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DA “VOLANTE” À RADIOPATRULHA: AS COMUNICAÇÕES NA POLÍCIA MILITAR DA BAHIA (1930-1967) ANDREA REIS DE JESUS 1 Introdução Este trabalho objetiva analisar as comunicações modernas na Polícia Militar da Bahia, especialmente durante o combate ao cangaço na década de 1930, seu desenvolvimento nas décadas de 1940 e 1950 e, finalmente, no processo de implantação do serviço de radiopatrulha durante o regime militar. Para tanto, arquivos localizados no Centro de Documentação e Memória da Polícia Militar, bem como, fontes orais, foram utilizadas e tornaram possível compreender como ocorreu o desenvolvimento das comunicações policiais militares no Estado da Bahia até os dias atuais. Nessa perspectiva, busca-se percorrer analiticamente a trajetória das comunicações policiais no âmbito da Secretaria da Segurança Pública da Bahia, as conjunturas sociais e econômicas que permitiram aos governos baianos implementarem, a partir da década de 1930 do século vinte, políticas de segurança, notadamente no quesito das comunicações. Entretanto, faz-se necessário destacar as características da Polícia Militar da Bahia, como instituição, em cada período abordado, já que as instituições por mais que sejam sólidas e feitas para durar passam por variações em sua estrutura e finalidade ao longo do tempo. Ao explicar o conceito de instituição, Demerval Saviani assim a define: A instituição apresenta-se como uma estrutura material que é constituída para atender a determinada necessidade humana, mas não qualquer 1 Mestre em Educação pelo PPGE- UFBA, funcionária do Governo do Estado da Bahia. E-mail: [email protected]

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DA “VOLANTE” À RADIOPATRULHA: AS COMUNICAÇÕES NA POLÍCIA

MILITAR DA BAHIA (1930-1967)

ANDREA REIS DE JESUS1

Introdução

Este trabalho objetiva analisar as comunicações modernas na Polícia Militar da Bahia,

especialmente durante o combate ao cangaço na década de 1930, seu desenvolvimento nas

décadas de 1940 e 1950 e, finalmente, no processo de implantação do serviço de radiopatrulha

durante o regime militar. Para tanto, arquivos localizados no Centro de Documentação e

Memória da Polícia Militar, bem como, fontes orais, foram utilizadas e tornaram possível

compreender como ocorreu o desenvolvimento das comunicações policiais militares no

Estado da Bahia até os dias atuais.

Nessa perspectiva, busca-se percorrer analiticamente a trajetória das comunicações

policiais no âmbito da Secretaria da Segurança Pública da Bahia, as conjunturas sociais e

econômicas que permitiram aos governos baianos implementarem, a partir da década de 1930

do século vinte, políticas de segurança, notadamente no quesito das comunicações.

Entretanto, faz-se necessário destacar as características da Polícia Militar da Bahia, como

instituição, em cada período abordado, já que as instituições por mais que sejam sólidas e

feitas para durar passam por variações em sua estrutura e finalidade ao longo do tempo. Ao

explicar o conceito de instituição, Demerval Saviani assim a define:

A instituição apresenta-se como uma estrutura material que é constituída

para atender a determinada necessidade humana, mas não qualquer

1 Mestre em Educação pelo PPGE- UFBA, funcionária do Governo do Estado da Bahia. E-mail:

[email protected]

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necessidade. Trata-se de necessidade de caráter permanente. Por isso a

instituição é criada para permanecer.

[...]

Mas, se as instituições são criadas para satisfazer determinadas necessidades

humanas, isto significa que elas não se constituem como algo pronto e

acabado [...] as instituições são, portanto, necessariamente sociais, tanto na

origem, já que determinada pelas necessidades postas pelas relações entre os

homens, como no seu próprio funcionamento, uma vez que se constituem

como um conjunto de agentes que travam relações entre si e com a sociedade

à qual serve (SAVIANI, 2007:5).

Criada ainda na época do Império (1825), a Polícia Militar da Bahia passou por diversas

fases e por muitas transformações. Um exemplo muito claro, quando se observa essas

mudanças, é a quantidade de denominações que a instituição recebeu. A primeira designação

foi Corpo de Polícia, depois vieram Regimento Policial, Brigada Militar e Força Pública. A

denominação Polícia Militar era utilizada “de forma extraoficial desde o início da República.

A denominação oficializou-se após a Segunda Guerra Mundial [...] através do Decreto

Estadual nº 13.503, de 17 de novembro de 1946” (ANJOS JÚNIOR E PINTO, 2009: 36). Não

será possível analisar aqui os modelos de cada período, mas em síntese, cada modelo

correspondia à quantidade de efetivo, organização e estrutura que a Polícia Militar assumia,

conforme a conjuntura social e política.

Embora a Constituição da República Federativa do Brasil (1988) estabeleça, no seu

artigo 144, § 5º, que a função das polícias militares é exercer a atividade de polícia ostensiva e

de preservação da ordem pública, nem sempre se verificou, ao longo da história, a atuação da

polícia militar como polícia ostensiva. No entanto, existiam ocasiões em que era necessário

acioná-la, especialmente para coibir distúrbios sociais, que à época, era a sua principal função.

Desse modo, as comunicações na corporação policial militar baiana desenvolveram-se de

acordo com a necessidade de atuação da tropa, sobretudo nos momentos de graves conflitos

sociais.

As comunicações na Polícia Militar no tempo das “volantes”: a radiotelegrafia

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No Brasil, uma das primeiras formas de comunicação telegráfica que se tem registro

ocorreu no Rio de Janeiro, em 1857. A telegrafia utiliza o código morse que é um sistema de

representação de letras, números e sinais de pontuação. Pode ser usado, ainda, como tom de

áudio, como um sinal de rádio com pulsos ou tons curtos e longos. A difusão do uso da

radiotelegrafia pela Polícia Militar baiana está diretamente associada ao combate do Cangaço

no interior da Bahia. Fenômeno social que atingiu seu apogeu na década de 1930 no nordeste

brasileiro, com grupos de bandoleiros liderados, entre outros, por Lampião e Corisco.

Lampião entrou no território baiano em agosto de 1928. Já em janeiro de 1929, atacou e

ocupou a cidade de Queimadas (TAVARES, 2001). Mas foi somente a partir de 1932, sob o

governo do interventor, Juracy Magalhães, que o combate sistemático aos cangaceiros

intensificou-se. Entretanto, as primeiras iniciativas para combater o banditismo na Bahia

iniciaram-se em 1930 quando foi criada uma central de comunicações na sede da Secretaria

de Segurança Pública para estabelecer contato entre o comando em Salvador e as tropas

sediadas nas regiões afetadas pelo cangaço:

O Serviço Radiotelegráfico do Estado da Bahia foi criado por ato do

Governo, em janeiro de 1930, atendendo necessidades imperiosas da

campanha contra o banditismo no Nordeste, em cuja região perdurou por

muitos anos, praticando toda a sorte de infâmias e atrocidades, a horda

sinistra dos famigerados asseclas da época, chefiados por Virgulino Ferreira,

o Lampeão, muito bem classificados de “almas de lama e de aço”

(OLIVEIRA, 1945: 1)

Foram sendo instaladas estações de comunicações entre a capital e o interior do Estado

com vistas a facilitar o controle das operações pelas autoridades, bem como, receber e

transmitir informações sobre a movimentação dos cangaceiros na Bahia, como se observa a

seguir:

Por conseguinte, teve início este eficiente serviço com a instalação de três

estações apenas, que logo entraram em funcionamento, sob entusiasmo

geral, contempladas as cidades de Bonfim (então posto de concentração das

forças em operações), Uauá e Jeremoabo, de sorte que, em outubro do

mesmo ano, verificou-se a instalação da estação central [...] no antigo

edifício da Secretária de Segurança Pública neste mesmo local do atual,

contando-se até aquela data quatro estações. Foi assim mais

engrandecimento para a então Polícia Militar (atual Força Policial) a adoção

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de tão utilíssimo Serviço, com a consequente organização do quadro de

pessoal, constituído de militares, que, como o foi, continuou a disposição da

Secretária de Segurança Pública. (OLIVEIRA, 1945: 1).

A perseguição aos cangaceiros não era empreitada das mais fáceis, exigia o

investimento de recursos financeiros e o preparo de tropas para se locomover e travar batalhas

na aridez do cenário da caatinga. Nesse aspecto, os grupos de bandoleiros levavam vantagem

em relação às volantes, especialmente porque a rotina das volantes era exaustiva e havia

ocasiões em que as tropas “ficavam vários meses sem encontrar nenhum traço de cangaceiros.

Era também comum que permanecessem meses sem dar um tiro sequer” (PERICÁS, 2010:

91). Ás dificuldades do terreno vinha somar-se a falta de acesso às informações sobre o

paradeiro dos cangaceiros, muitas vezes obstada pela presença de coiteiros. Nesse sentido, o

uso da radiotelegrafia será um incremento às estratégias de combate ao banditismo, como

explica Pericás:

Os soldados, no período lampiônico, não utilizavam cornetas como meio de

comunicação entre as tropas para evitar que os bandidos soubessem de suas

posições. Nos anos 1930, principalmente, já era comum o uso de rádio

(PERICÁS, 2010: 92).

No período, as principais cidades da região da caatinga já eram cobertas pelo serviço de

rádio: Jeremoabo, Paripiranga, Santa Brígida, Brejo dos Burgos, Serra Negra, Santo Antônio

de Glória, Chorrochó, Uauá, Várzea da Ema e Canudos (FONTES: 1998). Registros

encontrados nos arquivos da Polícia Militar fornecem detalhes da montagem do serviço e da

formação dos quadros de radiotelegrafistas:

Com a passagem do grupo de Lampião para o Estado da Bahia em 1920, por

sugestão do então Tenente Francisco Pedro da Fonseca, Ajudante de Ordem

do Dr. Madureira de Pinho Secretário da Polícia e Segurança Pública. Foram

instaladas na época, quatro estações com os prefixos da PRPM no Quartel do

Comando da Polícia Militar, PRPJ na cidade do Senhor do Bonfim, sede das

Forças em Operação no Nordeste. PRQC na cidade de Uauá e PRQL na

cidade de Jeremoabo. Para operar estas estações foram cedidas pelo exército,

os seguintes VALLADARES GALO, MELQUIADES BEDA DA SILVA,

Djalma e o Cabo Mario, foram também aproveitados da Polícia Militar

(Força Pública) do Estado, os Sargentos JOSÉ MACHADO FILHO, ALIPIO

FERNANDO DA SILVA e FLAVIANO SANTANA DE OLIVEIRA.

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Posteriormente com a designação do 2º Tenente do exército JOÃO MIGUEL

DA SILVA para chefiar o Serviço de Rádio na Força Pública, comissionado

ao posto de Capitão, outras estações foram instaladas com os prefixos FO-1,

FO-2, FO-4, e FO-5 nas 1º localidades de Santa Brígida, Várzea da Ema,

Feira do Pau (Atual Macururé) Serra Negra (Pedro Alexandre) e Glória. Para

atender esses novos postos radiotelegráficos, foram postos à disposição da

Força Pública do Estado, cedidas pela Polícia do estado da Paraíba, os

Sargentos EPHIGENIO DE MATTOS E SILVA, MARIO MARQUES DE

ARAÚJO, OTAVIO DE MARIAS, MANOEL LEÃO, MANOEL

AVELINO DA SILVA, TÁCITO BARBOSA DA SILVA e o Cabo JOSÉ

BERNARDO SOBRINHO (PEREIRA, [197-: s.p.).

Oleone Coelho Fontes relata que não era incomum informações desencontradas como,

por exemplo, quando o comandante de uma volante, em Uauá, telegrafou ao chefe de polícia

em Salvador informando que Lampião se encontrava em Juazeiro, e assim vinham ordens

para que o local fosse atacado. No entanto, o uso das comunicações através do telégrafo era

de certo modo eficaz. Uma prova disso são relatos de ataques dos grupos de cangaceiros às

centrais telegráficas logo que chegavam às cidades que possuíam o serviço. Se o cangaço

estava entre o arcaico e o moderno, como sugere Luís Bernardo Pericás (2010), o telégrafo,

representava, naquele momento, o moderno e não contava com a simpatia dos cangaceiros:

Os bandoleiros só não suportavam o telefone e o telégrafo. Não que fossem

contra esses aparelhos per si, mas porque podiam ser usados para denunciá-

los. A “modernidade”, aqui, seria uma faca de dois gumes. Nesse caso o

“moderno” podia se metamorfosear em “arcaico”: cortavam os arames dos

fios telegráficos e os transformavam em chicotes. (PERICÁS, 2010:175).

Os cangaceiros não suportavam o telégrafo, assim como, detestavam as rodovias,

através das quais, chegavam as tropas volantes. Era comum o ataque aos trabalhadores que

construíam as estradas. Os cangaceiros consideravam as rodovias uma ameaça à segurança do

grupo. No entanto, a partir do governo de Góis Calmon (1924-1928), a construção de estradas

ganhou impulso e continuou se intensificando na década de 1930. Para que se tenha uma

ideia, foi no governo de Calmon que a estrada Salvador-Feira de Santana foi construída, e,

muitas outras, que totalizaram 3260 quilômetros de estradas contra os 763 que existiam antes

de 1928 (TAVARES: 2001).

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A análise de Pericás e a observação desses fatos permitem sugerir que a construção de

rodovias, o uso de armas modernas, desconhecidas dos cangaceiros, como a Hotchkiss e a

metralhadora portátil Thompson, calibre 45, somados ao forte empenho do Estado Novo em

acabar com o cangaço, foram decisivos para o aniquilamento do banditismo no nordeste

brasileiro nas décadas de 1930 e 1940. Permitem sugerir, também, que o incremento das

comunicações, especialmente o uso da radiotelegrafia, contribuiu para apressar o fim do

cangaço. Com base nas fontes é possível dizer que o desenvolvimento das comunicações

policiais militares nas décadas seguintes por todo o interior da Bahia foi, sobretudo,

consequência do esforço do governo no combate ao cangaço.

As Comunicações na Polícia Militar durante a “experiência democrática”.

Se o combate ao banditismo no interior do Estado contribuiu para o avanço e a difusão

das comunicações policiais na Bahia, a conjuntura social e econômica advindas das

dificuldades causadas pela Segunda Guerra Mundial afetaram os investimentos do governo no

setor, como é possível constatar através do relato do oficial de radiotelegrafia em 06 de

fevereiro de 1945:

Notadamente nos setores administrativos tornou-se precária a expansão de

verbas, como seria mesmo natural, destinadas ao custeio e ampliação dos

serviços; além das forçadas reduções, outras foram inevitáveis e daí surgiram

inconvenientes lastimáveis que concorreram para o deficiente andamento de

vários serviços dada sobretudo pela escassez de material técnico apropriado.

Em consequência algumas de nossa estações já paralisadas em 1942, como

caravelas, Santarém, Canavieiras e Bonfim, tiveram de ser recolhidas, por

ordem superior, ao passo que ficaram fechadas nas respectivas localidades

as de lençóis, Camamu, Porto Seguro, Santo Sé e Santana dos brejos, que,

segundo as esperanças, voltarão a funcionar em 1945. (OLIVEIRA, 1945:2)

Observa-se como no início da década de 1940, a Bahia já havia expandido o serviço de

comunicações policiais por varias regiões, especialmente a região sul. Com a Guerra, diversas

estações ficaram prejudicadas e houve uma paralisação dos serviços. Não poderia ser

diferente, já que o próprio oficial mencionou no relatório outras mazelas sociais como o

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“encarecimento espantoso e avassalador dos gêneros, artigos, matérias-primas, produtos e

subprodutos” (OLIVEIRA, 1945:2) Outro problema que o serviço enfrentou no período foi a

perda de quadros qualificados para outras empresas:

[...] O Serviço Radiotelegráfico da Bahia, é dos que tem dado os mais hábeis

telegrafistas. Por consequência desse conceito velhamente solidificado, e que

vários elementos nossos foram convidados por colegas de fora e dirigentes

interessados para, com duplas vantagens e dentro na mesma profissão,

completarem os efetivos de outros serviços congêneres. Assim é que nos

efetivos da FAB, da Cruzeiro do Sul, da Panair, do Loide Brasileiro, da

Central do Brasil, constam tanto nesta Capital como em São Paulo, Rio,

Paraná, Minas Gerais, Pará, etc., radiotelegrafistas que foram do Serviço

Radiotelegráfico do Estado da Bahia [...] (OLIVEIRA, 1945: 2).

Uma forma que a corporação encontrou para evitar as perdas desses profissionais para

outras companhias foi dinamizar as promoções. É preciso salientar que o serviço era

extremamente especializado e exigia aprovação em concurso específico para atuar como

radiotelegrafista. Havia um quadro na estrutura da Polícia Militar que chegou a contar com

quatro Coronéis. Todos eles haviam percorrido a carreira de praças a oficiais.

Outra característica do serviço de comunicação da Polícia Militar no período era que

não se usava a radiotelegrafia exclusivamente para transmitir mensagens policiais. Houve

vários exemplos de intercâmbio entre as forças policiais e outros órgãos públicos no sentido

de estabelecer troca de informações em diversas situações, como durante os blackouts na rede,

em plena Segunda Guerra Mundial e campanhas de vacinação na década de 1960

(LOUREIRO: 2017). Segundo Magalhães e Jesus (2018):

Havia uma colaboração estreita entre o serviço de comunicação da Polícia

Militar e o Telégrafo Nacional, que supria possíveis dificuldades entre os

órgãos. Em 1944, por exemplo, em razão de linhas interrompidas, foram

transmitidas, em julho, através da estação da Polícia Militar, 105 (cento e

cinco) telegramas com 2.119 (duas mil cento e dezenove) palavras, para a

cidade de Barreiras, no extremo oeste da Bahia. Novamente, em outubro,

foram transmitidos 151 (cento e cinquenta e um) telegramas, com 3.193

palavras, para Jequié. Em reconhecimento e respeitando os acordos

regulamentares, os radiotelegrafistas da Corporação se orgulhavam de

prestar “o pequeno, mas valioso, serviço”(OLIVEIRA,1945)

(MAGALHÃES, JESUS, 2018:26).

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Numa época em que o uso do telefone era restrito e os correios deficientes, as estações

da Polícia Militar serviam de elo entre a capital e as regiões longínquas do interior. Um

relatório de 1950 faz a seguinte observação sobre as comunicações com o interior:

De conformidade com os quadros demonstrativos anexos, passaram para eles

aparelhos da nossa Rede durante o ano de 1955, (28.965) radiogramas com

um total de (854.472) palavras. Em relação ao ano anterior tivemos um

acréscimo de quase (7.000) radiogramas, e que vale dizer que dia a dia

cresse o nosso trafego com o interior do Estado (OLIVEIRA, 1955: s.p.).

Conclui-se desses fatos que a rede de comunicações da Polícia Militar recebeu

contínuos investimentos ao longo da década de 1950, devido ao reconhecimento de sua

crescente importância social e como fator de integração entre as regiões, o que será

fundamental para a implementação de tecnologias, como o uso do rádio VHF e SSB

(respectivamente rádios de alta frequência e que atingiam longas distâncias). A incorporação

desses equipamentos mais modernos não representou o fim das comunicações via

radiotelegrafia, significou sim, a necessidade do incremento de aparelhos que atendessem aos

novos objetivos e às novas atribuições que a Polícia Militar passou a desempenhar nas

décadas seguintes. No entanto, a radiotelegrafia iria conviver por um longo tempo ainda com

os modernos rádios.

A Polícia Militar e os primórdios da radiopatrulha

Desde a sua criação e durante as seis primeiras décadas do século vinte, a Polícia Militar

da Bahia atuou, essencialmente, como uma tropa que deveria ser acionada em eventos

excepcionais, especialmente distúrbios e atividades sociais que exigissem emprego de força e

de um efetivo mais numeroso. Essa configuração se modificou a partir do final da década de

1960. Entre as razões que poderiam ser levantadas para as novas atribuições assumidas pela

Polícia Militar encontram-se, a crescente urbanização a partir da segunda metade do século

vinte, consequentemente o aumento da desigualdade e do crime e a nova situação política do

país com o advento do regime militar.

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Se nas décadas de 1940 e 1950 a Polícia Militar não atuava nas ruas de Salvador de

modo ostensivo, ou seja, era uma “[...] Tropa de (vamos dizer) Guerra, tropa do Exército. Era

todo mundo aquartelado, só saía na rua em caso de perturbação grave da ordem pública. Fora

disso não saía” (AMORIM APUD ANJOS E PINTO, 2009: 67), a Guarda Civil do Estado era

quem tinha o controle e exercia de fato o patrulhamento da cidade. No final da década de

1960, o serviço de radiopatrulha funcionava do seguinte modo:

Tinha uns cinco telefonistas, mais ou menos, e o oficial de controle. Todos

da Guarda Civil. Numa outra sala havia o despachante, é ele quem estava no

rádio, e que fazia o deslocamento. Porque a cidade era dividida em quatro

zonas de policiamento: 1º zona era Barra até Itapuã, toda Orla (Pituba,

Abaeté), 2º zona era Liberdade (Barbalho, Largo do Tanque, Pero Vaz) 3º

zona era Brotas (Toda Brotas, Matatu, Luís Anselmo) 4º zona era Comércio

(Praça Cairu até Ribeira, toda Península Itapagipana). Para cada zona dessa

havia, em média, 05 a 06 viaturas. O policiamento não era feito de forma

aleatória, todo deslocamento era feito com o despachante. Então nós

tínhamos a prancheta com os formulários, todo mundo pronto, aí a viatura

dava sinal de ok, era pelo rádio VHF. (SILVA, 2018: s.p)

A Polícia Militar iria incorporar essa organização por zona quando assumiu o

patrulhamento no final da década, pois com o Decreto-Lei 667 de 1969, o policiamento

ostensivo passou a ser exclusividade da Polícia Militar e a Guarda Civil foi extinta em 1971.

Esse decreto Reorganizou as Polícias Militares e os Corpos de Bombeiros Militares dos

Estados, dos Territórios e do Distrito Federal e instituiu a Inspetoria-Geral das Polícias

Militares, cargo que seria exercido por um General de Brigada, cujo objetivo era o controle

dos dispositivos do Decreto-Lei. È importante ressaltar que estava em vigor o Ato

Institucional nº 5, no qual o Decreto-Lei era amparado. Entretanto, antes desse período, a

Polícia Militar já possuía alguma experiência com a comunicação por meio de rádio, fosse

dando suporte à central da Guarda Civil ou na utilização da radiotelegrafia, como é possível

observar nesse registro de boletim:

1 – Cumprindo o encargo que me foi confiado, instalei, na Secretaria de

Segurança Pública (6º andar), a Sala de operações Policiais do

Patrulhamento Motorizado (Rádio Patrulha) cujo funcionamento será

determinado pelo titular daquela pasta, ainda no corrente mês, o que está a

depender apenas da revisão das viaturas chegadas. 2 – Assim, pois, o

material adquirido e os utensílios confeccionados por esta PM, e na referida

repartição colocados para indenização pela Secretaria de Segurança Pública,

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foram os seguintes: Mesa com carta da cidade do salvador aplicada – 3,40 x

1,70 (com 3 cavaletes).Gancho de madeira – c/10,80 (c/ cavalete)Quadro

para controle (negro) 1,00 x 1,50)Mapa da Cidade do Salvador – c/ moldura

(c/cavalete)Mapa do município do Salvador – c/ moldura med. 1,00 x

1,30;Orno grama do PPM c/ moldura med. 1,00 x 1,30 (com

cavalete);Quadro de orientação do PPM c/ moldura modelo 1,00 x

0,80;Lente LL 1.000 marca DFY (BAHIA, 1958:s.p).

A sala de radiopatrulha ficava no 6º andar do prédio da Secretaria de Segurança,

localizado no bairro da Piedade, no centro de Salvador. A Polícia Militar só contava com

cinco viaturas que rondavam em horários definidos ou atuava em ocasiões especiais. Na

época, havia um oficial que coordenava as ações do recém-criado Regimento 2 de Julho, cuja

atribuição era realizar rondas e reunia o “1º Batalhão de Polícia Metropolitana com o objetivo

de executar o policiamento a pé, o 2º Batalhão que realizava o policiamento de trânsito”

(ANJOS JÙNIOR, PINTO, 2009: 49) e outras unidades especiais como o Grupamento de

Motociclistas, o pelotão de Choque e a Companhia de Guarda.

Conforme depoimento do oficial, chefe de radiocomunicações à época, foi somente a

partir de 1967 que a radiopatrulha da Polícia Militar foi transferida da Secretaria da Segurança

Pública (SSP) para o Quartel do Comando Geral, desvinculando-se da SSP. : “foi nessa época

que a Inspetoria Geral das Polícias Militares, IGPM, fora criada e mudou tudo (...). Foi uma

orientação da IGPM (...). Foi um tumulto na época, porque a Polícia Militar não tinha noção

do que era radiopatrulha” (OLIVEIRA, 2017 :s.p) A sala de operações de radiopatrulha da

Polícia Militar passou a funcionar no Quartel do Comando Geral e desenvolveu suas

atividades até assumir completamente as funções de policiamento ostensivo tanto na capital

quanto no interior do Estado. Aos poucos, o serviço foi se estruturando. Agentes da Guarda

Civil foram incorporados pela Polícia Militar e pela Polícia Civil e passou a existir duas

centrais de polícia, uma permaneceu no antigo prédio da SSP, sob a responsabilidade da

Polícia Civil (CEPOL) e a outra no prédio do Comando Geral da Polícia Militar (COPOM).

Do embrião criado em 1967, surgiria, formalmente, cinco anos depois, aquele que foi um dos

órgãos mais importantes da corporação. O Boletim geral apresentou como seria o COPOM:

Artigo 1º- A Central de Operações, prevista na estrutura da 3ª Seção do EM,

e a funcionar no Quartel do Comando Geral é o órgão de Coordenação,

Supervisão, Controle e Inspeção das operações do policiamento ostensivo

afeto à Polícia Militar, de acordo com as diretrizes e planos operacionais

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baixados pelo Comando Geral. Contra atos de subversão, assaltos,

sequestros, atentados ao patrimônio (BAHIA, 1972: 1275).

O registro enfatiza os tipos de crime que preocupavam o poder público naquele

momento: sequestros, assaltos, atentados ao patrimônio, entre outros. No entanto, chama

atenção “os atos de subversão”. Embora subversão comporte vários sentidos, é possível que a

radiopatrulha também recebesse a atribuição de reprimir os opositores da ditadura militar.

Consequentemente, houve uma ampliação da quantidade de viaturas e da rede de

comunicações. No final do governo de Roberto Santos, a Polícia Militar possuía 378 viaturas

para realizar o patrulhamento na Bahia. Nesse sentido, o COPOM tornou-se o órgão que, a

partir dos anos oitenta, recebeu mais inovações tecnológicas e aprimoramento de

profissionais. Da sua capacidade de coordenação e gerenciamento de comunicações dependia

o serviço policial militar nas ruas de Salvador.

É possível perceber que as comunicações, apesar de se concentrarem em Salvador e

região metropolitana, avançava para o interior do Estado. Para tanto, seguiu incorporando

novos recursos. Em 1983 surgiu um projeto de reestruturação total do órgão, o denominado

“Projeto Novo Copom”, que contou com uma equipe formada por oficiais superiores,

encarregada de elaborar novas diretrizes e adquirir equipamentos mais adequados às

necessidades do serviço. Exigia-se maior preparo profissional do efetivo e experiência de

atuação nas ruas.

Esse modelo de Centro de Operações existiu até 2003 quando foi extinto. Foi criada

então a Central Única de Telecomunicações (CENTEL), cujo objetivo era “centralizar e

unificar as comunicações de segurança pública em um só centro, incluindo ali as

comunicações de Polícia Militar, de Polícia Civil, de Bombeiros Militares e de Departamento

de Polícia Técnica.” (Magalhães; Jesus, 2018:40). Porém, a CENTEL não teve uma vida tão

longa como o COPOM. O aumento das demandas policiais e a necessidade de incorporação

de ferramentas tecnológicas mais modernas, como o videomonitoramento, resultaram, em

2016, na criação do COI, Centro de Operações e Inteligência, que passou a funcionar no

prédio da Secretaria da Segurança Pública, no Centro Administrativo da Bahia. O antigo

COPOM passou a chamar-se CICOM, centro integrado de comunicações e abrange a Polícia

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Militar, A Policia Civil, o Corpo de Bombeiros, polícia técnica e outros órgãos municipais e

federais, como a Guarda Municipal e a Polícia Rodoviária Federal.

Conclusão

Ao longo do texto foi possível observar que a trajetória das comunicações na Polícia

Militar da Bahia atravessou várias fases. Não foram abordas, aqui, as comunicações mais

antigas, como o toque de sinos, cornetas ou silvos de apitos, por exemplo. Optou-se por

destacar as comunicações modernas, como o uso da radiotelegrafia e dos rádios VHF e SSB.

Se não é possível afirmar que as comunicações modernas na Polícia baiana se iniciaram com

o combate ao cangaço, é quase certo, no entanto, que elas tomaram um grande impulso com o

avanço da perseguição aos grupos liderados por Lampião. Na década de 1940, as

comunicações policiais militares continuaram se aperfeiçoando e difundindo-se pelo interior

do Estado, apesar das dificuldades oriundas do contexto da Segunda Guerra Mundial.

A partir da segunda metade do século vinte, as reformas urbanas e o crescimento

populacional de Salvador, resultou na criação do Regimento 2 de Julho. No entanto, foi em

1969, somente um ano após o Ato Institucional nº 5, que um decreto-lei baixado pela ditadura

militar ratificou a exclusividade das polícias militares no que se referia à atividade de

policiamento ostensivo. Concomitantemente à organização da radiopatrulha motorizada

desenvolveu-se o serviço de policiamento a pé. Para que a Polícia Militar assumisse

completamente o controle e a supervisão das ruas, a Guarda Civil foi extinta e a Polícia Civil

especializou-se como polícia investigatória.

Nessa perspectiva, entende-se que as comunicações na Polícia Militar desenvolveram-se

relacionadas ao quadro mais amplo da Secretaria da Segurança Pública da Bahia e tangencia

as histórias das demais forças de segurança do Estado, como a própria Polícia Civil e a

Guarda Civil. Nesse sentido, buscou-se analisar as comunicações policiais militares como

politicas públicas e estratégias de segurança implementadas pelos governos baianos ao longo

do século vinte.

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