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22 Mdulo 1 O educando como sujeito em desenvolvimento: famlia, escola e polticas pblicas
A escola e o educando
Ao final desta unidade, voc dever ser capaz de:
n Reconhecer as potencialidades da escola e seus atores.
n Identificar a escola como contexto de promoo da sade.
n Integrar temas sociais que favoream o desenvolvimento do aluno no planejamento das atividades escolares.
Unidade 1
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Unidade 1 A escola e o educando 23
O QUE ABORDAREMOS NESTA UNIDADE?
Temtica: A escola e o educandoVdeo: Do Limo uma limonada Texto: A escola como espao de transformaes sociais e individuais
Atividades de aprendizagem:Frum temticoAtividade colaborativaExerccio objetivo
Tpicos para aprofundamento
A educao, em sentido amplo, consiste no processo de produo e criao de conhecimentos, constru- dos individual e coletivamente e organizados socialmente ao longo da histria.
A escola uma instituio social que exerce um papel especfico no processo educativo, orientada por programas e estruturas formais de ensino.
O professor, com base no cotidiano da escola, pode e deve criar situaes pedaggicas para promover as mudanas necessrias a uma cultura do sucesso escolar.
O sistema escolar tanto pode servir para sustentar e reproduzir as relaes injustas da sociedade ca-pitalista quanto pode servir para o estabelecimento de interesses sociais mais justos, democrticos e solidrios.
Nas relaes educativas que se estabelecem entre o professor e os alunos, importante que prevalea a relao de confiana e no a de poder.
As relaes educativas e sociais devem promover atividades em grupo, tarefas que envolvam pesquisa, organizao de projetos comunitrios e a discusso de ideias diferentes.
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24 Mdulo 1 O educando como sujeito em desenvolvimento: famlia, escola e polticas pblicas
Bem-vindo, educador! Agora que voc est iniciando a primeira unidade, aproveite para conhecer melhor o Ambiente Virtual de Aprendizagem do curso. Aprofunde seus conhecimentos e suas reflexes acerca da te-mtica, assistindo ao vdeo, realizando as leituras dos textos, interagindo nos fruns com seus colegas e com seu tutor e respondendo os exerccios objetivos. Bom trabalho!
A escola tambm um contexto de promoo da sade e deve ajudar no s os estudantes, mas toda a comunidade escolar, a construir vidas mais saudveis e a criar ambientes favorveis sade de todos.
No dia a dia da escola, as questes de sade, mesmo que a gente no as perceba, aparecem nas situaes mais diversas: na violncia, no preconceito, nas festas, nos materiais de estudo e no trabalho dos alunos.
Assista ao vdeo 1 Do limo uma limonada
Inicie o primeiro mdulo do curso assistindo ao vdeo 1, que mostra a escola como espao de promoo da educao e da sade envolvendo a direo, os estudantes e comunidade.
Resumo do vdeo Do limo uma limonada
Neste episdio, a escola se apresenta no s como espao de construo de conhecimento, em que as aes educativas se orientam somente pelos contedos disciplinares (biologia, histria, matemtica...), mas tambm como contexto de promoo de sade e do desenvolvimento integral atravs do envolvimento de educadores, estudantes, parceiros da escola e a comunidade.
A ida de Afonso e Joclia escola dos filhos para reclamar ao diretor da campanha promovida pela professora Isabel propiciou uma crtica forma isolada como a professora lanou seu projeto.
Destaca-se a habilidade do diretor em conseguir a adeso do casal Afonso e Joclia a um projeto amplo de promoo da sade na escola e na comunidade a partir do entendimento e negociao com a professora coordenadora do projeto. A ao conjunta do diretor e da professora possibilitou a adeso do casal proprietrio do mercado ao projeto da escola de promoo de sade, envolvendo-se de forma participativa.
No episdio, fica claro que a escola deve ser o espao promotor de transformaes individuais e sociais e no pode agir sozinha em suas aes educativas e sociais. Alm da funo de ensinar, adquire uma funo social. Evidencia-se a funo de mediao da escola no processo educativo, em que a sade deve ser apresentada aos alunos como qualidade de vida a ser garantida a todos.
As relaes educativas e sociais devem promover atividades em grupo, tarefas que envolvam pesquisa, organizao de projetos comunitrios e a discusso de ideias diferentes. Pensando nisso, sugerimos que reflita sobre estas questes:
Voc costuma pedir para seus alunos fazerem trabalhos em grupo? Em que ocasies? A sua escola costuma promover a integrao de iniciativas de diferentes setores para a promoo da sade dos alunos?
Voc conhece o Projeto Poltico-Pedaggico de sua escola? H no Projeto Poltico-Pedaggico aes de promoo da sade?
Para aprofundar seus conhecimentos, leia o texto apresentado a seguir.
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Unidade 1 A escola e o educando 25
A ESCOLA COMO ESPAO DE TRANSFORMAES SOCIAIS E INDIVIDUAIS
Claisy Maria Marinho-Arajo
Nesta unidade, vamos refletir sobre a escola. Vamos examinar como suas caractersticas, sua dinmica e seu funcionamento influenciam no desenvolvimento das pessoas que convivem e participam nesse contexto.
Destacamos a funo do educador como mediador tanto no processo de desenvolvimento e construo das subjetividades dos alunos como no processo de aprendizagem e nas relaes interpessoais que ocorrem na escola.
Espera-se que, aps essas reflexes, voc utilize esses conhecimentos para elaborar, com mais clareza e segurana, aes e estratgias de ensino que sejam efetivas para a melhoria da qualidade da educao escolar e para a promoo da sade no contexto da escola.
Veja os principais temas a serem abordados: Educao e escola. Funo social da escola. Papel do professor como mediador de processos de desenvolvimento e de aprendizagem.
Educao e escola: concepes
As concepes sobre o homem, o mundo, a sociedade e as relaes sociais esto presentes na nossa maneira de viver, de buscar nossos ideais, de construir nossas crenas e de trabalhar. Essas nossas concepes tm diferentes implicaes tanto no nosso modo de ser quanto no nosso trabalho.
Inicialmente, vamos pensar sobre a concepo que temos de escola e sobre a relao entre escola e educa-o. Em seguida, vamos questionar quais pontos dessa concepo esto sustentando nossas prticas profis-sionais, nossas representaes, crenas, posturas e atitudes.
Ter clareza da concepo que est por trs das prprias aes, valores e comportamentos, gera mais intencio-nalidade no planejamento das aes de ensino e aprendizagem.
Podemos considerar que toda a organizao e o funcionamento da sociedade constituem uma situao educa-tiva, medida que representam as manifestaes das produes e criaes humanas, que so compartilhadas por meio das relaes sociais.
Assim, a origem da educao se confunde com as origens do prprio homem, quando os processos educativos coincidiam com o prprio ato de viver e sobreviver.
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Por que precisamos da educao?
As necessidades surgidas na vida das pessoas, suas experincias de sobrevivncia ou de busca de bem-estar ocasionaram processos de produo e criao de conhecimentos, construdos individual ou coletivamente e organizados socialmente, ao longo da histria da humanidade.
Esse tipo de educao no , necessariamente, institucionalizada, ou seja, no ocorre em um espao definido, com tempos determinados, nem tem uma forma padro nem normas que a estruturem. por essa educao que vrias pessoas se educam, muitas vezes, sem terem ido escola.
Esse processo educacional se desdobra em vrias dimenses: a educao tanto tem a funo de socializar a cultura e o conhecimento acumulado quanto a funo de despertar potencialidades, reflexo e crticas acerca da realidade e das possibilidades de sua modificao.
A educao acaba influenciando a constituio de vrios aspectos da subjetividade das pessoas, como valo-res, crenas, orientaes religiosas, sexuais, morais, sentimentos, escolhas e muitos outros.
Complexidade da educao
A palavra educar origina-se do latim educatio, que, alm de instruo, tambm significa ao de criar, de alimentar. Educao , portanto, um fenmeno bastante complexo, que se relaciona com todo o processo de formao do sujeito. Nesse processo, ocorrem muitas influncias: da famlia, do trabalho, do clube, dos grupos sociais e culturais de diversas outras instituies.
A Constituio Federal do nosso pas assegura a educao como um direito de todo cidado.
Constituio Federal Artigo 205
A educao, direito de todos e dever do Estado e da famlia, ser promovida e incentivada com a colabora-o da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exerccio da cidadania e sua qualificao para o trabalho.
A educao na escola
Comecemos com uma pergunta: ensinar ou educar?
Essa parece ser uma pergunta bem simples, no ? Mas, de acordo com a forma como respondemos a essa questo, o nosso trabalho na escola poder ser mais amplo ou mais restrito.
Apesar de escola e educao fazerem parte de um processo social amplo, que influenciado e influencia rela-es sociais complexas e, tambm, a vida particular das pessoas, h uma grande distino entre a educao escolar e a que ocorre fora da escola.
Importante
Assim como cada cultura e cada sociedade caracterizam-se de forma distinta, tambm a educao no se apresenta de uma nica manei-ra. Podem ocorrer diversas educaes. J a escola cumpre um pa-pel especfico no processo educativo, pois orientada por programas e estruturas formais de ensino.
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A diferena, ento, entre a educao escolar e a educao que ocorre em diversos tempos e espaos est no carter deliberativo e intencional da ao da escola. Enquanto a escola cumpre um programa formal de ensino, outras instituies cumprem seu papel educacional de maneira informal.
Em sntese, a relao que existe entre a escola e a educao se manifesta na integrao entre ensino e educao.
A escola e suas caractersticas
Alm de distines previstas na regulamentao legal, entendemos que a educao escolar tem caractersti-cas bem definidas tanto por sua estrutura e organizao quanto por sua funo.
As escolas apresentam uma enorme diversidade de formas de organizao, tamanho, localizao e atendi-mento aos alunos.
Voc j ouviu falar de alguma escola que seja modelo para todo o seu estado ou para todo o pas?
bem provvel que no, porque ela no existe.
No existe, no Brasil, um modelo de escola que possa ser considerado como o melhor ou o mais adequado, porque cada escola tem suas prprias caractersticas, suas necessidades, suas produes, suas dificuldades e suas conquistas. Esse tambm deve ser o caso da escola em que voc trabalha.
Existe uma infinidade de tipos de escola, espalhados por todos os pontos do Pas: h as escolas mais estrutu-radas e equipadas com diversos recursos pedaggicos, mais simples na sua estrutura e na disponibilidade de recursos, as rurais, as dos grandes centros urbanos, as das periferias nas grandes cidades, as dos assenta-mentos rurais, as das comunidades indgenas, as de quilombos, as de comunidades negras, e muitas outras.
Importante
Conhecer os recursos que existem na sua escola e na sua comunidade pode ser til e incorporado ao seu trabalho pedaggico. A utilizao desses recursos pode ajud-lo a melhorar seu trabalho.
Desde o quadro de giz, que geralmente voc tem na sala de aula, at um mercado ou uma padaria que existem na cidade ou no bairro podem ser recursos importantes para o seu trabalho na escola. Voc pode transform-los em opes didticas, ou seja, em estratgias que auxiliam o fazer pedaggico.
Voc poder enriquecer bastante seu trabalho se for capaz de reconhecer, procurar e receber a contri-buio de todos os sujeitos e, principalmente, das instituies que, mesmo sem estarem diretamente ligadas escola ou ao sistema educacional, possam colaborar para o trabalho escolar.
A escola uma instituio com condies muito especficas, cujos objetivos principais levam em conta o conhecimento baseado nas cincias. Sabemos que, muitas vezes, ao priorizar o processo de produo cientfica, a escola acaba segmentando a cincia e a distanciando da realidade, bem como separando os fenmenos que acontecem na realidade em partes explicveis por disciplinas escolares.
A informao que circula na instituio educacional nem sempre consegue expressar todo o conhe-cimento produzido pelos meios cientficos. importante buscar a transformao das informaes em conhecimentos e torn-las teis no s para a resoluo dos problemas e desafios do dia a dia, mas, principalmente, para que essa construo de conhecimentos desencadeie processos cognitivos, afetivos e sociais, muito mais complexos no desenvolvimento dos alunos e, tambm, do educador.
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As caractersticas estruturais da escola (horrios, organizao, contedos, diferenciao de papis, complexidade de atividades) podem levar ao aprendizado de normas e de atitudes de independncia ou dependncia, realizao ou adequao, universalismo e outras especificidades prprias da vida em sociedade.
O processo educativo que circula no interior da escola deve ser entendido no apenas na dimenso do ensino e da aprendizagem de conhecimentos, mas tambm a partir das dimenses poltica, econmica e cultural.
Essas dimenses vo constituir, em uma perspectiva mais abrangente, a funo social da escola.
Funo social da escola
Vimos at agora que a escola uma instituio identificada por duas caractersticas fundamentais: a de ensi-nar contedos e a de formar as pessoas por meio da circulao de valores, ideias, crenas, preceitos morais e ticos.
Devemos, portanto, trabalhar o tema da educao escolar como instrumento de dupla dimenso. Ao promover mudanas nos sujeitos e na realidade, a escola um lugar que serve tanto para a manuteno das relaes sociais injustas quanto para a transformao dessas mesmas relaes.
Ser que a escola capaz de funcionar nessas dimenses to distintas e at contraditrias?
Alguns estudos e abordagens afirmam que a escola funciona como um forte mecanismo de controle social, contribuindo para a estabilidade do sistema capitalista, pois, na sua forma de organizao, ela disciplina, do-mestica e aliena os estudantes.
Entretanto, na sociedade existem diversas tenses, porque h sempre interesses divergentes: uns lutam pela estabilidade ou conservao, outros brigam por evoluo e mudana. A cultura humana tem um carter de eterna tenso.
Na escola, importante conhecer as formas pelas quais essas dimenses se apresentam para saber como trabalh-las, pois tambm a educao , ao mesmo tempo, um processo de manuteno e de transformao da cultura.
Entender que a escola no a fonte essencial das desigualdades sociais, nem reflete passivamente a ideologia dominante defender que h, na instituio escolar, intencionalidades, finalidades, utilidades que lhe permi-tem reinterpretar e ressignificar a ideologia ao difundi-la ou transmiti-la.
As aes que ocorrem no processo educativo so determinadas por mltiplas influncias no s ideolgicas, mas histricas, econmicas, jurdicas, polticas e sociais. So necessrias mediaes tcnicas, culturais e sociopolticas que, em vez de negarem, recriem os ideais em bases mais justas e sustentados por escolhas conscientes.
Importante
O espao escolar constitui-se em local privilegiado, onde, se por um lado se explicitam as contradies e os antagonismos, por outro possvel que se constituam e se articulem interesses sociais mais justos, democrticos e solidrios.
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O sistema escolar tanto pode servir para sustentar e reproduzir as relaes injustas que ocorrem na so-ciedade capitalista quanto pode servir para a construo da justia social e da cidadania.
Em torno da escola, convivem sujeitos com diferentes concepes de educao e diferentes vises de mundo, e esse convvio que faz da escola uma instituio complexa e contraditria. nessa troca de contrrios que pode-se e deve-se estabelecer a luta pela construo da cidadania.
O professor, com base no cotidiano da escola, pode e deve criar situaes pedaggicas para promover as mudanas necessrias.
O professor e sua funo de mediador
Por se entender que cabe escola a funo de ensinar e de educar, recai especialmente sobre o professor desempenhar um papel ativo de organizar, conduzir e mediar o processo educativo.
Agora vamos compreender melhor o papel do professor, no s no ensino, mas, principalmente, na formao de valores e da identidade dos alunos.
J vimos que as tenses existentes na escola no impedem o emergir de foras de luta e resistncia pelo restabelecimento da cidadania. E ns, trabalhadores desse contexto, estamos cotidianamente atuando, de uma forma ou de outra, nesse cenrio dinmico. Entretanto, essa atuao se d, muitas vezes, de maneira imprevisvel e de forma intuitiva. Precisamos pensar em construir prticas intencionalmente planejadas na direo de uma transformao pautada em aes competentes e conscientes.
Professor e escola: trabalho, profisso e transformao social
O carter contraditrio que se faz presente no discurso pedaggico reflete--se no trabalho do docente, especialmente no cotidiano da sala de aula.
Podemos afirmar que o trabalho escolar no neutro. O professor no age com neutralidade ao organizar e executar seu trabalho pedaggico. Se um professor se diz neutro, na verdade j est tomando uma posio. Geralmente, essa tomada de posio em favor dos interesses sociais predeterminados, ou seja, em favor de que as coisas continuem do jeito que esto. , portanto, uma suposta neutralidade.
O saber e o poder so elementos importantes da relao entre educao, escola e professor. A forma como as pessoas, no interior da escola, fazem uso do saber ou do conhecimento e como este se liga organizao e distribuio do resultado desse trabalho desenha aproximaes ou distan-ciamentos entre o conhecimento produzido e a sua adequada socializao.
Precisamos ter uma viso de conjunto sobre o que ensinamos aos nossos alunos e sustentar, no fazer pedaggico, alternativas de ensino e apren-dizagem criativas, inovadoras e libertadoras, para que no predominem tcnicas, mtodos, tarefas e conhecimentos essencialmente repetitivos, coercitivos, domesticadores.
Ao possibilitar a construo e a socializao do conhecimento, a escola distribui o poder advindo do saber, facultando a todos uma instrumentalizao mais justa para desenvolver as transformaes sociais necessrias.
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Situaes imprevisveis em sala de aula
O que mais aflige o educador no cotidiano da sala de aula so as situaes imprevisveis, que o fazem perder o controle. O medo de escolher um caminho no muito adequado, dar uma resposta equivocada, tomar uma deciso injusta e agir impetuosamente gera muita insegurana quanto ao que fazer nessas horas.
E, na maioria das vezes, age-se de forma intuitiva, automtica, mecnica, impensada, para tentar resol-ver esses problemas.
Precisamos criar e exercitar competncias para no nos guiarmos apenas por recursos impetuosos ou emer-genciais, mas por processos e situaes didticas que sejam intencionalmente planejados, organizados e sis-tematizados, com a finalidade de promover transformaes e avanos no desenvolvimento e na aprendizagem dos alunos.
A clareza sobre os fatores de risco decorrentes do uso de drogas e as possibilidades de proteo devem fazer parte desse planejamento intencional.
Identidade profissional do professor
A maneira como o professor trabalha est diretamente relacionada sua maneira de ser. As escolhas profissio-nais acabam influenciando a vida pessoal e sendo por essas influenciadas; assim, a pessoa e o educador se mostram de forma interdependente ao longo do tempo.
Nesse processo de constituio da nossa identidade, estamos todo o tempo em relao com outras pessoas, com as quais compartilhamos inmeros significados, ao longo da histria de nossas experincias socioculturais.
Desenvolvemos nossa subjetividade e nossa identidade profissional em uma dimenso social, cultural e histrica.
O professor como mediador na escola
No contexto escolar, o professor parte integrante e fundamental nas relaes que a ocorrem: ele assume a funo de mediador nesse processo de comunicao e de relao social.
Para intervir como mediador nessas relaes, importante que o professor organize uma rede de relaes no contexto escolar para potencializar o desenvolvimento das pessoas.
Para isso, poder buscar estratgias de ensino e aprendizagem que possibilitem tarefas coletivas, com objeti-vos comuns que levem a:
complementaridade nas aes; manifestao de criatividade; trocas e negociaes; crticas e sugestes; expresso da diversidade nas aes, crenas e valores; construo de conhecimentos compartilhados por todos do grupo.
A participao ativa dos alunos na rede de interaes que ocorrem na escola faz com que eles experimentem papis e aes que podem promover uma construo de conhecimentos compartilhada e coletiva.
As relaes sociais educativas devem promover atividades em grupo, tarefas que envolvam pesquisa, orga-nizao de projetos comunitrios, avaliaes que incentivem a reelaborao do conhecimento, metodologias que permitam a discusso de ideias diferentes.
Mediar, com intencionalidade, as inmeras aes presentes nas relaes do contexto escolar pode con-tribuir para modificar muitas prticas sociais que geram rtulos, preconceitos e outras dificuldades nos relacionamentos interpessoais.
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As relaes sociais no contexto escolar
Na escola, h exemplos de muitas relaes sociais: professor-alunos, aluno-aluno, professor-professor, pro-fessor-direo, direo-alunos, alunos-funcionrios, professor-funcionrios, direo-funcionrios etc. E a forma como elas ocorrem vai dando origem a vrios tipos de relaes sociais: relaes amistosas, relaes comple-mentares, relaes de dominao, relaes de conflito etc.
Entre esses tipos, chamamos a ateno para as relaes de poder, que podem desequilibrar uma situao, principalmente se uma das pessoas se julga mais importante, com mais conhecimento ou com mais prestgio que a outra e usa esse poder para controlar ou direcionar a relao.
Esse desequilbrio, quando caracteriza a relao professor-aluno, pode interferir na aprendizagem e compro-met-la. O professor deve ficar atento para a ocorrncia das relaes de poder e suas consequncias, a fim de modific-las e provocar novas condies de aprendizagem.
Outra caracterstica presente nas relaes educativas, em especial entre professor-aluno, a existncia ou no de uma relao de confiana. Essa relao deve ser entendida como uma qualidade do relacionamento entre as pessoas, que vai sendo trabalhada e construda para que elas conquistem um objetivo comum. Esse tipo de vnculo pode ser o ponto de partida para o sucesso dos processos de ensino e aprendizagem.
Quantas vezes um aluno vai procur-lo pedindo ajuda para realizar uma tarefa que nem sempre est rela-cionada sua disciplina? Ou vai cham-lo para interferir em uma discusso com um colega sobre um tema qualquer do cotidiano? Ou vai lhe mostrar, inseguro, as respostas de algum exerccio e voc o incentiva, validando suas tentativas?
Existem inmeras oportunidades, mediante situaes pedaggicas diversas, em que o professor pode desen-cadear uma relao de confiana: expressando seu interesse pelas iniciativas e comportamentos do aluno, atendendo-o de forma atenciosa, reconhecendo e validando seu esforo, acompanhando seu processo de aprendizagem quando perceber suas dificuldades em realizar alguma tarefa, sem desqualificar suas dvidas, mostrando-se disponvel para acolher suas inquietaes. Veja outras atitudes que o professor pode ter para desenvolver uma relao de confiana com o aluno:
procurar, ao longo do ano, mostrar ao aluno que est disponvel para ensin-lo, acompanh-lo nas dvidas, incentivando-o a avanar;
valorizar os progressos do aluno e anim-lo nas suas dificuldades; no fazer distino ou tratar de forma desigual os alunos; mostrar o caminho mais adequado s possibilidades do aluno, sem desmerecer suas tentativas; incentivar os trabalhos em grupos e valorizar as iniciativas coletivas.
Essas e inmeras outras situaes podem iniciar processos de construo de relaes de confiana. Muitas delas, provavelmente, j esto presentes nas suas aes. Mas, quando elas ocorrem, geralmente so de modo intuitivo, sem que prestemos muita ateno forma como torn-las aes preventivas, planejadas com intencionalidade e reflexo.
Consideraes finais As relaes que se estabelecem entre os alunos e entre eles e o professor devem promover condies para que todos os envolvidos construam novos conhecimentos, habilidades e significados.
No contexto escolar, a qualidade das relaes pode influenciar tanto no sucesso quanto no fracasso escolar. As relaes entre professor e alunos so a base para a organizao do trabalho em sala de aula.
Convm que todos os educadores percebam seu papel e sua responsabilidade nas relaes que estabelecem na escola e consigam, pela mudana da qualidade dessas relaes, promover uma cultura de sucesso no trabalho.
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