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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 20
08
Versão On-line ISBN 978-85-8015-039-1Cadernos PDE
VOLU
ME I
JOGOS MATEMÁTICOS: uma prática com alunos de 5ª série do Ensino
Fundamental
ARLENE MARIA DIB MERTENS1
Resumo
Cada vez mais, os professores de Matemática, cientes das dificuldades que surgem
na aprendizagem dos conteúdos matemáticos trabalhados no Ensino Fundamental,
percebem a necessidade em buscar estratégias que viabilizem ao educando
aprender Matemática com maior facilidade. Esta busca norteou o objeto principal de
reflexão deste trabalho, o qual está focado na utilização de jogos nas aulas de
Matemática. Entendem-se os jogos como uma estratégia de ensino e aprendizagem
que incentiva os alunos a participarem ativamente da construção do seu
conhecimento matemático. Para subsidiar esta reflexão sobre o ensino da
matemática através dos jogos, o trabalho contou com a participação de alunos da 5ª
série do Ensino Fundamental, com os quais foi discutido desde a confecção dos
jogos até a proposta de regras para jogar, bem como a aplicação destes no estudo
da matemática. Acredita-se que é possível fazer com que os alunos gostem das
aulas de matemática, proporcionando-lhes a participação na construção do próprio
conhecimento e não apenas receberem de forma sintetizada os conteúdos
propostos.
Palavras-chave: Educação Matemática. Jogos Matemáticos. Formação de
professores.
Abstract
Summary
More and more math teachers, aware of the difficulties that arise in learning math
concepts worked in elementary school, they perceive the necessity in searching
strategies that would give the student learn math more easily. This search has
guided the main object of reflection of this work, which is focused on the use of
games in mathematics lessons. Understanding the games as a strategy for teaching
and learning that encourages students to participate actively in the construction of
__________________________________________________ _
1 Professor do Ensino Fundamental e Médio – PDE 2008/2009 e-mail: [email protected]
their mathematical knowledge. Complementing this reflection on the teaching of
mathematics through games, work with the participation of students in the 5th grade
of elementary school, with which it was discussed since the making of the game until
the proposed rules for playing, and the application in the study of mathematics.
Believing that it is possible to do with that the students like the math classes,
providing them participate in the construction of knowledge itself and not only receive
the synthesized way the contends proposed.
Keywords: mathematics education. Mathematical Games. Teacher training.
INTRODUÇÃO
De acordo com as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná/DCEs-Pr
(2006 – p.17) “A ação do professor é articular o processo pedagógico, a visão de
mundo do aluno, suas opções diante da vida, da história e do cotidiano.” Nesta
busca para proporcionar um ensino de matemática voltado à realidade do educando,
procuramos buscar alternativas metodológicas que venham a favorecer o
entendimento e a compreensão da matemática; logo, lançamos mão dos jogos,
como aliado metodológico nas aulas de matemática.
É importante que o professor promova atividades que venham a, de acordo
com as DCEs (2006 – 19), “... valorizar os processos de aprendizagem e o
envolvimento do estudante em atividades de pesquisa, atividades lúdicas, resolução
de problemas, jogos e experimentos.” Esta forma de conceber o processo de ensino
e aprendizagem da matemática desperta no educando o interesse por sua
aprendizagem, o que a torna mais satisfatória, e mais acessível a um número maior
de alunos, os quais passam a interessar-se, e esta assume uma postura mais
atraente facilitando seu entendimento.
De acordo com Aranão:
...a criança é um indivíduo dinâmico, curioso, criativo e ativo em seu meio.
Além disso, a criança é um ser puramente lúdico, incapaz de manter sua
concentração por mais de vinte minutos numa atividade que requer atenção
quanto à exposição verbal realizada por um adulto. ( 2007, p.16).
Analisando a fala de Aranão comparada ao nosso modelo de sistema de
ensino, há necessidade de percebermos que a criança precisa ser estimulada a
aprender e os jogos vêm como recurso para que as mesmas desenvolvam a
concentração e a atenção, o que ajudará no aprendizado.
No ensino e aprendizagem da Matemática, devemos substituir a
memorização pelo raciocínio lógico, o qual pode ser desencadeado através do
desenvolvimento de atividades lúdicas. Assim, é interessante levar para a sala de
aula, jogos que despertem o entusiasmo do aluno, atenuando as dificuldades de se
aprender Matemática. O comportamento dos alunos transforma-se completamente à
medida que se muda a forma de ensinar.
No trabalho com jogos, os alunos participam todo o tempo, no início as
perguntas são constantes, tais como: posso fazer assim? Está certa esta jogada?
Ele fez desta forma, isto pode? Na medida em que vão entendo o jogo e
aumentando o gosto pelo desafio, as perguntas tornam-se mais elaboradas, nas
quais os alunos incorporam conteúdos matemáticos, trabalhando de forma natural e
descontraída.
Segundo Grando (2004, p.111),
“...valorizamos os processos desencadeados na utilização de jogos no
ensino da Matemática, a fim de que possa ocorrer uma aprendizagem
Matemática significativa, útil para o aluno no processo do “fazer
matemática”, e na compreensão desse processo pelo pesquisador, como
também conferir ao ensino de Matemática momentos de alegria,
descontração, paixão e envolvimento pela atividade lúdica que o jogo
representa.”
O ensino da Matemática pode ter aprendizagem mais real, onde os
educandos aprendem construindo e utilizando o pensamento na construção do
conhecimento, sendo que este acontece de forma natural, não precisando decorar o
conhecimento em estudo, elaborando conceitos, de forma a compreendê-los e
transformá-los em aprendizagem. É este o aluno que precisamos ajudar a formar,
um ser pensante, com opiniões próprias, que não depende da “decoreba”, mas
entende o que estuda, atingindo o verdadeiro conhecimento. Se atingirmos este
nível com nossos alunos, estaremos contribuindo com uma escola de qualidade,
frente aos avanços tecnológicos que estão ocorrendo.
Os jogos que podem ser utilizados no ensino e aprendizagem da Matemática
são os mais variados, pois a criatividade do professor não tem limites, no entanto,
muitos já foram aplicados por professores em sala de aula. Cada professor deve a
partir do perfil de sua turma e tendo em vista o conteúdo que pretende explorar,
perceber e escolher o jogo mais apropriado. O que se torna um grande desafio, o
qual pode ser superado e trazer bons resultados.
Concordo com Grando (2004, p.111) quando busca na sala de aula um
ambiente de investigação da prática pedagógica, contribuindo para a reflexão sobre
a prática da utilização de jogos, procurando melhorar o ensino da Matemática atual,
aproximando, cada vez mais, o aluno do conhecimento matemático.
DESENVOLVIMENTO
Ingressei no Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do
Paraná (PDE) no início de 2008, permanecendo afastada das atividades de sala de
aula nos dois primeiros semestres do Programa, porém sem perder o contato com o
ambiente escolar.
No terceiro semestre do PDE - início de 2009, retornei para a escola, na qual
deveria desenvolver a implementação do projeto “Jogos Matemáticos: uma prática
com alunos da 5ª série do Ensino Fundamental”; idealizado a partir das leituras
motivadas pela preocupação em amenizar as dificuldades no ensino e
aprendizagem da matemática em turmas de 5ª séries.
Primeiramente, a proposta de implementação foi apresentada à equipe
pedagógica, e uma professora da coordenação pedagógica da escola se propôs a
fazer o acompanhamento do projeto, pois a mesma se identificou com a proposta
deste trabalho e também com o público alvo da pesquisa, a quinta série ou 6° ano.
Optou-se por este grupo de trabalho por entender que nesta etapa a criança
enfrenta uma mudança na organização e forma de ensino e questões fundamentais
na compreensão de conteúdos matemáticos, bem como de outras áreas, são
essenciais para garantir sua aprendizagem.
No primeiro dia de aula com a 5ª série A, explicou-se aos alunos como
aconteceria o trabalho com os jogos. Combinamos que juntos estaríamos
desenvolvendo o projeto e que cada um teria espaço para colaborar com a proposta.
À medida que conversávamos sobre o futuro trabalho, percebia-se o interesse em
seus rostos, alguns expressavam curiosidade, outros, alegria.
Para os alunos foi bastante motivador, lembrando que além de estarem
iniciando uma nova etapa de escolaridade (5ª a 8ª séries), também estavam
mudando de escola, pois o Colégio Estadual João Negrão Júnior, em Teixeira
Soares, atende alunos das séries intermediárias do Ensino Fundamental e Ensino
Médio. Após alguns dias, já no início do processo de implementação da proposta de
trabalho, realizou-se, em parceria com a equipe pedagógica, uma reunião com os
pais dos alunos envolvidos no projeto. Na ocasião, fizemos a explanação sobre as
atividades diferenciadas, as quais estariam sendo propostas na turma dos seus
filhos. Nesta reunião, compareceram treze pais, dos trinta e um que deveriam estar
presentes, pois alguns moram no interior, e outros por motivo de trabalho não
puderam comparecer. Os pais foram informados sobre o PDE, esclareceu-se que se
trata de um Programa do Governo Estadual, o qual visa à melhoria da Educação
Básica na Escola Pública. Relatou-se aos pais como acontece a seleção dos
professores participantes do programa.
Na sequência, foi apresentado aos pais o Projeto de Implementação, tendo
como material de apoio o pôster apresentado em Faxinal do Céu em fevereiro -
2008, quando houve a exposição das intenções de pesquisa dos professores PDE, a
Produção Didático-Pedagógica (OAC), o modelo do pré-teste e algumas grades do
Sudoku, um dos jogos que seria apresentado aos alunos envolvidos no projeto. Os
pais presentes puderam ver os documentos, a maioria deles não conhecia o
Sudoku, solicitaram explicações e demonstraram interesse em jogá-lo.
Durante a reunião, após a apresentação da proposta, houve alguns
comentários bastante estimulantes, tais como, o comentário da avó de uma aluna:
“nossas crianças foram privilegiadas”. Outro pai salientou, usando parte de uma
frase do pôster apresentado “...e assim contribuir para a melhoria da qualidade do
ensino da Escola Pública do Paraná...”, e completou: “os trabalhos diferenciados não
devem acontecer apenas nas escolas particulares, as escolas públicas também
devem e podem proporcionar ensino com qualidade”. Uma mãe ficou curiosa em
saber como jogar o Sudoku, expliquei rapidamente, e ela achou muito interessante,
então foi proposto ensiná-los a jogar, caso quisessem.
Expondo aos pais que os trabalhos com seus filhos seriam fotografados, foi
pedido a eles autorização, com registro em ata, para a utilização dessas fotos na
produção do trabalho final. Todos concordaram. Durante a reunião, os pais, ali
presentes, foram fotografados e os mesmos autorizaram também a utilização destas
fotografias.
A reunião foi importante, pois os pais se mostraram entusiasmados com o
projeto, sentiram-se valorizados ao perceber a preocupação da escola em informar a
eles sobre os procedimentos a serem adotados e deixando claro a importância do
apoio deles para o desenvolvimento desta proposta de trabalho.
Não podemos deixar de destacar a colaboração da equipe pedagógica e da
direção da escola na explanação do projeto e no comprometimento em acompanhar
o trabalho durante todo o processo de implementação.
Reunião com os pais da 5ª série A. Autora da proposta e a Orientadora Pedagógica da Escola (Fotos:
Thalyta Crystine Dib Mertens - Teixeira Soares – 04/03/2009)
Para avaliar o desenvolvimento da aprendizagem dos alunos, durante o
processo de implementação da proposta, foi elaborado um pré-teste, o qual foi
organizado para aplicação em duas etapas, as quais abordaram os seguintes
conteúdos matemáticos:
A primeira etapa foi organizada com três questões, conforme quadro nº 01
abaixo, buscando analisar o conhecimento dos alunos sobre os seguintes
conteúdos: as quatro operações fundamentais, tabuada e sistema de numeração
decimal (1ª questão); adição e multiplicação, leitura e interpretação de situações
problema (2ª questão) e medida de tempo, leitura e interpretação de situações
problemas (3ª questão).
QUADRO 01 – PRÉ-TESTE 1ª ETAPA
A segunda etapa do Pré Teste (Quadro nº 02) foi organizada com seis
questões, as quais abordaram os seguintes conteúdos matemáticos: polígonos -
identificação de figuras circulares, triangulares e retangulares (1ª questão); leitura e
escrita dos números de acordo com o SND (questão nº 2); antecessor e sucessor
(questão nº 3); sequência numérica (questão nº 4); ordem e classe no SND, valor
posicional dos algarismos em um número, (questão nº 5); medidas de massa, leitura
e interpretação de problemas (questão nº 6).
QUADRO 02 – PRÉ- TESTE 2ª ETAPA
Com a intenção de obter a maior confiabilidade possível nos dados
resultantes do pré-teste, o mesmo foi primeiramente validado. A validação se deu
com a aplicação do referido instrumento de avaliação para três alunos que não
faziam parte da turma onde estava acontecendo a implementação.
Os três alunos foram convidados aleatoriamente, por aproximação de
amizade com a autora do trabalho, e após autorização dos seus responsáveis.
Após a explanação do que iriam fazer e havendo concordado em participar,
marcou-se o dia em que fariam as atividades propostas no pré-teste. Os três
voluntários que participaram da validação foram atendidos em momentos
diferenciados, facilitando a observação para fazer os registros necessários.
O primeiro foi o voluntário A de 11 anos (6ª série, período da manhã), ele
recebeu as três primeiras questões da primeira etapa do pré-teste para resolver, às
7horas e 38 minutos terminou às 8horas e 13 minutos. Às 8 horas e quinze minutos,
recebeu as seis questões da segunda etapa do pré-teste. Observou-se que o
voluntário A estava pensativo nos exercícios 2 e 5 (desta segunda etapa), onde ficou
mais tempo para responder. Terminou às 8 horas e 29 minutos.
O voluntário B de 10 anos (5ª série - período da tarde) recebeu as três
questões iniciais às 8 horas e quinze minutos. Resolveu sem apresentar dúvidas e
terminou às oito horas e quarenta e dois minutos. Às oito horas e quarenta e cinco
minutos iniciou as seis questões da segunda etapa, não apresentando dificuldades
na resolução. Concluiu às nove horas.
O voluntário C de 10 anos (5ª série - período da tarde) recebeu as 03
atividades iniciais, às nove horas e quinze minutos. Resolveu sem apresentar
dúvidas e terminou às nove horas e quarenta e cinco minutos. Às nove horas e
quarenta e sete minutos iniciou as 06 questões da segunda etapa, não
apresentando dificuldades na resolução. Concluiu às dez horas e quatro minutos.
A validação do instrumento de avaliação do pré-teste foi importante para que
pudéssemos analisar se as questões estavam coerentes, se alguma destas
precisaria ser alterada ou substituída, em decorrência das observações das reações
que os alunos voluntários apresentaram e o tempo para resolver as questões.
Para melhor visualizarmos as conclusões obtidas a partir da análise das
atividades propostas, organizamos o Quadro nº 03:
Etapas
O tempo médio
para realização
das atividades
propostas
Questões que
exigiram
maior
concentração
dos
voluntários
Dificuldades
de
interpretação
apontadas
pelos
voluntários
Dificuldades de
cálculo matemático
apontadas pelos
voluntários
Principais
reações
apresentadas
pelos
voluntários
Primeira
Etapa
30 min. n° 01
n° 02
n° 2 (
dificuldade na
interpretação,
esquecendo-
se de
considerar a
tara do
caminhão, na
resolução do
mesmo)
n° 01.e (houve falta
de atenção na
conclusão da soma
da multiplicação)
n° 01.h (na divisão,
acrescentaram zero
no quociente.A
mesma não
apresentava este
grau de dificuldade)
Tranqüilidade
Segurança
Segunda
Etapa
16 min. n° 02
n° 05
n° 02
(dificuldade
na
construção e
escrita dos
números
seguindo a
ordem e as
classes)
n° 03 (não
identificou o
antecessor e
o sucessor)
Não houve Serenidade
Autoconfiança
QUADRO Nº 03 - ANÁLISE DAS QUESTÕES NA VALIDAÇÃO DO PRÉ- TESTE
Na análise da validação do pré-teste, procurou-se observar a
concentração, interpretação, dificuldades de cálculo matemático e as principais
reações apresentadas pelos voluntários. Percebeu-se que os mesmos não
apresentaram dificuldades ao resolver as questões propostas nas atividades I e II. O
que se notou foi: o voluntário A, na primeira atividade apresentou falta de atenção na
letra e do número 1, ao concluir a soma da multiplicação. Na segunda atividade, não
soube formar o número de acordo com suas ordens e classes, porém a escrita
estava correta. Foi interessante observar que o voluntário A, nos problemas que
envolviam a multiplicação, resolveu através da soma de parcelas iguais.
O voluntário B, na primeira atividade, resolveu corretamente os exercícios
propostos, com exceção da letra h, uma divisão em que o mesmo acrescentou um
zero no quociente, o qual não havia. Na atividade I, apresentou dificuldade de
interpretação, faltou atenção na resolução, esquecendo de considerar a tara (peso)
do caminhão. Na segunda atividade, apresentou dificuldade na interpretação do
exercício três, antecessor e sucessor.
O voluntário C, na primeira atividade, errou a soma da multiplicação da letra f,
percebeu-se que foi por falta de atenção, e acrescentou um zero no quociente da
divisão da letra h, o qual não existia. No exercício dois, teve dificuldade na
interpretação, esquecendo-se de considerar a tara do caminhão.
No exercício de número 6 das atividades II, letra c, foi interessante observar
que os voluntários A e C obtiveram o resultado subtraindo do resultado da letra b (o
peso de Rita), enquanto que o voluntário B calculou através da soma dos pesos de
Mauro e Paulo, para chegar ao mesmo resultado.
Após a análise acima exposta, optou-se em não alterar nenhuma das
questões propostas para a aplicação do pré-teste para os alunos envolvidos no
trabalho proposto. Concluímos que as dificuldades ocorridas não invalidavam a
formulação das questões, pois tratou-se de erros já previstos de ocorrer.
Foi então aplicado o pré-teste para os alunos da 5ª série A, pertencentes à
turma envolvida na implementação. As reações foram logo surgindo, talvez mais
evidentes por tratar-se de um grupo de 31 (trinta e um) alunos, com idades entre11 e
14 anos e destes três repetentes, o que faz desta turma uma classe heterogênea,
em se tratando de aprendizagem, pois alguns alunos aprendem rapidamente os
conteúdos apresentados, e outros, apresentam, variando de pouca a bastante
dificuldade.
Alunos da 5ª série A durante a execução do pré-teste. ( Fotos: Arlene Maria Dib Mertens – Teixeira Soares - 10/03/2009).
Registramos, no quadro n 04, algumas perguntas que surgiram durante a
aplicação do Pré-teste, seguidas de comentários:
Etapas Perguntas Comentários
Primeira É para armar as operações ou não? Quanto é 8x8? É 64?
Um aluno começou logo falando que não sabia resolver as questões nº 02 e 03, sem mesmo ler as questões, outro comentou que não sabia fazer as contas. Um terceiro queria deixar uma conta sem fazer.
Segunda O que é circular? O que é quadrilátero?
Um aluno não entendeu a questão de número 5, outro perguntou se centena era 100 e houve um questionamento no exercício 5, sobre o valor posicional do número 6.
QUADRO Nº 04
O quadro a seguir apresenta uma síntese do resultado da aplicação do pré-teste
Etapas
O tempo médio
para realização
das atividades
propostas
Questões
que exigiram
maior
concentraçã
o dos alunos
da 5A
Dificuldades de
interpretação
apontadas
pelos alunos da
5A
Dificuldades de
cálculo matemático
apontadas pelos
alunos da 5A
Principais
reações
apresentadas
pelos alunos da
5A
Primeira
Etapa
27 minutos n° 1.f, 1.g e
1.h
n° 2
Na questão n° 2
a dificuldade em
interpretar o
problema que
apresentava
dois cálculos.
Na questão n° 1.f
apresentaram
dificuldade na
multiplicação.
Na 1.g foi a
dificuldade da
divisão.
Na 1.h o problema
foi a inclusão do
zero no quociente,
o qual não existia.
Tranquilidade
Confiança
Calma
Segunda
Etapa
16 minutos n° 1.b, n°2 e
n° 4.a
n° 1.b
dificuldade no
reconhecimento
dos
quadriláteros.
Na 4.a houve
falta de atenção
ao completar a
sequência
numérica.
n° 2 ler e escrever o
algarismo conforme
o SND.
Tranquilidade
Confiança
Calma
QUADRO Nº 05
Ao analisar as questões do pré-teste, resolvidas pelos alunos da 5ª série A,
observou-se a necessidade de trabalhar com as quatro operações básicas, pois se
percebeu a dificuldade que muitos apresentavam em relação à tabuada e as
operações de multiplicação e divisão principalmente. Atividades que envolvessem
raciocínio exigissem concentração e que pudessem despertar no aluno o interesse
em aprender matemática, seriam pertinentes para o bom êxito do trabalho, e para
que isto fosse possível, utilizamos como recurso pedagógico jogos que pudessem
contribuir para aprimorar a aprendizagem destes alunos.
Desta forma, os jogos selecionados para trabalhar com a classe foram:
Sudoku, jogo que exige concentração e raciocínio, onde é necessário paciência para
se preencher corretamente a grade do jogo; CONTIG 60®, jogo que também estaria
trabalhando com a concentração e o raciocínio, mas aqui estaríamos tralhando com
as quatro operações básicas, tabuada e elaboração e resolução de expressões
numéricas e o Xadrez, por ser uma atividade que exige bastante concentração e
raciocínio por parte dos jogadores, habilidades também fundamentais na
aprendizagem da matemática.
Iniciamos o primeiro jogo a ser proposto: o Sudoku. É um jogo de raciocínio e
lógica, e apesar de ser bastante simples, é divertido e viciante. Basta completar
cada linha, coluna e quadrado 3X3 com números de 1 a 9. Existem grades maiores
e mais complexas das que aqui foram apresentadas.
Na dinâmica do jogo, não se pode distribuir os números aleatoriamente, todos
têm seu lugar e para descobrir deve-se usar o raciocínio e a lógica, e é preciso muita
paciência.
Ao apresentá-lo aos alunos, alguns comentaram que já conheciam este jogo
por tê-lo jogado no celular. Expus a eles a diferença em jogar conhecendo, ou
melhor, estudando as regras, em relação ao jogo no celular, o qual possui o recurso
de correção imediata.
Jogar com a forma impressa é bem mais interessante, os únicos recursos
nesta modalidade impressa são: observação, paciência, lógica, além do lápis e da
borracha.
A princípio, a ideia era começar o jogo com a grade 9x9, nível fácil, mas
percebi que para alunos de 5ª série seria difícil. Sabendo que havia tabelas com
grades menores, pesquisando na Internet, encontrei grades 4x4 e 6x6. Era
exatamente o que precisava. Decidindo começar com a mais simples, grade 4x4,
solicitei aos alunos que desenhassem em seu caderno a grade, destacando as
linhas e colunas.
SUDOKUGRADE 4X4 SUDOKU GRADE 6X6 SUDOKU GRADE 9X9
No primeiro dia em que o jogo foi trabalhado, foram explorados alguns
conteúdos de geometria, já no desenho da grade por eles traçado. Identificaram os
lados como segmento de reta, calculando perímetro e área, aqui foi revisto o
conceito de reta, quadriláteros, área e perímetro. A ordem crescente e decrescente
dos números que se encontravam em ordem na linha ou na coluna, também foi
analisada. Rapidamente os alunos aprenderam a descobrir a disposição dos
números grade 4x4, apesar da variedade de jogos apresentada a eles. Passei então,
para a grade 6x6, começando com um nível fácil, na sequência, com um pouco mais
de dificuldade.
Para eles estava sendo atrativo, interessante e, como não eram em todas as
aulas que se trabalhava com o projeto, estavam sempre perguntando “hoje vamos
jogar o Sudoku?”.
Naturalmente introduzimos a grade 9x9.
Trabalho com o Sudoku na 5ª série A.
(Fotos: Arlene Maria Dib Mertens – Teixeira Soares - 08/04/2009)
Propusemos o jogo CONTIG 60®, o qual é constituído por uma tabela, três
dados, vinte e cinco fichas de uma cor e vinte e cinco de outra cor diferente. Esta
atividade proporciona ao aluno o desenvolvimento do cálculo mental com as
quatro operações básicas da matemática, a capacidade de resolver problemas, o
raciocínio-lógico matemático e estratégia.
0
01
02
03
04
05
06
07
27
28
29
30
31
32
33
08
26
54
55
60
64
66
34
09
25
50
120
125
144
72
35
10
24
48
108
180
150
75
36
11
23
45
100
96
90
80
37
12
22
44
42
41
40
39
38
13
21
20
19
18
17
16
15
14
Tabela do CONTIG 60®
Regras: os jogadores decidem qual dupla inicia o jogo. Cada dupla
começa o jogo com 60 pontos, jogando aleatoriamente. Na sua vez de
jogar, a dupla joga os três dados e constrói uma sentença numérica
usando uma ou duas operações diferentes com os números obtidos nos
dados. Por exemplo, com os números 2, 3 e 4 construir (2+3) x 4 = 20. A
dupla, neste caso cobrirá o espaço marcado com o 20 usando um
marcador de sua cor. Só é permitido utilizar as quatro operações básicas.
Contagem de pontos: um ponto é ganho quando se coloca um
marcador num espaço desocupado que seja vizinho a um espaço que já
tenha outro marcador (horizontalmente, verticalmente ou
diagonalmente); a dupla subtrai de 60 (marcação inicial) o ponto ganho.
Colocando-se outro marcador num espaço vizinho, junto a um espaço já
ocupado, mais pontos poderão ser ganhos; por exemplo, (veja o
tabuleiro) se os espaços 0, 1 e 27 estiverem ocupados, a dupla ganharia 3
pontos colocando um marcador no espaço 28. A cor dos marcadores dos
espaços ocupados não importa para essa contagem. Os pontos obtidos
numa jogada são subtraídos do total de pontos da dupla. Se um jogador
construir uma sentença errada, o adversário pode acusar o erro,
ganhando com isso dois pontos, a serem subtraídos do seu total; aquele
que errou deve retirar seu marcador do tabuleiro e corrigir seu total de
pontos, caso já tenha efetuado a subtração. Se uma dupla passar sua
jogada, por acreditar que não é possível fazer uma sentença numérica
com aqueles valores dos dados e, se a dupla adversária achar que é
possível fazer uma sentença com os dados jogados pelo colega, ela pode
fazê-la, antes de fazer sua própria jogada.
Se estiver correta, a dupla que fez a sentença ganhará o dobro do número
de pontos correspondentes e em seguida poderá fazer sua própria jogada.
O jogo termina quando uma das duplas conseguir colocar 5
marcadores da mesma cor, em linha reta, sem nenhum marcador do
adversário intervindo. Essa linha poderá ser horizontal, vertical ou
diagonal. O jogo também acaba se acabarem os marcadores de uma das
duplas. Nesse caso a dupla vencedora será aquela que tiver o menor
número de pontos.
A princípio houve um pouco de tumulto, pois foi atribuída aos alunos a
confecção do material a ser utilizado para o jogo. Aos poucos, o interesse foi
tomando conta dos alunos e logo todos estavam concentrados em suas tarefas,
inclusive dois alunos considerados os “mais bagunceiros” da turma. Um dos alunos,
aqui identificado como “aluno D”, um menino bastante agitado, que reclama de tudo,
tem preguiça de fazer suas atividades, surpreendeu ao fazer as atividades do jogo
em parceria com um dos colegas, mostrando muito interesse pelo que estava
fazendo.
Quando questionei a turma se dariam conta de confeccionar os cubos ou se
preferiam que fossem trazidos pronto, todos pediram que os deixassem construir. A
turma tem 31 alunos e, é claro que, para desenvolver um trabalho assim gera certo
tumulto, mesmo a classe tendo sido dividida em oito grupos com quatro elementos
cada. Avisei a equipe pedagógica e a direção que durante estes dias estaria sendo
desenvolvido um trabalho que causaria barulho na sala de aula.
Distribui para cada grupo um modelo para que fossem marcados e recortados
os dados e as fichas. Não foi fácil, devido a dificuldade dos alunos em desenhar e
recortar os cubos necessários, e necessitaram de minha ajuda.
O próximo passo foi trabalhar com as regras do jogo e sua aplicação. Os
alunos foram encarregados de elaborar expressões aritméticas a partir dos números
dados, uma vez jogados e, na sequência, fazer o relato das jogadas. Ao trabalhar as
regras do jogo a ansiedade dos alunos era muito grande.
Em seguida, os alunos passaram para a aplicação do jogo. Foram entregues
os tabuleiros para os grupos que eram formados por quatro alunos, ou seja, duas
duplas. A princípio, as duplas registravam em uma folha suas jogadas. Após
jogarem os três dados, formavam uma expressão utilizando as quatro operações, a
outra dupla, enquanto esperava, observava a atividade de seus adversários, pois se
os mesmos errassem ao montar sua jogada, passariam a vez e a dupla seguinte,
caso acertasse, ganharia o dobro de pontos, motivo este, que fez com que todos
estivessem atentos o tempo todo.
No início, os alunos questionavam bastante as jogadas, a colocação das
fichas no tabuleiro, o controle da pontuação. Depois de certo tempo, houve apenas o
acompanhamento das jogadas dos grupos, pois rapidamente aprenderam as regras
do jogo.
Foi interessante observar nas anotações dos alunos, principalmente no
momento em que foram desafiados ao cálculo mental, que evitavam utilizar o
algoritmo da divisão. Foi preciso lembrá-los que para obter certos resultados, a
divisão era necessária. No entanto, trabalhavam tranquilamente com a adição,
subtração e multiplicação. As duplas eram trocadas a cada partida, passando a jogar
com outras duplas, proporcionando troca de ideias entre os alunos.
Outra observação interessante foi que, ao montar as expressões, eles
utilizavam os parênteses mentalmente, mas não os colocavam no papel seguindo a
regra. No primeiro momento, ficaram livres para fazerem suas anotações, depois de
algum tempo, foi proposto para a classe trabalhar os parênteses em uma expressão
numérica. Para isso, as anotações das expressões elaboradas pelos alunos foram
analisadas e devolvidas para que eles colocassem parênteses em suas expressões,
a fim de obter o resultado anteriormente anotado.
Observamos que, ao oportunizar ao aluno a prática do cálculo mental,
aumentou a atenção destes em relação às jogadas dos adversários, induzindo-os ao
cálculo matemático movidos pela disputa, uma vez que nenhuma dupla queria
perder.
Várias perguntas e dúvidas surgiam com relação às regras do jogo, à medida
que as jogadas aconteciam, envolvendo a marcação das fichas no tabuleiro, da
montagem das expressões, tais como: posso fazer 3x3x4? (utilizando apenas a
multiplicação) e, faço 3:3x1 ou 3+3+1?(expliquei-lhes que poderiam utilizar ambas,
bastaria observar qual delas somaria maior pontuação, e também, comentei que
poderiam formar outras expressões utilizando os mesmos números), entre outras.
Durante este trabalho, a diretora do colégio visitou a turma e ficou
observando-os, procurando entender à dinâmica do jogo. Achou muito interessante
e importante por se tratar de uma atividade que envolvia as quatro operações
fundamentais (adição, subtração, multiplicação e divisão).
Pode-se dizer que foi muito bom trabalhar este jogo, os alunos gostaram e a
cada aula queriam jogar. Foi um complemento ao estudo das expressões numéricas.
A construção do jogo CONTIG 60
® (Fotos: Arlene Maria Dib Mertens
Teixeira Soares – 12/05/2009)
Percebemos nos alunos, ao aplicar o Contig 60, um envolvimento maior com
a atividade em relação ao trabalho com o Sudoku. Atribuimos este comportamento
devido a disputa promovida pelo mesmo, assim, sem perceber, os alunos
trabalharam com raciocínios matemáticos muitas vezes considerados cansativos,
por exemplo, efetuar as operações fundamentais, devido ao encaminhamento
proposto em sala de aula. Esta situação nos motivou a solicitar aos alunos que
registrassem um relato sobre a sua opinião em relação as aulas de matemática.
Após o desenvolvimento desta atividade, solicitei aos alunos que
expressassem sua opinião sobre as aulas de matemática trabalhadas juntamente
com o jogo CONTIG 60®. Alguns relatos demonstram a visão do aluno com relação
ao jogo no ensino da matemática, como por exemplo:
RELATO ALUNO E – 10 ANOS E ALUNO F – 10 ANOS
Nestes relatos, demonstraram ter percebido a importância deste jogo no
aprendizado da matemática, ressaltando o uso do raciocínio lógico, a memória e a
tabuada. Comentaram também ser um jogo legal e divertido, confirmando a ideia de
que este recurso pode facilitar a aprendizagem dos conteúdos relacionados a ele, de
forma mais acessível.
RELATO ALUNO G - 11 ANOS
Neste comentário, o aluno, expressa que o jogo ajuda a melhorar o estudo
das expressões e das quatro operações, e que é um jeito legal de aprender
matemática. Observa-se que o aluno percebeu estar aprendendo estes conteúdos
através dos jogos, demonstrando tranquilidade ao lidar com a aprendizagem, o que
nos leva a olhar os jogos, no ensino da matemática, como uma estratégia importante
para facilitar a apreensão do conhecimento pelos alunos.
RELATO ALUNO H – 10 ANOS
O aluno, neste comentário expressa a dificuldade em resolver contas de
dividir e a preocupação em não errar os cálculos para que a dupla não perdesse
pontos. Podemos aqui observar que, mesmo o aluno tendo dificuldades na divisão,
parte dele a preocupação em não errar, por isso, ele analisa as operações que
resolve, o que o faz compreender melhor o processo das quatro operações,
ajudando-o a entender melhor a própria divisão, construindo ou aprimorando assim o
seu conhecimento.
RELATO ALUNO I – 11 ANOS
Neste último comentário, achei muito interessante quando o aluno registra
que “neste jogo a dificuldade é a maldita da divisão e da multiplicação que as duplas
trabalham mais.” Com uma linguagem simples, expressou a maior dificuldade
observada entre os alunos, a divisão. Ao jogarem o CONTIG 60®, foram de forma
natural e sem perceber, trabalhando com suas maiores dificuldades. Apesar de
evitarem a divisão, em muitos momentos ela foi necessária, e quando isto ocorreu, o
fizeram sem maiores dificuldades. Puderam, “então, perceber que, em muitos
momentos de nossas vidas, não só a divisão, mas a matemática em si se faz
necessária”.
Propusemos o jogo de xadrez, o qual consideramos um jogo clássico,
conhecido e jogado por muitos alunos da turma, frequentemente nas aulas de
Educação Física, o que motivou uma parceria com o professor da referida disciplina.
Coube ao professor de Educação Física, retomar a explicação sobre a origem
do jogo, quais eram as peças, seus movimentos e a importância delas. A maneira
como o professor conduziu a explicação foi, no mínimo, fascinante. De uma forma
muito simples, mas muito atrativa, foi mostrando aos alunos como o jogo acontecia.
Em sua explicação, o professor esclareceu que o jogo de xadrez é um jogo de
tabuleiro de natureza recreativa e competitiva para dois jogadores ou mais, sendo um
jogo de estratégias e táticas. A partida de xadrez é disputada em um tabuleiro de
casas claras e escuras, sendo que, no início, cada enxadrista controla dezesseis
peças com diferentes formatos e características: oito peões, dois cavalos, dois bispos,
duas torres, um rei e uma dama, sendo que cada tipo de peça possui um movimento
característico: o objetivo da partida é dar xeque-mate.
Professor de Educação Física e alunos da 5ª série A – Jogo de Xadrez (Foto: Thalyta Crystine Dib Mertens – Teixeira Soares – 17/06/2009)
Nas aulas seguintes, após a palestra inicial do professor de Educação Física,
foi distribuído aos alunos uma folha de papel A4 e, após formarem um quadrado
resultante de uma dobradura, continuou-se com esta técnica, trabalhando a potência
de base dois até a potência 2⁶, ao abrirem a dobradura puderam constatar a
presença de 64 quadrados, resultado da potência e também quantidade de
quadrados existente em um tabuleiro de xadrez. Após esta introdução, apresentou-
se a eles um tabuleiro de xadrez, onde começaram a explorar a matemática ali
contida. Foram trabalhados os conteúdos de potenciação, área, perímetro, retas
horizontais, verticais e diagonais. Um aluno levantou um questionamento sobre o
perímetro, pois se contasse quantos quadrados havia ao redor do tabuleiro,
encontrava como resultado 28 quadrados e não 32 como estavam sendo
trabalhados. Foi então explicado a ele a importância do espaço e medida que cada
quadrado ocupava em cada lado, e que esta medida deveria ser considerada. Na
horizontal, o quadrado ocupava uma medida e na vertical, também. Por este motivo,
o perímetro era igual a 32 quadrados e, quando se calculava a área, também era
desta maneira que se viam os quadrados, por isso, a multiplicação 8x8 para este
cálculo. Alguns alunos já conheciam o jogo, pois haviam aprendido na escola em
que estudavam anteriormente.
Para desenvolver este trabalho, contou-se também com a contribuição
de três alunos voluntários do 1º C, Ensino Médio, que durante suas aulas de
Educação Física vinham até a sala da 5ª série, para auxiliar os alunos no trabalho
com o jogo de xadrez. Os alunos da 5ª série formavam três fileiras para desafiar os
alunos do Ensino Médio, cada um dos alunos voluntários jogava com uma fileira de
alunos.
,, ,
Professor de Educação Física e alunos da 5ª série A – Jogo de Xadrez (Fotos: Arlene Maria Dib Mertens – Teixeira Soares – 23/06/2009)
Durante o trabalho com o jogo de xadrez, foi possível trabalhar com eles as
coordenadas cartesianas, a circunferência, os quadrantes, dando ênfase ao 1º
quadrante, sendo este, o que estão utilizando ao jogar xadrez. A explicação ficou
mais simples, pois se tratava da realidade do jogo, ou seja, partindo-se de uma
vivência para a formalização de um conteúdo matemático
Na conclusão deste trabalho foi aplicado o pós-teste, no dia 01de julho 2009,
com as mesmas atividades do pré-teste.
Questionamentos imediatos que surgiram durante a aplicação do Pós-teste:
Etapas Questionamentos
Primeira É para armar as operações ou não? Arma-se pelos números maiores ou menores? A conta de multiplicação era para armar?
Segunda Não houve perguntas.
O quadro a seguir traz uma síntese dos resultados obtidos na aplicação do pós-teste.
Etapas
O tempo
médio para
realização das
atividades
propostas
Questões que
exigiram maior
concentração
dos voluntários
Dificuldades de
interpretação
apontadas pelos
voluntários
Dificuldades de
cálculo matemático
apontadas pelos
voluntários
Principais
reações
apresentadas
pelos
voluntários
Primeira
Etapa
45 minutos n° 1.f e 1.h
n° 2
Na questão n° 1,
houve
questionamentos
sobre precisar
armar ou não as
contas que
precisavam. Se ao
armar começava
pelos números
maiores ou
menores.
Na questão n° 2 a
dificuldade em
interpretar o
problema que
apresentava dois
cálculos.
Na questão n° 1.f
apresentaram
dificuldade na
multiplicação.
Na 1.h o problema foi
à inclusão do zero no
quociente, o qual não
existia.
Tranquilidade
Confiança
Calma
Segunda
Etapa
14 minutos n° 1.b e n°2 n° 1.b dificuldade
no reconhecimento
dos quadriláteros.
n° 2 ler e escrever o
algarismo conforme
o SND.
Tranquilidade
Confiança
Calma
No pós-teste procurou-se observar a concentração, interpretação, dificuldades
de cálculo matemático, da mesma forma que ocorreu com o pré-teste, para que, na
conclusão pudessem ser comparadas as resoluções feitas pelos alunos. Na questão
n° 1 f, uma operação de multiplicação, apesar de alguns alunos continuarem com
dificuldades, houve um aumento na proporção de acertos, o mesmo ocorrendo com
a questão n°1 h, uma operação de divisão, a qual foi visivelmente maior a proporção
de acertos em relação ao pré-teste conforme demonstrado nos gráficos. A questão
de n° 2 também teve um número maior de acertos no pós-teste.
Com relação à segunda atividade, a proporção de acertos no pós-teste
também foi maior em relação ao pré-teste, sendo que na questão n° 4 houve uma
superação considerável.
Os alunos não somente melhoraram seu desempenho em relação ao número
de acertos das questões, como também, àqueles que no pré-teste haviam deixado
questões em branco ou haviam errado, passaram aqui a acertar a questão ou pelo
menos, procuraram resolver as que haviam deixado em branco.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a utilização dos jogos neste estudo, procurou-se refletir sobre
encaminhamentos pedagógicos alternativos para amenizar as dificuldades
identificadas nos alunos que chegam à 5ª série, proporcionando uma aprendizagem
pautada na reflexão, desafios e investigação. Habilidades importantes para a
aprendizagem de conteúdos matemáticos, desencadeados a partir da busca destes
alunos pela vitória no jogo.
Os alunos participantes sistematizaram, de forma lúdica,
conhecimentos matemáticos trabalhados em sala de aula, deixando de ser um
ouvinte passivo das explicações dadas pelo professor, tornando-se ativo no
processo de construção de conceitos matemáticos.
Uma das principais dificuldades apontada pelos professores, nas aulas de
matemática, é a falta de interesse dos alunos, porém, nas aulas em que foram
trabalhados os jogos, foi possível perceber o interesse, a participação e a
concentração deles. Todos estavam envolvidos nas atividades e passaram a utilizar
conteúdos matemáticos na prática com os jogos, enriquecendo desta forma a
aprendizagem.
Os jogos, quando selecionados de acordo com os conteúdos e a série,
tornam-se uma importante ferramenta, facilitando a aprendizagem de conceitos
matemáticos pelos alunos. Os momentos de jogo proporcionaram aos alunos
momentos de reflexão, onde estavam presentes o desafio e a necessidade de
articulações e investigações na busca da vitória.
Os alunos, ao jogar, sistematizaram de forma lúdica, noções de matemática
trabalhadas em sala de aula, praticaram a tabuada, as quatro operações, além da
concentração e raciocínio envolvidos nos jogos. O espírito de cumplicidade entre as
duplas também era visível.
Com este estudo foi possível observar quais são as maiores dificuldades dos
alunos, podendo desenvolver um trabalho paralelo aos conteúdos que são
trabalhados no decorrer da série, procurando, desta forma, amenizar estas
defasagens. O ponto negativo no desenvolvimento do projeto de implementação foi
o tempo destinado a ele, o qual foi de um semestre, o ideal é que fosse o ano todo.
Infelizmente, o tempo para o desenvolvimento do projeto de implementação
foi curto, de apenas um semestre, pois após o semestre é que pudemos perceber as
primeiras mudanças de atitude diante do estudo da matemática, demonstrados pelos
alunos. Mas isto não interrompeu nossa caminhada com a classe envolvida e
concluímos o ano letivo caminhando dentro da mesma proposta, pois os alunos
demonstravam rendimento diante a proposta.
Para melhor visualizar o aproveitamento dos alunos envolvidos na proposta,
organizamos gráficos de apoio.
No pré-test,e 31 alunos fizeram as atividades e, no pós-teste foram 28 alunos,
por motivos de transferência por mudanças da família.
Em relação ao Pré e Pós – testes das Atividades Matemáticas I, podemos
resumir os acertos e erros na seguinte tabela:
PRÉ-TESTE
ATIVIDADE DE MATEMÁTICA I
questão acertos erros
1.a 23 7
1.b 25 5
1.c 27 3
1.d 21 9
1.e 24 6
1.f 13 17
1.g 14 16
1.h 9 30
2. 12 18
3. 17 13
ATIVIDADES DE MATEMÁTICA II
questão acertos acertos parciais erros
1.a 23 0 7
1.b 10 0 20
1.c 29 0 1
2.a 1 0 29
2.b 1 0 29
3.a 29 0 1
3.b 27 0 3
4.a 13 0 17
4.b 30 0 0
5 16 3 11
6.a 30 0 0
6.b 24 0 6
6.c 24 0 6
PÓS-TESTE
ATIVIDADE DE MATEMÁTICA I
questão acertos erros
1.a 21 7
1.b 24 4
1.c 25 3
1.d 17 11
1.e 18 10
1.f 11 17
1.g 18 10
1.h 10 18
2. 12 16
3. 16 12
ATIVIDADE DE MATEMÁTICA II
questão acertos acertos parciais erros
1.a 24 0 4
1.b 11 0 17
1.c 27 0 1
2.a 4 0 24
2.b 4 0 24
3.a 24 0 4
3.b 24 0 4
4.a 26 0 2
4.b 27 0 1
5 19 2 7
6.a 25 0 3
6.b 24 0 4
6.c 21 0 7
Analisando estes gráficos, podemos observar na atividade de matemática I,
nas questões 1b, 1g, 1H, 2 e 3, houve um crescimento nos acertos, questões estas
que envolvem a adição, divisão, interpretação e raciocínio, o que confirma nossa
hipótese de que os alunos quando bem estimulados demonstram rendimento e
passam a ter interesse pelo conhecimento matemático.
Na atividade de matemática II, foi possível observar o crescimento dos
acertos nas questões 1a, 1b, 2a, 2b, 4a, 5 e 6b, questões que envolveram
conhecimento de polígonos, leitura e escrita de números no SND, sequências
numéricas, ordem e classe de números naturais e problema com medida de massa.
Nesta turma, há um aluno repetente que frequenta a sala de recursos. No
início do ano letivo, demonstrava desinteresse nas aulas de matemática. Após o
desenvolvimento deste trabalho, associado às atividades da sala de recursos, o
aluno passou a demonstrar maior interesse, está mais participativo, e em alguns
conteúdos tem conseguido superar parcialmente suas dificuldades.
Pretendo continuar trabalhando com os jogos nas aulas de Matemática,
diversificando-os de acordo com os conteúdos, de maneira a proporcionar sempre
aos alunos uma forma mais descontraída de aprender matemática, como eles
passaram a falar enquanto desenvolvíamos o projeto.
REFERÊNCIAS:
ARANÃO, I.V.D. A Matemática através de brincadeiras e jogos. 6ª ed. São Paulo:
Papirus, 2007.
BONJORNO, J.R.; BONJORNO, R.A. Matemática: pode contar comigo. São Paulo:
FTD, 2001.
Governo do Estado do Paraná, Diretrizes Curriculares de Matemática
para a Educação Básica. Curitiba, 2006.
GRANDO, R. C., O Jogo e a Matemática no contexto da sala de aula.
São Paulo. ed. Paulus, 2004.
GUELLI, O. Matemática. 1ª ed. São Paulo: Ática, 2003.
IMENES, L.M.; JAKUBOVIC.J.; LELLIS, M. Novo Camino Matemática. 1ª ed. São
Paulo: Scipione, 1997.
www.matematica.seed.pr.gov.br/arquivos/File/contig_60_regras.pdf dia 25/11/2009 às
09:50.
www.fc.unesp.br/.../TCC%20Julia%20Perruchetti%20-%20Final.pdf dia 23/10/09 às 17:33