d. constitucional - direito de garantias fundamentais - aula

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DIREITO DE GARANTIAS FUNDAMENTAIS O título II da CF se divide em 5 capítulos: Cap. I - Dos direitos e deveres individuais e coletivos; Cap. II - Dos direitos sociais; Cap. III - Da Nacionalidade; Cap. IV – Dos Direitos Políticos; Cap. V – Dos Partidos Políticos. Já estudamos: Dos direitos políticos, da nacionalidade e dos partidos políticos. Na próxima aula o prof. vai falar sobre o art. 144, CF que é muito importante. IMPORTANTE! A CF diz dos direitos e garantias fundamentais. Por acaso direito é sinônimo de garantia? Regra, a CF não utiliza sinônimos. O que são direitos? São normas que declaram a existência de interesses. Direito são normas declaratórias. As garantias são normas que asseguram o exercício do direito. Enquanto os direitos são normas declaratórias as garantias são normas assecuratórias. CUIDADO! Garantia não é sinônimo de remédio constitucional. “Todo remédio é uma garantia, agora, nem toda garantia é remédio constitucional”. Remédios constitucionais são instrumentos processuais (ações).

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DIREITO DE GARANTIAS FUNDAMENTAIS

O título II da CF se divide em 5 capítulos:

Cap. I - Dos direitos e deveres individuais e coletivos;

Cap. II - Dos direitos sociais;

Cap. III - Da Nacionalidade;

Cap. IV – Dos Direitos Políticos;

Cap. V – Dos Partidos Políticos.

Já estudamos: Dos direitos políticos, da nacionalidade e dos partidos políticos.

Na próxima aula o prof. vai falar sobre o art. 144, CF que é muito importante.

IMPORTANTE! A CF diz dos direitos e garantias fundamentais. Por acaso direito é sinônimo de garantia? Regra, a CF não utiliza sinônimos.

O que são direitos? São normas que declaram a existência de interesses. Direito são normas declaratórias.

As garantias são normas que asseguram o exercício do direito. Enquanto os direitos são normas declaratórias as garantias são normas assecuratórias.

CUIDADO! Garantia não é sinônimo de remédio constitucional. “Todo remédio é uma garantia, agora, nem toda garantia é remédio constitucional”.

Remédios constitucionais são instrumentos processuais (ações).

Exemplo de garantia que não é remédio: art. 5º, VI, CF. Não é remédio porque a proteção está na lei.

Os direitos são fundamentais porque são necessários para a existência humana. Indispensáveis.

Capítulo I

Apesar de dizer dos direitos e deveres, não encontraremos os deveres expressos só direitos. Os deveres são implícitos porque decorrem do sistema constitucional.

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O Prof. JAS diz que temos os direitos mais também temos o dever de respeitar os direitos de 3º.

Dever de ser honesto, de pagar tributo, de primar pela moralidade, de alistamento militar (art. 142 e 143), de se alistar eleitoralmente (art. 14).

Evolução dos Direitos Fundamentais

Até determinado momento histórico aquele que exercia o poder o fazia de forma arbitrária, de forma absoluta. Aquele que exercia de forma arbitrária era chamado de Soberano. O indivíduo não tinha direitos perante o soberano. Com a Revolução Francesa - 1890 o indivíduo passou a ter direitos em face do soberano.

Com a Revolução Francesa surgiram os denominados direitos fundamentais de 1ª geração também chamada de direitos fundamentais de 1ª dimensão.

A Revolução Francesa lutou contra o arbítrio daquele que exercia o Poder. A partir da Revolução surgiu o individualismo. Este possui várias características. A principal que nos interessa é: com o individualismo o Estado se retirou das relações estaduais. Nesse momento o cidadão tinha o respeito dos direitos se o Estado não agisse, o Estado se omitindo.

Os direitos fundamentias de 1ª geração em razão disso são denominados de LIBERDADES NEGATIVAS OU DIREITOS INDIVIDUAIS. Esta liberdades negativas representava uma inação do Estado. Ex.: o Estado não estava autorizado a prender sem autorização judicial; a entrar na minha casa sem mandado judicial. Recebe a denominação de liberdade negativas porque representa um falta de ação do Estado. Direitos de LIBERDADE.

1919A partir desta a Constituição Alemã de Waimar passou a estabelecer direitos sociais. Estes eram caracterizados por uma ação por parte do Estado. Uma prestação do Estado. Começaram a estabelecer as atividades que o estado deveriam prestar. Como: educação, saúde, trabalho, moradia, segurança pública que são os direitos fundamentais de 2ª geração. O Estado passou a ser um Estado não só garantidor, ele passou a ser um Estado Prestador. É o denominado ESTADO DO BEM-ESTAR SOCIAL. Chegou no Brasil em 1934. A CF/34 passou a estabelecer os direitos fundamentais de 2ª geração. Ver art. 6º, CF/88. Agora é um Estado também prestador e não só garantidor como o de 1ª geração. São os direitos de IGUALDADE.

1948 2ª guerra mundial Direitos fundamentais de 3ª geração ou 4ª dimensão.. São os direitos que pertencem a um grupo, coletividade determinado ou determinável. São os chamados direitos coletivos ou metaindividuais. São os direitos de FRATERNIDADE.

Hoje, há quem defenda os direitos de 4ª geração ou de 4ª dimensão. São eles: paz universal, emprego para todos, desenvolvimento sustentável, o chamado biodireito, mutações genéticas.

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Direitos Individuais e Coletivos: Aqui estão os direitos fundamentais de 1ª e 3ª geração. No art. 6º estão os direitos de 2ª geração.

ART. 5º

O art. 5º em regra protege 5 interesses.

1) Vida;

2) Liberdade;

3) Igualdade;

4) Segurança;

5) Propriedade;

Características dos Direitos Individuais:

1ª) O rol do art. 5º é meramente exemplificativos. Além desses existem outros direitos individuais fora do art. 5º. Daí os direitos individuais estão espalhados por toda CF.

Exemplos1: o STF reconheceu que o princípio da anterioridade tributária é um direito individual.

Exemplo2: a partir dos 18 anos a pessoa passa a ser imputável penalmente. Art. 118 da CF diz isso. É possível reduzi-la? Há quem defenda que é um direito individual, cláusula pétrea, logo, não se pode reduzi-la. Quem diz que não é cláusula pétrea aceita a diminuição da imputação penal.

O par. 2º do art. 5º: diz que além dos direitos no art. 5º e incisos existem outros que decorrem do sistema constitucional.

2ª) Os direitos individuais têm aplicação imediata. Significa que eles independem de normatização futura, ou seja, eles são normas que se aplicam independentemente de uma norma ordinária ou uma norma complementar. Ex.: par.1º do art. 5º.

3ª) Limitabilidade dos direitos fundamentais ou ralatividade: eles não são absolutos, não existem direitos fundamentais absolutos na CF. Portanto, o direito à vida não é um direito absoluto. O direito à liberdade não é absoluto. A propriedade é direito relativo.

Existem direitos absolutos na CF? Ver art. 5º, III, CF. No Brasil o direito de não ser torturado é ABSOLUTO. Existe alguma lei que permita a polícia a torturar o cidadão? Não.

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O direito de NÃO SER ESCRAVIZADO é um direito constitucional ABSOLUTO. Em regra, os direitos individuais não são absolutos. Um direito fundamental não revoga outro direito fundamental, ele afasta a aplicação do outro no caso concreto.

4ª) Universalidade dos direitos fundamentais: ver art. 5º, caput.

Quais são os destinatários do art. 5º? Brasileiros aqui são os natos ou naturalizados. Os estrangeiros residentes não é o melhor termo, aqui residente quer dizer TODO ESTRANGEIRO NO TERRITÓRIO NACIONAL é destinatário do art. 5º. Toda pessoa humana independentemente da sua condição, porque o art. 1º fala que a RFB tem por princípio o respeito à dignidade da pessoa humana.

Alguns dos direitos fundamentais podem se valer as pessoas jurídicas. Ex.: PJ tem liberdade de locomoção (pode mudar o seu endereço), tem direito de propriedade, pode impetrar HC. Agora, PJ não tem consciência, daí muitos dos direitos fundamentais não se aplicam às PJ.

São 5 os interesses previstos no art. 5º, CF:

1) Vida;

2) Liberdade;

3) Igualdade;

4) Segurança;

5) Propriedade;

Vida é o 1º interesse protegido, por isso o homicídio é o 1º artigo

Vida é o direito de existir, de existência. O direito de existir não é qualquer existência, é uma existência digna. Da existência digna surge a dignidade da pessoa humana.

Dignidade da pessoa humana NÃO é um DIREITO É um ATRIBUTO. Ela pode ser dividida em duas:

a) dignidade em sentido moral: direito de ter direitos. Direito de ser respeitado. Não posso ser preso sem mandado de prisão, não posso ser torturado, o Estado não pode entrar dentro da minha casa sem mandado.

b) dignidade em sentido material: o cidadão tem um direito a um piso mínimo de dignidade. Este PISO MÍNIMO também recebe o nome de MÍNIMO EXISTÊNCIAL - art. 6º. Precisa ter: escola, moradia etc.

-Vida: A CF preserva a vida e, portanto, veda a pena de morte, esta é a regra. Exceção: em caso de guerra declarada.

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Crimes contra a vidaaborto - porque a CF protege a vida.

A CF não diz quando se inicia a vida. Existem vários momentos em que se inicia a vida. A vida aqui significa o direito a existência natural, por isso a eutanásia seria crime aqui. A morte tem que ser natural.

-Liberdade: significa auto determinação. Possibilidade de escolher o seu destino. Existem na CF umas 40 espécie de liberdade: de locomoção, de consciência, de culto, profissional.

Esta liberdade também significa liberdade de ação. Quer dizer, eu só posso ser obrigado a fazer ou deixar de fazer se existir uma lei e esta lei tem que estar de acordo com a CF.

-Igualdade: é uma valor. Este valor igualmente considerado recebe o nome de isonomia. Isonomia significa tratar os desiguais de forma desigual na medida em que se desigualam. É a chamada igualdade substancial ou material.

-Segurança: é a segurança jurídica. Não é a pública. A jurídica significa estabilidade nas relações, é a tranqüilidade. Desta segurança decorre a TRILOGIA DA IRRETROATIVIDADE (art. 5º, XXXVI, CF – direito adquirido, ato jurídico perfeito, coisa julgada).

Decorre da segurança jurídica, a decadência e a prescrição. O IP precisa de prazo pela segurança jurídica.

-Propriedade: é monopólio exclusivo sobre determinado bem. Significa liberdade econômica. No Brasil ganhar dinheiro não é crime ao menos licitamente. O direito de propriedade decorre do art. 1º que fala iniciativa privada, o que significa que adotamos o Regime Capitalista. Agora, esta propriedade deve cumprir a sua função social. Limita o direito de propriedade a partir do art. 170 que surge o direito econômico.

Inciso I: a CF determina a igualdade desde que não exija um critério objetivo que determine desigualdade entre homens e mulheres. Ex.: a mulher se aposenta com menos tempo de trabalho que o homem, porque a mulher é diferente do homem, pois ela tem dupla jornada de trabalho; separação judicial deve ser ajuizada no foro da mulher (art. 100 do CPC) porque em regra ela é a parte mais fraca financeiramente.

Inciso II: princípio da liberdade de ação ou princípio da legalidade. Este direito é uma garantia do cidadão contra o arbítrio, o absolutismo daquele que exerce o poder. Isso significa dizer que eu não posso ser obrigado por uma vontade particular, individual, a CF exige lei. Lei em sentido genérico que quer dizer toda espécie normativa. Princípio da legalidade não é sinônimo de princípio reserva legal. Legalidade qualquer das espécies normativas. Reserva legal exige lei em sentido material, em sentido formal. A reserva legal é uma maior proteção ao cidadão que a legalidade. Ex.: O Pres. da República não pode por Medida Provisória criar artigos penais. Legalidade é lei em sentido material. Reserva legal é lei em sentido formal e material.

AULA 12 – 11-07-07

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Art. 5º, VI, CF:

Liberdade de consciência;

Liberdade de Crença;

Liberdade de Culto

Proteção aos locais de culto.

CF garante o pluralismo político (art. 1º,V, CF). Pluralismo político é respeito ou diferente.

O cidadão pode professar qualquer religião (ateu, crente, agnóstico).

Relações entre o Estado e a Igreja:

Existem 3 espécies:

1) fusão;

2) união;

3) separação.

-Fusão: são os Estados teocratas, em que o chefe do Estado é o representante de Deus ou ele é o próprio Deus. Ex.: Arábia Saldita.

-União: porque existe uma união entre o Estado e a Igreja: esses Estados possuem religiões oficiais. Ex.: Argentina, Espanha. Nós tínhamos essa espécie de relação com a Igreja, até 1981.

-Separação: aqueles Estados que adotam essa espécie são denominados de Estados leigos, laicos, não confecionais. A nossa CF/88 adotou esta espécies de relação com a Igreja. Esta relação está previsto no art. 19, I, CF.

Art. 5º, VI: Liberdade de Crença

A CF me garante a liberdade de crença, eu posso ser católico, budista, espírita. Não existe liberdade absoluta, todos podem sofrem limitações. A liberdade de crença não protege a pratica de crimes.

A CF aqui também protege a liberdade de culto. Quer dizer exteriorização de uma crença, manifestação litúrgica. Isso nunca foi assim, a CF de 1891 foi a primeira que previu a liberdade de crença, mais não a de liberdade de culto.

Isto está ligado ao direito penal pela lei 9605, pois pode uma pessoa matar animais para despachos, cultos. Isso é crime ambiental.

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Além da liberdade de culto a CF protege a proteção aos locais de culto. Não permitir que o cidadão tenha a liberdade de crença, manifestar a sua liturgia é crime previsto no CP.

Art. 5º, VIII – Imperativo da Liberdade de Consciência

Imperativo, objeção ou escusa de consciência.

Este instituto surgiu na França. Esta possui colônias no norte da África e de cada 10 cidadãos 8 voltavam mortos, quando então um cidadão se negou a ir alegando objeção de consciência quando então o juiz lhe deferiu o direito de não ir lutar no Norte da África.

Deve-se combinar este inc. VII com o art. 143, par. 1º, CF que trata da atribuição de serviço alternativo aos que, em tempo de paz alegam escusa de consciência. Se ele se recusar o serviço alternativo ele perderá os seus direitos políticos.

Art. 5º, III:

Tortura é um tratamento desumano e degradante. A Republica Federativa do Brasil é signatária de tratados internacionais contra a tortura. Decreto n. 40 de 15 de fev. de 1991 introduziu no sistema jurídico convenção contra tortura.

Art. 98, I, da CF – espaço de consenso, crimes de menor potencial ofensivo, onde temos medida de despenalização, descriminalização, a lei 9099/95. Ao lado desse espaço de consenso a CF faz referência ao espaço de confronto no art. 5º, XLII e XLIII.

No art. 5º, XLII e XLIII nós temos crimes graves – é o espaço de confronto.

Hoje, já se falam em Direito Penal de 3ª velocidade sendo eles: o terrorismo, crimes praticados por organizações criminosas – é também chamado de direito penal do inimigo.

Lei 8429/92.

O tratamento desumano ou degradante: você não pode algemar o cidadão e sair com o mesmo pela cidade. Existe quem defenda que o uso de algemas é desumano.

Art. 5º, IV:

O Estado não se preocupa com o pensar.

O que isto tem haver com o direito penal? A cogitação de crime não é punível pelo direito penal. Mas o cidadão não pode se esconder no anonimato. Apesar a CF proteger a liberdade de pensamento, este pode ofender direitos de 3º e por isso a CF veda o anonimato.

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O delegado de polícia pode instaurar I.P só com base em denúncia anônima? STF não é possível, tão somente com base em denúncia anônima.

A doutrina diz que só com base em denúncia anônima não é possível, é preciso buscar elementos indiciários que fundamente a instauração do IP. Agora, a denúncia anônima pode levar a outros elementos indiciários.

Mas o STF já autorizou a IP com base em denúncia anônima por entender ser o mesmo imprescindível, utilizado do princípio da razoabilidade.

Art. 5º, IX:

Este é uma conseqüência da liberdade de manifestação de pensamento existente no inc. IV. Deve ser ligado ao art. 220 da CF – a CF veda qualquer forma de censura porque garante a liberdade de manifestação de pensamento em qualquer de suas formas de expressão.

Importante! Deve-se fazer um link entre o art. 5º, IV, IX e art. 220,CF.

Hoje, dia 11-07-07 foi aprovada a indicação de idade para programas televisivos.

Obs.: Cabia à Polícia Federal fazer a censura, hoje não é mais sua atribuição e sim a Secretária Nacional de Justiça.

Art. 5º, X:

Intimidade e vida privada são espécies do gênero privacidade. Privacidade, portanto, tem um sentido genérico.

Privacidade: conjunto de informações a respeito do indivíduo que ele detém o poder de revelar quando, como, a quem entender.

Da privacidade decorre a intimidade e vida privada. Ao derredor de cada um de nós existe um circulo imaginário onde existem dados sensíveis que revelam as minhas preferências políticas, sexuais etc.

Intimidade: é a esfera secreta da vida do indivíduo na qual ele tem o poder legal de evitar os demais. Da intimidade decorre a inviolabilidade do domicilio, o sigilo das correspondências, o sigilo profissional.

Vida privada: JAS a vida privada está contida na intimidade. Mas ele confessa que a CF considerou os dois institutos qual sejam intimidade e vida privada. “É o direito de cada um dispor da sua vida do modo como melhor lhe parece, desde que isso não perturbe direitos e interesses de 3ºs”.

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Honra: é conjunto de qualidade que caracterizam a dignidade da pessoa. É o respeito dos demais membros da comunidade. É a reputação. Você tem direito de preservar a sua honra inclusive contra ataques da verdade.

Imagem: é o aspecto físico, é a representação gráfica do indivíduo. Aqui poderíamos discutir isso se pesosas públicas possuem intimidade, vida privada (políticos, artistas, esportistas). Possuem, mais sua liberdade é relativizada do que pessoas comuns como nós.

Intimidade, vida privada também é conhecido como o direito de estar só.

Tem decisão do STF que o sigilo bancário e fiscais estão contidos aqui na intimidade. É o conjunto de dados sensíveis da sua personalidade. O prof. Novelino não concorda com essa decisão. Encontramos posição do STF no inc. X e do Min. Rezeke dizendo que não protege o sigilo bancário e fiscal do cidadão.

Art. 5º, XI

Casa aqui, é todo espaço corporal ao todo com ele limitado. Desta feita, deve-se ligar este inciso com o art. 150, par. 4º do CP que define casa em sentido restrito e caso por extensão. Cuidado! No conceito de caso por extensão encontram-se os locais em que o cidadão exerce seus serviços, oficio ou profissão, desde que em local fechado.

Aqui entra também a busca e apreensão em veículos. Entende-se que veículos não é casa a não ser que a pessoa more no carro. Em regra, carro dispensa mandado de busca e apreensão porque é uma extensão da busca e apreensão pessoal, pois esta dispensa mandado quando há fundadas suspeitas.

Cuidado! Forçar o cidadão a dar o consentimento é abuso de autoridade lei 4.898/65, ele tem que consentir livremente.

Durante o dia se o proprietário da casa não permitir a entrada com mandado de crime ele comete crime. Durante a noite, a polícia ao pode entrar, pois o proprietário está no exercício de um direito constitucional. Aqui nós temos uma excludente de tipicidade – tipicidade conglobante.

Art. 5º, XII:

A CF protege a liberdade de manifestação de pensamento no inc. XII por dois motivos:

1º) proteger a liberdade de manifestação do pensamento;

2º) proteger o segredo como expressão de intimidade (Art. 5º, X).

É a tutela dúplice.

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O que é correspondência? É carta, missiva, epístola. Existe uma lei que define o que é correspondência. Correspondência equivale a revelar segredos. Lembre-se: tutela dúplice.

Esse direito não é absoluto. Existe decisão do STF que permitiu que diretor (lei 7210/84) de presídio violasse correspondência do preso. Esta lei art. 41 autoriza. Esta lei foi recepcionada ou não pela CF/88? Existe decisão do STF de que esta não é prova ilícita, mais licita em razão do princípio da razoabilidade e da proporcionalidade. Portanto, não é absoluto o impedimento de violação de correspondência.

Correspondência de sexy shop.

Art. 136 e 139 a CF permite o afastamento da proibição de violação de correspondência.

O correio eletrônico – TST já decidiu que é uma prova lícita.

Vamos dividir esse inciso em 4 objetos de proteção:

1) inviolabilidade do sigilo das correspondências;

2) comunicação telegráfica;

3) comunicação de dados;

4) comunicação telefônica.

Já vimos a inviolabilidade do sigilo das correspondênciaS.

É possível o afastamento do sigilo da comunicação telegráfica, de dados e telefônicas?

A CF diz salvo no último caso. Significa para algumas posições:

-1ª só é possível o afastamento da comunicação telefônica;

-2ª no último caso, seria de dados e de comunicações telefônica por estarem no mesmo período gramatical;

-3ª significa se não existir outros meios de prova de demonstrarmos o fato.

Hoje, entende-se que o caso concreto é que vai determinar. O LFG não concorda com isso.

É razoável, é proporcional você permitir a violação das comunicações telefônicas e não permitir as telegráficas? Portanto, não se afigura como razoável essa permissão.

No último caso comunicação telefônica: é preciso preencher alguns requisitos:

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a) na forma da lei; Portanto, não temos uma norma constitucional bastante em si mesma, precisa ser integrada pela LO ou LC. Existe a lei é a 9296/96.

b) mediante autorização legal: reserva constitucional de jurisdição. CPI não pode, Papa não pode. Só o juiz pode e só o competente.

c) para fins de investigação ou instrução processual penal: é possível se utilizar desta prova em uma ação civil? O STF recentemente decidiu que sim (num caso de um delegado de polícia federal onde tinha sido ajuizado ação de improbidade administrativa onde o MP tinha anexado provas de corrupção desse delegado – prova emprestada).

Investigação criminal aqui é só IP? Se entender que só Policial Federal pode investigar, aqui é IP. Instrução processual é após oferecimento da denúncia. Defender que é investigação criminal aqui para o concurso.

Na lei 9296/96 fala que é a polícia.

Art. 5º, XIII:

É possível que o Estado venha regulamentar determinadas profissões. Só a União pode regulamentar determinadas profissões. É competência privativa. Ex.: médicos, advogados.

Art. 5º, XV:

Liberdade de locomoção em tempo de guerra. Este é o contrário de em tempo de guerra. Tempo de guerra vai da declaração da guerra pelo Pres. da República até a celebração da paz (art. 84, CF). Isto significa que em tempo de guerra é possível a restrição da liberdade de locomoção.

Agora, se não estivermos neste lapso de declaração da guerra e do tempo de paz, não é possível a restrição à liberdade de locomoção.

No território nacional ele pode circular com dinheiro, agora para sair do país não é possível a não ser que seja declarado.

Art. 5º, XVI:

Requisitos de reunião:

a) pluralidade de pessoas;

b) periódica, temporária, transitória; Não existe a reunião permanente que é associação.

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c) defesa, proselitismo de idéias, estas podem ser econômicas, intelectuais.

Em locais abertos, agora em locais fechados a CF não trata, pois neste caso a pessoa pode se reunir dar ciência a autoridade.

Prévio aviso à autoridade competente: a comunicação não é autorização é ciência para que a reunião não colida com outra.

Sem armas. O que são armas? Armas próprias e impróprias. Armas próprias se destinam a ofender a integridade física do indivíduo, são elas: faca, revolver, pistola etc.

Diz sem armas, porque a psicóloga de grupos é diversa. Nesta reunião está contido procissões, comícios políticos (cuidado! Estádio de futebol não é reuniãoé diversões).

Art. 5º, XVII:

Liberdade de associação. Fins lícitos são os que não ofendam a lei.

É possível associação para fins secretos? A CF veda. Porque não seria possível saber se os objetivos são lícitos ou ilícitos.

Associação de caráter paramilitar: não existe no Brasil uma lei que defina o que é paramilitar.

A doutrina elenca alguns requisitos que estando presentes a associação seria paramilitar, são eles:

a) os membros precisam ter uma hierarquia acentuada;

b) uso de uniformes;

c) uso de armas (própria e imprópria);

d) exercícios militares;

e) cantos, hinos, símbolos;

Associação paramilitar: é toda coligação voluntária de algumas ou muitas pessoas físicas por tempo longo com objetivos lícitos.

Garantias de liberdade associativa: significa que a CF veda, proíbe qualquer interferência estatal no funcionamento da associação. A associação só pode ser compulsoriamente dissolvida por decisão judicial.

Vedações / Restrições à Liberdade Associativa: a CF veda associação para fins ilícitos (são aqueles contrários ao ordenamento jurídico) e associação paramilitar.

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Art. 5º, LIV:

Devido processo legal: conjunto de regras constitucionais que garantem ao cidadão a realização de um processo justo.

Do devido processo legal decorrem alguns direitos constitucionais:

1º) direito do juiz imparcial: juiz não comprometido psicologicamente com a causa. Daí nós temos impedimentos, incompatibilidade, suspeições, o juiz não pode agir de ofício, vedação de acusações judiciais. Daqui decorre o sistema da separação das

2º) Juiz constitucionalmente competente: evita-se juizes de encomenda. É aquele estabelecido antes da pratica do fato. Estabelecidos por critérios objetivos.

3º) Contraditório: igualdade de armas, de condições. Significa dizer informação mais possibilidade de reação. O representante do MP oferece denúncia e o cidadão é citado (informado), logo ele tem possibilidade de reação (ofertar defesa prévia).

O representante do MP tem até 3 dias para ofertar as alegações finais. O MP e réu tem direito de ofertar até 8 testemunhas.

4º) Ampla defesa: significa possibilidade de utilização de todos os meios de prova lícitos. Aqui se reparte em duas espécies:

a) auto-defesa;

b) defesa técnica.

Auto defesa é aquela esboçada pelo acusado.

Defesa técnica é aquela exercida por profissional com capacidade técnica (o advogado).

Plenitude de defesa (art. 5º, XXXVIII, CF). Diferença, duas posições:

a) não existe diferença;

b) existe diferença: a plenitude de defesa é possibilidade de argumentos meta-jurídicos, ou seja, não só de argumentos jurídicos. Pode-se valer de argumentos psicológicos, sociais, emocionais, sentimentais, pois o conselho de sentença julga de acordo com a sua intima convicção.

Art. 5º, LV: Natureza jurídica do IP: procedimento administrativo, que tem por objetivo fundamentar o titular constitucional da ação.

O IP não tem contraditório e ampla defesa porque ele é uma peça informativa, ao final do IP não será aplicada nenhuma sanção. O IP vai trazer a chamada justa causa para a demanda. É

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o que está no art. 14 do CPP – autoridade policial tem discricionariedade de aceitar ou não o requerimento.

5º) Vedação de provas ilícitas: art. 5º, LVI. Aqui é o gênero. Deste decorre duas espécies de provas ilícitas:

a) prova ilícitas em sentido restrito;

b) prova ilegítima.

Prova é todo meio, instrumento utilizado pelo juiz ou pelas partes para demonstrar a existência ou inexistência de um fato. Só se provam os fatos. O juiz também tem poderes instrutórios (art. 209, CPP).

O que é prova ilícita em sentido restrito? É aquela colhida em desatendimento a uma norma de direito material (direito penal, direito civil)

Prova ilegítima é aquela colhida em desatendimento a uma norma de direito processual.

Ex.: o cidadão faz uma gravação telefônica sem autorização judicial, esta é crime, nós temos aqui uma prova ilícita em sentido restrito. Em regra, aquele que traz para os autos uma prova ilícita comete crime, esta na lei 9296/96.

Ex.: Polícia junto com MP tortura um cidadão que confessa a pratica do crime. Temos aqui uma prova ilícita.

Ex.: Autoridade policial faz busca em apreensão sem mandado de prisão.

A prova ilegítima viola uma norma de direito processual. A prova ilegítima não significa pratica de crime para aquele que as trouxe para os autos, pois em regra ele comete uma mera irregularidade processual. Ex.: em processo penal documentos podem ser juntados aos autos a qualquer momento. Existe uma exceção: nas alegações finais do procedimento do júri (art. 206, CPP). Se juntar esses documentos são provas ilegítimas. É uma mera irregularidade processual.

Ex.: O procedimento do júri: documentos só podem ser lidos se juntados 3 dias antes do julgamento. Prova ilegítima.

Não confundir prova ilegítima com prova inominada ex.: de prova típica: prova testemunhal, pericial porque está nominadas no CPP. Existem meios de provas que são atípicos, inominados, mais isto não significa que são necessariamente ilícitos. São atípicos porque não estão relacionados no CPP.

É possível regressão de memória? É prova lícita ou ilícita? É prova lícita, ela pode não ser típica.

Prova ilícita por derivação ou teoria dos frutos da árvore envenenada: uma prova ilícita contamina um prova licita. Ex.: autoridade de policia federal junto com procurador da república torturam um cidadão, este confessa que em determinada casa existe 1000Kg de cocaína, o

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delegado requer autorização judicial que defere, a policia entra e apreende a cocaína. No Brasil ainda não é pacifico se uma prova ilícita contamina uma prova licita.

Existem decisões inclusive no STF que no Brasil adotamos a teoria dos frutos da árvore envenenada e existem turmas dentro do STF com entendimento contrário.

Art. 6º, CF:

Segurança Pública:

No art. 5º, temos vida, liberdade, igualdade, segurança e igualdade. Só que a segurança quer dizer segurança jurídica.

No art. 6º temos segurança como segurança pública. Quer dize tranqüilidade, ordem pública. O Estado anti-delitual resultante da observância das normas penais.

Art. 144, CF. A segurança pública dever do Estado. Estado aqui é: União, Estados-membros, DF e Municípios.

Ordem pública: é o Estado anti-delitual, é o Estado resultante da observância das normas penais. Estado em que as leis penais é obedecida. Esta ordem pública é exercida através do poder de policia.

Poder de policial é limitações dos interesses individuais em benefício do interesse público.

Existem duas espécies de policias:

a) polícia ostensiva, preventiva ou administrativa: tem por objetivo evitar a pratica de delitos, evitar que os delitos ocorram.

b) polícia judicial, repressiva ou investigativa.

O polícia federal é uma polícia hibrida.

O rol do art. 144 é taxativo, exaustivo. Cuidado! Guarda civil metropolitana não se enquadra na segurança pública está no art. 6º.

A PF se divide em 3: polícia federal, polícia rodoviária e ferroviária federal. Estas são administrativas, preventivas, ostensivas. Não exercem investigação.

A polícia federal é, portanto, híbrida. Ex.: par. 1º do art. 144. Lei 10446/02 – regulamenta a parte final do par. 1º do art. 144, CF, assim como outras infrações de repercussão interestadual (pacto federativo) ou internacional (porque só a RFB)

Importante lei a lei 10.446.

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A atribuição da polícia federal é mais abrangente que a competência criminal da justiça federal. A autoridade da policial federal vai investigar crimes cuja competência não é da justiça federal e sim da estadual.

Art. 144, II – atribuição da policia federal que é preventiva, ostensiva.

Art. 144, III – atribuição preventiva, ostensiva, administrativa.

Art. 144, IV – Há grande discussão sobre esse inciso. É o fundamento de que a polícia teria exclusividade da investigação na podendo o MP investigar.

No inc. I diz investigar infrações penais e no inc. IV está dito exclusividade da policia judiciária. Aqueles que defendem que o MP pode investigar diferenciam esse dois incisos.

A função da polícia judiciária da União não pode ser passada aos Estados através de convênios, porque a CF diz que é exclusividade da União.

-Polícia judiciária da União: inc. IV do par. 1º do art. 144, da CF.

No concurso defender que é exclusividade de investigação. Ler a lei 10446.

O fundamento para a policia federal investigar crimes eleitorais:

a) a justiça eleitoral é uma justiça federal especializada e existe um decreto-lei 1064/69 que dá o fundamento legal para que ela investigue crimes eleitorais.

b) decreto-lei 1064/69.