da escola pÚblica paranaense 2009 · estes filmes precisavam ser rebobinados antes de serem...

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO Superintendência da Educação

Diretoria de Políticas e Programas Educacionais Programa de Desenvolvimento Educacional

ROSANGELA MARTINS

CADERNO PEDAGÓGICO:

A MODELAGEM MATEMÁTICA ASSOCIADA AO ESTUDO DAS FUNÇÕES

Londrina

2010

ROSANGELA MARTINS

CADERNO PEDAGÓGICO:

A MODELAGEM MATEMÁTICA ASSOCIADA AO ESTUDO DAS FUNÇÕES

Plano de Trabalho Apresentado ao Programa de

Desenvolvimento Educacional

Orientadora: Profª. Drª Lourdes Maria Werle de Almeida.

Londrina

2010

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ....................................... .................................................... 3

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 3

2 MODELAGEM MATEMÁTICA............................. ......................................... 4

3 ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO...................... ............................... 6

4 ATIVIDADES....................................... .......................................................... 7

4.1 OBJETIVO DAS ATIVIDADES ................................................................... 7

4.1.1 Locação de Filmes ............................ .................................................... 8

4.1.2 Telefonia Celular ............................ ....................................................... 11

4.1.3 Caminhada .................................... ......................................................... 15

4.1.4 Produção de Cana-de-açúcar................... ............................................ 20

REFERÊNCIAS................................................................................................ 27

3

APRESENTAÇÃO

Este caderno Pedagógico faz parte do Programa de

Desenvolvimento Educacional - PDE, da disciplina de Matemática. Nele

apresentamos o desenvolvimento de quatro situações de Modelagem Matemática

que podem orientar o estudo de Funções de 1º e 2º graus. Essas atividades serão

desenvolvidas com alunos de uma turma de 1º ano do Ensino Médio.

1 INTRODUÇÃO

O ensino da Matemática baseado no paradigma do exercício e sem

estabelecer relações com a vida do aluno, não atende aos interesses de alunos que

fazem parte de uma sociedade repleta de inovações tecnológicas. De modo geral,

verificamos que hoje, não há muita relação entre a Matemática que se faz na escola

e a vida dos alunos fora dela.

Se o ensino de Matemática tem como um de seus objetivos,

desenvolver nos alunos sua capacidade de raciocinar, interpretar, experimentar,

analisar de forma crítica soluções encontradas, é preciso introduzir nas aulas de

Matemática, problemas vinculados à realidade, que despertem neles a atenção e

sejam atrativos, envolvendo-os na busca por uma possível solução.

As Diretrizes Curriculares da Educação Básica estabelecem que:

É necessário que o processo pedagógico em Matemática contribua

para que o estudante tenha condições de constatar regularidades,

generalizações e apropriação de linguagem adequada para

descrever e interpretar fenômenos matemáticos e de outras áreas do

conhecimento. (PARANÁ, 2008, p.49)

Uma alternativa pedagógica capaz de contribuir dessa maneira é a

Modelagem Matemática, que tem como forte característica, o trabalho com situações

do cotidiano.

4

Diante desta característica, esta alternativa pedagógica pode

contribuir para a aprendizagem das Funções de 1º e 2º graus que, na maioria das

vezes, são trabalhadas com definições pré-concebidas, utilizando fórmulas já

equacionadas, para resolver problemas que não estão relacionados a situações

vivenciadas pelos alunos.

Deste modo, desenvolveremos neste Caderno Pedagógico algumas

considerações sobre a Modelagem Matemática como alternativa pedagógica e em

seguida serão apresentadas quatro atividades de Modelagem referentes ao estudo

das Funções de 1º e 2º graus, utilizando temas como Locação de filmes, Telefonia

celular, Caminhada e Produção de cana-de-açúcar. Os três primeiros temas são

mais ligados à realidade dos alunos, o que pode facilitar o desenvolvimento das

atividades por serem situações de interesse dos mesmos.

Para o desenvolvimento destas atividades, faremos uso dos

softwares Calc (Linux) ou Excel (Windows) e Geogebra na construção de tabelas e

gráficos, visando também, facilitar a resolução das mesmas.

Esperamos com este Caderno Pedagógico, contribuir com os

professores, apresentando possibilidades de trabalho com Modelagem, bem como,

desenvolver com os alunos os conteúdos propostos e levá-los a refletir sobre os

problemas apresentados.

2 A MODELAGEM MATEMÁTICA

A Modelagem Matemática é uma alternativa pedagógica, que pode

propiciar aos alunos a aprendizagem de conceitos matemáticos partindo de

situações reais.

De acordo com Bassanezi (2009, p.16) ” A Modelagem consiste na

arte de transformar problemas da realidade em problemas matemáticos e resolvê-los

interpretando suas soluções na linguagem do mundo real”.

Essa característica proporciona ao aluno a oportunidade de ser

atuante na construção de seu conhecimento. Segundo Almeida e Dias (2004), um

outro ponto positivo desta alternativa pedagógica é a realização de atividades em

5

grupo, pois atividades cooperativas, podem levar professores e alunos a uma maior

interação, o que é fundamental para o processo da aprendizagem.

Para o desenvolvimento de uma atividade de Modelagem

Matemática alguns procedimentos devem ser seguidos, não necessariamente na

ordem em que aparecem. Escolhida uma situação real, define-se o problema a ser

estudado, a partir da organização das informações obtidas, faz-se o levantamento e

a análise das hipóteses, definem-se as variáveis. Utilizando os conceitos

matemáticos faz-se a formulação do modelo e a resolução do problema. Se a

solução encontrada não for satisfatória o processo todo ou parte dele precisa ser

refeito. (Almeida e Dias, 2007).

. Almeida e Dias (2004) sugerem que para alunos que ainda não

estão familiarizados com o desenvolvimento de atividades de Modelagem, elas

podem ser introduzidas de forma gradativa, seguindo três momentos:

Primeiro momento : Partindo de uma situação-problema acompanhada com os

dados qualitativos e quantitativos e do problema já definido, o professor juntamente

com os alunos faz a definição das variáveis, a formulação das hipóteses, a

construção e validação de um modelo matemático para a investigação do problema.

Segundo momento: O professor apresenta aos alunos uma situação-problema

acompanhada por um conjunto de dados. Os alunos orientados pelo professor

fazem as simplificações necessárias, a formulação do problema, a formulação de

hipóteses, a dedução e a validação do modelo, bem como a interpretação dos

resultados obtidos diante da situação inicial.

Terceiro momento : Os alunos, distribuídos em grupo, são incentivados a

conduzirem um processo de Modelagem, a partir de um problema escolhido por

eles, devidamente assessorados pelo professor.

O desenvolvimento de atividades de Modelagem desta maneira tem-

se mostrado eficiente. Na medida em que o aluno passa pelos diferentes momentos,

consegue compreender o processo da resolução dos problemas e passa a refletir

sobre as soluções encontradas.

Segundo Almeida e Dias (2004)

6

Este encaminhamento das atividades de Modelagem Matemática tem-se mostrado bastante adequado na prática de sala de aula em diferentes níveis de ensino. Na medida em que o aluno vai realizando as atividades nos “diferentes momentos”, conforme a seqüência apresentada, a sua compreensão acerca do processo de Modelagem, da resolução dos problemas em estudo e da reflexão sobre as soluções encontradas vai se consolidando (p 7).

3 ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO

As atividades apresentadas neste Caderno Pedagógico serão

desenvolvidas em conjunto, professor e alunos, pois a participação de ambos no

processo de Modelagem é de fundamental importância. O professor atua como um

orientador, auxiliando os alunos em suas atividades sempre que estes solicitarem

e/ou necessitarem.

Primeiramente serão desenvolvidas com os alunos duas atividades

de Modelagem Matemática, nas quais as informações necessárias para o estudo

das situações-problema serão apresentadas pelo professor. A definição do problema

e a sua resolução serão realizadas com a participação dos alunos. Nos referimos a

estas atividades como primeiro momento. Os gráficos e tabelas serão construídos

no laboratório de informática utilizando os softwares Calc (Linux) ou Excel

(Windows) e Geogebra

Posteriormente, em um segundo momento, os alunos, em duplas,

desenvolverão duas atividades de Modelagem Matemática. Para estas atividades as

informações serão ainda fornecidas aos alunos pelo professor. O que

essencialmente diferencia este momento do anterior, diz respeito à participação e

intervenção do professor no desenvolvimento da atividade. Para desenvolver a

atividade deste momento a definição do problema, a definição das variáveis e das

hipóteses passam a ser realizadas pelas duplas de alunos e o professor atua como

orientador, fazendo as intervenções necessárias para a resolução do problema.

Finalmente, num terceiro momento, os alunos desenvolverão

atividades de Modelagem Matemática em grupos de quatro ou cinco. Eles irão

definir uma situação-problema e apresentarão uma resolução para a mesma.

7

Ficarão também responsáveis pela coleta de informações e todo o processo de

desenvolvimento da atividade. O professor atuará como orientador na organização

dos dados e na resolução do problema.

As atividades serão avaliadas pela observação direta dos alunos,

apresentação dos gráficos e resultados obtidos, de relatórios de acompanhamento,

responsabilidade, cooperação e organização dos grupos, relato escrito sobre as

vantagens e dificuldades encontradas no desenvolvimento destas atividades.

4 ATIVIDADES

Neste Caderno Pedagógico serão apresentadas quatro atividades de

Modelagem Matemática, duas delas referentes ao estudo de Função de 1º grau e

outras duas referentes ao estudo de Função de 2º grau.

4.1 OBJETIVOS DAS ATIVIDADES:

Levar o aluno a:

• Buscar solução para uma situação-problema real, fazendo uso da

Matemática.

• Interpretar e retirar dados importantes da situação-problema.

• Introduzir o estudo de Função de 1º grau e Função de 2º grau por meio de

situações-problema.

• Identificar diferentes representações associadas às Funções de 1º grau e

Funções de 2º grau.

• Fazer uso dos softwares Calc (Linux) ou Excel (Windows) e Geogebra na

construção de tabelas e gráficos.

• Encontrar um modelo que resolva o problema apresentado.

8

4.1.1 Locação de Filmes

No meio dos anos 80 começaram a surgir as videolocadoras que

faziam a locação de filmes em VHS1. Naquela época, o vídeo-cassete era visto

como uma espécie de artefato milagroso, um meio mágico de trazer o cinema para

dentro de casa. Estes filmes precisavam ser rebobinados antes de serem

devolvidos, mas isso não era problema, diante do benefício de poder assistir um

filme em casa e na hora que quisesse.

A partir do século XXI, os filmes em VHS foram substituídos pelos

DVDs2, o que tornou antiquado o verbo rebobinar. Este formato digital facilitou o

acesso a filmes e a reprodução de vídeos, e com isso surgiu a pirataria tanto nas

ruas, como pela Internet.

Estima-se que entre 2003 e 2005, havia no Brasil, cerca de 14 mil

videolocadoras. Mas, a partir de 2006, este número começou a cair e hoje há no

máximo 6 mil locadoras. A pirataria e a Internet estão prejudicando este mercado.

Para tentar modificar esse quadro, algumas locadoras estão investindo em locação

de blue-ray, mídia de alta definição e ótima qualidade e que não pode ser

pirateada.

Mas ainda há pessoas que preferem ter qualidade nos filmes que

assistem, e continuam fazendo a locação de DVDs em videolocadoras.

Uma determinada locadora da cidade de Arapongas cobra o valor de

R$ 5,60 na locação de filmes que são lançamentos. Locando apenas um filme o

cliente tem um dia para devolvê-lo. Caso o cliente esqueça de devolvê-lo no prazo

ou queira ficar com o filme por mais alguns dias, é cobrado um valor adicional de R$

1,60 por dia de atraso.

Problema

a) Encontre um modelo matemático que represente o valor a ser pago em função do

tempo que o cliente ficou com o filme.

1 VHS Vídeo Home System ( Sistema de Vídeo Caseiro) 2 DVD Digital Vídeo Disc (Disco de Vídeo Digital)

9

b) Quando o cliente não consegue assistir o filme em um dia , compensa devolver o

filme e fazer uma nova locação, ou compensa ficar com o filme pagando por dia de

atraso?

Dedução das variáveis

t = tempo (dias)

V = valor a pagar (reais)

Dados do problema

• O valor da locação de um filme (lançamento) é de R$ 5,60.

• Valor cobrado por dia de atraso R$ 1,60.

Dedução do modelo

Analisando os dados da tabela observamos que:

INtttV ∈−+= ),1(60,160,5)( ,

é o modelo matemático que representa o valor a ser pago quando o cliente fica

com o filme por t dias.

O gráfico referente ao modelo é dado na figura 1.

t (tempo em dias) V ( valor a ser pago em reais)

1 2 3 4 5 . . . t

V(1) = 5,60 V(2) = 5,60 + 1,60 . (2 – 1) = 7,20 V(3) = 5,60 + 1,60 . (3 – 1) = 8,80 V(4) = 5,60 + 1,60 . (4 – 1) = 10,40 V(5) = 5,60 + 1,60 . (5 – 1) = 12,00 . . . V(t) = 5,60 + 1,60 . (t – 1)

10

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

0 2 4 6

t (dias)

V (R

$)

V

Figura 1: Gráfico de V(t)

A representação do valor a ser pago pela locação de um filme

entregue no prazo ou com atraso, sinaliza com uma Função de 1º grau.

No entanto, no gráfico não podemos fazer a união dos pontos. Se o

cliente fizer a entrega do filme com atraso de meio dia ou de um dia inteiro, o valor a

ser pago será de R$ 1,60, ou seja, o acréscimo de R$ 1,60 é feito por dia.

Respondendo ao problema:

b) Quando compensa devolver o filme e pagar duas locações, ou

ficar com o filme e pagar por dias de atraso na devolução.

Considerando que o valor de duas locações é R$ 11,20, fazemos:

5,60 + 1,60(t – 1) = 11,20

1,60t – 1,60 = 11,20 – 5,60

1,60t = 11,20 – 5,60 + 1,60

1,60t = 7,20

t = 4,5

Assim temos que:

• Se o cliente assistir o filme em até 4 dias, compensa ficar com o filme e pagar

por dias de atraso na devolução.

• Se o cliente não assistir o filme em até 4 dias, compensa devolvê-lo e locá-lo

novamente, pagando por duas locações.

11

4.1.2 Telefonia Celular 3

Na década de 90 surgiram os primeiros celulares, que custavam

caríssimos e só funcionavam em pouquíssimos lugares. O celular era então, apenas

um telefone e somente adultos dispostos a investirem uma quantia razoável se

dispunham a comprá-lo.

Hoje, o telefone celular é um dos aparatos tecnológicos mais

comuns, são pequenos, leves, tem baterias duradouras e funcionam em quase todos

os lugares e há muito deixaram de ter função apenas de telefone. Os celulares

servem também para ouvir rádio, mp3, assistir TV, tirar fotos, fazer filmes, gravar

voz, jogar vídeo-game, mandar e receber e-mails ou arquivos, acessar Internet,

dentre outras muitas funções.

No Brasil, desde 2008 mais de 50% da população já possui celular.

Este número vem crescendo assustadoramente a cada ano. Porém, o preço deste

serviço em nosso país, é um dos mais caros do mundo. Com isso, para utilizarmos

o celular precisamos pesquisar qual operadora oferece o melhor preço e o melhor

plano.

Se a opção é por um plano mais econômico, temos que comparar

entre os diferentes planos oferecidos pelas operadoras.

Escolhemos dois deles para fazermos esta comparação.

• Plano pré-pago “Infinity-pré”: R$ 1,39 o minuto.

• Plano pós-pago “Infinity 30”: R$ 33,90 com franquia de 30 minutos, com

adicional de R$ 0,95 para cada minuto excedente.

Problema

Quando é mais vantajoso ter um celular pré-pago ou um celular

pós-pago considerando estes dois planos?

Definição das variáveis

3 Esta atividade consta no trabalho: SORIANI, S.A, A Modelagem Matemática como Alternativa Pedagógica para o Ensino das Funções.

12

t = tempo (minutos)

V = valor a pagar (em reais)

Dados do problema

• O valor cobrado no plano pré-pago é de R$ 1,39 o minuto.

• O valor cobrado no plano pós-pago é de R$ 33,90 pela tarifa básica com

franquia de 30 minutos e adicional de R$ 0,95 por minuto excedente.

Dedução dos modelos : Planos pré-pago e pós-pago

T (min) Plano Pré-Pago

V (R$)

Plano Pós-Pago

V (R$)

0 5 10 15 20 25 30 31 32 .

35 .

37 .

40 . .

55 . . . t

V(0) = 1,39 . 0 = V(5) = 1,39 . 5 =

V(10) = 1,39 . 10 = V(15) = 1,39 . 15 = V(20) = 1,39 . 20 = V(25) = 1,39 . 25 = V(30) = 1,39 . 30 = V(31) = 1,39 . 31 = V(32) = 1,39 . 32 =

. V(35) = 1,39 . 35 =

. V(37) = 1,39 . 37 =

. V(40) = 1,39 . 40 =

.

. V(55) = 1,39 . 55 =

.

.

. V(t) = 1,39 . t

0 6,95 13,90 20,85 27,80 34,75 41,70 43,09 44,48

. 48,65

. 51,43

. 55,60

.

. 76,45

.

.

.

V(0) = 33,90 V(5) = 33,90

V(10) = 33,90 V(15) = 33,90 V(20) = 33,90 V(25) = 33,90 V(30) = 33,90

V(31) = 0,95 (31 – 30)+33,90 V(32) = 0,95 (32 – 30)+33,90

. V(35) = 0,95 (35 – 30)+33,90

. V(37) = 0,95 (37 – 30)+33,90

. V(40) = 0,95 (40 – 30)+33,90

.

. V(55) = 0,95 (55 – 30)+33,90

.

.

. V(t) = 0,95 ( t – 30) + 33,90

33,90 33,90 33,90 33,90 33,90 33,90 33,90 34,85 35,80

. 38,65

. 40,55

. 43,40

.

. 57,65

.

.

.

Plano pré-pago

Observando os valores encontrados, deduzimos que o modelo que

representa o valor a ser pago pelo tempo t no plano pré-pago é de:

V = 1,39 . t

13

Construção do gráfico da função (ver Figura 02).

GRÁFICO DO PLANO PRÉ-PAGO

0,0010,0020,0030,0040,0050,0060,0070,0080,0090,00

0 10 20 30 40 50 60 70

t (minutos)

V (

R$)

V

Figura 02: Gráfico da função V(t)

A representação do plano pré-pago sinaliza para uma função do 1º

grau, no entanto, como o preço cobrado é por minuto inteiro não podemos unir os

pontos, ou seja, em uma ligação de 30 segundos ou 1 minuto o valor a ser pago é o

mesmo.

Plano pós-pago

V(t) = 33,90, para t ≤ 30 e t ∈ IN

V(t) = 0,95 (t – 30) + 33,90, se t > 30

Assim, o modelo matemático que representa o valor a ser pago pelo

tempo t de utilização do plano pós-pago é formado por duas sentenças:

∈>+∈≤

=INtetset

INtparatsetV

30,40,595,0

,30,90,33)(

Construção do gráfico da função (ver Figura 03).

14

GRÁFICO DO PLANO PÓS-PAGO

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

0 10 20 30 40 50 60

t (min)

V (

R$)

Figura 03: Gráfico da função V(t)

Assim, como na representação gráfica do plano pré-pago não vamos

unir os pontos, pois a cobrança é feita por minutos inteiros.

A primeira parte da representação gráfica é dada por pontos

paralelos ao eixo das abscissas, ou seja, é uma função constante representada pela

função:

V(t) = 33,90, para t ≤ 30 e t ∈ IN

Na segunda parte do gráfico, os pontos tem uma inclinação em

relação ao eixo das abscissas, representando uma função afim, que para este

modelo é representada por:

V(t) = 0,95t (t – 30), para t > 30 e t ∈ IN

Entretanto, apenas para uma melhor visualização do comportamento

das funções vamos representar os dois modelos no mesmo plano cartesiano

utilizando retas no lugar dos pontos (ver Figura 04):

15

Figura 04: Representação gráfica das funções V(t) (pré-pago) e V(t) (pós-pago)

Percebemos que o gráfico da função que representa o plano pré-

pago se intercepta num determinado ponto com o gráfico da função que representa

o plano pós-pago na parte que neste é constante.

Igualando a função V(t) = 1,39t à função V(t) = 33,90, temos:

1,39t = 33,90

t ≅ 24 minutos

Percebemos então que o valor a ser pago será o mesmo se o tempo

utilizado for aproximadamente 24 minutos. Se o tempo for inferior ou igual a 24

minutos é mais vantajoso optar pelo plano pré-pago, mas se o tempo for superior a

24 minutos o plano mais vantajoso será o pós-pago.

4.1.3 Caminhada 4

Atualmente o problema com a obesidade tem crescido

assustadoramente. À medida que foram sendo criadas máquinas que substituíram o

homem no trabalho pesado, este não consegue comer e consumir toda a energia 4 Esta atividade consta no trabalho de: BRITO, Dirceu dos Santos. Atribuição de Sentido e construção de significado em, situações de Modelagem Matemática.

16

adquirida. O homem vem se tornando cada vez mais sedentário e a obesidade

atingindo um maior número de pessoas a cada ano. Juntamente com a obesidade,

surge às doenças cardíacas, a hipertensão, o diabetes, entre outros problemas de

saúde, que diminuem a qualidade de vida dessas pessoas.

Para ajudar a minimizar este problema, médicos e nutricionistas

recomendam a caminhada como uma das atividades físicas de baixa intensidade,

capazes de ajudar na queima deste excesso de calorias.

Para que a caminhada dê resultados, é preciso ser uma atividade

constante e com ritmo, ou seja, evitando andar, parar, como se estivesse

passeando. A duração e a intensidade das passadas é que vão determinar o gasto

de energia.

Deste modo podemos pensar em determinar o “melhor tempo” e em

conseqüência a melhor velocidade, para conseguir o melhor gasto de calorias

durante uma caminhada.

Representada a seguir, está uma tabela com informações da

Organização Mundial de Saúde (OMS), relativas ao gasto de energia de uma pessoa

normal ao realizar uma caminhada de 3000 metros.

Tempo Velocidade

Km/hora Energia

Consumida (kcal)

min horas 60 1 3 155 50 0,833 3,6 183,92 45 0,75 4 190,18 40 0,667 4,5 190,99 30 0,5 6 175,95 20 0,334 9 139,01 10 0,167 18 80,66

Problema

Em quanto tempo uma pessoa deve realizar uma caminhada de

3000 metros para obter o maior gasto de energia?

17

Dedução das variáveis

t = tempo (em horas)

E = energia consumida (em calorias)

Conhecendo as variáveis, podemos representar os dados da tabela

em um plano cartesiano, considerando a variável independente como sendo o tempo

(t) (h) e a variável dependente como sendo a energia consumida (E) (kcal).

A partir dos dados oferecidos na tabela e das variáveis definidas, os

alunos irão para o laboratório de informática onde utilizando os softwares Calc

(Linux) ou Excel (Windows) farão a construção do gráfico da função (ver Figura 05).

GASTO DE ENERGIA EM CAMINHADA DE 3000 METROS

0

50

100

150

200

250

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2

t (h)

E (

kcal

)

Figura 05: Gráfico da função E(t)

Hipóteses da solução

Os alunos em conjunto com o professor, farão o levantamento de

hipóteses partindo da observação do gráfico.

A representação no plano cartesiano sugere que neste intervalo de

tempo de realização da caminhada, a energia consumida cresce e depois decresce.

Isto sinaliza, que uma função quadrática pode ser adequada para descrever o

comportamento da situação e para obter o tempo de realização da caminhada em

18

que a energia consumida é máxima. A partir deste tempo encontrado podemos

determinar a velocidade ideal para realizar uma caminhada de 3 000 metros.

Para encontrar uma função quadrática são necessários três pontos.

Dentre os pontos apresentados no gráfico e na tabela, vamos

escolher:

P1 = (1; 155) P2 = (0,667; 190,99) P3 = (0,334; 139,01)

Esta escolha nos permite encontrar uma função do tipo:

E(t) = at2 + bt + c

Levando em consideração o conhecimento sobre função quadrática

sabemos que o parâmetro a deve ser negativo, pois a concavidade da parábola é

voltada para baixo.

Usamos os três pontos para encontrar os parâmetros a, b e c por

meio da resolução de um sistema de equações.

A montagem do sistema e a resolução do mesmo serão feitos

juntamente com o professor fazendo uso de calculadora.

=++=++

=++

01,139333,0)333,0(

99,190677,0)667,0(

155

2

2

cba

cba

cba

A solução deste sistema é:

a = - 395,352 b = 550,98 c = - 0,628

Logo a função que descreve o consumo de calorias em função do

tempo de caminhada é:

E(t) = - 395,352t2 + 550,98t – 0,628

Neste momento, os alunos no laboratório de informática farão a

aplicação da fórmula encontrada no software Geogebra

O gráfico desta função está na figura 06 a seguir:

19

Figura 06: Gráfico da função E(t)

Para responder a questão do problema, devemos encontrar as

coordenadas do ponto máximo desta função, que neste caso corresponde ao vértice

da parábola. Assim fazemos:

a

bxv 2

−= a

yv 4

∆−=

xv = 0,6968 yv = 191,327.

Isto significa que o tempo que torna máxima a energia consumida é

de 0,6968 horas e equivale há aproximadamente 41 minutos para realizar a

caminhada de 3000 metros. Neste caso a quantidade máxima de energia consumida

é de 191,327 kcal.

Vamos agora determinar a velocidade ideal para realizar esta

caminhada.

Inicialmente observamos os dados da tabela:

20

Tempo

Velocidade Km/hora

Energia Consumida

(kcal) min horas 60 1 3 155 50 0,833 3,6 183,92 45 0,75 4 190,18 40 0,667 4,5 190,99 30 0,5 6 175,95 20 0,334 9 139,01 10 0,167 18 80,66

Podemos perceber que a velocidade está entre 4 km/h e 4,5 km/h.

t

dV =

6968,0

3=V

V = 4,3 km/h ⇒ V = 1,19m/s

Utilizando o tempo ideal xv = 0,6968 encontrado, temos que a

velocidade ideal é de 4,3 km/h o que corresponde a 1,19 m/s para realizar uma

caminhada de 3000 m.

4.1.4 Produção de Cana-de-açúcar 5

Historicamente a cana-de-açúcar é um dos principais produtos

agrícolas do Brasil, sendo cultivada desde a época da colonização. Do seu processo

de industrialização obtêm-se como produtos o açúcar nas suas mais variadas

formas e tipos, o álcool anidro (aditivo para a gasolina), o álcool hidratado, o vinhoto

ou vinhaça (resíduo que pode ser aproveitado como fertilizante na produção de

biogás, ou na pecuária como complemento de alto teor protéico da ração animal),

5 Esta atividade foi desenvolvida por alunos do 4º ano do curso de Licenciatura em Matemática – UEL - 2006

21

além de possibilitar a geração de energia elétrica por meio da queima do bagaço e a

produção de plástico biodegradável, a partir do açúcar.

Atualmente o Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar.

O estado do Paraná é o segundo maior produtor do país, a primeira posição

pertence ao estado de São Paulo. A produção de cana-de-açúcar contribui com o

meio ambiente, porque ela seqüestra o CO2 da atmosfera diminuindo o efeito do

aquecimento global. A agroindústria de cana-de-açúcar tem adotado políticas de

preservação ambiental que são exemplos mundiais na agricultura.

Para aumentar a produção de cana-de-açúcar no estado do Paraná,

o IAPAR (Instituto Agronômico do Paraná), fez três testes com a aplicação do

nutriente K2O (óxido de potássio), obtendo os resultados demonstrados na tabela a

seguir:

Informações obtidas no IAPAR

Dose do nutriente (kg/ha)

Produção de cana-de-açúcar (ton/ha)

0

42

70

55,59

140

60,39

Fonte: Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR)

Preço da cana-de-açúcar: R$ 43,64/tonelada.

Preço do nutriente: R$ 1,45/ kg de óxido de potássio.

Problema

a) Qual é a produção de cana-de-açúcar em função da quantidade de nutriente

adicionada?

b) Qual a quantidade de nutriente que dá a máxima produção de cana por

hectare?

c) Qual a quantidade de nutriente economicamente aconselhável ao produtor?

22

Variáveis

x = dose do nutriente (kg/ha) f(x) = produção de cana-de-açúcar (ton/ha) Utilizando os dados oferecidos na tabela e com as variáveis

definidas, os alunos juntamente com o professor farão a construção do gráfico da

função (ver Figura 07) utilizando os softwares Calc (Linux) ou Excel (Windows).

GRÁFICO DA PRODUÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR UTILIZANDO O NUTRIENTE K2O

0102030

40506070

0 50 100 150

dose do nutriente (kg/ha)

prod

ução

(ton

/ha)

P

Figura 07: Gráfico da função P(d)

Hipóteses da solução

Partindo da observação do gráfico, os alunos juntamente com o

professor farão o levantamento das hipóteses. Podemos perceber que a

representação no plano cartesiano, sinaliza para uma Função do 2º grau. Partindo

desta hipótese, vamos buscar o modelo matemático adequado que pode responder

ao problema ajustando os dados a função:

Para encontrar uma Função de 2º grau são necessários três pontos.

Estes pontos são:

P1 = (0, 42) P2 = (70; 55,59) P3 = ( 140; 60,39)

Esta escolha nos permite encontrar uma função do tipo:

f(x) = ax2 + bx + c

23

Observando a representação gráfica percebemos que o parâmetro a

deve ser negativo, pois a parábola tem a concavidade voltada para baixo.

A partir destes dados devemos ter:

f(0) = 42

f(70) = 55,59

f(140) = 60,39

O que nos leva a um sistema linear. Este sistema será montado e

resolvido pelos alunos juntamente com o professor fazendo uso da calculadora.

=++=++

=++

4,6014019600

6,55704900

4200

cba

cba

cba

A solução deste sistema é:

a = - 0,000898 b = 0,2571 c = 42,0

O que resulta na função:

f(x) = - 0,000898x2 + 0,2571x + 42,0

Fazendo uso do software Geogebra, vamos construir o gráfico da

função (ver Figura 08).

Figura 08: Gráfico da função P(d)

24

Analisando a produção máxima:

Encontrando o ponto de máximo da função, ou seja, o vértice da

parábola, obtemos o valor máximo da produção de cana-de-açúcar, assim como a

quantidade de K2O que dará essa produção máxima.

a

bxv 2

−= a

yv 4

∆−=

16,143≅vx 4,60=vy

Calculado o vértice da parábola, verificamos que a quantidade de

K2O que dará a máxima produção de cana-de-açúcar é de aproximadamente 143,16

kg/ha e que esta produção máxima será de 60,4 ton/ha.

O terceiro problema nos leva a discussão de fatores econômicos, ou

seja, qual a quantidade de nutriente economicamente aconselhável para o produtor?

Primeiramente, vamos calcular a receita bruta, que representa o

ganho total, para em seguida retirada às despesas, verificarmos a quantidade de

nutriente aconselhável a produção.

Para calcularmos a receita bruta (R), vamos chamar:

y = f(x) a produção de cana-de-açúcar;

w = o preço da tonelada do produto.

Então a receita bruta será dada por:

R = w . y

Para calcularmos as despesas, temos:

m = a parte fixa;

t = o custo de 1 kg de nutriente;

x = a quantidade de nutriente;

A receita líquida (z) é dada pela receita bruta menos as despesas,

ou seja,

z = wy – m – tx

25

Como vimos anteriormente, a função que representa a produção de

cana-de-açúcar é dada por:

f(x) = y = - 0,000898x2 + 0,2571x + 42

Temos:

z = w(- 0,000898x2 + 0,2571x + 42) – m – tx , para o cálculo da

receita líquida.

Onde,

w = preço da cana-de-açúcar: R$ 43,64/ ton

t = preço do nutriente: R$ 1,45/ kg de nutriente (óxido de potássio)

x = é a quantidade de nutriente

Logo,

z = - 0,0391887x2 + 9,769844x + [1832,88 – m]

Observamos que, trata-se de uma função de 2º grau (gráfico na

figura 09) e que a quantidade de nutriente que maximiza a receita é a coordenada x

do vértice da parábola, podemos escrever:

xv = a

b

2−

ou seja,

xv = 124,6634 kg/ha

Portanto, percebemos que a quantidade de nutriente que maximiza a

receita (124,6634 kg/ha), não é a mesma que maximiza a produção (143,16 kg/ha).

Considerando que o interesse do produtor é otimizar a receita, e que a quantidade

de adubo que maximiza a receita é inferior àquela que maximiza a produção, o

produtor deve usar 124,6634 kg/ha de adubo.

26

0

10

20

30

40

50

60

70

0 50 100 150 200 250 300

Dose de nutriente (Kg/ha)

Pro

duçã

o de

can

a-de

-açú

car

(ton/

ha)

Figura 09: Gráfico da função P(d)

27

REFERÊNCIAS ALMEIDA. Lourdes Maria Werle de; DIAS. Michele Regiane. Um estudo sobre o uso de Modelagem Matemática como estratégia de ensino e aprendizagem. BOLEMA, ano12, nº 22, p.19-35.2004. ___________. Lourdes Maria Werle de; DIAS, Michele Regiane. Modelagem Matemática em cursos de formação de professores. In: Modelagem Matemática na Educação Matemática Brasileira: pesquisa e práticas educacionais; Org: BARBOSA, J. C.; CALDEIRA, A. D.; ARAÚJO, J. L. Recife, SBEM, p.253-268,2007. BARBOSA, J. C. Modelagem Matemática: O que é? Por que? Como? Veritati , n.4, p.73-80, 2004. BASSANEZI, Rodney Carlos. Ensino-aprendizagem com Modelagem Matemática: uma nova estratégia . São Paulo: Editora Contexto, 2009 BRITO, Dirceu dos Santos. Atribuição de Sentido e construção de significado em, situações de Modelagem Matemática . Dissertação de Mestrado. UEL, 2004. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Educação. Diretrizes Curriculares de Matemática. Curitiba: SEED, 2009. SORIANI, S.A. A Modelagem Matemática como alternativa pedagógica para o ensino das funções . Londrina,2009. Monografia de Especialização em Modelagem matemática, Universidade Estadual de Londrina. SOUZA, Ana Paula. Mercado de locadoras de filmes cai pela metade. Folha de São Paulo. Disponível em:< http://www.papokult.jex.com.br >. Acesso em 30 maio 2010 FIGUEIREDO, Rafael. Produção de cana-de-açúcar . Disponível em: < http://www.webartigos.com/articles/20320/1/PRODUCAO-DE-CA... >. Acesso em 19 maio 2010. BOMBONATTI, Pedro. Pesquisa demonstra situação atual de telefonia celu lar no Brasil . Disponível em: <http://professordigital.wordpress.com/2010/01/13uso-pedagogico-d >. Acesso em 26 maio 2010. GALO, Bruno; CABRAL, Rafael. As locadoras de filmes perdem espaço para a Internet. O Estado de São Paulo. Disponível em: < http://www.scribd.com/doc/19281194/ >. Acesso em:30 maio 2010. Sites consultados: < http://www2.dbd.puc-rio.br/pergamum/tesesabertas/0310214_05_cap_02.pdf > Acesso em 01 jun. 2010. < http://www.mobolipedia.com.br/noticias/pesquisa-demonstração-situacao > Acesso em 25 maio 2010.

28

< http://www.saudenarede.com.br/?p=av&id=beneficiosdacaminhada >. Acesso em 30 abr. 2010. < http://infoener.iee.usp.br/scripts/biomassa/br_cna.asp >. Acesso em 19 maio 2010.