Claret, 2002. LEHER, Roberto. Da ideologia do desenvolvimento a ideologia da globalização: a educação como estratégia do Banco Mundial para ‘alívio’ da Pobreza, 1998. Tese (Doutorado em Educação). Faculdade de Educação da USP-SP. LIMA, Antonio Bosco de; VIRIATO, Edaguimar Orquizas. As políticas de descentralização, participação e autonomia: desestatizando a educação pública. Disponível em: <http://302284.vilabol.uol.com.br/autonomia.htm> Acesso em: 07 dejul. de 2010 PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação Concepção de currículo disciplinar: limites e avanços das escolas da rede estadual do Paraná. Curitiba: Secretaria de Estado da Educação/Diretoria de Políticas e Programas Educacionais (Coordenação de Gestão Escolar), 2009a Publicação Pedagógica de 2008 e 2009. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação Diretoria de Tecnologia Educacional do Paraná DITEC/CETEPAR. Proposta Para o Programa De Formação Continuada Na Educação A Distância 2009. PARANÁ – Secretaria de Estado da Educação Departamento de Educação Básica – Formação Continuada. Disponível em: <http://www.diaadia.pr.gov.br/deb/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=20> Acesso em: 08 de jul.de 2010

49

PARANÁ – Lei Complementar nº. 103 – 15 de março de 2004. Dispõe sobre o Plano de Carreira do Professor da Rede Estadual de Educação Básica do Paraná e adota outras providências. Diário Oficial nº. 6687 de 15 de março de 2004. Disponível em: <http://www.crprj.org.br/legislacao/documentos/decreto1997-2208.pdf .> Acesso em 08 de jul. de 2010 PARANÁ. Secretaria de Estado de Educação Programa de formação continuada na modalidade a distância da Secretaria de Estado da Educação do Paraná – Texto Preliminar. Curitiba: Secretaria de Estado da educação/Superintendência da Educação. Ano, 2009b. PITON, Marini Ivania. Políticas educacionais e movimento sindical docente: Reformas educativas e conflitos docentes na educação básica paranaense – Caderno Pedagógico nº 4 APP-Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná, 2007. RIBAS, Mariná Holzmann; CARVALHO, Marlene Araújo de; ALONSO, Myrtes. O trabalho docente. Teoria & Práticas. São Paulo: Guazzelli, 1999. SACRISTÁN, J. G. Poderes instáveis em educação. 4. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999. SAVIANI , Dermeval. Da nova LDB ao novo plano nacional de educação: por uma outra política educacional. 5. ed. Campinas: Autores Associados, 2005. V CONFERÊNCIA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO APP- SINDICATO 2010 – Avaliação das políticas educacionais – avanços e desafios: propostas dos trabalhadores da educação para o próximo governo. Curitiba. 2010.

50

Sétima Unidade

CONAE - Conferência Nacional da Educação

Obs: Nesta unidade o professor Arnaldo Vicente irá gravar (Plataforma UEM) sobre as

propostas para a educação, debatidas durante as Conferências da Educação.(CONAE).

A Conferência Nacional de Educação – CONAE - é um espaço democrático aberto

pelo Poder Público para que todos possam participar do desenvolvimento da Educação

Nacional.

A CONAE constituiu-se, portanto, em espaço social de discussão da educação

brasileira, articulando os diferentes agentes institucionais, da sociedade civil e dos governos

(federal, estaduais/DF e municipais), em prol da construção de um projeto e de um Sistema

Nacional de Educação, como política de Estado.

Em novembro de 1941 foi realizada a 1ª Conferência Nacional de Educação e na

sequência, sob o formato de congressos ou conferências, muitas outras foram organizadas,

algumas pela sociedade e outras pelo Poder Público. Neste período a Câmara de Deputados

organizou a I Conferência Nacional de Educação, Cultura e Desporto e a Conferência

Nacional de Educação e Cultura, uma que fortaleceu a proposição do Plano Nacional de

Educação, a outra que contribuiu com a avaliação de sua implementação.

A partir da Constituição federal de 1988, o Brasil tornou-se uma República

Federativa por cooperação e a nossa Carta Magna alçou estados, Distrito Federal e municípios

à condição de entes autônomos e de interlocutores juridicamente reconhecidos na organização

da educação nacional. A vigência do Estado Democrático de Direito estimulou o surgimento,

na sociedade brasileira, de espaços democráticos para a construção de políticas públicas, entre

os quais destacamos, a organização de Conferências de Educação. Coerente com este contexto

social e com a ampla participação da sociedade civil e de agentes públicos.

A Comissão Organizadora Nacional da CONAE é integrada por representantes das

secretarias do Ministério da Educação, da Câmara e do Senado, do Conselho Nacional de

Educação, das entidades, dos dirigentes estaduais, municipais e federais da educação e de

todas as entidades que atuam direta ou indiretamente na área da educação, ou seja, entidades

51

estudantis, de pais, comunidades científicas, movimentos sociais, centrais sindicais e

confederações de empresários.

A importância política da CONAE para o País guarda relação, em suas origens, com

a própria história de institucionalização do Ministério da Educação. Quando o Presidente da

República sancionou, em 1937, a Lei n. 378, reorganizando o Ministério da Educação e Saúde

Pública, também institui no mesmo ato, a Conferência Nacional de Educação. Assim definiu a

Lei, art. 90.

.

Ficam instituídas a Conferência Nacional de Educação e a Conferência Nacional de Saúde, destinadas a facilitar ao Governo Federal o conhecimento das atividades concernentes à educação e à saúde, realizadas em todo o País, e orientá-lo na execução dos serviços locais da educação e de saúde, bem como na comissão do auxílio e da subvenção federais. (BRASIL 1937).

Nesse sentido, o documento final, resultante dos debates deverá contribuir para a

construção de políticas de Estado para a educação nacional, em que, de maneira articulada,

níveis (educação básica e superior), etapas e modalidades, em sintonia com os marcos legais e

ordenamentos jurídicos (Constituição Federal de 1988, PNE/2001, LDB/1996, dentre outros),

expressem a efetivação do direito social à educação, com qualidade para todos. Tal

perspectiva implica, ainda, a garantia de interfaces das políticas educacionais com outras

políticas sociais, num momento em que o Brasil avança na promoção do desenvolvimento

com inclusão social, e efetiva sua inserção soberana no cenário mundial.

A Conferência Nacional de Educação 2010 teve como objetivo maior incentivar a

mobilização social em prol da educação – demanda histórica da sociedade civil organizada,

especialmente das entidades representativas do setor educacional. É a partir desse

compromisso que os documentos produzidos durante o processo relacionam pelo menos cinco

grandes desafios que o Estado e a sociedade brasileira precisam enfrentar:

52

Papel do Estado na Garantia do Direito à Educação de Qualidade: Organização e Regulação da Educação Nacional Qualidade da Educação, Gestão Democrática e Avaliação Democratização do Acesso, Permanência e Sucesso Escolar Formação e Valorização dos/das Profissionais da Educação Financiamento da Educação e Controle Social Justiça Social, Educação e Trabalho: Inclusão, Diversidade e Igualdade. (BRASIL 2010).

REFERÊNCIAS:

BRASIL - Ministério da Educação. Lei 378 de 1937 – Institui a Conferência Nacional de Educação. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/conae/texto_conae.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2010. BRASIL. Ministério da Educação CONAE 2010. Conferência Nacional de Educação – Construindo o Sistema Nacional Articulado de Educação: O Plano Nacional de Educação, Diretrizes e Estratégias de Ação – Documento Final. Disponível em: <http://www.appsindicato.org.br/include/paginas/publicacoes.aspx>. Acesso em: 20 jul. 2010.

53

OITAVA UNIDADE

Avaliação da Aprendizagem

Para refletir:

Dificilmente nos comportamos como meros espectadores da vida. Ao contrário,

costumamos estar sempre refletindo sobre nossas ações e fazendo opções de acordo com os

nossos desejos. Mas, não utilizamos notas ou conceitos, simplesmente avaliamos e

prosseguimos, estabelecendo as mudanças que valem a pena, ou as que nos convêm.

Para falar sobre avaliação da aprendizagem, poderíamos trilhar por diversos

caminhos do conhecimento, com o objetivo de buscar em suas bases epistemológicas a

compreensão desse mecanismo tão utilizado e ao mesmo tempo tão criticado na Educação, e

de grande importância pelas implicações que pode ter na formação dos alunos.

Se trilhássemos por essa vertente, poderíamos apoiar nas bases filosóficas,

psicológicas, antropológicas, econômicas, entre tantas outras.

Porém, optamos em tratar da avaliação da aprendizagem, no sentido da sua dinâmica,

como ela se processa, através do seu aspecto formativo e político, tendo em vista que esses

aspectos são a base para o exercício do processo educativo.

A importância da avaliação bem como os procedimentos utilizados varia no decorrer

dos tempos, sofrem influência das tendências de valoração que se acentuam em cada época e

dos desenvolvimentos da ciência e da tecnologia.

Apesar de que nos últimos tempos tem-se debatido, discutido, pesquisado e

produzido, historicamente sobre avaliação nas teorias pedagógicas em nosso país, as

preposições não têm gerado resultados positivos.

As práticas avaliativas praticamente não sofreram modificações, haja vista que, embora tenha ocorrido historicamente a expansão da rede de ensino, o formato atual da escola (e, consequentemente da avaliação) permanece demasiadamente identificado com o formato antigo, seletivo, competitivo, meritocrático. (V CONFERÊNCIA, 2010, p.39)

No entanto, a avaliação é parte integrante do processo educativo. Por meio dela, os

envolvidos no processo escolar tomam conhecimento de como está a aprendizagem dos

54

alunos e também podem ter indícios de como está o ensino, para que a escola tenha condições

de refletir e melhorar sua prática pedagógica.

Raramente encontramos um professor que não se preocupe com a avaliação. Isso

porque avaliar, no que se refere a ensino-aprendizagem, é uma tarefa cuja importância é

comparável à complexidade e dificuldade que lhe são inerentes. O professor necessita tomar

muitas decisões; quanto a objetivos, conteúdos, procedimentos, clientela, os gestores da

instituição. Mas decidir o que e como avaliar exige conhecimentos e habilidades altamente

desenvolvidas.

Geralmente a decisão final de uma avaliação fica sob a responsabilidade dos

professores e/ ou do conselho de classe. Isso faz com que o peso da avaliação fique redobrado

e coloca o professor no lugar daquele que deve realizar tal tarefa a partir de critérios

previamente estabelecidos coletivamente.

Portanto, a avaliação da aprendizagem é uma atividade pedagógica que requer

legitimidade técnica e legitimidade política na sua realização.

Não importa, quem avalia, quer seja o professor, o dirigente da escola, ou o

coordenador pedagógico, devem realizar a função com legitimidade técnica que sua formação

profissional lhe compete. Devendo o professor e os demais respeitarem os princípios e

critérios previamente estabelecidos pelo colegiado, contidos no projeto político-pedagógico

da escola, na proposta curricular e em suas convicções, acerca da função social que

desempenha a educação escolar. Esse é o lado da legitimação política do processo de

avaliação que envolve todo o colegiado da instituição.

Compreendendo a escola como espaço legítimo de construção da autonomia e da

cidadania, o ato de avaliar não deve ser centrado apenas no processo de ensino -

aprendizagem do aluno. Desta forma, ressaltamos a importância do estímulo à auto-avaliação,

tanto a do grupo, como a do professor.

Portanto, a avaliação deve ser fruto de uma ação coletiva que visa a formação dos

estudantes, mas ao mesmo tempo, deve servir de parâmetro para o professor, devendo ocorrer

também em diversas esferas da instituição e com vários objetivos.

Para Fernandes e Freitas (2008, p.19) além da avaliação da aprendizagem dos

estudantes, em que o professor é o principal protagonista, deve haver também a avaliação da

instituição como um todo, na qual o protagonismo é do coletivo dos profissionais que

trabalham e conduzem um processo complexo de formação na escola, guiados por um projeto

político-pedagógico coletivo. E, finalmente, há ainda a avaliação dos sistemas escolares, ou

do conjunto das escolas de uma rede escolar, na qual a responsabilidade principal é do poder

55

público. Portanto, elas consideram que esses três níveis de avaliação não são dissociados, e

necessitam estar em regime de permanentes trocas, respeitando os envolvidos, de forma que

se obtenha legitimidade técnica e política.

Porém, de acordo com a APP (2010, p.39) as atuais políticas idealizadas pelo poder

público voltadas para a educação têm tratado a repetência mais no sentido de maquiá-la do

que na direção de enfrentá-la: Diz ainda, que a preocupação centra-se prioritariamente em

índices e dados estatísticos, como o IDEB, e não no desenvolvimento de processos,

estratégias e recursos que garantam o aprendizado humano. Com isto, afirma o sindicato,que

não estão levantando a bandeira em prol da reprovação em massa. No entanto, não basta

apenas eliminá-la; é de fundamental importância a construção coletiva de um processo

pedagógico com ensino de qualidade.

Quanto à avaliação institucional, a APP (2010, p. 39) considera:

Um instrumento contemporâneo de avaliação da escola, lançando-se um olhar sobre o todo, oferecendo oportunidade para que os diferentes segmentos da escola tenham voz. Os objetivos principais são: avaliar o que é realizado, apontar as demandas, repensar o planejamento, contribuindo para que ele avance. O primeiro passo deve ser a avaliação interna e a auto-avaliação. Devem se fazer críticas às concepções e práticas avaliativas autoritárias, verticais, que trabalham com os conceitos de punição e premiação e que privilegiam a certificação ou a construção de “ranking” das melhores escolas e dos/as melhores/as professores/as, em detrimento da formação e do aperfeiçoamento dos sistemas. Afastar a possibilidade de uma avaliação autoritária tornará possível uma avaliação verdadeira, que não vai escamotear os problemas e sim contribuir para resolvê-los, colaborando para a elevação da qualidade da educação. A avaliação institucional como instrumento de gestão democrática, em todos os níveis e modalidades, deve contribuir para subsidiar, permanentemente, o processo de tomada de decisões, e das políticas necessárias à execução do planejamento, em todos os níveis: Escolas, Núcleos e SEED.

Há resistências por grande parte dos professores em entender que quando estão

avaliando os alunos, de forma direta também estão sendo “avaliados,” tendo em vista que a

avaliação não é neutra, nessa contextualização ela revela a postura política, o compromisso, a

formação do (avaliador) professor.

Fato é que, quando avaliamos a aprendizagem dos nossos alunos, os instrumentos

utilizados estão imbuídos de concepções, representações e sentidos, ou seja, repletos de ações

56

que fazem parte de nossa cultura, de nossas crenças e expressam a maneira que concebemos o

mundo, os sujeitos. Essas atitudes vividas por nós, traduzem-se, concretizam-se em ações, que

ainda estão muito impregnadas pela lógica da classificação e da seleção, no que diz respeito à

avaliação escolar.

Antes de qualquer procedimento de avaliação, é necessário que tenhamos algumas

respostas, como: Qual é a função da avaliação, a partir do papel da educação na sociedade

atual? Às vezes, aquilo que parece óbvio não o é tanto assim. Para que é feita a avaliação na

escola? Qual o lugar da avaliação no processo de ensino aprendizagem? Quais as implicações

que o meu trabalho tem nos resultados?

A concepção que temos da avaliação, é que se trata de um instrumento usado para

classificar, determinar quais estudantes irão para a série seguinte e os que deverão permanecer

onde estão. Essa concepção de avaliação é classificatória e seletiva, muitas vezes, torna-se

uma determinante da exclusão social.

A avaliação sendo parte integrante do processo ensino-aprendizagem, deve ser usada

tanto no sentido de um acompanhamento do desenvolvimento do estudante, como no sentido

de uma apreciação final sobre o que este estudante pôde obter em um determinado período,

sempre com vistas a planejar ações educativas futuras. Quando a avaliação acontece ao longo

do processo, com o objetivo de reorientá-lo, trata-se da avaliação formativa.

Segundo Allal (1986, p. 176) “os processos da avaliação formativa são concebidos

para permitir ajustamentos sucessivos durante o desenvolvimento e a experimentação do

curriculum”. Perrenoud (1999, p.143) define a avaliação formativa como “um dos

componentes de um dispositivo de individualização dos percursos de formação e de

diferenciação das intervenções e dos enquadramentos pedagógicos”.

Quando a avaliação ocorre no final do processo, com a finalidade de verificar o

resultado, trata-se da avaliação somativa. Fernandes e Freitas (2008, p.20), “Uma não é nem

pior, nem melhor do que a outra, elas têm objetivos diferenciados”. Esse tipo de avaliação é

associado a processos de exclusão e classificação.

Pedro Demo (2002, p. 2-3), diz que:

[...] avaliação só faz sentido se favorecer a aprendizagem. Todavia, não se realiza aprendizagem qualitativa, sem avaliar. Quando se combate o tom classificatório, [...] pretende-se, no fundo, superar abusos da avaliação, no que estamos todos de acordo, mas não se poderia retirar daí que avaliação, de si, não é fenômeno classificatório. Será mister distinguir acuradamente entre abusos da classificação, de teor repressivo, humilhante e punitivo, e efeitos classificatórios implicados em qualquer processo avaliativo, também quando dito qualitativo.

57

No entanto, é possível trabalharmos com uma perspectiva de avaliação cuja vivência

seja marcada pela lógica da inclusão, do diálogo, da construção da autonomia, da mediação,

da participação, da construção da responsabilidade com coletivo e de mão dupla, não só

avaliando o aluno, mas todos os envolvidos no processo.

Tal perspectiva de avaliação vem ao encontro com a proposta de uma escola pública

para todos, inclusiva, que considera as infindáveis possibilidades de aprendizagem por parte

dos estudantes. Essa concepção de avaliação valoriza os avanços dos alunos e as ações

educativas, as estratégias de ensino, os conteúdos das disciplinas são planejados a partir dos

resultados colhidos nas avaliações.

Apesar de a auto-avaliação ainda ser pouco utilizada na nossa cultura escolar, ela

precisa ser incorporada, pois ela conduz todos os envolvidos no processo educativo a um

diálogo mais profícuo entre os sujeitos da aprendizagem, à construção do conhecimento de

forma mais criativa e menos mecânica. Ela favorece ao estudante a auto-reflexão acerca de

sua postura, suas atitudes individuais e no grupo, seu papel no grupo, seus avanços, seus

medos e conquistas. Deve ajudar na superação das dificuldades de aprendizagem, naturais a

todo e qualquer processo de aprender.

Todas essas ações devem ser ancoradas no projeto político-pedagógico, que deve

fixar indicadores a serem alcançados pelo coletivo da escola. Indicadores não são padrões a

serem obedecidos cegamente, mas marcas que o coletivo da escola espera atingir e para as

quais deve ser organizar.

Sugestõs de Filmes:

O Sorriso de Monalisa

Nenhum a Menos

MENDONÇA, Vera Lucia Marques de. Avaliação da aprendizagem: relato de um grupo de estudos formado por professores e pedagogos – Tenório. Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2187-8.pdf?PHPSESSID=2010060908460949>. Acesso em: 18 jul. 2010.

58

REFERÊNCIAS:

DEMO, Pedro. Mitologias da avaliação. Campinas: Autores Associados, 2002. Coleção

Polêmica.

FERNANDES, Cláudia de Oliveira; Freitas, Luiz Carlos. Indagações sobre currículo –Currículo e Avaliação BRASIL. Ministério da Educação – Secretaria de Educação Básica 2008. PERRENOUD, Philippe. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens, entre duas lógicas. Porto Alegre: ArtMed, 1999. V CONFERÊNCIA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO APP - SINDICATO 2010 – Avaliação das Políticas Educacionais – Avanços e Desafios: Proposta dos Trabalhadores da educação para o Próximo Governo. WL Impressões -Curitiba 2010.

59

NONA UNIDADE

Proposta Pedagógica e o Regimento Interno do Colégio “José Luiz Gori” – Mandaguari.

OBS;_ Esta unidade a diretora do colégio Isabel Cristina Domingues Soares Lopes vai gravar.(Plataforma UEM)

O objetivo desta unidade é de conhecer e discuitir a Proposta Pedagógica e o

Regimento Interno do Colégio, haja vista que toda instituição educacional deve possuir um

conjunto de normas e regras que norteiem suas ações no âmbito pedagógico e administrativo,

traduzidas em documentos, devendo este, permanecer disponível para a consulta da

comunidade escolar.

Para Erasto Mendonça (2000) “As reformas educacionais advindas da Constituição

Federal de 1988 e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei 9394/96,

estabeleceram e fortaleceram os princípios de Gestação Democrática”. Um dos principais

eixos das políticas educacionais das últimas décadas. Esse novo modelo de gestão

institucional, ao atribuir às escolas maior autonomia e responsabilidade nas questões

pertinentes à administração, financiamento e ações pedagógicas, fortaleceu e buscou a

participação da sociedade para a construção de suas Propostas Pedagógicas, dos Regimentos

Internos, Conselhos e Agremiações.

Segunda a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB nº 9394/96, o

Regimento deve ser democraticamente construído pela comunidade escolar. Assim sendo,

todos deveriam não apenas conhecê-lo, mas também se responsabilizarem por sua

observância, por ser o documento que assegura a organização legal das escolas.

Quanto ao Regimento Escolar, deve ser construído coletivamente, sendo este que

orienta e define as normas estabelecidas na legislação vigente, que são utilizadas e aplicadas

por todas as escolas da rede pública estadual de ensino.

O Regimento Escolar, por fim, deve assegurar a gestão democrática da escola,

possibilitar a qualidade do ensino, fortalecer a autonomia pedagógica, valorizar a comunidade

escolar, através dos colegiados e, efetivamente, fazer cumprir as ações educativas

estabelecidas no Projeto Político-Pedagógico da escola.(Arco-Verde,2007).

60

REFERÊNCIAS: :

ARCO-VERDE, Yvelise Freitas de Souza. Secretaria de Estado da Educação. Diretoria de Políticas Educacionais. Coordenação de Gestão Escolar. Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/arquivos/File/escola/REGIMENTO_ESCOLAR_08_04.pdf.>. Acesso em: 19 jul. 2010.

MENDONÇA, Erasto. A gestão democrática nos sistemas de ensino brasileiros: a intenção e o gesto. Disponível em: <http://www.anped.org.br/reunioes/23/textos/0521t.PDF.>. Acesso em: 20 jul. 2010.

61

Décima Unidade Avaliação do Curso: Ao propormos como Implementação Pedagógica, Capacitação de 40 horas, presencial e a distância, para professores e funcionários, abordando temas pertinentes a educação e ao colégio, nossa intenção é a de:

• Conduzir o trabalho escolar de forma homogênea, de acordo com a Proposta Pedagógica do Colégio, amparada nas políticas da SEED e nas Diretrizes Curriculares Nacionais e Estaduais;

• Integrar professores e funcionários ao coletivo escolar, criando relações de afetividade

que possibilitem a existência de um ambiente de trocas, propício ao desenvolvimento da formação continuada através de grupos de estudos;

• Propiciar aos professores e demais funcionários possibilidades de utilização dos

recursos tecnológicos existentes no Colégio. Portanto, solicito que você faça a avaliação dessa proposta de trabalho e do curso.Todas as críticas e sugestões serão muito bem vindas. 1ª Você considera essa proposta de trabalho viável? Por quê? 2ª Considerando o trabalho envolvido no projeto “Formação Continuada dos Professores e Educação a Distância”, aponte possíveis aspectos positivos do mesmo em sua prática docente? 3ª Os referências teóricos e as sugestões de leitura, oferecem subsídios para discussões e possíveis intervenções no seu trabalho diário? Por quê? 4ª Como você avalia “as ferramentas da internet “para a capacitação diária dos professores?