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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4 Cadernos PDE VOLUME I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE

VOLU

ME I

JAIME JUNKES

O EFEITO ECONÔMICO E ECOLÓGICO DO APROVEITAMENTO DA ÁGUA DAS CHUVAS

LONDRINA - PR

2010

O EFEITO ECONÔMICO E ECOLÓGICO DO APROVEITAMENTO DA ÁGUA DAS CHUVAS

JAIME JUNKES

Professor licenciado em Ciências Contábeis pela FECEA de Apucarana, Especialista em Administração, Supervisão e Orientação Educacional, Docente de Contabilidade na Rede Estadual de Ensino do Paraná e Professor PDE – SEED/PR 2009/2010.

RESUMO Este artigo é resultado do trabalho de investigação direcionado para as questões metodológicas e as práticas pedagógicas de ensino-aprendizagem no dia-a-dia da sala de aula, abordando o tema sobre o aproveitamento de água das chuvas para uso em funções essenciais, utilizando uma nova proposta metodológica que despertasse maior interesse e participação do aluno. O objetivo geral deste estudo foi pesquisar junto com os alunos sistemas de captação da água das chuvas em reservatórios, para usos residenciais e industriais como forma alternativa para evitar o desperdício da água potável, bem como sua viabilidade econômica. Para este projeto utilizamos da pesquisa bibliográfica e uma pesquisa de opinião realizada junto aos alunos para avaliação da proposta apresentada e a produção de um caderno temático contendo textos sobre o aproveitamento da água das chuvas que foi utilizado como apoio à proposta pedagógica. Para o encaminhamento metodológico tivemos cuidado com a seleção do conteúdo para compor o caderno temático, o preparo dos vídeos, e as experiências, procurando articular os conceitos ao tempo histórico de vida dos alunos com a finalidade de despertar seu senso crítico, tornando-os sujeitos atentos aos acontecimentos à sua volta, oportunizando aos mesmos a reflexão e tomada de consciência da realidade que os envolve. Percebemos pela atitude e participação dos alunos e também pelo resultado da pesquisa feita com eles que a proposta foi bem aceita e provocou a curiosidade pela descoberta e principalmente por visualizar a aplicabilidade e importância do conteúdo apresentado. Concluímos que é necessário apresentar para nossos alunos desafios metodológicos que despertem seu interesse pela busca de solução para os problemas apresentados pelo processo de ensino e aprendizagem. Palavras-chave: Metodologia, água, aproveitamento, preservação, ambiente

ABSTRACT This article is the result of research work directed to the methodological approaches and pedagogical practices of teaching and learning in day-to-day classroom, addressing the issue on the use of rainwater for use in essential functions, using a new methodology would arouse greater interest and participation of the student. The aim of this study was to investigate along with the students feedback systems of

rainwater in tanks for residential and industrial uses as an alternative way to avoid wastage of drinking water as well as its economic viability. For this project we used the literature and a survey conducted with students to evaluate the proposal and the production of a thematic dossier containing texts on the use of rain water that was used as a pedagogical support for the proposal. For referral had methodological careful selection of content to compose the theme journal, the preparation of the videos, and experiences, trying to articulate the concepts of historical time students' lives in order to awaken their critical thinking, making them subject attentive to the events around them, giving opportunity to the same reflection and awareness of the reality that surrounds them. We noticed the attitude and participation of students and also the result of research done with them that the proposal was well received and led to the discovery and curiosity mainly to view the applicability and importance of the content presented. We conclude that it is necessary to provide our students methodological challenges that spark his interest in seeking solutions to the problems presented by the process of teaching and learning. Keywords: Methodology, water reclamation, conservation, environment. Introdução

Atualmente uma das grandes preocupações das autoridades

governamentais e dos ambientalistas é com relação à água disponível no planeta.

Isto porque a provisão de água doce está diminuindo a nível mundial. Uma pessoa

em cada cinco não terá acesso à água potável, dentro de algumas décadas. Em

parte, isso se deve ao crescimento desordenado das populações urbanas e também

ao mau uso deste bem natural.

O processo de aumento populacional provoca uma maior utilização dos

recursos naturais, ocasionando enormes prejuízos na natureza, diminuindo a

qualidade de vida dos indivíduos que residem nas pequenas e grandes cidades, em

conseqüência do crescimento acelerado do setor urbano e industrial que aumenta

excessivamente o consumo de água. Quanto maior o aglomerado urbano, maior a

demanda diária per capita.

A revista Science, publicou em julho de 2000, uma pesquisa onde mostrou

que aproximadamente 2 bilhões de habitantes enfrentam a falta de água no mundo.

Em breve poderá faltar água para irrigação em diversos países, principalmente nos

mais pobres. De acordo com esta pesquisa, os continentes mais atingidos pela falta

de água são: África, Ásia Central e o Oriente Médio. Entre os anos de 1990 e 1995,

a necessidade por água doce aumentou cerca de duas vezes mais que a população

mundial. Isso ocorreu provocado pelo alto consumo de água em atividades

industriais e zonas agrícolas. Infelizmente, apenas 2,5% da água do planeta Terra

são de água doce, sendo que apenas 0,08% estão em regiões acessíveis ao ser

humano.

Em se tratando do Brasil pode-se dizer que é um país privilegiado, pois aqui

estão 11,6% de toda a água doce do planeta, mas a grande preocupação está

justamente relacionada ao uso desta água porque em todo o mundo, domina uma

cultura de desperdício de água, pois ainda se acredita que ela é um recurso natural

ilimitado. O que se deve saber é que apesar de haver 1,3 milhões de km3 livre na

Terra, segundo dados do Ministério Público Federal, nem sequer 1% desse total

pode ser economicamente utilizado, sendo que 97% dessa água se encontram em

áreas subterrâneas, formando os aqüíferos, ainda inacessíveis pelas tecnologias

existentes.

Percebe-se então a necessidade de um trabalho mais consistente de

conscientização dos cidadãos, com a finalidade de reeducação e em contra partida a

melhor preservação do meio. Conscientização esta que deve começar pela escola e

que necessita ser de maneira prática para sensibilizar os educandos e comprometê-

los a responsabilizar-se também pela preservação do meio ambiente.

O estilo de vida das pessoas constitui o fator mais importante para a

necessidade de uma avaliação responsável pela análise da necessidade de

estabelecer as estruturas de como utilizar melhor os recursos naturais e assim

elevar o comprometimento dos cidadãos em relação às melhorias dos danos

causados, conquistando melhor qualidade de vida para todos. Para se conquistar a

qualidade de vida é preciso ter centros urbanos onde seus habitantes planejam suas

atividades de forma a preservar o meio ambiente, mantendo o equilíbrio entre os

interesses econômicos e as questões ambientais.

A água é um recurso natural utilizado pela maioria da população e da classe

empresarial com certo descaso, desconsiderando a preservação do meio para as

gerações futuras. A conscientização pelo não desperdício da água, pela sua

utilização correta e consciente nas residências e nas empresas, seja de pequeno ou

grande porte, provocará uma grande economia não só qualitativamente como

quantitativamente também.

Inquietos com a situação do desperdício de água potável que se percebe em

todos os âmbitos, seja nas residências, seja nas indústrias, e acompanhando

notícias alarmantes de que a água é cada vez mais um bem escasso no planeta,

notadamente em nosso país, e cientes de que a Escola tem como um de seus

objetivos a educação de um cidadão consciente, crítico e transformador do meio em

que vive, busca-se desenvolver um trabalho que possa motivar o alunado para

atingir este objetivo.

Com a conscientização do alunado no processo educacional juntamente

com a reestruturação do ambiente, torna-se mais fácil buscar soluções para os

problemas que mais causam impacto no meio ambiente, visando melhorar a vida

dos cidadãos além de representar grande economia. Um desenvolvimento pleno e

harmonioso é alcançado com o processo de aprendizagem permanente evoluindo

de acordo com a mudança do modo de agir das pessoas e das empresas.

Será então enfatizado neste projeto, a iniciação desse trabalho na área

educacional, com o objetivo de apresentar sugestões práticas para o aproveitamento

de água das chuvas para uso em funções essenciais, sendo que é um processo já

utilizado em países desenvolvidos, porém não muito utilizado no Brasil. Tal

aproveitamento pode ser feito a nível industrial, empresas em geral, propriedades

rurais e até mesmo nas residências.

A utilização de águas das chuvas trata-se de uma medida para evitar o

desperdício, sendo considerada ecologicamente correta. A água coletada não deve

ser utilizada para fins de consumo humano. A captação pode ser feita através de

meios sistematizados onde calhas coletam a água levando-a a um reservatório.

Existem maneiras mais simples de coleta, porém, é preciso fazê-la de forma

cuidadosa e responsável, tomando todas as medidas de segurança tanto para a

captação como para o armazenamento.

A adaptação quanto ao aproveitamento de águas das chuvas, além de

representar uma preocupação com o meio ambiente e evitar o desperdício deixando

o uso de água tratada para outros afins, representa uma economia mensal relevante

aos cofres públicos, como também para o usuário, podendo ser de 30% a 60% o

desconto da sua fatura de água com o aproveitamento de água das chuvas.

Dessa forma, podemos, dentro da sala de aula, despertar no educando a

preocupação com o uso da água, o interesse pela sua correta utilização e a busca

constante de alternativas que possam suprir essas necessidades, possibilitando ao

educando em curso ou após a conclusão de seus estudos, levar a conhecimento da

coletividade e desenvolver projetos sobre a água, visando o seu melhor

aproveitamento e racionalização da água tratada. Portanto, o objetivo geral deste

estudo foi pesquisar junto com os alunos sistemas de captação da água das chuvas

em reservatórios, para usos residenciais e industriais como forma alternativa para

evitar o desperdício da água potável, bem como sua viabilidade econômica.

Além disso, os objetivos específicos visavam orientar sobre as formas de

aproveitamento de água das chuvas e assim trabalhar a realidade do meio ambiente

conscientizando os alunos sobre a questão do bem estar futuro; incentivar os alunos

a realizarem uma pesquisa em residências e indústrias verificando como é feito o

uso da água tratada nestes locais, sua fonte fornecedora e seu consumo em metros

cúbicos, bem como a existência de sistemas de captação da água das chuvas;

elaborar, através da coleta de dados, demonstrativos identificando a viabilidade

econômica do aproveitamento da água das chuvas; construir junto com os alunos,

maquetes, slides, fotos de sistemas para captação, filtragem e armazenamento de

água da chuva.

Diante disto, desenvolveu-se um projeto junto aos alunos do Ensino Médio e

Profissionalizante, sobre o aproveitamento da água das chuvas, para usos

domésticos e industriais que não necessitam de água potável, como parte do

processo de conscientização que deve ser inserido na educação para que sejam

repassados à vida diária, alcançando assim um processo de economia de água,

economia financeira e preservação da ecologia.

Pretende-se que os resultados possam ser aproveitados pela população em

geral, contribuindo também para a preservação do bem mais precioso para a vida no

planeta. Fundamentação Teórica

De toda água disponibilizada no mundo, 97,5% é salgada e uma porção

mínima de 2,5% corresponde à água doce. Entretanto, destes 2,5% cerca de 30%

correspondem às águas subterrâneas do planeta e somente 0,6% correspondem às

águas doces de lagos, rios e reservatórios (BIO, 2002).

Mas com um olhar mais atento pode-se observar que aproximadamente 53%

da vazão média disponível na América do Sul pertencem ao Brasil, e isso, em

relação à produção hídrica mundial, corresponde a 12%. Contudo, a má distribuição

hídrica e populacional brasileira contribui para a escassez deste recurso. (TOMAZ,

2003).

Para ser considerada potável e própria para o consumo humano, a água é

definida como a água cujos parâmetros microbiológicos, físicos, químicos e

radioativos atendam ao padrão de potabilidade e que não ofereça riscos à saúde,

segundo a Portaria Nº. 518 de 25 de março de 2004 do Ministério da Saúde que

regulamenta os padrões de potabilidade para água de consumo humano no Brasil.

A água potável deve ter sabor e odor agradável isto é, não objetáveis, ter

baixas unidades de cor aparente e turbidez, ausência de Escherichia coli ou

coliformes termotolerantes (em 100 ml) e não conter substâncias químicas em

concentrações que possam causar mal à saúde humana.

Para não incorrer em risco para a saúde humana, basta observar a NBR

9896/03 que apresenta um glossário de poluição das águas trazendo as seguintes

definições para os tipos de águas:

a) Água de Chuva – Água proveniente da precipitação atmosférica, resultante da

condensação do vapor d’água, em conseqüência do seu resfriamento, ao ponto de

saturação, e devido a causas diversas. O mesmo que água meteórica e água pluvial.

b) Água para o Consumo Humano – água destinada a ingestão pelos seres

humanos e que possui características benéficas ao conjunto de fenômenos

biológicos, físicos e químicos essenciais à vida; deve, assim, estar em conformidade

com os parâmetros biológicos, físicos e químicos, normalmente fixados em padrões

de potabilidade, tornando-a apta ao consumo humano.

c) Água Potável - Água de qualidade ao consumo humano, que deve satisfazer

os padrões de potabilidade.

Lembrando que o odor e sabor são originados de sais e gases dissolvidos

na água e determinam a aceitabilidade para consumo humano. O consumidor por

sua vez, deseja uma água isenta dessas características.

Porém cabe lembrar que o homem precisa de quantidade suficiente de água,

pois se utiliza dela para diversas atividades que desempenha durante o dia, como:

preparação de alimentos, higiene pessoal, descargas de banheiro, lavagem de

roupas, etc. A água utilizada para este fim é a água tratada, o que poderá acarretar

problemas futuros. De acordo com Fendrich (2002):

O crescimento populacional aliado com os problemas de escassez de água e a poluição dos mananciais que abastecem as cidades acarretam na dificuldade das companhias responsáveis pelo abastecimento em manter a demanda de água com as devidas exigências de qualidade. (FENDRICH, 2002, p. 398).

O autor destaca ainda a importância da conscientização da população, sobre

a utilização racional da água tratada que chega às residências, reduzindo o

consumo indevido deste recurso e incentivando o uso de água de chuva para usos

não potáveis. Com isso minimizaria os problemas de escassez de água e os

impactos causados pelas chuvas devido a urbanização como enchentes, como estas

que ocorrem nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro diminuindo inclusive o

avanço das erosões.

Na tabela abaixo apresentamos uma amostragem do consumo de água

potável nas residências de acordo com estimativa do Programa Nacional de

Combate ao Desperdício de Água – PNCDA (1998),

Tabela 1 – Distribuição do consumo de água potável por ponto de consumo, nas residências

Pontos de Consumo % da Distribuição do Consumo Descargas de banheiro 38 Chuveiro 29 Lavatório 5 Lavagem de roupa 17 Lavagem de louça 6 Preparação de alimentos 5 TOTAL 100

Fonte: Adaptado de FENDRICH (2002)

Como se observa, os pontos de maior consumo da água tratada são

justamente os locais onde não tem necessidade de água tratada: o banheiro das

casas, onde são consumidos 67% do total, ficando em segundo plano o consumo

com a lavagem de roupas. Nesse caso, o aproveitamento da água de chuva, além

de resultar em economia de água potável, contribui também para mitigar problemas

relacionados com a escassez de recursos hídricos. É uma forma de uso mais

racional da água potável e de se evitar seu uso para fins não potáveis, reduzindo a

pressão sobre os mananciais.

Aproveitamento da água da chuva

O aproveitamento da água das chuvas já não é novo. Têm-se notícias de

que as primeiras cisternas surgiram há milhares de anos. Bem antes de Cristo. Os

principais motivos que levam à decisão para se utilizar água de chuva são

basicamente os seguintes: conscientização e sensibilidade da necessidade da

conservação da água potável, elevadas tarifas de água das concessionárias

públicas, instabilidade do fornecimento de água pública, consumo consciente de

água tratada, entre outros.

Porém, para se utilizar a água das chuvas existem critérios e normas de

segurança a serem seguidas. A norma ABNT NBR 15527 - Água de chuva -

Aproveitamento de coberturas em áreas urbanas para fins não potáveis publicada

em setembro de 2007 pela ABNT, entrou em vigor seis meses depois, no mês de

março de 2008. Com isso, todos os projetos no Brasil que tenham como escopo o

aproveitamento de água de chuva de coberturas em áreas urbanas para fins não

potáveis deverão seguir suas recomendações técnicas. A partir desta publicação o

aproveitamento de água de chuva não pode receber o termo reuso de água de

chuva e nem ser chamado de reaproveitamento. O termo reuso é usado somente

para água que já foi utilizada pelo homem em lavagem de mãos, bacia sanitária,

lavagem de roupas, banhos, etc. Reaproveitamento é semelhante ao reuso,

significando que a água de chuva já foi utilizada e, portanto, não está correto.

De acordo com o Engenheiro Ambiental Marcos Antonio Schlottag, a

importância desta norma para os profissionais da área de construção se traduz na

certeza de estar utilizando uma ferramenta capaz de garantir um projeto com

anotação de responsabilidade técnica atendendo desta forma uma demanda

crescente no mercado nacional, de medidas não convencionais de conservação de

água acompanhando uma tendência global de cunho social, econômico e ambiental.

Um projeto deste tipo deve levar em consideração três variáveis

fundamentais: precipitação, área de coleta e a demanda prevista, uma vez que a

idéia básica é coletar água de chuva e reservá-la para depois fazer seu uso. Assim é

necessário verificar a viabilidade econômica, através da análise da disponibilidade

pluviométrica da região e a previsão de demanda do usuário para posterior definição

do dimensionamento do reservatório de água de chuva. A água de chuva, assim como a energia solar, está disponível na maioria

das regiões. Sua retenção e aproveitamento concorrem para reduzir outros

problemas como as enchentes nas cidades e a ameaça de conflitos sociais pela

água. Hoje, há preocupação por parte dos governos e ambientalistas com relação à

administração adequada dos recursos hídricos. Segundo PALMIER (2001), a gestão

dos recursos hídricos é tema de grande responsabilidade para os representantes do

poder público, pois em muitas regiões, a demanda de água excede a quantidade

disponível.

Por esta razão, tem-se observado nos últimos anos o desenvolvimento de

novas tecnologias referentes ao manejo de recursos hídricos. Com isso, observa-se

também novas expansões no uso de técnicas de aproveitamento de água de chuva,

tanto em regiões onde já eram utilizadas, como em locais onde eram desconhecidas

(PETRY & BOERIU, 2000 citado por MAY, 2004).

Em alguns países como nos Estados Unidos, Alemanha e Japão, são

oferecidas algumas vantagens para quem construir sistemas de captação e

armazenamento da água da chuva.

Ainda nesses países, por exemplo, o processo de captação da água de

chuva começou visando a retenção das águas pluviais como medida preventiva no

combate a enchentes urbanas. Porém no decorrer do tempo o aproveitamento da

água ganhou espaço em função do risco de escassez e, também, para promover a

recarga dos subsolos que são a principal fonte de abastecimento de água nestes

países (GROUP RAINDROPS, 2002).

Embora a prática do aproveitamento de água de chuva no Brasil remonte

aos primeiros assentamentos na época do Descobrimento, a atual conjuntura renova

a oportunidade dessa medida sob a égide da sustentabilidade. Porém ainda hoje no

Brasil, as águas de chuva são encaradas pela legislação como esgoto, pois ela

usualmente vai dos telhados, e dos pisos para as bocas de lobo, carreando todo tipo

de impurezas, dissolvidas, suspensas, ou simplesmente arrastadas mecanicamente,

para um córrego que vai acabar dando num rio que por sua vez vai acabar suprindo

uma captação para Tratamento de Água Potável. Claro que essa água sofreu um

processo natural de diluição e autodepuração, ao longo de seu percurso hídrico,

como dito anteriormente, nem sempre suficiente para realmente depurá-la.

Utilidade da água da chuva

Muitos se questionam o porque de aproveitar a água das chuvas. O sistema

de aproveitamento de água de chuva pode ser aplicado na lavagem de vasos

sanitários, sistemas de ar-condicionado, sistemas de controle de incêndio, lavagem

de veículos, lavagem de pisos e ainda na irrigação de jardins.

Nas indústrias e estabelecimentos comerciais, a água de chuva pode ser

utilizada para resfriamento de telhados e máquinas, climatização interna, lavanderia

industrial, lava jatos de caminhões, carros e ônibus e limpeza industrial, entre outros.

Além disso, o armazenamento da água de chuva, também em áreas

urbanas, favorece a redução do consumo de água potável e a melhor distribuição da

carga de água de chuva imposta ao sistema de drenagem urbana.

É preciso ressaltar ainda, conforme explica o Engenheiro Ambiental Marcos

Antonio Schlottag, que o aproveitamento de água de chuva é para consumo não

potável sendo restrito ao uso não nobre como irrigação de jardins, lavagem de

veículos, limpezas de calçadas e ruas, descargas em bacias sanitárias e usos

industriais.

Os reservatórios desta água podem ser construídos utilizando diversos

materiais como: plástico, fibra, concreto e outros. O reservatório também pode ser:

elevado, apoiado ou enterrado que é a popular cisterna. Abaixo apresentamos dois

exemplos de formas de captação e armazenamento da água da chuva. Outros

existem, porém serão pesquisados pelos alunos envolvidos no projeto.

Exemplo 1: Conjunto de calhas, condutores, filtros e cisterna de

armazenamento de águas pluviais:

Fonte:Internet. Disponível em: http://www.revistatechne.com.br/engenharia-civil/133/artigo77982-6.asp. Acesso em 12/04/10

Exemplo 2: Uso de barril de madeira e canos de PVC:

Fonte:Internet.Disponível:http://www.revistatechne.com.br/engenharia-civil/133/artigo77982-6.asp. Acesso em 12/04/10 Abaixo colocamos um exemplo de como pode ser feita a captação da água

da chuva.

Fonte: Internet. Disponível em:http://www.revistatechne.com.br/engenharia-civil/133/artigo77982-6.asp. Acesso em 12/04/10

A coleta de água de chuva diminui o pico de inundações provocadas por

chuvas torrenciais nos grandes centros urbanos, quando aplicada em larga escala e

de forma planejada. O aproveitamento de água de chuva para usos não potáveis

diminui a demanda de água tratada fornecida pelas companhias de saneamento,

possibilitando o atendimento a novos consumidores sem incremento da rede de

distribuição e das estações de tratamento.

Porém é preciso estar atento que não basta apenas captar a água da chuva

também é necessário tratá-la. Estudos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do

Estado de São Paulo mostram que o tratamento da água pluvial captada é

obrigatório devido aos riscos associados ao material carreado pela água de chuva

quando do escoamento sobre a cobertura. Observa-se a presença de material

grosseiro, como folhas, gravetos, sementes e sólidos suspensos e dissolvidos

originados de fezes de pássaros, gatos e roedores, além de material particulado fino

sedimentado sobre as coberturas a partir de suspensão aérea, além de

microrganismos patogênicos presentes em águas de coberturas, conforme mostram

as pesquisas. (MAY, 2004).

Daí a importância de se seguir a NBR 15527/07 para concretizar o projeto de

aproveitamento de água de chuva, promovendo a conservação da água,

economizando dinheiro e preservando o meio ambiente.

Encaminhamento metodológico

Para este projeto utilizamos da pesquisa bibliográfica em livros, artigos,

periódicos e internet para compor a fundamentação teórica e uma pesquisa

realizada com os alunos do Ensino Médio Profissionalizante do Colégio Estadual

Marques de Caravelas – Ensino Fundamental e Médio, de Arapongas através da

aplicação de um questionário com perguntas estruturadas, para avaliar como os

alunos reagiram com a nova dinâmica. Após a aplicação do questionário, procedeu-

se a análise e interpretação dos dados.

Ao iniciarmos a intervenção pedagógica tivemos o cuidado de apresentar o

projeto à direção e equipe técnica pedagógica e também aos alunos

conscientizando-os sobre os objetivos e importância do projeto.

Ao final da exploração dos textos do caderno temático, os alunos criaram em

grupos, uma maquete onde estava demonstrado um projeto para captação da água

das chuvas. Como parte das atividades, também produziram slides sobre todo os

processo de captação das águas para apresentação aos demais alunos do colégio.

Produção didático- pedagógica – Caderno Temático

O professor PDE necessita, como parte do processo de formação

continuada, elaborar uma produção didático-pedagógica de acordo com seu objeto

de estudos que no nosso caso envolveu a criação de um caderno temático, com

textos sobre o “Aproveitamento da água das chuvas”, sob a supervisão do

orientador que acompanhou o todo o processo de elaboração dos materiais,

devidamente sistematizados no Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola. No

período de afastamento das atividades para participar do Programa PDE,

organizamos os planos de aula, a escolha dos vídeos de acordo com os temas

estudados e entre outros e a produção de um caderno temático contendo vários

textos sobre o aproveitamento da água das chuvas para usos não domésticos e

industriais que foi utilizado com os alunos do Ensino Médio Profissionalizante

durante a implementação da proposta no Colégio Marquês de Caravelas.

Os textos escolhidos para compor o caderno temático estavam devidamente

sincronizados com a grade curricular e o cronograma das disciplinas técnicas, e

organizado com o objetivo de motivar e conscientizar o aluno para as questões

ambientais utilizando com cuidado os recursos disponíveis na natureza, focando

mais especificamente a água.

O objetivo foi contribuir para a busca de novos parâmetros de ensino e

formação de alunos conscientes e preocupados com a qualidade de vida, com a

preservação ambiental e principalmente sobre o uso consciente da água,

considerando que com a aquisição de novos conhecimentos, o aluno tenha maior

consciência de como usar do novo conhecimento para melhoria da qualidade de

vida da sociedade em que vive, agindo com responsabilidade e ética em suas

ações.

Resultados

A implementação deste projeto com a nova proposta metodológica e

desenvolvimento dos textos do caderno temático sobre o aproveitamento de água

das chuvas para usos não domésticos e industriais com todo material didático

produzido, ocorreu em 5 turmas do Ensino Médio e Profissionalizante, do Colégio

Estadual Marques de Caravelas de Arapongas com um total de 145 alunos.

Também os professores de outras turmas com seus alunos foram convidados a

participar da apresentação do tema, que aconteceu no auditório do Colégio. Após o

estudo e reflexão sobre os textos abordados, os alunos responderam um

questionário de avaliação que teve por objetivo verificar a receptividade pela nova

metodologia e também sobre o aproveitamento e importância dos conteúdos

analisados.

Utilizaremos o método estatístico para apresentação dos resultados,

optando por apresentar alguns dados em forma de gráficos e outros em tabelas.

Também utilizaremos os comentários feitos pelos alunos para complementar os

dados.

Como primeira questão, indagamos se os alunos gostaram do conteúdo

sobre o aproveitamento da água das chuvas. E obtivemos o seguinte resultado: 135

(93%) gostaram do conteúdo e 10 (7%) não gostaram. Solicitados a justificar suas

respostas, os alunos que responderam positivamente, se manifestaram conforme o

apresentado na tabela 2.

Tabela 2 – Questionário sobre a opinião dos alunos que aprovaram o conteúdo,

baseado na seguinte pergunta: ”Porque gostei do conteúdo”.

OPÇÕES TOTAL % Aprendi como a água da chuva pode ser aproveitada 23 17% Aprendi que aproveitando a água da chuva economizamos na conta de água.

35 26%

Aprendi que precisamos saber usar a água potável para não faltar no futuro

31 23%

Porque o futuro dos recursos hídricos depende de nós 22 16% Porque os vídeos serviram de incentivo para cuidar da natureza 24 18% Total 135 100%

Como se pode observar pelas respostas dos alunos, 93% deles conseguiu

perceber a mensagem que pretendíamos passar, isto é, despertar o interesse sobre

a importância do uso consciente da água potável.

Os que se manifestaram negativamente (7%) colocam não “entenderam

nada”; que “o vídeo era ruim” e que “ninguém vai fazer aquilo que foi mostrado”

porque isso é “perda de tempo”. Embora num segundo momento, quando

indagamos se o aluno considera importante aprender estes conteúdos sobre

aproveitamento da água das chuvas para seu dia a dia notamos que 100% dos

alunos responderam que sim.

O desenvolvimento de conceitos, conhecimentos, hábitos e atitudes são

produtos indispensáveis para o desenvolvimento humano na sociedade. Sendo

assim o esforço deve ser conjunto para desenvolver habilidades e competências,

que visa a preparação para que o aluno possa assumir seu papel de cidadão

consciente e atuante na sociedade em que vive.

Indagados se a metodologia proposta pelo Professor facilitou o aprendizado,

obtivemos o seguinte resultado: Dos 145 alunos, apenas 2% disseram não e 98%

responderam afirmativamente. Quando solicitados a dizer o porquê de sua resposta,

os alunos se manifestaram o seguinte:

Tabela 3 – A metodologia proposta pelo professor facilitou o aprendizado? Por quê?

OPÇÕES TOTAL % De modo claro e objetivo nos mostrou como aproveitar a água das

chuvas

17 12%

Foi uma explicação bem concreta e prática 19 13%

Porque ajudou a ver que aproveitando a água da chuva não vai

faltar mais tarde

14 10%

Porque no vídeo foi usada uma linguagem bem clara 25 18%

Que não precisa muito dinheiro para reaproveitar a água da chuva 23 16%

Mostrou os benefícios que isto traz ao planeta 16 11%

O vídeo junto com a explicação do professor facilitou o

entendimento

29 20%

Nota-se que quando se propõe uma forma diferenciada de apresentar um

conteúdo, como no caso, através de estudo de texto, apresentação de vídeo

referente ao assunto associando com temas atuais que dizem diretamente à vida do

aluno e da sociedade há compreensão e aproveitamento. Essa mudança de atitude

na prática pedagógica é que vai conduzir a uma educação de qualidade. Não

somente a qualidade técnica e a mídia, mas as qualidades inerentes à autonomia,

identidade e desenvolvimento profissional e pessoal do professor. Estes “requisitos”

são determinantes de uma nova competência produtiva direcionada à aprendizagem

e construção de conhecimentos e saberes produzidos pela humanidade, resultando

na flexibilidade, desburocratização, informação, dinamismo.

Perrenoud (2002, p.22) afirma que “é importante direcionar as formações

temáticas, transversais, tecnológicas, didáticas e mesmo disciplinares (sobre os

saberes a ensinar) para uma prática reflexiva”. É nesse sentido que vamos despertar

em nossos alunos o gosto pelos saberes escolares.

Questionados sobre as dificuldades encontradas para entender o conteúdo

da forma como foi proposto, obtivemos o seguinte resultado, conforme figura 1:

Figura 1- Dificuldades para entender o conteúdo

113

23 9

0

20

40

60

80

100

120

opções

Nenhuma

O som do vídeo

Entender como se faz oencanamento parareaproveitar a água

Como se observa 78% dos alunos disseram não ter nenhuma dificuldade,

16% relataram que entenderam o conteúdo, porém o som do vídeo estava um pouco

ruim e 6% não entenderam como se faz o encanamento para coletar a água da

chuva. Diante disso, percebe-se que os alunos não tiveram dificuldade com a forma

como foi proposto o conteúdo e sim com fatos pontuais, que não interferiram no

aprendizado.

Quando nós professores, como mediadores do processo de aprendizagem,

reinventamos a nossa prática a partir da nossa própria ação, os alunos interagem

melhor e aprendem o conteúdo que lhes é proposto.

Na questão sobre “O que mais lhe chamou a atenção/o que você aprendeu

com a experiência prática? Selecionamos as respostas agrupando pelo conteúdo e o

resultado é apresentado na figura 2:

Figura 2 – Fatores que chamaram a atenção dos alunos

46

28 29 27

15

0

10

20

30

40

50A carta do ano 2070, me impressionou,assustou

Economizar a água e aproveitá-la bem

A economia na conta de água e obaixo custo de instalação do sistemade captação

Os exemplos práticos de como fazer osistema de captação

Todos somos responsáveis peloplaneta

Conforme observamos na figura acima, a maioria dos alunos (32%) ficaram

impressionados com a carta do ano de 2070; 19%, perceberam a importância de

economizar a água e aproveitá-la bem; 20% perceberam que com o aproveitamento

da água da chuva há economia na conta de água e o custo de instalação do

sistema de captação é baixo; 19% consideraram os exemplos práticos de como

fazer o sistema de captação e 15% entenderam que somos todos responsáveis pelo

planeta.

Provocar essas inquietações nos alunos é de suma importância para

comprometê-lo a mudar de atitude. A aprendizagem de valores e atitudes é pouco

explorada do ponto de vista pedagógico. De acordo com os PCNs, há estudos que

apontam a importância da informação como um fator de formação e transformação

de valores e atitudes.

Assim, levar os alunos a conhecer os problemas ambientais e saber de suas

conseqüências desastrosas para a vida humana é importante para promover uma

atitude de cuidado e atenção a essas questões, valorizar ações preservacionistas e

aquelas que proponham a sustentabilidade como princípio para a construção de

normas que regulamentem as intervenções econômicas. Mas é importante destacar

que somente a informação não é suficiente para ensinar valores e atitudes. Por isso

a atitude do professor é fundamental para promover aprendizagens que permitam

efetivar o desejo de participação e o exercício consciente de sua cidadania,

praticando atitudes com os conhecimentos adquiridos.

Quando indagados sobre o material apresentado sobre a importância do

aproveitamento da água das chuvas temos o seguinte resultado conforme apresenta

a figura 3:

Figura 3 – Opinião dos alunos sobre o material apresentado

0

20

40

60

80 Interessantes

Motivados

Monótonos ecansativos

Na opinião de 54% dos alunos, o material é interessante; para 40%, é

motivador e apenas 5% consideraram monótonos e cansativos. Assim, entende-se

que o aluno gosta e participar quando o professor modifica sua prática pedagógica.

Isso no leva a refletir sobre professor que vem para ministrar sua aula desmotivado,

muitas vezes, sem planejar as atividades que serão desenvolvidas, abre o livro texto

e pede para os alunos estudarem cada um em sua carteira, contagia sua turma e

acaba desmotivando a sala de aula, sem deixar de considerar o elemento

"expectativas" em relação a seu trabalho e a seu aluno, que norteiam todo o

entusiasmo ou abnegação da atividade pedagógica. O rendimento dessa sala se vê

comprometido por essas atitudes do professor. Hoje, mais do eu nunca é preciso

buscar formas alternativas de saberes e experiências para encantar os alunos.

Segundo Cunha (2001, p. 37) “a inovação na educação é um conceito de

caráter histórico-social marcado por uma atitude”. Entende-se que a inovação, como

explica Cunha, procura explorar novas alternativas que podem se tornar em

importantes marcos para a construção de outras alternativas na sala de aula.

Portanto, ela constitui-se em uma experiência pessoal que permite ao professor

estabelecer relações significativas entre diferentes contextos e saberes, provocando

inquietações nos sujeitos. A inovação da prática docente facilita e provoca a

compreensão daquilo que dá sentido ao conhecimento principalmente se estiver

ligado à sua praticidade cotidiana

Sobre se a metodologia proposta e os textos proporcionaram conhecimentos

que facilitaram a experiência prática, os alunos assim se posicionam, conforme

tabela abaixo:

Tabela 4 – Com a metodologia proposta nas apresentações o aluno conseguiu:

OPÇÕES TOTAL %

Entender melhor o conteúdo e associar ao seu dia-a-dia 62 42,7%

Perceber a importância da aplicabilidade do assunto proposto 25 17,3%

Ver a importância para a preservação ambiental e da água 58 40%

Como se vê, com a nova metodologia, 42,7% dos alunos entendem melhor o

conteúdo e conseguem associar ao seu dia-a-dia; 40%, conseguem ver a

importância para a preservação ambiental e da água e para 17,3%, fica claro a

importância da aplicabilidade do assunto proposto

Isso nos mostra o quanto é importante a seleção do material didático a ser

utilizado em sala de aula, o que deve ser alvo de constante reavaliação. Por isso é

preciso que o professor tenha bem claro o objetivo que pretende atingir para que

realmente ocorra uma renovação na prática pedagógica. De acordo com Machado

(1999), O conhecimento precisa ser considerado um caminho pelo qual os homens poderão compreender refletir e atuar em sue cotidiano. Para tornar as aulas [...] um espaço de produção de conhecimento histórico, deve-se proporcionar aos alunos acesso à prática de pesquisa, motivando-os a buscarem informações em diversas fontes (documentos, textos, obras de arte e literárias, objetos de cotidiano, depoimentos orais e escritos, fotografias, caricaturas), superando a tradicional concepção de pesquisa (MACHADO, 1999, p. 216)

Caso contrário corre-se o risco de apenas transcrever uma informação

contida em bibliografias o que conotaria a apropriação de um conhecimento já

elaborado. Portanto, no momento em que o mundo passa por profundas

transformações e rápidos avanços tecnológicos, econômicos, social e político, a

escola precisa agilizar a sua caminhada para que a educação acompanhe esse

permanente processo de mudanças. Para a escola estar inserida e articulada ao

contexto social é preciso pensar em uma educação dinâmica, humanística, formativa

e acima de tudo, democrática. Ela não é a única responsável pela justiça social, mas

precisa, através de um trabalho educativo eficaz e coerente amenizar as

desigualdades e preparar o indivíduo da melhor maneira possível para enfrentar os

problemas do cotidiano (ROCHA, 1996).

Solicitados a citar pontos positivos e negativos sobre a proposta

metodológica para o tema estudado, os alunos colocam como pontos positivos:- a

forma como o professor apresentou o conteúdo; - a clareza das explicações; a

facilidade para entender o assunto; a dinâmica; a motivação do professor. E como

pontos negativos somente a questão da qualidade do vídeo, que dificultou um pouco

para ouvir.

Entendemos assim que a interação professor-aluno deve acontecer por meio

de uma proposta capaz de fazer da sala de aula, um espaço de produção de

conhecimento, onde a formação do educando perpasse o nível de informação e seja

capaz de desenvolver habilidades, defender idéias, enriquecer a sua postura,

resgatar valores e atitudes democráticas, tornando-o capaz de realizar uma leitura

crítica da realidade, tornando-se agente de transformação (ROCHA, 2001).

Assim, de acordo com o pensamento de Rocha (1996),

[...] uma educação de qualidade é aquela que permite ao aluno construir em seu ser instrumentos teóricos, tais que, lhe possibilitem uma leitura crescente da realidade social. Assim sendo, a prática do professor deverá estar voltada para a aquisição e treino no manejo dos conceitos das ciências sociais pelos seus alunos. (ROCHA, 1996, p. 50-51)

Portanto, vale lembrar as quatro premissas apontadas pela UNESCO como

eixos estruturais da educação na sociedade contemporânea:

• Aprender a conhecer: [...] O aumento dos saberes que permitem

compreender o mundo favorece o desenvolvimento da curiosidade intelectual,

estimula o senso crítico e permite compreender o real, mediante a aquisição

da autonomia na capacidade de discernir.

• Aprender a fazer: [...] Privilegiar a aplicação da teoria na prática e enriquecer

a vivência da ciência na tecnologia e destas no social passa a ter uma

significação especial no desenvolvimento da sociedade contemporânea.

• Aprender a viver: Trata-se de aprender a viver juntos, desenvolvendo o

conhecimento do outro e a percepção das interdependências, de modo a

permitir a realização de projetos comuns ou a gestão inteligente dos conflitos

inevitáveis.

• Aprender a ser: [...] supõe a preparação do indivíduo para elaborar

pensamentos autônomos e críticos e para formular os seus próprios juízos de

valor, de modo a poder decidir por si mesmo, frente às diferentes

circunstâncias da vida (UNESCO, 1994).

Conclusão

Na proposta metodológica apresentada no presente estudo, tivemos cuidado

com a seleção do conteúdo para compor o caderno temático, o preparo dos vídeos,

e as experiências, procurando articular os conceitos ao tempo histórico de vida dos

alunos para desenvolver neles o entendimento crítico, tornando-os sujeitos atentos

aos acontecimentos à sua volta, oportunizando aos mesmos a reflexão e tomada

de consciência da realidade que os envolve.

Percebemos pela atitude e participação dos alunos e também pela pesquisa

feita com eles que a proposta foi bem aceita e provocou a curiosidade pela

descoberta e principalmente por visualizar a aplicabilidade e importância do

conteúdo apresentado.

Percebemos que é preciso procurar uma forma que impulsione e desenvolva

o interesse do alunos. A falta de preparação antecipada gera a desmotivação que

pode trazer graves conseqüências para o aluno que não consegue aprender da

forma tradicional como esperamos que ele aprenda. Desta forma, precisamos

encantar nossos alunos buscando formas de aproximar os conteúdos da realidade,

mostrando a relevância de sua participação para uma qualidade de vida provocando

neles o comprometimento com a transformação desta mesma realidade.

Foi gratificante trabalhar desta forma, por isso, pretendemos adotar esta

prática em nosso fazer pedagógico, transformando a questão do aprender em uma

atividade atraente e participativa.

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