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II CONINTER Congresso Internacional Interdisciplinar em Sociais e Humanidades Belo Horizonte, de 8 a 11 de outubro de 2013 DA AÇÃO PENAL 470 AO MORALISMO DAS ELITES: A VIOLÊNCIA INSTITUCIONAL NO TRATO DA POBREZA EM SÃO PAULO OLIVEIRA SOBRINHO, Afonso Soares de. Doutorando em Direito FADISP Endereço: Pça da Sé, 399, Cj. 201, CEP 01001-000, São Paulo SP. [email protected] RESUMO No discurso da grande mídia, em sintonia com as elites paulistanas, a corrupção do país acontece em Brasília. São Paulo é um território ordeiro e do progresso, traduzido em boas condições de vida para todos. A ação penal 470 cai ―como uma luva‖ no resgate moralista das elites locais. É preciso resgatar o poder de mando local da locomotiva do país (centro financeiro). No entanto, se ignora as contradições sociais da cidade, em especial pela violência institucional no trato da pobreza. Palavras-chave: Ação Penal 470. Elite Moralista. Violência Institucional. Pobreza.

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II CONINTER – Congresso Internacional Interdisciplinar em Sociais e Humanidades

Belo Horizonte, de 8 a 11 de outubro de 2013

DA AÇÃO PENAL 470 AO MORALISMO DAS ELITES: A VIOLÊNCIA INSTITUCIONAL NO TRATO DA POBREZA EM SÃO PAULO

OLIVEIRA SOBRINHO, Afonso Soares de.

Doutorando em Direito – FADISP

Endereço: Pça da Sé, 399, Cj. 201, CEP 01001-000, São Paulo – SP. [email protected]

RESUMO

No discurso da grande mídia, em sintonia com as elites paulistanas, a corrupção do país acontece em Brasília. São Paulo é um território ordeiro e do progresso, traduzido em boas condições de vida para todos. A ação penal 470 cai ―como uma luva‖ no resgate moralista das elites locais. É preciso resgatar o poder de mando local da locomotiva do país (centro financeiro). No entanto, se ignora as contradições sociais da cidade, em especial pela violência institucional no trato da pobreza.

Palavras-chave: Ação Penal 470. Elite Moralista. Violência Institucional. Pobreza.

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Introdução

É recorrente, na grande mídia, o discurso do resgate ético do Brasil. Em especial, a

partir do julgamento da Ação Penal 470 (denominada mensalão1) pelo Supremo Tribunal

Federal, com a aplicação da Teoria do Domínio do Fato2 (exalta-se o papel de vanguarda da

Suprema Corte pelo célebre ativismo judicial), as elites imbuídas do ―nobre sentimento

nacional‖ seriam o ―último bastião‖ na luta contra a corrupção. Defende-se, dessa forma, o

moralismo burguês. Haja vista mais que palavras éticas, a realidade social dos pobres é de

violência e não efetividade dos direitos sociais, assim como acontece em São Paulo, onde

os governos locais tratam a questão da pobreza como caso de polícia (tradição repressiva

em sufocar os movimentos sociais, sob o pretexto de combater a desordem).

Mais recentemente, identifica-se a tentativa de criminalização do movimento

estudantil, denominado ―Passe Livre‖, por meio do qual se protesta contra o aumento da

tarifa nos transportes públicos3. Trata-se de um movimento legítimo se consideramos o

direito de participação política de todo cidadão para além da ida às urnas a cada quatro

anos, assim como a precarização nas condições de vida e trabalho na cidade síntese do

capitalismo nacional.

Embora apontem que as mazelas do país se situam no plano federal, as elites

conservadoras, sob o pretexto de combate à corrupção do governo central, ignoram a

pobreza na cidade.

Para além de discursos moralistas, portanto, a ética, como práxis, envolve o

reconhecimento da alteridade na constituição da cidade, assegurando-lhe dignidade,

mediante políticas públicas, com educação de qualidade, saúde, moradia, emprego e não

1 ―[...] O Supremo Tribunal Federal concluiu que o mensalão foi um esquema ilegal de financiamento político,

organizado pelo PT, para corromper parlamentares e garantir apoio ao governo Lula, no Congresso em 2003 e 2004, logo após a chegada do partido ao poder‖ (Folha de S. Paulo. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/especial/2012/ojulgamentodomensalao/ojulgamento/o_esquema.shtml>. Acesso em 17/05/2013). 2 ―[...] A teoria do domínio do fato reconhece a figura do autor mediato, desde que a realização da figura típica,

apresente-se como obra de sua vontade reitora, que é reconhecido como o ‗homem de trás‘, e controlador do executor. A teoria do domínio do fato tem as seguintes consequências: 1ª) a realização pessoal e plenamente responsável de todos os elementos do tipo que fundamenta sempre a autoria; 2ª) é autor quem executa o fato utilizando a outrem como instrumento (autoria mediata); 3ª) é autor o coautor que realiza uma parte necessária do plano global (‗domínio funcional do fato‘) [...]‖ (BITENCOURT, 2012). 3 ―Detenções marcam terceiro protesto do Movimento Passe Livre em uma semana: Dos 20 detidos na

manifestação de terça-feira 11, dez foram presos sem direito a fiança; grupo reivindica diminuição dos preços das passagens de ônibus, trens e metrô. Protesto é puxado pelo MPL, mas reúne também militantes de partidos como PSTU, Psol e PCO. [...] O terceiro protesto contra o aumento das tarifas do transporte público em São Paulo foi marcado por confrontos entre policiais militares e manifestantes que reivindicam a diminuição dos preços das passagens de ônibus, trens e metrô. Do total dos 20 detidos na noite de terça-feira 11, dez não têm direito a fiança. De acordo com a Polícia Civil, eles foram presos por danos ao patrimônio e formação de quadrilha. O protesto é puxado pelo Movimento Passe Livre (MPL), mas reúne também militantes de partidos de esquerda, como PSTU, Psol e PCO, representantes de outros movimentos sociais, punks e anarquistas [...]‖ (Matéria extraída do site da Revista Carta Capital. Disponível em< http://www.cartacapital.com.br/sociedade/detencoes-marcam-terceiro-protesto-do-mpl-em-uma-semana-2229.html >. Acesso em: 12.06.2013).

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pelo uso da violência institucional contra os mais vulneráveis. Compreende-se, portanto, que

ética não se configura pela efetividade de direitos e privilégio para poucos, enquanto a

maioria esmagadora de trabalhadores sobrevive ―à própria míngua‖, como mera cumpridora

de deveres, devendo, assim, aceitar sua condição de pobreza. Tal observação se constitui

num engodo e as manifestações nas ruas são reflexos dessa realidade de exclusão do

centro à periferia, no que tange aos direitos sociais mínimos.

1. A Ação Penal 470 e o discurso moralista diante da realidade de violência

institucional do centro às periferias em São Paulo

Observa-se a utilização da fala ―ética‖ por parte da grande mídia em São Paulo para

o afloramento de ideias retrógradas, em especial, capitaneado pelas elites conservadoras.

Tenta-se passar à opinião pública a partir da Ação Penal 470 uma tradição discursiva de

pensar o Brasil de cima para baixo (concepção elitista de poder de mando). De acordo com

essa visão, o país só se consolidaria no combate à corrupção quando instituições

conduzidas por seres iluminados intelectualmente fossem capazes de ―resgatar‖ a

―identidade nacional‖. Vislumbra-se, assim, o retorno a valores morais autoritários de uma

tradição, família e propriedade privada dos meios de produção. Tais ideologias fazem refletir

acerca do passado recente e sombrio da história do país, no caso paulistano da famosa

marcha da família com Deus pela liberdade, que se antecedeu ao golpe militar de 1964

(impulsionado pela burguesia local).

Esse discurso ―ético‖ cai por terra quando se muda o olhar do planalto central para o

poder local, em especial na São Paulo atual, onde se verifica na condução das políticas

públicas nos últimos anos ares não tão democráticos assim. Um olhar mais atento nos leva

à nítida preocupação das elites em criar clima favorável ao controle do poder nas eleições

nacionais. Pela ameaça de perda da hegemonia política, econômica e social da ―locomotiva

do país‖ na condução nos ―novos velhos‖ rumos ideológicos das massas no século XXI.

Em São Paulo, a observação minuciosa do discurso midiático, governamental e

elitista do presente conduz à percepção de cooptação dos novos estratos sociais, em

sintonia com as mutações do mundo global-local na condução das políticas públicas, e o

choque, representado de um lado pelo marketing consumista (inclusive da violência

simbólica), e, de outro, pelos contrastes do cotidiano.

A realidade vivenciada pelos mais vulneráveis à repressão institucional esvazia

qualquer discurso, como no caso do massacre do Carandiru, que resultou na morte de 111

presos. Apenas após 20 anos desse episódio, saiu a sentença de condenação de 156 anos

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de prisão de 23 policiais4. Dráuzio Varella (2013) entende que o culpado nunca será

identificado5.

Trata-se, a nosso ver, de um exemplo de impunidade no país, haja vista a demora

em julgar e condenar apenas parte dos envolvidos, o que resulta num sentimento de

injustiça, já que os detentos, ―quase todos pobres‖, foram duplamente condenados, pelo

Estado, à prisão e à pena de morte, quando caberia assegurar-lhes o direito à vida e

reinserção social. Isso revela o fracasso de governos que apostam na repressão policial e

no encarceramento de pobres em presídios (criando um sistema prisional falido), ao invés

de investir em políticas públicas que deem dignidade à pessoa humana.

As desigualdades do presente, em nível local, ficam mais evidentes quando se

estabelecem ações governamentais repressivas associadas à pobreza e se cria, na

sociedade, um ambiente propício à defesa da redução da maioridade penal6 (quando nossas

prisões já estão abarrotadas de pobres), ao invés de investir em medidas preventivas como

educação de qualidade do centro às periferias.

Há um status crescente na onda de violência e na cobertura sensacionalista de

programas policialescos em busca de audiência a qualquer custo, alimentando, no ―cidadão

de bem‖ (acima de qualquer suspeita), a sensação de uma insegurança inaceitável. Aponta-

se, mais uma vez, na direção das periferias o locus das ações policiais no combate aos

―criminosos‖.

Contudo, não se pode esquecer que o poder público é responsável pelo

planejamento urbano e, portanto, deve considerar a pluralidade social e cultural do conjunto

da população e suas nuanças - necessidades, anseios, carências - e desenvolver ações que

atendam a todos, inclusive os mais pobres, vítimas da desigualdade social criada pelo

capitalismo periférico e mantida pelas elites.

Tem-se, aliás, uma herança histórica, desde o início da República, em tratar a

pobreza com violência institucional e, já na constituição da cidade paulistana, aposta-se na

4 [...] ―SÃO PAULO — O Tribunal do Júri condenou 23 dos 26 policiais militares acusados de matar 13 dos 111

detentos durante o massacre do Carandiru. Com pena de 12 anos de reclusão para cada homicídio, eles foram condenados a 156 anos de prisão, mas poderão recorrer da sentença em liberdade, de acordo com o juiz José Augusto Marzagão. Inicialmente, os réus responderiam por 15 mortes, mas duas foram descartadas do processo a pedido do Ministério Público. Uma das vítimas foi morta com armas brancas, o que afastou a suspeita de ação policial, e a outra em outro local do presídio. A Promotoria pediu também a absolvição de três policiais, que comprovaram estar em outros pontos do Carandiru no momento do massacre. Outros 53 policiais também serão julgados este ano pelo massacre, pois o julgamento foi dividido de acordo com o setor do presídio onde ocorreram as mortes. O último dia do julgamento durou mais de 16 horas e foi encerrado por volta de 01h20 deste domingo, com a leitura da sentença pelo do juiz. Para chegar à sentença, os jurados tiveram de responder a mais de 200 páginas de questionários, devido ao número de réus e vítimas‖ (<http://oglobo.globo.com/pais/juri-condena-23-pms-156-anos-de-prisao-por-mortes-no-carandiru-8175803>. Acesso em 07/06/2013). 5 Extraído de entrevista sobre o massacre do Carandiru com Dráuzio Varella. Disponível em:

<http://mais.uol.com.br/view/1575mnadmj5c/para-drauzio-culpado-pelo-massacre-nunca-sera-identificado-04020E983764E4994326?types=A&>. Acesso em 25/05/2013. 6 Conforme pesquisa realizada pelo DataFolha, 93% dos paulistanos são a favor da redução da maioridade

penal. (Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/04/1263937-93-dos-paulistanos-querem-reducao-da-maioridade-penal.shtml>. Acesso em 20/05/2013).

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demolição dos cortiços localizados nas áreas centrais, em nome do combate às doenças e

epidemias.

Conforme Chalhoub (2006):

As classes pobres não passaram a ser vistas como classes perigosas apenas porque poderiam oferecer problemas para a organização do trabalho e a manutenção da ordem pública. Os pobres ofereciam também perigo de contágio. Por um lado, o próprio perigo social representado pelos pobres aparecia no imaginário político brasileiro de fins do século XIX através da metáfora da doença contagiosa: as classes perigosas continuaram a se reproduzir enquanto as crianças pobres permanecessem expostas aos vícios de seus pais. Assim, na própria discussão sobre a repressão à ociosidade, que temos citado, a estratégia de combate ao problema é geralmente apresentada como consistindo em duas etapas: mais imediatamente, cabia reprimir os supostos hábitos de não-trabalho dos adultos; a mais longo prazo, era necessário cuidar da educação dos menores (CHALHOUB, 2006, p. 29)

No presente, o que se vê é que as políticas governamentais priorizam o processo de

―limpeza social‖ no centro de São Paulo, a fim de legitimar uma nova ordem social calcada

no moralismo elitista conservador.

A questão da limpeza social se dá pela disciplina e controle social da pobreza sobre

a informalidade, como o comércio informal, os dependentes químicos, moradores em

situação de rua, ou seja, sujeitos em maior vulnerabilidade social, que precisam estar

―circulando‖. Estabelece-se a vigilância por câmeras e policiais sobre seus movimentos,

passando a ser retirados dos seus territórios de vida, ao mesmo tempo em que se estimula

a ocupação dessas áreas centrais por segmentos com poder socioeconômico compatível

com o perfil desejado aos padrões burgueses. O exemplo típico desse processo é a

especulação imobiliária por corporações carentes de novas áreas, e o centro possui uma

infraestrutura de bens e serviços altamente atrativos aos novos segmentos sociais

endinheirados com metrô, hospitais, escolas, shoppings, etc.

Vera da Silva Telles (2010, p.151-160), no primoroso estudo ―Tramas da Cidade:

fronteiras incertas do informal, ilegal, ilícito‖, em seu livro ―A cidade nas fronteiras do legal e

ilegal‖, faz menção à questão social dos mais pobres no contexto global e local, como

consequência do marco de 11 de Setembro de 2001, e o papel local das ―comunidades‖ na

vigilância e controle social, especialmente dos mais vulneráveis.

Entre os mecanismos de controle, Vera da Silva Telles (2010, p.151-160) identifica

os ―dispositivos gestionários‖ a partir da administração das ―populações de risco‖; os

mecanismos de controle social a partir dos chamados dispositivos de exceção; e a

configuração de ações que ferem a liberdade individual e exercem controle sobre o corpo. A

autora apresenta-os como mecanismos antidemocráticos e acima da lei e do Direito.

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No caso paulistano, identificamos a violência institucional como um mal que aflige a

sociedade do centro à periferia da cidade. Em especial, nas ações policiais7, denominado

por Vera da Silva Teles (2010, p.151-159) de ―dispositivos de exceção‖ traduzidos nos

―autos de resistência seguida de morte‖.

Verifica-se um conjunto de medidas que tratam a questão social como caso de

polícia e revelam a face autoritária nas instituições paulistanas. Nem mesmo o discurso ético

do governo local contra a corrupção e o marketing dos grandes meios de comunicação

convence a população de melhorias sociais, diante da violência institucionalizada que assola

especialmente os territórios da periferia da mancha urbana neste século XXI.

Em São Paulo, a atual falta de efetividade da democracia e da justiça distributiva e

social não deixa a desejar em regiões tradicionalmente conhecidas por sua indústria da

seca, haja vista que tais regiões possuem como herança comum a cultura coronelista,

reflexo da arraigada e velha República do café-com-leite, traduzida no orgulho paulistano

das elites locais como condutor dos rumos do país a partir do seu mundo de privilégios.

2. O atual quadro das políticas públicas em São Paulo: a questão social dos

pobres como caso de polícia

7 ―[...] Uma resolução da Secretaria da Segurança Pública (SSP) publicada nesta terça-feira, 8, no Diário Oficial

do Estado (DOE) prevê que somente os serviços médicos de emergência, como o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), irão socorrer vítimas de crimes ou pessoas envolvidas em confrontos com a polícia [...]. A medida, assinada pelo secretário Fernando Grella Vieira, visa, segundo a pasta, ‗salvaguardar a saúde das vítimas‘, como já ocorre nos acidentes de trânsito, e ‗garantir a preservação dos locais de crime para a realização de perícia e investigação‘. De acordo a secretaria, o SAMU possui um protocolo de atendimento de ocorrências com indícios de crime para preservar evidências periciais. Outra mudança prevista pela resolução diz que os envolvidos nesses casos deverão ser apresentados de imediato na delegacia de polícia para as investigações. Resistência. Além das mudanças no atendimento, a resolução publicada nesta terça-feira altera o registro de ocorrências nas quais há confronto com a polícia. A partir de agora, os boletins de ocorrência não terão mais os termos ‗resistência seguida de morte‘ ou ‗auto de resistência‘. Seguindo recomendação da resolução nº 8 do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, as ocorrências passarão a ser registradas como ‗morte decorrente de intervenção policial‘ ou ‗lesão corporal decorrente de intervenção policial‘[...]‖. (O Estado de S. Paulo, 08/01/2013. Disponível em<http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,sp-proibe-policia-de-socorrer-vitimas-de-crimes-ou-suspeitos-em-confrontos,981801,0.htm>. Acesso: 20 maio 2013). Recentemente foi publicada outra resolução da Secretaria de Segurança Pública esclarecendo o procedimento adotado para o socorro das vítimas de crimes ou pessoas envolvidas em confrontos com a polícia: ―Os policiais militares do Estado de São Paulo estão novamente autorizados a socorrer vítimas graves, desde que o resgate especializado não esteja disponível ou o tempo de resposta previsto pelos bombeiros ou SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Emergência) não for adequado à situação. A decisão da SSP (Secretaria de Segurança Pública) foi publicada nesta terça-feira (21), no Diário Oficial do Estado, e regulamenta uma resolução de janeiro. A SSP disse que essas orientações (conhecidas como passo a passo) já haviam sido informadas para a tropa, e que os PMs nunca estiveram proibidos de prestar socorro‖ (UOL. Disponível em:< http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2013/05/21/resolucao-diz-que-pm-pode-socorrer-vitimas-graves-se-resgate-demorar.htm>. Acesso: 21 maio 2013).

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A questão social em São Paulo vem sendo tratada pelo governo estadual como caso

de polícia no trato da pobreza por uma série de ações desastrosas. Caso emblemático diz

respeito à ação governamental denominada ―Operação Centro Legal‖ em janeiro de 2012,

pela intervenção de ―dor e sofrimento‖, com perseguição policial aos dependentes químicos

da área conhecida como Cracolândia e tiros de bala de borracha na dispersão de pessoas

indefesas ―jogadas à própria sorte‖, gerando a ―Procissão do Crack‖ (dependentes químicos

dando voltas nos quarteirões do centro sob os holofotes da polícia dia e noite).

Cracolândia resiste após 1 ano de operação

[...] A Operação Centro Legal completa nesta quinta-feira, 3, um ano e, segundo o governo estadual, foram realizadas 1.363 internações de dependentes químicos na cracolândia, após 152.995 abordagens durante o período. As ruas da região central de São Paulo permanecem, porém, repletas de usuários, sem nenhum indicativo de que o controverso método de impor ―dor e sofrimento‖ implementado no início de 2012 para afastar as pessoas do crack tenha surtido efeito. [...] A operação terminou também em ação na Justiça, com o Ministério Público Estadual pedindo ao governo paulista R$ 40 milhões de indenização por danos morais coletivos. Segundo a ação, os usuários foram alvo de bombas, pancadas, cachorros e das caminhadas forçadas (CARDOSO, 03/01/2013. Disponível em:

<http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,cracolandia-resiste-apos-1-ano-de-operacao,980136,0.htm>. Acesso 03 jan. 2013).

A precariedade nas políticas públicas locais se verifica pelo aumento do número de

moradores em situação de rua. Conforme dados obtidos a partir do Censo da população em

situação de rua da FIPE (SCHOR; VIEIRA, 2009) e da caracterização socioeconômica da

população em situação de rua, na municipalidade de São Paulo, em 2009, identificou-se um

total de 13.666 pessoas. Posteriormente, em 2011, esse número saltou para 14.478

recenseados na condição social, conforme Núcleo de Pesquisas em Ciências Sociais da

Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo – FESPSP (2012), em parceria com

a Prefeitura de São Paulo.

A pesquisa do censo da população em situação de rua na municipalidade de São Paulo recenseou, no ano de 2011, um total de 14.478 (quatorze mil quatrocentos e setenta e oito) indivíduos, sendo 6.765 (seis mil setecentos e sessenta e cinco) em situação de rua e 7.713 (sete mil setecentos e treze) em centros de acolhida da capital (FESPSP; PMSP, 2012, p. 11).

O que chama atenção na pesquisa são os impactos na vida dos entrevistados

(moradores em situação de rua) quanto às ações do poder público local em parceria com a

polícia, por meio da ―Operação Centro Legal‖, na região da Cracolândia.

Impacto da recente ―Operação Cracolândia‖

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Em janeiro deste ano foi iniciada a ―operação cracolândia‖ no centro da cidade de São Paulo (principalmente na Rua Helvetia), onde até o mês de março de 2012 (momento em que este relatório é composto) a polícia está restringindo a circulação de usuários e traficantes de drogas naquela região. Dos indivíduos em situação de rua entrevistados, 83,2% ficaram sabendo ou assistiram a operação, 16,0% não e 0,8% não lembravam. Para os 83,2% que responderam afirmativamente, 40,9% circulavam ou pernoitavam próximo à região da Cracolândia (57,4% não e 1,7% se recusaram a responder). Para estes a vida dos indivíduos em situação de rua foi afetada por essa operação de forma positiva (para 10,5%), de forma negativa para 17,2% e os restantes 72,3% acham que não interferiu na sua vida - foi, portanto, indiferente [...] (FESPSP; PMSP, 2012, p. 80).

Dos dados apresentados, pode se observar que a população de rua é a mais

exposta à violência policial, embora não esteja associada ao tráfico de drogas. Apesar disso,

o discurso moralista o faz nas matérias veiculadas diariamente pela mídia, prática que

reforça estereótipos e a criminalização da pobreza.

O sujeito que contribui econômica e socialmente, por sua vez, tem sua percepção da

cidade baseada no pertencimento dos territórios em que vivem os moradores em situação

de rua, haja vista o poder público não lhes dar visibilidade - exceto para estigmatizá-los ora

como ―cidadãos invisíveis‖, ora como ―suspeitos‖ com a aplicação dos ―rigores da lei‖

(repressão policial), quando causam algum desconforto pelo fato de terem sido percebidos.

Tal dinâmica revela o despreparo do poder público para lidar com a questão social dos mais

vulneráveis. E a grande mídia, em sintonia com o governo, procura formar a opinião pública

no sentido de que as ações policiais são benéficas, por manter os mais pobres distantes dos

olhares dos mais abastados. Isso reforça o escamoteamento da realidade social daqueles

para justificar que algo está sendo feito em seu benefício, quando sua realidade permanece

cruel.

A cidade mais rica do país não se vale de seus recursos para solucionar de maneira

justa e eficaz seus problemas sociais. Em vez disso, adota ações policialescas com grande

apelo midiático para ―limpar‖ o centro da cidade, expulsando os pobres para áreas do

entorno, na tentativa de empurrar a questão para debaixo do tapete. Promove-se o

saneamento e disciplina da informalidade, numa tentativa frustrada de agir na proximidade

da Copa do Mundo de 2014, adotando decisões de cima para baixo, como o polêmico

―Projeto Nova Luz‖, sem ao menos ouvir os moradores dos territórios afetados. Faz-se tudo

na ânsia da especulação imobiliária dos endinheirados para transformar a região da Luz

num bairro europeu ―civilizado‖.

Trabalha-se com técnicas de disciplinar e elitizar o centro, enquanto mecanismo de

controle social sobre a pobreza, associando-a à marginalidade, em especial na

―Cracolândia‖.

[...] o conjunto das minúsculas invenções técnicas que permitiram fazer crescer a extensão útil das multiplicidades fazendo diminuir os

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inconvenientes do poder que, justamente para torná-las úteis, deve regê-las. Uma multiplicidade, seja uma oficina ou uma nação, um exército ou uma escola, atinge o limiar da disciplina quando a relação de uma para com a outra torna-se favorável [...] (FOUCAULT, 2008, p. 181).

O aumento da repressão e limpeza social do centro constitui-se em instrumento de

controle das massas. Em especial sobre os mais vulneráveis, vigiados em suas ações, suas

vidas, ―suas almas, seu corpo‖, sem que haja perspectivas de acolhimento. São, assim,

sujeitos literalmente segregados dos espaços para áreas distantes dos olhares da

população ou mesmo que somem sem que se saiba qual foi o destino. Na ideologia do

progresso para poucos e de importação mal feita de hábitos estrangeiros, como herança

positivista do início do século passado, as transformações nos espaços foram se impondo

de cima para baixo.

A afirmação orgulhosa dos governos locais de que somos uma democracia de fato e

de direito não encontra consistência diante da negação da cidadania, pela inexistência de

políticas públicas que tratem com dignidade os mais vulneráveis mediante a sua visibilidade

como cidadão, e não apenas como consumidores. Os discursos não colocam comida na

mesa de quem não a tem, e não oferecem segurança àqueles que todos os dias têm que se

submeter ao ―toque de recolher‖ nas periferias.

Quando se fala de democracia e dignidade humana, lembra-se apenas do direito ao

voto e se esquece, a princípio, das causas da violência. Entre elas, o descaso com a

educação da população periférica, maior vítima de um governo que prioriza a repressão

policial em detrimento do oferecimento de uma educação de base qualificada. Em São

Paulo, conforme os últimos dados do PISA8 (Programa Internacional de Avaliação de

Alunos) há sérios contrastes entre o discurso ético oficial e a realidade educacional.

São Paulo fica em 7º, atrás de ES e Região Sul

Resultado está longe de refletir o poder econômico do Estado mais rico do País; Minas Gerais apresenta melhora em pontuação. Os resultados da avaliação por Estados feita pelo Ministério da Educação com base nos dados do Pisa 2009 mostram que São Paulo subiu do 11.º para o 7.º lugar entre as 27 unidades da federação (PARAGUASSÚ; MANDELLI, 2010).

A situação da violência em São Paulo é endêmica. Recentemente, assistiu-se,

atônitos ao denominado ―caso Pinheirinho‖, na região de São José dos Campos, no qual o

governo estadual tratou como caso de polícia esta questão que é social: o direito à moradia

digna. É relevante mencionar esse caso porque as decisões centrais tiveram participação

8 ―O Programa Internacional de Avaliação de Alunos (em inglês: Programme for International Student

Assessment - PISA) é uma rede mundial de avaliação de desempenho escolar, realizado pela primeira vez em 2000 e repetido a cada três anos. É coordenado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), com vista a melhorar as políticas e resultados educacionais‖ (Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Programa_Internacional_de_Avalia%C3%A7%C3%A3o_de_Alunos>. Acesso em: 20/05/2013).

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dos poderes (executivo e judiciário) situados na capital que agiram num sinergia legalista.

Em 2012, cerca de oito mil pessoas socialmente vulneráveis foram retiradas à força numa

reintegração de posse, o que acarretou denúncia às instâncias de direitos humanos da

ONU. E, decorrido um ano, ninguém tem casa (CARDOSO, 20/01/2013. Disponível em: <

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,pinheirinho-apos-1-ano-ninguem-ainda-tem-

casa-,986416,0.htm>. Acesso 20 Jul. 2013).

Assim, na falta do braço social do Estado, a repressão policial vai se fortalecendo

como disciplinadora da pobreza pelo uso da violência institucional.

Não são poupadas nem mesmo as reivindicações de segmentos estudantis da

Universidade de São Paulo (USP), o que resultou na prisão de alunos e gerou

manifestações pela cidade.

Protesto de alunos da USP reúne mil pessoas e fecha Av. Paulista

[...] Com gritos como ‗Rodas a culpa é sua, hoje a aula é rua‘, ‗USP, sim; polícia, não‘ e ‗Pula, sai do chão, quem é contra a repressão‘, os estudantes protestam contra a presença da Polícia Militar no campus da universidade, por um projeto alternativo de segurança e pela saída do reitor [...] (Folha de S. Paulo, 24/11/2011. Disponível em:< http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1011497-protesto-de-alunos-da-usp-reune-mil-pessoas-e-fecha-av-paulista.shtml>. Acesso 10 jan. 2013)

Surgem as ―comunidades‖ como gestoras da violência, em articulação com a polícia

para reprimir as pessoas ―indesejadas‖ em determinados bairros, em geral em áreas

enobrecidas por novos estratos sociais, como o entorno do centro. A cidade passa a ser

gerida por dispositivos locais que utilizam a mídia como fomentadora de um Big Brother, no

qual as intervenções policiais são divulgadas por via aérea ou terrestre. Estimula-se o

consumo de uma violência com a polícia como autora. Esse discurso se repete praticamente

todos os dias em programas como ―Polícia 24 horas‖, ―Operação de risco‖, ―Brasil Urgente‖,

―Cidade Alerta‖, entre outros, reproduzindo a sensação de insegurança, e, além disso,

fomentando a institucionalização do medo.

As elites locais, por meio da mídia e do governo, procuram concentrar suas atenções

na legitimação dos casos de violência policial contra os pobres do centro. E, dessa forma,

desvia-se o olhar da população dos problemas sociais para a simples garantia da segurança

dos ―homens de bem‖. Vende-se, ao povo, a ideia de luta contra a corrupção pelos

defensores da ―ética‖, sujeitos acima do bem e do mal. Esquece-se, intencionalmente, de

aprofundar a questão social local, como se o problema da corrupção existisse apenas em

Brasília. Não se visualiza, dessa forma, que a corrupção na política se estabelece a partir de

relações de clientela pela apropriação do espaço público por particulares.

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O governo central atual é figura exógena aos berços ―civilizados‖ da tradicional elite

paulistana e rompe com a tradição administrativa de um Estado que é considerado a

―locomotiva do país‖.

O discurso moralista da grande mídia na Ação Penal 470 (mensalão) atende aos

interesses de setores dominantes que anseiam o poder como algo natural da constituição da

grandeza de São Paulo, locus ordeiro e do progresso nacional para poucos. Nessa

concepção elitista, acredita-se que os privilegiados (civilizados) nasceram para governar e a

questão social é algo pontual e de desordeiros que cabe à polícia resolver por meio da

violência institucional. Portanto, ao invés de o governo local garantir a proteção à vida com

dignidade aos moradores do centro à periferia da cidade, usa-se da repressão aos pobres

enquanto prática autoritária das elites. Por sua vez, estas preferem apostar no discurso da

corrupção em Brasília e ignorar a negação à cidadania em nível local como cultura

autoritária e excludente.

Considerações finais

O poder de mando das elites, em São Paulo, revela-se como cultura autoritária do

―orgulho paulistano‖, característica do provincianismo (dos coronéis) arraigado às velhas

tradições discursivas da ―locomotiva do país‖. São utopias da civilidade forjadas pela união

entre tradição e modernidade, que apostam na imigração europeia como responsável pela

grandeza da cidade, ao mesmo tempo em que negam ao elemento nacional negro, indígena

e nordestino o reconhecimento de sua importância na construção da cidade.

Verifica-se que o ―resgate ético‖ (moralismo) capitaneado pela tradicional elite

paulistana, em sintonia com a grande mídia, forma e reforça padrões estético-culturais de

não visibilidade da pobreza. A questão social local é, então, tratada com violência, como

caso de polícia, ao mesmo tempo em que, incoerentemente, elite e mídia exigem

integridade institucional no âmbito federal, a exemplo do que se viu em relação à Ação

Penal 470, o histórico caso ―mensalão‖.

Pensar a ética do humano envolve o respeito à diversidade étnico-cultural e a

concepção de família para além dos laços tradicionais da ordem e progresso material para

poucos. A cidade deve tratar seus contrastes sociais agudos e a violência institucionalizada

com planejamento urbano, gestão social e mediante efetividade de direitos fundamentais,

como educação, moradia, emprego, renda, alimentação, saúde, segurança. Tudo isso,

entretanto, passa pela mudança na elaboração e aplicação das políticas públicas, que

devem ter o todo como objeto, e não apenas partes privilegiadas.

Destaca-se que ética só existe com dignidade humana para todos os cidadãos, com

a diversidade de sotaques e cultura, ultrapassando os discursos sectaristas. Somente uma

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sociedade democrática pode ser justa. E, portanto, íntegra e eficaz no combate à corrupção,

que alcança as esferas local e nacional, para além da Ação Penal 470 e passa pela

efetividade dos direitos sociais para todos em São Paulo.

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