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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2008 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-040-7 Cadernos PDE VOLUME II

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2008

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-040-7Cadernos PDE

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Em uma sociedade onde a imagem corporal é muito valorizada, o

fictício mundo da mídia cumpre bem o papel de levar as pessoas a

adotarem algumas atitudes arriscadas e impensadas na busca por um

corpo saudável, magro e malhado, escravizando-as na ditadura da magreza

e do “músculo bem definido”, quando as interpela com seu discurso

persuasivo.

A intenção do Caderno Pedagógico “A influência da mídia no

processo de construção corporal de alunos do ensino médio” é levantar

alguns questionamentos acerca da imagem corporal, tendo em vista que

muitas vezes o ideal de beleza é imposto pelos artefatos midiáticos, de

modo que a aparência exterior passa a ser padronizada e, em nome dela

excluem-se alguns e outros se auto-excluem. No entanto, sabendo que o

padrão de beleza não é imutável, sendo representado de diversas

maneiras em diferentes épocas, seria pertinente refletir sobre demasiados

modismos que estão sendo veiculados na mídia, ou seja, o que são

verdades e o que são mitos.

A mídia reforça a idéia de que saúde e beleza estão interligadas,

independente disso ser verdade ou não, isso reforça o desejo das pessoas

em se sentirem atraentes e lançarem-se em busca de uma aparência física

idealizada, sem se darem conta de que por trás de um corpo esculpido e de

músculos bem torneados pode existir um processo de estetização da vida

cotidiana das pessoas atrelado à cultura de consumo.

Enfim, com esse caderno, objetiva-se colaborar com o trabalho dos

professores de Educação Física da rede estadual de ensino do Paraná,

valendo-se do uso de alguns artefatos midiáticos para promover a crítica

acerca de determinados valores, no intuito de ressignificar os conteúdos

buscando na própria mídia que difunde, propaga e influencia, os aparatos e

informações implícitas e explícitas que possam favorecer uma análise

crítica do professor, dinamizando as discussões com a riqueza de

informações que ela oferece, na medida em que desperta o interesse dos

alunos, de modo a contribuir para que ele seja capaz de fazer suas próprias

escolhas, construindo suas próprias opiniões sobre o mundo que o cerca e

sobre si próprio.

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UNIDADE 1UNIDADE 1UNIDADE 1UNIDADE 1

A INFLUÊNCIA DA MÍDIA NO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO CORPORAL DE ALUNOS

DO ENSINO MÉDIO

1.1 IMAGEM É TUDO?

Imagem É Tudo Sua Cabeça Não Tem Nada Pitty

Composição: Jason

“Não use fantasia pra ser diferente Seu figurino não condiz com sua mente Debaixo da carcaça há uma idéia ultrapassada Tudo tem limite, senão vira palhaçada Você é uma barbie disfarçada e não se enxerga Por fora é uma beleza, mas o recheio é uma

merda” (2x)

Fonte: http://www.sxc.hu/photo/932904

A indústria da beleza lança mão de muitas estratégias para convencer as pessoas de

que elas podem e devem buscar uma solução para os seus problemas estéticos, ainda que

não tenham condições para isso, apresentando ao público um ideal de beleza que se

associa ao sucesso, que garante a “felicidade” e é capaz de mudar a vida . A obsessão pela

conquista de um padrão de beleza, próximo àquele disseminado pela mídia faz com que as

pessoas que se percebem fora desse padrão, sintam-se transgressoras das leis que regem as

vontades, o trabalho e o controle de si mesmos.

Desse modo, a idéia de belo e perfeito surge de diversas formas, por intermédio das

propagandas de fitness, de cosméticos, adereços, acessórios, clínicas, spas, etc. No outdoor

da “beleza”, não há censura, a única ditadura que impera é a do corpo sarado, “bonito” e

desejado. Isso colabora para que a mídia veicule os produtos da complexa indústria da

beleza que cresce a cada dia persuadindo novos adeptos na busca incessante por um

estereótipo de beleza que nem sempre corresponde à realidade.

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Para refletir:

� Imagem é tudo? Ou o conceito de beleza depende mais da aceitação de si mesmo do

que de medidas definidas pelos veículos midiáticos?

� À Educação Física, que tem como objeto de estudo e de ensino a Cultura Corporal,

cabe negligenciar e ignorar a forte influência que a mídia exerce sobre o educando

por meio de contínuos e variados modismos?

� Malhação excessiva, uso indiscriminado de anabolizantes, diuréticos, dietas,

regimes... O que há por trás de tudo isso que provoca mudanças no comportamento

e nas atitudes das pessoas?

� “Conscientemente ou não, tem-se na TV , nas revistas de ampla divulgação, nos

programas de rádio, um lugar de aprendizado a respeito do próprio indivíduo, da

vida levada, da forma como se recebe e se avalia, pessoas classificadas como heróis

ou vilões, cidadãos corretos ou transgressores da ordem”. (Fischer,2002)

SUGESTÕES DE ATIVIDADES:

• Analise a letra da música “Imagem É Tudo Sua Cabeça Não Tem Nada” da cantora

Pitty com os alunos, promovendo questionamentos acerca dos comportamentos descritos

nela, debatendo como eles interpretam isso, o que pensam a respeito de piercings,

tatuagens, cabelos coloridos, enfim, buscando refletir sobre como eles compreendem o

significado de beleza. Questione se eles:

- Gostariam de ser como os personagens citados na música?

- Mudariam sua maneira de ser para estar na moda, ser aceitos no grupo ou seguir

padrões de beleza pré-estabelecidos?

• Exiba propagandas de TV, revistas, outdoors que explorem o corpo e analise com os

alunos o conteúdo dessas propagandas, procurando observar se o conteúdo condiz com a

imagem, o que é real, o que é fictício, o que é possível, o que é irreal. Enfim, promova com

os alunos uma discussão acerca das imagens apresentadas;

• Distribua recortes de revistas com propagandas para diferentes grupos e peça aos

alunos que eles façam leituras dessas imagens e depois apresentem para a sala,

procurando responder aos seguintes itens:

- o que mais lhe chamou a atenção na imagem?

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- o que puderam observar como sendo verdadeiro ou tendencioso?

• Finalize a atividade fazendo um paralelo entre os pontos positivos e negativos dos

veículos midiáticos no cotidiano da vida das pessoas, afinal, a intenção é ajudá-los a

refletir e levá-los ao discernimento acerca das verdades e dos mitos veiculados nas

mídias.

• Inicie com os alunos um Memorial1 onde ficarão transcritas as opiniões acerca do

assunto discutido, ao final das atividades no decorrer do projeto.

ANOTAÇÕES:

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1.2 E O VENTO LEVOU...

1 Caderno para anotações

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Fonte: http://www.sxc.hu/photo/566790

“Ah beleza efêmera que não põe a mesa, que reina absoluta em seu reinado sem rei... que atravessa a história e nunca é igual.”

Rosane Capilé

A noção de corpo perfeito se modifica na história e a preocupação com a imagem

corporal não é recente. Na Grécia antiga, a estética, o intelecto e o físico faziam parte da

busca pela perfeição, desse modo ter um belo corpo era tão importante quanto uma ter

uma mente brilhante. No Renascimento, o padrão feminino, os quais podem ser observados

na literatura e pinturas da época, era da mulher com formas arredondadas, pele alva e rosto

afilado, em contraste com o padrão atual, que exige um corpo magro, rosto nórdico e seios

grandes.

O padrão corporal está sempre sofrendo mudanças por conta das transformações

culturais, nesse sentido acaba sendo influenciado por interesses econômicos, políticos e

sociais, o que pode levar a constatação de que os diferentes períodos históricos projetam

uma forma de representação social em torno do significado do que é beleza. Portanto, o

conceito de beleza muda com o tempo e não é semelhante em todas as sociedades. “Por

essa razão, podemos pensar no corpo como algo que se produz historicamente, o que

equivale dizer que o nosso corpo só pode ser produto do nosso tempo, seja do que dele

conhecemos, seja do que ainda está por vir.” (Guacira,2003,p. 38).

Com o passar do tempo, o corpo cada vez mais a mostra, os indivíduos sentem a

necessidade de serem vistos e notados. Para isso buscam-se alternativas e técnicas capazes

de tornar o corpo uma “máquina” cada vez mais eficiente e bela.

Imagens do corpo e cultura de consumo burgueses desde o início do século. É

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Por Ana Lúcia de Castro

“Mas o que teria levado as sociedades contemporâneas a intensificar a preocupação com o corpo e colocá-la como um dos elementos centrais na vida dos indivíduos? É possível arriscarmos algumas hipóteses.

A década de 1920 foi crucial na formulação de um novo ideal físico, tendo a imagem cinematográfica interferido significativamente nessa construção. No fim dessa década, mulheres, sob o impacto combinado das indústrias do cosmético, da moda, da publicidade e de Hollywood, incorporam o uso da maquiagem, principalmente o batom, em seus cotidianos e passam a valorizar o corpo esbelto, esguio.

A explosão publicitária no pós-guerra, por sua vez, foi, sem dúvida, grande responsável pela difusão de hábitos relativos aos cuidados com o corpo e às práticas de higiene, beleza e esportivas, preconizadas por médicos e moralistas

importante ressaltar a mudança de comportamento que se impunha nesse momento: ao colocarem suas imagens (estrelas de cinema com sorriso branco e cabelos brilhantes anunciando creme dental e xampu), esses profissionais da publicidade colocavam em jogo novas práticas, difundiam uma nova maneira de lidar com o próprio corpo e um novo conceito de higiene.

Por fim, os anos 80 podem ser entendidos como um marco importante para a temática, na medida em que nessa década a corporeidade ganhou vulto nunca antes alcançado, em termos de visibilidade e espaço no interior da vida social, pois se no período anterior os cuidados com o corpo visavam a sua exposição durante o verão, a partir da década de 80 as práticas físicas passam a ser mais regulares e cotidianas, expressando-se na proliferação das academias de ginástica por todos os centros urbanos”.

(O artigo na íntegra está disponível em

http://www.peabirus.com.br/redes/form/p

ost?pub_id=35953)

Para refletir:

� “Os padrões estéticos sempre foram, e ainda são, ditados por valores socioculturais

– cada época respondeu social e culturalmente aos padrões de beleza desejados. Os

padrões ditam as normas e as regras do que é certo ou errado, do que é feio ou

belo, do que dever ser aceito ou rejeitado pela sociedade”. (Stenzel, citado por

Simões ,2004,p.90)

� “Por todas essas razões, seria pertinente, antes de tudo, indagar sobre os

significados que, neste momento e nesta cultura, estão sendo atribuídos a uma dada

aparência corporal; seria importante indagar sobre os processos históricos e

culturais que possibilitaram que determinadas características se tornassem tão

especiais; sobre os processos que permitiram, finalmente, que certas características

passassem a “valer mais” do que outras. Porque, no fundo, é disso que se trata: não

é possível ignorar que no processo de atribuição de identidades (e ao mesmo

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tempo, de atribuição de diferenças) está em ação um jogo de poder. As identidades,

constituídas no contexto da cultura, produzem-se em meio a disputas, supõem

classificações, ordenamentos, hierarquias; elas estão sempre implicadas num

processo de diferenciação”. (Louro, 2000,p.62)

SUGESTÕES DE ATIVIDADES:

• Proponha que os alunos montem um mural que retrate os padrões de beleza em

cada época. A partir daí levante questões acerca da beleza de outras épocas, a

maneira de se vestir, de se portar, a linguagem, tudo o que está retratado em

diferentes épocas. Indague como eles avaliam a beleza de outras épocas e como

percebem a contraposição com a beleza de hoje;

• Exiba aos alunos vídeos e/ou fotos que mostrem o “antes” e o “depois” de uma

sessão de fotos. Em seguida exiba, através de revistas ou vídeos, como o fotoshop

transforma rostos e corpos;

• Proponha uma discussão acerca dos estereótipos de beleza midiático avaliando:

- que tipos físicos são escolhidos para aparecer em determinados programas de TV?

- Em quais programas o corpo é mais explorado?

- Por que alguns comerciais exibem o corpo ao anunciar alguns produtos que fogem

totalmente da natureza do produto?

• Registrar no Memorial algumas reflexões acerca do que foi discutido bem como das

atividades propostas.

ANOTAÇÕES:

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1.3 A IMAGEM REFLETIDA...

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Fonte: http://www.stockxpert.com/browse_image/view/27229751/?ref=sxc_hu

“Imagem... Daquilo que vejo... daquilo que vês... Se não me reconheço reflexo de mim mesmo Então... sou o que? Um sonho... uma miragem... Um recorte apenas Não mais que isso... A imagem Daquilo que sonho... daquilo que queria ser!”

Rosane Capilé

A aparência física tem se tornado um fator cada vez mais importante na vida das

pessoas. Nesse sentido, existe uma forte pressão social para que os indivíduos sejam

“bonitos” e “fortes”. O exagero da vaidade muitas vezes é levado ao extremo para

responder às exigências da moda. As pessoas querem ser magras a qualquer custo, mesmo

que isso custe a própria saúde.

A mídia tem uma grande influência nisso. A idéia de humanidade está se perdendo

a partir de coisas fúteis. Os conteúdos expostos diariamente nas revistas de moda, nas

novelas, nos programas de TV, etc, valorizam um certo padrão de beleza que cria uma série

de ilusões, entre elas, a de que para ser belo (a) ou para ser feliz, precisa-se estar

exatamente dentro dos padrões estabelecidos pela mídia.

Entre os vários exemplos que nos fazem refletir sobre a ditadura da beleza, está a

do filme Shrek, uma história que fala de encontros com o “outro”, e que evidencia as

relações de desigualdade que podem gerar espanto, desconforto, estranheza entre outros

sentimentos controversos em relação à dificuldade de lidar com o diferente. Para não ser

objeto de olhares de desagrados e estranheza, Shrek prefere se isolar no pântano, onde

considera ser possível encontrar a paz que não consegue em outros ambientes onde haja a

convivência com outros indivíduos.

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No Subsídio sobre ética “ Vendo Shrek com os olhos da ética”2 Jarbas Jovelino

Barato, aponta que:

Pessoas não compreendidas ou não aceitas pelos outros podem passar por dramas

semelhantes, sonhando com um outro eu que nada tem a ver com elas mas que

corresponde aos padrões de aceitação da sociedade. Fogem de si mesmas. Negam

suas origens. Têm vergonha de mostrar suas verdadeiras caras. E sofrem muito

porque suas supostas monstruosidades não desaparecem.

Essa fuga pode ser um dos caminhos buscados por vítimas de bullying. O bullying é

praticado a todos os momentos pela sociedade, quando rotula as pessoas e promove,

mesmo que veladamente, o preconceito, criando padrões de beleza. É um fenômeno que

ocorre principalmente nas escolas, entre colegas de sala, quando a vítima, além de receber

apelidos vexatórios, é excluída do grupo e algumas vezes humilhada por uma ou mais

pessoas.

O FENÔMENO BULLING A palavra é de origem inglesa, sem uma tradução específica, e refere-se a uma

determinada situação na qual um indivíduo (bully) ou um grupo de indivíduos (bullies) aleatoriamente, hostiliza ou molesta outro(s). Caracteriza-se principalmente pela repetição, e acontece quando um ou mais indivíduos elegem outro (ou outros) para tiranizar, oprimir, amedrontar, intimidar ou humilhar, dessa forma, expondo-o a ações agressivas dais quais a vítima não pode ou não consegue se defender efetivamente e tão pouco motivar alguém para fazê-lo. Na maioria das vezes as vítimas são pessoas tímidas, retraídas que têm certa dificuldade de se expressar ou socializar-se e, geralmente, demonstram insegurança, passividade, submissão, ansiedade, baixa auto-estima. “É um comportamento cruel, intrínseco nas relações interpessoais, em que os mais fortes convertem os mais frágeis em objetos de diversão e prazer, através de brincadeiras que disfarçam o propósito de maltratar e intimidar”, segundo Fante (2005,p.29). Ao que se poderia denotar como um comportamento anti-social, cuja intenção é a de causar danos físicos ou psicológicos na vítima muitas vezes de forma aberta, através de ações hostis e deliberadas, por meio de apelidos pejorativos, zoações, perseguições, difamações, comentários racistas e sexistas, disfarçada naquilo que os agressores alegam ser uma “brincadeira” e às quais as vítimas não denunciam por medo de represálias.

O fenômeno bullying pode ocorrer em vários ambientes, no ambiente de trabalho, quando a intimidação regular e persistente atinge a integridade e confiança da vítima; entre vizinhos, essa prática é identificada quando alguns moradores possuem atitudes propositais e sistemáticas com o fim de atrapalhar e incomodar os outros, e, falando especificamente do ambiente escolar, grande parte das agressões é psicológica, ocasionada principalmente pelo uso negativo de apelidos e expressões pejorativas. Os meninos, com

2 Disponível em: http://jarbas.wordpress.com/8-subsidio-sobre-etica/

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uma freqüência muito maior, estão mais envolvidos com o Bullying, tanto como autores quanto como alvos. Já entre as meninas, embora com menor freqüência, o bullying também ocorre e se caracteriza, principalmente, como prática de exclusão ou difamação.

O bullying, de fato, sempre existiu. O que ocorre é que, com a influência da

televisão e da internet, os apelidos pejorativos foram tomando outras proporções, como

um reflexo da ambigüidade na qualidade dos conteúdos das programações de TV e

musicais, salas de bate-papo, entre outros. Da mesma forma que favorecem a troca de

informações e a socialização, também viabilizam uma formação errônea e despudorada, o

que pode vir a se tornar um ambiente conivente tanto ao bullying quanto ao ciberbullying,

uma modalidade nova e bem mais requintada de bullying, que favorece a disseminação dos

maus tratos virtuais, respaldado na impunidade e anonimato, onde através de montagens

de fotografias ou filmagens, pessoas usando nomes falsos ou fazendo-se passar por outras,

difamam, ameaçam ou espalham boatos cruéis sobre familiares ou colegas,devido à

popularização de equipamentos eletrônicos e o acesso à web.

Para refletir:

Cirurgia de Lipoaspiração

Herbert Viana

A sociedade consumidora, a que tem dinheiro, que produz, não pensa em

mais nada além da imagem, imagem, imagem.

Imagem, estética, medidas, beleza. Nada mais importa.

Não importam os sentimentos, não importa a cultura, a sabedoria, o

relacionamento, a amizade, a ajuda, nada mais importa.

Não importa o outro, o coletivo. Jovens não têm mais fé, nem idealismo,

nem posição política.

Adultos perdem o senso em busca da juventude fabricada.

O trecho da música acima nos possibilita algumas reflexões:

� O que motiva as pessoas a sonharem com tudo aquilo que é mostrado na mídia?

� Existe necessidade de se estar enquadrado nesses padrões de beleza para ser feliz?

Por quê?

� Que estereótipos estão sendo criados? Qual o papel das mídias nisso tudo?

� A beleza não deveria incluir somente a forma física. Há que se pensar que a beleza

está no modo de ser de cada indivíduo, o que envolve a maturidade, os sentimentos, o

comportamento, o modo de agir em geral, que não pode ser deixado de lado em nome de

uma cultura de extrema valorização da aparência corporal.

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SUGESTÕES DE ATIVIDADES:

� Analise a letra da música “Cirurgia de lipoaspiração” de Herbert Viana e faça com os

alunos um paralelo sobre o contexto abordado na letra e a realidade da sociedade

consumista em que estamos inseridos;

� Distribua aos alunos revistas e em grupos peça a eles que montem o “rosto” de uma

pessoa, juntando os olhos de um, boca de outro, cabelos, enfim, artistas que acham

bonitos como acham que ficariam se tivessem os olhos de um outro artista. Montar

um rosto masculino e um feminino. Ao final, exponha os trabalhos para a classe e

discuta sobre o resultado com os alunos:

- Foi o esperado?

- Ficou melhor? Ficou pior?

- Existe uma beleza ideal?

� Exiba recortes do Filme Sherek e A Bela e a Fera e discuta acerca da feiúra, da

doçura e da gentileza dos personagens principais, do preconceito acerca da feiúra,

do ditado “Quem ama o feio...bonito lhe parece”, da amizade verdadeira;

� Trabalhe com os alunos o texto sobre o assunto, fazendo comentários acerca do

mesmo;

� Debata com os alunos acerca do Bullying:

- Existe na sua escola?

- Já presenciou cenas de bullying?

- Como reagiria se presenciasse uma cena?

- Como reagiria se estivesse sendo vítima de bullying?

- O que acha que poderia ser feito para conter determinados comportamentos,

como preconceito e bullying?

- Você acha que a TV estimula a prática do bullying? Em que programas isso

acontece mais?

� Exiba o vídeo com a música “É tão lindo“ Simoni e Roberto Carlos como referência

de uma amizade verdadeira não importando o aspecto físico;

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� Escreva no quadro-de-giz o seguinte esquema:

BULLYNG

AÇÕES PRESENTES FORMAS DE COMBATER

- Entregue aos alunos uma folha de sulfite em branco e solicitar que eles procedam da

mesma maneira, organizando;

- Na primeira coluna relacione algumas ações que podem estar presentes no fenômemo

Bullying :

(ofensas; gozações; amedrontações; tiranizações; discriminações; exclusões; intimidações;

perseguições; assédios; agressões; humilhações )

- Para finalizar, na outra coluna, sugira aos alunos que citem atitudes que podem ser

tomadas para evitar e combater o bullying.

- Organize um mural com as atividades dos alunos.

- Peça aos alunos para anotarem as opiniões no Memorial. Peça a alguns dos alunos para

lerem as suas anotações e teça comentários elogiando e estimulando-os nessa prática.

ANOTAÇÕES:

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1.4 TEM QUE MALHAR...TEM QUE SUAR...

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Fonte:

www.stockxpert.com/browse.image/view/17004

5/?ref=sxc.hu

“Tem que correr, tem que suar, tem que malhar (vamos lá!) Musculação, respiração, ar no pulmão (vamos lá!) Tem que esticar, tem que dobrar, tem que encaixar (vamos lá!) Um, dois e três; é sem parar, mais uma vez”

(Marcos Vale)

A mídia reforça a imagem de que saúde e beleza estão interligadas independente de

o sujeito ser realmente saudável ou não, assim evidencia o desejo das pessoas em se

sentirem atraentes e se lançarem na busca de uma aparência física idealizada, sem se darem

conta que por trás de um corpo esculpido com músculos torneados pode existir um

processo de estetização da vida cotidiana atrelado à cultura de consumo.

No que se refere a isso, Vaz (2006) aponta:

Assim como os shoppings centers são os templos do consumo, as academias de

ginástica e musculação são, por excelência, os templos contemporâneos de

celebração do domínio e do sacrifício do corpo. Não por acaso muitas academias

instalam-se justamente nos shoppings centers. Como nos templos religiosos de

outros tipos, elas exigem vocabulário,hierarquia, roupagem, gestos, sons, gostos,

olhares e odores muito próprios, assim como as orações sempre repetidas e as

penitências peculiares.(p.66)

As academias, poderíamos assim dizer, podem se tornar os verdadeiros shoppings

do corpo. Ou seja, não basta estar lá com o intuito de entrar em forma há que se exibir

também os diversos acessórios utilizados durante essa prática corporal, como tênis, joggers,

amarradores de cabelo, squizes, entre outros objetos estéticos voláteis, como sugere o

autor. Assim os nichos de academias vêm sendo transformados em espaços socialmente

reforçados por intensos apelos midiáticos de consumo de toda ordem.

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Para refletir:

� Diante dessa constante vigilância que corrobora para que projetemos um único

padrão de imagem corporal, devemos nos questionar sobre uma série de mitos que

não condizem com a realidade, assim como faz-se necessário atentar para o fato de

que existe uma disparidade quando se toma a magreza como exemplo de saúde e,

na contra mão disso, a gordura como sinônimo de doença. Uma pessoa pode ser

magra mas no entanto, não gozar de uma saúde perfeita,assim como uma pessoa

que está acima do peso, não significa necessariamente estar doente; até porque

pessoas magras também estão sujeitas a desenvolverem quadros clínicos associados

à doenças que teoricamente teriam relação direta com o excesso de peso. Entre

algumas indagações poderíamos avaliar:

- Até que ponto um corpo magro é sinônimo de um corpo saudável?

- Só é gordo realmente quem quer?

- Qual o papel da mídia nessa ditadura do “corpo perfeito”?

FABRICAÇÃO DE IDEOLOGIAS E ESTÉTICAS DO CORPO “MALHADO”

“Vale dizer, inicialmente, que o termo malhação – gíria utilizada de forma corriqueira no universo das academias de ginástica e musculação – tem sido adotado no meio para representar, simbolicamente, qualquer modalidade de exercitação física praticada com elevada freqüência e intensidade. [...]Pode-se dizer sem muita hesitação que, na contemporaneidade, as academias de ginástica constituem um dos signos mais emblemáticos da cultura da corpolatria instaurada em nosso tempo. Nesses redutos, via de regra, desfilam corpos malhados, bem como outros que buscam alcançar tal status.

Mesmo nessa legião de candidatos fanáticos por corpos sarados, são vários os que desistem. Alguns logo de início, outros em médio prazo, por considerarem muito sacrificante o processo para ficarem em boa forma, muito embora, pelo discurso midiático, a promessa da beleza e da juventude esteja estendida a toda a população. [...] Constata Couto (2003, p. 172) que:

De um lado, está uma ampla maioria condenada à condição de subumanos, com suas deficiências. De

outro, uma minoria capaz de se reprojetar e se reconstituir tecnicamente, ultrapassando os limites da

configuração biológica; os que conseguem atingir a categoria e o status de pós-humanos. Entre eles,

muitos de nós, esperançosos, ávidos, antenados, ansiosos, sintonizados, realizando esforços para

acoplar sempre mais os nossos corpos às tecnologias avançadas, buscando a transmutação, o próximo

upgrade em nome da eficiência, da beleza da boa forma, enfim, da saúde total e uma vida longa, muito

longa.

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Sarados, suados, definidos, esculpidos, malhados! Corpos produzidos conforme determina um figurino que preza uma bela imagem. Talvez para quem vislumbre as silhuetas que resultam desses “demorados, dispendiosos e traumáticos rituais de sacrifício físico” (FRAGA, 2003, p. 98), pareça fácil, prazeroso, natural. Afirma-se (MALYSSE, 2002, p. 102) até que:

[...] para ter um corpo perfeito, basta ter força de vontade. A morfologia é considerada o resultado de um trabalho, a prova de uma distinção corporal. Todas as revistas femininas dizem que é preciso força de vontade para mudar o corpo, mas nunca dizem que também é preciso uma cultura adequada e dinheiro suficiente.

Cultura da “corpolatria e body-building:notas para reflexão. Por: Adriana Estevão e Marcos Bagrihevsky . Disponível em:

<http://www4.mackenzie.com.br/fileadmin/Graduacao/CCBS/Cursos/Educacao_Fisica/REMEFE-3-3-

2004/art1_edfis3n3.pdf>

SUGESTÕES DE ATIVIDADES:

• Exiba vídeos do “You Tube”3 sobre propagandas de marketing e faça indagações aos

alunos:

- Por que as pessoas se preocupam tanto em adquirir produtos de marca?

- Por que a indústria publicitária explora a imagem dos artistas pra divulgar o

produto?

- O produto é melhor devido o fato de estar na mídia sendo anunciado por

famosos?

• Sugira aos alunos que verifiquem a programação das novelas e/ ou minisséries

avaliando:

- Em que horário o corpo está mais exposto?

- Você acha que essa exposição do corpo está relacionada com a audiência?

- Qual o perfil corporal dos atores que estão nessa novela?

• Proponha que os alunos analisem as revistas que colocam o corpo em evidência,

examinando:

- a que público se destina?

- Quais as principais mensagens impressas nas revistas de moda e beleza?

3 Alguns endereços do You Tube referentes à propagandas de marketing estarão disponíveis nos anexos.

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- As “receitas prontas” para emagrecer e entrar em forma, são válidas ?

- Se não houver também uma mudança nos hábitos alimentares, seria válido seguir

as séries de exercícios para emagrecer e entrar em forma sugerida nessas revistas?

- Que tipo de propagandas são mais veiculadas nessas revistas e com que intenção?

• Sugira aos alunos que criem um “produto” destinado a melhorar a beleza (cremes,

aparelho de ginástica, acessórios, etc.) Posteriormente, que criem a propaganda

desse produto para expor aos demais colegas da sala. Tanto o produto quanto a

propaganda serão analisados pelos grupos, gerando uma discussão sobre o que são

verdades e mitos, e como ocorre, na opinião deles, a interferência da mídia na

aquisição de determinados produtos da moda;

• Promova com os alunos um debate sobre a cultura de consumo atrelada à ditadura

do corpo perfeito;

• Registre no memorial juntamente com os alunos as discussões e as opiniões acerca

do assunto abordado.

ANOTAÇÕES:

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1.5 SEMEANDO VENTO...COLHENDO TEMPESTADE!

Fonte: http://www.sxc.hu/photo/960519

“Ah, meninas da moda, de rosto exangues, de pernas finas, com ar

triste de pássaros engaiolados, o que o mundo da moda fez com vocês?

... tristes meninas”

Luiz Nacif

O bombardeio de informações veiculadas por intermédio de imagens, palavras e sons

midiáticos acaba criando predominantemente nas meninas (mas não exclusivamente),

distúrbios alimentares como a anorexia e a bulimia. Nos meninos, normalmente nos anos

finais da adolescência, esta busca pelo ideal projetado, acaba influenciando a utilização de

esteróides anabólicos cujo efeito mais comum é o aumento significativo da massa corpórea

o que pode prover ao usuário uma vantagem na prática de esportes de competição, mas a

médio e longo prazo essas substâncias também podem produzir graves efeitos colaterais.

Portanto, é fundamental uma reflexão acerca da ditadura estética a qual uma

parcela significativa de jovens, na sua maioria, do sexo feminino, parecem estar submetidos.

Sobretudo porque isso denota uma desvalorização dos adolescentes em relação a sua auto-

imagem, pois os padrões estéticos veiculados pela mídia não condizem com as condições

reais de saúde e de sobrevivência. Um desses exemplos são as sucessivas e dramáticas

mortes de jovens que apresentam transtornos alimentares adquiridos por influência de uma

sociedade de consumo que privilegia a busca da beleza exterior ao definir padrões de beleza

praticamente impossíveis de serem atingidos pela maioria das pessoas.

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TRANSTORNOS ALIMENTARES NA

ADOLESCÊNCIA: EM BUSCA DO CORPO

IDEAL

“No contexto atual, há uma profunda valorização da forma estética enquanto fator de representação social. Ser belo(a), jovem e magro(a) virou uma assídua busca social. Nos dizeres de Zenóbio:

Ser bonito, atraente, magro, enfim, estar em boa forma: itens de uma lista ideal de pedidos para uma vida realizada atualmente. Mecanismos de uma auto-encenação que setornam mais sutis e avançam até a última e primeira instância humana: o corpo. Fato observável é que um ideal da beleza normaliza, cada vez mais, corpos abstraídos de uma medida ideal. (Zenóbio, 2005, p.5)

O contorno corporal perfeito é amplamente associado à beleza, completude, e felicidade, fazendo com que pessoas façam uso indiscriminado de dietas abusivas, produtos dietéticos sem orientações, e a prática excessiva de exercícios físicos. Ter um corpo perfeito é ter competência, elegância, classe, disciplina ter força de

vontade e felicidade. A questão estética deixa de ser harmonia e passa a ser imposição, transformando uma “verdadeira epidemia de culto ao corpo”. Este culto ao corpo, transforma o corpo em corpo-objeto, distante do corpo sujeito, a tentativa de ser algo que não lhe compete. As pessoas em geral, em particular as adolescentes, costumam crer que modelos, artistas de cinema e de televisão sejam protótipos a serem copiados. São lançados então, esforços para a obtenção do perfil estético estabelecido. Surgindo um quadro propício para a emergência da anorexia e bulimia. Tendo em vista que a anorexia e bulimia Surgem com grande freqüência na adolescência, é fundamental elucidar que sempre houve condições favoráveis para o desabrochar destes, mas no contexto atual elas ganharam um novo álibi, uma vez que a supervalorização do corpo vira sinônimo de status social”. Sara Lopes Fonseca Luiz Carlos Castelo Branco Rena Disponível em: <http://www.fafich.ufmg.br/mosaico/index.

php/mosaico/article/viewFile/17/13>

Para refletir:

� Como se processa a questão da aparência no que diz respeito aos homens?

� Enquanto no universo masculino o desvio com relação ao padrão de beleza está

associado à falta de tempo, em função do ritmo atribulado da vida profissional, para

as mulheres não cultivar a beleza é falta de vaidade .

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SUGESTÕES DE ATIVIDADES:

- Comente com os alunos a Lenda de Narciso4 e teça comentários sobre o fato de estarmos

vivendo em uma sociedade onde narcisismo parece ser o espelho da nova geração;

- Exiba vídeos do “You Tube” sobre Vigorexia5: relacionar ao uso de anabolizantes e o ganho

rápido de massa muscular;

- Exiba vídeos do “You Tube” sobre Anorexia e Bulimia e promova um debate com os

alunos à respeito da parcela de responsabilidade da mídia sobre a tirania que o ideal de

corpo esquelético exerce nas pessoas;

- Distribua revistas de moda e beleza para os alunos, propondo os seguintes

encaminhamentos:

GRUPO 1

- Deverá fazer uma análise das capas das revistas, observando e procurando descrever o

biotipo das(os) modelos, as roupas que geralmente estão usando nas fotos, que está mais

em evidência nas capas, as modelos das capas são conhecidas ou desconhecidas?

GRUPO 2

- Deverá fazer uma análise da capa das revistas observando as “frases de chamadas” mais

comuns, se atrelam as prescrições anunciadas nas frases com os corpos de artistas que

estão em evidência, as palavras que mais aparecem e as matérias anunciadas com mais

ênfase.

GRUPO 3

- Deverá fazer uma análise das matérias mais comuns, o que geralmente se discute nessas

matérias e as atividades físicas mais indicadas, as dietas, as dicas de beleza, etc.

GRUPO 4

- Deverá fazer uma análise das propagandas mais veiculadas e se há mais matérias ou mais

propagandas nessas revistas.

Cada grupo poderá organizar cartazes acerca do seu tema de discussão e expô-los para os

demais grupos da classe. Por fim, todos deverão participar de uma discussão acerca desse

veículo midiático refletindo sobre como ele interpela as pessoas na ditadura do “corpo

perfeito”.

- Solicite aos alunos que registrem no Memorial as discussões acerca da Anorexia, Bulimia e

4 Na Mitologia Grega, Naciso era um herói do território de Téspias, Beócia, famoso pela sua beleza e orgulho.

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a Vigorexia e das atividades desenvolvidas.

ANOTAÇÕES:

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No dia do seu nascimento, o adivinho Tirésias vaticinou que Narciso teria vida longa desde que jamais contemplasse a própria figura.

5 A Vigorexia, mais comum em homens, se caracteriza por uma preocupação excessiva em ficar forte a todo

custo. Apesar dos portadores desses transtornos serem bastante musculosos, passam horas na academia

malhando e ainda assim se consideram fracos, magros e até esqueléticos. Uma das observações psicológicas

desses pacientes é que têm vergonha do próprio corpo, recorrendo assim aos exercícios excessivos e à

fórmulas mágicas para acelerar o fortalecimento, como por exemplo os esteróides anabolizantes.

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VÍDEOS YOU TUBE

http://br.youtube.com/watch?v=u1evKKbwTe8 http://www.youtube.com/watch?v=6RZZlQDSmBM&NR=1 http://br.youtube.com/watch?v=mi8AQPmx-Eg http://www.mondobirra.org/sfondi/skol16.sized.jpg http://farm2.static.flickr.com/1232/739474543_2bc1bcb21e.jpg http://i284.photobucket.com/albums/ll40/bboyboca/bboy.jpg http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://bp1.blogger.com/_JjLYeO-sLrM/SG0omyTXnOI/AAAAAAAABHY/mvtiU2BZouE/s400/nike_youknow.jpg&imgrefurl=http://propagandopropaganda.blogspot.com/2008/07/nike-hyperdunk.html%3FshowComment%3D1216837500000&h=400&w=309&sz=30&hl=pt-BR&start=88&usg=___vl2L6wmC5tkrTrl5G99mdoxjnE=&tbnid=L01L2aLreDi_RM:&tbnh=124&tbnw=96&prev=/images%3Fq%3Dpropagandas%2Bda%2BNike%26start%3D72%26gbv%3D2%26ndsp%3D18%26hl%3Dpt-BR%26sa%3DN

FILMES Shrek – EUA, 2001 – Direção: Andrew Adamson e Vicky Jenson

Shrek 2 – EUA, 2004 – Direção: Andrew Adamson

A bela e a fera – EUA, 1991 - Direção: Gary Trousdale e Kirk Wise

Billi Eliot – Inglaterra, 2000 – Direção: Stephen Daldry

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EXOS

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CONSULTAS ON LINE

A Lenda de Narciso. Disponível em:

<http://www.sofadasala.com/lendas/narciso.htm>

Anorexia e Bulimia na mídia de massa - uma reflexão crítica.

Disponível em:

<http://encipecom.metodista.br/mediawiki/index.php/Anorexia_e

_Bulimia_na_m%C3%ADdia_de_massa_%E2%80%93_uma_reflex%

C3%A3o_cr%C3%ADtica> Acesso em: 15/09/08

Se liga, Charles. Disponível em:

<http://www.edicoessm.com.br/ArchivosColegios/edicoessmAdmi

n/Archivos/Guias%20de%20Leitura/Se%20liga,%20Charles!_WEB.p

df> Acesso em: 20/11/08

De cinderela a moura torta: sobre a relação mulher, beleza e

feiúra. Disponível em:

< http://scielo.bvs-psi.org.br/scielo.php?pid=S1413-

29072003000100002&script=sci_arttext&tlng=pt< Acesso em:

06/05/08

Educação Física e Mídia. Disponível em <http://www.multirio.rj.gov.br/portal/riomidia/rm_materia_conteudo.asp?idioma=1&idMenu=5&label=Artigos&v_nome_area=Artigos&v_id_conteudo=64938< Acesso em: 28/10/08 O adolescente e a Mídia . Disponível em : <http://www.artigonal.com/educacao-artigos/o-adolescente-e-a-midia-382507.html> Acesso em: 08/09/08

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EXOS

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BIBLIOGRAFIA

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BUILDING: notas para reflexão. Disponível em:

http://www.peabirus.com.br/redes/form/post?pub_id=35953

DAOLIO, Jocimar. Da cultura do corpo. Campinas,SP: Papirus,1995

DIRETRIZES CURRICULARES DE EDUCAÇÃO FÍSICA PARA OS ANOS

FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL E PARA O ENSINO MÉDIO.

Curitiba, PR: SEED, 2008. Disponível em:

<http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/arquivos/F

ile/livro_e_diretrizes/diretrizes/diretrizeseducacaofisica72008.pdf.

>Acesso: 01/08/2008

FRAGA, Alex Branco. ANATOMIAS DE CONSUMO: investimentos

na musculatura masculina. In: Educação & Realidade. Julho/dez,

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LOURO, Guacira Lopes.CORPO, ESCOLA E IDENTIDADE. In:

Educação & Realidade. Julho/dez,2000

LOURO, Guacira Lopes; NECKEL, Jane Felipe; GOELNER, Silvana

Vilodre (organizadoras). Corpo,Gênero e sexualidade: um debate

contemporâneo na educação. Petrópolis, RJ:Vozes,2003.

FONSECA,Sara Lopes .RENA, Luiz Carlos Castelo Branco .

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<http://www.fafich.ufmg.br/mosaico/index.php/mosaico/article/vi

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SIMÔES, Antonio Carlos; KNIJNIK,Jorge Dorfman

(organizadores). O mundo psicossocial da mulher no

esporte:comportamento, gênero e desempenho. São

Paulo:Aleph,2004

VAZ, Alexandre Fernandez. Corpo, educação e indústria cultural na

sociedade contemporânea: notas para reflexão. In: Pro-posições,

v.14, n.2 - maio/agosto,2003

REFER

ÊNC

IAS