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Curso/Disciplina: Direito Civil - Parte Geral

Aula: Aplicação do Direito no Espaço - Parte 3.

Professor (a): Rafael da Mota Mendonça

Monitor (a): Lívia Cardoso Leite

Aula 09

LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO

6. Aplicação do Direito no Espaço

Cumprimento de sentença estrangeira no Brasil:

CF, art. 105 - Compete ao Superior Tribunal de Justiça:

I - processar e julgar, originariamente:

i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias;

Essa competência foi instituída pela EC nº 45/2004. Antes era do STF.

Procedimento para a homologação: está disciplinado no CPC e na Res. nº 09, de 04.05.2005, da

Presidência do STJ. Há parâmetros para a homologação de sentença estrangeira.

Exequatur: é a execução. É o “cumpra-se”. Dá exequibilidade às decisões estrangeiras, força

imperativa.

Homologação: a decisão estrangeira é reconhecida como compatível com o ordenamento

jurídico nacional. O STJ não realiza exame de mérito da decisão estrangeira. A análise é formal, apenas

para evitar que a decisão viole princípios e normas da ordem jurídica pátria.

Ex: STF, quando ainda realizava os procedimentos de homologação e exequatur, não

homologou sentença estrangeira de invalidade de casamento baseado em causa de invalidade não existente

na ordem jurídica brasileira.

O procedimento de homologação, na verdade, é uma análise formal de adequação, de

compatibilização, da sentença estrangeira com o ordenamento jurídico pátrio. Não se analisa mérito, e

sim compatibilidade. Homologar é dizer que a sentença estrangeira é compatível com o ordenamento

jurídico pátrio.

STF, S. 420 - Não se homologa sentença proferida no estrangeiro sem prova do trânsito em julgado.

Para começar a análise de compatibilidade da sentença estrangeira com o ordenamento jurídico

pátrio, é imprescindível saber se ela já transitou em julgado ou se ainda cabe algum recurso.

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País integrante do MERCOSUL: o Protocolo de Las Leñas estabeleceu um procedimento mais

célere e simplificado para a homologação. Não se dispensa a participação do STJ e o exequatur, o

“cumpra-se”.

LINDB, art. 12 - É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu domiciliado no Brasil

ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação.

§1º Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer das ações relativas a imóveis situados no

Brasil.

§2º A autoridade judiciária brasileira cumprirá, concedido o exequatur e segundo a forma estabelecida

pele lei brasileira, as diligências deprecadas por autoridade estrangeira competente, observando a lei desta, quanto

ao objeto das diligências.

Para cumprir decisão estrangeira em solo brasileiro, todas as medidas serão tomadas por

autoridades brasileiras de acordo com as orientações da autoridade estrangeira. Aqui não há

compatibilização, que é exigida pela lei entre os termos da sentença e o ordenamento jurídico pátrio.

Após a homologação pelo STJ a sentença tem de ser executada por juízes federais de 1ª

instância.

CF, art. 109 - Aos juízes federais compete processar e julgar:

X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após

o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a

respectiva opção, e à naturalização;

LINDB, art. 15 - Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reúna os seguintes

requisitos:

a) haver sido proferida por juiz competente;

b) terem sido os partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia;

c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução no lugar em

que foi proferida;

d) estar traduzida por intérprete autorizado;

e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal. (Após a EC nº 45 é o STJ).

Parágrafo único. Não dependem de homologação as sentenças meramente declaratórias do estado das

pessoas. (Revogado pela Lei nº 12.036, de 2009).

O STF já disse que essa norma do parágrafo único era incompatível com a CF. Subtrairia

competência do STJ. O STF já entendia que ele havia sido derrogado por dispositivos posteriores, sobretudo

do CPC.

Decisões administrativas de países estrangeiros: o STJ entende, e a doutrina vai na mesma

linha, que se essas decisões solucionam conflitos de interesses privados, estão no conceito de sentença,

dependendo, portanto, de homologação. A análise é bem casuística.

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Títulos executivos extrajudiciais como letra de câmbio, nota promissória e cheque, de estados

estrangeiros: não estão submetidos à homologação, pois não se tratam de sentenças. Podem de pronto

ser executados.

Lei nº 9307/96 - Capítulo VI - Do Reconhecimento e Execução de Sentenças Arbitrais Estrangeiras

Art. 34 - A sentença arbitral estrangeira será reconhecida ou executada no Brasil de conformidade com

os tratados internacionais com eficácia no ordenamento interno e, na sua ausência, estritamente de acordo com os

termos desta Lei.

Parágrafo único. Considera-se sentença arbitral estrangeira a que tenha sido proferida fora do

território nacional.

A sentença e o laudo arbitral estrangeiros precisam de homologação do STJ para ser

cumpridos no país?

Sim. Se para decisões administrativas que solucionam conflitos privados ela é exigida, para

sentenças arbitrais estrangeiras também.

Obs: não é necessário que o laudo arbitral tenha sido homologado judicialmente no país de

origem, por sentença. Se isso fosse exigido não se trataria de homologação de laudo arbitral, mas de

sentença estrangeira.

Lei nº 9307/96, art. 35 - Para ser reconhecida ou executada no Brasil, a sentença arbitral estrangeira

está sujeita, unicamente, à homologação do Superior Tribunal de Justiça.

Produção de provas:

LINDB, art. 13 - A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar,

quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira

desconheça.

Prova: sempre uma questão delimitada pela lei do país estrangeiro. Como fazer prova, em um

processo que tramita no Brasil, de fato ocorrido em país estrangeiro? Obedece-se à legislação estrangeira.