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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE

Sirlei Martelli

POLUIÇÃO SONORA E APRENDIZAGEM: UM ESTUDO DA ACÚSTICA

APLICADA AO AMBIENTE ESCOLAR

GUARAPUAVA - PR

2010

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SIRLEI MARTELLI

POLUIÇÃO SONORA E APRENDIZAGEM: UM ESTUDO DA ACÚSTICA

APLICADA AO AMBIENTE ESCOLAR

Produção Didático-Pedagógica – Unidade Didática - do Programa de Desenvolvimento Educacional na área de Ciências apresentado à Universidade Estadual do Centro-Oeste - UNICENTRO.

Professor Orientador: Eduardo Vicentini.

GUARAPUAVA - PR

2010

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DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Orientador: Prof. Eduardo Vicentini.

Professora PDE: Sirlei Martelli.

IES: UNICENTRO.

Núcleo Regional de Ensino: Laranjeiras do Sul.

Série de Aplicação do Projeto: 8ª série.

Escola de Aplicação do Projeto: Colégio Estadual Castro Alves -

Ensino Fundamental e Médio.

Conteúdo Estruturante: Energia.

Conteúdo Básico: Transformação de energia.

Conteúdo Específico: Ondas sonoras.

Abordagens: Poluição sonora; Ondas; Sistema Auditivo; Aprendizagem;

Ruído Ocupacional.

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SUMÁRIO

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO...........................................................................03

INTRODUÇÃO.................................................................................................. 06

1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA....................................................................09

1.1 O Ensino da Energia Sonora no Currículo de Ciências...............................09

1.2 Características Físicas das Ondas Sonoras................................................11

1.3 A anatomia do ouvido..................................................................................14

1.4 Poluição Sonora...........................................................................................16

1.4.1 Ruído........................................................................................................24

1.5 A importância da acústica nas salas de aulas.............................................29

1.5.1 Diretrizes acústicas para salas de aula....................................................29

1.5.1.1 Reverberação........................................................................................29

1.5.1.2 Absorção................................................................................................30

1.5.1.3 Inteligibilidade da Fala...........................................................................31

2. NA SALA DE AULA......................................................................................32

2.1 Apresentação do Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola................32

2.2 Conceitos de energia...................................................................................32

2.3 Atividades práticas – Som...........................................................................32

2.3.1 Ver as vibrações.......................................................................................33

2.3.2 Produção do som......................................................................................33

2.3.3 O som é uma onda..................................................................................35

2.4 Anatomia do ouvido humano.....................................................................36

2.5 Atividade prática – Anatomia do ouvido.....................................................36

2.6 Palestra......................................................................................................37

2.7 Atividade de pesquisa em grupo................................................................37

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2.8 Visita técnica..............................................................................................37

2.9 Atividade prática- poluição sonora.............................................................38

2.10 Pesquisa de campo....................................................................................39

2.11 Dia “D” na escola.......................................................................................40

REFERÊNCIAS.................................................................................................41

ANEXOS............................................................................................................44

ANEXO A: Como se produz o som....................................................................45

ANEXO B: Anatomia e fisiologia do ouvido.......................................................46

ANEXO C: A influência do ruído ambiental no organismo humano...................51

ANEXO D: Poluição sonora...............................................................................55

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INTRODUÇÃO

A relação entre meio ambiente e saúde, não é uma preocupação

recente. A poluição sonora está cada vez mais intensa, desencadeando

ações e formas de controle para minimizar suas conseqüências nocivas. A

exposição ao ruído ocupacional em sala de aula pode comprometer à saúde

auditiva e interferir diretamente no rendimento físico e mental.

As escolas são exemplos típicos de propagação e exposição sonora.

Sua localização, espaço físico, número de pessoas (alunos e funcionários),

vozes, gritos, diversos ruídos, são fatores que intensificam os riscos de

ocorrerem comprometimentos na audição e aprendizagem.

A escola como veículo de comunicação, está sobremaneira afetada pela

poluição sonora, sendo transformada em vilã do aprendizado, como tem sido

constatado por estudos fonoaudiólogos através de medições com o auxílio de

decibelímetros, que nas escolas o nível médio de ruído chega a 57 decibéis em

sala de aula (MAGALHÃES, 2002).

Contudo, convém esclarecer que não é só o ruído interno, oriundo do

ambiente escolar que provoca um desconforto ambiental, há também os ruídos

externos como a buzina de um caminhão, o escapamento de um carro, entre

outros. Desse modo, tal fato nos leva a pensar em como diminuir a poluição

sonora no ambiente escolar e até mesmo na situação dos profissionais de

ensino diante das limitações existentes nas escolas quanto à poluição sonora

(SOUZA, 2005).

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No nosso cotidiano temos percebido também muitos alunos se tornando

usuário do walk-man, mp4 e outros dispositivos sonoros, sem ter consciência

de que a sua utilização em intensidade sonora fora dos padrões normais, pode

vir a afetar a sua audição de forma temporária ou de forma crônica. Com isso,

constata-se que o ambiente escolar se encontra poluído e doentio em sua

sonoridade. Professores-alunos, embora impactados por essa degradação,

dado a sua invisibilidade e contínua presença, tanto no espaço físico escolar

quanto extramuros da escola, dela só se dão conta quando afetados

fisiologicamente, como o surgimento da dor de cabeça, da fadiga, da perda

auditiva entre outras, ou psicologicamente como a irritação permanente, a

perda de atenção, concentração, etc (SOUZA, 2005).

O presente estudo quer apontar os perigos que a poluição sonora pode

causar no ambiente escolar, assim como os danos auditivos e possíveis

comprometimentos no rendimento escolar.

Audição e poluição sonora são conteúdos específicos, trabalhados como

energia sonora no Ensino Fundamental e sendo temas pertencentes ao

nosso plano de trabalho, fica realmente clara a necessidade de abordá-los

de forma esclarecedora e preventiva.

Desse modo, promover atividades que envolvam audição, poluição

sonora e saúde fazem parte desta proposta, que vem de encontro com as

necessidades de muitas escolas e, para que a utilização de experimentos

didáticos em sala de aula seja mais efetiva, é importante que o aluno

participe ativamente na realização do experimento.

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Este material didático – unidade didática - será desenvolvido com os

alunos da 8ª série do Ensino Fundamental do Colégio Estadual Castro

Alves Ensino Fundamental e Médio no município de Quedas do Iguaçu –

PR.

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1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1 O Ensino da Energia Sonora no Currículo de Ciências

De acordo com as Diretrizes Curriculares de Ciências da Rede Pública

de Educação Básica do Estado do Paraná (DCE 2008) propõe-se a integração

dos conceitos científicos no desenvolvimento da prática pedagógica abordada

através de uma diversificação metodológica (PARANÁ, 2008).

É necessário refletir a respeito das abordagens e relações conceituais,

interdisciplinares e contextuais entre os conteúdos, assim como das

expectativas de aprendizagem e estratégias a serem utilizados no processo de

ensino (PARANÁ, 2008). Portanto, selecionar conteúdos específicos de acordo

com os estruturantes é uma tarefa que exige atenção, pois o processo de

ensino para proporcionar a aprendizagem significativa denota que os mesmos

relacionem-se entre si.

Atualmente no currículo de Ciências, especificadamente na 8ª série, são

enfatizados os conteúdos específicos das áreas de Física e Química, como

duas disciplinas abstratas e isoladas. E, segundo Lima e Vasconcelos (2006),

os temas mais difíceis de serem abordados pelo professor no ensino de

Ciências, são os ligados à Física e a Química. Diante dessa afirmação, para

amenizar as dificuldades do professor em relação aos conteúdos dessas áreas,

assim como procurar exemplificá-lo de forma integradora e em acordo com as

DCE 2008, esse trabalho contemplará os conteúdos (também estruturantes)

Energia e Matéria.

As DCE 2008 foram construídas com base na filosofia da Ciência e na

história da ciência e da disciplina. Estas diretrizes consideram o quadro

conceitual em Ciências composto por referências da Biologia, da Física, da

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Química, da Geologia, da Astronomia, entre outras (MACEDO e LOPES apud

Paraná 2008). As DCE 2008 pressupõem uma perspectiva pedagógica de

integração conceitual, estabelecendo uma nova identidade para a disciplina de

Ciências. Este documento requer repensar os fundamentos

teóricometodológicos do processo ensino-aprendizagem, a reorganização dos

conteúdos científicos escolares, os encaminhamentos metodológicos e a

utilização de abordagens, estratégias e recursos pedagógicos/tecnológicos,

além de pressupostos para a avaliação formativa (PARANÁ, 2008).

A grande inovação que as DCE 2008 propõem é o estabelecimento dos

conteúdos estruturantes, compreendidos como conhecimentos amplos que

organizam os campos de estudo de uma disciplina escolar. Os conteúdos

estruturantes têm por objetivo superar a fragmentação do currículo. Em

Ciências, as DCE 2008 apresentam cinco conteúdos estruturantes: Astronomia,

Matéria, Sistemas Biológicos, Energia, Biodiversidade (PARANÁ, 2008).

Muitos são os conceitos importantes e fundamentais para a

compreensão da Ciência, alguns, porém, constituem-se de pilares, sustentando

e balizando os demais. O conceito de energia é de extraordinária importância e

tem sido apontado por vários autores (SOLBES & TARÍN, 1998; SEVILLA,

1986; PÉREZ-LANDAZÁBEL et al.,1995) como um elemento de ligação entre

as diferentes partes da Física. Como Angotti (1991), acreditamos que devido

seu caráter unificador, o conceito de energia é potente e frutífero para balizar e

unir diferentes conteúdos de Ciências, ampliando seu horizonte para além da

Física. Auth & Angotti (2001, p. 204), salientam que a categoria unificadora

deste conceito favorece que sejam estabelecidas “relações com temas de

outras áreas, em nível interdisciplinar” e permite articular “tópicos de uma área

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intradisciplinar”, possibilitando assim, que seja minimizada a fragmentação dos

conhecimentos escolares de Ciências. Carvalho (1998), ressaltando a

importância do conceito de energia para a Ciência, aponta a necessidade dos

alunos construírem desde cedo os primeiros significados sobre esse conceito.

O conceito clássico de energia a expressa como capacidade necessária

para se realizar trabalho (uma atividade). Quando caminhamos, dançamos, nos

alimentamos e até mesmo quando descansamos o nosso corpo fazemos uso

de energia. Bem mais simples do que a conceituação de energia é a sua

percepção, uma vez que os seres humanos são dotados de faculdades

capazes de identificar a realização das distintas formas de energia. Os olhos

registram a presença da energia luminosa. O sistema auditivo reage à energia

sonora. O sistema nervoso acusa a energia térmica no ambiente ou em matéria

próxima, bem como a exposição à energia elétrica.

Existem outras manifestações energéticas que não são diretamente

percebidas por meios fisiológicos, e assim torna-se necessário o

desenvolvimento de instrumentos que verifiquem sua presença e determinem

seus efeitos. Enquadram-se nesta categoria extra-sensorial a energia química,

a energia nuclear e a energia eletromagnética, quando fora da faixa de

frequências que os seres humanos podem perceber.

1.2 Características Físicas das Ondas Sonoras

Ondas mecânicas são pertubações que se propagam em um meio,

transportando energia e não matéria (VERMIGLIO; SANSOTTA;

TESTAGROSSA, 2001). Parafraseando Nishida (2007) ondas sonoras

constituem uma categoria de ondas mecânicas as quais nosso ouvido é

sensível.

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As ondas sonoras são ondas muito particulares, uma vez que se trata de

ondas longitudinais. Estas ondas, sendo mecânicas, precisam de um meio para

se propagar, e fazem-no através de pequenas oscilações das partículas que o

constituem. Seja o meio o ar, um líquido ou um sólido. Normalmente podem ser

caracterizadas por propriedades comuns às outras ondas, como frequência,

comprimento, amplitude e velocidade de propagação.

Enquanto transportadoras de energia, as ondas sonoras também

transportam informação e assim são por nós utilizadas. Desta forma, algumas

definições são importantes para o estudo das ondas sonoras como meio de

comunicação. No processo de transmissão de uma onda sonora, identificam-se

três agentes: emissor, meio e receptor. O emissor tem a função de produzir um

pertubação (a onda sonora) no meio, que será percebido pelo receptor. É

importante notar que o meio tem influência na qualidade da perturbação, pois

afeta a maneira como este se propaga (LAZZARINI).

A intensidade da onda sonora é um fator importante no processo de

transmissão de uma informação por uma onda sonora, pois dela depende a

percepção da onda pelo ouvido humano, como receptor. Também a

intensidade da onda define o que nossos ouvidos classificam com agradável

(como a música) ou dolorido. Devido as características da percepção da onda

pelo ouvido humano, a intensidade sonora pode ser definida em uma escala

logarítmica, chamada de decibel. Em 1933, dois pesquisadores, Fletcher e

Munson, mediram a sensibilidade do ouvido humano a diferentes freqüências e

estabeleceram a relação entre frequências, amplitudes (intensidade) e o

volume percebido (LAZZARINI). A Fig. 1 apresenta estas curvas e mostram o

quanto varia a sensibilidade do ouvido ao longo do espectro de nossa audição.

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Fenômenos como reflexão, refração, difração, absorção e interferência

são associados ao processo de propagação da onda no meio ou com a

interação entre ondas. Estes também geram outros fenômenos chamados eco,

batimento e tempo de reverberação, que determinam a qualidade do som ou da

informação que se está transmitindo.

As ondas sonoras podem ter forma complexa, dependendo do sistema

ou do instrumento que esta sendo utilizado como emissor. Uma das

características deste tipo de onda é não ser periódica. Para identificar os

diversos sons produzidos tanto por instrumentos musicais como por outras

fontes, utiliza-se uma qualidade auditiva que chamada de timbre, ou cor

sonora, que é um atributo muito importante da acústica musical. Essa

qualidade, como vimos acima está correlacionada com a forma da onda sonora

(LAZZARINI).

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1.3 A anatomia do ouvido

O ouvido externo é composto pela orelha, que é um orgão especializado

em concentrar as ondas sonoras na cavidade do ouvido, e pelo canal auditivo.

Este é um tubo de mais ou menos 3 cm de comprimento, fechado na parte

interna pelo tímpano.

Na parte interna deste está o que chamamos de ouvido médio, que é

conectado ao fundo da garganta pelo tubo de eustáquio para que as mudanças

na pressão atmosférica sejam equalizadas dos dois lados do tímpano e não

causem distorção na atuação deste. O ouvido médio é composto de três

ossículos: o martelo, a bigorna e o estribo, conectados como na figura 1,

acima. Estas conexões não são rígidas. O martelo é conectado ao tímpano

para se mover com ele. Do outro lado, o estribo está conectado a uma

membrana chamada janela oval (LAZZARINI).

O autor afirma ainda que ouvido interno é a porção do ouvido que está

além da janela oval. Consiste em parte de uma cavidade na estrutura óssea do

crânio, chamada cóclea, cuja forma lembra um caracol, com quase três voltas.

A cóclea, que na fig.2 é mostrada estendida para melhor visualização, é

preenchida por um fluído incompressível chamado perilinfa, e dividida ao meio

em sua largura por uma repartição chamada membrana basilar. Esta então

forma dois compartimentos longos, um dos quais é ligado aos ossículos do

ouvido médio pela janela oval.

O outro compartimento é separado do ouvido médio pela janela circular.

Os dois compartimentos estão interconectados por uma pequena abertura na

membrana basilar no final de sua extensão, na extremidade da cóclea que é

chamada de ápice. A outra extremidade deste orgão, conectada ao ouvido

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médio é chamada de base. Milhares de conexões nervosas estão ligadas à

membrana basilar, que, recebendo os distúrbios mecânicos, transmitem

informação ao cerébro. O conjunto de células que respondem aos estímulos

mecânicos da membrana basilar, transformando-os em impulsos nervosos é

chamado de orgão de corti. A figura abaixo exemplifica a anatomia do ouvido

(Backus, 1969):

A segunda função do ouvido interno é realizada pelos músculos que se

unem ao tímpano e ao estribo. Sons com níveis de pressão sonora acima de

75 dB SPL fazem com que esses músculos se contraiam automaticamente em

resposta aos sons, enrijecendo o sistema e fazendo com que a transmissão de

energia não seja muito eficiente. Isso atua como uma proteção do ouvido a

sons muito altos (LAZZARINI).

Aproximadamente 12 a 14dB de atenuação são conseguidos, mas esses

valores são para sons abaixo de 1 Khz somente. Este efeito é conhecido com

reflexo acústico. Ele não é imediato, pois leva de 60 a 120 ms para entrar em

funcionamento, por isso o ouvido não está protegido para sons muito

impulsivos (como por exemplo, o som de uma arma de fogo).

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1.4 Poluição Sonora

Segundo Mome (2009) dentre as várias manifestações de agressão ao

meio ambiente, existe uma modalidade que deve ser discutida mais

intensamente, uma vez que traz uma série de conseqüências para a saúde e

qualidade de vida humana. Esse tipo de poluição, que põe o organismo em

estado de alerta, preparando-o contra o ataque de um inimigo invisível,

penetrante, que não deixa resíduo e não dá consciência às vítimas do mal, é a

poluição sonora. A poluição sonora é uma das formas de poluição ambiental

que mais vem se agravando, exigindo soluções que controlem seus efeitos na

qualidade de vida dos cidadãos (ENIZ,2004). Disseminado-se fortemente nos

grandes centros urbanos, a poluição sonora vem trazendo prejuízos a vários

setores da sociedade moderna, tais como: hospitais, residências, comércio,

escolas, dentre outros.

O ambiente escolar, destinado à produção cultural e formação do

cidadão, pode, por vezes, tornar-se um ambiente ruidoso, pelas próprias

atividades de alunos e professores. Tais atividades envolvem uma gama de

sentimentos e emoções, que os remete a elevados níveis de pressão sonora

(NPS), sem que percebam ou mesmo atentem para o fato. Além disso, muitas

escolas do Ensino Fundamental e Médio não estão isentas do ruído advindo do

tráfego de veículos automotivos, principal vilão da poluição sonora nos grandes

centros urbanos. Cada carro de passeio é uma fonte emissora de 70-75 dB (A)

a sete metros de distância (SOUZA, 2000).

Considerando as exigências do mundo competitivo em que as escolas

estão inseridas, do professor é cobrado conhecimento em constante

atualização, rápida adaptação aos valores sociais que se renovam, a cada dia,

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entre outros. Entretanto, a realidade das escolas, particulares ou públicas,

majoritariamente, não oferecem condições suficientes para as práticas

educacionais e de formação exigidas, quer seja em termos de materiais

didáticos, recursos audiovisuais e, sobretudo, o ambiente físico das salas de

aulas. (OITICICA e GOMES, 2004) O ideal das salas de aula, ou qualquer

construção é evitar os possíveis problemas acústicos. Salas com desfavoráveis

condições acústicas colaboram com uma série de problemas.

A comunicação entre professor e aluno é a principal característica de

uma sala de aula, no entanto, esse é um dos problemas que mais afetam as

escolas, prejudicando e dificultando de diversas formas o aprendizado. Picard e

Bradley (1999), referindo-se a uma pesquisa realizada nos Estados Unidos,

comentaram que as salas de aula são consideradas locais extremamente

barulhentos, onde os estudantes com audição normal conseguem entender

apenas 66% das palavras pronunciadas pelos professores.

Erdreich, e Moran (1999) afirmam que as crianças nos EUA apresentam

problemas de audição ou de aprendizado, além de estarem enfrentando

dificuldades para conseguir ouvir seus professores devido à baixa qualidade

acústica de salas de aula. A Norma Brasileira 10152 (ABNT) estabelece os

níveis máximos de ruído para cada ambiente. Esta norma estabelece critérios e

métodos para avaliar conforto acústico, quanto ao ruído ambiente, em recinto

de uma edificação. Sabendo-se que o nível de ruído em uma sala de aula deve

ser de até 45 dB(A), o nível da voz humana é de 65 dB(A) e uma voz alta (sem

gritar) chega a 75 dB(A), essa diferença entre o nível da fala e o ruído da sala é

responsável pela inteligibilidade das palavras em sala de aula. Quanto maior

esta diferença, melhor a compreensão do aluno e menor o nível de esforço

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vocal do professor, uma vez que sua preocupação e esforço físico em

transmitir seu conhecimento também são reduzidos. Esta relação que é

chamada de relação Sinal/Ruído deve ter valores mínimos entre 10 e 15 dB(A).

Uma sala de aula com estes valores pode-se dizer que com essas

condições acústicas de compreensão (inteligibilidade) já não são tão

satisfatórias. No Brasil, os estudos de Martins (2002,2005) mostraram o

impacto que o ruído da sala de aula tem sobre a inteligibilidade de fala em

crianças da 4a. série do ensino fundamental. Este procedimento foi aplicado

em condição acústica semelhante à encontrada no dia-a-dia dessas crianças

(S/R +16 dB A). Registrou que nesse ambiente as crianças apresentavam

trocas fonêmicas ([p/k]; [b/g]; [t/n]; [d/g]) e uma média de 76,3% de acerto,

produziam corretamente 83,1% dos fonemas apresentados, omitiam 3,9% de

omissões e substituíam 13,0% para um total de 768 apresentações.

Nos estudos de Dreossi (2003) a autora observou que, os ruídos de

fundo de uma sala de aula em uma escola pública e a intensidade da voz da

professora eram superiores aos níveis recomendados pelas normas brasileiras

em ambientes de aprendizagem. Mostrou que em ambientes ruidosos as

crianças tendem a cometer mais erros nas tarefas de leitura e de interpretação

de texto. O excesso de ruído urbano tem trazido significativos prejuízos às

populações das cidades.

Dentre os prejudicados pelo ruído, destaca-se o ambiente escolar.

Escolas que sofrem com o ruído externo, tráfego aéreo e terrestre, têm seu

espaço físico comprometido, uma vez que altos níveis de pressão sonora

(NPS) comprometem o desempenho escolar além de prejudicar as condições

de trabalho e saúde de professores e alunos. As crianças, em geral, são as

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mais prejudicadas, pois estão na fase de aquisição de vocabulário e leitura,

nem sempre compreendendo com exatidão as palavras proferidas por seus

professores. Assim, se o ambiente for acusticamente inadequado, esse grupo

de estudantes será potencialmente o mais prejudicado. Quanto aos

adolescentes, eles conseguem compreender melhor as palavras num ambiente

ruidoso, sofrendo talvez uma perda relativamente menor, porém não menos

importante.

Outros aspectos que ficam evidentes, em crianças e adolescentes, são:

a perda de concentração, desinteresse, mudança de comportamento,

decréscimo da capacidade de trabalho, reações de estresse e aumento

significativo do tom de voz na comunicação verbal. Este último fato fica

evidente na comunicação entre alunos e professor. Segundo Junqua (1993

apud BRADLEY, 2002, p.3), os professores parecem falar num tom de voz

mais alto em classes de estudantes mais jovens. Este, provavelmente, é um

exemplo do chamado Efeito Lombard, o qual se refere à nossa natural

tendência a aumentar a voz em ambientes mais ruidosos. A capacidade de

escutar é essencial para que a comunicação entre o professor os estudantes

possa ocorrer e, aos últimos, é requerido um tempo maior nesse

comportamento do que falar, ler ou escrever.

Algumas vezes, a tarefa de comunicação pode ser comprometida pela

intensidade insuficiente da voz do professor. Outras vezes, é o ruído excessivo,

tanto no interior quanto fora da sala de aula, que exerce um efeito mascarante

deletério sobre a mensagem falada. A grande questão é que ao falar em

ambiente ruidoso, que excede as recomendações da ABNT, a fala do

professor, sofre os efeitos do mascaramento ambiente. Ao analisar a acústica

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dos fonemas emitidos em uma cadeia de fala, constata-se que as vogais, ricas

em energia, e pobres em pistas para a inteligibilidade da fala, concentram suas

formantes nas baixas freqüências. Por outro lado, as consoantes, pobres em

energia, mas ricas em pistas de inteligibilidade, tem suas formantes f2 e f3,

acima das freqüências de 1500 Hz. O grande complicador ocorre quando o

professor, para superar o ruído de fundo da sala de aula e garantir a relação

S/R adequada, eleva o volume da sua voz, amplificando apenas as freqüências

baixas, ou seja, enfatizando os fonemas vocálicos, ricos em energia, mas,

pobres em pistas de inteligibilidade de fala. Em pesquisa nos USA, o professor

está entre os profissionais que apresentam alto índice das reações do estresse

crônico.

Oiticica e Gomes (2004) avaliaram dois estabelecimentos de ensino

distintos: público e privado, na cidade de Maceió; com o objetivo de registrar o

nível de pressão sonora - dB(A), ao qual os professores são obrigados a

conviver no desenrolar de suas atividades de ensino. Verificaram seja qual for

o contexto em que os estabelecimentos de ensino estejam inseridos: públicos

ou privados, o professor participa das precárias condições acústicas das salas

de aula, agravadas pela intensa convivência com o ruído externo, o qual é

considerado um grande causador de desconforto e estresse para os

professores.

O conteúdo de trabalho do professor é o conhecimento, a informação.

Seus recursos são: o saber da dinâmica do desenvolver desse processo

interativo de informação e o fazer refletido. Para tanto, ele dispõe de um

importante instrumento de trabalho: a fala e, antes, a voz, carregada de

informações pela sua vibração, intensidade, completando, facilitando ou

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auxiliando a interpretação da mensagem passada ao aluno (PINTO et al., 1991,

p. 40). É na sala de aula que se estabelecem as ligações entre professor e

aluno, ligações essas fundamentais para que o processo ensino-aprendizagem

se realize com qualidade (LEUCZ, 2001). Quando esse tipo de ambiente torna-

se ruidoso, pode desencadear sérios problemas às cordas vocais dos

profissionais.

Salas de aula com excesso de ruído exigem um esforço muito maior por

parte dos professores para que possam transmitir as informações com o

mínimo de clareza. Nesse tipo de situação, os professores têm que impor uma

entonação de voz que supere os níveis de ruído de fundo, submetendo as

cordas vocais a um esforço extra. O nível de intensidade sonora numa

conversação normal é de 60 dB. As pessoas podem ajustar esse nível, até

inconscientemente, dependendo do local, podendo baixá-lo para 45 dB num

local silencioso e aumentá-lo para 90 dB num local barulhento (OKUNO;

CALDAS; CHOW, 1982, p. 233).

O fato é que os professores falam muito, gritam e mantêm a intensidade

aumentada, tentando com a voz superar o ruído ambiental. Tensões na

musculatura da região cervical, postura inadequada, falar sem parar por horas

e horas seguidas, padrão respiratório inadequado, alterando o tom, agudizando

repentinamente no momento do grito, voz abafada, presa, sem projeção são

características freqüentemente encontradas.

De acordo com Lubman (2001, p. 1), os professores estão menos

propensos a conversar com seus alunos, ou conversarão por períodos de

tempo menores em ambientes onde os níveis de pressão sonora são altos.

Quando eles têm que aumentar a voz acima dos níveis de ruído de fundo, suas

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vozes podem vir a ficar fadigadas. A Organização Mundial da Saúde considera

55 dB como o início do estresse auditivo. Para níveis acima de 65 dB, começa

o estresse gradativo, causando fadiga, irritabilidade, perturbação do sono, falta

de concentração, dentre outros, o que prejudica a saúde e o bom desempenho

das atividades diárias. Em escolas muito barulhentas, é comum a existência de

alunos mais dispersos ou agitados. Níveis de ruído elevado, combinado com

tempo de reverberação inadequado para uma sala de aula, interferem na

inteligibilidade da fala, resultando na redução do entendimento e, portanto,

numa maior dificuldade de aprendizado.

Eniz (2004) aplicou um questionário junto a professores e alunos, a fim

de conhecer sua percepção acerca das condições de trabalho e saúde.

Constatou que professores e alunos estão convivendo diariamente com os

ruídos advindos do tráfego de aviões, caminhões, ônibus, carros de

propaganda etc. As queixas mais freqüentes a respeito das condições de

trabalho foram: ritmo acelerado de trabalho (71%), ambiente intranqüilo e

estressante (73%) e barulho (90%). Os resultados encontrados revelam uma

situação crítica, indicando que as condições observadas não estão adequadas

à finalidade a que se destinam. Segundo a pesquisa, realizada no período de

20 a 23 de novembro de 2001, 38,4% dos profissionais da rede pública tinham

requerido licença por problemas de saúde. Este índice representa uma

população aproximada de 12.500 profissionais.

Reverberação e ruído em excesso interferem com a inteligibilidade da

fala, resultando na redução do entendimento e, portanto, na redução da

aprendizagem. Este tipo de ambiente afeta a performance educacional de

crianças e jovens com ou sem perdas auditivas. As crianças, em especial as

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das séries iniciais, necessitam de boa acústica, pois são ainda incapazes de

inferir do contexto. Com seu vocabulário e experiência limitados, quando

perdem algumas palavras da exposição do professor, elas são menos capazes,

que os alunos mais velhos, de preencher os pensamentos perdidos. Nelson

(2001, p.1), em pesquisa com um grupo de engenheiros, audiologistas,

arquitetos e consultores acústicos da U.S. Access Board, resume: Todas as

crianças precisam de boa acústica para ouvir e aprender. As mais jovens

necessitam de melhor acústica para entender o que os seus professores dizem

em comparação com os mais velhos ou adultos. O fato é que as mais novas

ainda não estão familiarizadas com a linguagem. Elas podem repetir palavras e

sentenças em ambientes calmos ou com níveis de ruído mínimo. Entretanto,

quando os NPS são altos, as mesmas têm dificuldade de entender o que está

sendo dito. Crianças com idade entre cinco e sete anos, ou seja, nas séries

iniciais, necessitam de níveis de ruído, significativamente baixos, para que

possam compreender os sinais da fala. Quando se trata de crianças com

perdas auditivas temporárias por motivos quaisquer, ou até mesmo com perdas

definitivas, as condições acústicas devem ser ainda mais favoráveis.

A Organização Mundial de Saúde publicou em 1997, o relatório de uma

reunião ocorrida em Budapest. Neste encontro Vallet comentou que as escolas

não são sempre construídas nos locais onde o ambiente sonoro/acústico é o

mais apropriado e que planejar locais especiais para elas deveria ser uma

prioridade das autoridades. A escola não é composta somente por salas de

aula e, nem todas as crianças lidam com o ruído da mesma maneira. Ao

apresentar uma revisão sobre os efeitos do ruído sobre a aprendizagem, Vallet

relatou que em torno de três meses de trabalho por ano escolar podem ser

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perdidos devido ao ambiente ruidoso. Ristovsk et al (2004), (Macedônia)

analisaram o comportamento de atenção e a adequação social de crianças que

estudavam em escola localizada em área ruidosa. Os resultados mostraram

que as crianças da área ruidosa apresentavam importantes déficits tanto de

atenção quanto de adequação social. Johnson e Myklebust (1983) citavam a

informação que está sendo recebida por uma dada modalidade sensorial

impede a integração daquilo que está sendo recebido através de outra.

Em 2001 Jones e Yee reforçam a necessidade de atenção focalizada em

um estímulo-alvo, pois, segundo esses autores se, você não consegue prestar

atenção em alguma coisa, espera-se que você não consiga perceber, entender

ou lembrar, é muito difícil prestar atenção a duas coisas mesmo tempo. Em um

mundo cada vez mais ruidoso e estimulador, com o acesso às novas

tecnologias cada vez mais fácil e rápido, é necessário que, programas de

conscientização sobre o controle do ruído ambiental e da poluição sonora na

escola sejam implementados, para que as questões da saúde auditiva, da

saúde vocal e da aprendizagem possam ser promovidas.

1.4.1 Ruído

O ruído já faz parte do nosso dia-a-dia. E isso se inicia cada vez mais

cedo, pois é possível observar em gestantes que trabalham expostas a níveis

elevados de ruído, principalmente quando o trabalho é realizado em turnos,

desde lesões auditivas irreversíveis no feto (LALANDE; HETÚ; LAMBERT,

1986) até problemas na gestação, como hipertensão, hiperemese gravídica,

parto prematuro e bebês de baixo peso (NURMINEN; KURPA, 1989;

NURMINEN, 1995; HARTIKAINEN et al., 1994).

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Caso necessite de incubadora, o bebê ficará exposto a níveis de

pressão sonora de aproximadamente 61dB(A), que podem atingir até 130 ou

140dB(A), de acordo com as manobras realizadas (BESS; FINLAYSON;

CHAPMAN, 1979). Quando for para casa, o bebê, e depois a criança, terá ao

seu redor brinquedos que podem atingir 100dB(A) (CELANI, 1991) e

eletrodomésticos que produzem ruídos de semelhante intensidade.

Na escola, onde permanece em média quatro horas por dia, o ruído

pode atingir até 94,3 dB(A), com a média 70 dB(A) (CELANI; BEVILÁCQUA;

RAMOS,1994; FRANÇA, 2000). Quando se tornar um adolescente, serão

agregados a essa exposição seus hábitos de lazer (motocicleta, discoteca,

walkman) e o ruído urbano. Ao entrar na fase adulta, esse indivíduo poderá

passar de 8 a 12 horas por dia, em média, exposto a elevados níveis de

pressão sonora em seu ambiente de trabalho.

A Conferência da Terra (ECO 92), realizada no Rio de Janeiro, em 1992,

endossou a Agenda 21, um programa de ação mundial para a promoção do

desenvolvimento sustentável, que envolve modificação de conceitos e práticas

referentes ao desenvolvimento econômico e social. Neste contexto, o ruído foi

considerado a terceira maior causa de poluição ambiental, atrás da poluição da

água e do ar. O ruído pode ser visto como o risco de agravo à saúde que

atinge maior número de trabalhadores.

Estudos apresentados na ECO 92 indicam que 16% da população dos

países ligados à Cooperação de Desenvolvimento Econômico (ODCE), algo

em torno de 110 milhões de pessoas, está exposta a níveis de ruído que

provocam doenças no ser humano.

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Esse estilo de vida, nem sempre opcional, leva à incorporação do ruído

às nossas vidas, como se fosse algo natural e, portanto, inofensivo. Esse

comportamento, bastante nocivo à saúde, torna-se mais perigoso quando se

trata de ruído no ambiente de trabalho, pela sua intensidade, tempo de

exposição e efeitos combinados com outros fatores de risco, como produtos

químicos ou vibração (SILVA, 2002).

Agentes químicos ou ambientais podem, em alguns casos, causar

perdas auditivas com as mesmas características audiométricas das perdas por

ruído (MORATA; LEMASTERS, 1995), havendo alta variabilidade entre os

casos, a qual pode ser atribuída aos seguintes fatores: multiplicidade de

produtos químicos existentes (com diferentes estruturas moleculares),

diferenças entre ambientes de trabalho, infinitas combinações de produtos

químicos e variações na intensidade e nos parâmetros de exposição – aguda

intermitente ou crônica.

As investigações publicadas até o momento indicam que os efeitos dos

solventes podem ser detectados a partir de dois ou três anos de exposição,

mais precocemente do que os efeitos do ruído (MORATA et al., 1993;

MORATA; DUNN; SIEB, 1997). Outro estudo, entretanto, somente detectou

efeito significante dos solventes a partir de cinco anos de exposição

(JACOBSEN et al., 1993). A questão da latência depende, certamente, do

produto em consideração e das características da exposição, e necessita ser

explorada mais extensivamente.

As propriedades ototóxicas de produtos químicos industriais e a

interação destes com o ruído somente foram investigadas para um número

reduzido de substâncias. Neste cenário, devem ser obtidas informações sobre

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a toxicidade e neurotoxicidade das exposições químicas e das queixas

apresentadas pelas populações expostas. Estas servirão para uma avaliação

preliminar de risco potencial à audição, para que então seja possível a tomada

de decisões quanto às medidas de avaliação e prevenção a serem adotadas.

O som é definido como qualquer perturbação vibratória em um meio

elástico, que produza sensação auditiva (MERLUZZI, 1981). O ruído é um sinal

acústico aperiódico, originado da superposição de vários movimentos de

vibração com diferentes freqüências que não apresentam relação entre si

(FELDMAN; GRIMES, 1985). Portanto, do ponto de vista da Acústica Física,

podemos dizer que a definição de ruído é englobada pela definição de som.

Em relação a Psicoacústica, enquanto o som é utilizado para descrever

sensações prazerosas, o ruído é usado para descrever sons indesejáveis ou

desagradáveis, o que traz um aspecto de subjetividade à sua definição.

Quando o ruído é intenso e a exposição a ele é continuada, em média

85 dB(A) por oito horas por dia, ocorrem alterações estruturais na orelha

interna, que determinam a ocorrência da Pair (CID 10 – H83.3). A Pair é o

agravo mais freqüente à saúde dos trabalhadores, estando presente em

diversos ramos de atividade, principalmente siderurgia, metalurgia, gráfica,

têxteis, papel e papelão, vidraria, entre outros.

Além dos sintomas auditivos freqüentes – quais sejam perda auditiva,

dificuldade de compreensão de fala, zumbido e intolerância a sons intensos, o

trabalhador portador de Pair também apresenta queixas, como cefaléia,

tontura, irritabilidade e problemas digestivos, entre outros. Morata e Lemasters

(2001) observam a importância de estudos sobre a Pair, utilizando o método

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epidemiológico, o que traz confiabilidade aos resultados obtidos e permite a

reprodução desses mesmos estudos.

Quando a exposição ao ruído é de forma súbita e muito intensa, pode

ocorrer o trauma acústico, lesando, temporária ou definitivamente, diversas

estruturas do ouvido. Outro tipo de alteração auditiva provocado pela exposição

ao ruído intenso é a mudança transitória de limiar, que se caracteriza por uma

diminuição da acuidade auditiva que pode retornar ao normal, após um período

de afastamento do ruído.

A Norma Regulamentadora n.º 15 (NR-15), da Portaria MTb n.º

3.214/1978 (BRASIL, 1978), estabelece os limites de exposição a ruído

contínuo, conforme a Tabela 1, a seguir.

Tabela 1 – Limites de Tolerância (LTs) para ruído contínuo ou intermitente

(NR-15)

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O limite de tolerância para ruído do tipo impacto será de 130dB(A), de

acordo com a NR-15. Nos intervalos entre os picos, o ruído existente deverá

ser avaliado como ruído contínuo. Como conseqüência à exposição continuada

a ruído elevado, o trabalhador pode apresentar a Pair.

1.5 A importância da acústica nas salas de aulas

Muitos são os educadores que defendem a necessidade, de se

aperfeiçoar a acústica nas salas de aula, pois tal medida beneficiaria a todos os

alunos, sobretudo as crianças com problemas de audição, pois a reverberação

e ruído em excesso interferem com a inteligibilidade da fala, resultando na

redução do entendimento e, portanto, na redução do aprendizado. Estudos têm

demonstrado que uma sala de aula de boas condições acústicas assegura a

compreensão perfeita do que o professor diz e evita que o mesmo se submeta

a um esforço vocal para ser compreendido. (SEEP, 2002, p. 2).

1.5.1 Diretrizes acústicas para salas de aula

1.5.1.1 Reverberação

As superfícies existentes em um recinto fechado dão origem a múltiplas

reflexões do som. Destas múltiplas reflexões resulta uma persistência do som

no local, a esta persistência denominamos reverberação do som. Uma

reverberação contínua por muito tempo, após a extensão do som direto

acabará por perturbar a clara percepção do som. Se, ao contrário disso, o som

cessa imediatamente acaba por dificultar a percepção em pontos distantes da

fonte. Por isso, a reverberação é um dado significativo para avaliar o grau de

inteligibilidade da fala e conseqüentemente a boa qualidade da acústica da sala

de aula. "Existem duas maneiras de reduzir o tempo de reverberação de uma

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sala: ou o volume é reduzido, ou a absorção do som é aumentada." (SEEP, op.

cit., p. 5).

A redução do volume não é simplesmente uma opção, ela é considerada

como uma alternativa viável para muitas salas de aulas antigas com tetos altos.

"Em tais espaços, adicionar um forro suspenso feito de placas absorventes

sonoras, pode melhorar significativamente a acústica, com decréscimo do

volume e aumento da absorção." (SEEP, op. cit., p. 5).

1.5.1.2 Absorção

O aumento da absorção em uma sala é conseguido com a aplicação de

materiais mais 'macios', tais como painéis para parede de fibra de vidro

revestidos com tecidos, carpetes ou forros acústicos. Existem muitos produtos

comercialmente disponíveis para estas aplicações e – com premeditação - é

possível projetar uma sala de aula com um tempo de reverberação aceitável

usando materiais de construção comuns.

Materiais absorventes apresentam melhor desempenho quando espalhados

pela sala, e não concentrados apenas em uma parede no piso ou no teto.

(SEEP, op. cit., p. 5).

Em muitas salas de aula, um forro suspenso de placas acústicas é

suficiente para reduzir o tempo de reverberação para a faixa desejada; porém,

isto não irá resolver o problema de ecos nas paredes. Visando absorver os

sons, tanto de baixa quanto de alta freqüência, é necessário fixar o forro abaixo

do teto estrutural. A simples adição de forração no piso das salas de aula não

irá reduzir significativamente o tempo de reverberação, particularmente em

baixas freqüências; porém, tal medida irá reduzir o ruído proveniente dos

alunos arrastando suas cadeira e carteiras no piso. (SEEP, op. cit., p. 5).

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1.5.1.3 Inteligibilidade da Fala

Vários testes foram criados para avaliar a inteligibilidade da fala, um

deles é o teste de articulação que foi por nós aplicado para maior

enriquecimento da pesquisa realizada e que se desenvolve da seguinte forma:

uma pessoa, com boa dicção, lê uma lista de palavras curtas, constituídas de

consoantes e vogais, combinadas e numeradas, que a mesma deve conhecer

antecipadamente. A percentagem de palavras escutadas corretamente é uma

medida da inteligibilidade da fala de uma sala.

Se a articulação for superior a 85 % o resultado é considerado muito

bom, entre 75 e 85 % é satisfatório, entre 65 e 75% aceitável, e inferior a 65 %

não satisfatório. O referido teste pode ser realizado também "através de

gravações de listas de palavras padronizadas que podem ser reproduzidas

sem a necessidade do orador. Isto elimina a “leitura” de lábios e variações de

fala e do nível da fala dos oradores." (SEEP, op. cit., p. 19).

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2. NA SALA DE AULA

Os experimentos devem ser uma prática constante nas aulas de

Ciências, proporcionando um momento de dúvida, de pesquisa e de

curiosidade de descobrir mais coisas sobre determinado conteúdo. Para que a

utilização de experimentos didáticos em sala de aula seja mais efetiva é

importante que o aluno participe ativamente na realização do experimento.

Assim, um fator a ser levado em consideração na escolha da atividade

experimental é “capacidade” do experimento gerar o interesse dos alunos pela

disciplina ou, até mesmo, em outra área (seguindo as idéias de

interdisciplinaridade do PCN).

2.1 Apresentação do Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola

Inicialmente se faz necessária a apresentação do Projeto de Intervenção

Pedagógica na Escola para os alunos da 8ª série do Ensino Fundamental do

Colégio Estadual Castro Alves Ensino Fundamental e Médio através de slides

do referido projeto, organizados em PowerPoint.

A apresentação do projeto destacará a justificativa, a problematização,

os objetivos e as estratégias de ação.

2.2 Conceitos de energia

Serão utilizados vários conceitos tratando acerca das características

físicas das ondas sonoras, definições e exemplos, relacionando energia e

poluição sonora com a aprendizagem.

Todo o segundo momento será desenvolvido com explanações por meio

de slides e um texto disponibilizado para os alunos (Como se produz o som)

em anexo a esta unidade didática, para incentivar e envolver todos os alunos a

participarem oralmente do momento de informação e discussão.

2.3 Atividades práticas - Som

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Para complementar as definições acerca do som e suas características

serão desenvolvidas atividades práticas simples, para tornar mais próxima da

realidade os conceitos físicos de acústica discutidos.

As atividades a serem realizadas serão as abaixo relacionadas:

2.3.1 Ver as vibrações

Materiais:

• 1 lata de bolachas grande e redonda

• Folha de plástico fina

• Elástico muito forte

• Tabuleiro de ir ao forno, de metal

• Colher de pau

• Açúcar

Procedimento:

1 - Construa um tambor esticando a folha de plástico de forma a cobrir

uma lata redonda e grande.

2 - Prenda o elástico à volta do bordo da lata, mantendo o elástico

esticado.

3 - Polvilhe a pele do seu tambor com uma colher de chá de açúcar.

4 - Segure no tabuleiro perto do tambor e bata-lhe com força com a

colher de pau.

Reflexões:

O que poderá ser observado é o açúcar “dançar” para cima e para baixo

na pele do tambor. Quando se bate no tabuleiro, o metal vibra, por uma fração

de segundo, fazendo vibrar igualmente o ar junto dele. Estas pequenas

vibrações do ar (ondas sonoras) rapidamente se espalham pelo ar em todas as

direções. Quando atingem a pele do tambor, fazem-na também vibrar, e desta

forma o açúcar começa a dançar para cima e para baixo. As ondas sonoras

que chegam ao ouvido fazem-lhe ouvir o barulho.

2.3.2 Produção do som

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Tem por objetivo mostrar que um corpo, quando vibra com certa rapidez,

produz som, através de um sonômetro.

Materiais:

• arame de aço de 2 m x ø 0,5 mm ou duas cordas de violão ou linha de pesca

• Tábua (2 cm x 5 cm x 80 cm)

• Dois pregos (40 mm x ø 2 mm)

• Dois pregos (9 a 10 cm x ø 0,6 cm)

• Linha ou barbante fino

• Furadeira e broca de ø 5,5 mm

Procedimento:

1 - Fure a tábua (dois furos na extremidade direita).

2 - Finque dois pregos pequenos na outra extremidade da tábua.

3 - Dobre os pregos grandes em ângulo reto, a 2 cm da cabeça.

4 - Dobre o arame (corda de violão) de aço em sua parte central e fixe essa

região nos pregos pequenos, dando duas ou três voltas em cada um deles. Ficará

assim, com duas longas pontas livres.

5 - Dobre 2 cm das extremidades livres do arame (corda de violão), em ângulo

reto, e, com uma linha ou barbante, amarre-as, uma em cada prego grande, a 5,5cm

da ponta .

6 - Finque os dois pregos nos furos e vá girando os mesmos até o arame

(corda de violão) ficar tenso.

7 - Este aparelho que acabou de montar é o modelo didático de um

sonômetro. Faça vibrar o arame (corda de violão), observando os sons emitidos.

8 - Aperte mais ou afrouxe o arame (corda de violão), fazendo-o vibrar de novo.

9 - Estabeleça uma relação entre a tensão do arame (corda de violão) e a

altura (freqüência) do som.

10 - Aperte um dos arames (cordas de violão) com a ponta do dedo contra a

tábua e faça-o vibrar.

11 - Relacione o comprimento do arame (corda de violão) com a altura do som

emitido.

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12 - Coloque dois arames (cordas de violão) com tensão um pouco diferente

(gire um pouco um dos pregos).

13 - Aperte, com o dedo, o arame mais frouxo a uma certa distância, até que o

som dos dois seja igual; uma vez conseguido, coloque um pedacinho de linha num dos

arames (ou um pequeno cavaleiro de papel) e faça vibrar o outro apertando no mesmo

lugar de antes.

14 - A vibração do arame (corda de violão) que tem a linha (ou o pedacinho de

papel) indica que ambos estão em ressonância (vibram na mesma freqüência).

15 - Oriente os alunos para encontrarem a parte do corpo humano que vibra ao

falarmos.

2.11.3 O som é uma onda

Materiais:

• 2 colheres de chá

• 80 cm de barbante

Procedimento:

1 - Amarrar uma das colheres no meio do barbante.

2 - Passar as extremidades do barbante por trás das orelhas,

segurando-as e tapando os ouvidos com as pontas dos dedos. Deve, em

seguida, inclinar-se para frente para que a colher suspensa possa oscilar

livremente.

3 - Pedir a outro colega para dar uma pequena pancada na colher

suspensa com a outra colher.

4 - Escutar com atenção o som produzido pelo choque das colheres e

que foi ouvido através do fio. Registrar as observações.

Questões:

Ouve-se o som quando a colher não vibra? Que meio atravessa o som

da colher até chegar aos nossos ouvidos?

Os índios norte-americanos detectavam a chegada da cavalaria dos

“caras pálidas” encostando o ouvido ao chão. Você é capaz de explicar

por quê?

Reflexões:

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A velocidade do som depende do meio em que o som se propaga. O

som pode propagar-se noutros meios além do ar. Por exemplo, um nadador

consegue ouvir dentro da água alguns dos sons da superfície, ou mesmo o

som de uma sineta tocada dentro da água.

A velocidade do som na água é maior do que no ar: a aproximadamente

1500 m/s. Num meio sólido, como o cimento, o som ainda se propaga mais

depressa: cerca de 5000 m/s. Isto acontece porque tanto o ar como a água e o

cimento são constituídos por partículas, e estas, no cimento e na água,

encontram-se mais próximas do que no ar. As partículas vão transmitindo

“sinais” (vibrações) às seguintes e é do movimento de todas elas que resulta o

som. Quanto mais próximas estiverem entre si as partículas vibrantes, mais

rapidamente se propagam as vibrações.

Uma sineta que toca numa campânula onde se fez o vácuo não se ouve,

pois o som precisa de um suporte material para se propagar.

2.12 Anatomia do ouvido humano

Conhecer e caracterizar a anatomia do ouvido humano, através de textos

disponíveis em diferentes livros didáticos (Anexo B).

2.13 Atividade prática – Anatomia do ouvido

Após a discussão e explanação dos conceitos acerca da anatomia e

fisiologia do ouvido humano por meio dos textos e slides explicativos, será

proposta a confecção de modelos anatômicos do ouvido humano com massa

de modelar sobre uma base de compensado ou papelão para suporte da

maquete (a critério dos alunos).

2.14 Palestra

Os alunos participarão de uma palestra proferida por uma fonoaudióloga

nas dependências da própria escola, abordando noções de anatomia do ouvido

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humano, cuidados com a audição humana, perigos da poluição sonora,

atitudes preventivas para a saúde do ouvido humano.

2.15 Atividade de pesquisa em grupo

Realizar uma atividade em grupo, onde os alunos farão uma pesquisa

sobre as doenças mais comuns que afetam a audição humana. Após a

pesquisa organizar uma mesa redonda para discutir os resultados obtidos e

traçar metas para divulgar as informações organizadas na pesquisa.

Barotite média

Otite média aguda

Otite média secretora

Otite média crônica

Otosclerose.

Doença de Ménière

Vertigem postural

Surdez repentina

Perda auditiva provocada pelo ruído e relacionada com a idade

Lesão do ouvido devida a medicamentos

Fratura do osso temporal

Tumores do nervo auditivo

2.16 Visita técnica

Os alunos também farão uma visita técnica à Usina Hidrelétrica de Salto

Osório, localizada nas proximidades da escola, com o intuito de participar de

uma palestra com o técnico em segurança de trabalho que irá abordar os

cuidados com audição humana que são adotados pelos funcionários da Usina

no sentido preventivo.

2.17 Atividade prática- poluição sonora

37

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Organizar uma atividade com gravações dos diferentes sons e ruídos

produzidos no ambiente escolar a fim de orientar para mudanças de hábitos e

atitudes com relação aos sons produzidos em nosso cotidiano escolar.

O objetivo é observar a poluição sonora nas cidades. Começar a

atividade perguntando aos alunos:

• Quais são os sons ouvidos na cidade? E aqui na escola? E na sua casa,

quais os sons mais comuns? Os sons são os mesmos, ou são

diferentes?

• Todos os barulhos são percebidos pelo homem?

• Há barulhos incorporados no seu dia-a-dia (como por exemplo, o som

dos carros passando na rua, chega uma hora que não percebemos

mais, mas ele está lá). Há sons agradáveis?

• Qual a relação dos sons (agradáveis e não agradáveis) com nosso bem

estar?

Em seguida, pedir aos alunos para que façam o máximo de silêncio

durante um minuto na sala de aula e que estejam atentos aos sons que ouvem

e anotem em seus cadernos os sons ouvidos (carros, pássaros, buzinas, etc) e

as sensações que eles provocaram (irritação, paz, etc). Para enriquecer a

experiência, pedir aos alunos para repetirem a atividade em casa, na hora do

recreio e/ou numa praça para notar a diferença dos sons em diferentes

ambientes.

Após a atividade os alunos discutirão sobre os sons que ouviram e as

sensações que eles despertaram. Os alunos perceberão com a atividade que a

todo o momento eles estão ouvindo sons, seja de carros, ônibus, trens,

pássaros, conversas, cadeiras sendo arrastadas, etc e que cada um deles traz

uma sensação (tranqüilidade, paz, alegria, irritação, stress, etc).

Perceberão também que alguns desses sons já estão incorporados no

cotidiano, e por isso, não temos nenhum sentimento quando ouvimos, ou

simplesmente passamos a ignorá-lo. Os alunos perceberão também que, com

pequenas atitudes, eles podem diminuir a poluição sonora da escola e do

ambiente em que vivem, melhorando assim, a sua qualidade de vida.

Os alunos podem realizar gravações dos sons coletados em diferentes

ambientes para comparar sua intensidade, além de registrar a atividade através

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de uma tabela, descrevendo o local do som, se ele foi agradável ou não, e por

último dar sugestões de como se poderia minimizar a poluição sonora na

escola e onde vivem.

Para complementar propor uma ampla discussão do texto “A

INFLUÊNCIA DO RUÍDO AMBIENTAL NO ORGANISMO HUMANO” (Anexo C)

além da apresentação de slides sobre a saúde auditiva do homem.

2.18 Pesquisa de campo

Proporcionar uma pesquisa de campo envolvendo alunos e familiares,

abordando o tema: Poluição Sonora e a Aprendizagem. A referida pesquisa

será através do seguinte questionário:

1. O que você entende por poluição sonora?

2. Você consegue se concentrar em suas tarefas diárias diante de intensos

barulhos ou ruídos?

3. Você costuma ouvir som alto?

( ) Sim ( )não ( ) As vezes

4. Em sua casa o tom de voz é:

( )Alto ( )Baixo ( )Médio

5. Em sua casa liga-se um eletrodoméstico de cada vez?

( ) sim ( ) não ( ) depende

6. Alguém de sua família apresenta problema auditivo?

( ) sim ( ) Não

7. A música pode ser classificada como poluição sonora? Em que situações? Explique.

8. Você estabelece alguma relação entre música e poluição sonora? Explique.

9. Você estabelece relações entre física – audição – música – poluição sonora?

10.Quando não há ruído exterior, a atividade desenvolvida na sua sala lhe parece:

( ) muito calma ( ) calma

( ) barulhenta ( ) extremamente barulhenta

11.Existem, na sala de aula, lugares bem determinados onde os alunos reclamam de que não escutam bem o professor ?

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( ) Sim ( ) Não

12.Qual condição sonora atrapalha o rendimento de sua aula? ( ) calmo ( ) moderadamente barulhento

( ) barulhento ( ) extremamente barulhento

13.No conjunto, qual o ruído que lhe incomoda mais? ( ) o dos colegas ( ) o dos professores de sala vizinhas

( ) o vindo do corredor ( ) o vindo do pátio

( ) o vindo da rua ( ) o das aulas de educação física

( ) ......................(outros)

14.Sua sensibilidade ao ruído é: ( ) baixa ( ) média ( ) alta

2.19 Dia “D” na escola

Como conclusão será realizado o dia “D” na escola, onde será um dia de

prevenção e orientação dos cuidados que devemos ter com nosso sistema

auditivo, cuidados com a higiene, com medidas preventivas que possam

proteger a saúde da nossa audição.

Em seguida, serão confeccionados pelos alunos panfletos explicativos

sobre os cuidados que devemos ter com nosso sistema auditivo, orientando

quanto a higiene, exposição a ruídos intensos, sons altos, voz alta e outras

atitudes que comprometem a saúde da audição humana. E em seguida

distribuir esses panfletos para toda a comunidade.

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ANEXOS

ANEXO A: Como se produz o som

O som é produzido pela vibração dos corpos. Os corpos que originam

os sons são fontes sonoras. A propagação de sons no ar corresponde à

vibração do ar.

Porque surge um som quando a fonte vibra?

A vibração da fonte provoca uma onda. Há um movimento ondulatório

que se propaga no ar em todas as direções, partindo da fonte. As ondas 44

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sonoras propagam-se no ar. O movimento de vaivém (para trás e para a frente)

da fonte sonora "empurra" as partículas constituintes do ar. Sucessivamente,

origina compressões e rarefações do ar à medida que se vai deslocando,

como mostra a figura seguinte.

Deste modo, espalha-se pelo ar um movimento ondulatório. As ondas

sonoras podem visualizar-se num osciloscópio. Ou seja, podes "ver" as ondas

sonoras num ecrã. Para isso, tens de usar um microfone. O microfone é capaz

de transformar as ondas sonoras em sinais elétricos fornecidos ao

osciloscópio. Provocas um som com o diapasão próximo do microfone. No ecrã

do osciloscópio, detecta ondas.

FONTE: http://www.prof2000.pt/users/mrsd/8ano/Producao.htm

ANEXO B: ANATOMIA E FISIOLOGIA DO OUVIDO

A audição é a capacidade de ouvir os sons ambientes. O som é ao

mesmo tempo um fenômeno físico e sensorial. Origina-se da vibração de um

objeto e se transmite pela vibração das partículas do meio ambiente. O ouvido

(anatomicamente chamado de orelha) é um órgão sensorial estruturado para

captar essas ondas de vibração do meio e transformá-las em impulsos

nervosos que são transmitidos para o sistema nervoso central produzindo a

“sensação auditiva”.

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As características físicas do som são o ciclo (alternância entre

compressão e descompressão), freqüência (números de ciclos na unidade de

tempo), intensidade ou amplitude (amplitude do ciclo), timbre (característica

dependente da fonte sonora) e velocidade (dependente do meio). A freqüência

é medida em Hertz (ciclos por segundo) e a intensidade audiológica em decibel

(dB). Decibel é uma medida logarítmica da intensidade física do som (I =

watt/m²). É usada porque é necessário aumentar muito a intensidade física do

som (progressão geométrica) para aumentos segmentares na sensação

auditiva (progressão aritmética). É a chamada lei de Weber-Fechner: para cada

aumento aritmético de uma sensação é necessário o aumento geométrico da

intensidade física.

Tom puro é um som com uma freqüência específica. O som complexo,

como o da palavra falada, é formado por tons de várias freqüências e

intensidades. O campo auditivo humano abrange uma gama de freqüências de

20 a 20000 Hz e intensidades de até 140 dB.

a) ANATOMIA DA ORELHA

Orelha é o nome dado às estruturas que compõe os sistemas auditivo e

vestibular periféricos. Localiza-se na região temporal do crânio, estando a

maioria de suas porções incrustadas no osso temporal. Divide-se em orelha

externa, média e interna (ou labirinto).

1) Osso temporal

a) porção escamosa

b) porção petros

c) porção timpânica

d) porção mastóidea

e) processo estilóide

2) Orelha externa

a) pavilhão auricular

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b) meato acústico externo

3) Orelha média

A orelha média é uma cavidade aerada no osso temporal também

chamada de caixa do tímpano ou cavidade timpânica situada entre a orelha

externa e a interna e revestida por uma mucosa. A membrana timpânica limita

a orelha externa da média. Possui 3 ossículos (martelo, bigorna e estribo)

suspensos na caixa por ligamentos e 2 músculos (estapediano e tensor do

tímpano). Por ela atravessa o nervo corda do tímpano, ramo do nervo facial.

Comunica-se com o antro da mastóide pelo ádito do antro, com a rinofaringe

pela tuba auditiva e com a orelha interna pelas janelas oval e redonda.

a) membrana timpânica

- camadas externa, média e interna

- porções tensa e flácida

- pontos anatômicos à otoscopia: cabo do martelo, apófise curta, triângulo

luminoso, ligamentos tímpano-maleolares

b) caixa do tímpano

- epitímpano, mesotímpano, hipotímpano e recesso timpânico posterior

- paredes medial, lateral, superior, inferior, posterior e anterior

c) ossículos

- martelo: cabo, apófise curta, colo, cabeça

- bigorna: ramo curto, corpo, ramo longo

- estribo: cruz anterior, posterior e platina

- ligamentos

- dobras mucosas

d) músculos

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- estapediano

- tensor do tímpano

e) tuba auditiva

4) Orelha interna (labirinto)

- labirinto ósseo – cápsula ótica, perilinfa, aqueduto coclear, aqueduto

vestibular ósseo

- labirinto membranoso – endolinfa, aqueduto vestibular membranoso,

saco endolinfático

a) labirinto ósseo

- vestíbulo - janelas oval e redonda

- canal coclear - modíolo, lâmina espiral, rampa vestibular, rampa

timpânica

- canais semicirculares - horizontal, vertical, posterior, extremidade

ampolar e não ampolar

b) labirinto membranoso

- sáculo

- utrículo

- ductos semicirculares - horizontal, vertical, posterior, extremidade

ampolar e não ampolar

- ducto coclear

c) labirinto anterior

- cóclea - modíolo, canal coclear, lâmina espiral, ligamento espiral,

membrana basilar, membrana de Reissner, rampa vestibular, rampa média

(ducto coclear), rampa timpânica, helicotrema, estria vascular

- órgão de Corti - células ciliadas externas e internas (estesiocílios e

corpúsculo basal), túnel de Corti, células de sustentação, membrana tectória

d) labirinto posterior

- máculas - membrana dos otólitos, otólitos

- cristas ampolares - cúpulas

e) irrigação do labirinto

- artéria basilar - art. cerebelar ântero-inferior - art. labiríntica - artérias

vestibular e coclear48

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f) vias auditivas centrais

- núcleos cocleares ventral e dorsal no bulbo

- núcleo olivar superior

- núcleo do lemnisco lateral

- núcleo do colículo inferior

- corpo geniculado medial

- córtex auditivo temporal

B) FISIOLOGIA DA AUDIÇÃO

Por via aérea: a orelha externa capta os sons ambientes e os dirige para

a membrana timpânica que vibrando junto com a cadeia ossicular transmite e

amplifica os sons para a janela oval. A vibração do estribo faz vibrar a perilinfa

desencadeando uma onda de vibração na membrana basilar da base para o

ápice. Para freqüências altas a onda é maior na base da cóclea (cada região

ao longo da cóclea corresponde a uma freqüência). O órgão de Corti que se

encontra apoiado na membrana basilar acompanha seus movimentos e como

as suas células ciliadas estão em contato com a membrana tectória os cílios

são deslocados. Isso provoca a despolarização das células ciliadas

aparecendo o impulso nervoso que é transmitido para o sistema nervoso

central. A orelha possui portanto um segmento que transmite e amplifica o som

para a o órgão de Corti (aparelho de transmissão ou condução) e um segmento

que transforma a vibração em impulso nervoso e o transmite para SNC

(aparelho de recepção ou neuro-sensorial).

Por via óssea: a vibração do crânio, por exemplo tocando-o com um diapasão,

faz vibrar a perilinfa desencadeando o impulso nervoso. Por inércia a cadeia

ossicular também vibra existindo um componente condutivo na audição por via

óssea mas para facilitar o raciocínio clínico considera-se que a audição por via

óssea estimula diretamente o aparelho de recepção.

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ANEXO C: A INFLUÊNCIA DO RUÍDO AMBIENTAL NO ORGANISMO

HUMANO

A poluição sonora urbana, nas últimas décadas, passou a ser

considerada como a forma de poluição que atinge o maior número de pessoas.

Assim, desde o Congresso Mundial sobre a poluição sonora realizado na

Suécia em 1989, a questão da poluição sonora passou a ser considerada como

questão de saúde pública (FERNANDES, [s. d.]).

Baranek, citado por Schafer (1991, p. 143) afirma que o progresso das

civilizações criará mais ruído, e não menos. Disso estamos certos. Com toda a

probabilidade, o nível de ruído aumentará não só nos centros urbanos, mas,

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com o aumento da população e a proliferação das máquinas, o ruído invadirá

os poucos refúgios de silêncio restantes no mundo. Daqui a um século, quando

o homem quiser fugir para um local silencioso, pode ser que não tenha sobrado

nenhum lugar para onde ir.

Megale (2002, p. 66), em artigo na Revista Veja Ecologia, chama a

atenção para o fato de que um dos fenômenos mais marcantes da demografia

na virada do milênio é a concentração populacional nas cidades. A ONU

calcula que cinco em cada dez habitantes do planeta vivam nelas hoje, três

deles em grandes núcleos urbanos de países pobres. Dentro de trinta anos,

seis em cada dez pessoas viverão em cidades. Cinco delas estarão

empilhadas em megalópoles do Terceiro Mundo.

E é Fernandes, (op. cit.) quem nos informa que "no Congresso Mundial

de Acústica, realizado na Austrália em 1981, as cidades de São Paulo e do Rio

de Janeiro passaram a ser consideradas as de maiores níveis de ruído do

mundo."

Nesse sentido, Dogan & Kassard, citados por Reigota (2004, p. 56-57)

confirmam que estudos da ONU apontam que São Paulo será uma das duas

maiores cidades do mundo no início do próximo século, devendo atingir os 24

milhões de habitantes.

E é ainda Reigota (op. cit., p.57) quem complementa que não se trata de

nenhum exercício de futurologia, ou trama de ficção científica, ou, ainda, de

samba-enredo imaginar que no próximo século os aproximadamente 500

quilômetros que separam São Paulo do Rio de Janeiro (a população prevista

para o ano 2000, segundo o mesmo estudo, é de 13,3 milhões de pessoas) se

tornem uma única cidade, com indústrias altamente poluidoras e baixo nível na

qualidade de vidas das pessoas.

Souza (1992) ressalta que em São Paulo, a poluição sonora e o estresse

auditivo são a terceira causa de maior incidência de doenças do trabalho, só

atrás das devidas a agrotóxicos e doenças articulares.

Assim, o conforto ambiental dizendo respeito à própria integridade do ser

humano como um todo e do trabalhador em particular passou a receber por 51

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parte das autoridades públicas, das três esferas: municipal, estadual e federal,

uma legislação específica visando proteger o cidadão dos efeitos provocados

pelo ruído.

Mas quais seriam afinal os efeitos do ruído sobre o organismo humano?,

indagam Menezes e Paulino (2000, p.65), para logo após ministrarem: Apenas

didática e resumidamente, podemos dividir esses efeitos em efeitos auditivos e

efeitos extra-auditivos do ruído. Os efeitos auditivos podem ser divididos em

traumas acústicos, efeitos transitórios e efeitos permanentes. Há sons que, de

tão tênues, nem são ouvidos pelo ser humano; outros há que são ouvidos

dentro de uma faixa que temos como “normal” e sem potencial de agravos.

Outros sons, ainda, são ouvidos em freqüência e intensidade suficientes para

provocar lesões temporárias ou permanentes: esses sons podem estar

presentes no trabalho, no lar, na escola, nas ruas, em atividade de lazer, etc.

Os efeitos nocivos do ruído à saúde

Para os fins previstos na Lei n.° 6.938, de 31/08/81, que dispõe sobre a

Política Nacional do Meio Ambiente, conforme o seu Artigo 3º, III, entende-se

por poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades

que direta ou indiretamente:

a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem estar da população;

b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;

c) afetem desfavoravelmente a biota;

d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;

e) lancem materiais ou energia em desacordo com os padrões

ambientais estabelecidos.

A degradação do meio ambiente ocorre de várias formas. Entre as mais

comuns podemos destacar: a poluição do ar, da água e da terra, que são

facilmente percebidas a olho nu, pelos seus riscos de contaminação,

provocando doenças e mortes. Outras não, como é o caso da poluição sonora,

cujos efeitos segundo os autores pesquisados se prolongam mesmo depois de

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cessada a fonte de sua propagação trazendo graves danos ao corpo humano

que podem ser graduados em três grupos diferentes:

- simples perturbações (intensidade de 30 a 60 db);

- perigosas perturbações, como efeitos mentais e degenerativos (60 a

90 db) e

- alterações da saúde com transtornos dos mais variados tipos (auditivo,

vascular, stress, cardíacos) causados pela intensidade de 90 a 120 db

praticados prolongadamente (Ecolnews).

Segundo Martins (apud CARNEIRO, 2004, p.4) “a nocividade do ruído

está em função da sua duração, da sua repetição e, sobretudo da sua

intensidade aferida em decibéis.”

Alguns dos sinais e sintomas que vêm sendo relacionados com a

exposição ao ruído, segundo Menezes e Paulino (op. cit., p.70), são os

seguintes:

Aumento de batimentos cardíacos (alguns autores citam mínima

variação dos batimentos cardíacos com o passar do tempo de exposição

ao ruído ou mesmo bradicardia),

hipertensão arterial leve ou moderada com conseqüente aumento

do risco de doenças cardíaca,

alterações digestivas (citadas por alguns autores relacionadas à

exposição muito prolongada – maior que o tempo necessária para

lesão auditiva – a ruídos menores que ou iguais a 500 Hz),

irritabilidade,

insônia,

ansiedade,

nervosismo,

redução da libido,

aumento do tônus muscular,

dificuldade de repouso do corpo,

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tendência à apresentação de espasmos musculares reflexos,

aumento da freqüência respiratória (também há relatos de

diminuição da freqüência e aumento da profundidade

respiratória),

vertigem,

cefaléia.

Note-se, ainda, que consoante o disposto no artigo 54 da Lei de Crimes

Ambientais (Lei nº 9.605, de 12.02.1998) configura crime "causar poluição de

qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar danos à

saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição

significativa da flora:...", logo, "ao utilizar a expressão 'poluição de qualquer

natureza', restou abrangido pelo tipo penal em questão a poluição sonora"

(CARNEIRO, op. cit., p. 51).

Assim, a preservação da qualidade do ambiente sonoro em todas as

esferas da atividade humana, e em especial no âmbito das atividade escolares

é dever de todos nós, povo e governo. "Afinal, a Constituição garante que o

meio ambiente ecologicamente equilibrado é bem de uso comum do povo e

que incumbe ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e

preservá-lo para as presentes e futuras gerações." (MARTINS, 1998).

ANEXO D: POLUIÇÃO SONORA

Poluição Sonora

Existe, na natureza, um equilíbrio biológico entre todos os seres vivos. Nesse sistema em equilíbrio os organismos produzem substâncias que são úteis para outros organismos e assim sucessivamente. A poluição vai existir toda vez que resíduos (sólidos, líquidos ou gasosos) produzidos por microorganismos, ou lançados pelo homem na natureza, forem superior à capacidade de absorção do meio ambiente, provocando alterações na sobrevivência das espécies. A poluição pode ser entendida, ainda, como qualquer alteração do equilíbrio ecológico existente.

A poluição é essencialmente produzida pelo homem e está diretamente relacionada com os processos de industrialização e a conseqüente urbanização da humanidade. Estes são os dois fatores contemporâneos que podem explicar claramente os atuais índices de poluição. Os agentes poluentes são os mais variáveis possíveis e são capazes de alterar a água, o solo, o ar, etc.

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Poluição é, portanto, uma agressão à natureza, ao meio ambiente em que o homem vive. Os efeitos da poluição são hoje tão amplos que já existem inúmeras organizações de defesa do meio ambiente.

Poluição Sonora é qualquer alteração das propriedades físicas do meio ambiente, causada por som puro ou conjugação de sons, admissíveis ou não, que direta ou indiretamente seja nociva à saúde, segurança e ao bem. O som é a parte fundamental das atividades dos seres vivos e dos elementos da natureza.

Cada um tem um significado específico, conforme as espécies de seres vivos que os emitem, ou que conseguem percebê-los. Os seres humanos, além dos sons que produzem para se comunicar e se relacionar, como as palmas, voz, assobios e passos, também produzem outros tipos de sons, decorrentes de sua ação de transformação dos elementos naturais. Somente depois que o homem se tornou gregário e desenvolveu suas qualidades criadoras, é que o ruído se transformou de aliado, nos primórdios da Civilização, em inimigo, nos últimos tempos.

O tempo foi passando, centenas e centenas de anos, até que no afã do prosseguir melhorando as condições de vida do Ser Humano, a indústria, em desenvolvimento constante, trouxe consigo o ruído intensivo e nocivo, intoxicando-nos aos poucos, lesando-nos lenta, constante e irreversivelmente.

Há cerca de 2500 anos a humanidade conhece os efeitos prejudiciais do ruído à saúde. Existem textos relatando a surdez dos moradores que viviam próximos às cataratas do Rio Nilo, no antigo Egito. O desenvolvimento da indústria e o surgimento dos grandes centros urbanos acabaram com o silêncio de boa parte do planeta.

O primeiro decreto que se conhece para a proteção humana contra o ruído no Brasil é de 6 de maio de 1824, no qual se proibia o "ruído permanente e abusivo da chiadeira dos carros dentro da cidade", estabelecendo multas que iam de 8 mil réis a 10 dias de cadeia, que se transformavam em 50 açoites, quando o infrator era escravo.

A poluição sonora difere bastante da poluição do ar e da água quanto aos seguintes aspectos:

a) O ruído é produzido em toda parte e, portanto, não é fácil controlá-lo na fonte como ocorre na poluição do ar e da água;

b) Embora o ruído produza efeitos cumulativos no organismo, do mesmo modo que outras modalidades de poluição, diferencia-se por não deixar resíduo no ambiente tão logo seja interrompido;

c) Diferindo da poluição do ar e da água, o ruído é apenas percebido nas proximidades da fonte;

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d) Não há interesse maior pelo ruído, nem motivação para combatê-lo; o povo é mais capaz de reclamar e exigir ação política acerca da poluição do ar e da água do que a respeito do ruído;

e) O ruído, ao que parece, não tem mais efeitos genéricos, como acontece com certas formas de poluição do ar e da água, a exemplo da poluição radioativa. Entretanto, o incômodo, a frustração, a agressão ao aparelho auditivo e o cansaço geral causados pela poluição sonora podem afetar as futuras gerações.

Fontes de ruído

O som é um fenômeno físico ondulatório periódico, resultante de variações da pressão num meio elástico que se sucedem com regularidade. O som pode ser representado por uma série de compressões e rarefações do meio em que se propaga, a partir da fonte sonora. Não há deslocamento permanente de moléculas, ou seja, não há transferência de matéria, apenas de energia.

Uma boa analogia é a de uma rolha flutuando em um tanque de água. As ondas da superfície da água se propagam e a rolha apenas desce, sem ser levada pelas ondas.

Ruído é "qualquer sensação sonora indesejável". Há quem vá além, que considera o ruído como "um som indesejável que invade nosso ambiente, ameaçando nossa saúde, produtividade, conforto e bem-estar". A ação perturbadora do som depende:

· De suas características, como intensidade e duração;

· Da sensibilidade auditiva, variável de pessoa para pessoa;

· Da necessidade de concentração, como estudar;

· Da fonte causadora, que pode ser atrativa, como uma discoteca.

Ruído nas Ruas

O trânsito é o grande causador do ruído na vida das grandes cidades. As características dos veículos barulhentos são o escapamento furado ou enferrujado, as alterações no silencioso ou no cano de descarga, as alterações no motor e os maus hábitos ao dirigir - acelerações e freadas bruscas e o uso excessivo de buzina.

Nas principais ruas da cidade de São Paulo, os níveis de ruído atingem de 88 a 104 decibéis. Isto explica por que os motoristas profissionais são o principal alvo de surdez adquirida. Nas áreas residenciais, os níveis de ruído variam de 60 a 63 decibéis - acima dos 55 decibéis estabelecidos como limite pela Lei Municipal de Silêncio.

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Ruído nas Habitações

Condicionadores de ar, batedeiras, liquidificadores, enceradeiras, aspiradores, máquinas de lavar, geladeiras, aparelhos de som e de massagem, televisores, secadores de cabelo e tantos outros eletrodomésticos que podem estar presentes numa mesma residência, funcionando simultaneamente e somando seus indesejáveis decibéis.

Ruído nas Indústrias

É dos mais importantes o papel da indústria na poluição sonora. Depois da Primeira Grande Guerra, foi que se verificou o aumento das doenças profissionais, notadamente a surdez, além do aparecimento de outras moléstias, devidas ao desenvolvimento espantoso trazido pelo surto industrial.

Em alguns países europeus, como a Suécia e a Alemanha, onde os dados estatísticos retratam fielmente a realidade, é impressionante o número de operários que, nas indústrias, devido ao ruído, vêm sofrendo perda de audição.

Visando a proteção dos trabalhadores das fábricas, em 1977 os Estados Unidos estabeleciam o ruído máximo de 90 dB para a duração diária de 8 horas. Verificou-se com a adoção desse limite, um quinto dos operários ficava sujeito a deficiências auditivas. Por isso a Holanda e outros países baixaram o limite para 80 dB.

Ruído dos Aviões

A partida e a chegada de aviões a jato são acompanhadas de ruídos de grande intensidade que perturbam sobremaneira os moradores das imediações.

Efeitos na audição do homem

A capacidade auditiva de um indivíduo pode limitar-se a 60%. Todavia, por ser ele ainda capaz de ouvir a própria voz e certos barulhos rotineiros, não se preocupa com a surdez. A perda total de audição pode acontecer se a pessoa fica sujeita diariamente, durante 8 horas seguidas, a sons com intensidade superior a 85 dB, como os registradores em discotecas fábricas de armamentos e aeroportos.

O ruído de 140 dB pode destruir totalmente o tímpano, provocando o que se denomina "estouro do tímpano".

Quando o nível de ruído atinge 100 dB pode causar o "trauma auditivo" e a conseqüente surdez. Ao nível de 120 dB, além de lesar o nervo auditivo, provocam, no mínimo, zumbido constante nos ouvidos, tonturas e aumento do nervosismo.

Limites de intensidade

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* Ruído com intensidade de até 55 dB não causa nenhum problema.

* Ruídos de 56 dB a 75 dB pode incomodar, embora sem causar malefícios à saúde.

* Ruídos de 76 dB a 85 dB pode afetar a saúde, e acima dos 85 dB a saúde será afetada, a depender do tempo da exposição. Uma pessoa que trabalha 8 horas por dia com ruídos de 85 dB terá, fatalmente, após 2 anos, problemas auditivos.

Surdez Profissional

Sua ocorrência depende de características ligadas ao homem (hospedeiro), ao meio e ao agente (barulho). Para que ocorram casos de surdez profissional, é necessário que haja uma exposição considerável ao ruído, isto é, a exposição a níveis elevados durante um longo período, sendo dois fatores interligados.

As perdas auditivas causadas pelo barulho excessivo podem ser divididas em três tipos:

* Trauma Acústico - Embora esta denominação seja polêmica, adota-se o conceito de trauma acústico como sendo a perda auditiva de instalação repentina, causada pela perfuração do tímpano, acompanhada ou não da desarticulação dos ossículos do ouvido médio, ocorrida geralmente após a exposição a barulhos de impacto, de grande intensidade (tiro, explosão, etc.), com grandes deslocamentos de ar.

* Surdez temporária - Também conhecida como mudança temporária do limiar de audição, ocorre após uma exposição a um barulho intenso, por um curto período de tempo.

* Surdez permanente - A exposição repetida dia após dia, a um barulho excessivo, pode levar o indivíduo a uma surdez permanente.

* Obs.: É importante lembrar que um fator de grande importância, em qualquer tipo de perda de audição, é a suscetibilidade individual. Indivíduos que se encontram num mesmo local ruidoso podem se comportar de maneira diferente. Alguns são extremamente sensíveis ao ruído e outros parecem não ser atingidos pelo mesmo. Deve ser considerado que há perda natural de audição com a idade. (presbiacusia)

Efeitos na saúde

a) Reações generalizadas ao stress

A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera que o início do estresse auditivo se da sob exposições dá 55 dB.

b) Reações físicas

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Os ruídos aumentam a pressão sangüínea, o ritmo cardíaco e as contrações musculares. São capazes de interromper a digestão, as contrações do estômago, o fluxo da saliva e dos sucos gástricos. Provocam maior produção de adrenalina e outros hormônios, aumentando, no sangue, o fluxo de ácidos graxos e glicose. No que se refere ao ruído intenso e prolongado ao qual o indivíduo habitualmente se expõe, resultam mudanças fisiológicas mais duradouras, até mesmo permanentes, incluindo desordens cardiovasculares, de ouvido-nariz-garganta e, em menor grau, alterações sensíveis na secreção de hormônios, nas funções gástricas, físicas e cerebrais.

Em casos de estresse crônico (permanente) nos trabalhadores, tem sido constatado efeitos psicológicos, distúrbios neurovegetativos, náuseas, cefaléias, irritabilidade, instabilidade emocional, redução da libido, ansiedade, nervosismo, hipertensão, perda de apetite, sonolência, insônia, aumento de prevalência da úlcera, distúrbios vitais, consumo de tranqüilizantes, perturbações labirínticas, fadiga, redução de produtividade, aumentos dos números de acidentes, de consultas médicas e do absenteísmo.

c) Alterações mentais e emocionais

As reações na esfera psíquica dependem das características do agente, do meio, e das condições emocionais do hospedeiro, no momento da exposição. As reações podem manifestar-se através de irritabilidade, ansiedade, excitabilidade, desconforto, medo, tensão e insônia.

Efeitos sobre o rendimento no trabalho

Tem sido observado que em certos tipos de atividades, como as de longa duração e que requerem contínua e muita atenção, um nível acima de 90 dB afeta desfavoravelmente a produtividade, bem como a qualidade do produto

Calcula-se que um indivíduo normal precisa gastar aproximadamente 20% de energia extra para realizar uma tarefa, sob efeito de um ruído perturbador intenso.

Efeitos sobre a comunicação

Um dos efeitos do barulho facilmente notado é sua influência sobre a comunicação oral. O barulho intenso provoca o mascaramento da voz. Este tipo de interferência atrapalha a execução ou o entendimento de ordens verbais, a emissão de avisos de alerta ou perigo e pode ser causa indireta de acidentes.

Para acontecer que um operário não entenda bem as instruções essenciais para o funcionamento adequado de certo equipamento e, em conseqüência sofra um acidente. Pode também ocorrer o caso de impossibilidade de avisar uma pessoa prestes a se acidentar. Em locais com muito ruído há, muitas vezes o problema de interferência com os sinais de alarme, o que pode ocasionar sérios acidentes.

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Efeitos dos ruídos em plantas e animais

Segundo os zoólogos, as maiores dificuldades de adaptação dos animais ao cativeiro decorrem principalmente do barulho artificial das grandes cidades.

Por outro lado, comprova-se que nos locais de muito ruído é mais acentuada a presença de ratos e baratas, agentes potenciais de transmissão de doenças.

As vibrações sonoras produzidas por motores de avião provocam a mudança de postura das aves e diminuição de sua produtividade.

Pesquisadores dos EUA, estudando os efeitos do ruído sobre as plantas, fizeram uma experiência com as do gênero Coleus, possuidoras de grandes folhas coloridas e flores azuis. Doze dessas plantas, submetidas continuamente ao ruído de 100 dB, após seis dias apresentaram a redução de 47% em seu crescimento por causa, segundo os cientistas, da estridência persistente, que as fez perder grande quantidade de água através das folhas.

Fonte: www.bussolaescolar.com.br/meioambiente.htm

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