d. adm. aula 5 - atos administrativos - material de apoio -

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POLICIA FEDERAL Disciplina: DIREITO ADMINISTRATIVO Tema: Roteiro de Aula Prof.: Rafael Maffini Data: 28/03/07 1 – LFG – POLÍCIA FEDERAL ATOS ADMINISTRATIVOS (Prof. Rafael Da Cás Maffini) 1) Conceito : a) Ato administrativo (stricto sensu) pode ser definido através dos seguintes aspectos: ato jurídico: manifestação unilateral de vontade apta à produção de efeitos jurídicos concretos preestabelecidos (tipicidade) praticado pela Administração Pública ou por que lhe faça as vezes submetido a um regime jurídico especial de Direito Público, com a fixação de prerrogativas em favor da Administração Pública, fundamentadas no princípio do interesse público b) Institutos que não podem ser confundidos com atos administrativos: contratos da administração pública atos normativos da Administração Pública fatos administrativos atos jurídicos praticados pela Administração Pública regidos pelo Direito Privado (atos de gestão) c) Diferença entre “ato administrativo stricto sensu” e “ato administrativo lato sensu”: ato administrativo stricto sensu: marcado pelas noções de unilateralidade, concretude e tipicidade ato administrativo lato sensu: quaisquer manifestações de vontade com aptidão de efeitos jurídicos. Neste sentido, incluem-se, além dos atos administrativos stricto sensu (unilaterais, de efeitos concretos e típicos), os atos de efeitos normativos (regulamentos, portarias, resoluções) e os negócios jurídicos da administração (contratos, convênios, consórcios) 2) Elementos (requisitos e pressupostos) dos atos administrativos : a) Entendimento majoritário (trata de elementos, requisitos e pressupostos como sinônimos): Artigo 2° da Lei n° 4.714/65 competência (subdividido em aspecto material, aspecto temporal, aspecto territorial) forma finalidade motivo (ou causa) objeto (ou conteúdo) b) Entendimento defendido pelo Prof. Celso Antônio Bandeira de Mello (diferencia os conceitos de elementos e pressupostos) I) Elementos: Conteúdo Forma II) Pressupostos De existência

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POLICIA FEDERAL Disciplina: DIREITO ADMINISTRATIVO Tema: Roteiro de Aula Prof.: Rafael Maffini Data: 28/03/07

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LFG – POLÍCIA FEDERAL

ATOS ADMINISTRATIVOS

(Prof. Rafael Da Cás Maffini) 1) Conceito: a) Ato administrativo (stricto sensu) pode ser definido através dos seguintes aspectos:

� ato jurídico: manifestação unilateral de vontade apta à produção de efeitos jurídicos concretos preestabelecidos (tipicidade)

� praticado pela Administração Pública ou por que lhe faça as vezes � submetido a um regime jurídico especial de Direito Público, com a fixação de prerrogativas em

favor da Administração Pública, fundamentadas no princípio do interesse público b) Institutos que não podem ser confundidos com atos administrativos:

� contratos da administração pública � atos normativos da Administração Pública

� fatos administrativos

� atos jurídicos praticados pela Administração Pública regidos pelo Direito Privado (atos de gestão)

c) Diferença entre “ato administrativo stricto sensu” e “ato administrativo lato sensu”:

� ato administrativo stricto sensu: marcado pelas noções de unilateralidade, concretude e tipicidade

� ato administrativo lato sensu: quaisquer manifestações de vontade com aptidão de efeitos jurídicos. Neste sentido, incluem-se, além dos atos administrativos stricto sensu (unilaterais, de efeitos concretos e típicos), os atos de efeitos normativos (regulamentos, portarias, resoluções) e os negócios jurídicos da administração (contratos, convênios, consórcios)

2) Elementos (requisitos e pressupostos) dos atos administrativos: a) Entendimento majoritário (trata de elementos, requisitos e pressupostos como sinônimos): Artigo 2° da Lei n° 4.714/65

� competência (subdividido em aspecto material, aspecto temporal, aspecto territorial) � forma � finalidade � motivo (ou causa) � objeto (ou conteúdo)

b) Entendimento defendido pelo Prof. Celso Antônio Bandeira de Mello (diferencia os conceitos de elementos e pressupostos)

I) Elementos: � Conteúdo � Forma

II) Pressupostos � De existência

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o Objeto o Pertinência

� De validade o Sujeito (pressuposto subjetivo) o Motivo (pressuposto objetivo) o Requisitos procedimentais (pressuposto objetivo) o Finalidade (pressuposto teleológico) o Causa (pressuposto lógico) – vínculo de pertinência entre motivo e conteúdo o Formalização (pressupostos formalísticos)

3) Atributos dos atos administrativos:

� Presunção de legitimidade � Imperatividade � Auto-executoriedade � Tipicidade

OBS: Alguns autores desdobram a auto-executoridade em exigibilidade (qualidade em virtude da qual o Estado, no exercício da função administrativa, pode exigir de terceiros, o cumprimento das obrigações que impõe, sem a necessidade de autorização judicial) e executoridade (qualidade pela qual o Poder Público pode compelir materialmente o administrado, sem buscar previamente as vias judiciais) 4) Classificação (principais critérios de classificação dos atos administrativos): 4.1 Quanto à estrutura do ato: atos concretos e atos abstratos; 4.2 Quanto aos destinatários: atos individuais e atos gerais; 4.3 Quanto à situação de terceiros: atos internos e atos externos 4.4 Quanto aos efeitos do ato em relação ao administrado: atos ampliativos e atos ablativos (ou restritivos) 4.5 Quanto à formação: atos simples, atos complexos ou atos compostos; 4.6 Quanto ao regramento: atos vinculados e atos discricionários 5) Extinção dos atos administrativos: 5.1 Modos ordinários ou normais de extinção de atos administrativos: podem ser enumerado como principais exemplos os seguintes:

� nos atos administrativos de efeitos continuados no tempo, sujeitos a termo final, o advento do termo;

� nos atos administrativos de efeitos continuados no tempo, sujeitos à condição resolutiva, a implementação da condição;

� nos atos administrativos de efeitos instantâneos, com a própria prática do ato; � nos atos administrativos intuitu personae ou de efeitos personalíssimos, com o perecimento do

destinatário; � nos atos administrativos em geral, com o esgotamento do objeto

5.2. Modos extraordinários ou anormais de extinção dos atos administrativos: a) Principais espécie

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� revogação: extinção do ato administrativo em função de questões de conveniência e oportunidade. Pela importância, será tratada pormenorizadamente. Vide quadro abaixo;

� anulação (ou invalidação): extinção do ato administrativo por razões de invalidade. Tal como a revogação, também merecerá tratamento específico oportuno. Vide quadro abaixo;

� cassação: extinção do ato por descumprimento, pelo interessado, de condições posteriores à prática do ato, as quais são necessárias para que o ato possa permanecer produzindo efeitos;

� caducidade: extinção do ato que se dá porque a legislação que o embasava é revogada e substituída por outras normas jurídicas que passam a proibi-lo;

� renúncia: extinção do ato que ocorre em casos previstos em lei, quando o destinatário de um ato abre mão dos efeitos que lhe são benéficos após já tê-los, mesmo que parcialmente, usufruído;

� recusa: extinção do ato que ocorre em casos previstos em lei, quando o destinatário abre mão dos efeitos que lhe são benéficos antes de ter iniciado a sua fruição;

� contraposição: extinção do ato por conta da superveniente prática de outro ato cujos efeitos lhe são contrapostos.

b) Quadro comparativo entre revogação e anulação de atos administrativos:

Características abordadas

REVOGAÇÃO DE ATOS

ADMINISTRATIVOS

ANULAÇÃO DE ATOS

ADMINISTRATIVOS

Fundamento jurídico Conveniência e oportunidade (questão de mérito administrativo ou, ultima ratio, de interesse público) – A revogação pressupõe atos administrativos perfeitos, válidos e eficazes (exeqüíveis ou não)

Ilegalidade lato sensu (Artigo 2.°, parágrafo único, I, da Lei 9.784/1999), ou seja, invalidade

Legitimação Exclusivamente a Administração Pública (aí compreendidos os Poderes Judiciário e Legislativo, em relação aos seus próprios atos administrativos, quando no exercício de função atípica de administração pública)

Poder Judiciário e Administração Pública

Natureza quanto ao regramento

Discricionária (Lei n° 9.784/1999, art. 53. “A Administração (...) pode revogá-lo [os seus atos administrativos] por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos”).

Em regra, vinculada (Lei 9.784/1999, art. 53. “A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade (...)”). Vide ainda Súmula 473, do Supremo Tribunal Federal. A regra da vinculação quanto ao dever de anulação de atos inválidos possui exceções materiais: a) a decadência (art. 54, da Lei 9.784/1999 e art. 103-A, da Lei n° 8.213/1991); e b) a convalidação (art. 55, da Lei n° 9.784/1999)

Efeitos Ex nunc – artigo 5°, XXXVI, da CF/1988

Ex tunc, ressalvados quanto aos terceiros de boa-fé, em relação aos quais a invalidação opera efeitos ex nunc.

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OBSERVAÇÕES: 1) Atos administrativos irrevogáveis:

� atos vinculados, enquanto possuírem tal qualidade; � atos já extintos; � atos que a lei declare irrevogáveis; � atos de controle; � atos internos a um processo administrativos, já preclusos; � atos complexos; � atos enunciativos (ou declaratórios); � atos de efeitos concretos, dos quais se originam direitos adquiridos.

2) Limites materiais à anulação de atos administrativos: a) Decadência da prerrogativa administrativa de invalidação ex officio dos atos administrativos (artigo 54 da Lei 9.784/1999, para atos praticados pela Administração Pública Federal em geral, e art. 103-A, da Lei 8.213/1991, para atos praticados pela Previdência Social) – requisitos:

Ser o ato ampliativo, ou seja, ser praticado de modo a produzir efeitos benéficos aos seus destinatários

+

Ter sido o ato praticado há largo tempo (na Lei Federal de Processo Administrativo, 5 anos)

+

Boa-fé (presumida) do destinatário, assim compreendida não ter o destinatário dado causa à

invalidade b) Convalidação de atos administrativos (art. 55 da Lei 9.784/1999) – requisitos:

Não pode acarretar lesão ao interesse público

+

Não pode acarretar prejuízo a terceiros, daí por que não se podem convalidar atos que tenham sido objeto de

alguma impugnação, uma vez que, neste caso, existiram interessados diretos na sua invalidação

+

O ato deve apresentar “defeitos sanáveis” (vícios de competência e de forma).

3) Limites formais à anulação de atos administrativos: contraditório e ampla defesa