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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4 Cadernos PDE VOLUME I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE

VOLU

ME I

EU NA (RE)CONSTRUÇÃO DO MEU ESPAÇO

Joceli de Vargas de Oliveira1

Luiz Gilberto Bertotti2

Resumo

Com este projeto, visamos despertar a atenção do nosso aluno para os valores sentimentais, naturais, históricos e econômicos de seu habitat, ciente de que a natureza levou muito tempo para formá-lo. Instigar o educando a conhecer melhor o espaço onde mora para perceber que ele faz parte da história de apropriação dos recursos naturais deste lugar que muitas vezes está degradado, e será historicamente um agente responsável pela (re)construção deste espaço. Pesquisamos como era originalmente esta região, por meio de fotos antigas ou desenhos feitos pelos próprios alunos com a ajuda de pioneiros, também por meio de entrevistas ou através de pesquisa, e em seguida comparamos como está hoje esta paisagem, desafiando o aluno a (re)planejá-la de forma ecologicamente correta, seja rural ou urbana, conhecendo formas de sobreviver economicamente estáveis e com perspectiva de um crescimento sustentável.

Palavras-chave: habitat; recursos naturais; sustentabilidade; agricultura familiar.

1 Introdução

Para viver a responsabilidade social e ambiental é necessário conhecer

e entender as relações ambientais e sociais existentes neste espaço

geográfico, Cavalcanti (1998), afirma que o ensino deve propiciar ao aluno a

compreensão do espaço geográfico na sua concretude, nas suas contradições.

Ainda, que a escola tem a função de trazer o cotidiano para seu interior com o

intuito de fazer uma reflexão sobre ele a partir de uma confrontação com o

1 Graduada em Geografia pela Faculdade de Ciências Humanas de Francisco Beltrão (FACIBEL), em História através

da Faculdade de Ciências e Letras de Palmas (FAFI), e Especialista em Ensino de Geografia também pela (FACIBEL); 2 Professor Orientador pela Universidade Estadual do Centro-Oeste, UNICENTRO.

conhecimento científico. Nesse sentido, deve estar estritamente ligada ao

cotidiano.

Ter consciência de que a natureza levou muito tempo para formá-lo, e

perceber que ele faz parte da história de apropriação dos recursos naturais

deste espaço que muitas vezes está degradado, e será historicamente um

agente responsável pela (re)construção deste espaço. Conhecer como era este

espaço com fotos antigas ou desenhos feitos pelos próprios alunos e ajuda de

pioneiros além de pesquisas teóricas sobre as características originais da área.

Comparar como está hoje esta paisagem, a influência do "poder" nas

mudanças destas paisagens e sentir-se desafiado a (re)planejá-la de forma

ecologicamente correta, seja o espaço rural ou urbano, conquistando uma

sobrevivência economicamente estável e com perspectiva de um crescimento

sustentável é a meta.

O objetivo deste foi desenvolver subsídios para aprofundar os

conteúdos em sala de aula de maneira lúdica e desafiadora ao ligar este

aprendizado a um conhecimento maior do espaço de vivência do educando de

6º ano. Assim, o papel do educador e de promover a articulação de conceitos

formados no cotidiano interligando com o conceito cientifico. A construção de

saberes escolares, a formação de raciocínios que se dá a partir da vivência do

dia a dia, levando o aluno a fazer as interligações do que conhece e o que é

abstrato na sua concepção de mundo.

Uma vez que são frequentes as notícias sobre a indisciplina, rebeldia,

desmotivação e até violência de alunos em sala de aula, provavelmente

causadas por problemas na estruturação familiar, pois os valores morais e

éticos, bem como costumes e tradições familiares estão se perdendo

nitidamente.

2 Contextualização da Geografia

Para Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN, 1998, p.26), "A Geografia

é uma área de conhecimento comprometida em tornar o mundo compreensível

para os alunos, explicável e passível de transformações, tendo como meta a

conquista da cidadania. Seu objetivo principal é estudar as relações entre o

processo histórico na formação das sociedades humanas e o funcionamento da

natureza por meio da leitura do lugar, do território, a partir de sua paisagem. Na

busca dessa abordagem relacional, trabalha com diferentes noções espaciais e

temporais, bem como os fenômenos sociais, culturais e naturais característicos

de cada paisagem, para identificar e relacionar aquilo que na paisagem

representa as heranças das sucessivas relações no tempo entre a sociedade

em sua interação.”

Por isso, selecionamos aqui este trecho do projeto político pedagógico –

(PPP) Escola Estadual Irmão Isidoro Dumont 2008 reforçando que a "área de

Geografia propõe um trabalho pedagógico que visa à ampliação das

capacidades dos alunos do Ensino Fundamental de observar, conhecer,

explicar, comparar e de representar as características do lugar em que vivem e

de diferentes paisagens e espaços geográficos".

Seguindo, encontramos no PCN (1998, p.30), a afirmação de que as

práticas pedagógicas da Geografia permitem colocar aos alunos em diferentes

situações de vivência com os lugares, de modo que possam construir situações

novas e mais complexas a seu respeito, desenvolvendo a capacidade de

identificar e refletir sobre diferentes aspectos da realidade, compreendendo a

relação da sociedade/natureza. Essas práticas desenvolvem procedimentos de

problematização, observação, registro, descrição, documentação,

representação e pesquisa dos fenômenos sociais, culturais ou naturais que

compõem a paisagem e o espaço geográfico, na busca e formulação de

hipótese e explicações das relações, permanências e transformações que aí se

encontram inteiradas. Nessa perspectiva, procura-se sempre a valorização da

experiência do aluno como vemos a seguir:

[...] o professor precisa considerar o conhecimento prévio do aluno,

este é sempre um conhecimento parcelado que fragmenta a

realidade, cheio de preconceitos, carregada de crendices, de folclore,

mas é a idéia que ele faz da realidade. É em cima desta idéia de

senso comum que se deve trabalhar para superá-lo e poder construir

uma nova visão: coerente, moderna e científica do mundo atual.

Conhecer a realidade passa a ser um processo de reconhecimento

do que existe no lugar, com a devida explicação, para o que

acontece, com a análise crítica de como acontecem às coisas.

(CALLAI, 1998, p. 74).

Então, na sequência serão apresentadas considerações sobre a

formação de alguns conceitos geográficos e seus diferentes vínculos políticos e

ideológicos para compreensão no campo das teorias críticas.

2.1 PAISAGEM

Segundo a DCE (2008), o conceito de paisagem foi marcado pela

dicotomia entre paisagem natural e humanizada ou cultural, no final do século

XIX. E após a Segunda Guerra mundial esta concepção passou a ser

insuficiente para explicar o espaço geográfico ordem mundial, política e

econômica que então se estabelecia.

Para a Geografia Crítica, as paisagens não se autoexplicam, pois fazem

parte de uma totalidade socioespacial determinada por interesses econômicos

e políticos, definidos por relações internacionais.

As teorias críticas da Geografia a partir da década de 1980 reconhecem

a dimensão subjetiva da paisagem, já que o domínio do visível está ligado à

percepção e à seletividade, mas acreditam que seu significado real é

alcançado pela compreensão de sua subjetividade. (DCE, 2008, p.55).

[...] nossa tarefa é a de ultrapassar a paisagem como aspecto, para

chegar ao seu significado. [...] a paisagem é materialidade, formada

por objetos materiais e não materiais. [...] fonte de relações sociais

[...] materialização de um instante da sociedade. [...] O espaço resulta

do casamento da sociedade com a paisagem. O espaço contém o

movimento. Por isso, paisagem e espaço formam um par dialético.

(SANTOS, 1988, p. 71-72).

A paisagem é percebida sensorial e empiricamente, por isso, o

tratamento pedagógico a ser dado ao conceito de paisagem, na escola, deve

ser o de "par dialético" do espaço geográfico, de materialidade. Passou de

objeto da Geografia para aspecto do espaço, sem confundir esses dois

conceitos. (DCE 2008, p.55).

Segundo Cavalcanti (2005), para analisar a paisagem e atingir o

significado de espaço é necessário que os alunos compreendam que a

paisagem atende a funções sociais diferentes, é heterogênea, por que é um

conjunto de objetos com diferentes datações e está em constante processo de

mudança. Portanto, a análise pedagógica da paisagem deve ser no sentido de

sua aproximação do real estudado, por meio de diferentes linguagens.

2.2 REGIÃO

De acordo com DCE (2008, p. 55), a palavra região antes mesmo de

compor o quadro teórico da Geografia, já era termo usado para designar a

relação entre uma determinada área e o poder político administrativo exercido

sobre ela. "Nos tempos do Império Romano [região] era a denominação

utilizada para designar a área que, ainda que dispusessem de uma

administração local, estavam subordinadas às regras gerais e hegemônicas

das magistraturas sediadas em Roma." (GOMES, 2005, p.50).

Somente a partir do século XIX, deu-se a formulação científica do

conceito, devido aos esforços científicos da Geografia.

A escola francesa de Geografia, no início do século XX, elaborou de

forma sistemática o conceito de região geográfica que estava vinculada ao

conceito de paisagem. Assim a geografia envolvia "uma paisagem e sua

extensão territorial, onde se entrelaçam de modo harmonioso, componentes

humanos e natureza." (CORRÊA, 1986, p.23).

Mas, foi a partir da década de 1990, DCE (2008) que outras análises

críticas do fenômeno regional destacaram os regionalismos como luta social,

deslocando, de certo modo, a discussão do conceito de região. Nesse período

histórico, emergiram as lutas por redefinição de fronteiras motivadas por

nacionalismos considerados desaparecidos.

Para entender região e os demais conceitos geográficos, é preciso

analisar as aparentes mudanças no papel do Estado como responsável pela

demarcação e administração dos territórios. Santos (2000) argumenta que,

embora haja interesses políticos e econômicos internacionais querendo o

enfraquecimento do Estado, ele ainda é elemento importante na produção do

espaço geográfico. Para esse autor, o que está abalada é a soberania nacional

e não o Estado, cada vez mais indispensável diante das transnacionalizações

de organizações e firmas. O que se redefine, no atual período histórico, são as

relações entre as parcelas territoriais do espaço nacional e as empresas.

Em DCE (2008) é destacado que, mesmo com toda essa trajetória, no

Brasil, o conceito de região geográfica marcou o ensino da Geografia até

meados dos anos 1980. Nos currículos, livros didáticos e salas de aula, esse

conceito era abordado de maneira descritiva e compartimentado, de modo que

a região (nacional ou continental) era tomada como organismo autônomo,

caracterizado pela relação entre fatores naturais e socioculturais próprios.

Entre esses fatores, pode-se citar: clima, vegetação, relevo, hidrografia, origem

étnica e religiões predominantes, língua oficial, países e capitais, portos, além

dos principais produtos do setor primário, do secundário e seus respectivos

fins.

Desenvolver o conceito de região propicia então a "compreensão do

fenômeno regional num processo histórico e social responsável por diferenças

entre áreas, em diferentes escalas. Ainda é importante compreender a

regionalização como um recorte de uma totalidade social". (DCE, 2008, p.59).

2.3 LUGAR

Na DCE (2008), coloca-se que no início o conceito de lugar era voltado a

políticas e teorias conservadoras, e passa mais recentemente por um

ressignificado, com o pensamento geográfico tradicional da escola francesa de

La Blache, a Geografia era a ciência dos lugares e (não dos homens). Já na

Geografia Humanística o "lugar" é conceito chave, entendido por espaço vivido,

dotado de valor pelo sujeito que nele vive. "Enquanto o espaço se caracteriza

pelo indiferenciado, abstrato e amplo, o lugar é onde a vida se realiza, é

familiar, carregado de afetividade, o que o torna subjetivo em extensão e

conteúdo, bem como em forma e significado". (DCE, 2008, p.60).

Mas, a DCE (2008), ainda segue que há outra interpretação do conceito

de lugar que vem com a Geografia Crítica, em suas mais recentes elaborações

teóricas, os lugares podem ser ao mesmo tempo, espaços do singular e local

da realização do global, o que possibilita tornarem-se arenas de combate.

Assim, as particularidades dos lugares podem ser atrativos para

investimentos econômicos globais e mantê-los como reserva para o futuro, ou

ainda, pode ser o motivo de desinteresse que os condena ao abandono, onde

muitas vezes "tornam-se espaços de confrontos políticos se houver

mobilização social para isso. Nesse caso, os lugares transformam-se em

territórios quando as relações de "poder" se evidenciam em função de conflitos

de interesses." (DCE, 2008, p. 61).

De acordo com a DCE (2008), o conceito de lugar foi trabalhado de

maneira aligeirada pela Geografia escolar por bom tempo. Já no ensino e nos

materiais didáticos, o conceito era tratado de forma mais efetiva nos programas

curriculares dos anos iniciais do estudo fundamental, em geral atrelado à ideia

de espaço vivido e sob o método da observação, descrição e comparação.

Recentemente, em tempos de globalização, tal conceito tem sido abordado em

materiais didáticos destinados à educação básica, sob as perspectivas teórico-

metodológicas da dialética e da fenomenologia.

Assim, "é no espaço local que as empresas negociam seus interesses,

definem onde querem se instalar ou de onde vão se retirar, o que afeta a

organização socioespacial do(s) lugar(es) envolvido(s) pela sua

presença/ausência." (DCE, 2008, p. 61). Portanto, os aspectos particulares dos

lugares tornam-se visíveis e singulares pela sua relação dialética com o global

ao qual estão inseridos.

É fundamental também, em sala de aula, segundo DCE (2008), abordar

como as identidades espaciais são construídas, nos lugares, procura-se manter

uma identidade sócio-territorial frente ao processo de globalização. O

educando deve compreender que no lugar são observadas as influências, a

materialização e também as resistências ao processo de globalização. As aulas

tornam-se mais significativas quando se estabelece relações entre o que é

estudado e o que faz parte do lugar onde o aluno está inserido. Não

esquecendo, ainda, da relevância em não reduzir o conceito de lugar ao de

localização.

2.4 TERRITÓRIO

A DCE (2008) coloca que para a História, o conceito de território

vinculou-se, durante muito tempo, tão somente à ideia de território nacional. No

pensamento geográfico sistematizado, essa vinculação apareceu com força na

teoria do espaço vital desenvolvida pela escola alemã da Geografia Clássica.

Na renovação do pensamento geográfico e o estabelecimento da ordem

mundial bipolar em meados do século XX, o conceito de território nacional ficou

ainda mais forte, com as "disputas por áreas de influência das duas

superpotências: EUA e URSS. As fronteiras nacionais nesse mundo bipolar

tinham um forte caráter de barreira política, econômica e ideológica que,

algumas vezes, tornaram-se físicas." (DCE, 2008, p.62).

Na DCE (2008), as produções teóricas da Geografia Crítica passaram a

considerar, de forma mais enfática, outras escalas para a abordagem do

conceito de território a partir de 1990. Isso se deu em função da passagem do

sistema fordista para o sistema flexível de produção, que passou a envolver os

chamados países periféricos e alterando as relações socioespaciais nas

dimensões regionais, nacionais e internacionais.

É a partir das relações políticas que o conceito de território deve ser

abordado, nas mais variadas escalas, constituem "territórios, claramente

delimitados ou não; desde os que se manifestam nos espaços urbanos, como

os territórios do tráfico, da prostituição ou da segregação socioeconômica, até

os regionais, internacionais e globais". (DCE, 2008, p.63).

O território [...] é fundamentalmente um espaço definido e delimitado

por e a partir de relações de poder. (...) Todo espaço definido e

delimitado por e a partir de relações de poder é um território, do

quarteirão aterrorizado por uma gangue de jovens até o bloco

constituído pelos países membros da OTAN. (SOUZA, 1995, p. 78-

111).

Assim, na DCE (2008) o conceito de território é fundamental para a

compreensão da relação entre o global e o local, principalmente no que se

refere a tensão existente entre os interesses hegemônicos que constituem

territórios globais (desterritorializados para muitos sujeitos sociais que neles se

movimentam), gerenciados, por exemplo, pelo Banco Mundial e pelo Fundo

Monetário Internacional (FMI), e a disposição dos interesses locais, da

sociedade territorializada, estabelecida no lugar.

A fonte citada à cima reforça que na sala de aula, é importante abordar

as diferentes territorialidades espaciais, desde os micros até os

macroterritórios. Observar as relações de poder institucionalizadas ou não,

exercidas por grupos, governos ou classes sociais, se espacializam, também é

fundamental analisar como ocorrem as disputas territoriais em diferentes

escalas que interferem na (re)organização do espaço.

2.5 NATUREZA

Entre os conceitos fundamentais da Geografia, o de natureza segundo a

DCE (2008), deve ser também destacado. Antes, porém, é preciso dizer que

natureza e sociedade formam um par conceitual inseparável e têm um estatuto

diferenciado nessa breve apresentação dos conceitos geográficos básicos.

O que nos leve a ver que a natureza natural não é considerada trabalho,

mas a natureza artificial sim é fruto do processo de trabalho. Assim, a

paisagem de um lugar é a materialidade das intervenções humanas sobre a

natureza. Inicialmente, essa paisagem guardava as singularidades das

relações, Sociedade ↔ Natureza, locais, mas atualmente, com a

mundialização, as paisagens são compostas por diferentes quantidades de

técnica e artificialização produzidas e/ou importadas de outros lugares

(SANTOS, 1988).

Atualmente, as abordagens críticas da Geografia têm tratado as

relações, Sociedade ↔ Natureza pelo viés socioambiental.

Mendonça (2002) afirma que a Natureza é um conjunto de elementos

que se desenvolvem no tempo geológico e, por isso, possui dinâmica própria

que independe da ação humana, e na atual fase histórica do capitalismo, foi

reduzida apenas à ideia de recurso.

A visão de natureza como recurso leva a ideia de artificialização do

meio, tanto na cidade quanto no espaço rural. A escolha dos lugares para

instalar empresas e centros produtivos, hoje, é orientada também pelas

condições técnicas, científicas e sociais que esses meios oferecem e, não mais

exclusivamente pela presença de recursos naturais. No atual período histórico,

a natureza vem perdendo a importância que tinha nos momentos iniciais do

capitalismo, quando os recursos naturais eram os grandes atrativos dos

interesses locacionais do capital (SANTOS, 1996).

Para DCE (2008), a apropriação capitalista de áreas ricas em recursos

naturais é, muitas vezes de exploração, poder ou estratégica garantia de

reserva para exploração futura. Porém, para além da abordagem da natureza

como recurso ou como reserva, é inegável que o espaço produzido pela

Sociedade tem um aspecto empírico dado também pela natureza (relevo,

hidrografia, clima, cobertura vegetal original) que o constitui, e isso não pode

ser abandonado no ensino de Geografia.

A DCE (2008) reforça que ao trabalhar com o conceito natureza, espera-

se que o professor explicite todos os aspectos da relação Sociedade ↔

Natureza, de modo que supere possíveis abordagens parciais do conceito de

natureza, contemple a análise de suas dinâmicas próprias e evidencie o uso

político e econômico dos aspectos naturais do espaço feito pelas sociedades.

2.6 SOCIEDADE

O conceito de sociedade esteve relacionado ao estudo e à descrição dos

aspectos culturais que delimitavam uma região-paisagem, é o que diz a DCE

(2008, p. 67). A partir dos anos de 1950 e por algum tempo, os conceitos de

sociedade e população foram tomados como sinônimos. Priorizou-se

quantificar a população local e global, cujos dados eram publicizados nas

memoráveis pirâmides etárias dos diversos países, suas taxas de natalidade,

mortalidade, crescimento vegetativo, população economicamente ativa, etc.

Esses dados serviam às políticas estatais de planejamento e de investimento

público e privado. Na escola e nos materiais didáticos, porém, recebiam uma

abordagem estritamente descritiva e quantitativa, hoje considerada insuficiente

para analisar, compreender e intervir no espaço geográfico.

Na DCE (2008), a sociedade é abordada de forma mais crítica nas

últimas décadas. As análises da relação entre pobreza e desemprego, entre

submoradia, migração e trabalho, entre condições de saúde, saneamento

básico e classe social apareceram em livros didáticos nos anos de 1980. Mais

recentemente, abordagem sobre guetos urbanos acessa a atividades e espaço

culturais e de lazer, entre outros, vêm compondo capítulos de materiais

didáticos de Geografia.

A DCE (2008) cola ainda, as bases críticas da Geografia, adotadas

nestas Diretrizes, entendem a sociedade em seus aspectos sociais,

econômicos, culturais e políticos e nas relações que ela estabelece com a

natureza para produção do espaço geográfico, bem como no estudo de sua

distribuição espacial.

A mesma fonte constata que a sociedade capitalista contribui com a

distribuição espacial das diferentes classes sociais. Uma vez que interferem na

determinação do preço dos solos urbano e rural, gerando as desigualdades,

conflitos e contradições, próprias da sociedade capitalista, materializam-se nas

paisagens e podem ser reveladas sob uma análise crítica dos espaços

ocupados pelos diferentes segmentos sociais, culturais, étnicos que compõem

a sociedade.

É importante ainda que o conceito de Sociedade continue associado aos

estudos demográficos e as estatísticas de diferentes tipos, como as

econômicas, fundamentais nas "discussões políticas sobre planejamento

ambiental, rural, industrial e urbano. Tais estudos permitem que sejam

evidenciadas as contradições sociais – etnia, religião, gênero, faixa etária,

densidade demográfica, migrações, entre outros – existentes numa mesma

sociedade", (DCE, 2008, p.68).

Para a DCE (2008), a teoria no ensino da Geografia, deve destacar a

função da escola em: desenvolver o raciocínio geográfico e despertar uma

consciência espacial. E no trabalho pedagógico fundamentado desde a

Educação Básica contribuindo com a formação de um aluno capaz de

compreender o espaço geográfico, nas mais diversas escalas, e atuar de

maneira crítica na produção socioespacial do seu lugar, território, região, enfim,

de seu espaço.

3 Metodologia e Desenvolvimento

A elaboração deste projeto de pesquisa está voltada aos propósitos do

PDE Programa de Desenvolvimento Educacional, que proporciona a

Capacitação de Educação Básicas do Paraná, o qual resultou na construção de

material didático, fundamentado em sua elaboração pelos conceitos

geográficos de valorização da(s) particularidade(s) da geografia local, do

cotidiano do aluno como membro deste espaço incluso no contexto global.

Através de explanação dialógica com os educandos, foi levantado um

conjunto de fatores sobre as condições de estudo, o que dificulta a real

aprendizagem na sala de aula nos assuntos de Geografia relacionados ao

conteúdo estruturante "socioambiental". Tomamos como base a colocação de

Rosângela Doin de Almeida (2002), de que a Geografia serve, sobretudo para,

numa esfera maior, contribuir para um saber estratégico, um elemento de

"poder". Entretanto, compreende também que esse ramo do conhecimento

serve para entender o mundo a partir do entendimento dos processos que

levaram à atual conformação do espaço construído. Neste espaço está

implícita e explícita a forma como cada sociedade entende o que é estar no

mundo. Por isso, insiste a autora, é fundamental que o professor desenvolva no

aluno a capacidade de observar, analisar, interpretar e pensar criticamente a

realidade tendo em vista a sua transformação.

3.1 ESTRATÉGIAS DE AÇÃO

Elaboramos uma proposta de atividade lúdica aliada ao contexto teórico

para trabalhar com alunos de 5ª série/6º ano, da Escola Estadual Irmão Isidoro

Dumont – EF município de Itapejara D´Oeste – PR.

A escola possui 690 alunos, 508 oriundos do meio urbano e 182 do

interior. A princípio pensamos em trabalhar apenas com uma turma, mas

decidimos por aplicar durante as aulas de Geografia de outras turmas, por ser

assunto inciso no conteúdo da referida série, dentro do conteúdo estruturante

dimensão socioambiental, planejamento da disciplina e do projeto político

pedagógico da escola.

Eu na (re)construção do meu espaço é o assunto escolhido por ser

município interiorano predominando pequenas e médias propriedades, que tem

como principal meio de produção a agropecuária familiar e comercial, sendo

destaque da pecuária: suinocultura, avicultura, gado de leite, de corte, e

piscicultura. A produção agrícola se baseia na soja e milho com um menor

cultivo de trigo, aveia e feijão.

Modesto é o parque industrial, mas recebeu um bom reforço com

frigoríficos de frango e de gado, fábrica de ração, de jeans, entre outros

menores. Enfim, é um município do Sudoeste do Paraná que vem tentando seu

crescimento como os demais da região.

Iniciamos a implementação do projeto na escola com uma

problematização inicial para despertar o interesse da turma, pois seguimos

parcialmente a metodologia do "Folhas" (projeto de formação continuada da

Secretaria de Estado da Educação do Paraná - SEED - PR), que veremos a

seguir:

3.2 POR QUE CONSUMIR?

Você já se sentiu atraído por um produto através da propaganda, das

palavras, muitas vezes em inglês, pelo design do produto, teve que batalhar

muito para conseguir e quando adquiriu não valeu à pena?

Você se sente atraído por novidades, modernidades, por mudanças?

Sabemos que a propaganda na mídia é um poderoso instrumento na

divulgação de um produto e que ela usa diferentes meios para chamar nossa

atenção, e mesmo inconscientes passamos a sentir necessidade de comprar

um determinado produto, pois sem o mesmo parece que não seremos felizes,

se não estivermos atentos podemos ter gastos desnecessários.

Prendemo-nos tanto ao consumismo que perdemos valores importantes

à natureza e às nossas famílias, como o modo de vida moral, social e físico, ou

seja, os costumes e as tradições de nossos antepassados, o que nos

desmotiva a ler, assistir aulas e até mesmo estudar.

Obs: A seguir veremos alguns textos e atividades aplicados em sala de aula.

Atividade 1

Ao ler os textos a seguir sublinhe os termos desconhecidos para

procurar no dicionário o significado.

Texto 1

CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Segundo Rattner (2005), ciência e tecnologia não são ética ou

politicamente neutras, cientistas e tecnólogos não podem deixar de suas

posições sociais e de seus valores. Em cada estágio da evolução social, as

tecnologias utilizadas refletem as contradições e os conflitos entre o poder

econômico e sua tendência à concentração de riquezas, poder e acesso à

informação e as aspirações de participação democrática, autonomia cultural e

autogestão. Por isso, a sociedade civil tem o dever e o direito de exercer o

controle sobre as inovações tecnológicas que não podem ficar a critério único

de cientistas, tecnocratas, políticos e empresários. Impõe-se uma avaliação

prospectiva baseada no princípio da precaução e que contemple, além dos

aspectos técnicos e financeiros, a necessidade inadiável de superar a situação

de desigualdade e o processo de deterioração do meio ambiente.

Seguimos, então para:

Atividade 2

Quantas vezes a propaganda o influenciou? Troque idéias com a turma

sobre o poder da propaganda, mídia e consumismo. Faça uma anotação no

caderno sobre o resultado da conversa.

Notamos aqui que esta atividade teve boa aceitação e participação dos

educandos, pois vimos que praticamente todos se identificaram como

consumistas influenciados pela propaganda.

Texto 2

EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA

Lima (2005) destaca que no Brasil o desenvolvimento industrial é uma

conquista da política- econômica, mas, impõe a necessidade de técnicos. Esse

desenvolvimento, que é o objetivo econômico de todas as nações modernas e

revela os esforços de um povo para superar dificuldades e chegar a esse

estágio, mostra-nos também a dependência tecnológica do país.

A tecnologia é um conjunto de conhecimento que permite elaborar as

instruções necessárias para a produção e comercialização de bens e serviços.

Embora, exija o emprego de capital, mão-de-obra, matéria-prima além da

tecnologia. Assim, a tecnologia é um dos ingredientes da produção e de todo o

processo econômico. Por outro lado, a tecnologia é também um bem em si

mesmo, com valor econômico, comportando-se como uma mercadoria sujeita,

portanto, a todos os tipos de transações legais ou ilegais como: compra, troca,

sonegação, cópia, falsificação, roubo e contrabando.

A tecnologia tem um valor estratégico além de seu valor comercial. Hoje,

para uma nação sustentar um desenvolvimento autônomo, não basta dispor de

mão-de-obra, matéria-prima e capital; é preciso possuir tecnologia própria.

Pois, o país, que não possui tecnologia própria, deve se sujeitar aos países que

exportam tecnologia. Essa situação cria uma nova forma de dependência entre

as nações tanto no campo econômico como no cultural, chamadas muito

propriamente de "neocolonialismo".

Devemos, portanto, propor uma nova visão à educação crítica com o

compromisso voltado para a transformação social. É certo que o mercado de

trabalho nem sempre permite a concepção, criação e desenvolvimento de uma

tecnologia, mas freqüentemente leva ao consumo indiscriminado de tecnologia

importada.

A questão tecnológica é também uma questão histórica, social e

econômica de nosso país. Dessa forma, o que aparentemente está restrito ao

campo técnico só se apresenta assim porque foi cultivado o mito da ciência e

da tecnologia como algo impregnado de neutralidade e acima da sociedade,

não passível de discussão em setores mais amplos como, por exemplo, a

educação. Ao técnico cabe colocar também não só a opção do produto, não só

como produzir, mas o que produzir tendo como parâmetro às necessidades da

maioria da população. Daí também a importância de uma formação

humanística dos alunos que os capacite a refletir sobre a força da participação

social bem como sobre as melhores opções tecnológicas para o país e para o

bem-estar de nossa população. A alienação é um dos componentes da

dependência e com isso também a escola não pode compactuar. Pois, a

função primordial da ciência é resolver os problemas da população; portanto,

nunca deve ser um simples instrumento de manipulação de certos interesses,

justificando possíveis injustiças. O aprimoramento cultural se faz no sentido de

que o técnico seja, realmente, um cidadão consciente e capaz de melhorar a

nossa realidade.

Atividade 3

Você sabe o significado dos termos alienação e manipulação?

Acrescente os demais por você sublinhados, procure o significado, anote e

troque idéias com a turma.

Nesta atividade não houve dificuldade, apesar da faixa etária estar entre

dez e onze anos, “não faltou mão erguida para dizer” o que entendeu tanto dos

principais termos quanto do texto em si.

Atividade 4

• Faça uma lista de produtos industrializados que você utiliza no seu

cotidiano:

• Analise o design, marca e o custo comparando com o valor real do

produto escolhido.

• Em que este produto contribuiu para mudar nossas atitudes, crenças e

costumes?

• Merchandise: discuta com a turma a influência e o poder de persuasão

desse tipo de propaganda.

• Que consequências à evolução tecnológica têm proporcionado à

sociedade?

• Prepare para expor à sua turma em forma de painel, cartás ou

oralmente os resultados do seu trabalho.

Observação:

Esta atividade realmente “mexeu” com os educandos que foram

unânimes em comentar que a propaganda nos influência e adquirimos produtos

muito além de que realmente necessitamos. Levados pela aparência dos

produtos, os apelos às compras, as sugestões de produtos devidamente

pesquisados para persuadir os consumidores, que passam a ter impressão de

que é mais feliz quem tem mais, quem pode comprar mais. Passamos a lutar

para "termos" mais, nos esquecendo de que o "ser" e os valores, costumes e

crenças que herdamos deveriam ser vistos em primeiro lugar, mas falta-nos

tempo? Esta questão ficou sem resposta.

Notamos que podemos nos levar pelo modismo, e pelo comodismo de

cada vez mais comprarmos produtos prontos industrializados, congelados,

cheios de conservantes. Preparar uma alimentação saudável é mais

trabalhoso, então o natural, o saudável, o orgânico nem sempre ficam em

primeiro lugar.

E prosseguirmos agora mais voltados a questão ambiental.

Como é o espaço onde você mora? Ele está preservado? Ocorrem

catástrofes? O que você nota que deveria estar melhor ou diferente?

Segundo Callai (2005), “compreender o lugar em que se vive

encaminha-nos a conhecer a história do lugar e, assim, a procurar entender o

que ali acontece. (...) Nenhum lugar é neutro, pelo contrário, os lugares são

repletos de história e situam-se concretamente em um tempo e em um espaço

fisicamente delimitado. (...) Ao mesmo tempo em que ele é palco onde se

sucedem os fenômenos, ele é também ator/autor, uma vez que oferece

condições, põe limites, cria possibilidades”.

Atividade 5

Para facilitar sua aprendizagem pesquise e defina os seguintes termos:

(lugar, território, região, paisagem, natureza e sociedade).

Atividade de educandos 1:

XAVIER (2010)

GASSNER (2010)

Nesta atividade notamos que ao tirar do dicionário, sem problema, mas

ao falar com facilidade há troca de significado. O que demonstramos acima é

tirado do dicionário, notamos que será necessário retomar e trabalhar

posteriormente com mais tempo ou até com metodologia diferente.

Seguimos ao que faltava trabalhar com a geografia do espaço do

educando.

Atividade 6

a) Onde você mora? (endereço)

Rua: Nº Bairro: Localidade: Município: Estado: CEP b) Sua família é formada por. ... (quem mora com você?)

c) Localize no mapa seu município:

Aqui não tivemos dificuldade, situar-se e encontrar seu espaço no contexto foi

fácil.

d) Procure Identificar o relevo, o clima e a vegetação do município.

O que ele mais produz? Faça um breve relato de seu município.

Atividade de educandos 2:

OLIVEIRA (2010)

Aqui trabalhamos de forma relativamente superficial, simplificamos os

textos que apresentamos no material de implementação didática na escola,

complementamos e comparamos com fotos e as entrevistas com pioneiros.

Mas a ideia de que era floresta, foi devastada e hoje produzimos muito e vários

produtos aqui em nosso município ficou clara.

e) Que bens naturais estão disponíveis? Qual seria, em sua opinião, o bem

natural mais valioso?

Figura 1. Trecho protegido do Rio Vitorino, Coxilha Rica, Itapejara D´Oeste - PR

Os bens mais valiosos foram considerados os recursos naturais: água,

clima, solo e assim por diante.

f) Como comentou Callai (2005, p. 236) "(...) ao mesmo tempo em que o lugar é

palco onde se sucedem os fenômenos, ele é também ator/autor, uma vez que

oferece condições, põe limites, cria possibilidades". Há problemas ambientais

onde você mora? Quais? Que recursos materiais foram desenvolvidos pelo

homem neste lugar? De quais recursos naturais ele precisou se apropriar?

Como era antigamente este espaço?

Figura 2. Erosão em solo agrícola

Fonte: Prefeitura municipal de Itapejara D´Oeste

Atividade de educandos 3:

VALENTIN (2010)

Atividade de educandos 4:

PERONDI (2010)

Foi fácil em responder que naturalmente havia muitas árvores, ainda há

como recurso relativamente escasso e há necessidade de se replantar com

urgência.

Foram muito citadas as águas de fonte e rios poluídas e a necessidade

em tomarmos providências imediatamente. O lixo e os agrotóxicos também

foram muito citados.

Esta atividade levou-nos a ver que as soluções podem iniciar

imediatamente por nós membros desta comunidade através de pequenos

gestos para em seguida planejarmos algo a mais.

g) "Cada lugar possui relações com outros lugares, não somente no sentido

físico, mas, no entendimento das diversas conexões ali presentes,

principalmente aquelas vinculadas ao processo de globalização econômica".

Com o aumento da urbanização, o que deixou de ser possível para os

moradores? Quais são os benefícios trazidos pela urbanização?

Vimos que esta região perdeu muito de seus recursos naturais, de seu sossego

de cidade de interior, mas há um grande potencial de produção principalmente

na agropecuária.

Atividade de educandos 5:

ZIMMERMAN e OLIVEIRA (2010)

h) Quais interesses os recentes moradores teriam ao escolher morar neste

lugar? Seriam os mesmos dos antigos moradores?

Chegamos à conclusão que na maioria dos interesses que temos em

morar aqui coincide com os nossos antepassados, produzir, ou trabalhar para

sobreviver com os recursos naturais e ou melhorados aqui disponíveis.

Figura 3. Feira do Produtor de Itapejara D'Oeste

Fonte: Prefeitura municipal de Itapejara D´Oeste

i) A apropriação dos bens naturais é uma realidade. Entretanto é possível

questionar os limites desta apropriação tendo em vista a satisfação das

necessidades individuais e coletivas. (...) O que é poder no espaço?

Atividade de educandos 6:

MIRANDA e ANDRÉ (2010)

Facilmente trabalhada esta questão, ao observarmos as paisagens

vemos que quem tem mais produz mais e algumas variedades, e, portanto tem

mais poder de mudar áreas maiores no espaço, mas os problemas gerados

são para todos.

j) Entreviste pessoas de mais idade que conhecem este lugar? (elabore as

questões juntamente com a turma) ex: Nome? Tempo que conhece este lugar?

Como era a fauna e a flora deste lugar? Recursos utilizados, modo de vida,

costumes, tradições, as casas, meios de transporte, estradas etc...

1) Pesquise em livros;

2) Procure fotografias;

3) Faça cartaz, monte painel;

4) Exponha para a turma.

Relatório da entrevista realizada por uma estudante a um pioneiro avô de

alunas gêmeas da 5ªC.

Atividade de educandos 7:

VITORASSI (2010)

k) "É importante que identifiquemos como cada sociedade entende o que é

estar no mundo". Futuramente como você gostaria que fosse o espaço onde

você mora? Qual é o seu projeto para o futuro? Pesquise planeje e sonhe.

No início desta atividade poucos haviam parado para analisar seu

espaço de vivência, mas aos poucos foram vendo o quanto há de saudável e o

quanto pode simplesmente ser feito ou melhorado mesmo em volta de sua

casa, como: lixo, horta, melhorar o quintal, plantar árvores e assim por diante...

Figura 4. Produção de quintal – na casa de educandos do 6o ano da Escola Estadual Irmão Isidoro Dumont - 2010

Atividade de educandos 8:

VITORASSI (2010) Atividade de educandos 9:

KOMINKIEWICZ e KERVALD (2010)

l) Converse com seu professor e convidem pessoas ligadas a projetos

sustentáveis para dar palestra para a turma:

Aqui foram questionados os familiares pelos próprios educandos e

observamos que em virtude de ser um município pequeno e agrário há

considerável produção familiar de hortifrutigranjeiros com uso mínimo de

produtos químicos o que pode proporcionar considerável qualidade de vida aos

munícipes.

m) Planeje com o professor visita a lugares que sevem de modelo na questão

ambiental, comente os vínculos que ligam as pessoas aos seus lugares de

moradia, questionando as atuais definições de “morar com qualidade de vida” e

monte um texto.

Foi realizada uma visita ao rio Água de Itapejara, convidamos como guia

o professor de geografia Neuri Valdir Testa que é morador, conhecedor e

incansável defensor do meio ambiente principalmente em nosso município.

A equipe verificou que a nascente é cuidadosamente preservada mesmo

estando em propriedade particular, mas ao entrar na cidade a história é outra,

são visíveis os casos de agressão ao meio ambiente, que vem desde a falta de

proteção vegetal nas margens, esgoto e lixo que são largados no rio.

Aqui concluímos que há tentativas de melhorias por parte dos órgãos

públicos, mas que ficam insuficientes diante de tamanha falta de cuidado de

muitos da comunidade com o córrego.

Figura 4. Nascente do Córrego Águas de Itapejara

Figura 5. Córrego Águas de Itapejara em bueiro e galeria ao cruzar a cidade de

Itapejara D´Oeste

Fotos 4 e 5 Fonte: Prof. Neuri Valdir Testa

n) Exponha para a turma o seu projeto de re(construção) de seu espaço.

Anexe toda sua produção relativa a esta atividade em um portfólio, montando a

história e projetos do seu espaço.

Figura 6. Notas finais dos alunos do Projeto "Eu na (Re)construção do meu espaço"

Conclusão

A disciplina Geografia deve ser vista pelos educandos como fonte de

aprendizagem e informação do espaço local e sua inserção no contexto global,

bem como a atuação do ser humano na transformação, construção e até

destruição deste espaço. Pode-se perceber que o uso dos recursos naturais

está relacionado ao poder político e principalmente econômico de ocupação.

Foi gratificante e de grande valia ter desenvolvido este projeto PDE em sala de

aula estendendo-se à família e até mesmo em parte da comunidade,

aprendemos muito com a troca de conhecimentos e com as parcerias nas

pesquisas que permitiram um entrosamento maior professor/aluno e

aluno/professor.

Foi fundamental o apoio e contribuição dos familiares e de alguns

membros da sociedade que são verdadeiros testemunhos vivos da história de

ocupação e transformação do espaço. Além da disponibilidade prestativa dos

educadores da escola que não mediram esforços em auxiliar tanto nas

entrevistas investigativas, quanto no acompanhamento das atividades de

pesquisa sobre as transformações, conquistas, dificuldades e necessidades do

momento no espaço da escola e de vivência dos educandos.

Ao ter conhecimento da atual situação socioeconômica do espaço, a

busca por sugestões de soluções foi naturalmente acontecendo entre os

participantes do projeto, os objetivos propostos foram plenamente atendidos,

quanto à motivação em participar das aulas, empenho no desenvolvimento das

atividades, foi notável a satisfação dos participantes. O conteúdo foi

aprofundado além das expectativas, houve resgate da autoestima, motivação e

disposição na busca de conhecimento e estudo para planejar o que de melhor

cada um pode e deve fazer por seu espaço.

Observamos dificuldades na leitura, escrita e interpretação de textos,

muitos alunos demonstraram sérias deficiências e dificuldades básicas de

leitura, raciocínio e interpretação, ficando comprovado que há necessidades de

termos turmas menores no ensino fundamental, além da ampliação e melhoria

do espaço físico da escola. Comprovamos ainda há necessidade urgente em

se fazer algo nas séries iniciais do ensino fundamental, pois encontramos

casos de educandos que nem sabem ler e escrever no 6º ano do ensino

fundamental.

Ao analisar os alunos que obtiveram baixo rendimento nas atividades,

constatou-se que um problema sério é o tempo em que educandos ficam

sozinhos em casa ou na rua. O companheirismo e o diálogo dos educandos

com familiares estão cada vez mais escassos. Encontramos casos de

dificuldades econômicas e desestruturação familiar que se tornam verdadeiras

bombas relógio nas escolas. Muitos pais que se matam trabalhando e sem se

dar conta não estão dando a atenção devida aos filhos. Enfim, há necessidade

urgente de novos investimentos para termos uma educação de qualidade em

nossas escolas.

Concluímos que os educandos de 5ª série ou 6º ano possuem uma

considerável bagagem de conhecimentos gerais, que na oralidade e em

atividades lúdicas proporcionam bom e ótimo desempenho, graças à

disponibilidade dos educadores da escola. Embora o espaço seja em

demasiado apertado para atividades práticas e não há na escola laboratório

nem sala de artes.

Referências

ALMEIDA, Rosangela Doin de; PASSINI, Elza Yasuko. O espaço geográfico: ensino e representação. 12 ed. São Paulo: Contexto, 2002. 90 p.

CALLAI, Helena Copetti. Aprendendo a ler o mundo: a geografia nos anos iniciais do ensino fundamental. Cadernos CEDES, Campinas, v. 25, n.66, p. 227-247, maio/ago 2005. Disponível em: <http://www.cedes.unicamp.br>. Acesso em: 10 nov. 2010.

CAVALCANTI, L. de S. Geografia, escola e construção de conhecimento. Campinas: Papiros, 1998.

CAVALCANTI, L. de S. Cotidiano, mediação pedagógica e formação de conceitos: uma contribuição de Vygotsky ao ensino de Geografia. Cadernos CEDES, Campinas, v. 25, n.66, p. 185-207, may/aug 2005.

CORRÊA, R. L. Região e organização espacial. São Paulo: Ática, 1986.

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GOMES, P. C. da C. O conceito de região e sua discussão. In: CASTRO, I. E. de; GOMES, P. C. da C. e CORRÊA, R. L. (Org.) Geografia: conceitos e temas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005.

LIMA, Elomar Vaz de. Educação e Tecnologia. 2005. Disponível em: <http://www.cefetsp.br/edu/eso/educacaoelomar.html>. Acesso em: 08 nov.2005

MENDONÇA, F. Geografia socioambiental. In: MENDONÇA, F.; KOZEL, S. (Org.) Elementos de epistemologia da geografia contemporânea, Curitiba: UFPR, 2002. p. 121-144.

PREFEITURA MUNICIPAL DE ITAPEJARA D’OESTE. Feira do Produtor de Itapejara D'Oeste. [s/a]. 1 fotografia, color., 9 cm x 12 cm.

RATTNER, Henrique. Tecnologia e Sociedade. [s.a] 2005. Disponível em: <http://www.espacoacademico.com.br/048/48rattner.htm 2005>. Acesso em: 10 nov. 2005.

SANTOS, M. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: Hucitec, 1996.

______ Metamorfoses do espaço habitado. São Paulo: Hucitec, 1988.

______ Por uma outra globalização. Rio de Janeiro: Record, 2000.

SOUZA, M. J: L. O território: sobre espaço e poder, autonomia e desenvolvimento. In: CASTRO, I. E. et. al. (Org.). Geografia: conceitos e temas. Rio de Janeiro: Bertrand, Brasil, 1995. TESTA, N. V. Nascente do Córrego Águas de Itapejara. [s/a], 1 fotografia, color., 9 cm x 6 cm.

TESTA, N. V. Córrego Águas de Itapejara em bueiro e galeria ao cruzar a cidade de Itapejara D´Oeste. [s/a], 1 fotografia, color., 9 cm x 6 cm.

Referências de atividades dos educandos Textos: GASSNER, Mateus. Atividade de educandos 1: pesquise o significado. 2011. 1 texto, a&b, 21cm x 29 cm.

OLIVEIRA, Patrícia. Atividade de educandos 2: sobre Itapejara D'Oeste. 2011. 1 texto, color, 21 cm x 29 cm

VITORASSI, Lhais. Atividade de educandos 7: entrevista com pioneiro. 2011.

1 texto, color, 21 cm x 29 cm.

XAVIER, Adilson de Souza. Atividade de educandos 1: pesquise o significado. 2011. 1 texto, a&b, 21 cm x 29 cm.

Imagens: KOMINKIEWICZ, Luiz Henrique; KERVALD, Allysson. Atividade de educandos 9: Ilustre os problemas ambientais de Itapejara D’Oeste. 2011. 1 gravura, ilustração, color., 21 cm x 29 cm.

MIRANDA, Danielle A. de; ANDRÉ, Dayane. Atividade de educandos 6: cultivo em pequenas e grandes propriedades. 2011. 1 gravura, ilustração, color, 21cm x 29 cm.

PERONDI, Patrícia B. Atividade de educandos 4. 2011. 1 gravura, ilustração, color, 19 cm x 20 cm.

VALENTIN, Amanda. Atividade de educandos 3. 2011. 1 gravura, colagem, color, 21 cm x 29 cm

VITORASSI, Lhais. Atividade de educandos 8. 2011. 1 gravura, ilustração, color, 21cm x 29 cm.

ZIMMERMANN, Thais Fernanda; OLIVEIRA, Fernanda Rodrigues de. Atividade de educandos 5: desenhe a natureza preservada e destruída. 2011. 1 gravura, ilustração, color, 21cm x 29 cm.