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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2008 Versão On-line ISBN 978-85-8015-039-1 Cadernos PDE VOLUME I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 20

08

Versão On-line ISBN 978-85-8015-039-1Cadernos PDE

VOLU

ME I

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA

LUIZA DE FÁTIMA WEIBER DE LIMA

O FRACASSO ESCOLAR: CONSTRUINDO NOVOS SABERES

PONTA GROSSA 2009

O fracasso escolar: construindo novos saberes1

Luiza de Fátima Weiber de Lima2

Gislene Lössnitz Bida3

RESUMO - Um grande problema que atinge de modo geral as escolas públicas que oferecem o ensino fundamental são as altas taxas de reprovação e evasão escolar. Para entender a dinâmica de relações que acontecem no âmbito escolar e discutir as concepções do fracasso escolar que permeiam as praticas pedagógica, desenvolveu-se uma pesquisa nos relatórios finais dos últimos anos, no universo em questão e elaborou-se um projeto para ser aplicado na escola visando controlar o problema. Após análise das causas do fracasso escolar, foram estabelecidas algumas ações pedagógicas, criando estratégias a serem desenvolvidas pelos professores. Foram desenvolvidas reuniões visando discutir os problemas que acarretam as dificuldades de aprendizagem e levando à reprovação e evasão Foi proposto aos professores uma reavaliação da prática pedagógica objetivando auxiliar na aprendizagem, promoção, permanência e sucesso dos alunos com vista a uma melhor aceitação destes no mundo como verdadeiros cidadãos e assim cumprir a função primordial da escola. O conhecimento adquirido na instância escolar precisa ser significativo, pois educar é preparar o educando para o mundo, ser um cidadão para a vida, sendo assim a educação necessita de escolas que assumam um esforço amplo e coletivo para a construção do ser humano pleno, sabendo conviver com seu próximo. Buscou-se construir um trabalho participativo com os professores para discutir e propor alternativas de como trabalhar em suas aulas, visando combater as causas do fracasso: desinteresse, a falta de motivação, baixa auto-estima, a indisciplina e a falta de criatividade.

Palavras-chave: Fracasso escolar; organização do trabalho pedagógico; gestão escolar.

ABSTRACT –

The bigger problem that affects the general public schools providing primary education are high rates of failure and dropout. To understand the dynamic relationships that take place in the school and discuss the concepts of school failure that permeates the educational practices, has developed a search of the final reports in recent years, in such a universe and we elaborated a project to be implemented in school to control the problem. After analyzing the causes of school failure, were established some pedagogical actions, creating strategies to be developed by

1 Artigo Final - Programa de Desenvolvimento Educacional - Secretaria de Estado da Educação do

Paraná. 2 Professora PDE - Professora de Ciências e Disciplinas Técnicas, Pedagoga e Especialista em

Educação pela UEPG (Universidade Estadual de Ponta Grossa). Email : [email protected]. 3Professora Orientadora – Mestre em Educação.

teachers. Meetings have been developed aimed at addressing the problems that cause learning difficulties and leading to retention and dropout was proposed to the teachers a re-evaluation of the pedagogical practice aiming to assist in learning, promotion, retention and success of students with a view to greater acceptance of the world as real citizens and thereby fulfill the primary function of the school. The knowledge acquired in school body to be significant, since education is to prepare the student for the world to be a citizen for life, so the education needs of schools that take a comprehensive and collective effort for the construction of a full human being, knowing live with their neighbors. The search for a participatory work with teachers to discuss and propose alternatives for how to work in their classes in order to combat the causes of failure: lack of interest, lack of motivation, low self-esteem, discipline and lack of creativity.

KeyKeyKeyKey----wordswordswordswords: School failure; organization of educational work, school management.

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho iniciou-se a partir de uma proposta da Secretaria de

Estado do Paraná através do Programa de Desenvolvimento da Educação – PDE-

aliado à vontade de atender a uma grande problemática encontrada na escola

Estadual Professor Amálio Pinheiro, que é o fracasso escolar que vem atingindo

grande parte de seus alunos e que se caracteriza pelo aumento nos índices de

evasão e reprovação escolar nas últimas séries do ensino básico.

A escola, buscando cumprir com sua função social, deve garantir um

trabalho de qualidade que atenda às necessidades de todos os alunos, promovendo

uma aprendizagem significativa e elevando a auto-estima de todos no ambiente

escolar, principalmente, dos alunos, na maioria crianças com dificuldades na família

devido ao desemprego, ao baixo nível financeiro dos pais e que têm na escola

pública a única chance de aprender e desenvolver seus conhecimentos.

A implementação e inserção na realidade escolar buscou reverter o quadro

apresentado de uma maneira ativa e diferenciado, que iniciou a partir do

levantamento e análise dos dados e através de um trabalho coletivo com os

professores com discussões a cerca das concepções e preconceitos referentes ao

fracasso escolar possibilitando um patamar mais elevado de entendimento do

assunto através de um trabalho organizado, sistemático de enfrentamento ao

fracasso escolar para a superação das dificuldades encontradas nesta realidade,

com o desenvolvimento de atividades diversas e diferenciadas com os alunos para

pudéssemos lutar contra o fracasso aos quais os alunos estavam condenados.

O propósito deste não era apenas dar dicas para a atuação do professor em

sala de aula, mas sim promover uma reflexão mais aprofundada em busca de

alternativas para reverter o quadro encontrado.

Para efetivação do projeto, foi feito um levantamento dos índices sobre a

evasão e repetência, dos últimos três anos no estabelecimento em questão e a partir

deste, caracterizar as causas do problema para refletir com os professores sua

prática pedagógica e então construir uma proposta para ser desenvolvida na escola,

em busca de alternativas para resolver ou amenizar o problema do fracasso escolar

visando uma reavaliação de sua prática pedagógica para auxiliar no sucesso da

aprendizagem e promoção dos alunos.

Um dos problemas atualmente encontrado é que muitas vezes, os

professores esquecem-se de utilizar a criatividade em suas aulas, o que poderia

servir de excelente meio de incentivação, deixando os alunos desinteressados e

indisciplinados, mas fica aqui a grande pergunta: como incentivar os alunos, se

grande parte dos professores se encontram desmotivados e amargurados?

Foi fundamental conhecer as expectativas dos professores para que se

discutissem alternativas para motivar as crianças e incentivá-las a freqüentar as

aulas e assim poder auxiliá-los a ampliar sua compreensão e transformação do

mundo, no qual deve agir de modo consciente, agente de mudança.

2 DISCORRENDO COM OS TEÓRICOS

Estudar o fracasso escolar exige um diálogo constante com os teóricos que

estudam ou já estudaram o assunto através de um levantamento bibliográfico

referente ao histórico da evolução do fracasso escolar no Brasil, preparando assim

um embasamento teórico para desenvolvimento do projeto, pois a questão do

fracasso escolar, detectada pelos altos índices de reprovação e evasão, exige uma

atenção especial, para que as causas sejam detectadas e tomem-se iniciativas para

reverter o quadro e cumprir de fato sua função social, para tanto é necessário

entender as concepções do fracasso escolar que permeiam as práticas pedagógicas

através dos tempos.

O fracasso escolar foi estudado a partir do século XIX na Era das

Revoluções, passando a ser analisado através das Teorias Racistas e da Psicologia

Diferencial. A Revolução Francesa e a Revolução Industrial ocasionaram

importantes mudanças na sociedade do Século XIX, com a ascensão da burguesia,

ficou apenas o sonho da educação igualitária, sendo que a função da educação era

o preparo do trabalhador. Até por volta de 1850, as escolas eram privadas e até

1870 um grande número da população era analfabeta. (PATTO, 1990).

As primeiras explicações para as dificuldades de aprendizagem foram no

século XIX, por especialistas que eram médicos psiquiatras que classificavam esses

seres como anormais e eram estudados em laboratórios anexos aos hospícios. A

seguir foram denominados “anormais escolares”, “duros da cabeça” e as causas de

seu fracasso são procuradas em alguma anormalidade orgânica. (PATTO, 1990,

p.40-41).

No final do século XVIII e início do XIX, o desafio foi medir aptidões naturais,

que mensuravam as diferenças individuais de rendimento escolar em todo o mundo,

foi o grande desafio dos psicólogos da virada do século, com seus conceitos

psicanalíticos.

Na década de sessenta, do século XX, passou-se a levar em consideração

os fatores ambientais e culturais, a “teoria da carência cultural” teve tanto prestigio

que a explicação do fracasso escolar era “de que a estrutura e o funcionamento da

escola e a qualidade do ensino seriam os principais responsáveis pelas dificuldades

de aprendizagem”. (PATTO, 1990, p.46).

Nos anos setenta, as idéias em torno do fracasso escolar basearam-se em

Athuser (1974), Bourdieu (1974), Bourdiei e Passeron (1975) e Establet e Baudelot

(1971). Baseado nestes estudiosos que os educadores brasileiros estudaram os

problemas de aprendizagem, com suas teorias de “carência cultural”, onde a

ideologia cultural transmitida pelos professores era da classe dominante. (PATTO,

1990).

O fracasso escolar ainda era explicado, conforme Patto (1990, p. 123), a

partir de várias causas: “as crianças pobres não conseguem aprender na escola por

conta de suas deficiências, sejam elas de natureza biológica, psíquica ou cultural”.

Nos estudos sobre alfabetização concluiu-se que

o fracasso não se deve tanto ao método, mas muito mais ao fato de formas e conteúdos, na escola, estarem distantes da criança concreta com a qual a professora se depara. (PATTO, 1990. p. 123).

Várias pesquisas educacionais sobre o fracasso escolar foram realizadas

nas décadas de setenta e oitenta. Pesquisa realizada por Gouvêa em 1976 era

baseada na escola como uma organização social, pesquisando a participação do

próprio sistema escolar na produção do fracasso, através dos fatores intra-escolares

e sua relação com a seletividade social operada na escola. Em 1981 Beisegel citou

os altos índices de evasão ocorrido nas escolas, em 1983 pesquisas detectaram a

inadequação da escola à realidade do aluno, deixando com ele a responsabilidade

pelo fracasso escolar.

O que vimos sobre o fracasso escolar ao longo dos anos é que mudou a

forma de se interpretar o problema, saindo de uma concepção individualista e

clinica, passando por uma visão do fracasso como sendo de uma classe social,

depois como um problema socioeconômico e político para chegar ao fracasso da

escola como um todo, de sua cultura, organização e métodos. Segundo Grinspun o

fracasso escolar está na estrutura como é organizada a escola. Aponta-se o

fracasso como sendo:

...do aluno que não é aprovado, que é excluído da escola, que fracassa, etc., mas os professores, a escola, o sistema, todos são responsáveis por esse fracasso, na medida em que as ações que são tomadas para diminuir ou eliminar essa situação são fragmentadas e setorizadas. (GRINSPUN, 2002, p.78).

Durante muitos anos, as pesquisas sobre o fracasso escolar se

preocuparam em descobrir suas causas ou verificar o que faltava nas crianças

que fracassavam, mas as pesquisas continuam e as preocupações dos

estudiosos procuram alternativas para resolvê-las.

Esse debate, no entanto, tem sido permeado pela necessidade urgente de

se construir uma escola diferente, capaz de abrigar e de trabalhar positivamente

com a diversidade da população brasileira; seja essa diferença econômica, cultural

ou social e, ainda mais, capaz de enfrentar o fracasso escolar, que aparece nos

altos índices de repetência e evasão. Pensar em novas formas de trabalho na escola

torna-se vital, pois percebemos que há várias décadas a escola vem transformando

as desigualdades sociais e culturais em desigualdade de resultados escolares,

devido à sua “indiferença pelas diferenças“ (PERRENOUD, 2001).

Philippe Perrenoud possui como objetivo principal melhorar a

compreensão dos processos educativos e vem trabalhando na tentativa de tornar

a escola cada vez menos injusta e desigual. Ele cita que a solução do problema

estaria na implantação de ciclos de ensino, que oferecem uma organização do

trabalho e propicia a uma pedagogia diferenciada e, portanto a luta contra o

fracasso escolar.

Na luta contra o fracasso a escola precisa superar as velhas formas

tradicionais, em que os alunos não encontram significado no ensino. O professor

precisa sentir-se desafiado a mudar, entendendo a educação como prática social

transformadora e democrática. As aulas devem incorporar novas formas de ensinar,

sempre partindo da realidade do aluno com vistas a compreensão do senso comum.

Apesar da deteriorização que a escola vem sofrendo, é ainda nela que

sobrevive o gérmen da mudança, é nos professores que acreditam em seus

trabalhos, na equipe pedagógica, nos pais que precisam lutar por mudanças. Só

vamos reverter esta situação quando todos juntos não aceitarmos o fracasso como

sendo uma fatalidade que atinge as camadas populares. “A escola pode optar por

deixar as desigualdades na sombra, o que é uma forma de não dramatizá-las, mas

também pode optar por iluminá-las” (PERRENOUD, p.21 2001).

Sabe-se nos dias atuais que as causas do fracasso não são somente da

escola, pois como explica Arroyo (2000, p.34),

O fracasso escolar é uma expressão do fracasso social, dos complexos processos de reprodução da lógica e da política de exclusão que perpassa todas as instituições sociais, políticas, o Estado,(...)”

Estas políticas estão enraizadas nas instituições desde os tempos da política

autoritária.

As famílias das classes desfavorecidas economicamente possuem uma

tendência maior ao fracasso escolar comparada às famílias mais privilegiadas e que

colocam seus filhos na rede particular de ensino, conforme comenta Costa (2003,

p.4):

A causa do fracasso passa, assim, a ser situada na própria criança que de vítima se transforma em réu. Dizemos vítima porque, segundo este ponto de vista, esquecemos de considerar que esta criança sofre as conseqüências de um sistema social e educacional perverso, que não lhe oferece as condições necessárias para se apropriar do conhecimento dito formal, científico ou padronizado (ou seja, o conhecimento que a escola objetiva transmitir).

Não nos cabe inocentar a escola, pois estamos nela inseridas e sabemos

que o fracasso escolar tem causas intra-escolares (são aqueles fatores inerentes ao

próprio sistema escolar, seus currículos e programas, recursos físicos, materiais,

organização interna da escola, formação e desempenho docente, entre outros) e

fatores extra-escolares (são aqueles que acontecem fora da escola, relacionados

com o contexto sócio-econômico-cultural, renda familiar, condições familiares, são

dificuldades de sobrevivência que afetam o desenvolvimento e aprendizagem dos

alunos). (LEITE, 1988, p. 30).

É a função da escola buscar alternativas para o enfrentamento do fracasso

escolar, que leve à superação das dificuldades encontradas, sem ignorar ou impedir

os problemas do contexto cultural, social, político e econômico dos nossos dias, o

que podemos fazer é refletir e redefinir nossa prática, levando em conta a situação

de vida dos alunos e compreender um pouco do que influencia seu modo de agir na

escola. É preciso juntar objetividade e sonho, para que se possa ver cada aluno com

um novo olhar, sabendo que ele pertence ao futuro, ou melhor, ele será o nosso

futuro.

3 O CAMINHO PERCORRIDO: INVESTIGANDO A REALIDADE

A questão do fracasso escolar detectado exigiu uma atenção especial, pois

as causas e o foco do problema deveriam ser localizados para que se pudesse

propor alternativas para auxiliar a resolvê-los. Assim a partir de uma pesquisa

realizada em maio do ano de 2008, nos Relatórios Finais, referentes aos anos de

2005, 2006 e 2007, verificou-se que os índices de reprovação mais evasão foi de

27%, 11% e 25% respectivamente e a série que teve uma evolução maior deste

índice foi a oitava série, com índices de 18%, 18% e 25% nos respectivos anos.

Através de levantamento nas atas de conselho de classe final das oitavas

séries no ano de 2007, foi constatado que 79% dos alunos aprovados nas oitavas

séries foram através do conselho de classe. Tomando por base este levantamento,

que mostrava o agravamento do problema nesta série, em um segundo momento foi

direcionado a pesquisa a 90 alunos matriculados nas oitavas séries do presente ano,

escolhidos aleatoriamente, para que não ficassem dúvidas a respeito da

transparência da pesquisa e foram respondidas as seguintes questões:

• Você já reprovou ou desistiu alguma vez?

• Dizem que os alunos que reprovam, são aqueles que não conseguiram

aprender. Qual será o motivo de não aprenderem? Quem é o grande

culpado pela reprovação e desistência do aluno?

Foi levantado o perfil dos alunos e as causas da reprovação, que segundo

eles: é deles mesmo, que não estudam e faltam às aulas (80%) e os motivos pelos

quais a aprendizagem, função principal da escola, não está se concretizando, são o

desinteresse, a falta de atenção, juntamente com a indisciplina que se

caracterizaram como os grandes vilões da aprendizagem.

Os alunos ao serem questionados sobre quem seria o culpado pela

reprovação e quais os motivos de não aprenderem, os alunos “adestrados” pela

escola através dos tempos, consideram-se os grandes vilões da reprovação,

atribuíram a si a culpa pelo seu insucesso conforme dados apresentados.

Apenas dezoito alunos dos pesquisados não assumiram a culpa pela

reprovação, o restante assume, pois, segundo Paro (2001, p. 117), “a concepção de

que o aluno é culpado por seu não aprendizado está muito mais disseminada na

escola brasileira do que pode parecer à primeira vista”, e são poucos os que já

conhecem o dilema da escola, e do pouco que se espera deles.

No dia-a-dia da escola, além de todas as causas listadas, uma das principais

queixas dos professores é o desinteresse dos alunos nas aulas, mas na maioria das

vezes sabe-se que o mesmo é decorrente da falta de significação dos

conhecimentos para o aluno. Ele não encontra um sentido pelo conteúdo ensinado e

sente-se desmotivado para estudar e alguns professores não procuram inovar e nem

possuem muito comprometimento com novas metodologias de ensino. Em relação a

isto, Menezes (2007, p. 82) propõe: “Desenvolver o desejo de aprender é a mais

importante função da escola. Portanto, a falta de motivação é problema dela”.

O desinteresse leva às faltas e a indisciplina, pois são fatores interligados

fazendo parte de um processo de culpabilização. É preciso acima de tudo agir em

cima dessas causas, tomando atitudes que superem a falta de compreensão e

busquem a real mudança na prática educacional.

Para que ocorra um processo de transformação no ensino atual é necessário

que os professores comecem a inovar, pois toda mudança tem que partir deles, para

que se efetive. O português, professor António Nóvoa, afirma que os principais

desafios da profissão de educador encontram-se no desenvolvimento de práticas

educativas mais eficientes bem como na atualização sobre novas metodologias de

ensino. Cita ainda que a formação atual de professores está deixando muito a

desejar, pois, “As instituições ficam fechadas em si mesmas, ora por um

academicismo excessivo ora por um empirismo tradicional”. (NÓVOA, 2001, p. 14).

O mesmo professor ainda afirma que a atualização e o surgimento de novas

práticas só emergem de uma reflexão compartilhada entre os professores e no

espaço concreto da escola, no coletivo, em consonância com os problemas

individuais de cada um e discutidos por todos. Ele cita Paulo freire e aproveita seus

ensinamentos quando diz: “Ninguém forma ninguém. Cada um forma-se a si próprio”

(FREIRE apud NÓVOA, 2001, p.15).

É necessário que considerar o aluno em todas as suas dimensões, um ser

completo, holisticamente4. Ensinar com significados é muito diferente do que se

pratica, é muito importante e de responsabilidade, pois segundo a pedagogia

simbólica junguiana5;

Ensinar é algo muito diferente. O importante para a transmissão do ensino simbólico é a autenticidade e a inteireza existencial do educador, que emanam da sua entrega intelectual e emocional à sua profissão, a qual

4 Em sua totalidade, visão conjunta. 5 Pedagogia essencialmente humanista e científica, cuja matriz cultural baseia-se nas obras de Jung entre outros.

inclui, além do material ensinado, a formação da personalidade dos seus alunos e sua própria” (BYINGTON, 2003, p.72).

Não se pode ignorar ou impedir os problemas do contexto cultural, social,

político e econômico dos nossos dias, o que podemos fazer é refletir e redefinir a

prática pedagógica, tomando atitudes levando em conta a situação de vida dos

alunos e compreender um pouco do que influencia seu modo de agir na escola, em

todos os sentidos.

4 SUPERANDO LIMITES E CONSTRUINDO UM NOVO SABER

Diante do diagnóstico da realidade apresentado, tornou-se evidente a

necessidade de proporcionar aos professores e equipe pedagógica e gestora da

escola uma possibilidade de estudos, discussão e reflexão sobre a prática

pedagógica para compreender melhor a realidade e partir então para a

implementação do projeto.

Primeiramente realizou-se a apresentação do projeto e dos dados coletados

à toda equipe escolar e após formulou-se um convite a todos para participar de um

grupo de estudos que tinha como objetivo criar condições concretas para a partir dos

dados diagnosticados e com base no referencial teórico que orientou o Projeto de

Intervenção, analisar, discutir e propor alternativas de como trabalhar em suas aulas,

visando combater as causas do fracasso: desinteresse, a falta de motivação, baixa

auto-estima, a indisciplina e a falta de criatividade.

Os assuntos abordados foram os mesmos explicitados em um Caderno

Pedagógico6 elaborado no segundo período do Programa de Desenvolvimento da

Educação-PDE e composto por quatro capítulos: Gestão - desafios a enfrentar;

causas e culpados pelo fracasso escolar; relação Professor/aluno - uma nova escola

para uma nova sociedade; indisciplina e motivação na sala de aula.

6 Material didático-pedagógica produzido sob a orientação do Professor Orientador e utilizado na implementação do projeto. Disponível em: <http://www.pde.pr.gov.br/arquivos/File/Producao_Didatico_Pedagogica_2008_NREs.pdf>. Acesso em: <28 ago. 2009>.

O início dos estudos e reflexões foi embasado no tema Conhecendo a

realidade e repensando a prática pedagógica: desafios a enfrentar, questionando se

a função da escola esta realmente se efetivando, pois

O objetivo final da gestão é a garantia dos meios para a aprendizagem efetiva e significativa dos alunos. O entendimento é de que o aluno não aprende apenas na sala de aula, mas na escola como um todo. Faz-se necessário que a escola seja, em seu conjunto, um espaço favorável à aprendizagem (SCHOLZE, 2004, p.1).

Refletiu-se nesta oportunidade sobre os objetivos da gestão escolar e o que

a escola como um todo (direção, equipe pedagógica, funcionários) está realizando

para reverter a situação apresentada e superar o fracasso escolar diagnosticado.

Procurou-se neste encontro É preciso que a escola trabalhe no sentido de

compreender e assumir o mundo real, as necessidades locais (dos alunos em sua

comunidade) e as necessidades globais (a vida no planeta que traz conseqüências

para a realidade local), gerando com seu trabalho junto as crianças, pais, e equipe

pedagógica, alternativas humanizadoras para o mundo. Levando sempre em

consideração as práticas da nossa sociedade, sejam de natureza econômica,

política, social, cultural ética ou moral, considerando as relações diretas ou indiretas

dessas práticas com os problemas específicos da comunidade local à qual presta

serviço.

Assim, é fundamental conhecer as expectativas dessa comunidade, suas

necessidades, formas de sobrevivência, valores e costumes. É através desse

conhecimento que a escola pode atender e auxiliar esta comunidade a ampliar seu

instrumental de compreensão e transformação da realidade. A escola deve ser um

espaço onde o conhecimento sistematizado é socializado, vinculado a realidade,

proporcionando a ampliação das possibilidades culturais dos alunos e da

comunidade.

Isso se torna possível quando na escola adota-se uma gestão democrática e

realizar uma gestão democrática significa acreditar que todos juntos têm

possibilidades de encontrar caminhos para atender às expectativas da sociedade a

respeito da atuação da escola, a ação da gestão deve estar interligada, articulando

todas as dimensões envolvidas na escola.

Em um segundo encontro foi trabalhado o tema “Culpados ou Inocentes” que

trata sobre o problema de culpabilização pelo fracasso escolar, pequenos grupos,

estudaram temas que focavam a culpabilização como sendo do aluno, da escola, da

família e dos professores e realizado várias reflexões de como evitar este jogo de

culpas pelo fracasso escolar. Nesta oportunidade discutiu-se uma série de

reportagens da Revista Nova Escola que enfatiza o problema do jogo da culpa pelo

fracasso escolar e que medidas poderão ser tomadas ao combate da ideologia

pregada através dos tempos pelos pais, professores e o próprio aluno de que ele é o

grande culpado pelo seu insucesso.

Foi analisada a história de culpa do fracasso desde os primórdios quando a

dificuldade de aprendizagem era considerada uma anomalia fisiológica, a seguir

quando o fracasso era atribuído a desajustes familiares, depois à fatores orgânicos

e psicológicos ,na década de setenta era devido às péssimas condições de vida da

criança, e começou-se a questionar a responsabilidade da escola e finalmente nas

décadas de oitenta e noventa pesquisadores em todo o mundo concluem que o erro

não está na criança, mas sim na escola e nos professores. (BENCINI, 2000, p.20-

21)

Na pesquisa realizada os alunos ao serem questionados sobre quem seria o

culpado pela reprovação e quais os motivos de não aprenderem, os alunos

“adestrados” pela escola através dos tempos, consideram-se os grandes vilões da

reprovação, atribuíram a si a culpa pelo seu insucesso.

Apenas dezoito alunos dos pesquisados não assumiram a culpa pela

reprovação, o restante assume, pois “a concepção de que o aluno é culpado por seu

não aprendizado está muito mais disseminada na escola brasileira do que pode

parecer à primeira vista” (PARO, 2001, p. 117) e são poucos os que já conhecem o

dilema da escola, e do pouco que se espera deles.

O mais comum para explicar a repetência das crianças é por a culpa na

vítima, os pais pensam da mesma maneira culpando seus próprios filhos pelo

fracasso e para os professores é comum dizer que a culpa da reprovação é do

aluno, porque não estuda, mas será que ele se pergunta se o aluno reprovou porque

não estudou ou porque não aprendeu?

Segundo Paro (2001, p.122) os alunos vão continuar com a sua inculpação,

ele afirma:

O que se percebe nas escolas é a articulação da inculpação do aluno com a prevalência da reprovação como instrumento quase único de convencimento. A superação dessa situação exige apropriação teórica do real e familiaridade com conhecimentos da Pedagogia e da Didática, não se processando apenas no nível do senso comum. (PARO, 2001, p. 122).

As explicações tradicionais do fracasso escolar é que a culpa do fracasso é

colocada no indivíduo, e os próprios professores também assumiram que a culpa é

do aluno e não da escola. O Doutor em Psicologia Sérgio Antônio da Silva Leite

(LEITE, 1988, p. 20) explica que ”Tais concepções tornaram-se predominantes

porque se adequaram perfeitamente à ideologia liberal subjacente ao sistema

capitalista” e na medida em que afirmam que o problema está no aluno e não nas

condições ambientais, excluiu-se a responsabilidade da realidade sócio-econômica

típica do capitalismo, como determinante do fracasso escolar.

Em outro encontro foi trabalhado o tema “Relação professor aluno: uma

nova escola para uma nova sociedade que tratou do problema de relacionamento

em sala de aula, refletindo-se sobre a seguinte questão:

O reencantamento da educação requer a união entre sensibilidade social e eficiência pedagógica. Portanto, o compromisso ético-político do/a educador/a deve manifestar-se primordialmente na excelência pedagógica e na colaboração para um clima esperançador no próprio contexto escolar (ASSMANN, 1998, p. 34).

Discutiu-se nesta oportunidade as grandes mudanças que estão ocorrendo

em nossa sociedade atual, tanto no aspecto social como tecnológico e o que a

escola faz diante destas transformações, para competir com este mundo atrativo

fora dela e transformar-se em um local com onde o ambiente seja gostoso, com

atividades prazerosas, onde o ensino se torne proveitoso, de modo que o aluno seja

crítico e lute pelos seus direitos de cidadão.

Das reflexões realizadas ficou a evidência de que professores devem estar

incessantemente em busca de novas técnicas para programar suas aulas e

incentivar os alunos a aprender, para que isto ocorra é necessário que ele se

atualize, conheça novas tecnologias, pois os alunos cada vez mais tem acesso à

informações, internet e diversos meios de comunicações. Na realidade o professor

precisa estar atualizado, repensando sua prática pedagógica, buscando novos

recursos, e socializando sua vivência seus sucessos com seus colegas docentes

para que todos unidos neste objetivo possam aproveitar esta experiências em suas

aulas e dando mais significado ao ensino e ao seu conteúdo a ser trabalhado.

No quarto encontro foi trabalhado o tema “Conhecendo e ressignificando a

prática: refletindo sobre a relação professor/aluno” tratando do problema da relação

didática em sala de aula. Foram distribuídas aos professores várias reportagens

diferentes da Revista Nova Escola, todas intituladas “ENSINAR É...” e solicitado que

criassem estratégias, ações para tornar as aulas mais interessantes e atraentes para

os alunos.

As discussões levaram a várias alternativas que todo professor deve sempre

procurar ao planejar e ministrar suas aulas, tais como:

• envolver um pouco mais com os alunos, sendo mais aberto ao diálogo,

procurando ser mais tolerante e compreensivo, desenvolvendo nos alunos

o senso de respeito, e responsabilidade;

• lembrar sempre que quem deve se impor na sala de aula é o professor e

não os alunos, criando assim um clima de companheirismo e respeito

recíproco;

• utilizar a aula dialogada, levantando problemas e soluções dos próprios

alunos, assim eles tornam-se mais participativos;

• Incentivar sempre a leitura, em todas as disciplinas, pois quem não lê, não

tem sucesso na escrita;

• procurar sempre contextualizar os conteúdos, partindo da história de vida

de cada um e aproveitar os conhecimentos anteriores que o aluno traz para

escola e através da problematizarão construir o novo conhecimento do

aluno.

• Para aliar a eficiência com um clima acolhedor, buscar inovar nas aulas,

usar a entonação de voz acentuada e leve dependendo o momento, mudar

algumas aulas de ambiente (pátio, biblioteca, praça) e procurar usar

algumas técnicas diferentes em algumas aulas.

No quinto e sexto encontro foi trabalhado o tema “Indisciplina na sala de

aula” que buscou relacionar a função social da escola e indisciplina e, analisado

sobre as medidas que podemos tomar para combater a indisciplina. Foi através do

filme “O Triunfo” e com um trabalho em equipes, com a leitura de várias reportagens

diferentes da Revista Nova Escola, referentes à Indisciplina e procurando conhecer

o que estudiosos falavam sobre o tema para saber, como se resolveu este problema

em outras escolas e conhecer outras realidades, que se estudou esta questão.

Ao relacionarmos a função social da escola e a indisciplina evidenciou-se

que uma depende da outra, pois a função social é a aprendizagem, e ela não pode

ocorrer dentro de um ambiente indisciplinado, logo só conseguiremos cumpri-lá se

dominarmos a indisciplina em sala de aula e na escola como um todo, pois ela se

reflete em todos os lugares.

Ficou explicito para todos que a importância de se criar um clima de

afetividade com a turma, pois primeiro o aluno gosta do professor, depois ele escuta

o mesmo, foi discutido que o aluno considerado indisciplinado de hoje é aquele que

não possui limites, não aceita regras e não respeita sentimentos alheios, não apenas

aquele que não fica quieto.

Um fator que preocupa os professores é que cada vez mais, os alunos vêm

para a escola com menos limites trabalhados na família, a falta de obediência aos

pais, professores, enfim, o desrespeito a regras estabelecidas pela sociedade de um

modo geral, isto é, a um modelo de comportamento pré-estabelecido de mundo

egoísta, violento e despreparado em conseqüência do esquecimento de valores

humanos, considerados ultrapassados e não interessantes.

Há que se buscar em cada realidade a forma necessária e possível de ação,

articulando todas as frentes de luta, buscando a participação de todos para o

enfrentamento do problema.

O aluno precisa se adaptar a uma série de valores, para conviver

pacificamente com seus colegas e supervisionados harmonicamente pelos

professores, pois o disciplina pressupõe o reconhecimento por parte do aluno de

noções dos valores éticos anteriores à escolarização.

Segundo os professores a única maneira de combater a indisciplina é

ensinar regras para poder cobrá-las, pois muitos alunos vem para a escola sem

noções de normas ou limites e uma das maneiras de se conseguir é procurando em

todas as disciplinas conscientizar os alunos da importância de respeitar normas e

regras para sobreviver neste mundo globalizado, pois a própria sociedade irá cobrar

deles isto. A falta de modelos éticos na sociedade dificulta nosso trabalho, mas nós

professores devemos tentar.

Ficou acordado que regras devem ser seguidas por todos, inclusive

professores que devem trabalhá-las sempre. Também se discutiu a ritualização em

sala de aula que ao se elaborar um contrato pedagógico não deve se idealizar uma

lista de mandamentos, e sim normas e regras a serem seguidas.

Comentou-se sobre a reportagem de Tânia Zagury quando cita a

importância de se ter a família junto na escola, uma parceria que pode dar certo para

se trabalhar a indisciplina e salientado a Importância da boa formação do

professor,dominando sempre muito bem o conteúdo de sua disciplina, para manter

os alunos interessados e atentos, ser autoridade e não autoritarista, jamais colocar o

aluno fora da sala de aula, fazer com que o aluno assuma seus atos, buscar sempre

o apoio da família, elaborar juntos o contrato, permitindo que eles participem

totalmente e realizar o conselho de classe em todas as salas de aula, quando os

alunos não ficam quietos, não ficar gritando e pedindo silencio, deve primeiramente

abaixar a voz, falar mais baixo, principalmente não aceitar provocações, para não

reforças comportamentos indesejáveis e finalmente muito cuidado com regras e

normas que se mal direcionadas, pode levar a exclusão e discriminação.

A seguir cada professor recebeu uma Cópia das “Normas Disciplinares de

1922”, para buscar adaptá-las para os dias atuais e ficou decidido entre os

professores que iniciariam com as oitavas séries a elaboração de normas ou um

combinado, com regras e punições para quem desrespeitá-las.

No sétimo e oitavo encontro foi trabalhado o tema ”Motivação: pedra

fundamental do sucesso escolar”, que buscou na Teoria de Maslow conhecer a

causa do desinteresse de alguns alunos das classes populares menos favorecidas e

a partir de citações extraídas de livros e textos sobre motivação na escola

desenvolveu-se um estudo que culminou com a realização do teste da Revista Nova

Escola da Pedagoga Madza Ednir, deixando claro para todos que a motivação em

sala de aula é muito importante, e para isso é necessário que o professor esteja

sentindo-se motivado em seu trabalho, pois este entusiasmo será transmitido para

seus alunos, que se contagiarão com ele. É dever de todo professor tornar as aulas

agradáveis, saindo da rotina, tornando as aulas mais prazerosas, mostrando que se

aprende também brincando e salientando a importância dos estudos para se chegar

ao sucesso.

Levantou-se junto aos professores a possibilidade de que aulas diferentes

incentivam e despertam o interesse dos alunos em aprender; e que o professor deve

sempre buscar elevar a auto-estima dos alunos, fazendo com que acreditem que

são capazes e que tem possibilidade de aprender.

Após todos estes encontros e discussões evidenciou-se o papel do professor

como essencial para um ensino de qualidade, apesar de depararmos com uma

sociedade muito diferente de anos atrás, com valores modificados ao longo do

tempo e enfrentando situações que deixam o professor de mãos atadas e sem saber

como agir. Portanto o professor para modificar a situação ora encontrada no ensino,

necessita de cursos de preparação, extensão, capacitação para ser capaz de vencer

este grande o grande desafio: ensinar.

Salientou-se ainda, a importância de uma integração com o todo - alunos,

professores, funcionários, equipe pedagógica - para que ocorra o sucesso escolar,

principalmente de um clima harmonioso para que todos se sintam motivados e

obviamente, a motivação gera motivação grupal, pois é contagiante.

Estas reflexões e discussões só vieram consolidar que a educação passa

pelas mãos do professor e ele é capaz de transformá-la se tiver oportunidade e para

complementar retomarei o papel da educação citado por Vazquez e Saviani (apud

VASCONCELLOS, 2000, p. 99), que se refere a transformação da realidade da

prática escolar:

A teoria em si [...] não transforma o mundo. Pode contribuir para sua transformação, mas para isso tem que sair de si mesma, e em primeiro lugar, tem que ser assimilada pelos que vão ocasionar com seus atos reais, efetivos, tal transformação. Entre a teoria e a atividade prática transformadora se insere um trabalho de educação das consciências, de organização dos meios materiais e planos concretos de ação.

Para que ocorra, efetivamente, uma transformação na prática pedagógica é

preciso uma nova relação significativa de construção de conhecimentos entre alunos

e professores para que o enfrentamento do problema seja construído e assumido

pelo coletivo escolar.

5 CONSIDERAÇÃOES FINAIS

A partir desta experiência ficou claro que a superação do fracasso escolar

dependerá tanto de medidas que visem os fatores extra e os intra-escolares. As

causas do fracasso, relacionadas aos fatores extra-escolares, hoje, dependem de

profundas transformações na esfera política, econômica, social e cultural. As

transformações só ocorrerão quando a sociedade como um todo, na qual os

educadores têm grande responsabilidade, se organizarem para mudar as

imposições e lutarem juntos por alternativas que venham a atender às necessidades

e interesses da maioria da população.

Os fatores intra-escolares, responsáveis pela perpetuação do fracasso

escolar, são aqueles em que os educadores podem ter uma ação direta, é a

organização da própria escola, a prática desenvolvida pelos professores, entre

outros, e esta tomada de decisão deve partir daqueles que fazem a educação, pois é

imprescindível o compromisso de todos os envolvidos no processo educacional, com

o propósito de preparar os sujeitos para o desenvolvimento pleno de sua cidadania,

como um ser importante na transformação e na busca de um mundo melhor.

O conhecimentos e valores transmitidos pela escola devem estar

interligados com as mudanças na sociedade, adaptando às inovações e que o aluno

possa com sucesso aderi-las dando continuidade à sua vida social, sendo solidário e

flexível perante os novos desafios encontrados no dia a dia.

Sob este ponto de vista, educar é preparar o educando para o mundo, ser

um cidadão para a vida, e assim a educação necessita de organizações escolares

que assumam um esforço amplo e coletivo para a construção do ser humano pleno.

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